Você está na página 1de 17

EFEITOS DA CARBOXITERAPIA NO CONTROLE DE

ESTRIAS1

Alexandra Luz Stodieck / Alexandra das Neves Garcez 2


Abadio Oliveira da Costa Junior3

RESUMO
A Carboxiterapia é uma técnica que consiste na aplicação de dióxido de carbono sob o tecido subcutâneo para
tratar disfunções na pele. Portanto, pode ser um método seguro que requer equipamentos especializados, e têm
apresentado resultados significativos, respaldados pela literatura científica. Trata-se de uma técnica
minimamente invasiva e com poucos efeitos adversos pós-procedimento, com o objetivo principal estimular a
circulação, assim favorecendo a formação de elastina, colágeno e crescimento de novos vasos sanguíneos
(Angiogênese), levando gradualmente a um preenchimento das estrias, que se caracteriza a partir do rompimento
das fibras elásticas e colágenas, que estão presentes na derme. A abordagem utilizada para esse artigo foi
revisões bibliográficas, buscando auxílios necessários na literatura existente para compreender o procedimento
como um todo. Desta forma, este estudo justifica-se pela urgente necessidade de validar a questão da utilização
da Carboxiterapia como técnica funcional da pele e no tratamento de estrias, a partir da análise das vantagens e
desvantagens. Além de identificar especificamente alterações funcionais no corpo humano após o tratamento de
estrias com Carboxiterapia.

Palavras-chave: Estrias, Pele, Carboxiterapia.

EFFECTS OF CARBOXYTHERAPY ON STRETCHMARK


CONTROL

ABSTRACT
Carboxytherapy is a technique that consists of applying carbon dioxide under the subcutaneous tissue to treat
skin disorders. Therefore, it can be a safe method that requires specialized equipment, and has shown significant
results, supported by scientific literature. It is a minimally invasive technique with few post-procedure adverse
effects, with the main objective of stimulating circulation, thus favoring the formation of elastin, collagen and
the growth of new blood vessels (Angiogenesis), gradually leading to the filling of stretch marks. , which is
characterized by the disruption of elastic and collagen fibers, which are present in the dermis. The approach used
for this article was bibliographical reviews, seeking necessary assistance in the existing literature to understand
the procedure as a whole. Therefore, this study is justified by the urgent need to validate the issue of using
Carboxytherapy as a functional skin technique and in the treatment of stretch marks, based on the analysis of
advantages and disadvantages. In addition to specifically identifying functional changes in the human body after
treating stretch marks with Carboxytherapy.

Keywords: : Stretch marks, Skin, Carboxytherapy.

1
Trabalho apresentado à disciplina de Trabalho de Conclusão de curso, do Curso de Biomedicina do Centro
Universitário Avantis – UniAvan. 2023/2.
2
Acadêmico do curso de Biomedicina. E-mail: alexandra.stodieck@uniavan.edu.br
3
Biomédico e Doutor em Biotecnologia e Biociências. E-mail: abadio.junior@uniavan.edu.br
2

1 INTRODUÇÃO/FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Na sociedade atual, existe uma necessidade pessoal de ter uma boa aparência devido à
exposição da autoimagem e à superestimação do estilo de vida e da perfeição física pela
mídia. Dentre as principais queixas, as estrias promovem desconforto e comprometem a saúde
e bem estar (emocional e psicológico), principalmente ao público feminino. A busca
incansável pela pele perfeita, tem aquecido e aumentado a procura por tratamentos e
melhorias estéticas. Dentre esses tratamentos, a Carboxiterapia atua diretamente na pele
diminuindo aspectos e/ou alterações indesejadas (Horibe, 2000; Guirro e Guirro, 2004).
Consequentemente, a pele torna-se o principal fator de insatisfação, levando a procura por
tratamentos e/ou intervenções específicas, visando minimizar os efeitos naturais do avanço da
idade.

A pele é considerada o maior órgão do corpo humano, possui papel fundamental como
barreira física de proteção para microrganismos invasores, recepção de estímulos externos e
no processo de regulação do organismo (Guirro e Guirro, 2004; Gerson, 2011). Além disso,
devido sua capacidade de se renovar, apresenta importância para a realização de
procedimentos estéticos. A camada da pele que mais sofre alterações com o processo de
envelhecimento é a derme, composta por fibroblastos, que produzem fibras de colágeno e
elastina, responsável pela sustentação do tecido (Borges e Scorza, 2016).

Dentre as alterações sofridas pela derme, como rugas, flacidez, podemos destacar as
estrias, caracterizadas como lineares, paralelas e perpendiculares às linhas da fenda cutânea
(linhas de Langer), a partir do rompimento das fibras elásticas e colágenas, que estão
presentes na derme (Borges, 2010). Segundo Lima e Pressi (2005), esse rompimento se
concentra mais nas regiões das coxas, nádegas, abdômen, mamas e atinge mais as mulheres,
gerando desconforto estético.

