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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

UNEB - UNIVERSIDADE ESTADUAL DA BAHIA

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS I

LICENCIATURA LETRAS PORTUGUÊS

DALILA FERNANDES DA SILVA

MARIA ISABEL DA SILVA DURÃES

RESENHA CRÍTICA DO ARTIGO: CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA À EDUCAÇÃO BÁSICA E O


PROBLEMA DA PSICOLOGIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO: UMA REVISÃO NARRATIVA

IPUPIARA-BA

2021
DALILA FERNANDES DA SILVA

MARIA ISABEL DA SILVA DURÃES

RESENHA CRÍTICA DO ARTIGO: CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA À EDUCAÇÃO BÁSICA E O


PROBLEMA DA PSICOLOGIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO: UMA REVISÃO NARRATIVA

Resenha realizada como exigência para obtenção de


nota da disciplina Psicologia da educação brasileira
do curso Licenciatura de Letras Português da
Universidade Estadual da Bahia, Campus I.

Orientadora: Prof.ª Bárbara M. Santiago Ferreira

IPUPIARA-BA

2021
ZUCOLOTTO, Maria Pereira de Rosa. Contribuições da Psicologia à educação
básica e o problema da Psicologização da educação: uma revisão narrativa.
Ver. HISTEDBR On-line, Campinas, v.18, n.4 [78], p.1195-1208, out./dez. 2018.

Na obra “Contribuições da Psicologia à educação básica e o problema da


psicologização da educação: uma revisão narrativa”, de Maria Zucolotto, observa-se
os benefícios trazidos pela psicologia na educação. A obra nos leva a refletir sobre
os problemas educacionais que frequentemente vem sendo reduzidos à problemas
psíquicos individuais ou familiares, além de questões preconceituosas presentes no
campo educacional.

Maria Pereira de Rosa Zucolotto possui graduação em Psicologia pela


Universidade Federal de Santa Maria (2003), Mestrado (2007) e Doutorado (2014)
em Psicologia Social e Institucional pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Atualmente é professora adjunta do Curso de Psicologia e do Mestrado em Ensino
de Humanidades e Linguagens da Universidade Franciscana, fazendo parte da linha
de pesquisa Ensino, Epistemologias e Formação Docente. Tem experiência na área
de Psicologia Clínica, Social e Pesquisa, atuando principalmente nos temas:
produção de subjetividade, escrita, infância e educação. Tem interesse nos estudos
em Esquizoanálise, Psicologia Social, Psicologia Escolar e Educação Infantil.

O artigo é composto por quatorze páginas e cinco seções, sendo elas


respectivamente: introdução; metodologia; resultados e discussão: recortes
históricos sobre a atuação na psicologia na educação brasileira; contribuições da
psicologia à educação básica e considerações finais.

Em suas páginas a autora retrata o fenômeno da “psicologização da


educação”, o qual diz respeito a prática de buscar explicações e soluções de todos
os problemas escolares, numa perspectiva clínica e individualizada, não se levando
em conta todo o processo de produção social e política dos fenômenos. Ademais,
Maria Zucolotto apresenta que a “psicologia em interlocuções com as práticas
educativas teve, incialmente, um papel eminentemente clínico ao adotar
modalidades terapêuticas de ações e Intervenções no âmbito da educação”. Tal
afirmação se confirma naquilo que afirma Branco (1998): “[...] a sociedade ainda
espera do profissional a função de ajustar os estudantes ao sistema e, ao responder
a esse tipo de demanda, o psicólogo se compromete com a reprodução das relações
instituídas e funciona como legitimador da desumanização do homem, quando seu
trabalho reproduz ou mantém a exclusão” (Branco, 1998).

No presente texto também é destacado a necessidade de se repensar sobre a


atuação do psicólogo diante da “[...] manutenção de concepções preconceituosas a
respeito de estudantes e suas famílias, oriundos das classes Populares.” (CFP,
2013, p. 33). Dessa maneira, a autora defende um movimento para tentar superar
esse modelo de atuação que enfatiza os problemas como próprios dos indivíduos,
não fazendo críticas às condições crescentes de desigualdade e exclusão sociais, e
por isso requerem a realização de um trabalho que possa desconstruir estes
preconceitos, no campo da educação.

Uma outra perspectiva citada no texto é referente a algumas reflexões sobre


as possíveis contribuições que a Psicologia pode oferecer à Educação Básica na
atualidade, considerando o histórico da atuação da psicologia escolar marcado pelo
fenômeno da psicologização dos problemas educacionais.

