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INOVAÇÕES

EM ESTÉTICA
CORPORAL
Inovações
tecnológicas no
tratamento de
flacidez dérmica
e muscular
Aline Andressa Matiello

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

> Descrever os principais recursos utilizados no tratamento de flacidez dérmica


e muscular.
> Identificar as principais indicações e contraindicações no tratamento de
flacidez dérmica e muscular.
> Reconhecer protocolos e associações em prescrições personalizadas à
flacidez dérmica e muscular.

Introdução
A flacidez é uma disfunção estética muito prevalente. Embora não represente uma
doença grave, ela afeta de maneira significativa a autoestima e a qualidade de
vida das pessoas, uma vez que altera o contorno corporal. Por isso, atualmente,
existem inúmeros recursos terapêuticos voltados a essa disfunção, visando ao
restabelecimento da função dos tecidos.
Recursos tecnológicos como corrente galvânica, microcorrentes, radiofre-
quência, criofrequência, corrente russa, corrente aussie, os quais podem ser
2 Inovações tecnológicas no tratamento de flacidez dérmica e muscular

utilizados de maneira isolada ou associada a outras modalidades, são importantes


tecnologias para o tratamento da flacidez. Portanto, é essencial que profissionais
de estética detenham o máximo de conhecimento a respeito desses recursos, a
fim de empregá-los de maneira segura e resolutiva.
Neste capítulo, você estudará os principais objetivos de tratamento nos quadros
de flacidez, tanto muscular como dérmica. Também verá como são usadas as
tecnologias, o mecanismo de ação, as indicações e contraindicações, as técnicas
de aplicação e os cuidados no uso dos equipamentos no tratamento. Por fim,
verá como é feita a associação de alguns recursos terapêuticos em protocolos
destinados aos casos de flacidez.

Flacidez dérmica e muscular


A flacidez é uma disfunção estética muito prevalente na população, em especial
entre as mulheres. Caracteriza-se pela presença de tecidos frouxos, moles,
com pouca sustentação, que caem e sofrem um processo de envelhecimento
precoce. Essas características levam à formação de pontos antissimétricos
no corpo e trazem um aspecto inestético para as regiões acometidas.
A flacidez pode ser diferenciada de acordo com o tecido acometido, po-
dendo ser classificada em flacidez dérmica (superficial) ou muscular (pro-
funda). A flacidez dérmica afeta a pele e, por isso, é considerada uma flacidez
mais superficial. É também reconhecida como flacidez cutânea, tissular ou
flacidez de pele.
Em relação à fisiopatologia da flacidez que acomete a pele, Souza (2016)
comenta que se observa, nesses casos, redução ou perda dos componentes
fundamentais do tecido conjuntivo, os quais garantem a sustentação da pele,
incluindo as fibras de colágeno, fibras de elastina e glicosaminoglicanas,
estabelecendo um quadro de atrofia cutânea.
Além disso, na flacidez dérmica, observa-se uma redução importante no
número e na função de células especializadas, chamadas de fibroblastos, as
quais são responsáveis pela produção das fibras de colágeno e elastina na
pele. Essa situação torna a pele menos densa, tirando, desse modo, a firmeza
do tecido (LIMA; RODRIGUES, 2012). Em relação às fibras de sustentação da
pele, além da sua redução, observa-se que as fibras de colágeno presentes
na pele se tornam gradualmente mais rígidas à medida que a flacidez se
instala e que as fibras de elastina perdem sua capacidade de se distender.
Essas alterações fisiopatológicas na pele são esperadas com o processo de
envelhecimento fisiológico e são afetadas por níveis hormonais e genéticos.
Além disso, pode surgir precocemente em quadros patológicos, frente à ação
Inovações tecnológicas no tratamento de flacidez dérmica e muscular 3

de fatores extrínsecos que aceleram essa perda de componentes estruturais


do tecido conjuntivo. Dentre os fatores, estão as condições que levam ao
envelhecimento precoce da pele, como a exposição excessiva ao sol e a má
alimentação, e as condições que tracionem excessivamente a pele, como
aumento ou redução drástica do peso corporal e na gestação.
A Figura 1 exemplifica a perda de componentes estruturais da derme (fibras
de colágeno e elastina) à medida que o envelhecimento ocorre, predispondo
quadros de flacidez dérmica.

Figura 1. Perda de componentes estruturais da derme com o envelhecimento.


Fonte: Fassheber et al. (2018, p. 176).

Já na flacidez muscular, o tecido acometido, como o próprio nome diz, se


refere ao tecido muscular e pode ser denominada de hipotonia muscular. Na
flacidez muscular, ocorre perda da tonicidade dos músculos, resultante da
hipotrofia ou atrofia das fibras musculares, responsáveis pela manutenção
do tônus e pela contração muscular.
Assim como na flacidez dérmica, é natural que o processo de envelhe-
cimento predisponha ao surgimento desse tipo de flacidez, uma vez que,
à medida que os anos passam, tem-se uma redução fisiológica da massa
muscular (massa magra) e aumento do tecido adiposo nos tecidos.
Todavia, deve-se destacar que mesmo ocorrendo naturalmente no pro-
cesso de envelhecimento, a quantidade de massa muscular perdida ao longo
dos anos é diretamente dependente da atividade física, sendo maior naquelas
pessoas que não mantêm atividade física regular. Isso porque, durante a
4 Inovações tecnológicas no tratamento de flacidez dérmica e muscular

