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Centro Comunitário Paroquial de Rio de Mouro 2021/2022

Centro Comunitário Paroquial de Rio de Mouro

Ano letivo 2021/2022

Educadora de infância: Joana Ferreira


Ajudante de ação educativa: Adriana Silva

30 de setembro de 2021

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Índice

Introdução..................................................................................................................... 5

Capítulo 1 - Enquadramento temático ........................................................................... 7

Capítulo 2 – Grupo da sala Santa Beatriz ..................................................................... 9

2.1. Características gerais das crianças entre os 24 e os 36 meses ...................... 9

2.2. Caracterização do grupo............................................................................... 14

Capítulo 3 - Organização do ambiente educativo........................................................ 19

3.1. Espaço de sala ............................................................................................. 19

3.2. Materiais ....................................................................................................... 21

3.3. Tempo .......................................................................................................... 22

3.4. Relação com a família .................................................................................. 25

Capítulo 4 – Intervenção educativa ............................................................................. 27

Capítulo 5 – Planificação ............................................................................................ 31

Capítulo 6 – Avaliação ................................................................................................ 33

Conclusão................................................................................................................... 35

Bibliografia .................................................................................................................. 37

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Introdução

A infância é uma etapa fundamental na vida, sendo que os primeiros 3 anos de


vida das crianças são muito importantes para o seu desenvolvimento físico, psicológico,
cognitivo e social.
Contudo, os compromissos profissionais das famílias não permitem que
consigam educar as suas crianças a tempo inteiro. Como tal, a creche é um espaço
educativo encarado como um prolongamento da família, onde se pretende reforçar e
dar continuidade ao trabalho realizado pela mesma. Assim sendo, é essencial o trabalho
de equipa entre a família e os educadores/ajudantes de ação educativa, de modo a
contribuírem para o desenvolvimento de competências nas crianças.
Desta forma, os educadores devem elaborar um projeto pedagógico que oriente
o trabalho realizado com as crianças ao longo do ano letivo. Segundo o Ministério da
educação (1997):
o projeto do educador é um projeto educativo/pedagógico que diz respeito ao
grupo e contempla as opções e intenções educativas do educador e as formas
como prevê orientar as oportunidades de desenvolvimento e aprendizagem de
um grupo. Este projeto adapta-se às características de cada grupo, enquadra as
iniciativas das crianças, os seus projetos individuais, de pequeno grupo ou de
todo o grupo (pp.44-45).

Assim sendo, este projeto demonstra um conjunto de estratégias (ao nível do


espaço, materiais, rotinas e atividades) que permitem atingir objetivos em prol do
desenvolvimento global das crianças, de acordo com as suas características e
necessidades.
Além disso, o projeto permite que os educadores possam avaliar as estratégias
adotadas e os resultados obtidos, refletindo sobre o trabalho desenvolvido. Zeichner
(1993, p.17) afirma que “(…) o processo de compreensão e melhoria do seu ensino deve
começar pela reflexão sobre a sua própria experiência (…)”. Portanto, é importante que
os educadores identifiquem as conquistas alcançadas, mas também reconhecer os
problemas ocorridos, de modo a reajustar o processo educativo.
Este projeto é aplicado à sala Santa Beatriz, que se destina a crianças entre os
24 e os 36 meses. Este está organizado da seguinte forma:
• No Capítulo 1, denominado Enquadramento temático, são referidos os
objetivos gerais e serviços prestados para a valência de creche, bem como as
estratégias dos educadores para os alcançar;

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• No Capítulo 2, intitulado Caracterização do grupo, são demostradas as


características gerais das crianças na faixa etária já referida e as características
observadas nas crianças pertencentes à sala Santa Beatriz;
• No Capítulo 3, designado por Organização do ambiente educativo, é descrito
o espaço da sala, os materiais existentes na mesma e as rotinas diárias estabelecidas,
bem como o modo de relacionamento com as famílias das crianças;
• No capítulo 4, denominado Intervenção educativa, são apresentados os
objetivos que o grupo deverá alcançar, as respetivas estratégias e os recursos que
serão utilizados;
• No capítulo 5, intitulado Planificação, são mencionados os planos elaborados
para o setor da infância e para a sala Santa Beatriz;
• No capítulo 6, designado por Avaliação, são referidas as técnicas e registos
da avaliação das crianças.

Para finalizar, importa referir que ainda atravessamos uma pandemia (Covid-19).
Assim sendo, mantemos o plano de contingência, que foi elaborado no ano letivo
anterior para o setor da infância, onde constam várias medidas de acordo com as
orientações da Direção geral de saúde. Como tal, foram alteradas/acrescentadas
algumas dinâmicas em função dessas medidas.

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Capítulo 1 - Enquadramento temático

Atualmente, a creche é encarada como equipamento socioeducativo que visa


proporcionar o bem-estar e o desenvolvimento global de crianças entre os 4 meses e
os 3 anos, durante o período correspondente ao impedimento das respetivas famílias.
Segundo o artigo 4.º da Portaria n. º 262/2011, os objetivos da creche são:

a) Facilitar a conciliação da vida familiar e profissional do agregado familiar;


b) Colaborar com a família numa partilha de cuidados e responsabilidades
em todo o processo evolutivo da criança;
c) Assegurar um atendimento individual e personalizado em função das
necessidades específicas de cada criança;
d) Prevenir e despistar precocemente qualquer inadaptação, deficiência ou
situação de risco, assegurando o encaminhamento mais adequado;
e) Proporcionar condições para o desenvolvimento integral da criança, num
ambiente de segurança física e afectiva;
f) Promover a articulação com outros serviços existentes na comunidade.

De acordo com o artigo 5.º do mesmo documento, a creche deve fornecer os


seguintes serviços:

a) Cuidados adequados à satisfação das necessidades da criança;


b) Nutrição e alimentação adequada, qualitativa e quantitativamente, à
idade da criança, sem prejuízo de dietas especiais em caso de prescrição
médica;
c) Cuidados de higiene pessoal;
d) Atendimento individualizado, de acordo com as capacidades e
competências das crianças;
e) Actividades pedagógicas, lúdicas e de motricidade, em função da idade
e necessidades específicas das crianças;
f) Disponibilização de informação, à família, sobre o funcionamento da
creche e desenvolvimento da criança.

