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TERRE DE I’ IMMACULÉE

História da Cidade e da Diocese de Conceição do Araguaia


SCE UMA IGREJA NO ARAGUAIA
E também os Karajás
AS ORIGENS Livres ao sol da manhã
Primeiros “filhos das águas”
Nos passos da Aru anã
Deslizando na ubá
Ou no remanso a pescar
À luz de cada manhã

Primeiros destinatários

Dessa evangelização
Eram os índios Kayapós
Que habitavam o sertão
Primeiros “filhos da terra”
Que até onde a vista encerra
Até tempos bem recentes ainda
eram encontrados vestígios de
lugares sa­grados, visitados
periodicamente pelos índios,
talvez Kayapós (exemplo: campos
de Santa Maria das Barreiras,
antiga comunidade da Matinha).
Provavelmente nes­ses locais
eram sepultados seus ancestrais,
já que, após visitas periódicas,
ficava as marcas de pisadas em
forma circular, o que nos faz
supor um ritual de dança.
Também em regiões não muito
distantes do Araguaia ainda po­de-se
encontrar peque­nos sítios
arqueológicos (exemplo Lageiro do
Cadena a 37 km de Conceição,
visitado por frei Gil nos primeiros
anos da missão dominicana) con­tendo
de­se­nhos, figuras, ce­râmicas, etc.
São indícios de civilizações bem
primitivas. Quem sabe, os primeiros
“filhos da terra”, guardiãs das
florestas, dos campos e da imensa e fan­
tástica biodiversidade amazô­nica-
araguai­ana.
Até a década de 50 ainda
podíamos conviver com
os índios Karajás acam­
pados nas praias, em
frente de Concei­ção.
Presenci­ávamos também
seus ritu­ais festivos que
tinha como desta­que a
dança do Aruanã, ou seja,
a “dança aos deuses”.
...Em l896 outro
explorador francês
chamado Henri
Condreau, a serviço do VOYAGE AU TOCANTINS
~ ARAGUAYA.
Governo do Pará também HENRI CONDREAU p. 65
percorreu a região. Na
primeira expedição,
conhecendo e
explorando os prin­cipais
rios e as riquezas do
território dos Karajás e
Kaiapós (cacau,
castanha, madeira, ani­
mais, peles, óleos, etc.).
Nessa mesma viagem
Henri Condreau se
depara com exploradores
da seringueira e caucho.
O caminho das águas
se abre para dar
passagem ao
“progresso”, como
veremos a seguir,
numa breve amostra
da conjuntura regional
que frei Gil encontrou,
ao chegar nessa
região da Amazônia.
“Há também informações de antigos
moradores de Barreira de Santana
(hoje Santa Maria das Barreiras),
onde frei Gil se estabeleceu em 1896,
antes da fundação definitiva da
catequese. Eles falam da presença de
Inocêncio Costa (patriarca das
primeiras famílias que se
estabeleceram em Barreira de
Santana e que já havia desenvolvido
um bom relacionamento com os
Kayapós). Além da construção de um
barraco de palha, depois utilizado por
Frei Gil, Inocêncio Costa teria morado
dois anos na companhia de Frei Gil,
intermediando as relações dos
religiosos com os índios.”
Depoimento de Rani de Melo.
ORIGEM DA IGREJA NO ARAGUAIA
É dentro desse contexto histórico que surge
frei Gil Vilanova, o “Apóstolo do Araguaia”.
Dominicano, francês, frei Gil chegou ao
Araguaia com a missão de desenvolver uma
catequese entre os índios. Figura
extraordinária, acima de tudo pelo feito inédito.

- a “confiança” plena dos


índios, de forma especial os
Kaiapós, como ilustra o
seguinte fato na coluna ao
lado.
“Os chefes de uma tribo Kayapó e seus ho­mens, sentados em círculo, ouviam frei Gil explicar
os mistérios da encarnação e re­denção de Jesus. Falava do céu e do que se deve crer e
praticar para viver depois da morte. Eles ouviam es­pantados, pois tudo era novo. No fim,
Fontoura, um dos chefes, perguntou:
- Mas frei Gil, como o Senhor sabe tudo isso? Quem lhe ensinou?
- Foi o próprio Jesus Cristo, respondeu frei Gil.
- Mas se o senhor diz que ele morreu há tantos anos atrás, como o senhor pôde aprender
dele?
- Porque Ele me deixou tudo escrito num livro que eu li....
- Mas frei Gil, o senhor tem esse livro onde lê o pensamento de Jesus Cristo? Pode
mostrar?
Frei Gil busca o Novo Testamento, suspende no ar e exclama:
- Eis o livro da verdade que nosso Se­nhor Jesus Cristo nos deixou. Tudo quanto acabo de
dizer está contido aqui. .
Então Fontoura levanta-se grave e solene e, voltando-se para seus homens, pro­nuncia este
ato de fé:
- Sim, uma vez que frei Gil afirma, este livro contem a verdade e nós cremos em tudo que
ele encerra” (AA p. 191ss)
Uma pequena narração da fundação da catequese, segundo frei
Estevão Gallais. (GALLAIS, Estevão Maria. O Apóstolo do Araguaia p. 187-1890)
“Aproveitando as indicações que lhe ti­nham sido dadas, o padre Vilanova
tocou-se para lá (local indicado por Henri Con­dreau), com alguns homens
dedi­cados em procura do lu­gar com que sonhava para sua cara cate­quese.
Logo achou, à margem esquerda do rio, a longa série de taludes elevados de
que lhe falara Condreau. Estavam pelo me­nos dois metros acima do má­ximo
que as águas da maior en­chente ha­viam atingido... Havia ali perti­nho ma­tas
pró­prias para todas as cultu­ras que quisessem fa­zer... Também os ho­mens de
Bar­reira que o acompa­nhavam acharam tudo de seu agrado e prometeram-
lhe acompanhá-lo para a formação do núcleo que deveria chamar-se mais
tarde Conceição do Araguaia... Estava-se em tempo seco, a mais bela
estação, e isso permitia que se acam­passe ao ar livre. Instala­ram-se de­baixo
de uma grande árvore, aos pés da qual o padre celebrou missa, árvore essa
que foi conservada como uma re­corda­ção... E foi para lhe dar um pe­nhor se­
guro contra as vi­cissi­tudes do futuro que, inspi­rando-se na fé da sua infân­cia,
colocou sua nova obra sob a proteção da Imacu­lada Conceição”
Logo começam a surgir os primeiros de­safios e em meio aos
desafios a busca de algumas alternativas.
Crescimento inesperado do novo povo­ado (1000 habitantes no
final de 1898) e consequentemente a dificuldade de sobrevivência.
Diante desse desafio são tomadas duas iniciativas:

Frei Gil realiza longas viagens atra­vés dos rios Araguaia e Tocantins
até Belém do Pará, onde rea­liza campanhas, exposição de arte­
sanato indígena, além de conseguir o apoio da igreja e do governo
(pelo menos nos primeiros anos).
- Aproveitando as terras mais férteis,
nas proximidades de Conceição e do
córrego São Luiz, com o auxílio, das
famílias migran­tes e dos índios, os
missionários cul­tivam roças de arroz,
mandioca e posteriormente produção Batelão e missionários (as) de Conceição no porto de Belém

de ra­padu­ras, queijo, etc. Logo depois,


frei Domingos Carrerot, companheiro
de frei Gil, depois de prudentes
pesquisas começa a instalação de um
novo sítio ou fazenda, nos campos,
além do rio Arraias, nas proximidades
do córrego Santa Rosa
Assim foi sendo aos poucos superado o de­safio cada vez
mais constante da so­brevivência, como descreve Jose Maria
Audrin:

Acontecia de vez em quando, cada ano. Cen­tenas de


Caiapós, na sua nudez to­tal, ou como escreve o Padre
Tapie, “vestidos de um raio de sol”, vinham acam­par
em redor da casa da Catequese e reclamavam logo
comida, ou seja, “cucré”.
Era hora de rasgar os “paineiros” de farinha de
mandioca às dúzias, cortar em muitos pedaços
numerosas rapaduras e sacrificar um, dois ou mais
bois.
Outro grande desafio foi a
dificuldade dos índios em se
adaptarem ao estilo de vida dos
missionários e das famí­lias
migrantes, principalmente as
crianças indígenas, que su­
miam de repente escondi­das
nos galhos de árvores. E que
pela menor re­preensão ou
contrariedade, revoltavam-se e
lançavam “à cara” dos padres
sua calça e ca­misa, para
voltarem nuzinhos à al­deia ou
esconderem-se nas matas vizi­
nhas.
Mas os missionários que, segundo frei José Audrin, eram
“pastores das almas e médicos dos corpos”, fo­ram aos
poucos conquistando a confiança e a simpatia dos “filhos
da terra”. Essa relação se estreita bem mais com a
chegada das Irmãs Dominicanas de Monteils, da França
em 1902. Essa foi uma conquista de frei Gil, através de
sua presença na França, durante o Capí­tulo Geral da
congregação. Foi um grande marco na his­tória de
Conceição a chegada das quatro primeiras irmãs, como
nos relata uma delas, em detalhes muito interessantes,
Logo avistamos frei Ângelo com sua pequena caravana. Estavam
molhados e com fome. Demos-lhes o pouco que nos restava. A alegria
de nos ver fazia esquecer a fome. Começaram a soar os tiros de fuzil e
foguetes. De nosso barco a resposta: tiros, gritos dos índios e
remadores. O crepúsculo aumentava a beleza do quadro. Enfim, eis-
nos no porto. Na praça, todo povo de Conceição nos esperava.
Também os caiapós que assistiram ao nosso desembarque. Todos
tinham uma “luz” na mão. Dir-se-ia que o Araguaia estava em fogo.
Quantos cuidados para descermos do barco. Até mesmo um caiapó se
lançou na água para nos estender a mão. Eis-nos, enfim, em
Conceição. Fomos levadas à igreja. Na entrada havia arcos enfeitados
de fitas, penachos e flechas indígenas, etc. O Te Deum, a Salve Rainha,
a Ladainha de Nossa Senhora foram cantados em ação de graças.
E para encerrar, a benção do Santíssimo. Procuramos nos instalar para
dormirmos, pois estávamos fatigadas. A cama de madre Maria Otávia
e de Irmã Maria Luisa foram dois bancos. Soer Maximin e Irmã Maria
Denise deitaram-se sobre um formigueiro. Somente no dia seguinte é
que vimos esses insetos. Alguns nos picaram, mas a viagem nos
ensinou a conviver com isto. Nossas camas nos pareceram excelentes,
tal era o cansaço. Dormimos tanto que no dia seguinte, quando fomos
à igreja chegamos na metade da segunda missa. No dia seguinte frei
Vigneau trouxe-nos uma cama feita de pele de boi, estirada sobre
quatro pés e mais três redes. Não foi fácil habituarmos a elas. Porem
não nos queixamos. Depois achamo-las até cômodas: era só dobrá-las,
guardá-las e a sala servia simultaneamente de dormitório e de sala de
aula. (Boletim Interprovincial Nº 11, out. 1984)
IRMÃ DENISE
IRMÃ OTAVIA

