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Capítulo
5
Fibra
óptica
Objetivos: Neste capítulo, você aprenderá:
Como a fibra óptica transmite luz.
Tipos de fibra.
Características físicas de diferentes tipos
de fibra.
Especificações do desempenho da fibra.
O que é a fibra óptica?
A fibra óptica é o meio de comunicação que
funciona enviando sinais ópticos (de luz)
através de fios finos de fibra de
vidro extremamente puro ou de plástico. A luz é “guiada”
através do centro da
fibra, que é chamado “núcleo”. O núcleo está rodeado por um
material óptico
chamado “cladeado” que captura a luz no núcleo utilizando una técnica
óptica
chamada “reflexão interna total”. A fibra é coberta por um revestimento buffer que a
protege da umidade e de
danos físicos. O revestimento buffer
é a cobertura retirada da
fibra para realizar uma terminação ou uma emenda.
O núcleo e o cladeado usualmente são
realizados com vidro extremamente puro, embora
algumas fibras sejam totalmente
de plástico, ou com um núcleo de vidro e cladeado de
plástico. O núcleo foi projetado
para ter um maior índice de refração que o cladeado, um
parâmetro óptico que
mede a velocidade da luz no material. A refração de menor índice
do cladeado
faz com que os raios de luz sejam curvados conforme passam do núcleo
para o
cladeado, o que causa uma “reflexão interna total” que captura a luz no núcleo
até
um determinado ângulo, o que define a “abertura numérica” da fibra.
A fibra de vidro é coberta por um
revestimento plástico chamado “revestimento buffer
primário” que a protege da umidade e de danos físicos. E o “cabo” fornece mais
proteção
às fibras e aos elementos de resistência através de uma cobertura de
proteção exterior
chamada “jaqueta”.
Fabricação da fibra óptica
A fabricação da fibra óptica com precisão
submícron é um processo interessante que
consiste em fabricar vidro
extremamente puro e esticá-lo até formar fios do tamanho de
um cabelo humano. O
processo começa com a fabricação de uma pré-forma, uma vareta
de vidro de
grande diâmetro que tem exatamente a mesma seção transversal que uma
fibra, mas
que é centenas de vezes maior. A extremidade da vareta é aquecida, e um fio
fino de fibra é esticado desde a pré-forma e é enrolado em grandes bobinas.
Depois da
fabricação, a fibra é testada e transformada em cabo.
Tipos de fibra
Tipos
multimodo e monomodo
Os dois tipos básicos de fibra são
multimodo e monomodo. Dentro dessas categorias, as
fibras são identificadas de
acordo com os diâmetros do núcleo e do cladeado expressos
em micrômetros (a
milionésima parte de um metro), por exemplo, 50/125 micrômetros
para a fibra
multimodo.
A maioria das fibras tem 125 micrômetros de
diâmetro exterior – um micrômetro é a
milionésima parte de um metro e 125
micrômetros equivalem a 0,005 polegadas –
apenas um pouco maior que um
cabelo humano.
A fibra multimodo possui um núcleo através
do qual viajam raios de luz em muitas
direções, chamadas modos. O núcleo é
maior (geralmente de 50 ou 62,5 micrômetros) e
suporta a transmissão de
múltiplos modos (raios) de luz. A fibra multimodo geralmente é
utilizada com
fontes LED em comprimentos de onda de 850 e 1300 nm (ver abaixo) para
redes de
área local (LAN) mais lentas e com fontes laser a 850 nm (VCSEL) e 1310 nm
(laser Fabry-Perrot) para redes que operam a velocidades de gigabits por
segundo ou
mais altas.
A fibra monomodo possui um núcleo muito
menor, de apenas 8 ou 9 micrômetros,
portanto a luz viaja somente em um raio
(modo). É utilizada para telefonia e TV a cabo
com fontes laser de 1310 a 1550
nm, já que tem perda mais baixa e uma largura de
banda virtualmente infinita.
A fibra óptica de plástico (POF) possui um
grande núcleo (aproximadamente de 1 mm),
usualmente é de índice escalonado e
pode ser utilizada para redes de distância curta e
de baixa velocidade.
As fibras PCS/HCS (de sílica com revestimento
de plástico ou resistente, cladeado de
plástico sobre núcleo de vidro) possuem
um núcleo de vidro menor (cerca de 200
micrômetros) e um cladeado de plástico
fino.
As fibras multimodo de índice escalonado
foram as primeiras criadas. O núcleo da fibra
multimodo de índice escalonado é
feito com um tipo de material óptico e o cladeado com
outro tipo, com
características ópticas diferentes. Nela, a atenuação é mais alta e é muito
lenta para muitos usos, devido à dispersão causada pelas diferentes distâncias
percorridas pelos variados modos no núcleo. A fibra de índice escalonado não é
muito
utilizada – apenas as POF e as PCS/HCS (de sílica com revestimento
de plástico ou
resistente, cladeado de plástico sobre núcleo de vidro) utilizam
o design de índice
escalonado hoje. A POF é utilizada principalmente para
enlaces de áudio e TV para o
consumidor final.
