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Resumo
Este artigo propõe abordar de maneira descritiva questões relacionadas à vivência e pressupostos
teóricos de Araújo Lima, e outros intelectuais que fizeram parte do desenvolvimento da Amazônia,
apesar dele ter sido tardio. Na perspectiva de contribuir em questões como o homem em face da
história, da natureza, da família e das condições climáticas, é que o artigo se caracteriza sobre as
influências teóricas de sua carreira e na sequência, um esboço das implicações metodológicas
decorrentes de suas experiências de campo na Amazônia.
Palavras-Chave: Amazônia; Araújo Lima; Pensamento Social da Amazônia.
Abstract
This paper proposes a descriptive way to address issues related to the experience and theoretical
assumptions de Araújo Lima, and other intellectuals who were part of the development of the
Amazon, despite it being late. In order to contribute to issues such as man in the face of history,
nature, family and climatic conditions, is that the article characterized the theoretical influences on his
career and following an outline of the methodological implications of their experiences field in the
Amazon.
Keywords: Amazon; Araújo Lima; Social Thought from Amazon.
Introdução
Destacar o papel da Amazônia para a população a partir de concepções do cientista
social José Francisco de Araújo Lima, bem como suas contribuições no campo das Ciências
Sociais, foi objetivo do artigo.
Na personalidade de Araújo Lima, constatou-se uma história que revela os primeiros
passos de desenvolvimento da região Amazônica. Uma personalidade que viu a
contemporaneidade como objeto de estudo, podendo ser analisada a partir de vieses do
movimento de formação do pensamento brasileiro. “O pensamento social da Amazônia não é
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Doutoranda em Sociedade e Cultura na Amazônia, Universidade Federal do Amazonas.
2
Mestrando em Direito Ambiental, Universidade do Estado do Amazonas.
um eco de vozes que emudeceram. Nas vozes dos autores passados o tempo dilata-se na
projeção das relações sociais do presente” (RIBEIRO, 2012, p. 17).
Araújo Lima foi relevante cientista social da Amazônia que nasceu em Muanã, Ilha
de Marajó, Estado do Pará, mas sua permanência é voltada ao Amazonas. Formado na
Faculdade de Medicina de Paris, com estágio no Institute Pasteur, graduou-se médico
também pela faculdade do Rio de janeiro. Em Manaus, teve laboratório, fez pesquisas,
escreveu para congressos científicos e foi prefeito da cidade de Manaus em dois mandatos.
Araújo Lima, assim como Leandro Tocantins e Euclides da Cunha, pensou o Brasil e
a Amazônia a partir de planejamentos dirigidos. Em suas avaliações, Lima aponta que existe
uma opinião crítica, precipitada, tumultuosa, claudicante pela deficiência de análise e
observação, o que gera “oscilação sempre, ao se definir a região amazônica, entre os arroubos
de exaltação otimista e os libelos de um pessimismo fulminador” (LIMA, 1945, p. 47).
As doenças são outros pontos mal vistos por quem visitava a Amazônia; Araújo
Lima entendia bem do assunto, haja vista que era médico. E com a construção da estrada de
ferro Madeira-Mamoré em Rondônia no período de 1907 a 1912, os operários adoeceram e
ficavam bastante fracos. As doenças tropicais da região foram os maiores adversários desses
trabalhadores: febre amarela, implaudismo, beribéri e outras infecções, tiraram a vida de
milhares de operários. Mas o meio ambiente causa as doença?
Essa era uma inquietação dos visitantes à Amazônia e até mesmo dos trabalhadores,
por isso Araújo Lima, especialista no assunto, dizia que a malária é um mal que poderia ser
evitado no Amazonas se campanhas de saneamento básico fossem executadas, pois a
hanseníase e malária foram as doenças que mais afetaram a população amazônica na década
de 1980. Ele expôs dessa forma a situação, porque os detratores achavam que as doenças
apareciam devido as imperiosas causas telúricas ou climáticas. “Moléstia propagada por
idêntico mecanismo de transmissão, a febre amarela foi extinta no Amazonas, em menos de
um ano de campanha de saneamento, depois de haver lá grassado por muitas décadas”
(LIMA, 1945, p. 104).
E assim destruíram o flagelo e com ele a lenda que o atribuía à influência do meio
ambiente. Ficou então bem compreendido que o mal curava com a mudança de
residência porque, consequentemente, se operava então a mudança de regime
alimentar (LIMA, 1945, p. 105).
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Em 1908 foi construído o Hospital da Candelária, o maior centro especializado em
doenças tropicais do mundo. O médico sanitarista Oswaldo Cruz, esteve visitando as obras da
ferrovia em 1910 e ficou muito impressionado com o hospital. “A administração norte-
americana lá instalou o Hospital da Candelária, que combateu a beribéri e o paludismo; com
alimentação apropriada e com quinina suficiente, foram conjurados os dois males” (LIMA,
1945, p. 105).