De maneira a que os objetivos e serviços da creche sejam cumpridos, os


educadores de infância, auxiliados pelos ajudantes de ação educativa, devem realizar
as seguintes estratégias:

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• Organizar o espaço e disponibilizar materiais diversificados, de modo a


proporcionar experiências educativas de qualidade;
• Estruturar o tempo, a nível de rotinas diárias;
• Planificar atividades individuais e coletivas, orientadas e livres em diversas
áreas, que permitam atingir os objetivos propostos para cada criança e para
o grupo;
• Avaliar o ambiente educativo e aprendizagens adquiridas pelas crianças;
• Promover um bom relacionamento com as crianças e suas famílias;
• Envolver as famílias e a comunidade no processo educativo.

Nos capítulos seguintes são abordadas estas estratégias mencionadas.

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Capítulo 2 – Grupo da sala Santa Beatriz

2.1. Características gerais das crianças entre os 24 e os 36 meses

Antes de caracterizar o grupo da sala Santa Beatriz, que se destina a crianças


entre os 24 e os 36 meses, é importante referir as características gerais das crianças
desta faixa etária. Estas são baseadas em Rojo, Torio e Estébanez (2006) e Instituto da
Segurança Social (2010).
Nesta fase, passa do nível sensório-motor (em que tudo está centrado no seu
próprio corpo e na sua ação) para o nível pré-operacional (onde começam a ser
representadas mentalmente as pessoas e as coisas). As crianças estão mais bem
preparadas para terem acesso a novas aprendizagens, pois coordenarem melhor a
motricidade, desenvolvem abruptamente a linguagem e tentam relacionar-se com os
outros, mas nem por isso podem controlar o seu egocentrismo, os impulsos e as birras
próprias deste período.
As características desta faixa etária são apresentadas em cinco áreas:
cognitivas, linguísticas, motoras, autonomia e socio-afetivas. Saliento ainda que são
apenas orientadoras, pois as crianças não as adquirem ao mesmo tempo, já que cada
uma tem o seu próprio tempo e ritmo de aprendizagem.

a) Cognitivas

As crianças têm tendência de apanharem, explorarem e experimentarem tudo o


que as rodeiam, para além de imitarem tudo o que vêem, sejam ações dos pares ou dos
adultos. Todo o interesse e curiosidade pelo meio e pelas pessoas promove a
aprendizagem sobre o conhecimento do mundo. Nesta faixa etária devem:
• Montar puzzles simples;
• Conhecer duas a quatro cores (azul, amarelo, vermelho, verde);
• Contar até 4;
• Quantificar até 3;
• Distinguir conceitos:
➢ pequeno / grande
➢ aberto / fechado
➢ dentro / fora
➢ à frente / atrás

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➢ em cima / em baixo
➢ para cima / para baixo
• Separar objetos pelo:
➢ tamanho
➢ cor
➢ forma (quadrado, retângulo, círculo e triângulo)
➢ tipo (carros, legos, livros, etc.)
• Identificar em fotografias, em brinquedos ou presencialmente, alguns:
➢ objetos
➢ animais
➢ frutos
➢ partes do corpo
➢ meios de transporte
➢ peças de vestuário
• Conhecer a procedência de alguns alimentos (leite, ovos);
• Associar objetos (Ex: bebé na cama, prato na mesa);
• Fazer sequências de objetos;
• Brincar ao faz-de-conta;
• Prestar atenção durante 10 minutos a uma atividade.

b) Linguísticas

Ao longo do tempo, as crianças vão aumentando progressivamente a sua


linguagem. Vão melhorando a compreensão do que é dito, sejam pedidos, perguntas ou
declarações. Enriquecem muito o seu vocabulário, dizendo cada vez mais palavras e de
forma mais correta e percetível. Além disso, começam a juntar palavras para formar
frases que se vão tornando mais complexas. Nesta faixa etária devem:
• Reconhecer a sua cara num espelho ou em fotografia;
• Reconhecer as pessoas próximas numa fotografia ou presencialmente;
• Gostar de folhear livros com imagens;
• Gostar de ouvir histórias e canções;
• Dizer o seu nome;
• Dizer o nome dos adultos da sala;

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• Dizer o nome de alguns:


➢ amigos
➢ animais
➢ objetos
➢ frutos
➢ cores
➢ partes do corpo
➢ meios de transporte
➢ peças de vestuário
• Reproduzir onomatopeias;
• Referir-se a si mesma, utilizando seu próprio nome (Ex: Maria caiu);
• Combinar palavras para formar frases:
➢ Dois nomes (Ex: bebé chichi) – fase inicial
➢ Nome e verbo (Ex: Maria dança)
➢ Pronome e nome (Ex: meu sapato)
➢ Negativas (Ex: Não tira)
• Faz perguntas (Ex: onde está mamã?);
• Responde a perguntas (Ex: Queres mais comida? SIM);
• Repete frases ditas pelas pessoas à sua volta;
• Fala sozinha enquanto brinca;
• Exprime desejos e sentimentos;
• Canta músicas.

c) Motoras

As crianças encontram-se no seu apogeu da motricidade global, sendo mais


ágeis e com melhor equilíbrio. Além disso, coordenam melhor a motricidade fina. Nesta
faixa etária devem:
• Correr sem desequilíbrios;
• Saltar a pés juntos (para a cima, frente e trás) de diferentes alturas;
• Trepar;
• Tentar manter-se sobre um pé;
• Andar em bicos de pés;
• Andar para a frente e para trás;

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• Andar entre diferentes obstáculos;


