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CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA DE PESCA – XXI CONBEP 1

21 A 24 DE OUTUBRO DE 2019
MANAUS (AM) – A CAPITAL BRASILEIRA DA PESCA E DA AQUICULTURA

PRODUÇÃO DA ESPÉCIE TAMBAQUI (Colossoma macropomum) NA PISCICULTURA


PARAÍSO NO RESERVATÓRIO DA UHE TUCURUÍ

Silmara Hellen dos Santos Tavares¹*; Jodivan Ferreira Vaz²; Leandro de Araújo Ferreira³;
Flávia Roseira dos Reis⁴; Marcos Ferreira Brabo⁵

¹siil.hellen777@gmail.com discente do curso de Engenharia de Pesca/UFPA; ²jodvaz99@gmail.com discente do curso


de Engenharia de Pesca/UFPA; ³ Leandroarferreira@gmail.com Mestre/Engenheiro de pesca-IFPA;
⁴ flavia.roseira.05@gmail.com discente do curso de Engenharia de Pesca/UFPA; ;⁵ marcos.brabo@hotmail.com Doutor
docente do curso de Engenharia de Pesca-UFPA

RESUMO:
A criação de peixes na região Norte do Brasil vem apresentando um desenvolvimento significativo.
A espécie tambaqui Colossoma macropomum é a espécie amazônica mais cultivada na região. O C.
macropomum tem se mostrado com uma boa eficiência produtiva para a piscicultura intensiva em
diversos estudos. O manejo da espécie na piscicultura Paraíso, na região do lago da Usina
Hidrelétrica de Tucuruí-PA, é realizado em três fases distintas em tanques-rede. Sendo a fase 1 a
fase de berçário que dura, aproximadamente, 30 dias. A fase 2 é fase de recria que chega a 90 dias.
E a fase 3 que é a fase de engorda que dura 180 dias. As densidades de estocagem foram
respectivamente para cada fase, 5000, 1600 e 40 ind./m³.Foram utilizados 15 tanques-redes
retangulares para o criação dos peixes, com o volume útil de 16,2 m³ cada. A produtividade do
tambaqui foi de 40 Kg/m³ e uma produção por ciclo de 9.720 Kg/m³. A mortalidade chegou a mais
de 10%, sendo 5% no berçário, 5% recria e 2% na engorda, estando dentro do esperado para a
criação da espécie tambaqui. A montante de capital que foi calculado foi de R$ 77,760,00 reais o
que pode ser um bom atrativo financeiro. Isso mostra a viabilidade da produção por ciclo da espécie
tambaqui na piscicultura e como sendo uma das principais espécies para garantir a sustentabilidade
do empreendimento.

Palavras-chave: Amazônia; sobrevivência; produtividade; e espécie.


CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA DE PESCA – XXI CONBEP 2
21 A 24 DE OUTUBRO DE 2019
MANAUS (AM) – A CAPITAL BRASILEIRA DA PESCA E DA AQUICULTURA

1- INTRODUÇÃO

O cultivo de peixes é considerado uma das atividades agropecuárias que mais cresce no
Brasil. A Piscicultura brasileira produziu 691.700 toneladas de peixes de cultivo em 2017. A
segunda posição na produção é representada por uma categoria de espécies de peixes que são os
nativos. De acordo com os dados de pesquisa, liderados pelo Tambaqui os nativos representam
43,7% da produção brasileira: 302.235 toneladas (AQUACULURE BRASIL, 2018).
O tambaqui compõe o grupo de peixes chamados de redondos, que juntamente com o pacu
(Piaractus mesopotamicus) e a piarapitinga (Piaractus brachypomus) representam a base da
produção de peixes nativos na piscicultura nacional, tanto como animais puros e especialmente na
produção de híbridos entre tambaqui e pacu (tambacu) ou tambaqui e pirapitinga (tambatinga)
(BALDISSEROTTO; GOMES, 2010). Por ser uma espécie reofílica e não se reproduzir
espontaneamente em tanques, a utilização de hormônios para a sua reprodução é necessária
(ARAUJO‑LIMA & GOMES, 2005).
No estado do Pará, a maioria dos empreendimentos comerciais adota o sistema semi-
intensivo, faz criação de uma grande variedade de espécies, geralmente com peixes redondos em
viveiros de derivação ou de barragem, e em menor escala com pirarucu ou surubim, alimentados
com ração comercial ou peixes forrageiros, principalmente a tilápia. Na mesorregião Sudeste, onde
está localizado o reservatório da Usina Hidrelétrica de Tucuruí, a criação de peixes redondos é
realizada em tanques-rede e no Baixo Amazonas em gaiolas flutuantes construídas totalmente de
itaúba Mezilaurus itauba, madeira de alta resistência encontrada na Amazônia (BRABO,2014).
O presente trabalho tem como objetivo analisar a produção e potencial de criação da espécie
tambaqui C. macropomum na piscicultura Paraíso, localizada no reservatório da usina hidrelétrica
de Tucuruí-PA, Brasil.

