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Apresentação

Vitor Affonso Sandes Lira


• Engenheiro Civil – Universidade Ceuma (2018);
• Esp. Saneamento Ambiental – Unyleya (2020);
• Esp. Estruturas de Concreto Armado e Fundações – INBEC (2020);
• Mestrando em Engenharia Hídrica – UNIFEI (2023 a 2025).

Atuação Profissional:
Construtora Impax – Prédio anexo do TCE-MA
CAEMA – Análise de projetos de Saneamento

SGE - Projetos de Saneamento (Casa&Terra - CAEMA)


SGE - Manutenção de Instalações Prediais (TCE-MA)
SGE – Fiscalização e execução de Obras/Reformas
UEMA – Professor (Campus Bacabal-MA)
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Disciplinas
Mecânica Geral
Princípios de Termodinâmica, fluidos e ondas
Instalações hidráulicas e sanitárias
Sistemas de esgotamento sanitário e drenagem
Hidrologia
Sistemas de Abastecimento de Água

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Ementa - Sistemas de Abastecimento de Água (SAA)
Unidade 1:
- Saneamento básico e saúde;
- Concepção dos Sistemas de Abastecimento de Água;
- População de Projeto e Consumo de Água;
- Escolha do Manancial e Qualidade da Água;

Unidade 2:
- Captação Superficial e Subterrânea;
- Tratamento de Água;
- Adução;
- Reservação;

Unidade 3:
- Distribuição;
- Operação e Manutenção da Rede; 3
OBJETIVOS

A disciplina de Sistemas de Abastecimento de Água tem por finalidade proporcionar ao


aluno do curso de Engenharia Civil habilitação para desenvolver e interpretar projetos
dessa área no decorrer de sua vida profissional, permitindo que atue em escritórios de
projeto, empresas construtoras, fiscalização e etc.

De acordo com as habilidades desenvolvidas ao longo do curso, o aluno poderá atuar


nas áreas de projetos, fiscalização de serviços, coordenação de equipes em obra,
orçamentos, perícias, compras e vendas técnicas.

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Referências
BÁSICA
• AZEVEDO NETO, J. M., et al. Manual de hidráulica. 9.ed. Blucher, 2015.
• BRASIL. FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE. Manual de Saneamento. 4. ed. Brasília: Ministério da Saúde. 2015.
• BRASIL. FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE. Apresentação de projetos de sistemas de abastecimento de água. 3.ed.
Brasília: FUNASA, 2005
• CHADWICK, A.; MORFETT, J.; BORTHWICK, M. Hidráulica em Engenharia civil e ambiental. 5.ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2016.
• DI BERNARDO, L.; DANTAS, A. D. B. Métodos e técnicas de tratamento de água. Vols. I e II, Rio de Janeiro: ABES,
2005.
COMPLEMENTAR
• ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT. Normas sobre Sistemas públicos de abastecimento de
água. NBR 12212/2017, NBR 12213/1992, NBR 12214/1992, NBR 12215-1/2017, NBR 12216/1992, NBR 12217/1994, NBR
1228/2017. ABNT, 1992.
• BRASIL. FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE. Apresentação de projetos de sistemas de abastecimento de água. 3.ed.
Brasília: FUNASA, 2005.
• DI BERNARDO, L.; DANTAS, A. D. B. Métodos e técnicas de tratamento de água. Vols. I e II, Rio de Janeiro: ABES,
2005.
• HELLER, L.; PÁDUA, V. L. Abastecimento de água para consumo humano. Belo Horizonte: UFMG, 2006.
• RICHTER, C. A. Água: Métodos e tecnologia de tratamento. 1.ed. São Paulo: Blucher, 2009.
• TSUTIYA, M. T. Abastecimento de água. 3. ed. São Paulo: Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária da
EPUSP, 2006.
Fonte: NDE Curso Engenharia Civil, 2022.
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DIA CONTEÚDO
15/03 Apresentação da disciplina

Cronograma 22/03 Unidade 1


29/03 Unidade 1
05/04 Unidade 1
12/04 Unidade 1
19/04 1º Avaliação
Presença ≥ 75%
26/04 Unidade 2
03/05 Unidade 2
10/05 Unidade 2
17/05 Unidade 2
24/05 Unidade 2
31/05 2º Avaliação
07/06 Unidade 3
14/06 Unidade 3
21/06 Unidade 3
28/06 Unidade 3
05/07 Unidade 3
12/07 3º Avaliação
19/07 PROVA DE 2° CHAMADA 6
Avaliações 1° Avaliação:
• Prova escrita
• Trabalhos
2° Avaliação:
• Prova escrita Média ≥ 7,00
• Trabalhos
3° Avaliação:
• Prova escrita
• Trabalhos
2° Chamada:
• Prova escrita