• Andar em planos elevados;
• Subir e descer escadas, segurando-se no corrimão;
• Pedalar num triciclo;
• Apanhar uma bola em movimento;
• Lançar uma bola com as mãos;
• Pontapear uma bola;
• Empurrar e puxar objetos;
• Dançar;
• Segurar os objetos com uma mão e manipular com a outra;
• Demonstrar preferência por uma das mãos;
• Usar o sistema de pinça para manipular objetos;
• Empilhar cubos ou legos;
• Introduzir argolas num eixo;
• Enfiar bolas num fio;
• Folhear uma página de cada vez;
• Rodar puxadores;
• Desenroscar tampas;
• Fazer rolos com plasticina;
• Rasgar papel;
• Amarrotar papel;
• Pintar com uma mão;
• Começar a garatujar de forma ordenada (desenhar círculos e linhas verticais e
horizontais).

d) Autonomia

As crianças querem fazer tudo sozinhas, apesar de continuarem a ser muito


dependentes dos adultos. Gostam também de ajudar os adultos em diversas tarefas.
Nesta faixa etária devem:
• Comer sozinhas com uma colher ou garfo;
• Beber por um copo sozinhas, segurando só com uma mão;
• Descalçar-se e calçar-se;

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• Tentar despir e vestir peças fáceis (Ex: sapatos, meias, casaco);


• Tentar desabotoar a roupa;
• Controlar os esfíncteres durante o dia;
• Começar a controlar os esfíncteres durante a noite;
• Ir à sanita, baixando e subindo a roupa;
• Avisar quando quer ir à sanita;
• Puxar o autoclismo;
• Lavar as mãos e a boca e secá-las;
• Arrumar objetos.

e) Socio-afetivas

Ao adquirem maior independência, aumenta a possibilidade de conflitos,


começam a opor-se às ordens e inicia-se o negativismo aliado às birras. Nesta fase:
• Gostam de brincar com outras crianças, mas em paralelo;
• Imitam, mas não cooperam com as outras crianças;
• Começam a ter amigos preferidos;
• Começam a ter brincadeiras que retratam o quotidiano (Ex: falar ao telefone,
dar comida aos bebés, limpar, ralhar com os amigos);
• Gostam de fazer os amigos rir;
• São egocêntricas;
• Têm dificuldade em partilhar com outras crianças;
• Tiram os brinquedos aos outros;
• São agressivos com outras crianças em situação de conflito (bater, morder,
empurrar);
• Contrariam os adultos e impõem a sua vontade;
• Usam muito a palavra “Não”;
• Fazem birra quando contrariadas;
• Manifestam várias emoções (alegria, tristeza, aborrecimento, medo, culpa,
compaixão…);
• Pedem ajuda aos adultos (Ex: para obterem ou fazerem algo, para gerir
conflitos…)
• Sabem esperar a vez;

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2.2. Caracterização do grupo

Existem diversos fatores que podem condicionar a dinâmica da sala: o número


de crianças, se já frequentavam a creche, o desenvolvimento pessoal em diversos níveis
(cognitivo, psico-motor e socio-afetivo), etc. Por isso, segundo o Ministério da educação
(1997, p.25), o educador deve “(…) compreender melhor as características das crianças
e adequar o processo educativo às suas necessidades”. Portanto, é fundamental
caracterizar o grupo de crianças a que este projeto se destina.
O grupo da sala Santa Beatriz é composto por treze crianças, sendo oito do
género masculino e cinco do género feminino. Ainda existem duas vagas na sala que
serão preenchidas em outubro.
É importante salientar que nove crianças transitaram da sala Santa Joana (1º
parque) e quatro crianças entraram pela primeira vez na instituição (Benício, Edgar,
Laura e Luana).
Neste momento, as idades das crianças estão compreendidas entre os 21 meses
e os 32 meses.

Nome Data de nascimento Idade

Luana Oliveira 05/01/2019 32 meses

Richard Maimona 07/01/2019 32 meses

Letícia Oliveira 08/01/2019 32 meses

Santiago Carreira 12/01/2019 32 meses

Benício Donadelli 18/01/2019 32 meses

Luna Lopes 01/02/2019 31 meses

Duarte Ferreira 28/03/2019 30 meses

Dylan Gomes 02/08/2019 25 meses

Edgar António 23/09/2019 24 meses

Laura Santinhos 29/10/2019 23 meses

Jordan Silva 26/11/2019 22 meses

M.ª Luísa Moniz 28/11/2019 22 meses

Diego Cruz 09/12/2019 21 meses

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O mês de setembro é sempre um pouco conturbado, dado que é dedicado à


adaptação ao espaço, às rotinas (acolhimento, atividades de sala, higiene, alimentação,
sesta), aos adultos de referência da sala (educadora de infância e ajudante de ação
educativa) e aos colegas.
As crianças que já frequentavam a instituição não tiverem quase problemas de
adaptação, apesar dos espaços serem diferentes (sala, refeitório e casa de banho) e a
ajudante de ação educativa também. Nos primeiros dias, foram muito poucas as
crianças que choraram no acolhimento, talvez por voltaram das férias e estarem mais
habituadas à presença da família. O facto de ter dado continuidade ao grupo fez com
que as crianças se sentissem seguras por já me conhecerem e por se terem mantido as
regras e grande parte das rotinas do 1º parque.
As novas crianças na instituição tiveram uma adaptação gradual, visto que tudo
era novo (espaços, rotinas e pessoas). Na 1ª semana choramingaram no acolhimento e
para obterem atenção nos diversos espaços e rotinas, bem como alguma apreensão
em brincar com os colegas. Como tal, os adultos de referência da sala acarinharam-nos
para os confortar. A partir da 2ª semana, já exploraram os brinquedos, permitiram a
aproximação ou brincadeiras a pares/pequeno grupo e compreendiam as regras e
rotinas da sala.
Apesar das crianças deste grupo terem nascido no mesmo ano, existem alguma
discrepância de idades entre os mais velhos (30/31/32 meses) e os mais novos (24, 23,
22, 21 meses). Por isso, existem algumas diferenças no seu desenvolvimento. Contudo,
o grupo apresenta as seguintes características:

• Motricidade
Todas as crianças têm boa motricidade global (andar, correr, saltar, trepar,
empurrar, puxar, subir/descer escadas). Ao nível da motricidade fina, algumas crianças
revelam dificuldades em levar a colher à boca sem derramar a comida e em atividades
plásticas (segurar o lápis/caneta/pincel para pintar, colar papelinhos).

