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HISTÓRICO E BASES FILOSÓFICAS DA

MEDICINA TRADICIONAL CHINESA


UNIDADE III
SUBSTÂNCIAS FUNDAMENTAIS
Elaboração
André Teves Aquino Gonçalves de Freitas

Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...................................................................................................................................................4

UNIDADE III
SUBSTÂNCIAS FUNDAMENTAIS........................................................................................................................................................5

CAPÍTULO 1
QI........................................................................................................................................................................................................... 5

CAPÍTULO 2
XUE (SANGUE).................................................................................................................................................................................. 9

CAPÍTULO 3
JIN YE (LÍQUIDOS CORPORAIS).............................................................................................................................................. 11

CAPÍTULO 4
JING (ESSÊNCIA) E SHEN (MENTE)......................................................................................................................................... 13
INTRODUÇÃO

A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) é uma prática milenar, integrativa e


complementar fundamentada nas leis da natureza sobre o processo saúde-doença
no ser humano. É baseada, diferentemente da Medicina Ocidental, em filosofia,
com princípios pautados na observação detalhada de todos os fenômenos da
natureza e em sua influência energética diretamente aplicada ao ser humano. A
Teoria Yin-Yang interpreta e relaciona todos os fenômenos da natureza como
complementares e opostos, enquanto a Teoria dos Cinco Elementos, ou cinco
Movimentos, relaciona os cinco elementos da natureza (madeira, fogo, terra,
metal e água) ao equilíbrio e à harmonia do corpo humano. Estudar e compreender
toda a base histórica da Medicina Tradicional Chinesa é quase o mesmo que
estudar a história da China e do povo chinês, é uma verdadeira viagem no tempo
para chegar a uma época simples, de baixa tecnologia, onde a observação precisa,
a paciência e o dom eram fundamentais para o desenvolvimento da humanidade.
Praticar Medicina Tradicional Chinesa, nesse sentido histórico, é uma verdadeira
arte quando o terapeuta carrega consigo toda a história e a raiz da medicina,
diretamente para a clínica, se não for dessa forma, certamente o terapeuta e o
tratamento deixam muito a desejar. Nesta disciplina teremos o prazer de viajar
na história, de conhecer a filosofia e a origem do sistema médico mais antigo e
ainda atual, de enxergar o nosso corpo com um novo olhar e entender melhor o
processo de saúde e doença.

Objetivos
» Conhecer a história da Medicina Tradicional Chinesa.

» Compreender os fundamentos da Medicina Tradicional Chinesa.

» Entender as Teorias do Yin e Yang, teoria dos cinco elementos.

» Identificar e compreender as substâncias fundamentais.

» Identificar e compreender os Zang Fu.

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SUBSTÂNCIAS
FUNDAMENTAIS
UNIDADE III

CAPÍTULO 1
QI

Como vimos anteriormente, o Paradigma do Qi nos mostra que é muito difícil


definir seu significado, mas sabemos que é uma energia fundamental, presente
em tudo que compõe o universo.

A base de tudo no organismo é o Qi. Todas as outras substâncias


vitais são manifestações do Qi em vários graus de materialidade,
variando do completamente material como os fluidos corpóreos
(Jin Ye), para o totalmente imaterial, tal como a mente (shen)
(AUTEROCHE, 1996).

Dentro da Medicina Tradicional Chinesa podemos dizer que existem dois grandes
significados para o termo Qi:

1. “Energia” produzida pelos órgãos internos que assume diversas formas


no organismo, com diversas funções como: transformação, transporte,
manutenção, ascendência, proteção e aquecimento em variados locais do
corpo humano;

2. O padrão de atividade funcional, ou metabolismo energético, de um órgão


interno.

O Qi é um estado constante de fluxo em estados variáveis de agregação.


Quando o Qi se condensa, a energia se transforma e se acumula em forma
física; quando se dispersa, o Qi origina as formas mais sutis de matéria.

O Qi é a energia capaz de se manifestar ao mesmo tempo sobre os níveis físico


e espiritual.

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UNIDADE III | Substâncias Fundamentais

A energia (Qi) flui pelo corpo, nutrindo-o e protegendo-o. De acordo com


sua localização e função no corpo, o Qi se manifesta de diferentes formas,
recebendo nomes específicos, como:

» Qi original (Yuan Qi) = se chama de Qi do rim ou Qi congênito,


justamente por ser uma herança energética que recebemos dos nossos pais e
está relacionado com a função reprodutiva. Surge da transformação da essência
(Jing) armazenada no rim; tem como função: movimentar as atividades dos
Zang Fu e de todo o organismo; fornecer calor para todo o organismo e auxiliar
nos processos de transformação de Qi no organismo.

