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Power Point 3  Teorias bottom-up: o

processamento inicia-se com as


Teorias da perceção sensações e as caraterísticas de

Perceção direta nível mais básico dos estímulos


visuais.
(James J. Gibson, 1904-
 Teorias top-down: focadas em
1980)
processos cognitivos de nível
A informação proporcionada pelos superior, como conhecimentos e
recetores sensoriais é suficiente para expetativas prévios que
perceber os objetos (não requer influenciam a perceção. Só
processos cognitivos superiores nem depois consideram o percurso até
outros). aos dados sensoriais.

A perceção é muito mais que a


identificação e reconhecimento de
Teorias base-topo (bottom-up)
objetos: serve a função de
possibilitar uma resposta rápida ao
ambiente (abordagem ecológica).
Teoria dos moldes (template
Os usos potenciais dos objetos theories)
(affordances) são percebidos
Reconhece-se um padrão ao
diretamente (intuitivamente):
compará-lo com o conjunto de
indicam possibilidades para a ação e
moldes (templates) armazenados na
não dependem de outro
mente e escolher aquele combina na
processamento pelo sistema
perfeição com o que observamos (só
cognitivo.
uma combinação perfeita).
Relação estreita entre perceção e
Ex: reconhecimento de impressões
ação.
digitais por máquinas; leitura de
códigos de barras.

Teorias base-topo (bottom-up) e


topo-base (top-down)
Limitações
Como criar e gerir uma tão grande
quantidade, variedade e
Vantagem desta abordagem:
especificidade de templates na
memória? As mesmas caraterísticas visuais que
variam em tamanho, orientação e
outros detalhes podem ser
Teorias de protótipos reconhecidos como parte do mesmo
padrão ou de outros padrões.
Comparação com protótipos

Protótipo: uma espécie de padrão


Reconhecimento de padrões
médio de uma classe de objetos ou
bidimensionais.
padrões relacionados, que inclui as
caraterísticas mais típicas (ou mais
frequentes) dessa classe.  O processamento de caraterísticas

Não exige um emparelhamento parciais seguido do

preciso para todos os padrões dos processamento mais global com

quais o protótipo é modelo. integração das diferentes


caraterísticas.
Algumas evidências apoiam.
 Caraterísticas globais (aquelas
que dão a forma total) vs. locais

Teorias das caraterísticas (feature (escala micro ou detalhe de um


determinado padrão).
theories)
Ex.: Experiências de Navon
Comparação de caraterísticas
(1977) (experiência 1, perceção
parciais de um padrão visual com
de padrões).
caraterísticas armazenadas na
memória (em vez de emparelhar o
padrão completo com um molde ou
Efeito da precedência global
um protótipo).
Maior rapidez a identificar as
Padrão: um conjunto de
caraterísticas globais (letra
caraterísticas ou atributos parcelares.
grande) e a identificar as
caraterísticas locais (letras
pequenas) que são consistentes
com a global (letra grande).

Verificou-se mais recentemente:

Efeito da precedência local


(quando letras pequenas estão
muito espaçadas)
Técnicas de registo da atividade de
células singulares em animais
 Registaram a atividade de
neurónios no córtex visual de um
gato, à medida que moviam uma
linha brilhante na retina do gato.
1. os neurónios disparam apenas
quando a linha estava numa
determinada área da retina;
2. a atividade desses neurónios
muda em função da
orientação da linha
(disparavam para linhas com
uma determinada orientação),
e
3. por vezes, os neurónios
disparavam apenas quando a
linha se deslocava numa
direção específica.

 A resposta de neurónios
específicos pode ser relevante
para a identificação de perceber o objeto inteiro
caraterísticas específicas de um (processamento serial).
objeto (ex., os bordos ou limites
Atenção focal proporciona a cola que
ou contorno).
une as caraterísticas.
 Processamento em paralelo (e.g.,
Os objetos assim compostos
circuitos “what” e “where/how”
continuam a ser assim percecionados
no cérebro).
e memorizados.