• Interação com adultos e colegas


O grupo demonstra uma boa cumplicidade com os adultos de referência da sala,
procurando atenção, carinho e apoio em diversas atividades.
A relação entre crianças é boa, mas por vezes um pouco conflituosa. Ocorrem
disputas de brinquedos por não quererem partilhar, sendo normal o egocentrismo nesta
faixa etária. Algumas crianças já demonstram preferências por alguns amigos.

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• Comportamento
São crianças alegres, extrovertidas, curiosas e exploradoras dos
espaços/materiais.
Nas disputas de brinquedos, algumas crianças apresentam comportamentos
agressivos (bater, morder e empurrar) que necessitam da intervenção dos adultos (dar
uma festinha ao amigo e pedir desculpa).
As rotinas e regras estão adquiridas. Contudo, algumas crianças tentam
contrariam o que é pedido, sendo uma reação própria desta faixa etária. A grande
dificuldade é permanecerem sentadas quando pedido (atividades no tapete, refeições,
na casa de banho e na arrumação dos catres após a sesta). Algumas crianças revelam
preguiça para arrumarem a sala.

• Interesses e conhecimentos
O grupo tem muito interesse em músicas, acompanhando com gestos, palmas e
dança. Gostam de ouvir histórias principalmente as que envolvam animais e que
promovam a interação (com surpresas, com abertura de abas, com sons, com
repetições, com ações para realizar, com fantoches). Demonstram interesse também
em bolas, instrumentos musicais, brincar ao faz-de-conta e brincar com os animais e
bonecos de miniatura.
Algumas crianças apresentam bastantes conhecimentos em nomes de animais,
partes do corpo, roupa e alguns objetos e cores.

• Linguagem
Todas as crianças compreendem o que é dito.
A maioria já forma frases juntando palavras. Algumas crianças já conseguem ter
um diálogo percetível (nomes, verbos, pronomes, perguntas), enquanto outras tem um
discurso mais atrapalhado ou só dizem palavras soltas. Algumas só falam quando são
apanhadas desprevenidas enquanto brincam (talvez por timidez).

• Alimentação
As crianças comem bem, apesar de algumas revelaram dificuldades em mastigar
os legumes inteiros na sopa, bem como comerem algumas frutas (laranja e ananás).
Todos sabem comer sozinhos com a colher, apesar de alguns ainda derramarem
a comida ou tentarem comer com as mãos. Além disso, algumas crianças têm revelado
preguiça para comerem sozinhas.

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Todos conseguem beber água pelo copo, mas algumas crianças têm dificuldade
em beber o leite pelo copo (talvez por estarem habituadas a beber pelo biberon ou com
palhinha em casa).

• Repouso
As crianças adormecem sozinhas e apresentam um sono calmo e longo. Metade
das crianças ainda utiliza chucha para dormir.

• Autonomia
Em termos do controlo dos esfíncteres, oito crianças já vão à sanita, usando
somente fralda durante a sesta. Só duas crianças pedem para ir à casa de banho. Ainda
revelam alguma dificuldade em baixar/subir a roupa quando vão à sanita.
Na higiene, algumas crianças necessitam de ajuda para lavar as mãos e a boca.
Como já referido, todos sabem comer e beber sozinhos, apesar da preguiça.
Conseguem também descalçar os sapatos antes de irem dormir (se foram sem
atacadores), mas são muito poucas as crianças que os conseguem calçar (exceto se
forem crocs que é só enfiar o pé).

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Capítulo 3 - Organização do ambiente educativo

3.1. Espaço de sala

Qualquer educador deve ter em conta a organização da sala, pois a forma como
é aproveitada torna-se determinante no decorrer das diversas práticas educativas. O
Ministério da educação (2016, p.26) reforça esta ideia ao afirmar que “a organização do
espaço da sala é expressão das intenções do/a educador/a e da dinâmica do grupo,
sendo indispensável que este/a se interrogue sobre a sua função, finalidades e
utilização (…)”. Como tal, devo refletir sobre a organização da sala, de modo a que esta
demonstre conforto, segurança e funcionalidade.
A sala possui uma capacidade para quinze crianças, de acordo com o protocolo
estabelecido com a Segurança social. A planta é apresentada na figura abaixo.

17

Legenda: 9 – fraldário
1 – porta 10 – catres
2 – armário (papelaria/jogos) 11 – mapa de aniversários
3 – flanelógrafo 12 – mesa
4 – tapete 13 – janelas
5 – mapa de presenças 14 – casinha
6 – móvel garagem 15 – cabides
7 – tapete garagem 16 – baú brinquedos
8 – móvel pertences das crianças 17 – biblioteca

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Qualquer sala deve possuir algumas características básicas em termos de


condições. De acordo com Spodek e Saracho (1998, p.126) “o espaço interno deve ser
bem iluminado, bem ventilado e bem aquecido, quando necessário”. Esta sala tem
janelas (legenda 13) que contribuem para o seu arejamento, crucial nesta pandemia do
Covid-19. Contudo, tem muito pouca luz natural, pois é uma sala interior.
Zabalza (1998a, p.50) refere que uma sala precisa de “(…) espaços amplos, bem
diferenciados, de fácil acesso e especializados”. A sala Santa Beatriz possui uma área
agradável e apresenta-se organizada em quatro áreas distintas: de trabalho, de
arrumação, de higiene e de brincadeiras. É importante frisar que a sala também serve
de repouso para as crianças realizarem a sesta após o almoço.

