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Fundamentos da Sabedoria Hiperbórea

PARTE II:
ÉTICA NOOLÓGICA

Nimrod de Rosario
ORDEM DOS CAVALEIROS TIRODAL
DA REPÚBLICA ARGENTINA
___________________________________________________

Título: Fundamentos da Sabedoria Hiperbórea


Autor: Nimrod de Rosario – 1985
Capa: Movimento Veganista no Brasil da Sabedoria Hiperbórea.
Revisão: Movimento Veganista no Brasil da Sabedoria Hiperbórea.
Diagramação: Tomos I ao X retirados da versão disponibilizada e traduzida por autores desconhecidos da OC-
TIRODAE BRASIL. Tomos XI ao XIII retirados da versão original em espanhol e traduzidos pela equipe de volun-
tários do Movimento Veganista no Brasil da Sabedoria Hiperbórea.

Versão impressa no Brasil


2018
SEGUNDA CARTA AOS ELEITOS

I – Saudação aos Eleitos que irão instruir-se na Ética noológica, ou seja, àqueles que
começam, desde hoje, a receber os tomos correspondentes à Segunda Parte do
Livro Fundamentos da Sabedoria Hiperbórea.

Em nome dos Cavaleiros Tirodal, e em seu próprio, o autor oferece uma saudação de
Camarada, ou seja, um Sinal de Honra, àqueles Eleitos que “compreenderam e aceitaram” os
Fundamentos da Sabedoria Hiperbórea expostos na Primeira Parte. Para quem compreendeu
e aceitou tais Fundamentos, abre-se a partir de hoje o caminho da Iniciação Hiperbórea: justa-
mente, na Segunda Parte se desenvolvem temas que a Ordem considera de conhecimento ne-
cessário e inevitável para todo iniciado Hiperbóreo. Os modelos análogos do Espírito Esfera e
da estrutura cultural, já estudados, e os conceitos baseados neles, vão permitir agora uma rápida
compreensão dos temas estritamente iniciáticos. Em outras palavras, a Primeira Parte dá o con-
texto adequado para que os conceitos iniciáticos apresentados na continuação adquiram o sig-
nificado inequívoco que os aproxime à Verdade revelada pela Ordem. O ato seguinte consiste,
pois, em “compreender e aceitar” a Segunda Parte e em aguardar o chamado da Ordem, CHA-
MADO QUE SOMENTE SE CONCRETIZARÁ SE O ELEITO PROPICIA UM KAI-
ROS INICIÁTICO, OU SEJA, SE PRODUZ, COM SEUS ATOS, A “OPORTUNIDADE”
DE ACESSAR A INICIAÇÃO HIPERBÓREA. Contudo, entes de começar os estudos dos
temas iniciáticos, é conveniente despejar algumas interrogações que muito possivelmente já es-
tejam lançadas na mente dos Eleitos: por exemplo, por que se revela HOJE a via da oposição
estratégica? O que se requer para acessar a Iniciação Hiperbórea? Como se exporão estes requi-
sitos na Segunda Parte? Que qualidade faz possível um virya perdido ser considerado um Eleito
da Ordem dos Cavaleiros Tirodal? E, fundamentalmente, por que é tão importante o ponto de
vista ético? A responder tais interrogações se dedicam as seguintes partes da Carta.

II – O Dia do Espírito.

Não é necessário declarar a esta altura que o presente livro foi redigido para consideração
de um público ocidental. É óbvio que a Sabedoria Hiperbórea, cujos “fundamentos” se expõem
aqui de maneira elementar, constitui uma via geral de libertação espiritual adequada para a com-
preensão do homem ocidental. Este “homem ocidental” é, portanto, o “virya perdido” de nossa
Weltaschauung, o homem semidivino que, em sua memória de sangue, guarda a Recordação
da Origem, o homem, enfim, de “linhagem hiperbórea”.

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Ao virya perdido do Ocidente a Sabedoria Hiperbórea lhe oferece HOJE uma saída
heroica, mostrando-lhe com uma linguagem de signos que ele é capaz de compreender o cami-
nho que conduz à transcendência absoluta do Espírito; tal caminho, claro está, não poderá ser
transitado sem luta e tal luta, naturalmente, não poderá dar-se sem uma correta preparação
prévia para o combate: esse é o objetivo da INICIAÇÃO HIPERBÓREA, à que o conteúdo
deste livro pode servir como instrução, mas que somente pode acessar por intermédio de um
PONTÍFICE HIPERBÓREO, ou seja, de um virya experiente na Estratégia Hiperbórea.
Mas, por que HOJE? Por que uma revelação neste momento e não ONTEM? A que se
deve que de repente se abram as portas do Mistério? E, sobretudo, o que significa “hoje” e
“ontem”? Resposta: Antes de tudo, fixemos o justo sentido que há de dar a “hoje”. HOJE é
uma palavra que designa o tempo presente em relação ao dia: “o presente dia”. Porém, aqui
não empregamos a palavra com tal sentido transitório, senão com um alcance que é próprio da
visão histórica: o hoje ao que nos referimos é UM DIA EM SENTIDO HISTÓRICO, que
inclui ao momento atual, um dia que começou de uma longa noite de trevas infernais. Nessas
trevas transcorreu o ONTEM do virya perdido, no seio de uma noite que acabou há poucos
instantes para dar lugar aos primeiros raios de luz do dia de HOJE. E depois, pela Sabedoria
Hiperbórea reencontrada pelos viryas, será possível para muitos o milagre da libertação espiri-
tual.
Perguntaremo-nos, agora, e quando começou esse Dia do Espírito? Quem é o Sol que
o ilumina? Resposta: esse dia, que é o hoje dos viryas perdidos, o tempo no qual eles poderão
declarar INDIVIDUALMENTE a guerra ao Aprisionador de Espíritos, ESSE DIA COME-
ÇOU NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL. E o Sol que começou a amanhecer nos anos
30, e que desde então ilumina o Dia do Espírito, é o Grande Siddha que os viryas perdidos
conheceram como Adolf Hitler, o Führer dos povos germanos. Ele, graças a um domínio ab-
soluto da Estratégia Hiperbórea, por causa de uns conhecimentos tão terríveis, que não nos
atreveríamos a esboçar aqui, abriu uma brecha na muralha inimiga, na Estratégia de Chang
Shambala. E esta fenda, pela qual há de penetrar o socorro da Sabedoria Hiperbórea, não po-
derá se selada pelos Demônios antes de UM MILÊNIO. Mas, para então, haverá acabado o
Kaly Yuga, a Era das Trevas que começara há quinhentos mil anos e que o Führer veio fechar
com a luz do Dia do Espírito.
Este é, pois, o Dia do Espírito, um dia milenário iluminado pelo Führer. Neste dia os
viryas perdidos poderão comer novamente o fruto da Gnose: o fruto proibido que pende da
árvore da Sabedoria Hiperbórea cujas raízes se nutrem do Sangue Puro do Gral.

III – O “despertar” do virya perdido

O que propõe a Sabedoria Hiperbórea aos viryas perdidos neste Dia do Espírito? O
explicaremos passo a passo, pois a resposta deve estar claramente relacionada com o problema

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da libertação espiritual.
Não importa aqui o motivo da decisão: a intuição do Eu Infinito ou do Símbolo da
Origem, ou haver escutado a Canção de A-mort dos Siddhas, etc. O importante é que, quando
o virya perdido se decide a procurar a libertação do Espírito, SEU PRIMEIRO PASSO SO-
MENTE PODE CONSISTIR NA BUSCA DO SELBST, O ASSENTO DO EU DES-
PERTO. A concretização desta busca implica um SALTO GNÓSTICO que separa ao Eu de
sua confusão com o sujeito consciente, de sua identificação com o tempo imanente, e o traslada
ao selbst, convertido, assim, em Eu desperto, em sujeito atemporal. Desde o selbst o Eu des-
perto poderá, por fim, realizar o desencadeamento do Espírito e transmutar-se, se o deseja, em
Siddha Berserker. Adverte-se, então, o valor desse “primeiro passo” que conduz ao selbst e se
compreende, também, o interesse supremo que para o virya perdido reveste sua execução.
A esse primeiro passo a Sabedoria Hiperbórea o denomina DESPERTAR: o DESPER-
TAR é desde agora, graças ao Führer, uma possibilidade ao alcance de todos, ou seja, exotérica.
A palavra DESPERTAR expressa um conceito sintético cujo significado só é exato se for com-
preendido no contexto da Sabedoria Hiperbórea: esta palavra sugere, por exemplo, que o Eu
perdido que tenta dar o primeiro passo à libertação espiritual, ou seja, que tenta DESPERTAR,
está na realidade ADORMECIDO, absorvido no sonho de sua confusão com o sujeito cons-
ciente.
Pois bem, tendo em conta estes esclarecimentos, podemos afirmar que a Sabedoria Hi-
perbórea propõe ao virya perdido UM MODO DE DESPERTAR, a saber, ensina a maneira
de dar esse primeiro passo, de tamanha distância “NEM ESPACIAL, NEM TEMPORAL,
SENÃO ESTRATÉGICA” que separa ao Eu perdido do selbst. Nessa Segunda Parte vamos
explicar com detalhe o MODO DE DESPERTAR que propõe a Sabedoria Hiperbórea; mas,
para que tal explicação cumpra seu objetivo esclarecedor, é necessário expor de entrada seu
método, mostrar até onde apontam as questões. Tal necessidade se entenderá melhor se adver-
tirmos que o DESPERTAR do Eu perdido não é uma operação que admita analogias lineares,
ou seja, não é possível dar uma explicação passo por passo como, por exemplo, o método para
trocar de pneu de um automóvel com um “programa de caminho crítico”, a impossibilidade,
porém, não obedece a motivos esotéricos ou misteriosos, pois tem sua origem na natureza
polifacetada do problema do despertar, que impede tratar o tema de um só ângulo. Devemos
começar, pois, por expor o problema e o método empregado em resolvê-lo.
O problema do despertar pareceria facilmente resolvido com somente responder a se-
guinte pergunta: o que deve fazer, concretamente, praticamente, o virya perdido para desperta?
Mas ocorre que a esta pergunta ética só lhe cabe uma resposta: O VIRYA PERDIDO DEVE
MODIFICAR PERMANENTEMENTE A ATITUDE DE SEU EU E COM TAL ATI-
TUDE DEVE AVANÇAR AO SELBST. Como se vê, esta resposta lança por sua vez duas

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questões: qual é essa nova atitude do Eu perdido? E, como saber ATÉ ONDE HÁ DE AVAN-
ÇAR, ou seja, onde fica o selbst? E as respostas a ambas as questões são as que impedem tratar
o tema em forma linear, pois não convém sob nenhum ponto de vista expor em separado.
Iremos, pois, em busca de ambas as respostas, aproximando-nos delas em conjunto.
Das duas respostas, a primeira é a mais fácil de resumir POR ANTECIPADO e a se-
gunda a mais difícil. Para explicá-las, em troca, partiremos da segunda e tardaremos bastante
em chegar à primeira. Adiantaremos, agora, ambas as respostas, para que se entenda o método
que segue a explicação, ainda que sejam compreendidas mais adiante.
Como resposta à primeira pergunta a Sabedoria Hiperbórea propõe a prática da
HONRA. Mas tal Honra não é uma mera “virtude moral”, senão uma Moral em si mesma, um
modo de vida que situa ao virya perdido “além do bem e do mal”, ou seja, além dos conceitos
judaicos de “bem” e “mal”. Porque resulta que a Honra é algo que, como no Eu perdido, pode
ser despertado. Como? Adotando uma ATITUDE GRACIOSA LUCIFÉRICA. Segundo ve-
remos, esta atitude desperta por si só ao virya perdido e fortalece poderosamente a vontade
egóica, favorecendo a mudança definitiva> isso é possível porque A HONRA DO VIRYA É
O ATO DE SUA VONTADE GRACIOSA.
A primeira resposta se reduz, assim, a uma descrição da “atitude graciosa luciférica”. Mas
ocorre que tal conceito, para transmitir com clareza seu significado, requer ser exposto num
marco ETICO-NOOLÓGICO, ou seja, num contexto próprio da Sabedoria Hiperbórea. O
que mais se focará na explicação será construir tal contexto: a atitude graciosa luciférica no tomo
oitavo como caráter típico de uma TIPOLOGIA ÉTICO-NOOLÓGICO DO VIRYA PER-
DIDO, ou seja, uma tipologia que comente toma em conta o aspecto espiritual do virya, seu
Eu perdido. A segunda resposta é a mais difícil de antecipar ainda que constitua o tema com
que se iniciará a explicação. O virya trata de despertar e para isso deve buscar o selbst; mas onde
se encontra o selbst? Não há que insistir em que até bem pouco, antes do Dia do Espírito, a
resposta a tal pergunta formava parte do Mistério. Hoje, entretanto, podemos responder a ela
POR MEIO DE UM SÍMBOLO: Não se trata de um símbolo novo, o que torna suspeito e
absurdo, mas de um muito mais antigo, que os homens de Cro-magnon salvaram da Atlântida
e conservaram por milênios como mostra do mais elevado saber, como representação de uma
verdade terrível, revelada aos homens pelos Deuses. Aqueles “Deuses” foram, por suposto, os
Siddhas de Agatha, que durante um longo período reinaram sobre a Atlântida tentando trans-
mutar as raças de viryas perdidos mediante métodos carismáticos de Estratégia Hiperbórea.
Nesse tempo o símbolo ao que aludimos, e que vamos chamar LABIRINTO EXTERIOR, era
a chave de transmutação da mais alta Iniciação, o fundamento do Mistério: por seu intermédio,
ou seja, pela apreensão de sua verdade oculta, o homem semidivino podia transmutar-se em
Deus.

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Segundo se detalha no inciso “A Resignação de Wotan”, e nos incisos subsequentes, foi
por causa do sacrifício de sua crucifixão voluntária na árvore do Mundo que Wotan redescobriu
o segredo do aprisionamento espiritual. O Grande As contemplou, então, o Símbolo da Origem
e revelou aos ários. As Runas não Criadas que fazem possível a libertação espiritual e a conquista
da eternidade perdida na Origem, convertendo-se, assim, em Guia Racial da Raça Branca Hi-
perbórea. Essa revelação a consumou, instituindo os Mistérios do Labirinto, o primeiro dos
Mistérios Antigos: aquele Mistério constituiu a base da Ordem Einherjar, fundada por John
Dee na Alemanha, cujo funcionamento secreto durara três séculos, concluiu na Thule-
gesellschaft e o Mistério do Labirinto, resolvido pelos Siddhas da Ordem Einherjar, foi deno-
minado em linguagem moderna “via da oposição estratégica” e assim passou à Ordem dos
Cavaleiros Tirodal, que são seus atuais depositários na América do Sul. Em síntese, podemos
adiantar que a revelação de Wotan, o Mistério do Labirinto, consistiu em um signo rúnico como
“o Labirinto Exterior de Wotan”, TIRODINGUIBURR, ou “o Símbolo Sagrado do Virya”. A
importância desse signo há de validar-se a partir da segunda propriedade: SEU SIGNIFICADO
EXPRESSA A TOTALIDADE DA SABEDORIA HIPERBÓREA; ou seja, a Primeira e Se-
gunda Parte do livro Fundamentos da Sabedoria Hiperbórea somente contém aproximações
sistemáticas ao significado do Símbolo Sagrado do Virya.
Ao Símbolo Sagrado do Virya, tirodinguiburr, se o qualifica na Sabedoria Hiperbórea
como “a Solução de Wotan ao problema do aprisionamento espiritual”. Este problema se pode
reduzir racionalmente à necessidade de cumprir com dois atos egóicos: despertar e orientar. Em
outras palavras, o Eu perdido deve primeiro “despertar” de sua submissão psicológica no su-
jeito consciente e, segundo, “orientar-se” ao selbst. O Símbolo Sagrado do Virya facilita com
folga a execução de ambos os atos, tal como se demonstrará na Segunda Parte: o “despertar”
se consegue simplesmente pela compreensão interior do significado, revelado indutivamente
com o Labirinto Exterior de Wotan; a “orientação” ao selbst requer, além do mais, a prática da
Iniciação Hiperbórea, um ato executado simultaneamente em dois mundos durante o qual os
Siddhas Leais plasmam o signo rúnico em torno do Eu perdido, que a partir desse instante
consegue localizar o selbst e “orientar-se” definitivamente a ele.
O Símbolo que vamos estudar constitui, então, uma chave: PERMITE ESTABELER
A DISTÂNCIA ENTRE O ELO PERDIDO E O SELBST. Contudo, esta chave não será
captada de imediato pelo virya perdido: primeiro, deve saber como situar-se frente ao Símbolo
para que este lhe revele seu segredo, coisa que não poderá conseguir se antes não lhe restituir
seu sentido metafísico. Todos os símbolos sagrados foram objetos de atroz degradação cultural
como efeito tenebroso do Kaly Yuga, mas ESTE Símbolo em particular, por sua periculosidade
para os planos da Sinarquia, sofreu um destino pior: segundo veremos com detalhe no tomo
sétimo, se tem empregado como base de MATCH GAME, ou seja, o tem associado em uma

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função LÚDICA. Uma parte da explicação se dedicará, então, a examinar o problema da de-
gradação dos símbolos sagrados e a atitude dos viryas perdidos frente a eles: E DESSE MODO
SE IRÁ DESENVOLVENDO, TAMBÉM, A TOPOLOGIA ETICO-NOOLÓGICA ne-
cessária para descreve a atitude graciosa luciférica.
Em síntese, nisto consiste o método da explicação: um desenvolvimento que inclui mui-
tos temas, mas durante o qual se vai dando resposta, implacavelmente, às duas perguntas antes
lançadas. Ao final se fará exposto, sem equívocos, a proposta que a Sabedoria Hiperbórea faz
ao virya perdido que anseia despertar como Espírito Hiperbóreo, como Siddha, como Deus.

IV – Conhecimento prévio da Estratégia inimiga.

O Símbolo Sagrado do Virya, em efeito, não pode ser compreendido completamente se


não se encara um estudo prévio sobre a Estratégia dos Siddhas Traidores de Chang Shambala:
esta Estratégia se resume também num só símbolo, conhecido universalmente como CHAVE
KALACHAKRA. Mas, assim como o estudo do Símbolo Sagrado do Virya dá lugar à Sabedo-
ria Hiperbórea, a Ciência dos Siddhas Leias de Agartha, assim também o estudo da Chave Ka-
lachakra dá lugar à Kalachakra, a Ciência dos Siddhas traidores de Chang Shambala. A Chave
Kalachakra é a chave do sistema de aprisionamento espiritual explicado na Primeira Parte: con-
siste essencialmente na resignação do desígnio do pasu com o Símbolo da Origem. Semelhante
operação causa uma mutação genética que altera permanentemente uma parte do desígnio do
pasu, denominada “desígnio caracol” e representa habitualmente com o signo espiral, que cons-
titui o “Símbolo Sagrado do Pasu”. Antes de expor o Símbolo Sagrado do Virya é necessário
estudar o Símbolo Sagrado do Pasu e a Kalachakra, a Ciência dos Siddhas Traidores: isso se
efetuará a partir do inciso “O Símbolo Sagrado do Pasu”, contido no segundo tomo. O Símbolo
Sagrado do virya, por outra parte, poderá ser descrito no sétimo tomo. Resumindo, a Segunda
Parte foi dividida em treze tomos: nos oito primeiros se desenvolveu o conhecimento que a
Ordem dos Cavaleiros Tirodal considera necessário e inevitável para acessar à Iniciação Hiper-
bórea, e nos cinco restantes os Apêndices complementares mais importantes, mas não impres-
cindíveis. Todo Eleito, contudo, deve estudar a obra completa enquanto aguarda o Kairos da
Iniciação Hiperbórea.

V – O traço do Eleito.

Os Eleitos são aqueles que compreendem e aceitam os Fundamentos da Sabedoria Hi-


perbórea. Porém, nem todos os viryas perdidos são aptos para compreender e aceitar tais fun-
damentos no dia de hoje, ou seja, no Dia do Espírito: alguns são vítimas de seu próprio extravio
interior, da submissão do Eu perdido no sujeito consciente, de identificar ao Espírito com a
consciência e de crer-se alma; outros, no mais, são presas da Estratégia exterior inimiga, das

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determinações objetivas que induzem na estrutura cultural do virya as superestruturas das cul-
turas externas: “para a Sinarquia, a cultura é uma arma estratégica”. Mas dentre os viryas perdi-
dos no Dia do Espírito, a Ordem dos Cavaleiros Tirodal sabe distinguir aos Eleitos, a quem
convoca “para enfrentar com Honra o próximo Fim da História”. Logo, na confirmação que a
Ordem realiza para assegurar que tal ou qual virya perdido é um eleito, intervém uma plurali-
dade de ações esotéricas, entre elas que se contam, por exemplo, a investigação de seus registros
inatos para conhecer sua história espiritual, a detenção de certos sinais orgânicos que delatam
sua condição luciférica, a consulta aos Siddhas de Agartha, etc. Porém, existe um traço primeiro
que se toma em consideração, pois, por assim dizer, é o que o diferencia dos verdadeiros viryas
perdidos, o que anuncia de maneira inequívoca que “este virya” é distinto dos outros, que nele
o Eu perdido se encontra “pré-orientado” à Origem. Vamos descrever semelhante traço nesta
Segunda Carta porque todo Eleito é capaz de reconhecê-lo em si mesmo, como caráter inato,
sem necessidade de recorrer a novos conhecimentos ou explicações teóricas: este traço, este
caráter, é a priori de todo conhecimento e de toda explicação e, pelo contrário, o conhecimento
e as explicações, de qualquer tipo, podem provir da busca desesperada por compreendê-lo. A
partir de agora, quem reconheça este traço em si mesmo, comprovará de imediato que a Ordem
não se equivocou ao convocá-lo, terá a segurança de que “o conhecimento e as explicações
teóricas” que oferece a Sabedoria Hiperbórea lhe serão úteis a sua particular condição, poderá
intuir que a Iniciação Hiperbórea é o caminho que seu Espírito reclama.
Para sintetizar, vamos denominar aqui PREDISPOSIÇÃO GNÓSTICA ao traço men-
cionado, o qual é uma qualidade interior inata, própria do Eu perdido, que ele manifesta com-
pulsivamente durante toda a vida sobre o sujeito anímico com indiferença a qualquer forma
cultural que este assuma. Há que se distinguir de entrada à PREDISPOSIÇÃO GNÓSTICA
de um simples caso de fé: a fé pode ser a crença cega no produto de uma intuição irracional, da
intuição incompreensível do conteúdo dos símbolos sagrados; a fé é meramente psicológica,
um caráter da alma, a reação que o sujeito anímico estabelece com os símbolos sagrados arque-
típicos, representantes das Mil Faces do Uno, em sua evolução à autonomia ôntica da enteléquia
Manu. Contrariamente, a PREDISPOSIÇÃO GNÓSTICA é expressão da sabedoria inata do
Espírito e é ela mesma uma sabedoria. Vale dizer que a PREDISPOSIÇÃO GNÓSTICA está
fundada na sabedoria inata e consiste no conhecimento da verdade do Espírito, de sua essência
imaterial e não criada pelo Uno, o Criador das formas que ordenam a matéria.
O Eleito SABE interiormente, com absoluta certeza, da existência do Espírito não Cri-
ado e de sua qualidade superior à de qualquer existência, ôntica ou ontológica, criada pelo Uno.
Por isso não necessita CRER no Espírito nem em nenhuma intuição irracional induzida pelos
símbolos sagrados: sua PREDISPOSIÇÃO GNÓSTICA se manifesta como sabedoria inata
da Verdade do Espírito, um saber que não pode ser nem afirmado nem negado pela razão

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anímica, porque consiste em uma Verdade absoluta e indubitável. É claro que a PREDISPO-
SIÇÃO GNÓSTICA não atua sempre com a mesma intensidade, pois sua presença está ligada
à força volitiva do Eu perdido, à força expressa pelo Espírito aprisionado: em efeito, a PRE-
DISPOSIÇÃO GNÓSTICA é uma espécie de MÍSTICA INTERIOR, ou seja, de acordo à
definição adiantada na Primeira Parte, é a “forma de um conteúdo carismático”. Tal conteúdo
é a “vontade graciosa luciférica”, a essência do Eu, cuja presença no Eu perdido não é constante,
senão que sua força é mais ou menos intensa durante a vida do virya de acordo ao grau de
confusão estratégica que este padeça. O Eleito, ainda que possua o traço da PREDISPOSIÇÃO
GNÓSTICA, nem por isso deixa de ser um virya perdido, submetido aos vaivéns cármicos que
lhe impõe a Estratégia inimiga para mantê-lo na confusão, contando SOMENTE com a PRE-
DISPOSIÇÃO GNÓSTICA, não é possível despertar no Dia do Espírito: é necessário dispor
também da Sabedoria Hiperbórea. Mas, ainda que alguém NÃO SEJA um Eleito e consiga os
Fundamentos da Sabedoria Hiperbórea, se não possui a PREDISPOSIÇÃO GNÓSTICA,
tampouco conseguirá despertar, pois os Fundamentos da Sabedoria Hiperbórea, sem PREDIS-
POSIÇÃO GNÓSTICA, jamais será Sabedoria. Mas ao Eleito, que exibe a PREDISPOSIÇÃO
GNÓSTICA, a Ordem dos Cavaleiros Tirodal lhe oferece a Sabedoria Hiperbórea que tornará
possível seu despertar espiritual no Dia do Espírito, para enfrentar com Honra o próximo Fim
da História.
Agora bem, até aqui se aludiu ao aspecto essencial, ou seja, interior da PREDISPOSI-
ÇÃO GNÓSTICA: demais será dizer que este aspecto por si só não basta para distinguir aos
Eleitos dentre os viryas perdidos. O “traço” do Eleito, propriamente dito, o constitui uma “tra-
jetória característica” que a PREDISPOSIÇÃO GNÓSTICA causa em sua vida, trajetória que,
finalmente, é a que o há de conduzir carismaticamente até a Ordem dos Cavaleiros Tirodal, a
coincidir sincronisticamente com a Ordem no Dia do Espírito.
Analisemos brevemente, e em linhas gerais, as consequências que a PREDISPOSIÇÃO
GNÓSTICA causa na vida do Eleito. A PREDISPOSIÇÃO GNÓSTICA consiste, segundo
o dito, no conhecimento da Verdade do Espírito, conhecimento que produz da sabedoria es-
piritual inata. Munido deste conhecimento, o Eleito começa a buscar desde o princípio nas
Religiões e Doutrinas teológicas que oferece a cultura coletiva, a confirmação de seu saber es-
piritual. E aqui se produz o principal e paradoxo feito, que determina sua vida: mais cedo ou
mais tarde, o Eleito acaba por comprovar que nenhuma Religião ou Doutrina teológica comu-
mente aceita explica ou descreve sua certeza interior. Algumas falam, por exemplo, do Espírito
e até lhe atribuem um Criador: o mesmo que criou aos vermes e aos cães e ao pasu; e que cria
a este último esperando receber sua dor. Esse “Espírito das Religiões e Doutrinas teológicas
não é mais que uma equivocada denominação de alma. A expressão manifesta na matéria da
mônada arquetípica criada pelo Uno a sua imagem e semelhança, seu destino, como todo o
anímico, não é outro que o de evoluir até uma perfeição entelequial que culmina na atribuição

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de um posto específico na ordem universal, um posto que suponha a submissão final ao Uno
em um grau secundário de existência. Pode ocorrer, então, que o Eleito se confunda momen-
taneamente e aceite o conceito falso de um “Espírito criado”, tentando, por conseguinte dirigir-
se ao Criador, ao Deus do Universo; nesse caso, o resultado da busca não pode ser mais sur-
preendente|: o pretenso Deus, supostamente criador do Espírito, do ser conhecido pela PRE-
DISPOSIÇÃO GNÓSTICA do Eleito, demonstra por sua criatura uma indiferença total; o
Eleito pode dirigir-se de muitos modos ao Deus Criador sem que este responda jamais, en-
quanto se refere ao conhecido pela PREDISPOSIÇÃO GNÓSTICA, a suas interrogações:
nem a devoção mais submissa, nem as reclamações mais exigentes, conseguem outra coisa que
o silêncio do Uno. Por suposto que tal efeito sucede porque o Espírito se dirigiu ao Deus equi-
vocado, não ao “Criador do Espírito”, senão ao Criador da alma na qual está aprisionado seu
Espírito eterno. E o Uno somente pode ser indiferente ante um Espírito que é estrangeiro em
sua Criação.
Se o Eleito não adverte a tempo o motivo dessa indiferença divina talvez raciocine de
maneira típica e paradoxal, convertendo-se num “místico sem Deus” em um “ateu Espiritual”,
etc.; para quem tomou este caminho não há alternativa porque a PREDISPOSIÇÃO GNÓS-
TICA lhe mostra com absoluta certeza, em todo momento, a Verdade do Espírito. Enquanto
que o “Deus Criador” se nega a responder. Esta atitude incompreensível por parte de quem
deveria atender com presteza às suas criaturas, causa essa típica sensação de abandono no
Eleito, um sentimento de culpa, a suspeita de ser portador de um pecado desconhecido. Eis
aqui o primeiro drama do Eleito: abandonado por “Deus”, mas sabedor da Verdade do Espí-
rito, conhecedor de que existe um ser absolutamente superior à matéria, talvez passe anos bus-
cando no fundo de si mesmo a culpa inexistente, a qual supõe ter sido castigado com a indife-
rença divina.
Mas o Espírito eterno do Eleito não tem nenhuma culpa que purgar, ainda que deva
suportar efetivamente o castigo do aprisionamento à matéria: que tenha existido na Origem não
é uma culpa, mas uma Traição e um Engano, tal como se expôs na Primeira Parte. Por esta
Traição e Engano perpetrados pelos Siddhas Traidores, o Espírito eterno foi revertido e aprisi-
onado à estrutura psíquica do pasu para acelerar sua evolução. E somente hoje, no Dia do
Espírito, depois de um período de mais de dez mil anos de obscuridade, os viryas perdidos tem
novamente a possibilidade de libertar seu Espírito eterno pela práxis da Iniciação Hiperbórea.
Voltando à “trajetória característica” do Eleito, o passo seguinte, depois de buscar inu-
tilmente a culpa interior, trata-se de compreender com mais profundidade o destino do homem,
as leis que regem sua sorte ou sua desgraça. Aprenderá, então, que “os atos do homem causam
reações futuras”, as que devem ser indefectivelmente compensadas “para evoluir à perfeição
que preveem os Planos de Deus”: tal “compensação”, logo, está regida pela “lei do carma”,
cujos propósitos são insondáveis para os simples mortais, pois aqueles que validam e medem

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as contas a saldar são os “Senhores do Carma”, Grandes Seres pertencentes à Hierarquia do
Governo de Deus. Neste ponto o Eleito vislumbra uma solução para seu problema: o silêncio
de Deus se deve a que não saldou convenientemente suas dívidas cármicas; existe, por fim, uma
culpa, um mau antigo que deve ser purgado, mas ao que não recorda por haver sido consumado
em “vidas passadas”. O problema se reduz agora a pagar esse carma pendente, a fazer-se me-
recedor, pela via do serviço e do sacrifício, da atenção divina. Não basta, pois, saber a Verdade
do Espírito, como ingenuamente “acreditava” o Eleito, para gozar a atenção de Deus, há que
se trabalhar para isso, ganhar um lugar na “hierarquia espiritual” da Terra, modelar-se no corpo
e alma de acordo a um padrão universal de homem, a um Arquétipo Manu. E quem sabe como
há de conduzir-se pelo caminho da evolução da alma? Quem conhece o modo perfeito de
compensar o Carma e ganhar a glória de chegar ao Deus Criador? Resposta: que receberá o
Eleito: as Sociedades Secretas dirigidas ocultamente pela Hierarquia Branca de Chang Sham-
bala. “Nestas sociedades ou seitas, o noviço aprende uma ‘ciência esotérica’ que lhe permite
compreender as ‘leis ocultas’ do Universo e um ‘yoga’ com o qual domina e harmoniza o orga-
nismo microcósmico”. Naturalmente, quando o Eleito recebe esta resposta é sinal de que passa
pelo pior momento de sua confusão estratégica; a Estratégia inimiga se pressupõe, então, con-
fundi-lo definitivamente por meio da mencionada “ciência esotérica”, que em nada se refere ao
Espírito Hiperbóreo, e destrói seu Eu, expressão do Espírito Não Criado, por meio da prática
de uma yoga sinárquica (ver mais detalhes deste plano no Tomo quarto).
Se o Eleito continua sem perceber o engano não tardará em ficar incorporado a suma
Sociedade Secreta da Sinarquia Universal. Como maçom, teosófico, Rosacruz, etc., se lhe infor-
mará que a Hierarquia Branca está integrada por Mestres da Sabedoria, ou seja, por seres que
alguma vez foram humanos, igual ao Eleito, mas que agora são imortais e possuem grandes
poderes: os Mestres da Sabedoria, assim como outros seres que jamais encarnaram, estão em
contato pleno com o Deus criado do Universo, seja diretamente, seja através de “Deuses Inter-
mediários” ou Logos solares. E esta resposta satisfaz completamente ao Eleito, posto que, en-
tão, “vê” com clareza o caminho a seguir: há de esforçar-se em conquistar os graus necessários
que lhe permitam relacionar-se com os Mestres da Sabedoria, para que Eles lhe indiquem o
caminho a Deus ou a uma Ordem Superior onde seu conhecimento da Verdade do Espírito
seja justamente validado. E eis aqui o segundo drama do Eleito: à medida que mais se esforça
por alcançar tal meta, comprova com desespero que os Mestres de Sabedoria também estão
cegos e surdos as suas queixas e solicitudes. Mas aqui é já muito evidente que algo estranho
ocorre, algo que tem a ver pessoalmente com o Eleito que possui a PREDISPOSIÇÃO
GNÓSTICA, pois quanto mais tentava avançar de acordo às diretivas sinárquicas da “ciência
esotérica” e da “yoga”, mais parecem dar-lhe as costas. Não somente os Mestres não respon-
dem, mas que as dificuldades surgem em toda parte. Alguém, talvez, lhe explique piedosamente
que se trata de “provas”, de experiências pelas quais “todo adepto deve passar para demonstrar

12
sua fé nos Mestres”, que cedo ou tarde os Mestres lhe chamaram para ocupar um merecido
posto na Hierarquia, mas que, enquanto isso, deve perseverar em seu serviço à Sinarquia: -
Ainda possui um Eu demasiado poderoso ao que haverá de debilitar completamente – lhe dirão.
– Esse Eu, dominante em si mesmo, é a causa de seu atraso no “caminho probatório”, uma
fonte de desejos egoístas, uma força arrogante que contrasta com a humanidade dos Mestres. -
Não faz falta agregar mais argumentos típicos para exemplificar a tática inimiga porque os Elei-
tos que leem esta carta já os conhecem de sobra. São de variadas formas e conteúdos, mas todos
apontam a convencer ao Eleito de que deve destruir seu Eu e aguardar a chamada milagrosa
dos Mestres da Sabedoria; em última instância, se o Eleito somente se atreveu a vaguear em
torno das Sociedades Secretas da Sinarquia, se procura mantê-lo na confusão e impedir que
afirme e propague seu conhecimento sobre a Verdade do Espírito. Os Eleitos podem ter to-
mado por alguma senda paralela a aqui especificada, mas a trajetória característica é sempre a
mesma.
Chegado, pois, a esse ponto, o segundo drama do Eleito, a situação não pode ser mais
negativa: o Deus Criador e seus Mestres de Sabedoria parecem decididos a ignorar definitiva-
mente ao Eleito, a quem se vem tentando convencer de todos os modos que o mal vem do seu
interior, em sua força egóica; mas essa força egóica é, indubitavelmente, a que lhe revela o saber
absoluto da Verdade do Espírito através de sua PREDISPOSIÇÃO GNÓSTICA e a que o
pôs no caminho de buscar uma Ordem Superior, transcendente, na qual sua revelação fosse
justamente validada. Nesse terrível momento, “abandonado” pelo Deus Criador e seus Minis-
tros, considerando a possibilidade de ser o único culpado de seus próprios males, cercado sem
saber pela Estratégia inimiga que lhe cerrou todas as portas, o Eleito chega à conclusão de que
a PRESISPOSIÇÃO GNÓSTICA que o distinguiu desde o princípio dos demais mortais, traz,
no mínimo, “má sorte”. Mas, contrariamente, terá sorte, muita sorte, se para ele as práticas da
yoga sinárquica não o tenham tornado esquizofrênico ou se a “ciência esotérica” não o tenha
convertido em um drogado homossexual, traidor, um homem carente de honra, um escravo
das Sociedades Secretas da Sinarquia Universal. Se o Eleito teve esta sorte, ainda dispõe de
vontade para sair do cerco inimigo. É possível que descubra finalmente, o único caminho que
pode seguir um virya perdido com a PREDISPOSIÇÃO GNÓSTICA, ou seja, o que conduz
à Iniciação Hiperbórea.
Quando o Eleito começa a duvidar da bondade do Deus Criador ou a desconfiar das
boas intenções dos Mestres da Sabedoria, é seguro que seu Eu se fortalecerá e as respostas
buscadas irão surgindo do fundo de si mesmo. Na verdade, a solução sempre esteve ao alcance
da compreensão interior, integrada no conhecimento inato da verdade do Espírito: O ESPÍ-
RITO ETERNO É ESTRANGEIRO NESTE MUNDO E TUDO QUANTO NELE
OCORRE LHE É ESPECIALMENTE ALHEIO: O “DEUS CRIADOR” DO UNIVERSO
NÃO É SEU DEUS PORQUE O ESPÍRITO PROVÉM DE UM MUNDO ANTERIOR

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À ORIGEM DO UNIVERSO; O ESPÍRITO NÃO É CRIADO NESTE MUNDO, AO
QUAL OPÕE UMA HOSTILIDADE ESSENCIAL, MAS DO QUAL NÃO PODE SAIR
DEVIDO À CONFUSÃO ESTRATÉGICA CAUSADA PELOS SIDDHAS TRAIDORES,
CHEFES MÁXIMOS DOS MESTRES DA SABEDORIA. O PRINCIPAL OBJETIVO
DO ESPÍRITO NÃO CRIADO É O REGRESSO À ORIGEM, A VOLTA AO “OUTRO
MUNDO”, EXTERIOR AO TEMPO E AO ESPAÇO DO UNIVERSO, QUE SE
CHAMA “HIPERBÓREA ORIGINAL”. E PARA CONSEGUIR ESSE OBJETIVO O ES-
PÍRITO NECESSITA ADQUIRIR “ORIENTAÇÃO ESTRATÉGICA”, DESCOBRIR A
DIREÇÃO ESTRATÉGICA DA ORIGEM, UMA QUALIDADE QUE SÓ LHE DÁ A
INICIAÇÃO HIPERBÓREA.
Em resumo, qualquer que tenha sido a trajetória característica pela qual o Eleito chegou
a semelhantes conclusões o concreto é que, então, exibe já, inequivocamente, o TRAÇO DA
PRESISPOSÇÃO GNÓSTICA. E esse traço é o que toma em consideração a Ordem dos
Cavaleiros Tirodal para detectar, em princípio, aos Espíritos, a quem propõe despertar no Dia
do Espírito e afrontar com Honra o próximo Fim da História.
Assim, pois, “o traço do Eleito” é uma qualidade espiritual, um saber inato sobre a Ver-
dade do Espírito e a comprovação de que este saber causa a indiferença do Uno e seus sequazes
terrestres, os Mestres da Sabedoria de Chang Shambala. Os Siddhas Traidores, por sua parte,
desatam perseguições irracionais contra todo aquele que tente desencadear seu Espírito. A
PREDISPOSIÇÃO GNÓSTICA apresenta ao Eleito como herege nato frente aos olhos do
Deus Criador e dos Mestres da Sabedoria, e como inimigo potencial frente à odiosa mira dos
Siddhas Traidores; por isso, o eleito que dispõe de forças para sobreviver, ignorado por aqueles
e odiados e perseguidos por estes, é um virya duro entre os duros, ainda que ele mesmo não
perceba. Mas a Ordem dos Cavaleiros Tirodal o sabe e somente aceita como Eleito a quem
demonstra possuir o conhecimento inato da Verdade do Espírito e a dureza do Espírito Guer-
reiro. Somente este traço é suficiente e de nada vale exibir outras supostas virtudes se carece de
sabedoria inata e dureza espiritual: nem a fortuna pessoal mais fabulosa, nem títulos ou brasões
de qualquer espécie, nem o prestígio social ou cultural, contam para a Ordem. A Iniciação Hi-
perbórea não se vende nem se compra, simplesmente está fora do alcance de quem não possua
o traço mencionado. E esta advertência vale especialmente para muitos que pomposamente se
autoqualificam de “nazis” e creem que esse título é um passaporte infalível para acessar os se-
gredos da Ordem: a eles há que se informar que o traço do Eleito, entre os viryas perdidos
provenientes do nazismo esotérico, é o mesmo que possuíam os oficiais da Ordem Negra. Para
a Ordem dos Cavaleiros Tirodal “ser nazi” somente tem valor se quem o declara é capaz de
exibir a sabedoria e a dureza de um oficial da Ordem Negra. É conveniente adiantar aqui um
conceito do artigo D, deste primeiro tomo, referente às “Raças Sagradas” do Demiurgo, ou
seja, as Raças nas quais se manifesta, em cada Era, um “Aspecto” ou “Face” do Demiurgo: “A

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UMA RAÇA SAGRADA NÃO SE PERTENCE SOMENTE PELA HERANÇA GENÉ-
TICA, PELO ‘NASCIMENTO’, SENÃO TAMBÉM POR FAVORECER A MANIFESTA-
ÇÃO DO ‘ASPECTO RAÇA SAGRADA’ DO DEMIURGO. Assim, com relação à Raça
Sagrada atual, ou seja, a “raça eleita” dos Hebreus, ocorre o curioso fato de que um homem
pode ser judeu por sua herança, por nascer efetivamente no seio de uma família hebreia, ou por
sua CONSTITUIÇÃO MENTAL: em efeito, para a Sabedoria Hiperbórea NÃO SÓ É JU-
DEU QUEM NASCE JUDEU, SENÃO TAMBÉM QUEM, POR SUA CONSTITUIÇÃO
MENTAL JUDAICA, FAVORECE A MANIFESTAÇÃO DO ‘ASPECTO RAÇA SA-
GRADA’ DO DEMIURGO”.
Ainda que o significado completo deste conceito se vá esclarecendo durante a Segunda
Parte à medida que se definam outros conceitos complementares, é evidente que seu sentido
principal se fundamenta num “traço interior”, ou seja, na “constituição mental judaica”. Esse
“traço interior” é o extremo oposto do traço do Eleito. Ale dizer: quanto maior “constituição
mental judaica”, menor a PREDISPOSIÇÃO GNÓSTICA. E como a PREDISPOSIÇÃO
GNÓSTICA depende em todos os casos da “pureza de sangue”, conceito que alude à capaci-
dade do sangue para conservar a Recordação da Origem, é indubitável que “quanto maior cons-
tituição mental judaica, menor a pureza de sangue”. Bem, acontece que a Iniciação Hiperbórea
requer inevitavelmente uma condição do Eleito: sua pureza de sangue. Muitos Eleitos creem
erroneamente que “pureza de sangue” significa “pureza racial”, mas, se esta identidade fosse
certa, resultaria que todo virya que acreditasse nos traços EXTERIORES genéticos, das linha-
gens hiperbóreas estaria em condições de acessar à Iniciação, possibilidade que é claramente
falsa. Eia aqui a verdade: PARA ALCANÇAR A INICIAÇÃO HIPERBÓREA A PUREZA
DE SANGUE É ABSOLUTAMENTE NECESSÁRIA EM TODO ELEITO, POIS DELA
DEPENDE A PREDISPOSIÇÃO GNÓSTICA; MAS, A “CONSTITUIÇÃO MENTAL
JUDAICA” É ABSOLUTAMENTE DESNECESSÁRIA, POIS ELA IMPEDE A MANI-
FESTAÇÃO DA PREDISPOSIÇÃO GNÓSTICA. Ambos os traços são, pois, incompatíveis
e ninguém que pensa como um judeu, ainda que proclame sua “pureza de sangue” poderá ser
um Iniciado Hiperbóreo. O Eleito, então, uma vez desperto e encaminhado à Origem, deve
despojar-se até o último traço que ainda pudesse existir na conformação de seu pensamento,
dessa “construção mental judaica”, própria do virya perdido.
Para compreender o porquê desta exigência é de capital importância no projeto de liber-
tação espiritual do Eleito, a ponto tal que seu descumprimento representa um obstáculo insu-
perável para alcançar a Iniciação, há que se referirem aos Siddhas Leais, os Senhores de Agartha
que concedem a Iniciação Hiperbórea através da Ordem dos Cavaleiros Tirodal e de toda outra
Ordem fundada por Eles. Para compreender isto, os Eleitos devem reparar em dois conceitos:
um, sobre o caráter espiritual Hiperbóreo dos Siddhas Leias, e o outro, sobre Sua participação
na Cerimônia de Iniciação Hiperbórea. Ambos os conceitos são muito simples de expor.

15
Vejamos o primeiro. Da Primeira Parte, o Eleito sabe já que é um Espírito Hiperbóreo
“normal”. Mediante o “modelo da esfera”, em efeito, se definiu ao Espírito-esfera “normal”,
análogo ao Espírito Hiperbóreo antes do aprisionamento, como composto de “DUAS CARAS
OU FACES”: Aza superfície exterior, vermelha, é a expressão do TERGUM HOSTIS ou
FACE HOSTIL; a superfície interior, verde, é a expressão do VULTUS SPIRITUS ou FACE
ESPIRITUAL. O Tergum Hostis é a manifestação da HOSTILIDADE ESSENCIAL que o
Espírito Hiperbóreo apresenta a TODA OBRA MATERIAL DO DEMIURGO, ou seja, ao
Universo vivo, às Hierarquias dévicas, aos Arquétipos e Aspectos do Demiurgo, às culturas do
animal-homem, etc, “O Espírito-esfera se apresentou no Universo material FECHADO SO-
BRE SI MESMO, VOLTADO EM TORNO DO EU ABSOLUTO E MOSTRANDO AO
DEMIURGO POR TODAS AS PARTES UMA FACE HOSTIL”. Pois bem, o Eleito deve
reparar agora em que os Siddhas Leais, que se encontram NESTE MOMENTO em Agartha,
SÃO ESPÍRITOS NORMAIS (figuras 2 e 37), ou seja, seres que apresentam uma HOSTILI-
DADE ESSENCIAL “a toda obra material do Demiurgo”... E ESTA HOSTILIDADE IN-
CLUI, PORTANTO, A “CONSTITUIÇÃO MENTAL JUDAICA” DO VIRYA PER-
DIDO.
Mas não há como equivocar-se ao refletir sobre este conceito.
A HOSTILIDADE ESSENCIAL QUE OS SIDDHAS LEAIS APRESENTAM
PELA “CONSTITUIÇÃO MENTAL JUDAICA” DO VIRYA PERDIDO NÃO SIGNI-
FICA QUE ELES “DECIDAM” ATACAR OU AGREDIR DE ALGUM MODO AO
ELEITO, AINDA ESTE INFLUENCIADO PELA ESTATÉGIA INIMIGA. Recordemos
o dito na Primeira Parte: “A FACE HOSTIL NÃO É SABEDORIA DE MODO ALGUM,
PELO CONTRÁRIO, ELA SOMENTE É HPSTILIDADE ESSENCIAL. Isto quer dizer
que A HOSTILIDADE ESSENCIAL NÃO É MOTIVO DE DECISÃO: ELA SE PRO-
DUZ DE TODO MODO FRENTE À OBRA DO DEMIURGO OU À “CONSTITUI-
ÇÃO MENTAL JUDAICA”. Em outras palavras, o Espírito Hiperbóreo “normal”, e um Sid-
dha leal o é, raciocina com hostilidade essencial ante os entes materiais, sem que exista para isso
nenhuma decisão prévia. Ocorre assim porque a reação é ESSENCIAL, enquanto que a HOS-
TILIDADE é a FORMA dessa ESSÊNCIA.
É CLARO QUE SE UM ELEITO, NÃO TOTALMENTE DESPOJADO DO
TRAÇO DA “CONSTITUIÇÃO MENTAL JUDAICA”, FICASSE FRENTE A UM SID-
DHA LEAL, ISSO IMPLICARIA QUE TODO O PODER DE SUA HOSTILIDADE ES-
SENCIAL RESULTASSE APLICADO SOBRE O MICROCOSMO DO ELEITO. O QUE
OCORREIA, ENTÃO? RESPOSTA: QUE AQUELA ESTRUTURA MICROCÓSMICA
“ESSENCIALMENTE HOSTILIZADA” PODERIA SER SERIAMENTE DANIFI-
CADA QUAN NÃO TOTALMENTE DESTRUIDA. Num caso semelhante, de nada valeria
ao Eleito invocar seu caráter de estudioso da Sabedoria Hiperbórea ou de “nazi”: SOMENTE

16
A “PRESENÇA” DE UM SIDDHA LEAL CAUSA A DESTRUIÇÃO DOS ENTES MA-
TERIAIS, A DECOMPOSIÇÃO DAS FORMAS ARQUETÍPICAS; NENHUMA FORMA
ARQUETÍPICA PODE RESISTIR À FORÇA DISSOLVENTE DO INFINITO ATUAL
APLICADA EM TODOS OS PONTOS DE SUA ESTRUTURA PELA HOSTILIDADE
ESSENCIAL DO ESPÍRITO. Há pessoas, por exemplo, que afirmam ser “nazis”, mas que
pensam como meros judeus, e que seriam imediatamente desintegradas se ficassem situadas
frente a um Siddha Leal, ou frente ao Führer, quem na atualidade se converteu novamente em
um ser absolutamente espiritual. Resumindo, este e não outro é o motivo pelo qual os Siddhas
Leias se mantêm distantes dos viryas perdidos e só se manifestam aos Iniciados. Suas presenças
podem ser fatais para quem se encontre conformado pela Estratégia inimiga, por isso Eles, do
Valhala, de Agartha, procuram despertar aos viryas mediante a Canção de A-mort, a Canção
carismática que se escuta com o sangue puro, e por isso corresponde aos viryas perdidos, aos
que são capazes de exibir um traço dos Eleitos, fazer o esforço necessário para despojar seu
pensamento da constituição mental judaica, cuja existência é altamente repugnante para os Sid-
dhas Leais, e vincular-se carismaticamente com Eles, escutando sua Canção, despertando pra a
Recordação da Origem, orientando-se à Origem, e recebendo finalmente a Iniciação Hiperbó-
rea; QUANDO OS ELEITOS TENHAM SEU SANGUE PURO, NO KAIROS DA INI-
CIAÇÃO HIPERBÓREA, SERÃO GUIADOS POR UM PONTÍFICE TIRODAL ATÉ
OS SIDDHAS LEAIS. ENTÃO, SUA APROXIMAÇÃO NÃO REVESTIRÁ NENHUM
PERIGO PARA O ELEITO E, PELO CONTRÁRIO, A REALIDADE DE SEU SAN-
GUE PURO SERÁ FESTEJADA COM GRANDE JÚBILO PELOS SIDDHAS LEAIS DE
AGARTHA.
E aqui podemos considerar o segundo conceito pendente.
Em efeito, durante a cerimônia de Iniciação DEVEM INTERVIR os Siddhas Leais.
Suas Presenças são imprescindíveis porque Eles, e somente Eles, podem plasmar no corpo
astral do Eleito os signos rúnicos que lhe permitirão isolar seu Eu do sujeito anímico e orientar-
se ao selbst. Pode afirmar-se que, no Kairos justo, a Cerimônia de Iniciação se realiza simulta-
neamente em dois mundos: ISTO SIGNIFICA QUE, DURANTE A CERIMÔNIA DE INI-
CIAÇÃO, O ENFRENTAMENTO COM OS SIDDHAS LEAIS É INEVITÁVEL. Daí não
ser possível ao Eleito subir a tão transcendental momento sem ter-se despojado previamente
de todas aquelas formas de ser que afetam a hostilidade essencial dos Siddhas Leais.
Entende-se, finalmente, com a ajuda dos conceitos exposto, “o porquê desta exigência,
de despojar-se até o último traço que ainda pudesse existir na conformação de seu pensamento,
dessa “constituição mental judaica” própria do virya perdido, reveste capital importância no
projeto de libertação do Eleito, ao ponto tal que seu não cumprimento representa um obstáculo
insuperável para alcançar a Iniciação Hiperbórea”: a aproximação de um Eleito a um Siddha
Leal, fora do Kairos, é altamente perigosa para o Eleito, e se um Pontífice, por erro, propiciar

17
semelhante aproximação, não somente poria em perigo ao Eleito, senão que se arriscaria a ser
severamente sancionado pelos Siddhas Leais e até poderia causar a extinção da Ordem. Por
tudo isto é fácil compreender que a Ordem há de tomar precauções extraordinárias antes de
autorizar a Cerimônia de Iniciação de um Eleito.
Por último, cabe agregar que o traço da “constituição mental judaica” está culturalmente
descrito pela “Ética psicológica” do pasu, enquanto que o traço do Eleito só pode ser compre-
endido totalmente por uma Ética noológica; é o que se faz nesta Segunda Parte dos Fundamen-
tos da Sabedoria Hiperbórea se expõe a Ética noológica do virya e se a opõe à Ética psicológica
do pasu. No contexto da Ética noológica se define a Honra Absoluta do Iniciado Hiperbóreo
como “O ATO DE SUA VONTADE GRACIOSA LUCIFÉICA”: empregando este conceito
pode afirmar-se, com rigor, que o que separa a um Eleito de um Siddha Leal é uma DISTÂN-
CIA ÉTICA. Em outras palavras, para aproximar-se a um Siddha Leal durante o Kairos da
Iniciação Hiperbórea, todo Eleito deve efetuar previamente um reacomodamento ético-nooló-
gico. SEM CUMPRIR COM ESTE REQUISITO, O MODO DE SER DO SIDDHA LEAL
SERIA ÉTICAMENTE INCOMPREENSÍVEL PARA O ELEITO, E NÃO É DEMAIS
REPETIR QUE UM SIDDHA LEAL NÃO SÓ NÃO PODE SER APREENDIDO PE-
LOS CONCEITOS DA ÉTICA PSICOLÓGICA, OU SEJA, PELA MENTALIDADE JU-
DAICA, SENÃO QUE TAL MENTALIDADE CAUSA SUA HOSTILIDADE ESSEN-
CIAL.
O Eleito, então, que a seu turno experimentou o silêncio do Deus Criador e dos Mestres
da Sabedoria, agora deverá suportar o mais absoluto silêncio por parte daqueles que tentam
verdadeiramente resgatá-lo do inferno no qual se encontra fugindo. Mas não será assim por
muito tempo se fortalecer seu traço ético-noológico e de despoja do traço ético-psicológico
judaico com o que se encontra culturalmente condicionado: há toda uma Raça extraterrestre e
uma Parelha original aguardando o despertar e a libertação do Eleito. E há um Mundo Exterior,
uma Hiperbórea Original, fora do Universo material, inimaginável para o Iniciado, que é a Pátria
do Espírito Hiperbóreo e ao que toda a Raça anseia regressar. A guerra contra as potências da
matéria, não esqueça, se livra pela libertação dos Espíritos cativos: A GUERRA SE GANHA
CADA VEZ QUE UM ESPÍRITO SE LIBERTA DO APRISIONAMENTO. É, POIS, UM
DEVER ÉTICO-NOOLÓGICO DO ELEITO DESPERTAR E LIBERTAR SEU ESPÍ-
RITO. POR SI MESMO E PARA CONTRIBUIR COM A VITÓRIA FINAL DA RAÇA.

VI – Esclarecimentos sobre os conceitos de “nazismo esotérico” e “dureza espiri-


tual” empregados em V.

Vale à pena advertir, para quem não leu nossa obra “A História Secreta da Thule-
gesellschaft”, que no Terceiro Reich uma coisa era o partido nazi e outra muito distinta a SS: o

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Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, em efeito, foi uma organização POLÍ-
TICA esotérica, enquanto que o Escalão de Guarda ou SS (Sschutzstaffeln) é uma organização
MILITAR fundada sobre um círculo esotérico da Thulegesellschaft conhecido como Ordem
Negra. Este esclarecimento vale porque A SABEDORIA HIPERBÓREA SOMENTE A
POSSUIU E A POSSUI a SS, enquanto que o partido nazi sempre dispôs a informação de tal
modo que pudesse ser assimilada pelo povo alemão, que vinha sendo condicionado cultural-
mente pelos curas católicos e rabinos desde as invasões germânicas ao Império Romano. O
Eleito deve saber que os elementos fundamentais do que se há mal chamado “nazismo esoté-
rico” somente podem vir das SS, de sua Sabedoria Hiperbórea, e entender assim, por que não
basta o título nem a formação política de “nazi” para pretender a Iniciação Hiperbórea: é ne-
cessário, em todo caso, ser “nazi”, mas como o é um oficial da Ordem Negra. A Ordem dos
Cavaleiros Tirodal também possui a Sabedoria Hiperbórea e é uma Ordem irmã da Ordem
Negra SS: se o Eleito cumpre os requisitos de sabedoria inata e dureza espiritual, e se despoja
da “constituição mental judaica”, a Ordem lhe revelará a Sabedoria Hiperbórea que lhe permi-
tirá libertar seu Espírito eterno. Nem todos os Iniciados Hiperbóreos são, estritamente, “nazis”,
pois Iniciados Hiperbóreos há em Agartha desde milhões de anos, mas os nazis que são Inici-
ados Hiperbóreos, e isto deve sabê-lo todo Eleito, SÃO CONFIRMADOS EM SUA HONRA
E LEALDADE PELO PRÓPRIO FÜHRER, quem para isso, por exemplo, teria reservado
seu assento pessoal no Castelo Iniciático de Wenwelsburg; E ESSA CONFIRMAÇÃO, HOJE
MAIS QUE NUNCA, NO DIA DO ESPÍRITO, NO DIA DO FÜHRER, SERÁ RECE-
BIDA PELOS VERDADEIROS NAZIS SS, PELOS CAVALEIROS TIRODAL QUE EN-
FRENTAM COM HONRA O PRÓXIMO FIM DA HISTÓRIA.
Com respeito ao conceito de “dureza espiritual”, que se qualifica como posse impres-
cindível para completar o traço do Eleito, convém esclarecer seu significado, ainda que o
mesmo seja bastante óbvio: este conceito NÃO IMPLICA, claro, que o Espírito seja “duro”
em si mesmo, que a “dureza” seja uma propriedade do Espírito; a dureza espiritual exigida é a
que produz o Espírito NO Eleito durante sua trajetória característica: o Eu, expressão do Es-
pírito eterno, vai endurecendo o microcosmo à medida que desperta do Grande Engano do
Uno e se vai orientando estrategicamente à Origem. Finalmente, o Eleito que busca a Sabedoria
Hiperbórea é, para a Ordem dos Cavaleiros Tirodal, “um virya duro entre os duros”, e sua
“dureza” é claramente “espiritual”, de origem espiritual.

VII – Comentário e saudação final.

Na Primeira Parte estudamos o pasu, e o virya perdido, do ponto de vista estritamente


microcósmico, baseando-nos fundamentalmente no conhecimento de sua estrutura psíquica;
isso nos permitiu chegar a importantes conclusões. Mas o pasu é um microcosmo potencial que
subsiste dentro do macrocosmo, integrado nas superestruturas das comunidades culturais. A

19
“atitude graciosa luciférica” que vamos propor para seu despertar supõe oferecer uma resposta
concreta para a pergunta capital da Ética: que devo fazer? Vale dizer, que devo fazer frente ao
fato cultural em que estou inserido, para libertar-me de seus laços e despertar como virya? A
esta interrogação crucial a Sabedoria Hiperbórea, efetivamente, dá uma saída noológica, diz
exatamente o que fazer. É o que trataremos de mostrar na Segunda Parte. Entretanto, e isso já
é evidente, a pergunta ética lança de entrada a relação entre o interno e o externo, entre a estru-
tura psíquica e o mundo exterior, ENTRE O PASU E O FATO CULTURAL. Devemos co-
nhecer, pois, com maior profundidade esta relação, adquirir conceitos claros sobre “cultura”,
“fato cultural”, “História”, etc., e, especialmente, estabelecer com precisão as correspondências
análogas que o macrocosmo guarda com as estruturas do microcosmo estudadas na Primeira
Parte. A esclarecer tais conceitos, e outro, se dedicará o inciso “O virya perdido e o fato cultu-
ral”, contido no presente tomo, cuja leitura é imprescindível para compreender o desenvolvi-
mento posterior da obra.
Para finalizar esta Segunda Carta convidamos ao Eleito a refletir sobre uma lei que tem
muito a ver com o traço descrito em V. Referimo-nos à “fatal e inflexível Lei do Engano”, que
no inciso “A resignação de Wotan” se define elementarmente assim: “NINQUÉM QUE ES-
TEJA ENCARNADO NASCE SABENDO CONSCIENTEMENTE A VERDADE, NIN-
GUÉM NASCE ILUMINADO, NEM WOTAN, NEM O FÜHRER, NEM NENHUM
OUTRO VIRYA; PELO CONTRARIO, TODO VIRYA, WOTAN, O FÜHRER OU
QUALQUER OUTRO VIRYA, EM ALGUM MOMENTO DE SUA VIDA ESTEVE EN-
GANAO PELO DEMIURGO. E ESTA LEI É INEVITÁVEL PORQUE A GNOSE NÃO
PROVÉM DE UMA MERA HERANÇA OU DE UMA ILUMINAÇÃO ESPONTÂENA,
SENÃO QUE É PRODUTO DA VONTADE DE DESPERTAR E SER O QUE O ESPÍ-
RITO É. A SABER, A GNOSE PROVÉM DA LUTA ENTRE O ESPÍRITO ETERNO,
MANIFESTADO NO VIRYA COMO EU PERDIDO, E A ALMA, ESSA EXTENSÃO
DO DEMIURGO”. Naturalmente, o Eleito deve quebrar a Lei do Engano mediante uma ati-
tude graciosa luciférica; mas, a partir de hoje, para consegui-lo, de uma arma formidável: a Sa-
bedoria Hiperbórea.
No dia do Espírito, e em Nome dos Siddhas Leias de Agartha, e da Ordem dos Cava-
leiros Tirodal da República Argentina, recebam os Eleitos a saudação de

Nimrod de Rosario
Fevereiro de 1986

Pós-data: Quero recordar aos Eleitos que o material que integra a Segunda Parte, os

20
treze tomos, assim como toda outra informação procedente da Ordem fora do publicado na
Primeira Parte, devem qualificar-se de ESTRITAMENTE CONFIDENCIAL E SECRETO,
a saber, uma REVELAÇÃO PESSOAL, de cuja reserva haverá de responder PESSOAL-
MENTE ante a Ordem. Não é necessário repetir os motivos desta exigência. Os mesmos se
encontram claramente expostos na parte V da Primeira Carta aos Eleitos (Agosto de 1985).

