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O Potrinho na Cozinha
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Poesia para pais e filhos

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05/04/2015

GRACE CASTRO

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O Potrinho na Cozinha
Grace Castro
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2015, Grace Castro


4

A experiência poética da convivência

Por um momento na vida adulta, pensei que a fantasia acabava e que os sonhos
morriam.

Com a experiência profissional na área da música e da educação que veio cedo, cedo; e
com o advento posterior da maternidade, redescobri e compartilho a fantasia!

Busquei na memória afetos, canções, histórias contadas e cantadas por pai, mãe e
avós.

Recordo, ainda, os bons livros da biblioteca da escola; além das brincadeiras com
irmãs, primos e amigos em casa, na rua e na roça!

Grande sorte a minha: compreender que os sonhos não morrem e que, além de
recordar, reinventar é viver!

Grace Castro
5

Carta ao leitor Adulto

Caro leitor,

Suba na garupa do potrinho e junto com sua criança (filho, sobrinho, neto, a
criança interior que há em cada um de nós) siga neste passeio divertido pelas histórias deste
livro.

Cada texto oferece novos caminhos a serem seguidos pela intertextualidade


com outras obras, pelas referências a elementos da cultura popular (ditados, parlendas,
canções, brincadeiras...) e outros tantos que você e seu parceiro de leitura podem criar! O
desafio está lançado!

Aproveite o passeio!

Grace (Dedei) Castro


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Aos 5 anos:

“Uma barata dormiu a noite inteira de barriga para cima embaixo da minha cama.”

“Bagunça na cozinha: foi o potrinho que entrou pela grade e me convidou para dançar,
as pernas dele eram muito compridas e começaram a bater nas coisas que saíram do
lugar.”

Gabriel Castro

Aos 10 anos:

“Tem uma barata morta embaixo da minha cama.”

“A bagunça na cozinha, eu não fiz sozinho!”

Adulto:

“Que bagunça na cozinha!

Alguém tem que arrumar isso...

Aproveita e tira a barata morta que está embaixo da minha cama.”


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Sumário
Sonhar!
Liberdade!

O Barco

Desejo

Música

Recordar!
Batuque

Estórias de Gatos

Tragédia

Revolução dos Bichos do Brasil, Moradores da Granja Formosa

Perna de Pau

Dia de Sol

Brinquedos

Viver!
Invencionices

O Rei dos Nãos

Perspicácia

Ponto de Vista

Praticidade

Anunciação

Influências

Para Lucas

Susto

Fases
8

Sonhar!
9

Liberdade!

Sempre achei estranha a estória da “pulga na balança que com um pulo foi à França”.

Mas pensando bem:

Um elefante, espertinho,

Encontrando um colchão,

Olha entorno,

Dá um pulo,

E viaja pro Japão!


10

O Barco

Lá vai o menino

No barco errante,

No mar sem vento,

De cores brilhantes...

É noite ou dia?

O mar se agita

Em cores vibrantes!

No barco errante,

Viaja o menino...

Passam mares, passam rios

Silêncios e vazios...

A luz se aproxima;

Os olhos pesados

Já buscam o dia,

Refúgio no corpo

Entre os lençóis...

A luz se aproxima

Da alma viajante

Que busca no dia,

O porto seguro,

Nas luzes brilhantes!


11

Desejo

O menino queria a lua,

A lua que estava no céu...

A lua girou, girou e

Virou lua de papel!


12

Música

Sete irmãzinhas,

Todas juntinhas,

Seguem em roda

No espaço ou na linha!

Sete irmãzinhas,

Iluminadas,

Vibram preciosas,

Almas douradas!

Sete irmãzinhas,

Em naus, capitãs,

São poliglotas,

Recriam histórias,

Despertam memórias

De tempos distantes...

Irmãs viajantes

Da alma, intérpretes,

Revelam as luzes,

Arrombam portais,

Desvelam das sombras

Os sons imortais!
13

Recordar!
14

Batuque

Dança, criança!

Quebra e balança,

Bate as palmas,

Bate os pés!

Dança, requebra,

Mexe o quadril!

Muitos pulinhos;

Cachos ao vento;

Nesta aquarela,

Do meu Brasil!
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Estórias de Gatos

Um gato levado subiu no telhado!

Na tuba, também tem um gato!

_ Miaaauuu!!!!

De noite os gatos são pardos...

Quentinhos, num grande balaio!

_ Roon, Roon, Roon...

A gata, no zinco quente,

_ Txxxx!!!!

Tamborim de pele rente!

“Skundi, skundá, skundikundikundá”!

Referências:

Ditos e mitos populares,

Tennessee Williams.
16

Tragédia

A chuva caiu.

Lavou pecados e chão.

O pasto brotou, cresceu...

A lagarta veio, comeu!

Papai teve que comprar olhadura para o gado.


17

A lagarta que veio, foi embora com reza.

Para o céu?

Para o inferno?

Melhor sonhar que virou borboleta e voou sobre o pasto verdinho.


18

A Revolução dos Bichos do Brasil, Moradores da Granja Formosa

A Barata não fala mais nas saias de filó,

Nem anda pela careca do vovô:

Exibe uma Louis Vitton!

A Vaca Amarela,

Aquela que foi p’ro brejo,

Jogou todas as coisas da panela

No ventilador do Boi da Cara Preta!

Seu Sapo Cururu já não lava mais o pé;

Frequenta o rio com D. Piranha,

Vizinha do Jacaré do Papo Amarelo,

Exímio atleta, que teima em nadar de costas!

A família do Senhor Cavalo

Não mostra mais os dentes;

Muito dada, sempre lembra:

“em boca fechada, não entram moscas!”

