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Ministério da Educação

Universidade Federal do Paraná


Jandaia do Sul
ENGENHARIA AGRÍCOLA

SECAGEM E AERAÇÃO DE PRODUTOS


AGRÍCOLAS
Dimensionamento de secadores e ventiladores

Prof. José Gabriel Vieira Neto


Ventiladores

• Os ventiladores são máquinas que, por meio da rotação


de um rotor provido de pás adequadamente distribuídas
e acionado por um motor, permitem transformar a
energia mecânica do rotor em formas de energia
potencial de pressão e energia cinética.
• Graças à energia adquirida, o ar torna-se capaz de vencer
as resistências oferecidas pelo sistema de distribuição e
pela massa de grãos, podendo assim realizar a secagem,
o resfriamento, a separação, a limpeza e o transporte do
produto.
Ventiladores

• Vazão: É o volume de ar fornecido pelo ventilador na unidade de tempo.


• Pressão: A pressão desenvolvida por um ventilador é composta de três parcelas:
pressão dinâmica, pressão estática, pressão total.
• Pressão dinâmica (Pv): o ar flui naturalmente das zonas de alta para baixa
pressão com uma dada velocidade, que depende do gradiente existente entre elas.
Essa pressão fornecida pelo ventilador para manter o ar em movimento é o que
chamamos de pressão dinâmica do ventilador.
• Pressão estática (Ps): A pressão efetiva que o ventilador deve proporcionar ao ar
em escoamento, para que sua vazão não diminua contra as resistências do
sistema, é o que chamamos de pressão estática do ventilador. A pressão estática
do ventilador é igual à perda de carga do sistema ao qual ele está acoplado.
• Pressão total (Pt): É a soma das pressões estática e dinâmica do ventilador. Pt =
Pv+Ps.
Classificação dos ventiladores

• Podemos classificar os ventiladores em dois critérios:


– Segundo o nível energético de pressão que estabelecem:
• Baixa pressão: ventiladores que fornecem uma pressão total menor que
200 mmCA;
• Média pressão: ventiladores que fornecem uma pressão total
compreendida entre 200 e 800 mmCA;
• Alta pressão: ventiladores que fornecem uma pressão total
compreendida entre 800 e 2500 mmCA;
• Turbo compressores: ventiladores que fornecem uma pressão total
maior que 2500 mmCA.
– Segundo a modalidade construtiva:
• Axiais ou Centrífugos
• Esses ventiladores
fornecem altas vazões
e altas pressões.
• A experiência mostra
que o ar, ao ser
centrifugado,
aumenta sua
temperatura de 1 a
2°C, para cada 60
mmCA de pressão
estática.
Ventiladores radiais ou de pás retas

• São os ventiladores mais antigos; apresentam grande


tamanho, baixo rendimento (em torno de 70%),
desenvolvem pressões moderadas, e não retêm poeiras
nas pás.
Ventiladores de pás curvadas para frente

• São os ventiladores que apresentam uma melhor relação entre


tamanho e capacidade que o ventilador de pás retas; seu
rendimento é em torno de 85% e fornecem vazões elevadas. Têm
uma desvantagem que é o efeito "colher" no ar, o que faz o rotor
do ventilador perder o balanceamento quando se utiliza ar muito
sujo
Ventiladores de pás curvadas para trás

• São os ventiladores que apresentam melhores


rendimentos (em torno de 90%), e uma melhor relação
entre tamanho e capacidade que o ventilador de pás
curvadas para frente. São ventiladores de preços bastante
altos;
CURVAS CARACTERÍSTICAS DOS VENTILADORES

• Apesar das equações disponíveis e de vários fundamentos físicos,


não é fácil estudar a interdependência entre as grandezas
características dos ventiladores baseando-se em considerações
puramente teóricas. Em vista disso, recorre-se a ensaios de
laboratórios que permitem expressar a variação de uma grandeza
em função da outra, em forma de gráficos, possibilitando fácil e
rápida escolha do ventilador e uma análise de seu
comportamento em função das variações nas grandezas
representadas. As curvas que representam a dependência entre
duas grandezas, uma vez fixadas as demais, são denominadas
CURVAS CARACTERÍSTICAS
CURVAS CARACTERÍSTICAS DOS VENTILADORES

• A Air Moving and


Conditioning
Association
(AMCA)
padronizou os
testes para
ventiladores.
"Brake Horse-Power“ (BHP) - é a potência fornecida pelo motor ao eixo do ventilador.
Potência absorvida pelos ventiladores

• A potência absorvida pelos ventiladores é calculada pela


equação:
𝑄 ∙ 𝑃𝑡
𝑃=
3600 ∙ 𝑛𝑣 ∙ 75
onde:
P = potência absorvida pelo ventilador em cv;
Q = vazão do ventilador em m³ de ar por hora;
Pt = pressão total do ventilador em mm de H2O;
nv = rendimento do ventilador.
Potência absorvida pelos ventiladores

