Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
de cirurgia bariátrica
Maria Joseane Costa Almeida
joseane.am@ig.com.br
Dayana Priscila Maia Mejia2
Pós-graduação em Fisioterapia Dermato-Funcional – Faculdade Ávila
Resumo
1. Introdução
2. Entendendo a obesidade
Guirro e Guirro (2010) definem a obesidade como uma doença crônica causada por um saldo
positivo no balanço energético, em que a ingestão supera o gasto calórico e consequentemente
ocorre um acúmulo de gordura no tecido subcutâneo. Segundo Willmore e Costill (2002), a
mesma refere-se à condição em que o indivíduo apresenta uma quantidade excessiva de
gordura corporal.
Nassif (2011) por sua vez, define a obesidade como o acúmulo de tecido gorduroso causado
por doenças genéticas ou endócrino-metabólicas, ou por alterações nutricionais. Wilmore e
Costill (2002) complementam dizendo que o sobrepeso vem a ser o peso corporal que excede
o peso normal ou padrão, baseando-se na altura e constituição física de uma determinada
pessoa.
A obesidade é considerada como uma das enfermidades coletivas próprias da
superalimentação, e vem crescendo em níveis alarmantes tanto em países desenvolvidos como
em países em desenvolvimento, tanto em crianças como em adultos. Esta condição e
considerada como limitante para o individuo, apresentando morbidades, diminui a qualidade e
expectativa de vida podendo causar a morte prematura (GUIRRO; GUIRRO, 2010).
Lancha (2006) cita que as causas principais da obesidade são o aumento do consumo de
alimentos energéticos e ricos em gorduras saturadas e açucares, além da redução das
atividades físicas. Não podemos descartar que os fatores como o crescimento econômico, a
modernização, a urbanização e a globalização também impulsionam o aumento da obesidade
na sociedade.
Segundo as palavras de Guirro e Guirro (2010), percebemos que até a pouco tempo
acreditava-se que a principal causa da obesidade fosse o excesso de alimentação, porém se
esta fosse a única causa, as dietas resolveriam o problema. No entanto nem todas as pessoas
conseguem bons resultados com este tratamento. Sendo assim, os autores comentam que as
pesquisas atuais demonstram que a obesidade possui etiologia multifatorial.
Corroborando com a assertiva anterior, Willmore e Costill (2002) dizem que além do saldo
energético positivo, destacam-se fatores genéticos, erros no metabolismo, traumas
emocionais, desequilíbrios hormonais, fatores ambientais e culturais estão direta ou
indiretamente ligados com o desenvolvimento da obesidade.
Pereira, Francischi e Júnior (2003) afirmam que a existe diferença da prevalência da
obesidade em determinados grupos populacionais, porém os fatores ambientais,
especialmente a dieta e a atividade física, juntamente com fatores genéticos são os mais
presentes na maioria dos casos.
Bray Apud Nissip (2007) diz que há duas maneiras de diagnosticar a obesidade: quantitativa e
qualitativamente. Sendo que o quantitativo refere-se à massa corporal ou à massa de tecido
adiposo, e o qualitativo refere-se à distribuição de gordura no corpo ou à presença de
adiposidade visceral.
Garrido (2002) corrobora dizendo que o diagnóstico quantitativo é realizado através do
cálculo do índice de massa corporal ou body mass index (BMI), o qual é obtido pela seguinte
equação: massa corporal total do paciente em Kg (IMC) dividido pela sua altura em metros ao
quadrado. IMC = Kg/Altura2(metros).
O autor supracitado ressalta a ineficiência do método na mensuração de pacientes
musculosos, uma vez que este método não distingue a massa corporal magra (MCM) da
massa corporal gorda (MCG). O diagnostico qualitativo por sua vez é obtido através da
avaliação da relação cintura-quadril, o que permite identificar em que o tecido gorduroso está
mais concentrado.