atividade física, os músculos esqueléticos do corpo humano sofrem contração


muscular de maneira voluntária, à medida que são solicitados, mantendo,
desse modo, o tônus muscular.
Um mecanismo contrário acontece na inatividade física (sedentarismo),
conforme apontam Lima e Rodrigues (2012), pois os músculos ficam flácidos
na inatividade física porque, à medida que as fibras musculares não reali-
zam trabalho de contração, elas sofrem um processo de atrofia, tornando
o músculo com aspecto flácido. Além disso, Souza (2016) cita que fatores
hormonais, emagrecimento intenso e acelerado e genética também podem
influenciar no aparecimento precoce de flacidez muscular.
As regiões corporais mais acometidas pela flacidez são braços, pernas,
região de glúteos e abdômen. Borges (2010) reforça que mesmo acometendo
tecidos distintos, a flacidez muscular e dérmica podem estar associadas em
um mesmo paciente e em uma mesma região do corpo, uma vez que, nesses
casos, são observadas alterações na estrutura tanto muscular quanto dérmica.
A Figura 2 exemplifica um quadro de flacidez dérmica na região do braço e
de flacidez associada na região abdominal.

Figura 2. Exemplos de flacidez.


Fonte: Mang (2012, p. 374; p. 391).

Tendo em vista esses dois tipos de flacidez, é importante, portanto, que o


profissional de estética tenha conhecimento das alterações fisiológicas que
acontecem a nível celular nos quadros patológicos de flacidez, para que possa
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elencar o melhor recurso terapêutico, de modo a promover efeitos fisiológicos


com base na fisiopatologia e nas necessidades dos tecidos acometidos pela
disfunção estética.

O tratamento estético é distinto para cada tipo de flacidez, todavia,


em alguns casos, deve-se empregar recursos que atuem nos dois
tipos de flacidez, considerando que muitos pacientes apresentam quadros de
flacidez muscular e dérmica associadas.

Recursos tecnológicos no tratamento da flacidez


Diversos recursos tecnológicos vêm sendo empregados para o tratamento
dos quadros de flacidez e muitos outros vem sendo desenvolvidos a fim
de proporcionar resultados cada vez mais efetivos e seguros. Entre esses
recursos, destacam-se a utilização da corrente galvânica, microcorrentes,
radiofrequência, criofrequência e as correntes de estimulação neuromuscular,
como a corrente russa e a corrente aussie.

Corrente galvânica
A corrente galvânica, também chamada de galvanismo, é a forma de corrente
terapêutica mais antiga, relatada por Galvani no ano de 1786. Trata-se de uma
corrente contínua, caracterizada por um fluxo contínuo de elétrons de maneira
unidirecional; sendo que seus efeitos terapêuticos estão relacionados aos
efeitos polares da corrente.
Acerca dos efeitos fisiológicos, a corrente galvânica produz calor, gera
reações químicas (eletrólise) e vasodilatação. Em relação à produção de
calor, Borges (2010) afirma que a corrente galvânica gera calor nos tecidos
devido ao fluxo contínuo e unidirecional da corrente, que não causa sensação
de aquecimento na pele, todavia, é capaz de induzir efeitos terapêuticos
específicos nos tecidos corporais.
Ainda, a corrente galvânica atua por meio de efeitos polares. No Quadro
1, veja esses efeitos com base em sua polaridade.
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Quadro 1. Galvanoterapia — efeito polares

Polo negativo (cátodo) Polo positivo (ânodo)

„  Atrai o hidrogênio e a água do „  Atrai o oxigênio e a água corporal.


corpo. „  É analgésico e sedativo.
„  Estimula e irrita. „  Causa vasoconstrição e menos
„  Causa vasodilatação e hiperemia. hiperemia.
„  Melhora a hidratação da pele.

Fonte: Adaptado de Borges (2010).

A corrente galvânica é, ainda, utilizada em tratamentos estéticos corporais


por meio da técnica de iontoforese. Essa técnica consiste na utilização da
corrente galvânica para administrar via transcutânea alguma substância com
finalidade terapêutica, chamada de solução ionizável, a qual possui uma
carga elétrica definida.
Segundo Borges (2010), nessa terapia, a corrente originária do aparelho é
transmitida para o eletrodo e, em seguida, para a pele. A aplicação de agen-
tes ativos de maneira associada faz com que os íons presentes na solução
ionizável sofram repulsão e movimentação ao longo das camadas da pele, em
especial através dos ductos das glândulas sudoríparas e através dos ductos
das glândulas sebáceas e dos folículos pilosos. Desse modo, podem atingir
tecidos mais profundos de maneira mais efetiva, se comparado apenas à
aplicação cutânea, sem uso de corrente elétrica terapêutica. Assim, pode-se
dizer que a iontoforese agrega efeitos à corrente galvânica e ao ativo utilizado
de maneira associada.
Acerca dos efeitos terapêuticos do tratamento da iontoforese, eles depen-
derão das características da substância utilizada no tratamento (analgésicas,
hidratantes, estimulantes, relaxantes, etc.) e do polo em que são aplicados.

No mercado, são encontradas substâncias ionizáveis de ambas as


polaridades (+ ou –), cujo uso deve ser feito conforme a orientação
do fabricante, utilizando sempre uma substância que contenha a mesma pola-
ridade, de modo que o polo faça a repulsão dos íons e estes penetrem a pele
(BORGES, 2010).
Inovações tecnológicas no tratamento de flacidez dérmica e muscular 7

Microcorrentes
As microcorrentes, também chamadas de MENS (do inglês micro electro neuro
stimulation), fazem utilização de uma corrente elétrica terapêutica de inten-
sidade muito baixa, na faixa dos µA (PEREZ; VASCONCELOS, 2014). Na prática,
em relação aos tipos de ondas utilizadas pela microcorrentes, Borges (2010)
comenta que podem ser encontrados equipamentos que liberam corrente
contínua, alternada, pulsada ou não, com ampla variedade nas formas de
ondas.
Quando aplicada aos tecidos, as microcorrentes são capazes de promover
efeitos biológicos como: restabelecer a bioeletricidade tecidual, incremen-
tar a síntese de adenosina trifosfato (ATP), aumentar o transporte ativo de
aminoácidos — o que contribui especialmente para o aumento da síntese de
proteínas (colágeno e elastina), uma vez que os aminoácidos são essenciais
para o metabolismo proteico. Ainda, segundo Perez e Vasconcelos (2014), as
microcorrentes são capazes de promover aumento da síntese de colágeno
e elastina em cerca de 30 a 40%, aumentando também o metabolismo e a
oxigenação tecidual.

