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PROF.

GILBERTO SANTOS JR
TERMOLOGIA
1. INTRODUÇÃO 2. TEMPERATURA E CALOR
Termologia é uma parte da física. No en- Todos os corpos são constituídos por partí-
tanto antes de iniciarmos o nosso estudo, surge o culas que estão sempre em movimento. Esse mo-
primeiro questionamento: onde encontramos a vimento é denominado energia interna do corpo.
Termologia em nosso dia a dia? Para responder, O nível de energia interna de um corpo está
vamos listar algumas situações do nosso cotidia- correlacionado com velocidade com que suas par-
no: tículas se movimentam, isto é, se o movimento é
• Ao acordarmos bem cedo e vamos tomar um rápido, o corpo possui um nível de energia interna
banho quente, mas ao ligarmos o chuveiro a alto; se o movimento é lento, o corpo tem nível de
água está em temperatura ambiente, fria, de- energia interna baixo.
vemos esperar ser fornecida energia para que Investigando microscopicamente um corpo,
a água se aqueça, atingindo a temperatura observou-se que seu estado de aquecimento influi
adequada para o nosso banho. no estado de agitação de suas partículas, tornando
• Ao chegarmos à cozinha sentimos o cheiro de- as partículas do corpo mais agitadas à medida que
licioso do café sendo passado. A água foi aque- vai ficando mais quente.
cida até próximo do ponto de ebulição antes de Exemplo: Considerando que dois recipientes con-
ser colocado o pó de café. têm o mesmo tipo de gás, conforme a figura abai-
• Ao abrirmos a porta da geladeira, recebemos o xo, no recipiente 2 o estado de agitação das partí-
ar gelado vindo do seu interior – esse ar foi culas que compõem o gás é maior, pois eles se
resfriado, perdendo energia. movimentam com maior rapidez. Desse modo po-
• Do congelador da geladeira tiramos algumas demos concluir que o gás do recipiente 2 se en-
pedras de gelo, por exemplo, para colocarmos contra numa temperatura mais elevada que o gás
num suco de fruta. O suco resfriará porque do recipiente 1.
perde energia para o gelo, assim como o gelo
derreterá porque receberá energia do suco.
• Ao entramos num carro, ligamos o ar-
condicionado para resfriar o ambiente. Ligamos
o motor do carro e a gasolina é “explodida”,
gerando gases aquecidos que se expandem e
Recipiente 1 Recipiente 2
realizam trabalho, movendo os pistões do mo-
tor e colocando o carro em movimento. Com base nesse conceito, define-se;
• Ao passamos com um carro por um viaduto Temperatura é um valor numérico associado a
percebemos pequenas valetas. São fendas de determinado estado de agitação ou de movi-
dilatação que os engenheiros deixam para que mentação das partículas de um corpo, umas em
as partes do viaduto ou pontes possam dilatar relação às outras.
sem provocar danos na estrutura.
Portanto, as palavras quente e frio estão
• À tarde, observamos pela janela de nossa casa
associadas à temperatura de um corpo.
que está chovendo – a água que foi evaporada
O aparelho utilizado para medir a tempera-
na superfície sobe em forma de vapor e agora
tura de um corpo é chamado termômetro.
condensando cai em gotas.
A temperatura de um corpo indica se esse
corpo vai ganhar ou perder energia interna ao en-
trar em contato com outro corpo.
Exemplo: Um termômetro colocado sobre o corpo
quente mostra que sua temperatura diminui, en-
A preparação de um bolo envolve energia em quanto outro colocado sobre o corpo frio mostra
forma de calor. O bolo precisa receber energia que sua temperatura aumenta, conforme figura
térmica para seu cozimento.
abaixo:
O aprendizado da Termologia vai nos aju-
dar a entender essas e muitas outras situações em
nosso dia a dia.
Termologia é parte da Física que estuda os
fenômenos relativos ao aquecimento, ao resfri-
amento ou às mudanças de estado físico em
corpos que recebem ou cedem determinados
tipos de energia. Da mesma forma que a água se movimenta
no sentido da gravidade, o calor flui de um corpo

