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Roteiro

A historia de Cariongo
um roteiro de um livro que conta uma Historia em quadrinhos. Possui 24 pgs
destas, 4 páginas são de apêndices que trazem informações complementares além
de fatos históricos, cópias de documentos originais, árvore Genealógica, quadro de
curiosidades, casa vernacular, entrevistas, nome das pessoas entrevistadas.
Delimitação do terreno pelo Incra, cópia de documentos e reivindicações e mapas

A história aborda uma narrativa, contando a historia da fundação de Cariongo


através de seus fundadores, Sebastião Cariongo, sua luta e seu legado que até hoje
tornam Cariongo um símbolo de resistência.

Prólogo
O prólogo abre a história nas duas pg iniciais como um livro ilustrado, com uma
ilustração composta em cada página sem quadros e um texto complementando.
Pg1 prologo1
Texto: Compondo a página sem quadro
Entre o final do século 19 e início do século 20, após a abolição da escravatura e com
o término das monoculturas, como por exemplo das plantações e exportações do
algodão e açúcar nas províncias do Maranhão e Grão-Pará, grupos inteiros de negros
recém libertos ou mesmo fugidos, se deslocaram para áreas como fazendas
abandonadas, terras doadas por seus ex-senhores, ou mesmo terras devolutas e
formaram comunidades cujas principais atividades eram o cultivo da terra focada na
cultura do milho, feijão, mandioca e arroz. Neste contexto, houve também uma
reconfiguração na figura dos grandes proprietários de terras, que, como não
possuíam mais escravos para trabalhar na agricultura em suas terras, passam a
explorar a mão de obra destes grupos formados por negros recém libertos ou
mesmo fugidos, fornecendo utensílios de trabalho, cobrando por gêneros
alimentícios não cultivados nas pequenas lavouras, roupas, temperos, etc..,
utilizando de estratégias de subordinação e endividamento destes grupos, e
tornando-se detentores dos produtos cultivados por estes grupos. Institui-se neste
contexto, a figura dos grandes produtores rurais como atravessadores comerciais,
que coloca como reféns de suas estratégias, os agrupamentos negros rurais,
seguindo o mesmo modelo da escravidão formal.

qd1
Descrição de uma paisagem em plano panorâmico na qual um grupo de negros
(homens, mulheres e crianças), vestindo roupas típicas de negro sec XIX se dirigem a
uma vila com poucas casas e muitas árvores e entre elas palmeiras, as casas são de
taipa com cobertura de palha.
qd2
Desenho de um mapa da região baixo itapecuru onde se desenvolve a caminhada de
sebastião com a distancia tracejada no mapa

1
Pg2 prologo2
Texto:
“É nesse contexto histórico que se deu o movimento migratório a partir do qual o
ancestral patriarca de Cariongo, Sebastião de Souza Lima, chegou à região do Vale
do Itapecuru. É difícil definir com exatidão o ano de sua chegada, porém, segundo a
memória oral do grupo, a origem do território reivindicado remonta ao início do
século XX. (O LUGAR DOS CARIONGO, O SÍTIO DOS CARIONGO OU O CENTRO DOS
CARIONGO: Relatório Antropológico de Caracterizdaação, Histórica, Econômica,
Ambiental e Sciocultural da Comunidade Autorreconhecida Remanescente de
Quilombo Cariongo, Santa Rita-MA. 2015. P. 89)

Obs: Nos apêndices da HQ, desenhar a árvore genealógica da família de Sebastião


Cariongo.
Segundo relatos de descentes, Sebastião nasceu livre, porém, seus pais e avós,
provavelmente foram escravizados. Ao chegar em Santa Rita Sebastião deveria estar
na faixa etária dos 30 anos, e sua esposa Josefa, um pouco mais jovem. Segundo
relatos, era um homem alto e forte, de pelo menos 1,80m e 90 kg. Josefa era uma
índia de longos cabelos pretos e lisos.

Descrição da página
A ilustração de um negro e uma negra (sebastião e Josefa) em plano americano (da
cintura para cima)
Complementar com outras informações dos apêndices sugestâo(arvore genealógica)

Pag. 3
Inicio da saga
Texto: de 1905 (15 a 1918). Sebastião Lima deixa tudo para trás, levando a esposa,
Josefa e os seis filhos em busca de um lugar onde possa viver melhor.
Depois de um dia cansativo de trabalho na roça, Sebastião senta à mesa para jantar
com a esposa, Josefa e seus seis filhos: Antônio, Francisco, José (mais tarde
chamado José Cariongo), Euzébio, Simplício e a única filha, Benedita. Finalmente ele
concluiu o trabalho na lavoura. Vendeu uma parte da colheita de mandioca, e
vendeu muita da farinha que produziu. Nos últimos meses tem pensado em mudar
o rumo de sua vida. A lida em Brejo tem sido muito difícil. Pensa em seguir adiante,
quem sabe parte com a família para Santa Rita.