Nimrod de Rosario
Março de 1986

21
PARTE II:
ÉTICA NOOLÓGICA

Sumário
SEGUNDA CARTA AOS ELEITOS...................................................................................................................................3

I – Saudação aos Eleitos.......................................................................................................................................3


II – O Dia do Espírito..............................................................................................................................................3
III – O “despertar” do virya perdido ..................................................................................................................4
IV – Conhecimento prévio da Estratégia inimiga...........................................................................................8
V – O traço do Eleito.............................................................................................................................................8
VI – Conceitos de “nazismo esotérico” e “dureza espiritual” empregados em V............................... 18
VII – Comentário e saudação final.................................................................................................................. 19

TOMO I: O VIRYA PERDIDO E O FATO CULTURAL................................................................................................ 31

A – A “cultura”, objetivo da sociedade pasu..................................................................................................... 31


B – Objetos culturais externos e internos.......................................................................................................... 32
C – Cultura externa e interna. .............................................................................................................................. 34
D – Correspondências análogas entre micro e macrocosmo...................................................................... 37
E – As “Idades” da História.................................................................................................................................... 53
F – Análise crítica do conceito oficial de Idade.................................................................................................. 54
G – Conceito arquetípico de “Idade”. ................................................................................................................ 58
H – Fato natural, fato histórico e fato cultural................................................................................................... 63
I – A superestrutura do fato cultural................................................................................................................... 73
J – A dupla origem da “Idade do Ouro”............................................................................................................. 79
K – A situação atual do virya perdido.................................................................................................................. 84

TOMO II: O SIMBOLO SAGRADO DO PASU........................................................................................................... 91

A – Analogia gráfica da “lei da evolução”........................................................................................................... 91


B – A espiral, símbolo sagrado. ............................................................................................................................ 93
C – O caracol e a serpente. ................................................................................................................................... 95
D - Progresso, valor e hierarquia ôntica. ..........................................................................................................102
D1 – Progresso e valor da evolução do ente. ............................................................................................103
D2 – Determinação formal do ente. .......................................................................................................... 104
D3 – Hierarquia ôntica ................................................................................................................................... 105
D4 – Progresso e lei da evolução................................................................................................................. 105
D5 – Ética psicológica do pasu e Ética noológica do virya. ..................................................................... 106
E – Noção de “desígnio demiúrgico”............................................................................................................... 109
E1 – Resumo sobre “desígnio demiúrgico”. ............................................................................................. 109
E2 – Analise da classificação racional. ......................................................................................................... 111
E3 – Espécie e gênero dos entes externos................................................................................................ 113
E4 – O SER EM SI do ente externo .............................................................................................................. 118
E5 – O Arquétipo gravis ................................................................................................................................. 120
E6 – O Núcleo indiscernível dos entes........................................................................................................ 129
E7 – O Olho de Abraxas................................................................................................................................. 130
E8 – Modelo de desígnio do ente externo................................................................................................ 134
E9 – O SER-PARA-O-HOMEM do ente externo....................................................................................... 138
E10 – Estudo análogo de um ente concreto............................................................................................ 143
E11 – Gnosiologia do desígnio ou ser-para-o-homem........................................................................... 149
E12 – Estudo análogo do desígnio átomo................................................................................................. 153
E13 – Conceito sintético de desígnio demiúrgico.................................................................................... 159
F – Relação hierárquica entre desígnios.......................................................................................................... 162
G – Estudo análogo do desígnio pasu. ............................................................................................................ 167
H – O sentido como caminho ........................................................................................................................... 169
I – Os Siddhas Traidores resignam o símbolo sagrado do pasu................................................................. 172
J – Estudo análogo da resignação do símbolo sagrado do pasu. .............................................................. 179
K – De como o aprisionamento espiritual causa o desenvolvimento do esquema de si mesmo..... 189
L – O caminho LABRAELIX, labirinto interior. ................................................................................................. 192
M – Correspondências análogas entre o ponto tetrarque e a runa gibur.............................................. 193

TOMO III: MEMÓRIAS MICROCÓSMICAS E REGISTROS MACROCÓSMICOS.............................................195

A – Definição ontológica da memória............................................................................................................. 195


B – Definição funcional da memória. .............................................................................................................. 199
C – Faculdade de recordar................................................................................................................................. 199
D – Análise da recordação.................................................................................................................................. 202
E – Definição funcional de “Registro”. ............................................................................................................. 205
F – Registro ôntico................................................................................................................................................ 207
G – Estudo análogo do registro ôntico............................................................................................................ 210
H – Conclusões sobre o Registro ôntico.......................................................................................................... 216
I – Exploração do Registro ôntico. .................................................................................................................... 217
J – Registro ôntico do pasu................................................................................................................................. 219
K – Setores inatos do Registro ôntico do pasu............................................................................................... 222
TOMO IV: O MICROCOSMO COMO ORGANISMO...........................................................................................227

A – Relação hierárquica entre microcosmo e os entes externos. .............................................................227


B – O “princípio plasmador micro-cósmico” ou logos Kundalini................................................................228
C – A "missão" do logos Kundalini.....................................................................................................................230
D – Definição estrutural do conceito de chakra.............................................................................................231
E – O princípio Plasmador radica no gérmen micro-cósmico. ...................................................................234
F – A função geral orgânica.................................................................................................................................238
G – Ação de controle do logos Kundalini.........................................................................................................241
H – Conceito geral de estabilidade. ..................................................................................................................243
I – Conceito prévio................................................................................................................................................251
J – Conceito estrutural de estabilidade. ...........................................................................................................256
K – Estabilidade do processo evolutivo do gérmen micro-cósmico..........................................................258
L – Significado da missão do logos Kundalini. .................................................................................................267
M – Correspondência análoga entre o Aspecto Logos do Demiurgo e o Logos Kundalini..................269
N – O Yoga: iniciação na Hierarquia Branca de Chang Shambala..............................................................271
O – Estudo análogo do “grande salto” e do “escorrimento” do Símbolo da Origem...........................276
P – Significado análogo da abertura do globo de akasa...............................................................................283
Q – O yoga sinárquico e o Tantra yoga. ...........................................................................................................287
R – Estudo análogo do “objetivo hiperbóreo” do Tantra yoga. .................................................................290
S – O “Ponto Tau”.................................................................................................................................................296
T – O conceito de “imortalidade” no yoga sinárquico e no Tantra yoga..................................................297

TOMO V: SUPERESTRUTURAS E REGISTROS CULTURAIS ...............................................................................303

A – Resumo sobre “superestruturas” e “objetos culturais”........................................................................303


B – Estudo análogo do “objetivo macro-cósmico da finalidade do pasu”...............................................310
C – Interpretação metodológica da “correspondência axiológica”: O postulado essencial. ..............314
D – Modelo análogo de “superestruturas”. ...................................................................................................320
E – Estudo análogo das superestruturas.........................................................................................................323
E1 – Correspondência análoga entre o modelo de superestruturas e a superestrutura real........324
E2 – Proposições IV e V...................................................................................................................................325
E3 – Proposições VI e VII.................................................................................................................................326
E4 – Proposição VIII. ........................................................................................................................................327
E5 – Caráter absoluto da infraestrutura e caráter relativo da estrutura..............................................328
E6 – Primeiro caso: relatividade geral do valor geométrico no cubo estrutural................................330
E7 – Segundo caso: relatividade especial do valor geométrico no cubo estrutural. ........................331
E8 – Significado da relatividade especial de valor geométrico...............................................................333
E9 – Proposição IX. ..........................................................................................................................................336
E10 – Superestruturas e valor geral dos objetos culturais......................................................................340
E11 – Superestruturas e valor particular dos objetos culturais. ............................................................345
E12 – Estudo análogo de um sistema real.................................................................................................350
E13 – Os Aspectos do Demiurgo e o sistema real....................................................................................355
E14 – Conteúdo e dimensões do registro cultural. ................................................................................. 360
F – Faculdade de anamnese do Iniciado Hiperbóreo.................................................................................. 368
F1 – Escada Caracol e Escada Infinita.......................................................................................................... 370
F2 – Poder da faculdade de anamnese. .................................................................................................... 371
F3 – Os dezesseis passos ativos da faculdade de anamnese. ............................................................... 373
F4 – Constituição de um sistema real......................................................................................................... 374
F5 – Representação análoga da SITUAÇÃO do Eu: I.H.P.C. ................................................................... 375
F6 – Exploração visual do Registro cultural................................................................................................ 376
F7 – Exploração física do Registro cultural................................................................................................. 379
F8 – Solução ao Enigma de Xano. ............................................................................................................... 400
O Enigma de Jano (o Xano)................................................................................................................................ 401

TOMO VI: A ORDEM LAGRGAL DE AGARTHA, CUSTÓDIA DOS LIVROS DE CRISTAL..................................403

A – Os Livros de Cristal da Biblioteca de Agartha........................................................................................... 403


B – Missão dos Cavaleiros Tirodal..................................................................................................................... 405
C – O Sagrado Livro de Cristal Tirodal. ............................................................................................................. 406
D – A crucifixão de Wotan.................................................................................................................................. 408
E – A Resignação de Wotan............................................................................................................................... 411
F – A Chave Kalachakra....................................................................................................................................... 420
G – O Mistério do Labirinto................................................................................................................................ 426

TOMO VII: TIRODINGUIBURRR, O SÍMBOLO SAGRADO DO VIRYA...............................................................431

A – Significado do labirinto exterior de Wotan.............................................................................................. 431


B – Função operativa do labirinto exterior de Wotan. ................................................................................ 434
B1 – Princípio de indução noológica........................................................................................................... 434
B2 – Princípio do isolamento do Eu. ........................................................................................................... 437
C – Semiótica psicológica e Rúnica noológica................................................................................................ 440
D – O princípio cardinal da Ética noológica..................................................................................................... 445
E – Análise semiótica dos signos labirinto exterior........................................................................................ 450
E1 – Degradação e deformação do símbolo sagrado do virya............................................................. 450
E2 – Pautas para a análise semiótica. ......................................................................................................... 450
E3 – Primeira pauta. ....................................................................................................................................... 451
E4 – A Mandala de Shambala e a primeira pauta. .................................................................................. 460
E5 – Segunda pauta........................................................................................................................................ 464
E6 – Giburr, a arma do Cavaleiro Tirodal. .................................................................................................. 465
E7 – Terceira pauta......................................................................................................................................... 466
E8 – Quarta pauta........................................................................................................................................... 467
F – Os símbolos sagrados e o símbolo sagrado do virya. ............................................................................ 469
G – Ética noológica e Metafísica Hiperbórea................................................................................................. 475
H – Atitude lúdica e degradação dos símbolos sagrados............................................................................ 480
I – A atitude lúdica do virya perdido................................................................................................................. 482
J – Promoção sinárquica da atitude lúdica......................................................................................................486
K – Plano sinárquico contra o símbolo sagrado do virya..............................................................................488
L – O “jogador sacrílego”, profanador de símbolos sagrados.....................................................................488
M – A alegoria do Sr. Lusor e o leopardo-símbolo. .......................................................................................491
N – conclusões análogas da alegoria do Sr. Lusor e o leopardo.................................................................492
O – Objetivos do plano sinárquico contra o símbolo sagrado do virya.....................................................496
O1 – Primeira parte do plano: degradação do signo labirinto exterior. ..............................................496
O2 – Segunda parte do plano: confundir e desorientar ao tipo gracioso luciférico..........................498

TOMO VIII: A “TIPOLOGIA ABERRO” DA ÉTICA NOOLÓGICA..........................................................................501

A – Descrição específica dos tipos.....................................................................................................................501


B – A Lei do Globo do ato ético fundamental.................................................................................................502
C – A alegoria do Sr. Aberro e o globo..............................................................................................................506
D – Descrição análoga das atitudes “lúdica”, “sacralizante” e “graciosa luciférica”...............................507
E – Vigência da lei do globo no ato ético fundamental ................................................................................508
F – Conclusão análoga da alegoria do Sr. Aberro e o globo ........................................................................509
G – Critério da tipologia Aberro.........................................................................................................................510
H – Tipo lúdico e tipo sacralizante.....................................................................................................................510
I – Tipo gracioso luciférico ...................................................................................................................................511
J – Efeito da atitude graciosa luciférica sobre a tensão dramática.............................................................513
K – Vontade graciosa luciférica do virya e vontade psicológica do pasu. .................................................514
L – O Paráclito, sua Graça, e o carisma.............................................................................................................516
M – O tipo gracioso luciférico participa da Mística Hiperbórea..................................................................517
N – Correspondência entre a tipologia Aberro e a tipologia indo-ariana.................................................520
O – Falácia sobre a origem evolutiva do sistema de castas.........................................................................523
P – Superioridade do tipo gracioso luciférico-kshatriya sobre os outros tipos........................................524
CONCLUSÕES ÉTICAS DA TIPOLOGIA ABERRO. ...........................................................................................525
A – Filosofia e Ética psicológica......................................................................................................................525
B – Qualificação ético-psicológica dos tipos Aberro.................................................................................526
C – Ética psicológica do tipo lúdico e do tipo sacralizante.......................................................................529
D – Ética noológica do tipo gracioso luciférico...........................................................................................532
E – Ética psicológica e gnosiológica. .............................................................................................................535
F – Militares e Kshatriyas. ...............................................................................................................................535
TIPOS E PROFISSÕES............................................................................................................................................536
A – Tipos Aberro e profissões particulares.................................................................................................536
B – Tipos Aberro e profissões coletivas.......................................................................................................539

TOMO IX: POSSIBILIDADES DA VIA TÂNTRICA ...................................................................................................543

A – KALY, O KALY YUGA E O SEXO DOS ESPÍRITOS HIPERBÓREOS...........................................................543


B – O TANTRA YOGA ...........................................................................................................................................547
C – A “VIA ÚMIDA” DO TANTRA YOGA...........................................................................................................548
D – O SEGREDO DE KUNDALINI....................................................................................................................... 550
E – A ESTRATÉGIA HIPERBÓREA DOS CÁTAROS DO SÉCULO XIII ............................................................ 553
F – O PERIGO DO TANTRA YOGA..................................................................................................................... 557
G – A PROVA DE FAMÍLIA .................................................................................................................................. 558
H – UMA CLASSE ESPECIAL DE CONEXÃO DE SENTIDO: OS SISTEMAS REAIS AFETIVOS.................. 558
I – CAPTURA MÚTUA NA SUPERESTRUTURA DO FATO FAMILIAR........................................................ 561
J – APLICAÇÃO DA PROVA DE FAMÍLIA.......................................................................................................... 562
K – AVALIAÇÃO DA PROVA DE FAMÍLIA......................................................................................................... 563
L – REDUÇÃO DOS SISTEMAS REAIS AFETIVOS............................................................................................ 567
M – MÉTODO DE “IDENTIFICAÇÃO RECÍPROCA”....................................................................................... 568

TOMO X: O TANTRA OCIDENTAL DA SABEDORIA HIPERBÓREA...................................................................571

A – QUANDO NÃO SE DEVE SEGUIR A VIA TÂNTRICA ............................................................................... 571


B – A DECISÃO TÂNTRICA DO VIRYA OCIDENTAL........................................................................................ 572
C – O RITUAL DOS CINCO DESAFIOS............................................................................................................... 574
D – O DESAFIO DO VINHO................................................................................................................................. 574
E – O DESAFIO DA CARNE.................................................................................................................................. 575
F – O DESAFIO DO PEIXE .................................................................................................................................... 576
G – O DESAFIO DO TRIGO.................................................................................................................................. 576
H – O DESAFIO DO MAITHUNA ....................................................................................................................... 578
I – MULHER EVA E MULHER KALY................................................................................................................... 581
J – EXECUÇÃO DO RITUAL DOS CINCO DESAFIOS....................................................................................... 587

TOMO XI: ESTRATÉGIA “O” DOS SIDHAS LEAIS..................................................................................................603

A – O Gral: ato de guerra de Kristos Lucifer.................................................................................................... 603


B – O Poder do Gral............................................................................................................................................. 605
C – Reação do Demiurgo contra O Poder dO Gral....................................................................................... 606
D – A “Raça sagrada” Hebraica......................................................................................................................... 610
E – Efeito social da estratégia 'O'....................................................................................................................... 614
F – Jesus Cristo, imitação demiúrgica de Kristos Lúcifer .............................................................................. 616
G – As tábuas da lei, as cabalas e os druidas .................................................................................................. 620
H – Analogias entre a estratégia 'O' e o caminho da oposição estratégica............................................. 623
I – Chang Shambalá, morada dos Siddhas Traidores................................................................................... 626
J – Valhala de Agartha, LAR dos Siddhas LEAIS .............................................................................................. 628
K – Comentarios sobre a Runa do Ouro ou Signo da Origem ................................................................... 631
L – O Gral como “Tábua RÉgia” ........................................................................................................................ 634
M – Messias Hebreu e Messias Imperial........................................................................................................ 636
N - Estratégias Históricas A1 e A2 dos Siddhas Leais .................................................................................... 637
TOMO XII: FUNDAMENTOS DA RÚNICA NOOLÓGICA......................................................................................641

A – Rúnica Noológica e Cabala Numeral.........................................................................................................641


B – Os Guardiões da Sabedoria Lílica................................................................................................................643
C – Conceitos de "psicorregião" ........................................................................................................................647
D – Conceito de "ILHA PSICOIDE" .....................................................................................................................650
E – O trabalho megalítico do homem de Cro-Magnon...............................................................................653
F – Megálitos e Runa Suástica............................................................................................................................655
G – O arsenal lítico da Rúnica Noológica..........................................................................................................656
H – Estratégia Druídica.........................................................................................................................................658
I – Revolução cultural druídica ...........................................................................................................................658
J – Noções de Corologia Esotérica ....................................................................................................................660
J1 – Efeito geocrônico sobre o “Kaly exterior”...........................................................................................661
J2 – Determinação corológica da Rota Kali Yuga......................................................................................662

TOMO XIII: CONCEITOS COMPLEMENTARES DA SABEDORIA HIPERBÓREA ..............................................665

A – Hiperbórea e os Hiperbóreos .....................................................................................................................665


B – Deslocamento verdadeiro dos homens de Cro-Magnon....................................................................668
C – Estratégia de Führer......................................................................................................................................668
D – Israel, o chacra terrestre...............................................................................................................................669
E – A missão dos mongóis na história ..............................................................................................................669
F – Estratégia hebraica de Cristóvão Colombo ..............................................................................................671
G – Missão da América do Sul na História.......................................................................................................672
TOMO I:
O VIRYA PERDIDO E O FATO CULTURAL

A – A “CULTURA”, OBJETIVO DA SOCIEDADE PASU.

O objetivo macrocósmico da finalidade exige que o pasu seja “doador de sentido”, que
devolva ao ente, mediante a expressão do signo, o significado racionalizado, ou seja, que “ponha
no ente” um signo que represente ao símbolo conceitual. Com a analogia da fig. 21 podemos
dizer que, o símbolo I deve ser expresso com um “signo I”, assinado ao ente real cujo esquema
é xx. Mas isto não é suficiente para cumprir com o objetivo macrocósmico: é necessário, tam-
bém, que o signo I seja conservado fora, no ente real, no “objeto cultural” que seu sentido
produz além dos limites vitais do pasu. Para consegui-lo o Demiurgo determinou que o pasu
fosse um animal social. E é por isso que a sociedade pasu se diferencia de qualquer outra soci-
edade animal (salvo, talvez, a sociedade apícola, mas tais insetos cumprem uma função dife-
rente, vinculada com o Mistério Planetário da Raça Hebreia); a comunidade do pasu é uma
sociedade essencialmente constituída para conservar o sentido posto nos entes, ou seja, é uma
SOCIEDADE CULTURAL.
O pasu põe o sentido no ente e, ainda quando a morte lhe impeça expressá-lo perpetu-
amente, o sentido se prolonga se outros pasus se associam para sustentá-lo como significado
comum: o ente assim assinalado, com um signo convencionado coletivamente, passa a conver-
ter-se num OBJETO CULTURAL. Naturalmente, se o que se pôs no ente é um signo tal como
I, que representa ainda o símbolo I que é réplica de um conceito xx, resulta que no que coincide
primeiramente a comunidade é no conhecimento conceitual do ente, mas, uma vez que o ente
tenha sido resignado pela expressão do conceito e tal significado tenha sido reconhecido pelos
membros da sociedade, nada impede que cada um acesse individualmente ao desígnio e apro-
funde sua compreensão.
O que RELIGA, então, à sociedade como tal, é o sentido posto nos entes, sentido que
é em certa medida compartilhado por todos. E é nessa união dos pasus entre si POR INTER-
MÉDIO DO SENTIDO ÔNTICO o que constitui a forma externa da CULTURA. Mas con-
vém examinar esta definição com maior precisão.

31
O fenômeno cultural, em efeito, pode ser observado de duas mui distintas perspectivas.
De um ponto de vista EXTERNO a cultura é um fenômeno DINÂMICO E COLETIVO; de
um ponto de vista INTERNO a cultura é ESTÀTICA E INDIVIDUAL.
A “cultura externa” surge como efeito do objetivo macrocósmico da finalidade.
A “cultura interna” ou “modelo cultural” é consequência do objetivo microcósmico da finalidade.
Em qualquer dos dois casos uma “cultura” se compõe de dois elementos básicos: “o
pasu”, doador de sentido, criador de objetos culturais, e “os objetos culturais”. Em primeiro
caso, a “cultura externa” se conforma por uma “sociedade comunitária” e um “universo de
objetos culturais” comuns, integrados numa SUPERESTRUTURA. No segundo caso, a “cul-
tura interna” se conforma com o “sujeito cultural do pasu” e um “universo de objetos cultu-
rais”, os quais constituem o “modelo cultural”, ou seja, um sistema de premissas culturais. Am-
bos os elementos, sujeito cultural e modelo cultural, se integram na ESTRUTURA cultural in-
terna de cada pasu. Antes de aprofundar nos conceitos de cultura externa e interna, é conveni-
ente deixar claro que deve entender-se por “objeto cultural externo” e “interno”.

B – OBJETOS CULTURAIS EXTERNOS E INTERNOS.

Temos visto que os entes marcados pela expressão “positora de sentido” do pasu se
transformam em objetos culturais, ou seja, em projetos externos de conceitos. Logo, os objetos
culturais externos não requerem uma materialidade concreta, senão um campo de representa-
ção, ou seja, um telão capaz de receber a projeção; no mundo, existem objetos culturais cujo
projeto se assenta em entes corporais, tais como um parafuso ou uma árvore, e outros cujo
projeto é uma forma externa incorpórea, tal como o “S” que realizou aquela pomba com seu
voo ou qualquer constelação semelhante; em relação a estes últimos projetos incorpóreos vale
à pena agregar que entre os mesmos se contam as “qualidades” de certos entes, tais como a cor
ou o calor, e as “relações” entre entes, tais como a distância ou a altura: as qualidades, proprie-
dades, relações, etc., são efetivamente objetos externos, pois sua entidade se percebe através da
esfera sensorial, ou seja, se introjeta, a posteriori da projeção significativa. Com estes esclareci-
mentos podemos considerar que, PARA UMA SOCIEDADE DETERMINADA, somente
podem ser objetos culturais aqueles entes que são RECONHECIDOS EXTERNAMENTE
isto exclui a todo ente desconhecido ou aqueles que, ainda sendo desconhecidos, não são reco-
nhecidos como tais. Os museus de culturas pré-históricas, por exemplo, abundam em objetos
que não significam nada para nós ainda que creiamos que foi cultural para tais culturas, um
objeto que não é certamente cultural PARA NÓS, não difere em valor cultural de qualquer
outro ente desconhecido, pois não podemos reconhecê-lo, não encaixa em nosso modelo cul-
tural, não conseguimos nem adivinhar seu sentido; ou seja, o sentido que alguma vez lhe deram

32
seus projetistas e que hoje ninguém sustenta externamente. E que não se engane alguém ao
supor que o fato paradoxo de haver “reconhecido ao objeto como ente desconhecido” lhe
outorga algum sentido cultural, posto que se o objeto realmente não significa nada para nós
jamais poderemos sequer afirmar com certeza que pertencia à cultura desaparecida, nem ainda
quando o tenhamos achado dentro de uma sepultura, junto com outros objetos tais como uma
múmia, a qual reconhecemos: se o objeto é desconhecido, e não há nenhum membro daquela
cultura para que nos diga e comunique o sentido, só podemos abrigar a crença de que o mesmo
é cultural; mas esta crença não implica nenhum tipo de reconhecimento, senão uma mera clas-
sificação taxológica: a incorporação do objeto concreto à espécie dos entes conhecidos.
Em suma, para UMA cultura determinada, os “objetos culturais externos” consistem
em projetos de conceitos, cujo significado foi traduzido pelo sujeito cultural, codificado como
premissas culturais de uma linguagem habitual, e expressado como signos que dão sentido ao
mundo.
Mas os objetos culturais também podem ser “internos”, desde o momento em que o
“sentido” posto neles, aquele que lhes outorga entidade real, procede da estrutura cultural, in-
terna, do pasu. Vemos, por exemplo, “a casa vermelha da colina” e compreendemos que ser
vermelha e estar na colina são propriedades físicas concretas da casa exterior; mas não por
possuir tais propriedades, e muitas outras semelhantes com as que possamos descrevê-la, a
“casa vermelha da colina” é “casa”: a casa exterior só é “casa” porque corresponde a um “con-
ceito casa” radicado no interior da estrutura psíquica do pasu, ou seja, num esquema-Relação
da estrutura cultural. E não cabe dúvida que o conceito-casa-interior, como qualquer outro
conceito de referência ôntica, é a priori da casa-objeto-cultural-exterior, posto que o sentido
desta proceda daquele: não poderíamos habitar a casa vermelha se ANTES não supuséssemos
que é uma casa. Mas esta propriedade dos objetos interiores sobre os objetos exteriores, outorga
àquela preeminência ontológica sobre estes. Se a existência dos objetos culturais externos DE-
PENDE do projeto conceitual dos objetos culturais interiores, então estes mantêm uma exis-
tência de grau superior.
Resumindo, os “objetos culturais” podem ser “internos” ou “externos”. Os “objetos
culturais internos” formam parte da estrutura cultural e constituem um primeiro grau na reali-
dade do objeto. Os “objetos culturais externos” são projetos corporizados e materializados dos
anteriores e representa um segundo grau na realidade do objeto: são reconhecidos no mundo
como reflexo dos objetos internos. Naturalmente, se tal dependência não se adverte, podem
cometer-se o erro gnosiológico de atribuir às qualidades culturais diretamente ao corpo físico
ou entidade sobre a qual se efetuou o projeto.

33
C – CULTURA EXTERNA E INTERNA.

Em ‘A’ definimos a cultura externa como “fenômeno dinâmico e coletivo” e à cultura


interna como “fenômeno estático e individual”. Comecemos por esclarecer que aos termos
“dinâmico” e “estático” há que dar-lhes um sentido estrutural. Isto é: a cultura externa é “dinâ-
mica” porque sua superestrutura CRESCE DE FORA, com independência de todo indivíduo
observador; isso se deve a que o caráter “coletivo” da estrutura externa CAUSA UM CONTÍ-
NUO APORTE EXTERIOR DE NOVO SENTIDO, uma criação constante de novos ob-
jetos culturais ou o aperfeiçoamento dos já existentes. Contrariamente, a cultura interna é um
modelo cultural ou sistema de premissas cuja estrutura CRESCE DE DENTRO, por exclusiva
obra do sujeito anímico. “Nesse” sentido pode afirmar-se que a cultura interna é um fenômeno
“estático” porque consiste em um setor da estrutura cultural, a qual é “memória de conceitos”,
ou seja, “memória de objetos culturais internos”, objetos que subsistem rigidamente estrutura-
dos e não mudam por nenhum motivo, salvo a vontade do sujeito.
É evidente que do ponto de vista estrutural, a cultura interna é uma estrutura de grau
menor que a estrutura de uma cultura externa, a qual está alimentada por uma comunidade que
sujeitos expressivos. Esta superioridade estrutural dificulta sua observação e descrição e obriga
a considerar aquela parte que nos toca mais perto, aquele aspecto da cultura externa que nos
envolve em sua trama e inclusive nos determina “de fora”. Contudo, sendo que uma estrutura
não se compõe de partes senão de membros integrados num todo, temos de lidar com extrema
prudência, ou seja, não esquecermos jamais que o fragmento observado é uma estrutura abs-
traída arbitrariamente da totalidade estrutural da cultura externa e indissoluvelmente encadeada
nela.
Para precisar a forma que há de revestir dita “fração estrutural externa”, a que finalmente
vamos denominar “fato cultural”, devermos nos referir ao espaço e ao tempo.
O “espaço” abarcado por uma cultura externa é, indubitavelmente, enorme, todo lugar
que contenha um objeto cultural externo é parte de tal espaço, do lugar ocupado pela galáxia
mais distante até aquele em que se movem as partículas subatômicas, passando por todos os
objetos culturais comuns à sociedade. Na verdade, o âmbito da cultura externa é incrivelmente
extenso; e isso pelo efeito da atitude “doadora de sentido” que caracteriza ao pasu ou ao virya
perdido. Os alcances deste efeito assinalador se compreenderão melhor se definirmos ao “es-
paço cultural externo” como todo aquele lugar em que seja possível efetuar alguma destas três
coisas: a) descobrir um ente designado; b) projetar um signo; c) reconhecer um objeto. O espaço
real cumpre com algum destes requisitos constitui o “universo” dos objetos culturais externos.
Dada a grande magnitude do universo de objetos culturais externos, âmbito total da
cultura externa, não será difícil, à primeira vista, delimitar o espaço cultural que guarda para nós

34
maior importância. Ou seja, a fração estrutural da cultura externa, que procuramos definir, não
parece possível que possa realizar-se empregando SOMENTE uma pauta espacial. Isso poderá
ser feito, não obstante, considerando também a ação do tempo na cultura externa.
O tempo no qual permanece e subsiste o mundo dos entes finitos é, logo, o “tempo
transcendente”. Contudo, o tempo do universo de objetos culturais externos, é uma espécie de
“temporal-cultural” denominado “tempo histórico”, Vale dizer: a cultura externa não é uma
estrutura estática que permanece fixa no tempo, mas um ser vivo que cresce e se desenvolve,
que evolui e possui uma História, um “tempo de fatos”. O que é a História, em que se diferencia
do tempo transcendente? Resposta: História é a projeção CONTÍNUA da cultura externa SO-
BRE o tempo transcendente.
Recordemos que o destino do pasu é doar sentido no mundo e que tal objetivo macro-
cósmico o cumpre mediante a expressão significativa, A QUAL É CORRELATA COM A
SIGNIFICAÇÃO CONTÍNUA que fundamenta o pensamento racional. O tempo transcen-
dente é um tempo ôntico, no qual sucedem e duram os entes aos que, justamente, a expressão
significativa outorgou um sentido cultural. É assim que o tempo transcendente transcorre pa-
ralelamente à significação da estrutura cultural, que se transmuta na expressão significativa, pelo
que resulta inevitavelmente revestido de sentido cultural. Do tempo transcendente não poderá
conceber-se, então, nem um instante que seja insignificante porque seu conceito é permanen-
temente significativo no contexto da cultura externa, que é reflexo da cultura interna. E o de-
senvolvimento significativo e contínuo da cultura externa, que sucede no tempo transcendente
e que o encobre com sentido cultural, é a História propriamente dita. Em outras palavras: o
tempo transcendente, tomado como ente externo, é convertido pela projeção coletiva da cultura
externa em objeto cultural; a História é, pois, o tempo transcendente culturalmente transfigu-
rado.
Mas a História assim definida, como um contínuo temporal-cultural, é manifestamente
análoga à significação contínua que fundamenta o pensamento racional. Recordemos que,
quando um horizonte da significação contínua se destaca um relevo, este constitui o funda-
mento significativo de um pensamento racional, ou seja, um símbolo como I (fig. 21); no con-
tínuo transcorrer da História de uma sociedade, durante o desenvolvimento de sua cultura ex-
terna, que sucesso é equivalente a “um relevo” no horizonte de significação contínua? Resposta:
quando um sucesso se destaca nitidamente no contínuo decorrer da História se diz que o
mesmo constitui um “FATO HISTÓRICO”, que na estrutura da cultura externa é análogo à
manifestação de um relevo I (fig. 21) na estrutura cultural. Esta analogia, logo, pode ser apro-
fundada e é o que se fará no próximo artigo, mas ela permitirá, agora, extrair uma importante
conclusão.

35
Por exemplo, sendo que um relevo tal como I é um símbolo conformado pela manifes-
tação de um ou mais “símbolos arquetípicos” devemos inferir disso que, analogamente, o fato
histórico é a manifestação de um Arquétipo psicóideo? Resposta: em efeito, TODO FATO
HISTÓRICO É A MANIFESTAÇÃO DE UM ARQUETIPO PSICÓIDEO, OU MITO,
NUM ESPAÇO CULTURAL DETERMINADO. Parece que nos aproximamos, assim, à fra-
ção de cultura externa que buscávamos para compreender sua influência sobre u observador
individual: o fato histórico seria “aquele aspecto da cultura externa que nos envolve em sua
trama e inclusive nos determina de fora”. Porém, esta conclusão não é de todo correta, pois a
determinação real que a cultura externa é capaz de exercer sobre nós só é efetiva no tempo
presente e todo fato histórico é invariavelmente um sucesso acontecido, a notícia de algo que
aconteceu em outra época e da qual se conserva a memória. Para solucionar este problema não
há outro modo que cercar-se ao presente histórico, mas o que é um fato histórico considerado
em seu momento presente? Resposta: um FATO CULTURAL. Ou, em outros termos, UM
FATO HISTÓRICO É UM FATO CULTURAL PASSADO.
O “fato cultural” é, então, “essa fração da cultura externa que nos envolve em sua trama
e à qual devemos estudar para compreender o fundamento estrutural da cultura externa que,
como sabemos, é de grau superior ao da cultura interna ou modelo cultural. E o fato cultural,
em sua qualidade de fato histórico é segundo vimos recentemente, “a manifestação de um Ar-
quétipo psicóideo ou Mito, num espaço cultural determinado; mais precisamente, a Sabedoria
Hiperbórea denomina “Arquétipo Astral” ao Arquétipo psicóideo que vitaliza a superestrutura
de um fato cultural, tal como se explica no Tomo quinto.
Resumindo, comprovamos que entre a cultura externa e a cultura interna existe uma
correspondência estrutural estrita, de tal modo que os conceitos ou asserções da estrutura cul-
tural interna se refletem em objetos culturais da cultura externa; e que o contínuo significado
da estrutura cultural interna é correlativo com o contínuo significado temporal do porvir histó-
rico da cultura externa. Também vimos que a manifestação de um símbolo I, que replica a um
conceito xx, é análogo à manifestação de um Arquétipo psicóideo durante o fato cultural.
Tocaría-nos agora aprofundar no conceito de “fato cultural” e estudar as relações estru-
turais, “entre objetos culturais e homens”, a que dá lugar a manifestação do Arquétipo psicói-
deo. Não obstante, temos de deixar pendente, pelo momento, este propósito para dedicarmos
a examinar com detalhe as correspondências análogas entre micro e macrocosmo. É necessário
dar este passo e compreender melhor o que é “História” e “fato histórico”, antes de encarar o
estudo desse momento estrutural da História que é “fato cultural”.

36
D – CORRESPONDÊNCIAS ANÁLOGAS ENTRE MICRO E MACROCOSMO.

Baseando-nos em conceitos explicados na Primeira Parte, vamos destacar algumas cor-


respondências entre o microcosmo e o macrocosmo que nos permitirão compreender a função
dos Arquétipos psicóideos.
Em primeiro lugar recordemos que o microcosmo é um reflexo do macrocosmo, sua
IMAGEM INVERTIDA. Nele a memória arquetípica ou cérebro contém uma cópia invertida
de todos os Arquétipos universais do macrocosmo. Ou seja: a memória arquetípica é análoga
ao plano arquetípico do macrocosmo. O sujeito anímico, a razão, ao manifestar-se e operar na
estrutura da memória arquetípica vai construindo a estrutura cultural e, dela, como sujeito cul-
tural, desenvolve o esquema de si mesmo ou esfera de consciência. O produto final destas
construções é equivalente a um empilhamento estrutural, tal como se observa na fig. 24: pri-
meiro, aparece o dado, o herdado, a memória arquetípica, o fundamento de toda a estrutura
psíquica; depois, sobre ela, se assenta a estrutura cultural, e “além do sistema xx pensado”, se
estende a esfera de consciência, a que, por estar compenetrada com as esferas afetiva e racional,
se divide em duas partes denominadas “esfera de sombra” e “esfera de luz”.
O sujeito consciente, a mais elevada expressão do sujeito anímico, capaz de apreender
ideias com imagem, se manifesta exclusivamente na esfera de luz, ato que constitui a “consci-
ência” propriamente dita: os atos mentais que ocorrem em qualquer outra esfera de luz são
INCONSCIENTES, daí que se equipare a esfera de sombra com o INCONSCIENTE CO-
LETIVO PESSOAL da Psicologia Analítica de C. G. Jung.
Estudaremos agora as principais analogias entre as esferas do microcosmo e as corres-
pondentes esferas do macrocosmo. Para que tais relações se tornem evidentes, é necessário
começar por considerar o seguinte princípio: A ESFERA MAIS ELEVADA DO PASU, OU
SEJA, A ESFERA DE CONSCIÊNCIA CORRESPONDE À ESFERA MAIS BAIXA NA
ORDEM DO DEMIURGO, ISTO É, À ESFERA MATERIAL. Logo, por “esfera material”
há que se entender o que na figura 27 se denominou “plano material”, ou seja, “a realidade”, “o
mundo exterior” que rodeia a esfera sensorial do pasu.
Se atentarmos a este princípio e observarmos que a manifestação temporal do Demiurgo
no macrocosmo é análoga à manifestação da mônada, como sujeito anímico, no microcosmo,
comprovaremos que ambas as analogias se encontram nos extremos de uma respectiva série de
estruturas encadeadas. Como uma de tais séries de estruturas, a microcósmica já foi explicada
com detalhe na Primeira Parte, só nos falta estabelecer as correspondências análogas com uma
série equivalente de estruturas microcósmicas. É o que se mostra na figura 38.
Ali a estrutura psíquica do microcosmo (seta 5) se compõe, segundo vimos na Primeira
Parte, da memória arquetípica ou estrutura celular do cérebro (seta 6); a estrutura cultura (seta

37
8) e a esfera de consciência (seta 9). Agregaram-se também dois níveis formais intermediários
para alcançar maior clareza na comparação macrocósmica: entre a memória arquetípica (seta 6)
e a estrutura cultural (seta 8) se situou um recinto (seta 7) que representa aos “sistemas simples”
ou subestruturas que conformam a estrutura cultural, também se desenhou um recinto (seta 10)
na qual se indica a dupla composição da esfera de consciência em esfera de sombra e esfera de
luz.

Figura 38

38
O macrocosmo (seta 13), por outra parte, apresenta uma série de estruturas da mente
cósmica que correspondem analogamente com as estruturas da psique microcósmica. Assim, o
“plano arquetípico” (seta 14) equivale a “memória arquetípica” *seta 6), relação que já se havia
exposto na Primeira Parte. As “culturas exteriores” ou “superestruturas” (seta 16) são análogas
à “estrutura cultural” (seta 8), relação igualmente já adiantada, e o “mundo exterior”, a “reali-
dade humana” (seta 17), corresponde à “esfera de consciência” (seta 9) de acordo ao princípio
do qual partimos: “a esfera mais elevada do pasu. Ou seja, a esfera de consciência, corresponde
à esfera mais baixa na ordem do Demiurgo, isto é, à esfera material”. Mas a “esfera de consci-
ência” (seta 9) se integra com a esfera de sombra e a esfera de luz (seta 10) enquanto o “mundo
exterior” (seta 17), analogamente, consiste no “mundo astral” e o “mundo dos sentidos” (num
espaço de significação) seta 18: a “esfera de sombra” do microcosmo, que é inconsciente,
guarda analogia com o “mundo astral” do macrocosmo, o qual é uma espécie de inconsciente
demiúrgico; e a “esfera de luz” do microcosmo, que é consciente, corresponde ao “Sentido do
Mundo” que o Demiurgo percebe por efeito da ação cultural humana e que constitui uma es-
pécie de consciência demiúrgica do macrocosmo. Sobre esta última correspondência análoga,
que é a de maior importância para compreender a Conduta do Demiurgo, voltaremos mais
adiante.
Os “entes designados” do macrocosmo (seta 15) correspondem aos “sistemas simples”
da estrutura cultural (seta 7), posto que estes sejam “esquemas daqueles’, tal como se explicou
na Primeira Parte.
Na fig. 38, ainda assim, podem-se ver os processos do Demiurgo: por um lado Ele se
MANIFESTA no macrocosmo (seta 11) como uma essência fluente e sucessiva, como um
Grande Sopro ou Tempo (transcendente) seta 12; por outra parte EMANA a “mônada” hu-
mana (seta 1), a que por sua vez se desloca sobre o plano material como “alma transmigrante”
(seta 3) e “sujeito anímico” do microcosmo (seta 4): a “Manifestação” (12) do Demiurgo, o
Grande Sopro ou tempo transcendente, é análogo, como se vê, ao sujeito anímico (4), quem,
se alcança a autonomia ôntica, consistirá essencialmente em tempo imanente.
Agora bem, se recordarmos que “a alma só pode manifestar-se EM uma estrutura ade-
quada ou veículo” e que “sem estrutura não há manifestação anímica possível”, e admitimos
hermeticamente que tanto micro como macrocosmo são ESTRUTURAS ANÁLOGAS, esta-
remos em condições de estabelecer outras importantes correspondências. O sujeito anímico do
microcosmo (4), em efeito, se manifesta como “sujeito racional” na memória arquetípica (seta
6), como “sujeito cultural” na estrutura cultural (seta 8), e como “sujeito consciente” é a esfera
de luz (seta 10), tal como ocorre com a Manifestação (12) do Demiurgo no macrocosmo. Tal
Manifestação é análoga a alma, um “anima mundi”, e se expressa nas estruturas da mente cós-
mica em forma de Arquétipos, Faces ou Rostos do Demiurgo: no plano arquetípico (seta 14)

39
com o Aspecto “Beleza” ou “Inteligência ativa”, nas superestruturas das “culturas exteriores”
(seta 16) como o Aspecto “Amor” ou “Sabedoria”, e no Mundo Exterior, nos espaços de sig-
nificação, com o Aspecto “Vontade” ou “Poder” ENCARNADO EM UMA “RAÇA SA-
GRADA”. Deste modo, o sujeito racional (6) corresponde analogamente ao Aspecto Beleza
(14), o sujeito cultural (8) ao Aspecto Amor (16), e o sujeito consciente (10) À CONSCIÊNCIA
COLETIVA DE UMA “RAÇA SAGRADA” (18).
Cabe dizer que nem sempre existe uma “raça sagrada” no espaço de significação consi-
derado: nesse caso o Demiurgo percebe o Sentido do Mundo diretamente desde as superestru-
turas das culturas exteriores (16) com o Aspecto Amor-Sabedoria, mas sem interferir no destino
de tais culturas para entronizar Seu Poder individual ou coletivamente.
Mas o que é uma “raça Sagrada”? Resposta: um desdobramento coletivo do Demiurgo
mediante o qual Ele se manifesta no mundo exterior (ao pasu) para recolher o sentido posto
nos entes, ou seja, para apreender os objetos culturais superestruturados e para reinar com o
Poder de Sua Vontade no seio das comunidades culturais. Em outros artigos, ao estudar a Es-
tratégia “0” dos Siddhas leias, se demonstrará que, depois do aprisionamento espiritual, as “ra-
ças sagradas” foram apoiadas pela Hierarquia Branca dos Siddhas traidores para que constituam
o núcleo de Poder das Sinarquias Universais: com o fim de que qualquer virya possa comprovar
esta afirmação nos bastará, por hora, somente adiantar que, no atual momento histórico, e no
espaço de significação da cultura ocidental, a “raça sagrada” mediante a qual se manifesta o
Demiurgo é a chamada HEBRÉIA OU JUDIA.
Deixando para mais adiante a explicação metafísica do conceito “raça sagrada” vamos
concluir o estudo das correspondências análogas resumindo, e também ampliando o já visto,
nos seguintes comentários:
Primeiro: O microcosmo (5), minor mundus, e análogo, um reflexo, do maior mundus
ou macrocosmo (13).
Segundo: O microcosmo (5) é uma estrutura na qual se manifesta e vitaliza um “sujeito
anímico” (4), ou seja, é um organismo no qual a alma (3) cumpre a função essencial de outorgar
existência vital: a alma anima o microcosmo durante “uma vida”, ou seja, durante um período;
ou fase vital na qual a potência em germe do Arquétipo humano se atualiza e desenvolve.
Quando ocorre a dissolução orgânica denominada “morte”, ao fim da fase vital, a alma se des-
dobra em direção à mônada (2), da qual é sua extensão, para aguardar outra fase de manifestação
em um novo microcosmo. A fase vital é medida, assim, por uma fase mortal e, ambas, consti-
tuem um CICLO EVOLUTIVO (DA CHAVE KALACHAKRA) MICROCÓSMICO que
se completa o processo do Arquétipo familiar, a saber, do Plano hereditário, genético, que re-
plica ao Arquétipo Manu.

40
O macrocosmo (13) é uma estrutura na que se Manifesta o Demiurgo, vitalizando-a
como “anima mundi”: a Manifestação (12) dura uma fase vital ou “manvantara” na qual se
atualiza e desenvolve a Potência que se encontra em germe no Plano cósmico; quando ocorre
a dissolução orgânica do macrocosmo denominada “Pralaya”, a Manifestação se desdobra ao
Demiurgo, do qual é sua extensão, para aguardar outra fase de manifestação, em um novo
macrocosmo. O manvantara é sucedido, assim, por um Pralaya e, ambos, constituem um CI-
CLO EVOLUTIVO MACROCÓSMICO no qual se completa o processo do Arquétipo Uno,
ou Plano do Universo, alcançando-se a enteléquia e regressando todo o existente ao nada inicial
que é igual ao nada final.
Terceiro: A memória arquetípica do microcosmo (6) é análoga ao plano arquetípico do
macrocosmo (14): sua “cópia invertida”.
Quarto: O sujeito anímico (4) se manifesta na memória arquetípica (6) COMO SU-
JEITO RACIONAL, ATUALIZANDO OS Arquétipos invertidos para conformar os esque-
mas de entes exteriores com Princípios e Relações, ou seja, para construir sistemas simples (7).
Analogamente, a Manifestação (12) se expressa no plano arquetípico (14) como o As-
pecto Beleza ou Inteligência ativa do Demiurgo, atualizando os Arquétipos universais para con-
formar os entes exteriores e designando, depois, um termo particular, destinado à descoberta
do pasu.
Quinto: Os sistemas simples (7) da estrutura cultural do microcosmo são análogos aos
entes designados (15) existentes nas superestruturas das culturas exteriores, no macrocosmo.
Sexto: A estrutura cultural (8) do microcosmo é análoga à superestrutura de uma cultura
exterior (16), no macrocosmo.
Sétimo: O sujeito anímico (4) se manifesta na estrutura cultural (8) como sujeito cultural,
vivenciando os sistemas como “representações racionais”; uma representação racional é um
conceito-fatia do esquema da Relação notado no contexto de um plano de significação hori-
zontal.
Analogamente, a Manifestação (12) se expressa nas culturas exteriores com o Aspecto
Amor ou Sabedoria do Demiurgo, vivenciando as superestruturas por meio dos Arquétipos
psicóideos que as sustentam: a força que religa aos objetos culturais exteriores é o amor do
pasu, energia aportada por toda a comunidade sociocultural desde o inconsciente coletivo uni-
versal ou mundo astral (18) e que “alimenta” ao Arquétipo “astral” psicóideo. O Demiurgo,
com seu Aspecto Amor-Sabedoria, pode vivenciar uma cultura exterior (16) como “super con-
ceito”, ou seja, pode notá-la no contexto de uma superlinguagem em um espaço de significação
horizontal.
Oitavo: A esfera de consciência do microcosmo (9) é análoga ao mundo exterior (17); a

41
realidade que o pasu percebe do macrocosmo que o contém: este é o princípio fundamental, o
“extremo inferior”, da correspondência análoga, hermética, entre micro e macrocosmo.
Nono: A esfera de consciência ou esquema de si mesmo do microcosmo se compõe de
uma esfera de sombra e de uma esfera de luz.
O mundo exterior (17), ou esquema de Si Mesmo do Demiurgo, se compõe do mundo
astral e do espaço de significação no qual percebe o Sentido do Mundo, sentido posto pelas
comunidades humanas nas culturas externas.
Décimo: A esfera de sombra (10), ou “inconsciente coletivo pessoal”, é análoga ao
mundo astral (18) ou “inconsciente coletivo universal (planetário) ”.
Para compreender o alcance macrocósmico desta analogia teremos de aprofundar pre-
viamente o conceito de “esfera de sombra” definido na Primeira Parte. Recordemos, antes de
tudo, tal definição: “Analogamente, convém considerar a esfera de consciência como formada
por DUAS ESFERAS concêntricas e consecutivas, semelhantes às cascas de uma cebola. A
primeira é a que vai desde o plano horizontal (STT), fig. 21, até o umbral de consciência ψ, ou
seja, A REGIÃO A QUAL RECENTEMENTE ATRIBUIMOS TRIPLA COMPENETRA-
ÇÃO; a esta região se denomina ESFERA DE SOMBRA. A segunda é a que se estende desde
o umbral de consciência ψ até a superfície exterior da esfera de consciência, a qual chamamos
“ESFERA DE LUZ”. A que se refere a “tripla compenetração” que menciona a definição?
Resposta: a que “a esfera de consciência e as esferas afetiva e racional estão COMPENETRA-
DAS ENTRE SI além de qualquer plano de significação”. É por isso que nas fig. 21, 24 e 25 se
representa a esfera de sombra como um espaço análogo situado “além” do plano de significação
horizontal que intersecta ao sistema xx notado. Porém, este espaço análogo não é estritamente
equivalente à esfera de sombra real se não que tem sido definido assim, com critério didático
para explicar o processo dos símbolos emergentes tais como “I”. Mas que a esfera de sombra
é algo mais que tal “espaço análogo” pode comprovar-se na fig. 22, onde se observa que a tripla
compenetração da esfera de consciência (2), racional (3) e afetiva (4), dá lugar a um espaço
maior, que se estende sob a profundidade do sistema xx cujo nível energético foi representado
geometricamente com uma linha de pontos.
Perguntaremo-nos agora, o que há em tal setor, sob o sistema xx, que motivou sua eli-
minação na explicação dos símbolos emergentes? Resposta: a estrutura cultural, ou seja, aqueles
sistemas da estrutura cultural que não foram notados pelo sujeito cultural e, portanto, que não
se encontram no nível de linguagem habitual, sobre o plano de significação (STt). Isto completa
o dito “A estrutura cultural, que se forma pela ação da razão, tem lugar nas esferas afetiva e
racional como SUBSTRATO destas, ou seja, que seu lugar está no fundo, no profundo, na
base: PRÓXIMA DA MEMÓRIA ARQUETÍPICA, DO CÉREBRO, que é quem suporta as
esferas afetiva e racional”. Segundo veremos agora tal “região profunda” ocupada pela estrutura

42
cultural, salvo o conceito xx e seu contexto significativo, implica alguma diferença com o resto
da esfera de sombra real.
A natureza desta diferença ficará evidente se recordarmos que ao sistema xx o sujeito
cultural o pensou impelido pela “vontade instintiva” enquanto que na “região profunda”, setor
(6) da figura 32, somente predomina a “vontade instintiva”, ou seja, o sujeito racional. Sendo a
esfera de sombra real a “região do inconsciente” da estrutura psíquica, a diferença apontada de
sujeito, e de energia volitiva, nos confronta ante o curioso fato de que, para o sujeito anímico,
existem DOIS GRAUS NOTÁVEIS DE INCONSCIÊNCIA, segundo que o fenômeno psí-
quico ocorra na “região profunda” do setor (6), sob o sistema xx, ou na “região superficial”
denominada “esfera de sombra” nas figs. 21, 24 e 25 e conformada pelos setores (5), (7) e (8)
da fig. 32. Há, assim, uma “inconsciência superficial” ou “leve”, de grau menor, própria do
sujeito cultural e de todo sujeito que atue na região que vai desde o plano de significação hori-
zontal até o umbral de consciência, e uma “inconsciência profunda”, de grau maior, própria do
sujeito racional e de todo sujeito que atue por debaixo do plano de significação, em direção à
memória arquetípica (ver fig. 24). Até aqui fica respondida a última pergunta: a região do in-
consciente profundo não foi considerada nas explicações da Primeira Parte porque estas so-
mente se ocupavam de fenômenos psíquicos, tais como a emergência de I, que se encontravam
referidos a si mesmo, ou seja, ao umbral de consciência, uma região SOBRE o plano de signi-
ficação horizontal que é característica, segundo vimos, da inconsciência leve do sujeito.
Em síntese, devemos considerar que a esfera de sombra real se compõe de duas regiões
notáveis: a “esfera de sombra superficial”, região do inconsciente leve, que estudamos na Pri-
meira Parte, e a “esfera de sombra profunda”, região do inconsciente profundo do sujeito e
âmbito da memória arquetípica, ou seja, do inconsciente coletivo pessoal.
A esfera de sombra superficial é produto, tal como se definiu na Primeira Parte, SO-
MENTE da tripla compenetração das esferas de consciência, afetiva e racional; sua compene-
tração se mostra na fig. 32, nos setores (5), (7) E (8).
A esfera de sombra profunda é produto, também, e segundo se evidencia na fig. 32
observando o setor (6), de tal tripla compenetração das esferas psíquicas... E DE ALGO MAIS.
Um “algo mais” que nos obrigará a uma nova reflexão para aproximarmos a sua natureza. Mas
o que é seguro até aqui é que tal “algo mais” será aportado pela estrutura cultural, a qual se
encontra permanentemente imersa, salvo o sistema xx vivenciado pelo sujeito consciente, na
região do inconsciente profundo, na “esfera de sombra” do setor (6).
Antes de estudar em que consiste tal aporte da estrutura cultural, que determina essen-
cialmente à esfera de sombra profunda, convém argumentar uma justificação sobre a extensão
inusitada do comentário décimo. Comecemos por destacar, antes de tudo, que o propósito

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deste comentário é demonstrar a correspondência análoga entre a esfera de sombra microcós-
mica (seta 10) e o mundo astral macrocósmico (seta 18), e que tal propósito somente poderá
cumprir-se à medida que disponhamos de uma clara compreensão da esfera de sombra. Mas,
há que se afirmar aqui, o mundo astral é estritamente análogo à esfera de sombra real, ou seja,
completa, como o temos redefinido precedentemente: é evidente, pois, que enquanto não aca-
barmos de conhecer a constituição da esfera de sombra profunda, a tripla compenetração “e
algo mais”, será tarefa inútil tentar compreender a correspondência análoga com o mundo astral
macrocósmico. E contra este propósito conspira, claro, a dificuldade inerente a toda descrição
de realidades inconsistentes, realidades que só podem ser reduzidas à consciência, PARA SUA
EXPLICAÇÃO, por algum método sistemático e racional. Mas, afortunadamente, o método
estrutural empregado cumpre com tal requisito porque suas conclusões GUARDAM COR-
RESPONDÊNCIA CONCEITUAL COM A ESTRUTURA PSÍQUICA DO PASU E DO
VIRYA.
Não resta outro caminho seguro, então, que continuar aprofundando o conceito de “es-
fera de sombra real” o suficiente como para alcançar a compreensão de sua analogia com o
plano astral macrocósmico.
Vejamos, pois, que determinação essencial introduz a estrutura cultural na esfera de som-
bra profunda (setor (6), fig. 32), o que agrega à tripla compenetração das esferas psíquicas (es-
feras (2), (3) e (4), fig. 32), enfim, o que “esse algo” que modifica ESPACIALMENTE à região
profunda. Para começar, consideremos os principais momentos do processo de pensar racional,
representados simbolicamente na fig. 21. Nela se examinou o caso em que um sistema xx é
notado, pelo sujeito cultural, no plano de significação e contexto (STt). Dessa vivência o sujeito
cultural só pode compreender um conceito-fatia do sistema xx, ato que produz a manifestação
de um símbolo I que imita ao conceito xx e que não é mais que o conteúdo, o único conteúdo,
do pensamento racional consequente: a “representação racional” do conceito. Este símbolo I,
cuja manifestação ocorre COMO RELEVO NO HORIZONTE DA SIGNIFICAÇÃO
CONTÍNUA DO PLANO DE SIGNIFICAÇÃO HORIZONTAL (STt), emerge imediata-
mente até o umbral de consciência para converter-se em “representação consciente” (I’). A
“rapidez” com a que I emerge vai depender da referência a si mesmo de sua potência ativa e,
naturalmente, da opacidade intrínseca da esfera de sombra (superficial), da resistência que ela
oponha à energia de seu movimento.
Isto é, em síntese, o que temos estudado na Primeira Parte sobre a produção de repre-
sentações racionais e conscientes. Por suposto, nada dissemos então sobre o que ocorria nesses
casos, a par dos pensamentos racionais, NA REGIÃO PROFUNDA DA ESTRUTURA
CULTURAL. Para saber agora que acontece ali, devemos situar-nos numa perspectiva mais
ampla e observar, não somente o processo de emergência de I tal como foi enquadrado na fig.

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21 para sua descrição e explicação, senão a totalidade da estrutura psíquica do pasu EN-
QUANTO OCORRE A EMERGÊNCIA DE I. Em outras palavras, devemos observar o
processo do pensar racional compreendendo em nossa visão à esfera de sombra real para inda-
gar o que ocorre na região profunda.
O que buscamos com tal inspeção? Interessa-nos saber, particularmente, o que sucede
com os restantes planos de significação quando o sujeito cultural nota o sistema xx EM SO-
MENTE UM DELES (STT). Por exemplo, suponhamos que a estrutura da fig. 14 é análoga à
estrutura cultural e que o sujeito cultural nota o sistema xx no plano de significação contextual
que passa pela malha (MNOP) a qual, por tal motivo, se torna horizontal, como mostra a figura,
com respeito à esfera de luz; sabemos que cada malha corresponde a uma linguagem e que o
contexto que formam seus sistemas no plano de significação notado é o que outorga significado
ao conceito-fatia; pois bem, a pergunta é: quando o sujeito cultural nota o sistema xx no plano
de significação o que passa pela malha (NNOP) o que ocorre então, NESSE momento, durante
o pensamento racional, nos planos de significação que passam pelas malhas (ABCD), (EFGH),
(IJKL), etc., ou seja, nas restantes linguagens? Resposta: Se bem o sujeito cultural só vivencia o
sistema xx e emprega sua faculdade tradutiva para notar um conceito no plano de significação
horizontal, ou seja, sobre a malha (MNOP), NÃO POR ESTA CONCENTRAÇÃO O
RESTO DA ESTRUTURA CULTURAL FICA DESVITALIZADA. Pelo contrário, sabe-
mos já da Primeira Parte, que a estrutura cultural se acha continuamente vitalizada pela alma,
ainda na ausência do sujeito: a alma experimenta, nesse caso, um pensar não focalizado em
pensamento algum, que se traduz como um horizonte contínuo e linear de significação. Quando
o sujeito vivencia um sistema particular, e produz um pensamento racional, o relevo de signifi-
cado se realiza sobre o horizonte de significação contínua e a faculdade tradutiva torna hori-
zontal tal plano contextual ou linguagem, outorgando-lhe preeminência subjetiva por sobre as
outras linguagens. Mas as linguagens SÃO SISTEMAS VIRUAIS, expansões sistemáticas pos-
síveis na estrutura cultural segundo planos de significação característicos de tal ou qual modali-
dade lógica: sua “virtualidade” significa que são “potenciais”, que, ainda que o sujeito atenda a
UMA SÓ das múltiplas linguagens, sua virtualidade estrutural lhes permite existir em todo mo-
mento “potencialmente”, sem atualizar-se como contexto de um sistema.
A conclusão que cabe tirar desta reflexão é que, sob o plano de significação horizontal
da linguagem habitual (malha MNOP), empregado pela faculdade tradutiva do sujeito para no-
tar um sistema xx, EXISTEM POTENCIALMENTE MÚLTIPLOS PLANOS DE SIGNI-
FICAÇÃO SOBRE OS QUE SE ESTENDEM SENDO LINGUAGENS VIRTUAIS. Tais
planos MODIFICAM o “espaço análogo” produzido pela tripla compenetração das esferas de
consciência, afetiva e racional, por efeito da vitalidade potencial das linguagens determinadas
pelos múltiplos planos de significação; e tais linguagens potenciais constituem esse “algo mais”
que aportava a estrutura cultural na região profunda.

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A resposta buscada é, então, que enquanto o pensamento racional ocorre sobre um sis-
tema xx, no marco de uma linguagem habitual (tal como MNOP), SOB o plano de significação
de tal linguagem coexistem simultaneamente múltiplos planos de significação determinados
pela vitalidade potencial de suas correspondentes linguagens virtual (tais como ABCD, EFGH,
IJKL, etc.).
Resumindo, a esfera de sombra superficial é um espaço análogo produzida SOMENTE
pela tripla compenetração das esferas psíquicas. A esfera de sombra profunda, em compensa-
ção, é um espaço análogo produzido pela tripla compenetração das esferas psíquicas e pela
coexistência simultânea dos planos de significação da estrutura cultural profunda.
Esta resposta esclarece, também, o dito no comentário décimo primeiro, que convém
recordar agora: “a esfera de sombra” o que, ultimamente, os psicólogos vêm denominando
INCONSCIENTE. Se quisermos equiparar os conceitos aqui expostos com os da Psicologia
Analítica de C.G. Jung podemos começar por assimilar o INCONSCIENTE COLETIVO
PESSOAL à MEMÓRIA ARQUETÍPICA do modelo estrutural. Notemos que a “memória
arquetípica” se encontra na região mais profunda da estrutura psíquica: se observarmos a fig.
21 veremos, ali a esfera de luz, a mais elevada região psíquica onde se manifesta o sujeito aní-
mico; se “olharmos dali” para a esfera de sombra, advertimos que SOB ELA está à estrutura
cultural, com o sistema xx cujo plano de significação se nivela em relação à esfera de luz e, maia
abaixo ainda, encontra-se a “memória arquetípica”. Naturalmente, ao dizer “debaixo do umbral
de consciência” estamos falando em termos energéticos. Por exemplo, “debaixo do plano ho-
rizontal (xx) significa “debaixo de zero energia”, ou seja, na região da potência. Advertimos
agora que naquele comentário se considerava “esfera de sombra” somente a região superficial,
do inconsciente leve; mas, o que é mais importante, advertimos também que a região do in-
consciente profundo corresponde a UMA ZONA DE ENTES ESSENCIALMENTE PO-
TENCIAIS, ou seja, entes cujo substrato consiste em potência passiva.
Esclarecemos já, o conceito de “esfera de sombra real” o suficiente para encarar a des-
crição das correspondências análogas que guarda com o mundo astral macrocósmico com ga-
rantias de que se compreenderão seus alcances. Não obstante, nos valeremos em grande medida
da fig. 39 para evidenciar as analogias apontadas.
Em tal figura se observa, à esquerda, um esquema energético semelhante ao da fig. 24,
salvo que neste se assinalou como “esfera de sombra profunda” à região situada SOB o plano
de significação (STt) perpendicular ao plano da figura e cujo perfil é o eixo (oTt). Tal região
profunda contém a estrutura cultural e a memória arquetípica, existindo entre ambas um nível
energético, indicado com linha de pontos, através do qual se realiza a transferência biunívoca
dos esquemas de entes: nesse nível se encontra o “inconsciente coletivo pessoal”, segundo se
explicará mais adiante. Como “espaço análogo”, a esfera de sombra profunda é produto da

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tripla compenetração das esferas psíquicas e dos múltiplos espaços de significação da estrutura
cultural.