Se 5,00 ≥ Média ≥ 7,00 Avaliação final: Média geral ≥ 5,00


• Prova escrita
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Avaliações
✔ Somente lápis, grafite, borracha, caneta e calculadora em cima da carteira;

✔ Não será permitido qualquer empréstimo de material para colegas;

✔ A prova deve ser feita individualmente e sem consulta;

✔ A resposta final das questões de prova deve ser feita com caneta de tinta azul ou preta;

✔ A rasura em questões objetivas implicará em anulação das mesmas;

✔ Os cálculos das questões numéricas podem ser feitos a lápis, mas a resposta final deve ser escrita à caneta;

✔ A prova terá duração de 2 horas e cada questão vale 1 ponto;

✔ Não será permitido o uso de óculos de sol e/ou aparelhos eletrônicos (exceto calculadora científica);

✔ Qualquer forma de comunicação com outro(s) aluno(s) acarretará anulação da prova e nota zero.
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Siguema
Toda comunicação entre aluno-professor fora do horário de aula será
realizado pelo SIGUEMA.

Registros de aulas e informações como frequências, atividades e notas


serão disponibilizados no SIGUEMA após a correção das provas.

E-mail acadêmico: vitoraffonso@professor.uema.br

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Perguntas são bem-vindas

Sinta-se a vontade para perguntar


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SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA – AULA 1

Apresentação da disciplina

Saneamento básico e saúde:


- Introdução ao saneamento básico
- Histórico do saneamento básico no mundo
- Saneamento básico nos dias atuais
- Saneamento básico no Brasil
- Novo marco legal do saneamento básico
- Saneamento básico e saúde pública
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SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Introdução ao saneamento básico

“Sanear” é uma palavra que vem do latim e


significa tornar saudável, higienizar e limpar.

“É o conjunto de ações socioeconômicas que


têm por objetivo alcançar Salubridade
Ambiental, por meio de abastecimento de
água potável, coleta e disposição sanitária
de resíduos sólidos, líquidos e gasosos,
promoção da disciplina sanitária de uso do
solo, drenagem urbana, controle de doenças
transmissíveis na área urbana e rural”
(FUNASA, 2007).
SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Introdução ao saneamento básico


O principal objetivo do saneamento urbano é o controle e prevenção de enfermidades,
conseguido por:

• Tratamento de distribuição adequada de água;

• Remoção rápida e segura das águas residuárias e dos dejetos e resíduos líquidos das
atividades humanas;

• Tratamento dos resíduos líquidos, se necessário;

• Disposição sanitária dos esgotos, por meio do lançamento adequado dos mesmos em
corpos receptores naturais.
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SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Introdução ao saneamento básico


Além dos objetivos de prevenir doenças, o saneamento promove a melhoria das condições
de conforto e segurança dos habitantes e pode ser realizados por:

• Eliminação de aspectos ofensivos ao senso estético e desaparecimento dos odores;

• Em áreas em que o lençol freático é pouco profundo, drenagem do terreno, com


afastamento rápido de parte das águas precipitadas;

• Prevenção de desconfortos e mesmo de acidentes devido às chuvas intensas;

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SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Introdução ao saneamento básico


Com a implantação de obras de Saneamento também acontece o aumento da vida
eficiente dos indivíduos, com o acréscimo da renda nacional "per capita", seja pelo aumento
da vida provável, seja pelo aumento da produtividade.

Um indivíduo que constantemente adoece por falta de saneamento básico será menos
produtivo do que um outro indivíduo que tem acesso à serviços de saneamento, e portanto,
está menos exposto à agentes nocivos à sua saúde.

Logo, percebe-se que os serviços de saneamento urbano tem bastante relação com a saúde
humana. A seguir temos alguns exemplos de serviços de saneamento:

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SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Introdução ao saneamento básico

Drenagem urbana Tratamento de esgotos

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SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Introdução ao saneamento básico

Aterros Sanitários Coleta de resíduos sólidos

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SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Introdução ao saneamento básico

Controle de Pragas Resíduo Gasoso

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SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Introdução ao saneamento básico

Tratamento de água Abastecimento de água potável

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SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Introdução ao saneamento básico

A ONU (2015) estabeleceu a Agenda 2030 com 17 Objetivos de Desenvolvimento


Sustentável (ODS).