Vários são os fatores que envolvem a causa da atrofia linear cutânea, sugerindo que os
genes determinantes para a formação do colágeno, da elastina e da fibronectina estejam em
menor quantidade nesses pacientes que apresentam predisposição a atrofia linear cutânea,
caracterizando uma alteração no metabolismo do fibroblasto (Lee et al., 1994).

Embora usualmente, as estrias apareçam em regiões do corpo onde a pele sofreu uma
força mecânica excessiva, seja pela distensão dos tecidos devido a uma gestação ou
3

obesidade, atividade física rigorosa (musculação) (Pereira et al., 2007; Guirro e Guirro, 2004;
Maio, 2004). As estrias possuem causa multifatorial, e há evidências de que não apenas
fatores mecânicos e/ou endócrinos estão envolvidos no desenvolvimento das estrias.

Predisposições genéticas e familiares também podem levar ao desequilíbrios nas


estruturas que constituem o tecido conjuntivo. Lee e colaboradores (1994) sugeriram que os
genes que determinam a formação de colágeno, elastina e fibronectina estão menos expressos
em pacientes com tendência à atrofia linear da pele, levando a alterações no metabolismo dos
fibroblastos. Inicialmente surgem as estrias vermelhas devido ao processo inflamatório
tecidual, causado pela distensão, degeneração e degranulação dos mastócitos. As estrias
brancas aparecem após esse processo, quando ocorre a fase cicatricial, sendo raras ou
numerosas, indicando o desequilíbrio elástico localizado, que se dá a lesão dérmica, a estria
(Maia et al., 2010).

Diferentes estratégias podem ser adotadas para o tratamento de estrias, tais como:
Endermologia, Vacuoterapia e Carboxiterapia. Dependendo do estágio de evolução da estria,
os tratamentos variam. Mas, independente do método, os principais objetivos no tratamento
das estrias são: aumentar a microcirculação e espessura da derme, acelerar o crescimento e
espessura da epiderme, estimular os queratinócitos e fibroblastos e restaurar o manto lipídico
mantendo a hidratação do tecido (Borges e Scorza, 2016; Milani et al., 2006).

Nesta circunstância, a Carboxiterapia surgiu como uma alternativa para o tratamento


das estrías (Felizzola e Mejía, 2014). A Carboxiterapia é uma técnica que utiliza o gás
carbônico medicinal (Dióxido de Carbono ou CO2), a aplicação de gás carbônico é realizada
através da introdução da agulha hipodérmica com dimensões; 0,30x13; 30G paralelamente as
estrias, no tecido subcutâneo, a agulha é introduzida em um ângulo de 30°-45°,até a
profundidade de 3 mm para obter estímulos e efeitos fisiológicos (Guyton, 2002; Ganong,
2006). O CO2 é um gás inodoro, incolor e atóxico, produto que se origina no interior do
corpo, produzido pelo organismo diariamente em grandes quantidades e eliminado pelos
pulmões durante a respiração (Guyton, 2002; Ganong, 2006).

O primeiro uso conhecido do CO2 foi a percutânea, por meio dos banhos em água com
gás carbônico termal ou industrial. A via subcutânea foi utilizada secundariamente. Wollina e
colaboradores (2004), perceberam a diminuição da infecção local em feridas crônicas, e
observaram que a cicatrização se fazia mais rapidamente nessas feridas após aplicação do gás
4

(Abramo e Teixeira, 2011). Registros mostram que o uso da Carboxiterapia não é muito
recente. Esta técnica foi usada pela primeira vez para arteriopatia periférica na França em
1932 e somente em 1953 é que foi introduzido no subcutâneo (Ferreira et al., 2012). A
Carboxiterapia tem o objetivo principal de oferecer efeitos fisiológicos no aumento da
circulação e da oxigenação tecidual (Bandeira, 2013).

Na derme, a Carboxiterapia promove microdeslocamentos na pele, causando


inflamação local e vasodilatação, aumentando o fluxo vascular e estimulando a formação de
colágeno a partir de novas fibras elásticas (Jahara, 2010). No tecido conjuntivo, por sua vez, a
Carboxiterapia promove trauma mecânico (pela agulha) e um trauma provocado pela presença
do aumento de gás CO2. O conjunto destes efeitos estimula um processo inflamatório, seguido
de todas as etapas de reparação tecidual inerentes a ele. Como resultado temos o aumento de
fibroblastos com a sequência, a síntese de colágeno, elastina e angiogênese que é a formação
de novos vasos sanguíneos (Borges, 2010).

