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Roteiro

O lar dos Cariongo


A origem e a resistência de um quilombo maranhense
Um roteiro de um livro que conta uma história em quadrinhos. Possui 24 páginas, destas, 4
páginas são de apêndices que trazem informações complementares além de fatos históricos,
cópias de documentos originais, árvore genealógica, quadro de curiosidades, casa vernacular,
entrevistas, nome das pessoas entrevistadas. Delimitação do terreno pelo Incra, cópia de
documentos e reivindicações e mapas

A história aborda uma narrativa, contando a história da fundação do quilombo Cariongo através
de seus fundadores, Sebastião Cariongo e família, sua luta e seu legado que até hoje tornam
Cariongo um símbolo de resistência.

Obs: Nos apêndices da HQ, desenhar a árvore genealógica da família de Sebastião Cariongo.
Segundo relatos de descentes, Sebastião nasceu livre, porém, seus pais e avós, provavelmente
foram escravizados. Ao chegar em Santa Rita Sebastião deveria estar na faixa etária dos 30 anos,
e sua esposa Josefa, um pouco mais jovem. Segundo relatos, era um homem alto e forte, de
pelo menos 1,80m e 90 kg. Josefa era uma indígena de longos cabelos pretos e lisos.
Roteiro

Prólogo
O prólogo abre a história nas duas páginas iniciais como um livro ilustrado, com uma ilustração
composta em cada página sem quadros e um texto complementando.

Pg1
Texto de referência (compor a pg sem quadro, com uma ilustração )
Entre o final do século 19 e início do século 20, após a abolição da escravatura e com o término
das monoculturas, como por exemplo as plantações e exportações do algodão e açúcar nas
províncias do Maranhão e Grão-Pará, grupos inteiros de negros recém libertos ou mesmo
fugidos, se deslocaram para áreas como fazendas abandonadas, terras doadas por seus ex-
senhores, ou mesmo terras devolutas e formaram comunidades cujas principais atividades eram
o cultivo da terra focada na cultura do milho, feijão, mandioca e arroz. Neste contexto, houve
também uma reconfiguração nos grandes proprietários de terras, que, como não possuíam
mais escravos para trabalhar na agricultura em suas terras, passam a explorar a mão de obra
destes grupos formados por negros recém libertos ou mesmo fugidos, fornecendo utensílios de
trabalho, cobrando por gêneros alimentícios não cultivados nas pequenas lavouras, roupas,
temperos, etc.., utilizando de estratégias de subordinação e endividamento destes grupos,
tornando-se detentores dos produtos cultivados por estes grupos. Institui-se neste contexto, a
figura dos grandes produtores rurais como atravessadores comerciais, que coloca como reféns
de suas estratégias, os agrupamentos negros rurais, seguindo o mesmo modelo da escravidão
formal.

qd1
Descrição de uma paisagem em plano panorâmico na qual um grupo de negros (homens,
mulheres e crianças), vestindo roupas típicas de negro do inicio do século 20 estão em meio a
uma plantação (roça) de mandioca, arroz, milho e próximo a muitas árvores, entre elas
palmeiras. Entre o grupo há alguns homens vestido de calça comprida e camisa, usando
chapéus e montados a cavalos (são os capatazes). Ao longo, umas casinhas de taipa com
cobertura de palha. /

qd2
Desenho de um mapa do Maranhão onde se desenvolve a caminhada de Sebastião com a
distância tracejada no mapa, saindo de Brejo para Santa Rita.

Pg2
prologo2

Descrição da página
Segundo relatos de descentes, Sebastião nasceu livre, porém, seus pais e avós, provavelmente
foram escravizados. Ao chegar em Santa Rita, Sebastião deveria estar na faixa etária dos 30
anos, e sua esposa Josefa, um pouco mais jovem.