Descrição da página
5 quadros
Quadro1 – caracterização da vista de brejo visto de cima com a vegetação e o
telhado das casas, talvez tenha rio ou lagoa para caracterizar
Quadro 2 ao 4: uma sequência de uma ao lado da outra no centro da página.
Um homem com uma enxada na roça, um caldeirão no fogo, uma mão pendurando
um chapéu em uma cabideiro de galho preso na parede.
Qdo 5
Uma mesa em plano americano com uma panela e +-7 pessoas à mesa e um negro

2
ao meio sebastião e seus filhos e esposa
aos lados

Pg.4
Texto: - Zefa, andei pensando muito, e acho que realmente agora é hora de nós
“tomar” rumo e ir procurar um lugar melhor pra viver. Vamos par a Santa Rita. Lá a
gente fica um tempo com uns conhecidos até conseguir uma terra boa pra nós.
Josefa faz uma prece silenciosa. Finalmente a família sairia em busca de algo melhor.
A vida em Brejo não estava nada fácil.
- E quando vai ser a mudança?
- Amanhã mesmo tu já pode começar a arrumar as coisa. Logo cedo eu vou vender
as criações e com o dinheiro da venda da mandioca e da farinha, mais um pouco das
criações, a gente consegue sair daqui com alguma condição.

Descrição da página
4 quadros
Qd1 – topo da pagina – duas crianças sentadas e brincando no chão com pedaços de
madeiras, ao lado esquerdo somente as pernas de adultos por debaixo da mesa e o
texto de suas conversas
Qd2 Sebastião vendendo os porcos na cidade, alguém segurando os porcos e ele
recebendo dinheiro
Qd4 – Sebastião colocando as cargas nos animais, os animais podem burros ou
cavalos, são 05 animais no total, nesta cena devem aparecer pelo menos dois,
descrever a cela dos animais e os Jacás (pelo menos 03 burros terão 02 jacás de cada
lado).
Qd5 close em uma mão pegando um qdro de imagem de São Sebastião .

Pg 5.
Texto da página
A família está pronta para partir. Uma das crianças vai no colo de Josefa; de cada
lado do animal que monta, um jacá cuidadosamente forrado onde leva os outros
dois. Em sua frente, liderando o comboio, Sebastião leva os poucos pertences em
mais dois jacás, com uma das crianças na garupa, e logo atrás deles segue um outro
animal carregando o dois primeiros filhos mais velhos e mais dois paneiros de
farinha e uma saca de arroz.
Viajando por pelo menos uma semana, após percorrer cerca de 250 quilômetros,
parando apenas para comer e dormir, finalmente a família de Sebastião chega ao
município de Santa Rita. Cansados, mas esperançosos com o futuro.

Descrição da página
Quatro quadros
Qd1 no topo – a família de sebastião em uma vista panorâmica se deslocando por
entre a mata. Sebastião puxa um um cavalo com uma criança montada (5 animais),
logo atrás dois cavalos com duas crianças cada, Josefa aparece montada montada
em um animal com mais uma criança, e atrás mais um aimal somente com a carga
nos jacás.

3
Qd 2 e 3 no meio
Qd2 descrevendo o sol quente e qd3 Josefa dando agua para as crianças
Qd 4. O grupo chega em Santa Rita vista de cima ou por trás - placa com o nome
Santa Rita

Pg 6.
Texto da cena: Em Santa Rita, Sebastião, Josefa e os filhos são acolhidos por antigos
conhecidos, que moram no povoado Carionguinho. Forte e disposto, assim que se
alojam no local, Sebastião busca meios de sustento para si e sua família, e o trabalho
na roça é que melhor sabe fazer. Apesar de bem recebido pela família da esposa,
Sebastião sabe que precisa de uma terra pra chamar de sua; um lugar onde possa
criar seus filhos, plantar, cuidar dos animais e à noite, descansar sob um teto. Com
esta ideia na cabeça, logo, Sebastião inicia sua jornada em busca de tão sonhadas
terras, as quais possa ocupar sem causar nenhum dano para si ou para outros
grupos.