No processo de reparação do tecido, normalmente ocorre em três fases características:


a fase inflamatória, a fase proliferativa, (proliferação celular) formando o tecido de
granulação e a fase de síntese de elementos para a constituição da matriz extracelular, o
remodelamento (Júnior et al., 2006). Além disso, a inflamação possui características muito
comuns, um exemplo é formação de edema (extravasamento de líquido e proteínas
plasmáticas) associado ao aumento do transporte vascular no local, e a infiltração de
leucócitos, principalmente os neutrófilos, neste período de absorção o processo inflamatório é
de 2 a 7 dias (Contran et al., 1994).

Inicialmente, na fase inflamatória são liberados, no local da aplicação da


Carboxiterapia, substâncias quimiotáticas que irão promover o recrutamento leucocitário e o
direcionamento destas células, da corrente sanguínea para o tecido lesionado. Os leucócitos
(neutrófilos) fagocitam as células mortas e os macrófagos vão estimular a formação do tecido
de granulação. Essa fase dura em média de 24 a 48 horas, podendo chegar a mais 12 horas se
persistir a irritação da região do procedimento. Durante esta fase, apresenta-se as
características comuns a qualquer tipo de lesão: o calor, o edema, o rubor e a dor (Kitchen,
2003).
Quando inicia-se a fase proliferativa ocorre o preenchimento da região de lesão por
macrófagos, fibroblastos, tecido de granulação e células epiteliais, e angiogênese.
Promovendo a regeneração das fibras teciduais ao longo das linhas de tensão levando ao
5

aumento da produção de colágeno na região, fortalecendo a resistência das fibras teciduais à


rupturas (Lima e Pressi, 2005).

A fase de reparação é a mais demorada, fornecendo ao tecido uma aparência e forma


mais natural. A fase de reparação após o procedimento de Carboxiterapia dura
aproximadamente três semanas, resultando em uma derme firme e uma região altamente
vascularizada, devido ao estímulo da angiogênese. Diferente de estrias menos vascularizadas,
as estrias brancas, que podem demorar para voltar a apresentar aparência normal (Prentice,
2004).

O aumento da circulação e regeneração tecidual promovido pela Carboxiterapia


estimula e promove a preservação do tecido conjuntivo e das fibras colágenas (Bandeira,
2013). Um estudo histológico realizado por Scorza e Borges (2016) demonstrou o aumento da
espessura da derme após a administração da Carboxiterapia, comprovando a ocorrência de:
Neocolagênese, fase com início nas primeiras 48 horas após o procedimento, responsável pela
reparação tecidual induzindo o colágeno tipo 1 e 3, Neoangiogênese promovendo a brotação
de Neovasos de uma rede vascular madura adjacente e consequentemente aumentando a
demanda de suprimento sanguíneo para o local da lesão, Neofibrinogênese que irá preencher
o comprimento, a largura e a depressão que caracterizam a estria.

Embora a Carboxiterapia seja um método terapêutico em consolidação para o


tratamento de diversas condições, especialmente para a área dermatológica, e possua um uso
relativamente alto em procedimentos estéticos (Borges, 2010). Os estudos científicos
disponíveis da literatura sobre suas aplicações, benefícios e limitações de uso para o
tratamento de estrias ainda são escassos.

Neste contexto, torna-se imprescindível explorar em sua totalidade os conhecimentos


disponíveis sobre o uso do procedimento, utilizando a Carboxiterapia para a recuperação de
estrias. A fim de consolidar os conhecimentos obtidos até o momento, tanto para área
dermatológica, quanto para medicina estética. Desta forma se faz necessário compreender o
real potencial deste método para este fim e direcionar a realização de novos estudos mais
robustos e assertivos, para maior suporte científico e para os profissionais da área. Tanto no
que diz respeito à aplicabilidade da infusão da Carboxiterapia para o tratamento de estrias,
quanto na relação com o grau de eficácia do tratamento, intercorrências e indicações.
6

Portanto, o objetivo deste estudo é revisar o conhecimento científico acerca do uso e


os efeitos da Carboxiterapia. Apresentando seus efeitos teciduais, visuais e estéticos em
pacientes acometidos com estrias brancas e vermelhas. Com base no exposto, também tem
como objetivo deste estudo demonstrar a eficácia e descrever o uso da carboxiterapia para
tratamento em estrias.

2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O estudo caracterizou-se de natureza revisional, descritiva e exploratória, a partir de


artigos inéditos e de revisão (2008 a 2022), documentos publicados em revistas científicas
disponíveis na internet em repositórios científicos renomados. Para Macedo (1994) a pesquisa
bibliográfica é um tipo de pesquisa que tem a finalidade de revisar outras literaturas. E de
acordo com Boccato (2006) a pesquisa bibliográfica é a análise crítica de documentos já
publicados sobre o assunto a ser pesquisado, com a finalidade de se ter atualizações sobre o
tema em questão.