O índice de massa corporal (IMC) é o método mais comumente utilizado para avaliação da
composição corporal, definindo o percentual de gordura corporal e a distribuição do corpo. De
acordo com a Organização mundial da Saúde, é definido como peso normal aquele em que o
indivíduo tem um IMC entre 20 e 25 Kg/m 2. Um IMC entre 25 e 30 Kg/m2, caracteriza
sobrepeso, acima de 30Kg/m2, indica obesidade, e acima de 40 Kg/m2, indica obesidade
4
Hoje em dia sabe-se que a obesidade não e um problema meramente estético, mas tornou-se
um problema de saúde que pode causar muitas co-morbidades, busca-se um tratamento que
melhore a saúde metabólica do indivíduo, proporcione bem-estar e diminua os riscos ou a
gravidade das patologias associadas (LEWANDOSKI, 2005).
De acordo com Garrido e Matielli (2009), os tratamentos contra a obesidade podem ser
divididos em duas categorias: os clínicos e os cirúrgicos. Bray Apud Nissip (2007) frisa que
são considerados tratamentos clínicos as dietas, atividades físicas e medicamentos; todavia,
são constantemente de pouco sucesso não só na dificuldade de emagrecimento, como na
manutenção do massa corporal total uma vez que desencadeiam alterações compensatórias no
apetite e no gasto calórico, fazendo com que a perda superior a 5% a 10% da MCT muitas
vezes seja improvável em pacientes grandes obesos.
Nos casos mais acentuados de obesidade, a exposição ao risco de consequências é maior e,
em virtude do insucesso nos tratamentos clínicos, a cirurgia atualmente tem sido considerada
a melhor alternativa para o tratamento da obesidade (ZANELLA; FILHO, 2010).
Segundo Dâmaso e Tock (2005), as técnicas cirúrgicas tiveram início na década de 50 e foram
sendo aperfeiçoadas desde então. Dentre estas técnicas, podemos destacar para o tratamento
da obesidade a cirurgia bariátrica. Os autores indicam esta intervenção para pacientes que
apresentam obesidade ou obesidade mórbida que objetivam a redução de massa corporal total
(MCT). Afirmam ainda que a grande vantagem desse tipo de tratamento é que a perda de
massa corporal total obtida por ele não é conseguida por meio de qualquer tratamento clínico
ou associações de tratamentos clínicos, uma vez que acabam sendo frustrantes para os
pacientes que necessitem perder valores elevados de massa corporal total.
Moro e Aldanucci (2010) justificam a intervenção cirúrgica no tratamento principalmente de
obesos mórbidos visto que as mudanças no hábito alimentar, comportamental, exercício
físico, e medicamentos, são ineficazes. Vários estudos demonstram que, mesmo com emprego
de novos medicamentos emagrecedores, a cada 100 pacientes tratados apenas 34 conseguem
perda ponderal de 10% ao final de 12 meses, perda esta que é muito pequena considerando-se
o obeso mórbido.
Os autores supracitados dizem que além destes maus resultados na perda ponderal, o
tratamento conservador falha na manutenção desta perda com o passar do tempo, sendo que
quase a totalidade dos pacientes recupera o peso perdido e, muitas vezes, ultrapassam-no após
5 anos de acompanhamento.
Para Lacerda (2006), a cirurgia bariátrica, como técnica efetiva, é um procedimento
relativamente recente, embora as primeiras proposições tenham sido publicadas na década de
60 e 70. Entretanto, somente após 1998, começaram a surgir os primeiros casos de
intervenções cirúrgicas em paciente pós-obesos, que alguns autores denominam de
“isobáricos”. A princípio, estes não foram considerados como “indivíduos especiais”, sendo
mais valorizada a prevalência de co-morbidade oriundas da obesidade; porém, à medida que
esta população crescia, dados instigantes foram observados e relatados.
6
É importante salientar que para a cirurgia bariátrica são selecionados somente pacientes que
possuem obesidade em evolução no mínimo por cinco anos e fracasso nos outros métodos
convencionais de tratamento. Os mesmos devem ser avaliados por uma equipe
multidisciplinar composta por endocrinologistas, cardiologistas, nutricionistas, psicólogos,
pneumologistas, psiquiatras, fisioterapeutas, anestesistas e cirurgiões (LEWANDOSKI,
2005).