a) Área de trabalho
Segundo Zabalza (1998b, 134) “a sala deve conter, quer armários, cadeiras e
mesas, quer tudo aquilo que o educador entende que possa ser útil face a uma mais
completa realização e expressão da criança”.
Uma das áreas de trabalho corresponde a esses critérios, pois é composta por
uma mesa com quatro cadeiras (legenda 12), onde as crianças podem realizar
atividades de expressão plástica e jogos.
O tapete (legenda 4) também é uma área de trabalho, mas para atividades
coletivas. Zabalza (1998a, p.50) refere que é importante “(…) um espaço onde possam
ser realizadas tarefas conjuntas de todo o grupo (…)”. As crianças sentam-se no tapete,
onde as acolho, assinalamos o mapa de presenças, conto-lhes histórias, cantamos
músicas e exploramos diversos temas, de modo a alcançar os objetivos que proponho.
Também é pertinente referir que toda a sala vai sendo decorada ao longo do ano
letivo. As decorações trazem benefícios aos alunos, pois segundo Jensen (2002, p.65),
“(…) podem ajudar os alunos a sentirem-se seguros, confortáveis e a acompanharam a
aprendizagem”. Serão expostos trabalhos elaborados pelas crianças nos flanelógrafo
(legenda 3) e no mobiles de teto. O mapa dos aniversários das crianças (legenda 11)
também é um elemento de decoração.

b) Área de arrumação
Como já foi referido anteriormente, a sala deve conter armários. Existem alguns
móveis diferenciados consoante os materiais arrumados nos mesmos:
• legenda 2 – material de papelaria e jogos;
• legendas 6, 14 e 16 – brinquedos;

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• legenda 8 – pertences de higiene das crianças, bem como as suas chuchas


e copos de água, devidamente identificados;
Os cabides (legenda 15), devidamente identificados, são também elementos de
arrumação, onde são pendurados os casacos e mochilas das crianças com roupa.

c) Área de higiene
A higiene das crianças é realizada no fraldário (legenda 9), onde se encontra um
colchão para se efetuar a mudança de fraldas e roupa.

d) Áreas de brincadeira
Existem diferentes áreas para brincarem:
• casinha (legenda 14) – Para Cordeiro (2010, p.372), “a casinha, que todas as
salas devem ter, seja ela mais ou menos estruturada, é um hino à imaginação e à
criatividade, ao jogo do faz-de-conta, vivência de papéis, mas também da exercitação
da linguagem, respeito pelos outros (…)”. As crianças podem fantasiar atividades do
quotidiano ao simularem a preparação de refeições e de cuidados com bebés;
• garagem (legendas 7 e 8) – brincam com carros num tapete ilustrado;
• tapete e baú de brinquedos (legendas 4 e 16) – brincam também ao faz-de-
conta e fazem construções;
• biblioteca (legenda 17) – De acordo com Bastos (1999, pp.297-298) é “(…)
importante a existência de uma pequena biblioteca de sala/turma, o chamado «cantinho
da leitura». Com uma dimensão naturalmente mais restrita, oferece no entanto uma
maior proximidade com o livro, permitindo uma utilização mais imediata e variada (…)”.
Neste espaço, as crianças podem escolher um livro e “ler” no tapete.

3.2. Materiais

Para além da organização da sala, qualquer educador deve ter preocupação com
os materiais existentes na mesma. O Ministério de educação (2016, p.26) menciona que
“a escolha de materiais deverá atender a critérios de qualidade e variedade, baseados
na funcionalidade, versatilidade, durabilidade, segurança e valor estético”. Existem na
sala diversos materiais que podem ser explorados pelas crianças, fomentando uma
aprendizagem ativa:

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• Na casinha – pratos, copos, talheres, panelas, bebés, cama, bacio, fogão,


lava-loiças e mesa com cadeiras;
• Na garagem – carros de diversos tamanhos e tapete com desenhos de
estradas numa cidade;
• Baú – legos, animais em miniatura e bonecos em miniatura;
• Na biblioteca – livros;
• Jogos – formas geométricas, blocos de madeira e puzzles.
Os materiais encontram-se em bom estado de conservação e são adequados às
necessidades e interesses das crianças. Acrescento ainda que são retirados quando
ficam estragados. Além disso, em tempo de pandemia do Covid-19, todos os materiais
existentes são facilmente laváveis, sendo desinfetados.
O Ministério da educação (1997, p.37) afirma ainda que “(…) os materiais
existentes e a forma como estão dispostos condicionam, em grande medida, o que as
crianças podem fazer e aprender”, proporcionando também a “(…) autonomia da criança
e do grupo” (p.38). Neste sentido, os brinquedos estão ao alcance das crianças,
escolhendo com o que querem brincar e conseguirem arrumá-los.
O Ministério da educação (2016, p.26) defende que “a reflexão permanente
sobre a funcionalidade e adequação dos espaços permite que a sua organização vá
sendo modificada, de acordo com as necessidades e evolução do grupo”. Como tal, ao
longo do ano letivo, poderão ser retirados ou acrescentados mais brinquedos.

3.3. Tempo

O tempo decorrido em sala e noutros espaços da instituição (refeitório, casa de


banho) é baseado em rotinas. Segundo Zabalza (1998b, p.169) “a rotina baseia-se na
repetição de actividades e ritmos na organização espácio-temporal da sala e
desempenha importantes funções na configuração do contexto educativo”.
A repetição de atividades traz alguns benefícios para as crianças. Zabalza
(1998a, p.52) refere que “o quotidiano passa, então, a ser algo previsível, o que tem
importantes efeitos sobre a segurança e autonomia”. As rotinas, que se repetem ao
longo do dia e das semanas, orientam as ações das crianças, permitindo que antecipem
os acontecimentos. Por isso, como têm conhecimento da sequência temporal,
vivenciam os momentos de uma forma mais tranquila.
No quadro abaixo é apresentada a rotina diária da sala Beatriz.

