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A Arte de Bem Morrer: um Estudo sobre Vitória de Santo Antão 1869 a 1920

Douglas Batista de Moraes1


Anderson José Siqueira da Silva2

Resumo

Este artigo analisa alguns aspectos que demonstram o controle eclesiástico sobre morte e
o morrer, em Vitória de Santo Antão na segunda metade do século XIX e início do século
XX. Partindo da constatação da existência de um certo padrão das atitudes e rituais
católicos diante da morte, na sociedade brasileira do período, procura demonstrar que este
padrão resultou de um longo processo de clericalização da morte, que remonta ao período
medieval.

Palavras-chave: Morte; Irmandade; Sacramento.

1 Introdução

A morte é um tema muito presente na vida dos homens. Em alguns momentos bem
presente, em outras oportunidades camufladas, escondida por trás das ações humanas. Em
algumas épocas, a morte foi celebrada, exaltada, amada. Em outras, provocou medo,
temor e inquietação. O problema da morte começa a se colocar de maneira mais
elaborada, com o surgimento de correntes filosóficas antagônicas: o estoicismo, que
pensava tornar o homem insensível aos males físicos e morais. O hedonismo, que tinha
no prazer a finalidade da vida. Tendo início um confronto que marcará decisivamente a
cultura ocidental. A dualidade: carne-espírito, será encontrada nas artes e no cotidiano
dos homens. Confronto dos valores espirituais e as solicitações carnais.

A arte certa de morrer, podia ser apreendida se os ensinamentos começassem


desde de cedo, "ars bene moriendi" era absorvida, e não haveria motivos para temer a
morte, nem a morte solitária. Através de ensinamentos sabiam como se portar para
assegurar a paz eterna. Na Grécia antiga os gregos aprendiam que o Hades era o lugar
onde os que partissem passavam a levar uma existência tênue e feita de sombras
(MARTINS).

1
Docente/pesquisador do Departamento de História da UNIVISA-bmdouglas13@hotmail.com
2
Estudante do Curso de Licenciatura Plena em História da UNIVISA- siqueiraanderson203@gmail.com
Para alcançar uma boa morte deveríamos começar a "ars moriendi" ainda na
juventude como há quinhentos anos. Não era um manual para UTI ou para perda da saúde.
Para morrer em paz era preciso viver plenamente. O ideal do guerreiro da era dos Vikings
se espelhava na crença no Valhala, onde os heróis lutavam suas batalhas e morriam
durante o dia, voltando novamente à vida durante à noite. Mesmo depois de morto, sua
vida continuava seguindo de acordo com a sua passagem na terra (MARTINS).

No passado as doenças eram carregadas de significados, benignos ou malignos


eram avisos. Hoje essas representações não tem mais importância (IMHOF). A Igreja
Católica ensinava aos seus fiéis que durante a vida deveriam preparar a sua morte, com o
intuito de escapar do demônio e do purgatório. A maioria das religiões divergem sobre a
questão da salvação. Algumas acreditam que o homem pode ser salvo por um poder
divino, já outras afirmam que o homem deveria simplesmente respeitar a si mesmo. Para
essa interpretação existia uma enorme variedade de métodos. Os hinduístas acreditam que
a alma se liga a este mundo pelos pensamentos, pelas palavras e ações humanas e que
quando um indivíduo morre, sua alma passa para o corpo de outra pessoa ou de um animal
(IMOHOF)

Diante desta constatação, surgem as seguintes questões: quais foram as estratégias


e os instrumentos utilizados pela Igreja Católica no século XIX para fazer com que os
homens se preocupassem em salvar a alma? Como esses mecanismos foram utilizados
pela Igreja? Nossa proposta com essa pesquisa é entender com as estratégias e recursos
utilizados pela Igreja para suscitar nos homens a fé e o desejo de salvação eterna. Essas
atitudes, por sua vez, reproduziam a mentalidade da Igreja vigente na época, difundida
pelos livros religiosos em Pernambuco no século XIX. Dessa forma, torna-se pertinente
afirmar que no contexto específico de Vitória de Santo Antão de meados do século XIX
e início do XX, o discurso da salvação assumiu um significativo papel para propagar os
ideais e sentimentos religiosos característicos da Igreja.

