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Resumo
Este artigo analisa alguns aspectos que demonstram o controle eclesiástico sobre morte e
o morrer, em Vitória de Santo Antão na segunda metade do século XIX e início do século
XX. Partindo da constatação da existência de um certo padrão das atitudes e rituais
católicos diante da morte, na sociedade brasileira do período, procura demonstrar que este
padrão resultou de um longo processo de clericalização da morte, que remonta ao período
medieval.
1 Introdução
A morte é um tema muito presente na vida dos homens. Em alguns momentos bem
presente, em outras oportunidades camufladas, escondida por trás das ações humanas. Em
algumas épocas, a morte foi celebrada, exaltada, amada. Em outras, provocou medo,
temor e inquietação. O problema da morte começa a se colocar de maneira mais
elaborada, com o surgimento de correntes filosóficas antagônicas: o estoicismo, que
pensava tornar o homem insensível aos males físicos e morais. O hedonismo, que tinha
no prazer a finalidade da vida. Tendo início um confronto que marcará decisivamente a
cultura ocidental. A dualidade: carne-espírito, será encontrada nas artes e no cotidiano
dos homens. Confronto dos valores espirituais e as solicitações carnais.
1
Docente/pesquisador do Departamento de História da UNIVISA-bmdouglas13@hotmail.com
2
Estudante do Curso de Licenciatura Plena em História da UNIVISA- siqueiraanderson203@gmail.com
Para alcançar uma boa morte deveríamos começar a "ars moriendi" ainda na
juventude como há quinhentos anos. Não era um manual para UTI ou para perda da saúde.
Para morrer em paz era preciso viver plenamente. O ideal do guerreiro da era dos Vikings
se espelhava na crença no Valhala, onde os heróis lutavam suas batalhas e morriam
durante o dia, voltando novamente à vida durante à noite. Mesmo depois de morto, sua
vida continuava seguindo de acordo com a sua passagem na terra (MARTINS).
Neste sentido, deve-se chamar a atenção para o papel pedagógico exercido pela
arte barroca, transformada nos períodos posteriores à Reforma católica em instrumento
de doutrinação moral. E necessário também reafirmar a ideia de que os textos doutrinários
foram de suma importância para a expansão dos ideais cristãos nas colônias do ultramar
Ibérico. Dessa forma, os rituais relativos à morte cristã, difundidos através das
manifestações artísticas ou por meio dos textos doutrinários, foram temas privilegiados
pela doutrina católica propagada pelo Brasil durante o período de nosso estudo. O
discurso sobre a morte cristã transformou-se em um instrumento de poder nas mãos da
Igreja militante da Contra Reforma.
O local do enterramento também passava pelo forte tom das devoções populares.
No Brasil durante o século XIX os cemitérios eram reservados para mendigos e negros
ou para aqueles que professavam religião diferente, como os ingleses anglicanos. A
posição geográfica dos enterros era um reflexo da posição social do morto. Os mais ricos
ficavam dentro das igrejas, garantindo uma boa posição na hora da salvação, os pobres
ficavam no adro ou cemitério, nome dado à área em torno das igrejas. Mesmo com as
variações dos custos com a morte, independentemente da posição social, os gastos com
os enterramentos eram significativos em qualquer grupo social (SILVA).
2 METODOLOGIA
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
3
A informação sobre as confraria que atuavam em Vitória de Santo Antão durante o período por nós
relacionado foram extraídas da Revista do Instituto Histórico da Vitória de Santo Antão. Volume IV,
1968.
reservados para mendigos e negros ou para aqueles que professavam religião diferente,
como os ingleses anglicanos. A posição geográfica dos enterros era um reflexo da posição
social do morto. Os mais ricos ficavam dentro das igrejas, garantindo uma boa posição
na hora da salvação, os pobres ficavam no adro ou cemitério, nome dado à área em torno
das igrejas. (ÀRIES)
No Brasil durante o período colonial e império, em Pernambuco nos séculos XVII,
XVIII e XIX preocupava-se cotidianamente com a morte. As famílias da capitania tinham
uma preocupação especial. No Recife essa preocupação era notada através das
Irmandades de leigos. Fazer parte de uma dessas Irmandade era interesse de toda a
sociedade. Era por meio deste ato, garantido os sepultamentos, e uma quantidade de
missas para o defunto, “a Irmandade era a segurança para a vida eterna” (MARTINS).
Em Vitória de Santo Antão também encontramos esse mesmo tipo de preocupação onde
a compreensão da finitude da existência era um fenômeno vivido na família.
A organização dos suntuosos cortejos fúnebres, grandes produções artísticas e
musicais para a realização destes, foi uma forma que o homem barroco encontrou para
diante de sua transitoriedade do mundo despender recursos com a morte, ritualizando o
trágico e o sofrimento. As riquezas das festas religiosas nos são reveladas pelos sermões
pronunciados nas igrejas durante a realização de tais festejos. A sociedade deste período
traz a morte para a sua convivência diária, sendo sempre influenciada pela fé católica, se
apegando a ideia bíblica de que para tudo há um tempo ..."tempo de viver".... "tempo de
morrer". Celebra-se a morte, desfilasse com a morte, investe-se na morte.
4 CONCLUSÕES
5 AGRADECIMENTOS
6 REFERÊNCIAS