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revisão de literatura
Sandra Mara Niclotti1
sandra_niclotti@hotmail.com
Daiana Priscila Maia Mejia2
Pós-graduação em Fisioterapia Dermato-Funcional – Faculdade Ávila
Resumo
O fibro edema gelóide (FEG) é uma afecção de grande incidência na população como um
todo, porém tem uma prevalência maior em mulheres, chegando a uma média de 98%. Sua
etiologia é multifatorial e esses fatores podem ser divididos em três tipos: os fatores
predisponentes (sexo, hereditariedade, etnia, biótipo corporal, distribuição do tecido
adiposo), fatores desencadeantes (de origem hormonal, hiperestrogenismo) e agravantes
(maus hábitos alimentares, estresse, sedentarismo, etilismo, tabagismo, contraceptivos e
gravidez). Neste estudo foi realizada uma revisão bibliográfica a cerca de artigos e livros na
área de fisioterapia dermato-funcional e dermatologia médica, através de base de dados
Lilacs e Medline e sites específicos. O presente estudo teve como objetivo: analisar a eficácia
da carboxiterapia no tratamento do fibro edema gelóide. Logo, concluiu-se que o tratamento
do FEG com o método da carboxiterapia é eficaz, pois age no tecido estimulando o aumento
do fluxo sanguíneo, vasodilatação arteriovenosa local que promovem efeitos fisiológicos
responsáveis para a melhoria do aspecto da pele. Porém, é necessário mais estudos para um
conhecimento mais específico e a combinação da carboxiterapia com outras técnicas para
analisar se há potencialização do tratamento do FEG.
Palavras-chave: Fisioterapia Dermato-Funcional, Fibro edema gelóide, Carboxiterapia.
1. Introdução
O fibroedema gelóide (FEG) é uma afecção de grande incidência na população, com maior
acometimento em mulheres, tendo uma prevalência entre 85% e 98% em todas as raças.
(Avram, 2004). É também uma das principais solicitações de tratamentos de distúrbios
estéticos requisitados na prática clínica. (Corrêa, et al, 2008). Isso é devido ao novo padrão de
beleza imposto pela sociedade e exposto pelas mídias, onde o apelo por padrões estéticos
beiram à perfeição e um corpo com excesso de adiposidade e irregularidades da pele não são
aceitas, para isso as mulheres se submetem a todo tipo de tratamento que as ofereça uma
maneira de manter uma boa aparência, como: exercícios excessivos, medicamentos, dietas
incorretas, cirurgias plásticas (MEYER, et al, 2005).
O FEG é conhecido popularmente como “celulite” e na literatura tem sido descrito com outras
denominações como: dermoipodermose, lipodistrofia ginóide, paniculose, paniculopatia
esclero-edematosa, dentre outros (SANT’ANA, 2007). Porém segundo Guirro e Guirro
(2004) o termo fibro edema gelóide é o mais apropriado para descrever a patologia, pois
retrata de forma abrangente os achados histopatológicos descritos por diversos autores.
Segundo Sant’ana (2007) o FEG é um distúrbio do panículo adiposo que atinge mulheres após
a puberdade sendo mais comum em caucasianas.
Segundo Corrêa (2008) pode ser definido como uma desordem de origem metabólica
localizada no tecido subcutâneo que provoca alterações na forma do corpo, desencadeando
modificações na derme, na microcirculação e nos adipócitos. Guirro e Guirro (2004) afirmam
que FEG é uma afecção do tecido subcutâneo caracterizado histologicamente por uma
___________________________
1
Pós-graduação em Fisioterapia Dermato-Funcional.
2
Graduada em Fisioterapia, Especialista em Metodologia do Ensino Superior, Mestrado em bioética e direito em
saúde.
2
superfície do corpo e é formado por uma porção epitelial, a epiderme, uma porção conjuntiva,
a derme. (KUHNEN, 2010).
Em achados histológicos é possível observar a pele e sua constituição, que é formada por duas
partes distintas: a epiderme e a derme, as quais ficam sobre o tecido subcutâneo, que pode ser
areolar ou adiposo. Dentre a derme e tecido subcutâneo, há uma distribuição irregular de
feixes de fibras colágenas que dão à pele uma flexibilidade maior. (ALIOTO, 2012;
KUHNEN, 2010).
