O documento descreve as tradições e costumes fúnebres no Brasil Império, incluindo a crença na vida após a morte, rituais para uma "boa morte", vestimentas dos mortos, convivência entre vivos e mortos, e diferenças no tratamento dado aos ricos e pobres. O documento também discute mudanças nessas tradições ao longo dos séculos XVIII e XIX.
O documento descreve as tradições e costumes fúnebres no Brasil Império, incluindo a crença na vida após a morte, rituais para uma "boa morte", vestimentas dos mortos, convivência entre vivos e mortos, e diferenças no tratamento dado aos ricos e pobres. O documento também discute mudanças nessas tradições ao longo dos séculos XVIII e XIX.
O documento descreve as tradições e costumes fúnebres no Brasil Império, incluindo a crença na vida após a morte, rituais para uma "boa morte", vestimentas dos mortos, convivência entre vivos e mortos, e diferenças no tratamento dado aos ricos e pobres. O documento também discute mudanças nessas tradições ao longo dos séculos XVIII e XIX.
Nah Costa Caju Simbologia da passagem nos ritos fúnebres. A morte como fim da vida terrena e passagem para a vida eterna. A morte definitiva só existiria no inferno, nesse aspecto, a crença no purgatório (um "inferno temporário", para Le Goff) tinha um papel importante na negociação feita entre os vivos pelo lugar dos defuntos no céu. Como seria uma boa morte? Morte agendada, avisada por doença ou sinal divino; Na velhice, que deveria ser acompanhada com rezas diárias; Funeral com ajuntamento de conhecidos, fiéis, pobres, parentes e estranhos; Dividas econômicas quitadas, e dividas de promessas com os santos cumpridas.
MAURIN, Nicolas-Eustache. Morte de D. Pedro IV. 1836. Gravura,
litografia colorida, 31,5 x 36,5 cm. Mortalhas e vestimentas dos mortos. Os mortos eram normalmente vestidos de santos, como Santo Antônio e Nossa Senhora da Conceição no Rio de Janeiro, mortalhas de São Francisco e Nossa Senhora do Carmo em São Paulo, São Miguel Arcanjo e São João Batista para crianças em Salvador. Mortalhas ou lençois brancos eram usados para escravizados falecidos no interior fluminense, Mortalhas brancas e pretas também eram comuns em períodos mais contemporâneos (1997, p. 110).
52,6 x 34,6 cm. Biblioteca Nacional. Convivência de vivos entre mortos. Em contraste com outras culturas, como a da Grécia Antiga, o convívio entre vivos e mortos no mundo ibérico era benéfico, até certo ponto. As almas não poderiam ficar "presas" no mundo terreno, por apego ou assuntos inacabados, já que isso geraria sofrimento. Mas as sepulturas eram feitas no mundo urbano, nos templos católicos, em locais sagrados perto de suas antigas casas. Os mortos, presentes dessa forma, lembravam os vivos de sua mortalidade e da necessidade de oferecer rezas aos falecidos.
CHODOWIECKI, Daniel. Alegoria da Morte: a Morte iguala os homens. 1726-
1801. Gravura, água-forte, p&b, 16,4 x 21,4 cm.. Biblioteca Nacional Cruzes nas beiras de estradas. De acordo com Reis, as cruzes à beira de estradas eram erguidas para marcar locais de mortes trágicas, prematuras, acidentais, e "lembravam a quem passasse a obrigação de rezar pela alma do infeliz" (1997, p. 98).
Essas cruzes podem ser vistas até os dias de
hoje, principalmente em locais no interior do Brasil.
CRIVELLARI, Bartolomeo. ZOMPINI, Gaetano. Triunfo da Morte de
Petrarca. 1756. Gravura. Os Anjinhos. De acordo com Reis, existia a crença geral de que, ao morrer uma criança, principalmente um menino, ele entraria como anjinho nos exércitos de São Miguel Arcanjo. A morte dessas crianças não deveria ser chorada, pois ter um anjinho olhando por seus pais era um benefício para a família. Costumes fúnebres dos africanos no Brasil. Procissões em clima de festa, celebrações com danças, gritarias, palmas, batuques e acrobatas. Alguns velórios duravam até sete dias. Era comum os fogos de artíficio para acompanhar a celebração da morte de líderes políticos e religiosos. Os africanos pobres frequentemente se associavam às irmandades negras católicas, para que assegurassem seus velórios.
HUNT, G. Funeral of a negro. 1822. Gravura. Biblioteca Nacional
Geografia da morte. A hierarquia entre os vivos ainda era demarcada na hora da morte e do enterro. De acordo com Reis, as sepulturas nas igrejas católicas eram feitas de acordo com uma hierarquia: os mais abastados se encontravam mais perto do altar, enquanto os mortos mais comuns se encontravam espalhados na parte comum da igreja. Escravizados, pobres e protestantes. Os protestantes estrangeiros possuíam cemitérios únicos, à moda das necropóles estadunidenses. Reis relata que os menos afortunados, como mestiços, indigentes, escravizados e pobres que não eram associados à irmandades eram enterrados sem muitas cerimônias, em cemitérios de Santas Casas, ou em covas rasas em fazendas. Rupturas na tradição fúnebre. Durante o século XVIII, lugares específicos para os mortos ricos foram conetruídos nos subsolos das igrejas, chamados de "carneiros", isolando os mortos da rotina sacra dos vivos. Inicia-se um rompimento com as tradições fúnebres comunitárias, rumo a uma morte mais individualista.
FRÈRES, Thierry. Enterrement d'une femme nègre. 1839. Gravura, litografia
colorida, 52,6 x 34,6 cm. Biblioteca Nacional. Rupturas na tradição fúnebre. Já no século XIX, reformas funerárias surgem no Brasil, encabeçadas por médicos inspirados por ideias iluministas. Com a teoria das miasmas, se espalha a ideia de que os mortos emitiam gases nocivos à saúde dos vivos, e um movimento de separar os cemitérios das cidades é iniciado. Com a epidemia da cólera, esse movimento decreta o estabelecimento do novo regime funerário.
FRÈRES, Thierry. Enterrement d'une femme nègre. 1839. Gravura, litografia
colorida, 52,6 x 34,6 cm. Biblioteca Nacional. Referências REIS, João José. O Cotidiano da Morte do Brasil Oitocentista. In: ALENCASTRO, Luís Felipe (org.). História da Vida Privada no Brasil - Vol.2: Império: a corte e a modernidade nacional. São Paulo - Companhia das Letras, 1997.
REIS, João José. A hora da morte: formas de bem morrer. In: A
morte é uma festa: ritos fúnebres e revolta popular no Brasil do século XIX. Companhia das Letras, 1991.
RODRIGUES, Cláudia. Cidadania e morte no Oitocentos: as
disputas pelo direito de sepultura aos não-católicos na crise do Império (1869-1891). Anais do XXIV Simpósio Nacional de História. Rio Grande do Sul, 2007.