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GILBERTO SANTOS JR
TERMOLOGIA
1. INTRODUÇÃO 2. TEMPERATURA E CALOR
Termologia é uma parte da física. No en- Todos os corpos são constituídos por partí-
tanto antes de iniciarmos o nosso estudo, surge o culas que estão sempre em movimento. Esse mo-
primeiro questionamento: onde encontramos a vimento é denominado energia interna do corpo.
Termologia em nosso dia a dia? Para responder, O nível de energia interna de um corpo está
vamos listar algumas situações do nosso cotidia- correlacionado com velocidade com que suas par-
no: tículas se movimentam, isto é, se o movimento é
• Ao acordarmos bem cedo e vamos tomar um rápido, o corpo possui um nível de energia interna
banho quente, mas ao ligarmos o chuveiro a alto; se o movimento é lento, o corpo tem nível de
água está em temperatura ambiente, fria, de- energia interna baixo.
vemos esperar ser fornecida energia para que Investigando microscopicamente um corpo,
a água se aqueça, atingindo a temperatura observou-se que seu estado de aquecimento influi
adequada para o nosso banho. no estado de agitação de suas partículas, tornando
• Ao chegarmos à cozinha sentimos o cheiro de- as partículas do corpo mais agitadas à medida que
licioso do café sendo passado. A água foi aque- vai ficando mais quente.
cida até próximo do ponto de ebulição antes de Exemplo: Considerando que dois recipientes con-
ser colocado o pó de café. têm o mesmo tipo de gás, conforme a figura abai-
• Ao abrirmos a porta da geladeira, recebemos o xo, no recipiente 2 o estado de agitação das partí-
ar gelado vindo do seu interior – esse ar foi culas que compõem o gás é maior, pois eles se
resfriado, perdendo energia. movimentam com maior rapidez. Desse modo po-
• Do congelador da geladeira tiramos algumas demos concluir que o gás do recipiente 2 se en-
pedras de gelo, por exemplo, para colocarmos contra numa temperatura mais elevada que o gás
num suco de fruta. O suco resfriará porque do recipiente 1.
perde energia para o gelo, assim como o gelo
derreterá porque receberá energia do suco.
• Ao entramos num carro, ligamos o ar-
condicionado para resfriar o ambiente. Ligamos
o motor do carro e a gasolina é “explodida”,
gerando gases aquecidos que se expandem e
Recipiente 1 Recipiente 2
realizam trabalho, movendo os pistões do mo-
tor e colocando o carro em movimento. Com base nesse conceito, define-se;
• Ao passamos com um carro por um viaduto Temperatura é um valor numérico associado a
percebemos pequenas valetas. São fendas de determinado estado de agitação ou de movi-
dilatação que os engenheiros deixam para que mentação das partículas de um corpo, umas em
as partes do viaduto ou pontes possam dilatar relação às outras.
sem provocar danos na estrutura.
Portanto, as palavras quente e frio estão
• À tarde, observamos pela janela de nossa casa
associadas à temperatura de um corpo.
que está chovendo – a água que foi evaporada
O aparelho utilizado para medir a tempera-
na superfície sobe em forma de vapor e agora
tura de um corpo é chamado termômetro.
condensando cai em gotas.
A temperatura de um corpo indica se esse
corpo vai ganhar ou perder energia interna ao en-
trar em contato com outro corpo.
Exemplo: Um termômetro colocado sobre o corpo
quente mostra que sua temperatura diminui, en-
A preparação de um bolo envolve energia em quanto outro colocado sobre o corpo frio mostra
forma de calor. O bolo precisa receber energia que sua temperatura aumenta, conforme figura
térmica para seu cozimento.
abaixo:
O aprendizado da Termologia vai nos aju-
dar a entender essas e muitas outras situações em
nosso dia a dia.
Termologia é parte da Física que estuda os
fenômenos relativos ao aquecimento, ao resfri-
amento ou às mudanças de estado físico em
corpos que recebem ou cedem determinados
tipos de energia. Da mesma forma que a água se movimenta
no sentido da gravidade, o calor flui de um corpo
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
1)(Cefet-SP) Calor é:
(a) é o mesmo que temperatura.
(b) medido em graus celsius. O tubo capilar pelo qual passa o mercúrio é muito estreito, por
(c) uma forma de energia que não existe nos cor- isso a haste de vidro é moldada que sirva de lente de
pos frios. aumento.
(d) uma forma de energia que se atribui aos cor- • Termômetro clínico digital: Nas farmácias
pos quentes. podemos encontrar outro tipo de termômetro
(e) energia em trânsito de um corpo para o outro, clínico, que não utiliza o mercúrio, mas sim um
quando entre eles há diferença de temperatura. dispositivo eletrônico capaz de indicar a tempe-
ratura do corpo humano, com boa precisão,
2)(UFSCAR-SP) Dois corpos A e B, de massas funciona com uma pequena bateria.
mA e mB estão inicialmente às temperaturas tA e
tB, respectivamente, com tA ≠ tB. Num dado ins-
tante, eles são postos em contato térmico. Após
atingir o equilíbrio térmico, teremos:
• Termômetro de rua: Um termômetro dife-
(a) t’A > t’B (c) t’A < t’B
rente, que pode-
(b) t’A = t’B (d) n.d.a. mos encontrar nas
ruas de algumas
3. MEDIDA DE TEMPERATURA cidades, são esses
As experiências mostram que algumas ca- relógios como o da
racterísticas físicas dos corpos variam de acordo fotografia ao lado,
com a mudança de sua temperatura. Como exem- medem a tempera-
plo, temos: tura do ar local.