Para Lewandoski (2005), as cirurgias bariátricas são classificadas em restritivas e
disabsortivas. As restritivas produzem uma redução na quantidade de alimento que chega ao
estomago ou que nele ficam armazenados. Já nas disabsortivas ocorre menor aproveitamento
dos nutrientes que chegam ao intestino, devido ao desvio intestinal que e realizado pela
derivação de uma porção do intestino delgado, no sentido do novo reservatório.
As técnicas podem ser restritivas quando diminuem a capacidade do reservatório estomacal
ou disabsortivas que reduzem a absorção dos alimentos ou mista formada por uma
combinação das duas técnicas. Segundo o Consenso Latino Americano de Obesidade três
técnicas cirúrgicas são reconhecidas: gastroplastia vertical com bandagem (G.V.B.), Lap
Band e Gastroplastia em Y de Roux (SEGAL; FANDINO, 2002).
A técnica de Gastroplastia Vertical com Bandagem foi desenvolvida por Mason em 1982, é
uma cirurgia restritiva simples e rápida, com reduzidos índices de complicações e
mortalidade. Ela é realizada pelo fechamento de uma porção do estômago através de uma
sutura resultando na redução do reservatório gástrico e juntamente é colocado um anel de
contenção, o que resulta em lento esvaziamento deste reservatório menor. Logo no primeiro
ano os pacientes chegam a perder 30% do peso corporal, porém após dez anos, essa perda
pode ser reduzida para 20% (SEGAL; FANDINO, 2002). Referente à técnica, podemos
afirmar sua comprovação para o tratamento da obesidade mórbida, pois é uma técnica
restritiva, onde torna impossível o consumo de grandes quantidades de alimentos sólidos.
A técnica de Lap Band também é uma técnica restritiva bastante recente, que consiste na
implantação videolaparoscópica de uma banda inflável na porção alta do estômago criando
uma pequena câmara justa esofágica. O orifício de passagem desta câmara é regulado através
de um dispositivo percutâneo. Esta técnica vem apresentando resultados favoráveis, porém,
ainda não existe um número significativo de estudos a médio e longo prazo (SEGAL;
FANDINO, 2002).
A Gastroplastia em Y de Roux é a técnica mais utilizada nos últimos anos, também chamada
de cirurgia de Capella ou Fobi-Capella que associa a restrição gástrica com uma disabsorção
do conteúdo intestinal. Este procedimento é composto pela restrição do estômago para se
adaptar a um volume menor, colocação de um anel de contenção na saída do compartimento e
conexão com uma alça intestinal. Com a realização desta intervenção, a ingestão de
carboidratos simples pode causar a “Síndrome de Dumping” (náuseas, vômitos, rubor, dor
epigástrica e sintomas de hipoglicemia) o que contribui grandemente para a manutenção da
perda de peso, embora às vezes por tempo limitado (FANDINO et al., 2004).
Segundo Furtado, Nogueira e Júnior (2004), a cirurgia de Capella é a opção preferencial de
indicação da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica, por proporcionar melhores
resultados. Trata-se de uma gastroplastia vertical com banda (uma pequena bolsa vertical com
aproximadamente 50 ml), envolta por um anel de Sylastic, que funciona como válvula,
esfíncter ou ampulheta, associada a uma derivação gastrojejunal em Y de Roux. Promove
uma perda ponderal, após um ano, de aproximadamente 45% do peso inicial do obeso.
Podemos citar ainda o uso do balão gástrico que foi desenvolvido a partir de uma bola de
silicone que é introduzida no estômago por endoscopia, ou seja, sem cirurgia. Uma bola com
uma sonda é introduzida pela boca e levada ao estômago. Ela é preenchida com soro
fisiológico, mais ou menos 700 ml, permanecendo dentro do estômago por um período de
7
aproximadamente 6 meses. Neste período o paciente deve fazer uma dieta com
acompanhamento, para perda de peso necessária (MORO; ALDANUCCI, 2010).