Figura 39

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SOBRE o plano de significação (STT), e até o umbral de consciência, se estende a “es-
fera de sombra superficial”, já estudada na Primeira Parte.
À direita da fig.39 há um esquema energético que representa a estrutura psíquica do
Demiurgo, em concordância com a fig. 38. Vemos ali que a estrutura psíquica do Demiurgo
guarda uma estreita analogia com a estrutura psíquica do pasu: contém uma esfera (D) última,
consciente, na que se representa o Sentido do Mundo, análoga à esfera de luz (d), segundo se
demonstrará nos próximos comentários; essa Consciência do Demiurgo se encontra limitando
Seu Inconsciente ou “mundo astral” por uma barreira energética denominada “umbral do sen-
tido”, semelhante ao “umbral de consciência” do microcosmo; segue depois o “mundo astral
superficial” (C) o qual é análogo à “esfera de sombra superficial” (c) que definimos neste co-
mentário. Vamos deter um momento em tal analogia.
Conhecemos a composição da “esfera de sombra superficial” do microcosmo: é o pro-
duto da tripla compenetração das esferas de consciência, afetiva e racional. Pois bem, o “mundo
astral superficial” do macrocosmo surge como produto da sêxtupla compenetração das esferas
psíquicas do Demiurgo; em outras palavras: a estrutura psíquica do Demiurgo se integra de
SETE esferas psíquicas, as quais, ao compenetrar-se entre si na região (C), produzem uma zona
opaca (para a Consciência) denominada “mundo astral superficial”. Apesar da diferença no
número de esferas, três no microcosmo contra sete no macrocosmo, há que se admitir uma
correspondência análoga estrita DESDE O PONTO DE VISTA ESTRUTURAL entre a es-
fera de sombra superficial e o mundo astral superficial.
Como limite “profundo” do plano astral superficial (C) se encontra o “espaço de signi-
ficação horizontal”, cujo plano se intersecta ao super conceito (xx) como se mostra na figura;
tal “super conceito” é a notação que o Demiurgo, com seu Aspecto Amor-Sabedoria, realizou
de uma superestrutura numa superlinguagem; e tal superestrutura pode ser, de acordo ao expli-
cado no artigo “O terrível Segredo de Maya”, de uma cultura exterior, ou seu “momento”: o
fato cultural, até um microcosmo potencial, ou seja, um pasu ou virya perdido. É evidente, aqui,
que o espaço de significação macrocósmico corresponde ao plano de significação microcós-
mico.
SOB o espaço de significação horizontal se encontra o “mundo astral profundo”, com-
posto por duas regiões notáveis (A) e (B) que guardam analogia com as regiões (a) e (b) da
“esfera de sombra profunda”.
A região (A), em efeito, é o mundo ou “plano arquetípico do macrocosmo” represen-
tado no microcosmo pela memória arquetípica (a), a qual contém uma cópia invertida de todos
os Arquétipos universais. À região (A) se denomina “inconsciente coletivo universal” assim
como à região (a) se chama “inconsciente coletivo pessoal”. Entretanto, esta região vai além de

48
uma mera correspondência análoga, pois implica um nexo real, uma ponte, por onde os Arqué-
tipos universais atuam sobre o microcosmo. Daí a importância fundamental que a Metafísica
Hiperbórea atribui às regiões (a) e (A) ao estudar a atividade dos “mitos interiores”, ou “Deuses
dos entes”, a saber, dos Arquétipos coletivos da estrutura psíquica microcósmica, e dos “mitos
exteriores” ou Mitos, a saber, dos Arquétipos coletivos psicóideos das superestruturas. Con-
vém, pois, examinar esse importante conceito, válido para o pasu ou virya perdido.
Digamos, antes de tudo, que a chave do nexo entre ambas as regiões do inconsciente
profundo, micro e macrocósmicas, está nos SÍMBOLOS SAGRADOS. Estes símbolos, se-
gundo vimos na Primeira Parte, representam a um mito interior, a um Arquétipo universal de-
sencadeado da série formativa do desígnio de um ente. Quando o símbolo sagrado emerge no
umbral de consciência com máxima energia, sua percepção é tão impressionante que afeta toda
a compleição do sujeito anímico, ou seja, ao sujeito consciente, cultural e racional; e mais ainda
se o símbolo sagrado consegue dominar e capturar ao sujeito consciente. Em todo caso, a im-
portância leva ao sujeito consciente a identificar-se com o símbolo sagrado, ao sujeito cultural
a identificar-se com o mito do esquema e ao sujeito racional a identificar-se com o Arquétipo
invertido da memória arquetípica: é então quando se estabelece o contato real entre o incons-
ciente coletivo pessoal e o inconsciente coletivo universal, e a formidável potência de um Ar-
quétipo universal fica habilitada para atuar. Mas a ponte estendida pelo símbolo sagrado entre
ambos os mundos permite que a atividade do arquétipo se desenvolva tanto “dentro” (do mi-
crocosmo) como “fora” (no macrocosmo): se opera na estrutura psíquica é comente um “mito
interior”, se atua fora, sobre as superestruturas do mundo exterior, é um “Arquétipo psicóideo”.
Vale dizer, a ponte metafísica se acha aberta em ambos os sentidos: essa propriedade é a que
emprega a Metafísica Hiperbórea para explorar e conhecer o plano arquetípico do Demiurgo,
seus Planos dementes, claro, que para isso, para transcender os símbolos sagrados em sua ex-
tensão metafísica macrocósmica, é necessário evitar cuidadosamente a possibilidade de uma
captura subjetiva por parte do Arquétipo universal, ou algo pior. Mais adiante, em outro inciso,
se estudará esta possibilidade e de demonstrará que só o virya desperto, aquele que adotou uma
“atitude graciosa luciférica” e possui um Eu desperto não subjetivo, está em condições de trans-
cender os símbolos sagrados sem perigo.
Consideremos a região (A). Desde o plano arquetípico os Arquétipos universais se des-
locam até o plano material, impelidos pelo Aspecto Beleza ou Inteligência Ativa, e se manifes-
tam como entes finitos, tentando alcançar a enteléquia: DO PONTO DE VISTA UNIVER-
SAL, O NIVEL ENERGÉTICO ENTELEQUIAL DOS ENTES FINITOS É O INDI-
CADO COM LINHAS DE PONTOS COMO LIMITE DA REGIÃO (A). A saber, que os
entes finitos, como tais, subjazem no profundo do inconsciente demiúrgico. Entretanto os en-
tes, além do termo universal que os impõem a finalidade dos Arquétipos, estão assinalados pelo
temo particular da suprafinalidade das mônadas, estão designados para o pasu, dispõem de uma

49
chave de seu Plano que pode ser descoberta e revelada pela razão: o desígnio transforma aos
entes em seres-para-o-homem. A finalidade do homem é descobrir o desígnio dos entes e por,
nestes, um sentido. O homem converte, assim, aos entes em “objetos culturais”, dando-lhes a
possibilidade de existir “além” da região profunda, de “sair” da inconsciência demiúrgica. Tal
como se apreciam no esquema energético, os entes se tornam mais conscientes à medida que
ganham sentido. Depois do nível dos “entes designados”, ou seja, do nível em que o pasu des-
cobre o desígnio, encontra-se a região (B) das culturas exteriores às quais consistem de “objetos
culturais”, e “homens”, superestruturas: o ente designado goza aqui, como “objeto cultural”,
de uma existência de grau superior, pleno de sentido, que representa para o Demiurgo “um
bem”, “um ato de amor”, etc.
A região (B) é análoga à região (b) do mesmo modo que as culturas exteriores, ou supe-
restruturas, que aquela contém são análogas à estrutura cultural desta, relação que já foi desta-
cada no comentário Sexto. Para compreender agora, com maior profundidade, esta correspon-
dência há que se realizar o seguinte raciocínio: o “sujeito racional” do pau pode considerar-se
COMO UM OPERADOR QUE TOMA ELEMENTOS ARQUETÍPICOS DA REGIÃO
(A), QUE REPRESENTAM AO DESÍGNIO DO ENTE, E OS TRANSFERE À REGIÃO
(b) ONDE SE ESTRUTURAM COMO ESQUEMA DO ENTE; o sujeito racional se encon-
traria, assim, operando sobre a linha de pontos que separa as regiões (a) e (b). Pois bem, o pasu
cumpre coletivamente no mundo uma função análoga à que o sujeito racional cumpre no pasu.
Vale dizer, o pasu cumpre coletivamente a função de ser A FONTE DA RAZÃO DO
MUNDO: É POR SUA ATIVIDADE DOADORA DE SENTIDO QUE EMERGE A RA-
ZÃO DO MUNDO, QUE OS ENTES, ATÉ ENTÃO SUMIDOS NO UNIVERSAL, AD-
QUIREM EXISTÊNCIA PARTICULAR COMO OBJETOS CULTURAIS E SE REGEM
POR AMOR, INTEGRANDO-SE NAS SUPERESTRUTURAS DAS CULTURAS EXTE-
RIORES.
Com este critério a função do pasu no mundo fica claramente definida: o pasu, micro-
cosmo, pode se considerar COMO UM OPERADOR QUE TOMA ENTES DESIGNA-
DOS DA REGIÃO (A) E OS TRANSFERE À REGIÃO (B) ONDE SE ESTRUTURAM
COMO OBJETOS CULTURAIS: o pasu, microcosmo, se acharia, assim, operando sobre a
linha de pontos que separa as regiões (A) E (B) do macrocosmo. Mas tal atividade do pasu é
“coletiva”, o que significa que, apesar de tudo, sua operação cultural, sua transformação racional
do mundo, obedece em grande medida a uma alma grupal, a uma egrégora, a um Arquétipo
psicóideo, ou Manu, que dirige o destino da comunidade. Isto não pode ocorrer de outra ma-
neira se a função coletiva do pasu há de ser análoga à do sujeito racional NO pasu: o sujeito
racional é uma manifestação da alma no microcosmo e, portanto, a “alma” do macrocosmo, a
“anima mundi”, há de manifestar-se também na comunidade pasu, que cumpre a função de
“sujeito racional macrocósmico”; e tal manifestação da alma do Demiurgo sobre a comunidade

50
pasu somente pode realizar-se através das hierarquias dévicas, vale dizer, por meio de uma alma
grupal, egrégora, Arquétipo psicóideo, Manu, etc. No inciso “Superestruturas e Registros cul-
turais” (Tomo quinto), se demonstra que em todo objeto cultural existe um “valor cultural ge-
ral” e um “valor cultural particular”: só o valor particular, produto da afirmação que o homem
realiza individualmente sobre o objeto cultural causa sua emergência ao umbral de sentido do
mundo ψ; caso contrário, o objeto cultural permanece na região (B) dotado de “valor cultural
geral”, valor que é sustentado EXTERIORMENTE, sobre o ente designado, pela vitalidade do
Arquétipo astral que anima a superestrutura da cultura externa.
Nos toca agora, para concluir este comentário, estudar a correspondência análoga ES-
PACIAL que apresenta a “esfera de sombra profunda”, regiões (a) e (b) e o “mundo astral
profundo, regiões (A) e (B). Já sabemos que a esfera de sombra profunda “é um espaço análogo
produzido pela tripla compenetração das esferas psíquicas e pela coexistência simultânea dos
planos de significação da estrutura cultural profunda”. Em correspondência, o mundo astral
profundo É UM ESPAÇO ANÁLOGO PRODUZIDO PELA SETUPLA COMPENE-
TRAÇÃO DAS ESFERAS PSÍQUICAS DO MACROCOSMO E PELA COEXISTÊNCIA
SIMULTÂNEA DA TOTALIDADE DE ESPAÇOS DE SIGNIFICAÇÃO NOS QUE O
DEMIURGO É CAPAZ DE VIVENCIAR UMA CULTURA. Com estas definições nos si-
tuamos em pleno âmbito do Terrível Segredo de Maya posto que a pluridimensionalidade es-
pacial do mundo astral profundo é a causa principal da ilusão do real; por sua causa, por exem-
plo, o pasu chega a ser consciente nada mais que de UM dos múltiplos espaços de significação
nos que existe simultaneamente: aquele espaço no qual os objetos cultuais internos, de sua es-
trutura cultural, coincidem com os objetos culturais externos, superestruturados na cultura ex-
terior que habita.
Fica assim demonstrada, com detalhe, a correspondência análoga entre a “esfera de som-
bra profunda” ou região (a, b) do “consciente coletivo pessoal” e o “mundo astral profundo”
ou região (A, B) do “inconsciente coletivo universal” proposta neste comentário Décimo. Tam-
bém se demonstrou a analogia entre a “esfera de sombra superficial”, região (c), e o “mundo
astral superficial”, região (C). Ambos os resultados conduzem a confirmar a analogia geral entre
a “esfera de sombra real” do microcosmo, regiões (a, b e c) e o “mundo astral real” do macro-
cosmo, regiões (A, B e C), expostas na fig. 38: correspondência entre as setas (10) e (18).
Décimo primeiro: A esfera de luz (10) ou “consciência” é análoga ao Sentido do Mundo
(18) que o Demiurgo nota com Sua Consciência em um determinado espaço de significação
macrocósmico.
Décimo segundo: O sujeito anímico (3) se manifesta na esfera de luz (10) como sujeito
consciente. Ali, o sujeito consciente “vê” emergir as ideias através do umbral de consciência e
percebe IMAGEM E SIGNIFICADO.

51
Analogamente, a Manifestação se expressa no mundo exterior como “raça sagrada”. O
Demiurgo, PELOS OLHOS DE SUA RAÇA SAGRADA “vê” surgir os objetos culturais, os
entes designados pelo pasu, desde o UMBRAL CULTURAL, ou seja, desde o limite que separa
a uma cultura no mundo exterior do indiferenciado, dos entes cujo desígnio ainda não foi des-
coberto. A compreensão macrocósmica das culturas exteriores as quais consistem em superes-
truturas de objetos culturais e microcosmo, e a apreensão do Sentido do Mundo que as comu-
nidades socioculturais permanentemente sustentam e desenvolvem, constitui a Consciência do
Demiurgo propriamente dita, compreensão e apreensão que, naturalmente, sucedem no tempo
transcendente.
Como conclusão deste comentário se pode afirmar que o objetivo macrocósmico da
finalidade do pasu, desenvolver a esfera de consciência, conduz à consecução do objetivo ma-
crocósmico: construir culturas externas, por sentido nos entes, e que esta finalidade CONTRI-
BUI AO DESENVOLVIMENTO EVOLUTIVO DA “CONSCIÊNCIA” DO DEMI-
URGO. Tal Consciência cresce em função do Sentido do Mundo, pela emergência significativa
dos fatos culturais, analogamente a como a esfera de consciência do pasu cresce por efeito da
emergência das representações conscientes. Porém, desde que o pasu se transformou em virya
perdido por causa do aprisionamento espiritual, o Demiurgo se Manifesta “pessoalmente” no
mundo exterior, no seio do Sentido do Mundo, para aproveitar também a aceleração evolutiva
que causou a Traição Branca e gozar do “novo sentido posto pessoalmente em sua Obra”, do
“descobrimento posterior”: a Consciência do Demiurgo está representada, então, pela diabólica
alma grupal que anima a uma “raça sagrada”; mas se tal raça não existisse dentro de uma cultura,
se não se houvesse ainda revelado exteriormente, o Demiurgo se desdobrará numa multidão de
personagens arquetípicas, sacerdotes, militares, legisladores, juízes, etc., mediante os quais ex-
pressará seu Poder e a Vontade de Sua Consciência; naturalmente, todo pasu ou virya perdido
cuja pessoa encaixa no tipo que o Demiurgo impele para Manifestar-se será cedo ou tarde pos-
suído por um Arquétipo psicóideo e contribuirá a expandir Sua Consciência.
Cabe agregar, como esclarecimento, que o “mundo astral” é com toda probabilidade o
que os ocultistas denominam “plano astral”. Mas o astral é um “mundo”, melhor ainda, um
conjunto de mundos conectados na realidade, ao que não convém a denominação ingênua de
“plano”. Outro tanto caberia dizer do “plano arquetípico (A), que é um verdadeiro “mundo”,
frente o qual temos respeitado a denominação tradicional ainda que recordando aqui que a
Sabedoria Hiperbórea ensina um conceito ao que é correto descrever como “mundo arquetí-
pico”.
Por último, do comentário décimo segundo se desprende a importante consequência de
que A UMA “RAÇA SAGRADA” NÃO SE PRETENCE SÓ PELA HERANÇA GENÉ-

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TICA, PELO “NASCIMENTO”, MAS TAMBÉM POR FAVORECER A MANIFESTA-
ÇÃO DO “ASPECTO RAÇA SAGRADA” DO DEMIURGO. Assim, com referência à raça
sagrada atual, ou seja, a “raça eleita” dos hebreus ocorre o curioso fato de que um homem pode
ser judeu por sua herança, por nascer efetivamente no seio de uma família hebreia, ou por sua
“CONSTITUIÇÃO MENTAL”. PARA A SABEDORIA HIPERBÓREA NÃO SÓ É JU-
DEU QUEM NASCE JUDEU SENÃO TAMBÉM QUEM, POR SUA “CONSTITUIÇÃO
MENTAL JUDAICA”, FAVORECE A MANIFESTAÇÃO DO “ASPECTO RAÇA SA-
GRADA” DO DEMIURGO.

E – AS “IDADES” DA HISTÓRIA.

Segundo a História oficial neste momento nos encontramos vivendo na “Idade Con-
temporânea”. Tal Idade “começou” no momento no qual ocorrem dois fatos históricos notá-
veis: a Independência da EE.UU. E a Revolução Francesa. Evidentemente, quem observa a
História e concorda que esses fatos se destacam com tal eminência que constituem um limite
natural entre “Idades” históricas, se guiam por um critério particular. Em efeito, sendo que ditas
“Revoluções” formam parte do Plano que aponta à consolidação da Sinarquia Internacional,
ou seja, a “Concentração mundial do Poder” (SINARQUIA) em mãos hebreias, o critério em-
pregado somente pode ser qualificado de “sinárquico”.
Há que se investigar, então, por que a Historiologia se apoia em semelhante critério; e
há que se fazer mais ainda: devemos redefinir o conceito de “Idade” segundo as pautas da
Sabedoria Hiperbórea.
Para a Sabedoria Hiperbórea, por outra parte, neste momento dos encontramos vivendo
no Kaly Yuga, um período de tempo de 432.000 anos. De onde surge essa cifra? De um com-
plexo sistema misto de divisão e multiplicação do tempo, ou seja, de uma combinação de cifras,
múltiplos e submúltiplos dos sistemas decimal e sexagimal, associados a ritmos da natureza,
como o ano solar, o ano de respirações por minuto, o número de batimentos cardíacos, os
ciclos lunares, etc. O Kaly Yuga é a Última Idade (Yuga) de uma série de quatro que conformam
um Maha Yuga ou Manvantara: o Satya Yuga, de 1.728.000 anos, o Treta Yuga, de 1.296.000
anos, o Dwapara Yuga, de 864.000 anos, e o atual Kaly Yuga, de 432.000 anos. Como dissemos
na Segunda carta aos Eleitos, agora nos encontramos no Dia do Espírito, um período de mil
anos durante o qual se “fecha” o Kaly Yuga e também o Manvantara: para isso veio há um
século, e permaneceu até 1945 manifestado, o Führer da Raça Branca, o representante de Wo-
tan, o Senhor da Guerra contra o Demiurgo.
Naturalmente, se o Kaly Yuga conclui no Dia do Espírito é porque começou na época
Atlante, naquele momento em que os Siddhas Traidores se instalaram “em plena luz” à frente

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da civilização da Atlântida, onde seriam conhecidos como "Siddhas da Face Tenebrosa”. Mas
essa é outra história, alguns de cujos capítulos se narram em incisos posteriores.
Estamos, pois, frente a dois conceitos denotados pela palavra Idade, um é o antiquíssimo
dos Yugas hindus e o das Idades gregas (de Ouro, de Prata, de Bronze e de Ferro) e outro, o
moderno da Historiologia oficial: Idade Antiga, Média, Moderna e Contemporânea. Hoje em
dia, ao falar de uma “Idade”, pode comprovar-se que de ambos os conceitos imediatamente se
impõe e predomina o segundo, apesar de ser o primeiro muito mais antigo e conhecido. Este
efeito é um bom exemplo de uma tática sinárquica cultural denominada Estratégia Psicossocial
como “MUDANÇA DE SIGNIFICADO”. Mais adiante se estudará com detalhe tal operação,
pois um plano da Sinarquia se propõe, justamente, provocar a mudança de significado no
ÚNICO SÍMBOLO SAGRADO HIPERBÓREO que ainda possui potência suficiente para
transmutar ao virya perdido. Por ora vamos nos ocupar de analisar e criticar o segundo signifi-
cado, oficial, do conceito de Idade, para deixar exposto seu caráter artificial e falacioso.

F – ANÁLISE CRÍTICA DO CONCEITO OFICIAL DE IDADE.

Além de que a “Historia” oficial abarca um período de tempo ridiculamente curto, de


sete ou oito mil anos, em relação com a antiguidade de milhões de anos que apresenta a espécie
humana sobre a terra, as “Idades” em que se divide a mesma só tem por objetivo assinalar
certos intervalos entre sucessos “importantes” para a comunidade nemotécnica dos historiado-
res e pedagogos; por exemplo, a Idade Média “começa em 476, quando Odoacro depõe ao
imperador Rômulo Augustulo, ou seja, com a queda do Império Romano” e acaba “quando os
turcos tomam Constantinopla, em 1453”. A partir dessa data se estende a “Idade Média”. Esta
maneira de “marcar” os limites de tais “idades” nos recorda a demarcação geográfica das fron-
teiras, que pelo geral só existe na mente dos homens e nos mapas: sobre o terreno, às vezes,
nada há que indique que tal país termina aqui e tal outro começa ali, incerteza que não impede
que se creia cegamente na “fronteira” como algo existente na natureza pela qual é possível (e
desejável) lutar e morrer. Que não se diga que um rio, por exemplo, constitui fronteira “real”;
um rio é só isso: um curso de água, um acidente geográfico, qualquer propriedade cartográfica
que se lhe atribua provém de um erro gnosiológico, do esquecido de que um “limite geográfico”
é uma convenção entre homens tal como os símbolos da linguagem e que, por dito caráter
simbólico, pertence à psique coletiva, ou seja, à esfera subjetiva e não à realidade objetiva como
poderíamos crer ligeiramente. A cartografia consiste em representar graficamente signos cor-
respondentes às configurações da Terra e seus acidentes; ao mapa, então, possui uma relação
certa com a realidade territorial, mas tal relação é UNÍVOCA; em outras palavras: é verdade
que essa linha do mapa representa a orla daquele rio; não é certo, em compensação, que ao
pintar essa linha com uma cor determinada para “representar” uma fronteira isso corresponda

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a alguma qualidade da realidade territorial considerada. Igualmente aqueles que creem na reali-
dade concreta de uma fronteira cartográfica, que só existe nos mapas e em sua imaginação, há
muita gente nestes dias que aceita ingenuamente a divisão por “Idades” da História e até se dá
ao luxo de emitir juízos valorativos: a Idade Antiga foi “pagã”, a Idade Média “obscurantista”,
a Idade Moderna “brilhante”, etc. Evidentemente estamos aqui em pleno terreno do subjeti-
vismo cultural, pois se desenvolveu em base a tais “Idades” nem os acontecimentos que deter-
minam o intervalo de cada “Idade” são verdadeiros fatos históricos, mais importantes que ou-
tros fatos ocorridos antes ou depois dos mesmos. Os fatos que “marcam” o começo ou o fim
de uma “Idade” são escolhidos, dentre outros infinitos fatos que compõem a História, para
conformar uma pauta estabelecida previamente à análise, ou seja, uma hipótese. Isto supõe que
se recorreu a algum “critério particular” para a interpretação da História, o que explica o caráter
subjetivo das conclusões obtidas.
Se tal critério consiste, como parece ser o caso das “Idades” oficiais, em considerar como
parâmetro fundamental a Economia e a Guerra então resulta LÓGICO fixar os limites do in-
tervalo em guerras e batalhas ou na ruína econômica do Império Romano. Mas se o critério
fosse outro, por exemplo, filosófico, estático, tecnológico, etc., seguramente que os “fatos fun-
damentais”, que marcam os limites das Idades seriam também outros e até o juízo valorativo
das mesmas variaria notadamente. Por exemplo, no fim da Idade Média se fixa com critério
“político” em 1453, quando os turcos tomam Constantinopla e concluem o Império Romano
do Oriente; é este um fato negativo que foi escolhido deliberadamente para marcar, consequen-
temente, o fim de uma “Idade obscurantista”. Mas para um critério científico-tecnológico, po-
sitivo, seria sem dúvida mais importante o invento da imprensa de tipos móveis realizada por
Gutenberg em 1450, ou seja, quase na mesma época anterior que a queda de Constantinopla.
Então poderia suceder que a Idade Média acabasse na mesma época, mas ao tomar como limite
um fato positivo, se deveria modificar o juízo de valor. Quiçá então a Idade Média não seria
“obscura”, mas “de transição”, considerando que para chegar ao invento alemão da imprensa
se teve de estabelecer um contato transcultural prévio com a China nos séculos XIV e XV.
Viemos comprovando o caráter subjetivo do conceito moderno de “Idade” e o débil
daqueles “fatos fundamentais da História” que se tomam como “limites” do intervalo de tempo
compreendido; estes fatos foram escolhidos partindo de critérios culturais, a miúdo sinárquicos,
e são apresentados depois de um prévia deformação da verdade histórica; é assim que uma
mudança de critérios nos conduz a diferentes “fatos fundamentais”, deslocando mais ou menos
o tempo, o que demonstra a insuficiência do conceito de “Idade” para designar uma ERA de
pretendidas características específicas.
Devemos supor, então, que aquilo que descreve a História oficial em uma “Idade” de-

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terminada possui uma relação com os fatos concretos a que faz referência; de maneira seme-
lhante à subjetiva alteração dos fatos verdadeiros efetuada pelos historiadores para apresentá-
los como fatos-limite.
Esta suposição pode ser comprovada rigorosamente se recorrermos novamente à ana-
logia cartográfica e empregarmos os conceitos já definidos do “eminente” como “o realce de
uma qualidade, exaltada racionalmente pela determinação das premissas culturais preeminen-
tes”. Observemos um mapa da Europa; nele se representa por meio de signos por todos co-
nhecidos os distintos países, suas divisões políticas interiores e suas fronteiras exteriores. De
pronto fixamos a atenção em umas linhas sinuosas que nos informam que na parte correspon-
dente do mundo devem existir umas montanhas; lemos uma indicação que diz “Montes Piri-
neus” e pensamos – Ah, é a fronteira entre a França e a Espanha -. O sabemos por que essa
informação é um domínio comum. Buscaram-se agora abertamente entre as distintas linhas do
mapa se fará eminente uma zona marcada de maneira diferente, talvez com outra cor, ou talvez
com linhas e pontos, à qual distinguiremos como “a fronteira” propriamente dita. As premissas
culturais preeminentes tornaram eminente à linha fronteiriça dentre muitas outras linhas seme-
lhantes e nos levaram a descobri-la e reconhecê-la. Mas, segundo temos dito, a fronteira existe
só no mapa e em nossa imaginação, coisa que pode comprovar-se situando-nos em certas zonas
desertas dos Montes Pirineus de onde nos resultaria de todo impossível decidir o lugar em que
termina a Espanha e começa a França.
Tomamos conhecimento pelo mapa de dois dados: em tal lugar do mundo, cujas coor-
denadas de situação nos permitem identificar com precisão, há uma montanha e uma fronteira.
Trasladamo-nos realmente a esse lugar e achamos a montanha, mas temos dificuldades para
distinguir a fronteira. O que ocorre? Pois que a montanha e fronteira são realidades de distinta
ordem. Por isso existem duas classes de mapas: os “físicos”, que descrevem a realidade geográ-
fica mais ou menos fielmente, e os “políticos” ou “econômicos”, que exibem ADEMAIS das
correspondentes representações físicas SOBREPOSTAS A ELAS, qualidades e atributos que
não possuem uma contraparte concreta no mundo. Uma montanha e uma fronteira, ambas,
são objetos culturais; mas a montanha é um objeto concreto de entidade natural, enquanto que
uma fronteira (como um mito, uma ideia científica, uma organização política, um código moral,
etc.) é uma qualidade cultural que jamais aparecerá totalmente encarnada numa entidade con-
creta, física ou “exterior”.
Fazer Historiografia, escrever a História é, analogamente à construção de um mapa,
DESCREVER UMA REALIDADE. A História, ao narrar fatos verdadeiros do passado dis-
põe de um material puramente objetivo, cuja descrição em linguagem simbólica nos apresenta
para nossa informação. Mas o historiógrafo, igualmente a um cartógrafo, conta com dois tipos
de objetos: os “fatos” realmente ocorridos, que foram objetos concretos, e os “fatos eminen-

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tes”, tomados dentre os outros infinitos fatos, por sua importância subjetiva. Mas os fatos emi-
nentes, como já sabemos, estão determinados por premissas culturais preeminentes que são,
em última instância, a expressão tática da Cultura, arma estratégica inimiga. É assim que, se ao
estudar a História notamos que se nos apresentam os fatos descritos com certa objetividade,
estamos, como no caso do “mapa físico”, ante uma representação mais ou menos direta e de-
formada da realidade. Mas quando se pretende afirmar uma qualidade eminente num fato con-
creto, por exemplo, quando se diz que a Revolução Francesa foi “superior a outras revoluções
por seu caráter progressista”, estamos como no caso do “mapa político” ante uma representa-
ção de qualidades culturais sem contraparte material a “superioridade” que valoramos de uma
coisa sobre outra é, logo, uma qualidade eminente.
Uma qualidade eminente na História, como uma fronteira num mapa político, é um
objeto que pertence a uma esfera diferente à realidade concreta; sua eminência provém das
premissas culturais preeminentes. Aníbal ou Públio Cornélio Escorpião? Esparta ou Atenas?
Se a História apresenta os fatos tal como ocorreram a preferência que declarássemos por tal
líder militar ou por tal cultura que esse líder militar ou essa cultura se tornaram eminentes ante
nosso olhar. Mas isso não é possível porque a História que dispomos para o estudo não é de
nenhum modo objetiva nem descritiva da realidade dos fatos, posto que os Historiadores de
todos os tempos fossem vítimas de suas próprias premissas culturais preeminentes e assinala-
ram eminências ali onde se lhes apareceram, atribuindo à realidade concreta qualidades que
somente estavam em sua imaginação, ou seja, projetando sobre o mundo qualidades que não
possuíam entidades concretas e percebendo depois a miragem de seu reflexo. É por isso que a
História oficial está viciada de irrealidade e só deve servir a qualquer investigador de linhagem
hiperbórea como uma mera referência, pálido reflexo da verdade.
A História, depois que passou por esse “tratamento estratégico-sinárquico” das pautas
culturais do judaico-cristianismo, é um campo minado em que qualquer incauto pode perder-
se e perecer. Seu objetivo dissimulado em provocar a confusão, o condicionamento do “ho-
mem moderno”, por isso nos dirá ou nos induzirá a declarar que a civilização ateniense era
superior à espartana, que a religião de Jesus Cristo acabou com a selvageria dos cultos pagãos,
ou outros embustes semelhantes.
Nos toca agora referirmos novamente às “Idades” da História oficial. Far-se-á evidente,
depois do visto até aqui, que o conceito moderno de “Idade” é somente um intervalo de tempo
arbitrário, assinalado em seus extremos por certos fatos eminentes para os historiadores quem,
indubitavelmente, estão condicionados por suas premissas preeminentes (que são, em defini-
tivo, pautas sinárquicas assimiladas inconscientemente por eles). Para comprová-lo basta reme-
termos, por exemplo, ao limite mais próximo da Idade Média, notando que a queda de Cons-
tantinopla resultou eminente para a maioria dos “historiadores”, por sobre outros fatos con-
temporâneos entre os quais se destaca a invenção da imprensa, tal como dissemos.

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Nesta larga crítica mostramos claramente que uma “Idade” da História oficial é um ob-
jeto cultural concebido à parte de uma visão subjetiva da História, limitado por fatos eminentes
que são deformações dos fatos verdadeiros. Mas tal “Idade”, enquanto soma de fatos eminen-
tes, é um exemplo extremo de um conceito que guarda uma relação distorcida com a realidade
concreta dos fatos históricos que representa. É por isso que o conceito moderno de “Idade”
não possui quase conteúdo; é uma casca oca que apenas alcança a cobrir algumas mentiras
sinárquicas. Justamente nossa tarefa imediata será dotar à palavra “Idade” de um novo conte-
údo, que na verdade é seu antigo significado, pois mais adiante nos serviremos dela para definir,
ou redefinir, o conceito de “Kaly Yuga”.

G – CONCEITO ARQUETÍPICO DE “IDADE”.

Contrariamente ao critério moderno o conceito que dispunham os antigos sobre os pe-


ríodos históricos não começava pelo homem senão por Deus. Por suposto, enquanto se con-
cebia a História como uma sucessão cíclica de Eras que nasciam e morriam à semelhança dos
ciclos vitais da natureza, não um Deus senão uma multidão de Deuses coexistia, pacificamente
ou não, no céu da Antiguidade. Em verdade havia um Deus para cada Era, ou seja, um que
predominava sobre as restantes deidades e era capaz de exercer irresistivelmente seu poder so-
bre o mundo e os homens.
O período maior era a “Idade” (ou o Yuga) que compreendia várias Eras ou etapas
humanas de características específicas e, naturalmente, estava presidida em toda sua extensão
cronológica por um Deus superior cuja influência, também cíclica, começava e terminava junto
com a Idade em questão. A duração de uma Idade correspondia à manifestação de um Deus,
quando chegava ao fim de tal período o Deus se retirava, não sem antes sustentar uma dura
luta com a deidade sucessora, cessando desde então sua influência.
Hoje em dia é comum a opinião de que “os Deuses morrem quando acaba sua Era de
predomínio” alegando-se várias razões para justificar a queda da deidade: “os homens o esque-
ceram”, ou “o tal Deus” não existia em absoluto; era um mito, e quando “o progresso”, ou “a
evolução”, conduziram aos homens pelo caminho da civilização, estes “despertaram” e proce-
deram a substituir suas falsas e supersticiosas convicções por ideias racionalistas que explicam
perfeitamente o desenvolvimento do Universo sem recorrer a nenhuma intervenção divina”,
etc. Contra esta opinião a Sabedoria Hiperbórea afirma que uma Era conclui quando o Deus
(ou o Mito) deixa de manifestar sua influência sobre o conjunto dos homens. A Era Asteca
conclui quando os espanhóis substituem o culto sangrento dos corações palpitantes pela cruz
de Jesus Cristo; mas é verdade também que Hutzilopochtti havia abandonado aos astecas muito
antes, tal como a Princesa Papán lhe dissera a Montezuma e tal como ele mesmo comprovara,
dado que além de imperador era sumo sacerdote do culto ao Deus Colibri.

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A História nos informa que houve Eras no passado durante as quais os homens adota-
ram crenças religiosas e estilos culturais particulares. Posto que toda Era está regida por um
Deus cabe perguntar-se: que tem sido daquelas deidades cuja influência foi dominante nas Eras
Passadas? A resposta não é difícil, pois a História também nos dá notícias sobre tal questão: a
cada Era passada a corresponde um mito do qual dão conta a Tradição e os documentos. Em
algum momento de Roma reinou Marte e em outro Júpiter; Grécia conheceu Eras de Apolo e
de Zeus; Egito brilhou fugazmente sob Amon e foi temido nas Eras de Osíris e Ísis; Cartago
se tornou audaz em sua era de Moloch, etc. Por colocar só uns poucos exemplos tomados de
civilizações recentes, nestes exemplos, e em muitos outros que poderia apontar-se, se comprova
que a resposta anterior é correta: sabemos do Deus de uma Era passada pelos mitos e lendas
que chegaram até nossos dias. Até aqui a resposta que dá a História. Nós agregamos o seguinte,
e isto há que afirmá-lo: os “mitos” SÃO EFETIVAMENTE A EXPRESSÃO ATUAL DOS
ANTIGOS DEUSES DESVALORIZADOS. Mas estes “mitos”, que relação guarda com os
“mitos interiores” que estudamos na Primeira Parte, com esses símbolos arquetípicos que re-
presentam ao Deus do ente? Para responder com clareza temos de suspender por um momento
a definição do conceito arquetípico de Idade e dedicarmos a elucidar as diferenças e analogias
que guardam os mitos internos e externos.
No mundo do Demiurgo, ou seja, no macrocosmo, todo ente concreto está sustentado
por um ou mais arquétipos universais. Mas o ente, percebido pelo pasu não é mais que um
momento do processo com que os Arquétipos de deslocam na matéria tentando alcançar a
enteléquia: sua finalidade universal. Mas, ainda que do ente somente se tenha captado uma ima-
gem fugaz, isso basta para que seu desígnio se revele à razão e esta conforme um esquema
acorde com a suprafinalidade; a vivência de tal esquema, experimentada pelo sujeito cultural, há
de permitir a produção de uma representação racional ou consciente do ente, segundo se viu
na Primeira Parte. A representação consciente é uma ideia do ente apreensível pelo sujeito cons-
ciente como “imagem e significado”; tal significado ideal, por proceder a representação de um
esquema notado no contexto de uma linguagem, é uma proposição conceitual. Na figura 21 se
representou este caso, onde o símbolo I corresponde a uma representação racional do conceito
xx e o símbolo I’ a uma representação consciente, ou seja, a uma ideia mentalizada sobre o ente
cujo esquema era xx. Em resumo: o símbolo I’ é uma ideia que emerge na esfera de luz frente
ao sujeito consciente como representação conceitual do ente, cujo esquema é xx; o fundamento
significativo de I’ está proposto em termos de linguagem horizontal em cujo contexto foi no-
tado o conceito xx do ente.
Agora bem, o caso que reflete a fig. 21 é geral para toda representação consciente: I’
tanto pode representar a um conceito habitual do ente como a um SÍMBOLO SAGRADO,
ou seja, à representação de um mito, ao Deus do ente. A diferença ideal entre um símbolo
habitual, não sagrado, de um ente e um símbolo sagrado radica no nível energético no qual se

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estabiliza sua emergência: a emergência do símbolo habitual conclui em um nível ψı, de baixa
energia, condição que permite ao sujeito consciente retê-lo frente a si “volitivamente domi-
nado”, evitando que durante a percepção tente desenvolver sobre ele seu processo entelequial;
o símbolo sagrado, pelo contrário, se estabiliza exatamente no umbral de consciência, ou seja,
num nível máximo de energia, condição que impede ao sujeito consciente retê-lo frente a si
para sua percepção: quando um símbolo sagrado emerge sobre o umbral de consciência do
pasu indefectivelmente o sujeito consciente resulta volitivamente enervado e acaba sendo CAP-
TURADO e incorporado ao processo entelequial.
Na Primeira Parte, no artigo “O mito e o símbolo sagrado” denominamos “mito” ao
Deus do ente, a saber, ao Arquétipo invertido que se encontra ao princípio da escala formativa
do esquema ou Relação. Justamente, por achar-se num extremo de série simbólica do esquema,
somente pode ser notado se o sujeito consciente acede a um plano de significação de máxima
obliquidade: se isso sucede, o mito se manifesta na esfera de luz como “símbolo sagrado”.
Compreende-se, então, que tias “mitos” são símbolos arquetípicos bem trabalhados na estru-
tura do esquema e aos que não resulta fácil desencadear: por isso se diz que os “mitos” da
estrutura cultural são normalmente PASSIVOS, ainda que, se conseguissem a autonomia, po-
deriam dispor de uma grande potência ativa e tornarem-se dominantes do sujeito consciente.
Estes “mitos” são, pois, com todo rigor, “internos”, próprios dos esquemas de entes da estru-
tura cultural.
Semelhantemente aos “mitos internos”, os mitos que “expressam aos antigos Deuses
desvalorizados” são passivos: estão travados nas superestruturas dos fatos culturais, como “fa-
tos históricos”, seres desse passado, incapazes de manifestarem-se por si mesmos. Tais mitos
são, com todo rigor, “exteriores” e representam pelo geral a Deuses “mortos” ou desvaloriza-
dos. Pelo contrário, se denomina Mito, ou Mito exterior a um Deus dominante ou ativo.
Um mito exterior é, pois, a expressão desvalorizada de um antigo Deus, de um Mito,
seu cadáver simbólico. Mas os Deuses não morrem realmente senão que permanecem como
conteúdo inconsciente da psique coletiva: se “desapareceram”, abandonando a atividade cultu-
ral, sua invisibilidade obedece somente a que se tenham incorporado ao inconsciente coletivo
de seus cultuadores, perdendo-se de vista momentaneamente ou definitivamente. Neste Sen-
tido os mitos exteriores são semelhantes aos Arquétipos coletivos (invertidos), ou seja, comuns
a toda raça, cujos caracteres são herdados na memória arquetípica e constituem um conteúdo
inconsciente da psique humana, a saber, um conteúdo da esfera de sombra. Mas estes Arquéti-
pos coletivos ou mitos interiores segundo se explicou no artigo citado, somente são passivos
enquanto permanecem estruturados: se em algum momento alcançam um comportamento au-
tônomo disporão de potência ativa suficiente para “ressuscitar” o Deus antigo que representam
e converter-se em Mito. Tal “ressurreição” pode ser “interior” ou “exterior”; no primeiro caso

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já estudamos de que maneira o símbolo sagrado tenta fagocitar ao sujeito consciente ou tomar
o controle do microcosmo. No segundo caso, se a “ressurreição” do Deus se expressa mediante
um Mito exterior, isso poderá ocorrer por duas causas. Em primeiro lugar, porque o símbolo
sagrado será expresso exteriormente mediante um signo e assim dado a conhecer culturalmente
a uma comunidade, a qual será, então, hóspede de sua atividade psicológica.
Em segundo lugar existe a possibilidade de que o mito interior, sem ser expresso afora
pelo pasu igualmente desencadeie a ressurreição de um Mito exterior, de um Arquétipo psicói-
deo. Como? Resposta: por causa da participação metafísica que todo símbolo sagrado guarda
com os Arquétipos universais do macrocosmo. Onde se efetuam o contato entre ambas as
ordens de símbolos, ou seja, entre o símbolo arquetípico do mito interior e o Arquétipo uni-
versal do Mito exterior? Resposta: Segundo se explicou no comentário Décimo, existe um con-
tato transcendente entre o “inconsciente coletivo pessoal” ou “esfera de sombra profunda” e o
“inconsciente coletivo universal” ou “mundo astral profundo”; a ponte entre ditos mundos a
estabelecem os símbolos sagrados. Recordemos que os símbolos sagrados emergem no umbral
de consciência com máxima energia e mostram ao sujeito somente uma parte superficial de sua
compleição sêmica já que o resto encontra-se submerso na esfera de sombra. “Como uma ma-
deira que flutua”, como um “iceberg”, dissemos analogamente do símbolo sagrado emergente.
Pois bem, é na parte submersa do símbolo sagrado, numa região invisível para o olhar do sujeito
consciente no presente extensivo (S.P.E.), onde se efetua o contato transcendente: a esfera de
sombra se conecta com o mundo astral por causa do símbolo sagrado e, devido à essência
arquetípica deste, tal conexão se estende ao plano arquetípico. Por trás do símbolo sagrado, do
mito interior, encontra-se EFETIVAMENTE o Arquétipo universal, o Mito, pronto a deslo-
car-se de maneira psicóidea sobre as superestruturas “que incluem a um universo de objetos
culturais e aos homens, pasus ou viryas perdidos, sob sua forma cultural”. Por isso a revelação
cultural do símbolo sagrado, mediante a projeção de um signo representativo, é capaz de oca-
sionar o desenlace de um Arquétipo psicóideo, de um Manu, de um Mito ativo, cujo processo
dará lugar a toda sorte de dramas coletivos, desde uma Idade histórica, de grande duração no
tempo transcendente e complexa trama, até breves comédias menores tais como o regicídio, a
usurpação do poder, a traição, o triângulo amoroso, etc., cujos argumentos são por todos co-
nhecidos. É, pois, por um contato transcendente que ocorre no inconsciente profundo do ho-
mem, na esfera de sombra, “além” do umbral de consciência, que se efetua a nivelação energé-
tica ou igualdade sêmica que faz de um mito um Mito, ou seja, o ato pelo qual um símbolo
passivo, o mito, se transforma em um ser dominante, o Mito, que se alimenta com energia
subtraída da psique coletiva.
Em resumo, os mitos estão sempre presentes em todos os povos e em todas as circuns-
tâncias. Sua passividade não significa que tenham morrido, pois podem “ressuscitar” e torna-
rem-se novamente Deuses, como de fato ocorreu muitas vezes, segundo a conveniência do

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Demiurgo, já que os Deuses são como já se notou, expressões de seus Arquétipos psicóideos.
Não entraremos em detalhes no Plano do Demiurgo e a explicar a necessidade que Ele tem de
projetar o Arquétipo Manu sobre a humanidade para dirigir a evolução da vida e da forma.
Somente agregaremos que um Manu, a “ideia” de uma raça, o Arquétipo coletivo psicóideo
dominante, o Deus, de uma Idade; mas um Manu, convém não esquecer nunca, é um desdo-
bramento do próprio Demiurgo, uma “aparência divina” carente de individualidade, se “pa-
rece” um Deus é porque o período de seu desenvolvimento é demasiado extenso para que seja
apreciável por um espírito encarnado, aprisionado a um período vital incompativelmente curto;
um Manu se desloca numa Hierarquia de entes intermediários, quem recebem a missão de levar
adiante certas partes do Plano: estes entes, junto com alguns membros da evolução dévica e os
pasus “evoluídos” ou adeptos, integram a Hierarquia Branca dos Siddhas Traidores.
Valendo-se destes conceitos podemos agora regressar à questão inicial e redefinir, em
termos modernos da Sabedoria Hiperbórea, a antiga ideia da Idade. No artigo “O” já havíamos
adiantado as únicas pautas com as que o problema pode ser verdadeiramente resolvido, isto é,
as pautas arquetípicas. Vimos ali que toda a cultura externa ocupa um “espaço” e transcorre
num “tempo” característico: “espaço cultural” é, “todo aquele lugar em que seja possível efetuar
alguma destas três coisas: a) descobrir um ente designado; b) projetar um signo; c) reconhecer
um objeto”. O espaço real que cumpre com algum de tais requisitos constitui o “universo” dos
objetos culturais externos. O “tempo” de uma cultura externa, por outra parte, foi definido
como “histórico”, sendo a História “a projeção contínua da cultura externa sobre o tempo
transcendente”. Finalmente, se delimitou o “fato histórico”: “um sucesso que se destaca nitida-
mente no contínuo transcorrer da História” e que “é semelhante à manifestação de um relevo
I (fig. 21) sobre o plano de significação (STT) da estrutura cultural”. Desta analogia se desprende
o caráter arquetípico do fato histórico e por isso sua definição afirma que “todo fato histórico
é a manifestação de um Arquétipo psicóideo, ou Mito, num espaço cultural determinado”.
Estendendo esta definição para um período histórico adequado e incluindo o que é ób-
vio, ou seja, ao pasu, estaremos em condições de esclarecer o conceito de “Idade” do ponto de
vista arquetípico e estrutural. Dissemos assim: TODO FATO HISTÓRICO É A MANIFES-
TAÇÃO DE UM ARQUÉTIPO PSICÓIDEO, OU MITO, MEDIANTE UMA SUPERES-
TRUTURA, CUJOS MEMBROS, HOMENS E OBJETOS CULTURAIS, EVOLUEM EM
CONJUNTO ATÉ SUA ENTELEQUIA. Todo fato histórico, então, expressa o PRO-
CESSO de um Arquétipo psicóideo. Estendamos agora a definição, indo do menor ao maior:
I. Qualquer circunstância histórica é a manifestação de um Arquétipo psicóideo
sobre a humanidade, no marco de uma estrutura externa.
II. Uma ERA histórica é o período durante o qual se manifesta o processo de um
Deus sobre uma comunidade cultural.

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III. Uma Idade histórica é o período completo de manifestação de um Arquétipo
Manu sobre uma comunidade cultural e racial, durante o qual está evoluída até
sua enteléquia.

H – FATO NATURAL, FATO HISTÓRICO E FATO CULTURAL.

As definições anteriores podem provocar uma dúvida que esclareceremos de imediato:


A pergunta seria a seguinte; se temos rechaçado o conceito moderno de “Idade” por considerá-
lo concebido sinarquicamente a partir de premissas culturais preeminentes, que sentido tem
agora revalorizar o conceito antigo se o mesmo expressa que “uma Idade” é a duração de um
Arquétipo Manu encarnado pelo Demiurgo? Não estamos novamente em terreno inimigo? Tais
objeções têm fundamento e por isso vale à pena esclarecer que, se bem ambos os conceitos de
Idade são insuficientes e sinárquicos, o antigo, ainda que faça referência ao Manu, nos servirá
para explicar o também antigo conceito de “Kaly Yuga”, porque vale a pena afirmá-lo, “Kaly
Yuga” se é uma ideia hiperbórea, sobre a qual se tem vertido montanhas de opiniões confusas
e a que teremos que redefinir com a finalidade de revelar ou aproximar a seu Mistério e torná-
la inteligível para uma mentalidade moderna.
A vantagem conceitual que supõem as definições “II”, “III” e “IV” com respeito aos
dogmas da Historiologia oficial radica fundamentalmente em que tais definições permitem en-
frenta-se ao fato histórico considerado em sua integridade ontológica enquanto que o mesmo
fato, descrito segundo as pautas oficiais, resulta inevitavelmente mutilado em suas raízes meta-
físicas. Interessa-nos que esta diferença seja claramente advertida antes de aprofundar no signi-
ficado das definições “I”, “II” e “III” e por isso vamos assinalar agora a causa principal pela
qual as descrições oficiais do fato histórico são insuficientes e parciais. Podemos adiantar que
tal causa procede da confusão entre “fato histórico” e “fato natural”, mas, como tal confusão
se deve a um caso típico de cegueira gnosiológica, estabelecer a distinção entre ambos os con-
ceitos requererá uma larga explicação.
É provável que o maior erro cometido por um historiador seja o de não distinguir que
um fato histórico é categoricamente distinto de um que ocorresse, por exemplo, numa selva
remota, tendo como protagonistas a membros do reino animal, tal como uma cena de luta entre
dois leões, a peleja, com toda a dramaticidade que possa entranhar para um observador sensível,
é um “fato natural que sucedeu com indiferença pela existência humana e que se desenvolve a
impulsos de uma dinâmica que lhes é própria. O motor dessa dinâmica não pode ser evidente
para o homem por ser exclusivo do fato natural, por estar circunscrito ao âmbito de sua efeti-
vidade. Nem mesmo intervindo na cena se consegue mais que perturbar as forças e que, num
esforço por restabelecer seu desenvolvimento natural, a dinâmica do fato reage contra a intro-

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missão; pode ocorrer que os leões devorem ao observador e depois prossigam com seu com-
bate ou que este destrua com uma arma aos protagonistas, ou mil variantes intermediárias, mas
jamais se conseguirá TOMAR PARTE da cena. O homem sempre será alheio ao fato natural
e, portanto, jamais poderá chegar a conhecê-lo totalmente.
Esta intransponível barreira gnosiológica obriga que um fato natural seja descrito a partir
da imagem que o homem perceba em seu caráter de observador puro. Desta distância é inevi-
tável o trato com aparências ou aspectos parciais do fato e por isso é lícito, até certo ponto,
esgotar os esforços metodológicos que conduzam a uma descrição o mais completa possível
do fato natural. É o que faz a ciência quando se propõe aumentar o conhecimento disponível
sobre um fenômeno: primeiro o submete a observação, tratando de abarcar todos os aspectos
possíveis, decompondo, inclusive, estes aspectos para chegar a sua constituição qualitativa e
proceder a sua DESCRIÇÃO se os sentidos forem insuficientes, ou seja, se o fenômeno ultra-
passa o marco sensorial, a “técnica” permitirá desenhar os instrumentos que ampliem o marco
espectral de observação e alcancem aqueles limites mais distantes da realidade do fenômeno.
Finalmente se reúne toda a informação obtida e se a interpreta elaborando uma teoria, a qual,
dado o processo de desintegração a que se submeteu o fenômeno e tendo em conta que grande
parte do mesmo há de ter escapado à observação, será sempre impotente para apresentar uma
explicação integral, que permita compreender o fenômeno em sua totalidade. Por suposto,
numa civilização onde a ciência procede deste modo, homem e fenômeno constituem realida-
des opostas. E ainda que aquele consiga obter tanto deste como para elaborar teorias, e ainda
que estas resultem suficientes para desenvolver tecnologias, a brecha gnosiológica não só con-
tinua aberta, tal como estava quando o fenômeno se submeteu a observação pela primeira vez,
senão que ameaça ser cada vez maior devido ao dogmatismo com que se afirmam as mencio-
nadas teorias sem ter em conta seus erros e desvios. Mas esse é outro problema.
Os fenômenos, ou fatos naturais, são investigados com o mesmo método científico e
descritos em teorias que, segundo temos visto, são insuficientes para abarcar sua realidade com-
pleta. Por este motivo, de um fato cultural, somente podemos conhecer alguns aspectos parci-
ais, sua aparência, e não há razão para preocupar-se demasiado por isso. Mas distinto é o caso
do fato histórico no qual o homem não só participa como protagonista senão que, fundamen-
talmente, constitui seu suporte concreto. Assim o homem não é “alheio” e por isso não é lícito
que empregue o mesmo método com o qual observa os fatos naturais para contemplar uma
realidade na qual ele se encontra inserido como ator imediato. Se tal coisa se faz, e de fato “se
faz” na historiografia oficial, significa que se tomou uma falsa distância com a ilusão de conver-
ter em “objeto” sob observação um fato do qual se é inevitável sujeito. Mas se a teoria de um
fato natural consegue na maioria das vezes desviar-nos da verdade do fato que trata de explicar,
a teoria de um fato histórico, elaborada sem atender a estas objeções, pode conduzir-nos às
antípodas de sua verdade. Poderemos comprovar esta última suspeita aprofundando agora,

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neste sentido, nossas conclusões expostas no artigo “E” sobre as “Idades” da História oficial.
Em primeiro lugar numa “Idade” oficial se descrevem os fatos históricos, destacados de
acordo com a eminência que tenham tido para o historiador, apresentando-os como aconteci-
mentos acidentais cuja única determinação, se há alguma, obedece a causas puramente físicas.
Se um histórico guarda alguma relação com outro se afirma que seu nexo consiste em certas
“variáveis dinâmicas” (a economia, a luta de classes, a religião, o “movimento dialético”, etc.),
completamente exteriores e inconsistentes para justificar por si mesmas a gênese e evolução do
fato. Ignora-se aqui, como no caso das investigações científicas de fenômenos, a relação estru-
tural que guarda o aspecto descrito com o resto dos elementos que integram a totalidade do
fato. A História oficial, ao afirmar-se sobre alguns elementos particulares de dita estrutura (a
variável tal ou qual), só pode expor aspectos parciais dos fatos verdadeiros, imagens aparentes
por trás das quais se oculta a verdade do acontecimento. Ao operar desse modo, um fato his-
tórico ou uma Era, nos sãos apresentados de seu lado mais evidente (a aparência), ou seja, mais
grosseiro e material, afirmando como causas eficientes de sua determinação algumas das famo-
sas “variáveis dinâmicas” o que só pode fazer-se a custo de cercear as extensões metafísicas que
possui todo fato histórico de acordo com a definição “I”. Vejamos um exemplo desta obstina-
ção racionalista: de nada valeu que o mesmo Alexandre Magno declarasse que iniciava a con-
quista do mundo por conselho de Zeus; para o “historiador” moderno Alexandre, membro da
ESPÉCIE humana e da CIVILIZAÇÃO grega, pertenceu à CLASSE dos militares, ao GÊ-
NERO dos conquistadores e ao GRUPO dos crentes; Zeus, por outra parte, é tão somente
uma deidade que integra o CONJUNTO dos mitos gregos. Se refletirmos sobre a atitude “ci-
entífica” adotada ao apresentar um fato histórico classificado “por partes” comprovaremos que
o mesmo foi tomado como “objeto de observação” e, portanto confundido com um “fato
natural”, tal como um eclipse ou a migração anual das andorinhas, ou seja, com sucessos de
cujas determinações o homem está absolutamente excluído. Sigamos os passos que deu o “his-
toriador” moderno. Primeiro se enquadra um fato da vida de Alexandre Magno (sua decisão de
conquistar o mundo a instâncias de Zeus), na categoria dos “casus belli, casus dementiae”, ou
seja, “ato de guerra, ato de loucura”, depois se procede a desintegrá-lo separando suas partes às
que se classificará uma por uma de acordo a pautas taxonômicas, enclausurando-as em conjun-
tos, classes, grupos, etc.; finalmente se consegue reconstruir o fato em base àquelas partes que
o critério oficial considera mais importantes ou representativas (se elabora uma autêntica teoria)
e se apresenta ao público para seu consumo. Tal como anunciamos se comprova que depois da
operação historiográfica somente se nos mostra um aspecto parcial do fenômeno; mas este
aspecto é o mais mísero porque descreve ao fato desconectado de seu motor metafísico, Zeus,
quem no século IV a.C. era um arquétipo dominante, um Deus, e não um mero “mito”.
Temos demonstrado, assim, a insuficiência dos métodos modernos, racionalistas, apli-
cados à interpretação do fato histórico e temos denunciado o erro que se comete ao proceder

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a desintegrá-lo analiticamente e a integrá-lo por síntese racional: a investigação do fato histórico
se encara do mesmo modo objetivo com que se tratam os fatos naturais.
Mas o fato histórico não é como os fatos naturais, a presença objetiva de um processo
evolutivo cujo desenvolvimento o homem só pode assistir na qualidade de observador. O fato
histórico, ainda naqueles que tenham ocorrido há milhões de anos, o homem, de qualquer
época, é sempre “sujeito” PORQUE O FATO HISTÓRICO É, ANTES DE TUDO, UM
FATO CULTURAL. Esta identidade é tremendamente importante, pois fundamenta a superi-
oridade das definições “I”, “lI” y “III” sobre o conceito moderno de “Idade” baseado em aná-
lise racional dos fatos históricos.
Esta “análise racional”, consistente em decompor os fenômenos em aspectos eminentes
para depois “compreendê-los” numa teoria, não é própria do pasu. Observemos que, segundo
se estudou na primeira parte, a razão pura opera sobre o desígnio dos entes sem decompô-los
em nenhum momento: a primeira operação “descobre” o desígnio e a segunda operação o
“interpreta” conformando o esquema, mas tal interpretação não é analítica senão sintética, pois
surge da “aplicação” do desígnio sobre a memória arquetípica. A chamada “análise racional”
não é efetuada pelo “sujeito racional” ou “razão”, senão pelo sujeito cultural, operando com
premissas culturais e princípios matemáticos, elaborando “modelos” culturais dos entes que só
são “conceitos”, ou seja, aspectos do esquema ou verdade dos entes. Por “análise racional”
caberia denominá-la, pois, mais propriamente como “análise cultural”. E esta “análise cultural”,
que nesta época se tem imposto como método cognoscitivo rigoroso, não é, repetimos, próprio
do pasu SENÃO DO VIRYA PERDIDO.
É a partir da mutação genética produzida pela “chave genética” dos Siddhas Traidores
que se abre a possibilidade de uma interpretação equivocada e ANTINATURAL da realidade.
O pasu podia, em verdade, interpretar um desígnio de maneira deficiente ou primitiva, mas tal
apreensão do ente jamais poderia ser “antinatural”, oposta ao sentido evolutivo e progressivo
dos processos entelequiais arquetípicos. Só a intervenção dos Espíritos Hiperbóreos encadea-
dos, pela “hostilidade essencial” que de uma maneira ou de outra sempre se manifesta sobre o
Eu perdido, introduziu A DÚVIDA SOBRE O ENTE, a desconfiança sobre sua verdade; vale
dizer, no Eu perdido de todo virya sempre existe um reflexo luciférico do Espírito que acaba
duvidando do ente e o submetendo a “analise cultural”. Mas o espírito aprisionado é necessário
para acelerar a evolução da esfera de consciência do pasu, para cumprir com a finalidade im-
posta pelo Demiurgo ao homem de ser positor de sentido no mundo, criador de culturas exte-
riores. Sendo impossível impedir, nesta evolução, a tendência analítica imposta pelo Espírito à
alma do pasu, os Siddhas Traidores planejaram uma estratégia dirigida a manter o homem em
confusão QUANDO ALGUM TIPO DE RACIONALISMO LUCIFÉRICO LHE LE-

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VASSE A DUVIDAR DOS ARQUÉTIPOS OU DEUSES E O APROXIMASSE PERI-
GOSAMENTE DA VERDADE DE SUA ORIGEM ETERNA E EXTRATERRESTRE:
daí que a Sabedoria Hiperbórea afirma que a “cultura é uma arma estratégica” para a Sinarquia.
Como efeito estratégico negativo para o Espírito, tal como explicamos nos artigos I, J,
K, L, do inciso “O virya desperto”, se deve considerar o “modelo cultural”, intermediário entre
o Eu perdido e o mundo exterior. E a “análise racional” (ou cultural), as doutrinas sinárquicas,
e o modelo cultural construído com tal análise e em base a tais doutrinas, são a causa do erro
que estamos advertindo na interpretação oficial do fato histórico.
Recordemos a conclusão 7 da alegoria o “Eu prisioneiro”, ou seja, o Eu do virya perdido,
que estudamos na Primeira Parte.


c) A “prisão” é análoga à “estrutura cultural”. Também certas partes da “prisão”,
muralhas, fossos, pontes, etc., são análogos a certas partes da “estrutura cultural”,
isto é, as “premissas culturais preeminentes".

Comentário: Tenha-se presente que, na alegoria, tanto os “guardiões” como a “prisão”


são intermediários entre o prisioneiro e o mundo exterior. Mas os “guardiões” são intermediá-
rios “dinâmicos” (analogamente à “razão” no virya perdido) enquanto que a “prisão” é inter-
mediária “estática” (analogamente à “estrutura cultural” do virya perdido).
Por outra parte, na conclusão 8, se afirmava o seguinte:


c) O "mundo exterior" além da prisão é semelhante ao “mundo exterior” além da
“estrutura cultural” que sujeita ao Eu no virya perdido.