Neste sentido, deve-se chamar a atenção para o papel pedagógico exercido pela
arte barroca, transformada nos períodos posteriores à Reforma católica em instrumento
de doutrinação moral. E necessário também reafirmar a ideia de que os textos doutrinários
foram de suma importância para a expansão dos ideais cristãos nas colônias do ultramar
Ibérico. Dessa forma, os rituais relativos à morte cristã, difundidos através das
manifestações artísticas ou por meio dos textos doutrinários, foram temas privilegiados
pela doutrina católica propagada pelo Brasil durante o período de nosso estudo. O
discurso sobre a morte cristã transformou-se em um instrumento de poder nas mãos da
Igreja militante da Contra Reforma.

A liturgia fúnebre da Igreja Católica se espalhou por variados grupos étnicos-


sociais, embora seja possível detectar ritos não cristãos entre essas práticas. Era o que
acontecia com os cristãos-novos que aparentemente continuavam com os ritos judaicos.
O que identificava as práticas judaizantes como: comer em mesa baixa, enterrar os mortos
em terra virgem, cortar-lhe as unhas e guardá-las, colocar uma pérola ou uma moeda de
ouro ou prata em sua boca para pagar a primeira pousada, jogar fora toda água de potes e
vasos da casa(VAINFAS).

Os africanos não sofreram maiores restrições das autoridades responsáveis pelos


seus enterramentos, mesmo com a existência de alguns relatos de enterros que de algum
modo poderia indicar a manutenção de sua cultura, como no caso dos cortejos de escravos
sem os sacramentos ou enterro no mato e não em solo sagrado (VAINFAS). Os atos
religiosos que marcam as grandes etapas da vida de cada cristão têm um duplo significado
que nos permite falar em ritos de passagem, situados no plano religioso.

Nas camadas populares, só a família e alguns amigos acompanhavam o cortejo,


sendo o esquife carregado por homens. Bem diferente do que acontecia nas categorias
mais abastadas, onde os privilégios pelo berço ou fortuna, transformava o rito fúnebre
numa cerimônia deslumbrante. Naturalmente há vários níveis nessas pompas fúnebres, e
nem todos os casos, mesmo nas inumações mais modestas, a partida do morto para sua
última morada é conhecida como um espetáculo no qual todos os membros da
comunidade paroquial eram convidados a participar, mais ou menos diretamente, como
atores e espectadores. (ÀRIES)

O local do enterramento também passava pelo forte tom das devoções populares.
No Brasil durante o século XIX os cemitérios eram reservados para mendigos e negros
ou para aqueles que professavam religião diferente, como os ingleses anglicanos. A
posição geográfica dos enterros era um reflexo da posição social do morto. Os mais ricos
ficavam dentro das igrejas, garantindo uma boa posição na hora da salvação, os pobres
ficavam no adro ou cemitério, nome dado à área em torno das igrejas. Mesmo com as
variações dos custos com a morte, independentemente da posição social, os gastos com
os enterramentos eram significativos em qualquer grupo social (SILVA).

A organização dos suntuosos cortejos fúnebres, grandes produções artísticas e


musicais para a realização destes, foi uma forma que o homem barroco encontrou para
diante de sua transitoriedade do mundo despender recursos com a morte, ritualizando o
trágico e o sofrimento. As riquezas das festas religiosas nos são reveladas pelos sermões
pronunciados nas igrejas durante a realização de tais festejos.

A população dava à morte uma "coloração tipicamente barroca". A morte era


tratada de uma maneira lúdica, festiva e dramática. Riquíssimos trajes e folhagens
douradas e prateadas, veludos, sedas pretas, jarrões prateados de sete palmos de altura
compunham o cenário. Nele também se via envolto um esqueleto humano coberto com o
manto de cavaleiro da Ordem de Cristo, e na mão direita uma coroa em sinal de Majestade,
tendo um pano branco de sombras estendido na frente pela face de seu pedestal
(MARTINS).