Com o passar dos tempos, Sebastião vai se tornando conhecido em Carionguinho e


nos povoados vizinhos como um bom trabalhador, uma pessoa que encara o
trabalho de frente e com vontade de vencer. Assim, os anos vão passando e o
desejo de ter algo seu, vai aumentando em Sebastião.

Descrição da página
3 quadros na pagina em 3 linhas
Qd.1 Cariongo e Josefa conversando com um casal de moradores, ele (o morador)
tem a 60 anos de idade, está bem vestido e sua esposa veste um vestido de estampa
florida, cariongo com seu chapéu na mão e Josefa e mais dois filhos lhe
acompanhando.
Qd2.
Close no rosto de Cariongo em primeiro plano olhando para a direção que o senhor
aponta.
qd3 - uma visão do horizonte com muita terra a se perder de vista

Pg.7
Texto:
A página vai mostrar oTrabalho e reconhecimento
Qd1.Sebastião no telhado colocando o telhado de palha de uma casa de taipa.
Qd2.No quadro final ele mostrando a casa pronta para Josefa

Pag 8.
Texto da pagina
Outro centro comercial também bastante frequentado por Sebastião Cariongo era o
Porto das Gambarras, em Anajatuba. Naquela época havia uma movimentada vila
ao redor do porto, que usufruía e gerava mão de obra para as atividades
portuárias. Lá também se vendia e comprava de praticamente tudo o que a
população da época necessitava para sobreviver. Era um dos maiores portos da
região e de lá saiam as gambarras (barcos grandes de dois pavimentos) carregando

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animais e também pessoas, para a capital São Luís e outros municípios com braços
do Rio Mearim. Sempre que ia para o Gambarras, Sebastião levava algodão, arroz,
milho e farinha. Passava cerca de três dias apenas para ir para o Gambarras.

Naquela época, não havia ainda sido construída a BR 135. Os principais meios de
transportes eram cavalos, barcos e canoas. O povoado Kelru, localizado a cerca de
16 quilômetros de Carionguinho, era o principal centro comercial da região. No local
ficava situada a fazendo do major Lima, o comerciante mais influente daquelas
bandas. Todo o movimento de compra, troca e venda funcionava na fazenda do
Major Lima, principalmente aos finais de semana, quando os lavradores,
agricultores, pescadores e criadores de animais da região se dirigiam ao local para
vender ou trocar suas mercadorias. Nestes dias, o local funcionava como um grande
mercado. La se vendia de tudo: gêneros alimentícios, roupas, redes, calçados,
carnes, peixes, ferramentas de trabalho e até medicações. A fazenda era dividida em
moradia da família do Major Lima, um matadouro, venda de utensílios e feira, que
ficava muito próxima às margens do Rio Itapecuru. A movimentação de canoas e
barcos era grande. Do porto do Kelru, comerciantes e atravessadores levavam
mercadorias para muitos municípios maranhenses. De lá, os peões embarcam as
mercadorias em canoas e barcos que seguiam rio acima ou abaixo para vender em
outros povoados e municípios. Dentre os lavradores que negociavam com major
Lima, estava Sebastião.

Descrição da página
3 andares
Qd1 1 homem cavalgando
Qd2 canoa no rio
Qd3 vista do porto das gambarras a entrada da cidade com um enorme deck de
madeira e vários barcos e canoas ancorados
Qd4 -Cena do comercio local

Pg9.
Texto da pagina
Já para o Kelru, Sebastião levava muito mais produtos oriundos de suas roças. Arroz,
farinha, milho, banana, feijão. De tudo o que a família plantava, parte era para sua
subsistência e a outra parte tinha como destino o Kelru e o Gambarras. Sebastião
tanto vendia, como trocava seus produtos por medicações, sal, açúcar, ferramentas,
roupas e outros gêneros que não conseguia com facilidade. Sua relação com o major
Lima era de confiança e certa camaradagem. Major Lima respeitava Sebastião por
seu jeito sério e comprometido. Major Lima era casado também com uma mulher
das terras de Carionguinho e mantinha uma certa amizade com os familiares de
Josefa. Com esta aproximação e o respeito que nutria por Sebastião, intermediou a
venda de umas terras próximas à Carionguinho. Finalmente se concretizava o sonho
de Sebastião de ter suas terras, que estavam localizadas nas proximidades do
igarapé Carema (citar localizações geográficas onde se situa Cariongo).
Naquela época, o lugar que viria a ser Cariongo, pertencia ao Centro do Polónia, ou
Centro de Paulina, ancestral matriarca do Centro da Paulina, local onde está

5
localizada uma pedra: a pedra fundamental, o marco zero do povoado Cariongo, e
que delimita, geograficamente, o território étnico de Cariongo e o povoado
Carionguinho. Desde que chegaram a Carionguinho, Sebastião e Josefa tiveram mais
dois filhos: A compra se concretizou por meio de dinheiro das vendas de produtos
economizado por muitos anos, e também por meio de troca de mercadorias, que
por anos, Sebastião forneceu ao Major Lima até quitar sua dívida.