Destas conclusões análogas se desprende a seguinte definição: A “cultura interior” ou


“modelo cultural” é um “mundo intermediário” entre o Eu perdido e a realidade exterior. Mas
tal “mundo” rodeia de tal maneira ao eu perdido que, salvo remontar-se até o SELBST, todos
os caminhos à realidade exterior devem atravessá-lo inevitavelmente; o modelo cultural verda-
deiramente “aprisiona ao Eu perdido dentro das fronteiras de seu ambiente. Por outra parte,
quando o Eu perdido, que está submerso no sujeito consciente, percebe uma representação, ou
seja, se flexiona “até” o objeto mental, ocorre de imediato o “efeito mascarador”: A razão, o

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sujeito racional, reage frente à percepção “como se fosse uma interrogação” e responde medi-
ante uma interpretação racional, analítica, da representação a que se sobrepõe e confunde com
ela.
A razão, como uma sombra, segue ao Eu perdido em todos seus movimentos e tenta
formaliza logicamente sua atividade, analogamente aos guardas da prisão ela é uma intermedia-
ria entre o eu perdido e o mundo exterior. Mas segundo a conclusão 7, a razão é “intermediária
dinâmica”, enquanto que a estrutura cultural é “intermediária estática”. A consciência, ao estar
orientada ao mundo exterior pela mecânica do processo cognoscitivo racional, se situa num
mundo intermediário ao que chamamos “cultura interior” onde todos os objetos de conheci-
mento estão construídos logicamente e são uma mera aproximação racional dos objetos reais
que representam. A maneira de livrar-se do jugo da razão não consiste em “evitar todo movi-
mento psíquico” com o fim de esquivar a resposta racional, tal como propõem os sistemas
contemplativos, senão em tirar a atenção do mundo exterior e reorientá-la a um novo centro,
desde onde o conhecimento se obtenha diretamente do objeto, por revelação gnóstica. A Sa-
bedoria Hiperbórea afirma que “a interrogação é o pior erro estratégico do virya” e recomenda
empregar em seu lugar o princípio gnóstico “conhecer e recordar”; quem interroga habilita a
razão para que o confunda com sua resposta enganosa, em compensação, quem dispões o es-
pírito para recordar, pode chegar a saber tudo por revelação imediata dado que a verdade JÁ
ESTÁ EM SI MESMO.
A estrutura cultural se encontra imersa no inconsciente, como conteúdo da esfera de
sombra. As representações conscientes, ideias com imagem e significado, emanam da estrutura
cultural como efeito da atividade racional e cultural, e emergem à consciência onde se enfrentam
ao Eu perdido. Estas ideias possuem um significado codificado numa linguagem habitual, o
qual é trazido à consciência como proposição racional ou asserção. Todo objeto ideal, repre-
sentação consciente ou fantasia, resulta finalmente “proposta” em alguma linguagem conceitual
como consequência das flexões do Eu, ficando o significado descomposto analiticamente: o
objeto ideal passa a ser, assim, uma reconstrução racional fundada nas premissas culturais pre-
eminentes do “modelo cultural”.
O “modelo cultural” pode ser considerado como o conjunto de premissas culturais com
que o sujeito cultural traduz a estrutura cultural a uma mesma linguagem habitual: o modelo
cultural é, então, um conjunto de conceitos-fatia notados no mesmo plano de significação ou
contexto linguístico. Recordemos que toda linguagem “é a possibilidade de construir um sis-
tema” e que a estrutura cultural habitual, onde estão registrados os sistemas simples, asserções
simples, somas matemáticas, etc., é capaz de expandir-se sobre qualquer esquema da estrutura
cultural e traduzi-lo segundo sua modalidade linguística. É assim que, em potência, o modelo
cultural está presente em todo momento da existência do Eu perdido, pois, à partir de umas
poucas asserções simples, o sujeito cultural é capaz de reconstruir qualquer esquema complexo

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e propor seu significado. (O cárcere-labirinto que sujeita ao Eu perdido adquire proposições
gigantescas, que deixam bem atrás a prisão da alegoria, considerando as infinitas asserções em
que se pode conformar uma Cultura). Entretanto, o homem raras vezes suspeita o enorme
edifício sobre o que se desloca sua consciência quando percorre um trajeto determinado pela
razão como fórmula para conhecer uma coisa, trajeto que, por outra partem é vivenciado como
o conhecimento mesmo da coisa ou confundido com a coisa em si.
No artigo “C” definimos uma “cultura interna”, estática e individual, e uma “cultura
externa”, dinâmica e coletiva. Para a Sabedoria Hiperbórea, que é uma ciência noológica, só é
verdadeira cultura a “cultura interior”. Esta concepção está baseada num ponto de vista mágico-
guerreiro para o qual o mundo exterior é “Maya”, a ilusão do real. A “cultura interior”, susten-
tada pela estrutura cultural do microcosmo, certamente também pertence à ilusão de Maya, mas
num grau menor. Deste modo, partindo de uma valoração ético-noológica cujos fundamentos
serão expostos mais adiantem a Sabedoria Hiperbórea que, NA ilusão, a cultura interna possui
uma existência de grau superior à cultura externa: por isso sua importância estratégica como
objeto de controle, tanto para a Sinarquia como para os Siddhas Leias. A “cultura externa”, tal
como se a define aqui, como uma superestrutura sustentada e animada por um Arquétipo psi-
cóideo, somente existe para o pasu e o virya perdido, QUEM NÃO PODE EVITAR SER
INTEGRADO POR ELA. Porque toda “cultura externa” somente existe PELOS homens que
a criam pondo sentido nos entes e permitindo que o Arquétipo psicóideo se manifeste. Sem o
“homem”, pasu ou virya perdido, não existem objetos culturais e sem objetos culturais não há
cultura; sem o homem não há manifestação do arquétipo psicóideo, ou seja, não há Manifesta-
ção do Demiurgo, nem Evolução para sua Consciência do Sentido do Mundo.
Não é demais repetir que os objetos culturais, ainda aqueles produzidos pelo homem tal
como um garfo ou uma cidade, não significam nada de fora dele e que se a humanidade desa-
parecesse todos os objetos que utiliza o homem deixariam de ser culturais. Por isso seria ridículo
distinguir entre culturas “mortas” ou “vivas” ao referir-se aos rastros exteriores que deixam as
comunidades humanas em seu passo pela História (ou Pré-história), como gostam de chamar
pomposamente os intelectuais à época em que o homem possuía pureza sanguínea e não escre-
via. Há uma só cultura e é estrutural, estática e interior, e existem objetos culturais exteriores,
utilitários ou estéticos, que tem um significado para o homem que os produz e emprega e que
talvez tenham outro sentido para os homens futuros que os encontre e observe. Mas o conjunto
de todos os objetos culturais de uma comunidade humana não constitui sua cultura, não “vi-
vem” nem “morrem”, acompanham a esta enquanto existe e variam se ela evolui ou permane-
cem estáveis se a comunidade se estanca ou morre. Por si mesmos os objetos não dizem nada
e por isso quando um arqueólogo desenterra uma aldeia, de uma comunidade desconhecida,
deve destinar parte de sua própria estrutura cultural para reproduzir INTERIORMENTE a
cultura dos homens que a habitaram. E esta reprodução, de acordo à distância que guarda com

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suas próprias premissas culturais, pode ou não modificar as asserções estruturadas de sua cul-
tura. Não esqueçamos que no contato transcultural entre povos diferentes ocorrem modifica-
ções recíprocas como Grécia-Roma, Espanha-México, etc. Assim que uma quantidade de ob-
jetos culturais enterrados jamais pode ser uma “cultura morta” se os homens se ocupam deles.
E tampouco podem ser tratados como “objetos de observação”, à maneira dos “objetos natu-
rais”, pretendendo desligar-se de seu sentido humano; sentido que tem sido de algum modo
desde o momento que se fixou a atenção neles. Pelo mesmo motivo não é possível objetivar
um fato histórico recorrendo ao artifício de declarar que pertence ao passado e por isso não
nos inclui como sujeitos, posto que os caminhos que percorre o sujeito na estrutura cultural
para compreender o fato fazem desta uma vivência atual que nos afeta e condiciona. Pode ser
que uma insuficiente compreensão do fato histórico mude seu sentido original, sua verdade; é
algo que ocorrerá indefectivelmente, em alguma medida, devido à influência das premissas cul-
turais preeminentes. Mas o fato histórico sempre nos afetará em seu caráter de “fato cultural”,
de fatura humana, e como tal nos envolverá como sujeitos de seu drama desde o mesmo mo-
mento que refletirmos nele, voltaremos sobre ele, sobre o duplo caráter de fato “histórico” e
“cultural”.
Devemos destacar, por último, que o processo cognoscitivo-racional que temos exposto
até aqui impede a apreensão completa de qualquer fato cultural ou fenômeno dado que, do
mesmo, o Eu perdido somente obterá uma reconstrução cultural, ou seja, uma síntese racional.
Na maior parte dos casos o processo se desenvolve inconscientemente e não se adverte que o
Eu perdido está tratando com imagens sintéticas, conformadas arquetipicamente pelas asser-
ções da estrutura cultural, que somente guardam uma relativa semelhança com o objeto de
referência. Mas quando se tenta “investigar” um fato natural, por exemplo: um fenômeno, en-
tão as dificuldades saltam à vista e se torna evidente a insuficiência racional. Partes destas difi-
culdades já foram consideradas, agora completamos o conceito.
A razão “conhece” por um processo dialético; seus meios são: a análise e a síntese; ou
seja, a decomposição e a reconstrução do objeto sob observação. Por muitos motivos, que seria
longo expressar aqui, entre os que se contam a insuficiência sensorial e um deficiente desenvol-
vimento biológico da memória arquetípica, A RAZÃO ATUA COM MAIOR PRECISÃO
NA DECOMPOSIÇÃO QUE NA RECOMPOSIÇÃO. Já criticamos a descrição qualitativa
e a qualificamos como insuficiente para apreender a verdade do objeto concreto enquanto to-
talidade, ou seja, seu ser. Consideremos agora a mais precisa descrição possível de um fenô-
meno que É dado efetuar por meios racionais. Teoricamente se pode descrever completamente
um fenômeno, desde o ponto de vista físico-matemático, estabelecendo um sistema de equa-
ções diferenciais tal que cada equação contenha uma variável principal ligada algebricamente a
todas as outras variáveis e expresse “o comportamento” no tempo de uma magnitude principal
na função de todas as outras magnitudes. (Este exemplo pode ser discutido, mas isso não lhe

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tira seu mérito didático importante aqui, já que desejamos mostrar com clareza a insuficiência
do método cognoscitivo racional, e tratamos de fazê-lo brevemente. Não ignoramos a objeção
de Heisenberg (incertezas) nem outras pelo estilo, as que não obstante podem salvar-se empre-
gando matemáticas diretas). Mas, tal como dissemos, é mais fácil desintegrar que integrar: não
há maneira de integrar todas as equações diferenciais que descrevem um fenômeno e reduzi-las
a UMA SÓ FÓRMULA que permita chegar a uma visão completa do mesmo. O máximo que
se consegue é ordenar as equações NUMA ESTRUTURA ALGÉBRICA que não é mais nem
menos que a FORMA ABSTRATA DA ESTRUTURA CULTURAL do fenômeno, ou seja,
uma estrutura cultural (subestrutura) representativa do fenômeno na qual as asserções foram
empregadas por variáveis matemáticas e as premissas culturais preeminentes por equações di-
ferenciais. O problema é que ninguém pode conter em sua estrutura cultural uma estrutura
matemática de infinitas equações diferenciais: e este sistema se necessita para descrever UM SÓ
FENÔMENO! Nem os maiores matemáticos conseguiram outra coisa que intuir, em raros e
fugazes êxtases, a representação de algumas estruturas matemáticas de menor complexidade à
que temos considerado.
Comprova-se, assim, a impotência de todo método racional como via para conhecer a
realidade: se não é possível apreender um fenômeno, nem que transformado numa estrutura
matemática equivalente, muito menos se conseguirá quando se parte de umas poucas qualidades
para reconstruir o objeto original. Mas, o que é pior, o método analítico pode aplicar-se para
algo mais que investigar fenômenos: em efeito, tal como o denunciamos oportunamente não
se pode distinguir um fato histórico de um fato natural e, portanto se pretende “investigar” ao
fato histórico, racionalmente, separando suas partes por análise e depois sintetizando “a pia-
cere” os sucessos passados para apresentar uma trama intencionada e minuciosamente falsa do
fato real. E esta atitude é a maior aberração, agora podemos compreender, posto que o fato
histórico seja também um fato natural, a saber, um objeto exterior ESSENCIALMENTE ES-
TRUTURADO, contra o qual não é possível empregar as ferramentas de análise e da síntese
para compreender sua realidade.
Todo objeto cultural é parte da estrutura cultural e, num grau menor, também uma es-
trutura. Não ocorre o mesmo com os objetos naturais, dos quais se nos escapa sua gênese e seu
processo, e sobre os quais muitas vezes não resulta claro decidir se sua forma está sustentada
por uma estrutura ou outro tipo de organização ou se, talvez, sua matéria não possui organiza-
ção alguma. Em tais objetos é possível aplicar com certo êxito o método racional, tal como o
demonstra a ciência empírica do ocidente, e extrair conhecimento. Mas um objeto cultural é
essencialmente uma estrutura e como tal não admite em nenhum caso a decomposição de sua
arquitetura.
Numa estrutura cada elemento é interdependente com os outros membros e com a to-
talidade. Por isso não é possível, como seria a pretensão da análise racional, considerar a parte

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separada do todo: pelo contrário, na estrutura, o todo condiciona à parte e determina sua fun-
ção. Um objeto cultural, enquanto estrutura, é uma totalidade somente apreensível como tal.
Mas tal apreensão é perfeitamente possível, a diferença do que ocorre com a estrutura físico-
matemática de um fenômeno, porque todo objeto cultural procede da estrutura cultural, ou
seja, da psique humana.
Todo objeto cultural é, neste sentido, um projeto matemático porque foi projetado, já
estruturado, no mundo desde a estrutura cultural e, igual a esta, construído com asserções sim-
ples e compostas, ou seja, com princípios matemáticos. É assim que os objetos culturais, se
reconhecidos como tais no mundo podem ser apreendidos estruturalmente depois de sua in-
trojeção, mas se, pelo contrário, se tenta decompô-los analiticamente, somente se conseguirá
destruir as estruturas e com isso ignorar definitivamente suas funções.
Bem, um fato histórico é gnosiologicamente, um fato cultural: o fato cultural “par exel-
lence” (Pode-se considerar ao fato histórico como um fato cultural “passado”). Protagonizado
pelos membros de uma comunidade, envolve em seu drama não somente ao universo de obje-
tos culturais exteriores, senão ao próximo, O fato histórico, em seu caráter de fato cultural é,
então, essencialmente estrutural.
Já dissemos que o método analítico é insuficiente para aportar conhecimento certo de
um objeto cultural exterior por sua condição de estrutura e que o mesmo deve ser apreendido
diretamente na estrutura cultural, a qual é interior: pertence à estrutura psíquica. Isto quer dizer
que, se bem a preensão se realiza com referência ao objeto cultural em si, a estrutura cultural
aporta à consciência uma imagem formada com precedência material da exterioridade do ob-
jeto. Um objeto assim apreendido é essencialmente estrutural, por ser cultural, e de nenhum
modo foi dividido pela razão. Ocorre o mesmo com uma estrutura que se compõe de uma
coleção de objetos culturais exteriores: o fato histórico, por exemplo, enquanto fato cultural?
Antes de tudo vejamos a qual classe de estrutura é um fato cultural estabelecendo, para
isso, uma relação de analogia com a estrutura cultural. Comecemos por denominar SUPERES-
TRUTURA à estrutura do fato cultural e consideremos que os “elementos” membros da
mesma consistem em objetos culturais exteriores. O próximo, nela, resulta efetivamente estru-
turado na qualidade de objeto cultural exterior. A superestrutura vem a ser assim, puramente
fática e composta de objetos culturais que cumprem um rol equivalente ao das asserções siste-
máticas da estrutura cultural.
Mas entre a estrutura cultural e a superestrutura do fato cultural não há oposição senão
integração. Em efeito, há dois motivos para isso: por uma parte a superestrutura ultrapassa a
capacidade cognoscitiva do homem enquanto o inclui como membro de seu contexto e, por
outra partem possui a potência suficiente como para captar a estrutura cultural de qualquer
indivíduo e integrá-la em sua própria existência.

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Em outras palavras, o homem, se é protagonista inconsciente, atua como objeto exterior
participando do desenvolvimento do fato cultural, mas enquanto tenta conhecer, e dirige sua
atenção à estrutura dos objetos culturais exteriores, senão à superestrutura do fato, então a es-
trutura cultural enfrenta a superestrutura e a maior potência desta captura àquela “exteriori-
zando-a” também e convertendo-a em sujeito ativo de seu drama.
É impossível, pois, conhecer a forma verdadeira de uma superestrutura e não por limi-
tações da indagação racional precisamente. Mas “a forma” que suporta uma superestrutura é o
“fato cultural” propriamente dito; ao que, e isto o afirmamos novamente, não será possível
apreender COMO OBJETO DE CONHECIMENTO.
Ao fato cultural não é possível apreendê-lo antes de ser apreendido por ele, não é pos-
sível tomá-lo por objeto antes que ele nos inclua como sujeitos de seu drama, Por isso não tem
sentido distinguir “temporalmente” aos fatos culturais pelo grau de potência que possuem para
atuar sobre nós e supor que os fatos passados, a saber, históricos, são passivos e, portanto,
suscetíveis de serem tomados como objetos de estudo ou “investigação”. Todo fato histórico
é atual para quem fixa sua atenção nele, ou seja, para quem enfrenta sua estrutura cultural à
superestrutura do fato.
Temos dito que a superestrutura do fato histórico possui maior potência que a estrutura
cultural do observador e que por isso aquela é sempre atual para esta, capturando-a na qualidade
de sujeito de seu drama. Pode-se perguntar, então, de onde vem, a uma organização externa,
“do mundo”, essa potência tremenda, capaz de integrar ao homem em seu próprio processo?
DOS ARQUÉTIPOS COLETIVOS PSICÓDEOS.
Resposta que nos remete às definições “I”, “II e “III” as quais ampliaremos depois de
considerar os comentários feitos até aqui.

I – A SUPERESTRUTURA DO FATO CULTURAL.

No tomo quinto, cujo conteúdo consiste no inciso “Superestrutura e Registros cultu-


rais”, se realiza um estudo profundo e sistemático das superestruturas. O presente artigo, que
trata sobre aspectos gerais das superestruturas, para complementar os conceitos recentemente
definidos de “cultura exterior”, “Idade”, “fato histórico”, “fato cultural”, etc., pode considerar-
se como uma introdução ao mencionado tomo. Façamos, pois, um resumo das principais con-
clusões obtidas nos artigos anteriores. No artigo “F” demonstramos a maneira arbitrária com
que a Historiografia moderna emprega o vocábulo “Idade”, ao qual se o esvazio de conteúdo
para que sirva ao efeito somente de assinalar os intervalos de tempo em que se divide a História
oficial. No artigo “G” declaramos a intenção de restituir a “Idade” seu antigo sentido e, para
isso, adotamos uma atitude crítica à “mentalidade racionalista”, culpada da maioria dos erros

73
que se cometem quando se tenta conhecer a verdade de um fato histórico. Começamos recor-
dando que na remota antiguidade o conceito de Idade não partia do homem, senão de Deus.
Mas em seguida esclarecemos que os “deuses” antigos, hoje recordados como mitos, são na
realidade Arquétipos exteriores (Psicóideos), ou seja, dominantes em certas épocas para atuar
SOBRE OS HOMENS E SEU MEIO AMBIENTE. Depois postulamos três definições (I, II
e III) das quais, a primeira, dizia: “qualquer circunstância histórica é a manifestação de um Ar-
quétipo psicóideo sobre a humanidade, no marco de uma cultura externa
Para compreender em toda sua profundidade estas definições decidimos demonstrar
que habitualmente se confunde o “fato histórico” com o “fato cultural”, do qual o homem é
alheio: não é possível, dissemos, tornar o “fato histórico” como um mero “fato natural” fazê-
lo “objeto” de investigação. Por quê? Porque o fato histórico inclui ao homem em sua forma
como suporte concreto e não só lhe impede ser “alheio” (com relação ao fato natural) senão
que se manifesta “sempre atual” para sua atenção, independentemente do tempo em que tal
fato tenha ocorrido.
Finalmente retornamos à identidade “fato histórico – fato cultural”, mas comprovando
agora que o fato cultural é ESSENCIALMENTE ESTRUTURADO, com o qual o é também
o fato histórico. Mas o fato cultural é fático e inclui em sua estrutura aos objetos culturais exte-
riores e aos homens que consegue integrar sua potência; é, com toda razão, uma “superestru-
tura”. Por isso perguntávamos: de onde lhe vem a potência que possui, a uma superestrutura
“exterior”, própria do “mundo”? E obtivemos a resposta: dos Arquétipos coletivos psicóideos.
Vamos agora ampliar esta resposta recorrendo à comparação análoga entre a estrutura cultural
e a superestrutura.
Na Primeira Parte, no artigo “O mito e o símbolo sagrado”, vimos que, quando se pro-
duz a emergência do símbolo sagrado, do mito interior, frente ao Eu perdido, aquele “tentará
deslocar seu processo sobre ele, envolvendo-o como ator e não como mero espectador”. Isso
ocorre porque o símbolo sagrado está referido ao sujeito consciente, que é quem sustenta à
fantasia, e porque sua extensão metafísica, sua participação dos Arquétipos universais, lhe asse-
gura suficiente potência como para anestesiar ao sujeito consciente e fagocitá-lo. Se o sujeito
carece de suficiente energia volitiva como para suprimir a retenção o símbolo sagrado, este, qual
verdadeiro Arquétipo, o CAPTURA e o fará objeto de sua manifestação, tentando desenvolver-
se até alcançar a enteléquia. Em resumo, A EMERGÊNCIA DE UM SÍMBOLO SAGRADO
NA CONSCIÊNCIA TENDE A ISOLAR A ATENÇÃO DO EU PERDIDO DURANTE
TODO SEU PROCESSO.
Este processo é semelhante à emergência de um Arquétipo psicóideo no mundo exte-
rior, na esfera de Sentido do Mundo do Demiurgo, acontecimento que se denomina “fato cul-

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tural”. Sinteticamente: a emergência do símbolo sagrado na estrutura psíquica do pasu é seme-
lhante ao fato cultural no mundo exterior. E, do mesmo modo que o símbolo sagrado “tende
a alienar a atenção do Eu perdido durante todo seu processo”, o Arquétipo psicóideo tentará
capturar e integrar ao observador exterior na superestrutura do fato cultural. O fato cultural,
então, é a “forma” que contem a uma superestrutura de objetos culturais e homens.
O Arquétipo da estrutura cultural, o mito interior, possui “potência passiva” e, para
emergir, necessita energia adicional, a qual é aportada pela razão como resposta à reflexão do
Eu perdido; por causa da razão o Arquétipo resulta “desenganchado” da estrutura sêmica do
desígnio, tal como se explicou na Primeira Parte. Analogamente, o Arquétipo psicóideo do
plano arquetípico, o Mito, também dispõe somente de “potência passiva” e requer, para sua
manifestação, de energia adicional, a qual é aportada desde o “inconsciente coletivo universal”,
ou seja, desde o “plano astral profundo” (região B, fig. 39), por toda a comunidade cultural. É
a ação da comunidade, ao dispor como objeto cultural coletivo um signo que representa ao
símbolo sagrado, quem provoca a manifestação e o “desenganchar” do Plano Cósmico no qual
se achava estruturado.
Quando um Arquétipo psicóideo se atualiza numa superestrutura esta não permanece
quieta senão que, pelo contrário, se mostra animada de determinado movimento. A forma, ou
seja, o fato cultural evolui até sua máxima perfeição, que é também o mais aproximado possível
da “forma arquetípica”, por isso chamamos “enteléquia” a “forma final”, que é o Arquétipo
mesmo, até onde tende a evolução do fato. Mas a forma se encontra sustentada pela superes-
trutura, de maneira que é nela, em cada um de seus elementos: objetos culturais e comunidade
humana, que se desenvolve e concreta o Arquétipo psicóideo.
Nesta evolução o Arquétipo põe em jogo uma quantidade enorme de energia, que cons-
titui a “reserva” mesma da comunidade (“energia tomada da “alma coletiva”) e que é transfor-
mada e canalizada na superestrutura.
Entende-se agora porque afirmávamos que a “maior potência” da superestrutura era
capaz de captar a estrutura cultural de um observador e integrá-la a sua própria existência. A
energia que impele o desenvolvimento do fato cultural é de um grau superior ao humano, ou
seja, ao do homem individual, porque sua origem é coletiva, procede dessa “potência maior”
que possui a superestrutura. O fato cultural evolui até sua enteléquia, mas progredindo instante
após instante em distintas realidades concretas. Se um homem “não participa” do fato cultural,
hipótese impossível tal como veremos, e se confronta à sua realidade tomando-a por objeto de
conhecimentos, tentará reduzir racionalmente à realidade concreta abstraindo certas qualidades
eminentes. Já explicamos que não se pode apreender a uma superestrutura, nem a nenhuma
estrutura, empregando o método analítico-racional, indo do consciente ao abstrato. Mas o pro-
blema aqui não é que o homem, “observador” objetivo da superestrutura, obtenha um conceito

75
errôneo da mesma senão que, por esse mesmo ato de observar, se converta num só elemento
a mais da superestrutura, através da qual se canalize o impulso evolutivo do Arquétipo psicói-
deo.
O fato cultural está desenvolvendo impelido por uma grande potência, O NOTE OU
NÃO O OBSERVADOR, e nessa marcha para a enteléquia à superestrutura TOMA O NE-
CESSÁRIO PARA SEU APERFEIÇOAMENTO E RECHAÇA AQUILO QUE LHE É
INÚTIL OU OPOSTO. Salvo o caso do virya desperto, que será rechaçado por sua oposição,
todos os homens SÃO NECESSÁRIOS para a evolução do fato enquanto participam do
mesmo. Mas ser “observador” é já participar, na qualidade de testemunha, e por isso toda a
potência da superestrutura se concentrará para conseguir sua integração. Isso não é difícil, pois
ao “observar” (o fato cultural) confronta-se a estrutura cultural do observador e a superestru-
tura, produzindo o que a Estratégia Psicossocial denomina “CAPTURA”, ou seja, a integração
ao processo evolutivo do fato cultural.
Naturalmente, num fato cultural, participam inconscientemente um ou vários homens,
que são em definitivo de quem se nutre o Arquétipo psicóideo para deslocar-se; aqui não vamos
tratar o caso multitudinário da superestrutura por que o mesmo se estuda com muito detalhe
em nossa obra “Tratado de Estratégia Psicossocial”, dentro da teoria dos fenômenos gregários,
e porque o caso do “observador” capturado pela superestrutura é altamente didático para de-
monstrar a falácia de considerar à “cultura exterior” como “objeto de conhecimento” como
veremos no tomo quinto; a única maneira de obter conhecimento “certo” de uma cultura ex-
terior é consultando os Registros culturais, para o qual é mister dispor da FACULDADE DE
ANAMNÉSIA, uma faculdade própria dos Iniciados Hiperbóreos que a Ordem dos Cavaleiros
Tirodal ensina a desenvolver. O conceito de Registro cultural se explica nos tomos quarto e
quinto.
Por que se produz, pois, a captura? Resposta: porque quando a “razão” do observador
explora a superestrutura descobre nesta as suas próprias projeções, a saber, “vê” no mundo
exterior coisas de seu mundo interior (inconsciente). Mas estas projeções não ocorrem aciden-
talmente senão QUE SÃO BUSCADAS pelo Arquétipo psicóideo dispondo adequadamente
à superestrutura para receber as imagens convenientes. Se o observador crê ver que o fato cul-
tural se desenvolve segundo seus próprios processos interiores se integrará voluntariamente ao
processo exterior ou, o que é o mesmo, debilitará sua vontade de oposição. Perguntaremo-nos:
como é possível que o observador veja aquilo que convém à evolução do Arquétipo psicóideo
e não outra coisa? E trataremos de explicá-lo mediante uma figura metafórica: imaginemos um
mosaico no qual se encontram dispostas, uma junto à outra, sem ordem, as imagens de todas
as pessoas que temos conhecido em nossa vida. Seria, sem dúvida, um quadro enorme, supo-
nhamos de uns mil quadrados. Imaginemos, novamente, que tão enorme mosaico se encontra
verticalmente parado às nossas costas e que não podemos voltar para vê-lo. Somente nos resta

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o recurso de utilizar um pequeno espelho, o que nos devolverá uma porção do mosaico por
este ser demasiado grande e estar muito perto de nós. Bem, dispostas assim as coisas, nos bas-
tará com MODIFICAR A POSIÇÃO DO ESPELHO para obter o reflexo de cada um dos
rostos do mosaico. Mas entre tantas pessoas representadas ali, há algumas que amamos, outras
que odiamos, outras que nos odeiam ou amam, aquelas que nos despertam piedade ou rancor,
etc.; ou seja, as pessoas que temos conhecido em nossa vida não são somente recordações, mas
que, associada à sua imagem, existe uma carga afetiva que é patente pela evocação. Por isso ao
mover o espelhinho vemos um rosto que nos faz sorrir e depois outro que não queremos re-
cordar, e um terceiro pelo qual derramamos uma lágrima, e depois, àquele que nos alegrou e
nos detenhamos longo tempo nele, ou, se ainda não o temos encontrado, moveremos o espe-
lhinho e recorreremos ao mosaico BUSCANDO o rosto mais querido.
Dentro de nós sempre há coisas que queremos ver, sentir ou fazer e outras que tratamos
de negar ou ocultar. Para nos capturar não precisa mais que enfrentar ao reflexo de nossos
próprios desejos. Os Arquétipos Psicóideos “orientam” às superestruturas (como se fossem o
espelho da metáfora) para que reflita aquilo que nós inconscientemente desejamos ver (o pro-
cesso de nossos próprios Arquétipos interiores) ante o qual (como ante os nossos que nos
arrancavam sorrisos e amor) nos detemos LONGO TEMPO CAPTURADOS.
A metáfora nos mostrou de que maneira se INICIA a captura: uma realidade ORIEN-
TADA a refletir as expectativas interiores e as projeções efetivas do observador, posteriormente
a atração das ilusões exteriores que cremos descobrir realizadas no fato cultural. Trata-se, se
bem que o vemos de uma autêntica violação da intimidade psíquica do observador e de sua
posterior submissão ao processo evolutivo da superestrutura, ou seja, ao Grande Engano, a
Maya: “a ilusão”. Por isso dizíamos, páginas atrás, que “a maior potência” da superestrutura
captava a estrutura cultural e a integrava ao seu processo “EXTERIORIZANDO-A”.
Uma vez que o homem foi incorporado ao processo exterior, o Arquétipo psicóideo se
nutrirá de sua própria energia e determinará seu comportamento dentro dos limites formais do
fato cultural.
Quais possibilidades têm o homem de evitar a captura? Muito poucas. No estado de
virya perdido é muito improvável que possa escapar aos processos arquetípicos de que se com-
põe a realidade do mundo exterior. Por isso os Siddhas tratam de despertar a Minne, a memória
de sangue, induzindo a Canção de A-mort, e procuram, por distintos meios estratégicos, des-
truir as superestruturas que incluem as linhagens hiperbóreas em seus processos evolutivos.
Para o Iniciado Hiperbóreo o processo dos Arquétipos psicóideos tem um nome específico:
DRAMA, e sua perfeição final, sua enteléquia, é percebida como uma CATÁSTROFE. Os
viryas perdidos que participam de um fato cultural o fazem na qualidade de atores de um drama
cujo argumento é desconhecido e transcendente. Com outras palavras: a forma do Arquétipo

77
psicóideo cuja manifestação concreta é a superestrutura dos fatos culturais, constitui um “AR-
GUMENTO DRAMÁTICO”.
Já dissemos reiteradas vezes, que não é possível por sob observação objetiva aos fatos
culturais sem correr o risco certo de ser capturados e integrados ao processo da superestrutura
que o sustenta. Agora podemos agregar, dado que temos qualificado ao processo de “dramá-
tico”, que “no fato cultural se desenvolve um drama do qual não é possível ser expectador”.
Em efeito: o Arquétipo se desenvolve na superestrutura e sua potência ponta à entelé-
quia do fato cultural, ou seja, à catástrofe; nesse processo “toma o necessário para alcançar sua
perfeição” incorporando ao drama a todo aquele que se encontre em “RELAÇÃO CULTU-
RAL” com a superestrutura, a saber: a todo aquele que “conheça” aos objetos culturais da su-
perestrutura por identificação com asserções de sua própria estrutura cultural. Este conceito
permite definir um “raio de ação” ou esfera de influência do Arquétipo psicóideo a partir dos
elementos básicos de que se compõe a superestrutura com fato cultural: os “objetos culturais e
o ‘homem” (virya perdido). Ali onde seja reconhecido um “objeto cultural” será sempre um
plano de ação para o Arquétipo psicóideo, quem incorporará ao observador como ator de seu
drama, conformando uma “superestrutura” e formando um “fato cultural”.
Vemos, então, que para o processo de um Arquétipo psicóideo há dispensa temporal:
só se requer objetos culturais e sujeito culturizantes, ou seja, homens providos de uma “estru-
tura cultural” para quem os objetos mencionados sejam identificáveis. Daí que os fatos passados
possam voltar a repetir-se, tornando-se “atuais”, desde o mesmo momento em que se estabe-
lece uma “relação cultural” com um observador, a saber, com alguém que padece a ilusão de
que um fato cultural pode ser objeto de sua observação. Um fato histórico, ou seja, um fato
cultural passado será sempre potente para incorporar a um homem como sujeito de um drama.
Sendo assim, de onde procede a potência necessária para isso?
Temos dito que numa superestrutura, capaz de “capturar” a um homem e incorporá-lo
a seu processo, a potência provém do Arquétipo psicóideo para onde a enteléquia evolui. Mas
uma superestrutura é fática, concreta em cada momento de seu desenvolvimento; a potência
que concede atualidade ao fato cultural se adverte claramente: em troca dramática que se mani-
festa no próximo, ator inconsciente (como nós mesmos) de um argumento transcendente e
inapreensível. Essa potência prodigiosa, que se desenvolve de maneira irresistível como “força
do destino” ou “direção do drama da vida”, é aceitável que proceda de um Arquétipo psicóideo
“dominante” no momento presente já que podemos comprová-lo na “dinâmica do fato cultu-
ral”, “deste” fato cultural no qual estamos incluídos na qualidade de sujeitos ativos. Mas, de um
fato passado, não se adverte com muita evidência como pode haver potência suficiente num
Arquétipo psicóideo “desvalorizado”, transformado em “mito”, para capturar a um observador

78
e incorporá-lo em seu drama. Porém, trata-se de uma ilusão produzida pela excessiva depen-
dência de temporalidade do mundo exterior, pela sincronização dos relógios biológicos do mi-
crocosmo com o tempo do macrocosmo, que se traduz numa artificiosa exaltação do “pre-
sente” como suporte temporal da consciência: daí que o Eu perdido seja sempre “consciência
presente”. Na realidade um Arquétipo psicóideo que foi dominante no passado, e cujo processo
deu lugar a um fato histórico, não se há desvanecido em nada, somente porque tenha alcançado
a enteléquia UMA VEZ na História: pensar isso seria como supor que essa planta de milho,
cuja germinação e crescimento temos observado, não poderá voltar a repetir-se depois que se
tenha esgotado o processo evolutivo. Mas sabemos que não é assim e que, na natureza, a vida
se repete seguindo o ciclo do processo formativo. Nesse sentido os Arquétipos psicóideos de
uma superestrutura não diferem daqueles que sustentam as formas naturais e tanto como outros
tentam CICLICAMENTE manifestar seu processo e evoluir até a concretização da enteléquia.
Um Arquétipo psicóideo nunca morre. Se “desaparece” de vista (ou seja: da consciência
coletiva) isso pode dever-se a duas causas: ou continua atuando efetivamente, mas a nível in-
consciente, ou realmente perdeu efetividade para atuar; este último significa que permanece no
plano arquetípico até o momento em que uma comunidade humana o vitalize e se incorpore a
seu processo. Mas um Arquétipo psicóideo “adormecido”, um mito, é um germe que procura
desenvolver-se em todo tempo e por isso não é possível a contemplação do fato histórico, para
“estudá-lo e conhecê-lo” objetivamente, pois imediatamente nos incorpora como sujeitos de
seu drama. Claro que esta captura não significa que o fato histórico voltará a repetir-se IGUAL
ao momento passado em que ocorreu; para isso faria falta que nada houvesse mudado, por
exemplo, que estivessem ali todos os objetos culturais e o mesmo clímax daquele fato que es-
tamos evocando. Não é assim como se manifesta um Arquétipo psicóideo. Da mesma maneira
como nenhum grão de milho é igual ao outro, mas nem por isso deixam de ser milho, as formas
que adquiram os fatos produzidos pelo mesmo Arquétipo, em distintas épocas históricas, ad-
mitem certo grau de variação, não essencial nem estrutural senão formal. A relação cognoscitiva
estabelecida com o Arquétipo psicóideo de um fato histórico, a quando não alcance para que
este se desenvolva totalmente. É SUFICIENTE, entretanto, para que SE DESENVOLVA
EM ALGUMA MEDIDA. E esse desenvolvimento, essa potência que começa a fluir em nós
ao “compreender” a trama dramática do fato histórico, implica a captura e inclusão numa su-
perestrutura, do mesmo modo que se houvéssemos observado um fato cultural aparentemente
“mais atual” ou “presente”.

J – A DUPLA ORIGEM DA “IDADE DO OURO”.

Podemos retomar agora as definições I. II e III. Aplicando os conceitos até aqui se en-
tende melhor que queríamos dizer com I – “qualquer circunstância histórica é a manifestação

79
de um Arquétipo psicóideo sobre a humanidade, no marco de uma cultura externa”. Podería-
mos agregar também: “O fato histórico é a forma que adquire uma superestrutura de homens
e objetos culturais durante sua evolução à enteléquia do Arquétipo psicóideo”. Uma Idade His-
tórica é assim, não um simples período de tempo entre fatos iminentes, tal como o quer a
História oficial, senão “o processo evolutivo do Arquétipo Manu”. Este Arquétipo psicóideo,
que atua sobre toda a humanidade, tardos milhões de anos em desenvolve-se e é a verdadeira
“força da História”, a dinâmica última de todo fato cultural. Sob seu enorme manto se abrigam
outras ordens menores de Arquétipos coletivos. Tais Arquétipos podem manifestar-se em di-
versos fatos, mas TODOS OS FATOS guardam entre si uma relação estrutural chamada MA-
CROESTRUTURA, IDADE ou YUGA. A macroestrutura (de todos os fatos culturais) é uma
forma concreta do Arquétipo Manu.
É tão potente este Arquétipo que o começo e o fim de seu processo vão acompanhados
de tremendas modificações na superfície terrestre e de um “salto evolutivo” nas humanidades
que a povoam. Isto significa que há uma influência TELÚRICA dos Arquétipos psicóideos em
relação com a evolução humana. Porém, essa relação se definirá no tomo décimo segundo,
quando se explicam os conceitos de “micro clima” e “ilha psicóidea”, sem os quais não é pos-
sível compreender o efeito GEO-ONÌRICO que a Terra exerce sobre os distintos grupos ét-
nicos e o porquê das antigas migrações estratégicas dos homens de cro-magnon. Quando ex-
pusemos o “método da chave genética”, empregado pelos Siddhas Traidores para favorecer o
aprisionamento espiritual, dissemos que “ela se baseia no maithuna entre um membro da espé-
cie humana, da qual vão descender os povos e nações, com um Siddha Traidor encarnado num
corpo atualizado do Arquétipo Manu”. Esta afirmação se refere exclusivamente ao método
empregado pelos Siddhas Traidores para “ajustar” geneticamente às distintas raças: para isso
precipitaram a enteléquia de um Arquétipo humano e, encadeando-se momentaneamente nesse
corpo TYPO, se entregam a copular com membros da raça que se pretende “evoluir”, tarefa
pela qual sempre demonstraram sentir especial predileção. Pois bem, nos tomos sexto, sétimo,
oitavo e décimo terceiro, se fornecerá a informação suficiente para que este conceito seja clara-
mente compreendido pelos Eleitos.
Logo, não podemos desenvolver aqui um esquema da Hierarquia Planetária e Solar pela
extensão do texto que isso nos demandaria e porque nosso objetivo é expor a Sabedoria Hiper-
bórea, ou seja, a ciência gnóstica que descobre para o Espírito cativo a maneira de libertar-se
das cadeias materiais, e não perder tempo em comentar a infame obra do Demiurgo. Mas vale
a pena recordar que a Terra forma parte de uma “cadeia evolutiva” igual aos outros planetas do
sistema solar, estando todos incluídos num Plano de Evolução (Colossal Arquétipo (concebido
pelo Demiurgo Solar ou Logos Solar. Contudo, nestes artigos, ao referirmos ao Demiurgo ge-
ralmente o fazemos pensando no Logos Planetário ou Sanat Kumara. Dele dependem os Ma-

80
nus: o “Manu semente” que é a “ideia” da Terra com seus sete reinos, aos quais impele evolu-
tivamente em seu desenvolvimento. Depois está o Manu raiz, que é o Arquétipo de uma hu-
manidade, incluídas suas raças e sub-raças. Também há Arquétipos Manu de uma “raça raiz”,
etc.
Como já temos dito muitas vezes, os Demônios da Hierarquia pretendem que a “evolu-
ção” de acordo ao Plano, produza um inegável progresso nos “egos encarnados”. O cumpri-
mento das pautas arquetípicas é uma verdadeira enteléquia e, por isso, todo homem que passou
certo número de encarnações, submetido às leis cármicas, deve transcender o nível humano e
passar ao “super-humano” ou adaptado, ou seja, a formar parte da Hierarquia. Tal como vere-
mos mais adiante, a Estratégia sinárquica aponta a valorizar o futuro e a obscurecer o passado;
tal objetivo, que em muitos casos se resume em atitudes aparentemente vãs e superficiais, tem
na verdade profundas raízes metafísicas: no futuro estão as enteléquias de todos os Arquétipos
e, por conseguinte, a “perfeição humana” por evolução a um Arquétipo Manu.
Porém, contra esta ideia, desde remotas épocas se opôs o conceito de quem conforme
passavam as Idades, o homem involuia e caia cada vez mais no limo da matéria. Para quem
assim opinava a vida constituía um “drama” e o futuro uma “catástrofe”.
É fácil advertir que semelhante conceito procede da Sabedoria Hiperbórea e que não é
simplesmente uma “ideia contrária” ao Plano de Evolução, senão o produto de perceber gnós-
ticamente, com o sangue, a tragédia dos Espíritos aprisionados à evolução dos Arquétipos psi-
cóideos. Tal percepção corresponde a uma intuição da origem divina do Espírito e à certeza de
que todo tempo posterior representa uma decadência, a perda de um estado de divindade pri-
mordial.
Este conceito de “queda” espiritual e “perda” da divindade é notadamente hiperbóreo
e muito antigo. Mas, com o correr dos milênios, tal conceito se tornou exotérico e deu lugar a
distintas figuras mitológicas nas quais se reconhece claramente, não obstante, à antiga percepção
da Origem primordial. A principal destas figuras é a “Idade de Ouro” onde o “Espírito Eterno”
foi humanizado e se o tem imaginado habitando um Paraíso ou Éden. Mas ainda assim, com
todo o exotérico que esta imagem apresente se trata do antigo conceito hiperbóreo e como tal
deve ser reconhecido. Posteriores degradações conceberam quatro “Idades”, cada uma mais
decadente que a anterior, tal como pode ler-se nos principais clássicos gregos (Homero, Hesí-
odo, etc.). O poeta Ovídio, que viveu numa época tardia (43 A.C. - 17 D.C.), recolheu da tradi-
ção grega o seguinte:

AS QUATRO IDADES

81
“A primeira de todas foi a IDADE DO OURO, a qual sem coação, sem lei, praticava
por si mesma a fé e a justiça. Se ignorava o castigo e o medo, e não se viam gravadas em público,
em bronze, para serem lidas, palavras ameaçadoras e a multidão suplicante não tremia ante a
presença de seu juiz, senão que estava segura sem defensor. Todavia não havia sido cortado o
pino em suas montanhas e não havia descendido à líquida planície para visitar um mundo es-
trangeiro e os mortais não haviam conhecido outros litorais que os de seu país.
Todavia não circundavam as cidades os profundos fossos, não havia largos trompetes
nem cornos de bronze curvado, nem cascos, nem espadas sem necessidade de soldados, as
nações passavam seguras seus ócios agradáveis. A mesma terra, livre de toda carga, não fendia
pela enxada nem ferida pelo arado, dava por si mesma de tudo, e contente dos alimentos que
produzia sem que nada a obrigasse, os homens recolhiam os medronhos, morangos silvestres,
frutos de arbustos, amoras que se aas sarças espinhosas e bolotas que haviam caído da copa da
árvore de Júpiter. A primavera era eterna e os aprazíveis Céfiros acariciavam com seus frescos
sopros às flores nascidas sem semente. Também a terra que não havia sido lavrada produzia
searas e o campo sem ser cultivado se cobria de grávidas espigas; emanavam já rios de leite, rios
de néctar e da verde azinheira ia destilando-se o dourado mel”.
“Depois de que o mundo esteve sob o governo de Júpiter uma vez que Saturno foi
enviado ao tenebroso Tártaro, chegou a IDADE DE PRATA, inferior à de Ouro, mas maior
que a do amarelado bronze. Júpiter encurtou o tempo da antiga primavera e, por meio do in-
verno, o verão, o inconstante outono e a encurtada primavera, dividiu o ano em quatro estações.
Então, pela primeira vez, abrasou o ar impregnado de fogo e o gelo, endurecido pelos ventos,
ficou em suspenso. Então, pela primeira vez, os homens entraram em suas casas, essas casas
foram umas grutas de espessa folhagem e ramos entrelaçados com cascas. Foi também então
quando as sementes de Ceres se introduziram nos largos sulcos e os bois gemeram sob o peso
do jugo”.
“Depois desta, chegou a terceira, a IDADE DE BRONZE, mais feroz em suas condi-
ções naturais e mais inclinada aos terríveis combates, não sendo, porém, perversa”.
“A última foi a que teve a dureza do ferro; nesta Era de um metal tão vil apareceu toda
classe de crimes, fugiram o pudor, a verdade e a boa fé e ocuparam seu lugar a fraude, a perfídia,
a traição, a violência e a paixão desenfreada das riquezas. O marujo entregava as velas ao vento
que ainda não conhecia suficientemente e as madeiras dos navios, que durante tempos haviam
estado nas alturas dos montes, se lançaram às águas desconhecidas e o canto agrimensor assi-
nalou limites longos à terra, antes comum, como a luz do sol e os ares. E não somente se exigia
à fecunda terra as colheitas e alimentos devidos, senão que se penetrou em suas entranhas e se
arrancaram os tesouros que excitavam todos os males, que ela havia sepultado e havia ocultado
na sombra da Estígia. E já havia aparecido o daninho ferro e o ouro, muito mais que o ferro;

82
aparece a guerra, que luta com cada um dos dois, e com sua mão ensanguentada agita as resso-
nantes armas. Vive-se da rapina, o anfitrião não está seguro de seu hóspede nem o sogro do
genro; também é rara a concórdia entre os irmãos. O esposo trama a perdição da esposa e esta
a de seu marido; as terríveis madrastas mesclam insidiosos venenos; os filhos, antes do tempo,
se informa sobre a idade do pai. Jaz por ele somente a piedade vencida e a donzela Ástrea, a
última dos imortais, abandona a terra empapada em sangue”.
Neste relato de Ovídio, e em outros similares, se quis ver a recordação da pré-história
humana e a confirmação das glaciações o que não está de todo errado. Mas, sob o manto de
mitos e lendas, adverte-se nitidamente o conceito apontado: ao princípio uma Idade de Ouro,
que é uma ideia degradada da “Origem”, e depois três “Idades”, de Prata, de Bronze e de Ferro,
nas quais o homem acentua cada vez mais sua decadência espiritual. E este conceito, subjacente
sob a máscara do mito, é notadamente hiperbóreo, tal como dissemos.
Na índia, tão castigada culturalmente pelos “Mestres da Sabedoria” de Chang Shambala,
se deu uma solução à queda evidente da humanidade no materialismo mediante a incorporação
das quatro idades em seus eternos ciclos de retorno. As “Idades” são SATYA YUGA (Idade
de Ouro), TRETA YUGA (de Prata), DVAPARA YUGA (de bronze) e KALY YUGA (de
Ferro); claro que estes quatro “YUGAS” ou “IDADES” formam um CHATUR YUGA, o
qual volta a repetir-se eternamente nos distintos manvantaras ou períodos de manifestação do
Demiurgo. A “queda” está aqui justificada para facilitar novos “ascensos” cármicos dentro do
sinistro Plano de Evolução, o qual tem sua expressão concreta nos Manus ou Arquétipos psi-
cóideos de Chang Shambala, que tem semeado a confusão nas tradições hiperbóreas dos anti-
gos anos: a “queda” é verdadeira e não existe nenhuma pessoa que tenha sobrevivido às “noi-
tes” que seguem aos “Dias de Manifestação”, seja Yugas ou manvantaras, quando o Demiurgo,
qual monstro horripilante, reabsorve em sua substância à famosa “criação material”.
Para nós terá particular importância o conceito de Kaly Yuga, equivalente esotérico da
Idade de Ferro egeia, ao que vamos expor, no tomo décimo segundo de acordo à Sabedoria
Hiperbórea. Somente agregaremos aqui, duas palavras sobre a “Idade de Ouro”.
Segundo dissemos, a “idade de Ouro” é uma figura exotérica fundada sobre a percepção
da Origem hiperbórea do espírito. Mas quiçá convenha esclarecer por que nas distintas civiliza-
ções sempre aparece vinculado com tal imitação da “Origem”, que é uma ideia transcendente,
a imagem do “paraíso terreno”, que é uma ideia imanente. Por exemplo, na Epopeia de Gilga-
mesh se descreve um paraíso habitado por Enkidu; e o mesmo é o “jardim da Hespérides” ou
os “Campos Elíseos” nos mitos gregos, sem citar a Bíblia ou a Aryana Vaiji, o paraíso dos parsis,
etc. Aqui deve adotar-se o seguinte critério hiperbóreo: 1º: a “queda” do homem primordial, e
todos os mitos que aludam a ela, se refletem de maneira distorcida ao aprisionamento do Espí-
rito Eterno à matéria; seu aprisionamento e escravidão à obra do Demiurgo. Há, então, uma

83
referência velada à “Origem”.
2º. O “paraíso terrestre” É UMA RECORDAÇÃO DO PASU. Em efeito, quando os
Siddhas ingressam ao Sistema Solar encontram na Terra a um hominídeo, antepassado do pasu,
que era tudo o que o Demiurgo e seus devas haviam conseguido depois de milhões de anos de
“encarnação evolutiva” do Manu. Mas esta criatura miserável, que talvez por isso não evoluísse,
encontrava-se num verdadeiro “paraíso”, desfrutando feliz e aos cuidados dos Devas. Depois
da Traição dos Siddhas, por causa da chave genética, os pasus começaram a “evoluir” mais
depressa devido ao aporte da linhagem hiperbórea e ao aprisionamento dos Espíritos vindos
de Vênus. Entretanto em suas memórias genéticas se conservou a memória daquela Era de
completa felicidade e total idiotice. Segundo afirmávamos anteriormente “o Espírito Hiperbó-
reo é necessário nos Planos do Demiurgo porque é criador de cultura”: basta observar a riqueza
qualitativa e formal dos mitos da Idade do Ouro para comprová-lo. Em tais híbridos culturais
as imagens primitivas, animais, do pasu, se foram vistos transformadas até adotar uma forma
“mítica”, ou seja, arquetípica graças a sua “adaptação” às pautas superiores da Raça Hiperbórea.
Somente assim pode haver “evolução” quando uma estrutura é capaz de conter asserções (sím-
bolos) que tornem possível o processo dos Arquétipos Psicóideos. Nos “mitos” da Idade de
Ouro, melhor que em nenhum outro, poderá comprovar-se esse duplo conteúdo, que é à base
da “cultura” (e a prova da Traição dos Siddhas da Face Tenebrosa): uma recordação genética
do pasu (o “paraíso terrestre”) e uma recordação de sangue do Espírito hiperbóreo (a “Origem
divina”); sua “combinação” dos distintos mitos sobre a Idade de Ouro.

K – A SITUAÇÃO ATUAL DO VIRYA PERDIDO.

Na Primeira Parte estudamos o duplo objetivo da finalidade do pasu: o “microcosmo”


tende a desenvolver a esfera de consciência do pasu, pois com isso se assegura “o objetivo
macrocósmico”, o qual se propõe “por sentido nos entes, produzir culturas que conservem o
sentido ôntico” Com referência ao objetivo microcósmico, avançamos bastante na descrição
da esfera de consciência e do sujeito consciente, e demonstramos que o Eu perdido é alheio ao
pasu, que sua presença na entranha da consciência obedece ao aprisionamento do Espírito.
Expusemos assim o que é um pasu e o que é um virya perdido, e mostramos como este, por
sua confusão estratégica, se entrega habitualmente a cumprir com o objetivo microcósmico da
finalidade do pasu. Sobre o objetivo macrocósmico, não obstante havemos referido a ele cons-
tantemente não adiantamos grande coisa em sua elucidação por carecer dos conceitos micro-
cósmicos complementares, necessários para questionar devidamente o problema. Mas tais con-
ceitos foram em grande medida definidos neste inciso, mediante a aplicação do método com-
parativo entre micro e macrocosmo. Estamos agora, pois, em atitude de situar ao virya perdido
no mundo exterior, de comprovar seu comportamento no seio de culturas feitas à medida do

84
objetivo macrocósmico da finalidade do pasu. E esta possibilidade é importante porque tais são
as “determinações imediatas” que condicionam ao virya perdido em sua atualidade mundana:
do seio dessas culturas, do coração de uma sociedade sinarquizada e judaizada, há de partir o
virya perdido em busca de sua libertação espiritual. Por isso “o despertar” que aqui propomos,
baseado numa “mudança permanente de atitude do Eu perdido”, ou seja, numa “mudança
interior”, requer também para que seja efetivo, uma correspondente “atitude exterior”, atitude
que somente poderá adaptar-se se compreender cabalmente o objetivo macrocósmico, se apre-
ciar com exatidão “a situação atual do virya perdido”, ou seja, falando uma linguagem franca,
“Se o virya entende em que está metido”. Entre os “viryas perdidos”, encontram-se os Eleitos
da Ordem dos Cavaleiros Tirodal.
Para validar em termos gerais a situação atual de um virya perdido há que se considerar
que o mesmo se encontra habitualmente integrado em várias superestruturas: esta consideração
é sempre válida salvo o caso no qual o virya participa de uma Mística racial. A principal é a
SUPERESTRUTURA DO FATO FAMILIAR da qual quase ninguém escapa; no tomo nono
se exporá um método individual, denominado Prova de Família, que permite validar a cada um
o grau de dependência que p liga ao Arquétipo familiar e lhe indica se se encontra em atitude
de optar por uma via tântrica de libertação.
Além de, com segurança, desta, o virya pode estar integrado em muitas outras superes-
truturas de fatos culturais, às quais deverá observar e compreender para desencadear-se ou evi-
tar a captura. Naturalmente, o virya perdido é cético, crê ser livre e nega ou desconhece a exis-
tência das superestruturas: por isso aceitar sua existência, ainda que somente se conte com uma
intuição, é já um primeiro passo gnóstico. E é importante entender isto: quem aceita a existência
das superestruturas, e luta por compreendê-las e evitar ser capturado por elas, NA REALI-
DADE ESTÁ SE LIBERTANDO DO KARMA. Em verdade as superestruturas constituem
a trama dramática do Carma: A INTEGRAÇÃO DO VIRYA NUMA SUPERESTRUTURA
COMPENSA DRAMATICAMENTE, NO ATO, CERTOS DESEQUILÍBRIOS ARQUE-
TÍPICOS CAUSAADOS POR FATOS PASSADOS; TAL COMPENSAÇÃO ENERGÉ-
TICA, QUE É VIVENCIADA COMO DRAMATICA, DENOMINA-SE '“KARMICA”. É
a “reação” do mundo exterior, mediante sua captura e integração dramática numa superestru-
tura por uma “ação” passada protagonizada pelo virya.
Daí que a verdadeira liberdade, a autonomia ôntica, se obtenha só ao aceitar a existência
das superestruturas e não ao negá-las presunçosamente ou ignorá-las. Mas, que não só aceita
também conhece e estuda as superestruturas vai a caminho de converter-se em virya desperto,
pois tal compreensão lhe obrigará a manter um permanente estado de alerta e a desenvolver
uma Estratégia para evitar a captura. E, na medida em que se livra dos Arquétipos psicóideos,
que adquire autonomia ôntica, liberdade exterior, o Eu perdido se irá reorientando estrategica-
mente ao selbst: então se fará patente a possibilidade do desencadeamento espiritual.

85
Mas tal atitude exterior resulta a evitar a ação das superestruturas, somente pode provir
de quem primeiro adotou uma atitude interior “graciosa luciférica”, pois somente assim é pos-
sível dispor de suficiente energia volitiva para resistir à pressão do mundo exterior, a força do
Grande Engano, a potência do Terrível Segredo de Maya.
Resumindo, a situação atual, característica, do virya perdido é a integração nas superes-
truturas de fatos culturais. Incorporado dramaticamente na trama exterior o virya cumpre em
grau sumo com o objetivo macrocósmico da finalidade, pois o sentido que ele põe no mundo
é o que mais aprecia o Demiurgo. Em outras palavras, em sua atuação dramática o virya ex-
pressa um sentido INTENSO, que tem a dimensão da DOR, e que se compõe na realidade de
duas forças denominadas AMOR E ÓDIO: A DOR, que o virya põe num fato cultural que o
inclui dramaticamente, É SEMELHANTE À PRIMEIRA INTENÇÃO QUE DIRIGE A
UM SÍMBOLO “I” À CONSCIÊNCIA (ver figuras 21, 22 e 23). Num símbolo emergente I
existe uma “referência a si mesmo” que o dirige ao umbral de consciência, mas, segundo se
observa na fig. 23 (a), tal referência, ou primeira intenção, se compõe por sua vez de duas refe-
rências básicas: uma emocional e outra racional. Num fato cultural ocorre algo semelhante, pois
A “DOR”, POSTA EM JOGO POR TODOS OS HOMENS QUE INTEGRAM SUA
TRAMA, “DIRIGE” O SENTIDO DO DRAMA AO UMBRAL DO SENTIDO, DE
ONDE O FATO CULTURAL HÁ DE EER COMO “SENTIDO DO MUNDO” OU RE-
PRESENTAÇÃO CONSCIENTE MACROCÓSMICA. Mas esta dor, que dá direção ao fato
cultural, se compõe de duas referências básica (na realidade são sete), uma emocional (ódio) e
outra racional (amor), analogamente à primeira intenção do símbolo emergente.
No artigo “C” nos perguntávamos: Que sucesso do mundo exterior é semelhante a um
“relevo” no horizonte da significação contínua? Resposta: quando um sucesso se destaca niti-
damente no contínuo transcorrer da História se diz que o mesmo constitui um fato histórico,
ou seja, um fato cultural passado; o fato histórico ou cultural, na estrutura da cultura externa, é
análogo à manifestação de um relevo I na estrutura cultural. Mas, “sendo que um relevo tal
como I é um símbolo conformado pela manifestação de um ou mais ‘símbolos arquetípicos’,
devemos inferir dele que, tal qual o fato histórico ou cultural é a manifestação de um Arquétipo
psicóideo? Resposta: em efeito, todo fato histórico é a manifestação de um Arquétipo psicói-
deo, o Mito, num espaço cultural determinado”. Agora podemos completar esta analogia agre-
gando que o fato cultural, qual símbolo I emergente na consciência, se DIRIGE à Consciência
do Demiurgo, ou seja, à esfera de Sentido do Mundo (D), guiado por sua PRIMEIRA INTEN-
ÇÃO: A DOR HUMANA. A “dor”, ou primeira intenção, é uma nota energética do fato cul-
tural.
Vemos, pois, que a Consciência do Demiurgo se nutre da dor humana e, o que é mais
espantosa que a dor humana é necessária, ABSOLUTAMENTE NECESSÁRIA, para a pró-

86
pria evolução do Demiurgo: recordemos a conclusão exposta no artigo “D”: “o objetivo ma-
crocósmico da finalidade do pasu, construir culturas externas, por sentido nos entes, CONTRI-
BUI AO DESENVOLVIMENTO EVOLUTIVO DA “CONSCIÊNCIA” DO DEMI-
URGO. Tal Consciência do Demiurgo cresce em função do Sentido do Mundo, pela emergên-
cia significativa dos fatos culturais, analogamente a como a esfera de consciência do pasu cresce
por efeito da emergência das representações conscientes”. Quem compreende essa necessidade
de dor que há na essência do mundo do Demiurgo comprovará que é utópico que algum dia a
dor desaparecerá da vida humana. Pelo contrário, a dor e o sofrimento se irão incrementando
permanentemente, em forma paralela ao progresso cultural. E o Demiurgo, por si mesmo, ja-
mais fará nada para reverter esta SITUAÇÃO ATUAL DO VIRYA PERDIDO.
Mas as culturas humanas, nesta etapa do Kaly Yuga, ou estão já dominadas pela Sinar-
quia ou vão a caminho de estar em breve. E desde tão formidável Concentração de Poder, os
doutrinários liberais, sionistas ou marxistas, anunciam com contagiosa certeza um mundo cada
vez melhor, com maior justiça social, sem classes, sem enfermidades, com paz permanente, etc.
O que cabe esperar de tais promessas? Resposta: Nada. AO fim de alguma variante do Engano,
mas jamais um verdadeiro plano destinado a terminar com a dor, a produzir um estado cons-
tante de alegria social, tal como, por exemplo, o programa Kraft durch Freude (K.d.F.), “Força
pela Alegria” do Terceiro Reich. Mas é natural que assim ocorra, posto que por trás da Sinar-
quia, em qualquer de suas alas táticas, estejam os Siddhas Traidores, ou seja, os responsáveis
extraterrestres do aprisionamento espiritual, que mudaram geneticamente ao animal-homem
para “acelerar sua evolução” e com isso elevaram a níveis incríveis a dor da vida. Eles, e a “raça
Sagrada” hebraica que representa ao Demiurgo sobre a Terra, nunca permitirão que o homem
deixe de sofre, pois a dor que dirige ao Demiurgo o sentido nos entes constitui uma referência
imprescindível para a dinâmica do horroroso Universo material.
Entende-se agora por que a Sabedoria Hiperbórea afirma que a principal fonte de dor
humana, isto é, A POBREZA, jamais será desterrada das comunidades culturais por nenhum
sistema de governo sinárquico e que, pelo contrário, os comunistas, democratas, liberais, sócio
democratas, socialistas, republicanos, democratas-cristãos, etc., farão o possível por aumentá-
la, ainda que dissimulando, claro, seus verdadeiros planos. Somente uma sociedade organizada
carismaticamente em torno de um líder ou Führer, no marco de uma mística, poderá tornar
independentes os carmas coletivos, das superestruturas culturais animadas por Arquétipos psi-
cóideos do Demiurgo, e edificar uma sociedade não fundada sobre a dor de suas bases. Claro
que uma sociedade assim, como o Terceiro Reich, não contribui para nada aos planos da Sinar-
quia e constitui uma afronta para o Demiurgo e sua Raça Sagrada hebreia; uma sociedade assim,
portanto, deve estar bem preparada e disposta para sustentar a inevitável Guerra Total que lhe
travará o Inimigo.
A terrível visão do mundo exterior que aqui mostramos é a que todo virya perdido deve

87
de algum modo vislumbrar. Se não for assim, se o virya crê que o Universo material não é
intrinsecamente mal, ou tem fé em algum dia erradicar o mal do mundo, que acabará a pobreza
e o homem será feliz, isso é sinal de que o véu que cobre seus olhos é demasiado opaco: véu
poético, véu do Engano, véu de Maya, o denomina a Sabedoria Hiperbórea. Com semelhante
véu, o afirmamos enfaticamente, não será possível que o virya se oriente ao selbst: antes se
perderá irremediavelmente no Terrível Segredo de Maya. Mas se o virya compreende o que aqui
dissemos, e o intui certo, então poderá continuar aprofundando na essência do Engano, pro-
curando libertar-se de sua integração à cultura exterior e preparando-se para o desafio do Re-
torno à Origem, o qual será efetuado no Kairos justo, quando o indique a honra de sua vontade
graciosa.
Finalmente, e isso deve ver-se claramente, o “estado atual do virya perdido” é o seguinte:
No interno: possui o “eu perdido” dissolvido no sujeito consciente, ou seja, quase per-
manentemente temporalizado. Porém é capaz de fugazmente intuir ao Espírito, a sua eterni-
dade, a sua infinitude..., e deseja alcançá-la, mas, sem saber onde buscar. Ignora, por suposto,
que a busca do Espírito, que deve começar pelo selbst ou foco de reflexão gnóstica, somente
pode empreender-se com êxito se partir de uma “hostilidade essencial”, e ignora porque a Es-
tratégia sinárquica e a cultura judaica lhe convenceram que “nada há mais oposto ao Espírito”
que “a hostilidade” ou qualquer outra forma de inimizade ou contrariedade à “Obra de Deus”;
vale dizer, ao demente e nefasto Universo do Demiurgo. Por isso, por tal essencial engano, o
virya não encontra habitualmente ao Espírito, já que em lugar de buscar a um Deus, que esse é
seu Espírito Hiperbóreo, se entrega a perseguir uma caricatura com muletas, a vil ilusão de um
espiritozinho doce e assexuado que declama cânticos sagrados em torno do Trono de Jeová.
Esta repugnante criatura espiritual é a que alguns viryas perdidos e outros mentecaptos, creem
ser ou quiseram ser algum dia, “depois da morte”, ou o “Dia do Juízo Final”, etc., Haverá de
convencer aos viryas, pois, que o Espírito Hiperbóreo pertence a uma raça guerreira e que a
hostilidade ao mundo material é a propriedade de sua essência.
No externo: o virya perdido se encontra habitualmente integrado na superestrutura do
fato familiar e participando ativamente nos fatos culturais de distinta classe. Seu estado atual
eterno depende, pois, de acordo a um rigoroso balanço cármico do processo dos Arquétipos
psicóideos que animam as superestruturas. Mas de tais Arquétipos psicóideos, que o mantém
sujeito às superestruturas que eles sustentam como contexto do mundo exterior, o virya perdido
é ignorante, está “como num sonho, ou seja, está dormindo’“ para essas realidades metafísicas.
E para o cúmulo dos males, o sentido que ele expressa no mundo, sentido posto nos entes com
a força da dor, é a luz que ilumina a Consciência do Demiurgo: luz, energia, força externa, que
é também amor, ódio, sofrimento, dor interna, imprescindíveis para que Ele experimente o
prazer do Criador, o gozo que proporciona a “descoberta posterior” da Obra. O virya perdido,
aqui em nada distinto do pasu é quem “valida e valoriza” a obra do Demiurgo, quem põe novo

88
sentido nos entes do mundo ao projetar objetos culturais e construir culturas exteriores; tal
atitude representa o Bem e constitui uma direção, um rumo moral, ao que aponta a evolução:
com a rota assinalada pela dor humana, que é uma intenção subjacente no sentido, a História
progride à enteléquia do Plano cósmico, ao Pralaya, à perfeição final doa Arquétipos que foi
proposta pelo Demiurgo no início do manvantara.
O estado atual do virya perdido, sua situação real, nos mostra que “o despertar”, ou seja,
o passo prévio ao desencadeamento espiritual é uma tarefa externa e interna, um movimento
estratégico de grande precisão, um salto dado com absoluta segurança no Kairos justo. O des-
pertar, assim descrito, é idêntico ao “ato de guerra individual do virya”; um golpe de valor su-
premo que poderá descarregar sobre o Inimigo todo aquele que compreenda, e siga a via da
oposição estratégica explicada neste livro de Fundamentos da Sabedoria Hiperbórea.

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TOMO II:
O SIMBOLO SAGRADO DO PASU

A – ANALOGIA GRÁFICA DA “LEI DA EVOLUÇÃO”

Para evitar toda possível confusão sobre o objeto deste inciso, sintetizado no título da
epígrafe, há de se esclarecer de entrada que o mesmo NÃO SE REFERE A UM SÍMBOLO
EM PARTICULAR QUE PODERIA “SER SAGRADO” PARA O PASU, SENÃO A UM
QUE REPRESENTA AO PRÓPRIO PASI; VALE DIZEER, NÃO UM SÍMBOLO EN-
TRE SÍMBOLOS, MAS UM QUE EXPRESSA AO SI MESMO DO ANIMAL-HOMEM.
Um símbolo tal há de representa a essência do pasu, ou seja, o objetivo micro e macro-
cosmo da finalidade e, por sua vez, há de corresponder de algum modo à essência arquetípica
da supra finalidade dos entes, nos quais o pasu deve descobrir o desígnio e por sentido. E
semelhante símbolo, por último, não há de ser do âmbito da cultura externa, reconhecido e
introjetado na estrutura psíquica como objeto cultural, mas que há de ser capaz de manifestar-
se espontaneamente ao sujeito anímico como puro reflexo interno de si mesmo, semelhante-
mente a essas imagens de um mesmo que aparecem, sem buscá-las, no mundo exterior, na água
de um lago, numa gota de orvalho, num cristal ou no olho de nosso interlocutor. É compreen-
sível, pois, que este símbolo seja muito conhecido e que, por representar ao pasu, sua aparição
na História da cultura seja tanto mais frequente quanto mais retrocedamos no tempo, ou veja,
quanto mais nos acerquemos ao ponto de máxima pureza do pasu, no momento em que se
produziu, no animal-homem, o aprisionamento espiritual. Por isso, na atualidade, não custará
muito ao virya perdido reconhecer neste símbolo à representação de sua herança genética de
animal-homem, a sua “parte pasu”: sendo assim, tão evidente, começaremos diretamente pela
explicação.
Para isso nos serviremos do símbolo auxiliar da figura 40. Suponhamos que os dois
círculos representam os estados, inicial e final, ou entelequial, de um Arquétipo: o círculo maior
corresponde ao SER e o ponto central ao VIR-ASER, ou seja, à finalidade, à perfeição final ou
enteléquia. O processo do Arquétipo, com tal convenção simbólica, somente pode consistir em
uma mudança contínua que transforma ao círculo XX no círculo X‟X‟. Pois bem, a Sabedoria
Hiperbórea assegura que, até a chegada ao Universo material dos Siddhas traidores, o processo

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de TODOS os Arquétipos universais se desenvolvia de acordo a uma mesma Lei, contida no
DESÍGNIO DO CARACOL. Depois do aprisionamento espiritual, este comportamento geral
das leis evolutivas mudou no caso do virya. A nova situação é a seguinte: o Arquétipo universal
do pasu, a saber, o Arquétipo Manu, continua também se desenvolvendo de acordo às leis do
desígnio caracol; em consequência, o fio histórico do sujeito consciente segue uma trajetória
em espiral que, segundo se verá, se denomina CAMINHO DE ELIX; mas o eu perdido, a
expressão do Espírito eterno que se acha submerso no sujeito consciente, se desenvolve desde
a Origem seguindo uma lei paralela e essencialmente diferente ao CAMINHO DE ELIX, co-
nhecida como CAMINHO LABRELIX. Nos próximos artigos deste inciso se irão explicando
tais leis e sua função na técnica do aprisionamento espiritual. Por hora, começaremos a expor
de que maneira o processo do arquétipo XX conduz à enteléquia X‟X‟.