Nesse sentido, Barroco e Souza atribuem uma pensamento interessante


(2012, p. 112), ambos destacam que “a contribuição essencial que a Psicologia pode
dar à educação que se vê às voltas com a inclusão está na defesa da formação de
homens culturais comprometidos com a sociedade, com a coletividade não
alienada”. Os autores ainda apontam que “para tanto, sua formação deve
instrumentalizá-lo para atuar estabelecendo relações entre: mundo objetivo e
subjetividade; estágios civilizatórios e propostas educacionais; inclusão escolar e
exclusão social. Conteúdos como esses permitem a esse profissional um estado de
maior consciência da sua ciência e profissão e das possibilidades de outro deve
educacional e societário para todos os indivíduos”. Um fato a se concordar com os
autores, tendo em vista que, torna-se importante pensar que o psicólogo na escola
tem uma contribuição fundamental de, ao invés de propagar e intensificar processos
de exclusão e de preconceitos, ser aquele personagem a sempre recolocar, a todo
momento e em todas as situações escolares, a importância dos sujeitos em questão.
Assim, o psicólogo como aquele que busca não apenas aceitar a diversidade, mas
valorizá-la em nome da construção de sujeito ativos e protagonistas de suas
histórias.

A tocante obra de Zucolotto, ainda apresenta uma belíssima sugestão das


Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica (BRASIL, 2013), em
que afirma que a própria escola deve ser repensada, como um todo e o psicólogo
tem o desafio de contribuir nesta reconstrução do espaço escolar: “A escola, face às
exigências da Educação Básica, precisa ser reinventada: priorizar processos
capazes de gerar sujeitos inventivos, participativos, cooperativos, preparados para
diversificadas inserções sociais, políticas, culturais, e ao mesmo tempo, capazes de
intervir e problematizar as formas de produção e de vida. A escola tem, diante de si,
o desafio de sua própria recriação, pois tudo que a ela se refere constitui-se como
invenção: os rituais escolares são invenções de um determinado contexto
sociocultural em movimento” (BRASIL, 2013, p. 16). Fato este a se concordar,
realmente uma das grandes contribuições que a Psicologia pode oferecer à área da
Educação Básica é desconstruir a perspectiva de que a aprendizagem é apenas
responsabilidade do aluno, bem como os problemas que podem surgir deste
processo de aprender.

Rico em informações sobre as contribuições da Psicologia na Educação


Básica bem como na problematização da psicologização da educação, o artigo é útil
para evidenciar os benefícios da psicologia e sua inserção no âmbito escolar, além
de atribuir consequências positivas nas práticas pedagógicas alicerçadas na
aprendizagem inventiva e participativa do aluno, o que torna o artigo essencial para
os profissionais da educação básica. Apoiada na mesma concepção deste artigo, a
obra de Zélia Maria Mendes Biasoli-Alves intitulada: “Contribuições da psicologia ao
cotidiano da escola: necessárias e adequadas?”, pode ser proveitosa para quem
busca compreender um pouco mais, a respeito da psicologia e seus fundamentos
teóricos no espaço escolar.
REFERÊNCIAS:

BARROCO, S. M. S.; SOUZA, M. P. R. Contribuições da psicologia histórico-


cultural para a formação e atuação do psicólogo em contexto de educação
inclusiva. Ver. Psicol. USP, São Paulo, v. 23, n. 1, p. 111-132, 2012. Disponível em:
http://www.revistas.usp.br/psicousp/article/view/42164. Acesso em: 01Nov. 2021.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de


Currículos e Educação Integral. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da
Educação Básica. Brasília: MEC, SEB, DICEI, 2013. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/index.php?
option=com_docman&view=download&alias=15548-d-c-n-educacao-basica-
nova-pdf&category_slug=abril-2014-pdf&Itemid=30192. Acesso em: 01 Nov.
2021.

BIASOLI-ALVES, Z. M. M. Contribuições da psicologia ao cotidiano da escola:


necessárias e adequadas? Revista Paidéia, Ribeirão Preto, v. 12-13, p. 77-97,
1997. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
863X1997000100007. Acesso em: 01 Nov. 2021.

BRANCO, M. T. C. Que profissional queremos formar? Psicologia: Ciência e


Profissão. 18, 28-35, 1998.
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA (CFP). Referências técnicas para
atuação de psicólogas(os) na educação básica. Brasília: CFP, 2013.
ZUCOLOTTO, Maria Pereira de Rosa. Contribuições da Psicologia à educação
básica e o problema da Psicologização da educação: uma revisão narrativa.
Ver. HISTEDBR On-line, Campinas, v.18, n.4 [78], p.1195-1208, out./dez. 2018.

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