IRMÃ LUISA MARIA


IRMÃ MAXIMINA
Assim vai se revelando cada vez mais o
“rosto feminino e maternal de Deus” nas
terras da Imaculada Conceição.
As Irmãs e os freis tinham a
missão em co­mum. Era a grande missão.
Foram muitos os sacrifícios e desafios
que tiveram de enfrentar, mas estavam
felizes. Os fatos interessantes que
descreveremos a seguir nos dão uma
dimensão da catequese indígena nos
primeiros anos:
“Um dia o Padre Vigneau dava o catecismo
aos seus indiozinhos e lhes falava do céu e da
felicidade que ali se goza. Logo lhe
perguntaram se no céu havia facões e
canivetes. também não concebem o céu sem
grande abundancia de tartarugas, bananas e
uma profusão de melancia, pois são gulosos
pela carne de tartaruga e loucos por bananas
e melancias. Ao contrário, deve o inferno ser
um lugar in­festado de jacarés e onças. O
jacaré é o monstro que perturba a quietude
de suas longas abluções no Araguaia. A onça
é o animal feroz por excelência, que os
impede de gozarem tranquilamente os
encantos da mata virgem”. (AA p 254)
GALLAIS, Estevão Maria. O Apóstolo do Araguaia
Outro grande desafio foi a invasão dos “bandeirantes” ou “soldados” da bor­
ra­cha, como eram denominados aqueles que se embrenhavam mata adentro
com o objetivo de explorar a preciosa goma “castilhoa”. Essa inva­são se
intensifica ainda mais com o en­contro nas florestas dos seringueiros do
Araguaia com os seringueiros do Xingu. Tanto que em 1909 se abre uma
“estra­dinha” entre os dois rios. Os mais atin­gidos diretamente são os índios,
já que as estradas que levavam à zona da borracha passavam infelizmente
junto das aldeias dos rios Arraias e Pau d Arco. Consequências imediatas: a)
exploração da mão de obra indígena para extração, carregamento e
transporte da borracha; b) assimilação não só dos vícios, como também de
doenças da “outra civilização”. E o pe­queno povoado de frei Gil Vilanova
começa a tomar rumos inesperados e desafiadores:
Era um movimento incessante de tropas chegando de vários recantos do
Brasil e mesmo de países estrangeiros, atravessando o rio, parando al­guns
dias em Conceição antes de se afundarem nas matas ou “inferno verde”.
Abriam-se casas de negócios ao longo das ruas traçadas às pres­sas... O
dinheiro outrora tão escasso corria agora à vontade. Bailes e orgias
sucediam-se à noite, com violentos e prolongados tiroteios... Os pacatos
moradores da vila começaram a vender por preços inauditos os produtos de
suas roças e engenhos. Alguns, que até essa data usavam sim­ples calça e
camisa de “algodão da terra” e calçavam chinelos de couro de veado ou tatu
se viam agora metidos em custosos ternos de casimira e de brim, pisando em
ridículos sapatos de verniz. Quanto às mulheres, al­gumas chegaram a deixar
o modesto véu de pano branco, para ostentarem nas missas dominicais,
chapéus extravagantes, trazidos de Belém ou da Bahia. (ESIN p. 85 e 87)
Assim vai se abrindo uma nova frente, ou seja, um novo
campo de evangeliza­ção, não só na cidade como nos
novos sítios e povoamentos que vão se for­mando entre o
Araguaia e Xingu. Mas frei Gil não desiste do primeiro
sonho. Prova disso é sua morte heróica em pleno campo
de missão, enquanto navegava nas águas do Araguaia e
Tocantins (no barco São Domingos que ele mesmo
mandara construir) em busca de recursos para sua
saúde já debilitada. Uma pequena narração de frei
Francisco Bigorre, um dos seus companheiros de
viagem.
“Sábado, às 8 da manhã nós partimos. O padre (frei Gil)
acompanhou as manobras com angustiado interesse. Eu es­
tava perto dele, sustentando-o. - Bem, dizia-me ele, passa­mos
o primeiro choque. Eles manobram maravilhosamente. Às 15
horas, os remadores deixam o barco correr ao léo. Frei
Bigorre lhe dá a unção dos enfermos e entoa a Salve Rainha à
qual os marinheiros acompanham, como todas as noites, lá
em Conceição do Araguaia. Estava-se bem no meio do grande
Rio Tocantins. Era um sábado, 4 de março de 1905. Frei Gil
não mais verá seus índios, a não ser... (coleção Memória
Dominicana Nº 1 p. 13)
Nova Visão Missionária. Frei Jacinto Lacomme OP, provincial dos
dominicanos nos primeiros anos da catequese no Araguaia em visita à região,
após a morte de Frei Gil faz uma nova análise de todo trabalho desenvolvido até
o momento junto aos índios: Entre “as modificações e os aperfeiçoamentos
indicados pela experiência, o mais necessário e o mais importante no nosso
ponto de vista seria a morada fixa de alguns missionários no seio mesmo das
tribos indígenas... às margens dos mais inóspitos rios, nos pontos mais secretos
e misteriosos da floresta virgem: assentar-se-iam a seu lado sobre seus tapetes
de palhas trançadas, debaixo dos tetos de folhas de palmeiras que cobrem suas
cabanas, à sombra das grandes árvores que os protegem dos ardores do sol.
Lhes falariam de Deus, de seus mistérios, do Cristo Redentor e de sua divina
Mãe, dos santos... ficariam com eles dia e noite, aprenderiam seu dialeto, com
eles iriam à derrubada no canto da mata virgem, para transformá-la num
campo de cultura...” (MD Nº 7 p. 23)
Frei Jacinto (provincial) e frei José Audrin
Mas o trabalho com os índios não foi totalmente improdutivo. Frei
Jacinto descreve um fato interessante acontecido nesse período que
antecede a criação da prelazia: “Na festa de São Domingos de 1909,
os missionários me deram a alegria indizível de oferecer a Deus,
pelas mãos de nosso bem aventurado Pai um novo ramalhete de seis
magníficas espigas do mais puro trigo. Chegados à idade da
discrição, admiravelmente preparados pelas irmãs dominicanas, com
um cuidado e um carinho verdadeiramente maternais, seis crianças
caiapós foram banhadas nas águas do batismo”. (MD Nº7 p, 16)
Na coluna ao lado transcrevemos um fato muito curioso, também
narrado por frei Jacinto, com pequenos acréscimos de outra fonte de
informação.
O colégio Santa Rosa abrigava índios Carajás e Caiapós, como internos
desde a idade de 8 a 10 anos. Numa dessas belas tardes de maio as
irmãs levaram a turma indígena para o banho. Dava gosto ver aquela
turma conversando cada um na sua língua, alegres correrem para as
águas claras e mornas do Araguaia. Na volta seis deles correram na
frente e, ao chegar ao pátio do colégio se depararam com uma criança da
sua idade, de uma beleza que os maravilhou, um rosto sorridente que os
atraiu. Carregava uma cruz segura contra o peito e um pequeno cordeiro
a seu lado. Correram ao seu encontro, mas chegados à porta da capela
que guarda o Ssmo. Sacramento, o menino misterioso desapareceu.
Procuraram-no dentro dos baús, nos armários e debaixo da mesa do
altar... – Mamãe freira! Chama ele pra nós! Ele gosta de índio! Queremos
ver e brincar com ele! Depois se dirigindo para a madre superiora
exclamam: não queremos mais adiar nossa 1ª Comunhão ! (MD Nº7 p. 16)
PRELATURA SANTISSIMAE CONCEPTIONIS DE ARAGUAIA
(Prelazia de Santíssima Conceição do Araguaia)
A atenção do Santo Padre dirige-se de Roma para o mais ignorado
recanto da Igreja e para o pequeno rebanho de ovelhas, formado um
dia por Frei Gil Villanova, nas beiras do longínquo Araguaia (ESIN p.
101). A 10 de julho de 1911, por um Decreto de S. Congregação
Consistorial o Papa Pio X destaca da jurisdição espiritual dos
Prelados de Belém do Pará, toda a vasta região compreendida entre
o Araguaia e o Xingú, até essa data campo de ação dos Missionários
de Conceição, e constitui com ela a “Prelazia Nullius da Santíssima
Conceição do Araguaia – Prelatura Nulliús Santissimae
Conceptionis de Araguáia”.
As distancias e dificuldades de comunicação eram tantas que a
notícia só chegou a Conceição quatro meses depois. O próprio
frei Domingos Carrerot só tomou conhecimento de sua
nomeação como primeiro bispo da nova prelazia em 1912, em
viagem à França, durante o Capítulo da congregação, para o
qual havia sido convocado como delegado da missão. A
sagração foi marcada para o dia 10 de outubro. Frei Hilário
Tapie, companheiro de viagem conta que o novo bispo
impressionou com sua atitude e poucas palavras, não somente
os diversos cardeais, mas o próprio Papa Pio X: “Sua Santidade
contemplava comovido o humilde missionário vindo das florestas
do Brasil; considerava paternalmente esse rosto bronzeado e
emagrecido; perguntava com vivo interesse pelo imenso sertão
do Araguaia, pelos cristãos de lá, pelos “selvagens”, pelos
missionários, suas obras, viagens, necessidades, sacrifícios...
(ESIN p. ’106)
A Chegada Triunfante. Dia 6 de fevereiro de
1913. Finalmente o barco encosta na margem
paraense, onde espera ansiosa multidão. De
repente cessam os gritos de alegria. “Uma
indizível emoção faz todos emudecerem, e
nos rostos jubilosos vemos correr lágrimas...
Dom Frei Domingos acaba de levantar-se do
humilde trono erguido na proa do barco (ESIN
p. 119-120). Segue a procissão em direção à
igreja, que ainda não era a catedral que se vê
nos dias de hoje, mas o mesmo casarão dos
tempos da fundação em sua tosca pobreza.
Para os irmãos das florestas (caiapós) e das
praias (Carajás) Dom domingos transforma-se
no “Papai Grande”. Contemplavam no escudo
do bispo um índio enfeitado de penas e
prostrado aos pés da Virgem Imaculada.
ORGANIZAÇÃO PASTORAL
Uma nova organização pastoral vai aos poucos criando corpo e dando um novo
rumo à igreja nascente. Um dos pontos de partida foi melhorar a organização das
escolas orientadas pelas irmãs para ambos os sexos, que passa de 213 para 277
alunos.
- A Pia União era
realmente a jóia da - Dos
melhores
Prelazia. Dentro dela
elementos
escolhia as diversas formados
professoras e catequistas pelas
rurais enviadas aos dedicadas
diversos núcleos de seu mestras
território espiritual que constituiu
apenas uma vez por ano associações
ótimas
os missionários podiam
visitar (ESIN P. 126).
- Em 1913 foi fundado o Grupo frei Gil Villanova, logo
filiado à Associação dos Moços Católicos do Brasil. Esse
grupo dispunha de uma biblioteca (aberta ao público), no
salão da qual funcionava à noite uma escola primária para
adultos.
- Foi também criado em 1915 a Banda Frei Ângelo, com
instrumentos enviados de Paris por Frei Hilário Tapie.
Formados no rigor da arte e da disciplina, comparecendo
em todas as manifestações religiosas e cívicas, procissões
e passeatas, os músicos da “Frei Anjo” (como falava o
povo) fizeram dessa corporação artística o orgulho dos
conceicionenses (ESIN P 127).
INÍCIO DA CATEDRAL