Os efeitos terapêuticos da microcorrentes são cumulativos e, por


isso, o paciente deve ser submetido a mais de uma sessão; embora
já nas primeiras aplicações seja possível notar melhoria na qualidade dos
tecidos (BORGES, 2010).

Radiofrequência
A radiofrequência é um recurso terapêutico não invasivo, muito utilizado
na área da estética. Faz uso de ondas eletromagnéticas compreendidas no
espectro eletromagnético de 30 KHz a 3 GHz, de alta frequência, associado à
média intensidade, que, ao agirem sobre os tecidos, elevam a temperatura
tecidual para níveis capazes de favorecer efeitos fisiológicos controlados.
Acerca do mecanismo de ação, a elevação da temperatura tecidual não
acontece por aquecimento direto do tecido; o campo eletromagnético é que
provoca a oscilação das moléculas de água presentes no tecido, promovendo
atrito e fricção gerando energia. Desse modo, pode-se dizer que a radiofre-
quência é um recurso tecnológico que converte energia eletromagnética em
calor de forma endógena e, por isso, é considerado um recurso de diatermia,
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capaz de provocar o aquecimento profundo dos tecidos por meio da elevação


de temperatura em torno de 40 a 43 graus.
Em relação aos parâmetros, além da frequência, é importante controlar
a dosagem de calor produzida, que deve ser mensurada por meio de uma
escala subjetiva de calor que compreende 5 graus (BORGES, 2010):

„ G1 — calor imperceptível;
„ G2 — calor suave e ligeiramente perceptível;
„ G3 — calor de moderado a forte, sem sensação desagradável, podendo
chegar entre 36 e 38 graus;
„ G4 — calor intenso, próximo ao limiar de dor, com temperaturas entre
39 e 40 graus;
„ G5 — calor insuportável, excedendo o limiar de dor, que é alcançado
em cerca de 41 graus ou mais.

Segundo Perez e Vasconcelos (2014), a frequência mais utilizada se encontra


entre 0,5 e 1,5 MHz, mas é possível encontrar equipamentos com frequência em
torno de 6 e 40,68 MHz. Em relação à frequência adotada pelo equipamento de
radiofrequência, é importante mencionar que ela é inversamente proporcional
à profundidade. Desse modo, quanto maior a frequência utilizada, menor a
penetração da onda eletromagnética nos tecidos.

É possível encontrar vários tipos de radiofrequência, todavia, os


equipamentos de radiofrequência utilizados por fisioterapeutas e
esteticistas são do tipo não ablativas (não invasivas) (BORGES, 2010).

Existem equipamentos de configurações distintas, com base no número


de eletrodos existentes na manopla (aplicador da radiofrequência). Manoplas
monopolares têm apenas um eletrodo e, por isso, têm ação mais profunda,
agindo especialmente no tecido adiposo. Enquanto as configurações com
manoplas multipolares têm mais de um eletrodo e ação mais superficial,
atingindo a derme. A Figura 3 mostra os diferentes eletrodos encontrados
nos equipamentos de radiofrequência.
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Figura 3. Eletrodos de radiofrequência.


Fonte: Rodrigues (2018, p. 61).

Em relação aos efeitos biológicos, a aplicação da radiofrequência propor-


ciona efeitos tanto térmicos como atérmicos. Na área da estética, objetiva-se
principalmente os efeitos relacionados à produção de calor (efeito térmico),
uma vez que esse efeito causa hiperemia tecidual, aumento do metabolismo
tecidual, neocolagênese (síntese de novas fibras de colágeno) e neoelastoge-
nêse (síntese de novas fibras de elastina), além de aumentar a elasticidade
dos tecidos ricos em colágeno, o que contribui para aumento da densidade
de colágeno e para a melhor sustentação do tecido.

Criofrequência
Trata-se de um recurso tecnológico que alia os efeitos da radiofrequência
e da crioterapia. Nesse caso, os equipamentos de criofrequência têm duas
tecnologias que atuam de maneira simultânea no tratamento dos tecidos — as
quais, além de gerar o aquecimento pela radiofrequência, atuam simultanea-
mente como indutores de frio em até -10 graus, causando um choque térmico
no tecido (SILVA et al., 2020).
A principal característica desse recurso é que o resfriamento proporcio-
nado pelo equipamento auxilia na proteção da epiderme durante a aplica-
ção de altas temperaturas para os tecidos internos. Isso porque, durante a
aplicação da radiofrequência convencional, muitas vezes, para se chegar à
temperatura desejada, o paciente pode relatar desconforto, pois o calor ex-
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cessivo estimula nociceptivos da pele (receptores de dor) e provoca o quadro


álgico. Nesse caso, o resfriamento da pele (aqui, da epiderme) é usado para
aliviar o incômodo. Quanto aos efeitos biológicos da criofrequência, eles são
similares aos efeitos da radiofrequência.