• O comprimento de uma barra de metal;
2
TC TF - 32 TK - 273
⟹ = =
5 9 5
Exemplos:
1) A coluna líquida de um termômetro de mercú-
rio tem altura de 2 cm, em contato com gelo em
fusão. Quando o termômetro é colocado na água
em ebulição, sob pressão normal, a coluna líquida
apresenta 6 cm de altura.
O intervalo de 0 °C a 100 °C e de 273 K a Determinar:
373 K é dividido em 100 partes iguais e cada uma a) a equação termométrica desse termômetro na
das divisões correspon- escala Celsius;
dentes a 1 °C e 1 K, b) a temperatura de um corpo para o qual a colu-
respectivamente. Na na líquida mede 3,5 cm.
escala Fahrenheit o Resoluções:
intervalo de 32 °F a a) a equação termométrica relaciona a temperatura com a
212 °F é dividido em grandeza termométrica (altura da coluna de mercúrio), segun-
180 partes iguais e do uma função do 1º grau. Estabelecendo uma proporção,
temos:
cada uma das divisões
corresponde a 1 °F.
Observe figura ao lado.
A escala Fahrenheit1 é usada, geralmente,
nos países de língua inglesa.
2 William Thomson (no Brasil é mais conhecido como Lorde Kelvin) foi um físico-
matemático e engenheiro britânico, nascido na Irlanda. Considerado um líder
nas ciências físicas do século XIX, ele fez importantes contribuições na análise
1 Daniel Gabriel Fahrenheit (Danzig, 24 de maio de 1686 — Haia, 16 de setem- matemática da eletricidade e termodinâmica, e fez muito para unificar as disciplinas
bro de 1736) foi um físico e engenheiro e soprador de vidro alemão-polonês, mais emergentes da física em sua forma moderna. É conhecido por desenvolver a esca-
conhecido por ter inventado o termômetro de mercúrio (1714), e pelo desenvolvi- la Kelvin de temperatura absoluta (onde o zero absoluto é definido como 0 K).
mento de uma escala de temperatura em sua homenagem. Disponível em: Recebeu o título de nobreza de Primeiro Barão Kelvin de Largs, pela grande impor-
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Gabriel_Fahrenheit>. Acesso em: 13 mar. 2017 tância de seu trabalho científico. Disponível em:
<https://pt.wikipedia.org/wiki/William_Thomson>. Acesso em: 13 mar. 2017
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EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
12) O gráfico estabelece a relação entre uma es-
cala hipotética de temperatura e a escala Celsius:
4) Transforme:
a) 15 °C para graus Fahrenheit. R: 59 °F
b) – 10 °F para graus Celsius. R: - 23,3 °C
c) 72 °C para Kelvin. R: 345 K
d) 120 K para graus Celsius. R: - 153 °C Determine a temperatura da água em ebulição,
e) 122 °F para Kelvin. R: 323 K sob pressão atmosférica normal. R = 120 °H
5) Ao medir a temperatura de um gás, verificou-
se que a leitura era a mesma, tanto na escala Cel-
sius como na escala Fahrenheit. Qual era essa
temperatura? R: - 40 °C e - 40 °F
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ver:
L = L0∝ T
Em que ∝ é uma constante característica do
material que constitui a barra, denominada coefi-
ciente da dilatação linear.
A tabela a seguir mostra os valores de ∝ de
algumas substâncias:
Substância Coeficiente (°C-1)
Alumínio 24 ∙ 10-6
Cobre 17 ∙ 10-6
Chumbo 29 ∙ 10-6 20) A primeira ferrovia a funcionar no Brasil foi
Aço 12 ∙ 10-6 inaugurada em abril de 1854, ligando o Porto de
Ferro 12 ∙ 10-6 Mauá a Fragoso, no Rio de Janeiro, com 14,5 km
Prata 19 ∙ 10-6 de extensão, construída pelo Visconde de Mauá.
Mercúrio 41 ∙ 10-6 Um dos cuidados que se deve ter na colocação dos
trilhos em uma ferrovia é deixar uma pequena
Exemplo: O comprimento de um fio de alumínio é
distância entre dois deles para possibilitar a dilata-
de 30 m a 20 °C. Sabendo-se que o fio é aquecido
ção térmica que pode ocorrer com a variação de
até 60 °C e que o coeficiente de dilatação do alu-
temperatura.
mínio é de 24 ∙ 10-6 °C-1, determinar:
a) a dilatação do fio;
b) o comprimento final do fio.
