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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Centro de Ciências Humanas e Sociais – CCH

Licenciatura em História - EAD

UNIRIO/CEDERJ

AD1 – PRIMEIRA AVALIAÇÃO A DISTÂNCIA – 2021.2


Disciplina: América III

Coordenação: Roberto Moll


Tutora: Carolina Bezerra
Leonardo Dangelo
Matrícula: 16216090149
Polo: Duque de Caxias

Religião e Revolução no México

No vídeo apresentado, o professor Caio Pedrosa aborda questões do


envolvimento de católicos na Revolução Mexicana, notadamente, sua atuação como
opositores a este movimento na chamada Revolução Cristera. Segundo ele, a
importância destes religiosos se deveu à limitação do espaço de ação do Estado
revolucionário nas décadas de 1920 a 1930.

Importante observar que o professor Caio Pedrosa fala sobre a influência da


Igreja no México pós revolução, sem dar um enfoque ao período anterior, importante
para se entender melhor a questão. Segundo Ferreras (2013) o afastamento da Igreja é
um elemento pré-revolução, onde ela foi expulsa da vida política e vista como inimiga
pelos liberais.

O presidentes Elías Calles (1924-8), segundo o professor, teria sido um


importante ator na Revolução visto sua contribuição na criação de instituições livres no
Estado mexicano. Além disto, foi marcado por suas atitudes fortemente anticlericais,
onde a Igreja era um grande adversário na formação nacional daquele país. Neste
discurso de Caio Pedrosa não é possível compreender que as relações da Igreja com o
poder, antes da revolução já não eram pacíficas, pois ela tinha grande identificação com
setores progressistas – leia-se camponeses e indígenas (FERRERAS, 2013).

Apesar dos revolucionários terem uma extensa pauta progressista com


aspirações à reforma agrária, por exemplo, também rejeitavam muito a presença da
Igreja, o que é notado na Constituição de 1917, que questionam este papel dos católicos,
com proibição de educação religiosa, dentre outros vários exemplos – afirma o
professor Caio. Portanto, a Igreja, como um setor importante na deflagração da
Revolução, expulsa da vida política continuava a ficar de fora, porquanto o
entendimento pós-revolução. Outro ponto importante abordado sobre este entendimento
é que o pensamento corrente entre os revolucionários daquela época, principalmente os
do norte, era o de que os camponeses gastavam seus dinheiro com festas católicas e não
investiam em compra de tratores, por exemplo, o que impediria o crescimento
econômico do México.

Caio Pedrosa discorre sobre a Revolução mexicana considerando que ela durou
para além da década de 1920, porém, de acordo com Ferreras (2013) a interpretação
mais aceita é a que entende que o processo revolucionário se conclui em 1920. Embora
sem afirmar desta maneira, provavelmente, Caio adotou a ideia de que a partir de 1920,
com a eleição de Álvaro Obregón começou o processo de institucionalização da
Revolução Mexicana, pois fala de eventos pós 1920 como revolucionário.

Voltando ao tema dos conflitos com a Igreja, Caio diz que já na década de 1920,
Elías Calles decidiu implantar um código que tipificasse os crimes do clero em que o
resultado acabou com uma revolta da população, uma guerra civil, com milhares de
mortos – a Revolução/rebelião Cristera. Embora Caio afirme que dentre as rebeliões dos
revolucionários, esta teve uma marca mais popular, podemos ver a revolução mexicana,
como um todo, como de participação popular. Mesmo que com a ação de atores
diversos, houve muitos trabalhadores envolvidos, visto que o nacionalismo de Porfírio
Diaz “só se aplicava à defesa dos interesses dos empresários mexicanos, mas não aos
trabalhadores” (FERRERAS, 2013, p. 46).

A morte de Álvaro Obregón é colocada como fator decisivo para que Elías
Calles decidisse fundar o partido para acalmar os ânimos dentro do grupo
revolucionário, entendendo que a violência só levaria a mais mortes. Caio Pedrosa
analisou a literatura e afirma que logo após a rebelião Cristera, apareceram os primeiros
textos ficcionais trazendo os elementos de tal rebelião e se tornaram muito populares no
México. Interessante perceber a diversidade de documentos utilizados na construção da
história. Tal narrativa não se passou apenas entre católicos e revolucionários, mas muito
também dentro de disputas internas no grupo dos primeiros. Enquanto alguns preferiam
a continuação da guerra no intuito de instituir uma República católica no México,
outros, entenderem que a guerra seria prejudicial à própria Igreja.

Portanto a secularização da política no México foi um fenômeno extenso e


complexo, cuja historiografia foi bem ponderada no vídeo, porém, poderia ter sido
melhor abordado por Caio Pedrosa se fossem inseridos alguns elementos que
contextualizassem melhor a questão como antecedentes da Revolução Mexicana.

Referência

FERRERAS, Norberto. Aula 2: Sobre a ampliação dos direitos políticos na América


Latina: dos governos aristocráticos aos governos democráticos. A Revolução
Mexicana. In: FERRERAS, Norberto; SOUSA, Rodrigo F. História da América III. Rio
de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2013.

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