Segundo Junqueira e Carneiro (2004), o tecido adiposo é um tipo especial de tecido
conjuntivo onde se tem predomínio de adipócitos. Essas células podem se apresentar de forma
isolada ou em pequenos grupos, todavia a maior parte dessas células fazem grandes grupos, os
quais ficam espalhados pelo corpo. Em pessoas com peso ideal, o tecido adiposo equivale a
15-20% do peso corporal no homem e 20 a 25 % na mulher.
O tecido adiposo possui funções primordiais no corpo humano, como: maior reservatório
energético, termorregulador (por ser um mal condutor de calor), preenche a superfície
corporal em diferentes regiões e funcionam como protetores, como os coxins adiposos, por
exemplo. (SCHIAVON, et al, 2010).
Fonte:http://fisiodermatofuncionaldrajoycediogo.blogspot.com.br/2013/06/entenda-o-que-e-elulite.html
Figura 2 – Comparação tecidual entre pele normal e pele com fibro edema gelóide
Para Côrrea apud Parienti (2008), o FEG é um desequilíbrio histológico, advindo de um
acúmulo de fatores como: aumento da viscosidade devido à alteração bioquímica do
interstício, hipo-oxigenação e transformação do tecido adiposo em celulítico devido à estase
vênulo-capilar. Ocorre então uma evolução que podem ser divididas em quatro fases: estase
venosa, permeabilidade capilar anormal, fase fibrocicatricial e alteração de capilares.
Trata-se de um tecido mal oxigenado, subnutrido, desorganizado e sem elasticidade,
resultante de um mau funcionamento do sistema circulatório e das consecutivas
transformações do tecido conjuntivo (GUIRRO; GUIRRO, 2002).
O início das modificações acontece na matriz intersticial, por meio de alteração bioquímica
dos mucopolissacarídeos e os proteoglicanos, que sofrem uma hiperpolimerização e ao
infiltrar nas tramas do tecido conjuntivo de sustentação, provocam uma reação fibrótica
consecutiva. (SCHIAVON, et al., 2010).
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Fibrose
Infiltração de linfócitos
Guirro & Guirro (2004) cita sobre a fisiopatologia do FEG descrita por Lagéze, o qual a
subdividiu em quatro fases, são elas:
Fase 1 – Trata-se de uma fase breve, de origem circulatória, que se resume em estase
venosa e linfática, que não é percebida pelo paciente.
Fase 2 – É conhecida como fase exsudativa, a estase cessa e o tecido celular é tomado por
um composto de mucopolissacarídeos e eletrólitos. Este exsudato altera as terminações
nervosas do local e dissocia as fibras conjuntivas.
Fase 3 – É a fase em que aparecem os nódulos. Há migração de fibroblastos, formando
estruturas fibrosas, que vão se remodelando e se transformam em colágeno.
Fase 4 – Nesta fase há retração esclerótica, com fibrose cicatricial, atrófica e irreversível.
Devido à fibrose há compressão dos nervos e nas arteríolas ocorre endoarterite e
periarterite.
O conjunto de reações causa compressão dos vasos sanguíneos e linfáticos, que dificulta as
trocas de O2 e nutrientes dos capilares e artérias para o tecido adiposo e também prejudica a
eliminação de líquidos, minerais, excretas metabólicas e proteínas do interstício através dos
capilares linfáticos e venosos (EGÍDIO, 2012).
As áreas corporais mais acometidas a região posterior e lateral das coxas e região glútea,
podendo apresentar-se na região pélvica, os membros inferiores e o abdômen, mais e com
menos frequência na região das mamas, região superior dos braços e da nuca, as quais
apresentam um padrão feminino de deposição de tecido adiposo (MACHADO, et al, 2009).
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Em sua maioria, ela acomete mais os membros inferiores, isso ocorre, pois o retorno venoso é
mais lento nessa região, dificultando a circulação local (SILVA, 2011).
3.1. Etiologia
Apesar de o FEG ser erroneamente confundido ou relacionado com a obesidade, atualmente
pode-se afirmar que são processos fisiologicamente distintos. Sendo assim, através de
observações clínicas e histológicas, concluiu-se que o indivíduo não precisa ser obeso pra
apresentar o quadro patológico (PIRES, et al, 2008).
Para Guirro & Guirro (2002) não se pode falar da “causa” no singular, pois não é possível
isolar fatores e afirmar sua verdadeira influência no aparecimento do distúrbio.