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Horas Rotinas
7h – 9h Componente sócio educativa (acolhimento)

9h – 10h45 Atividades letivas (orientadas e livres)

10h45 – 11h Higiene

11h – 11h45 Almoço

11h45 – 12h15 Higiene

12h15 – 14h30 Sesta

14h30 – 15h Higiene

15h – 15h30 Lanche

15h30 – 15h45 Higiene

15h45 – 17h Brincadeira livre

17h – 20h Componente sócio educativa

O Ministério da educação (2016, p.27) menciona que “o tempo educativo tem


uma distribuição flexível”. Como tal, a rotina diária demonstrada pode não ser cumprida
como estipulado, pois podem surgir imprevistos ou outras atividades (visitas, festas,
etc.) que fazem alterar o horário. Num dia, esta rotina será alterada devido à introdução
das atividades extracurriculares em tempo letivo.
O mesmo autor (2016, p.27) acrescenta ainda que deve haver “um tempo que
contemple de forma equilibrada diversos ritmos e tipos de atividade, em diferentes
situações – individual, com outra criança, com um pequeno grupo, com todo o grupo –
e permita oportunidades de aprendizagem diversificadas”. O dia é estruturado, havendo
um equilíbrio entre as atividades orientadas (individuais ou coletivas), as brincadeiras
livres (cada criança escolhe se quer brincar sozinha, a pares em grupo) e as rotinas de
cuidados, contribuindo para um ambiente emocionalmente seguro e estimulante.
Como se pode comprovar no quadro anterior, as rotinas apresentadas são as
seguintes:

a) Componente Sócio Educativa


As crianças são acolhidas pelas ajudantes de ação educativa até as educadoras
chegarem. Neste momento, brincam livremente pela sala.

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b) Atividades letivas

• Acolhimento (todos os dias)


As crianças sentam-se no tapete onde participam numa sequência de
acontecimentos matinais (acordar, tomar banho, vestir, tomar o pequeno-almoço, lavar
os dentes e ir para a escola), sendo referidas várias partes do corpo, peças de roupa e
alimentos. Esta sequência é acompanhada com músicas, na qual as crianças cantam e
fazem gestos de acordo com as mesmas.
Em seguida é cantada a música do “Bom dia” e é realizado o jogo “Onde está…?”
(reconhecimento dos colegas e adultos da sala).
Por fim é preenchido o mapa de presenças. Cada criança tem um cartão colorido
com a sua foto, sendo que o colocará no respetivo quadrado com a sua cor no quadro.

• Hora do conto (todos os dias)


Ainda no tapete é contada uma história, que pode ser aliada a canções mimadas
consoante o seu conteúdo.

• Atividades orientadas
No tapete podem ser abordados vários temas com o intuito de atingir os objetivos
propostos para o grupo (ex: conhecimento do mundo, noções matemáticas, expressão
motora e dramática).
Na mesa podem ser realizadas atividades de expressão plástica e jogos.

c) Higiene
As crianças que usam fralda são mudadas no fraldário sempre que necessário.
As que só usam fralda para dormir, vão à sanita com intervalos de 45 minutos,
antes/após as refeições e sempre que algumas pedem. Estas são incentivadas a
baixar/subir a roupa e puxar o autoclismo.
Antes e após as refeições vão à casa de banho e são incentivadas a lavar as
mãos e a boca.

d) Refeições
Rojo, Torio & Estébanez (2006, p.29) defendem que a hora de refeição é
fundamental para “(…) a aquisição de verdadeiras aprendizagens: desde a educação

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do gosto pela incorporação de novos alimentos e a forma de os ingerir, até ao


manuseamento dos utensílios para isso necessários.”
O almoço é sempre composto por sopa, prato principal e fruta. O prato principal
varia alternadamente entre carne e peixe e é servido com hidratos de carbono (arroz,
massa ou batata) e por vezes legumes. O lanche varia alternadamente entre leite e
iogurte acompanhado com pão.
Durante as refeições, os adultos incentivam as crianças a comerem sozinhas
com os talheres e a terem uma postura correta à mesa (estarem sempre sentadas e
bem sentadas), promovendo assim a autonomia e regras sociais.

e) Sesta
Post & Hohmann (2004) mencionam que a sesta proporciona às crianças a
oportunidade de recarregarem as suas energias físicas e emocionais para a rotina
diária. Como tal, a sesta é muito importante para o desenvolvimento das crianças e para
que fiquem bem-dispostas e mais calmas para as brincadeiras livres.
Cada criança senta-se no seu catre e tenta descalçar os sapatos, enquanto
esperam a sua vez para a higiene da fralda. No fim, todos se deitam e repousam.

f) Brincadeira livre
Rojo, Torio & Estébanez (2006, p.28) referem que “é um óptimo momento para
observar as crianças e ver as suas necessidades e dificuldades, bem como as suas
competências e potencialidades.” As crianças podem brincar livremente com os
brinquedos da sala, sendo uma excelente oportunidade para promover a partilha e o
respeito pelos outros, tão difícil nesta faixa etária.

3.4. Relação com a família

O Ministério da educação (2016, p. 28) argumenta que “os pais/famílias e o


estabelecimento de educação (…) são dois contextos sociais que contribuem para a
educação da mesma criança; importa, por isso, que haja uma relação entre estes dois
sistemas”. É extremamente importante que se estabeleça uma relação entre a equipa
da sala e a família, baseada na confiança, na entreajuda e na partilha. Esta relação

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centra-se sempre na criança e tem como objetivo o seu desenvolvimento de forma


saudável e equilibrada. Por isso, a escola e a família devem cooperar.
Esta colaboração é realizada pela troca de informações sobre cada criança entre
a família e a educadora/ajudante de ação educativa, que ocorre através de:
• Recados no acolhimento da criança na receção, uma vez que as famílias não
podem entrar na instituição devido à pandemia do Covid-19;
• Recados à saída da criança da instituição;
• Contacto eletrónico
➢ Informações sobre a dinâmica da sala e da instituição;
• Contacto telefónico da instituição;
• Reuniões de pais (13 de outubro de 2021 e 5 de julho de 2022).

Ainda está a ser estudada a possível aplicação de uma plataforma para partilhar
fotografias das atividades realizadas e das rotinas.

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Capítulo 4 – Intervenção educativa

É pertinente que as crianças tenham a oportunidade de se desenvolverem de


forma global e equilibrada. Logo, o educador deve definir:
• objetivos que pretende alcançar com as crianças, de acordo com a suas
características e necessidades;
• estratégias que permitem atingir esses objetivos;
• recursos que serão utilizados para as estratégias estabelecidas.

Estes fatores (objetivos, estratégias e recursos) irão ser realizados com base nos
temas do “Manual de processos-chave creche”. Podem ser trabalhados em simultâneo,
uma vez que há uma interligação e complementaridade entre os mesmos. Os temas
são: interação com adultos e pares; linguagem; motricidade; hábitos saudáveis e
cognição.

