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Maria era realmente livre para aceitar o projeto de Deus para ela?
Ela poderia ter dito não a Deus quando o anjo Gabriel foi visitá-la?
(Lc 1, 38)
A resposta de Maria ao anjo Gabriel, que veio anunciar-lhe que dela nasceria o
filho de Deus, foi definitiva. À vontade do Senhor, Maria responde com o “fiat”,
o sim completo e irrevogável. Mas ela realmente tinha escolha?
“‘Deus enviou o seu Filho’ (GI 4, 4). Mas, para Lhe ‘formar um corpo’, quis a livre
cooperação duma criatura. Para isso, desde toda a eternidade, Deus escolheu, para
ser a Mãe do seu Filho, uma filha de Israel, uma jovem judia de Nazaré, na Galileia,
‘virgem que era noiva de um homem da casa de David, chamado José. O nome da
virgem era Maria’ (Lc 1, 26-27)”.
CIC, 488
“O Pai das misericórdias quis que a aceitação, por parte da que Ele predestinara
para Mãe, precedesse a Encarnação, para que, assim como uma mulher contribuiu
para a morte, também outra mulher contribuísse para a vida”.
CIC, 488
Isso é parcialmente justificado por Gertrud von Le Fort em Die ewige Frau [A Mulher
Eterna] que examina o papel simbólico das mulheres: “Onde quer que haja auto-
sacrifício, vê-se irradiar o mistério da mulher eterna”.
Além disso, “ao anunciar que daria à luz ‘o Filho do Altíssimo’ sem conhecer um
homem, em virtude do Espírito Santo (cf. Lc 1, 28-37 ), Maria respondeu com ‘a
obediência da fé’, certa de que “para Deus nada é impossível”.
Assim, dando o seu consentimento à palavra de Deus, Maria tornou-se Mãe de Jesus e,
desposando de todo o coração, sem que nenhum pecado a contivesse, entregou-se
inteiramente à pessoa e à obra do seu Filho.
O “fiat” de Maria não é outro senão o “sim” perfeito, que significa em hebraico []אמן
o Amém da verdade provada. É também a sutura onde a fraqueza do gênero humano
adere total e misteriosamente à força divina.
Essa aceitação se desenvolve no silêncio da Virgem que “guarda tudo isso no coração”
( Lc 2, 51). Maria procede da Salvação divina, e é pelo seu “sim” que o Filho de Deus se
faz carne. Liberta do pecado original que a escraviza e impede de se entregar totalmente
a Deus, Maria pode entregar-se inteiramente ao convite do Senhor para participar, na
sua carne, no mistério da Salvação. É precisamente essa liberdade, isto é, esta união
perfeita com o Criador, que a torna livre, inteiramente livre, para aceitar ou recusar
aderir à Sua Vontade.
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Henrique
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