» Gu Qi: Qi dos alimentos, representa o primeiro estágio na transformação


do alimento em Qi. Ele é produzido pelo baço (Pi), mas nessa forma
energética ainda não está pronto para ser utilizado pelo organismo.

» Kong Qi: origina-se no ar que respiramos através dos pulmões (Fei), antes
de o utilizarmos.

» Qi torácico (Zhong Qi) = formado através dos processos de obtenção e


união da energia celeste vinda do ar pelos pulmões (Kong Qi) com a energia
terrestre proveniente do Qi dos alimentos (Gu Qi); é acumulado no tórax,
de onde penetram o coração e os vasos sanguíneos, que têm a função de
impulsionar o sangue, ajuda o pulmão a controlar o Qi e a respiração e também
controla a fala e a potência da voz.

» Qi verdadeiro (Zhen Qi) = surge da transformação do Qi torácico


auxiliado pelo Qi original vindo dos rins; assume duas formas diferentes
de Qi: Qi nutritivo e Qi defensivo.

» Qi nutritivo (Ying Qi) = tem origem a partir da transformação dos


alimentos no estômago. Depois de transformado, o Qi extraído dos alimentos
é encaminhado em ascendência para o pulmão que, em contato com o ar,
o Qi dos alimentos torna-se Qi torácico, que é usado de base para o Qi
nutritivo. O Qi torácico, com ajuda do Qi original, transforma-se em Qi
verdadeiro e este, em sequência, em Qi nutritivo. Esse Qi nutritivo circula
internamente, acompanhando o Xue (sangue) pelos vasos sanguíneos
(Xue Mae) e meridianos, atingindo e nutrindo todo o nosso organismo.

» Qi defensivo (Wei Qi) = origina-se a partir do Qi dos alimentos, está


disperso por todo o corpo, circula por fora dos vasos sanguíneos e adentra
pela pele e pelos músculos com a função de aquecer, nutrir e controlar

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Substâncias Fundamentais | UNIDADE III

a abertura e o fechamento dos poros para proteger o corpo de possíveis


invasões por fatores patógenos externos como vento, calor, frio e umidade.

Dentro dessas diversas formas de manifestação e origem do Qi, existem funções


vitais para todo o nosso organismo, das quais podemos destacar:

» M
ovimento: o Qi tem a função de controlar todos os movimentos para que
sejam executados nos momentos exatos. Aqui englobamos os movimentos
de crescimento físico, os movimentos fisiológicos de cada órgão, a nutrição
sanguínea e a ativação das necessidades em cada momento do dia, o fluxo
de energia pelos meridianos e a reabsorção dos Jin Ye (líquidos orgânicos).
Em um quadro de deficiência de Qi, a consequência é a redução de todos
os movimentos, levando à redução de todas as funções: retardamento
de crescimento, metabolismo mais lento, falta de circulação sanguínea e
oxigenação e surgimento de dores pela estagnação de Qi e Xue.

» Temperatura: o Qi tem a função de manter o aquecimento do corpo e fazer


todo o seu controle térmico e mesmo a temperatura em regiões específicas.
Na ausência de uma termorregulação adequada, um dos primeiros sintomas
é a repulsa ao frio, com resfriamento do corpo e dos membros.

» Proteção: o Qi, não unicamente, mas principalmente em sua forma Wei Qi,
funciona como uma barreira imunológica, impedindo a invasão dos agentes
patogênicos extemos. A antiga literatura já dizia que se o Qi da superfície é
fraco, a invasão ocorre e os fatores patogênicos são capazes de penetrar o
organismo. Se ainda houver força do Qi interior, ele é capaz de expulsar o
fator patogênico e, assim, reestabelecer o equilíbrio e a saúde.

» Controle: o controle pelo Qi se dá nas mais variadas funções, como na


manutenção do sangue dentro dos vasos, controlando os líquidos através da
transpiração, da urina, da reabsorção e do esperma. Em certos momentos, o
Qi acumula funções, exercendo funções simultâneas em uma mesma estrutura
ou sistema: por exemplo, em relação aos vasos, o Qi exerce o controle que
mantém o sangue dentro dos vasos, mas, também, exerce a força que movimenta
o sangue e permite seu fluxo. Nesse sentido, então, qualquer alteração de
função do Qi pode comprometer diretamente a outra.

» Transformação: o próprio Qi executa seus processos de transformação,


sendo que uma forma é responsável por transformar as outras, como nos
casos do Jing, do Yuan Qi e do Xue. Para a realização dos movimentos
específicos de cada órgão e víscera também é necessária a transformação
constante dessa energia, bem como sua distribuição.

