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Trata-se,
portanto, de uma equação diofantina.
Analisando os casos acima, o problema do laboratório pode ser descrito pela equação 15x + 25y =
2000 que apresenta 27 soluções (que sejam pares de números
inteiros positivos), desde a primeira máquina parada e a outra sendo acionada 80 vezes até o caso em que a primeira trabalha 130 vezes e a outra só 2. No caso das
quadras, uma equação é l0x + 12y = 80, que apresenta as 2 soluções x
= 2 e y = 5 ou x = 8 e y = 0, enquanto a equação l0x +
12y = 77 não apresenta soluções (que
sejam pares de números inteiros). No caso dos aviões (que pode ser apresentado desde muito cedo às crianças), a equação 3x + 5y = 13 apresenta uma única solução
(pares de números inteiros e positivos) x = l , y = 2.
Ao propor um de tais problemas, a escolha dos coeficientes a, b, c importa, não só para maior ou menor dificuldade nos cálculos, como também para a existência de
uma, várias ou nenhuma solução (desde que sejam inteiras ou inteiras positivas). Estes são exemplos de variáveis didáticas (Caderno da
RPM, v. 1, p. 13), das quais
o professor pode lançar mão para atingir este ou aquele objetivo. E, para isso, um conhecimento mais vasto da situação envolvida é bastante útil.
Ora, ao estudarmos um problema matemático, é muito conveniente termos um "processo" que nos diga se ele tem ou não soluções e que, no primeiro caso, forneça
todas as soluções. Por exemplo, dada a equação do segundo grau
ax2 + bx + c = 0 ,
sabemos que ela tem soluções reais se, e somente se,
b2 - 4ac 0 .
Quando isso acontece, as soluções reais x1 e
x2
são dadas por
Ao estudarmos a equação diofantina ax + by = c, com a,b e c números inteiros, interessa-nos saber se há um critério que permita
dizer se ela tem soluções e um
método (algoritmo) para achar todas as soluções (se existirem). Como estamos tratando de equações diofantinas, interessamo-nos somente por soluções inteiras de
ax + by = c.
Existe de fato um critério que nos permite decidir se a equação ax + by = c tem ou não soluções inteiras, e ele é uma aplicação genuína e não-trivial da noção de
máximo divisor comum!
No que segue, apresentaremos:
1.
Um critério de existência de solução, que já tem como subproduto um processo para encontrarmos uma solução particular;
2.
Um algoritmo para encontrar essa solução particular;
3.
A expressão que fornece todas as soluções inteiras a partir de uma particular.
https://rpm.org.br/cdrpm/19/9.htm 1/3
23/09/22, 16:13 RPM 19 - Uma equação diofantina e suas resoluções
Corolário. Se mdc(a,b)
= 1, isto é, se a e b são relativamente primos (ou primos entre si), então a equação ax + by = c sempre tem soluções inteiras, qualquer que
seja c.
Observação. Para efeito de encontrar as soluções inteiras, o caso que interessa é só esse do corolário, em que mdc(a,b) = 1. De fato, se existir solução e esse máximo
divisor comum for d 1, basta dividir ambos os membros da equação por d que se chega ao caso de coeficientes a
e b relativamente primos, com um segundo
membro ainda inteiro.
3 1 1 4
32 9 5 4 1
5 4 1 0
32 = 3 x 9 + 5 (A)
9 = 1 x 5 + 4 (B)
5 = 1 x 4 + 1 (C)
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143 = 8 x 17 + 7 , 17 = 2 x
7 + 3 , 7 = 2 x
3 + 1.
Logo
l = 7
2
x
3 = 7
2
x [17
2
x
7] = 5
x
7
2
x
17 =
= 5
x [143 8 x 17] 2 x
17 = 5 x 143 42 x 17.
Donde,
143 x
[5 x
132] + 17 x
[ 42 x
132] = 132,
ou seja,
(x0, y0
) = (660, 5544) é solução da equação.
Então, todas as soluções são da forma
x = 660 + 17k e y = 5544
143k ,
onde k é um inteiro arbitrário.
Gilda de La Roque, doutora em Matemática pelo IMPA, e João Bosco Pitombeira, doutor em Matemática pela Universidade de Chicago, são professores do
Departamento de Matemática da PUC/RJ, onde coordenam atividades de pesquisa em ensino-aprendizagem de Matemática no 2.° e 3.° graus.
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