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de temperatura maior para um corpo de tempera- • O volume de um líquido;
tura menor. • A pressão de um gás a volume constante;
• A cor de um corpo.
Essas características são denominadas
propriedades termométricas ou grandezas
termométricas. O funcionamento do termômetro
é baseado nessas propriedades.
Calor é energia térmica em trânsito, entre dois O termômetro mais comum é o de mercúrio
corpos ou sistema, decorrente apenas da exis- contido num recipiente de vidro, graduado, que
tência de diferença de temperatura entre eles. tem um bulbo de paredes finas ligado a um tubo
capilar.
Observação: É importante diferenciar calor e tem-
peratura, pois são grandezas físicas diferentes. A
temperatura é a medida do nível de energia inter-
na de um corpo, enquanto o calor é a passagem
de energia de um corpo para outro, devido à dife-
rença de temperatura entre eles.
Dois corpos em temperaturas diferentes,
colocados em contato, depois de certo tempo, se Quando a temperatura do termômetro se
igualam as suas temperaturas. Nesse momento o eleva, o mercúrio expande-se e sobe pelo tubo
fluxo de calor é interrompido e se diz que os cor- capilar, contido na haste. A cada altura da coluna
pos estão em equilíbrio térmico. de mercúrio associa-se um valor numérico de
temperatura.
Exemplo: Água quente e água fria colocadas si- Para se medir a temperatura de um corpo,
multaneamente em uma vasilha entram em equilí- coloca-se o termômetro em contato com esse cor-
brio térmico ficando com única temperatura, con- po. Espera-se até que a substância termométrica
forme a figura abaixo: (mercúrio, álcool) contida no termômetro não va-
rie mais, isto é, a temperatura do mercúrio seja a
mesma do corpo (equilíbrio térmico), retira-se o
termômetro e efetua-se a leitura da temperatura.
Outros tipos de termômetros:
• Termômetro clínico de mercúrio: Tem por
finalidade medir a temperatura do corpo hu-
mano. Daí ele indicar apenas temperaturas
com valores de 35 °C a 42 °C
As partículas de água “quente” fornecem parte de sua energia de
agitação para as partículas de água “fria” e esfriam. Ao receber essa
energia, as partículas da água “fria” esquentam. A troca de energia só é
interrompida quando o equilíbrio térmico é atingido.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
1)(Cefet-SP) Calor é:
(a) é o mesmo que temperatura.
(b) medido em graus celsius. O tubo capilar pelo qual passa o mercúrio é muito estreito, por
(c) uma forma de energia que não existe nos cor- isso a haste de vidro é moldada que sirva de lente de
pos frios. aumento.

(d) uma forma de energia que se atribui aos cor- • Termômetro clínico digital: Nas farmácias
pos quentes. podemos encontrar outro tipo de termômetro
(e) energia em trânsito de um corpo para o outro, clínico, que não utiliza o mercúrio, mas sim um
quando entre eles há diferença de temperatura. dispositivo eletrônico capaz de indicar a tempe-
ratura do corpo humano, com boa precisão,
2)(UFSCAR-SP) Dois corpos A e B, de massas funciona com uma pequena bateria.
mA e mB estão inicialmente às temperaturas tA e
tB, respectivamente, com tA ≠ tB. Num dado ins-
tante, eles são postos em contato térmico. Após
atingir o equilíbrio térmico, teremos:
• Termômetro de rua: Um termômetro dife-
(a) t’A > t’B (c) t’A < t’B
rente, que pode-
(b) t’A = t’B (d) n.d.a. mos encontrar nas
ruas de algumas
3. MEDIDA DE TEMPERATURA cidades, são esses
As experiências mostram que algumas ca- relógios como o da
racterísticas físicas dos corpos variam de acordo fotografia ao lado,
com a mudança de sua temperatura. Como exem- medem a tempera-
plo, temos: tura do ar local.
• O comprimento de uma barra de metal;
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4. ESCALAS TERMOMÉTRICAS A escala Kelvin é chamada escala absolu-
Uma escala termométrica corresponde a ta de temperatura.
um conjunto de valores numéricos, onde cada um Kelvin2 propôs atribuir o zero absoluto à
desses valores está associado a uma temperatura. menor temperatura admitida na natureza, que
Para a graduação das escalas foram esco- seria, teoricamente, à temperatura em que cessa
lhidos, para pontos fixos, dois fenômenos que se a agitação das partículas de um corpo, que calcu-
reproduzem sempre nas mesmas condições: a lada por Kelvin seria aproximadamente a – 273,
fusão do gelo e a ebulição da água, ambos sob 15 °C.
pressão normal. Saiba mais: Visite a página “Físicos alemães conseguem
1º ponto fixo: corresponde à temperatura de fusão atingir temperatura abaixo de zero”. Disponível em
do gelo, chamado ponto de gelo. <http://g1.globo.com/ciencia-e-
2º ponto fixo: corresponde à temperatura de ebu- saude/noticia/2013/01/fisicos-alemaes-conseguem-atingir-
temperatura-abaixo-do-zero-absoluto.html>. Acesso em 13
lição da água, chamado ponto de vapor. mar. 2017