2- MATERIAL E MÉTODOS

O reservatório de Tucuruí está localizado no rio Tocantins, na região central do Estado do


Pará, formado a partir do barramento do rio para a construção da Usina Hidrelétrica de Tucuruí. Já
área inundada foi de 2.430 km², abrangendo 7 municípios da região sudeste do estado.
A piscicultura Paraíso é um dos empreendimentos aquícolas situados no reservatório da UHE
Tucuruí, onde foi implantada em 2007, inicialmente com 42 tanques-rede voltados para o criação de
pirapitinga, pelo empresário Gilberto Vaz sendo um dos pioneiros na atividade no reservatório.
Atualmente, o empreendimento dispõem de 148 tanques quadrados instalados e 17 tanques de
PEAD com uma produção anual de mais de 200 toneladas de peixe, dentre as espécies temos piau
(Leporinus sp.), matrinxã ( Brycon amazonicus) e tambaqui (C. mocropomum).
O trabalho foi realizada junto ao empreendimento no período de janeiro a junho de 2019.
Utilizou-se planilhas previamente estruturadas com para o acompanhamento dos principais dados
de produção.
A aquisição de alevinos de tambaqui é realizado uma vez por ano. Na produção a mortalidade
chega a mais de 10%, ele saí da recria com 30 dias para a primeira repicagem com 40g e ao fim da
recria chega a um peso de 300g com 90 dias. Após essa fase entra a engorda que dura 180 dias
chegando a um peso final de 2000 g (2 Kg) onde é o peso ideal para sua comercialização. Gerando,
aproximadamente, 10 toneladas de tambaqui por ciclo no ano.
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3- RESULTADOS E DISCUSSÃO

O manejo produtivo do tambaqui foi realizado em três fases distintas (FASE 1, FASE 2 e
FASE 3), durante o ciclo de criação com o tempo de dez meses na piscicultura. Na primeira fase os
peixes povoaram o berçário, que estava previamente preparado, na densidade de 5000 ind./m³.
Depois de quarenta e cinco dias, são repicados para outros tanques-rede segunda fase, que é a
recria, com densidade de 1600 ind./³. E finalmente foram manejados mais uma vez na terceira fase
com densidade de 20 ind./m³, onde ficaram até chegarem no peso de despesca para comercialização
(Tabela 1). Durante o ciclo de criação a espécie foi alimentada com rações com teor de proteína nas
fases 1, 2 e 3, respectivamente, 40% PB, 36% PB e 32% PB. A frequência alimentar para cada fase
correspondeu em 4 vezes, 3 vezes e 2 vezes diariamente, respectivamente as fases 1, 2 e 3.

Tabela 1. Dados de criação do tambaqui C. macropomum em tanques-rede na piscicultura Paraíso.


TAMBAQUI FASE 1 FASE 2 FASE3
Densidade de estocagem (ind./m³) 5000 1600 20
Peso inicial (g) 5 40 300
Peso final (g) 40 300 2000
Tempo de cultivo (dias) 30 120 300
Conversão alimentar (CA) 1;1 1.5:1 1.6:1
Sobrevivência (%) 95 95 98

A produtividade da espécie por ciclo de criação em dez meses nos tanques-rede de 16,2 m³ de
volume útil foi de 40 Kg/m³. Isto proporciona uma produção total de, aproximadamente, 9.720 Kg
da espécie tambaqui por ciclo. A conversão alimentar aparente ficou em torno de 1,6 o que nos
mostra uma grande eficiência produtividade (Tabela 2). Segundo Fernandes et al 2010, além da
rusticidade do tambaqui, que permite uma maior resistência a baixos níveis de oxigênio, apresenta
também elevada eficiência na conversão alimentar e adaptação ao arraçoamento.
Tabela 1. Produtividade do tambaqui C. macropomum em tanques-rede na piscicultura Paraíso.
Característica Valor
Número de gaiolas 15
Volume das gaiolas (m3) 16,2
Volume total das gaiolas (m3) 243
Produtividade (kg/m3) 40
Produção total (kg) 9720
Conversão alimentar (kg) 1,6
Preço de venda (R$/kg) 8,00
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Com uma produção de 9.720 Kg e com um preço de venda no valor de R$ 8,00 podemos
então calcular um montante de R$ 77.760,00. Isso nos faz mostra que a piscicultura em sistema
intensivo tem um bom retorno financeiro de capital investido. Já a espécie aparenta responder bem
ao sistema intensivo.
Para o empreendimento em questão podemos propor um aumento das estruturas dos taques-
rede como forma de aumentar ainda mais a produção, ou, ainda, testar novos ciclos de criação com
uma densidade mais elevada. Se bem sucedido esses novos ciclos da espécie tambaqui, a
piscicultura estará disponibilizando mais peixes para o mercado e aumentando a lucratividade.

4- CONCLUSÃO

A produção de tambaqui na piscicultura utilizando o sistema intensivo se mostrou eficiente e


com grande potencial para maior crescimento. O valor de montante com a produção da espécie por
ciclo de criação se mostra como sendo um negócio atrativo para a piscicultura. E o empreendimento
consegue ampliar suas estruturas desde que se repita a produtividade e uma boa margem de lucro.

5- REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

ARAÚJO‑LIMA, C.A.R.M.; GOMES, L. de C. Tambaqui (Colossoma macropomum). In:


BALDISSEROTTO, B.; GOMES, L. de C. Espécies nativas para piscicultura no Brasil. Santa
Maria: UFSM, 2005. p.67‑104.

BALDISSEROTTO, B.; GOMES, L. DE C. Espécies nativas para piscicultura no Brasil. 2ª ed.


Santa Maria: Editora UFSM, 2010.

Brabo, M.F. 2014. Piscicultura no Estado do Pará: situação atual e perspectivas. Actapesca,
Aracaju, v. 2, n. 1, p. 1-7, 2014.

FERNANDES, T. R. C.; DORIA, C. R. C.; MENEZES, J. T. B. Características de carcaça e


parâmetros de desempenho do tambaqui (Colossoma macropomum, Cuvier, 1818) em diferentes
tempos de cultivo e alimentado com rações comerciais. Boletim do Instituto de Pesca, n. 36. São
Paulo. 2010. p. 45 – 52.

Revista Aquaculture Brasil. Site: http://www.aquaculturebrasil.com/2018/02/19/peixe-br-lanca-o-


anuario-da-piscicultura-2018.

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