A única forma que os lavradores, produtores rurais da região de Santa Rita e


Itapecuru Mirim tinham de comercializar seus produtos e gerar um pouco de renda,
era por meio das negociações no porto do povoado Kelru, sob a tutela de Major
Lima. Também era uma forma de estes mesmos produtores ficarem sempre em
débito, pois eles sempre precisavam de medicamentos, ferramentas de trabalho,
temperos, roupas e outros utensílios e nem sempre havia o dinheiro para comprar
estes produtos. Assim, muitos trabalhadores rurais estavam sempre em débito e a
grande maioria dos produtos que plantavam e cultivavam iam diretamente para as
vendas de Major Lima, sobrando só o necessário para a subsistência das famílias,
num ciclo sem fim. No caso de Sebastião Lima, o que lhe permitiu uma certa
independência, e também fez com que Major Lima oferecesse as terras para ele, foi
o dinheiro economizado desde que moravam em Brejo, com a venda das criações de
também de muitos paneiros de farinha. Isto, porque Sebastião tinha um propósito,
que era justamente a compra de suas terras.

E Assim, pelo menos de seis em seis meses, Sebastião selava uns cavalos, enchia os
jacás de mantimentos: eram sacos de espigas de milho, paneiros de farinha e sacos
de arroz, frutas da estação, caças e criações, e andava pelo menos três dias a cavalo
até chegar no porto do Kelru. Esta viagens para negociação de mercadorias duravam
em média de uma semana a 10 dias longe de casa. Era pelo menos seis de viagem
ida e vinda e de um a dois dias nos portos, a depender dos produtos que ia vender
ou negociar. Depois de tantos dias fora de casa, sempre que retornava Sebastião é
sempre recebido com festa e curiosidade. Os filhos ficam na expectativa do que o
pai vai trazer de “novidade”: às vezes é uma roupa nova, outras vezes, redes novas,
calçados, ou mesmo rapadura, açúcar, sal, etc.

Descrição da página
Qd1 Centro comercial de keiru a venda arroz, farinha, milho e banana. Plano geral
Qd 2 3 e 4 sequencia - trabalho, venda e arado (começar a pg com esta sequencia)
Qd5 Encontro com o major (sebastião está de costas com o chapéu seguro pelas
duas mãos e veste uma camisa semi aberta o major tb tira o chapéu am bos estão
em pé conversando. O major está de camisa de botão manga comprida cinto e botas
Qd 5 – negociação - close nas mãos de Cariongo com um maço de dinheiro

Pg.10
texto da página; Logo que comprou as terras, Sebastião e Josefa, com a ajuda de
alguns parentes começaram a roçar o lugar onde iriam construir a casa da família.
Sebastião escolheu um local de onde se podia ver o nascer do sol e lá com este
mesmo grupo e mais os filhos, foram para a mata em busca de talos, troncos e

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palhas para fazer o envaramento e cobertura da moradia: uma casa casa vernacular
de barro coberta da palha da palmeira. O casal já contava com nove filhos e Josefa
estava grávida do décimo, então a casa contava com cinco cômodos: uma varanda,
uma sala, dois quartos e uma grande cozinha. Foi nesta casa que nasceram os dois
filhos mais novos do casal (citar os nomes deste filhos), formando uma família de 14
pessoas.

Descrição da página
Qd1. mapa das regiões
Qd2. A Pedra Fundamental

Pag. 11
texto da página
Logo o povoado é batizado de Cariongo, uma homenagem homônima ao patriarca
Sebastião, que havia recebido o apelido ainda no povoado de Carionguinho.

Descrição da página
2 quadros
qd1 - várias pessoas na frente do povoado como se estivessem posando para uma
foto segurando uma placa de madeira com o nome Cariongo
qd2 - Mostrar a fartura das terras, pode ser colhendo frutas, criando bichos etc...