Para os autores acima citados, a indicação para o tratamento por balão gástrico é para
pacientes extremamente obesos e que não têm condições iniciais de cirurgia. Dessa forma o
balão deverá permanecer por 6 meses para perda de peso inicial, a fim de conseguir condições
cirúrgicas. Este tratamento também é indicado para pacientes que não têm indicação cirúrgica
e cuja perda de peso estimada não seja superior à média de 15 a 20 kg.
Furtado, Nogueira e Júnior (2004) citam a banda gástrica ajustável como uma outra opção de
tratamento. É uma das técnicas mais utilizada na cirurgia bariátrica. É realizada por
videolaparoscopia, esta feita através de orifícios onde se introduz a banda de silicone que
produzirá o efeito do volume gástrico. A mesma é considerada minimamente invasiva por ser
realizada em um dia com alta no dia seguinte.
Outro procedimento cirúrgico pode ser o marca-passo gástrico. Neste, eletrodos são
implantados no estômago e o marca-passo manda ondas elétricas para o estômago, fazendo
com que fique permanentemente em contração, causando uma sensação de saciedade. Assim
sendo, o paciente acaba comendo menos e perde peso. Esta técnica também é realizada por
videolaparoscopia. O marca-passo mantém-se ativo através do uso de baterias, cuja
durabilidade média é de 10 anos, prazo este para subistituí-lo (FURTADO; NOGUEIRA;
JÚNIOR, 2004).
Lara, Kothari e Sugerman (2005) defendem o uso destas técnicas cirúrgicas para a melhora da
qualidade de vida geral do paciente, que muitas vezes tem o controle sobre doenças
associadas e não raramente conseguem a suspensão do uso de medicações para o tratamento
de diabetes, hipertensão arterial e dislipidemia.
Podemos citar como exemplo, o estudo realizado pelo SOS (Swedish Obesity Subjects), que
demonstrou que o grupo de pacientes operados apresentou apenas 1% de correlação com o
diabetes melito Tipo II, enquanto que o grupo não operado apresentou 8%. O estudo mostrou
ainda que após dez anos da pesquisa, o grupo operado alcançou um índice de 8%, e o grupo
controle alcançou 24% de prevalência da doença (SJOSTROM et al., 2007).
De acordo com Lewandoski (2005), hérnia abdominal tem sido a complicação mais comum
que requer cirurgia posterior, mas as técnicas laparoscópicas (em que se realiza pequenos
orifícios no abdome e opera-se por meio de vídeo) parecem ter solucionado esse problema. As
pessoas com mais de 160 kg ou que já tenham feito alguma cirurgia abdominal não são boas
candidatas para a laparoscopia.
Ainda de acorda com a autora, outras complicações incluem náuseas, fraqueza, sudorese,
debilidade e diarreias após a alimentação, principalmente com a ingestão de açúcares, devido
ao rápido trânsito dos alimentos pelo intestino delgado.
Ocorre também um aumento no risco de desenvolver pedras na vesícula devido à perda rápida
e substancial de peso. Além disso, para mulheres em idade fértil, a gravidez deve ser evitada
até que a perda de peso se torne estável porque a rápida perda de peso e as deficiências
nutricionais podem causar danos para o desenvolvimento do feto (OLIVEIRA, 2007).
Mancini et al.(2010) afirmam que em 1991 o National Institute of Health (NIH) dos Estados
Unidos da América preestabeleceu os critérios de indicação para cirurgia bariátrica, os quais
são: paciente com IMC acima de 40 ou pacientes com IMC acima de 35 portadores de co-
morbidades médicas; pessoas que não são dependentes químicos de drogas ou álcool; pessoas
que não obtiveram sucesso em tratamentos clínicos anteriores; ter uma obesidade que seja
estável nos últimos dois anos; não ser portador de nenhuma doença ou condição que
contraindique a cirurgia.