A coleta de artigos foi realizada nas ferramentas de busca Google acadêmico, Scielo e
Pubmed, utilizado em todas as ferramentas de busca as palavras chave: carboxiterapia,
carboxiterapia em cicatrizes atróficas, estrias e pele, carboxitherapy, carboxytherapy striae
distensae. Os artigos elegíveis para esta revisão foram considerados artigos completos
publicados em português e inglês, publicados entre 2008-2022 e relacionados a estrias com a
técnica de Carboxiterapia.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A busca foi realizada até dia 15 de agosto de 2023 e totalizou 30 fontes literárias,
sendo encontrados 08 artigos no Pubmed, 22 artigos no google acadêmico e no Scielo a
busca não obteve artigos sobre o tema. Após a aplicação dos critérios de inclusão,
mencionados acima, foi obtida a seleção de 13 artigos com procedência científica, localizados
nas bases de dados Google acadêmico e Pubmed. A seleção dos artigos, resultou em 11
artigos em especificidade no assunto, utilizando Carboxiterapia com ênfase em estrias sem
7

combinações e comparações de outros tipos de tratamentos, 02 artigos específicos sobre a


fisiologia da pele e estrias. E sendo excluídos 17 artigos, que não envolviam o tratamento de
Carboxiterapia em estria.

3.1 EFEITOS DA APLICAÇÃO DE CO2 PARA A RECUPERAÇÃO DERMATOLÓGICA


EM REGIÕES ACOMETIDAS POR ESTRIAS.

A microcirculação vascular que a Carboxiterapia promove, pode ser utilizada no


tratamento de patologias que necessitam deste benefício (Scorza e Borges, 2008).
Basicamente na Carboxiterapia a aplicação de CO2 atua estimulando a formação de novos
vasos, promovendo a angiogênese, o que resulta em uma maior circulação sanguínea nos
tecidos e, consequentemente, melhora a oxigenação da região. Na aplicação do CO2, nós
temos o efeito Borh, que é o aumento de aporte de oxigênio no local, que ocorre devido a
maior afinidade do gás carbônico com a hemoglobina, pois na presença do dióxido de carbono
a afinidade da hemoglobina com o oxigênio é reduzida, devido a alteração do pH no meio,
que torna-se ácido, facilitando a liberação do oxigênio no local aplicado (Borges, 2010). Na
carboxiterapia pode-se dizer que acontece a dissociação da hemoglobina com o Oxigênio, e
ela se acopla ao CO2, acontecendo uma hiperoxigenação, nutrição do tecido e liberação das
catecolaminas.

O tecido após a aplicação da Carboxiterapia sofrerá um processo de regeneração,


iniciando com a fase inflamatória que pode durar até 72h, dependendo da resposta individual
do organismo do paciente. Em seguida, irá iniciar a fase proliferativa onde ocorrerá o
preenchimento ou aumento do tecido dérmico, devido à produção das novas fibras de
colágeno e elastina. Na fase final da regeneração, mais conhecida como fase de
remodelamento, essas novas fibras irão ser remodeladas, minimizando os aspectos das estrias
(Moreira e Giusti, 2013).

Os aspectos histológicos nesse processo de reparação mostram a proliferação de


pequenos vasos sanguíneos neoformados e de fibroblastos (Hidekazul et al., 2005). Além
disso, a Carboxiterapia promove o aumento da espessura da derme, evidenciando estímulo à
8

neocolagênese (Brandi et al., 2001). Ferreira e colaboradores (2008), também relatam em sua
pesquisa o aumento na remodelação do colágeno induzida por injeções intradérmicas de CO2.
A infusão de CO2 induz uma inflamação subclínica, ocasionada pelo microdescolamento do
tecido durante a aplicação de CO2. Desencadeando a reparação e a regeneração tecidual que
estimulam a ativação de macrófagos, fibroblastos e células endoteliais que promovem a
neovascularização e o remodelamento da matriz extracelular (Pianez et al., 2016).

3.2 APLICAÇÃO TERAPÊUTICA DA CARBOXITERAPIA EM ESTRIAS

É uma intervenção simples e capaz de estimular o metabolismo celular, sem agredi-lo


(Felizzola e Mejia, 2014). Os efeitos da Carboxiterapia podem ser visíveis após a quarta
aplicação. O tratamento inicial é de aproximadamente 10 aplicações ou até o desaparecimento
da estria. Porém o resultado pode variar de acordo com a resposta individual de cada paciente
(Reis e Vieira, 2018).

