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CAICÓ
2021
ALINE CRISTINNE DE MEDEIROS
CAICÓ
2021
ALINE CRISTINNE DE MEDEIROS
BANCA EXAMINADORA
______________________________________
Prof.ª Dr.ª Etienne Lautenschlager
Orientadora
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN
______________________________________
Prof. Dr. Ilderlândio Assis de Andrade Nascimento
Membro interno
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN
______________________________________
Prof.ª Dr.ª Edvonete Souza de Alencar
Membro externo
UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS – UFGD
AGRADECIMENTOS
The present study is a research carried out with undergraduate Pedagogy students in
last semester from Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Caicó
campus, Brazil. We intend to reflect on the relation between reading and Mathematics,
being justified by the importance of reading as one strategy for teaching mathematical
affairs, so that students learn how to use it as an information searching tool and in
solution of problem-situations. Under this perspective, the main objective is to identify
how Pedagogy students in last semester from UFRN, Caicó campus, acknowledge the
importance of reading for teaching Mathematics. A qualitative and interpretative
approach was defined as the research methodology. For collecting data and
information, we elaborated and applied a survey, whose obtained data were analyzed
according to the Content Analysis technique. Main results show that: Brazil shows
exceptionally low performance in terms of understanding mathematical affairs by part
of its students, and that fragility is causally related to teaching and learning processes,
which involves several factors. Surveys have exposed low motivated students for
reading and deepening in contents, and little specialized knowledge of Mathematics
teaching. However, by discussing the hole reading may play in mathematics teaching
and learning, we hope to contribute for future teachers to head their actions to a
diversity of teaching strategies, and that teacher education institutions may re-evaluate
the working time of specific content subjects, especially Mathematics, providing
extension and teaching courses which aim to qualify its students.
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................13
2 UM OLHAR SOBRE PESQUISAS ANTERIORES...............................................16
2.1 O CENÁRIO DO ENSINO-APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA NO
BRASIL................................................................................................................ 16
2.2 A LEITURA E A MATEMÁTICA............................................................................20
2.3 A LEITURA COMO ESTRATÉGIA DE ENSINO DA MATEMÁTICA....................23
2.4 A FORMAÇÃO DO PROFESSOR QUE ENSINA MATEMÁTICA........................26
3 METODOLOGIA...................................................................................................31
.
3.1 O QUESTIONÁRIO...............................................................................................31
3.2 O PERFIL DOS PARTICIPANTES.......................................................................32
3.3 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE........................................................................33
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS..........................................34
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................40
REFERÊNCIAS.....................................................................................................42
APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO.........................................................................44
APÊNDICE B - TERMO DE AUTORIZAÇÃO......................................................45
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1 INTRODUÇÃO
Condizentes com o nosso olhar para os estudos que tratam do papel da leitura
nas aulas de matemática, pesquisadores como Smole e Diniz (2001), Fonseca e
Cardoso (2009), Borasi e Siegel (2000) reafirmam, cada vez mais, a leitura como um
tema de grande interesse no campo da educação matemática. Mesmo diante das
pesquisas que comprovam a sua importância, Borasi e Siegel (2000), por exemplo,
afirmam que, embora a leitura tenha sido reconhecida como um recurso valioso para
a aprendizagem da matemática, tem-se lançado mão da prática da leitura nas salas
de aulas apenas para a extração de informações e como técnica que favorece o
trabalho com a resolução de problemas.
Neste trabalho, consideramos a leitura como um dos meios mais importantes
para a construção de novas aprendizagens, para o fortalecimento de ideias e ações,
bem como para a ampliação dos conhecimentos do sujeito de forma integral. Dessa
forma, anunciamos o objetivo desta pesquisa de maneira sucinta, o qual será
retomado e discutido ao longo deste estudo. Nosso objetivo geral é identificar a
compreensão que os licenciandos do curso de pedagogia da UFRN/Ceres possuem
a respeito da importância da leitura para o ensino da matemática. Quanto aos
objetivos específicos, pretendemos apresentar a relação entre a leitura e a
matemática, identificar a importância da leitura como uma estratégia de ensino da
matemática, bem como destacar a importância da formação e do conhecimento
especializado do professor que ensina matemática.
Diante do exposto, e das ideias que relacionam a leitura com a matemática,
formulamos a seguinte questão de pesquisa: qual compreensão os licenciandos do
último período do curso de pedagogia da UFRN, Campus Caicó, possuem a respeito
da importância da leitura para o ensino da matemática?