Frei André Blatgé, novo superior da Catequese, arquiteto, que já havia


construído a capela gótica do colégio Santa Rosa e iniciado um grande
sobrado (ao lado da antiga e humilde casa de Frei Gil) empreende
agora uma obra monumental: a construção da futura catedral.

Era Festa de Todos os Santos de 1917. Lida a ata de fundação da


futura catedral, D. Domingos coloca o documento dentro de uma
garrafa e, devidamente lacrada, deposita-a dentro de uma urna a meio
metro de profundidade, onde deveria ser o altar mor, sob o primeiro
arco do fundo da futura catedral. Aí se inicia um trabalho de 17 anos
Contam que essa construção Arquitetura e arte
Foi muito interessante Integrando a religião
Até os índios trabalharam Tudo foi se misturando
Trazendo pedras distantes Nessa grande construção
Em suas grandes ubás E em dezessete anos
Iam ao travessão buscar Mais mãos foram se juntando
Pra construção ir adiante Nesse grande mutirão

Além dos fiéis, as próprias Irmãs se desdobravam


carregando pedras, com “rodilha” na cabeça, em
cima do véu. As pedras eram beneficiadas e
colocadas nos alicerces, unidas a base de cal
(trazidas do Goiás) e barro de cerâmica. Ainda
restam (nos fundos da catedral) alguns
exemplares dos jatobás plantados, com o objetivo
de serem queimados nas “caieiras”, na produção
dessa argamassa que substituía o cimento.
RETOMANDO A MISSÃO INDÍGENA
Enquanto isso, os “filhos da terra e das águas”, os índios, continuavam a
sofrer os impactos da presença do ”homem branco” e da “outra civilização”.
Uma presença nem sempre amigável e às vezes até hostil e exploradora. Isso vai
gerando, além da desintegração cultural indígena, choques e até mesmo alguns
conflitos, às vezes sangrentos. Diante desse desafio os missionários tomam
algumas iniciativas:
- Frei Antonio Salá consegue desenvolver uma relação bastante íntima e
fraterna com os Caiapós, aprende seu dialeto e até consegue, nesse período
escrever uma “Gramática Caiapó”.

- Dom Domingos Carrerot, acompanhado por Frei Sebastião Tomás e Frei


Francisco Bigorre entra em contato com os Tapirapés, já quase no extremo sul da
prelazia.
- Em 1918, os mesmos freis Sebastião Tomás e Bigorre fazem uma expedição
até as aldeias dos Javaés, já na grande região da Ilha do Bananal.
- Penetrando nas matas do Xingú,
D. Domingos Carrerot entra em
contato com alguns Jurunas dessa
região. Tenta também, mas sem
resultado, encontrar-se com
algumas tribos dos afluentes do
Alto Itacaiúnas, já próximo ao
extremo norte da prelazia.
- Quanto aos Caiapós e
Carajás, eles continuavam
recebendo visitas regulares dos
missionários.
- Alguns Caiapós ainda confiavam seus filhos aos cuidados dos missionários e das
irmãs.
- Com a finalidade de divulgar a catequese dos índios e conseguir auxílio foi
publicada uma revista trimestral intitulada “Caiapós e Carajás”.
. ÚLTIMA VIAGEM MISSIONÁRIA Em 1915 é criada a Diocese de Porto
Nacional pelo papa Bento XV, mas somente em julho de 1920 a
grande surpresa. A nomeação de Dom Domingos Carrerot como o
primeiro bispo da nova diocese. Um pouco antes de sua transferência
pra Porto Nacional, juntamente com Frei Antonio Salá Dom Domingos
realiza uma de suas maiores expedições ou desobrigas, visitando
demoradamente as regiões do Rio Fresco e do Rio Xingu.
Atravessaram matas virgens; andaram dias e dias na sombra da
floresta sem fim, galgaram a serra do Pau d Arco, passando ribeirões
até alcançar o povoado de Novo Horizonte, alegrando e animando
aquele povo que vivia quase num completo isolamento. De barco
seguiram pelo rio Fresco abaixo, atravessando perigosas cachoeiras,
parando em diversos barracões de remanescentes dos seringueiros.
Após passarem alguns dias em Nova Olinda (na beira do Riozinho),
chegaram finalmente às margens do rio Xingu, onde D. Domingos
experimentou o consolo de encontrar, nesse ponto extremo da
Prelazia, tantos “filhos” que reclamavam havia anos, a sua visita de
“pai” (ESIN P. 160). Finalmente a parada de alguns dias em São Félix,
à margem direita do rio Xingu, na foz do rio Fresco.
O “Médico Popular”. Outro aspecto do trabalho missionário, que marcou
profundamente a região foi na área da saúde. Destacamos aqui o exemplo de
Frei André, que alem de ser construtor tinha o dom especial para tratar dos
doentes. Os remédios eram preparados por suas próprias mãos com a preciosa
variedade de elementos encontrados nas matas e campos da rica e vasta região
amazônica. Frei André tinha sempre o remédio para os diversos tipos de
doenças sob a forma de pílulas, elixir, pomadas, tinturas, xaropes... Chegavam
pedidos de receitas e remédios até de Goiás e de Belém, das matas do Xingú e
até mesmo dos sertões do Maranhão (ESIN p. 167).