Embora, não exista uma grande diversidade de protocolos, de acordo com Borges
(2010) o volume deve estar entre 60 ml/min à 80 ml/min, podendo chegar até os 150 ml/min.
Devendo-se respeitar os intervalos durante as sessões de pelo menos 21 dias, tempo no qual o
colágeno leva para se formar e maturar. Por outro lado, Moreira e Giusti, (2013) trazem outro
parâmetro para a aplicação da carboxiterapia no tratamento de estrias. Utilizando volumes de
infusão entre 20 e 100 ml/min, e volume totais administrados entre 600 ml e 1000 ml/min
para a aplicação da Carboxiterapia no tratamento de estrias brancas.

As aplicações de Carboxiterapia em estrias necessitam ser feitas uma a uma, com o


preenchimento integral de toda sua extensão com o CO2 (Moreira e Giusti, 2013), O gás
carbônico entra em contato com a pele, reage de forma extremamente rápida (Figura 1),
fazendo o descolamento da derme (Borges, 2010). Como efeito colateral temos a presença de
dor, ocorrendo a sensação de ardência durante o procedimento, dormência e pequenos
hematomas ao final da aplicação (Felizzola e Mejia, 2014), Além de hiperemia e edema
(Cruz e Meija, 2000).
9

Figura 1A: Aspecto visual da lesão de estria submetida a Carboxiterapia

Legenda: Estria antes da aplicação da carboxiterapia e 1B - Estria após a aplicação da carboxiterapia


Fonte: (Adaptado Borges, 2010)

O tratamento por Carboxiterapia tem como peculiaridade o uso de um equipamento


com a finalidade de liberação do dióxido de carbono (Figura 2A). Este equipamento trabalha
com um cilindro que libera o gás medicinal (Figura 2B) acoplado ao equipo de carboxiterapia,
com filtro biológico juntamente com a agulha descartável 30G (Figura 2C) (Borges, 2010).

Figura 2 – Instrumentos empregados na aplicação de Carboxiterapia

Legenda: Fotos ilustrativas de equipamento e utensílios utilizados para a aplicação de Carboxiterapia: aparelho
aplicador de Carboxiterapia (A), no qual é realizado a programação do protocolo de aplicação; cilindro de aço
com regulador de pressão (B), empregado para a regulação, controle e certificação da pressão empregada na
aplicação; equipo com filtro biológico acoplado a agulha, empregado para a condução e inoculação do CO2.
Fontes: Adaptado Borges (2010) e https://www.hsmed.com.br/carbtek-advanced-estek.
10

3.3 ASPECTOS CLÍNICOS DA APLICABILIDADE DA CARBOXITERAPIA

A Carboxiterapia apresenta excelentes resultados nos campos da medicina estética,


medicina convencional e fisioterapia dermato-funcional Scorza e Borges, (2008) reforçam que
a técnica de Carboxiterapia é considerada segura, sem grandes efeitos adversos, complicações
locais ou sistêmicas, devido ao grau de pureza do produto ser de 99,9%, assim sendo próprio
para uso terapêutico. Além disso, Scorza e Borges (2008) mencionam que, ao utilizar
equipamentos capazes de regular o volume injetado por minuto e o volume total injetado,
houve progresso e aprimoramento da técnica de Carboxiterapia.

Conforme demonstrado por El-Domyati e colaboradores (2020) com mulheres com


idades de 18 a 30 anos, mulheres com estrias albas (brancas), e estrias rubras (vermelhas),
fototipo de pele tipo III a IV. As quais foram submetidas a sessões de carboxiterapia em um
total de 4 meses de tratamento e 8 sessões com intervalos de 2 semanas. Nesse período o
estudo revelou melhorias teciduais como comprimento e largura totalizando uma melhoria de
59,8%, mudanças na textura da pele de 66,8%, alteração de pigmento de 54% (Quadro 1).
11

Quadro 1: Apresentação da síntese dos artigos científicos baseados em revisões bibliográficas incluídos no estudo.
Estudo Método de avaliação Resultados dos aspectos estético-clínicos relatados
El-Domyati et al., Melhoria clínica da estria Comprimento e largura;
2020 distensa após o Muito bom: 3 casos 15% / Bom: 10 casos 50% / Moderado: 6 casos (30%) /Leve: 1
procedimento de caso 5%
Carboxiterapia com 20 *Totalizando 20 casos 100%
pacientes. Melhora clínica de 59,8%

Mudanças de textura;
Muito bom: 10 casos 50% / Bom: 4 casos 20% / Moderado: 6 casos 30% / Leve: ----
*Totalizando em 20 casos 100%
Mudanças de textura de 66,8%

Alterações de pigmento
Muito bom: 3 casos 15% / Bom: 8 casos 40% / Moderado: 7 casos 35% / Leve: 2
casos 10%
*Totalizando em 20 casos 100%
Alterações de pigmento de 54%
Dorneles et al., Ensaio clínico aleatorizado Avaliação De Dor Durante O Procedimento.
2021 em 38 mulheres. O estudo observou uma redução significativa entre a dor na 6ª sessão e a dor na 1ª e
na 12ª sessão. Os resultados das análises mostraram que 75% das pacientes
apresentaram dor leve

Eficácia Da Intervenção Pré E Pós-Intervenção.


