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EFEITOS DA CARBOXITERAPIA NO

CONTROLE DE CICATRIZES
ATRÓFICAS
Trabalho de Conclusão de Curso
Curso de Biomedicina
Acadêmicas: Alexandra Garcez - Alexandra Luz
Prof. Orientador: Dr. Abadio Oliveira da Costa Junior
Banca examinadora: Dra. Mariana Milano e Esp. Shamla Klein
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A busca incansável pela pele perfeita, tem aquecido e aumentado a procura por tratamentos e
melhorias estéticas.
Dentre esses tratamentos, a Carboxiterapia atua diretamente na pele diminuindo aspectos e/ou
alterações indesejadas (Horibe, 2000; Guirro e Guirro, 2004).

Fonte: (Borges e Scorza 2016)


Dentre as alterações sofridas pela derme, como
rugas, flacidez, podemos destacar as cicatrizes
atróficas, conhecidas popularmente por estrias.

Caracterizadas como lesões atróficas,


lineares, paralelas e perpendiculares, a partir
do rompimento das fibras elásticas e colágenas,

que estão presentes na derme (Borges, 2010). Fonte: (Borges e Scorza 2016)
Inicialmente surgem as estrias vermelhas devido ao processo inflamatório tecidual,
causado pela distensão, degeneração e degranulação dos mastócitos. As estrias brancas
aparecem após esse processo, quando ocorre a fase cicatricial, sendo raras ou numerosas,
indicando o desequilíbrio elástico localizado, que se dá a lesão dérmica (Maia et al., 2010).

Fonte: (Borges e Scorza 2016)


As cicatrizes atróficas possuem causa multifatorial;

• Endócrino;
• Mecânico;
• Predisposição genética.

Fonte: (Borges e Scorza 2016) Estria provocada por hipertrofia muscular.


Diferentes estratégias podem ser adotadas para o tratamento de cicatrizes atróficas,
tais como:

Endermologia;
Vacuoterapia;
Carboxiterapia.

Mas, independente do método, os principais objetivos no tratamento das estrias são:


aumentar a microcirculação e espessura da derme, acelerar o crescimento e espessura
da epiderme, estimular os queratinócitos e fibroblastos e restaurar o manto lipídico
mantendo a hidratação do tecido (Borges e Scorza, 2016; Milani et al., 2006).
Nesta circunstância, a Carboxiterapia surgiu como uma alternativa para o tratamento
das cicatrizes atróficas (estrías) (Felizzola e Mejía, 2014).

A Carboxiterapia constitui se de uma técnica onde se utiliza o gás carbônico medicinal


(Dióxido de Carbono ou CO2) injetado no tecido subcutâneo, estimulando assim efeitos
fisiológicos como melhora da circulação e oxigenação tecidual. (Guyton, 2002; Ganong,
2006).
Registros mostram que o uso da Carboxiterapia não é muito recente. Esta técnica foi
usada pela primeira vez para arteriopatia periférica na França em 1932 e somente em 1953 é
que foi introduzido no subcutâneo (Ferreira et al., 2012).

• 1648 – Descoberta do Dióxido de Carbono

• 1932 – Estância termal do Spa de Royat – Arteriopatias periféricas

• 1953 – Jean Baptiste Romuef – Aplicações de CO2 subcutâneo


Existem alguns mecanismos pelos quais a injeção de CO2 exerce seus efeitos:

• Vasodilatação
• Neocolagenase
• Aumento da velocidade microcirculatória
• Potencialização do efeito Bohr (Hiperoxidação)
• Formação de novos vasos sanguíneos (Borges, 2010).
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

● O estudo caracterizou-se de natureza revisional, descritiva e exploratória, a partir de fontes,


artigos inéditos e de revisão (2008 a 2022), documentos publicados em revistas científicas
disponíveis na internet em repositórios científicos renomados.

● A coleta de artigos foi realizada nas ferramentas de busca Google acadêmico, Scielo e Pubmed,
utilizamos as palavras chaves: carboxiterapia, carboxiterapia em cicatrizes atróficas, estrias e
pele. No Pubmed, utilizamos palavras-chave carboxitherapy, carboxytherapy striae distensae. Já no
sistema de busca Scielo, foram utilizadas as palavras chaves carboxiterapia e carboxytherapy.

● A análise dos dados se deu em artigos elegíveis para esta revisão foram considerados artigos
completos publicados em português e inglês, publicados entre 2008-2022 e relacionados a
cicatrizes atróficas com a técnica de Carboxiterapia. A predileção por estes bancos de dados se
fundamenta por serem renomados e muito utilizados por acadêmicos e profissionais da área da
saúde, e pela seriedade na classificação de seus artigos científicos publicados.