Segundo Sant’ana, et al (2007) são vários os agentes etiológicos do FEG, por isso o mesmo
pode ser classificado como multifatorial. Para Brandão, et al (2010) alguns autores dividem os
mesmos em: fatores predisponentes, fatores desencadeantes e agravantes. Os principais
fatores predisponentes são: hereditariedade, sexo, etnia, biótipo corporal, pela distribuição de
tecido adiposo e pelos receptores envolvidos. Os fatores desencadeantes são de origem
hormonal, principalmente pelo hiperestrogenismo. E dentre os fatores agravantes estão: maus
hábitos alimentares, estresse, sedentarismo, etilismo, tabagismo, contraceptivos e gravidez.
A etiopatogenia do FEG pode estar relacionada com alterações posturais e fatores mecânicos,
como: hiperlordose lombar, pé plano, ortostamismo por período prolongado, roupas muito
apertadas. (MACHADO, et al, 2009).
Silva (2011) afirma que para delimitar uma etiologia para o fibro edema gelóide é necessário
analisar de três maneiras: histologicamente, etiopatogênica e clinicamente.
Histologicamente, o tecido subcutâneo é acometido por uma infiltração edematosa, sucedida
de polimerização de substância fundamental que penetra nas tramas, resultando numa reação
fibrótica.
Em uma análise etiopatogênica, as macromoléculas extracelulares são unidas com as
proteínas por ligações, originando moléculas denominadas proteoglicanas. Essas moléculas
juntamente com os fibroblastos atuam na produção de colágeno. Há um aumento da retenção
hídrica provocando assim um aumento da viscosidade, esta interfere diretamente nos
intercâmbios celulares. Desta forma, quando o colágeno é produzido, ocorre uma deposição
irregular, deixando as fibras sem uniformidade, estes se envolvem nos adipócitos e vasos
sanguíneos (SILVA, 2011).
Clinicamente, ocorre um espessamento das capas subepidérmicas, que se apresentam em
forma de nódulos ou placas de tamanhos variados. Segundo Guirro & Guirro (2002) levando
em consideração a consistência do infiltrado lipodistrófico, o FEG pode ser classificado em:
Fibro edema gelóide duro: acontece em mulheres magras, sem gordura localizada;
Fibro edema gelóide composto: acontece em melhores com sobrepeso, apresentando-se de
forma difuso ou localizada, associada a obesidade.
Segundo Machado, et al apud Ulrich (2009) e Pires et al., (2008), a histopatologia do FEG
pode ser classificado em 3 estágios:
Grau 1 ou brando: é assintomático e as alterações cutâneas somente são visíveis quando é
exercida compressão dos tecidos, pelo teste de pinçamento ou contração muscular
voluntária.
Grau 2 ou moderado: as alterações cutâneas são visíveis sem a compressão dos tecidos,
Grau 3: as alterações cutâneas são observadas em qualquer posição. Durante a palpação
nota-se granulações finas, como se fossem nódulos, dor a palpação, apresenta diminuição
da temperatura da pele, da elasticidade;
Grau 4: apresenta as mesmas características do grau 3, porém os nódulos são maiores,
mais palpáveis e dolorosos. Apresenta aderência em níveis profundos, projetando assim
uma aparência ondulada na pele.
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4. Carboxiterapia
A administração de dióxido de carbono (CO2), também conhecido pelo termo,
“carboxiterapia” é um tratamento recente na área da medicina estética, embora seu uso
medicinal não seja novo. A história descreve que nos anos 30 na Europa, o método já era
utilizado, porém a forma de aplicação era tópica, através de banhos termais enriquecidos com
CO2, também conhecidos como “banhos secos” e eram indicados para tratamento de doenças
da circulação. A administração subcutânea só se tornou mais popular após a formação de
Sociedades Italiana e Americana de Carboxiterapia, nos anos 50. A partir disso foram
publicados estudos nos quais apresentavam o método como tratamento das arteriopatias
periféricas e posteriormente adotaram a terapêutica no tratamento de distúrbios estéticos
(PACHECO, 2011).
De acordo com Guyton e Hall (2011) o dióxido de carbono é um gás produzido durante o
metabolismo celular que se difunde rapidamente das células para os capilares para ser
transportado dissolvido no plasma, sob a forma de íons bicarbonato, ligado a hemoglobina e a
outros compostos carbamínicos até os pulmões onde é eliminado para o ar atmosférico.