• A potência consumida pelo motor de acionamento do


ventilador é calculada pela Equação:
𝑃
𝑃𝑚 =
𝑛𝑡
onde:
Pm = potência do motor de acionamento do ventilador em cv;
P = potência absorvida pelo ventilador em cv;
nt = rendimento da transmissão, entre motor e ventilador.
nt = 1,00 quando a transmissão for por acoplamento direto.
nt = 0,85 quando a transmissão for por polia e correia.
Associação de ventiladores

• Os ventiladores podem ser associados de duas maneiras:


• Ventiladores em série: Esta associação é utilizada quando não
queremos alterar a vazão mas aumentar a pressão fornecida pelos
ventiladores. Somam-se as pressões de cada ventilador, e a vazão do sistema
é a mesma de cada ventilador associado, que devem ser iguais entre si.
• Ventiladores em paralelo: Esta associação é utilizada quando não
queremos alterar a pressão mas dobrar a vazão fornecida pelos ventiladores.
Os dois ventiladores devem funcionar à mesma pressão e à mesma vazão,
sendo a vazão total do sistema igual à soma das vazões de cada ventilador
associado.
Associação em série
Associação em paralelo
Peso específico de um fluido

• O número que expressa a quantidade de peso em volume unitário de um


fluído, é o que chamamos de peso específico do fluido.
• O peso específico do ar a 20°C e ao nível do mar é de 1,2 kgf/m³, e varia
inversamente com a temperatura absoluta e diretamente com a pressão
barométrica:
273 𝑃𝑏𝑎𝑟
𝜑 = 1,293 ∙ ∙ ∙ 𝐺𝐸
273 + 𝑇 760
onde:
ϕ peso específico do ar a calcular
T = temperatura de trabalho do gás em graus Celsius
Pbar = pressão barométrica do local de trabalho em mm Hg.
GE = "gravidade específica" do gás, para o ar standard = 1, para outros gases resultantes de
queima, o valor de GE é obtido pela tabela a seguir.
“Gravidade específica” para gases

• A vazão fornecida por um ventilador não varia com a variação do


peso específico do ar.
• As pressões fornecidas e a potência absorvida pelo ventilador
variam proporcionalmente com a variação do peso específico do ar.
Exemplos

1. Qual o peso específico do ar a 30°C e a 750 mm Hg?

2. Se um ventilador com rotor de diâmetro 450 mm tem um


ponto de trabalho para 1300 RPM: Vazão = 5200 m³/h,
Pressão total = 38 mm H2O, Potência absorvida = 1 cv,
para um ar de peso específico 1,2 kgf/m³. Calcule a vazão,
pressão total e potência absorvida quando ele girar a 1600
RPM e com um ar com peso específico de 1,00 kgf/m³.
Cálculo da vazão de um ventilador pela
medição da Pressão dinâmica do vento - Pv
• Para calcular a velocidade do ar em escoamento, medimos a
pressão dinâmica, e, após, aplicamos este valor medido na
Equação:
𝑃𝑣
𝑉 = 4,033 ∙
𝜑𝑟
𝜑
𝜑𝑟 =
𝜑𝑜
𝑄 =𝐴∙𝑉
𝜋 ∙ 𝐷²
𝐴=
4
Cálculo da vazão de um ventilador pela
medição da Pressão dinâmica do vento - Pv
Onde:
• φr = densidade relativa do ar;
• φ = peso específico do ar de trabalho(varia em função da pressão
barométrica e da temperatura);
• φo= peso específico do ar standard = 1,2 kg/m³ a 760 mm Hg e
20°C;
• Q = vazão do ar em m³/s;
• A = área da tubulação em m²;
• D = diâmetro da tubulação em m;
• V = velocidade do ar em m/s;
• Pv = pressão dinâmica do ar em mm H2O.
Exemplo

1. Calcular a vazão de ar propelida por um ventilador se a


pressão dinâmica do ar em escoamento, medida num
duto de 450 mm de diâmetro, é 10 mm H2O, e este ar
está a 20°C, e a pressão barométrica é 760 mm Hg.
• Gráfico de
Shedd para
tomada de
decisão em
aeração de
grãos
Dimensionamento pela transmissão de calor