Referências:

Ditos populares,

Canções folclóricas,

G. Ornwell, A Revolução dos Bichos.


19

Perna de Pau

Mirou com cuidado.

Prendeu a respiração.

Mordeu o lábio e

Chutou com toda a força!

...

Errou.

A barata fugiu para debaixo do móvel.

Placar final: 1X0 para o inseto

E um dedo roxo.
20

Dia de Sol

Uma minhoca no jardim,

Feliz, feliz

Tomando sol...

E sua prima

Triste, triste

Vai à praia,

Pendurada no anzol!
21

Brinquedos

Pelas calçadas,

Caem das mãos,

As três pedrinhas

Ditas “marias”

Rodam piões e

Pipas ao léu,

Giram cirandas,

Cata-ventos de papel!

Corda pulando,

Piques e risos,

Cantam crianças,

E os anjos no céu!
22

Viver!
23

Invencionices

Muitas ideias, todas originais...

“Menino, de onde vem isso?”

“Dos piolhos da minha cabeça!”

Refleti e concluí que eram piolhos artistas:

Pela agitação, do tipo atores-cantores que sabem dançar e inventar muitas festas,

Que fazem a gente até se coçar!

Ai, ai

Piolhinhos, piolhinhos...
24

O Rei dos Nãos

Não gosta de brincar!

Não gosta de cantar!

Diz “Não!” prá conversar!

E não quer passear...

Ai, ai...

(Suspiro!)

O Rei dos Nãos!

O Rei dos Nãos mora num planetinha,

Sem rosa alguma,

Sozinho, único,

Solitário, sem estar “por entre a gente”,

Solitário, sem “contente”,

Roendo livros,

Ruminando ideias...

Referências:

Soneto de Camões,

O Pequeno Príncipe – François de Saint-Exupéry


25

Perspicácia

_ Mãe, me dá um i-pad?

_Ahn?

_Um i-pod?

_Não.

_ Um celular?

_ Você é pequeno, meu filho!

_ Então... Me dá aquele caminhão com um montão de carrinhos?

_ Ah, o caminhão pode.

O menino sorriu vitorioso.

A mãe parou, com seus botões - feliz pela vitória do filho, e realizou o quanto ela era
pateta.
26

Ponto de Vista

Marilu, maluquinha,

Amorosa;

Requebra,

Ilumina:

“Lá, meu Deus! Um cego dirigindo uma bicicleta!”

Pedalando, ao longo da beira-rio, vai o pescador buscar com a “bengala” a refeição do


dia.
27

Praticidade

Barbeleireiro – contração de cabeleireiro e barbeiro. Profissional que corta o cabelo de


Gabriel.

Brilhosa – estado de espírito de Catarina, diariamente cheia de brilho e maravilhosa.

Engolista – diz-se daquele (a) que engole a lista de desejos dos outros, ou seja: adulto
chato.

Lava-Jápido – contração de “lava a jato” e “lava rápido”: local onde se lava o carro
mais do que depressa.

Livro de Ossos – o livro do papai que revela partes do corpo humano, vulgarmente
denominado por adultos como “Atlas do Corpo Humano.

Pipocaria – quiosque, geralmente situado em área de uso comum de Shopping, onde


se vende pipoca.

Pousada – segundo Gabriel, Local seguro em Camboinhas onde pousará o parapente;


(eventualmente pode receber pessoas para temporada).

Vacineiro – diz-se daquele que impõe terror à criança pelo ato da vacina injetável.

Trocar balas por muletas – proposta de negócio elaborada por Gabriel em churrasco.

O vocabulário e a economia no maravilhoso mundo infantil.

Referências:

Contribuições de Gabriel, Catarina, Maria Luiza e Lucas.


28

Anunciação

Nome de anjo!

Anjo danado, doidinho...

Concentrado na bagunça,

Curioso, um pouquinho:

_ Quem escolheu meu nome?

_ Seu irmão: “Gabriel é o nome do anjo que anunciou a Maria que Jesus ia chegar!”

´. . `
o

_ Eu não sou a mãe de Jesus!


29

Influências

“Mãe!”, vem o menino de mãos estendidas e olhos fechados:

“Vou comer seu célebro!”

“Mãe, me dá um skate igual ao do Bart?”

“Pensamentos felizes fazem a gente voar!”

“O Coelho Fofucho agora se chama Raio: é mais masculino.”

“Você é filha de um elfo?”

Talvez seja...
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Para Lucas

Olhar doce, Inteligente,

Sorriso calmo, caloroso

Lucas contempla, ganha o mundo para si...

Para Lucas!

E sonha ser jovem:

Para-brisa,

Paramentos,

Para rápido!

Para-choque,

Parapente!

Paralamas!!!

Para os pais...

Sempre amor!
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Susto

_Mãe, o que acontece quando o mosquito “morde” a gente?

_Morre.

_*0*! Pera aí: quem morre é a gente ou o mosquito?

_O mosquito.

_Ahn...

E foi brincar.
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Fases

O menino, sonolento, vê a lua pela janela: “mamãe, me dá a lua?”

A mãe sorri diante da inocência da criança: “meu filho, onde você vai colocar a lua?”

“Na caixinha de brinquedos!” e adormece com um sorriso nos lábios...

No carro: “Papai, ela está passeando com a gente!”

“Quem, filho?”

“A minha Lua!”

Após algumas voltas: “Papai, você perdeu a minha lua!”

“Filho, está ali na frente...”

“Eu quero a minha lua, eu quero a minha lua... eu quero a minha lua!”

“Filho, aconselha a mãe, empresta a lua para o céu...”

“Por quê?”

“Para alegrar as estrelas, que tristes não brilham mais...”

“Por quê? ...Empresto.”

E continuou contente olhando a lua cheia ao longe, alegrando as estrelas no céu...

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