A ilustração de um negro e uma índia (Sebastião e Josefa) em plano inteiro, conforme descrição
abaixo

Referência de desenho: Segundo relatos, Sebastião era um homem alto e forte, de pelo menos
1,80m e 90 kg. Josefa era uma índia de longos cabelos pretos e lisos e estatura mediana, com
cerca de 1,60m.
Obs: Nos apêndices da HQ, desenhar a árvore genealógica da família de Sebastião Cariongo a
partir dele e da esposa, com filhos e netos (conforme RTID)
qd1.e qd2. Descrever as atividades de lavoura do prologo 1
Dois trabalhadores negros trabalhndo em uma roça, com enxadas. eles estão vestidos de calça e
sem camisas
Mulheres negras em um campo aguado plantando arroz - as mulheres usam pano na cabeça.
Texto:
“É nesse contexto histórico que se deu o movimento migratório a partir do qual o ancestral
patriarca de Cariongo, Sebastião de Souza Lima, chegou à região do Vale do Itapecuru. É difícil
definir com exatidão o ano de sua chegada, porém, segundo a memória oral do grupo, a origem
do território reivindicado remonta ao início do século 20. (O LUGAR DOS CARIONGO, O SÍTIO
DOS CARIONGO OU O CENTRO DOS CARIONGO: Relatório Antropológico de Caracterização,
Histórica, Econômica, Ambiental e Sociocultural da Comunidade Autorreconhecida
Remanescente de Quilombo Cariongo, Santa Rita-MA. 2015. P. 89)
qd.3 Um negro montado em um cavalo percorrendo uma estrada de terra no meio da mata.

Pag. 3
Início da saga
Sequência de quadros:

Texto: Município de Brejo de Anapurus, na região do Baixo Parnaíba do Estado do Maranhão. O


ano gira em torno de 1905.

QD1 - Imagem de um vilarejo típico do início do século 20. Com pouquíssimas casas, roças e
animais ao longe. Casas de taipa com cobertura de palha.

TXT: Sebastião Lima está cansado de tanto trabalhar e não conseguir se sentir dono de seu
próprio lar. Ele que algo melhor para si, sua esposa Josefa e os seis filhos, um lugar para
trabalhar e descansar, um lugar para viver melhor.

QD2 - Descrição da página: uma roça com plantações de mandioca, milho, feijão. No meio da
roça um homem alto, usando calça e camisa surrada, um chapéu de palha esgarçado, segurando
uma enxada com uma das mãos e a outra enxugando o rosto molhado de sol. Ao alto, sol a
pino. Um pouco mais longe, dois meninos brincam com três cachorros.
Balão: O homem pensa: O trabalho aqui não está rendendo. Não posso mais esperar.

TXT: Depois de um dia cansativo de trabalho na roça, Sebastião se senta à mesa para jantar com
a esposa, Josefa e seus seis filhos: Antônio, Francisco, José (mais tarde chamado José Cariongo),
Euzébio, Simplício e a única filha, Benedita. Finalmente ele concluiu o trabalho na lavoura.
Vendeu uma parte da colheita de mandioca, e vendeu muita da farinha que produziu. Nos
últimos meses tem pensado em mudar o rumo de sua vida. A lida em Brejo tem sido muito
difícil. Pensa em seguir adiante, quem sabe partir com a família para Santa Rita.

QD3 - Descrição da página: Uma mesa em plano americano com duas panelas e 8 pessoas à
mesa, com pratos e colheres. Numa cabeceira, o pai, ao lado, a mãe e nos demais bancos, os
seis filhos (cinco meninos e uma menina). Compondo o cenário, uma mesinha com dois potes,
um fogão de barro. Algumas panelas anexadas em uma das paredes segura por pregos.

QD4
Texto (balão): - Zefa, andei pensando muito, e acho que realmente agora é hora de nós “tomar”
rumo e ir procurar um lugar melhor pra viver. Vamos par a Santa Rita. Lá a gente fica um tempo
com uns conhecidos até conseguir uma terra boa pra nós.
Josefa responde.
- E quando vai ser a mudança?
Sebastião - Amanhã mesmo tu já pode começar a arrumar as coisa. Logo cedo eu vou vender as
criações e com o dinheiro da venda da mandioca e da farinha, mais um pouco das criações, a
gente consegue sair daqui com alguma condição.