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UNIDADE III | Substâncias Fundamentais

O Qi apresenta ainda, em suas várias formas, um processo de deslocamentos


múltiplos, ou de trocas e movimentos. Temos processos de subida e descida de
energia, de entrada e saída, coordenando as funções fisiológicas e metabólicas
gerais e específicas dos órgãos e vísceras. Nos pulmões, por exemplo, o processo
de respiração apresenta diversos movimentos: temos a descida na inspiração, a
difusão nos alvéolos e a subida na expiração. Essa coordenação de deslocamentos
múltiplos, realizada de maneira correta pelo equilíbrio energético, resulta em
toda a atividade fisiológica e homeostase.

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CAPÍTULO 2
XUE (SANGUE)

Xue é o nome dado ao nosso sangue, tendo uma correspondência direta entre
a atividade fisiológica com a qual estamos habituados na medicina ocidental,
com suas funções energéticas. Xue é a energia responsável por nutrir e banhar
todos os nossos tecidos, sendo de suma importância para a homeostase toda a
atividade metabólica, nosso intelecto e movimentos.

O Xue se forma a partir do Gu Qi, a energia extraída pelo baço-pâncreas, dos


alimentos que ingerimos, após seu processamento pelo estômago. O Jing, então,
purifica esse Xue bruto, adicionando uma grande qualidade energética para que,
através da forma de impulsão do Qi, ele seja distribuído ao corpo pelos vasos
sanguíneos. Quanto maior qualidade energética temos em nossa alimentação, maior
a qualidade do nosso Gu Qi e menor a quantidade de Jing, que precisamos usar
nesse processo de purificação, e melhor o resultado da nutrição de todos os tecidos.

Mas não são apenas as funções comuns à atividade fisiológica que são controladas
energeticamente pelo Xue: ele está relacionado diretamente a nossa atividade
mental e sensorial. As nossas emoções, memória, capacidade de concentração e sono
são controladas com participação do Xue, de forma que alterações de Xue podem
resultar em ansiedade, distúrbios do sono e dificuldades cognitivas. Em relação
ao nosso sistema sensorial, temos ligação do Xue com a visão, com toda a nossa
pele, pelos, cabelos e tendões, estando, ainda, conectado às funções reprodutivas.
Nesse cenário, alterações de Xue refletem em secura, inflexão e visão turva.

Como era de se esperar, fazendo parte de uma mesma energia (lembrando que tudo
originalmente é Qi e as divisões de nomenclatura são para facilitar a compreensão
de acordo com a localização e função), Xue mantém uma relação muito próxima
com o Qi. Se não tivermos um Xue de qualidade, falta nutrição para o Qi, mas
sem o Qi não podemos formar Xue, nem impulsionar a circulação ou manter
o Xue dentro dos vasos sanguíneos. Para que Xue circule, deve estar sempre
acompanhado de Qi, sendo comuns quadros clínicos com estagnação combinada
dessas duas substâncias. Geralmente um estado mais leve apresenta estagnação
de Qi e quando não é corretamente tratado, o Xue não consegue circular e estagna
junto, complicando o estado.

Relacionando Xue aos Zang Fu, sua formação fica por responsabilidade do
baço-pâncreas, que também atua mantendo-o dentro dos vasos sanguíneos, de
forma que uma disfunção na energia do baço-pâncreas pode resultar em uma
hemorragia. O coração, por sua vez, exerce o comando do Xue, assim como na

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UNIDADE III | Substâncias Fundamentais

medicina ocidental, mantendo seu fluxo constante por todo o nosso organismo.
A deficiência energética do coração faz com que falte Xue nas extremidades
do corpo, onde o impulso necessário é maior, tornando-as frias. Além disso, o
coração abriga o nosso espírito e a nossa mente, então somamos a esses quadros
de deficiência os distúrbios do sono, inquietações e alterações emocionais, bem
como as palpitações.

Por fim, temos a relação do fígado com o Xue, através de seu armazenamento,
assim como na medicina ocidental. Além de armazenar, o fígado regenera o Xue
e o direciona para a manutenção do ciclo menstrual e da fertilidade. Quando o
fígado acumula Xue demais, por um estado de estagnação energética, temos as
cólicas menstruais, enxaquecas e alterações oculares.

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CAPÍTULO 3
JIN YE (LÍQUIDOS CORPORAIS)

Por Jin Ye entendemos todo o conjunto de fluidos do corpo, excluindo o sangue.