Ao discutir o papel que a leitura pode exercer no ensino e na aprendizagem
da matemática, esperamos contribuir para que os futuros professores direcionem suas
ações, a fim de que as práticas pedagógicas com a matemática caminhem em sentido
oposto àquelas caracterizadas pelo excesso de memorização de fórmulas e regras.
Para apresentar este estudo, organizamos o texto em cinco capítulos. A partir
do segundo capítulo, apresentamos e discutimos alguns trabalhos de autores que
versam sobre a educação matemática, estratégias de ensino e formação de
professores, compondo assim o referencial teórico deste projeto.
No terceiro capítulo, discutimos a metodologia da pesquisa e fazemos uma
análise preliminar do nosso instrumento de coleta de dados. No quarto capítulo,
16
1 O Pisa é uma rede mundial de avaliação de desempenho escolar. É coordenado pela OCDE, com
vistas a melhorar as políticas e resultados educacionais.
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Diante do baixo rendimento dos alunos, como vimos nos indicativos das
macroavaliações acima ilustrados, é possível concluir que o Brasil realmente
apresenta um desempenho muito baixo no que diz respeito ao domínio dos conteúdos
matemáticos elementares por parte dos alunos e que essa fragilidade está
diretamente relacionada aos processos de ensino e aprendizagem que são
desenvolvidos nesta área do conhecimento. Dessa forma, a partir dos resultados já
mencionados, que demonstram um quadro de aprendizagem matemática
insatisfatória, surge a necessidade de discutir sobre práticas, metodologias ou
estratégias de ensino que possam contribuir para facilitar o processo de aprendizagem
matemática dos alunos.
Para Pacheco e Andreis (2018), a importância de discutir e pensar essas
questões está relacionada ao fato de as dificuldades de aprendizagem na matemática
poderem acarretar baixo rendimento e gerar insucessos, levando os estudantes a ter
uma certa aversão a essa disciplina e a desenvolver dificuldades ainda maiores com
o passar dos anos escolares.
Um ensino de matemática que privilegia somente o desenvolvimento de
habilidades algorítmicas e a memorização de regras, deixando para um segundo
plano a atenção ao desenvolvimento do pensamento matemático, certamente não é
suficiente para enfrentar as demandas sociais que emergem da sociedade atual.
Pesquisadores da área de educação matemática sinalizam a importância de
selecionar diferentes estratégias, que permitam a reflexão e a ampliação do
pensamento matemático, uma vez que não basta apenas manipular materiais e
instrumentos tecnológicos, pois o mais importante é a natureza da atividade
matemática. Nesse sentido, a escola precisa incentivar a prática pedagógica
fundamentada em diferentes metodologias, valorizando as concepções de ensino e
de aprendizagem.
Por outro lado, percebe-se que a leitura e a interpretação de textos também
se apresentam como uma das principais dificuldades escolares. Segundo Rabelo
(1996), um dos objetivos da escola é instrumentalizar o aluno, para que se constitua
num bom leitor e escritor; no entanto, esse objetivo não vem sendo alcançado com
eficiência. De acordo com o autor, o baixo desempenho dos alunos diante dos
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habilidade na busca por informações e novos aprendizados não devem ser realizados
apenas nas aulas de língua materna, e sim em todas as áreas do conhecimento.
Voltando-se para a relação entre a leitura e a matemática, Smole e Diniz
(2001) destacam que faz parte do senso comum docente a ideia de que as
dificuldades em ler e interpretar exercícios matemáticos estão relacionadas à pouca
habilidade de leitura nas aulas de língua materna. Mas, se levarmos em consideração
o fato de que a leitura é um dos principais caminhos para a ampliação da
aprendizagem em qualquer área do conhecimento e que interpretar um texto
matemático exige um processo particular de leitura, em detrimento do tipo de
linguagem e dos símbolos próprios à disciplina, entenderemos que a necessidade de
transformar os alunos em leitores fluentes não é responsabilidade apenas das aulas
de língua materna.
Nessa mesma perspectiva, que defende o incentivo à leitura em todas as
áreas do conhecimento, Klüsener (2000) menciona que ler e escrever não dizem
respeito unicamente à língua materna, já que a leitura se faz necessária para
compreendermos todas as formas humanas de interpretar, explicar e analisar o
mundo.