Pag.4

4 quadros
Qd1 - Sebastião vendendo os porcos na cidade, alguém segurando os porcos e ele recebendo
dinheiro
Qd2 – plano médio: Josefa arrumando as coisas em panos grande, que amarrados se
transformam em trouxas. Sentados no chão três crianças brincam com carrinhos de madeira
Qd3 – Sebastião colocando as cargas nos animais, os animais podem ser burros ou cavalos, são
05 animais no total, nesta cena devem aparecer pelo menos dois, descrever a cela dos animais e
os Jacás (pelo menos 03 burros terão 02 jacás de cada lado).
Qd4 - close em uma mão pegando um quadro de imagem de São Sebastião .

Pg 5.

Qd 1 - Parte superior inteiro da página: A família está pronta para partir. Uma das crianças vai no
colo de Josefa; de cada lado do animal que monta, um jacá cuidadosamente forrado onde leva
os outros dois. Em sua frente, liderando o comboio, Sebastião leva os poucos pertences em
mais dois jacás, com uma das crianças na garupa, e logo atrás deles segue um outro animal
carregando os dois primeiros filhos mais velhos e mais dois paneiros de farinha e uma saca de
arroz.

Qd2 no topo – a família de Sebastião em uma vista panorâmica se deslocando por entre a mata.
Sebastião puxa um cavalo com uma criança montada (5 animais), logo atrás dois cavalos com
duas crianças cada, Josefa aparece montada em um animal com mais uma criança, e atrás mais
um animal somente com a carga nos jacás.
Texto: Viajando por pelo menos uma semana, após percorrer cerca de 250 quilômetros,
parando apenas para comer e dormir, finalmente a família de Sebastião chega ao município de
Santa Rita. Cansados, mas esperançosos com o futuro.
Qd2 - descrevendo o sol quente e Josefa dando água numa cabaça para as crianças
Pg 6.
Qd 1.
Descrição da cena: O grupo chega em Santa Rita vista de cima ou por trás - placa com o nome
Santa Rita em madeira

Qdo 2:
Descrição de cena: grupo parado com os pais e os seis filhos pequenos (o mais novo colo da
mães, com vergonha), rodeados de outras pessoas. Mais ao lado, os cavalos com as trouxas,
jacas e cofos, pastam.
Texto da cena: Em Santa Rita, Sebastião, Josefa e os filhos são acolhidos por antigos conhecidos,
que moram no povoado Carionguinho.

Qdo 3 meia pagina inteira:


Descrição de cena:
Plano aberto visto de cima de uma roça, Sebastião lavrando a terra com a enxada.
Texto da cena: Forte e disposto, assim que se alojam no local, Sebastião busca meios de
sustento para si e sua família, e o trabalho na roça é que melhor sabe fazer.
_________________________________
Pag 7
Qdo1
Descrição de cena: É noite e Sebastião está sentado com alguns conhecidos. Fumando um
cigarro de palha, enquanto outros bebem (cerveja ou cachaça). Ele está pensativo
Texto de cena: Apesar de bem recebido pelos conhecidos, Sebastião sabe que precisa de uma
terra pra chamar de sua; um lugar onde possa criar seus filhos, plantar, cuidar dos animais e à
noite, descansar sob um teto.
Sebastião pensa (balão) Amanhã mesmo eu vou andar por estas terras. Vou conseguir construir
meu lugar, meu rancho pra morar com meus filhos e ter um pouco de paz.

Qdo2
Descrição de cena: Sebastião trilha um caminho muito estreito em meio ao mato, montado a
cavalo. Ele está de calça e chinelo, usando um chapéu na cabeça.
Texto de cena: Com esta ideia na cabeça, logo Sebastião inicia sua jornada em busca de tão
sonhadas terras, as quais possa ocupar sem causar nenhum dano para si ou para outros grupos.

Qd3
Descrição de cena: Sebastião está numa quitanda, vendendo um paneiro de farinha e
comprando outros mantimentos. Do lado de dentro do balcão, um comerciante entrega pra ele
uns litros (querosene), peixe seco, fumo.
Texto de cena: Com o passar dos tempos, Sebastião vai se tornando conhecido em Carionguinho
e nos povoados vizinhos como um bom trabalhador, uma pessoa que encara o trabalho de
frente e com vontade de vencer. Assim, os anos vão passando e o desejo de ter algo seu, vai
aumentando em Sebastião.

