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1. Introdução
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Este projeto foi desenvolvido na Faculdade de Letras da UFMG, no âmbito do
Programa Acadêmico de Promoção da Inclusão e Acessibilidade, promovido em 2014
e 2015 pela Pró-Reitoria de Graduação da UFMG e continuado, a partir de 2016, pelo
Núcleo de Acessibilidade e Inclusão da UFMG. Contamos também com o apoio da
Pró-Reitoria de Extensão da UFMG a partir de 2015.
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Existe uma coleção no mercado, intitulada Projeto Pitanguá, que traz livros didáticos
traduzidos para a Libras. Porém, a tradução de um material didático de português como
língua materna não o converte em material adequado para os surdos, já que esses
aprendizes vão aprender o português como L2.
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estudantes. Nesta, que é a etapa mais longa para a equipe de design visual, é utilizada
uma plataforma on-line chamada Trello3, que auxilia no gerenciamento de um luxo
de trabalho em equipe. A etapa de implementação da primeira unidade está quase
concluída. Uma vez que o nível básico seja todo concluído, com a da programação
visual de todo o material, este poderá ser disponibilizado para escolas e testado por
um público maior. A partir dos retornos, poderemos ter subsídios para revisar o que já
foi feito e planejar melhor o próximo nível.
A programação visual é uma importante etapa do desenvolvimento
dessa proposta de material didático. Dado que o público-alvo são crianças
usuárias da Língua Brasileira de Sinais, e que a oralização não é pré-
requisito para o acompanhamento do material, o aprendizado do português
escrito como L2 deve se apoiar exclusivamente em estímulos visuais.
Partindo dessa ideia, a equipe de design visual trabalha em conjunto com
a equipe pedagógica com a inalidade de aumentar a eiciência – por meio
do projeto gráico – do projeto didático proposto. Com isso, busca-se
contribuir para o desenvolvimento de estratégias visuais que possam
auxiliar no ensino do português escrito a crianças surdas, considerando
a escassez de materiais com essa abordagem no Brasil. Nessa busca, há
uma faixa de aspectos a serem considerados: uns mais objetivos e outros
mais subjetivos. De um lado está o aspecto funcional do material e, de
outro, a percepção sensível, afetiva e emocional de alunos e professores
sobre ele. Para contemplar a efetividade funcional do material didático
através de recursos gráicos, ele deve ser pensado como um mediador do
ensino-aprendizagem, que tem a intenção de fazer com que determinado
conteúdo seja trabalhado da melhor forma possível por seus prováveis
usuários: alunos, professores e, eventualmente, intérpretes de Libras
auxiliares do professor. Nesse sentido, as decisões de projeto para a
publicação devem ser tomadas em função de seu uso: aspectos como
usabilidade e design centrado no usuário são levados em consideração.
Uma abordagem especíica de ensino deve contar com um projeto gráico
adequado, pensado a partir da abordagem – português escrito como
L2, nível básico – e das especiicidades do público – crianças surdas,
faixa etária de 9 a 12 anos. Por isso o projeto gráico é pensado mais
em função das características do público-alvo e da rotina de sala de aula
desse público, não sendo uma adaptação ao público surdo de materiais
didáticos tradicionais voltados a crianças ouvintes da mesma faixa etária.
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http://trello.com
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Este símbolo foi criado pelo Centro de Comunicação (Cedecom) da Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG) e está disponível em https://www.ufmg.br/marca/
libras/.
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A marca pode ser vista no website do projeto: http://www.letras.ufmg.br/
portuguesl2surdos/, consultado em 23/02/2016
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Considerações inais
No desenvolvimento do conteúdo, um dos grandes desaios
tem sido a compreensão das necessidades dos aprendizes que estão se
alfabetizando em uma nova língua. A escolha de textos autênticos para o
material, por exemplo, é altamente complexa, pois demanda analisar os
conhecimentos linguísticos dos aprendizes, como também a consideração
de questões de direitos autorais. Além disso, transitar com os alunos entre
o português escrito e a Libras para ressigniicar as práticas de leitura e
escrita do cotidiano exige bastante cuidado (não só dos elaboradores de
materiais, como também dos professores em sala de aula). Quanto ao
desenvolvimento da programação visual, tem sido muito instigante para a
equipe de design visual. Nesse projeto são colocados em prática diversos
conhecimentos sobre contemplar as necessidades do usuário através
do design, e também é exercitada a atuação do artista e do designer no
segmento da educação infantil. Além disso, a vivência de um luxo de
trabalho em equipe e a interação constante com as desenvolvedoras do
conteúdo didático é enriquecedora para todas as envolvidas. Aprimorar
as pesquisas com os usuários e a resposta a elas através da programação
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Publicada na revista Mônica, nº 239, de maio de 2006. A história está disponível na
íntegra em alguns endereços na web. Um deles é: http://oicinadelibras.blogspot.com.
br/2014/04/turma-da-monica-aprendendo-falar-com-as.html, consultado em 12/02/2016
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Referências bibliográicas