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SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Histórico do saneamento básico

Na antiguidade, o homem
aprendeu que a água suja e o
acúmulo de lixo disseminam
doenças. Assim, foi preciso
desenvolver algumas técnicas para
obter água limpa e livrar-se dos
resíduos, dando-se início a ideia de
saneamento básico.

Redes de esgoto construídas em Nippur, na Babilônia (3.750 a.C.). 21


SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Histórico do saneamento básico

Sistema de esgoto em Mohenjo Daro e Harappa (Índia - 2.600 a 1.900 a. C.) 22


SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Histórico do saneamento básico

Sistema para água residuária e salas de banho.


Civilização Minóica, Ilha de Creta. Em Cnossos ( 1.700 a.C.) 23
SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Histórico do saneamento básico

Roma: latrinas e aquedutos (séc. IV a.C).

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SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Histórico do saneamento básico

Roma: galeria de esgoto (séc. IV a.C). 25


SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Histórico do saneamento básico

Cidades próximas à fontes de abastecimento. 26


SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Histórico do saneamento básico

No tempo da Roma dos Césares,


foram construídas várias obras de
hidráulica, com o objetivo de
abastecimento d'água para o
consumo humano e também para
lazer, como por exemplo as famosas
piscinas e aquedutos romanos.

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SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Histórico do saneamento básico

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SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Histórico do saneamento básico


Na cidade de Segóvia, na Espanha, ainda está em funcionamento um tradicional
aqueduto com mais de 10 km de extensão e construído na época de Cristo.

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SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Histórico do saneamento básico


Além de evidências arqueológicas de obras de saneamento da antiguidade, também
existem evidências escritas:

O velho testamento bíblico apresenta diversas abordagens vinculadas às práticas sanitárias


do povo judeu, onde a necessidade de isolamento e lavagem para evitar a propagação de
infecções é frequentemente enfatizada.

• Quem tocasse em um cadáver devia ficar de quarentena. — Levítico 5:2, 3; Números 19:16.

• Quando havia a suspeita de que alguém tinha uma doença contagiosa, ela precisava
ficar de quarentena, aqueles que haviam se recuperado de uma doença precisavam
lavar as roupas e tomar banho para ser considerados puros. — Levítico 14:8, 9.
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SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Histórico do saneamento básico


• Há muitas referências ao lavar de pés na Bíblia (Gênesis 18:4; 19:2; 24:32; 43:24; 1 Samuel
25:41 e 1 Timóteo 5:9-10). O lavar dos pés não era feito somente por razões de higiene, mas
também para que os visitantes se sentissem confortáveis e bem-vindos.

Além dos relatos bíblicos, também existem relatos do ano 2000 a.C., de tradições médicas na
Índia, recomendando que:

• “A água impura deve ser purificada pela fervura sobre um fogo, pelo aquecimento no sol,
mergulhando um ferro em brasa dentro dela ou pode ainda ser purificada por filtração em
areia ou cascalho, e então resfriada” (Usepa, 1990).

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SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Histórico do saneamento básico

O saneamento básico nas civilizações mais antigas se desenvolveu em algumas cidades,


porém a falta de difusão dos conhecimentos de saneamento levou os povos a um
retrocesso durante a Idade Média. Nessa época, houve um aumento das cidades e uma
queda nos padrões de saneamento que consequentemente causaram sucessivas
epidemias.

O quadro característico desse período é o lançamento de dejeções na rua, pois a


população não possuía saneamento básico, como água encanada, coleta de lixo e muito
menos rede de esgoto. Com a calamidade da saúde pública e higiene, várias doenças se
proliferavam de forma mais rápida e para outras regiões.

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SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Histórico do saneamento básico

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SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Histórico do saneamento básico


A peste negra aconteceu no século XIV, no período da Baixa Idade Média. A doença atingiu
toda a Europa entre 1347 a 1350. A doença era transmitida através dos ratos e pulgas que
estavam infectados com a bactéria yersinia pestis.

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SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Histórico do saneamento básico

De acordo com os historiadores, entre 75 e 200 milhões de pessoas faleceram, algo entre 33%
e 50% do total da população europeia na época.