Qd4
Descrição de cena: a família de Sebastião está sentada na mesa de jantar. No meio da mesa,
uma lamparina ilumina as panelas, os pratos e colheres e os seis filhos do casal. Josefa grávida
serve a comida de Sebastião.
Josefa fala – e então homem. Conseguiu ver alguma coisa pra gente comprar e se mudar?
Sebastião responde – Ainda não. Mas não vai demorar.

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(FALTOU INFORMAÇÃO DA BR 135 QUE AINDA NÃO HAVIA SIDO CONSTRUIDA E A DESCRIÇÃO
DA CENA, DO PORTO KELRU E DO MAJOR LIMA)

8 Texto:
A página vai mostrar o trabalho e reconhecimento
Qd1.Sebastião trabalhando na roça dando uma enxadada no chão na cena podem ser vistos tb
seus filhos adolescentes a roupa de joão pode ser uma camisa de botão e bermuda, depois ele
está em uma canoa pequena junto com um dos seus filhos, o seu filho veste somente umm
calção e uma camiseta, depois junto com outras pessoas colocando uma cobertura de palha em
uma casa de taipa.
Na vegetação característica da região é de palmeiras e mangueiras
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Pag 9.
Texto da página
Naquela época, não havia ainda sido construída a BR 135. Os principais meios de transportes
eram cavalos, barcos e canoas.
qd1 cena aberta, Cariongo junto com um dos seus filhos numa estrada na mata, puxando mais
um animal com carga, a carga pode ser jacás e sacos,
Qd2
Os centros comercias eram Kelru e Gamarras em Gamarras...
Chegando em uma vila com um porto que é só um deckzinho de madeira indo pra dentro do rio.
com algumas canoas e algumas barracas no chão, carregadores de cofo e saco. Pessoas
vendendo animais, como porcos e galinhas...
Lá também se vendia e comprava de praticamente tudo o que a população da época
necessitava para sobreviver.
q2 e 3.mostrar detalhes de vendas e compras, como: cenas de dentro de um comercio tipos
aqueles do mercado central com muitas coisas penduradoas, mas, não uma cena
aberta.Somente um detalhe desta cena, dois quadros mostrando esta cena
Era um dos maiores portos da região e de lá saiam as gambarras (barcos grandes de dois
pavimentos) carregando animais e também pessoas, para a capital São Luís e outros municípios
com braços do Rio Mearim.
qd4. Mostrar a gambarra

pG10
Em Kelru fica outro centro comercial localizado a cerca de 16 quilômetros de Carionguinho, era
o principal da região...
No local ficava situada a fazendo do major Lima o comerciante mais influente daquelas bandas.
Todo o movimento de compra, troca e venda funcionava na fazenda do Major Lima,
principalmente aos finais de semana, quando os lavradores, agricultores, pescadores e
criadores de animais da região se dirigiam ao local para vender ou trocar suas mercadorias.
Nestes dias, o local funcionava como um grande mercado. La se vendia de tudo: gêneros
alimentícios, roupas, redes, calçados, carnes, peixes, ferramentas de trabalho e até medicações.
Qd1 . Cenas do comercio Local, barracas de carne de gado com os pedaços pendurados, peixe,
ferramentas. Esta cena pode ser divida em 02 quadro mais fechados ou uma cena aberta maior

Kelru, A fazenda era dividida em moradia da família do Major Lima, um matadouro, venda de
utensílios e feira, que ficava muito próxima às margens do Rio Itapecuru. A movimentação de
canoas e barcos era grande. Do porto do Kelru, comerciantes e atravessadores levavam
mercadorias para muitos municípios maranhenses. De lá, os peões embarcam as mercadorias
em canoas e barcos que seguiam rio acima ou abaixo para vender em outros povoados e
municípios. Dentre os lavradores que negociavam com major Lima, estava Sebastião.