Interação com adultos e pares

Objetivos Estratégias Recursos

• Desenvolver a relação entre os • Atividades orientadas • Brinquedos


adultos de referência e as crianças (expressão musical, expressão • Livros
• Desenvolver a relação entre motora, expressão dramática, • Leitor de música
crianças jogos, histórias, conhecimento • Instrumentos
• Respeitar o ritmo de cada criança do mundo, etc.) musicais
• Promover a autoestima • Brincadeiras • Material de

• Adquirir valores (ajuda, amizade, • Incentivar a partilhar os papelaria

respeito, partilha, etc.)


brinquedos • Material reciclável

• Autorregular • Ajudar a resolver conflitos e de desperdício


• Diálogo • Material de
• Dar atenção e afeto ginástica
• Apoio individualizado • Elementos da
• Reforço positivo natureza
• Ajudar a criança nas suas • Imagens
dificuldades • Objetos
• Expressar emoções e • Jogos
necessidades

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Linguagem

Objetivos Estratégias Recursos

• Compreender mensagens • Diálogo com os adultos • Livros


• Realizar pedidos • Diálogo com os colegas • Fantoches
• Reconhecer imagens e • Contar histórias • Imagens
pessoas • Cantar • Leitor de música
• Reproduzir onomatopeias • Folhear livros e “ler” • Brinquedos
• Nomear: • Explorar imagens e objetos • Objetos
➢ adultos e amigos • Jogos
➢ partes do corpo • Vestuário
➢ animais
➢ frutas
➢ objetos
➢ vestuário
➢ meios de transporte
➢ cores
• Corrigir a dição das palavras
• Construir frases
• Exprimir emoções
• Promover o gosto pela leitura

Motricidade

Objetivos Estratégias Recursos

• Andar para trás • Brincadeira livre • Bolas


• Andar em bicos dos pés • Jogos de equilíbrio • Túneis
• Saltar a pés juntos de • Jogos de obstáculos • Colchões
diferentes alturas • Jogos de encaixe • Legos
• Rastejar • Jogos de empilhar • Cubos
• Trepar • Rotina das refeições • Puzzles
• Apanhar uma bola em • Pintura (pincel, caneta, lápis) • Material de papelaria
movimento • Rasgagem • Material reciclável e de
• Lançar e pontapear bolas • Colagem desperdício
• Subir e descer escadas • Modelagem • Utensílios de cozinha
sozinha com a mão no corrimão • Desenhar linhas e formas • Livros
• Rodar puxadores • Folhear um livro • Brinquedos

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• Desenvolver a coordenação • Teatros • Leitor de música


oculo-manual • Jogos de imitação
• Empilhar objetos • Jogo simbólico
• Desenhar de forma ordenada • Canções mimadas
• Explorar técnicas plásticas
• Tocar instrumentos
• Dançar
• Bater palmas
• Desenvolver o ritmo
• Dramatizar

Hábitos saudáveis

Objetivos Estratégias Recursos

• Estimular bons hábitos alimentares • Comer vários alimentos • Utensílios de


• Estimular bons hábitos de higiene • Estimular a comer sozinha cozinha e casa de
• Promover a autonomia com a colher sem derramar banho

• Adquirir regras • Estimular a beber sozinha • Vestuário


pelo copo sem derramar • Brinquedos
• Controlo dos esfíncteres
• Ida à sanita
• Baixar e subir a roupa
• Puxar o autoclismo
• Lavar as mãos e o rosto
sozinha
• Descalçar/calçar os sapatos
• Despir e vestir peças fáceis
• Arrumar as cadeiras e os
brinquedos
• Permanecer sentado às
refeições e quando pedido
• Esperar pela sua vez
• Cumprimentar e despedir
• Agradecer
• Pedir desculpa
• Fazer comboio

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Cognição

Objetivos Estratégias Recursos

• Adquirir noções temporais • Rotina diária • Refeitório


• Adquirir noções espaciais • Reconhecer a sua sala, a • Camas
➢ dentro / fora casa de banho, o seu lugar à • Brinquedos
➢ em cima / em baixo mesa e a sua cama • Objetos
➢ à frente / atrás • Diálogo • Puzzles
➢ abrir / fechar • Jogar • Blocos
• Identificar atributos • Arrumar os brinquedos no • Legos
➢ pequeno / grande sítio correto • Materiais
➢ menino / menina • Assinalar o mapa de matemáticos
➢ cores presença • Mapa de
➢ formas geométricas (círculo, • Contar histórias presenças
quadrado, triângulo e • Cantar • Livros
retângulo) • Contacto com elementos da • Imagens
• Associar natureza • Leitor de música
• Classificar • Observação da rua pela • Elementos da
• Sequenciar janela natureza
• Adquirir noção de quantidade • Brincar no recreio
• Contar • Participar em festividades
• Desenvolver o raciocínio lógico • Exploração de imagens e
• Fomentar a curiosidade pelo meio objetos
exterior
• Conhecer as tradições
• Reconhecer:
➢ adultos e amigos
➢ partes do corpo
➢ animais
➢ objetos
➢ frutas
➢ vestuário

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Capítulo 5 – Planificação

O Ministério da educação (2016, p.15) refere que “planear implica que o/a
educador/a reflita sobre as suas intenções educativas e as formas de as adequar ao
grupo, prevendo situações e experiências de aprendizagem e organizando recursos
necessários à sua realização”.
Saliento que na instituição é elaborado um plano anual de atividades (para todas
as salas do setor da infância) e planificações mensais (para cada sala).
O plano anual de atividades foi elaborado por todas as educadoras da instituição
no final do ano letivo anterior. Neste são encontradas temáticas que serão abordadas
ao longo do ano letivo com as respetivas atividades a realizar e objetivos a alcançar.
As planificações mensais têm em conta o plano anual de atividades e este
projeto pedagógico (ao nível das características do grupo e objetivos a alcançar). Nestas
planificações são identificados os temas a serem abordados ao longo do mês, os
objetivos que pretendo alcançar com o grupo e as respetivas estratégias e recursos. As
temáticas do plano anual que irei abordar com este grupo estão apresentadas no quadro
abaixo.

