Trabalho de recuperação de sociologia Gabriel Borges Kiener 3° série
O Bicho de Sete Cabeças é um filme que conta a história de Neto, um
jovem que tinha uma vida normal. Ele era rebelde e às vezes usava maconha. Possuía uma relação muito complicada com seu pai, era incompreendido. Mas seu pai fez desse comportamento rebelde um bicho de sete cabeças e o internou em um manicômio. Neto, então, conhece o inferno na Terra quando se depara com a realidade manicomial. Eletroconvulsoterapia, drogas neurolépticas para dopar, descaso dos médicos, maus tratos do corpo de enfermagem, doentes andando nus, jogados pelos cantos à procura de cigarro, perda de todo e qualquer vestígio de privacidade e de algo que se possa chamar de seu. Podemos perceber a partir da análise do filme um paralelo com os estudos de Foucault. Foucault vai dizer que a partir do século XVIII o louco não é mais visto como um criminoso, como era antes, mas como um doente. Esse foi o período de grande desenvolvimento da medicina, o período da Revolução Industrial. Cria-se o mito do homem normal, o homem são, sem doenças, puro. E o louco é o cidadão que precisa de medicação. As correntes do período em que foi um criminoso são substituídas pelas drogas. O louco é objetificado como um saber médico, ele é estudado. O poderio político dos médicos ditam as normas para os loucos. Ele representa a razão que deve dominar a loucura. O louco não se apresenta para um psiquiatra como ser humano, mas como alguém desprovido de razão e que precisa se recuperar. Com quem? Com o médico. O discurso do doente é submetido ao discurso do médico, que se pretende científico e que deve recuperar o estado são do doente Essa visão dos ‘loucos’, sejam eles dependentes químicos, pessoas com neuro divergência ou qualquer um que não é aceito pela sociedade, permanece até hoje, e é reproduzida. A ideia de isolamento dessas pessoas na sociedade como é mostrado no filme além do tratamento sub-humano que lhe é dados segue reinando no senso comum.