Vale frisar que existem critérios de inclusão e de exclusão que são avaliados pelo cirurgião-
geral que irá realizar o procedimento. Porém Furtado, Nogueira e Júnior (2004) dizem que é
necessária uma avaliação multidisciplinar no pré e no pós-operatório (cirurgiões,
nutricionistas, endocrinologistas, cardiologistas, fisioterapeutas, psicólogos, etc.).
É importante frisar que a cirurgia bariátrica de acordo com o estabelecido pelo Instituto
Nacional de Saúde dos Estados Unidos, é o único tratamento eficaz na perda e manutenção
ponderal do obeso mórbido (MORO; ALDANUCCI, 2010).
Moro e Aldenucci (2010) afirmam que o paciente após perda ponderal maciça, vivencia nova
condição de saúde, refletida pela melhora ou mesmo pela resolução das co-morbidades,
especialmente o diabetes tipo II, e pela própria perda de peso, com reflexos biopsicossociais
positivos. Os autores ressaltam que após o procedimento cirúrgico, o paciente se defronta com
a nova imagem corporal resultante da perda excessiva de peso.
A perda ponderal maciça leva a um quadro de flacidez cutânea associada à ptose das diversas
regiões anatômicas, como mamas, braços, coxas, glúteos e tronco. Guirro e Guirro (2010)
frisam as limitações funcionais para a deambulação, micção e atividade sexual são
apresentadas.
Após a cirurgia bariátrica, o tratamento do excesso de pele pode ser considerado desafiador,
uma vez que atinge todo o corpo do paciente e requer estratégias para minimizar
complicações pelo cuidado integral, desde o planejamento das incisões até a avaliação dos
resultados no pós-operatório tardio (OLIVEIRA, 2007). Mendonça e Rodrigues (2011) dizem
que no pós-operatório o momento da intervenção fisioterapêutica varia de acordo com a
cirurgia e como o procedimento realizado.
Desta forma, entendemos que a atividade física e o controle alimentar são os mais importantes
recursos para o tratamento da obesidade, mas ambos devem ser controlados e monitorados por
profissionais, pois Milani, João e Farah (2006) mostram que a maioria dos obesos não está
9
Outra alteração presente são as estrias que, apesar de serem consideradas sequelas
irreversíveis, estudos mais recentes têm mostrado a eficácia da corrente galvânica quando
aplicada subcutaneamente sobre as mesmas (GUIRRO; GUIRRO, 2010). Milani, João e Farah
(2006) deduzem que as estrias podem ser resultado de um repentino estiramento da pele, com
consequente ruptura ou perda de fibras elásticas, podendo decorrer de crescimento rápido,
aumento de peso ou gravidez.
Borges (2010) afirmam que as estrias se caracterizam por atrofias lineares formadas pelo
rompimento das fibras de colágeno e elastina, que fazem a sustentação da camada
intermediária da pele, responsáveis por sua elasticidade e tonicidade. Assim que surgem, as
estrias são avermelhadas, sinal da presença de inflamação e dilatação dos capilares, niveladas
ao restante da pele, parecendo arranhões. Com o tempo tornam-se cicatrizes esbranquiçadas e
fundas.
Outro tratamento que tem mestrado resultados satisfatórios é a carboxiterapia. Borges (2010)
dizem que este método é utilizado para tratamento de irregularidades da pele por promover
melhora na pressão parcial de oxigênio, da perfusão tecidual, e também, de parâmetros locais
de circulação.
Milani, João e Farah (2006) por sua vez citam a aplicação da luz intensa pulsada (IPL) e do
Dye laser para o tratamento da estria alba. Para eles, o estímulo desencadeia um processo de
reparação, por meio de uma inflamação aguda localizada que visa restabelecer de forma
satisfatória a integridade dos tecidos tratados. Citam ainda o uso da microdermoabrasão,
procedimento com finalidade de destruição da camada epidérmica e/ou dérmica superficial
tem o objetivo de estimular a regeneração da estria pela instalação de um processo
inflamatório, com consequente estímulo da atividade fibroblástica.