Entram aqui os líquidos intra e extracelulares, como as lágrimas, a saliva, o suor
e todas as outras secreções e lubrificantes. Assim como vimos na formação do
Xue, o Jin Ye é formado por ação do baço-pâncreas, juntamente com sua víscera
acoplada, o estômago, usando o Gu Qi, energia dos alimentos, como fonte. Ainda
se relacionam a eles a bexiga e os intestinos, responsáveis pelos processos de
purificação e de controle através da absorção e eliminação de líquidos.

Podemos encontrar, por pura didática, a separação entre Jin e Ye na literatura.


Embora sejam energias inseparáveis, dizemos que Jin corresponde aos líquidos
mais leves, finos, que podem ser diluídos e apresentam maior velocidade de fluxo,
atravessando os poros, a pele e a musculatura. Nessa altura, o Jin se associa ao
wei qi, energia de defesa, para pegar impulso e fluir pela superfície do corpo.

Ao Ye correspondem, então, os líquidos mais densos, viscosos, pesados. Esses


líquidos têm uma função maior de nutrição e acabam tendo fluxo lento, com
tendência forte a estagnar nas articulações, intestinos e outras vísceras, no
cérebro e medula. Sua circulação é mais interna do que a do Jin, utilizando o
Xue como impulso para fluir através dos vasos sanguíneos. Nesse sistema de
associação o Jin Ye pode atrapalhar a circulação de Xue se estagnar, deixando
o fluxo mais lento ou, até mesmo, estagnando Xue.

Para realizar sua circulação e assim se distribuir pelo organismo, o Jin Ye se


associa ao triplo aquecedor, banhando todos os tecidos. Quando atinge os órgãos,
o Jin Ye é transformado por cada um deles, de acordo com as necessidades
específicas. Para um terapeuta, avaliar o estado do Jin Ye através de investigações
de fatores como a transpiração, a sede e a ingestão de água e a qualidade e
quantidade de urina, permite um diagnóstico rico em detalhes.

Figura 12. Correspondências entre os Jin Ye e os órgãos responsáveis pela sua transformação,
controle e armazenamento.

Suor Lágrimas Catarro Muco Umidade

Comandado Relacionadas Comandado Armazenado Controlada


pelo coração. com o fígado. pelo baço. nos pulmões. pelos rins.

Fonte: Elaboração do autor.

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UNIDADE III | Substâncias Fundamentais

Assim como vimos em relação ao Xue e o Qi, Jin Ye também mantém laços
diretos com o Qi. Uma deficiência de Qi resulta em retenção de Jin Ye, ou seja,
retenção de líquidos, que gera um inchaço. Isso acontece, pois o organismo
tenta preservar toda a energia possível, mantendo tudo no corpo. Pode resultar
também na própria deficiência de Jin Ye por excesso de transpiração. Já
uma estagnação de Jin Ye reduz a velocidade do fluxo de Qi, enquanto a sua
deficiência leva a uma também deficiência de Qi.

Entre as funções exercidas pelo Jin Ye destacamos:

» Umedecer e Nutrir: os nossos Jin Ye nutrem e umedecem os nossos órgãos


e vísceras e todo o nosso sistema nervoso central e periférico. Além deles,
os líquidos orgânicos umedecem nossos olhos, nariz, boca, cabelos, pele,
músculos, poros, todas as partes do nosso corpo.

» Compor o Xue: além de se associar ao Qi, os Jin Ye se associam ao Xue, formando


a parte do plasma, mais aquosa, conferindo maior fluidez pelos vasos sanguíneos
e tecidos.

» Enriquecer o Jing, a medula e o cérebro: principalmente os líquidos


Ye são responsáveis pela nutrição energética do Jing e do sistema nervoso.
A falta dessa nutrição pode afetar os ossos e levar a um quadro chamado de
estado de vazio de cérebro e medula.

Por fim, os Jin Ye são fundamentais na manutenção do equilíbrio do Yin e do


Yang, participam do controle da termorregulação corpórea e mantém a atividade
dos órgãos.

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CAPÍTULO 4
JING (ESSÊNCIA) E SHEN (MENTE)

Jing é a essência, um tipo de energia fundamental na fisiologia orgânica que


é armazenada no rim (Shen), tem característica Yin e determina as fases de
crescimento, desenvolvimento físico e mental e reprodução (o que inclui as fases
de concepção e gestação).