2, sebastião tirando as coisas da cangalha, cofos com bicho, sacas de arroz ou feijão
Já para o Kelru, Sebastião levava muito mais produtos oriundos de suas roças. Arroz, farinha,
milho, banana, feijão. De tudo o que a família plantava, parte era para sua subsistência e a outra
parte tinha como destino o Kelru e o Gambarras. Sebastião tanto vendia, como trocava seus
produtos por medicações, sal, açúcar, ferramentas, roupas e outros gêneros que não conseguia
com facilidade. Sua relação com o major Lima era de confiança e certa camaradagem. Major
Lima respeitava Sebastião por seu jeito sério e comprometido. Major Lima era casado também
com uma mulher das terras de Carionguinho e mantinha uma certa amizade com os familiares
de Josefa. Com esta aproximação e o respeito que nutria por Sebastião, intermediou a venda de
umas terras próximas à Carionguinho.

qd3. Sebastião conversando com o major, dentro de um comercio ambientado com varios sacos
e cofos ao redor. O major esdtá com a mão sobre o ombro de sebastião numa demonstração de
amizade e respeito
Cariongo segura seu chapeu com as duas mãos.

Pg11.
Texto da pagina
Finalmente se concretizava o sonho de Sebastião de ter suas terras, que estavam localizadas nas
proximidades do igarapé Carema (citar localizações geográficas onde se situa Cariongo).
: A compra se concretizou por meio de dinheiro das vendas de produtos economizado por
muitos anos, e também por meio de troca de mercadorias, que por anos, Sebastião forneceu ao
Major Lima até quitar sua dívida.
Naquela época, o lugar que viria a ser Cariongo, pertencia ao Centro do Polónia, ou Centro de
Paulina, ancestral matriarca do Centro da Paulina, local onde está localizada uma pedra: a pedra
fundamental, o marco zero do povoado Cariongo, e que delimita, geograficamente, o território
étnico de Cariongo e o povoado Carionguinho. Desde que chegaram a Carionguinho, Sebastião
e Josefa tiveram mais dois filhos
Qd.1. qdo em meia página mostrando um mapa(antigo ou atual?) da região do maranhão onde
se situa cariongo.
_________
A única forma que os lavradores, produtores rurais da região de Santa Rita e Itapecuru Mirim
tinham de comercializar seus produtos e gerar um pouco de renda, era por meio das
negociações no porto do povoado Kelru, sob a tutela de Major Lima. Também era uma forma de
estes mesmos produtores ficarem sempre em débito, pois eles sempre precisavam de
medicamentos, ferramentas de trabalho, temperos, roupas e outros utensílios e nem sempre
havia o dinheiro para comprar estes produtos. Assim, muitos trabalhadores rurais estavam
sempre em débito e a grande maioria dos produtos que plantavam e cultivavam iam
diretamente para as vendas de Major Lima, sobrando só o necessário para a subsistência das
famílias, num ciclo sem fim. No caso de Sebastião Lima, o que lhe permitiu uma certa
independência, e também fez com que Major Lima oferecesse as terras para ele, foi o dinheiro
economizado desde que moravam em Brejo, com a venda das criações de também de muitos
paneiros de farinha. Isto, porque Sebastião tinha um propósito, que era justamente a compra de
suas terras.
____
E assim, pelo menos de seis em seis meses, Sebastião selava uns cavalos, enchia os jacás de
mantimentos: eram sacos de espigas de milho, paneiros de farinha e sacos de arroz, frutas da
estação, caças e criações, e andava pelo menos três dias a cavalo até chegar no porto do Kelru.
Esta viagens para negociação de mercadorias duravam em média de uma semana a 10 dias
longe de casa. Era pelo menos seis de viagem ida e vinda e de um a dois dias nos portos, a
depender dos produtos que ia vender ou negociar. Depois de tantos dias fora de casa, sempre
que retornava Sebastião é sempre recebido com festa e curiosidade. Os filhos ficam na
expectativa do que o pai vai trazer de “novidade”: às vezes é uma roupa nova, outras vezes,
redes novas, calçados, ou mesmo rapadura, açúcar, sal, etc.

1.Sebastião chegando em casa em uma cavalo, puxando outro animal com carga. Josefa grávida
e com um filho no braço e alguns dos seus filhos menores estão a sua espera.
2. Josefa em plano medio segura um vestido dado por Sebastião
3. As crianças recebem presentes tb. quais?

Descrição da página
Qd1 -Cena do comercio local
Frutas e verduras animais vivos (porcos, biodes e galinhas) e peixes, sendo vendidas em
barracas e em meansabas no chão,frutas, acrescentar um ou dois comercios grandes de portas
abertas com sacas de mantimentos e várias coisas penduradas.
As pessoas que fazem parte das cenas são pessoas usando vestes simples.