Outra situação que ocorreu foi de que o solo quem exercia uma ação danosa sobre a
vida, mas o anátema foi destruído, onde a distribuição das afecções chamadas tropicais não é,
pois, regulada pelas condições atmosféricas nem telúricas, Lima (1945) explica que decorre
da biologia de certos seres animais, veiculadores dos germes patogênicos, e cuja existência
pode ser cercada ou dilatada pelo próprio homem.
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Figura 1: Réplica da casa no seringal.
Fonte: Joyce Karoline Pontes (2013).
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nem iniciativa, nem aptidão para o trabalho, é porque se nutre mal, assimila
insuficientemente, realiza um regime alimentar deficitário […]” (LIMA, 1945, p. 59).
Por volta de 1914 houve uma decadência da borracha, até aproximadamente 1922, e
com isso, a Amazônia foi “vendida” pelo Governo Federal aos Estados Unidos da América,
que utilizava a borracha na fabricação de pneus de aviões, a partir da vulcanização.
Posteriormente a Amazônia volta a pertencer ao território brasileiro é criado o Banco da
Amazônia.
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De acordo com Scherer (2012) em termos econômicos, um novo princípio em meio
ambiente tem sido discutido como alternativa para a manutenção dos serviços ambientais de
diversos ecossistemas, o princípio do protetor-recebedor (os outros dois princípios são
poluidor-pagador e usuário-pagador). Portanto se faz considerada a necessidade de incentivar
a pesquisa científica e tecnológica.
E hoje no século XXI, existe a Fundação de Amparo e Pesquisa da Amazônia
(FAPEAM), Fundação Amazonas Sustentável (FAS), Secretaria de Ciência, Tecnologia e
Inovação (SECTI) e as secretarias de meio ambiente estadual e municipal, assim como os
ministérios federais que atuam nesse segmento, de investir de fato no incentivo às pesquisas.
Então, já houve uma grande mudança nesse aspecto.
Considerações
Portanto, Araújo Lima foi um agente público nas lutas da região Amazônica,
principalmente nos aspectos da saúde, educação e questões administrativas políticas ao
assumir a Prefeitura de Manaus. Um dos primeiros a escrever sobre a sociologia da
Amazônia, pontuando a problemática do preconceito e o atraso da região, para reabilitar a
Amazônia perante os visitantes que a viam como um obstáculo de sobrevivência devido o
clima e a civilização que se fazia presente na época. Além dele, outros intelectuais como
Djalma Batista, Leandro Tocantins, Euclides da Cunha, pretendiam que a Amazônia se
tornasse desenvolvida.
É importante ressaltar que Lima deixou um legado que até hoje faz parte das
Políticas Governamentais, mas que infelizmente é o grande percalço não só da sociedade
amazônica. Percebe-se que a Amazônia foi e continua sendo um grande cenário de
curiosidade. A floresta Amazônica foi pré-selecionada em 2008 como candidata a uma das
novas sete maravilhas da natureza, pela Fundação Sete Maravilhas do Mundo Moderno. A
produção intelectual dos viajantes é bastante heterogênea e as observações realizadas por
esses viajantes pautam-se primordialmente em um pensamento de tipo geográfico, onde
envolvem as bacias hidrográficas, a fauna e flora, as diferentes raças, elaboração de teorias
gerais da geologia ou até mesmo geográficas, portanto, serviu e continua servindo de base
para os estudos que os pesquisadores vêm desenvolvendo na atualidade, sobre a região
amazônica.
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A borracha também que antes só beneficia os grandes senhores e principalmente os
estrangeiros, hoje passou a ser utilizada na geração de emprego e renda para a população
amazonense, exemplo disso é a fábrica Levorin, a única no mundo a fazer pneu com a
borracha natural da Amazônia, apesar do Estado de São Paulo ser o maior produtor nacional
de borracha. Hoje a empresa faz parte de um projeto de agricultura familiar. "O
desenvolvimento da ciência na aplicação de novos materiais na indústria automobilística
potencializou as forças produtivas, e a produção de riqueza foi extensiva à toda cadeia do
setor"(SILVA, p.7).
Por fim, Araújo Lima propôs uma solução para melhorar tal situação, como a criação
de infraestrutura para melhorar a vida e o desenvolvimento da população da Amazônia e
atualmente a sociedade pode visualizar através da Superintendência da Zona Franca de
Manaus (Suframa). Finalmente, durante o processo de construção do artigo, procuro orientar
para as práticas de aprendizagem sobre a Amazônia, onde as mudanças ocorridas promoveram
transformações sociais e econômicas sobre a região.
Referências
BATISTA, Djalma. O complexo da Amazônia. 2 ed. Manaus: Editora Valer, 2006.
LIMA, Araújo - Amazônia: a terra e o homem. 3 ed. Rio de Janeiro: Editora Nacional,
1945.
OLIVEIRA FILHO, João Pacheco de. Sociedades Indígenas e Indigenismo no Brasil. Rio
de Janeiro: Marco Zero. UFRJ, 1987.
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SILVA, Marilene Corrêa da. Metamorfoses da Amazônia. Manaus: Editora da Universidade
do Amazonas, 2000.
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