O testemunho, e até mesmo o heroísmo em algumas circunstancia, dos


dominicanos e das dominicanas, nos faz mergulhar no túnel do tempo, até o
século XII. Reencontramos aí a fonte de inspiração: São Domingos de Gusmão, o
fundador.
A CRISE - 1911, Começa a crise da borracha e a expansão da
população para as matas, campos e beira de rios: Os “barões”
da borracha perderam o poder absoluto e as fortunas que
possuíam. Escândalos internacionais atraíram a atenção do
mundo para a escravização do seringueiro da Amazônia. Os
comerciantes, perdendo o crédito dos exploradores, muitas
vezes sentiam alívio em dispesar seus trabalhadores (A Luta
Pela Terra, de Otavio Ianni p. 60). Começaram a surgir outras
formas de organização e produção, mais ligadas à terra.
Surgiram roças e criações nos sítios onde se localizavam os ex-
seringueiros ou outros trabalhadores ligados anteriormente
ao extrativismo. Formavam-se povoados e núcleos de sitiantes
(LPT p. 61).
INÍCIO DA CATEDRAL
Frei André Blatgé, novo superior da
Catequese, construtor e arquiteto, que já
havia construído a capela gótica do colégio
Santa Rosa e iniciado um grande sobrado (ao
lado da antiga e humilde casa de Frei Gil)
empreende agora uma obra monumental: a
construção da futura catedral.
Era Festa de Todos os Santos de 1917. Lida a
ata de fundação da futura catedral, D.
Domingos coloca o documento dentro de uma
garrafa e, devidamente lacrada, deposita-a
dentro de uma urna a meio metro de
profundidade, onde deveria ser o altar mor,
sob o primeiro arco do fundo da futura
catedral. Aí se inicia um trabalho de 17 anos
Além dos fiéis, as próprias Irmãs se desdobravam
carregando pedras, com “rodilha” na cabeça, em
cima do véu. As pedras eram beneficiadas e
colocadas nos alicerces, unidas a base de cal
(trazidas do Goiás) e barro de cerâmica. Ainda
restam (nos fundos da catedral) alguns
exemplares dos jatobás plantados, com o objetivo
de serem queimados nas “caieiras”, na produção
dessa argamassa que substituía o cimento.
RETOMANDO A MISSÃO INDÍGENA
Enquanto isso, os “filhos da terra e das águas”, os índios,
continuavam a sofrer os impactos da presença do ”homem
branco” e da “outra civilização”. Uma presença nem sempre
amigável e às vezes até hostil e exploradora. Isso vai
gerando, além da desintegração cultural indígena, choques e
até mesmo alguns conflitos, às vezes sangrentos. Diante
desse desafio os missionários tomam algumas iniciativas:
- Frei Antonio Salá consegue desenvolver uma relação
bastante íntima e fraterna com os Caiapós, aprende seu
dialeto e até consegue, nesse período escrever uma
“Gramática Caiapó”.
- Em 1918, os mesmos freis Sebastião Tomás e Bigorre
fazem uma expedição até as aldeias dos Javaés, já na
grande região da Ilha do Bananal.
- Penetrando nas matas do Xingú, D. Domingos
Carrerot entra em contato com alguns Jurunas dessa
região.Tenta também, mas sem resultado, encontrar-se
com algumas tribos “selvagens” dos afluentes do Alto
Itacaiúnas, já próximo ao extremo norte da prelazia.
- Quanto aos Caiapós e Carajás, eles continuavam
recebendo visitas regulares dos missionários.
- Alguns Caiapós ainda confiavam seus
filhos aos cuidados dos missionários e
das irmãs.
- Com a finalidade de divulgar a
catequese dos índios e conseguir auxílio
foi publicada uma revista trimestral
intitulada “Caiapós e Carajás”.
A Fazenda
Com o agravamento da crise econômica e para suprir sua extrema penúria, D. domingos
planejou sem demora constituir uma modesta, porém segura fonte de rendimento; a mais
óbvia, prática e comum no sertão, a saber: uma fazendinha que seria criada nas imensas
terras devolutas dos campos do Araguaia (ESIN p. 150). Usando de sua experiência com a
fazenda Santa Rosa (ainda nos tempos de frei Gil) não foi difícil encontrar um lugar com
abundancia de matas para lavouras, fartura de água, campinas ricas de variadas pastagens,
mangabais, buritizais com suas frutas deliciosas e nutritivas, caças abundantes, lagoas
repletas de peixes, etc. A fazendinha das “Mercês” se torna não só uma fonte de recursos
como também ponto de apoio nas grandes desobrigas anuais ao Rio Fresco e Rio Xingu, já
que distava apenas um dia de marcha da entrada da mata geral. Em companhia dos
vaqueiros D. Domingos gostava de percorrer a grande imensidão de campos e matas, sem
limites de arames farpados, onde o gado pastava em absoluta liberdade. Durante sua
permanência na fazenda havia visitas constantes do povo, terços, ladainhas, benditos
populares, contadores de histórias e “estórias”, folias, rodas de catira, além da missa com
batizados, casamentos... Portanto a fazenda das “Mercês” (ou Santa Rosa?), alem de fonte
de renda se transforma também em ponto de encontro das diversas famílias espalhadas
por aquele vasto sertão.
Além da crise econômica, os missionários e as
missionárias tiveram sérias dificuldades
acarretadas pela guerra européia. E como se
não bastasse uma grande epidemia se alastrou
por toda região: febre paludismo (ou malária?),
gripe, leishmaniose, e outras...
Última Viagem Missionária
Em 1915 é criada a Diocese de Porto Nacional pelo papa Bento XV, mas
somente em julho de 1920 a grande surpresa. A nomeação de Dom Domingos
Carrerot como o primeiro bispo da nova diocese. Um pouco antes de sua
transferência pra Porto Nacional, juntamente com Frei Antonio Salá Dom
Domingos realiza uma de suas maiores expedições ou desobrigas, visitando
demoradamente as regiões do Rio Fresco e do Rio Xingu. Atravessaram matas
virgens; andaram dias e dias na sombra da floresta sem fim, galgaram a serra do
Pau d Arco, passando ribeirões até alcançar o povoado de Novo Horizonte,
alegrando e animando aquele povo que vivia quase num completo isolamento.
De barco seguiram pelo rio Fresco abaixo, atravessando perigosas cachoeiras,
parando em diversos barracões de remanescentes dos seringueiros. Após
passarem alguns dias em Nova Olinda (na beira do Riozinho), chegaram
finalmente às margens do rio
Xingu, onde D. Domingos
experimentou o consolo de
encontrar, nesse ponto
extremo da Prelazia, tantos
“filhos” que reclamavam havia
anos, a sua visita de “pai”
(ESIN P. 160). Finalmente a
parada de alguns dias em São
Félix, à margem direita do rio
Xingu, na foz do rio Fresco.
Primeira ordenação. Na festa da Páscoa de 1921, ainda na modesta igreja
primitiva de frei Gil, na presença de numerosa assistência D. Domingos realiza
a ordenação de um jovem italiano, frei Alberto Véneri. Talvez a primeira
realizada em Conceição e ministrada por D. Domingos. Frei Alberto viveu
apenas quatro anos de intensa missão. Na tarde de sábado (24 de outubro de
1925) chegou a uma modesta fazenda, à entrada da grande floresta que
separa o pequeno campo do rio das Cordilheiras, em pleno Goiás. A noite foi
difícil, devido à febre palúdica (malária?), e quando no dia seguinte quis