Estimulação elétrica neuromuscular


A terapêutica por meio da estimulação neuromuscular é feita com uso de
correntes elétricas de baixa e média frequência. Nesses casos, a aplicação
da corrente elétrica estimula potenciais de ação em receptores superficiais
e intramusculares, que geram uma contração muscular direta, auxiliando no
ganho de função e força muscular.
Cechinel et al. (2018) comentam que as correntes de média frequência
são consideradas as correntes estimulantes mais indicadas, uma vez que
suas características físicas geram menor impedância, quando comparadas
às correntes de baixa frequência e, por isso, causam menor desconforto na
produção da contração.
Em relação ao mecanismo de ação, ambas são correntes excitomotoras
(i.e., agem simulando uma contração muscular), atuam estimulando os nervos
motores, despolarizando as membranas e, assim, induzindo-as à contração
muscular, tornando-as ainda mais fortes e sincronizadas e resultando em
fortalecimento muscular. Nesses casos, ao agir sobre os músculos esquelé-
ticos, promovendo a contração, tem-se como efeitos fisiológicos o aumento
do tônus muscular, aumento da força e ativação de um maior número de
unidades motoras. A estimulação elétrica neuromuscular é mais aplicada na
estética por meio da corrente russa ou da corrente aussie.

Corrente russa

A corrente russa é uma corrente alternada, simétrica, sinusoidal, com fre-


quência portadora de 2.500 Hz, modulada por rajadas (bursts) a cada 10 ms,
fornecendo 50 rajadas por segundo (BORGES, 2010). Assim como a corrente
aussie, a corrente russa é utilizada com fins excitomotores.
A corrente russa foi apresentada por um cientista russo, Kotz, no ano
de 1977, que utilizava a corrente com fins excitomotores e a modulou com
rajadas — que, na terapia, serve para criar intervalos entre as contrações, de
modo a melhorar a tolerância dos pacientes perante a corrente.
Além da frequência portadora do equipamento, a corrente russa permite o
ajuste pelo profissional de uma frequência modulada, que varia de 0 a 150 Hz,
com base nos objetivos do tratamento e no tipo de fibras a serem recrutadas.
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Corrente aussie

A corrente aussie é definida como uma corrente alternada de média frequência,


modulada em quilohertz, com formato de onda simétrica, bifásica e retangular,
com rajadas de curta duração, o que proporciona mais conforto na aplicação,
quando comparada à corrente russa. Outra característica que a difere da
corrente russa, é que a corrente aussie tem tempo reduzido de duração de
pulso, o que, teoricamente, torna a aplicação mais efetiva (SANTOS et al., 2020).
As duas correntes (russa e aussie), por induzirem a contração muscular,
exigem que o profissional module outros parâmetros no equipamento, como
o tempo “on” (tempo de contração) e o tempo “off” (tempo de relaxamento do
músculo; repouso). Os equipamentos sugerem tempo de contração na faixa
de 10 a 15 segundos para 50 segundos a 2 minutos de relaxamento. A Figura
4 demonstra o método de aplicação das correntes excitomotoras.

Figura 4. Aplicação de correntes excitomotoras.


Fonte: Matiello et al. (2018, p. 167).

Além desses parâmetros, o profissional pode modular o tempo de rampa


de subida (rise) e de descida (decay), considerando o objetivo para cada
cliente. Assim, como profissional da estética, reconhecer os principais re-
cursos tecnológicos disponíveis na área para o tratamento da flacidez e suas
características físicas é essencial.
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Objetivos, indicações e contraindicações


Com base nos achados fisiopatológicos da flacidez muscular e da flacidez
cutânea, pode-se estabelecer os objetivos de tratamento em cada uma dessas
disfunções e, a partir disso, elencar o recurso terapêutico mais condizente
com as necessidades dos tecidos.
Na flacidez dérmica, o objetivo terapêutico é minimizar a perda dos compo-
nentes de sustentação da pele, ao mesmo tempo em que se objetiva estimular
os fibroblastos para que aumentem a produção de fibras de colágeno e
elastina. Além disso, deve-se atuar a fim de melhorar a qualidade das fibras
remanescentes na pele. Por isso, empregam-se recursos tecnológicos que
estimulem os fibroblastos e induzam à neocolagênese (produção de fibras
de colágeno e elastina na derme), melhorando a sua sustentação.
O uso de recursos tecnológicos como corrente galvânica, microcorrentes,
radiofrequência e criofrequência estão indicados. Segundo Perez e Vascon-
celos (2014), o uso de correntes elétricas é a base dos tratamentos estéticos
que visam a melhorar a sustentação da pele, uma vez que atuam no sentido
de “levantar” o tecido cutâneo e, por isso, são recursos bem-vindos para
combater os sinais de flacidez dérmica, tanto induzida naturalmente pelo
envelhecimento como provocada por fatores externos. A seguir, são descritos
as indicações, contraindicações, método de aplicação das técnicas e cuidados
no uso de recursos tecnológicos utilizados na flacidez dérmica.