Figura 40

A lei que rege todo processo arquetípico ESTÁ ESCRITA NO DESÍGNIO DO CA-
RACOL e por isso o problema lançado pela figura 40 se resolve simbolicamente mediante a
forma abstrata do caracol, ou seja, mediante A ESPIRAL, tal como se mostra na figura 41;
Porém, isto não significa que todo processo arquetípico há de se desenvolver segundo uma
trajetória em forma de espiral, pois, NO DESÍGNIO DO CARACOL, na série de arquétipo
que constitui seu plano, existem muitas outras formas de desdobramento entelequial; distintas
da espiral, mas LIGADAS HARMONICAMENTE A ELA. De qualquer maneira a forma
perfeita da lei implica que o Arquétipo XX há de tender à enteléquia X‟X‟ efetuando um mo-
vimento em espiral. Com outras palavras> o Arquétipo XX, a impulso de sua potência forma-
tiva, se desdobra continuamente e tende a uma perfeição final; O MOVIMENTO CONTÍI-
NUO EM QUE CONSISTE O PROCESSO SE CARACTERIZA PORQUE O ARQUÉ-
TIPO VAI GIRANDO PERMANENTEMENTE EM TORNO DA ENTELEQUIA,
ACERCANDO-SE VOLTA APÓS VOLTA, UM POUCO MAIS A SUA PERFEIÇÃO. E
tal movimento “entelequial” pode representar-se, ao final do processo, mediante uma espiral
que uma ao círculo XX com o ponto central X‟X‟, tal como se vê na figura 41.
O fato de que ali se encontra desenhada uma espiral logarítmica não tem um significado
particular, pois poderia ter-se utilizado o mesmo fim qualquer outra espiral notável, algumas

92
das quais estão representadas analiticamente na figura 42, ou uma espiral “natural”, semelhante
à do caracol “náutico” da Era secundária, cujo desenvolvimento se baseia na série de Fibonacci.
Na figura 43 pode observar-se ao náutico, esse digno contemporâneo do pasu primitivo, num
corte que mostra a espiral do caracol.

6
Figura 41

B – A ESPIRAL, SÍMBOLO SAGRADO.

Deixando de lado, pois, qual foi o tipo mais adequado para representar o processo do
Arquétipo XX, o importante aqui é convir no fato essencial de que o processo se desenvolve
segundo um movimento espireforme. E este fato há de ser considerado de máxima importância
porque o “símbolo sagrado do pasu” é em tudo semelhante à figura 41. Mas vale a pena repetir,
este símbolo sagrado só representou ao pasu ATÉ O MOMENTO DO APRISIONA-
MENTO ESPIRITUAL; a partir de então a evolução do virya se desenvolve segundo uma
dupla lei, ELIX-LABRELIX, denominada “cármica” pelos Siddhas Traidores.
Sobre o “símbolo sagrado do pasu” há muito a ser dito ainda, mas antes de seguir con-
vém esclarecer as denominações que recebem correntemente os elementos da figura 41, a qual
representa dito símbolo, O círculo exterior é análogo a um Arquétipo XX no instante de sua
manifestação: representa o giro circular, perfeito, mas potencial, em torno da enteléquia X‟X‟;
o círculo XX representa, portanto, também a “esfera de consciência” do pasu da qual gira ao
princípio em torno do centro de si mesmo.

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7
Figura 42

8
Figura 43

94
A enteléquia X‟X‟, então, é a perfeição final do Arquétipo XX e corresponde analoga-
mente ao “centro de si mesmo” do pasu. Temos agora a espiral, que representa o movimento
realizado pelo Arquétipo XX para aproximar-se continuamente a sua enteléquia X‟X‟: a espiral,
definida como função do movimento arquetípico, denomina-se LEI DE EVOLUÇÃO AR-
QUETÍPICA. E voltando às analogias que guarda a figura 41 com a estrutura psíquica do pasu
figura 11b, podemos inferir que A ESFERA DE CONSCIÊNCIA (círculo xx) TENDE AO
CENTRO DE SI MESMO (círculo x‟x‟) MEDIANTE A LEI DA EVOLUÇÃO (espiral).
Comprovamos assim, que o símbolo da figura 41 cumpre com os requisitos propostos
no início: representa a essência do pasu, os objetivos micro e macrocósmicos da finalidade, pois
é a imagem análoga da evolução arquetípica universal, tanto do pasu como de qualquer ente; e
não provém das culturas externas, mas da estrutura cultural, revelando-se ao sujeito consciente
do pasu como verdadeiro símbolo sagrado emergente.

C – O CARACOL E A SERPENTE.

Devemos reiterar que a espiral da figura 41 só representa ao símbolo sagrado do pasu se


seu significado é a antes definida: LEI DA EVOLUÇÃO ARQUETIPICA. Este conceito há
que se ter sempre presente pelo seguinte: UM SÍMBOLO ESPIRIFORME SEMELHANTE
AO DO CARACOL EXISTE NO DESÍGNIO DA SERPENTE; PORÉM, O MESMO
REPRESENTA NÃO A '”LEI DA EVOLUÇÃO ARQUETÍPICA”, QUE REGE A
“ENERGIA PSÍQUICA”, SENÃO À LEI QUE DETERMINA O MOVIMENTO DA
“EMERGIA VITAL” MICRO E MACROCÓSMICA. Ainda que à mentalidade racional e
profana possa parecer assunto da maior trivialidade a possível confusão entre a espiral do cara-
col e a espiral da serpente a Sabedoria Hiperbórea lhe concede grande importância e recomenda
expressamente seu esclarecimento. Como única maneira de evitar a confusão entre dois con-
ceitos e definir corretamente seus significados, dedicaremos este artigo a essa tarefa, pois a pos-
sível confusão do símbolo sagrado do pasu com outro símbolo sagrado tornaria incompreen-
sível a explicação que daremos mais adiante sobre o símbolo sagrado do virya.
O primeiro conceito que devemos definir é o de “POTÊNCIA ASTRAL”, a saber, o
conceito da “potência” do mundo astral macrocósmico. Valeremos nos, para isso, da analogia
que esta representa com a potência microcósmica definida na “expressão energética do pasu”.
Tal expressão dizia:

Potência (W). Tempo Transcendente (TT) = Energia psíquica (EP)


(W.TT)=EP

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A “potência” aqui definida é “o substrato fundamental de todo símbolo psíquico”: “por
ela os símbolos subsistem e se manifestam”. Se na expressão energética despejamos o termo
“potência”, vamos entender com mais clareza as afirmações entre aspas; assim:

W≡(EP/TT)
(5)

Esta nova expressão nos diz que A POTÊNCIA (W). É EQUIVALENTE (=) AO
QUOCIENTE DA ENERGIA PÍQUICA (Ep) PELO TEMPO TRANSCENDENTE (Tt).
É evidente, pois, que o segundo membro de (5), Ep/Tt expressa o ATO da potência. Agora se
entenderão melhor as afirmações anteriores: a potência permite que um símbolo “subsista” em
sua forma (W) e faz possível que se “manifeste” sob sua forma (Ep/Tt), a saber, energetica-
mente: A “MANIFESTAÇÃO” SÊMICA DA POTÊNCIA (W) É SEU “ATO”.

Vale dizer:

SÍMBOLO “SUBSISTENTE” SÍMBOLO “MANIFESTADO”


OU POTENCIAL OU ATUAL
↓ ↓
(W) (EP/TT)

No artigo “D” já havia sido exposta tal conclusão: “os símbolos, do esquema ou Relação,
subsistem sustentados pelo substrato de sua potência (w); se um pensamento menciona a rela-
ção, os símbolos se manifestam com uma determinada energia (Ep/Tt): tal ATIVIDADE é
também produto da potência (w) ”. E mais adiante “quando a potência impele ao símbolo à
esfera de consciência se efetua na realidade sua ATIVIDADE ENERGÉTICA”. Tal energia
(Ep) por outra parte, “se caracteriza pelo „movimento‟” (emergência e processo) “intensidade”
e “direção” (primeira intenção (artigo F).
A “potência” microcósmica (w) que expressa (5) é, como toda precisão, POTÊNCIA
DA ALMA DO PASU, ou seja, POTÊNCIA ANÍMICA DO MICROCOSMO. Mediante tal
“potência” a alma VITALIZA ao organismo microcósmico e ANIMA à estrutura psíquica.
Mais claramente: a potência da alma se manifesta no microcosmo de dois modos principais:
como “energia vital”, para sustentar a vida orgânica, e como “energia psíquica”, para animar as

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estruturas nas quais deve atuar o sujeito.
Como sabemos, o macrocosmo vivente está animado peal Alma do Demiurgo, ou
“anima mundi”, a qual, analogamente, dispõe de uma capacidade POTENCIAL para levar adi-
ante seu Plano: é a POTENCIA ASTRAL, equivalente a potência (w) da alma do pasu. E tal
“potência astral” se manifesta também mediante dois modos principais: como “energia vital do
mundo astral” para sustentar a vida do organismo macrocósmico e como “energia astral” para
animar as superestruturas dos fatos culturais ou das culturas externas. É evidente que a “energia
astral” macrocósmica é análoga à “energia psíquica” (EP) microcósmica, e que a “energia vital”
macrocósmica é análoga à “energia vital” microcósmica. Podemos agora começar a entender a
afirmação inicial deste artigo: o desígnio do caracol expressa a “lei de evolução” que rege a
energia psíquica (E A “ENERGIA ASTRAL” EQUIVALENTE) enquanto que o desígnio da
serpente expressa a lei (ou as leis) que rege a energia vital micro e macrocósmica. Porém, com
estes esclarecimentos não livra a possibilidade de confusão; pelo contrário, o assunto se torna
cada vez mais obscuro r se suscitam justas interrogações: como se deve entender que a lei de
evolução “rege a energia psíquica e a energia astral”? O que significa concretamente que as
“energias vitais” micro e macrocósmicas obedecem à “lei expressa pelo desígnio da serpente”?;
por que tais leis se desprendem de ditos “desígnios” e não de outros?; etc. Somente um exame
a fundo dos conceitos de potência (W) e “potência astral” à luz das correspondências micro e
macrocósmicas, especialmente as expostas no comentário Décimo, nos permitirá encontrar a
resposta.
Comecemos pela esfera de sombra. Em tal “espaço análogo” do microcosmo subsiste
a estrutura cultural e ocorre a emergência dos símbolos referidos a si mesmo a característica
essencial de todo símbolo emergente, segundo vimos na Primeira Partem é a ENERGIA PSÍ-
QUICA. Analogamente à esfera de sombra, regiões (a, b, c) figura 39, no macrocosmo existe o
mundo astral (A, B, C), no qual subsistem as cultuas exteriores e ocorre a emergência dos fatos
culturais referidos ao umbral de sentido. ASSIM, A CARACTERÓSTICA ESSENCIAL DE
TODO FATO CULTURAL É A “ENERGIA ASTRAL”. Mas esta “energia externa”, que
evidentemente é análoga à energia psíquica interna, é uma expressão particular da potência astral
com que o Demiurgo anima o organismo macrocósmico: a “energia astral” que ativa a um fato
cultural é somente uma conformação arquetípica, uma ordenação plasmática, que particulariza
a um setor da totalidade energética do macrocosmo vivente.
Isto quer dizer que, fora da energia astral que ativa a superestrutura do fato cultural,
existem outros aspectos da potência astral do Demiurgo que se manifestam, igualmente, no
mundo astral, ainda que sua função seja animar as distintas estruturas do organismo macrocós-
mico. Mas, segundo sabemos, no microcosmo ocorrem algo semelhante, pois a “energia psí-
quica” é somente uma expressão particularizada da potência da alma do pasu, uma plasmação
arquetípica que dá lugar a todo termo sêmico da esfera de sombra: mas, fora desta potência (w)

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que subjaz em todo símbolo psíquico ou sistema, existem outros aspectos da potência da alma
que se manifestam igualmente na esfera de sombra, ainda que sua função seja animar as distintas
estruturas do organismo microcósmico; por exemplo, é também “de energia” o corpo astral, o
qual possui um “canal ELIX” pelo qual circula a mais sutil espécie de energia 11 astral, qual é a
VOX do logos Kundalini: segundo se explica com todo detalhe em outro inciso, no qual o
corpo astral está plasmado TODA A SÉRIE DE ESQUEMAS DE SI MESMO ANTERIO-
RES, OU SEJA, DESENVOLVIDOS EM OUTRAS VIDAS; tais sistemas se encontram re-
gistrados nos chacras, que se conta por milhões, e a todos os quais une o canal ELIX; nos
chacras, a energia se redemoinha formando um vórtice que transcende e se manifesta funcio-
nalmente no organismo biológico do microcosmo: são os sujeitos irracionais (ver figura 26);
naturalmente, por ocorrer na esfera de sombra, estes fenômenos especiais da potência da alma
permanecem inconscientes, a saber, são invisíveis para o sujeito consciente.
Analogamente, são “inconscientes” aqueles aspectos da potência astral macrocósmica,
fora da “energia astral”, que se manifestam no mundo astral, ou seja, são CULTURALMENTE
INVISÍVEIS. Isso se deve a que tais formas astrais de energia não constituem entes facilmente
perceptíveis para o pasu e, portanto, ao desconhecer seu desígnio, não pode cumprir com o
objetivo macrocósmico de “por sentido”: por isso a macrocósmico de “por sentido”: por isso
a maioria das espécies de “energia vital” que animam as estruturas do macrocosmo vivente:
reinos da natureza, organismo planetário, solar, galáctico, etc., permanecem CULTURAL-
MENTE INVISÍVEIS. Contudo, este conhecimento não está vedado ao pasu e sua ignorância
somente é atribuída por sua falta de evolução. Daí que quando alguns pasus ou viryas perdidos
alcançam certo grau de evolução e descobrem o desígnio de alguma forma de energia ou ente
astral, apesar de pôr sentido não conseguem comunicar estes fatos a seus contemporâneos, para
quem o ente continua sendo invisível; em outras palavras, devido à falta de evolução dos mem-
bros da comunidade, o ente astral recentemente descoberto e projetado, resulta inapreensível e
não pode ser integrado na superestrutura da cultura externa como objeto cultural, Nestes casos
que, laboriosamente, a elite mais evoluída pode organizar uma cultura externa especial denomi-
nada “esotérica” cujo objetivo é sustentar e perpetuar, a todo custo, os conceitos CULTURAL-
MENTE INVISÍVEIS para o resto da comunidade, conceitos aos que também se denomina,
com toda justiça, SÍMBOLOS SAGRADOS. E como não é possível comunicar tais conceitos
a todo mundo, a sociedade esotérica se vê na penosa obrigação de localizar aos membros de
maior evolução e INICIÁ-LOS na compreensão dos símbolos sagrados. Vê-se com clareza,
pois, que os conceitos internos e o sentido externo, ou seja, os objetos culturais, que maneja
uma sociedade esotérica somente são “secretos” por causa da escassa evolução coletiva: porque
os membros da comunidade não poderiam compreendê-los de maneira alguma e, pelo contrá-
rio, se lhes fosse explicado, somente se conseguiria degradar os símbolos sagrados e torná-los
metafisicamente inoperantes.

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O conceito de “potência astral” se encontra em situação semelhante a tais “símbolos
sagrados esotéricos”, pois seu significado é facilmente compreensível: só o entendem com cla-
reza aqueles cujo olhar agudo conseguiu transpassar as trevas do inconsciente coletivo real do
macrocosmo, ou seja, quem se debruçou sobre o Véu de Maya. Sendo que a “potência astral”
se manifesta de dois modos principais, como a energia astral que ativa um fato cultural e como
a energia vital que anima o organismo macrocósmico, seria interessante conhecer o símbolo
sagrado que representa ambos “conceitos esotéricos” e, de ser possível obter alguma explicação
sobre seu significado. Para esta questão, a Sabedoria Hiperbórea aporta duas respostas separa-
das. Resposta um: no primeiro caso, a “energia astral” ativa o fato cultural analogamente a como
a “energia psíquica” ativa a um símbolo I (figura 21), ou seja, FORMALIZANDO SUA ATI-
VIDADE DE ACORDO AO DESÍGNIO
DO CARACOL; em outros termos: a “energia astral” ou “psíquica” VARIA em função
da “lei de evolução” cuja representação gráfica é a espiral da figura 41. Resposta dois: no se-
gundo caso, a “energia vital”, macro ou microcósmica, FORMALIZA SUA ATIVIDADE SE-
GUNDO O DESÍGNIO DA SERPENTE. Logo estas respostas, especialmente a última, re-
querem uma explicação detalhada. É a que se oferece na continuação.
Resposta um: Segundo vimos, existe um aspecto da potência astral do macrocosmo que
se manifesta nas superestruturas dos fatos culturais e, particularmente, nos objetos culturais que
a compõem; essa “energia astral” guarda estrita correspondência análoga com a energia psíquica
em que consiste todo símbolo sagrado emergente I (figura 21); portanto, se o fato cultural é
uma emergência arquetípica macrocósmica análoga à emergência de I no microcosmo, sua
força essencial, seu poder fundamental, só pode consistir na “energia astral”, Em outras pala-
vras: o fato cultural é a forma exterior de uma superestrutura, a qual é manifestação de um
Arquétipo psicóideo especial denominado “astral” (a teoria dos Arquétipos astrais como su-
porte das superestruturas será desenvolvida no tomo quinto); os objetos culturais estão em tais
superestruturas religados e integrados na forma total. Pois bem, o sentido posto no ente, o que
faz dele um objeto cultural, é uma forma projetada, um signo externo ativado pela “energia
astral” e, numa escala maior, no conjunto de objetos culturais de uma superestrutura conforma
por integração estrutural um “sentido global” que denomina e caracteriza ao fato cultural: con-
sequentemente, dito “sentido global‟ não é mais que uma enorme “forma cultural externa”,
ativado pela “energia astral” provavelmente da anima mundi.
Comprova-se assim, a precisão das correspondências análogas, pois tanto o “signifi-
cado” de um símbolo I interno, como u “sentido” de um objeto cultural externo tem um fun-
damento energético; o símbolo I de “energia psíquica” e o objeto cultural de “energia astral”.
Mas a energia psíquica se caracteriza por certas notas entre as quais se destacam “a emergência”,
ou movimento, “a intensidade”, y “a primeira intenção” ou direção referencial do movimento.
Analogamente, a energia astral que subjaz num fato cultural ou objeto cultural emergente, se

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caracteriza por certas notas, entre as quais se destacam “a emergência”, ou movimento, “a in-
tensidade”, y “a dor” ou direção referencial do movimento.
“Recordemos que o trânsito de um símbolo I se compõe de “emergência”, até (Ψ1) e
“processo”, a partir de (Ψ1) (ver figura 39): em (Ψ1) conclui a emergência e começa o processo
“entelequial”. Analogamente, um fato cultural também “emerge” até um nível (Ψ1) (ver figura
39) a partir do qual desprega um “processo” entelequial. Durante o mesmo o homem pode ser
irreversivelmente capturado, segundo se explicou no artigo “I”. Bem, o movimento completo
de um símbolo I ou de um fato cultural, a saber, “emergência” mais “processo”, é um desloca-
mento COMTÍNUO que “SE AJUSTA AO DESÍGNIO DO CARACOL”. O que significa
isto? Resposta: a trajetória seguida pelo símbolo I ou pelo fato cultural, até o nível de estabili-
zação (Ψ1), ou seja, a “emergência” SEMPRE PODE REPRESENTAR-SE POR UM ARCO
DE ESPIRAL. A partir do nível (Ψ1), o símbolo I e o fato cultural tentarão desenvolver seu
“processo”: isto pode ocorrer ou não, dependendo da energia volitiva que dispõe o sujeito para
impedi-lo. Mas, se o “processo” efetivamente tem lugar, então o símbolo I ou o fato cultural se
deslocam num movimento evolutivo que pode representar-se mediante uma curva em espiral
que tende a um centro entelequial. Na figura 41 tem assinalado com um traço mais grosso a
primeira espiral que é o arco representativo da “emergência” até (Ψ1); desse nível se desloca o
“processo” até a enteléquia central, podendo descrever, durante tal movimento evolutivo, várias
voltas contínuas de espiral.
Resumindo, A ENERGIA, de um símbolo I ou de um fato cultural, varia durante o
movimento em função da lei de evolução, de tal modo que a “emergência” corresponde sempre
a um arco de espiral, e o “processo” a uma espiral convergente sobre um centro entelequial.
Antes de interpretar este sugestivo fato, vejamos a Resposta pendente.
Resposta dois: Toca-nos agora examinar o caso em que a “potência astral” se manifesta
como “energia vital” do macrocosmo. Conforme ao adiantado, a atividade de tal energia '”SE
FORMALIZA SEGUNDO O DESÍGNIO DA SERPENTE”. O que significa isto? Res-
posta: que a energia vital, que anima as estruturas orgânicas do macrocosmo, vai segundo leis
que podem representar-se com formas provenientes do desígnio da serpente: A ESPIRAL É
SOMENTE UMA DAS MÚLTIPLAS LEIS EM FUNÇÃO DAS QUAIS PODE VARIAR
A ENERGIA VITAL. Do desígnio da serpente, em efeito, se inferem numerosas formas que
regem, e as quais se “ajustam”, as distintas expressões naturais da potência astral.
Como o desígnio de serpente é de uma grande complexidade, podemos tentar a com-
preensão da resposta avançando por indução a partir de uma ideia mais simples. Para isso con-
sideremos somente as formas mais evidentes, e grosseiras, do desígnio da serpente, ou seja,
aquelas que distinguimos com certeza o movimento de qualquer ofídio; é claro então que além
da espiral, que é a forma abstrata da serpente quando está “enrolada” ou recolhida sobre si

100
mesma, é possível distinguir a “onda senoidal”, isto é, a forma abstrata da serpente quando
produz ondulações em forma de “esse” ao deslocar-se, mas a onda senoidal, ou cossenoidal,
segundo a análise harmônica de Founer intervém na composição de qualquer outra função
periódica; isto é: aplicando dita análise matemática, toda onda periódica, por exemplo, a onda
triangular, quadrada, pulsante, etc., se decompõe em uma soma de funções senoidais e cosse-
noidais, as quais são todas “harmônicas”, ou seja, ondas cujo período é múltiplo ou submúltiplo
de uma função senoidal, ou cossenoidal, denominada “fundamental”; comprovamos assim que,
como não podia ser de outra maneira, naquele setor do desígnio as serpente mais superficial, a
saber, o setor que conforma aos ofídios reais, existe uma forma “fundamental”, a onda senoidal,
da qual se deduzem infinitas formas ou funções matemáticas com as quais se rege a variação
energética de incontáveis fenômenos físicos: por exemplo, a ENERGIA, lumínica, acústica,
calórica, elétrica, etc., são TRANSPORTADAS através de diferentes meios por ONDAS CA-
RACTERÍSTICAS, todas diferentes entre si, mas suscetíveis de ser reduzida a “onda senoidal
por análise harmônica‟. Vimos, pois, que certas formas derivadas de um setor superficial do
desígnio da serpente regem a variação de formas superficiais, grosseiras ou físicas da energia.
Estendendo este conceito às formas mais sutis de energia, por exemplo, a “energia vital”, é
possível compreender agora a afirmação da Sabedoria Hiperbórea: EM UM SETOR MAIS
PROFUNDO DO DESÍGNIO DA SERPENTE EXISTEM FORMAS ÀS QUAIS SE
AJUSTAM AS VARIAÇÕES DA “ENERGIA VITAL”, TANTO SO MICROCOSMO
COMO DO MACROCOSMO VIVENTE.
Em síntese, a “energia vital” pode variar em função de uma pluralidade de leis, das quais
“a espiral” é somente um caso singular. Para finalizar a Resposta dois com um exemplo vamos
nos referir à energia vital do macrocosmo, à que a Sabedoria Hiperbórea denomina também
ENERGIA TELÚRICA porque intervém na atividade vital do “corpo astral terrestre” ou “du-
plo astral da Terra”; dita energia telúrica só é vista por clarividentes ou zahories sob diversas
“formas”, confirmando assim tudo o eu temos explicado: cai INCLINADO por canais terres-
tres, SERPENTEIA sobre rios, CONTORNA jazidas de distintas substâncias físicas, se EN-
CRESPA nos despenhadeiros dos vales ou nos cumes das montanhas, penetra ONDU-
LANDO na profundidade das cavernas, etc.
Depois de estudar as Respostas, um e dois, sabemos que a energia astral que ativa um
fato cultural, ou a energia psíquica que ativa ao símbolo I, varia conforme a “lei de evolução”
representada pela espiral FIXA da figura 41, lei contínua no desígnio do caracol (Resposta um).
E sabemos também que a energia vital que anima ao macrocosmo, Alma do Demiurgo, e a
energia vital que anima o microcosmo, alma do pasu, variam de acordo a uma PLURALI-
DADE de leis cujas formas estão contidas no desígnio da serpente. [E claro, pois, que a lei da
evolução está expressa pela espiral fixa do desígnio do caracol e não pela espiral do desígnio da
serpente. Contudo, tal como se demonstrará no artigo “F”, entre ambos os desígnios existe

101
uma “relação Hierárquica”: o desígnio serpente é de “grau menor” que o desígnio do caracol,
contido totalmente no Plano deste. Tal relação hierárquica causa que, por uma parte, o esquema
do desígnio serpente constitui somente um conceito fatia do esquema ou Relação que interpreta
ao desígnio caracol e que, por outra partem constitua por si mesmo um esquema ou Relação
diferente, enquanto tenha sido descoberto, independentemente do desígnio caracol. É fácil
compreender que a confusão entre ambos os conceitos se produz em grande parte pela “falsa
conotação”, ou seja, pela associação que o sujeito cultural possa estabelecer entre “significados
contíguos”, neste caso entre as duas Relações diferentes do caracol, com seu conceito-fatia
“serpente”. E da serpente: ao pensar na serpente como esquema ou Relação, ou seja, como
sistema simples, se produz a confusão com o conceito-fatia serpente do esquema ou Relação
caracol. De acordo com o visto no artigo “H2”, a falsa conotação “ocorre porque as Relações
adjacentes da estrutura cultural podem estar sobre um mesmo plano de significação: então,
resulta que os núcleos conotativos de ambos os conceitos estão conectados pela linguagem
comum e conotam mutuamente seus significados. Claro que esta não é uma verdadeira cono-
tação, a saber, o produto de intersecção de linguagens, senão um DEFEITO do pensamento
racional ocasionado pela variedade dos limites do significado, que chegam a tocar os limites do
significado contíguo. Quando o pensamento racional se concentra num sistema, os limites do
significado se definem nitidamente no contexto significativo do conceito, sem chegar a tocar
nos conceitos adjacentes situados no mesmo plano de significação: então a única conotação
possível é a que se produz pela intersecção de linguagens no “núcleo conotativo do conceito”.
Aqui, a “imprecisão dos limites do significado” é atribuída diretamente ao caráter esoté-
rico do conceito de “energia astral”, tal como foi explicado na Resposta um, e por isso é que
temos dedicado este artigo a sua definição. A espiral do caracol é um conceito que não deveria
conotar verdadeiramente ao conceito da espiral da serpente, porque ambos os conceitos per-
tencem a Relações diferentes, a esquemas provenientes de distintos desígnios: o desígnio do
caracol e o desígnio da serpente, ainda que os planos de significação destes conceitos, claro, se
intersectam também no núcleo conotativo por causa de sua relação Hierárquica.

D - PROGRESSO, VALOR E HIERARQUIA ÔNTICA.

Salva a possibilidade de confusão é possível, agora, à luz do conceito de potência astral


que definimos extrair uma conclusão que explique os fatos expostos nas Respostas um e dois.
Vale dizer: o que significa o fato de que as energias astral e psíquica variam conforme a uma lei
de evolução contida no DESÍGNIO DO CARACOL e que as energias vitais macro e micro-
cósmicas o façam de acordo a leis contidas no DESÍGNIO DA SERPENTE? Resposta: ainda
que recente será compreendido mais adiante, significa que entre o desígnio do caracol e o de-
sígnio da serpente existe uma RELAÇÃO HIERÁRQUICA.
Há poucos temas, podemos estar seguros, tão espinhosos como o que alude à resposta

102
anterior. O tema do desígnio, em efeito, é dos mais esotéricos da Sabedoria Hiperbórea o que,
em princípio, dificulta a explicação; mas a isso há que se agregar a complexidade do conceito
que define a ordenação dos desígnios, sua “relação Hierárquica”. Temos de aproximarmos,
pois, à compreensão de tal conceito com extrema cautela, adquirindo previamente as noções
necessárias para sua definição. Entre elas se contam as de Progresso, valor e hierarquia ôntica,
que estudarmos neste artigo, e a noção de “desígnio demiúrgico” que veremos no próximo.

D1 – Progresso e valor da evolução do ente.

Na figura 44 se representa uma escala análoga que define o conceito de PROGRESSO


EVOLUTIVO para todo processo arquetípico. Comprovamos assim que o Arquétipo, em um
PRINCÍPIO, é potencial, isto é: quando se acha no plano arquetípico, NO PRINCÍPIO DO
TEMPO.

Figura 44

Mas o Arquétipo, como sabemos, se manifesta no plano material tentando atualizar sua
perfeição em potência: SUA EVOLUÇÃO PROGRIDE, ENTÃO, À ENTELEQUIA, ATÉ
A PERFEIÇÃO FINAL.O progresso evolutivo avança no sentido do tempo transcendente e
por isso pode-se dividi-lo também em momentos, mas tais MOMENTOS DO PROGRESSO,
por definição, implicam GRAUS DE PERFEIÇÃO. O desenvolvimento do Arquétipo dá lu-
gar, assim, a uma ESCALA GRADUAL DE MOMENTOS PROGRESSIVOS, que na figura
44 se indicou desde o primeiro até o enésimo grau.
Raciocinemos agora sobre o que significam os graus do progresso. Do ponto de vista
do Plano cósmico, a intenção do Demiurgo está dirigida a produzir a evolução arquetípica, a
favorecer o processo entelequial para o Demiurgo; o Bem consiste em que os Arquétipos se
atualizem até concretizar a enteléquia.
De modo que o progresso evolutivo aponta naturalmente ao Bem e, por isso, a “escala
gradual de momentos progressivos” é uma ESCALA DE VALOR para o Demiurgo. O VA-
LOR de um ente evolutivo aumenta ao progredir à enteléquia, o valor é tão maior quanto mais

103
perto se encontra o ente da perfeição entelequial, quanto mais se aproxime sua forma à do
Arquétipo que o inspira e sustenta. MAIOR PROGRESSO EVOLUTIVO, MAIOR VALOR.
Na figura 44 o 4º grau do progresso, por exemplo, TEM MAIS VALOR que o de 2º grau,
sintetizando, resulta que: AO CRESCER A ORDEM PROGRESSIVA (1º, 2º, 3º.) CRESCE
O VALOR, como consequência de que nessa direção CRESCE O ATO DO ARQUÉTIPO.
Tudo isso do ponto de vista do Demiurgo, a saber, vendo o processo a partir do plano arque-
típico.
Observemos agora a escala do progresso do ponto de vista oposto, ou seja, a partir da
manifestação do Arquétipo. Para isso consideremos um caso concreto, por exemplo, um ente
cuja evolução corresponde um valor de 5º grau, e situemos em seu nível, ou seja, no 5º lugar da
escala do progresso. Se olharmos DALI para o PRINCÍPIO notaremos, como é óbvio, que:
AO DECRESCER A ORDEM PROGRESSIVA (nº... 3º. 2º. 1º) DECRESCE A ATUALI-
DADE DO ARQUÉTIPO. Em outras palavras: “a partir dali se comprova que, quando o ente
está no 2º grau, isso significa que o Arquétipo é MENOS ATUAL que quando está, por exem-
plo, no 3º., mas é óbvio princípio, se é formulado da maneira inversa, nos conduz a uma con-
clusão de capital importância. Em efeito, o que comprovamos do 5º lugar é nem mais nem
menos que QUANDO DECRESCE A ORDEM (nº... 3º. 2º. 1º) CRESCE A POTÊNCIA
DO ARQUÉTIPO POSTA NO ENTE PARA EVOLUIR.
A conclusão anterior baseia-se no conceito de que “potência” e “ato” são aspectos com-
plementares de um mesmo fenômeno, como “cheio” e “vazio”: ao verter o conteúdo desse
recipiente o mesmo vai ficando MENOS cheio e, portanto, MAIS VAZIO. Como no caso de
cheio e vazio, a conclusão depende do ponto de vista: ao manifestar no ente o Arquétipo vai
PERDENDO potência à medida que se atualiza, que progride à enteléquia; vale dizer: MAIS
ATO, MENOS POTÊNCIA. Mas também, com um ponto de vista inverso: QUANDO DE-
CRESCE O ATO DO ARQUÉTIPO NUM ENTE, AUMENTA SUA POTÊNCIA FOR-
MATIVA. Daí surge à conclusão anterior, pois a diminuição relativa do ato significa uma dimi-
nuição correlativa do valor na escala do progresso, de maneira tal que a diminuição do valor
fique ligada, inversamente, ao aumento da potência: as variáveis análogas “valor” e “potência”
são funções inversas, ao aumentar uma diminui a outra e vice-versa.
Resumindo, esta conclusão nos diz que O VALOR DE UM ENTE VARIA EM RE-
LAÇÃO INVERSA À POTÊNCIA FORMATIVA QUE IMPELE SUA EVOLUÇÃO. E
isso é compreensível posto que o máximo valor, a enteléquia, coincide com a mínima potência,
já que o Arquétipo é então TODO ATO, uma manifestação completa no ente.

D2 – Determinação formal do ente.

Sabemos agora que um ente com maior potência formativa, por exemplo, um situado

104
em 2º lugar na escala do progresso, é menos valioso para o Demiurgo que outro que se encon-
tre, por exemplo, situado no 3º lugar da mesma escala, cuja potência é menor. Mas onde nos
leva esta lei? Que efeito causa no ente uma “maior potência formativa”? Resposta: MAIOR
POTÊNCIA FORMATIVA, MAIOR DETERMINAÇÃO FORMAL. Esta resposta a com-
provamos “fazendo mínima a função”, ou seja, indo a um extremo da escala para observar o
que ocorre ali. O extremo apropriado para isso é, logo, a enteléquia do Arquétipo, onde o valor
é máximo porque o ente é ato completo, final, perfeito, do Arquétipo manifestado: ali a potência
é mínima e o ato é máximo. Mas, um Arquétipo que é todo ato num ente, uma enteléquia real
e concreta não é por acaso um ente autônomo? Um ente ABSOLUTAMENTE INDETER-
MINADO? Não estudamos na Primeira Parte que a concretização de uma enteléquia implica
a autonomia ôntica? Porque, segundo a Sabedoria Hiperbórea, a determinação formal de todo
ente depende da potência e não do ato, ainda que ambos os conceitos aludam a aspectos com-
plementares de um mesmo ser; e esta prioridade da potência sobre o ato, para a determinação
dos entes, origina-se na EXISTÊNCIA: NA ORDEM DA EXISTÊNCIA A POTÊNCIA É
PRIMEIRO QUE O ATO; OS ARQUÉTIPOS SÃO PRIMEIRO POTENTES E 18
DEPOIS ATUAIS; OS ENTES SÃO ATOS DOS ARQUÉTIPOS: MAS ATOS DE-
TERMINOS A PRIORI PELA POTÊNCIA FORMATIVA. Por isso, na enteléquia, quando
o Arquétipo é ato puro, e a potência é mínima ou não há potência, o ente experimenta uma
indeterminação absoluta: É, não necessita CHEGAR A SER; não há já PLANO PARA FA-
ZER porque ELE É TODO O SER. É UM ENTE AUTÔNOMO.
Indo agora a outro extremo da função, ou seja, ao princípio da escala progressiva, com-
provamos que, contrariamente: A POTÊNCIA É MÁXIMA, O ATO QUESE INEXIS-
TENTE, A DETERMINAÇÃO FORMAL DO ENTE É ABSOLUTA, E O VALOR DO
ENTE É NULO.

D3 – Hierarquia ôntica

A “escala gradual de momentos progressivos” exposta na figura 44 assinala ao ente um


valor de acordo o seu grau evolutivo, ou seja, em função da distância evolutiva que o separa da
enteléquia: tal escala determina, pois, uma HIERARQUIA ÔNTICA BASEADA NA FINA-
LIDADE. A comprovação não pode oferecer dúvidas posto que, na escala do progresso, os
entes de maior grau são mais valiosos que os de menor grau.

D4 – Progresso e lei da evolução.

É útil advertir que a “escala gradual” da figura 44 é uma versão linear da “lei da evolução”
da figura 41: a espiral da figura 41, em efeito, pode considerar-se “retificada” e representada na
figura 44 como a flecha que assinala a direção do “progresso evolutivo” do processo arquetí-

105
pico. Evidentemente, ambas as figuras expressam o processo do Arquétipo> a figura 41 “fun-
cionalmente” e a figura 44 “analogamente”. E ambas as figuras representam a “lei de evolução”
que rege tanto a energia astral do macrocosmo como a energia psíquica do microcosmo, con-
forme ao desígnio do caracol.

D5 – Ética psicológica do pasu e Ética noológica do virya.

A “escala gradual de momentos progressivos” permite determinar, e compreender, o


VALOR que os entes adquirem para o Demiurgo durante os processos evolutivos. Esta validez
dos entes, sua compreensão, poderia servir eficazmente como fundamento de uma Ética, mas
qual classe de Ética se obteria desse modo? Resposta: Uma “Ética demiúrgica, ou seja, uma
ciência que descrevesse e explicasse a Conduta do Demiurgo frente ao “fato natural”, constitu-
ído por “entes externos” superestruturados arquetipicamente, ou frente ao “fato cultural”, in-
tegrado por “objetos culturais” e “homens” superestruturados LOGICAMENTE. Uma Ética
tal seria uma ciência baseada na pluralidade ôntica, para a qual o “sujeito moral” estaria repre-
sentado pelo Demiurgo, por seus “Aspectos” ativos, e a “conduta moral” pela relação que esses
Aspectos mantêm frente aos entes, objetos culturais e homens. 19 Naturalmente, a compreen-
são de semelhante Ética suporia o conhecimento prévio dos Planos cósmicos posto que a Con-
duta demiúrgica se conforma com o desenvolvimento de tais Planos: compreender a Ética de-
miúrgica, pois, requereria o domínio completo do Terrível Segredo de Maya; um conhecimento,
um poder, que só possui o Iniciado Hiperbóreo: Cavaleiro Tirodal, Pontífice Hiperbóreo ou
Siddha Berserker; Porém, tudo o que existe no macrocosmo se encontra refletido hermetica-
mente no microcosmo; a Conduta do Demiurgo corresponde una “conduta anímica” no pasu;
a Seus Aspectos macrocósmicos correspondem “aspectos” microcósmicos: instintivo, emoci-
onal, racional, consciente, etc. É possível, então, formalizar uma “Ética pasu” que “descreva e
explique” sua conduta frente ao fato moral; e essa “Ética pasu” será, claramente, um reflexo da
“Ética demiúrgica”. Essa “Ética pasu”, a que a Sabedoria Hiperbórea denomina “Ética psico-
lógica”, é l que temos de definir aqui e a que oporemos mais adiante à Ética noológica do virya.
A “Ética pasu” só pode receber o nome de “psicológica” já que a conduta do pasu é
puramente anímica, ou seja, é expressão da alma, a qual se manifesta no microcosmo através de
uma estrutura PAÍQUICA análoga à representada nas figuras 11 e 11b. Pelo contrário, a con-
duta do virya se rege pela ação do Eu, o qual é uma “manifestação indireta do Espírito”, e por
isso uma Ética que formule seu comportamento moral não pode ser mais que qualifica de NO-
OLÓGICA, ou seja, de “espiritual”. Mas, não sendo o virya desperto o expoente de uma per-
sonalidade conformada arquetipicamente, há de advertir que não é tarefa fácil descrever e for-
mular algo semelhante a um “tipo moral de ideia”, uma figura a qual o virya perdido possa
adaptar-se por imitação. A Ética noológica não propõe, pois, um conjunto de traços morais que
devam ser cultivados, ou uma persona moral a que imitar, senão que descreve em termos da
Estratégia Hiperbórea, qual é a ATITUDE que o Eu perdido deve adotar para conseguir a

106
máxima orientação ao selbst, ao Eu desperto: tal atitude é denominada pela Sabedoria Hiper-
bórea como graciosa luciférica, mas somente com muitas prevenções pode ser considerada ca-
racterística de um “tipo” sobre o qual falaremos longamente do “tipo gracioso luciférico”. Isso
ocorre porque outras atitudes clássicas do virya perdido são indubitavelmente típicas, tais como
a “atitude lúdica” e a “atitude sacralizante”, o que nos permite situar a “atitude luciférica” no
extremo de uma escala tipológica e referirmos a ela como uma espécie de tipo superior. Não há
que insistir, pois, no equívoco de uma tipologia que inclui em sua classificação a um ser essen-
cialmente não classificável como é o virya desperto ou o Siddha; não obstante, salvando o pa-
radoxo do caso, em outro inciso será exposta a Tipologia Aberro, entre cujos tipos se encon-
tram descrito o gracioso luciférico. E a Ética noológica, a única verdadeiramente espiritual, será
assim compreendida à luz da tipologia. Aberro, como contraste de um contexto ético global do
virya perdido.
Mas o virya perdido é “um pasu com linhagem hiperbórea”; somente diante da Traição
dos Siddhas Traidores, mediante o aprisionamento dos Espíritos Hiperbóreos, o pasu se con-
verte em virya perdido. Se não ocorrer a Traição Branca, o pasu devia ajustar sua conduta moral
à Ética psicológica, expressão microcósmica da Ética demiúrgica. Por isso, sem O PASU p
substrato substancial do virya, ser essencialmente híbrido, não pode surpreender que a Tipolo-
gia Aberro, em seus tipos inferiores, esteja definida na base do conceito da Ética psicológica do
pasu e se a oponha à Ética noológica do virya desperto: no virya perdido O ÉTICO-PSICO-
LÓGICO, determinado pelo Arquétipo Manu, se opõe ao ÉTICO-NOOLÓGICO que mani-
festa o Espírito; e dessa oposição, dessa tensão entre o anímico e o espiritual, desse confronto
essencial livrada no seio do sangue, surgem os “tipos” de virya perdido que descreve e estuda a
Tipologia Aberro. É evidente, assim, a importância que reveste contar com um conceito claro
da Ética psicológica do pasu.
Mas por que tal conceito há de ser definido aqui? Resposta: porque o objetivo macro-
cósmico da finalidade do pasu exige que este seja “doador de sentido nos entes do macro-
cosmo”, entes cuja evolução se concretiza de acordo à “escala de momentos progressivos” que
expusemos e aplicamos no presente inciso: o sentido posto no ente pelo pasu, PARA SER
ÉTICO E CONCORDAR COM A VONTADE DO DEMIURGO, DEVE CONFIRMAR
O VALOR UNIVERSAL DETERMINADO POR SEU PROGRESSO PARTICULAR.
Mas o significado desta frase será compreendido com amplitude quando o interpretar em rela-
ção aos conceitos de “universal” e “particular” que se definirão no inciso “E”.
De qualquer maneira, o que interessa aqui é destacar que a Ética psicológica é essencial-
mente TELEOLÓGICA, posto que exija do pasu uma atitude que confirme o VALOR PO-
SITIVO dos entes, valor que estes alcançam em sua evolução à enteléquia, ou seja, há uma
FINALIDADE FUTURA, O PRINCÍPIO TELEOLÓGICO da Ética psicológica nos per-
mitirá expor sua característica fundamental.

107
Toda Ética deve propor um tipo moral; a Ética psicológica propõe, para o pasu, um tipo
cujo traço saliente, teleológico, pode sintetizar-se com o conceito de ASPIRAÇÃO. A conduta
ética do pasu, em efeito, ASPIRA naturalmente ao Bem, ou seja, à enteléquia do ente, à con-
cretização do Plano de seu Deus=Demiurgo. Para o pasu, o Mal consiste simplesmente em
opor-se ao Bem ou a ausência visível deste, ou seja, na ausência de ASPIRAÇÃO: um pasu
carente de aspiração é um mal pasu. Um pasu “pouco evoluído”. E isto é assim pela “aspira-
ção”, nele passa, não é outra coisa que a expressão do impulso evolutivo do Arquétipo Manu:
o Arquétipo IMPELE ao pasu, microcosmo potencial, a alcançar a autonomia ôntica e trans-
formar-se em microcosmo atual: para isso deve cumprir a pleno com o objetivo macrocósmico
de sua finalidade, com seu desígnio próprio, com o Plano de seu destino, a saber, deve por
sentido nos entes mediante a expressão do signo: e deve pô-lo apontando ao Bem, à enteléquia,
confirmando o valor positivo do ente, pois de outro modo não há evolução possível: o pasu,
então ASPIRA à perfeição final do ente e, em geral, a toda perfeição.
“Impulso arquetípico” e “aspiração ética” são, pois, só dois aspectos aparentes de um
mesmo processo evolutivo. E isso não pode ser de outra maneira porque o pasu, para a Ética
demiúrgica, só é mais um entre todos os entes evolutivos, entes cuja finalidade constitui o Bem
do Demiurgo: sob o IMPULSO de sua própria evolução o pasu DEVE ASPIRAR ao Bem,
em sua natureza, o traço ético essencial de seu caráter. Por isso ao evoluir com um IMPULSO
que o dirige à sua própria perfeição, coincidentemente, o pasu ASPIRA à perfeição de tudo o
que o rodeia, dos entes naturais, dos objetos culturais, da cultura na qual está inserido, etc., mas
neste “aspirar à perfeição”, naturalmente, o pasu vive permanentemente projetado ao futuro,
na ESPERA DO BOM PORVIR. Daí que sua atitude ética frente ao fato cultural, ou seja, sua
resposta moral frente à pergunta: que devo fazer? Seja uma atitude, uma resposta naturalmente
ESPERANÇOSA.
Por último, recordemos que o fato cultural é uma superestrutura integrada ônticamente
por objetos culturais, vale dizer, por entes aos que o pasu põe sentido simultâneo com sua
presença expressiva: se nesse ato de expressão, pelo qual justamente vem à existência o fato
cultural, subjaz como vimos uma esperança, uma aspiração à perfeição, não deve estranhar que
os entes vejam confirmados suas perfeições em potência, suas enteléquias potenciais, e tendam
sem obstáculos até elas. Mas nesse projetar-se esperançoso ao futuro, no qual o pasu espera ver
concretizadas as perfeições em potência, pode ocorrer que a intrincada trama da realidade frus-
tre suas expectativas impedindo ao ente completar seu desenvolvimento: ainda que tal caso seja
frequente, e os entes cumpram rara vez o que se espera deles, o pasu não tem modo de evitá-
lo, senão apurar sua própria evolução o contentar-se em esperar o aquecer da evolução do ente
desejado.
Para completar tudo quanto temos visto até aqui cabe agregar que a ASPIRAÇÃO À

108
PERFEIÇÃO que caracteriza a Ética psicológica do pasu se opõe essencialmente à INSPE-
RAÇÃO À LIBERTAÇÃO que descreve a Ética noológica do virya desperto. Sinteticamente,
a diferença é a seguinte: enquanto a ASPIRAÇÃO é expressão do Arquétipo Manu, um aspecto
aparente de seu IMPULSO evolutivo, a INSPIRAÇÃO é produto do Espírito ou do Paráclito;
enquanto a ASPIRAÇÃO arquetípica projeta ao pasu no tempo transcendente, a INSPIRA-
ÇÃO espiritual eleva ao virya por sobre o tempo transcendente e o conduz ao atemporal, ou
seja, ao selbst; ou seja, enquanto a ASPIRAÇÃO absorve ao sujeito do pasu na fluência tem-
poral, a INSPIRAÇÃO detém no Eu do virya a fluência temporal. Por isso, enquanto a atitude
ética do pasu é essencialmente esperançosa, a atitude “ética” do virya está vazia de toda espe-
rança, de todo desejo, de toda confiança, de toda expectativa, de toda antecipação, ainda que
não por isso seja necessariamente desesperado, sem desejos, desconfiado, distraído ou indife-
rente: o virya desperto atua no momento justo, ou seja, no Kairos, paradoxalmente sem haver
esperado jamais o Kairos. Mas nesse momento o virya desperto atua com honra, com uma
vontade inspirada pela graça do Espírito; e por isso o Kairos é um momento ético do virya
desperto. E, enquanto para o pasu a perfeição do ente, e sua finalidade entelequial, representam
um bem evidente, algo desejável, uma esperança e, logo, um valor superior, para o virya des-
perto a evolução dos entes representa um processo dramático, sua perfeição carece de valor e
o advento da enteléquia constitui uma catástrofe.

E – NOÇÃO DE “DESÍGNIO DEMIÚRGICO”.

Fora do “aprisionamento espiritual”, o Mistério mais importante que ajuda a revelar a


Sabedoria Hiperbórea é o conhecido como “desígnio demiúrgico dos entes”. Mas este mistério,
do qual hoje quase ninguém possui a chave, foi num tempo, há mais de doze mil anos, objeto
de uma ciência esotérica denominada “Rúnica Noológica”. Dita ciência permitia conhecer com
exatidão o desígnio de qualquer ente para depois resigná-lo por meio das runas. Em outros
incisos se darão mais detalhes sobre a Rúnica Noológica e sobre a Elite de sábios que detinham
seu saber, conhecidos como Guardiões da Sabedoria Lítica. Aqui vamos nos ocupar de explicar
em que consiste o desígnio demiúrgico: mais, tratando-se de um conceito de extrema comple-
xidade, que exige para sua compreensão o domínio de certas definições prévias, a explicação
somente será clara se a desenvolvermos ordenadamente em vários subtítulos. Começaremos,
pois, em E1: um resumo do já visto sobre o desígnio demiúrgico.

E1 – Resumo sobre “desígnio demiúrgico”.

No inciso “finalidade e supra finalidade” vimos que no princípio o Demiurgo “pensa”


os Arquétipos universais com o Aspecto Sabedoria e os pensa, então, com vista à integridade
de um Plano evolutivo: os Arquétipos nascem assim com uma FINALIDADE preestabelecida,

109
apesar de suas próprias finalidades entelequiais particulares, que os compreende a todos na es-
trutura do Plano. Tal SUPRAFINALIDADE é a do Universo mesmo, ou seja, é o único mo-
tivo da criação. Mas, no plano material, esfera de ação dos Arquétipos, os fenômenos têm ca-
ráter entrópico, ou seja, concluem inevitavelmente no sentido do tempo transcendente: ao final
de um “Grande Tempo” tudo voltará ao nada inicial, se dissolverá na “ordem material” e o
final será igual ao princípio. Este FINAL entrópico do Universo material NÃO PODE SER A
SUPRAFINALIDADE que motivou sua criação. Para obter uma resposta observamos herme-
ticamente o comportamento dos homens “criativos”, buscando recolher em sua conduta um
reflexo da atitude criadora do Demiurgo. Fez-se patente que “podemos entender agora a supra
finalidade da Criação”: a obra do Demiurgo precisa de um DESCOBRIMENTO POSTE-
RIOR. E essa é a finalidade do animal-homem ou pasu: ser descobridor de entes, “DOADOR
DE SENTIDO”. Mas o que é que está coberto nos entes, aquilo que o pasu deve descobrir
para cumprir com seu destino? Resposta: OS NOMES, as “palavras” que menciona a Rúnica
Noológica ou os “bijas” da tradição indo-ária. Contudo, “para compreender a que nos referi-
mos com „nome‟ dos entes, há que se recordar que o impulso evolutivo das mônadas tem sido
afirmado com o Aspecto „Logos‟ do Demiurgo. Isso significa que cada ente está designado
desde o princípio pelo Verbo do Demiurgo, que a cada ente se lhe assinalou uma palavra que
o identifica metafisicamente, o sustenta enquanto ente e constitui a verdadeira essência do ente
PARA O PASU”.
O objeto deste artigo será esclarecer essa resposta do inciso “Finalidade e supra finali-
dade”, ou seja, explicar o fato da manifestação metafísica dos entes. Releiamos, pois, as conclu-
sões ali obtidas. Vimos que “é importante distinguir, ao considerar a „ordem arquetípica‟, entre
FINALIDADE e SUPRAFINALIDADE. Com FINALIDADE aludimos à concretização en-
telequial a qual aponta a evolução dos entes: em todo ente há um TERMO UNIVERSAL que
é expressão dos Arquétipos que o sustentam e cujo processo se subordina. Com SUPRAFI-
NALIDADE nos referimos, em compensação, ao DESÍGNIO PARTICULAR que cada ente
possui...”. “O ente evolui, então, seguindo dois processos formativos: um: o UNIVERSAL,
que aponta à enteléquia dos Arquétipos; dois: o PARTICULAR, que determina ao ente de
acordo a um Plano. Daí a necessidade de distinguir corretamente o que foi posto nos entes,
NUM PRINCÌPIO, PARA CONHECIMENTO DO PASU, e o que corresponde ao ente
mesmo como fundamento de sua existência universal, ATÉ O FINAL, ESTEJA OU NÃO O
PASU NO MUNDO. Porque “ao pasu lhe fora dada desde o princípio a possibilidade de co-
nhecer os Planos a partir da descoberta dos entes, do DESÍGNIO que estes expressam para
ele”.
Uma definição metafísica se oferece em outro inciso, onde se considera que a INTEN-
ÇÂO “é a direção da Vontade do Demiurgo”: “... em todo ente há, segundo temos visto, duas
finalidades: uma universal e outra particular. Isso se deve à existência, em todo ente, de uma

110
dupla intenção demiúrgica, uma primeira intenção plasma que impele ao ente à enteléquia do
Arquétipo do qual participa: é a “finalidade”; uma segunda intenção DESIGNA ao ente, um
ser-para-o-homem: é a “supra finalidade”. Portanto “O ENTE É O ATO DO ARQUÉTIPO
UNIVERSAL, MAS UM ATO ESSENCIALMENTE INTENCIONAL, PRODUZIDO
POR UM DIRECIONAMENTO DA VONTADE DO DEMIURGO”.

E2 – Analise da classificação racional.

Como vimos, no ente coexistem dois termos: o universal é o Arquétipo e o particular o


desígnio. Porém ao pasu somente lhe é dado conhecer o termo particular, o desígnio, devido a
que a razão elimina o temo universal do ente por comparação com a memória arquetípica, ou
seja, por causa da “primeira intenção”. Contudo, “o universal” não desaparece completamente
por trás dessa operação. O ente descoberto, o ente que penetrou com seu desígnio a esfera
sensorial, é “interpretado” arquetipicamente pela segunda operação e esquematizado em uma
Relação da estrutura cultural: ali o sujeito consciente será capaz de estabelecer associações sis-
temáticas entre ESSE esquema, ou “verdade do ente”, e OUTROS esquemas, de outros entes,
que sejam “análogos”, “semelhantes”, “opostos”, etc.; e nessas operações racionais regerá,
AINDA QUE TACITAMENTE o “universal”. Mas tal “universalidade” dos entes está dedu-
zida a partir de seus esquemas sistematizados, não provém diretamente dos entes externos, e
isso levou mais de uma vez aos pensadores, com certa razão, supor que a mesma é um mero
nome, algo essencialmente alheio aos entes: um conceito ou definição.
É necessário, pois, compreender de entrada, que é o universal dos entes, sua finalidade,
e que o universal sistemático, esse universal atribuído aos entes pelo sujeito cultural e que só
tem sua razão de ser, seu significado, no contexto das linguagens habituais. Para esclarecer a
coisa nada parece mais adequado que observar em um exemplo concreto o método seguido
pelo sujeito cultural ao identificar o universal dos entes. Tal método é a CLASSIFICAÇÃO e
sua operação consiste em enquadrar conjuntos de relações sob a extensão de um conceito de-
nominado CLASSE; o CRITÉRIO com o qual hão de eleger-se os membros do conceito classe
exige que os mesmos tenham propriedades ou qualidades comuns. Aqui se vê, no primeiro
momento da classificação, a presença do “universal” interno, que não é mais que a união da
universalidade ôntica do Arquétipo universal: ao exigir que os membros da classe tenham ele-
mentos comuns, se pede deles que PARTICIPEM de um conceito universal, de uma ideia
transcendente, de uma propriedade ou caráter que, por estar de todos à vez, justamente, está
além de todos. Resulta assim clássico agrupar vegetais, animais, números, etc., de acordo com
o critério taxológico da classificação.
Temos que analisar, pois, o método da classificação sistemática, para determinar com
clareza seu campo de ação. Mas o faremos sem esquecer que ainda continua vigente o convênio
estabelecido na Primeira Parte: “neste, e em todos os comentários que sigam, vamos considerar

111
a esfera sensorial impressionada por um ENTE EXTERNO”. Assim, quando se mencionem
“entes”, “entes individuais”, etc., há de entender-se que, salvo esclarecimento em contrário,
tratam-se de entes “externos”, entes cujo conhecimento provém de intuições sensíveis, por
dizer, entes cuja existência ocorre no mundo exterior, no seio da realidade, entes cuja realidade
e existência é evidente por si mesma, entes, enfim, que são o fundamento concreto do pensa-
mento, racional ou cultural, que se constrói sobre eles.
Os membros de uma classe participam de uma ou mais características comuns, MAS
TAMBÉM SE DISTINGUEM POR SUAS DIFERENÇAS: isto é o que limita a identificação
absoluta dos membros entre si e permite comprovar sua individualidade. Pode ocorrer então a
verificação de que alguns membros de uma classe possuem elementos não comuns com o resto
dessa classe mas que são comuns com os membros de outra classe: por exemplo, se reunimos
em uma mesma classe todos os animais palmípedes e em outra classe todos os animais mamí-
feros observaremos que o ornitorrinco pertence às duas classes; em um campo mais abstrato,
se ordenarmos as séries de números inteiros (1,2,3,..., n) e outra com seus quadrados (1², 2², 3²,
..., n²), notaremos que os membros da segunda classe pertencem também à primeira. Nestes
casos os membros comuns às duas classes constituem uma terceira classe que se denomina
FUNCIONAL porque cada membro dela se define “em função” das outras duas. Desse modo,
FUNCIONALMENTE, o sujeito cultural é capaz de estabelecer as mais díspares relações entre
classes e multiplicar interminavelmente sua quantidade, criando sempre novos conjuntos de
classes hierarquizadas, subordinadas entre si em funções de leis ou modalidades lógicas.
Mas pode ocorrer assim mesmo que alguns membros de uma classe se diferenciem com
alguns membros da mesma classe em certa propriedade, que um desses grupos possuem com
respeito ao outro: então se apresenta a oportunidade de SUBCLASSIFICAR, por dizer, de
agrupar os membros em SUBCLASSES, de tal modo que todas as subclasses formadas fiquem
baixo a extensão da classe original: por exemplo, se colecionamos em uma classe todos os selos
postais do mundo, é evidente que ainda poderemos classificá-los “por países”, os da Argentina,
Brasil, Chile, etc., sem sairmos da “classe dos selos postais”; do mesmo modo, a série de núme-
ros inteiros naturais (1,2,3, ..., n) pode ser subdividida em subclasses de números pares, ímpares,
primos, etc.
De todos esses exemplos que estamos considerando surge com clareza que a classifica-
ção não requer de nada ôntico para existir posto que os elementos com os quais se conformam
suas classes são conceitos fatia da estrutura cultural, por dizer, elementos sêmicos, sistemas
simples ou complexos. Mas ainda: as “classes” são também “conceitos” porque são sistemas da
estrutura cultural; as classes são sistemas complexos, subestruturas cujos membros são concei-
tos, e pelo tanto consistem em “sistemas conceitos”, vale dizer, em conceitos de conceitos,
conceitos de maior extensão e menor compreensão que os outros conceitos constituintes. Tal
conceito de extensão extrema se denominam GÊNEROS e os conceitos de menor extensão,

112
mas de maior compreensão que caem sob aqueles são as ESPÉCIES. Mas isto o veremos com
detalhe em seguida. Agora o importante é advertir que na classificação sistemática só intervém
conceitos fatia da estrutura cultural, vale dizer, aspectos da verdade do ente, seções de seu es-
quema, mas não o ente em si, o qual é exterior e do qual o pasu só recebeu o desígnio e não o
Arquétipo universal que o sustenta. Mas então que relação guarda o universal cultural, aquela
generalidade que o sujeito cultural tem ATRIBUÍDO ao ente, com o universal real do ente,
com seu SER REAL de seu Arquétipo universal? Resposta: uma relação equívoca, responsável
por um sem número de erros gnosiológicos: o pasu ignora definitivamente a dupla determina-
ção do ente, a finalidade e a supra finalidade, e como resposta ao objetivo macrocósmico de
sua própria finalidade, projeta sobre o ente o sentido; mas esse sentido é a expressão de um
significado extraído do desígnio particular do ente: nada “universal” há nele; por isso é indubi-
tável que ao afirmar o caráter universal de um ente o que na realidade se faz é compreendê-lo
em um “conceito” universal, em uma universalidade falsificada pela faculdade taxológica do
sujeito cultural. O virya perdido, por sua parte, na civilização atual, sucumbiu à Estratégia sinár-
quica e permitiu que em sua visão do mundo influa e predomine sua herança de pasu: o virya
tem a possibilidade de localizar o selbst e criar um Eu desperto com o qual é possível a apreen-
são total do ente real, tanto em sua universalidade quanto como em sua singularidade, por que
tal Eu participa do infinito atual e pode determiná-lo todo sem ser determinado por nada. Mas
em quanto o virya não desperte ficará, como o pasu, definitivamente separado dos entes. Neste
livro, não obstante, oferece-se uma possibilidade de despertar pelo conhecimento da Sabedoria
Hiperbórea, da Weltaschauung dos Siddhas Leais de Agartha, a qual, como comprovaremos
logo, explica satisfatoriamente o problema da dupla determinação do ente, da finalidade e da
supra finalidade, do Arquétipo universal e do desígnio.

E3 – Espécie e gênero dos entes externos

Até aqui temos examinado o método de classificação sistemática que emprega o sujeito
cultural para afirmar os conceitos universais. Toca-nos agora referir-nos a um objeto concreto,
tal como havíamos prometido: isto permitirá distinguir com precisão o “que é o universal dos
entes, sua finalidade, e o que é sistemático” posto neles pela expressão cultural. O exemplo,
para ser didático, deve versar sobre entes claramente evolutivos e por isso nos inclinamos a
considerar alguns casos que tenham sido objetos da classificação taxonômica oficial, como os
ANIMAIS, e dos quais se aceita correntemente sua inclusão na árvore filogenética. Poremos
baixo observação, pois, a três tipos de animais, “o cavalo”, “o cachorro” e “o peixe”, e tratare-
mos de comprovar se a compreensão de tais conceitos universais corresponde efetivamente
com o universal dos entes concretos, por dizer, com os cavalos, cães e peixes reais, esses que
galopam, nadam e latem no mundo exterior.
Faremos, não obstante, um esclarecimento prévio sobre a nomenclatura taxonômica

113
oficial. Esta é muito rica devido à enorme variedade de espécies biológicas que se tem classifi-
cado em sua história; cerca de 1.250.000 das quais umas 800.000 são espécies animais e umas
450.000 são espécies vegetais. A um número tão grande de espécies tem que agregar a decom-
posição analítica que cada exemplar pode efetuar na ciência empírica, método que temos criti-
cado em outro inciso e que não faz mais que somar classes de conceito sem que por isso se
consiga aprender o ente, já que nem sequer se pode pensar em “conhecê-lo” melhor por sua
desintegração. O que se consegue é multiplicar o número de conceitos implicados em cada
descrição. Para evitar confusões, vamos definir os principais e determinar quais empregaremos
no exemplo.
Em primeiro lugar, existe a ESPÉCIE, que é a classe de INDIVÍDUOS com caracterís-
ticas comuns. Logo está a classe composta de espécies que se denomina GÊNERO. O “gê-
nero”, como conceito sistemático, tem maior EXTENSÃO que as espécies, posto que as en-
globem em sua definição, mas menor COMPREENSÃO que cada uma delas, posto que essas
descrevam melhor ao ente de referência. Estão mais próximos dele e o COMPREENDEM
ESPECIFICAMENTE. O gênero do cachorro, por exemplo, engloba as espécies “canis fami-
liaris”, “canis lúpus”, “canis occidentalis”, etc.; e temos que observar aqui que, evidentemente,
“o cão” enquanto gênero é um CONCEITO UNIVERSAL. Desse modo, a classificação de
um exemplar individual consiste em “distinguir suas diferenças específicas” e estabelecer “o
gênero próximo”. A classe dos gêneros se denomina ORDEM e a classe das ordens, simples-
mente: CLASSE.
Agora bem, em um princípio a classificação se baseava na ANALOGIA MORFOLÓ-
GICA, por dizer, na verificação de caracteres comuns externos, mas progrediu desde então, e
na atualidade avançou até o conceito mais complexo de HOMOLOGIA ESTRUTURAL que
faz possível agrupar exemplares pela semelhança que demonstram em sua composição interna
antes que por seu mero aspecto exterior. Uma classe cujos membros apresentam homologia
estrutural se denomina TIPO: entre os animais, por exemplo, o conjunto de “vertebrados”
constitui um TIPO.
Por último os animais e vegetais se agrupam em grandes classes denominadas REINOS,
as quais se subdividem em SUBREINOS que contém em conjunto a todos os TIPOS existen-
tes. O “reino”, como gênero de extensão máxima, encontra-se no extremo superior da classifi-
cação, o termo “mais universal”, enquanto que no extremo inferior se encontra a “espécie”,
cuja extensão é relativa, mas que tem compreensão máxima com respeito ao ente que descreve:
a espécie é o termo “mais particular” para definir sistematicamente a um ente.
É evidente que nosso exemplo se complicaria inutilmente se nos enquadrarmos à meto-
dologia oficial para compreender e definir os cavalos, cães e peixes. Em câmbio tudo será mais
claro se trabalhamos em uma classificação mínima, baseada em GÊNERO e ESPÉCIE: o gê-
nero será o “animal” e as espécies: cavalos, cães e peixes. Com outras palavras: ao observar os

114
membros do gênero animal separamos, entre outros, três conjuntos cujos integrantes se asse-
melham por homologia típica e aos que denominamos: espécie cavalo, espécie cachorro e es-
pécie peixe.
Com tal convênio, não nos sobre mais que extrair as conclusões que o exemplo possa
oferecer. Conclusões que se sintetizaram no quadro sinóptico da figura 45 e a que vamos nos
referir para explicá-las: da observação deste quadro há de surgir com clareza o que é o universal
em um ente e que relação guarda com o “conceito universal da classificação sistemática”.