2 METODOLOGIA

Entendemos que o trabalho documental se faz com representações que criam


leituras sobre a vivência do período e que revelam as posições e os interesses dos grupos
sociais que as produziram. Os documentos são tentativas de representar o “real” que foi
vivido e organizar o presente onde é escrito. Representação é, ao mesmo tempo,
(re)apresentação, (re)presença e (re)presentificação, e adquire mais ou menos autoridade
de acordo com as redes de poder-saber de uma sociedade. Não existe o evento de um lado
e sua representação de outro, uma vez que os eventos e seus relatos se articulam
intimamente.
A escrita de um documento, de um romance, de uma autobiografia, de um artigo
jornalístico, de uma carta, de um relatório policial, de um relato oral, de um livro didático
de história é uma tentativa de organizar a realidade, de conferir sentido ao mundo, de
instituir imagens da sociedade, de representar / performar o mundo. Portanto, também um
acontecimento. O trabalho do historiador implica na busca dos efeitos de sentido dos
documentos, que se completam ou se repelem no debate histórico da definição do que foi
e de como aquilo deve ser lembrado. O historiador deve, então, evidenciar este debate em
torno da verdade no passado.
Durante a consulta ao acervo documental e a reflexão sobre as representações em
torno da pesquisa histórica e suas práticas, procuraremos questionar as classificações,
divisões e delimitações que organizam a apreensão do mundo como categorias
fundamentais de percepção do real e de instituição de hierarquias sociais e identidades.
Então, nesta perspectiva, cultura e política são indissociáveis, pois pensar representação
significa inseri-las dentro das estratégias que determinam as posições e relações de poder
que estabelecem as diferentes identidades na sociedade no período entre as décadas de
1860 e 1920 em estudo.
Procuramos, portanto, abordar as relações de poder definidas pela sua
positividade, pela produtividade deste mesmo poder, já que ele cria saberes, instituições,
indivíduos e produz coisas, induz ao prazer e produz discurso. Neste sentido, evocamos
o olhar foucaultiano sobre o conceito de poder enquanto relação social, enquanto táticas
e estratégias produtoras de subjetividade, saberes e verdades. O esforço de compreender
o mundo enquanto representação implica em desnaturalizar imagens legitimadas
socialmente e enfrentar estereótipos com o objetivo de questionar os discursos que se
colocam como reveladores de uma “verdade” sobre a realidade social e suas diferenças e
hierarquias.
O discurso seria o que cada época pode dizer ou articular significativamente, o
discurso é o pensamento, é algo que nos move e confere os sentidos que precisamos para
viver e agir socialmente. Questionar os discursos é indagar pela construção do estatuto
dos indivíduos que podem emiti-los e de seus lugares institucionais de fala. No lugar de
produção transparecem os limites e as possibilidades que as relações de poder conferem
aos saberes. O lugar se refere aos espaços hierarquizados de fala em uma sociedade, são
instâncias onde os enunciados se justificam se encadeiam e são pronunciados. Entendidas
como lugares de produção, as instituições funcionam como receptáculos de uma
comunidade de saber, de um círculo de sociabilidade e exercício de trabalho intelectual,
neste caso, para escritores, jornalistas, professores, historiadores e escritores que tomaram
a pesquisa histórica como objeto de suas produções.
Nesta perspectiva, procuraremos descrever: Como as práticas discursivas, no
período em estudo, significaram no cotidiano da sociedade de Vitória de Santo Antão em
meados do século XIX e início do século XX; atravessaram estas práticas discursivas;
Como os lugares de fala possibilitaram a emergência dos sentidos; Como surgem os
sujeitos do discurso (escritores, historiadores, jornalistas, artistas, políticos).
No que diz respeito às fontes, nossa investigação utilizou de fontes documentais
impressas de jornais locais da época, uma vez que analisamos também a sociedade por
outras instituições culturais formalmente. No que diz respeito as fontes impressas foram
elencadas e pesquisadas um número aproximado de 57 periódicos diferentes da cidade
Vitória de Santo Antão. Ressaltamos mais uma vez que nosso recorte espacial aborda o
período compreendido entre 1869 e 1920. No que diz respeito ao recorte temático e
espacial, esclarecemos mais uma vez que abordaremos as práticas dos rituais fúnebres em
Vitória de Santo Antão.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Quando tratamos sobre a questão da morte e seus ritos fúnebres é fundamental


citarmos a Igreja Católica, pois ao longo do tempo tal instituição buscou e alcançou
grandes influências na sociedade, inclusive como lhe dar com algo tão presente na vida
humana, a morte.