Os médicos passaram a utilizar uma máscara em forma de bico de pássaro, que era
preenchido com ervas aromáticas. Acreditava-se que essas roupas evitavam a
contaminação. 35
SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Histórico do saneamento básico

Depois da idade média a preocupação com o saneamento das cidades se intensificou aos
poucos em várias partes do mundo: Em Paris, no final do século XV, a distribuição de água
era controlada por canalizações. Em 1664, a distribuição de água canalizada foi
incrementada com a fabricação de tubos de ferro fundidos e moldados, por Johan Jordan,
na França, sendo instalada no palácio de Versailles. Pouco depois, Johan inventou a bomba
centrífuga e em 1775, Joseph Bramah inventou o vaso sanitário na Inglaterra.

Destaque para a França, que em 1829 intensificou o combate à poluição das águas criando
leis que previam punições, como prisão ou multa, para quem lançasse produtos, resíduos que
levassem os peixes a morte. Nesta época também se iniciou a implantação do saneamento,
bem como sua administração e legislação em conjunto com outros serviços públicos.

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SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Histórico do saneamento básico

A primeira Estação de Tratamento de Água (ETA) foi construída em Londres em 1829 e tinha a
função de coar a água do rio Tâmisa em filtros de areia. Com a descoberta de que doenças
letais da época (como a cólera e a febre tifoide) eram transmitidas pela água, técnicas de
filtração e cloração foram mais amplamente estudadas e empregadas, chegando próximas
ao que vemos hoje.

Em 1842, Edwin Chadwick iniciou um estudo que serviu de base para o desenvolvimento das
relações entre saneamento e saúde, e iniciou a medicina preventiva. A visão higienista
tornou-se dominante ao final do século XIX. Na França, implantou-se a medicina urbana, que
tem como objetivo planejar os espaços das cidades, disciplinando a localização de
cemitérios e hospitais, arejando ruas e construções públicas.

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SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Saneamento básico nos dias atuais

Nos dias de hoje, mesmo com os diversos meios de comunicação existentes, verifica-se a
falta de divulgação desses conhecimentos. Em áreas rurais a população consome recursos
para construir suas casas sem incluir as instalações sanitárias indispensáveis, como poço
protegido, fossa séptica, etc.

Assim, o processo saúde versus doença não deve ser entendido como uma questão
puramente individual e sim como um problema coletivo.

Saneamento básico = Prevenção de doenças

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SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Saneamento básico nos dias atuais

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SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Saneamento básico nos dias atuais

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SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Saneamento básico nos dias atuais

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SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Saneamento básico nos dias atuais

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SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Saneamento básico nos dias atuais

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SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Saneamento básico nos dias atuais

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SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Saneamento básico nos dias atuais

Segundo relatório recente divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de
4,5 bilhões de pessoas no mundo, bem mais da metade da população global atual de 7,6
bilhões de habitantes, não têm acesso a saneamento básico seguro.

37%

63%

Possui acesso a saneamento básico seguro


Não possui acesso a saneamento básico seguro 45
SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Saneamento básico nos dias atuais

Dados divulgados pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pela Organização
Mundial da Saúde (OMS):

• A cada 15 segundos uma criança morre de doenças relacionadas á falta de água potável.

• Em um ano, 3,5 milhões de pessoas, sejam crianças ou adultos, morrem por problemas relacionados
ao fornecimento inadequado de água, também à falta de saneamento e à ausência de políticas de
higiene.

• Pesquisas revelam que o despejo de 90% das águas residuais em países em desenvolvimento – em
banhos, cozinha ou limpeza doméstica – vão para rios, lagos e zonas costeiras e representam
ameaça real à saúde e segurança alimentar no mundo.
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SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Saneamento básico nos dias atuais

Dados divulgados pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pela Organização
Mundial da Saúde (OMS):

• No quesito água potável, ainda são 2,1 bilhões de pessoas em todo o mundo com ausência de água
encanada e tratada.

• Outro dado importante é que 600 milhões de pessoas compartilham um banheiro ou latrina com
outras famílias. Além disso, são 892 milhões de pessoas, principalmente em áreas rurais, que não têm
acesso à nenhum tipo de banheiro.

• Todos os anos, 360 mil crianças morrem de diarreia no mundo. Isso significa que a diarreia faz mais
vítimas que a Aids, a malária e o sarampo juntos.
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SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Saneamento básico nos dias atuais

Na lista a seguir constam alguns tipos de doenças causadas pela falta de saneamento
básico (Principalmente coleta de esgotamento sanitário e drenagem urbana):

• Tuberculose
• Diarreia
• Verminoses / Parasitoides
• Leptospirose
• Cólera
• Febre tifoide
• Ascaridíase (lombriga)
• Esquistossomose
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SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Saneamento básico nos dias atuais

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SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Saneamento básico nos dias atuais

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SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Saneamento no mundo

Em 2022 a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária relacionou índices de saneamento


comparando dentre todos os países que participaram do mundial de futebol.