Maciocia (2007) define, baseado nos escritos chineses, três tipos de essências Jing:

» Essência pré-celestial: é a Essência inata, ancestral, adquirida no


momento da concepção pelo material genético dos pais no momento da
concepção e nutre o embrião e o feto durante a gestação, ela define a
constituição básica de cada pessoa; uma vez perdida não pode ser substituída
é afetada por atividades exaustivas tais como trabalho intenso, vida sexual
desequilibrada e dieta irregular. Para manter essa energia positivamente
é essencial mantermos o equilíbrio entre trabalho e descanso, atividade
sexual e dieta saudável.

» Essência pós-celestial: é a essência adquirida através dos alimentos,


líquidos e da respiração (ar), a partir dos quais o Qi será produzido no
organismo. Está ligado diretamente ao baço, estômago e pulmão, devido a
suas funções na digestão e transformação e transporte. “Nutre” a essência
pré celestial. Pode ser afetada por uma alimentação inadequada, o que
leva a uma deficiência dessa essência pós-celestial e resulta no consumo
da essência pré celestial, para repor a energia necessária.

» E ssênc ia do rim: r e s u l t a d a i n t e r a ç ã o e n t r e a s e s s ê n c i a s p r é e
pós-celestial. Ela é estocada nos rins e circula pelo corpo através
dos oito vasos extraordinários (ou maravilhosos). É responsável
pelo crescimento, reprodução, desenvolvimento, maturação sexual,
concepção, gravidez, menopausa e envelhecimento.

Entre as funções do Jing, temos a promoção do desenvolvimento e do crescimento


físico e mental; a maturação sexual, reprodução, concepção e gestação, a produção
de medula e ainda serve de base material para a produção do Qi do rim e de base
da força constitucional do indivíduo. Destacamos também a função estoque de
energia, uma reserva acionada em todos os momentos em há ausência de Qi de
qualidade para o organismo.

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Shen (mente)

Shen é a mente, espírito ou consciência. Dentro da visão energética oriental, a


mente tem sua morada no coração; é o que confere a vitalidade, saúde mental e a
força da personalidade, sendo percebido através do “brilho dos olhos”. Determina,
ainda, o sono e o estado emocional do indivíduo.

Shen é o suporte da vida. É o organizador de cada um de nossos instantes


vividos, dono da duração do tempo de vida, é formador de tudo, de como nós
vivenciamos cada momento, a impressão que temos das pessoas e coisas com
as quais interagimos no mundo.

Nasce no momento da união do óvulo com o espermatozoide (encontro do Jing)


e, a partir daí, parte dele se aloja em cada órgão que vai se formando e recebendo
um nome (Po, Yi, Hun, Zhi). É modificado e transformado a cada experiência
vivida.

Diferentes aspectos do Shen:

» Hun = é chamado de alma etérea, ocupa o fígado e tem como característica


promover o movimento, executar ações e manter o livre fluxo de energia. É
responsável pelo relacionamento do indivíduo com o mundo, tem a capacidade
de projetar os pensamentos para fora, está ligado aos sonhos, percebe a energia
antes que ela apareça no ambiente, planeja, traça objetivos e metas na vida, o
primeiro choro é função do Hun, pois abre o indivíduo do interior para o exterior,
proporciona o movimento de tensão e relaxamento.

» Po = é a alma corpórea; controla os sentidos, os instintos, os reflexos do orgasmo,


a resposta esfincteriana; é responsável pelas reações de luta e fuga, ataques de
pânico e atos impulsivos, habita no pulmão. Demonstra o estado energético do
indivíduo, sintetiza as energias para formar a estrutura. Está ligado ao instinto
puro; sem projeções, não elabora, não fantasia e assim não produz nenhum
movimento. Po é, muitas vezes, responsável por momentos de explosão, de sustos,
sobressaltos e outras reações espontâneas, irracionais ou instintivas. Tem como
funções dar ao corpo a capacidade de coordenação motora, equilíbrio, agilidade
física, regula a homeostase física. Em desequilíbrio leva o indivíduo ao egoísmo e
individualismo.

» Yi = relacionado à intenção, sentido, inclinação, sentimento, opinião, ideias,


pensamento, direcionamento para o pensamento. Proporciona sabedoria e
julgamento, é responsável pela autoimagem (imagem corporal), armazena
imagens, ideias e intenções; traz a inspiração criativa; é responsável pela

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Substâncias Fundamentais | UNIDADE III

memória (principalmente a imediata, de decorar). Está relacionado ao


baço-pâncreas.

» Zhi = sua morada é o rim. Está relacionado com a força de vontade e pode
ser vista como sinal de vitalidade. É ambição, interesse, desejo e poder de
adaptação. Alterações geram medo, sentimento de inferioridade, timidez e
desconfiança, ou, ainda, sentimento de superioridade, autoritarismo e falta
de limites.

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