A matemática e a língua portuguesa são disciplinas presentes em toda a
formação escolar, e ambas possuem um lugar de destaque nos currículos da
educação. Para Coura (2010), é notória a dificuldade que os alunos têm em ‘traduzir’
o enunciado das situações-problema da língua portuguesa para a matemática.
Partindo desse pressuposto, a autora desenvolveu uma proposta de pesquisa com o
objetivo de identificar as relações entre matemática e língua materna no âmbito das
práticas de leitura e escrita em aulas de matemática, bem como compreender como
essas relações influenciam a aprendizagem dos alunos.
Para explicar a relação entre as duas disciplinas, Coura (2010) destaca a ideia
de que, mesmo antes de ingressar na vida escolar, a linguagem apresenta-se como
instrumento necessário para que a criança conheça o mundo que a rodeia e possa se
comunicar. Nesse sentido, a língua materna aparece como o primeiro tipo de
linguagem utilizado pela criança, e, a partir daí, surge a importância de relacioná-la
aos demais tipos de conhecimento.
Dessa forma, a fim de explicar a origem da interação entre matemática e
língua portuguesa, Coura (2010) utiliza a teoria de Devlin (2004), que, investigando a
evolução do pensamento matemático, acabou por lançar uma visão alternativa da
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Tal problema não aconteceria com a Língua Materna, pois seus símbolos, as
palavras – além de inerentes à vivência diária – referem-se, em grande parte,
a entes reais, ou a objetos imaginários que podem ser descritos em termos
de objetos reais; exigindo um grau de abstração menor que aquele
necessário à manipulação dos entes puramente abstratos da Matemática.
(COURA, 2010, p. 6).
A literatura estudada até aqui nos mostra que a língua materna dá suporte à
matemática, bem como que, enquanto estratégia de aprendizagem, a leitura pode ser
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usada pelos alunos como ferramenta de compreensão dos conteúdos, por meio da
qual se tornaria possível receber e processar o conhecimento matemático. Nessa
perspectiva, é interessante buscar estratégias para trabalhar com a leitura nas aulas
de matemática, de modo a fazer com que se torne significativa para os alunos e tenha
por finalidade atingir melhores níveis de compreensão e aprendizagem acerca dos
conteúdos trabalhados.
Fonseca e Cardoso (2009, p. 66) destacam o uso não só de textos
propriamente matemáticos mas também de práticas que utilizam textos de outros
contextos para o ensino desta disciplina, como “[...] a utilização de anúncios de
produtos, mapas, contas de serviços públicos ou particulares, visores de aparelhos de
medida, etc., que aparecem nas situações de ensino-aprendizagem de Matemática,
em geral inseridos nos enunciados de problemas”.
De acordo com as autoras, a utilização desses textos diversos seria uma
forma de contextualizar o ensino da matemática na realidade do aluno. Para
promoverem essa contextualização, segundo Fonseca e Cardoso (2009), é
necessário que os educadores utilizem textos que contenham situações cotidianas e
significativas para o aluno, levando-o à compreensão de que os conteúdos
matemáticos ensinados na sala de aula podem ajudá-lo a decifrar situações-problema
resultantes de práticas sociais.
Seguindo essa concepção de adotar estratégias de ensino que envolvam a
leitura e a matemática, Corrêa (2009) destaca, dentre os meios de comunicação, a
utilização do jornal como recurso didático, por se tratar de um veículo de informação
que mantém o leitor em contato com a realidade cotidiana, sendo capaz de promover
a interação entre os conhecimentos escolares e os sociais.
É comum a utilização da linguagem matemática em textos jornalísticos, que
abordam e comunicam os mais diversos tipos de informação. Mas, para que seja
utilizado como recurso didático eficaz, os educadores devem levar em consideração
o interesse e a curiosidade dos alunos, com o objetivo de estimular a busca de novas
aprendizagens por meio da leitura das informações veiculadas no periódico, que
devem estar diretamente ligadas ao contexto do conteúdo trabalhado no ambiente
escolar.
De acordo com Rabelo (1996), após a leitura de um texto, o professor não
deve ficar preocupado apenas em transmitir suas ideias, mas sobretudo em tentar
extrair dos alunos, mediante discussões, o que eles entenderam sobre a essência do
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Curi (2004) ainda aponta que a carga horária destinada à formação para a
área da matemática ocupa, em média, de 36 a 72 horas, o que corresponde de 4% a
5% da carga horária total dos cursos estudados. Revela ainda que aproximadamente
90% dos cursos diagnosticados elegem as questões metodológicas como essenciais
à formação do professor polivalente e que pouca importância é dada aos conteúdos
matemáticos e às suas didáticas nestes cursos.