28
Figura 45

À direita do quadro se vê uma reprodução da “escala gradual de momentos progressi-


vos” (fig. 44) que permite avaliar o grau evolutivo dos entes segundo a Ética psicológica do
Demiurgo. Na parte superior, no espaço análogo que corresponde ao “plano arquetípico”, se
encontram os três arquétipos universais do cavalo, cão e peixe. E debaixo de cada arquétipo,
no espaço análogo equivalente ao “plano material”, se encontram representados alguns exem-
plares de sua manifestação, vale dizer, entes em distinto grau de evolução. À esquerda, final-
mente, se tem indicado que os Arquétipos são SERES UNIVERSAIS, em tanto que os exem-
plares que os representam no plano físico COMO manifestação de seus processos são ENTES
INDIVIDUAIS.

115
Investiguemos agora, observando os letreiros flechados que estão fora do quadro, como
se realiza a classificação racional. Em princípio o classificador, o pasu ou virya perdido, toma
CONTATO SENSÍVEL com o grupo de entes individuais aos que reconhece como seme-
lhantes entre si, como proprietários de traços comuns; diz, por exemplo: - estes entes aquáticos,
semelhantes por sua forma e comportamento, constituem a “espécie do peixe” -. Vale dizer, ao
identificá-los como entes análogos, os temos ESPECIFICADO. Mas como se obtém certeza
da semelhança, como se assegura o classificador de que todos os entes individuais, classificados,
realmente pertencem à espécie? Resposta: por meio da descrição sistemática de cada ente e pela
comparação estrutural de todas as descrições entre si, por dizer, pela aplicação das descrições
umas sobre outras com o fim de descobrir suas diferenças e analogias. Justamente por efeito
dessa operação sistemática, é que se consegue configurar o tipo específico com o qual se con-
formam os entes individuais de traços comuns, “tipo” que não é mais que o reflexo intelectual
do Arquétipo universal. Mas nessa resposta se vê claramente que a especificação não se realiza
com entes, senão com “descrições‟ dos entes, com “conceitos” da estrutura cultural, pois o que
é uma “descrição” senão um “aspecto da verdade do ente”, um “símbolo incompleto” que
forma parte do esquema do ente e que se tem notado em uma linguagem habitual, por dizer,
um conceito fatia?
E poderíamos agregar: o que é uma descrição ou um conceito senão um conhecimento
obtido do “desígnio” dos entes, por dizer, de um esquema sêmico? Por isso a espécie é uma
definição essencial do ente: porque seu conteúdo, em tanto conceito, é um símbolo I que
IMITA a verdade do ente e cujo significado foi PROPOSTO em uma linguagem habitual. Sem
entrar, todavia, a considerar o desígnio particular dos entes, será evidente à esta altura que a
especificação é uma operação subjetiva, ainda que executada com o concurso objetivo dos entes
individuais, a espécie, em resumo, como categoria primeira de classificação, apoia-se efetiva-
mente nos entes que descreve, e por isso, em sua definição, compreende a essência; sua “uni-
versalidade” é quando menos real já que pode ser demonstrada indutivamente a partir do ente
concreto; por dizer, a espécie, como conceito universal, tanto pode compreender a um ente
singular como a uma pluralidade de entes, mas invariavelmente sua definição procede em última
instância dos entes mesmos, do desígnio, do ser-para-o-homem com que estes se revelaram à
razão.
O juízo específico é, pois, sempre verdadeiro porque sua conclusão é essencial: a uni-
versalidade afirmada sobre os peixes, e sobre os cães e os cavalos, é evidente e demonstrável.
Mas sentada a validade da espécie para descobrir “o universal real” dos entes, vemos que não
ocorre o mesmo com outras generalizações universais. Na figura 45, em efeito, comprovamos
que, enquanto a espécie se afirmar sobre os entes concretos, o gênero é uma abstração de caráter
específico: enquanto a espécie predica propriedades essenciais dos entes existentes, o gênero
atribui existência à própria espécie como tal e a compreende baixo sua extensão. Mas não é o

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mesmo afirmar a existência de certos entes por meio de sua descrição que atribuir sua existência
à afirmação da existência dos entes: estamos aqui em dois níveis distintos de realidade; em um,
o específico tem acesso direto aos entes reais e em outro, o genérico, o passo ao ente só pode
dar-se através da espécie; o gênero demonstra, assim, ser só um produto de uma operação sis-
temática efetuada com um grupo de conceitos (fatia) específicos e, por tanto, demonstra ser só
um “conceito do conceito”, uma “função de função”, uma “classe de classes”, etc.; vale dizer,
o gênero demonstra ser um absoluto conceito sistemático da estrutura cultural, uma criação
psíquica, uma pura abstração, uma ideia.
Assim, enquanto a espécie define a “o universal dos entes”, o gênero e toda a classe que
cumpre sua função é um conceito universal que só compreende os entes através das espécies,
desde a pura abstração do sujeito cultural. Desde o ponto de vista da realidade dos entes é
indubitável que existe um limite entre a espécie e o gênero; mas, que significa este limite? Res-
posta: A FRONTEIRA DA CERTEZA RACIONAL PARA TODO VIRYA DESPERTO.
Se o emprego da razão e de suas conclusões já é suspeito para o virya desperto a espécie marca,
em efeito, o limite onde se deve deter a credibilidade do conhecimento: um tal limite jamais
pode ser atravessado pela confiança sem correr um grave risco de cair no subjetivismo do gê-
nero, no falsamente “universal”, por dizer, no Engano da cultura, “ arma estratégica inimiga”.
O QUE CRÊ NA REALIDADE DO GÊNERO NUNCA PODERÁ ALCANÇAR O “ES-
TADO DE ALERTA” QUE EXIGE A VIA DE OPOSIÇÃO ESTRATÉGICA, POR DI-
ZER, ESTARÁ SEMPRE EM DESVANTAGEM ESTRATÉGICA. 30
Perguntarmos-vos: por que é tão importante, tão categoricamente importante para o
virya desperto aceitar a realidade da espécie e duvidar da realidade do gênero, crer só no essen-
cial da espécie e negar a universalidade do gênero? Resposta: em primeiro lugar porque, como
se demonstrou, só a espécie descreve o ente individual, em tanto que o gênero descreve a espé-
cie, mas, fundamentalmente, PORQUE O VIRYA DESPERTO SABE QUE A REALI-
DADE É MULTIFACÉTICA E QUE OS ENTES PODEM SER OUTRA COISA DO
QUE O GÊNERO AFIRMA QUE SÃO. Com outras palavras: temos visto como um sujeito
classificador observa a um grupo de entes aquáticos com propriedades comuns e conclui que
se trata da “espécie peixe”; até aqui chega O LIMITE DA CERTEZA RACIONAL que o virya
desperto jamais se permitirá ultrapassar, por que? PORQUE SABE QUE O PEIXO PODE
SER EFETIVAMENTE UM ANIMAL, COMO AFIRMA O GÊNERO, MAS TAMBÉM
PODE NÃO SER, PARA O VIRYA DESPERTO, PARADOXALMENTE A EXTENSÃO
DA ESPÉCIE PODERIA, BAIXO CERTAS CIRCUNSTÂNCIAS, SUPERAR A EXTEN-
SÃO DO GÊNERO E O ENTE SER DEFINIDO ALGO DIFERENTE, “ALGO MAIS”,
“OUTRA COISA”, DO QUE O GÊNERO SUPÕE E PREDICA QUE DEVE SER. Mas
este “paradoxo” só se produzirá nas mentes dogmatizadas pelo império do gênero, nos racio-
nalistas ao limite, em aqueles que, segundo definimos em outro inciso, “são seres desagarrados

117
da natureza que flutuam no mar do nominalismo jargões e signos vãos”: vale dizer, o paradoxo,
a contradição, produzira-se naquele que crê cegamente na realidade do gênero, o qual é um
mero conceito universal, um objeto cultural interno, e a quem chocará a possibilidade exposta
aqui de que algum peixe possa não ser “animal‟, de que alguma árvore possa não ser um vegetal
ou de que os viryas possam não ser “homens” senão Deuses.
E seguramente, quem se escandalize com esses “paradoxos” da Sabedoria Hiperbórea”,
serão os mesmos que sustentam a existência da “Idade” oficial, por dizer, quem conceda reali-
dade a o que só é “conceito universal”: a Idade oficial, agora podemos vê-lo, é um objeto ideal,
um conceito fatia cuja extensão compreende as espécies de feitos históricos, as quais se apoiam
diretamente no real.

E4 – O SER EM SI do ente externo

Conhecendo a atitude gnosiológica do virya desperto frente à espécie e ao gênero não


há de estranhar que adiante nos ocupemos somente da espécie. Ela, em efeito, descreve ao
“universo real” presente nos entes individuais e constitui um conceito adequado para interpretar
o problema da finalidade dos entes. Naturalmente um conceito específico que compreenda
semelhante problema deve ser definido no contexto da Sabedoria Hiperbórea.
Observemos a “espécie cachorro” na figura 45, onde se representou com cinco círculos
alguns dos entes caninos da espécie. A figura reproduz um instante na vida dos cachorros, de
tal modo que os cinco exemplares representados foram surpreendidos cada um em seu mo-
mento evolutivo particular: três no segundo grau, uma no quarto grau e outra em alto grau,
“enésimo”, próximo à enteléquia. Desde logo, esses cinco círculos simbolizam e exemplificam
ao conjunto de todos os cães que integram a espécie. Para entender a imagem alegórica deve-
se supor que cada um dos cinco círculos corresponde a um ente individual, por dizer, a um
cachorro, e que cada arco da espiral reflete o processo do Arquétipo universal em sua evolução
progressiva até a enteléquia. É claro, assim, que cada cachorro participa do Arquétipo sem que
esse veja alterada sua unidade, mas, como pode ser isso possível? Como o único pode manifes-
tar-se no múltiplo sem dividir-se?
Resposta: porque do que efetivamente participam os entes é da ENTELÉQUIA PO-
TENCIAL do Arquétipo, de sua FINALIDADE POTENCIAL: por isso a sabedoria hiper-
bórea afirma que nos entes existe um fim universal, produto do Arquétipo, e que o mesmo
constitui sua finalidade.
Esta resposta está nos dizendo que nos entes, por exemplo, os cinco cães subsistem uma
enteléquia potencial que é um modo do ser universal no qual não se altera sua unidade. Desse
modo uma pluralidade de entes pode existir simultaneamente impulsionados e determinados
pela enteléquia potencial que reside neles e que, igual ao momento inicial do processo evolutivo,

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É UM MOMENTO POR VIR, por dizer, é um futuro possível a que aponta o desenvolvi-
mento do arquétipo: tal momento futuro, então, não pode ser aprendido por nenhuma CONS-
CIÊNCIA PRESENTE como o sujeito consciente do pasu. O término universal, a finalidade
entelequial, é um SER EM SI que se situa fora do marco da percepção do pasu e permanece
para sempre fechado na entranha dos entes. Só o virya desperto desde o selbst, desde a atem-
poralidade do EU infinito que reflete o Eu desperto, poderá conhecer o Arquétipo universal e
compreender a totalidade de seu processo; o virya perdido, por sua parte, intuiu em muitas
diversas ocasiões a existência deste fim universal nos entes e o tem interpretado de muitas di-
versas formas, invariavelmente equivocadas e parciais.
Na figura 45 se vê claramente que os Arquétipos potenciais, no plano arquetípico, é uma
forma singular do ser universal; sem embargo, no plano material, uma pluralidade de entes par-
ticipa da enteléquia potencial, a qual subsiste neles como finalidade potencial; mas a finalidade
do processo arquetípico é a concretização da perfeição em potência do Arquétipo universal,
por dizer, a finalidade concreta é o Arquétipo mesmo, deslocado e realizado na matéria; a ente-
léquia potencial que subsiste nos entes individuais, então, significa a efetiva presença do Arqué-
tipo universal DESDE SUA PERFEIÇÃO FUTURA, a qual só pode ser A MESMA em cada
um deles. Com outras palavras, isto significa que EM CADA ENTE da espécie subjaz o Ar-
quétipo universal em outro modo de ser em de que o torna inacessível à intuição sensível do
pasu, mas, se tal ser em si pode ser efetivamente aprendido, possibilidade que se encontra ao
alcance do virya, DESAPARECERIA A PLURALIDADE ILUSÓRIA DOS ENTES
PARA DAR LUGAR À SINGULARIDADE DO ARQUÉTIPO; por dizer, se pudesse ser
percebida a enteléquia potencial subjacente nos entes, por exemplo nos cinco cães, tal forma
arquetípica NÃO PODERIA SER DIFERENCIADA EM ABSOLUTO POIS É A MESMA
EM CADA ENTE, JÁ QUE A SINGULARIDADE DO ARQUÉTIPO É ESSENCIAL E
SUA DIVISÃO INCONCEBÍVEL: uma visão real da enteléquia 32 potencial nos distintos
entes da espécie sumiria o observador em uma unidade do Arquétipo universal e causaria o
desaparecimento da pluralidade; não haveria então “entes” senão “o ente”, não “cães” senão
”o cão”, etc. A esta propriedade das enteléquias potenciais dos entes de ser indistinguíveis, a
Sabedoria Hiperbórea a denomina NÚCLEO INDISCERNÍVEL DOS ENTES. Tal denomi-
nação provém de que, para a Sabedoria Hiperbórea, em todo ente, na intimidade de seu ser em
si subjaz um PONTO INDISCERNÍVEL produzido pela enteléquia potencial.
Mas o que é um ponto indiscernível? Resposta: uma região do ente NÃO ESPACIAL,
por dizer, NÃO COORDENÁVEL. E qual é a essência de semelhante região, se a mesma não
é extensa, vale dizer, não espacial? Resposta: a essência do ponto indiscernível é o tempo trans-
cendente, a Consciência do Demiurgo que flui através de todos os entes; o ponto indiscernível
é, nesse sentido, o nexo contínuo do ente com o processo arquetípico: o ponto indiscernível.

119
É A FINALIDADE E O FIM DO PROCESSO; o Arquétipo potencial e sua enteléquia, pre-
sente em sua singularidade absoluta em cada ente material específico. Isto é: os entes são “mo-
mentos” do processo arquetípico, percebidos como plurais desde sua exterioridade formal; ao
contrário, os pontos indiscerníveis dos entes são um “único momento” do Arquétipo: sua per-
feição final posta em potência desde o princípio; e tais “pontos” não podem ser percebidos
mais que como um único ponto, inextenso e temporal, subjacente na mais profunda interiori-
dade do ente, por dizer, na mais discreta intimidade de seu ser em si.
Em síntese, a enteléquia potencial do Arquétipo universal subjaz no ser em si dos entes
e determina uma região indiscernível em cada um deles onde conserva sua singularidade abso-
luta. Comprova-se assim que nada “universal” tem na intimidade do ser em si dos entes senão
a mais absoluta singularidade do arquétipo e que, portanto, toda ideia de “universalidade” só
pode proceder da contemplação exterior dos entes, da ilusão de pluralidade que induzem os
processos evolutivos e que chega o sujeito cultural a compreendê-los na extensão de um “con-
ceito universal”. Por que, pois, se denomina “fim universal” a enteléquia potencial, o núcleo
indiscernível dos entes, se o mesmo não é universal em absoluto? Resposta: porque tal deno-
minação foi dada desde o ponto de vista do conhecimento humano, pasu, o qual não está diri-
gido a perceber o ser em si dos entes específicos e sua unidade absoluta no processo do Arqué-
tipo “universal” senão a descobrir racionalmente o ser-para-o-homem, O DESÍGNIO DEMI-
ÚRGICO QUE INDIVIDUALIZA AOS ENTES E OS REVELA À INTUIÇÃO SENSÍ-
VEL COMO “OBJETOS PARTICULARES”, MAS INTEGRANTES DE UMA “PLURA-
LIDADE UNIVERSAL”, DE UM “GÊNERO”. Só desde a exterioridade ilusória dos entes,
como oposição ao desígnio demiúrgico, que os revela em sua INDIVIDUALIDADE, pode
falar-se de “fim universal” para qualificar a enteléquia potencial do Arquétipo que subjaz no
núcleo indiscernível dos entes.
Pareceria agora que estamos em condições de entrar em cheio no estudo do desígnio
demiúrgico o qual, já o temos reconhecido, constitui o “princípio de individualização” dos en-
tes. Sem embargo, fica bastante por dizer para esclarecer completamente o conceito de “fim
universal”, “enteléquia potencial”, “finalidade do ente”, que temos exposto. Dedicaremos dois
sub-artigos a esse fim, explicando o importante conceito da Sabedoria Hiperbórea sobre o AR-
QUÉTIPO GRAVIS: o conhecimento deste arquétipo, tomado como exemplo do quanto te-
mos dito, nos brindará uma maior, e talvez definitiva, compreensão do fim universal ou ente-
léquia potencial subjacente no núcleo indiscernível de todo ente.

E5 – O Arquétipo gravis

Antes de tudo, há que esclarecer que o conteúdo desse sub-artigo é um extrato da “Te-
oria Gravis” da Sabedoria Hiperbórea que se desenvolveu com detalhe no livro “Física Hiper-
bórea”. Aqui só apresentaremos os principais aspectos da teoria explicados de forma conceitual,

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por dizer, despojados de toda a complexa fundamentação matemática que ali se exibe. Mas,
como o matemático constitui um ingrediente intrínseco da Teoria Gravis, é claro que seme-
lhante despojo há de conspirar contra a compreensão plena dos conceitos que vamos estudar.
Não obstante, como uma demonstração matemática rigorosa da Teoria Gravis cai fora dos
objetivos que se propôs para esse livro, trataremos de aproximar-nos o máximo possível da sua
tese mediante a precisa descrição do Arquétipo gravis. Cabe esclarecer também que L.C.A.V de
Bs. As. Desenvolveu profundamente uma teoria da unidade de‟ energia real, a que denominou
UNIDADE DE ENERGIA V.A.C. OU “U.E.V.A.C.”, e a que expôs no seu livro “Teoria
Unificadora Conceitual”.
Como é sabido, o físico judeu Albert Einstein não conseguiu desenvolver uma teoria
matemática aceitável para unificar a interpretação quantitativa, experimental, dos chamados “fe-
nômenos de campo”, por dizer, os fenômenos que ocorrem por efeito dos “campos gravitaci-
onal e eletromagnético”. Estes fenômenos, desde logo, já estão unificados na realidade, pois o
que resulta incompatível são as teorias com que se tenta explicá-los. Com respeito ao campo
gravitacional, fora das equações de Newton, tudo o que se avançou até agora foi no sentido
apontado: tratar de unificá-lo com o campo eletromagnético, para o qual existem as equações
de Maxwell; por esse caminho, ao tratar do campo gravitacional de forma einsteiniana-relati-
vista, faz-se necessário fazer uso de um instrumento matemático bastante complexo denomi-
nado TENSOR; mas se, por acaso, decide-se interpretar os fenômenos físicos em base à me-
cânica quântica, então há que recorrer a ainda mais complexas fórmulas estatísticas, probabilís-
ticas, que requerem o uso de ordenadores eletrônicos.
Por outra parte, supondo-se que a “massa”, responsável do campo gravitacional, “de-
forma” ou “distorce” o espaço sendo necessário também, à parte do cálculo diferencial, tenso-
rial e estatístico, apelar às “geometrias não euclidianas”. Agrega-se assim complexidade a com-
plexidade e consegue-se tomar uma distância cada vez maior do fenômeno em si, de sua facti-
cidade.
Pois bem: a sabedoria Hiperbórea aponta uma explicação de todo ponto diferente, mas
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que compreende perfeitamente ao fenômeno gravitacional e permite dominá-lo em benefí-
cio dos objetivos estratégicos dos Siddhas. E tal explicação não requer do emprego de mate-
máticas formais salvo quando se deseja desenvolver uma tecnologia, em cujo caso se recorre a
uma geometria esotérica que está totalmente fora dos ambientes acadêmicos do Ocidente.
Para entender com amplitude dita explicação, que será exposta em seguida, há que partir
da base que o desvio subjetivo da Física teórica é muito mais grave do que se pode pensar. Em
efeito, as críticas mais audazes centralizaram-se geralmente sobre Einstein, Planck, Bohr, Hei-
senberg, etc., mas jamais haviam questionado a Newton. E com ele se inicia o erro. A Sabedoria
Hiperbórea, da qual procede a “Ciência Secreta” da , remonta sua tese aos conceitos de

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Newton e Leibniz, a quem atribui dois erros capitais, e desde ali, desenvolve uma teoria tão
atrevida e audaz como irrefutável. Por suposto, não se poderá detalhar aqui TODA a teoria,
mas bastará com que se descreva o “initium”, o princípio desde o qual há de partir o raciocínio.
A fórmula da tese é a seguinte: O CAMPO GRAVITACIONAL É A POTÊNCIA DE
UM ARQUÉTIPO PSICÓIDEO.
Essa tese sintética, pronto o comprovaremos, pode ser aplicada para explicar quase qual-
quer fenômeno além do gravitacional, tal como, por exemplo, os entes externos cuja finalidade
ou fim universal estudamos no sub-artigo precedente. Prestemos, pois, atenção especial à sua
explicação.
A Física supõe, e supõe bem, que uma relação liga a massa ao campo gravitacional. Onde
se equivoca é, desde Newton, a afirmação que tal relação é de causa e efeito, por dizer, que o
campo gravitacional ocorre por efeito da massa; com tão errôneo conceito não é estranho ob-
servar os enormes monstrengos de devem fabricarem-se para aproveitar o espaço aéreo. E na-
turalmente eles, os fabricantes de cacarecos voadores com motores de metal e a “combustão
interna”, duvidariam de nossa sensatez se asseguramos que os Siddhas Leais EM BASE AO
CONCEITO ARQUETÍPICO DA GRAVIDADE, dispõem de veículos de PEDRA, por
exemplo, para transladarem-se ao lugar que desejem; e mais ainda se agregamos que tais veículos
não possuem motor. Mas não se trata de um delírio, senão de “ciência”; ciência antiquíssima,
extraterrestre; ciência que a Ordem Negra da desenvolveu novamente neste século e que
permitiu construir os seus próprios “pratos voadores” nos quais partiram seus melhores qua-
dros sobreviventes até os oásis antárticos e a outras bases ocultas da terra. E desde essas bases
as quais não se poderão localizar nem com satélites espiões, pois contam com camuflagem...
também psicóidea, retornarão os Cavaleiros do último batalhão do Führer integrando a Wil-
des Herr de Wotan, ao fim do Kali Yuga, no gottendemerung. Mas essa é outra história, ou
melhor, o fim da história.
A Sabedoria Hiperbórea ensina que os Arquétipos universais guardam entre si uma re-
lação hierárquica semelhante à que os entes manifestados mantêm no plano material. Há assim
uma “escala gradual arquetípica” que rege a ordenação de todo o Arquétipo universal, desde
sua instância nas regiões mais sutis do plano arquetípico até suas manifestações nas regiões mais
grosseiras do plano material; vale dizer, os arquétipos mais sutis ou simplesmente “potenciais”,
se encontram em planos também mais sutis, recorrendo em toda uma gama de densidades na
medida em que se atualizam no processo dos entes e “descem” à matéria, que é a substância
mais grosseira. Conceitos semelhantes têm sustentado tanto os neoplatônicos como Leibniz ou
a ciência hindu do Grande Hálito, etc. Sem entrar a estudar a fundo semelhante conceito de
“ordem arquetípica”, é evidente que há de haver um Arquétipo que necessariamente é o último
da escala: tal é o ARQUÉTIPO GRAVIS.

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O gravis é o mais “pesado”, salva a redundância, dos Arquétipos psicóideos e sua ação
tem relação direta com a forma espacial, por dizer, extensa, da matéria e da energia. Por isso o
gravis, que é o último da escala, também é o primeiro que o Demiurgo precipita quando se põe
a “organizar” o plano material. Sem o gravis, nenhum outro arquétipo poderia evoluir na ma-
téria.
Agora bem, a Sabedoria Hiperbórea denomina “gravis” tanto o Arquétipo universal
como aos entes por ele produzidos, por dizer, à “espécie gravis”. Os “gravis específicos” são
os conjuntos dos “átomos arquetípicos” ou “quantos arquetípicos” que sustentam e impulsio-
nam “espacialmente a matéria, que lhe dão “amplitude”. O Arquétipo gravis com sua unidade
indivisível manifesta-se nos gravis específicos que subjazem em todo o ente: por isso em todo
o ente concreto, em todo corpo material, em toda coisa substancial, está presente como subs-
trato primeiro o Arquétipo gravis. Mas tal instância de um no múltiplo não pode dar-se de outra
forma que como participação: os entes materiais participam da enteléquia gravis ou, com outras
palavras: em todo ente está presente a enteléquia potencial gravis, do modo explicado em E4.
Sem embargo, em sua manifestação ôntica, o Arquétipo gravis demonstra uma característica
que o distingue de qualquer outro arquétipo e que convém examinar de imediato.
O gravis, em efeito, É O ARQUÉTIPO CUJO PROCESSO É O MAIS VELOZ QUE
QUALQUER OUTRO NO PLANO MATERIAL. Isso surge como consequência de ser “o
último da escala” arquetípica, e, portanto, o que mais próximo está da matéria concreta, a que
justamente o mesmo determina. O efeito do arquétipo gravis, de sua enteléquia potencial, que
alguns chamam de “campo gravitacional”, é quase instantâneo: e esse “efeito” não é mais que
a força processual com que a potência do arquétipo dirige à matéria, à “massa”, a evoluir até a
enteléquia ou “centro de gravidade”. A raiz desta elevada velocidade de resposta, do nexo
“quase instantâneo” entre o plano arquetípico e o plano material, é que o arquétipo gravis pode
ser reproduzido pelo Demiurgo em toda a extensão espacial do macrocosmo, por dizer, em
todo ponto do universo, em uma pluralidade de “átomos arquetípicos”. Esses átomos arquetí-
picos são a manifestação ôntica do arquétipo gravis, os “gravis específicos”, e aqui vamos no-
meá-los simplesmente como “gravis”.
Uma propriedade essencial do gravis é sua INDETERMINAÇÃO FORMAL, vale di-
zer, sua indiferença à conformação material dos entes: o gravis só determina o espaço e cria “o
caminho” até a enteléquia, “o campo de força”:
MAS NÃO ATUARÁ PARA CONFORMAR O ENTE. Mais claramente, o Arquétipo
deste ente concreto que temos frente a nós, por exemplo, este cão, está no plano arquetípico,
segundo o já estudado até aqui; um arquétipo semelhante é ESTRUTURADOR DE FORMA,
por dizer, sustenta a forma ôntica, a forma que reveste a atualidade do ente; o Arquétipo gravis,
em câmbio, devido a seu nexo instantâneo com o ente, está ali, no cão, como substrato material,
e é quem determina seu peso em relação a outros gravis que ocupam o espaço: a Terra, por

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exemplo. O gravis NÃO É ESTRUTURADOR DE FORMA, ou é indiferente à forma
mesma, mas, em tanto que Arquétipo psicóideo, possui uma potência que o impulsiona a des-
pregar-se em um processo evolutivo.
A culminação de todo processo evolutivo, de qualquer Arquétipo, é sua perfeição final,
a qual está presente no ôntico como enteléquia potencial, como uma finalidade que é idêntica
ao princípio. E aqui daremos outra definição que completará a descrição das propriedades do
Arquétipo gravis, e a que voltaremos a referir-nos mais adiante: A ENTELÉQUIA POTEN-
CIAL DO ARQUÉTIPO GRAVIS COINCIDE ESPACIALMENTE NOS CORPOS SIM-
PLES, COM AQUELE PONTO IDEAL QUE A FÍSICA DENOMINOU “CENTRO DE
GRAVIDADE”. Desde logo essa definição há de tomar-se com muita cautela posto que em
E4 temos vinculado a enteléquia potencial com um “núcleo indiscernível” que consiste em um
“ponto não extenso”, “não coordenável”, o qual não parece evidente que possa “coincidir‟
com nada e menos ainda com uma região concreta dos entes como a Física afirma que é o
“centro de gravidade”. Sem embargo, toda essa incerteza desaparecerá quando compreender-
mos que, em verdade o “centro de gravidade” é só um conceito fatia, um objeto cultural interno
carente de entidade concreta no Mundo: no ente material, o que efetivamente existe e se mani-
festa é uma DIREÇÃO DA FORÇA GRAVITACIONAL QUE APONTA ATÉ UM “CEN-
TRO HIPOTÉTICO” LOCALIZADO EM SEU INTERIOR; isto é, uma tendência real que
induz a razão a supor a existência real de semelhante “centro”; mas o “centro de gravidade” em
si, como os pontos indiscerníveis definidos em E4, jamais pode ser realmente alcançado
DESDE A EXTERIORIDADE DO ENTE. Naturalmente, aqui nos referimos concreta-
mente ao “centro de gravidade” de um ente sólido, mas a conclusão é válida para qualquer caso,
por exemplo, o de uma esfera oca, cujo “centro de gravidade” é puramente espacial, por dizer,
carente da substância que constitui a esfera: a Sabedoria Hiperbórea nega que o “centro de
gravidade” de uma esfera oca possa ser efetivamente alcançado ou sequer situado com exatidão
no espaço real, e pelo contrário, afirma que no lugar que deveria achar-se o centro de gravidade
na realidade existe um ponto não extenso, indiscernível; tal ponto não pode ser observado de
nenhum modo partindo desde a percepção temporal do sujeito consciente e desde a intuição
sensível, por dizer, “desde a exterioridade do ente”, PIS se trata de um ponto futuro, de uma
enteléquia potencial; por esse caminho exterior, no máximo se conseguirá notar UMA DIS-
TORÇÃO ESPACIAL EM TORNO DO CENTRO DE GRAVIDADE, distorção produ-
zida pela enteléquia gravis, mas não se perceberá o “centro de gravidade” em si.
Recordemos o dito na primeira parte sobre a irrepresentabilidade dos Arquétipos uni-
versais e compreenderemos porque o “campo gravitacional” se resiste à quantificação físico-
matemática; tomemos um corpo material e depositemo-lo no espaço, suficientemente longe da
Terra ou de qualquer outro planeta; afirmamos então que o corpo produz um “campo gravita-
cional” ao seu redor e o comprovamos observando “como atrai” até seu centro de gravidade,

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ou enteléquia potencial, outros objetos de menor massa. Se o corpo está em repouso não po-
demos descrever seu campo; só sabemos dele por seus efeitos sobre outros corpos; O CAMPO
EM SI É INVISÍVEL, propriedade equivalente à irrepresentatividade dos Arquétipos univer-
sais. Mas O CAMPO NÃO É O ARQUÉTIPO, SENÃO SUA POTÊNCIA, que intenta atu-
alizar-se na enteléquia concreta. A substância do plano material, a “matéria” que a Física deno-
mina “atômica”, é sempre um ato concreto do gravis em seu despacho evolutivo, independen-
temente da forma que tal matéria exibe pelas determinações de outros Arquétipos. Mas isso, a
percepção da matéria, é tudo quanto podemos conhecer sensivelmente sobre o gravis, pois ele
é pura potência, é um “chegar a ser” sua enteléquia e por isso dizemos alegoricamente que está
oculto detrás da matéria, na interioridade do ente, na intimidade do ser em si. Se violamos a
intimidade do processo, se invadimos o campo e remexemos na matéria para buscar o “centro
de gravidade”, a enteléquia potencial, jamais acharemos nada. Sem matéria não há gravis, mas
se partimos e multiplicamos a matéria só conseguiremos obter outros tantos gravis potenciais.
O conceito do gravis que é capaz de tender a sua enteléquia despregando-se na partícula
menor de matéria dá lugar a uma teoria atômica não ortodoxa que foi exposta no livro Física
Hiperbórea e que se funda na definição de um “átomo arquetípico” ou “quanto arquetípico”.
Convém passar revista, agora, a dois erros históricos que mencionamos anteriormente.
O de Newton foi fazer da massa a “causa‟ da „força gravitacional”, força que, por outra parte,
existe e é efetivamente proporcional às massas e inversamente proporcional ao quadrado das
distâncias que as separam tal como Coulomb o demonstrou nas cargas elétricas e Cavendish
mediu com sua balança de massas; a realidade é que, se bem a “força gravitacional” está relaci-
onada matematicamente com a massa, não é ela sua “causa”, senão que, à sua vez, a massa é
efeito concreto, o ato, do Arquétipo gravis. A “força gravitacional” é, assim, a ação de uma
potência arquetípica que procede desde a enteléquia e “atrai” até sua enteléquia, que alguns
denominam “centro de gravidade”. Agora bem: o “centro de gravidade” algumas vezes, e só
algumas vezes, especialmente no caso de um corpo esférico como a terra coincide espacial-
mente com a enteléquia. Voltemos, pois, a perguntar: o que se quer dizer com coincidência
espacial? Significa isso que ali, nessa região interior do ente, por exemplo, no centro da Terra,
ESTÁ A ENTELÉQUIA?
Antes de responder vamos considerar o segundo erro histórico. Leibniz, evidentemente
pensando em um Deus hiperbóreo, que nada tem a ver com o Demiurgo ordenador da matéria,
o verdadeiro “deus” desse mundo, atribui ao mesmo uma perfeição absoluta, “perfectio Dei”,
que “lhe impediria criar duas coisas iguais”. Impõe-se assim, na filosofia moderna e no pensa-
mento científico posterior o “pricipum identitatis indiscernibilium”, o princípio de identidade
das coisas indiscerníveis, que afirma que se duas são absolutamente iguais “devem ser a mesma
coisa”. Mas como isso é manifestadamente impossível segundo Leibniz, “não podem existir
duas coisas iguais”: o Criador não se haveria repetido. Todo esse raciocínio é errôneo, pois se

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fundamenta no suposto que o universo foi criado por um Deus de bondade e não pelo Demi-
urgo imitador, como realmente ocorre. Mas, apesar de Leibniz, a obra do Demiurgo se apoia
na imitação e a estrutura material há de refletir naturalmente este princípio, contradizendo o
principium identitatis indiscernibilium: é fácil compreendê-lo se partimos de uma composição
arquetípica do real. Sem embargo o principium de Leibniz foi incorporado dogmaticamente à
epistemologia e predomina inconscientemente em toda a atitude “científica” referida à obser-
vação empírica ou experimental dos fenômenos físicos; isso não é casual: obedece a uma ten-
dência sinárquica que não vem ao caso desenvolver aqui. O importante é que a teoria gravis
contradiz o principium; e o faz porque tal principium é completamente falso. A Sabedoria Hi-
perbórea afirma que “pode haver duas coisas iguais” e assinala como exemplo as enteléquias
potenciais dos entes externos, a seus núcleos indiscerníveis, ou aos “centros de gravidade” de-
terminados pelo Arquétipo gravis. Salvemos, pois, o erro do principium leibniziano e passemos
a responder à pergunta pendente sobre a situação real da enteléquia e sua possível coincidência
espacial com o “centro de gravidade”.
Todo Arquétipo tende a uma enteléquia. Mas na origem do movimento, o primeiro im-
pulso é produzido por uma potência que contém em si a perfeição que se pretende alcançar; o
movimento é assim um desenvolvimento evolutivo que aponta a uma finalidade que também
tem sido princípio. Como finalidade a enteléquia é algo que “ainda não está”, que deve ser
alcançado, por dizer, algo “futuro”. Chegamos agora à parte mais complexa do problema, já
destacada em E4: a enteléquia é algo “futuro” que obra no presente do ente como POSSIBI-
LIDADE DE SER; dali o adjetivo “potencial” que se agrega para assinalar esse caráter. Dado
que a conexão entre a enteléquia de um ente e o ente concreto é o “Processo” do Arquétipo, é
esse processo a verdadeira possibilidade de que uma enteléquia seja. Mas TODO PROCESSO
TEM O SENTIDO DO TEMPO TRANSCENDENTE (ver fig. 44).
Vamos dar um grande passo com a imaginação: suponhamos que somo capazes de con-
templar TODOS OS PROCESSOS QUE SE DESENVOLVEM NO MUNDO, DESDE
AQUI ATÉ O ÚLTIMO LUGAR DO MACROCOSMO; se isto é possível, se não nos escapa
NENHUM PROCESSO, então resulta que NÃO PODERÍAMOS MEDIR OUTRO
TEMPO RELATIVO fora daquele em que ocorrem os incontáveis processos cósmicos; mais
ainda: não poderíamos saber se existe outro tempo porque NADA NOS INDICARIA, nada
que mude, desde logo. Esta absurda conclusão demonstra que o tempo, o “tempo transcen-
dente do macrocosmo” é a soma de todos os processos do universo, por dizer, de todos os
processos arquetípicos. O tempo transcendente é, pois, também um “processo”, algo que se
sabe desde a Antiguidade quando a tal processo se denominou FLUÊNCIA; mas vale a pena
repetir para esclarecer o conceito da sabedoria Hiperbórea.
Tal conceito afirma que o tempo transcendente, como processo fluente, aponta também
a uma enteléquia, uma super enteléquia chamada “Futuro”. Em efeito, o “Futuro” só pode ser

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concebido como enteléquia, como perfeição final de um processo cósmico de Consciência: o
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tempo transcendente, cujo initium é o Uno, Brahma, ou como se queira nomear o Demiurgo,
e cujo final, a enteléquia do Tempo, o Futuro, é o Uno, Brahma, ou como se queira nomear o
Demiurgo...
O tempo transcendente, segundo explicamos na Primeira Parte, é “transcendente” para
o microcosmo, mas em verdade, é uma fluência imanente da Consciência Cósmica, da Alma
do Demiurgo. E essa consciência produziu os arquétipos cujos processos nos preocupam.
Desde ali, pois, desde o Tempo, o tempo transcendente, parte todo o real; e dali também hão
de partir todas as interpretações sobre o real; mas não se trata, já, de uma mera “dimensão”
como pretende a física, senão do suporte essencial de todo o existente, só depois do tempo, a
posteriori do tempo transcendente “aparece o espaço” como efeito dos processos arquetípicos
que se desenvolvem nos planos da matéria e energia. Simplificando muito a teoria da Física
Hiperbórea pode concluir-se que o espaço é um “segundo grau” do tempo transcendente ou
bem um estado grosseiro do Tempo, uma categoria temporal inferior, uma espécie de “tempo
caído”, etc. O fundamento e a justificação de tal qualificação provêm de que o espaço SÓ APA-
RECE EM RELAÇÃO COM A MATÉRIA, é produzido por ela; mas a matéria sempre segue
o processo do gravis: não pode escapar à sua potência plasmadora, pois os gravis CAEM, como
entes específicos do último Arquétipo da escala, desde a Consciência Cósmica, por dizer, desde
o tempo transcendente; observando os extremos do processo, é evidente que o espaço é CAU-
SADO pelo tempo transcendente mediante a matéria organizada pelo gravis.
Demos um grande passo. Regressemos agora àquelas perguntas sobre a enteléquia po-
tencial e sua coincidência com o “centro de gravidade”. Se aplicamos os conceitos anteriores
ao problema do campo gravitacional, extrairemos conclusões de todo diferentes às que aporta
a Física. Consideremos um campo de grande massa, a Terra por exemplo.
a. Para a física, ao redor da Terra existe um campo gravitacional.
Para a Sabedoria Hiperbórea, ao redor da Terra atua a potência do Arquétipo gravis.
b. Para a Física, a massa da Terra deforma o espaço “curvando-o” em suas imedia-
ções.
Para a Sabedoria Hiperbórea, a massa da Terra gera um espaço curvo que é reflexo da
distorção que o gravis representa com respeito ao Tempo transcendente.
c. Para a Física, no centro da Terra está situado o “centro de gravidade”, onde con-
vergem todas as linhas de força, imaginárias que descrevem o campo gravitacio-
nal.
Para a Sabedoria Hiperbórea, no centro da Terra HÁ UM PONTO QUE COINCIDE
COM O CENTRO DE GRAVIDADE: É A ENTELÉQUIA GRAVIS.

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Voltemos ao princípio. Mas neste momento podemos entendê-lo: há coincidência espa-
cial, mas não temporal. Não pode havê-la, pois a enteléquia é o aspecto futuro do Arquétipo
gravis. Que cabe esperar então, do “centro de gravidade”, segundo a Sabedoria Hiperbórea?
Um ponto indiscernível, por dizer, um ponto que contradiz o principium identitatis indiscerni-
bilium de Leibniz. Ocorre assim porque a enteléquia, em tanto que perfeição final do Arquétipo
é o arquétipo mesmo: DESDE A ENTELÉQUIA, O GRAVIS PROMOVE UM PRO-
CESSO QUE NÃO PODE INTERROMPER-SE E QUE
VAI DESDE A POTÊNCIA (campo gravitacional) ATÉ A ENTELÉQUIA (centro
de gravidade) QUE ESTÁ NO FUTURO; TAL CAMINHO PROCESSUAL ABRE UMA
BRECHA NO ESPAÇO, O “DISTORCE”, PRODUZINDO UM CONTATO TOPOLÓ-
GICO ENTRE PLANOS DIFERENTES. Em rigor da verdade o que ocorre no “ponto in-
discernível” é que a enteléquia “regenera” um ponto do espaço transformando-o em tempo; o
“eleva”, se quiser.
Indaguemos novamente: por que indiscernível? Para que algo seja “indiscernível” deve
poder ser comparado com outra coisa exatamente igual, com igualdade absoluta, por dizer, com
outra coisa que ocorra no mesmo instante e ocupe o mesmo lugar. Só assim poderíamos asse-
gurar que “duas coisas são indiscerníveis”: quando “ambas” demonstram coincidência de es-
paço e de tempo. Pois bem, e aqui estamos tocando um dos maiores Mistérios que existem: AS
ENTELÉQUIAS DE TODOS OS GRAVIS SÃO INDISCERNÍVEIS. Com outras palavras:
EM TODOS OS ENTES, INDEPENDENTEMENTE DE SUA FORMA OU TAMA-
NHO, EXISTE UM PONTO INDISCERNÍVEL. ESTA PROPRIEDADE É A CAUSA
DA ISOTROPIA DO TEMPO TRANSCENDENTE. Através dos pontos indiscerníveis, em
efeito, FLUI O TEMPO TRANSCENDENTE e, como todo ponto do espaço macrocósmico
contém um ponto indiscernível, a fluência temporal é isotrópica.
E como o “tempo transcendente” é em realidade a corrente de Consciência do Demi-
urgo, compreende-se que em cada ente, desde o ponto Indiscernível está ELE: está IMPULSI-
ONANDO o processo do ente com seu Aspecto Sabedoria, desde a enteléquia potencial, e
VENDO o processo do ente com seu Aspecto Consciência-Tempo, desde o ponto indiscerní-
vel.
Há muito que meditar sobre essa propriedade dos gravis para englobar o Mistério que
implica em toda a sua profundidade. Como conclusão desse resumo da Teoria Gravis, vamos
destacar o mais importante.
Antes de tudo é necessário superar a barreira de incompreensão que interporá a razão
ao plantar paradoxos aparentemente irredutíveis. Não se deve esquecer que estamos frente a
um temerário segredo, do qual não será fácil apoderar-se; ao menos não impunemente. O pri-

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meiro obstáculo é o problema, já examinado em E4, de que o Arquétipo mantém sua singula-
ridade absoluta enquanto se manifesta na pluralidade dos entes. Isto é: se os pontos indiscerní-
veis são todos a mesma coisa, como podem estar em distintos entes à vez? Se o ponto indiscer-
nível da Terra é exatamente o mesmo que o de Vênus, por exemplo, como é que milhões de
quilômetros separam a ambos os planetas? Resposta: desde logo, isto ocorre porque os pontos
indiscerníveis são “enteléquias potenciais” do Arquétipo gravis: tomando isso em conta se en-
tende que a distância que separa aos planetas não tem nada a ver com os 41 pontos indiscerní-
veis, pois os mesmos coincidem finalmente no futuro atual e nenhuma distância os separa no
presente potencial. E o mesmo vale para qualquer outro ente que deseje considerar.

E6 – O Núcleo indiscernível dos entes

Em E4 vimos que “a enteléquia potencial do Arquétipo universal subjaz no ser em si do


ente e determina uma região indiscernível em cada um deles onde conserva sua singularidade
absoluta”: tal “região” é o “núcleo indiscernível dos entes”. Em E5 comprovamos que o núcleo
indiscernível dos entes materiais subjaz, efetivamente, na enteléquia potencial do Arquétipo
gravis: “em todos os entes, independentemente de seu tamanho, existe um ponto indiscernível.
Essa propriedade é a causa da isotropia do tempo transcendente”.
Agora bem, para compreender com profundidade o conceito de “núcleo indiscernível”
é necessário estender essas definições à totalidade dos entes externos e à totalidade dos Arqué-
tipos universais. Por dizer: NO NÚCLEO INDISCERNÍVEL DE TODO ENTE SE EN-
CONTRA A ENTELÉQUIA POTENCIAL DE SEU ARQUÉTIPO UNIVERSAL, A
QUAL É INDISCERNÍVEL DA ENTELÉQUIA DE QUALQUER OUTRO ARQUÉ-
TIPO UNIVERSAL. Essa estranha propriedade, que assemelha o núcleo indiscernível a um
puro nada, tem em sua causa o modo imitativo com que o demiurgo produziu os Arquétipos
universais COMO RÉPLICA DE SI MESMO, DE SEUS “ASPECTOS” ESSENCIAIS: por
isso só existe UMA MÔNADA E DEZ ARQUÉTIPOS CONFORMADOS COM TAL
MÔNADA. Isto é importante: “nem nove, nem onze: dez Aspectos do Uno que determinam
a essência de todos os entes do Universo”. “E uma mônada, imagem perfeita do Uno, cujo
revestimento formal é o arquétipo gravis e cuja manifestação ôntica é o quanto arquetípico;
uma mônada repetida em todo ponto do espaço cósmico, em todo ente, em todo ser em si, em
todo núcleo indiscernível que, por isso, é idêntico a qualquer outro Arquétipo ou ao inefável
Uno”.
Os Arquétipos são apenas dez, como os Aspectos do Uno, mas combinados de muitas
maneiras fazem possível a enorme multiplicidade dos entes; sem embargo, no núcleo indiscer-
nível de qualquer ente particular, a enteléquia potencial, seu próprio chegar a ser, não pode ser
diferenciado da de outro ente: é indiscernível. Evidentemente esta propriedade do núcleo in-

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discernível toma sumamente obscura o conceito de “fim universal” do ente que temos expli-
cado, pois não deixa ver, para nada, o modo que os entes chegam a ser “individuais”.
Não obstante, isso se compreenderá facilmente quando se faça intervir na existência do
ente o “desígnio”, por dizer, seu “fim particular”, tal como se verá com detalhes em E8.
Na Primeira Parte adiantou-se o conceito de núcleo indiscernível e sua curiosa proprie-
dade, ainda que agora possa ser compreendida com clareza: “convém destacar que o tempo
transcendente não só apresenta a estranha qualidade, já assinalada de ser isotrópico para os
entes permanentes e sucessivos e anisotrópicos para outros tempos sucessivos, senão que tam-
bém é contínuo e descontínuo à vez. Isso se deve a que o espaço real se compõe essencialmente
de quantos arquetípicos, os quais possuem, cada um, um “ponto indiscernível”. Resulta assim,
que em qualquer porção do espaço, por menor que seja, existe sempre uma região coordenável,
propriamente espacial, que constitui o princípio da extensão contínua, e um “ponto indiscerní-
vel”, não palpável, propriamente temporal, que é o mesmo ponto que poderia localizar-se em
qualquer lugar do universo: o ponto indiscernível é também denominado O OLHO DE
ABRAXAS. Desta forma, todo ente sucessivo, por exemplo, É E NÃO É em cada momento
de seu acontecer; mas seu ser é sucessivo e seu não ser é permanente. O fim de todo ente, do
ente particular e do ente universal, está presente em cada instante do tempo transcendente: e
desta finalidade não escapam nem sequer os entes autônomos ou imortais como o microcosmo
atual do pasu. Por isso se diz que só a percepção do aspecto sucessivo ou fenomênico dos entes
constitui uma ILUSÃO, já que seu fim, o nada que alcançará ao concluir o tempo sucessivo, é
igual ao nada inicial, anterior ao tempo sucessivo, se encontra sempre presente dos entes, ex-
posta ao olhar agudo”.

E7 – O Olho de Abraxas

A Teoria Gravis, por outra parte, põe em primeiro plano o problema da “individualidade
dos entes”, cuja solução se dá em E8. Sem entrar em considerar agora como isso é possível,
observemos que os cinco cães da figura 45, apesar de que todos é manifestação de um mesmo
Arquétipo e tendem à mesma enteléquia, PODEM SER DISTINGUIDOS
ESPECIFICADAMENTE COMO ENTES INDIVIDUAIS: aqui este cão, ali esse ou-
tro, lá um terceiro, acolá um quarto, etc. Todo mundo concordaria sem dificuldades com essa
distinção, todo mundo veria os cinco cães assinalados. Mas quando as coisas mudam é ao efe-
tuar um exame semelhante dos gravis, ou de qualquer outra enteléquia potencial, pois então o
observador deverá admitir a realidade dos pontos indiscerníveis; não poderá distinguir um gra-
vis de outro e, ante sua vista, DESAPARECERÁ A PLURALIDADE DOS ENTES PARA
DAR LUGAR À SINGULARIDADE DO ARQUÉTIPO E, POR TRÁS DELE, A TERRÍ-
VEL FACE DO DEMIURGO. Naturalmente muitos rirão frente a essa possibilidade a qual
qualificam de absurda: E FARÃO BEM EM RIR. Se não estão preparados para afrontar o

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Mistério melhor que riam e permaneçam na ignorância, pois são incontáveis AQUELES QUE
ENLOUQUECERAM FRENTE À REALIDADE DOS PONTOS INDISCERNÍVEIS:
houve “místicos”, por exemplo, que de pronto viram os OLHOS EM TODAS AS COISAS;
ou experimentadores que contemplaram o mundo com a percepção visual expandida por meio
de algumas drogas e se horrorizaram ao comprovar um COSMO VIVENTE, previsto de “mi-
lhões de olhos” com os quais “Deus os observa desde todas as coisas” (EX OMNI PARTE
OCULTA).
É necessário advertir, pois, sobre o demente perigo que se encontra no ser em si de todo
ente, em seu fim universal ou finalidade.
Como sabemos, o que o pasu pode conhecer do ente é o que lhe revela seu termo par-
ticular, seu desígnio: O DESÍGNIO É O SER-PARA-O-HOMEM DE UM ENTE, UM
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NOME, UMA PALAVRA, QUE O INDIVIDUALIZA E QUE TEM SIDO PRONUN-
CIADA PELO ASPECTO “LOGOS” DO DEMIURGO. Mas o que temos estudado até aqui
é o fim universal do ente, ou ser em si, quem se encontra encerrado em sua intimidade e é
inacessível ao conhecimento do pasu; ao pasu, em efeito, só é dado o conhecimento dos entes
desde sua exterioridade: só pode DIALOGAR com a natureza ou o mundo, tomar o desígnio
e pôr o sentido no ente, mas o ser em si, o ponto indiscernível, a enteléquia potencial, há de
permanecer desconhecido para ele. Jamais saberá que foi constantemente observado “desde
todas as coisas” pelo Olho, único e múltiplo, de Abraxas.
Mas ao contrário, ao virya não só é possível a percepção do ser em si senão que tal
experiência forma parte das técnicas de liberação espiritual. “Fora do perigo real que representa
um enfrentamento tal com o Demiurgo, na via de oposição estratégica isso constitui um risco
calculado, ao extremo que se conta de antemão com o mesmo e o incluiu como parte da técnica.
O enfrentamento direto com o Demiurgo permite, em efeitos, o domínio do tempo, por dizer,
tornar independente a área estratégica da arquêmona, do tempo transcendente do macrocosmo:
a criação da um Tempo próprio”. Como? “Antes de tudo, o virya há de predispor a arquêmona
com vistas à oposição estratégica”; para isso deve: definir um PONTO EXTERIOR à arquê-
mona, por dizer, um ponto no Valplads; tal ponto há de cair enfrentado ao cerco infinito
quando o virya ocupe a praça, e contra ele se efetuará a oposição estratégica ao tempo trans-
cendente; é necessário, então, assegurar-se previamente de que dito ponto há de permanecer
sempre o mesmo e DE QUE POR ELE PASSA A ISOTROPIA DO TEMPO TRANSCEN-
DENTE e continuará no ponto-cerco de projeção do virya; vale dizer: é necessário OBRIGAR
O DEMIURGO, de antemão, a sustentar a oposição estratégica. É possível cumprir tal condi-
ção? Resposta: sim, aplicando o princípio da Física Hiperbórea que afirma que TODA POR-
ÇÃO PONDERÁVEL DE MATÉRIA É A EXPRESSÃO DE UM OU MAIS ÁTOMOS
ARQUETÍPICOS, OU QUANTUM ARQUETÍPICOS, EM CADA UM DOS QUAIS
EXISTE UM PONTO INDISCERNÍVEL: EM CADA PONTO INDISCERNÍVEL, QUE

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É O MESMO PONTO EM TODOS OS ÁTOMOS DO UNIVERSO, EXISTE UM
PONTO DE TEMPO TRANSCENDENTE, PRESENTE EM CADA UM DELES,
ONDE O DEMIURGO MANIFESTA SUA CONSCIÊNCIA-TEMPO”. Esse parágrafo
em maiúsculas há de se tornar claro agora, à luz da Teoria gravis resumida em E5.
Mas para o virya preocupado por sua liberação espiritual, os pontos indiscerníveis nos
entes e a presença do Demiurgo são algo mais que uma teoria. Segundo a Sabedoria Hiperbórea,
o aprisionamento espiritual é um ato de guerra inimigo e ninguém pode desencadear seu Espí-
rito sem lutar: A ATITUDE GUERREIRA É ESSENCIAL NA VIA DE OPOSIÇÃO
ESTRATÉGICA QUE PROPOMOS NESTE LIVRO, ou em qualquer outra via hiperbórea.
Daqui que o enfrentamento com o demiurgo seja inevitável, cedo ou tarde. Temo-lo repetido
muitas vezes e vale a pena recordá-lo: a verdade, a única e efetiva verdade, está no interior de
cada um, na memória de sangue. Ali deve concorrer o virya para confirmar a Tese fundamental
da Sabedoria Hiperbórea. Por isso, para quem escutou a voz de sangue puro e decide combater,
o ato de guerra individual não pode caracterizar-se de outra maneira que pelo ódio gnóstico até
o mundo do Demiurgo: o virya desperto tratará de experimentar, em todo momento a “hosti-
lidade essencial”, procurando reorientar estrategicamente ao Espírito revertido. E essa hostili-
dade essencial, que antes despregara o Espírito Hiperbóreo contra o Universo material de O
Uno, será o caráter que revestirá, em mínima medida, o ato de guerra que o virya desperto
executará contra ele, por dizer contra o macrocosmo do Demiurgo Jeová-Satanás. “Se tal é a
resolução do virya, se tão gnósticos são seus objetivos, então tudo estará dito, não haverá mais
palavras enganosas nem signos vãos: O ENFRENTAMENTO SE TRANSLADARA MAIS
ALÉM DO VÉU DE MAYA, A UMA INSTÂNCIA ABSOLUTA NA QUE O GUER-
REIRO HIPERBÓREO E O DEMIURGO LUTARÃO CARA A CARA. E, como na Ori-
gem da Queda, na luta estará novamente em jogo o aprisionamento espiritual: o virya desperto
atacou para liberar o Espírito cativo e o Demiurgo responde para submeter o Espírito a uma
maior e mais atroz confusão”.
A todo o dito há que agregar o seguinte: NESSE ENFRENTAMENTO INEVITÁ-
VEL, NO QUE O GUERREIRO HIPERBÓREO E O DEMIURGO LUTARÃO CARA
A CARA, A PROVA MAIS DIFÍCIL QUE DEVERÁ AFRONTAR O GUERREIRO
SERÁ A CONTEMPLAÇÃO DA TERRÍVEL FACE DO DEMIURGO. Por suposto, o
Demiurgo é um Ator com muitas Máscaras, mas aqui nos referimos a UM DE SEUS ASPEC-
TOS: aquele que pode ser percebido no ser em si de todos os entes, por dizer, na entranha de
TODOS os entes do mundo, aos que sustenta e vitaliza desde a enteléquia gravis; esse Aspecto
que a Sabedoria Hiperbórea denomina DRAGÃO DO MUNDO (DRACONIS MUNDI) e a
Cabala hebreia METATRON.
Não é possível descrever com palavras “a forma” do Dragão do Mundo, do anima
mundi, e não vale à pena tentar. Bastará com que nós formemos uma ideia sobre a PERIGOSA

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POTÊNCIA DISSOLVENTE desta imagem: e isso se conseguirá se asseguramos que só
quem dispõe de UM VALOR INFINITO, por dizer, um valor produto da vontade graciosa
do Espírito infinito, consegue resisti-la: para qualquer estado espiritual inferior, por exemplo,
para o virya perdido, Seu Aspecto é irresistível; o Dragão do Mundo some no terror a todo
observador cujo valor tenha algum limite moral; e por “todo observador” há de entender-se
“encarnado ou desencarnado”, “homem, alma ou deva”, etc. A importância disse se verá com
clareza se asseguramos que a prova capital que a Sabedoria Hiperbórea impõe para obter a
iniciação, isto é, a Prova de Valor, consiste “só” na contemplação da Terrível Face de O Uno;
mas esta Face, pode ser o Dragão do Mundo como outra imagem tanto ou mais espantosa que
ela, outro Aspecto demente do Demiurgo, conhecido como HIEDRA CRON, e que não é
mais que seu rosto manifestado em todos os membros de uma Raça Sagrada, hebreia neste
caso, vale dizer, Seu Rosto Único presente na pluralidade dos entes hebreus da raça, no si
mesmo da raça, na enteléquia potencial da raça, por dizer, na SHEKINAH.
Em resumo, aqui desejamos advertir que, sempre que se siga uma via secreta de liberação
das sete mais uma que propõe a Sabedoria Hiperbórea, haverá algum momento em que se
produzirá um enfrentamento com o Demiurgo e que, contemplar Sua Terrível Face, pode ser
perigoso se não se dispõe de um valor sem limites. Mas deve ficar claro que, ainda quando não
exista a luta plantada, a visão do Dragão do Mundo por si só basta para produzir um efeito
devastador sobre o equilíbrio racional: a estrutura cultural pode sair parcial ou totalmente des-
truída dessa experiência ou o sujeito cultural pode ser fagocitado pelo “Deus de um ente” em
um contexto extremamente oblíquo; em qualquer caso, isso significa a loucura.
Assim, pois, nenhuma precaução que o virya adote será excessiva ao tratar deste tema
posto que O DRAGÃO DO MUNDO ESTEJA PRESENTE EM TODOS OS ENTES, JÁ
QUE TODOS OS ENTES FORMAM PARTE DE SEU CORPO.
Na enteléquia dos gravis, desde os pontos indiscerníveis que estão em todos os corpos,
por dizer, desde o tempo transcendente que é Sua Consciência, está Ele sustentando a ordem
material. MAS ELE NÃO ATUA ATRAVÉS DOS GRAVIS. SOMENTE OS SUSTENTA.
NÃO É O ASSPECTO LOGOS O QUE SE MANIFESTA NOS PONTOS INDISCER-
NÍVEIS, SENÃO O ASPECTO CONSCIÊNCIA-TEMPO. NÃO É O VERBO SENÃO
O OLHO DO DEMIURGO. UM OLHO MULTIPLICADO INCANSAVELMENTE EM
TODA A CRIAÇÃO, MAS QUE É SEMPRE O MESMO OLHO: AQUI ESTÁ MAYA.
UM OLHO QUE SE CONTEMPLA A SI MESMO, QUE SE ADMIRA PERPETUA-
MENTE DE SI MESMO. UM OLHO QUE ESTÁ NO LOBO QUE SE APROXIMA E
NO CORDEIRO QUE FOGE, NO HOMEM QUE FUNDE O PUNHAL EM SEU IR-
MÃO E EM SEU IRMÃO QUE MORRE E, TAMBÉM, NO PUNHAL QUE SE EMBRI-
AGA DE SANGUE BORBULHANTE. UM OLHO QUE VÊ DESDE O AMADO E
DESDE A AMADA, E DESDE A TRAIÇÃO DO TERCEIRO. ENFIM, ESSE OLHO,

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CUJA ÓRBITA É UMA SOMA QUE DESCENDE AOS ABISMOS DO BEM E DO MAL,
É O OLHO DE ABRAXAS, UM OLHO TERRÍVEL E INSENSATO. Não em vão os
gnósticos alexandrinos, que sabiam com que classe de monstro teria que se ver, fechava ao
Olho de Abraxas em um triângulo, por dizer, aplicavam a “lei do cerco”, para não enlouquecer
de esquizofrenia. Os Iniciados Hiperbóreos, os viryas despertos ou os Cavaleiros da por
exemplo, como aqueles gnósticos, também possuem técnicas para resistir à mirada dissolvente
do Demiurgo e aos pontos indiscerníveis dos gravis em benefício da estratégia dos Siddhas.
Claro, nos perguntaremos: aproveitar? Para que? Como? E estas perguntas parecerão não ter
resposta em uma época na que, se não se dispõe de um Bevatron, parece que ninguém pode
nem sonhar com investigar o interior da matéria e, se não se possui uma grua hidráulica, quem
intentaria mover as pedras de Sacsahuaman? Mas a verdade é que só para o maravilhoso se deve
aproveitar a Teoria Gravis, que é uma ciência dos Siddhas e da qual estão excluídos o pasu e os
viryas perdidos.
Vejamos algumas de tais possibilidades maravilhosas. Aquele que compreendeu a Teoria
Gravis, por exemplo, pode BUSCAR EM SI MESMO, em seu microcosmo, o ponto indiscer-
nível e, POR MEIO DA ONTADE GRACIOSA, DESLOCAR O CENTRO DE GRAVI-
DADE FORA DE SEU CORPO, EVITANDO O PESO, POR DIZER, A ATRAÇÃO
QUE A TERRA EXERCE SOBRE SUA MASSA: É A “LEVITAÇÃO”. Mas, como seu
próprio ponto indiscernível é o mesmo que o dessa pedra que está ali, poderá movê-la também
com um ato de sua vontade: é a “psicocinésia”. Mas, quando a um corpo material habilmente
desenhado se o leva a coincidir em sua enteléquia com a de um corpo humano, então se dispõe
de um veículo “que viaja sem motor”, como os que sempre tripularam os hiperbóreos. E como
no ponto indiscernível há uma distorção espacial, tais veículos podem tornar-se invisíveis por
“aceleração temporal” e não por “altas vibrações” como sustentam certos ufólogos materialis-
tas e sinarcas.
Por último: no centro da Terra, dada a grande potência de sua massa, há um poderoso
ponto indiscernível que altera de tal modo o espaço e o tempo, que se pode encontrar ali, SE-
GUNDO A MANEIRA QUE SE EMPREENDA A APROXIMAÇÃO, desde o núcleo de
magma tão caro aos geólogos míopes, até uma porção simultânea de espaço cósmico, por dizer,
um firmamento estrelado, passando por muitos estados intermediários que dependem do es-
paço de significação demiúrgico.