4.1 Relação entre as escalas


Supondo que a grandeza termométrica
seja a mesma, podemos relacionar as temperatu-
ras assinaladas pelas escalas termométricas da
seguinte forma:

1º ponto fixo 2º ponto fixo

A partir da escolha dos pontos fixos, reali-


za-se as seguintes operações:
1ª) coloca-se o termômetro em contato com o
gelo em fusão e após ocorrer o equilíbrio térmico,
marca-se a altura da coluna de mercúrio;
2ª) coloca-se o termômetro em contato com a
água em ebulição e após ocorrer o equilíbrio tér-
mico, marca-se a altura da coluna de mercúrio; Conversão entre as escalas:
3ª) divide-se em partes iguais o espaço entre as TC - 0 TF - 32 TK - 273
= = ⟹
duas marcas realizadas. 100 - 0 212 - 32 373 - 273
Em nosso curso utilizaremos as seguintes TC TF - 32 TK - 273
escalas: Celsius, Fahrenheit e kelvin. ⟹ = = ⟹
100 180 100

TC TF - 32 TK - 273
⟹ = =
5 9 5

Exemplos:
1) A coluna líquida de um termômetro de mercú-
rio tem altura de 2 cm, em contato com gelo em
fusão. Quando o termômetro é colocado na água
em ebulição, sob pressão normal, a coluna líquida
apresenta 6 cm de altura.
O intervalo de 0 °C a 100 °C e de 273 K a Determinar:
373 K é dividido em 100 partes iguais e cada uma a) a equação termométrica desse termômetro na
das divisões correspon- escala Celsius;
dentes a 1 °C e 1 K, b) a temperatura de um corpo para o qual a colu-
respectivamente. Na na líquida mede 3,5 cm.
escala Fahrenheit o Resoluções:
intervalo de 32 °F a a) a equação termométrica relaciona a temperatura com a
212 °F é dividido em grandeza termométrica (altura da coluna de mercúrio), segun-
180 partes iguais e do uma função do 1º grau. Estabelecendo uma proporção,
temos:
cada uma das divisões
corresponde a 1 °F.
Observe figura ao lado.
A escala Fahrenheit1 é usada, geralmente,
nos países de língua inglesa.
2 William Thomson (no Brasil é mais conhecido como Lorde Kelvin) foi um físico-
matemático e engenheiro britânico, nascido na Irlanda. Considerado um líder
nas ciências físicas do século XIX, ele fez importantes contribuições na análise
1 Daniel Gabriel Fahrenheit (Danzig, 24 de maio de 1686 — Haia, 16 de setem- matemática da eletricidade e termodinâmica, e fez muito para unificar as disciplinas
bro de 1736) foi um físico e engenheiro e soprador de vidro alemão-polonês, mais emergentes da física em sua forma moderna. É conhecido por desenvolver a esca-
conhecido por ter inventado o termômetro de mercúrio (1714), e pelo desenvolvi- la Kelvin de temperatura absoluta (onde o zero absoluto é definido como 0 K).
mento de uma escala de temperatura em sua homenagem. Disponível em: Recebeu o título de nobreza de Primeiro Barão Kelvin de Largs, pela grande impor-
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Gabriel_Fahrenheit>. Acesso em: 13 mar. 2017 tância de seu trabalho científico. Disponível em:
<https://pt.wikipedia.org/wiki/William_Thomson>. Acesso em: 13 mar. 2017
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6) A temperatura normal do corpo humano é de
36 °C. Qual é o valor dessa temperatura expressa
nas escalas Kelvin e Fahrenheit? R: 309 K e 96,8 °F