A diferença primordial entre a "boa morte" e a "má morte", era o planejamento.


Quando a morte acontecia de maneira repentina como por afogamento, assassinato,
acidente ou mal súbito, era uma desgraça muito maior do que a própria morte. A única
maneira de contornar o perigo da morte inesperada, era necessário estar em dia com os
sacramentos da confissão, comunhão ou viático (eucaristia ministrada aos enfermos
impedidos de sair de casa.) e, claro, a extrema-unção, além da redação do testamento. O
ritualismo fúnebre do Brasil português ficou conhecido como barroco, em virtude da
extrema pompa que marcava os enterramentos católicos, pelo menos no caso dos ricos.
Essa ostentação era a forma da família do morto demonstrar prestígio e poder. É essencial
chamar a atenção para o papel pedagógico exercido pela arte barroca, transformada nos
períodos posteriores à Reforma católica em instrumento de doutrinação moral. E
necessário também reafirmar a ideia de que os textos doutrinários foram de suma
importância para a expansão dos ideais cristãos nas colônias do ultramar Ibérico. Dessa
forma, os rituais relativos à morte cristã, difundidos através das manifestações artísticas
ou por meio dos textos doutrinários, foram temas privilegiados pela doutrina católica
propagada pelo Brasil durante o recorte de nosso estudo. O discurso sobre a morte cristã
transformou-se em um instrumento de poder nas mãos da Igreja militante da Contra
Reforma.

As confrarias e Irmandades foram criadas ou recriadas durante o século XVIII,


em geral iniciada pelo clero e em todo caso sob seu controle, pretendendo em primeiro
lugar criar uma associação de devoção mas não deixando de exercer o seu papel como
ferramenta de dominação. O enterro de um confrade e a procissão da paixão são as
grandes ocasiões que propiciam a reunião pública dos penitentes vestidos de manto e
capuz, porém, os confrades mais difundidos são no Recife do século XVIII as do
Santíssimo Sacramento e do Rosário. Dentro do contexto de Vitória de Santo Antão
existiam cinco, as confrarias do Santíssimo Sacramento e a Venerável das Almas, Nossa
Senhora do Rosário dos Homens Pretos, Nossa Senhora do Livramento dos Homens
Pardos, Nossa Senhora do Bom Parto.
A finalidade do Santo Sacramento era favorecer entre os membros a devoção à
eucaristia, em especial pela prática da adoração do Santíssimo, já a do Rosário, foi criada
pela instigação dos dominicanos, enfatizam, o culto mariano e a recitação do terço. Em
Vitória de Santo Antão a confraria Venerável das Almas exerceu um papel muito
importante no que concerne as questões dos últimos preparativos para os rituais fúnebres.
Mantinha um altar dentro da matriz de Santo Antão de onde mandava celebrar missas
todas as segundas-feiras em nomes das almas durante os atos quaresmais. Acompanhava
sempre os enterros dos seus irmãos ao cemitério público no qual possuía catacumbas e
jazidos próprios3.
As devoções populares atraiam o povo que enchiam as igrejas mantendo-se fiel
principalmente ao escapulário e ao rosário. O escapulário dava aquele que o usasse
durante a vida a certeza de boa morte e, pelo menos, um alívio do seu tempo de purgatório.
As devoções pós-Trento do rosário também começaram a se espalhar pela Europa, as
mãos do morto traziam um rosário, como as da alma do purgatório, já postas na atitude
tradicional do morto medieval. O local do enterramento também passava pelo forte tom
das devoções populares, no Brasil durante o período colonial os cemitérios eram

