Você está na página 1de 3

Interpretação de como a obra

14-6-2022
Paisagem De Nikias Skapinakis
simboliza o povo de Portugal

Paisagem - Bandeira portuguesa (2009)


Nikias Skapinakis.

María Molinos Blanco


CULTURA PORTUGUESA
Neste trabalho vamos tentar fazer uma análise da obra "Paisagem", pintada pelo autor
Nikias Skapinakis em 2009.

Conforme publicado no site do centro de arte moderna da Gulbenkian, Nikias Skapinakis


nasceu em 1931, em Lisboa, Portugal. Além disso, foi um artista multidisciplinar, mas
destacou principalmente pelas suas obras de arte. (Candeias, 2013).

Em primeiro lugar, se lermos o título da obra, faz-nos pensar que a pintura pode ser uma
paisagem um pouco abstrata. No entanto, vendo o seu subtítulo (“Bandeira Portuguesa"),
podemos saber que a obra está relacionada com um símbolo nacional de identidade: a
bandeira. Isto leva-nos ao facto de o autor, ao pintar o quadro, provavelmente tentar fazer
uma reivindicação ao seu país, representando a bandeira de Portugal de uma forma um
pouco abstrata, mas mantendo as suas cores: amarelo, verde e vermelho.

Em segundo lugar, num artigo no Jornal Online Tornado, vemos que esta pintura foi
integrada nas Comemorações do Centenário da República no 2010 (Pato, 2020). Isto faz-
nos pensar no seu ponto de vista ideológico e político, o que nos leva a olhar para as
seguintes palavras do autor.

“se alguma consideração pesou, foi o facto de que, sem a mancha negra que come, como
uma nuvem, um bocado do sol, a paisagem seria paradisíaca; pouco conforme pois, com
as vicissitudes da instituição republicana através do tempo.” (Skapinakis, 2010)

Interpretando as suas palavras percebemos que a obra é uma representação da República


que vai mais longe do que a república atual; porque apresenta a instituição republicana
desde uma perspetiva diacrónica. Desta forma, com a mancha negra pretende-se romper
com uma imagem idílica e paradisíaca, e mostrar a realidade da vida política e social da
época da república, tendo em conta os seus aspetos negativos.

Do meu ponto de vista, este trabalho de Nikias reflete tudo o que simboliza a República,
incluindo sentimentos de progresso, liberdade e esperança, que são visualizados com a
cor amarela. Além disso, o círculo amarelo lembra-nos o sol, que é interpretado como
aquele que ilumina o caminho a seguir.

Por conseguinte, essa mancha que aparece em cima do amarelo, pode representar a
ditadura e os regimes absolutistas; porque é uma cor triste e pesada. Além disso, a mancha
negra tem uma forma um pouco irregular o que faz com que tenha um efeito de
movimento, como se fosse temporário.

1
Por outro lado, as linhas curvas que separam as cores lembram-nos o horizonte entre o
mar e o céu. Se nos focarmos nesta interpretação é de grande importância porque o mar
é um grande símbolo da identidade portuguesa.

Finalmente, se nos concentrarmos em algo mais ideológico, podemos relacioná-lo de


outra forma. A presença do sol e do céu vermelho ao lado da mancha negra pode
representar o nevoeiro, que está intimamente relacionado com o mito do Sebastianismo.
Note-se que o mito do Sebastianismo nasceu da figura do rei D. Sebastião, e assegurou
que o rei chegaria numa manhã de nevoeiro para salvar o seu país (Gomes, Campos e
Teixeira, 2014). Desta forma, o Sebastianismo simboliza a esperança do povo português
para um futuro melhor. Mas, apesar disso, a exaltação da figura de um rei não parece
encaixar-se na suposta interpretação dada pelo autor.

Em conclusão, embora esta pintura seja uma simples combinação entre quatro cores, tem
muitas interpretações possíveis que Nikias conseguiu criar e assim transformá-la em uma
obra de grande transcendência. Desta forma, representando ao mesmo tempo diferentes
aspetos fundamentais da cultura portuguesa, como a bandeira, o sebastianismo, o mar ou
a história política; ele consegue reclamar o país numa única pintura.

• Bibliografia

Candeias, A. F. (2013). Centro de Arte Moderna Gulbenkian. Lisboa. Visto em 12 de


junho em https://gulbenkian.pt/cam/en/artist/nikias-skapinakis-2/

Gomes, Á. C., Campos, A. L. D. A., e Teixeira, E. D. A. (2014). O sebastianismo: uma


reflexão histórica e literária do mito. Revista Lumen et Virtus. Visto em 14 de
junho em
http://www.jackbran.com.br/lumen_et_virtus/numero_10/PDF/SEBASTIANIS
MO_AlvaroGomes.pdf

Méndez. G. (2022). Manifestações da cultura portuguesa. Publicado no Campus Virtual


da Universidade de Santiago de Compostela. Visto em 12 de junho em
https://cv.usc.es/course/view.php?id=28860

Pato, H. (2020). Jornal Online Tornado. Visto em 13 de junho em


https://www.jornaltornado.pt/nikias-skapinakis-1931-2020/

Você também pode gostar