Teoria da integração das


caraterísticas

1º estádio, pré-atentivo

Uma cena visual é analisada


inicialmente por grupos
especializados de recetores que Processos de organização
respondem seletivamente a percetiva: teoria da Gestalt
diferentes caraterísticas (cor, forma,
orientação, movimento, etc.) e (integração da informação de
mapeiam essas caraterísticas em diferentes caraterísticas)
diferentes áreas do cérebro.
Processamento paralelo, não
consciente. Leis do agrupamento de
caraterísticas

2º estádio, atenção focada

As características individuais de
um objeto são combinadas para
Segmentação figura-fundo

Considera-se que a figura:

 tem uma determinada forma (mas


não o fundo);
 apresenta-se à frente do fundo;
 a linha que separa a figura do
Reconhecimento de objetos
fundo pertence à figura.

Aspetos que, em geral, facilitam Modelo da perceção-ação


identificação como figura: Dois sistemas visuais com funções

Regiões convexas, pequenas, diferentes, mas que interagem:

circundadas e simétricas  Sistema de visão para a perceção


(“o quê”), que funciona para
identificar e reconhecer objetos
ou cenários e se baseia no
circuito ventral. Evidências
 Sistema de visão para a ação
 Pacientes com lesões cerebrais
(“como”), que funciona para a
ação visualmente guiada (e.g., Ex: reconhecimento de objetos

agarrar objetos) e se baseia no relativamente intacto em pessoas


com lesão no circuito dorsal.
Sistema ventral Sistema dorsal
Ataxia ótica: dificuldade em realizar
Visão para a Visão para a ação
perceção movimentos guiados pela visão,
Codificação Codificação
embora o reconhecimento de objetos
alocêntrica egocêntrica
(centrada no (centrada no corpo; esteja relativamente intacto.
objeto; codificação codificação
da localização dos relativa ao próprio
objetos uns em corpo do
relação aos outros) observador)
Agnosia de formas visuais:
Representações Representações de
duradouras curta duração. dificuldade na perceção de formas,
Geralmente leva à Não dá lugar,
perceção necessariamente, a mas a capacidade para realizar ações
consciente perceção guiadas pela visão está relativamente
consciente.
Processamento Processamento intacta.
lento mais rápido.
Input sobretudo da Input sobretudo de
fóvea outras áreas da
retina.  Ilusões visuais: não são tão
circuito dorsal.
claramente experienciadas
quando o sistema da perceção
para a ação é envolvido (ex:
apontar rapidamente) para além
da visão para a perceção (e.g.,
estimativas do comprimento).
flexível e influenciada pelas
exigências da tarefa.

Reconhecimento de objetos

Abordagem computacional de
Reconhecimento de objetos
David Marr
Frequência espacial
O reconhecimento de objetos
O processamento visual envolvido envolve vários estádios e
no reconhecimento de objetos representações (descrições) cada vez
normalmente procede de um mais detalhadas sobre o ambiente
processamento inicial grosseiro para visual:
um processamento fino ou detalhado:
Esboço original: descrição
bidimensional das principais
diferenças na intensidade da luz
no input visual, incluindo
informações sobre bordas e
contornos.

Baixa frequência Alta frequência


espacial espacial
Neurónios do Neurónios do
córtex visual córtex visual
primário que primário que
captam captam muitos
informação detalhes na imagem
grosseira na visual
imagem visual
Frequentemente Frequentemente
 Perceção consciente baseia-se relacionado com o relacionada com a
sobretudo em informações movimento e/ou cor, forma e outros
integradas de baixa e alta localização aspetos do
frequência espacial. espacial reconhecimento de
objetos
 A utilização de informações de Transmitida para Transmitida através
baixa e alta frequência espacial áreas cerebrais de do sistema
no processamento visual é ordem superior parvocelular
através do sistema usando o fluxo
magnocelular visual ventral
usando o circuito
visual
dorsal
Rápida Lenta
 Distinção entre representações
Esboço 2 1⁄2-D: descrição da dependentes do ponto de vista e
profundidade e da orientação das invariantes com o ponto de vista
superfícies visíveis, usando estimulou muita investigação.
informações de sombras, textura,
movimento e disparidade  Reconhecimento invariante
binocular. Como o anterior, é com o ponto de vista
centrado no observador ou (igualmente rápido e fácil
dependente do ponto de vista (ou independentemente do ângulo de
seja, é influenciado pelo ângulo a observação)
partir do qual o observador vê o  Reconhecimento dependente do
objeto ou o ambiente). ponto de vista ou centrado no
observador (mais rápido e fácil
Representação do modelo 3-D: quando o objeto é visto de
descrição tridimensional das determinado ângulo)
formas dos objetos e das suas
posições relativas; é
independente do ponto de vista Limitações
do observador e, portanto, é
 Foca-se demasiado em processos
invariante quanto ao ponto de
bottom-up;
vista.
 Assume que a perceção visual é
objetiva (quando nem sempre é);
 Muitos processos que propõe são
Pontos Fortes muito complexos do ponto de
 Combina ideias da vista computacional;
neurofisiologia, anatomia e
computação visual
 Assinala a grande complexidade
do reconhecimento de objetos
Reconhecimento de objetos os pontos de vista possíveis).