Guirro e Guirro (2010) citam ainda o uso das malhas compressivas ou das bandagens e
curativos compressivos com o objetivo de diminuir o edema e inibir cicatriz hipertrófica, ela
exerce um papel importante na reorganização do tecido cicatricial, atuando nos agentes
implicados na formação de cicatrizes hipertróficas e retráteis. A elevação deve ser criteriosa,
pois em algumas cirurgias pode promover tensão na lesão, influindo no aspecto e qualidade
da cicatriz.
5. Metodologia
Este estudo é de natureza documental visto que se realizou uma pesquisa bibliográfica nas
principais revistas indexadas de saúde a fim de fazer um levantamento de publicações
existentes que abordam o tratamento fisioterapêutico aplicado no pós-operatório de cirurgia
bariátrica. Preestabelecemos como critério de inclusão todos os estudos que citem ou
descrevam recursos fisioterapêuticos utilizados para a finalidade acima mencionada.
6. Resultados e discussão
No decorrer deste estudo, percebemos que a obesidade tem sido uma das principais
preocupações de saúde pública no mundo pelas co-morbidades a ela associadas. Outro fator
também importante levantado nos artigos analisados foi que, além da predisposição, tal
quadro se agrava pelo estilo de vida adotado pelos obesos (OLIVEIRA, 2007).
Apesar de tal inferência, Mendonça e Rodrigues (2011) frisam que uma vez instalado o
quadro, diversas alterações físicas e psicológicas são apresentadas por estes pacientes, dentre
estas se destacam os problemas osteomioarticulares como artrite, artrose, tendinite e fraqueza
muscular; alterações tegumentares como flacidez cutânea, foliculites, calosidades e
hiperpigmentação; além de disfunções adipocitárias como paniculopatia não edematosa e
lipodistrofia ginoide. Estas alterações fazem parte do campo de atuação da fisioterapia
11
dermato-funcional.
A fisioterapia dermato-funcional dispõe de uma gama de recursos e técnicas que ajudam no
tratamento do pós-operatório de cirurgia bariátrica com intuito de amenizar o quadro gerado
pela grande perda ponderal (MORO; ALDANUCCI, 2010). O primeiro recurso encontrado na
literatura foi a drenagem linfática manual que para Ribeiro, Stefanello (2006) é uma técnica
específica de massagem que tem como principal finalidade esvaziar os líquidos exsudados e
os resíduos metabólicos por meio de manobras nas vias linfáticas e nos linfonodos. Ceolin
(2006) considera a DLM de ampla utilização no tratamento de várias patologias, sua ação
principal sobre o sistema circulatório linfático, ou seja, sobre uma estrutura orgânica
multifatorial, formada pela linfa, vasos linfáticos e linfonodos.
Outro recurso frisado nos artigos foi a eletroestimulação muscular (corrente russa, aussie) a
fim de promover a tonificação e força da musculatura destes pacientes. A aplicação da
corrente russa tem como objetivo principal minimizar a flacidez e a perda de tônus muscular.
Com nova tecnologia para a construção de aparelhos de corrente russa, o seu uso clínico pode
envolver o controle da dor e, se usada corretamente, pode-se obter alívio efetivo da dor
durante mobilizações ou exercícios para aumento do arco de movimento articular. Essas
aplicações aprendem de eliciamento principalmente de terminações nervosas (MENDONÇA;
RODRIGUES, 2011).
A radiofrequência é vista como um dos parelhos mais completos e potentes no tratamento da
flacidez cutânea, PEFE. A mesma mostra resultados satisfatórios em pouco tempo e com um
numero de sessões menores do que qualquer outra técnica. Esta ativa o colágeno e promove a
lise adipocitárias. Agne (2009) diz que a radiofrequência (RF) é um aparelho de alta
frequência com corrente alternada maior que 3.000 Hz que promove diatermia, ou seja, o
aquecimento através do calor profundo, onde converte a energia elétrica em energia térmica,
promovendo um aquecimento em torno de 40O no interior dos tecidos. Há dois tipos de
radiofrequência: a RF monopolar e a bipolar.