As fibras multimodo de índice gradual
utilizam variações na composição do vidro no
núcleo para compensar as
diferentes distâncias percorridas pelos modos. Elas oferecem
uma largura de
banda centenas de vezes maior que a da fibra de índice escalonado, de
até
aproximadamente 2 gigahertz. São utilizadas as de dois tipos, de 50/25 e de
62,5/125, onde os números representam os diâmetros do núcleo/cladeado em
micrômetros.
A fibra multimodo de índice gradual é utilizada principalmente para redes no
interior, LAN, fibra até a estação de trabalho, CCTV e para outros sistemas de
segurança.
O núcleo da fibra monomodo é tão pequeno
que a luz pode viajar apenas em um raio, o
que aumenta a largura de banda até
quase o infinito, mas está praticamente limitada a
100.000 gigahertz, que ainda
é muito! O diâmetro do núcleo da fibra monomodo é de 8-
10 micrômetros, e é
conhecido como “diâmetro do campo modal”, o tamanho efetivo do
núcleo e um
cladeado de 125 micrômetros de diâmetro. A fibra monomodo é utilizada
para
redes no exterior como as redes de telecomunicações, FTTH, TV a cabo,
municipais
e enlaces de dados de longa distância como as de gerenciamento de
serviços públicos.
Alguns backbones
de redes LAN de alta velocidade, usualmente em um campus, utilizam
fibras
monomodo.
Foram desenvolvidas fibras especializadas
para aplicações que exigem especificações
únicas de desempenho da fibra. Tanto
as fibras multimodo quanto as monomodo
insensíveis a curvaturas são utilizadas
para patch cords e para fibras
contidas em
compartimentos apertados. As fibras monomodo dopadas com érbio são
utilizadas em
amplificadores ópticos, dispositivos utilizados em redes de
distâncias extremamente
longas para regenerar sinais. As fibras são otimizadas
para largura de banda em
comprimentos de onda apropriados para sistemas DWDM ou
para reverter a dispersão
cromática. Esta é uma área de desenvolvimento de
fibra que está muito ativa.
As fibras multimodo eram fabricadas
originalmente em diferentes tamanhos, e eram
otimizadas para várias redes e
fontes, mas, em meados dos anos 80, a indústria de
dados padronizou o núcleo em
62,5 (a fibra de 62,5/125 tem um núcleo de 62,5
micrômetros e um cladeado de
125 micrômetros). Atualmente, é chamada fibra padrão
OM1. Há pouco tempo, como
as redes gigabit e 10 gigabit começaram a ser amplamente
utilizadas, voltou a ser
usado um design de fibra antigo. A fibra de 50/125 era utilizada
nos finais dos
anos 70 para instalações de telecomunicações com laser, até que foi
disponibilizada a fibra monomodo. Essa fibra de 50/125 (padrão OM2) oferece
maior
capacidade de largura de banda com as fontes laser utilizadas em redes
LAN gigabit e
permite que os enlaces gigabit percorram maiores distâncias. A
mais recente fibra de
50/125 otimizada para laser ou OM3 é considerada pela
maioria como a melhor escolha
para instalações multimodo.
As fibras de índice escalonado mais comuns
são fibras ópticas de plástico que
geralmente têm 1 mm de diâmetro. As fibras
de sílica revestida com plástico ou com
revestimento resistente têm um cladeado
de plástico sobre um núcleo de vidro de
geralmente 250 micrômetros de diâmetro
com um núcleo de 200 micrômetros.
Tipos de fibra e especificações típicas
Núcleo/Cladeado Atenuação Largura
de Aplicações/Notas
banda
Multimodo
de @850/1300 @850/1300
índice gradual nm nm
50/125 3/1 dB/km 500/500 Laser
para redes
micrômetros MHz-km LAN GbE
(OM2)
50/125 3/1 dB/km 2000/500 Otimizada para
micrômetros MHz-km VCSEL de 850 nm
(OM3)
50/125 3/1 dB/km 4700/500 Otimizada para
micrômetros MHz-km VCSEL de 850 nm
(OM4) >10Gb/s
62,5/125 3/1 dB/km 160-200/500 Fibra para rede LAN
micrômetros MHz-km (FDDI)
(OM1)
para uma
fibra com um núcleo maior não haverá perdas devido às incompatibilidades
entre
as fibras, já que fibra transmissora tem menor tamanho que a fibra receptora.