Mês Temas
setembro • Adaptação das crianças
• Outono
• Dia mundial da música
outubro • Dia mundial do animal
• Dia mundial da lavagem das mãos
• Pão por Deus
• Outono
novembro • Dia mundial do cinema
• Dia mundial da alimentação saudável
• São Martinho

dezembro • Outono
• Natal

janeiro • Inverno
• Dia de Reis
• Inverno
fevereiro • Dia do amigo
• Carnaval

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Mês Temas

• Inverno
março • Dia da mulher
• Dia do pai

• Primavera
• Dia mundial da atividade física
abril • Páscoa
• Dia mundial do livro
• Dia mundial da dança

• Primavera
maio • Dia da mãe
• Dia da família
• Dia mundial da pastelaria

• Primavera
junho • Dia mundial da criança
• Festa de final de ano

julho • Oficinas de verão

É importante salientar que as planificações podem sofrem alterações devido a


alguns imprevistos que possam surgir. Por isso, são encaradas como documentos de
orientação.

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Capítulo 6 – Avaliação

A avaliação é uma prática diária recorrente no contexto educativo. O Ministério


da Educação (2016) menciona que
através de uma avaliação reflexiva e sensível, o/a educador/a recolhe informações
para adequar o planeamento ao grupo e à sua evolução, falar com as famílias
sobre a aprendizagem dos seus/suas filhos/as e tomar consciência da sua ação e
do progresso das crianças, para decidir como apoiar melhor o seu processo de
aprendizagem (p.13).

Numa perspetiva formativa, devo refletir sobre a minhas atitudes, sobre a minhas
intervenções educativas, sobre a organização do ambiente educativo e sobre o
desenvolvimento de cada criança e do grupo. A avaliação é de extrema importância,
pois permite recolher informações sobre as dificuldades sentidas e os sucessos
alcançados, de modo a ajustar a ação educativa.
A técnica utilizada para a recolha de informações é a observação. Para o
Ministério da educação (2016, p.13), “observar o que as crianças fazem, dizem e como
interagem e aprendem constitui uma estratégia fundamental de recolha de informação”.
Desta forma, é averiguado o desenvolvimento integral das crianças.
Estas observações são depois registadas, para cada criança, em diversos
documentos:
• Programa de acolhimento – documento imposto pela Segurança Social, onde
é relatado a adaptação das crianças que frequentam a instituição pela primeira vez.
Num período de quatro semanas é descrito o relacionamento das crianças com os
colegas, com os adultos de referência da sala, bem como a adaptação ao espaço e o
seu comportamento à chegada e saída da instituição;
• Registo de observação – documento criado pela instituição, onde são
assinalados os comportamentos das crianças nas várias áreas de desenvolvimento
(psico-motor, linguístico, cognitivo e socio-afetivo). Este é elaborado em três momentos
durante o ano letivo: em setembro, em fevereiro e em julho;
• Plano individual - documento imposto pela Segurança Social, onde são
descritos os objetivos que se pretende alcançar, bem como a ações a implementar e os
recursos que serão utilizados. Este é elaborado em dois períodos durante o ano letivo:
de outubro à primeira quinzena de fevereiro e da segunda quinzena de fevereiro até
julho;
• Registo de avaliação - documento criado pela instituição, onde é realizada
uma avaliação descritiva no final do ano letivo, ao nível da assiduidade/pontualidade, da

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linguagem, da motricidade, das rotinas (alimentação, repouso e higiene) e da reação às


atividades.
Todos estes registos de avaliação são apresentados e assinados nas reuniões
de pais. No final do ano letivo são entregues os trabalhos plásticos elaboradas pelas
crianças.

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Conclusão

O trabalho realizado em creche tem como objetivo promover o desenvolvimento


integral das crianças (psico-motor, linguístico, cognitivo e socio-afetivo) num ambiente
estimulante, seguro e afetivo, respeitando as características, as necessidades e o ritmo
de aprendizagem de cada uma.
Este projeto será um documento orientador que me permitirá refletir e avaliar o
contexto educativo, de modo a adequar as minhas práticas. Pretendo que as estratégias
e os objetivos delineados para este ano letivo sejam alcançados. Como tal, conto com
a participação de todos os intervenientes educativos (educadores, ajudantes de ação
educativa, famílias, instituição e comunidade).
Este ano letivo continuará a ser desafiante devido à pandemia do Covid-19, ao
nível da gestão da dinâmica de sala e no cumprimento das medidas do plano de
contingência elaborado para o setor da infância. Apesar disso, daremos o nosso melhor
em prol do desenvolvimento das crianças.

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Bibliografia

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Instituto da Segurança Social (2010). Manual de Processos Chave – Creche (2ª ed).

Jensen, E. (2002). O Cérebro, a Bioquímica e as Aprendizagens. Porto: ASA Editores.

Ministério da Educação (1997). Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar.


Lisboa: Ministério da Educação.

Ministério da Educação (2016). Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar.


Lisboa: Ministério da Educação/Direção-Geral da Educação (DGE).

Portaria n. º 262/2011 de 31 de Agosto. Diário da República, 1.ª série - N. º 167

Post, J. & Hohmann, M. (2004). Educação de bebés em infantários: Cuidados e


primeiras aprendizagens. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.

Rojo, C., Torio, A., Estébanez, A. (2006). Lua cheia. 2-3 anos. Material de apoio
didáctico. Rio de Mouro: Everest editora.

Spodek, B., Saracho, O. N. (1998). Ensinando Crianças de Três a Oito Anos. Porto
Alegre: ArtMed.

Zabalza, M. A. (1998a). Qualidade em educação infantil. Porto Alegre: ArtMed.

Zabalza, M. A. (1998b). Didáctica da Educação Infantil. Porto: ASA Editores.

Zeichner, K. M. (1993). A Formação reflexiva de Professores: Ideias e Práticas. Lisboa:


Educa.

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