Pg.12
texto da página
Muito católico, além da casa da família, Sebastião constrói ao lado da casa, uma
igrejinha, de taipa mesmo, com o cruzeiro bem na frente. Trazendo os costumes de
onde vinha, todo mês de janeiro, festeja seu santo padroeiro, São Sebastião. O
festejo, algo que se inicia pequeno, apenas com membros da família, aos poucos vai
ganhando corpo e grande alcance, tornando-se famoso e muito prestigiado na
região.
O tempo passa, os filhos vão crescendo e o povoado também. Mas a vida continua
do mesmo jeito: o trabalho em casa, a lida na roça e dias de festejos a cada ano. As
roças eram fartas, a família começava a roçar em agosto e setembro, para limpar em
novembro e plantar em dezembro e janeiro. A partir de março começavam a colher.
E assim o ciclo continuava. Plantavam maniva, feijão, milho, arroz, maxixe, pepino.
Eram tempos de fartura também no igarapé Carema com uma grande variedade de
peixes, como piaba, traira, mandi, sarapó catana, jondia, piau, entre outros, e na
mata se podia caçar desde veado a cutias, nambus, tatu, perdiz, paca, quati, etc.
Além dos cuidados na casa e com as crianças, Josefa costura e conserta suas roupas
e as vestimentas da família. Ela também cozinha muita comida típica, usando
principalmente como base, a macaxeira, a mandioca e o milho. É beju, canjica,
mingaus, bolos, cuxá, bobó. Em dias de festa, então, a fartura é grande e deliciosa.
Todos os moradores do povoado contribuem com a comida. As mulheres se reúnem
para cozinhar para todos os participantes. Vem gente de todos os povoados vizinhos
prestigiar o famoso festejo de São Sebastião. Após as ladainhas e rezas, o som dos
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tambores ganha a noite e contagia homens, mulheres e crianças. Todos e todas
dançam e brincam, honrando sua ancestralidade e agradecendo a vida.
Descrição da página
Qd1 - Cenas do trabalho na roça (plantando, cortando arvores, colhendo macaxeira,
milho, fazendo mingau, caçando).
Qd2 - Mulheres costurando (opcional)
Qd3 - A Ronqueira canta
Qd4 - Cena do Festejo

Pg 13.
Texto da página: Pelo menos 10 anos se passaram até serem legalizadas as terras
que deram origem ao território Cariongo.
Em 1915, finalmente Sebastião legalizou suas terras, na comarca de Rosário.
Descrição da página
qd1 - Cartório de Rosário
qd2 - close nos documentos (informações do apêncice) e assinando papeis
Comarca de rosário, detalhar a regularização de terras
Pg.14
conflito
Texto da página: Porém, nem tudo era paz e festejo. Naquele tempo, a posse por
terra era uma questão muito comum. Os conflitos por terra eram muito mais
violentos, causando desarmonia, lutas e até mortes. As terras da família Cariongo,
que se tinham como limites de refrências territoriais o Centro de Tiodoroa, Carema
dos Marques e o Igarapé de Três Bocas, totalizava uma área de 589.797 hectares,
eram motivo de intensos conflitos. Conflitos entre outros grupos e entre
fazendeiros. Numa disputa com outro grupo, um dos filhos de Sebastião entrou
numa luta com outro grupo familiar próximo ao território de Cariongo, num
povoado chamado Santa Filomena. Logo que soube do ocorrido, Sebastião saiu em
defesa do filho. No meio da luta, desferiu um golpe no oponente e também levou
um golpe violento, causando um corte profundo em uma de suas mãos. (verificar
qual foi a mão )
Descrição da página
qd1-Cena de um tiroteio entre capangas e a comunidade negra, espingardas antigas
qd2-Cena de um duelo de facas
Pg.15
texto:. Deixando o oponente no chão, Sebastião saiu do local do conflito com o
braço cortado carregando o filho nos ombros. Ao chegar nas proximidades das
residências, embaixo de uma grande mangueira, ele terminou de decepar a mão e lá
mesmo enterrou o membro. Mesmo sem um dos membros, Sebastião continuou