E8 – Modelo de desígnio do ente externo

Na Primeira Parte se definiu ao “desígnio demiúrgico” como a ESSÊNCIA do ente para


o pasu. Recordemos tal definição: “Para o pasu uma Relação é, antes de tudo, a VERDADE
do ente. Mas, aqui há que observar que não dizemos A ESSÊNCIA senão A VERDADE do
ente: esta distinção indica que a essência do ente é o DESÍGNIO, em tanto que a Relação é um

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correlato racional, a interpretação do desígnio ou ESQUEMA, o verdadeiramente conhecido
e, por tanto, “a VERDADE do ente”.
O desígnio é, pois, a essência do ente externo, do ente situado no mundo que tem sido
objeto da intuição sensível: “Em primeiro lugar há que qualificar o descobrimento do desígnio
como uma TRANSCENDÊNCIA do ente externo quem, desse modo, situa-se MAIS PARA
CÁ da esfera sensorial. Em efeito, enquanto o Arquétipo universal jamais pode ser visto fora
do ente, nem no ente mesmo, pois é absolutamente imanente, o desígnio do ente está pronto a
ser para-o-homem, a transcender todas as barreiras e revelar-se em sua plenitude. Em outras
palavras, o desígnio passa a ser um OBJETO INTERIOR”. Tal “objeto interior”, logo de ser
interpretado arquetipicamente pela segunda operação da razão, é esquematizado e integrado na
estrutura cultural como Relação entre Princípios: a Relação contém um esquema sêmico do
ente que constitui, para todos os efeitos microcósmicos, a VERDADE do ente. Para facilitar a
compreensão do modelo estrutural convencionamos, então, em representar a Relação como
um ENLACE CILÍNDRICO entre nós ou princípios: o conjunto de uma Relação e dois prin-
cípios foi denominado, assim, SISTEMA SIMPLES e sua representação podem ver-se na figura
13.
Em base ao sistema simples da figura 13 temos desenvolvido numerosos exemplos e,
deles, temos extraído muitas conclusões fundamentais. Sem embargo há uma pergunta óbvia a
que não respondemos e que pode plantar-se assim: se a relação do sistema simples da figura 13
representa “a verdade do ente” mediante um esquema sêmico do desígnio ou essência do ente,
como é tal desígnio, no marco das pautas analogias do modelo estrutural? Mais claramente:
como seria um DESÍGNIO ANÁLOGO tal que sua interpretação racional desse lugar ao sis-
tema da figura 13?
Resposta: A esta resposta há que denominá-la: POSTULADO ESSENCIAL DO MO-
DELO ESTRUTURAL. O “postulado essencial” diz: A UMA ESFERA ÔNTICA CORRES-
PONDE UM ENLACE CILÍNDRICO NA ESTRUTURA CULTURAL; A UMA SÉRIE
DE ESFERAS CONCENTRICAS SUPERPOSTAS DE MAIOR A MENOR, COMO ES-
SÊNCIA DE UM ENTE EXTERNO CORRESPONDE UM FEIXE DE PLANOS RE-
TANGULARES QUE SE INTERSECTAM NO EIXO DO ENLACE CILÍNDRICO
COMO “VERDADE” DO ENTE NA SUPERESTRUTURA CULTURAL.
O “modelo de desígnio”, cuja interpretação racional corresponde ao enlace cilíndrico da
figura 13, é, pois, um corpo composto: o integram uma série de esferas concêntricas, superpos-
tas de maior a menor como as camadas de uma cebola. O postulado essencial nos assegura que
o enlace cilíndrico da figura 13 consiste em um feixe de planos axiais, cada um dos quais tem
um lado comprimento igual à sua extensão e um lado de largura igual ao diâmetro de seu ex-
tremo circular; cada plano axial corresponde analogicamente a uma esfera de modelo do desíg-
nio e cada um deles se intersecta em sua metade com todos os restantes planos, em uma linha

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que passe pelo eixe do enlace cilíndrico: dito eixo é o ponto mais profundo do núcleo axial de
conotação. Na figura 46 simbolizou-se o postulado essencial para facilitar sua compreensão.
À esquerda da figura, na Região B do macrocosmo (comparar com a fig. 39), se repre-
sentou o desígnio do ente externo como uma ESFERA ESTRATIFORME. Abaixo dela, com
três eixos cartesianos, ortogonais, não numeráveis, indica-se que o ente designado está situado
no “espaço análogo” do macrocosmo: o “tempo transcendente” (TT), a “Extensão do Sentido”
(ES), e o “Logos Demiúrgico” (LD), são dimensões análogas, respectivamente ao “tempo trans-
cendente” (TT), “tempo imanente” (TI) e significado (S), do espaço análogo microcósmico que
se vê à direita do desenho. Na figura 39, é útil observar a analogia entre os planos temporais
micro e macrocósmicos: se vê, que o “tempo imanente” do microcosmo, tempo da “consciên-
cia” do pasu, é análogo ao tempo transcendente do macrocosmo, que é o tempo da
“Consciência” do Demiurgo; em câmbio o “tempo transcendente” no microcosmo, é
análogo à “EXTENSÃO DE SENTIDO” NO MACROCOSMO: ESTA DIMENSÃO É
UMA MEDIDA DA “DURAÇÃO” DE UM MACROCONCEITO NA Consciência do De-
miurgo.
Voltando à figura 46, comprovamos que a dimensão “Logos demiúrgico” (LD) é análoga
ao Significado (S) (ver fig. 21) e que o modelo de desígnio se acha “centrado” sobre o eixo que
a representa: isto quer dizer que o desígnio é uma PRODUÇÃO do Logos demiúrgico, conceito
que será explicado mais adiante.
Um flecah, titulada “percepção”, atravessa a “esfera sensorial” e nos mostra o enlace
cilíndrico da estrutura cultural que equivale sêmicamente ao ente descoberto: uma “esfera es-
tratiforme”, composta por uma série de esferas concêntricas, corresponde a um “cilindro estra-
tiforme”, composto por um feixe de planos axiais, tal como o exige o postulado essencial.

Figura 46

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Dispomos agora, em concordância com o modelo estrutural empregado até aqui, de um
“modelo de desígnio”, por dizer, de um modelo “da essência do ente”. Nosso objetivo será,
desde logo, servir-nos do “modelo de desígnio” para compreender o desígnio real. Como? Res-
posta: descrevendo as correspondências análogas entre o modelo para visualizá-las.
Comecemos por indagar: em que consiste o desígnio real? Resposta: em princípio, con-
vém recordar o que se disse na Primeira Parte: “... a suprema importância com que o Demiurgo
designou aos entes prevê que, através destes, o homem aceda às entranhas de seu Plano. Não
se deve crer, desde logo, que o homem só conhece dos entes uma mera aparência, tal como
pretende a ingenuidade racionalista de muitos pensadores.
NA REALIDADE CADA DESÍGNIO É UMA PARTE DE UM PLANO QUE
CONTÉM, PARADOXALMENTE, A TODO O PLANO: É A VONTADE DO DEMI-
URGO QUE O HOMEM “CONHEÇA E ADMIRE” SEU PLANO. Como resposta pode-
mos extrair daqui que “o desígnio consiste em um Plano”. Mas, em que consiste tal Plano? EM
UMA ESCALA DE FASES FORMATIVAS QUE VÃO DO DEMIURGO AO ENTE”. A
cada uma das formas da série, a Sabedoria Hiperbórea as denomina MATRIZ ARQUETÍ-
PICA. O Plano do desígnio consiste, assim, em “uma série de matrizes arquetípicas”. Com mais
precisão, pois, nosso objetivo será conhecer a essência do desígnio demiúrgico e a função do
Plano em que este consiste. Para cumprir com esse fim, nada parece melhor que empregar o
modelo de desígnio. Sem embargo, como veremos em seguida, não podemos iniciar nenhuma
explicação sem modificar previamente o modelo de desígnio. Isso se deve não a uma falha,
senão à estrita correspondência análoga que o modelo guarda com a essência de todo o desígnio
real e que dificulta a compreensão direta e imediata. Examinemos o problema: o desígnio real
consiste de um plano cujo projeto consta de “uma escala de fases formativas”, por dizer, DE
UMA SÉRIE DE MATRIZES ARQUETÍPICAS; pois bem, NO MODELO DE DESÍG-
NIO, A CADA MATRIZ DA SÉRIE, CORRESPONDE UMA ESFERA CONCÊN-
TRICA. Logo sacaremos conclusões sobre o porquê de semelhante disposição formal; por
agora, o que nos deve interessar é notar que pouca ou nenhuma observação poderíamos fazer
de uma série de esferas concêntricas, onde a mais exterior contém a todas as outras em seu
interior. É por isso que, AINDA QUE A FORMA DE “ESFERA ESTRATIFORME É A
QUE GUARDA EQUIVALÊNCIA EXATA COM O DESÍGNIO REAL, vamos a conven-
cionar em outra representação como “modelo de desígnio”.
Como o ideal seria utilizar, apesar de tudo, a esfera estratiforme, o que faremos será
DERIVAR desta a forma mais adequada para facilitar a explicação. Tal forma se mostra na
figura 47 e, como seu nome o indica, é o “despregar” das esferas interiores que compunham a
esfera estratiforme: sobre o eixo “Logos demiúrgico que representa a VOX do Demiurgo, se
dispôs em sucessão à totalidade do DESÍGNIO “DESLOCADO” SÉRIE FORMATIVA das

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esferas do modelo de desígnio; CAI ASSIM DESLOCADO O PLANO EM “SÉRIE FOR-
MATIVA”, OU SÉRIE DE FASES FORMAIS, MAS DEVE-SE RECORDAR EM TODO
MOMENTO QUE ESSA REPRESENTAÇÃO É SÓ UM RECURSO DIDÁTICO E QUE
O DESÍGNIO REAL É ANÁLOGO À ESFERA ESTRATIFORME DA FIGURA 46.

50
Figura 47

O desígnio real, em efeito, não apresenta despregar formal de nenhuma classe e, ao con-
trário, a totalidade de seu Plano encontra-se contido na interioridade do ente, analogamente às
esferas concêntricas no interior da esfera estratiforme.

E9 – O SER-PARA-O-HOMEM do ente externo.

Com ajuda do “modelo de desígnio deslocado”, que temos definido, vamos explicar o
desígnio real dos entes. Regressemos, para isso, à figura 45 e ao exemplo dos cinco cães. Cada
um de tais cães possui como conteúdo de seu ser em si, um núcleo indiscernível onde o Arqué-
tipo cão subjaz em sua unidade absoluta. Sem embargo, vistos os entes desde sua exterioridade,
o pasu não percebe o núcleo indiscernível e a unidade do Arquétipo, senão a aparente plurali-
dade de sua evolução ôntica; entretanto, descobre o ESPECÍFICO do plural e afirma a partici-
pação do universal: entes semelhantes SÃO cães. É possível distinguir qualitativamente aos
membros da espécie e uni-los quantitativamente: são mamíferos, quadrúpedes, ladram, etc.:
SÃO CÃES; e, aqui um, ali outro, lá um terceiro, acolá um quarto, etc.: SÃO CINCO CÃES.
Na figura 45 comprovamos que os cinco cães se encontram em distinto nível evolutivo: três
tem 2° grau, outro progrediu até o 4° grau e o último, de mais valor que os demais, encontramos
próximo a concretizar a enteléquia, no enésimo grau do processo evolutivo. Mas qualquer que
seja o caso, idêntico progresso como os de 2° grau ou distinta evolução como os de 2°, 4° e

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enésimo entre si, SEMPRE É POSSÍVEL DISTINGÜÍ-LOS COMO ENTES INDIVIDU-
AIS: aqui um, ali outro, etc. Se todos são um no núcleo indiscernível, qual é o princípio que faz
possível sua pluralidade, que nos permite assinalar aqui um, ali outro, etc.? Mais claramente
formulada: se o caráter específico do Arquétipo cão, presente nos entes, nos permite afirmar –
Estes SÃO cães! – Qual é o princípio pelo qual podemos assinalar a ESTE cão como algo único
também, diferente dos demais membros de sua espécie? Há cinco cães, e assinalamos a UM
deles: ESTE CÃO. Por que este e não outro? O Arquétipo cão faz com que este seja um cão?
O que faz com que este cão seja este e não outro? Resposta: o PRINCÍPIO DA INDIVIDU-
ALIZAÇÃO. Os cinco cães são ENTES INDIVIDUAIS (ver figura 45) porque ademais do
Arquétipo cão em cada um deles atua o “princípio de individualização”; tal princípio é uma lei
do Demiurgo que expressa a SUPRAFINALIDADE dos entes, seu modo de existir individual
destinado ao descobrimento humano.
Vejamos como formula a Sabedoria Hiperbórea formula o princípio de individualização:
EM TODO O ENTE, ALÉM DO FIM UNIVERSAL QUE SUBJAZ NO NÚCLEO IN-
DISCERNÍVEL DE SEU SER EM SI, EXISTE UM TERMO PARTICULAR OU SER-
PARA-O-HOMEM CUJA FUNÇÃO É CAUSAR A EXISTÊNCIA INDIVIDUAL DOS
ENTES E REVELAR AO HOMEM A ESSÊNCIA DE TAIS EXISTÊNCIAS INDIVI-
DUAIS. CADA ENTE FOI “DESIGNADO” PELO DEMIURGO COM UM FM PARTI-
CULAR QUE O INDIVIDUALIZOU-PARA-O-HOMEM: DALI QUE O FIM PARTI-
CULAR SE CONHEÇA COMO “DESÍGNIO DEMIÚRGICO DO ENTE”. Com respeito
ao desígnio, a Sabedoria hiperbórea destaca a seguinte propriedade fundamental: A IGUAL-
DADE DE ESPÉCIE, IDENTIDADE DE DESÍGNIO.
Mas esta última propriedade nos planta de imediato um problema: se os membros de
uma mesma espécie, por exemplo, os cinco cães, foram designados pelo Demiurgo COM O
MESMO FIM PARTICULAR, como atua, pois, o “princípio de individualização” que nos
permite assinalar concretamente: aqui este, ali esse, etc.? Resposta: segundo vimos, o desígnio
consiste em um Plano cujo projeto é uma série de matrizes arquetípicas: a resposta é que O
ENTE INDIVIDUAL SE CONFORMA EM BASE A SÓ UMA DAS MATRIZES AR-
QUETÍPICAS DA SÉRIE FORMATIVA. Para fazê-lo claro, notemos que cada um dos cinco
cães foi designado pelo Demiurgo com O MESMO DESÍGNIO CÃO”: sem embargo, cada
um deles evolui conforme uma matriz arquetípica particular do Plano, que os transforma em
“entes individuais”; por isso podemos assinalá-los sem dúvidas: aqui este cão, ali esse, etc.
Por suposto que com a resposta anterior não ficou esclarecida a noção de desígnio de-
miúrgico. Se o desígnio é o verdadeiro princípio de individualização dos entes, não é por isso o
ÚNICO fundamento da existência: pelo contrário, no momento de sua designação os entes JÁ
SÃO, já tem um ser em si e com isso uma natureza específica; o que determina o desígnio é a
confirmação INDIVIDUAL desta natureza específica. Por tanto, no ato de existir, concorrem

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o ente dos fins, o universal do Arquétipo e o particular do desígnio, e só poderá ser compreen-
dido dito ato, se se considera estruturalmente a função simultânea de ambos os fins.
Em princípio, há que afirmar que todo ente individual do universo foi designado PAR-
TICULAR pelo Demiurgo. Ainda que essa ideia possa parecer excessiva, não esqueçamos que
a Consciência do Demiurgo está presente em todo ponto do espaço cósmico através dos pon-
tos indiscerníveis, observando todo ente com o Olho de Abraxas. Igualmente, o aspecto Logos
do Demiurgo designa todo ente com que se manifesta qualquer Arquétipo universal. Como
exemplo, pode-se assinalar que cada vez que o Arquétipo cão se manifestou em um dos cinco
cachorros, no primeiro grau do progresso evolutivo, o demiurgo o nomeou, também com o
“desígnio cão”, determinando-o como ente individual.
O desígnio é a PROPOSIÇÃO sobre os entes que o Demiurgo faz ao homem. Por isso,
contrariamente ao ser em si, que está fechado em si mesmo, inacessível na intimidade do núcleo
indiscernível, o ser para o homem, o desígnio, está pronto a revelar-se, a sair do ente e exibir a
PROPOSTA essencial, os desígnios, que são a VOX do Demiurgo nos entes, sua palavra, ao
estar dirigido até o homem para revelar-lhe as essências realizam um SERMÃO, um diálogo
entre o pasu e seu Deus; e a RESPOSTA do homem, sua réplica, é a expressão de sentido, a
projeção de um signo significativo sobre o ente, sobre o Demiurgo no ente, sobre seu Deus.
Mas esta resposta do pasu ao sermão de Deus, a colocação de um signo no ente pela expressão
opositora de sentido, transforma o ente em objeto cultural, em membro de uma superestrutura,
em parte integrante de uma cultura: por isso a Sabedoria Hiperbórea afirma que a cultura surge
de um ato dialético com a natureza, de um sermonis naturalis.
Temos de fazer aqui um esclarecimento semântico. Como veremos em seguida, o de-
sígnio consiste, para o pasu, em “o SUPOSTO essencial do ente”. Mas esse conceito não será
compreendido corretamente se não esclarecermos o significado do vocábulo “suposto”, pois
na linguagem corrente o mesmo adquiriu um sentido pejorativo de “falsidade” ou “hipótese”.
Em efeito, em Castelhano, “suposto” é um particípio passivo do verbo transitivo “supor”, que
o Dicionário Sopena define como “Dar por assentado e considerar como existente uma coisa.
Fingir uma coisa”; aqui se vê, já, o sentido negativo, mas onde melhor poderia apreciar-se é na
“ação de supor”, por dizer, na “suposição”; o Dicionário Sopena diz que a suposição é: “Aquilo
que se supõe ou dá por assentado. Autoridade, distinção e talento impostor ou falsidade”. Por
último, o mesmo dicionário afirma que “suposto” é: “Matéria que não se expressa na proposi-
ção, mas que serve de fundamento à verdade dela. Hipótese. Todo ser que é princípio de seus
atos”.
Para esclarecer a confusão de significados devemos recorrer às raízes latinas e assinalar
que o “suposto” ao que alude a Sabedoria Hiperbórea é o SUPPOSITUM, do verbo transitivo
SUPPONO, que significa: PÔR DEBAIXO.

140
Em nosso caso o suppositum é o desígnio, “suposto no ente pelo Demiurgo como
aquela determinação ontológica essencial que se une à natureza do ente, por dizer, à determi-
nação ontológica do Arquétipo universal, para formalizar sua individualização específica”. É
evidente que o suppositum do desígnio no ente é um suposto real, uma condição essencial da
facticidade do ente, e não uma mera hipótese. Sem embargo, o vocábulo sempre aparecerá
suspeito de irrealidade ou falsidade por sua conotação de suposição, ou suppositio, por dizer,
hipótese nominal.
É imprescindível, pois, evitar confusão, e, como não queremos prescindir do conceito
de suppositum, o caminho inevitável parece ser a definição de um neologismo sinônimo, um
vocábulo que denote o antigo significado de “pôr debaixo”, mas que não conote que tal feito é
uma “suposição”. Quem reúne sem dúvida essas propriedades é o termo SOBREPOSTO, que
empregaremos adiante como sinônimo de suppositum.
Pois bem, o desígnio foi PROPOSTO pelo Demiurgo como ser-para-o-homem do ente
e, com essa supra finalidade, o SUBPÕE no ente para que determine sua existência individual
de acordo com o princípio de individualização. Mas o desígnio é uma vox que consiste em uma
série de matrizes arquetípicas: o que efetivamente atua na conformação individual é UMA ma-
triz arquetípica da série formativa; ESSA ÚNICA MATRIZ ATIVA O SOBREPOSTO ES-
SENCIAL DO ENTE. As restantes matrizes se denominam VIRTUAIS e são as que determi-
nam as FORMAS ACIDENTAIS do ente, por dizer, as propriedades NÃO ESSENCIAIS que
poderia obter ou perder durante sua existência. Sem embargo, no desígnio PROPOSTO em
um ente, subsistem tanto a MATRIZ ESSENCIAL SOBREPOSTA como a totalidade das
MATRIZES VIRTUAIS que complementam a série formativa “que vai desde o Demiurgo até
o ente”. Dali a analogia que mantém o desígnio com a esfera estratiforme segundo o postulado
essencial: no ente, em todo instante, subsistem a totalidade das matrizes arquetípicas que inte-
gram o desígnio, analogamente a como na esfera estratiforme em todo instante estão presente
TODAS as esferas concêntricas da série. Esse “ir desde o Demiurgo ao ente” com que qualifi-
camos a “série de fases formais” indica que as matrizes arquetípicas estão em PROCISSÃO
VERBAL, vale dizer, PROCEDEM do Logos demiúrgico, que é quem as PRODUZ com sua
VOX. A analogia da “procissão verbal” das matrizes arquetípicas se conserva ainda no modelo
de desígnio deslocado da figura 47, na série formativa de esferas, distribuídos sucessivamente
em um ente ou substrato que representa o Verbo do Demiurgo, sua VOCIS DESIGNATIO-
NIS.
De todas as matrizes arquetípicas do desígnio, que subsistem no ente, SÓ UMA REA-
LIZA O SOBREPOSTO INDIVIDUAL QUE O INDIVIDUALIZA E, À VEZ, O CON-
VERTE EM SER-PARA-O-HOMEM. Que significa isso?
Chegaremos à resposta mediante um raciocínio.

141
Antes de tudo, afirmemos o já explicado: PARA QUE UM ENTE INDIVIDUAL
EXISTA COMO TAL DEVEM CONCORRER DOIS FINS: UM, UNIVERSAL, O SER
EM SI COMO SE MANIFESTA O ARQUÉTIPO UNIVERSAL; OUTRO, PARTICU-
LAR, O SER-PARA-O-HOMEM COMO SE MANIFESTA O DESÍGNIO, A MATRIZ
ESSENCIAL DO DESÍGNIO. Desses dois fins, o universal outorga EXISTÊNCIA NATU-
RAL E IMPULSO EVOLUTIVO, e o “particular” EXISTÊNCIA INDIVIDUAL ESPECÍ-
FICA. Desde logo, que se a existência mesma do ente está causada por dois fins à vez, só é
possível separá-los com a razão, por meio da análise. Mas essa análise para não cometer os erros
que criticamos em outro inciso deve limitar-se a uma descrição estrutural. Só assim, sem esque-
cer que a existência ôntica reconhece uma dupla determinação ontológica inseparável, podere-
mos assinalar e descobrir as propriedades de cada fim por separado.
Com estas condições podemos assegurar que o ser em si do ente, o fim universal, é
quem lhe outorga EXISTÊNCIA NATURAL e quem o IMPULSIONA A PROGREDIR
EVOLUTIVAMENTE EM SUA EXISTÊNCIA: O Arquétipo atua no ente, desde o ser em
si, como princípio imanente de seu movimento evolutivo, um movimento em espiral pelo qual
o ente progride até a enteléquia ou finalidade. Agora bem, uma coisa que só existe se sustentada
pela atividade do ser em si do Arquétipo universal teria subsistência natural, mas não entidade
específica. Por exemplo, a atividade evolutiva do “Arquétipo cão” da figura 45, NO QUE UNI-
CAMENTE A ELE RESPEITA, só conseguiria manifestar-se em substâncias de inequívoca
NATUREZA CANINA, mas carentes de entidade específica: não poderíamos assinalar então
aqui este cão, ali esse outro, etc. Para que os entes emerjam individualmente do natural é neces-
sário sobrepor uma essência específica: e essa é a função da matriz arquetípica essencial do
desígnio. É assim que as cinco manifestações essenciais do Arquétipo cão, todas de idêntica
natureza, transformam-se em ENTES INDIVIDUAIS, em cães, indivíduo e espécie, por estar
SOBREPOSTA à matriz essencial do desígnio cão, distinta em cada ente.
Certamente a essência determinada por uma “matriz essencial” é a essência real, a essên-
cia que caracteriza ao ente individual, e não à “essência específica” ou quiddidad, por dizer, a
essência contida na definição proposicional: a “essência específica” é uma generalização abstrata
das propriedades reais do ente individual TOMADO NO PLURAL, por dizer, é um conceito
fatia da estrutura cultural; a “essência específica” corresponde ao caráter imanente do Arquétipo
universal, ainda que isso seja impossível de ser verificado pelo pasu.
A essência da “matriz essencial”, ao contrário, é quem realmente determina a existência
ôntica e quem efetivamente transcende o ôntico para revelar ao homem. Esta essência do ente
individual é puramente singular e, pelo tanto, É A PRIORI DA ESPÉCIE E DO GÊNERO,
que só podem determinar-se a partir da pluralidade: mas sua prioridade é POSSÍVEL enquanto
que a posterioridade da espécie e do gênero é meramente IDEAL. Um conceito de “essência
específica”, construído em base a propriedades percebidas em entes individuais concretos, é “O

142
LIMITE DA CERTEZA RACIONAL” que o virya desperto jamais se permitirá ultrapassar.

E10 – Estudo análogo de um ente concreto

Reconhecemos, pois, duas determinações ontológicas fundamentais em todo ente: o fim


universal e o fim particular. Ambos os fins determinam modos de existir: o fim universal causa
a “existência natural” do ente, em tanto que o fim particular causa sua “existência individual”,
a única que pode conhecer o pasu; a “existência natural” só pode ser inferida a partir da intuição,
o específico em uma pluralidade de entes.
Podemos visualizar esse processo de dupla determinação ontológica se nos referimos a
um exemplo específico e o representamos graficamente mediante o “modelo de desígnio des-
locado”. Como exemplo, tomaremos um dos cavalos da figura 45 e, como modelo de desígnio,
o deslocado da figura 47. Chegamos, assim, à configuração que mostra a figura 48.
Para entender esta figura há que começar a examiná-la pelo “Arquétipo cavalo” que se
encontra na parte superior, no espaço análogo correspondente ao plano arquetípico. Nesse
plano, tal como se indica na figura 45, o Arquétipo cavalo é um SER UNIVERSAL, por dizer,
um ser absolutamente singular, mas dotado de uma potência formativa que lhe permite mani-
festar sua enteléquia potencial em uma pluralidade de entes do plano material. A figura 48 exibe
UM de tais entes individuais, cujo processo evolutivo foi surpreendido no momento que al-
cança o grau enésimo do valor positivo: a trajetória em espiral demonstra que o progresso do
ente equino se efetuou de acordo com a “lei da evolução” dos processos arquetípicos. Se o ente
equino houvesse sido surpreendido em qualquer outro “momento” de sua evolução, por dizer,
em qualquer outro ponto da espiral evolutiva, o caso seria análogo ao representado na figura
48, só com a diferença de seu valor positivo medido na escala gradual de momentos progressi-
vos. Sem embargo, o desenvolvimento do ente equino determinado pela força do Arquétipo
cavalo NÃO ALCANÇA PARA FAZER DESTE UM CAVALO INDIVIDUAL: “ESSE
CAVALO”. O impulso evolutivo do Arquétipo cavalo, sua enteléquia potencial manifestada
no plano material, tudo o que consegue é dotar a um átomo arquetípico, a um gravis, de “natu-
reza equina” em sua própria potência formativa. Com outras palavras, o gravis, que NÃO É
ESTRUTURADOR DE FORMA, mas que possui entidade material, recebe a determinação
formal para sua potência de parte do Arquétipo cavalo: esta é a natureza equina do ente, o fim
universal, seu ser em si.

143
Figura 48

A enteléquia potencial do Arquétipo cavalo coincide no núcleo indiscernível com a en-


teléquia gravis e desde ali, desde o ser em si do ente equino, ativa o processo evolutivo.

144
Mas a natureza equina do ente não faz deste um cavalo individual: “esse cavalo”; é ne-
cessário, para isso, a concorrência simultânea de uma segunda determinação ontológica: um fim
particular que causa sua individualização, um princípio que faça de O cavalo, ESSE cavalo.
Semelhante princípio não pode ser outra coisa mais que um PLANO ATIVO, vale dizer, um
PLANO CAPAZ de converter o ente equino em cavalo individual apenas pelo feito de sua
subsistência. E isto é o DESÍGNIO CAVALO: um PLANO ATIVO porque é um PLANO
VIVO; um PROGRAMA animado pelo Logos, pelo Verbo do demiurgo, perfeitamente EFI-
CAZ para formular uma individualidade do ente equino; um Plano que conforma a todo o
Plano, que determina a existência de ESSE cavalo individual em relação lógica com todo outro
cavalo e com todo outro ente; um plano que, à vez que determina a existência individual do
cavalo, 57 constitui um projeto de seu DESTINO. O desígnio, em resumo, consiste em um
Plano ativo, vivente, capaz e eficaz, para causar a individualidade do ente e programar seu des-
tino. Na figura 48, mediante o modelo de desígnio deslocado, podemos observar uma repre-
sentação análoga do efeito que o desígnio cavalo causa no ente equino.
Sobre o eixo (LP), que expressa uma DIREÇÃO ou INTENÇÃO do LOGOS DEMI-
ÚRGICO, representou-se com esferas de diferente diâmetro consecutivo o despregue análogo
do desígnio cavalo: cada esfera corresponde a uma matriz arquetípica da série formativa, por
dizer, do Plano ativo, de acordo com o modelo exposto na figura 47. O primeiro que se adverte,
na figura 48, é que o ente equino, que vem evoluindo no plano material segundo uma trajetória
espiroforme, consiste também em uma das matrizes arquetípicas do desígnio cavalo deslocado:
isso não é mais que a expressão gráfica da dupla determinação ontológica do ente equino. A
esfera assinalada como “cavalo ôntico”, por dizer, o cavalo real, individual, ESSE cavalo, é à
vez UMA das matrizes arquetípicas do desígnio, a MATRIZ ESSENCIAL, e UM ente equino
que evolui progredindo até a enteléquia com movimento espiroforme. Mas a forma do cavalo
ôntico está determinada exclusivamente pela matriz essencial do desígnio, tal como mostra a
figura, que por isso se denomina “fim particular” ou ser-para-o-homem: o fim universal, o ser
em si do ente equino, por dizer, a enteléquia potencial do Arquétipo cavalo subjacente no nú-
cleo indiscernível, não pode ser representada baixo nenhuma forma; sua presença no cavalo
ôntico só há de ser inferida pela espiral da lei da evolução, o que corresponde estritamente com
os feitos reais posto que tal espiral representa o PROCESSO evolutivo do Arquétipo cavalo,
por dizer, o NEXO que une em todo momento ao Arquétipo cavalo com sua enteléquia po-
tencial ou ser em si do ente equino.
A compreensão da figura 48 será mais completa se notamos que o cavalo ôntico existe
em um “espaço análogo macrocósmico”, formado pelos eixos (LD), (ES) e (TT), semelhante ao
que se definiu na figura 46. É conveniente, assim mesmo, examinar esse espaço análogo em
relação com a figura 39. Com respeito à trajetória espiroforme que desenvolve o ente equino

145
no plano material, cabe advertir que a mesma ocorre NO SENTIDO DO TEMPO TRANS-
CENDENTE (TT), o que confirma O VALOR POSITIVO DO PROGRESSO TEMPO-
RAL: o Arquétipo cavalo se ATUALIZA constantemente à medida que o ente equino evolui.
; a “lei da evolução” consiste em um movimento espiral com o que o progresso vai confor-
mando ao ente até ajustá-lo à enteléquia potencial; e nesse porvir, que acontece no tempo trans-
cendente, o ente equino vai progredindo, vai ganhando valor, tal como se comprova na “escala
de momentos progressivos” graduada à esquerda da figura.
A noção de “desígnio demiúrgico” ficará bastante clara, agora, se aprofundarmos a des-
crição análoga da figura 48. Consideremos, em primeiro lugar, as matrizes arquetípicas que in-
tegram a série formativa do desígnio cavalo: só UMA delas, a MATRIZ ESSENCIAL, deter-
mina a forma individual do cavalo ôntico, transforma o ente equino universal em ESSE cavalo
particular.
Que ocorre então com as restantes matrizes da série, por dizer, com as MATRIZES
VIRTUAIS? Resposta: salvo a matriz essencial, que é permanentemente ativa, as restantes ma-
trizes da série, as matrizes virtuais, subsistem no cavalo ôntico como POSSIBILIDADE DE
DETERMINAÇÃO NÃO ESSENCIAL DA FORMA EQÜINA. As matrizes virtuais são,
pois, as que determinam AS PROPRIEDADES ACIDENTAIS do cavalo ôntico, aquilo que
pode agregar-se ou quitar-se ao mesmo sem que por isso deixe de ser ESSE cavalo: A SE-
QUÊNCIA DE MATRIZES VIRTUAIS QUE SE ATUALIZAM EM ALGUM MO-
MENTO, POR PEQUENO QUE SEJA, DO PASSADO, PRESENTE OU FUTURO, DA
VIDA DE UM MESMO CAVALO, E EM UM MESMO ESPAÇO DE SIGNIFICAÇÃO
MACROCÓSMICA, DENOMINA-SE “DESTINO REAL DO CAVALO ÔNTICO”. Esta
resposta nos diz que toda propriedade acidental que altere a forma do cavalo ôntico, ainda
aquela modificação contingente que aparenta ser efeito do puro azar, oculta em realidade uma
origem determinada pelas matrizes virtuais: o acidente só pode acontecer sobre a forma essen-
cial porque se FUNDAMENTOU pela matriz virtual em ato; o acidente é o ato da matriz
virtual. Há assim, em cada ente individual, em cada cavalo, uma certa APTIDÃO para receber
ou ceder propriedades não essenciais, uma certa CAPACIDADE para a mudança acidental,
por dizer, uma pré-disposição para cumprir um DESTINO.
O ser em si atua desde a intimidade do ente equino, desde o núcleo indiscernível, impul-
sionando um processo evolutivo que aponta à perfeição entelequial; a matriz essencial do de-
sígnio, do ser-para-o-homem, conforma ao ente equino e lhe outorga individualidade concreta,
fazendo factível a realidade daquela perfeição proposta; as matrizes virtuais decidem, em relação
com os restantes entes do macrocosmo, se a perfeição entelequial será alcançada ou não, se a
evolução do ente equino continuará até tal ou qual grau ou se deterá e ocorrerá a dissolução
ôntica, etc.; as matrizes virtuais decidem, pois, a sorte do cavalo ôntico, seu destino real. Sinte-
tizando tudo isso, O “FIM UNIVERSAL”

146
DO ENTE EQUINO, SEU SER EM SI, OUTORGA-LHE “EXISTÊNCIA NATU-
RAL” E “IMPULSO EVOLUTIVO” EM TANTO QUE O “FIM PARTICULAR”, O DE-
SÍGNIO SER-PARA-O-HOMEM, PELA ATIVIDADE DA MATRIZ ESSENCIAL SO-
BREPOSTA ASSEGURA-LHE “EXISTÊNCIA INDIVIDUAL ESPECÍFICA”. A ESSA
EXISTÊNCIA BIONTOLÓGICA, NATURAL E ESPECÍFICA, S MATRIZES VIRTU-
AIS CONDICIONAM COM UM “DESTINO ÚNICO”.
Por último, pode-se completar o conceito do desígnio COMO SÉRIE FORMATIVA
recorrendo ao modelo de desígnio definido na figura 46. Segundo o postulado essencial do
modelo estrutural, se o ente externo consiste em uma esfera estratiforme, seu esquema na es-
trutura cultural consistirá em um enlace cilíndrico semelhante ao das figuras 13, 14, 15, 18, 19,
20, 21, 24 e 25. Dada sua importância como modelo, convém aportar alguma precisão mais
sobre a esfera estratiforme: vale destacar, então, a QUALIDADE de que cada esfera, desde a
mais exterior ou superficial até a mais interior ou central, diferencia-se de sua imediata conse-
cutiva em que SEU RAIO É UM ONTO MENOR. Isto se compreenderá facilmente se esta-
belecemos a condição de que cada esfera concêntrica seja de ESPESSURA PONTUAL e de
que NÃO EXISTA ESPAÇO VAZIO NELAS.
O “raio‟ de uma esfera é a distância que se mede entre o ponto central (o) e qualquer
um dos pontos da superfície interior ou exterior: no primeiro caso, a distância denomina-se
“raio interior”; e no segundo caso, “raio exterior”: a diferença entre a extensão ou “módulo”
de ambos os raios é igual à espessura da esfera, por dizer, à distância entre dois pontos corres-
pondentes da superfície interior e exterior. É claro que, de acordo com a condição estabelecida,
“de que cada esfera seja de espessura pontual”, a distinção entre “raio interior” e “raio exterior”,
carece de sentido; convém definir, em câmbio, um “raio único”, tal que seu ponto extremo não
central coincida com um ponto da superfície esférica Y, como para cumprir com a segunda
condição, “de que não exista espaço vazio entre elas” resulta evidente que os raios das esferas
consecutivas só hão de diferir em um ponto de sua longitude ou módulo. Uma situação seme-
lhante se ilustrou na figura 49, onde os círculos representam aos pontos de duas esferas conse-
cutivas e os arcos de circunferência ou segmento da secção de suas espessuras: nesse caso, o
raio (ρ) da esfera consecutiva interior é um ponto menos extenso que o raio (φ) da esfera maior.
Assim disposta a esfera estratiforme, que nos diz o modelo de desígnio? Resposta: que
se cada esfera consecutiva difere unicamente em um ponto radial de sua imediata anterior ou
posterior, e se cada uma delas corresponde analogicamente com uma matriz arquetípica do
desígnio real, então as matrizes arquetípicas da série formativa hão de diferir consecutivamente
entre si EM UMA SÓ QUALIDADE, NOTA, TRAÇO, CARÁTER, PROPRIEDADE,
ETC. Com outras palavras, por exemplo, uma matriz difere da seguinte em uma qualidade, e
esta, a sua vez, difere da seguinte em outra qualidade distinta, e esta matriz, logo, difere também
da que a segue em outra qualidade distinta de uma das anteriores, e assim sucessivamente até

147
completar a série formativa com matrizes arquetípicas referidas à determinação de um mesmo
ente: compreende-se, pois, a enorme quantidade de matrizes arquetípicas que hão de estar con-
tidas no desígnio de um ente se as mesmas hão de contemplar um alto número de qualidades e
suas combinações formais e estruturais.
Pode-se aplicar esta conclusão, a exemplo da figura 48, por dizer, ao desígnio cavalo, se
renunciamos previamente o emprego do modelo de desígnio deslocado e consideramos, como
realmente ocorre, que no ente equino, em seu ser-para-o-homem, subsistem a totalidade das
matrizes arquetípicas da série formativa. Sendo assim, podemos afirmar que toda matriz cavalo,
da série formativa do desígnio cavalo, difere de qualquer outra matriz consecutiva em só uma
qualidade. Quando atua o princípio de individualização, uma matriz arquetípica particular, única
para ESSE cavalo, conforma o ente equino, dá fim individual à sua natureza, e se ativa como
“matriz essencial” do cavalo real: é fácil inferir, daqui, que as matrizes consecutivas mais próxi-
mas, matrizes virtuais do cavalo, só hão de diferir mui levemente da matriz essencial ativa: em
uma qualidade ou nota cada uma. Uma diferença apreciável recém poderia advertir-se logo de
tomar “distância formal” com a matriz essencial, por dizer, logo de situar-se em um ponto
distante da série formativa e de efetuar uma comparação da homologia estrutural com a matriz
virtual ali observada.

Figura 49

Finalmente, não há que esquecer que tais diferenças qualitativas entre as matrizes arque-
típicas são as que determinem os acidentes e o destino do ente.

148
E11 – Gnosiologia do desígnio ou ser-para-o-homem.

O desígnio demiúrgico é o ser-para-o-homem do ente, o fim que faz que o ente seja um
indivíduo-para-o-homem, uma coisa única, que emerge do natural e se revela à intuição sensível
e à razão: a matriz essencial sobreposta e a eventual atividade das matrizes virtuais, TERMI-
NAM para o homem as perfeições em potência do sem em si do ente, perfeições que subsistem
no núcleo indiscernível como a natureza universal do ente determinada pela enteléquia poten-
cial. Daqui que convém advertir uma importante distinção entre ambos os FINS, o “universal”
ou ser em si e o “particular” ou ser-para-o-homem: o ser em si ou enteléquia potencial, em
efeito, é a finalidade da evolução do ente e, por tanto, um termo potencial, em efeito, é a finali-
dade da evolução do ente e, por tanto, um FIM POTENCIAL, um “fim universal” mas próprio
Fo futuro atual; o ser em si, no rigor da Sabedoria Hiperbórea, é um FIM UNIVERSAL PO-
TENCIAL. O ser-para-o-homem, o desígnio demiúrgico do ente, ao contrário, é a supra fina-
lidade proposta para o homem, esse microcosmo onde se refletirá a essência do ente e desde
onde retornará o sentido ao ente: operação, ato de amor, com o qual o microcosmo, o pasu,
cumpre sua finalidade ético-psicológica e proporciona prazer ao Demiurgo; o desígnio demiúr-
gico não só individualiza ao ente senão que está disposto a revelar esta intimidade ao homem
EM TODO MOMENTO, por dizer, EM CADA MOMENTO DO PROCESSO EVOLU-
TIVO. O desígnio atual está ligado, assim, ao ATO INDICIDUAL do ente e por isso é um
FIM ATUAL, um “fim particular”, MS próprio do presente atual; ser-para-o-homem, em rigor
da Sabedoria Hiperbórea, é um FIM PARTICULAR ATUAL.
Quando a intuição sensível de um ente externo põe a este em contato com a razão, e a
primeira operação elimina o Arquétipo universal, fica descoberto o desígnio, “mais para cá da
esfera sensorial”, por dizer, fica exposto seu Plano à interpretação da segunda operação racional:
a razão constrói, então, um ESQUEMA SÊMICO do desígnio demiúrgico e o integra como
Relação entre Princípios, como enlaces entre nós da estrutura cultural. O esquema contido na
Relação constitui a VERDADE do ente porque é a interpretação racional, um reflexo interno,
da ESSÊNCIA verdadeiramente conhecida do ente: para o sujeito cultural ou para o sujeito
consciente a apreensão, em qualquer momento, do esquema do ente ou Relação equivale à
efetiva apreensão do ente. Sem embargo a inteligência do pasu ou do virya perdido só alcança
para notar o esquema em um contexto de uns poucos planos de significação habitual: de seme-
lhante conotação surgem os conceitos fatia, que são símbolos incompletos do ente, descrições
linguísticas do esquema. Entretanto, de todas as linguagens possíveis, há uma que normalmente
é “horizontal” e corresponde a um idioma sociocultural, por dizer, por uma linguagem que é
habitualmente empregada para expressar e COMUNICAR o significado dos conceitos aos res-
tantes membros da sociedade cultural; O CONCEITO DO ENTE, EXPRESSADO NESSA
LINGUAGEM NORMALMENTE HORIZONTAL, PROPÕE COMO VERDADE DO
ENTE A DESCRIÇÃO ANALÍTICA DA MATRIZ ESSENCIAL. Mas esta definição requer

149
uma explicação detalhada.
Antes de tudo, devemos reparar em que o desígnio sempre revê a totalidade de seu Plano
e em que a razão sempre constrói um esquema do desígnio que guarda correspondência sêmica
com a totalidade de dito Plano. Na figura 46, onde se representou o postulado essencial do
modelo estrutural, pode ver-se que, a cada esfera concêntrica de modelo de desígnio, por dizer,
a cada matriz arquetípica da série formativa em que consiste o Plano, corresponde um plano
axial de modelo de esquema ou Relação, do enlace cilíndrico da estrutura cultural: a totalidade
dos planos axiais formam um feixe no interior do enlace cilíndrico integrando seu volume, por
dizer, integrando sua COMPREENSÃO. A cada um de tais planos axiais, de natureza sêmica,
os temos denominado na Primeira Parte: CONCEITO FATIA da verdade do ente (ver figuras
14, 15 e 16). É evidente, agora, que um conceito fatia só contém a descrição sêmica de uma
matriz arquetípica: por isso do mesmo afirmamos que é um símbolo incompleto (do ente), um
aspecto da verdade. Somente a apreensão simultânea de todos os planos axiais, por dizer, se
experimenta-se a COMPREENSÃO do esquema completo do ente, somente essa vivência,
brindaria ao sujeito cultural e ao sujeito consciente uma noção cabal da essência ôntica, uma
noção que corresponda racionalmente com o ser-para-o-homem revelado pelo ente, uma noção
que contenha não só o conhecimento da atualidade do ente, e ainda sua essência permanente,
como também o projeto de seu destino real: é indubitável, pois, que a representação racional
ou consciente de um conceito fatia, por mais profundamente que este tenha sido vivenciado,
só será um símbolo incompleto, um símbolo cujo significado proposto descobrirá um aspecto
do ente, por exemplo, uma forma, alguma função, uma qualidade, uma propriedade, um traço,
etc. 62
Mas esta última maneira de vivenciar a verdade do ente, de modo meramente conceitual,
é característica do pasu e do virya perdido, tal como se demonstrou na Primeira Parte. O sujeito
cultural do pasu, por meio da faculdade tradutiva, é capaz de explorar os distintos planos axiais
do enlace cilíndrico e de notá-los, um por um, no contexto significativo de uma linguagem
habitual: cada plano axial corresponde, segundo vimos, a uma matriz arquetípica de desígnio, e
o conceito fatia que produz sua vivência contém, assim mesmo, uma descrição linguística, uma
codificação, da matriz arquetípica como “aspecto” da verdade do ente. A faculdade tradutiva
possibilita essa notação significativa e, ademais, a representação consciente de um símbolo
emergente que replica o significado: para ele, para assegurar a direção da emergência até a esfera
de consciência, o conceito será sempre notado EM UM PLANO DE SIGNIFICAÇÃO HO-
RIZONTAL por causa da potência ativa que subjaz nos símbolos do esquema. Recordemos o
dito na Primeira Parte a respeito: “Consideremos o processo de pensar racional. Um pensa-
mento iluminou o sistema e o relevo de um significado se perfila sobre o horizonte da signifi-
cação contínua. Mas a faculdade tradutiva nota o significado perfilado sobre um determinado

150
plano de significação: o contexto significativo que outorga significação ao significado, se “ni-
vela” sobre dito plano particular. Sabemos que a faculdade tradutiva é a capacidade para tornar
inteligível a verdade do ente em uma pluralidade de planos de significação oblíquos: sem em-
bargo, qualquer que seja a inclinação do plano de significação, o pensamento sempre é vivenci-
ado com referência a um “plano horizontal”. Isto ocorre assim porque a faculdade tradutiva é
uma função das potências ativas das Relações: em toda Relação existe uma referência potencial
à esfera de consciência, como “centro de referência” de si mesmo, que nivela e torna horizontais
os planos de significação nos quais o significado é notado. Não importa, então, quão obliqua
seja na estrutura cultural o plano de significação no que a faculdade tradutiva tenha notado o
significado de uma relação: no pensamento, o significado, e seu contexto, sempre serão hori-
zontais, ou quando a inteligência seja tão elevada como para permitir notar o significado, e seu
contexto, sempre serão horizontais, ou quando a inteligência seja tão elevada como para per-
mitir notar o significado em várias linguagens obliquas”. “A atualização de um sistema, sua
‘‘iluminação’’ motiva ao sujeito para experimentar sua vivência”: temos visto que, nestes casos,
o sujeito cultural situa-se SOBRE o sistema, com o fim de vivenciar o esquema da Relação. Mas
o sujeito cultural, de onde procede? Como chegou até ele o sistema iluminado? Resposta: “In-
dubitavelmente, salvos casos de anormalidade extrema, o sujeito cultural encontra-se SOBRE
A ESTRUTURA HABITUAL, NO PLANO DE SIGNIFICAÇÃO HORIZONTAL DA
LINGUAGEM SOCIO-CULTURAL. Para “chegar” ao sistema iluminado o sujeito cultural
se desloca horizontalmente pela estrutura cultural SOBRE O PLANO DA LINGUAGEM
HABITUAL. Mas este “chegar” a sistema sobre um plano horizontal implica que o esquema
será notado em seu contexto, por dizer, que será experimentado como CONCEITO DE LIN-
GUAGEM HABITUAL”. Considerando o exemplo da figura 48, por dizer, o caso em que o
esquema “iluminado” correspondesse à verdade de um cavalo, o sujeito cultural notará, pois, o
CONCEITO HABITUAL de cavalo, o conceito de cavalo como “objeto cultural exterior”, o
conceito de cavalo em idioma corrente. Mas esse “conceito habitual” de cavalo, que todos en-
tendem porque está expresso no idioma corrente e alude ao cavalo real, a que matriz arquetípica
do desígnio cavalo corresponde? Resposta: à matriz essencial. É evidente que se a matriz essen-
cial é a forma sobreposta que individualiza o cavalo, a forma que termina sua natureza equina e
faz dele ESSE cavalo, então ESSE cavalo será conhecido primeiramente baixo tal forma essen-
cial: O CONCEITO HABITUAL DE CAVALO É UMA DESCRIÇÃO ANALÍTICA DA
MATRIZ ESSENCIAL DO DESÍGNIO CAVALO, e esse “conceito habitual”, segundo vi-
mos, é o aspecto da verdade do cavalo que normalmente se nota na linguagem sociocultural
habitual, no idioma corrente. Por isso definimos mais atrás que “O CONCEITO DE ENTE,
EXPRESSADO NESSA LINGUAGEM NORMALMENTE HORIZONTAL, PROPÕE
COMO VERDADE DO ENTE A DESCRIÇÃO ANALÍTICA DA MATRIZ ESSEN-
CIAL”.
O modelo de desígnio permite entender esta definição de “conceito habitual” para todo

151
ente. Na figura 46, em efeito, pode comprovar-se que um dos planos axiais, assinalado, é para-
lelo AL plano de significação horizontal (STT): O PLANO AXIAL REPRESENTA O CON-
CEITO HABITUAL DO ENTE, POR DIZER, O CONCEITO DA MATRIZ ESSEN-
CIAL. Na mesma figura observam-se, ademais, outros planos axiais dentro do enlace cilíndrico
ou esquema do ente: são os conceitos fatia das matrizes virtuais do desígnio, conceitos que só
podem ser notados no contexto de planos de significação oblíquos, correspondentes às lingua-
gens não habituais.
Toda matriz virtual diferencia-se de sua imediata consecutiva em uma qualidade ou nota.
Ao serem interpretadas racionalmente como conceitos fatia, as diferenças qualitativas entre as
matrizes virtuais se mantêm invariáveis. Por isso, à medida que nos afastamos do conceito ha-
bitual, por dizer, do plano axial da figura 46, os conceitos fatia oblíquos apresentam dife-
renças cada vez maiores, ASPECTOS INSÓLITOS DA VERDADE DO ENTE. É um caso
análogo ao examinado em E10 com respeito ao desígnio cavalo: “é fácil inferir que as matrizes
consecutivas mais próximas, matrizes virtuais do cavalo, só hão de diferir mui levemente da
matriz essencial ativa: em uma qualidade ou nota cada uma. Uma diferença apreciável recém
poderia advertir-se logo de tomar “distância formal” com a matriz essencial, por dizer, logo de
situar-se em um ponto distante da série formativa e efetuar uma comparação da homologia
estrutural com a matriz virtual ali observada”. E esse caso é análogo porque o postulado essen-
cial do modelo estrutural nos demonstra que a cada matriz de desígnio corresponde um plano
axial ou conceito fatia no esquema da Relação. No esquema do cavalo, por exemplo, podemos
imaginar que os conceitos fatia mais próximos ao conceito habitual apenas diferem deste em
alguma qualidade; ao conceito habitual do cavalo, correspondente à matriz essencial do desígnio
cavalo, hão de lhe seguir, por exemplo, os conceitos habituais, mas muito semelhantes, de “ala-
zão”, “pangaré”, etc., correspondentes a matrizes virtuais do desígnio cavalo, matrizes que de-
terminam as notas acidentais da forma equina.
Agora bem, até que extremo podem chegar as diferenças qualitativas entre o conceito
habitual e os conceitos oblíquos, já tratamos ao estudar “O mito e o símbolo sagrado”. A série
formativa do desígnio é uma precessão de matrizes arquetípicas que vão do Demiurgo ao ente:
no extremo da série está sempre o Arquétipo universal do ente, o qual é um aspecto do Demi-
urgo, “o Deus do ente”; daqui que ao ser esquematizada pela razão, a matriz extrema do desíg-
nio, a que corresponde ao Deus do ente, conforme um conceito extremamente oblíquo, um
conceito fatia cujo conteúdo se denomina “mito” e sua representação “símbolo sagrado”. No
artigo citado, para um exemplo específico de um esquema de peixe, descreveu-se como a fan-
tasia de um peixe-alado poderia desencadear a emergência de um símbolo sagrado, desde o
conceito oblíquo correspondente ao Deus do ente, e à manifestação autônoma do mito. Mas a
mesma explicação poderia aplicar-se ao caso do desígnio cavalo e seu esquema da estrutura
cultural só por considerar que no extremo da série formativa, e consequentemente no conceito

152
oblíquo mais extremo, existe uma matriz virtual que corresponde a um “Deus Cavalo”, por
exemplo, a um Pégasus.
Há que advertir aqui, que a teoria gnosiológica da Sabedoria Hiperbórea recém será ex-
posta completa no quinto tomo. Como se explicará nele, o “postulado essencial do modelo
estrutural” permite descobrir analogicamente a “correspondência gnosiológica” que se estabe-
lece entre um ente externo designado e a estrutura cultural do pasu durante a “percepção”. Sem
embargo, no ente designado, que revelou seu ser-para-o-homem à percepção do pasu, espera
receber o sentido mediante a “expressão” e converter-se em objeto cultural. Este segundo mo-
vimento, a “correspondência axiológica entre a estrutura cultural e o ente externo, irá requerer
a definição de outro princípio de modelo estrutural para ser compreendido analogicamente: o
“postulado potencial”.

E12 – Estudo análogo do desígnio átomo.

Em E9, ao explicar o princípio de individualização dos entes, afirmamos que “À


IGUALDADE DE ESPÉCIE, IDENTIDADE DE DESÍGNIO”. Este conceito significa
que todos os membros de uma mesma espécie, por exemplo, os cinco cães da figura 45, foram
assinalados pelo Verbo do Demiurgo com idêntico desígnio: O DESÍGNIO DE CADA CÃO
É IDENTICO; O QUE FAZ DELES “ENTES INDIVIDUAIS” É O FEITO DE QUE
EVOLUEM MOLDADOS A DISTINTAS MATRIZES ARQUETÍPICAS DO MESMO
DESÍGNIO; TAIS MATRIZES ATIVAS, EM CADA CÃO, DENOMINAM-SE “MATRI-
ZES ESSENCIAIS”; SEM EMBARGO, POR PERTENCEREM TODAS ELAS À SÉRIE
FORMATIVA DO DESÍGNIO CÃO, A MATRIZ ESSENCIAL DE UM CÃO INDIVI-
DUAL PODE CORRESPONDER A UMA MATRIZ VIRTUAL DE OUTRO CÃO. SE
UM CÃO É “CANNIS FAMILIARIS” NÃO PODE SER À VEZ, “CANNIS LUPUS”: EN-
TRETANTO, A MATRIZ DO “CANNIS LUPUS” ENCONTRA-SE VIRTUALMENTE
NO DESÍGNIO DE “CANNIS FAMILIARIS”, CONJUNTAMENTE COM AS MATRI-
ZES VIRTUAIS DO “CANNIS OCCIDENTALIS”, “CANNIS AUSTRLIANIS”, ETC.
TAMBÉM, SE UM CÃO REAL É, POR EXEMPLO, “NEGRO”, ESTA QUALIDADE
CROMÁTICA AGREGA-SE À SUA ESSÊNCIA CANINA ESPECÍFICA. MAS TODA
OUTRA QUALIDADE CROMÁTICA POSSÍVEL, BRANCO, MANCHADO, ETC.,
ESTÁ PRESENTE EM SEU DESÍGNIO BAIXO A FORMA DE ALGUMA MATRIZ
VIRTUAL DA SÉRIE FORMATIVA. O CÃO NEGRO PODERIA ADOECER E SEU
PELO MUDAR DE COR E TORNAR-SE CINZA; MAS A CONCRETIZAÇÃO DE TAL
ACIDENTE SÓ É POSSÍVEL PORQUE A MATRIZ VIRTUAL DA COR CINZA, SUB-
SISTENTE EM SEU DESÍGNIO, O PERMITE.
A Sabedoria Hiperbórea sempre afirmou este conceito de “à igualdade de espécie, iden-
tidade de desígnio” e é por isso que desde muito antigamente houve sábios que souberam ver,

153
por trás da matriz essencial que individualiza um determinado ente específico, outras possibili-
dades formais subjacentes em seu ser cognoscível às que denominaram “qualidades potenciais
da coisa”, possibilidades que em realidade procediam das matrizes virtuais da série formativa
do desígnio. Um exemplo clássico dessa afirmação hiperbórea o constitui o conceito de “ma-
téria” e “átomo material”, cuja antiguidade remonta-se à época atlante e que se manteve até a
idade moderna europeia, por dizer, até que a “ciência empírica” e gnosiologicamente daltônica
o enterrou. Neste sub-artigo vamos expor aquele antigo conceito hiperbóreo e demonstrar o
erro e a insuficiência do conceito moderno que o substituiu. O conceito hiperbóreo é bem fácil
de expor: “EM TODO ENTE FÍSICO SUA SUBSTÂNCIA MATERIAL CARACTERIZA-
SE POR SER DE UMA ÚNICA NATUREZA ESSENCIAL” E: “TODOS OS ÁTOMOS
MATERIAIS SÃO DE UMA MESMA ESPÉCIE”. A Sabedoria Hiperbórea afirmou, pois,
de um princípio, que SÓ EXSITE “UMA” SUBSTÂNCIA MATERIAL, “UMA” ÚNICA
ESSÊNCIA, “UM” SÓ TIPO DE ÁTOMO, devido ao modo como o Demiurgo construiu o
macrocosmo: pela imitação multiplicadora de uma única mônada, reflexo de Si Mesmo, cuja
manifestação material consiste no átomo gravis, e pela combinação multiplicadora dos dez Ar-
quétipos fundamentais, reflexo de seus dez Rostos, cuja expressão pneumática constitui o de-
sígnio dos entes. A crescente cegueira dos homens, correlativa com o avanço das Trevas do
Kaly Yuga, foi degradando este conceito, e assim acabou-se por distinguir quatro substâncias
básicas ou essenciais materiais, logo cinco ou sete, ultimamente noventa e dois elementos e
finalmente, na atualidade, mais de cem.
Mas o ocorrido é também bem fácil de explicar: enquanto a Sabedoria Hiperbórea sus-
tenta que EXISTE UM DESÍGNIO ÁTOMO, em cuja série formativa subsistem todas as
matrizes arquetípicas que individualizam os entes específicos, a ciência atual classificou aos en-
tes físicos como se estivessem compostos por distintos tipos de substâncias e confeccionou
uma “tabela periódica” na que tais “substâncias” estão ordenadas por “número atômico”, por
dizer, pelo número de elétrons que somam em todas as suas capas ou níveis de energia, e postas
em colunas de acordo com a repetição periódica de propriedades químicas similares. Um exem-
plo semelhante pode ver-se na figura 50.
O critério “científico” e dogmático empregado para desenvolver a tabela periódica ba-
seia-se ainda no conceito de Robert Boyle, alquimista fracassado do séc. XVII, segundo o qual
“um elemento físico fundamental é aquele que pode combinar-se com outros para formar um
composto, mas que não pode decompor-se em uma substância mais simples uma vez separada
de toda substância química”. Com tal critério, os químicos acabaram por reconhecer como
“elementos fundamentais” e essencialmente diferentes ao que só são entes atômicos, gravis,
individualizados pelas matrizes arquetípicas de um único “desígnio átomo”. A “tabela perió-
dica” não é pois, mais que um “modelo de desígnio deslocado”, por dizer, um modelo realizado
inconscientemente pela ciência na qual se “despregam” erroneamente as matrizes arquetípicas

154
do desígnio átomo. E dizemos que se despregam “erroneamente” porque a tabela periódica, tal
como se observa na figura 50, está ordenada DA ESQUERDA PARA A DIREITA, por dizer,
SEGUNDO O SENTIDO DOS ALFABETOS INDOGERMÂNICOS, o que constitui um
disparate esotérico, já que dito sentido foi disposto por Wotan quando ensinou aos ários o uso
das runas JUSTAMENTE PARA RESIGNAR OS DESÍGNIOS ÔNTICOS. As vozes de
todo desígnio, as matrizes arquetípicas, pelo contrário, têm o sentido real da DIREITA À ES-
QUERDA, como o alfabeto hebreu, e assim deveria ordenar-se a “tabela periódica” se ao me-
nos se deseja que em algo coincida com a realidade dos entes atômicos.

Figura 50

Na parte inferior da figura 50 representou-se um “modelo deslocado” do desígnio


átomo, que mostra o sentido real do Logos demiúrgico e demonstra que os pretendidos “ele-
mentos fundamentais” só são matrizes arquetípicas da “série formativa”.
Segundo a Sabedoria Hiperbórea, e de maneira análoga à como se explicou para o caso
do desígnio cavalo, na matéria atômica rege o princípio: “a igualdade de espécie, identidade de
desígnio”. Por dizer que, sendo todos os átomos materiais exemplares de uma mesma espécie,
seu desígnio é idêntico, QUALQUER QUE SEJA A QUALIDADE ESSENCIAL QUE
APARENTEMENTE OS DIFERENCIE. Este conceito hiperbóreo será claro se nos referi-
mos a casos concretos, por exemplo, aos elementos da tabela periódica.

155
Segundo a Física, as substâncias elementais da tabela periódica são essencialmente dife-
rentes entre si: não é o mesmo, por exemplo, o elemento 79 que o elemento 82, não é o mesmo
o ouro que o chumbo. O átomo de ouro tem 79 elétrons enquanto que o chumbo tem 82; e
além disso, apresentam diferentes pesos atômicos por causa do distinto número de partículas
do núcleo, especialmente nêutrons: o átomo de ouro “pesa” 196,967 enquanto que o de
chumbo: 207,19. Tais diferenças de “estrutura atômica” causariam as distintas qualidades que
caracterizam o elemento ouro e o elemento chumbo. Segundo o Física, pois, estes dois elemen-
tos, o ouro e o chumbo, constituem duas substâncias da natureza essencialmente diferentes:
NADA REAL HAVERIA NO OURO QUE TENHA QUE VER COM A ESSÊNCIA DO
CHUMBO E NADA REAL HAVERIA NO CHUMBO QUE TENHA A VER COM A
ESSÊNCIA DO OURO; O VÍNCULO QUE A FÍSICA ESTABELECE ENTRE AMBOS
É SÓ TEÓRICA, PRODUTO DA COMPARAÇÃO ENTRE SUAS ESTRUTURAS ATÔ-
MICAS: NA REALIDADE AMBOS OS ELEMENTOS SÃO ESSENCIALMENTE DI-
FERENTES E NÃO HÁ NADA CONCRETO NELES QUE OS RELACIONE REAL-
MENTE ENTRE SI. Tal é o conceito da Física.
Pois bem, algo muito distinto afirma a Sabedoria Hiperbórea sobre o ouro e o chumbo,
ou qualquer outro elemento da tabela periódica.
Para a Sabedoria Hiperbórea, TODOS OS “ELEMENTOS” DA TABELA PERIÓ-
DICA SÃO MEMBROS PARTICULARES DA MESMA ESPÉCIE “ÁTOMO” E, POR
TANTO, TEM IDÊNTICO DESÍGNIO DEMIÚRGICO. Quer dizer que o hidrogênio (1),
hélio (2), lítio (3), ..., ouro (79), mercúrio (80), tálio (81), chumbo (82), ..., urânio (92), etc., são
entes atômicos que existem por causa do mesmo desígnio demiúrgico: em cada um deles subjaz
o mesmo PLANO ATIVO, a mesma série formativa de matrizes arquetípicas. O que diferencia
aos membros da espécie átomo é o princípio de individualização, vale dizer, a matriz essencial
com a qual se individualizaram dentro da forma específica. Assim, o “átomo de ouro” não é
mais que a individualização de um ente atômico universal, ou gravis, baixo a forma sobreposta
da matriz essencial “ouro”; e o mesmo pode afirmar-se, por exemplo, do “átomo de chumbo”,
o qual consiste em um ente atômico universal ou gravis, individualizado conforme outra matriz
arquetípica do mesmo desígnio: a matriz essencial do chumbo. Mas é importante advertir que
no “átomo de ouro” a matriz do chumbo, e qualquer outra matriz arquetípica que não tenha
influenciado ativamente no processo de individualização, subsistem como matriz virtual; e o
mesmo ocorre com o “átomo de chumbo”, por exemplo, em cujo desígnio subsiste as matrizes
virtuais do ouro e de qualquer outra substância específica. Para a Sabedoria Hiperbórea, pois,
em oposição à Física teórica, NO OURO HÁ ALGO REAL DA ESSÊNCIA DO CHUMBO
E NO CHUMBO HÁ ALGO REAL DA ESSÊNCIA DO OURO: SUAS MATRIZES VIR-
TUAIS. Tal como afirmava a Alquimia hiperbórea, NO CHUMBO ESTÁ O OURO E NO
OURO ESTÁ O CHUMBO, REALMENTE, COMO POSSIBILIDADE DE MUDANÇA

156
ACIDENTAL. Mas há muito mais ainda: tanto no ouro como no chumbo, estão também todas
as matrizes virtuais dos distintos elementos da tabela periódica, o que significa que o ouro, o
chumbo, e outro elemento, poderiam fazer efetivas as qualidades de qualquer dos restantes
elementos apenas ativando a matriz virtual do mesmo, com só a sobpor.
Considerando a esfera estratiforme como modelo de “desígnio atômico”, podemos ima-
ginar que os átomos de qualquer substância consistem em modelos semelhantes: as diferenças
entre distintos elementos procederiam, então, da atividade intensiva que certas esferas concên-
tricas de modelo, ou matrizes essenciais, desenvolveriam em cada um deles. Por exemplo, se a
esfera estratiforme representa a um átomo de berílio, devemos imaginar que a quarta capa con-
cêntrica, desde o centro, ativou-se de tal maneira que ela só determina o caráter de toda a esfera:
é como se ao olhar a esfera estratiforme só pudéssemos perceber a quarta capa, mas sabendo
com certeza que as restantes capas também se encontram presentes de modo virtual. Com esse
exemplo se compreende que a atualidade da quarta capa, ou matriz essencial, é análoga à indi-
vidualização de um átomo de berílio: um ente atômico universal, designado com um Plano que
contém as matrizes arquetípicas de todos os átomos específicos possíveis, individualiza-se como
átomo de berílio pela atividade conformadora da quarta matriz arquetípica da série formativa, a
qual cumpre então a função de matriz essencial do átomo de berílio. E assim como as restantes
esferas concêntricas da esfera estratiforme, que, não obstante serem invisíveis estão presentes
de modo virtual junto à quarta capa ativa, assim também as restantes matrizes arquetípicas da
série formativa do desígnio átomo, correspondentes à forma de qualquer elemento atômico
possível, subsistem de modo virtual no átomo de berílio individualizado.
Utilizando uma disposição esquemática semelhante à da figura 48, no que se descreveu
o processo de individualização de um cavalo real, é possível demonstrar graficamente o con-
ceito recentemente exposto sobre o “desígnio átomo”. Desta maneira, na figura 51 vemos que
o Arquétipo “átomo”, por dizer, o Arquétipo “gravis” se manifesta evolutivamente no plano
material mediante cinco entes atômicos cujo valor, medido na “escala gradual de momentos
progressivos”, corresponde ao “terceiro grau”. Em cada um destes entes atômicos subsiste a
enteléquia gravis como ser em si, como fim universal potencial: os arcos de espiral representam
o processo evolutivo que conecta continuamente ao ser em si da pluralidade ôntica com o ser
universal da singularidade arquetípica. Com outras palavras, o arquétipo gravis, sem que se altere
em nenhum momento sua singularidade absoluta, manifesta-se com sua enteléquia potencial
nos cinco entes e lhes confere natureza atômica, por dizer, “existência natural” e “impulso evo-
lutivo”.
Os estes cinco entes atômicos o Verbo do Demiurgo os designa com O MESMO “DE-
SÍGNIO ÁTOMO”, tal como se mostra na figura 51. Ali, em efeito, mediante o modelo de
desígnio deslocado definido na figura 50, vê-se que em cada ente evolutivo concorre O
MESMO “DESÍGNIO ÁTOMO”: tanto os quatro átomos de berílio como o átomo de lítio

157
dispõem de um “desígnio átomo” que causa sua existência individual.
No núcleo indiscernível dos cinco entes atômicos subsiste a enteléquia gravis, o ser em
si, o fim universal potencial que lhes confere natureza atômica: a esta natureza universal põe
fim particular o desígnio de cada ente atômico. Consideremos os quatro átomos de berílio. Em
cada um deles a natureza atômica se individualiza conforme a matriz arquetípica do berílio, a
quarta da série formativa, que nesses casos se denomina “matriz essencial de berílio”. A quarta
matriz é, pois, o sobreposto essencial que termina individualmente a natureza universal dos
entes atômicos, que faz deles ESSES átomos de berílio. As restantes matrizes arquetípicas da
série formativa do desígnio átomo, as que correspondem à forma de hidrogênio, hélio, lítio,
boro, carbono, etc., subsistem também em cada átomo de berílio como “matrizes virtuais”,
como determinações possíveis de todo câmbio acidental.
O átomo de lítio, por sua parte, é a terminação individual de um ente atômico confor-
mado com a terceira matriz arquetípica da série formativa do desígnio átomo, a “matriz essen-
cial de lítio”. As restantes matrizes arquetípicas, como no caso dos átomos de berílio, subsistem
no átomo de lítio em qualidade de “matrizes virtuais”.