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SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Saneamento básico no Brasil

No Brasil nos deparamos com 38%, em média, de perdas por conta de vazamentos em
adutoras, redes, ramais etc.
SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Saneamento básico no Brasil

Quanto à coleta de esgotos, o Brasil apresenta 75% de tratamento sobre o esgoto coletado e
46% de tratamento sobre o esgoto total.
SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Saneamento básico no Brasil


Após a vinda da família real portuguesa, em 1808, a população brasileira praticamente
dobrou em 30 anos. A demanda por água então começou a crescer e obras de
saneamento começaram a ser mais necessárias.

Então, no final do século XIX os serviços de saneamento foram organizados e concedidos a


empresas estrangeiras, mas o desenvolvimento da área não foi satisfatório. Os serviços
prestados pelas empresas estrangeiras eram de péssima qualidade o que forçou o governo a
estatizar o serviço no início do século XX.

A constituição de 1930 responsabilizava os municípios pelos serviços de saneamento e


abastecimento de água (o que se mantem até hoje).
SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Saneamento básico no Brasil


Na década de 1940 começaram a comercialização dos serviços de saneamento e em
função disso, surgem autarquias e mecanismos de financiamento. É dessa época que
surgem as bases da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), inicialmente com o nome
Serviço Especial de Saúde Pública (SESP).

Já no governo militar, um decreto de Lei 1969 autorizou o extinto Banco Nacional de


Habitação (BNH) a aplicar recursos próprios e do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de
Serviço) para financiar o saneamento.

Em 1971, o Plano Nacional de Saneamento (Plansa) foi instituído, nessa época começou uma
imposição de companhias estaduais sobre os serviços municipais e uma separação das
instituições que cuidavam da saúde das que planejavam o saneamento.
SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Saneamento básico no Brasil


Depois da redemocratização, e intensa luta, os municípios conquistam titularidade dos
serviços de saneamento em 2007 com a Lei Nacional do Saneamento Básico (LNSB). Essa Lei
estabeleceu as diretrizes nacionais para o saneamento básico no Brasil.

Atualmente o Plansab (Plano Nacional de Saneamento Básico) norteia a condução das


políticas públicas e traça metas e estratégias para o setor. Outros órgãos também existem
como a ANA (Agência Nacional de Águas), responsável pelo gerenciamento dos recursos
hídricos, e o SNIS (Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento) responsável pelas
informações sobre saneamento.
SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Saneamento básico no Brasil


Instituições Brasileiras de Saneamento:

• Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA)


• Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS)
• Secretaria Nacional de Saneamento (SNS)
• Fundação Nacional de Saúde (Funasa)
• Associação Brasileira de Engenharia Sanitária (ABES)
• Companhias Estaduais de Saneamento Básico (CESBs)
SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Saneamento básico no Brasil

Atualmente a responsabilidade pelos serviços é dos governos municipais, sendo prestado


majoritariamente por Companhias Estaduais de Saneamento Básico (CESBs). No entanto,
muitos municípios e CESBs não possuem recursos para investir, ou alcançam baixa eficiência
com seus investimentos, firmando por vezes parcerias com empresas de saneamento.
SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Saneamento básico no Brasil

O Governo Federal lançou em 2016 um programa de


“Desestatização” para as Empresas Estatais de
Saneamento. 20 Estados chegaram a manifestar
interesse, mas apenas 8 contam com estudos em
andamento ou concluídos.

Essa “Desestatização” é uma forte tendência do setor,


por conta da necessidade de investimentos da
iniciativa privada nos sistemas que muitas vezes se
encontram sucateados, como também por conta da
ineficiência da gestão pública dos serviços de
Saneamento.
SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Saneamento básico no Brasil

Em estudos liderados pela CAGECE e COSANPA (Companhias estaduais do Ceará e Pará,


respectivamente) apresentaram uma maior necessidade de investimentos do que os
números oficialmente estimados por seus governos. De acordo com estimativas
governamentais, o total de investimento necessário para universalização dos serviços de
saneamento seria da ordem de R$ 303 bilhões entre 2014 e 2033. A BF Capital estima que
este investimento deva chegar a algo próximo de R$ 500 bilhões nos próximos 20 anos.