Teoria do reconhecimento por A perceção só é dificultada em

componentes condições de visibilidade não

(Biederman, 1987) ótimas e que não permitam

identificar bem os geões.

Os objetos são formados a partir de


formas básicas ou componentes, os
“geões” (iões geométricos) (cerca de
36)

Propriedades não acidentais:

Invariantes dos diferentes Reconhecimento de objetos


pontos de vista (ex: bordas Teorias top-down
retilíneas ou curvas)
“Tradicionalmente, tem sido
O reconhecimento do objeto é considerado que o reconhecimento
de objetos visuais é mediado por um
invariante relativamente ao
fluxo hierárquico de baixo para
ponto de vista (i.e., os objetos cima que processa uma imagem
podem ser reconhecidos com analisando sistematicamente os seus
elementos individuais e
a mesma facilidade de todos
retransmitindo essas informações
para as áreas seguintes até que a processos cognitivos (enviesamento
forma geral e a identidade sejam da resposta, atenção, memória).
determinadas.”

Afinal:
Propõe-se um processamento de
Atenção, perceção e memória não
sentido inverso, do topo para a base:
estão claramente separados, antes
 Quando processos da base para o interagem dinamicamente. Muitas
topo (bottom-up) não evidências da influência direta do
proporcionam informação processamento top-down na
suficiente perceção, tanto quanto da influência
dos estímulos visuais.
(Ex: informação visual muito
degradada, estímulos são mostrados
por tempo muito curto).

 Percepção visual consciente


requer processamento recorrente
das áreas superiores para as
inferiores do cérebro.

A interpretação de figuras ambíguas


é enviesada pelas figuras que são
apresentadas antes e que são  Maior ativação do córtex
relevantes para essa interpretação. orbitofrontal (parte do córtex pré-
frontal: processamento topdown)
quando o reconhecimento do
Crítica
objeto é difícil do que quando era
Os processos top-down influenciam, fácil,
não a perceção, mas sim outros  esta ativação ocorre antes da
ativação das áreas relacionadas
com o reconhecimento de objetos
no córtex temporal (sistema
O processamento top-down pode
ventral: processamento bottom-
influenciar o reconhecimento de
up).
objetos mesmo antes do estímulo
visual ser apresentado.
Córtex orbitofrontal usa a
informação do contexto para gerar
hipóteses interpretativas e resolver a Reconhecimento de faces e
competição entre hipóteses (Trap & processamento holístico
Bar, 2015).
Processamento que envolve a
Reconhecimento de objetos integração de informação de toda a
área do rosto em simultâneo (em
Abordagem interativa-
paralelo).
iterativa
+ Rápido do que processamento de
Complexidade das interações entre o caraterísticas separadas
processamento bottom-up and top-
+ Fidedigno (ex.: caraterísticas
down.
mudam muito enquanto estímulos
Baruch et al. (2018): dois processos visuais, ex: forma da boca)
top-down influenciam o
reconhecimento:
Evidências:
(1) desenvolve hipóteses acerca da
 Efeito de inversão: faces mais
identidade possível antes mesmo do
difíceis de identificar se
contacto com o estímulo visual (ou
apresentadas “de pés para o ar”
em interação com ele).
(efeito muito menor para outros
(2) Dirige a sua atenção para partes objetos);
do objeto que maximizam, com  Efeito todo-partes: alterando uma
maior probabilidade, a informação caraterística da face (ex: boca)
necessária para estabelecer a várias outras regiões do rosto
identidade do objeto. parecem estar também diferentes,
ou é mais fácil reconhecer uma
parte do rosto quando integrada
no rosto;
 Efeito das faces compósitas: é
difícil ignorar a parte de baixo de
uma face quando o objetivo é
reconhecer a parte de cima, por
exemplo.
 Efeito Thatcher: um rosto parece
bizarro se os olhos e a boca
forem rodados em 180 graus –
mas não no rosto invertido;
 Ocorre mesmo em crianças muito Integração percetual muito forte de
novas. todo o rosto em que:

(a) o rosto forma uma gestalt – a


aparência do todo é mais do que a
soma das partes;

(Ex: alterar a aparência de uma


região facial pode afetar de forma
impressionante a perceção de outras
regiões da face e de todo o rosto)

(b) todos os aspetos / informações


faciais estão incluídos (Ex: forma e
cor das caraterísticas, e distâncias
entre as caraterísticas ou
microcaraterísticas mais prováveis);

(c) Todas as regiões da face são


percebidas simultaneamente.
(McKone et al., 2013).
 Outras regiões do cérebro são
também ativadas durante a
Prosopagnosia (cegueira para faces)
perceção de faces;
Condição em que há uma deficiência
 A área fusiforme também é
grave no reconhecimento de rostos,
ativada durante o processamento
mas muito menos no reconhecimento
de outros objetos.
de objetos.

Reconhecimento de faces e
1. Prosopagnosia adquirida (ex:
reconhecimento dos outros
após lesão cerebral)
2. Prosopagnosia do objetos
desenvolvimento (deficiências Reconhecimento visual de objetos
no desenvolvimento dos
inter e intra-categorias
mecanismos de
1
reconhecimento facial)
Hipótese do mecanismo comum,
mas
Processamento de faces e o
cérebro  Reconhecimento de faces é mais
exigente, em parte, porque requer
Área fusiforme da face (no córtex
a distinção entre membros
temporal ventral)
semelhantes de uma mesma
categoria (ex: têm todas dois
olhos, nariz, boca)
(reconhecimento intracategorias).
 Reconhecimento de objetos
envolve, em geral, a identificação
da categoria relevante (ex: gato,
Mas: carro)
(reconhecimento intercategorias)
Deteção, categorização e Hipótese da especialização
identificação de objetos
O cérebro e os mecanismos
supostamente específicos das faces
3 tarefas de reconhecimento: estão também envolvidos no
processamento e reconhecimento de
 Deteção: julgamento do outros objetos em que nos tenhamos
observador acerca da presença de especializado.
um objeto;
 Categorização (‘é um cão?’ –
discriminação intercategorias): Especialização processamento

reconhecimento da categoria holístico

básica a que o objeto pertence;


 Identificação (‘é um Serra da
Predições, que têm recebido algum
Estrela?’ - discriminação
apoio da investigação:
intracategorias): Reconhecimento
da categoria subordinada do 1. O processamento holístico ou

objeto. configural não é exclusivo das


faces, mas pode encontrar-se para
Ordem decrescente de velocidade de
qualquer objeto de especialização
processamento e
(Ex: estudos sobre o
sensibilidade/detalhe crescente
reconhecimento de pássaros ou
carros por especialistas).
2. A área fusiforme da face deve ser
2
altamente ativada quando os
Hipótese da especialização
observadores reconhecem os
Temos maior experiência (e membros de qualquer categoria
especialização) no reconhecimento para a qual possuem
de rostos do que na maioria dos especialização.
outros objetos. 3. Se o processamento de rostos e
de objetos de especialização
envolver processos semelhantes,
o processamento de objetos de regiões distintas do cérebro; Ex:
especialização deve interferir no primeiros estádios surgirem
processamento de rostos. afetados na prosopagnosia
apercetiva).

E o processamento de faces não


familiares?

Modelo de Bruce & Young


(1986)

Processamento de faces em
estádios, serial

Algumas evidencias:

 Maior facilidade em reconhecer


faces familiares do que não
familiares;
 Os processamentos da identidade
facial e da expressão facial
envolvem diferentes trajetórias
(não completamente);
 Obtém-se informação pessoal
(Ex: profissão) acerca de uma
pessoa antes de recordar o seu
nome.
 São propostos vários estádios:
diferentes dificuldades no
processamento de faces podem
estar associadas a estádios
específicos (e problemas em

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