A carboxiterapia consiste na administração terapêutica de concentrações controladas de
anidro carbônico via subcutânea, através de injeção hipodérmica, no local acometido
(CARVALHO, et al.,2006).
É uma técnica nova e promissora, pois é benéfica no tratamento de vários distúrbios e
patologias, sendo que tem uma boa aceitação, pois se aplicado corretamente, é isento de
complicações e não apresenta toxidade (DOMINGUES; MACEDO, 2006).
Segundo Ferreira, et al. (2012), para melhor segurança na aplicação, os equipamentos
ofertados para aplicação da Carboxiterapia, devem estar registrados nos órgãos reguladores da
saúde, no caso do Brasil, a ANVISA.
Existem máquinas sofisticadas que oferecem um sistema operacional que permite graduar
com segurança a aplicação do dióxido de carbono de acordo com a sensibilidade e tolerância
do paciente (RUÍZ, 2011). As imagens abaixo representam um equipamento de carboxiterapia
dividido em partes para melhor entendimento.
A técnica é realizada por meio de aparelhos que controlam o fluxo e velocidade da aplicação,
a qual é realizada através de uma agulha pequena, ligada a um regulador de pressão oriundo
de um cilindro de ferro.
Domingues apud Kede & Satovich (2006) cita que o uso de aparatologia adequada para a
aplicação do método proporciona:
Ministração do fluxo constante ou controlado de gás, proporcionando um maior conforto
ao paciente;
Segurança de extrema esterilidade do gás;
Possibilidade de controle do volume ministrado;
Peso reduzido do aparelho, facilitando o transporte do mesmo.
O Conselho Federal de Medicina (2012) afirma que pode haver efeitos colaterais durante o
tratamento, como: dor, sensação de crepitação local, devido ao enfisema que desaparece em
média de 30 minutos e pequenos hematomas locais em consequência da punção.
Pacheco apud Solá (2011), cita algumas contra indicações em seu estudo, como:
Gestação;
Insuficiência cardíaca ou respiratória;
Insuficiência renal e hepática;
Diabéticos;
Problemas psicológicos
Epiléticos;
Hipertensos descompensados;
Lúpus eritematoso sistêmico;
Pacientes imunodepressivos;
Distúrbios da coagulação;
Doenças do colágeno;
Circulação local aumentada anormalmente;
Gangrena;
Flebite.
5. Metodologia
O estudo foi elaborado através de uma pesquisa literária no período de outubro de 2013 a
junho de 2014, baseada em livros específicos da área de Dermatologia, artigos científicos
pesquisados em base de dados SCIELO e PUBMED, periódicos, monografias relacionadas
com o tema, no período de 2000 a 2013. A busca dos artigos foi feita através das palavras
chaves: fibro edema gelóide, fisioterapia dermato funcional, carboxiterapia. Foram
selecionados artigos recentes e relevantes sobre o tema.
6. Resultados e discussão
Em um estudo citado por Machado, et al (2009), com o objetivo de avaliar se há interferência
das mudanças na curvatura lombar na aparência e grau do FEG e no suprimento sanguíneo
local. O estudo teve o objetivo de correlacionar o ângulo da lordose lombar com o grau do
FEG, analisando radiografias em perfil, avaliando o ângulo de Cobb. Foram avaliadas 50
estudantes, com faixa etária entre 20 e 30 anos, com FEG em região de coxas e glúteos. Não
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foi possível fazer uma correlação entre causa e efeito, por alguns fatores, como: método
utilizado, a multifatoriedade do FEG.
Meyer, et al. (2005), cita em seu estudo que para tratamento do fibro edema gelóide há
primeiramente a necessidade de realizar uma minunciosa avaliação, ressaltando que isso exige
anamnese e exame físico detalhados. O mesmo autor afirma que por se tratar de um distúrbio
multifatorial é importante ter uma visão ampla para tratar o FEG e ter melhores resultados,
isso pode envolver outras medidas, além das intervenções fisioterapêuticas, como:
intervenção dietética, atividades físicas, uso de medicamentos e até mesmo tratamento
cirúrgico.