Tentar
conectar uma fibra monomodo com uma multimodo pode causar uma perda de
20 dB, o
que equivale a 99% da potência. Até mesmo as conexões entre fibras de
62,5/125 e
50/125 podem causar uma perda significativa de 3 dB.
Especificações
da fibra
As especificações usuais são: tamanho
(diâmetros de núcleo/cladeado em micrômetros),
coeficiente de atenuação (dB/km
nos comprimentos de onda apropriados) e largura de
banda (MHz-km) para fibras
multimodo; e dispersão cromática e dispersão de modo de
polarização para fibras
monomodo. A pesar de que os fabricantes levam em conta outras
especificações
para o projeto e a fabricação da fibra de acordo com os padrões do setor,
como
a abertura numérica (o ângulo de aceitação de luz da fibra), a ovalidade (quão
redonda
é a fibra), e a concentricidade do núcleo e do cladeado, etc., esses aspectos
geralmente não afetam os usuários que precisam comprar ou instalar fibras
específicas.
Atenuação
A especificação principal da fibra óptica é
a atenuação, que significa uma perda de
potência óptica. A atenuação de uma
fibra óptica é expressa pelo coeficiente de
atenuação, que é definido como a
perda na fibra por unidade de comprimento (em
dB/km). A atenuação da fibra
varia significativamente se acordo com o comprimento de
onda da luz.
A atenuação da fibra óptica é o resultado
de dois fatores: absorção e espalhamento. A
primeira é causada pelas moléculas
no vidro que absorvem a luz e a convertem em calor.
Os principais agentes de
absorção são os OH+ residuais e os dopantes utilizados para
modificar o índice
de refração do vidro. Tal absorção ocorre em comprimentos de onda
diferentes,
determinados pelos elementos que absorvem a luz. A absorção de OH+ é
predominante e ocorre com mais força em 1000 nm, 1400 nm e acima de 1600 nm.
A maior causa da atenuação é o
espalhamento. O espalhamento ocorre quando a luz
colide com átomos individuais
no vidro e é anisotrópico. A luz que é espalhada em
ângulos fora da abertura
numérica da fibra será absorvida no cladeado ou retornada à
fonte. O
espalhamento também e uma função do comprimento de onda, inversamente
proporcional ao comprimento de onda da luz elevada à quarta potência. Portanto,
ao
duplicar o comprimento de onda da luz, as perdas por espalhamento são
reduzidas pela
metade em relação à quarta potência ou 16 vezes.
Por exemplo, a perda da fibra multimodo é
muito mais alta a 850 nm (chamada
comprimento de onda curto), de 3 dB/km,
enquanto a 1300 nm (chamada comprimento
Em uma fibra ideal, todos os modos deveriam
ter a mesma velocidade de grupo e não
deveria existir a dispersão modal, mas na
realidade, o perfil do índice é uma aproximação
por partes e os modos não são
todos transmitidos perfeitamente, o que permite a
existência de dispersão
modal. Devido a que os modos de ordem superior têm maiores
desvios, a dispersão
modal de uma fibra (e, portanto, sua largura de banda laser) tende a
ser muito
sensível ao condicionamento modal na fibra. A largura de banda de uma fibra
em
particular é proporcional ao comprimento da fibra, já que a dispersão ocorre ao
longo
de toda a fibra. No entanto, a largura de banda de fibras mais longas é
degradada de
forma não linear, já que os modos de ordem superior são atenuados
com mais força. A
seguir se encontra uma análise dos efeitos da distribuição de
potência modal.
O segundo fator que incide na largura de
banda da fibra é a dispersão cromática, que
afeta tanto a fibra multimodo
quanto a monomodo. É importante lembrar que um prisma
perdeu a maioria
dos modos de ordem superior. Uma fibra “longa” tem uma EMD,
enquanto uma fibra
“curta” tem a todos seus modos de ordem superior inicialmente
lançados.
Efeito de dispersão modal nas medições
de perdas
Ao medir a atenuação de uma fibra longa
de índice gradual multimodo em EMD (ou com
condições de lançamento de EMD
simulada) e compará-la com a de uma fibra normal em
“condições de lançamento
sobrecarregado” (isto é, que a fonte enche todos os modos por
igual), será
possível perceber que a diferença é de aproximadamente 1 dB/km, e esse
valor é
denominado “perda transitória”. Portanto, a medição da fibra em EMD fornece
uma
atenuação de 1 dB por km menos que as condições de sobrecarregamento. Os
fabricantes de fibra utilizam o tipo de medição com EMD porque é mais
reproduzível e
representa as perdas esperadas em seções compridas de fibras.
Alguns padrões exigem
o uso de um coeficiente de atenuação mais alto para
calcular a perda de uma rede de
cabos do que o coeficiente de atenuação testado
da maioria das fibras, porque os cabos
são muito mais curtos que os
comprimentos da EMD.