Uso de corrente galvânica


Com base nos efeitos fisiológicos da galvanoterapia, em especial da iontofo-
rese, é possível utilizar esse recurso como aliado no tratamento da flacidez
dérmica. Para a aplicação da corrente galvânica nas regiões corporais, é
necessário o uso de eletrodos diferenciados, embora os tipos de eletrodos
convencionais dessa corrente sejam os eletrodos em forma de placa metá-
licas, confeccionados em alumínio e utilizados juntamente com uma esponja
embebida em água, a fim de gerar o acoplamento com a pele. Todavia, segundo
Borges (2010), esses eletrodos apresentam algumas desvantagens quando
utilizados nos procedimentos estéticos corporais, como a pouca maleabili-
dade, o risco maior de queimaduras e maiores chances de sofrerem corrosão.
A corrente galvânica é contraindicada para tratamento de pacientes com
cardiopatias descompensadas, portadores de marcapasso, pacientes com
neoplasias, gestantes, e pacientes com epilepsia. Além disso, por ser uma
corrente contínua, não deve ser aplicada sobre regiões com presença de
osteossínteses.
Inovações tecnológicas no tratamento de flacidez dérmica e muscular 13

Acerca das contraindicações da iontoforese, elas são as mesmas do uso


da corrente galvânica. Além dessas, outra contraindicação está relacionada à
substância utilizada, à qual o paciente não pode ter hipersensibilidade. Ainda,
Borges e Scorza (2016) alertam que a técnica não pode ser aplicada sobre
regiões de descontinuidade cutânea, como na presença de feridas ou cortes.

Uso de microcorrentes
Nos casos de flacidez, o efeito terapêutico mais esperado das microcorrentes
é o aumento de produção de ATP, que induz uma intensa revitalização tecidual,
uma vez que acrescenta uma fonte extra de energia, a qual fica disponível
para os processos metabólicos celulares (BORGES, 2010). Com esse incremento
na ATP, tem-se o aumento na síntese de colágeno e elastina na derme, o que
contribui para a melhoria da sustentação cutânea e minimiza o quadro de
flacidez da pele.
Além do tratamento da flacidez dérmica, as microcorrentes podem ser
empregadas nos tratamentos estéticos, visando à revitalização cutânea e à
prevenção dos sinais de envelhecimento, pois melhora o metabolismo da
pele, atuando, nesse caso, de maneira preventiva.
O uso das microcorrentes é contraindicado para o tratamento de pacientes
com neoplasias, com uso de marcapasso e com processo infeccioso. Além
disso, gestantes e pacientes com insuficiência cardíaca, renal ou hipertensão
arterial sistêmica descompensada não podem realizar a técnica. A presença
de osteossínteses (pinos ou placas metálicas) no corpo também contraindica
esse tratamento (PEREZ; VASCONCELOS, 2014).

Uso de radiofrequência e de criofrequência


Os tratamentos com radiofrequência e criofrequência estão indicados nos
casos de flacidez dérmica, em que atuam incrementando a densidade de
colágeno na pele, uma vez que estimula a neocolagênese e a neoelastogenêse,
minimizando a flacidez e tornando a pele mais espessa e com menor ptose
(queda). Esse incremento na síntese de oligoelementos de sustentação da
pele está relacionado ao aumento de mediadores químicos, que estimulam
os fibroblastos na síntese de colágeno e elastina. Entre esses mediadores,
há liberação de interleucina 1-beta, fator de necrose tumoral alfa, proteína
de choque térmico, entre outras, que favorecem a migração e a atuação dos
fibroblastos na derme (BORGES, 2010).
Segundo Borges (2010), a radiofrequência e criofrequência, quando apli-
cadas aos casos de flacidez, induzem a um “lifting” da pele, uma vez que o
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efeito térmico gera a contração das fibras de colágeno existentes na pele


flácida, remodelando-as e estimulando a síntese de novas fibras. Além disso,
esse recurso está indicado em condições inestéticas relacionadas ao de-
senvolvimento de processos degenerativos com sinais de envelhecimento
que culminem com a redução do metabolismo, da nutrição e da oxigenação
tecidual — o que inclui o processo de flacidez da pele.
Uso de marcapasso, gestação (tanto da paciente como da profissional),
neoplasia, diabetes melito (retardo na cicatrização), artrite, infecções sis-
têmicas (risco de difundir o agente infeccioso) e imunossupressão são con-
traindicações absolutas do uso da radiofrequência. Borges (2010) alerta para
que esse recurso não seja associado ao uso terapêutico de resinoides tópicos
(como o ácido retinoico) nas duas últimas semanas e após peelings químicos
agressivos, uma vez que a pele se encontra excessivamente sensibilizada,
podendo a elevação de temperatura, nesses casos, agravar a desidratação
e a sensibilidade local.
Em algumas situações clínicas, podem ser evidenciadas contraindicações
relativas, ou seja, situações cuja conveniência de aplicação ficará a critério
do profissional, mediante avaliação detalhada do paciente. Nesse sentido,
Borges (2010) afirma que, em pacientes com transtornos de sensibilidade
em locais diferentes do local de aplicação, em período menstrual, uso de
microdermoabrasão e com alterações circulatórias, a técnica pode ser aplicada
mediante avaliação do profissional.

Na presença de varizes, as terapias de aquecimento estão contraindi-


cadas, todavia, no uso da radiofrequência, se forem aplicadas doses
baixas de calor (G2-G3), não há indícios de problemas. No período menstrual, o
aquecimento aumenta o fluxo sanguíneo, por isso, deve-se alertar a paciente
sobre esse efeito previamente a aplicação (BORGES, 2010).