• Fatores a considerar
- peso do material a ser secado
- teor de umidade inicial do produto a ser secado
- teor de umidade final do produto a ser secado
- temperatura máxima a que o grão pode ser submetido
- temperatura e umidade do ar externo.
Cálculo da quantidade de calor necessária para a
secagem
• O cálculo é divido em três etapas:
- quantidade de calor necessária para elevar a temperatura
dos grãos e da água que o impregna, até a temperatura
de regime (calor sensível);
- quantidade de calor necessária para vaporizar a água
(calor latente);
- perdas térmicas do sistema
Cálculo da quantidade de calor necessária para a
secagem
100 − ℎ𝑖 ℎ𝑖 ℎ𝑖 − ℎ𝑓
𝑄0 = 𝑊 𝐶𝑚 + 𝐶𝐻20 𝑡𝑒 − 𝑡𝑎 + 𝑊 𝑟+𝑃
100 100 100 − ℎ𝑓
onde:
Qo = quantidade de calor, em kcal
W = peso de entrada do produto a ser secado, em kg
hi = teor de umidade inicial %BU
hf = teor de umidade final %BU
Cm = calor específico do produto a ser secado (grão ∼ 0,47 kcal/kg°C)
CH2O = calor específico da água (1 kcal/kg°C)
r = calor latente d'água (568 kcal/kg°C a 50°C)
te = temperatura de exercício (50°C)
ta = temperatura inicial do produto
P = perdas ∼ 30% (a ser considerado separadamente)
Cálculo da quantidade de calor necessária para a
secagem
• Observação:
– Se a capacidade estática da câmara de secagem for igual a W, a
quantidade de calor em kcal/h é igual a Qo.
– Se a capacidade estática da câmara de secagem for igual a Y, a
𝑊
quantidade de calor em kcal/h é igual a 𝑄 = 𝑄0 ∙
𝑌
Vazão de ar para secagem

• A vazão de ar aquecido necessária para a secagem é dada


pela Equação:
𝑄 = 0,286 ∙ 𝑉 ∙ ∆𝑡
onde:
Q = quantidade de calor kcal/h
V = vazão de ar m³ de ar por hora
∆t= diferença de temperatura com que deve ser aquecido o
ar
Cálculo da quantidade de calor para resfriar os
grãos
• Após o aquecimento, necessita-se resfriar os grãos para
posteriormente armazená-los, utilizando-se assim da equação:
𝑄 = 𝑚 ∙ 𝐶𝑚 ∙ ∆𝑡
onde:
Q = quantidade de calor a ser retirada em kcal/h
m = massa de grãos a ser resfriada em kg
Cm = calor específico da massa de grãos
∆t= diferença de temperatura com que deve ser resfriado a massa
de grãos
Cálculo da quantidade de calor para resfriar os
grãos
• O peso de grãos a ser resfriado é calculado pela Equação:
Pf (100 – Uf) = Pi (100 – Ui)
Onde:
Pf – peso final da massa de grãos após secagem, em kgf;
Uf – umidade final após secagem, em %;
Pi – peso inicial dos grãos úmidos, em kgf;
Ui – umidade inicial dos grãos úmidos, em %.
Perda de carga no secador

• Devemos calcular a perda de carga em cada trecho que o ar


percorre, desde a entrada na fornalha até ser jogado no ambiente.
• Podemos considerar, para efeitos práticos, que a perda de carga
está em torno de 50 a 60 mm H2O, assim distribuído:
- perda de carga na camada de grãos(camada 20 cm) ± 10 mm H2O;
- perda de carga na fornalha ± 20 mm H2O
- perda de carga nos cavaletes ± 15 mm H2O
- perda de carga nos dutos de ar quente e revestimentos ± 15 mm
H2O
- perda total ± 60 mm H2O
Perda de carga no secador

• Se o ventilador fornece uma pressão estática maior que a


perda de carga do sistema, teremos um desperdício de
energia, além de um arraste de grãos pelo aumento da
vazão; caso contrário, isto é, se o ventilador fornece
pressão estática menor que a perda de carga do sistema,
a vazão ficará baixa, o que acarretará deficiência na
secagem.
Rendimento do secador

• O rendimento do secador é calculado pela Equação


𝑇𝑠 − 𝑇𝑓
η= 𝑥100
𝑇𝑎
onde:
η = rendimento em percentual
Ts = temperatura do ar de secagem
Tf = temperatura do ar de saída
Ta = temperatura ambiente
Exemplo

• Calcular a quantidade de calor e a vazão do ventilador, necessária


para secar 40 t/h de soja de 18 para 13% B.U. em um secador
contínuo com as capacidades abaixo descritas, e o ar aquecido de
20 a 100°C, com uma umidade relativa inicial de 70% e
temperatura de secagem de 50°C.
• Dados volumétricos do secador:
- Câmara de secagem 48,8 m³ = 39ton
- Câmara de carga 10,0m³ = 8ton
- Câmara de resfriamento 28,8 m³ = 23ton
- Capacidade estática = 87,6m³.

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