Qd 2 sebastioão dentro de um comercio, pegando algumas roupas. O comercio é ambientado


com um balcão de madeira, várias coisas penduradas como cordas, cabaças, folhas de fumo,
facão, arados. E ao redor amontoados de paneiros de farinha e sacos de estopa.
Qd3 Encontro com o major (Sebastião está de costas com o chapéu seguro pelas duas mãos e
veste uma camisa semi aberta o major tb tira o chapéu ambos estão em pé conversando. O
major está de camisa de botão manga comprida cinto e botas
Qd 4 – negociação - Nesta cena Sebastião entrega um maço de dinheiro para o major

Pg.12
texto da página; Logo que comprou as terras, Sebastião e Josefa, com a ajuda de alguns
parentes começaram a roçar o lugar onde iriam construir a casa da família. Sebastião escolheu
um local de onde se podia ver o nascer do sol e lá com este mesmo grupo e mais os filhos,
foram para a mata em busca de talos, troncos e palhas para fazer o envaramento e cobertura da
moradia: uma casa casa vernacular de barro coberta da palha da palmeira. O casal já contava
com nove filhos e Josefa estava grávida do décimo, então a casa contava com cinco cômodos:
uma varanda, uma sala, dois quartos e uma grande cozinha. Foi nesta casa que nasceram os
dois filhos mais novos do casal (citar os nomes deste filhos), formando uma família de 14
pessoas.
Logo o povoado é batizado de Cariongo, uma homenagem homônima ao patriarca Sebastião,
que havia recebido o apelido ainda no povoado de Carionguinho.

Descrição da página
Qd1. José e família construindo uma casa (a casa deles no povoado) o sol ao fundo
casa de taipa coberta de palha com um terracinho.
ele trabalha com os filhos e josefa grávida participa levando água numa cacimba para josé e os
filhos. Esta pode ser uma cena grande em meia página, ou uma sequencia de quadros menores.
Qd2. Em meia página. desenhar uma paisagem com a casa ao fundo e a familia de cariongo e
Josefa com os filhos em frente, como se estivessem posando para uma foto. Ao ladfo deles uma
placa de madeira com o nome da Vila.

Pg.13
texto da página
O trabalho era muito, mas a terra era boa e compensava com a fartura de alimentos..
Além do trabalho havia a dedicação catgólica e o santo era Sebastião
qd1. Sebastião trabalha na roça com os filhos, a ação pode ser plantando verduras, arando a
terra com um boi, puxando agua de poço
qd2 um dos filhos ao fundo chegando com um monte de peixes no ombro pendurado, e josefa
tratando os peixes num giral.
q23. em um momento ludico, Sebastião se reune com alguns dos seus familiares numa noite de
lua ao redor de uma fogueira com um dos seus filhos batendo tambor.

Pg.14.
qd1. Sebastião e alguns dos seus filhos à frente de uma capelinha com um cruzeiro à frente
récem construida admirando a construção, por conta de sua devoção.
qd2. Sebastião desenrola de um pano a imagem de São Sebastião
qd.3sefa arruma um dos seus filhos de 7 anos, com a roupinha típica do interior
qd.4 Pessoas de várias regiões chegandop ao vilarejo e uma onomatopeia indincando o som da
ronqueira.