A análise resultou em 58% de melhoria na visibilidade das estrias. A largura e
comprimento das estrias diminuíram e sua cor ficou mais parecida com a cor natural
da pele.

Avaliação De Satisfação Pós-Tratamento:


De acordo com o estudo realizado, 100% das pacientes ficaram satisfeitas com o
tratamento e indicaram para conhecidos.
12

Estudo Método de avaliação Resultados dos aspectos estético-clínicos relatados


Elmorsy et al., 2021 Estudo comparativo com 20 Os Efeitos Colaterais:
pacientes mulheres. Dor em 10% dos pacientes;
Hematomas temporários no local da injeção em 30% dos pacientes;
Sensação de formigamento durante a injeção em 10% dos pacientes;
Hiperpigmentação pós-inflamatória em 30% dos pacientes.

Grau De Melhorias Clínicas De Ambos Os Tipos De Estrias - Rubras/Albas:


Melhora excelente em 60% das pacientes;
Melhora boa em
20% das pacientes;
Melhora moderada em 20% das pacientes

Análise Da Visibilidade Das Estrias:


O estudo revelou uma melhora de 58% na visibilidade das estrias.
A largura e o comprimento diminuíram e sua cor tornou-se mais parecida com a cor
natural da pele.

Podgorna et al.; Estudo envolveu 15 Redução total das estrias:


2017 mulheres. Comprimento: 44,5% / Profundidade: 66% / Largura: 54,5%

As estrias foram menos visíveis e reduzidas em:


58% após os procedimentos

Melhora na cor das estrias se tornando mais semelhante à cor natural da pele
ao redor: 67,8%
Fonte: Autoria própria
13

Outro estudo realizado por Dornelles e colaboradores (2021) por mulheres com
idades entre 18 e 35 anos, hígidas, com estrias albas com bilateralidade na região glútea. As
quais foram submetidas a doze sessões com duração de 20 minutos em média, com intervalo
de 7 dias, por um período total de 3 meses. Após o protocolo de intervenções às pacientes
responderam um questionário de satisfação com o tratamento; melhoria da aspecto das estrias;
tolerância à dor; satisfação com a qualidade de vida. Também eram realizados registros
fotográficos para a avaliação da evolução. Em relação a satisfação dos pacientes 100%
ficaram satisfeitos, em 75% das pacientes apresentaram dor leve, 58% de melhoria na
visibilidade das estrias (Quadro 1).

Estudo realizado por Elmorsy e colaboradores (2021) foi efetuado com mulheres,
apresentando idade entre 20 e 35 anos, submetidas a aplicação de carboxiterapia a cada 2
semanas durante um período de 6 meses de tratamento, e acompanhadas após a última sessão
de tratamento. O estudo revelou uma melhora de 58% na visibilidade das estrias. A largura e
o comprimento diminuíram e sua cor tornou-se mais parecida com a cor natural da pele. Em
efeitos colaterais foram relatados, 10 % de dor, hematoma temporário local após injeção em
30%, e a sensação de formigamento durante o procedimento foi relatado por 10% dos
pacientes (Quadro 1).

Eccad e Farias (2019) relatam também em seu estudo de pesquisa, a eficácia da


aplicação de Carboxiterapia nas estrias. Os autores enfatizam que a Carboxiterapia é uma
técnica segura e eficaz. Demonstrando em todo o procedimento somente um ponto negativo, a
ocorrência da dor, na maioria das vezes bem forte durante o procedimento, o que traz
dificuldade para alguns pacientes.