levantar-se para ouvir as confissões e celebrar a santa missa, as pernas não o
sustentaram mais e foi obrigado a estender-se de novo na rede. Da rede
mesmo ainda pode ouvir a confissão de alguns presentes... Depois sobreveio o
delírio, a coma e finalmente a morte no seio da floresta, longe de seus irmãos,
sem quem o abençoasse e cantasse o Salve Regina (LLA p 158). Foi sepultado
junto a uma grande árvore chamada simbaíba (sambaíba), avistada de longe.
A SAGRAÇÃO E O NAUFRÁGIO
Em dezembro de 1924, frei Sebastião Tomás é nomeado o novo bispo da
prelazia da Santíssima Conceição do Araguaia. A sagração episcopal acontece
em Belo Horizonte no dia 15 de novembro de 1925. Na volta, em companhia do
então bispo de Porto Nacional, D. Domingos vive a experiência de uma trágica
aventura. Haviam saído de Leopoldina logo após a celebração do natal. Era um
barco de 7 metros de comprimento e 1,80 de largura no centro. Atrás uma
casinhola coberta de sapé. No porão as 12 caixas contendo o enxoval dos
missionários. À frente fardos, caixões, provisões, utensílios de cozinha, etc. No
momento de suspender a âncora, eis que chega uma pequena embarcação de
meia tonelada, propriedade da Sra. Sabina, que também estava descendo o rio
em direção ao forte Santa Maria, hoje Araguacema, já próximo de Conceição.
Juntam-se aí as duas caravanas. Nos primeiros dias de janeiro, já na ponta sul
da Ilha do Bananal acontece o inesperado, testemunhado e narrado por
Reginaldo Tournier no seu livro “Lá Longe no Araguaia”:
Dia 13 de janeiro os
dois barcos chegam
à foz do Riozinho e
às 2 horas da tarde
aportam as canoas
no porto de Mato
Verde. Era o ponto
marcado para a
separação.
Dali Dom domingos
seguiria pra Porto
Nacional e D.
Sebastião para
Conceição do
Araguaia.
PASTORAL DAS ÁGUAS, DOS CAMPOS E DAS MATAS
A Chegada Dolorosa. Quanta
diferença entre a chegada do
primeiro bispo D. Domingos Carrerot
em 1913 e a triste e dolorosa chegada
de D. Sebastião Tomás em janeiro de
1926. A margem do rio totalmente
deserta. Só depois de algum tempo
aparecem as irmãs com suas alunas,
sem cantos, em silencio. Com os olhos
cheios de lágrimas vêm beijar o anel
do novo bispo.
- Onde estão nossos bons padres? Pergunta D. Sebastião.
- Só temos aqui frei André, que foi atender a um doente
do outro lado.
- E frei Francisco? - Frei Francisco, responderam as irmãs,
Deus acaba de no-lo tirar. Sepultamo-lo anteontem (ESIN P
236).
Nesta atmosfera de luto e muita simplicidade, à tarde deste
tão penoso dia, D. Sebastião tomou posse do seu humilde
trono episcopal.
O PEQUENO FASCÍCULO Nº 14 DA COLEÇÃO “MEMÓRIA DOMINICANA” NOS DÁ ALGUNS
PEQUENOS DETALHES DA MISSÃO EM 1928: “D. Sebastião Tomás partiu no dia 2 de
junho para visitar o sul do seu território. Foi primeiro ao Furo de Pedra, para
presidir o acabamento da pequena igreja em honra de Sta. Teresinha do Menino
Jesus, a “rainha do Araguaia”. Irá em seguida ao rio Tapirapé para visitar as
tribos indígenas que habitam às margens deste afluente”.
“O Governo Brasileiro acaba de instalar em Conceição um posto de telégrafo
sem fio. Já recebemos e enviamos telegramas”
“Um grupo de índios Apinagés passou ontem em Conceição, vindo de Boa
Vista e indo para Goiás, interessar ao Governo a sua sorte... São uns 2.000 km...
Eles contaram que passando pela sepultura de frei Alberto Véneri, pararam,
Entraram na pequena cabana e rodearam a sepultura: É nosso “pai”, dizia um.
Ele me batizou, dizia outro. Ele me deu muitas coisas, dizia o terceiro... Ainda
tinham lágrimas nos olhos, quando falavam dessa visita” (MD Nº 14 pp. 12-13).
DESOBRIGAS
Aqui aparece a figura do primeiro padre brasileiro, baiano, a trabalhar na missão
do Araguaia: frei Luiz Palha. É ele mesmo quem descreve uma de suas primeiras
viagens missionárias ou desobriga.
“Acabo de chegar de minha primeira desobriga no sertão, a primeira feita por
terra, montado em mulas. Estive exatamente um mês em viagem e posso dizer
que fiquei muito edificado ao ver como os cristãos viajam até três dias para ouvir
a Missa, confessar-se e receber a comunhão. No interior da mata encontrei um
verdadeiro eremita, um jovem que há trinta anos está lá com sua irmã, uma
viúva carregada de filhos... Originário de uma família patriarcal expressava uma
piedade verdadeiramente esclarecida, mais do que comporta sua condição...
Serviu-me de guia durante a viagem” (MD Nº’14 p 15).
FRUTOS DAS DESOBRIGAS
INAUGURAÇÃO DA CATEDRAL
Quem descreve alguns detalhes desse momento tão esperado pelo povo do Araguaia, a
inauguração da grande obra, é frei José Audrin, numa carta de março de 1935. (coluna)
Inauguramos dia 8 de dezembro, a nova igreja de Conceição. Festa esplendida preparada
por uma novena solene, durante a qual ganhamos, com nossos fiéis, o jubileu da redenção.
A festa ultrapassou nossas esperanças e a nova igreja fez verdadeiramente bela figura por
seu esplendor e suas linhas góticas. Nossa população estava arrebatada. Vieram de muito
longe e em grande número. Calculou-se em mais de 3.000, o número de pessoas que tomou
parte na procissão final. Além de Frei Antonio Salá, veio também frei Gil Gomes Leitão,
jovem padre brasileiro, da região do Araguaia, (Marabá), ordenado por D. Domingos
Carrerot, além de quatro irmãs dominicanas do colégio de Porto. A inauguração da luz
elétrica da igreja e do convento contribuiu para dar maior brilho a nossa festa. A festa foi
concluída com a bênção dos dois sinos da igreja e o pontifical solene, que se desenrolou
com uma majestade e exatidão dignas da mais grandiosa catedral, sob a direção do nosso
cerimonial, o padre Augusto Brito, um missionário dominicano (?) de nacionalidade
brasileira (MD 14 p 46).
Depois da leitura do
ONSTRUÇÃO Evangelho, o próprio frei
DA André (arquiteto), coloca
a imagem benta por D.
CATEDRAL Sebastião no trono que
E lhe foi preparado, e
depois, profundamente
NAUGURAÇÃO emocionado pronunciou
estas palavras:
“Imaculada conceição!
recebei a vossa igreja,
fonte de fé e de amor de
seus filhos, que há 17
anos trabalharam para
vos oferecer uma morada
digna...” e beijando os
pés da imaculada,
chorou...
Um dos cantos mais entoado, principalmente durante os
festejos da Padroeira e que vem passando de geração em
geração é o “Ó Maria Concebida”. É um retrato da devoção
que o povo católico do Araguaia expressa à Mãe de Jesus,
padroeira não só da prelazia como de toda a Amazônia, do
Brasil e da América Latina. São os vários semblantes de
Maria que se revelam e se transfiguram na raça branca,
negra, indígena... Para que continue presente nas gerações
futuras, transcrevemos aqui a letra (talvez original),
juntamente com a partitura.
Maria Concebida
Ó Maria concebida Açucena sois do vale
Sem pecado original Sois da fonte o frescor
Quero amar-vos toda a vida Sois alívio em nossos males
Com ternura filial E prazer mesmo na dor