Vimos então que um dos possíveis fatores da fragilidade na formação docente
está relacionado com as próprias matrizes curriculares dos cursos de pedagogia, no
que diz respeito à baixa carga horária destinada à formação em matemática.
Direcionando nosso olhar para a grade curricular do curso de pedagogia da
UFRN/Ceres, Campus Caicó,2 deparamo-nos com situação semelhante. Das 3.290
horas necessárias à formação do pedagogo, apenas 90 horas são dedicadas ao
estudo da matemática no ensino fundamental.
Em vista disso, infere-se que, na formação do professor das séries iniciais, o
conteúdo matemático é apresentado de forma insuficiente, formando profissionais
despreparados no que diz respeito ao domínio conceitual da matemática e de seus
conteúdos, fator que exerce influência direta nas dificuldades que os alunos virão a
2 Caicó é um município brasileiro pertencente ao estado do Rio Grande do Norte. Principal cidade da
região do Seridó, localiza-se na zona central do estado, distante 282 km da capital estadual, Natal.
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interpretações, etc.).
(conhecimento matemático)
Fonte: elaborado pela autora (2020) com base em Moriel-Junior e Carrillo (2014).
3 METODOLOGIA
3.1 O QUESTIONÁRIO
Questões Objetivo
1) Como foi sua experiência como A questão objetiva identificar qual ou quais
leitor(a) enquanto aluno(a) do ensino as experiências dos(as) alunos(as) com a
fundamental ou do ensino médio? leitura enquanto estavam cursando o ensino
Relate. fundamental ou o ensino médio.
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Questões Objetivo
Figura 2 – Protocolo 1
Figura 3 – Protocolo 2
Fonte: elaborado pela autora (2020) com base nas respostas ao questionário (Anexo A).
O Quadro 4 nos mostra que, embora na maior parte das respostas os alunos
tenham demonstrado que estão mais focados nas leituras relacionadas ao tema de
suas monografias, uma quantidade significativa de alunos (11) afirmou que está se
detendo apenas nas leituras obrigatórias dos componentes curriculares do curso de
pedagogia, isto é, nas leituras indicadas pelos professores (Figuras 4 e 5).
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Figura 4 – Protocolo 13
Figura 5 – Protocolo 21
Figura 6 – Protocolo 29
Figura 7 – Protocolo 20
Por meio das falas expostas nas figuras 6 e 7, e tomando como base para
critério de análise o KMT, podemos dizer que as respostas dos alunos nos mostram
aspectos positivos e negativos. Se levarmos em consideração que o conhecimento
específico do professor baseia-se na sua crença a cerca do ensino e aprendizagem
da Matemática, detectamos um ponto positivo, pois, em suas respostas, os alunos
demonstram compreender a importância da relação entre a leitura e a matemática.
Por outro lado, também identificamos um aspecto negativo, já que em suas falas, os
alunos não identificam a leitura como uma estratégia de ensino da matemática.
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Fonte: elaborado pela autora (2020) com base nas respostas ao questionário (Anexo A).
Figura 8 – Protocolo 12
Figura 9 – Protocolo 9
que diz respeito aos recursos que permitem ao professor optar por uma estratégia
para ensinar determinado conteúdo, bem como às suas respectivas características
(limitações/potencialidades existentes em si mesmos). No protocolo 9, por exemplo,
observamos que a licencianda não estabeleceu nenhuma relação entre a leitura e a
matemática. Neste ponto, chamamos a atenção para a necessidade de reforçar a
importância e a urgência de analisar a forma como a matemática está sendo discutida
nos cursos de pedagogia.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. Disponível em:
https://bit.ly/3eUa9wj. Acesso em: 20 out. 2020.
APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO
QUESTIONÁRIO
1. Como foi sua experiência como leitor(a) enquanto aluno(a) do ensino fundamental ou do
ensino médio? Relate. (Orientações: teve algum professor incentivador? Participou de
algum grupo de leitura? Costumava ler só por obrigação ou também por prazer?).
TERMO DE AUTORIZAÇÃO
....................................................................................................................
Assinatura do Aluno