Por fim Podgorna e colaboradores (2017) o estudo revelou a eficácia da Carboxiterapia


no tratamento de estrias distensas, apresentando também o grau de desconforto e efeitos
colaterais, o estudo envolveu 15 mulheres entre 22 e 40 anos. Foram realizadas 3 sessões de
Carboxiterapia com intervalos de 1 semana, o tratamento foi realizado em diversas partes do
corpo, como barriga, glúteo e coxas. Quatro medições foram realizadas imediatamente após
os procedimentos, e a documentação de fotos antes e depois, até um após a última sessão.
Com o estudo revelou que as estrias ficaram menos visíveis em média 58% após o
procedimento, associado ao uma redução de comprimento de 44,5%, profundidade de 66% e a
largura em 54,5% . também foi observada uma melhoria na cor de 67,8% que tornou a cor
mais semelhante ao tom natural da pele (Quadro 1).
14

Este conjunto de evidências demonstram que a Carboxiterapia desde que aplicada


corretamente é eficaz, e que ela apresenta como principais características de eficácia,
melhoria do aspecto da estria, a cor, e sua diminuição, pois foi comprovado que tem a
capacidade de aumentar o suprimento de oxigênio, aumentar a circulação sanguínea,
regeneração celular e o aumento na produção de fibras de colágeno. (Podgorna, 2017;
Dorneles, 2021; El-Domyati, 2020).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Carboxiterapia é um procedimento seguro com ótimos resultados, capaz de reduzir


as estrias. A administração de CO2 não é associada a reações colaterais significativas.
Entretanto é importante a execução de mais pesquisas, principalmente em casos clínicos. Pois
foi observado que cada estudo de pesquisa publicado, apresenta uma característica diferente
do procedimento em seus resultados finais, sendo assim de difícil comparação e conclusão.
Neste sentido, ressaltamos a importância de obter mais comprovações científicas devido à
escassez de publicações disponíveis.

REFERÊNCIAS

ABRAMO, A.C; TEIXEIRA, T.T. Carboinsuflação em úlceras crônicas de membros


inferiores. Rev. Brasil Cir. Plast. 2011

BANDEIRA, R.A. eficácia da carboxiterapia no tratamento de atrofia linear cutâneo


estrias. Rio de Janeiro, 2013

BOCCATO, V.R.C. Metodologia da pesquisa bibliográfica na área odontológica e o artigo


científico como forma de comunicação. Rev. Odontol. Univ. Cidade: São Paulo,SP,
2006.Disponível em https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rdbci/article/view/1896>
Acesso em: 03 de set.2020.

BORGES, F. Modalidades Terapêuticas nas Disfunções Estéticas. 2ª ed. São Paulo: Phorte
2010.

BORGES, F. S.; SCORZA, F.A. Terapêutica em Estética conceitos e técnicas. São Paulo:
Phorte, 2016.
15

BRAND, C.; D’ANIELLO, C.; GRIMALDI, L.; BOSI, B.; DEI, I.; LATTARULO, P.;
ALESSANDRINI, C. Carbon Dioxide therapy in the treatment of localized adiposities:
clinical study and histopathological correlations, Aesthetic Plast Surg, 2001, May-Jun;
25(3): 170-4.

CONTRAN, R.S; KUMAR, V.; ROBBINS, S.L. Patologia estrutural e funcional. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 1994.

CRUZ, S. N. D.; MEJIA, D. P. M. O Efeito da Carboxiterapia no Tratamento de


Rejuvenescimento Facial. Pós-graduação em DermatoFuncional - Faculdade Cambury,
2000. Disponível em: Acesso: 27 de julho de 2019.

DORLENES I.A.O.; DUARTE J.L.; ABREU K.C. Conceição Avaliação da eficácia da


Carboxiterapia na melhora da sensibilidade tátil, da satisfação corporal e do aspecto de
estrias albas na região glútea em mulheres: Um ensaio clinico randomizado, 2021.

ECCARD. I. T.; FARIAS, L. Carboxiterapia no tratamento de estrias de distensão:


revisão sistemática da literatura. Trabalho de conclusão de curso apresentado como
requisito parcial, para conclusão do curso de Fisioterapia Centro Universitário Cesmac,
Maceió AL, 2019.

EL-DOMYATI M.; EL-DIN W.H.; IBRAHIM M.R.; KHALED Y. Carboxytherapy for


Striae Distensae : A Promising Modality, 2020.

ELMORSY E.H.; ELGAREM Y.F.; SALLAM E.S.; TAHA A.AA. Fractional Carbon
Dioxide Laser Versus Carboxytherapy in Treatment of Striae Distensae, 2021.

FELIZZOLA, L.S., MEJIA, D.P.M.A. Carboxiterapia como tratamento para estria. Pós
Graduação em Dermato Funcional - Faculdade Ávila, 2014.

FERREIRA J.C.T.; HADDAD A.; TAVARES S.A.; Aumento do turnover de colágeno


induzido por injeção intradérmica de dióxido de carbono em ratos. J Drugs Dermatol
2008;7:201–206

FERREIRA L.; SILVA. E.K.; JAIMOVICH. C.A.; CALAZANS.D.; SILVA, E.R.;


COSAC,F.F.O; NADER. P; Massiere, W.E. y Correa. Carboxiterapia: buscando evidência
para aplicação em cirurgia plástica e dermatologia. Ver. Brasil. Cir. Plást. 27(3), 350-351,
2012..