Diante da necessidade de um instrumento que auxilie no diagnóstico fisioterapêutico do FEG,
Schiavon, et al. (2005) elaborou o PAFEG (Protocolo de avaliação do fibro edema gelóide)
com ele é possível avaliar de forma objetivo o grau do FEG e quantificar o nível das
alterações sensitivas.
Medrado (2013) realizou um estudo de caso numa paciente com FEG grau II, utilizando
carboxiterapia associada a drenagem linfática manual (DLM), sendo que a mesma foi
submetida a 15 semanas de tratamento, 2 sessões se dividindo em 1 sessão de carboxiterapia e
1 sessão de DLM no dia seguinte. Os resultados apresentados foram considerados
satisfatórios, com diminuição do grau II para grau I, melhora no aspecto tecidual com
minimização de depressões visíveis a olho nu, agora visualizado somente quando há
compressão do tecido.
Fonte: http://www.taniaconde.com.br/7.html
Figura 6 – Esquema fotográfico sobre os efeitos fisiológicos após a aplicação da carboxiterapia
Num estudo mais amplo, Brandi et al. (2001), usou uma amostra de 48 mulheres numa faixa
etária de 24 a 51 anos de idades, as quais foram tratadas com a carboxiterapia seguintes
regiões que apresentavam gordura localizada, sendo: coxa, joelho e abdômen. A conclusão
dos resultados foi positiva, pois houve redução na perimetria das regiões tratadas com a
carboxiterapia isolada, e somatoriamente houve melhora na microcirculação local e na ação
lipolítica, melhorando de forma indireta o FEG.
Côrrea, et al. (2008) publicou um artigo que analisou a eficácia da carboxiterapia na redução
do FEG em 15 mulheres com idade entre 25 e 35 anos. O tratamento durou 5 semanas, sendo
realizadas 2 sessões por semanas, totalizando 10 sessões. Segundo os autores, as infusões
foram realizadas na região glútea, numa média de 400 a 800 ml de gás injetado por sessão. A
análise dos resultados, concluiu que houve uma diminuição de 40,47 % nos grau do FEG.
De acordo com Ferreira, et al. (2012), dos trabalhos publicados em revistas especializadas,
bases de dados bibliográficos online, somente 10-15% tem valor científico. E defende a ideia
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de que sejam realizados estudos controlados com alocação aleatória, os (RCTs) Randomized
Controlled Trials, para que haja evidências confiáveis. Mesmo havendo constante divulgação
para a aplicação de carboxiterapia no tratamento do FEG, não há na literatura estudos
científicos que estejam de acordo com o rigor internacional.
Schiavon, et al. (2010) realizou uma pesquisa com 4 mulheres portadoras de fibro edema
gelóide grau II. Elas foram submetidas a 21 sessões de carboxiterapia, com frequência de 3
vezes por semana. Ao final do trabalho, concluiu-se que não houve resultados satisfatórios na
redução do grau do FEG, porém houve melhora na circulação local e hidratação da pele.
7. Conclusão
Nos dias de hoje há uma grande preocupação com o padrão estético estabelecido pelas mídias,
isso acontece predominantemente com as mulheres, podendo até mesmo levar a um “desvio
de imagem”. Elas sofrem mais com essa imposição silenciosa, levando-as a procurarem
diversos tratamentos para atingirem o corpo perfeito. Um dos tratamentos mais procurados é o
da celulite, distúrbio que atinge 98% das mulheres após a puberdade.
Nos consultórios de fisioterapia dermato-funcional são propostos vários métodos para
tratamento desse distúrbio, porém por ser uma patologia multifatorial é difícil ter bons
resultados, usando somente um tipo de intervenção. A carboxiterapia é um método que
propõe o tratamento do FEG isoladamente.
Concluiu-se que para tratamento do FEG, inicialmente é necessário uma minunciosa
avaliação para conhecimento do caso de cada paciente. A intervenção com o método de
carboxiterapia no tratamento do FEG mostrou-se eficaz na maioria dos estudos, melhorando a
estrutura da pele, a circulação local, a regressão de graus do FEG, etc. Porém, há uma
necessidade muito grande de estimular as pesquisas randomizadas nesse âmbito, já que a
maioria das publicações encontradas são estudos simples e sem delimitação. É importante
também realizar estudos usando a carboxiterapia combinada com outros métodos, para
analisar se há potencialização dos resultados.
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