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levando sua vida de lida na roça até o fim de seus dias.
Descrição da página
3 qds
Qd1. Sebastião ferido carrengando o filho
Qd2. Decepando a não com uma enorme arvore por detrás
Qd3 enterrando a mão na base da arvore
Pg 16
Sebastião faleceu bem idoso, com mais de 85 anos. Josefa continuou viva ainda por
mais alguns anos. Antes de morrer, ele chamou todos os filhos que ainda estavam
vivos e falou: “Esta terra é de vocês, cuidem bem dela. Quando vocês morrerem,
tudo isso aqui vai ser dos filhos de vocês, que vão deixar para os filhos deles e assim
por diante”.
Josefa faleceu um tempo depois do marido, e pôde ver o povoado fundado por ela e
seu esposo, em expansão. Além das casas dos filhos e netos, havia muitas casas de
agregados. E assim como determinou o patriarca dos Cariongo, os cuidados e a
defesa da terra ficaram por conta das gerações seguintes.
Descrição da página
3 qds
qd1 descrição da cena com o olhar dos filhos, camara embaixo
qd2. e outro quadro com o caixão aberto visto de cima
qd3 josefa de costa e a cidade ao fundo
Pg17
Os filhos continuam o legado e a paisagem muda (cena de crumb)
qd1 Cena de um telhado de casa sendo construido e ou , jovens carregando palha,
trabalhando com madeiras, tijolos
Sequencia de 3 qds lado a lado qd 2 3 4
qd2. cena e uma paisagem nativa - mata de cocal
qd3. uma casinha pequena de palha
qd4. uma casinha de alvenaria outras casas ao redor e algumas crianças brincando
na rua
Pg18
Fenomeno Luz Dona Lulu
Passados alguns anos, já na terceira geração dos Cariongo, surgiu um foco de luz, no mesmo
local onde havia sido enterrada a mão de Sebastião. Muitos diziam ser o espírito de
Sebastião. Por muitas décadas este fenômeno provocou as mais diversas reações nas

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pessoas, de medo a curiosidade. Alguns viam esta manifestação como uma maldição, tendo
inclusive muitas famílias, ficando sem ai menos pronunciar o nome do patriarca dos
Cariongo. Já a partir da quarta geração é que este tabu foi quebrado. Dizem que após ter
sido cortada a árvore sob a qual foram enterrada a mão de Sebastião, o fenômeno parou de
acontecer. Dona Lulu, filha de Quintino, diz que ainda chegou a ver a tal luz, mas que com o
tempo ela foi desaparecendo.

O Tabu donome amaldiçoado


As pessoas tinham medo parecia uma maldição
Descrição da página
3 quadros
qd1. A silhueta de alguem à noite escondido olhando uma luz no mato e por detrás a
silhueta de uma grande arvore
qd2. pessoas da comunidade derrubando uma arvore grande
qd3 Close no rosto de uma Senhora negra que conta uma historia
qd4 Essa mesma senhora agora em um plano em que aparece sentada em uma cadeira de
balanço antiga

Pg 19.
Invasão das terras por Zé preto
Em meados dos anos 1990, um fazendeiro de nome Zé Preto começou a invadir as
terras, justamente a parte mais fértil, no local onde se costumava fazer as roças de
mandioca. A invasão foi se dando aos poucos, os herdeiros de Cariongo reclamaram
o quanto puderam, mas Zé Preto continuava a fazer as cercas cada vez mais
adentrando o território. Com a cerca finalmente toda construída, pistoleiros
ameaçavam de morte quem ousasse adentrar o local. Desde então, uma grande
parte do território, na qual havia a melhor terra para o plantio da mandioca, foi
usurpada.
Descrição da página
Qd1 em uma panorâmica Zé Preto entre outros capangas armados
qd1. Um capataz pregando uma cerca de arame farpado entre outros armados na
cena
qd2. um vaqueiro branco de chapeu e bigode (zé preto), com 02 capatazes ao fundo
e em primeiro plano uma mulher e duas crianças negras abaixo de uma colina meio
que acuadas
Pg. 20
Resistencia a Cariongo
Atualmente o quilombo Cariongo resiste a vários tentativas de expropriação desde
que fora adquirido pelo patriarca Sebastião Cariongo, pelo menos 302.7034
hectares de um total de 589.7976 hectares do território (pag. 35 do RTID), foi
10
ocupado indevidamente por fazendeiros. Mas também há um grande conflito com o
DENIT, por causa da duplicação da BR 135.
Apesar de tudo, os herdeiros continuam zelando e lutando para preservar o
território deixado por Sebastião. Mantendo viva sua memória, suas tradições, sua
história e seu legado.
Descrição da página
qd1. cena de documentos mostrando a luta pela regularização fundiária
Qd2. Cena dos movimentos sociais contemporâneos
qd3 Cena de Antonia ou outra lider da comunidade no plenario brigando pelos
direitos
qd4. mãos para cima de punhos fechado (a luta é para sempre )

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