7) Um jornalista, em visita aos Estados Unidos,


passou pelo deserto de Mojave, onde eram reali-
zados os pousos dos ônibus espaciais da Nasa. Ao
parar em um posto de gasolina, à beira da estra-
da, ele observou um grande painel eletrônico que
indicava a temperatura local na escala Fahrenheit.
h - 2 TC - 0 h - 2 TC
= ⇒ = Ao fazer a conversão para a escala Celsius, ele
6 - 2 100 - 0 4 100 encontrou o valor de 45 °C. Que valor ele tinha
Tc = 25 h - 50 encontrado no painel?
b) Quando h = 3,5 cm, vem: 8) Um turista brasileiro, ao descer no aeroporto
Tc = 25 h – 50 ⇒ Tc = 25 ∙ 3,5 - 50 de Chicago (EUA), observou um termômetro mar-
Tc = 87,5 ∙ 50 cando a temperatura local (68 ºF). Fazendo algu-
TC = 37,5 °C mas contas, ele verificou que essa temperatura
era igual à de São Paulo, quando embarcara. Qual
2) Transformar 20 °C em graus Fahrenheit. era a temperatura de São Paulo, em gruas Celsius,
Resolução:
no momento do embarque do turista?
Estabelecendo a proporção, temos:
9) Uma agência de turismo estava desenvolvendo
uma página na internet que, além dos pontos tu-
rísticos mais importantes, continha também infor-
mações relativas ao clima da cidade de Belém do
Pará. Na versão em inglês dessa página, a tempe-
ratura média de Belém (30 °C) deveria aparecer
na escala Fahrenheit. Que valor o turista iria en-
contrar, para essa temperatura, na página em
inglês?
20 - 0 TF - 32 20 TF - 32
= ⇒ = ⟹ 10) A menor temperatura até hoje registrada na
100 - 0 212 - 32 100 180
superfície da Terra ocorreu em 21 de julho de
1 TF - 32 1983 na estação russa de Vostok, na Antártida, o
⟹ = ⇒ Tf – 32 = 36 ⟹
5 180 seu valor foi de – 89,2 °C. Na escala Kelvin, que
⟹ TF = 68 °F
valor essa temperatura assumiria?

EXERCÍCIOS PROPOSTOS 11) As pessoas costumam dizer que na cidade de


São Paulo podemos encontrar as quatro estações
3) O gráfico abaixo indica a temperatura (T) e a
do ano em um mesmo dia. Claro que essa afirma-
altura (h) da coluna de mercúrio registrada por
tiva é um tanto exagerada. No entanto, não é difí-
um medidor de temperatura.
cil termos variações de até 15 °C em um mesmo
dia. Na escala absoluta Kelvin, que valor represen-
ta essa variação de temperatura?

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
12) O gráfico estabelece a relação entre uma es-
cala hipotética de temperatura e a escala Celsius:

Determine a equação termométrica desse medidor


de temperatura. R: T = 𝟓𝟑h - 𝟏𝟎𝟎
𝟑

4) Transforme:
a) 15 °C para graus Fahrenheit. R: 59 °F
b) – 10 °F para graus Celsius. R: - 23,3 °C
c) 72 °C para Kelvin. R: 345 K
d) 120 K para graus Celsius. R: - 153 °C Determine a temperatura da água em ebulição,
e) 122 °F para Kelvin. R: 323 K sob pressão atmosférica normal. R = 120 °H
5) Ao medir a temperatura de um gás, verificou-
se que a leitura era a mesma, tanto na escala Cel-
sius como na escala Fahrenheit. Qual era essa
temperatura? R: - 40 °C e - 40 °F
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13)(PUC-RS) Podemos caracterizar uma escala separados por material específico (polímero,
absoluta de temperatura quando: madeira, cimento rejunte, etc), que possibilita
(a) dividimos a escala em 100 partes iguais. a dilação do concreto, para que não ocorram
(b) associamos o zero da escala ao estado de trincas.
energia cinética mínima das partículas de um sis-
tema.
(c) associamos o zero da escala ao estado de
energia cinética máxima das partículas de um sis-
tema.
(d) associamos o zero da escala ao ponto de fu-
são do gelo.
(e) associamos o valor 100 da escala ao ponto de
ebulição da água. • Quando se mede a temperatura de uma pes-
soa, o nível de mercúrio do termômetro varia;
14) Um enfermeiro utiliza um termômetro gradu-
• Para introduzir ou desatarraxar um objeto a
ado na escala Fahrenheit para medir a temperatu-
outro, de materiais diferentes:
ra de um paciente e obtém o valor de 100 °F. As-
sinale certo ou errado nas afirmativas a seguir:
I - O paciente está com febre alta, pois a sua
temperatura está acima de 40 °C.
II – O termômetro está com defeito, pois não é
possível uma pessoa apresentar esse valor de
temperatura.
III – Se o termômetro fosse calibrado na escala Situações como essas são explicadas pela
Kelvin, a temperatura medida seria de 300 K. dilação térmica.
IV – A temperatura de 100 °F corresponde a 37,8 Como vimos no Tópico 2, a temperatura
°C. está relacionada com o estado de agitação das
5. DILATAÇÃO TÉRMICA partículas de um corpo. Assim, ao aquecermos um
Em seu dia a dia, você observa que: corpo, aumentamos a agitação de suas partículas
• Entre trilhos consecutivos de uma estrada de e, de um modo geral, um aumento nas suas di-
ferro existe um espaçamento: mensões, fenômenos esse chamado dilatação
térmica. Uma diminuição de temperatura produz,
em geral, uma diminuição nas dimensões do cor-
po, uma contração térmica.
Nos sólidos, observamos que o aumento ou
diminuição da temperatura provoca variações em
suas dimensões lineares, bem como nas dimen-
sões superficiais e volumétricas. No estudo da di-
• Nas pontes e nos viadutos, há fendas para faci-
latação térmica dos sólidos, faremos uma separa-
litar a expansão da estrutura, evitando assim o
ção em três partes: dilatação linear, dilatação su-
aparecimento de rachaduras ou trincas:
perficial e dilatação volumétrica.

5.1 Dilatação linear


É aquela que predomina a variação em uma
única dimensão, ou seja, o comprimento.
Por exemplo, a dilatação em fios, cabos e
barras.
Para estudarmos a dilatação linear, consi-
deremos uma barra de comprimento inicial L0, à
temperatura inicial T0.
• Uma rede elétrica aérea sempre tem folga en- Aumentando a temperatura da barra para T
tre dois postes, para evita uma tração e possí- (T > T0), o seu comprimento passa a ser L.
vel ruptura do fio:

Em que L = L - L0 é a variação de com-


primento, isto é, a dilatação linear da barra, na
variação de temperatura T = T - T0.
Experimentalmente, verificou-se que:
• Nos pavimentos que ficam ao ar livre, rece-
1º) L é diretamente proporcional ao comprimen-
bendo radiação solar (calçadas, quadra espor-
to inicial L0;
tivas, etc), o piso é feito em blocos quadrados
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2º) L é diretamente proporcional a variação de 19) O gráfico representa a variação do compri-
temperatura T ; mento de uma barra em função da temperatura.
3º) L depende do material que constitui a barra. Determine o coeficiente de dilatação linear da bar-
A partir dessas relações, podemos escre- ra. R: ∝ = 17 ∙ 10 °C
-6 -1