Muito católico, além da casa da família, Sebastião constrói ao lado da casa, uma igrejinha, de
taipa mesmo, com o cruzeiro bem na frente. Trazendo os costumes de onde vinha, todo mês de
janeiro, festeja seu santo padroeiro, São Sebastião. O festejo, algo que se inicia pequeno,
apenas com membros da família, aos poucos vai ganhando corpo e grande alcance, tornando-se
famoso e muito prestigiado na região.
O tempo passa, os filhos vão crescendo e o povoado também. Mas a vida continua do mesmo
jeito: o trabalho em casa, a lida na roça e dias de festejos a cada ano. As roças eram fartas, a
família começava a roçar em agosto e setembro, para limpar em novembro e plantar em
dezembro e janeiro. A partir de março começavam a colher. E assim o ciclo continuava.
Plantavam maniva, feijão, milho, arroz, maxixe, pepino. Eram tempos de fartura também no
igarapé Carema com uma grande variedade de peixes, como piaba, traira, mandi, sarapó catana,
jondia, piau, entre outros, e na mata se podia caçar desde veado a cutias, nambus, tatu, perdiz,
paca, quati, etc.
Além dos cuidados na casa e com as crianças, Josefa costura e conserta suas roupas e as
vestimentas da família. Ela também cozinha muita comida típica, usando principalmente como
base, a macaxeira, a mandioca e o milho. É beju, canjica, mingaus, bolos, cuxá, bobó. Em dias de
festa, então, a fartura é grande e deliciosa. Todos os moradores do povoado contribuem com a
comida. As mulheres se reúnem para cozinhar para todos os participantes. Vem gente de todos
os povoados vizinhos prestigiar o famoso festejo de São Sebastião. Após as ladainhas e rezas, o
som dos tambores ganha a noite e contagia homens, mulheres e crianças. Todos e todas
dançam e brincam, honrando sua ancestralidade e agradecendo a vida.
Pg.15
qd1 do festejo (descrever).
igrejinha de taipa ao fundo, fogueira, pessoal esquentando o tambor, comidas e frutas em cima
das mesas, crinças correndo. Donas de casa preparando comida.
Uma cena ampliada meia página()
qd2. Tocadores de tambor e coreiras
qd3. um altar com a imagem de São sebastião coberta com flores e folhas

Pg 16.
Porém, nem tudo era paz e festejo, a luta pela legalização e posse do território
Texto da página: Pelo menos 10 anos se passaram até serem legalizadas as terras que deram
origem ao território Cariongo.
Em 1915, finalmente Sebastião legalizou suas terras, na comarca de Rosário.
Descrição da página
qd1 - cena da frente do Cartório de Rosário
qd2 - Cariongo em uma sala (informações do apêncice) e assinando papeis(documentos) na
mesa está sentado um funcionário do cartório, um senhos de meia idade com óculos vestindo
camisa de botão.
qd3. O senhor carimba um documento
qd4. osenhor entrega os documentos a josé.
Pg.17
conflito
Texto da página: Porém, nem tudo era paz e festejo. Naquele tempo, a posse por terra era uma
questão muito comum. Os conflitos por terra eram muito mais violentos, causando desarmonia,
lutas e até mortes. As terras da família Cariongo, que se tinham como limites de refrências
territoriais o Centro de Tiodoroa, Carema dos Marques e o Igarapé de Três Bocas, totalizava
uma área de 589.797 hectares, eram motivo de intensos conflitos. Conflitos entre outros grupos
e entre fazendeiros. Numa disputa com outro grupo, um dos filhos de Sebastião entrou numa
luta com outro grupo familiar próximo ao território de Cariongo, num povoado chamado Santa
Filomena. Logo que soube do ocorrido, Sebastião saiu em defesa do filho. No meio da luta,
desferiu um golpe no oponente e também levou um golpe violento, causando um corte
profundo em uma de suas mãos. (verificar qual foi a mão )
texto:. Deixando o oponente no chão, Sebastião saiu do local do conflito com o braço cortado
carregando o filho nos ombros. Ao chegar nas proximidades das residências, embaixo de uma
grande mangueira, ele terminou de decepar a mão e lá mesmo enterrou o membro. Mesmo
sem um dos membros, Sebastião continuou levando sua vida de lida na roça até o fim de seus
dias.
Descrição da página
qd1-Cena de um duelo de facas
qd2.Sebastião segura sua mão ferida (mão esquerda).
qd3. Sebastião por detrás de uma árvore grande enterrando a sua mão. (pode mostrar somente
ele detrás da árvores, o texto que vai explicar que ele está enterrando a mão) já com o punho
decepado enfaixado.
Pg 18
Sebastião faleceu bem idoso, com mais de 85 anos. Josefa continuou viva ainda por mais alguns
anos. Antes de morrer, ele chamou todos os filhos que ainda estavam vivos e falou: “Esta terra é
de vocês, cuidem bem dela. Quando vocês morrerem, tudo isso aqui vai ser dos filhos de vocês,
que vão deixar para os filhos deles e assim por diante”.
Josefa faleceu um tempo depois do marido, e pôde ver o povoado fundado por ela e seu
esposo, em expansão. Além das casas dos filhos e netos, havia muitas casas de agregados. E
assim como determinou o patriarca dos Cariongo, os cuidados e a defesa da terra ficaram por
conta das gerações seguintes.
Descrição da página
qd1. em plano americano no terraço da casa, com o sol se pondo ao fundo: Sebastião bem
velhinho está de mãos dadas com Josefa tb bem velhinha. Eles podem estar de mãos dadas ou
abraçados de costa sentados em um banco no terraço da casa deles olhando o por do sol.
qd2 Josefa bem velhinha conversando com os filhos: “Esta terra é de vocês, cuidem bem dela.
Quando vocês morrerem, tudo isso aqui vai ser dos filhos de vocês, que vão deixar para os filhos
deles e assim por diante”.
qd3.Cena da Vila, agora em expansão. com mais casas mais pessoas, casas de alvenaria. A cena
deve mostrar o desenvolvimento da Vila
Pg19
Fenomeno Luz Dona Lulu
datar este período tipo: 1997.
Dona Lulu, uma senhora magra de óculos fundo de garrafa sentada em uma cadeira de balanço
conta essa história
Passados alguns anos, já na terceira geração dos Cariongo, surgiu um foco de luz, no mesmo local onde
havia sido enterrada a mão de Sebastião. Muitos diziam ser o espírito de Sebastião. Por muitas décadas
este fenômeno provocou as mais diversas reações nas pessoas, de medo a curiosidade. Alguns viam esta
manifestação como uma maldição, tendo inclusive muitas famílias, ficando sem ai menos pronunciar o
nome do patriarca dos Cariongo. Já a partir da quarta geração é que este tabu foi quebrado. Dizem que
após ter sido cortada a árvore sob a qual foram enterrada a mão de Sebastião, o fenômeno parou de
acontecer. Dona Lulu, filha de Quintino, diz que ainda chegou a ver a tal luz, mas que com o tempo ela
foi desaparecendo.
O Tabu donome amaldiçoado
As pessoas tinham medo parecia uma maldição
Descrição da página
3 quadros
qd1 Dona Lulu sentanda em uma cadeira conta essa historia
qd2. A silhueta de alguem à noite escondido olhando uma luz no mato e por detrás a silhueta de uma
grande arvore
Qd 3 Luzes no ceu
qd4. pessoas da comunidade derrubando uma arvore grande (silhuetado)