Em 24/6/2020, em sessão remota, o Senado aprovou o NOVO MARCO LEGAL DO


SANEAMENTO BÁSICO ( PL 4.162/2019). Por tudo exposto, acredita-se no enorme potencial de
um universo de oportunidades neste setor, desde transações maiores como compra de
Estatais a vários estados buscando parcerias de investimentos.
SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Novo marco legal do saneamento básico

Com a aprovação da Lei que atualiza o marco legal do saneamento básico, a relação
regulatória entre a ANA e o setor de saneamento atingirá um novo patamar, já que a
Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico passará a editar normas de referência.

Estas regras de caráter geral deverão ser levadas em consideração pelas agências
reguladoras de saneamento infranacionais (municipais, intermunicipais, distrital e estaduais)
em sua atuação regulatória.

Conforme a Lei nº 14.026/2020, a ANA terá o papel de emitir normas de referência sobre:
SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Novo marco legal do saneamento básico

• Padrões de qualidade e eficiência na prestação, manutenção e operação dos sistemas de


saneamento básico;
• Regulação tarifária dos serviços públicos de saneamento básico;
• Metas de universalização dos serviços públicos de saneamento básico;
• Redução progressiva e controle da perda de água;
• Governança das entidades reguladoras;
• Reuso dos efluentes sanitários tratados, de acordo com as normas ambientais e de saúde pública;
• Parâmetros para determinação de caducidade na prestação dos serviços de saneamento básico;
• Normas e metas de substituição do sistema unitário pelo sistema separador absoluto de tratamento
de efluentes;
• Sistema de avaliação do cumprimento de metas de ampliação e universalização da cobertura dos
serviços públicos de saneamento básico;
SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Novo marco legal do saneamento básico

Universalizar significa tornar algo comum a muitas pessoas, propagar. Sendo assim, esse
termo está relacionado ao exercício da cidadania, que é quando todos os cidadãos
usufruem dos direitos e cumprem os deveres estabelecidos em lei. É por esse motivo que se
fala em universalização do saneamento básico no Brasil, ou seja, garantir a todos os
cidadãos a prestação desses serviços essenciais para o bem-estar e a saúde.

Existem inúmeros benefícios da universalização do saneamento para a sociedade, mas essa


ainda é uma meta bastante distante no país. Isso porque grande parte das doenças é
disseminada por meio da água sem tratamento e do esgoto a céu aberto, assim como pelos
lixões que acumulam resíduos e por animais e insetos vetores de doenças.
SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Novo marco legal do saneamento básico

Se é tão vantajoso investir em saneamento por quê este serviço é tão precário no Brasil?

• Obra invisível

Muitas vezes não nos damos conta de como o saneamento básico é essencial em nossas
vidas, pois a maior parte da sua estrutura não está visível. As tubulações estão enterradas e
as estações de tratamento de água e esgoto costumam operar em áreas mais afastadas
das cidades, portanto não são vistas diariamente e, por isso, são pouco lembradas.
SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Novo marco legal do saneamento básico


SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Novo marco legal do saneamento básico

Se é tão vantajoso investir em saneamento por quê este serviço é tão precário no Brasil?

• Pouca participação privada no setor

O serviço de saneamento básico pode ser prestado por empresas públicas ou privadas e
também em parceria entre essas duas frentes. Apesar disso, apenas 6% das cidades brasileiras
são atendidas pela iniciativa privada nesse setor.

Segundo estudo da Associação Brasileira das Concessionárias Privadas de Água e Esgoto


(Abcon), em 2016, o setor foi responsável por 20% do total investido em saneamento no Brasil.
Um índice alto que mostra que as empresas privadas têm interesse em fazer melhorias na área.
SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Saneamento básico e saúde pública

Afinal, vale a pena investir em saneamento?

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cada real investido em saneamento


básico gera uma economia de R$ 9 em gastos em saúde. Isso porque o maior custo de
saúde está nos problemas médicos causados pela falta de saneamento básico, que
acometem com mais intensidade crianças e idosos.

Segundo Rafaella Lange, gerente comercial da BRK, cada R$ 1 investido no saneamento


proporciona R$ 29,19 em benefícios sociais aos brasileiros – mais saúde, mais qualidade de
vida e melhores condições socioeconômicas.
SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

Saneamento básico e saúde pública

Assista ao documentário com os Embaixadores do Trata Brasil - A realidade do


Saneamento Básico no país, disponível no link:

https://www.youtube.com/watch?v=69N9aYM9bco
Obrigado pela atenção

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