ver:
L = L0∝ T
Em que ∝ é uma constante característica do
material que constitui a barra, denominada coefi-
ciente da dilatação linear.
A tabela a seguir mostra os valores de ∝ de
algumas substâncias:
Substância Coeficiente (°C-1)
Alumínio 24 ∙ 10-6
Cobre 17 ∙ 10-6
Chumbo 29 ∙ 10-6 20) A primeira ferrovia a funcionar no Brasil foi
Aço 12 ∙ 10-6 inaugurada em abril de 1854, ligando o Porto de
Ferro 12 ∙ 10-6 Mauá a Fragoso, no Rio de Janeiro, com 14,5 km
Prata 19 ∙ 10-6 de extensão, construída pelo Visconde de Mauá.
Mercúrio 41 ∙ 10-6 Um dos cuidados que se deve ter na colocação dos
trilhos em uma ferrovia é deixar uma pequena
Exemplo: O comprimento de um fio de alumínio é
distância entre dois deles para possibilitar a dilata-
de 30 m a 20 °C. Sabendo-se que o fio é aquecido
ção térmica que pode ocorrer com a variação de
até 60 °C e que o coeficiente de dilatação do alu-
temperatura.
mínio é de 24 ∙ 10-6 °C-1, determinar:
a) a dilatação do fio;
b) o comprimento final do fio.
Resoluções:
a)
*
L = L0∝ T ⇒ L = 30 ∙ 24 ∙ 10-6 ∙ 40
L = 0,0288 m Normalmente os trilhos utilizados possuem 20 m
b) L = L - L0 ⇒ L = L0 + L de comprimento. Em sua fixação sobre dormentes,
L = 30 + 0,0288 uma distância de 5 mm é deixada entre as peças
L = 30,0288 m consecutivas, são as juntas de dilatação que evi-
tam que os trilhos se espremam em dias muitos
EXERCÍCIOS PROPOSTOS quentes. Considerando um local em que a tempe-
15) O comprimento de um fio de aço é de 40 m a ratura varia aproximadamente 25 °C entre a mí-
22 °C. Determine o seu comprimento num dia em nima no período da noite e a máxima durante o
que a temperatura é de 34 °C, sabendo que o coe- dia, determine o valor do coeficiente de dilatação
ficiente de dilatação linear do aço é 11 ∙ 10-6 ºC-1. linear do material dos trilhos, supondo que o es-
R: L = 40,00528 m
paço deixado é exatamente o necessário.
16) Um trilho de aço tem 10 m de comprimento a 21) Um estudante ouviu de um antigo engenheiro
– 10 °C. Supondo que a temperatura suba para 40 de uma estrada de ferro que os trilhos de 10 m de
°C e que o coeficiente de dilatação do aço seja comprimento haviam sido fixados ao chão em um
exatamente 12 ∙ 10-6 ºC-1, determine, em mm, o dia em que a temperatura era de 10 °C. No dia
acréscimo de comprimento do trilho. R: ∆L = 6 mm seguinte, em uma aula de Geografia, ele ouvia
17) O comprimento inicial de uma barra de alu- que, naquela cidade, a maior temperatura que um
mínio é de 100 cm. Quando sofre variação de 20 objeto de metal atingiu, exposto ao sol, foi 50 °C.
°C a sua dilatação é de 0,048 cm. Determine o Com essas informações, o estudante resolveu cal-
coeficiente de dilatação linear do alumínio. R: ∝ = 24 ∙ 10 -6
cular a distância mínima entre dois trilhos de
°C-1 trem. Que valor ele encontrou? (Dado: coeficiente
18) Um fio de cobre mede 80 m a 0º C e 80,068 de dilatação linear do aço – 1,1 ∙ 10-5 °C-1).
a 50 °C. Calcule o coeficiente de dilatação linear
do cobre. R: ∝ = 17 ∙ 10 °C
-6 -1

O espaço entre os trilhos possibilita sua


dilatação.