Para Albuquerque e Macedo (2010), a RF é um tratamento não invasivo, que leva ao melhor
aporte circulatório e de nutrientes, hidratação tecidual, aumento da oxigenação, aceleração da
eliminação de catabólitos, lipólise, contração do tecido conectivo promovendo a reorientação
de fibras de colágeno e incremento na contagem destas fibras, aumento da espessura e na
densidade do tecido epitelial bem como a regeneração de tecidos moles, sendo indicada para
pacientes com flacidez cutânea leve a moderada, para a melhora do contorno facial e corporal,
atenuação de sulcos e rítides, retração moderada da área submentoniana e do pescoço e
tratamento da lipodistrofia ginoide.
A Corrente galvânica foi citada por Borges (2010). De acordo com estes autores, o
galvanismo é a forma mais antiga de eletroterapia. Esta corrente caracteriza-se por um fluxo
unidirecional ininterrupto de partículas carregadas que produzem o movimento chamado de
eletroforese, que é o princípio da iontoforese, utilizada para a aplicação de princípios ativos
que promovem a colagênese e a lipólise. Além disso, esta corrente pode ser usada de forma
isolada no tratamento de rugas e estrias. Mendonça e Rodrigues (2011) dizem que a corrente
galvânica permite alcançar até 40% de melhora no aspecto das estrias. O mesmo utiliza uma
agulha, que é introduzida na subepiderme desencadeando processo inflamatório local, que
leva à cicatrização, promovendo melhor aparência à pele.
Mendonça e Rodrigues (2011) citam também outras medidas de tratamento fisioterápicos
interessantes para as estrias como a microdermoabrasão (peeling de cristal) que tem a
vantagem de possuir tecnologia não evasiva e não cirúrgica, devido à sua técnica especial de
remover células envelhecidas e estimular a produção de células jovens e do novo colágeno.
Os autores ainda mencionam os peelings químicos ou a laser objetivando o rejuvenescimento
e para o tratamento de Acanthosis nigricans, condição dermatológica caracterizada por
12
7. Considerações finais
pesquisa que o Brasil, apesar de não haver um número expressivo de estudos, demonstra um
crescimento semelhante aos países desenvolvidos.
Diante desta realidade, diversas tentativas de tratamento para obesidade são oferecidas desde
dietas até os procedimentos cirúrgicos como as conhecidas cirurgias bariátricas, campo de
atuação da fisioterapia dermato-funcional, porém uma quantidade reduzida de estudos
encontramos nas revistas indexadas.
Apesar de tal obstáculo, podemos perceber que os autores como Borges (2010), Guirro e
Guirro (2010) e Agne (2009) abordam de maneira concisa diversos tratamentos que se fazem
presentes no cotidiano das clínicas de todo o Brasil. Essas coletâneas e os demais artigos
analisados mencionam a drenagem linfática manual, o ultrassom, a radiofrequência, a luz
intensa pulsada, o laser, a carboxiterapia, a endermologia, a eletroestimulação e as atividades
físicas como os principais recursos fisioterapêuticos dermato-funcionais aplicados no pós-
operatório das cirurgias bariátricas.
Percebemos então, que são diversos os recursos que o fisioterapeuta dispõe para oferecer um
tratamento de qualidade para estes pacientes, porém sabemos que quando se trata de
obesidade mórbida, cirurgias reparadoras precisam ser feitas como lipoaspiração,
abdominoplastias, blefaroplastias dentre outras a fim de retirar o grande excesso de pele
ocasionado pela perda ponderal maciça pós-bariátrica.
Portanto, a fisioterapia dermato-funcional se torna imprescindível para a recuperação de
pacientes ex-obesos visto que pode atuar desde alívio de dores provenientes de alterações
osteomioarticulares, até a flacidez cutânea, assim como após as cirurgias plásticas
reparadoras.
8. Referências