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Percepção do tempo e tecnologia

Você provavelmente já ficou ou, certamente, já viu alguém ficando bastante irritado por causa
de situações banais relacionadas à tecnologia. Uma simples experiência com queda de energia
elétrica ou com um problema de conexão da rede de internet proporciona uma frustração
imediata em qualquer pessoa acostumada à vida urbana e dependente de dispositivos
eletrônicos. Esse tipo de reação é característico da civilização moderna, isto é, das sociedades
que se desenvolveram a partir das revoluções científicas e tecnológicas ocorridas nas idades
moderna e contemporânea.

Com as grandes inovações técnicas que a ciência, nascida com Galileu Galilei e outros
cientistas, ainda no século XVII, vem nos proporcionando, acabamos por nos acostumar a
muitas facilidades e a uma forma de vida cuja praticidade é impensável sem o uso da
tecnologia. A partir do processo de industrialização, começado na Inglaterra, no século XVIII, e
que se alastrou pela Europa e, depois, pelo mundo todo nos séculos seguintes, a experiência
da passagem do tempo começou a ser profundamente alterada.

A vida cotidiana anterior à Revolução Industrial era essencialmente agrária, com forte ligação
ao cultivo da terra e à observação da passagem natural do tempo (estações do ano, período de
chuva e seca etc.), cujo objetivo era prever períodos de escassez. A industrialização formou os
grandes centros urbanos e exigiu uma dinâmica acelerada da vida cotidiana, nunca vista nas
sociedades tradicionais. O uso de metais pela indústria pesada (metalúrgicas e siderúrgicas),
tais como o ferro, possibilitou a criação de uma diversidade enorme de maquinários.

Os trens e os navios cargueiros que escoavam os produtos para regiões muito distantes num
período de tempo bastante curto, bem como os bondes de tração elétrica, que funcionavam
como transporte urbano para as pessoas, foram algumas das invenções que começaram a
alterar a experiência que se tinha da passagem do tempo. A invenção do primeiro automóvel
pelo alemão Karl Benz, em 1886, que era movido a gás e atingia uma velocidade média de 16
km/h, também contribuiu decisivamente para que a percepção do tempo, no cotidiano, ficasse
progressivamente mais acelerada.

Um selo cubano de 1984, ilustrando os quase cem anos de fabricação do primeiro automóvel
da história, criado por Karl Benz, em 1886.

A experiência de um cotiano acelerado também se relaciona com a própria velocidade com a


qual se inventam artefatos tecnológicos e, na mesma medida, outros tantos desses artefatos se
tornam obsoletos. Podemos citar, por exemplo, dois dispositivos eletrônicos que eram
considerados muito avançados há apenas vinte anos e que hoje se mostram ainda mais
sofisticados. São eles: o telefone móvel (celular) e o computador pessoal. Na década de 1990,
esses dois tipos de utensílios eram considerados de acesso limitado, devido ao preço elevado,
relacionado ao seu grau de sofisticação. Hoje em dia, temos variações do computador pessoal,
como o notebook e o ultrabook, mais leves, portáteis e velozes. Os telefones celulares contam
hoje com serviço de internet, câmera fotográfica e filmadora digital, além de alguns outros
dispositivos que nos poupam um tempo que seria gasto, por exemplo, se tivéssemos que
efetuar uma ligação, em via pública, nos antigos telefones públicos (“orelhões”).

Vários outros exemplos poderiam ser abordados, mas o essencial é conseguir perceber a
profunda e íntima transformação que nossa civilização, tão afetada pela indústria, sofreu em
sua forma de perceber o tempo e de sua capacidade de administrar suas expectativas a partir
disso. O exemplo dado no primeiro parágrafo desse texto, da irritação com a queda da conexão
de internet, ilustra a relação que há entre uma experiência acelerada de tempo (acesso rápido
à internet) e uma expectativa frustrada que sempre é gerada pela falta imediata daquela
facilidade.

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Por Me. Cláudio Fernandes

Por Cláudio Fernandes


PARÁFRASE:

Percepção do tempo e tecnologia


Com certeza você já viu alguém ficando bravo por causa da tecnologia. Pessoas que
tem a vida urbana e utilizam dispositivos eletrônicos, se estressam com uma simples
queda de luz ou problema na internet.

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