● Comograma: A busca foi realizada até dia 15 de agosto de 2023 e totalizou 30 fontes literárias,
sendo encontrados 08 artigos no Pubmed, 22 artigos no google acadêmico e no Scielo a busca não
obteve artigos sobre o tema.
RESULTADOS E DISCUSSÃO

● Após a aplicação dos critérios de inclusão foi obtida a seleção de 13 artigos com
procedência científica, após filtragem para português e inglês, localizados na base de dados
citada acima.

● Foi realizado uma avaliação para a seleção dos artigos, sendo eles 11 em especificidade no
assunto, utilizando Carboxiterapia com ênfase em estrias sem combinações ou
comparações de outros tipos de tratamentos, e foram usados 02 artigos específicos sobre a
fisiologia da pele e estrias.

● Porém, com acesso completo aos artigos, foram excluídos 17 artigos, e na leitura dos resumos,
artigos que não envolviam os sujeitos da pesquisa, foram excluídos.

● Referente ao material de exclusão, 17 artigos de revisão bibliográfica, 08 foram excluídos por não
abordar sobre o assunto em pauta e não abordar o tratamento em estrias, 09 abordavam o
tratamento em cicatrizes atróficas (estrias), mas juntamente com outros tratamentos e
outras disfunções na pele.

● Os critérios de exclusão dos artigos foram artigos científicos que não fossem relevantes ao
assunto, após leitura dos artigos com abordagem crítica.
EFEITOS DA APLICAÇÃO DE CO2 PARA A RECUPERAÇÃO
DERMATOLÓGICA EM REGIÕES ACOMETIDAS POR CICATRIZES
ATRÓFICAS
A microcirculação vascular que a Carboxiterapia promove, pode ser utilizada no tratamento
de patologias que necessitam deste benefício (Scorza e Borges, 2008).

A Carboxiterapia com a aplicação de CO2 atua estimulando a formação de novos vasos,


promovendo a angiogênese, o que resulta em uma maior circulação sanguínea nos
tecidos e, consequentemente, melhora a oxigenação da região.

Estímulo circulatório Sanguíneo

• O CO2 atua, sobretudo na microcirculação vascular do tecido conjuntivo, promovendo


uma vasodilatação e um aumento da drenagem veno linfática.
Na aplicação do CO2 , nós temos o efeito Borh, que é o aumento de aporte de oxigênio no local,
que ocorre devido a maior afinidade do gás carbônico com a hemoglobina (Borges, 2010).

Efeito Bohr

• A afinidade da hemoglobina pelo oxigênio depende do pH do meio, a acidez estimula a


liberação de oxigênio diminuindo assim esta afinidade.

• Além disso, o aumento da concentração de dióxido de carbono (CO2) no meio também abaixa
a afinidade por oxigênio.

• Há um consenso entre autores, de que há um aumento significativo da concentração de


oxigênio (O2) local após a infusão subcutânea de CO2, consequentemente há um aumento da
pressão parcial de O 2.

• Os autores relataram ainda que há diminuição da afinidade da hemoglobina pelo O2 na


presença de gás carbônico disponibilizando mais oxigênio às células, o que favorece o
metabolismo dos tecidos da região tratada.
A infusão de CO2 induz uma inflamação subclínica, ocasionada pelo microdescolamento do tecido
durante a aplicação. Desencadeando a reparação e a regeneração tecidual (Pianez et al., 2016).

Fases do Processo de Regeneração

● Iniciando com a fase inflamatória que pode durar até 72h, dependendo da resposta individual do
organismo do paciente (Moreira e Giusti, 2013).

● Após a fase proliferativa onde ocorrerá o preenchimento ou aumento do tecido dérmico,


devido à produção das novas fibras de colágeno e elastina (Moreira e Giusti, 2013).

● Na fase final da regeneração, mais conhecida como fase de remodelamento, essas novas
fibras irão ser remodeladas, minimizando os aspectos das estrias (Moreira e Giusti, 2013).

● Os aspectos histológicos nesse processo de reparação mostram a proliferação de pequenos


vasos sanguíneos neoformados e de fibroblastos além disso, a Carboxiterapia promove o
aumento da espessura da derme, evidenciando estímulo à neocolagênese (Hidekazul et al.,
2005).
APLICAÇÃO TERAPÊUTICA DA CARBOXITERAPIA EM CICATRIZES
ATRÓFICAS

Os efeitos da Carboxiterapia podem ser visíveis após a quarta aplicação. O tratamento


inicial é de aproximadamente 10 aplicações ou até o desaparecimento da cicatriz atrófica.
Porém o resultado pode variar de acordo com a resposta individual de cada paciente (Reis e
Vieira, 2018).

Embora, não exista uma grande diversidade de protocolos, de acordo com Borges (2010)
o volume deve estar entre 60 ml/min à 80 ml/min, podendo chegar até os 150 ml/min.