VOSSO OLHAR A NÓS VOLVEI Junto a vós o lírio e a rosa


VOSSOS FILHOS PROTEJEI Não tem graça, nem candor
Ó MARIA! Ó MARIA! Pois sois vós a mais formosa
VOSSOS FILHOS PROTEJEI Entre as obras do Senhor
VOSSOS FILHOS PROTEJEI
Sois estrela de bonança Sois a flor mais delicada
Entre as trevas a brilhar Dessa terra do vergel
O farol sois de esperança Padroeira desvelada
A quem sulca o negro mar Do Araguaia a vós fiel
Diante de tamanhos desafios, os missionários estabeleceram quatro postos de
missão, como centros de evangelização.
- No norte o posto do Pau d Arco com sua capela dedicada a São Domingos e
uma escola elementar freqüentada por crianças cristãs e indígenas.
- O posto São Vicente, não muito longe da tribo dos Apinagés, que entram
espontaneamente em contato com os brancos.
- No sul, o posto Santa Maria, com uma escola bem frequentada, um grupo
de jovens católicos, uma Sociedade de Filhas de Maria e uma associação de
Imelditas, não muito longe da tribo dos Xerentes e algumas famílias Karajá.
- Enfim, o posto de Santa Teresinha, sob o patrocínio de Santa Teresinha do
Menino Jesus, com uma escola sob a direção de uma catequista e, entre os
alunos, várias crianças Karajá. Os padres responsáveis alem de se ocupar da
casa paroquial, conseguia agrupar crianças indígenas e cristãs interessando-as
EXPOSIÇÃO - Aproveitando a oportunidade do
Congresso Eucarístico de São Paulo (setembro de
1942) a Missão Dominicana de Conceição do
Araguaia toma parte de uma grande Exposição
Missionária. Além de diversos emblemas, enfeites,
utensílios domésticos, fotos originais e armas dos
índios, quadros vistosos mostraram espécimes da
língua dos índios araguaianos: a Ave Maria em
Karajá e o Pai Nosso em Kayapó.
Na mesma oportunidade foram publicados os livros: “O Apóstolo do Araguaia”
de padre Estevam M. Gallais e “Lá longe no Araguaia” de frei Reginaldo
Tournier.
INSERÇÃO –
Para que o trabalho missionário junto aos índios
rendesse mais frutos seria preciso retomar o ideal já
expresso por frei Jacinto. Número suficiente de
missionários para podermos morar nas próprias aldeias.
Só assim o apostolado terá sentido. É inspirado nesse
ideal que frei Gill Gomes Leitão dedica a maior parte do
seu tempo no convívio das aldeias e buscando
aproximação com novas tribos. O informativo
missionário “Entre Nós” descreve uma dessas aventuras
vivida por frei Gil.
Há muitos anos os Gaviões são o terror da região. Frei Gil sabendo que um grupo estava
disposto a destruir a aldeia, depois de um ataque sofrido pelos gaviões, conseguiu com
certa dificuldade movê-los daquele intento, com uma condição. Que ele pacificasse
aqueles índios. Frei Gil viajou vários dias a pé pela mata até o rio Praia Alta. E Deus ajudou
que eles estavam lá. Frei Gil se aproximou em silêncio. Chegou tão perto que conseguiu
escutar a conversa deles. Dependurou nos galhos das árvores vários presentes e caiu fora..
Foi acampar a uns três quilômetros. No outro dia bem cedo foi à beira do riacho lavar o
rosto, quando avistou os “terríveis gaviões”, que vendo os presentes seguiram os rastros de
frei Gil. Este ao avistá-los gritou que se aproximassem. Assim foi feito. Conversaram,
cantaram, dançaram, até que um deles mostrou a cicatriz de bala nas costa e chorou. Frei
Gil chorou também. Viram então que estavam diante de um amigo verdadeiro. Frei Gil
pediu que voltassem com cinco dias. Mandou que alguns companheiros fossem a Marabá
buscar muita comida e presentes e ficou lá esperando. No quinto dia estavam lá 85 índios.
Pra encurtar a conversa, a coisa foi mais fácil do que se esperava e frei Gil agora está lá na
aldeia ajudando-os a construírem casas e plantarem uma grande roça (MD Nº38 p 17).
Em 1952 chegam as
irmãzinhas de Focauld, ou
Irmãzinhas de Jesus para
morar entre os Tapirapés,
participando da vida pobre
e de trabalhos que levam
esses bons índios:
“humaines au mileieu des
humains!” (humanos no
meio dos humanos). (MD Nº21 p 11)
O AEROPORTO - Uma das últimas realizações de D. Sebastião Tomás, com o
apoio das irmãs, alunas (os), índios, etc. além de um convênio com a FAB (Força
Aérea Brasileira) foi a construção do aeroporto. Lembramos aqui as imensas
dificuldades da época. Por exemplo, até 1942 gastava-se seis meses de viagem
para ir a Belém. Como durante o verão muitos jovens desciam para os garimpos
de diamantes, um pequeno grupo de Carajás que trabalhava em olarias
(cerâmicas) na cidade, foram ajustados pela prefeitura para ajudarem a preparar
o campo de aviação. “Distinguia-se essa turma de trabalhadores índios pelo seu
ardor e escrúpulo, recebendo boas diárias e as felicitações do Sr. Honoratinho
(prefeito?) e de frei Pedro Secondi” (MD Nº37 p 35). Em fevereiro de 1943 pousa
o primeiro avião (anfíbio) nas águas do Araguaia, devido a necessidade de
aumento no tamanho do aeroporto. O campo de aterrissagem deveria ser
aumentado em 300 metros, ficando assim com 1.200 metros de extensão.
Finalmente no dia 5 de maio foi inaugurado em Conceição do Araguaia o campo de aviação,
com a linha do Correio Aéreo Nacional(CAN), que terá duas viagens por semana... Que Nossa
Senhora do Loreto, padroeira da aviação, seja bendita pelo favor concedido a essas regiões
tão afastadas!
(MD Nº 37 p 42)
Inspirado nesse acontecimento inédito frei Luiz Palha, que além de escritor era
também compositor, compôs esse bonito canto (em parceria com Irmã...) que
transcrevemos com a devida partitura na página seguinte.

O avião - (Quem me dera um avião)


Quando eu vejo em revoada
Passar ligeiro avião As asas grandes, abertas
Sinto em mim um algo novo Parecem a cruz ou não?
Que eu chamaria emoção Eu fiquei pensando nisso
Seja o bom Deus aclamado A cruz é meu avião
Neste enlevo, encanto meu
Do avião a vida toda
Pela Idea desse pássaro
Oculta jaz no motor
Que aos humanos concedeu
Avião de Deus, minha alma
Se eu fosse um bardo da selva Tua vida Deus amou
Em quente e grave canção
Convocaria meus versos
Pra cantar esse avião
ANOS 40 E 50 - Na igreja predomina como atividade o
trabalho das desobrigas. Além das quatro desobrigas
.