GANONG, WF. Fisiologia Médica. 4 ed. São Paulo. Atheneu, 2006.

GERSON, J. Fundamentos da estética 3 ciências da pele. 10. ed. São Paulo: Cengage
Learning, 2011

GUIRRO, E. C.; GUIRRO, R.R. Fisioterapia dermato-funcional: fundamentos, recursos,


patologias. 3. ed. São Paulo: Editora Manole, 2004
16

GUYTON ET AL. Tratado de Fisiologia Médica, Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2002.

HIDEKAZUL, I, ET AL. Carbon dioxide-rich water bathing enchances collateral blood


flow in ischemia limb via mobilization of endothelial progenitor cells and activation of
NO-cGMP system. Circulation. March 29, 2005; 1523-29.

HORIBE, K. Mastoplastia com Cicatriz em L na Mesa Redonda Mamaplastia, 2000.

JAHARA, R. Dermato-funcional, modalidades terapêuticas nas disfunções estéticas. São


Paulo: Phorte, 2010

JÚNIOR, A.M.R.; OLIVEIRA, R.G.; FARIAS, R.E.; ANDRADE, L.C.F.; ARESTRUP, F.M.
Modulação da proliferação fibroblástica e da resposta inflamatória pela terapia a laser
de baixa intensidade no processo de reparo tecidual. Am. Brasil. Dermatol. 2006

KITCHEN, S. Eletroterapia: prática baseada em evidências. 11. ed. Barueri: Manole,


2003.

LEE K.S.; RHO Y.J.; JANG S.I.; SUH M.H.ET AL. Diminuição da expressão de colágeno e
fibronectina Clínica e Dermatol experimental, 1994.

LIMA, K.S.; PRESSI, L. O uso da microgalvanopuntura no tratamento de estrias


atróficas: análise comparativa do trauma mecânico e da microcorrente. Monografia da
universidade de passo fundo faculdade de educação física e fisioterapia curso de fisioterapia.
Passo Fundo, 2005.

MACEDO, N.D. Iniciação à pesquisa bibliográfica: guia do estudante para a


fundamentação do trabalho de pesquisa. São Paulo, SP: Edições Loyola,1994.

MAIA, M.; MARÇON, C.R.; AOKI, T. AMARO, A.R. Estrias de distensão na gravidez:
estudo comparativo dos fatores de risco entre primíparas e maternidades do sistema
público de saúde e particular. Surg. cosmet. dermatol., v. 2, n. 3, p. 165-172, 2010.

MAIO, M. Tratado de Medicina Estética, São Paulo, Roca Ltda, 2004.

MILANI, G.B.; JOÃO, S.M.A.FARAH, E.A. Fundamentos da Fisioterapia


dermato-funcional: revisão de literatura. Fisioterapia e Pesquisa, 2006

MOREIRA, J.A.R.; GIUSTI, H.H.K.D. A fisioterapia dermato-funcional no tratamento de


estrias: Revisão de literatura. Revista Científica da UNIARARAS, v. 1, n. 2, 2013

PODGORNA, KOEUODZIEJCZAK, ROTSZTEJN. Avaliação cutométrica da elasticidade


da pele com estrias distensas após carboxiterapia - 2017

PEREIRA, L. M. B. N. et al. D. Efeito da dermotonia no tratamento de estria. Fisioterapia


Ser, Rio de Janeiro, 2007.
17

PIANEZ L.R.; CUSTÓDIO F.S.; GUIDI R.M.; DE FREITAS J.N.; SANT'ANA E. Eficácia
da carboxiterapia no tratamento da celulite em mulheres saudáveis: um estudo piloto.
Clin Cosmet Invest Dermatol 2016.

PRENTICE, W. E. Modalidades terapêuticas para fisioterapeutas. 2. ed. Porto Alegre:


ArtMed, 2004.

REIS, C.T.; VIEIRA, E. K. Recursos terapêuticos no tratamento de estrias. Revista saúde


integrada, v. 11, n. 22, 2018. Disponível em:
http://local.cnecsan.edu.br/revista/index.php/saude/index. Acesso em: 24 de agosto -de 2019.

SCORZA F.A.; BORGES, F.S. CARBOXITERAPIA: uma revisão. Revista Fisioterapia


Ser. São Paulo, ano 3, n. 4, 2008.

WOLLINA, U.; HEINIG, B.; UHLEMANN, C. TRANSDERMAL CO2 Application in


Chronic Wounds, 2004.

Você também pode gostar