3
A informação sobre as confraria que atuavam em Vitória de Santo Antão durante o período por nós
relacionado foram extraídas da Revista do Instituto Histórico da Vitória de Santo Antão. Volume IV,
1968.
reservados para mendigos e negros ou para aqueles que professavam religião diferente,
como os ingleses anglicanos. A posição geográfica dos enterros era um reflexo da posição
social do morto. Os mais ricos ficavam dentro das igrejas, garantindo uma boa posição
na hora da salvação, os pobres ficavam no adro ou cemitério, nome dado à área em torno
das igrejas. (ÀRIES)
No Brasil durante o período colonial e império, em Pernambuco nos séculos XVII,
XVIII e XIX preocupava-se cotidianamente com a morte. As famílias da capitania tinham
uma preocupação especial. No Recife essa preocupação era notada através das
Irmandades de leigos. Fazer parte de uma dessas Irmandade era interesse de toda a
sociedade. Era por meio deste ato, garantido os sepultamentos, e uma quantidade de
missas para o defunto, “a Irmandade era a segurança para a vida eterna” (MARTINS).
Em Vitória de Santo Antão também encontramos esse mesmo tipo de preocupação onde
a compreensão da finitude da existência era um fenômeno vivido na família.
A organização dos suntuosos cortejos fúnebres, grandes produções artísticas e
musicais para a realização destes, foi uma forma que o homem barroco encontrou para
diante de sua transitoriedade do mundo despender recursos com a morte, ritualizando o
trágico e o sofrimento. As riquezas das festas religiosas nos são reveladas pelos sermões
pronunciados nas igrejas durante a realização de tais festejos. A sociedade deste período
traz a morte para a sua convivência diária, sendo sempre influenciada pela fé católica, se
apegando a ideia bíblica de que para tudo há um tempo ..."tempo de viver".... "tempo de
morrer". Celebra-se a morte, desfilasse com a morte, investe-se na morte.

4 CONCLUSÕES

Com relação às respostas que encontramos, é importante frisar que o caráter


dinâmico e aberto da história, impossibilita aos seus estudiosos chegar a uma conclusão
final para os problemas e as questões que nos propomos a pesquisar. Por que a cada nova
interpretação, surge um novo aspecto, diferente e único da história que passa a ser
incorporado ao todo. A reunião dessas perspectivas é que possibilita uma aproximação
cada vez maior do historiador com o passado. A documentação primária teve grande
relevância para o desenvolvimento de nossa pesquisa. Esta documentação foi trabalhada
com o intuito de analisarmos a importância do rito de passagem da morte em Vitória de
Santo Antão dos séculos XIX e XX, buscando ainda entender como a Igreja Católica usou
o seu projeto evangelizador para manter o controle social.
A relação dos fiéis com a religião Católica no período em análise, e com os
aspectos divinos da doutrina, perpassava por questões relativas a administração dos
sacramentos. A incorporação por parte da população deste aspecto da doutrina foi
realizada de forma muito efetiva. Com os anseios decorrentes da preocupação com o Bem
Morrer. Nosso trabalho aborda de maneira objetiva os desencontros do projeto
evangelizador no Brasil que mesmo depois da independência ainda encontramos traços
de sua presença durante os séculos XIX e XX. Esta pesquisa traz à tona a administração
de ritos usados para boa morte, um tema que é conhecido, mas ainda não havia sido
trabalhado de maneira específica em Vitória de Santo Antão. Ao estudarmos um assunto
tão instigante como a religião, é inevitável ressaltar a conquista espiritual com um
inovador método de aculturação que a catequese proporcionou.
O viver no Brasil de meados do século XIX e início do XX era marcado e ritmado
pelas regulamentações da Igreja Católica que usou de muitos meios para difundir sua
doutrina. Seu processo de evangelização foi útil tanto aos interesses da fé como aos
interesses comerciais e econômicos do Estado, transformando a doutrina Católica em uma
justificadora de um sistema de exploração de riquezas sem qualquer intenção missionária.

5 AGRADECIMENTOS

Agradecimentos são necessários quando concluímos etapas em nossas vidas. Ao


Núcleo de Pesquisa da UNIVISA na pessoa do Professor Doutor Pierre Teodósio pelo
incentivo e fomento ao nosso projeto de pesquisa. Suporte fundamental no
desenvolvimento de nosso trabalho. Ao bolsista Anderson José Siqueira pelo esforço e
dedicação ao trabalho.

6 REFERÊNCIAS

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