anuais da prelazia nas quatro grandes regiões (baixo e


alto Araguaia, campos de Barreira, campos de
Conceição, na direção do Xingu), os missionários ainda
faziam um grande giro pelos campos de Goiás, até as
Cordilheiras. Além dos dominicanos, os padres
seculares vão se fazendo cada vez mais presentes
nessas grandes viagens missionárias
Dom Sebastião Tomás: novo “Mebabam Uaianá”. Começamos com fatos
curiosos relacionados aos índios, que vieram à tona com a morte de D.
Sebastião Tomás em 1946. Quando D. Sebastião, em sua primeira excursão à
procura dos índios revoltados Gorotirés, entrou em contato com esse grupo que
nunca havia “dado fala” a brancos, sucedeu o prodígio da entrega subitânea de
arcos e flechas, dos guerreiros da tribo ao “Mebabam Uaianá”... (MD Nº37 p
59) Uaianá era o título dado ao “feiticeiro” ou chefe religioso da tribo e
Mebabam tinha o significado de “nosso pai”. Essa rendição dos revoltados
índios tinha a feição de milagre. Mebabam Uaianá era o nome que os primeiros
Kaiapós de Conceição davam ao frei Gil de Villanova. Frei Luiz Palha conta ainda
que, entrando na choupana de um chefe Karajá se deparou com o retrato de D.
Sebastião enfiado na cumeeira e parecia olhar ainda para esse nobre índio a
quem ele quis tanto bem (MD Nº37 p 62).
JUBILEU DOMINICANO 1947. Jubileu da presença dominicana no Araguaia.
Frei Estêvão Dupuy, V. Provincial no Brasil, em visita a Conceição, cantou a Santa
Missa, no local mesmo em que, 50 anos atrás um outro dominicano francês, frei
Gil Villanova celebrava o santo sacrifício, iniciando naqueles tempos heróicos, o
apostolado dominicano nas praias araguaianas... Estremecemos de alegria
comovida, quando nos foi lido, no momento do ultimo Evangelho, um telegrama
vindo da Santa Sé, portador de uma benção do Papa Pio XII... Após a missa
cantada, foi hasteado o Pavilhão Nacional, junto ao monumento entre vivas ao
Brasil... As irmãs dominicanas abrilhantaram as comemorações com
manifestações públicas das suas alunas, em números de ginásticas e um
programa no palco do colégio onde foi decantado em prosa e verso frei Gil e
seus colaboradores. Num gesto significativo e eloquente, o chefe da prefeitura,
depois da fórmula recitada pelo Vigário Capitualr da Prelazia, avançou até o
altar da Virgem Imaculada e ali depositou uma chave simbólica, representando
Conceição civil na consagração religiosa oficial (MD Nº37 p 66-67).
VOCAÇÂO, SAUDE E EDUCAÇÃO
Aos poucos vai se desenvolvendo um movimento cada vez
mais expressivo de um clero secular, formado por padres da
região.
Em 1942 já estava em plena atividade o Seminário
preparatório São Domingos, com dez candidatos entre nove a
dezesseis anos, sob a regência e orientação do Padre Augusto
Dias de Brito. Funcionava na antiga capela de frei Gil, já
reformada. Além do seminário ali também foi implantado o
Instituto Santo Alberto, também sob a direção de Padre
Augusto.
Em 1951 são ordenados mais dois padres seculares da região: Padre
Cícero Brito e Padre Sebastião Brito da Cruz
Dom Luiz Palha foi sagrado
bispo no dia 13 de maio, na
Festa de Pentecostes de 1951,
no Rio de Janeiro.
LAR PIO XII E HOSPITAL NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO . Talvez a
“marca registrada” do seu episcopado tenha sido a
transformação da antiga casa-colégio “Estrela dos Reis” no
orfanato Lar Pio XII, para acolher não só crianças indígenas
órfãs, como também uma diversidade de outras crianças,
adolescentes e jovens, dando formação escolar, religiosa e
humana.
As mesmas repartições foram ampliadas para o
funcionamento do Hospital Nossa Senhora do Rosário, como
resposta a uma grande epidemia de doenças que assolava a
Como auxiliares nessa missão, D. Luiz contou com o trabalho das leigas
“Voluntárias do Rosário” e dona Eurídes Coelho da Silva, enfermeira.
Posteriormente contou também com os serviços de Terezinha de Jesus
Costa.
O BISPO ESCRITOR - As fontes de pesquisa nos mostram uma
convivência cada vez mais constante de D. Luiz, mesmo antes de ser
bispo, com os índios, de forma especial os Karajá. Além da catequese
ele fez um trabalho de pesquisa sobre os costumes, hábitos, lendas e
até mesmo sobre a língua dos Karajá. Chegou a escrever pelo menos
dois livros sobre essa misteriosa tribo: “ÍNDIOS DO ARAGUAIA,
costumes e lendas; coisas vistas e vividas” e “ENSAIO DE GRAMÁTICA

E VOCABULÁRIO DA LÍNGUA KARAJÁ”. Dividindo sua profunda


mística mariana entre Nossa Senhora do Rosário e a padroeira
Imaculada Conceição, escreveu também o livro NOSSA
SENHORA, A SANTA MÃE DE DEUS; quem é Nossa Senhora, o
que faz Nossa Senhora.
AMBULATÓRIO... HOSPITAL SÃO LUCAS - Relembrando
as palavras de frei José Audrin: os (as) missionários (as)
são pastores (as) das almas e médicos (as) do corpo.
Movidas por esse espírito e na tentativa de dar uma
resposta às epidemias já citadas e ao crescimento da
cidade, as irmãs dominicanas buscam alguns convênios
e mesmo com algumas dificuldades e limitações
conseguem construir e fazer funcionar um ambulatório,
inaugurado em 1960, com o nome do Evangelista
médico São Lucas.
O COLÉGIO SANTA ROSA se tornou uma referência regional e até
mesmo nacional, em algumas circunstancias, não só no campo da
educação como também da cultura, da pastoral, da inserção
ENSAIO DOS PRIMEIROS
MOVIMENTOS MUSICAIS EM
CONCEIÇÃO DO ARAGUAIA.

DAI NASCE O PRIMEIRO


FESTIVAL DA CANÇÃO DE
CONCEIÇÃO DO ARAGUAIA
FESTEJOS DA PADROEIRA - Queremos resgatar aqui uma
atividade fundamental e até mesmo central na vida da prelazia-
diocese durante décadas: os Festejos da Padroeira Nossa
Senhora da Conceição. Além de um tempo forte de
manifestações de fé era também um dos maiores pontos de
encontro, de expressão cultural, não só dos católicos, como de
grande parte da sociedade, tanto da cidade como do interior.
Pelo menos até os anos 60 quando a cidade e toda região se
surpreendeu com uma grande explosão demográfica, trazendo
como consequência outros valores religiosos, culturais, sociais,
econômicos e até mesmo éticos e morais.
OS BISPOS
• Primeiro bispo Frei Dom Domingos Carrerot (Francês) -
Dominicano
• Segundo bispo Frei Dom Sebastião Tomás (Francês) -
Dominicano
• Terceiro bispo Frei Dom Luis Palha (brasileiro) -
Dominicano
• Administrador apostólico Frei Tomas Balduino (brasileiro) -
Dominicano
• Quarto bispo Frei Dom Estevão Cardoso de Avelar
(brasileiro) - Dominicano
Teu passado, indelével memória,
dos missionários, que em meio ao
labor, Já tombaram... Mas
deixaram, de Frei Gil em Minh'
alma o fervor!
BIBLIOGRAFIA

Livro: Terras da Bandeira verde


Manelão

Memorias Dominicanas
Arquivo dos frades dominicanos

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