Nos casos de flacidez muscular, considerando que se observa como prin-


cipal característica a redução do tônus muscular, os objetivos terapêuticos
se pautam em aumentar o tônus muscular pela estimulação da contração
muscular. Desse modo, obtém-se uma redução na velocidade de perda dos
componentes estruturais da fibra muscular, aumenta-se a funcionalidade e a
força de contração das fibras remanescentes, minimizando a atrofia muscular.
Nesses casos, pode-se empregar medidas terapêuticas que estimulem a rea-
lização de atividade física ou recursos tecnológicos que simulem a realização
da contração muscular, gerando os efeitos esperados.
Inovações tecnológicas no tratamento de flacidez dérmica e muscular 15

Com base nesses objetivos terapêuticos na flacidez muscular, o profis-


sional de estética pode empregar o uso de recursos tecnológicos como a
estimulação elétrica neuromuscular, por meio das correntes russa e aussie.
Tanto a corrente russa como a aussie são recursos terapêuticos que atuam
por meio da eletroestimulação neuromuscular. Isso significa que agem para
estimular a contração muscular e, por isso, essas correntes são amplamente
empregadas no manejo de flacidez muscular. Segundo Lima e Rodrigues (2012),
entre as correntes elétricas utilizadas na estimulação elétrica neuromuscular
de média frequência (2.500 Hz) a corrente russa é a mais empregada.
Sobre as contraindicações da eletroestimulação, varizes, trombose, gestan-
tes, uso de marcapasso, neoplasias e pele com lesões na região de tratamento
são condições que impedem o paciente de se submeter ao tratamento (PEREZ;
VASCONCELOS, 2014). Além dessas condições, Borges (2010) cita as miopatias
graves, espasticidade e lesões ligamentares, nervosas e tendinosas nos locais
de aplicação como contraindicações.

Perez e Vasconcelos (2014) indicam que além de compreender a


ação dos equipamentos por meio da leitura de seus manuais, os
profissionais devem submeter-se a treinamentos com os fabricantes sempre
que possível, de modo a compreender as particularidades de cada equipamento
e utilizá-los com segurança e eficácia.

Na prática dos profissionais de estética, há a disponibilidade de uma gama


de recursos tecnológicos que auxiliam no manejo das disfunções estéticas,
incluindo a flacidez. Todavia, para que tenham efetividade e, sobretudo, que
sejam empregados com segurança, é necessário que o profissional compre-
enda o mecanismo de ação, as indicações, contraindicações e cuidados na
utilização a fim de garantir um tratamento resolutivo.

Protocolos terapêuticos para flacidez


dérmica e muscular
Conforme visto até aqui, diversos recursos tecnológicos podem ser empre-
gados nos tratamentos de flacidez, de maneira associada a outros recursos,
como recursos manuais e cosmológicos, aliados, ainda, a orientações de uso
de produtos cosméticos no ambiente domiciliar, de modo a potencializar os
resultados do tratamento. Além disso, deve-se considerar que, ao aplicar
qualquer recurso tecnológico aos tecidos, é importante que a pele esteja
16 Inovações tecnológicas no tratamento de flacidez dérmica e muscular

preparada para que se apresente com uma resistência menor à corrente


empregada.
Uma sugestão de tratamento de preparação da pele nos casos de flacidez
é a realização de uma esfoliação da pele previamente ao emprego de algum
outro recurso. Essa esfoliação pode ser realizada na primeira sessão, por meio
de esfoliante cosmético, pela aplicação de peeling de cristal, de diamante ou,
ainda, por meio de uma esfoliação química da pele. Nesses casos, tem-se uma
redução da camada córnea da pele e, com isso, maior facilidade de condução
das correntes elétricas e da permeação dos ativos cosméticos utilizados.
A seguir, veja algumas sugestões de protocolos utilizando os recursos
tecnológicos abordados neste capítulo, incluindo a descrição dos parâmetros
a serem utilizados nos quadros de flacidez e a técnica de aplicação. Também
são citados alguns recursos que podem ser utilizados de maneira associada,
como os recursos cosméticos, por exemplo.

Protocolo de tratamento: corrente galvânica


Para a técnica de aplicação da galvanoterapia corporal, tem-se optado pelo
uso de eletrodos de borracha de silicone, eletrodos autoadesivos ou eletrodos
em forma de faixas, as quais possuem excelente condutibilidade elétrica
e podem ser aplicadas em diferentes regiões corporais ao mesmo tempo.
Nesse caso, as faixas podem ser embebidas em solução para ionização, caso
o objetivo seja atuar pela iontoforese ou apenas molhadas em água, a fim de
melhorar a condução da corrente. No uso de eletrodo em faixa, recomenda-se
a intensidade de 5 mA, com aplicação em torno de 30 minutos, sendo indicada,
sobretudo, para as disfunções a nível de coxas e abdômen (BORGES, 2010).
Acerca da dosimetria da galvanoterapia no uso dos demais tipos de ele-
trodos, a intensidade depende do tamanho do eletrodo utilizado, ou seja, é
definida pela área do eletrodo, de modo que seja estabelecida em mA/cm2.
Borges (2010) comenta que alguns autores sugerem que a dosagem inicial da
corrente seja de 0,5 a 1,0 mA por cm2 do eletrodo. Todavia, na prática, essa
dosagem é considerada alta e com maiores riscos de queimadura, uma vez
que se trata de uma corrente contínua. Por isso, recomenda-se a utilização de
intensidades máximas de 0,05 mA/cm2, de modo a tornar a terapia mais segura.

Considerando a dosimetria máxima segura de 0,05 mA/cm2, se o


eletrodo tiver 100 cm2, a intensidade máxima utilizada na terapia
será de 5 mA (0,5 mA × 100 = 5 mA).
Inovações tecnológicas no tratamento de flacidez dérmica e muscular 17

Mesmo havendo essa recomendação, é comum encontrar na literatura


orientações do uso de intensidade de 0 mA até 20 mA sem que seja avaliada
a área do eletrodo. Nesses casos, a intensidade é controlada apenas pela
sensação de formigamento relatada pelo paciente, contudo, Borges (2010)
alerta que, em pacientes com alguma alteração na sensibilidade, esse método
de controle da intensidade pode não ser efetivo.

