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EM ESTÉTICA
CORPORAL
Inovações
tecnológicas no
tratamento de
flacidez dérmica
e muscular
Aline Andressa Matiello
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
A flacidez é uma disfunção estética muito prevalente. Embora não represente uma
doença grave, ela afeta de maneira significativa a autoestima e a qualidade de
vida das pessoas, uma vez que altera o contorno corporal. Por isso, atualmente,
existem inúmeros recursos terapêuticos voltados a essa disfunção, visando ao
restabelecimento da função dos tecidos.
Recursos tecnológicos como corrente galvânica, microcorrentes, radiofre-
quência, criofrequência, corrente russa, corrente aussie, os quais podem ser
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Corrente galvânica
A corrente galvânica, também chamada de galvanismo, é a forma de corrente
terapêutica mais antiga, relatada por Galvani no ano de 1786. Trata-se de uma
corrente contínua, caracterizada por um fluxo contínuo de elétrons de maneira
unidirecional; sendo que seus efeitos terapêuticos estão relacionados aos
efeitos polares da corrente.
Acerca dos efeitos fisiológicos, a corrente galvânica produz calor, gera
reações químicas (eletrólise) e vasodilatação. Em relação à produção de
calor, Borges (2010) afirma que a corrente galvânica gera calor nos tecidos
devido ao fluxo contínuo e unidirecional da corrente, que não causa sensação
de aquecimento na pele, todavia, é capaz de induzir efeitos terapêuticos
específicos nos tecidos corporais.
Ainda, a corrente galvânica atua por meio de efeitos polares. No Quadro
1, veja esses efeitos com base em sua polaridade.
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Microcorrentes
As microcorrentes, também chamadas de MENS (do inglês micro electro neuro
stimulation), fazem utilização de uma corrente elétrica terapêutica de inten-
sidade muito baixa, na faixa dos µA (PEREZ; VASCONCELOS, 2014). Na prática,
em relação aos tipos de ondas utilizadas pela microcorrentes, Borges (2010)
comenta que podem ser encontrados equipamentos que liberam corrente
contínua, alternada, pulsada ou não, com ampla variedade nas formas de
ondas.
Quando aplicada aos tecidos, as microcorrentes são capazes de promover
efeitos biológicos como: restabelecer a bioeletricidade tecidual, incremen-
tar a síntese de adenosina trifosfato (ATP), aumentar o transporte ativo de
aminoácidos — o que contribui especialmente para o aumento da síntese de
proteínas (colágeno e elastina), uma vez que os aminoácidos são essenciais
para o metabolismo proteico. Ainda, segundo Perez e Vasconcelos (2014), as
microcorrentes são capazes de promover aumento da síntese de colágeno
e elastina em cerca de 30 a 40%, aumentando também o metabolismo e a
oxigenação tecidual.
Radiofrequência
A radiofrequência é um recurso terapêutico não invasivo, muito utilizado
na área da estética. Faz uso de ondas eletromagnéticas compreendidas no
espectro eletromagnético de 30 KHz a 3 GHz, de alta frequência, associado à
média intensidade, que, ao agirem sobre os tecidos, elevam a temperatura
tecidual para níveis capazes de favorecer efeitos fisiológicos controlados.
Acerca do mecanismo de ação, a elevação da temperatura tecidual não
acontece por aquecimento direto do tecido; o campo eletromagnético é que
provoca a oscilação das moléculas de água presentes no tecido, promovendo
atrito e fricção gerando energia. Desse modo, pode-se dizer que a radiofre-
quência é um recurso tecnológico que converte energia eletromagnética em
calor de forma endógena e, por isso, é considerado um recurso de diatermia,
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G1 — calor imperceptível;
G2 — calor suave e ligeiramente perceptível;
G3 — calor de moderado a forte, sem sensação desagradável, podendo
chegar entre 36 e 38 graus;
G4 — calor intenso, próximo ao limiar de dor, com temperaturas entre
39 e 40 graus;
G5 — calor insuportável, excedendo o limiar de dor, que é alcançado
em cerca de 41 graus ou mais.
Criofrequência
Trata-se de um recurso tecnológico que alia os efeitos da radiofrequência
e da crioterapia. Nesse caso, os equipamentos de criofrequência têm duas
tecnologias que atuam de maneira simultânea no tratamento dos tecidos — as
quais, além de gerar o aquecimento pela radiofrequência, atuam simultanea-
mente como indutores de frio em até -10 graus, causando um choque térmico
no tecido (SILVA et al., 2020).
A principal característica desse recurso é que o resfriamento proporcio-
nado pelo equipamento auxilia na proteção da epiderme durante a aplica-
ção de altas temperaturas para os tecidos internos. Isso porque, durante a
aplicação da radiofrequência convencional, muitas vezes, para se chegar à
temperatura desejada, o paciente pode relatar desconforto, pois o calor ex-
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Corrente russa
Corrente aussie
Uso de microcorrentes
Nos casos de flacidez, o efeito terapêutico mais esperado das microcorrentes
é o aumento de produção de ATP, que induz uma intensa revitalização tecidual,
uma vez que acrescenta uma fonte extra de energia, a qual fica disponível
para os processos metabólicos celulares (BORGES, 2010). Com esse incremento
na ATP, tem-se o aumento na síntese de colágeno e elastina na derme, o que
contribui para a melhoria da sustentação cutânea e minimiza o quadro de
flacidez da pele.
Além do tratamento da flacidez dérmica, as microcorrentes podem ser
empregadas nos tratamentos estéticos, visando à revitalização cutânea e à
prevenção dos sinais de envelhecimento, pois melhora o metabolismo da
pele, atuando, nesse caso, de maneira preventiva.
O uso das microcorrentes é contraindicado para o tratamento de pacientes
com neoplasias, com uso de marcapasso e com processo infeccioso. Além
disso, gestantes e pacientes com insuficiência cardíaca, renal ou hipertensão
arterial sistêmica descompensada não podem realizar a técnica. A presença
de osteossínteses (pinos ou placas metálicas) no corpo também contraindica
esse tratamento (PEREZ; VASCONCELOS, 2014).
Referências
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