Da mesma maneira, ao testar cabos com
conectores, a medição da perda dependerá da
distribuição da potência modal na
fibra. Uma medição de EMD pode dar resultados
otimistas, já que efetivamente
representa uma situação onde é feito um lançamento a
partir de uma fibra de um
diâmetro menor e abertura numérica menor que a fibra de
recepção, o que produz
uma perda do conector mais baixa. A diferença na perda do
conector causada por
condições de lançamento modal pode ser enorme. Utilizando o
mesmo par de
conectores é possível medir vários décimos de um dB a mais com um
lançamento
totalmente cheio que com um lançamento simulado com EMD.
A maioria dos padrões para cabos com
fibra multimodo exige algum método de controle
da distribuição da potência
modal. Os fabricantes utilizam métodos sofisticados que
analisam a potência de
saída da fonte de teste acoplada a um cabo de referência. Alguns
métodos de
teste de campo mais práticos exigem uma especificação na saída da fonte
seguida
de um de mandril de enrolamento. Esse assunto será coberto mais
detalhadamente
no capítulo sobre testes.
Efeito de dispersão modal na largura de
banda
A fibra multimodo de índice gradual foi
criada para melhorar a largura de banda da fibra.
As camadas de vidro de índice
de refração decrescente afastadas do centro do núcleo
guiam a luz por caminhos
sinusoidais onde a luz viaja mais rápido à medida que se afasta
do centro do
núcleo. O perfil do índice da fibra deve fornecer compensação para os
modos de
ordem superior, mas isso é imperfeito. Quando a distribuição modal da fibra
está limitada a perto do centro do núcleo, como no caso das fontes laser, a
largura de
banda da fibra efetivamente se torna maior.
A largura de banda da maioria das
fibras vem sendo testada na fábrica utilizando uma
fonte de teste que
sobrecarrega a fibra, isto é, que todos os modos transportam luz.
Pesquisas
recentes em fibras otimizadas para laser desenvolveram novos métodos de
teste,
seja limitando a sobrecarga da fibra ou utilizando métodos de dispersão que
analisam os modos separadamente.
Perguntas de revisão
Escolha múltipla
Identifique a opção mais adequada para completar
a declaração ou responder a
pergunta.
____ 1.
A fibra monomodo tem um núcleo __________ que o da fibra multimodo.
A. menor
B. maior
C. do mesmo tamanho
____ 2.
Qual é a medição do tamanho do núcleo de uma fibra monomodo?
A. 5 mm
B. 9 micrômetros
C. 50 micrômetros
D. 63,5 micrômetros
____ 3. A
fibra monomodo tem uma largura de banda __________ que a da fibra
multimodo.
A. maior
B. menor
C. igual
____ 4. Que
comprimentos de onda são os apropriados para utilizar com fibra
multimodo?
A. 650 e 850 nm
B. 850 e 1300 nm
C. 850 e 1310 nm
D. 1310 e 1550 nm
____ 5.
Qual é a medida do diâmetro do núcleo da fibra multimodo OM2 e OM3?
A. 50 micrômetros
B. 62,5 micrômetros
C. 62,5 mm
D. 9 mm
____ 6.
Qual das seguintes especificações é mais importante para o usuário e é
um fator
importante nos testes?
A. Atenuação
B. Largura de banda
C. Abertura numérica
D. Concentricidade do núcleo e do cladeado
____ 7. A
principal causa da atenuação da fibra é __________.
A. a absorção
B. o espalhamento
C. as perdas por curvaturas
D. as microcurvaturas
____ 8. Que
tipo de fibra geralmente tem o maior núcleo?
A. Fibra óptica de plástico (POF)
B. Fibra multimodo de índice escalonado
C. Fibra multimodo de índice gradual
D. Fibra monomodo
____ 9. A
perda de uma fibra multimodo de índice gradual é maior a __________.
A. 850 nm
B. 1300 nm
C. 1310 nm
D. 1550 nm
____ 10.
Que tipo de dispersão afeta tanto a fibras monomodo quanto as fibras
multimodo?
A. Modal
B. Diferencial
C. Cromática
D. De modo de polarização
Outros estudos e leituras
Analisar amostras de fibra óptica,
incluindo fibra nua, com revestimento buffer,
de buffer
apertado e POF, seguindo os
procedimentos de segurança. Acoplar a luz de uma lanterna
ou um ponteiro laser
através de uma POF para observar como é transmitida a luz.
Para aprender como é fabricada a fibra
óptica ler o Guia de Referência On-line da FOA
ou os sites dos fabricantes de
fibra óptica.
Para aprender como acontecem as perdas por
incompatibilidade entre as fibras e a sua
importância ler o Guia de Referência
On-line da FOA.