Protocolo de tratamento: iontoforese


Para a técnica de iontoforese, também chamada de ionização, a dosimetria
utilizada nos protocolos é a mesma, embora a dose seja, nesse caso, medida
em mA × min, ou seja, sendo a intensidade da corrente multiplicada pelo tempo
de tratamento. Nesse sentido, Borges recomenda o uso de 1 mA por 36 minutos,
2 mA por 18 minutos, 3 mA por 12 minutos ou 4 mA por 9 minutos. De modo
que, ao aumentar a intensidade da corrente, reduz-se o tempo de aplicação.
Sobre a técnica de aplicação, o uso de eletrodos pode variar, podendo
ser empregados eletrodos fixos, em forma de rolo ou os patches. No uso de
eletrodos, em forma de rolos, a solução deve ser distribuída sobre a pele
e o profissional deve fazer a passagem do eletrodo de maneira dinâmica
sobre a região tratada. Borges (2010) cita o uso de substâncias como o ácido
hialurônico hexosamina e o poliéster sulfúrico de mucopolissacarídeo como
soluções ionizáveis para o manejo de peles flácidas.

Protocolo de tratamento: microcorrentes


No uso desse recurso para a aplicação da corrente, indicado no manejo da
flacidez dérmica, preconiza-se o uso de eletrodos estáticos, que consistem
em eletrodos que são fixados pelo profissional na pele do paciente, sendo
que, durante um período, a corrente atuará na pele por meio desses eletrodos
(PEREZ; VASCONCELOS, 2014).
O uso desse tipo de eletrodo é recomendado nos casos de tratamentos
corporais, pois eles são capazes de concentrar maior quantidade de energia
na pele e, com isso, promover maior eficácia terapêutica. Para os tratamentos
corporais, o uso de eletrodos do tipo sonda não é recomendado, pois, por
demandar constante movimento durante a aplicação, prejudica a concentração
de energia na área de tratamento.
18 Inovações tecnológicas no tratamento de flacidez dérmica e muscular

Outro tipo de eletrodo que pode ser utilizado para aplicação da


microcorrentes são os eletrodos autoadesivos do tipo patch, que têm
uma superfície aderente à pele e uma bateria produtora de corrente elétrica com
a intensidade de mA. Alguns desses eletrodos têm uma autonomia de cerca de 500
horas, podendo ficar em contato com a pele de modo contínuo (BORGES, 2010).

Acerca dos parâmetros utilizados no uso de microcorrentes, orienta-se o


uso de frequências de 100 a 200 Hz quando o objetivo for tratar áreas mais
superficiais, como a pele com flacidez. Aliada, a essa frequência, Borges (2010)
sugere o uso de intensidade que varia de 80 a 100 mA.
Após a aplicação das microcorrentes, pode-se utilizar alguns ativos cosmé-
ticos visando a potencializar os efeitos terapêuticos sobre a flacidez dérmica.
Nesse caso, cita-se como exemplo o uso de argilas — que também são citadas
como ativo cosmético no tratamento da flacidez dérmica —, principalmente
a argila branca, que possui em sua composição diversos oligoelementos,
em especial, silício, ferro, cálcio, alumínio, potássio e enxofre, que auxiliam
na hidratação da pele e a aumentam o tônus dérmico. Esse ativo pode ser
aplicado ao final da sessão.

Protocolo de tratamento: radiofrequência e


criofrequência
No manejo da flacidez dérmica, o profissional de estética pode fazer uso da
radiofrequência ou da criofrequência em um protocolo, considerando que
esses recursos possuem efeitos biológicos similares. Acerca dos parâmetros
utilizados no uso da radiofrequência nos casos de flacidez da pele, Borges
(2010) sugere o uso de equipamentos capacitivos, que podem ser combinados
com equipamentos resistidos. Em relação à temperatura gerada, orienta-se
de 4 a 5 graus, com frequência de tratamento máxima de uma sessão semanal
e mínima a cada 21 dias.
Por existirem diversos equipamentos de radiofrequência no mercado,
a técnica de aplicação pode variar em função das particularidades de cada
equipamento, por isso, todas as informações relativas às técnicas de aplicação
devem ser consultadas nos manuais dos respectivos equipamentos (PEREZ;
VASCONCELOS, 2014).
Todavia, para a maioria dos equipamentos, durante a técnica de aplicação,
o profissional deve segurar o eletrodo ativo do equipamento em mãos, e
deslizá-lo sobre a região de tratamento até que se alcance a temperatura
Inovações tecnológicas no tratamento de flacidez dérmica e muscular 19

adequada. Durante esse procedimento, além de controlar a hiperemia local, o


profissional deve usar um termômetro infravermelho que mede a temperatura
na superfície da pele, de modo que a temperatura adequada seja atingida.
Para Borges (2010), nos casos de flacidez da pele, orienta-se o emprego de
calor grau 4 (calor intenso, próximo ao limiar de dor, com temperatura em torno
de 39 a 40 graus) até grau 5 (calor insuportável, alcançado com temperatura
de 41 graus acima), com intervalos de 7 a 21 dias entre as aplicações. Ainda,
o equipamento não deve ficar parado, e a velocidade de movimentação do
equipamento deve ser condizente com a potência do equipamento, sendo
que, em equipamentos de maiores potencias, os movimentos devem ser re-
alizados mais rapidamente. Contudo, em equipamentos com potência menor,
o eletrodo pode ser movimentado mais devagar.
Além disso, para facilitar o deslizamento do eletrodo sobre a área de
tratamento, sugere-se o uso de emulsões, como o silicone, que pode inclusive
conter princípios ativos hidratantes como a aloe vera, de modo a reduzir a
irritação do tecido (PEREZ; VASCONCELOS, 2014).
Em casos de flacidez dérmica, indica-se o emprego de protocolos que
contemplem o uso da radiofrequência, aliado a microcorrentes, ionização e ao
uso de ativos cosméticos hidratantes no ambiente domiciliar (BORGES, 2010).