Pg 20.
Invasão das terras por Zé preto
Em meados dos anos 1990, um fazendeiro de nome Zé Preto começou a invadir as terras,
justamente a parte mais fértil, no local onde se costumava fazer as roças de mandioca. A
invasão foi se dando aos poucos, os herdeiros de Cariongo reclamaram o quanto puderam, mas
Zé Preto continuava a fazer as cercas cada vez mais adentrando o território. Com a cerca
finalmente toda construída, pistoleiros ameaçavam de morte quem ousasse adentrar o local.
Desde então, uma grande parte do território, na qual havia a melhor terra para o plantio da
mandioca, foi usurpada.
Descrição da página
qd1. Um capataz pregando uma cerca de arame farpado entre outros armados na cena
qd2. um vaqueiro branco de chapeu e bigode (zé preto), com 02 capatazes ao fundo e em
primeiro plano uma mulher e duas crianças negras abaixo de uma colina meio que acuadas
qd3. varias mãos negras de punho fechado e levantadas
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apendice:
Resistencia a Cariongo
Atualmente o quilombo Cariongo resiste a vários tentativas de expropriação desde que fora
adquirido pelo patriarca Sebastião Cariongo, pelo menos 302.7034 hectares de um total de
589.7976 hectares do território (pag. 35 do RTID), foi ocupado indevidamente por fazendeiros.
Mas também há um grande conflito com o DENIT, por causa da duplicação da BR 135.
Apesar de tudo, os herdeiros continuam zelando e lutando para preservar o território deixado
por Sebastião. Mantendo viva sua memória, suas tradições, sua história e seu legado.
Descrição da página
Cena dos movimentos sociais contemporâneos
Cena de Antonia ou outra lider da comunidade no plenario brigando pelos direitos

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