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EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO Em que β é o coeficiente de dilatação super-
22) Uma barra de metal possui comprimento de ficial do material que constitui a placa.
200 cm à temperatura de 20 ° C. A barra é aque- Observação: O coeficiente de dilatação superficial
cida a 120 °C, apresentando um aumento no para cada substância é igual ao dobro do coefici-
comprimento de 0,2 cm. Com base nesses dados, ente de dilatação linear, isto é,
são feitas as seguintes afirmações:
I – O coeficiente de dilatação linear é de 1 ∙ 10-5 β = 2∝
°C-1. Exemplo: Uma chapa de zinco tem área de 6 m2 a
II – Se a barra for aquecida a 70 °C apresentaria 16°C. Calcule sua área a 36°C, sabendo que o
um aumento de 0,1 cm. coeficiente de dilatação linear do zinco é 27 ∙ 10-6
III – Se a barra for aquecida a 70 °C apresentaria º -1
C .
um comprimento final de 200,1 cm. Resolução:
Assinale a alternativa correta.  = 2 = 2  27  10-6 = 54  10-6 C-1
(a) Somente a afirmativa I é correta. 
(b) Somente a afirmativa II é correta. T0 = 16 C
Dados : 
(c) Somente a afirmativa III é correta. T = 26 C
(d) Somente as afirmativas I e II são corretas.  2
S0 = 6 m
(e) Todas as afirmativas são corretas. S = S0β T ⟹ S – S0 = S0β T
23)(FATEC-SP) Calor é a energia que se transfe- ⟹ S – 6 = 6 ∙ 54 ∙ 10-6 ∙ 20
re de um corpo para o outro em determinadas ⟹ S = 6480 ∙ 10-6 + 6
condições. Para esta transferência de energia, é ⟹ S = 0,000648 + 6
necessário que: ⟹ S = 6,000648 m2
(a) entre os dois corpos existam vácuo.
(b) entre os dois corpos existam contato mecânico EXERCÍCIOS PROPOSTOS
rígido. 25) Uma chapa de aço tem área de 36 m2 a 30
(c) entre os corpos exista ar ou um gás qualquer. °C. Calcule sua área a 50 °C, sabendo que o coefi-
(d) entre os corpos exista uma diferença de tem- ciente de dilatação superficial do aço é de 22 ∙ 10-6
º -1
peratura. C . R = 36,01584 m

24)(UFV-MG) Uma chapa metálica possui um 26) Tem-se um disco de cobre de raio 10cm, à
furo circular, ao qual se ajusta perfeitamente um temperatura de 100 °C. Qual será a área do disco
pino, quando ambos se encontram à mesma tem- à temperatura de 0°C? (Dado: ∝cobre = 17 ∙ 10-6 ºC-
1
peratura inicial. O coeficiente de dilatação linear ) R: S = 312,93 cm (R: A = 313,091cm )
2 2

do material com o qual o pino foi constituído é


maior que o respectivo coeficiente do material da 27) Um pino cilíndrico de aço deve ser colocado
chapa. Dentre os procedimentos seguintes, o que numa placa, de orifício 200 cm2, de igual material.
possibilita um encaixe com folga do pino no furo A 0° C, a área de secção transversal do pino é 204
é: cm2. A que temperatura que devemos aquecer a
(a) o resfriamento da chapa e do pino até a mes- placa com orifício, sabendo que o coeficiente de
ma temperatura final. dilatação superficial do aço é de 24 ∙ 10-6 ºC-1?
R = 8 333, 33 oC
(b) o aquecimento da chapa e do pino até a mes-
28) À temperatura de 15 °C encontramos uma
ma temperatura final.
chapa de cobre com superfície de área 10 cm2.
(c) o aquecimento do pino, mantendo-se a chapa
Que área terá essa superfície se a chapa for aque-
na mesma temperatura inicial. cida até 515 °C? (Dado: coeficiente de dilatação
(d) o resfriamento da chapa e o aquecimento do superficial do cobre = 3,2 ∙ 10-5 °C-1) R: 101,6 cm 2

pino.
(e) o resfriamento da chapa, mantendo-se o pino 29) Em uma placa de ouro a um pequeno orifício
temperatura inicial. que, a 30 °C tem superfície de área 5 ∙ 10-3 cm2. A
que temperatura devemos levar essa placa para
5.2 Dilatação superficial
que a área do orifício aumente o correspondeste a
É aquela em que predomina a variação em
6 ∙ 10-5 cm2? (Dado: coeficiente de dilatação linear
duas dimensões, ou seja, a variação da área.
do ouro = 15 ∙ 10-6 °C-1) R: 430 °C

EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
30) Uma chapa de alumínio possui um furo na
sua parte central. Sendo aquecida, observamos
que:
(a) tanto a chapa como o furo tendem a diminuir
Experimentalmente, verificou-se que S é dire-
as suas dimensões.
tamente proporcional a S0 e T , logo:
(b) o furo permanece com suas dimensões origi-
S = S0β T nais e a chapa aumenta.
(c) a chapa e o furo permanecem com as suas
dimensões originais.
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(d) a chapa aumenta e o furo diminui. EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
(e) tanta a chapa como o furo tendem a aumentar 36)(PUC-RJ) Uma porca está muita apertada no
as suas dimensões. parafuso. O que você deve fazer para afrouxá-la?
5. 3 Dilatação volumétrica (a) É indiferente esfriar ou esquentar a porca.
(b) Esfriar a porca.
É aquela em que se considera a variação
(c) Esquentar a porca.
das três dimensões de um corpo: comprimento,
(d) É indiferente esfriar ou esquentar o parafuso.
largura e altura.
(e) Esfriar o parafuso.
Seja um cubo com volume V0, à temperatu-
ra T0, e volume V, à temperatura T, com T > T0.

no qual:
V0 = volume inicial
V = volume final e
V = variação de volume (dilatação volumétrica)
A dilatação volumétrica pode ser obtida pe-
la expressão:
V = V0 ∙ γ ∙ T

Observação: O coeficiente de dilatação volumétri-


ca de uma substância é igual ao triplo do coefici-
ente de dilatação linear, isto é:
γ = 3β

EXERCÍCIOS PROPOSTOS
31) Um cubo metálico tem volume 20cm 3 à tem-
peratura de 15 °C. Determinar o seu volume à
temperatura de 25 °C, sendo o coeficiente de dila-
tação linear do metal igual a 0,000022 ºC-1.
R: V = 20,0132 cm3

32) Um corpo metálico em forma de paralelepí-


pedo tem volume de 50 cm3 à temperatura de 20
°C. Quando aquecido e atingir a temperatura de
32 °C. Calcule: (Dado: ∝cobre = 0,000022 ºC-1)
a) O aumento do volume do paralelepípedo;
b) O novo volume. R = 0,396cm e 50,0396cm
3 3

33) Uma estatueta de ouro foi aquecida de 25 °C


para 75 °C, observando-se um aumento de 2,1
cm3 em seu volume. Sendo 14 ∙ 10-6 °C-1 o coefici-
ente de dilatação linear do ouro, qual era o volu-
me inicial dessa estatueta? R = 1,0 ∙ 10 cm
3 3

34) Um bloco de alumínio de coeficiente de dila-


tação linear 24 ∙ 10-6 °C-1 tem volume de 40 cm3 a
0 °C. Determine a temperatura na qual seu volu-
me fica igual a 40,144 cm3. R: 50 °C

35) Um vendedor de gasolina recebe em seu tan-


que 2000 litros de gasolina à temperatura de 30
°C. Sabendo-se que posteriormente vendeu toda a
gasolina quando a temperatura era 20 °C e que o
coeficiente de dilatação da gasolina é igual a 1,1 ∙
10-3 °C-1, qual o prejuízo (em litros de gasolina)
que sofreu o vendedor? R: 22 litros

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“A perseverança alimenta a esperança.”
Apostila atualizada em 10/1/2022
Gostou da apostila? Você encontra várias
apostilas como essa no blog do Professor
Gilberto Santos, no endereço
https://professorgilbertosantos.blogspot.co
m/

Referências
BOAS, N.V.; DOCA, R.H.; BISCUOLA, G.J. Física 2: Termo-
logia – Ondulatória - Óptica. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2013,
v.2.
BONJORNO, J.R.; CLINTON, M.R. Física 2: Termologia –
Óptica Geométrica - Ondulatória. São Paulo: FTD, 1992, v.2
CARRON, W.; OSVALDO G. Física. São Paulo: Moderna,
1999, v.único. (Coleção base).
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