Protocolo de tratamento: corrente russa


Quando aplicada nos casos de flacidez muscular para melhorar o trofismo
muscular, a corrente russa pode ser aplicada com parâmetros de frequência
no limite da tetanização (de 20 a 80 pulsos por segundo. Além disso, de ma-
neira geral, frequências de 30 a 80 Hz são tidas como mais efetivas no uso
da eletroestimulação neuromuscular. Todavia, pode-se empregar diferentes
frequências moduladas com base no tipo de fibra muscular a ser trabalhada.
No caso de fibras fásicas, predominantes em músculos de ação mais dinâmica,
sugere-se o uso de frequências de 50 a 150 Hz. Em contrapartida, ao trabalhar
músculos com função postural, que têm maior quantidade de fibras tônicas,
a frequência orientada é de 20 a 30 Hz (BORGES, 2010).
Portanto, resumidamente, quando se objetiva trabalhar com recruta-
mento seletivo das fibras musculares, pode-se utilizar o seguinte esquema:
para recrutamento de fibras tipo I, utiliza-se frequência menor que 20 Hz,
visando à resistência muscular; para recrutar fibras tipo II, orienta-se o uso
de frequência de 35 a 70 Hz. Em relação à intensidade da corrente aplicada,
ela deve ser tão alta quanto puder ser tolerada pelo paciente sem que haja
dor (BORGES, 2010).
20 Inovações tecnológicas no tratamento de flacidez dérmica e muscular

Em relação à técnica de aplicação da corrente russa, primeiramente, deve-


-se selecionar os eletrodos a serem utilizados, que podem ser autoadesivos
ou de borracha, acoplados à pele com uso de gel. Deve-se dar preferência ao
uso de eletrodos autoadesivos, uma vez que ficam mais bem acoplados na
pele e evitam o deslizamento. No uso dos eletrodos de borracha, para evitar
que fiquem incorretamente posicionados, o profissional pode usar faixas
elásticas pra mantê-los posicionados no mesmo lugar durante o tratamento.
Além disso, esses eletrodos devem ser posicionados adequadamente
sobre os pontos motores do músculo no sentido das fibras musculares,
respeitando a origem e a inserção dos músculos. A aplicação dos eletrodos
deve ser feita após a pele estar devidamente limpa e seca. Sobre o tempo
de contração e relaxamento nos casos de flacidez, sugere-se o uso de 2 se-
gundos de contração para 3 a 5 segundos de relaxamento. Sugere-se, ainda,
um tempo de rampa de subida e de descida de 1 segundo, sendo a duração
total da terapia de 10 a 20 minutos.

Protocolo de tratamento: corrente aussie


Na técnica de aplicação da corrente aussie, segue-se os mesmos cuidados
de limpeza da pele, escolha dos eletrodos e aplicação nos pontos motores.
Acerca dos parâmetros, sugere-se o uso de 1 Khz de frequência modulada em
rajadas de cerca de 50 Hz, com duração de rajadas de 4 ms.
O tempo “off” deve ser maior que o tempo “on”, e a intensidade deve seguir
as recomendações utilizadas na corrente russa, com tempo de aplicação em
torno de 20 minutos. Em relação à frequência de tratamento da eletroes-
timulação neuromuscular nos quadros de flacidez muscular, Borges (2010)
sugere a realização de três sessões semanais da terapia para ganhos maiores.
Aliado ao uso de correntes excitomotoras nos quadros de flacidez muscu-
lar, o profissional de estética pode utilizar, de modo associado à contração
induzida pelo equipamento, uma contração voluntária do paciente durante o
tempo de contração estabelecido no equipamento. Por exemplo, no uso das
correntes excitomotoras para tratamento de flacidez muscular de adutores
de coxa, o profissional pode solicitar que o paciente realize a contração dessa
musculatura de maneira associada, por meio do exercício de apertar uma
bola entre os joelhos. Desse modo, potencializa-se a contração muscular e
os ganhos.
Para finalizar esta seção, destaca-se que os protocolos elencados aqui são
apenas sugestões. A escolha do melhor recurso e a definição dos parâmetros,
incluindo o tempo de tratamento, devem ser feitas pelo profissional de esté-
Inovações tecnológicas no tratamento de flacidez dérmica e muscular 21

tica, com base em uma avaliação prévia do paciente. Portanto, o tratamento


proposto ao paciente deve respeitar as individualidades de cada paciente e
as particularidades da disfunção apresentada, a fim de que os recursos sejam
melhor indicados e, com isso, tenha-se resultados mais efetivos.
Ao longo deste capítulo, pôde-se observar que há uma gama de recursos
tecnológicos que podem ser utilizados nos tratamentos estéticos de flacidez
dérmica ou muscular, e esses recursos, quando bem aplicados, são capazes
de fornecer efeitos biológicos importantes, que resultam na melhor susten-
tação da pele, em casos de flacidez dérmica, e no aumento do tônus e da
força, no caso da flacidez muscular. Para potencializar esses resultados, o
profissional pode, ainda, incrementar os protocolos com recursos manuais
e/ou cosméticos. Essas associações são muito bem-vindas e ampliam o
escopo de ações terapêuticas, tornando-as cada vez mais resolutivas. Com
isso, tem-se a melhora das condições da pele e dos músculos, bem como
do aspecto corporal, da autoestima e, principalmente, da qualidade de vida
dos pacientes.

Referências
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SILVA, R. M. V. et al. Efeitos da criofrequência na adiposidade localizada em flancos.


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