Resoluções:
a)
*
L = L0∝ T ⇒ L = 30 ∙ 24 ∙ 10-6 ∙ 40
L = 0,0288 m Normalmente os trilhos utilizados possuem 20 m
b) L = L - L0 ⇒ L = L0 + L de comprimento. Em sua fixação sobre dormentes,
L = 30 + 0,0288 uma distância de 5 mm é deixada entre as peças
L = 30,0288 m consecutivas, são as juntas de dilatação que evi-
tam que os trilhos se espremam em dias muitos
EXERCÍCIOS PROPOSTOS quentes. Considerando um local em que a tempe-
15) O comprimento de um fio de aço é de 40 m a ratura varia aproximadamente 25 °C entre a mí-
22 °C. Determine o seu comprimento num dia em nima no período da noite e a máxima durante o
que a temperatura é de 34 °C, sabendo que o coe- dia, determine o valor do coeficiente de dilatação
ficiente de dilatação linear do aço é 11 ∙ 10-6 ºC-1. linear do material dos trilhos, supondo que o es-
R: L = 40,00528 m
paço deixado é exatamente o necessário.
16) Um trilho de aço tem 10 m de comprimento a 21) Um estudante ouviu de um antigo engenheiro
– 10 °C. Supondo que a temperatura suba para 40 de uma estrada de ferro que os trilhos de 10 m de
°C e que o coeficiente de dilatação do aço seja comprimento haviam sido fixados ao chão em um
exatamente 12 ∙ 10-6 ºC-1, determine, em mm, o dia em que a temperatura era de 10 °C. No dia
acréscimo de comprimento do trilho. R: ∆L = 6 mm seguinte, em uma aula de Geografia, ele ouvia
17) O comprimento inicial de uma barra de alu- que, naquela cidade, a maior temperatura que um
mínio é de 100 cm. Quando sofre variação de 20 objeto de metal atingiu, exposto ao sol, foi 50 °C.
°C a sua dilatação é de 0,048 cm. Determine o Com essas informações, o estudante resolveu cal-
coeficiente de dilatação linear do alumínio. R: ∝ = 24 ∙ 10 -6
cular a distância mínima entre dois trilhos de
°C-1 trem. Que valor ele encontrou? (Dado: coeficiente
18) Um fio de cobre mede 80 m a 0º C e 80,068 de dilatação linear do aço – 1,1 ∙ 10-5 °C-1).
a 50 °C. Calcule o coeficiente de dilatação linear
do cobre. R: ∝ = 17 ∙ 10 °C
-6 -1
24)(UFV-MG) Uma chapa metálica possui um 26) Tem-se um disco de cobre de raio 10cm, à
furo circular, ao qual se ajusta perfeitamente um temperatura de 100 °C. Qual será a área do disco
pino, quando ambos se encontram à mesma tem- à temperatura de 0°C? (Dado: ∝cobre = 17 ∙ 10-6 ºC-
1
peratura inicial. O coeficiente de dilatação linear ) R: S = 312,93 cm (R: A = 313,091cm )
2 2
pino.
(e) o resfriamento da chapa, mantendo-se o pino 29) Em uma placa de ouro a um pequeno orifício
temperatura inicial. que, a 30 °C tem superfície de área 5 ∙ 10-3 cm2. A
que temperatura devemos levar essa placa para
5.2 Dilatação superficial
que a área do orifício aumente o correspondeste a
É aquela em que predomina a variação em
6 ∙ 10-5 cm2? (Dado: coeficiente de dilatação linear
duas dimensões, ou seja, a variação da área.
do ouro = 15 ∙ 10-6 °C-1) R: 430 °C
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
30) Uma chapa de alumínio possui um furo na
sua parte central. Sendo aquecida, observamos
que:
(a) tanto a chapa como o furo tendem a diminuir
Experimentalmente, verificou-se que S é dire-
as suas dimensões.
tamente proporcional a S0 e T , logo:
(b) o furo permanece com suas dimensões origi-
S = S0β T nais e a chapa aumenta.
(c) a chapa e o furo permanecem com as suas
dimensões originais.
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no qual:
V0 = volume inicial
V = volume final e
V = variação de volume (dilatação volumétrica)
A dilatação volumétrica pode ser obtida pe-
la expressão:
V = V0 ∙ γ ∙ T
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
31) Um cubo metálico tem volume 20cm 3 à tem-
peratura de 15 °C. Determinar o seu volume à
temperatura de 25 °C, sendo o coeficiente de dila-
tação linear do metal igual a 0,000022 ºC-1.
R: V = 20,0132 cm3
Referências
BOAS, N.V.; DOCA, R.H.; BISCUOLA, G.J. Física 2: Termo-
logia – Ondulatória - Óptica. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2013,
v.2.
BONJORNO, J.R.; CLINTON, M.R. Física 2: Termologia –
Óptica Geométrica - Ondulatória. São Paulo: FTD, 1992, v.2
CARRON, W.; OSVALDO G. Física. São Paulo: Moderna,
1999, v.único. (Coleção base).
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