Por outro lado, Moreira e Giusti, (2013) trazem outro parâmetro para a aplicação da
carboxiterapia no tratamento de estrias. A infusão entre 20 e 100 ml/min, e volume totais
administrados entre 600 ml e 1000 ml/min no tratamento de estrias brancas.
APLICAÇÃO TERAPÊUTICA DA CARBOXITERAPIA EM CICATRIZES
ATRÓFICAS
As aplicações de Carboxiterapia em cicatrizes atróficas necessitam ser feitas uma a uma,
com o preenchimento integral de toda sua extensão com o CO2 (Moreira e Giusti, 2013).

Como efeito colateral temos a presença de dor, ocorrendo a sensação de ardência


durante o procedimento, dormência e pequenos hematomas ao final da aplicação (Felizzola e
Mejia, 2014), Além de hiperemia e edema (Cruz e Meija, 2000).

Fonte: (Adaptado Borges, 2010)


O tratamento por carboxiterapia tem como peculiaridade o uso de um equipamento com a finalidade de
liberação do dióxido de carbono (Borges, 2010).

Fontes: Adaptado Borges (2010) e https://www.hsmed.com.br/carbtek-advanced-estek.


ESTUDOS DEMONSTRAM OS ASPECTOS CLÍNICOS DA
APLICABILIDADE DA CARBOXITERAPIA
APRESENTAÇÃO DOS ARTIGOS CIENTÍFICOS BASEADOS EM
REVISÕES BIBLIOGRÁFICAS INCLUÍDOS NO ESTUDO.
Este conjunto de evidências demonstram que a Carboxiterapia desde que aplicada
corretamente é eficaz, e que ela apresenta como principais características de eficácia,
melhoria do aspecto da estria, a cor, e sua diminuição (Podgorna, 2017; Dorneles, 2021;
El-Domyati, 2020).

Fonte: (Elmorsy et al., 2021)


CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Carboxiterapia é um procedimento seguro com ótimos resultados, capaz de reduzir as
cicatrizes atróficas.

A administração de CO2 não é associada a reações colaterais significativas. Entretanto é


importante a execução de mais pesquisas, principalmente em casos clínicos.
Pois foi observado que cada estudo de pesquisa publicado, apresenta uma característica
diferente do procedimento em seus resultados finais, sendo assim de difícil comparação e
conclusão.

Neste sentido, ressaltamos a importância de obter mais comprovações científicas devido à


escassez de publicações disponíveis.
REFERÊNCIAS
BORGES, F. Modalidades Terapêuticas nas Disfunções Estéticas. 2ª ed. São Paulo: Phorte
2010.

BORGES, F. S.; SCORZA, F.A. Terapêutica em Estética conceitos e técnicas. São Paulo:
Phorte, 2016.

CRUZ, S. N. D.; MEJIA, D. P. M. O Efeito da Carboxiterapia no Tratamento de


Rejuvenescimento Facial. Pós-graduação em DermatoFuncional - Faculdade Cambury, 2000.
Disponível em: Acesso: 27 de julho de 2019.

DORLENES I.A.O.; DUARTE J.L.; ABREU K.C. Conceição Avaliação da eficácia da


Carboxiterapia na melhora da sensibilidade tátil, da satisfação corporal e do aspecto de
estrias albas na região glútea em mulheres: Um ensaio clinico randomizado, 2021.

EL-DOMYATI M.; EL-DIN W.H.; IBRAHIM M.R.; KHALED Y. Carboxytherapy for Striae
Distensae : A Promising Modality, 2020.
REFERÊNCIAS
ELMORSY E.H.; ELGAREM Y.F.; SALLAM E.S.; TAHA A.AA. Fractional Carbon Dioxide
Laser Versus Carboxytherapy in Treatment of Striae Distensae, 2021.

FELIZZOLA, L.S., MEJIA, D.P.M.A. Carboxiterapia como tratamento para estria. Pós
Graduação em Dermato Funcional - Faculdade Ávila, 2014.

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SCORZA F.A.; BORGES, F.S. CARBOXITERAPIA: uma revisão. Revista Fisioterapia Ser.
São Paulo, ano 3, n. 4, 2008.
AGRADECIMENTOS

Pela conclusão deste trabalho, gostaríamos de agradecer a Deus por ter nos dado tudo
que sempre precisamos para alcançar este objetivo.

Agradecemos também esta instituição por toda a ajuda e pela educação dada.

Aos nossos orientadores e demais professores que tanto nos ajudaram a chegar na
conclusão deste trabalho.

Toda gratidão para nossas famílias, amigos e colegas de curso. Vocês são o motivo do
nosso empenho e dedicação.

Por fim, agradecemos todas as pessoas que de alguma forma estiveram envolvidas na
realização deste trabalho.
OBRIGADA

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