70
Figura 51

Mas é evidente que a “matriz essencial de berílio”, a quarta da série, subsiste no átomo
de lítio como “matriz virtual”, como só uma mais das matrizes virtuais de seu desígnio. Assim

158
mesmo a “matriz essencial de lítio”, a terceira da série, é só uma das matrizes virtuais que sub-
sistem no desígnio de cada átomo de berílio.

E13 – Conceito sintético de desígnio demiúrgico

É oportuno, para completar a “Noção de desígnio demiúrgico” exposta neste artigo


„E‟, começar por um breve epítome dos doze sub-artigos anteriores. Nele, “Resumem sobre
o desígnio demiúrgico”, citaram-se definições pertinentes da Primeira Parte e puseram-se em
primeiro plano os conceitos de finalidade e supra finalidade: a finalidade dos entes vem deter-
minada por seu ser em si, o qual é um “fim universal”, em tanto que a supra finalidade é o ser-
para-o-homem, o desígnio propriamente dito, o qual é um “fim particular”. Estes conceitos
poderiam denotar um significado completamente errôneo, impróprio da Sabedoria Hiperbórea,
se não se esclarece exatamente o que devem entender-se por “universal” e “particular” dos fins.
Tal esclarecimento se realiza detalhadamente nos seguintes sub-artigos: desde E2 até E7 inclu-
sive, define-se o “fim universal”, a finalidade do ente, e desde E8 até E12, inclusive, precisa-se
o conceito de “fim particular”, de supra finalidade do ente.
“É assim como em E2, “Análise da classificação racional”, distingue-se entre o “universo
real” e o „universo cultural” e demonstra-se que toda classificação sistemática dos entes se efe-
tua na “estrutura cultural” com relações entre os conceitos fatia de ditos entes: o “universal”
que se afirma ou evidencia dos entes, detrás de semelhante classificação psicológica, não é mais
que outro conceito fatia, um conceito “universal cultural”; mas nos entes concretos, de quem
procede ao desígnio que deu lugar aos conceitos fatia, existe algo que é realmente universal: o
Arquétipo universal que os sustenta e de cujo ser eles participa. Há que descartar, pois, o con-
ceito “universal cultural”, próprio da estrutura cultural, e remeter-se diretamente ao concreto.
Em E3, “espécie e gênero dos entes externos”, demonstra-se que “a espécie”, apesar de
ser também um conceito fatia, apoia-se efetivamente sobre os entes reais para sua determinação:
o “gênero”, ao contrário, é um conceito fatia definido sobre as espécies, uma operação siste-
mática pura da estrutura cultural: o gênero não acede aos entes reais senão através dos conceitos
específicos. Chegamos então a uma conclusão que o limite que separa a espécie do gênero é “a
fronteira da certeza racional para todo virya desperto”. Por isso a compreensão do “universal
real” só poderá conseguir-se a partir de conceitos específicos, por dizer, a partir de conceitos
que descrevam a qualidade dos entes concretos. Mas a busca do universal real nos conduz di-
retamente ao Arquétipo universal que, na singularidade absoluta de seu ser universal, manifesta-
se materialmente em uma pluralidade de entes específicos: na figura 45 representou-se sinopti-
camente este problema. Um problema que recém foi resolvido em E8, mas que já estava plan-
tado da seguinte forma: se o Arquétipo universal é capaz de repartir-se em todos os entes espe-
cíficos sem dividir-se, o que por si só já constitui um enigma, o que é que converte aos entes
específicos em entes individuais, vale dizer, qual é o princípio que nos permite assinalar ESSE

159
ente; lá AQUELE outro, etc.?
A definição “do ser em si do ente externo”, em E4, esclareceu definitivamente o con-
ceito do universal real: a participação do Arquétipo universal nos entes específicos se realiza
desde o “núcleo indiscernível”, uma região coordenável onde, como ser em si, subjaz a entelé-
quia potencial. Em todo ente há, assim, uma natureza universal específica aportada pelo fim
universal ou ser em si, pela enteléquia potencial que é a mesma em todo ente e idêntica ao
Arquétipo universal. “O Arquétipo gravis”, descrito em E5, exemplifica com profundidade o
conceito de “ser em si” ou enteléquia potencial dos entes externos e proporciona importantes
noções sobre a Física hiperbórea.
E6, por sua parte, esclarece o conceito de “O núcleo indiscernível dos entes”, mostrando
sua alucinante qualidade de ser idêntico para toda enteléquia potencial: o ser e o nada coexistem
nesse ponto pelo qual, também, flui o tempo transcendente, a Consciência do Demiurgo. Dali
que, tal como se explica em E7, desde o núcleo indiscernível dos entes, “O Olho de Abraxas”
contempla-se a Si Mesmo, com um olhar fixo e multiplicado incansavelmente em todo ponto
do espaço macro e microcósmico.
Estando, suficientemente maduro e esclarecido o conceito de “fim universal”, “ser em
si do ente”, chegou o momento de responder à pergunta pendente sobre a causa da individua-
lidade dos entes. Para brindar uma explicação análoga que concordasse com o modelo estrutural
desenvolvido na Primeira Parte, em E8 se definiu um “modelo de desígnio do ente externo”
consistente em uma esfera estratiforme na que, cada capa ou esfera concêntrica, representa a
uma matriz arquetípica de desígnio; tal “modelo” análogo de desígnio deriva-se do “postulado
essencial do modelo estrutural”, exposto em E8. O desígnio demiúrgico é segundo este modelo,
um plano ativo cujo projeto contempla todas as determinações possíveis de um ente específico:
uma série de fases formais “que vão do Demiurgo ao ente”. Ao fim, em E9, descreveu-se “O
ser-para-o-homem do ente esterno”. Ficando claro que a supra finalidade do ente inclui o “prin-
cípio de individualização”, o princípio que permite reconhecê-lo como ESSE ente concreto. O
desígnio não só é um ser-para-o-homem, um ser pronto a revelar-se ao conhecimento humano,
senão também o princípio que conforma essencialmente ao ente evolutivo, o princípio de sua
individualidade real. Todo ente admite em sua existência duas determinações ontológicas: o fim
universal ou ser em si e o fim particular ou ser-para-o-homem. O ser em si, causador do impulso
evolutivo, determina a existência natural do ente, em tanto que o ser-para-o-homem determina
sua existência individual: a natureza universal do ser em si, no ente específico, põe fim atual à
matriz essencial do desígnio. As restantes matrizes arquetípicas do Plano ativo subsistem no
ente como “matrizes virtuais” ou determinações de mudança: toda qualidade, nota, proprie-
dade, traço, etc., que se agregue ou subtraia ao caráter essencial do ente em qualquer momento
de sua existência, está determinado pela atividade das matrizes virtuais.

160
Em E10 aplicar-se-ão estes conceitos para efetuar “O estudo análogo de um ente con-
creto”: o “cavalo ôntico” da figura 48. Vimos ali como a matriz essência do desígnio cavalo,
sobreposta no ente equino, colocava fim individual à natureza universal com que o processo
do Arquétipo cavalo impulsionava sua evolução. A “Gnosiologia do desígnio ou ser-para-o-
homem”, explicada em E11, demonstra que o “conceito habitual” de um ente, por dizer, o
conceito fatia normalmente horizontal na linguagem corrente, descreve a “matriz essencial” do
ente: as restantes matrizes arquetípicas do desígnio, as matrizes virtuais, estão descritas em ou-
tros conceitos fatia distribuídos obliquamente no feixe de planos axiais do enlace cilíndrico ou
Relação.
Por último, em E12 praticou-se uma nova incursão pela Física Hiperbórea com o “Es-
tudo análogo do desígnio átomo”. Comprovamos aqui que a matéria consiste em uma única
espécie de entes, cujos membros são átomos arquetípicos individualizados segundo as distintas
formas acidentais da série formativa do desígnio átomo: a tabela periódica das substâncias ele-
mentais da Física não é mais que uma mostra incompleta do desígnio átomo deslocado; os
átomos dos diferentes elementos da tabela só são entes individualizados segundo as distintas
matrizes arquetípicas da série formativa do desígnio: todos os átomos que existem, qualquer
que seja sua qualidade, estão assinalados pelo Verbo do Demiurgo com a mesma Vox, com o
mesmo desígnio átomo; só varia em cada um a atividade da matriz essencial.
O conceito sintético de desígnio demiúrgico obtido como conclusão, ao cabo desde epí-
tome, é o seguinte: o desígnio é o ser-para-o-homem do ente, uma Vox, uma palavra, proposta
pelo Verbo do Demiurgo para dar existência individual ao ente e para que o ente revele esta
existência ao homem; o desígnio é o fim da natureza universal do ente que causa sua existência
individual conforme a matriz essencial da série formativa; o desígnio é um Plano ativo consis-
tente em uma série de fases formais ou matrizes arquetípicas, uma das quais é a matriz essencial
que causa a existência individual do ente, e as restantes são matrizes virtuais que determinam
suas qualidades acidentais; o Plano ativo se denomina, também, “destino real do ente”; o desíg-
nio é uma produção do Logos do Demiurgo e as matrizes arquetípicas que integram a série
formativa do Plano ativo desenvolvem uma procissão que vai do Demiurgo ao ente; o desígnio
está proposto no ente pelo Demiurgo e a matriz essencial está sobreposta no ente pelo desígnio;
o desígnio, a totalidade de suas matrizes arquetípicas, está construída pela combinação de só
dez Arquétipos e estes, à sua vez, são só aspectos de uma única mônada, imagem perfeita do
Uno; esta mônada manifestada na matéria com seus dez aspectos se denomina YOD: yod é a
voz essencial com a qual se estrutura uma Língua Sagrada, por dizer, uma língua própria de uma
Raça Sagrada do Demiurgo; yod é o Santo Monossílabo de Jeová-Satanás que integra toda Vox
e todo termo; por isso, todo desígnio está escrito na Língua Sagrada só por yodim, por dizer,
só por uma multiplicidade de vozes yod; aqui está a Sabedoria Hiperbórea: quando Wotan en-
sinou aos ários a Língua dos Pássaros, como instrumento de reorientação estratégica, como

161
Runa Noológica e arma capaz de abrir o caminho de Regresso à Origem, sua primeira lição foi
mostrar como se resignava o yod ôntico, por dizer, o yod subjacente em todo desígnio demiúr-
gico; e então Wotan disse que o yod se resigna pela expressão da RUNA ODAL, caindo assim
neutralizado seu nefasto poder; e desde aquela primeira lição do Grande Ás, todo virya des-
perto, ou iniciado hiperbóreo, dispõe da terrível possibilidade de resignar os desígnios dos entes,
convertendo-se em seu Amo e Senhor; a resignação de yod pela expressão da RUNA ODAL
é o segredo que estudam, na atualidade, os Cavaleiros Tirodal , segredo que permitirá à Rúnica
Noológica Hiperbórea superar a cabala numeral hebraica, ao final do Kaly Yuga, no Dia do
Espírito.

F – RELAÇÃO HIERÁRQUICA ENTRE DESÍGNIOS

Valendo-nos da noção de desígnio demiúrgico desenvolvida em “E”, poderemos com-


preender a afirmação feita em “D”: “entre o desígnio caracol e o desígnio da serpente existe
uma RELAÇÃO HIERÁRQUICA”.
Antes de qualquer coisa convém relacionar analogicamente a “faculdade de classificar”
que dispõe o pasu, e que foi descrita em “E2” e “E3”, com a “faculdade de designar” que exibe
o Verbo do Demiurgo. O pasu, segundo vimos, pode operar sistematicamente com o sujeito
cultural na estrutura cultural e “estruturar conceitos de relações sob a extensão de um conceito
denominado classe”; em particular, “o gênero demonstra assim, ser só o produto de uma ope-
ração sistemática efetuada com um grupo de conceitos fatia específicos e, portanto, demonstra
ser só um “conceito de conceito”, uma “função de função”, uma “classe de classes”, etc. O
Demiurgo, por sua parte, realiza com seu verbo uma operação análoga ao designar os entes do
macrocosmo, dando-se o caso de DESÍGNIO QUE CONTÉM EM SEU PLANO ATIVO
O PLANO DE OUTROS DESÍGNIOS, por dizer, DESÍGNIOS DE DESÍGNIOS: o
exemplo clássico é o DESÍGNIO PASU que contém em seu Plano a totalidade de desígnios
ônticos do macrocosmo e é por isso que seu projeto se denomina “microcosmo”: um reflexo
ou cópia invertida do macrocosmo onde estão replicados estruturalmente todos seus entes. No
desígnio pasu todos os restantes desígnios estão ORDENADOS HIERARQUICAMENTE
SEGUNDO SUA FUNÇÃO ESPECÍFICA E ESTRUTURAL: o desígnio pasu é, assim, um
“desígnio de desígnios”, um Plano de Planos: um microcosmo que contém integralmente ao
Plano do macrocosmo.
À parte do desígnio pasu, que é o Plano ativo de máxima extensão que o Demiurgo
concebeu, existem incontáveis desígnios de desígnios; em particular cabe destacar, como exem-
plo fundamental, a relação hierárquica que guardam entre si os desígnios do caracol e da ser-
pente: o desígnio do caracol é um desígnio cujo Plano contém o Plano de desígnio da serpente,
tal como se mostra na figura 52-b. Vemos ali que só um conjunto de matrizes arquetípicas, da
série total de fases normativas do desígnio caracol, constitui o Plano de desígnio serpente: este

162
desígnio está claramente contido no desígnio caracol, o qual o engloba dentro de seu Plano.
Mas o feito de haver tomado como exemplo a estes desígnios particulares não carece de
significado. A Sabedoria Hiperbórea, em efeito, afirma que o desígnio caracol, e o desígnio
serpente que lhe está subordinado, OCUPA UMA POSIÇÃO SOBRESSALENTE DEN-
TRO DO DESÍGNIO PASU PORQUE EM TAL DESÍGNIO SUBJAZ O PRINCÍPIO
CONFIRMADOR DE MOVIMENTO ENERGÉTICO DE QUALQUER NATUREZA
QUE ESTE SEJA. O que quer dizer isso? Resposta: que o movimento da energia sempre segue
uma lei formal cuja descrição corresponde com alguma matriz arquetípica do desígnio caracol.
De acordo com o visto em “C”, por exemplo, sabemos que a energia astral macrocósmica e a
energia psíquica microcósmica regem-se por leis cuja forma subjaz no desígnio do caracol, em
tanto que a energia vital macro e microcósmica regem-se por leis formuladas no desígnio da
serpente: a relação hierárquica entre ambos os desígnios e sua influência sobre tais tipos de
energia se representou na figura 52-a.
No geral, a resposta anterior nos diz que a forma adotada pelo movimento energético
em qualquer fenômeno rege-se NECESSARIAMENTE pelo desígnio caracol ou pelo desígnio
serpente: isto se deve a que a forma energética conforma-se com alguma matriz arquetípica
sobreposta pertencente a série formativa de ditos desígnios, QUALQUER QUE SEJA A NA-
TUREZA ARQUETÍPICA QUE IMPULSIONA A EVOLUÇÃO DE UM ENTE, POR
EXEMPLO, CAVALO, CACHORRO OU PEIXE; JUNTO À MATRIZ ESSENCIAL DE
SEU DESÍGNIO, QUE O INDIVIDUALIZA COMO CAVALO, CACHORRO OU
PEIXE, SUBSISTEM SOBREPOSTAS AS MATRIZES ARQUETÍPICAS DO DESÍG-
NIO CARACOL (OU SERPENTE) QUE REGEM A TOTALIDADE DOS MOVIMEN-
TOS ENERGÉTICOS DOS ENTES MENCIONADOS.

163
Figura 52 (a y b)

Às matrizes arquetípicas do desígnio caracol que determinam a forma do movimento


energético, psíquico ou vital (calórico, elétrico, mecânico, químico, hidráulico, etc.) a Sabedoria
Hiperbórea denomina MATRIZES FUNCIONAIS. Daqui que o “símbolo sagrado do pasu
representado na figura 41 como signo espiral, seja considerado “A MATRIZ FUNCIONAL
DA LEI DA EVOLUÇÃO”.
O desígnio pasu é um desígnio de desígnio que contém ao desígnio caracol. Isto quer
dizer que em todo ente orgânico da fisiologia microcósmica, onde tenha lugar um movimento
energético de qualquer natureza, está sobreposta alguma matriz funcional com a qual se con-
forma a variação de fenômeno. Em particular, a lei que rege o desenvolvimento da esfera de
consciência do pasu, objetivo microcósmico de sua finalidade, é a “lei da evolução”, a qual se
conforma com a matriz funcional ESPIRAL do desígnio caracol. Um pasu específico que evolui
de acordo ao impulso do Arquétipo Manu, por dizer, um microcosmo potencial, individualiza-
se pela ação da matriz essencial do desígnio pasu sobreposta no ente microcósmico, a cuja
natureza humana termina e dá forma particular: a matriz essencial do pasu é, assim, um Plano

164
individual para realizar a evolução completa do microcosmo. E dentro do plano em que con-
siste a matriz essencial, o posto extremo está ocupado pela esfera de consciência, por ser sua
evolução o objetivo microcósmico da finalidade do pasu. Resulta assim, que a esfera de cons-
ciência, por ser energética, evolui, “move-se” de acordo com a lei espiroforme da matriz funci-
onal e, por ocupar tal esfera um posto extremo na matriz essencial do desígnio pasu, resulta
assim mesmo que o “símbolo espiral” há de ocupar um POSTO CENTRAL na esfera de cons-
ciência, o lugar de um CENTRO DE REFERÊNCIA DE SÍ MESMO. Dali que o símbolo
espiral não só seja a forma da matriz funcional da lei da evolução que rege o progresso da esfera
de consciência senão que constitui fundamentalmente o símbolo sagrado do pasu, por dizer, o
símbolo com que o pasu representa a si mesmo quando o sujeito consciente reflexiona toda a
esfera de consciência para auto inspecionara-se. Mas semelhante reflexão, e sua expressão con-
ceitual equivalente, significam o CONCEITO DE ENERGIA, o que não pode ser de outro
modo posto que o símbolo espiral, produto de tal reflexão, é a forma da matriz funcional que
rege o movimento evolutivo da energia de qualquer natureza.

Figura 53

Figura 54

165
Isto já foi adiantado no artigo “C”, “Esquema de si mesmo e energia psíquica”, da Pri-
meira Parte: “Este conceito é o de ENERGIA a que se pretende derivar de outros entes por
desconhecer-se qual é o verdadeiro esquema de que procede. Mas, sem importar a qual ente o
APLIQUE a Ciência, O CONCEITO DE ENERGIA EXPRESSA O SIGNIFICADO DA
ESFERA DE CONSCIÊNCIA”. Podemos agregar agora: E A TAL CONCEITO, O PASU
O EXPRESSA MEDIANTE O SIGNO DE ESPIRAL. Na figura 53 pode-se observar uma
típica projeção pétrea do símbolo sagrado do pasu mediante o signo da espiral; as três espirais
excêntricas da esquerda, como é natural, representam as três esferas psíquicas e, também, à
energia. A figura 54, por outra parte, mostra a secção esquemática do ouvido humano, po-
dendo-se apreciar à direita uma cavidade em forma de caracol: sendo o ouvido um órgão sen-
sorial cuja função consiste em perceber as variações de ENERGIA ACÚSTICA, não deve es-
tranhar que sua resposta obedeça a uma lei espiroforme: na figura 55 pode ver-se um esquema
auditivo convencional de caracol, graduado em decibéis.

Figura 55

E o ouvido é só um dos múltiplos exemplos que poderiam aportar-se para demonstrar


a influência conformadora que as matrizes funcionais do desígnio caracol exercem sobre os
fenômenos energéticos do microcosmo: bastará, para dar uma ideia desta influência, mencionar
dois casos extremos: a DUPLA HÉLICE da estrutura molecular dos ácidos nucléicos e a ES-
PIRAL da Kundalini, a energia ígnea que se encontra “como uma serpente” sob o muladhara
chacra; a explicação de porque o logos plasmador Kundalini só pode ser percebido como forma
serpentina se dará no Tomo IV.

166
Uma prova de que em um remoto passado tudo isto era conhecido constitui a raiz co-
mum que em grego tem as palavras (δπετρα) e SPERMA (δπερµα). Speira, em efeito, quer
dizer ESPIRAL, CURVA DE UMA SERPENTE; enquanto sperma significa: SEMENTE,
SEMILHA, GÉRMEN, ETC. Vemos, assim, que na antiguidade existia um vínculo entre os
conceitos de “gérmen” e “espiral”, o qual está muito perto do conceito da Sabedoria Hiperbó-
rea que afirma que o processo com que desenvolve um “gérmen” segue uma lei em “espiral”,
contida no desígnio “serpente”.

G – ESTUDO ANÁLOGO DO DESÍGNIO PASU.

Na figura 56 vemos um esquema semelhante ao das figuras 48 e 51, no que se represen-


tou analogicamente, mediante um modelo de desígnio deslocado, o princípio de individualiza-
ção do desígnio pasu. A natureza humana, que o Arquétipo Manu outorga ao microcosmo
potencial, põe término individual à matriz essencial sobreposta pelo Logos demiúrgico: existe,
assim, o pasu, o animal-homem que progride evolutivamente até a enteléquia Manu ou micro-
cosmo atual. A cada lado da matriz essencial se observam as matrizes virtuais consecutivas que
determinam as qualidades acidentais do pasu individual e seu destino real.
Agora bem: sabemos que a finalidade do pasu aponta à enteléquia Manu e para isso, no
Plano ativo do desígnio pasu, propõe-se um objetivo microcósmico: desenvolver a esfera de
consciência até conseguir a autonomia ôntica. Pode afirmar-se, pois, que o progresso evolutivo
do pasu mede-se em todo momento em relação ao grau de desenvolvimento alcançado por sua
esfera de consciência. Com outras palavras, os graus sucessivos de progresso que vai alcançando
o pasu em sua evolução são expressão direta dos graus de desenvolvimento de sua esfera de
consciência.
Mas, por uma parte, ocorre que o progresso evolutivo segue uma lei espiroforme análoga
à curva helicoidal “ELIX” da figura 56, que vai do Arquétipo Manu ao ente humano e que
representa o impulso dado a sua natureza específica pelo ente universal. E, por outra parte,
sucede que “A HISTÓRIA DO MICROCOSMO, CUJA LINHA SUBJETIVA CONSTITUI
A CONSCIÊNCIA DO PASU, É O ESQUEMA DE SI MESMO OU ESFERA DE CONS-
CIÊNCIA”; “A história do microcosmo é, assim, um esquema em permanente construção ao
que denominamos esfera de consciência”. É evidente, pois, que a helicoide evolutiva da figura
56 e a “linha subjetiva” que constitui a história do microcosmo são uma e a mesma coisa; por
isso, sobre a escala gradual de momentos progressivos, agregou-se a legenda: “história indivi-
dual do pasu”.
O desenvolvimento da esfera de consciência, que é um fenômeno energético, conforma-
se segundo a matriz funcional da lei de evolução do desígnio caracol: a esfera de consciência
progride até a autonomia ôntica seguindo uma trajetória análoga à curva ELIX da figura 56,

167
curva que representa, então, à “linha da consciência”, à continuidade histórica do sujeito aní-
mico consciente. Este processo evolutivo da esfera de consciência, de acordo com o visto, é
vivenciado pelo pasu com um “símbolo sagrado” que se expressa como signo espiral: o símbolo
sagrado do pasu emerge a consciência quando este efetua uma reflexão sobre si mesmo, quando
este efetua uma reflexão sobre si mesmo, quando aprende o esquema de si mesmo, por dizer,
quando o sujeito consciente pensa a esfera de consciência como objeto de seu pensar; então,
“vê” ao símbolo sagrado de si mesmo, à espiral contínua de sua própria história.

Figura 56

168
Tal reflexão pode interpretar-se analogamente na figura 56 imaginando que olhamos
desde o pasu, por dizer, desde a esfera central mais escura, até o plano arquetípico, em forma
paralela ao eixo do tempo transcendente (TT); se a linha da consciência, a história do micro-
cosmo, é um processo contínuo que vai do pasu ao Arquétipo, simbolizado na figura pela curva
ELIX, o que veríamos ao olhar do modo indicado? Resposta: uma espiral plana, por dizer,
símbolo sagrado do pasu, a expressão de si mesmo. Semelhante visão está representada em um
quadro à parte, sob o título “tapasigno do registro ôntico”, e é idêntica à da figura 41.
Neste exemplo cabe destacar que, por girar helicoidalmente em torno ao eixo do tempo
transcendente, cada ponto da curva, por dizer, cada “momento” da consciência, é perpendicular
a dito eixo ou, o que é o mesmo, EM CADA INSTANTE A CONSCIÊNCIA É TRANS-
VERSAL AO TEMPO TRANSCENDENTE. E tal feito corresponde analogicamente com a
realidade posto que a consciência do pasu seja “tempo imanente”, uma espécie temporal pró-
pria da esfera de consciência, do interior do microcosmo ôntico, que flui transversalmente ao
sentido do tempo transcendente do macrocosmo. Devemos notar, entretanto, que essa corres-
pondência análoga entre a curva ELIX e a linha de tempo imanente da consciência do pasu é
uma característica que diferencia fundamentalmente a figura 56 das figuras 48 ou 51: nelas a
curva helicoidal representa ao “impulso evolutivo” da natureza arquetípica universal dos entes
específicos, cavalos ou átomos, que não possuem caráter temporal próprio. A curva ELIX, ao
contrário, expressa a série temporal do tempo imanente porque a evolução progressiva do pasu
aponta particularmente à sua autonomia ôntica, é consecução de um “tempo próprio” do mi-
crocosmo que o contenha e englobe "desde dentro”, um tempo íntimo, essencialmente dife-
renciado do tempo transcendente do macrocosmo por efeito de seu princípio de anisotropia.
Notemos, por último, que um tempo tal, íntimo do ente, foi representado na figura 56 como
curva exterior ao ente, projetada no espaço análogo do macrocosmo; isto deve ser interpretado
assim: a curva ELIX, tomada em toda a sua extensão como na figura 56, só representa a “his-
tória” da esfera de consciência e por isso sua representação só pode ser UMA RECORAÇÃO,
o REGISTRO do acontecer da consciência; então, sé é atual o ponto da curva, o instante que
coincide com o ente: os restantes pontos correspondem a pontos passados.

H – O SENTIDO COMO CAMINHO

Ao estudar a alegoria do Eu prisioneiro ficou claro que a Canção de A-mort dos Siddhas
persegue dois objetivos: primeiro, despertar e, segundo, “orientar” ao Eu do virya perdido. Com
respeito ao primeiro objetivo, “despertar”, estamos agora melhor informados sobre o que se
requer interna e externamente para isso: a partir daqui, sem embargo, não devemos esquecer
ambos os objetivos, pois o “símbolo sagrado do virya, Tirodinguiburr, a cujo significado nos
aproximaremos no sétimo tomo, permite igualmente alcançá-lo. Entretanto, para que dito sig-
nificado resulte então, claro, temos que definir previamente certos conceitos fundamentais.

169
Antes de tudo, observemos que o processo energético de produção de um pensamento
consciente pode ser visto, também, em forma alegórica. Tal ponto de vista tem a vantagem de
que permite induzir uma ideia da maior importância qual é o conceito de SENTIDO COMO
CAMINHO. O sentido, em efeito, é análogo a um caminho, a uma via para progredir na cons-
ciência das coisas. Mas, para compreender o alcance macrocósmico desta analogia, é necessário
como de costume, começar pela estrutura psíquica do microcosmo; mais precisamente: pelo
significado.
Reparemos na figura 21. Nela está representado o momento em que o sujeito cultural,
apelando à sua faculdade tradutiva, notou o sistema xx no contexto significativo de uma lingua-
gem habitual e o tornou horizontal, sobre o plano (STT) PARA REFLETIR O UMBRAL DE
CONSCIÊNCIA ψ. O símbolo I, que imita o conceito xx notado, DIRIGE-SE assim até ele
mesmo, até o esquema de si mesmo, e emerge na esfera de luz como representação consciente.
Alegoricamente podemos supor que a faculdade tradutiva ASSINALOU UM CAMINHO À
PRIORI PARA QUE SEJA TRANSITADO PELO SÍMBOLO I DURANTE SUA EMER-
GÊNCIA.
Agora bem, O QUE EFETIVAMENTE VARIA NO PENSAMENTO RACIONAL
DE UM ESQUEMA, PELO EFEITO DA FACULDADE TRADUTIVA, É A CODIFI-
CAÇÃO DO SIGNIFICADO, POR DIZER, O CONCEITO FATIA: ao optar pelo plano
de significação tal ou qual, elege-se uma linguagem determinada em cujo contexto o conceito
xx adquire significado; o símbolo I, que o imita, possui o mesmo fundamento significativo
quando emerge na direção ao umbral de consciência, por dizer, quando transita pelo CAMI-
NHO DO SIGNIFICADO. Esta alegoria é válida porque a faculdade tradutiva, segundo vi-
mos, abre um caminho ao símbolo emergente CUJA DIREÇÃO DEPENDE DO SIGNIFI-
CADO.
Mas a alegoria se acaba com a confirmação de que o significado é análogo a um caminho
que o símbolo emergente recorrerá à posteriori. Enquanto o símbolo I emerge por seu “cami-
nho” observemos o que ocorre sob o plano de significação (STT), na “esfera de sombra pro-
funda”. De acordo com o visto no comentário décimo sabemos que “sob o plano de significa-
ção horizontal da linguagem habitual, empregado pela faculdade tradutiva do sujeito cultural
para notar um sistema xx, existem potencialmente múltiplos planos de significação sobre os
que se expandem sendo linguagens virtuais”. Estendendo a alegoria a tais planos virtuais de
significação, podemos afirmar que: SOB O PLANO (STT) DO CONCEITO XX, VALE DI-
ZER, ANTES DO COMEÇO DO CAMINHO SIGNIFICATIVO QUE SEGUE O SÍM-
BOLO I, EXISTEM MÚLTIPLOS “CAMINHOS” POTENCIAIS QUE PODERIAM SER
ATUALIZADOS PELA FACULDADE TRADUTIVA E PERCORRIDOS PELO
SÍMBOLO I EM SUA EMERGÊNCIA. O “caminho do significado”, que segue I para

170
emergir a consciência, é só um entre muitos possíveis: um caminho que começa na fronteira
entre o inconsciente profundo (a, b) e o inconsciente superficial (c), e que conclui no umbral
de consciência ψ, ou seja, um caminho que vai da inconsciência à consciência; mas antes do
começo de tal caminho, na região (a, b), do inconsciente profundo, existem “múltiplos cami-
nhos” que se conectam (no núcleo axial de conotação) com este “caminho principal” eleito pela
faculdade tradutiva para que seja percorrido por I. Como imagem alegórica pode supor-se que
o começo do caminho principal, seguido por I, é um nó vial em que convergem e se unem os
extremos de uma pluralidade de caminhos secundários.
Esta imagem alegórica total, de câmbio principal unido em um nó com os restantes
caminhos significativos possíveis, era perfeitamente válida para o pasu. No virya perdido, sem
embargo, há que tomar em consideração a modificação introduzida pela “chave genética” dos
Siddhas Traidores ao mudar permanentemente o desígnio humano. Segundo se explicará mais
tarde, a introdução do Símbolo de Origem no microcosmo DETERMINA A DISPOSIÇÃO
TOPOLÓGICA DOS CAMINHOS POTENCIAIS DOS SINIFICADO. Mas a forma que
ditos caminhos se veem obrigados a traçar não interessa agora, senão destacar que tal modifi-
cação se efetuou com critério cármico ou, melhor dizendo, que o mecanismo idealizado à me-
dida dos viryas arranca em tal modificação: aqui está a chave, o segredo, que converte aos Sid-
dhas Traidores em Senhores do Carma; chave que só pode ser revelada alegoricamente; segredo
que Eles denominam CHAVE KALACHAKRA.
Sendo o sentido da expressão do significado não deve estranhar que a alegoria vial pode
estender-se ao macrocosmo. Para comprová-lo só há que recordar as correspondências análo-
gas entre micro e macrocosmo sintetizadas sinopticamente nas figuras 38 e 39. Sabemos, em
efeito, que o primeiro “sentido” posto nos entes é o que expressa o pasu exteriormente ao
projetar objetos culturais; o sentido de tais objetos se encontra DIRIGIDO pela dor humana,
até o “umbral de sentido”, a que atravessam para emergir na Consciência do Demiurgo: este
trajeto é, inevitavelmente, também análogo a um caminho e poderia já falar-se de um “caminho
de sentido”, por dizer, de uma rota seguida pelo sentido ao transformar ao ente inconsciente
em objeto cultural consciente, em ideia macrocósmica distinta e clara. Sem embargo, por mais
sugestivo que pareça, não estamos aqui frente a uma correspondência estrita senão ante uma
mera aproximação, ante uma analogia de grau menor. Entendermo-nos se recordarmos que a
emergência de um símbolo I no microcosmo (figura 39) NÃO É simplesmente ANÁLOGA à
emergência de uma superestrutura de objetos culturais e homens. O “caminho do significado”,
seguido por I no microcosmo, é, pois, análogo ao “caminho do sentido” seguido por um feito
cultural ao tornar-se consciente para o Demiurgo.
Naturalmente, a coexistência no mundo astral profundo de múltiplos espaços de signi-
ficação potenciais, permite afirmar analogamente que o “caminho de sentido” começa em um
nó vial onde se juntam os extremos de outras tantas rotas provenientes de sentido potencial

171
que PODERIA tomar o contexto habitual do mundo exterior; contexto do macrocosmo que
sustenta e dá sentido ao próprio microcosmo, em uma sorte de feedbacks significado sentido
micro macrocósmico. E nos encontramos outra vez em pleno terreno do Terrível Segredo de
Maya.
Finalmente, a alegoria do significado como caminho será mais exata se a compreende-
mos desde o ponto de vista da Potência do ato. Tal como vimos na Primeira Parte, e tal como
foi demonstrada com maior detalhe no artigo “C”, a energia psíquica (Ep) que ATIVA a todo
símbolo emergente I é um produto da potência ativa (w) das Relações da estrutura cultural. Isto
quer dizer que a energia psíquica é um ATO da potência (w) e que, por consequência, o signi-
ficado também o é. Vale dizer, o significado só pode ser atual: um significado “potencial” não
significa nada; o mesmo pode dizer-se do caminho que este percorre: um caminho só pode ser
atual, só pode existir se é “caminhado”; como disse o poeta Machado: “não há caminho, se faz
caminho ao andar”. Como é, então, que temos falado de “caminhos potenciais”, caminhos que
PODERIA tomar o símbolo I em sua emergência SE FOSSEM ATUALIZADOS pela facul-
dade tradutiva? Resposta: porque o conceito de “caminhos potenciais” é imprescindível para
explicar a alegoria do “significado como caminho”, ainda que ao empregá-lo estamos, em ver-
dade, outorgando significado a algo que só é concebível como possibilidade; o caminho REAL
é o ATUAL: os “caminhos potenciais” são IRREAIS, ainda que possíveis.
O mesmo pode afirmar-se do sentido como caminho: de todos os caminhos possíveis
só é real o caminho seguido pelo feito cultural atual. Os temas examinados nos próximos artigos
ajudarão a esclarecer esta definição.

I – OS SIDDHAS TRAIDORES RESIGNAM O SÍMBOLO SAGRADO DO PASU.

Comecemos por estabelecer os seguintes princípios, já demonstrados precedente O


SÍMBOLO SAGRADO DO PASU “É A REPRESENTAÇÃO SÊMICA DO NEXO QUE
UNE EM TODO INSTANTE O PASU COM O ARQUÉTIPO MANU. SUA EMERGÊN-
CIA INTERIOR EQUIVALE À MANIFESTAÇÃO DO MAIS POTENTE MITO, QUE
É O DEUS DO ENTE MICROCÓSMICO, O MANU, O ARQUÉTIPO DE SI MESMO.
O PASU RARA VEZ ESCAPA AO PROCESSO DESTE SÍMBOLO; ANTES BEM O SU-
JEITO CONSCIENTE SUCUMBE À SUA FAGOCITAÇÃO E ACABA IDENTIFI-
CADO COM O MITO. POR OUTRA PARTE, QUANDO O PASU PROJETA SEU SÍM-
BOLO SAGRADO MEDIANTE A EXPRESSÃO DO SIGNO ESPIRAL, ESTABELECE
UM NEXO EXTERNO COM O ARQUÉTIPO MANU: POR ESSE MOTIVO ESSE
SIGNO ERA EMPREGADO NA MAIS REMOTA ANTIGUIDADE COMO “PLANO
SAGRADO” DE TEMPLOS OU PARA ASSINALAR OS SÍTIOS DE CULTO, AS CA-
VERNAS, POR EXEMPLO.

172
E ISTO NÃO CARECIA DE FUNDAMENTO, PORQUE O SÍMBOLO SA-
GRADO DO PASU É EM VERDADE O PLANO DE SI MESMO. A BASE DO TEM-
PLO INTERIOR: SUA PROJEÇÃO EXTERNA, SOBRE UM ENTE, É UMA EXTERI-
ORIZAÇÃO DE SI MESMO, UM RECONHECIMENTO EXTERIOR DO PRÓPRIO
CHEGAR A SER, DA ENTELÉQUIA MANU; É VER A “DEUS” (O DEMIURGO, O
UNO, O MANU, ETC) EM SI MESMO E PODER COMUNICÁLO. NATURALMENTE
PARA COMPREENDER ESTE PODER DO SÍMBOLO SAGRADO HÁ QUE SUPOR
QUE NO CENTRO DO SIGNO ESPIRAL ESTÁ O PONTO INDISCERNÍVEL, O
OLHO DE ABRAXAS, O NEXO ENTRE O PLANO FÍSICO E METAFISICO POR
ONDE OS ARQUÉTIPOS SE MANIFESTAM NO MUNDO; POR DIZER: NO CEN-
TRO DA ESPIRAL ESTÁ YOD.
Agora bem, se a espiral do símbolo sagrado do pasu representa ao caminho da consci-
ência, isso quer dizer que se trata de UMA LINHA DE SIGNIFICADO CONTÍNUO. Mas,
tal como vimos em H, o significado é análogo a um caminho. Resulta, pois, que o símbolo
sagrado percebido pelo pasu durante sua reflexão de si mesmo é a configuração do caminho
significado por seu progresso evolutivo. Observemos novamente a figura 56; a curva helicoidal
“ELIX” que vai desde o Arquétipo Manu até o pasu individual é o desenvolvimento análogo
do símbolo sagrado do pasu, a linha que representa a linha da consciência, vale dizer, “uma
linha de significado contínuo”. Por isso, dita curva representa uma trilha, O CAMINHO EVO-
LUTIVO DO PASU. Mas, que significa dito caminho? Que para o pasu, definido como “um
ente evolutivo a cuja natureza humana universal ou ser em si do Arquétipo Manu põe fim
individual à matriz essencial do desígnio pasu”, NÃO EXISTE NENHUMA POSSIBILI-
DADE DE EXTRAVIO OBJETICO: o CAMINHO até a concretização de sua finalidade
está determinado teologicamente pela enteléquia Manu que subsiste em si mesmo como “ser
em si do pasu sendo impossível que este possa apartar-se em algum momento do processo
evolutivo de seu próprio ser. O pasu, assim, só conseguirá atrasar-se ou adiantar-se RELATI-
VAMENTE em seu progresso até a perfeição final, mas não poderá jamais, por alguma deter-
minação surgida de si mesmo, apartar-se do caminho até a enteléquia, sair-se da lei da evolução,
deixar de transitar o caminho prefigurado no símbolo sagrado espiroforme. E a RELATIVI-
DADE de seu progresso entende-se, desde logo, com respeito ao grau evolutivo de sua comu-
nidade cultural, medido na escala gradual de momentos progressivos dos entes. Para o pasu, no
fim, só cabe o progresso, lento ou rápido, até a enteléquia, transitando pelo “caminho da evo-
lução”, SEM QUE EXISTA NENHUMA POSSIBILIDADE DE EXTRAVIO OBJETIVO:
o impulso do Arquétipo Manu, conformado pela matriz funcional da lei da evolução, é uma
força ontológica impossível de evitar desde o ôntico. Como o trem que pode ou não chegar no
horário à sua última estação, mas que não pode jamais apartar-se do caminho fixo que conduz
DIRETAMENTE a ela, assim o pasu está obrigado, por determinação ontológica do Arqué-
tipo Manu, a mover-se e progredir até sua finalidade, à qual alcançará mais tarde ou mais cedo,

173
seguindo uma rota fixa, um caminho pré-determinado no símbolo sagrado do pasu e figurado
no signo espiral.
Esta resposta se entenderá melhor se considerarmos o sujeito anímico como o SU-
JEITO EVOLUTIVO DO PASU, por dizer, o sujeito de câmbio progressivo até a enteléquia
Manu, aquela parte da alma que experimenta e exibe a evolução progressiva. O sujeito anímico,
em efeito, cujo campo de manifestação consiste na estrutura psíquica se desprega sempre SO-
BRE o caminho significativo da curva EIX (ver figura 56) e esse mesmo caminho seguem tam-
bém a totalidade dos fenômenos psíquicos: o sujeito racional ou razão contribui com o movi-
mento de suas operações à evolução da estrutura cultural, podendo-se representar tais movi-
mentos por arcos da curva ELIX; a atualização dos Arquétipos invertidos da memória arquetí-
pica segue a mesma lei e por isso os Princípios e Relações da estrutura cultural se constroem
com símbolos que são transferidos desde a memória arquetípica conforme a trajetórias em ar-
cos de ELIX; o deslocamento do sujeito cultural sobre a estrutura se realiza sempre à linha de
significado contínuo, vale dizer, tomando pelo “CAMINHO DE ELIX”; e também seguem
uma trajetória confirme a espiral todos os símbolos que emergem até o umbral de consciência
tais como o “I“ da figura 21. Mas aqui convém deter-se para obter um importante esclareci-
mento. O objetivo microcósmico da finalidade do pasu é a autonomia ôntica e, para consegui-
lo, é necessário desenvolver completamente a esfera de consciência.
Como se inicia tal desenvolvimento? Resposta: no desígnio pasu, “em um ponto da série
formativa que integra seu Plano, está designado o momento preciso em que o pasu efetuará o
descobrimento de si mesmo e dará começo a sua história, por dizer, à esfera de consciência.
Nesse momento, e em todos os casos subsequentes em que se experimente semelhante per-
cepção, ocorre uma INTUIÇÃO DA AUTONOMIA ÔNTICA, à qual, naturalmente, é a
princípio interpretada como mera diferenciação sujeito-objeto. A “possibilidade de autonomia
ôntica” causa uma impressão altamente comovente que é interpretada pela razão como es-
quema de desígnio próprio e traduzida pelo sujeito cultural como símbolo cuja emergência dá
lugar à formação da esfera de consciência: O SÍMBOLO DA AUTONOMIA ÔNTICA É O
PRIMEIRO EM EMERGIR COM ENERGIA TRANSVERSAL; MAS ESSA EMERGÊN-
CIA PRIMORDIAL NÃO SE EFETUA “EM” O TEMPO IMANENTE, POIS O SU-
JEITO CONSCIENTE AINDA NÃO EXISTE, SENÃO QUE É O MESMO SUJEITO
QUEM, POR CAUSA DA PRIMEIRA INTENÇÃO COMOVIDA, DIRIGE-SE ATÉ
UMA ZONA SUPERIOR DA PSIQUE E ALI COLOCA O SÍMBOLO COMO “CEN-
TRO DE REFERÊNCIA DE SI MESMO”; A PARTIR DESTE SÍMBOLO ESTRUTURA-
SE LOGO O ESQUEMA DE SI MESMO OU HISTÓRIA DO MICROCOSMO”. Mas
qual é este “símbolo da autonomia ôntica”, cuja emergência primordial causa a existência e
posterior evolução da esfera de consciência? Resposta: o SÍMBOLO SAGRADO DO PASU,
representado na figura 41 como SIGNO ESPIRAL: um símbolo conformado por uma matriz

174
funcional do desígnio caracol conhecida como “lei de evolução”.
Cabe agregar que com a expressão “CAMINHO DE ELIX” se quer significar abrevia-
damente “CAMINHO COM A FORA DE CURVA ELIX”. Com o mesmo critério se dirá
também “CAMINHO ELIX”. Ambas as expressões, “CAMINHO DE ELIX” e “CAMI-
NHO ELIX” se empregarão indistintamente adiante, sendo seu significado o já explicado.
Compreendemos agora, melhor, porque a percepção que o pasu efetua de si mesmo
corresponde ao símbolo sagrado espiroforme: porque tal símbolo constitui o fundamento da
esfera de consciência, o “centro de referência” de todo símbolo emergente em torno do qual
se constrói o esquema de si mesmo. E todo símbolo emergente, necessariamente, segue o ca-
minho de ELIX que conduz e culmina em dito centro de referência. O sujeito consciente, então,
se desloca também sobre o caminho de ELIX; e isto não poderia ser de outra maneira, posto
que o sujeito racional, o sujeito cultural e o sujeito consciente, são manifestações de um mesmo
sujeito anímico em distintas estruturas, às quais acede sem perder sua continuidade essencial
deslocando-se pelo caminho de ELIX.
Analogicamente, a situação do sujeito consciente, a expressão mais evoluída do sujeito
anímico do pasu, pode determinar-se como segue: o sujeito consciente encontra-se situado so-
bre o caminho de ELIX, em um setor extremo do mesmo radicado na profundidade do ente;
pode, pois, observar em duas direções, ainda que sua mirada encontra-se habitualmente dirigida
ao umbral de consciência, como “sujeito em presente extensivo (S.P.E. – ver fig. 25); como
(S.P.E.) o sujeito consciente olha em direção ao Arquétipo Manu, posicionado na origem do
caminho de ELIX: até ele poderia chegar novamente o sujeito anímico em um só movimento
CONTÍNUO E DIRETO, SEM POSSIBILIDADE DE “EXTRAVIO OBJETIVO”, posto
que o caminho de ELIX não se interrompa em nenhum lugar senão que consiste em uma curva
helicoidal de significação contínua; mas se o sujeito consciente olha em outra direção, por dizer,
até a enteléquia Manu, poderá localizar seu próprio centro de referência e perceber o símbolo
sagrado de seu chegar a ser, o símbolo de si mesmo, que não é outro mais que a continuação
de ELIX até a enteléquia potencial, até YOD; ou seja: o resto da espiral evolutiva, prefigurada
desde um princípio no destino real de seu desígnio como “possibilidade de autonomia ôntica”
ou concretização da finalidade.
De tudo isto o que nos interessa agora é a conclusão de uma resposta anterior: para o
pasu “NÃO EXISTE NENHUMA POSSIBILIDADE DE EXTRAVIO OBJETIVO”, pois
o sujeito anímico, e todo seu ser evolutivo, se deslocam sobre o caminho de ELIX, um caminho
contínuo e DIRETO desde o Arquétipo Manu até sua enteléquia.
Esta conclusão nos permite compreender com mais exatidão a técnica da chave genética.
Comecemos por um conceito já exposto na Primeira Parte: “a falha evolutiva do pasu, que
motivou a intervenção dos Siddhas Traidores, acordados com o Demiurgo, radicava na escassa

175
evolução de sua esfera de consciência; mas, segundo acabamos de ver, tal evolução depende
em grande medida do descobrimento de si mesmo, por dizer, DE QUE O DESÍGNIO PASU
REVELE EM ALGUM MOMENTO A POSSIBILIDADE DE AUTONOMIA ÔNTICA
(o símbolo sagrado do pasu, o signo espiral); então, é evidente que nessa fase do Plano (a matriz
funcional da lei de evolução) há de haver-se produzido a mais importante intervenção dos Sid-
dhas Traidores. E, na verdade, assim ocorreu. Os Siddhas Traidores, ante a impossibilidade de
modificar de algum modo os Arquétipos universais, que estão sustentados diretamente pela
Vontade do Uno, decidiram operar sobre o desígnio pasu, modificando permanentemente o
destino do animal-homem; por esse caminho esperavam conseguir um rápido desenvolvimento
da esfera de consciência do pasu, objetivo que efetivamente se cumpriu”. No artigo „F‟, na
mesma página, explicou-se de que modo, mediante a “chave genética os Siddhas Traidores
modificaram o desígnio pasu: resignando a matriz funcional da lei de evolução com o Símbolo
de Origem.
Recordemos aquela definição, a que se achará agora dotada de maior e mais sugestivo
sentido: ...”o Manu-Siddha Traidor, administra ao pasu, durante o maithuna, o conhecimento
de um desígnio modificado NO QUAL O SÍMBOLO DA AUTONOMIA ÔNTICA (ou
matriz funcional da lei da evolução) FOI SUBSTITUÍDO COMO INDUTOR DE SI
MESMO PELO SÍMBOLO INCRIADO DE ORIGEM. Mas o símbolo da autonomia ôntica
(o símbolo sagrado do pasu) não foi eliminado senão RESIGNADO com o Símbolo de Ori-
gem, alterando-se com ele sua função de induzir o descobrimento de si mesmo, o qual será
desde então determinado pelo Símbolo de Origem”. “O motivo de tal resignação obedece à
segunda fase do Plano dos Siddhas Traidores, por dizer, ao aprisionamento espiritual; porque
aqui, na resignação do símbolo sagrado do pasu com o Símbolo de Origem, APRECIA-SE
MELHOR QUE EM NENHUM OUTRO ATO A GENIALIDADE INFERNAL DOS
SIDDHAS TRAIDORES: EM EFEITO, DESDE ENTÃO, O VIRYA JÁ NÃO TERÁ
“QUE DESCOBRIR”, COMO O PASU, O SÍMBOLO DA AUTONOMIA ÔNTICA
PARA INICIAR A FORMAÇÃO DA ESFERA DE CONSCIÊNCIA SENÃO QUE O
SÍMBOLO DE ORIGEM “SERIA DESCOBERTO” PELO ESPÍRITO ESFERA REVER-
TIDO E, SEM SABÊ-LO, DESENVOLVERIA PODEROSAMENTE A ESFERA DE
CONSCIÊNCIA. A iniciativa evolutiva seria, assim, cedida ao Espírito aprisionado, ao Eu per-
dido, em tanto que a alma, que serviria de assento, receberia a evolução; e o homem semidivino,
o virya, haveria de exibir a permanente dualidade de alma e Espírito”.
“Finalmente cabe agregar que o Símbolo de Origem, ao refletir o Eu Infinito, assinala o
começo da história do microcosmo ou consciência: o esquema de si mesmo se estrutura, então,
em torno ao Símbolo de Origem. Mas, ao emergir o Símbolo de Origem, o faz transversal-
mente, transportado pelo sujeito consciente que assim se manifesta pela primeira vez; e, como
o Símbolo de Origem reflete o Eu Infinito e manifesta um Eu no virya, entende-se que desde

176
um primeiro momento o sujeito consciente e o Eu encontram-se identificados, confundidos
profundamente. Mas a confusão entre o anímico e o espiritual é uma condição necessária no
Plano dos Siddhas Traidores, para que o Espírito impulsione a evolução da alma”.
Com a resignação do símbolo sagrado do pasu pelo Símbolo de Origem concretiza-se o
aprisionamento espiritual e o pasu converte-se em virya: aparece, então, um Eu, reflexo do
Espírito eterno, identificado com o sujeito consciente e sumido em sua temporalidade ima-
nente. E este Eu, ao que se UTILIZA para desenvolver a esfera de consciência, não consegue
jamais descobrir o Engano: não consegue sair de sua confusão com o sujeito consciente e, o
que é pior, NÃO CONSEGUE VISLUMBRAR NEM SEU PASSADO NEM SEU FU-
TURO EVOLUTIVO, possibilidade que era facilmente acessível para o pasu apenas por per-
correr o caminho CONTÍNUO E DIRETO DE ELIX. Como se produziu este extraordinário
resultado? O que mudou no símbolo sagrado do pasu com sua resignação para que o Eu per-
maneça prisioneiro, sem sabê-lo, do sujeito consciente? Resposta: APARECEU A POSSIBI-
LIDADE DE EXTRAVIO OBJETIVO. Em efeito, o sujeito consciente do pasu poderia des-
locar-se em forma contínua e direta pelo caminho de ELIX e REGRESSAR até o Arquétipo
Manu ou ANTECIPAR-SE até sua enteléquia; mas esta possibilidade desapareceu definitiva-
mente para o virya: seu Eu estará sempre PERDIDO, extraviado objetivamente no caminho
do significado contínuo.
Esta resposta será entendida corretamente só se não se esquece que o Eu perdido, ainda
que se encontre habitualmente subsumido no sujeito consciente, jamais perde por isso sua pró-
pria identidade essencial. O Eu perdido é “uma manifestação indireta do Espírito eterno” e,
por tanto, algo essencialmente diferente do sujeito anímico, da alma evolutiva cuja essência
consiste em tempo imanente.
Pelo contrário, o Eu “em estado desperto”, por dizer, não hipostasiado, é essencialmente
atemporal: sua temporalidade corrente provém da identificação subjetiva com o tempo ima-
nente do sujeito consciente. E é este Eu perdido, contaminado de tempo imanente, quem subs-
titui o sujeito consciente na iniciativa evolutiva e desenvolve poderosamente a esfera de cons-
ciência: assim ocorre porque a essência do Eu é a VONTADE, em tanto que a essência do
sujeito consciente é o tempo imanente; a vontade do Eu se impõe ao sujeito consciente e toma
seu controle, mas fica com esse ato irremediavelmente temporalizado. Sem embargo, tal como
se vê, o eu perdido permanece sempre subsumido no sujeito consciente, mas sem perder sua
essência volitiva: É O EU PERDIDO QUEM PADECE O “EXTRAVIO OBJETIVO”
MENCIONADO NA RESPOSTA ANTERIOR. O SUJEITO CONSCIENTE, EM CÂM-
BIO, JAMAIS PERDE SUA POSSIBILIDADE DE ORIENTAR-SE ATÉ O ARQUÉ-
TIPO MANU TOMANDO PELO CAMINHO DE ELIX: PARA O SUJEITO CONSCI-
ENTE DO VIRYA, O MESMO QUE PARA O PASU, NÃO EXISTE A POSSIBILIDADE
DE EXTRAVIO OBJETIVO. Mas, como pode estar o Eu perdido, um Eu sumido no sujeito

177
consciente, EXTRAVIADO OBJETIVAMENTE, se para o sujeito consciente não existe a
possibilidade de extravio objetivo, se pode sempre remontar o caminho de ELIX em ambos os
sentidos? Resposta: é evidente que isto só pode ocorrer porque o Eu perdido NÃO CIRCULA
PELO MESMO CAMINHO QUE O SUJEITO CONSCIENTE, POR DIZER, PELO CA-
MINHO DE ELIX, SENÃO POR UM CAMINHO PARALELO, NO QUAL SE CUM-
PRE A CONDIÇÃO DE EXTRAVIO OBJETIVO. Tal é o efeito da resignação primordial
que os Siddhas Traidores realizaram sobre o símbolo sagrado do pasu, sobre o caminho de
ELIX: no virya existem agora DOIS CAMINHOS, PARALELOS E CORRELATIVOS;
POR UM SE DESLOCA O SUJEITO CONSCIENTE SEM POSSIBILIDADE DE EX-
TRAVIO OBJETIVO; PELO OUTRO. “LABRAELIX” DESLIZA-SE O EU PERDIDO,
EM PERMANENTE ESTADO DE EXTRAVIO OBJETIVO.
Consegue-se assim, por meio do aprisionamento espiritual, aproveitar a essência volitiva
do eu para induzir a evolução do sujeito consciente: TODO MOVIMENTO DO EU PER-
DIDO, A PESAR DE EFETUÁ-LO EXTRAVIADO EM SEU PRÓPRIO CAMINHO LA-
BRAELIX, ARRASTA O SUJEITO CONSCIENTE EM DIREÇÃO AO PROGRESSO
EVOLUTIVO SEM DESVIÁ-LO NUNCA DO CAMINHO DE ELIX. E vale a pena re-
peti-lo: TODO MOVIMENTO do Eu perdido é aproveitado para favorecer a evolução do
sujeito consciente.
O Símbolo de Origem, plasmado na memória de sangue do virya pelo efeito da chave
genética, deve ser sustentado “universalmente” para que subsista e se transmita como caráter
hereditário. Com outras palavras, o Símbolo de Origem deve participar de um “suporte univer-
sal”, de modo semelhante a como todo símbolo participa dos Arquétipos universais e recebe
deste seu suporte.
Mas o Símbolo da Origem, em tanto que RUNA é um símbolo INCRIADO, por dizer,
não criado pelo Demiurgo; não existe, pois, no plano arquetípico, nenhum Arquétipo que cor-
responda e possa conformar às RUNAS porque estas, entre outras diferenças essenciais com
qualquer Símbolo arquetípico, por exemplo, são INFINITAS. Como, então, consegue a chave
genética o extraordinário efeito de que o Símbolo de Origem seja sustentado universalmente
no plano físico mantendo-se permanentemente SOBRE o símbolo sagrado do pasu para sua
RESIGNAÇÃO? A resposta a esta pergunta constitui o segredo melhor guardado pelos Sid-
dhas Traidores, pois sua revelação significa o conhecimento de um monstruoso mecanismo
denominado SISTEMA REAL KALACHAKRA: para dar uma ideia de suas enormes dimen-
sões, basta saber que inclui a Terra e o Sol em sua função operativa. Sem embargo, pese a
dificuldade que supões a explicação de tal construção extraterrestre, a resposta será oferecida
nos tomos sexto e sétimo, pois o conhecimento é imprescindível para concretizar a liberação
do aprisionamento espiritual.

178
J – ESTUDO ANÁLOGO DA RESIGNAÇÃO DO SÍMBOLO SAGRADO DO PASU.

É possível visualizar melhor o efeito que o aprisionamento espiritual causa na esfera de


consciência do pasu recorrendo a uma interpretação análoga relacionada com a figura 56. En-
tretanto será conveniente advertir que em estudo semelhante poderia revelar correspondências
muito mais rigorosas e exatas caso se empreguem os instrumentos matemáticos adequados, isto
é, a Geometria Analítica e Diferencial. Como este não é o caso, nos contentaremos em recordar
que os quadrantes análogos, que são cartesianos e ortogonais, não guardam correspondência
numérica senão conceitual com os fenômenos representados. E vamos agregar, ademais, outras
cinco definições que permitirão compreender a “resignação do símbolo sagrado do pasu” no
contexto do modelo análogo desenvolvido até aqui.
Conceito de LINHA: tenhamos presente que se acurva ELIX representa a linha contí-
nua da consciência do pasu, então só pode consistir de INSTANTES de tempo imanente. A
CURVA ELIX, em tanto que LINHA GEOMÉTRICA deve ser considerada como sucessão
de PONTOS; mas a curva ELIX é uma FUNÇÃO do progresso evolutivo da esfera de cons-
ciência e, por tanto, cada um de seus pontos há de corresponder a um instante de tempo ima-
nente.
Conceito de CONTINUIDADE: a CONTINUIDADE da curva ELIX, E DE QUAL-
QUER OUTRA CURVA GRAFADA NOS QUADRANTES DE ESPAÇO ANÁLOGO
(ES, TT, LD), define-se simplesmente como A NÃO INTERRUPÇÃO da série pontual: há
CONTINUIDADE se é possível passar ininterruptamente de um ponto a outro ao deslocar-
se sobre a curva, por dizer, se todos os pontos da série ESTÃO EM CONTATO ENTRE SI.
Conceito de DIREÇÃO: a DIREÇÃO, para toda curva análoga, define-se como a DIS-
TÂNCIA MAIS CURTA entre um ponto qualquer de uma curva e outro ponto de referência
da mesma curva. Desde o ponto de vista da analogia vial, a DIREÇÃO é uma apreciação sub-
jetiva da CURVATURA LINEAR que uma curva-caminho apresenta ao passo do sujeito aní-
mico: assim, dir-se-á que “o caminho é tanto mais direto quanto mais se aproxime sua curvatura
linear à matriz funcional da lei da evolução, por dizer, à função espiral”. A curva ELIX é, nesse
sentido, o caminho mais DIRETO possível que dispõe o sujeito consciente para deslocar-se
evolutivamente em ambos os sentidos do processo arquetípico.
Conceito de DIREÇÃO CONTÍNUA: significa que em todo ponto da curva
ELIX, ao passar a outro pondo consecutivo em qualquer sentido, CONSERVASE A
DIREÇÃO do movimento. Vale dizer, para um sujeito consciente que circule por um CAMI-
NHO ELIX NÃO EXISTE POSSIBILIDADE DE EXTRAVIO OBJETIVO: O SUJEITO,
APENAS MARCHANDO DE PONTO EM PONTO, ALCANÇA INDEFECTIVEL-
MENTE OS EXTREMOS DA FUNÇÃO.

179
Conceito de ORIENTAÇÃO: denomina-se ORIENTAÇÃO ao ato de evoluir com
DIREÇÃO CONTÍNUA sobre o caminho do significado. A ORIENTAÇÃO é oposta ao
EXTRAVIO OBJETIVO. A propriedade de uma curva análoga, de brindar ORIENTAÇÃO,
é uma qualidade topológica conhecida como ADISTOMIA, termo que se definirá mais adiante;
a curva ELIX, por exemplo, é uma função A-DISTÔMICA desde o ponto de vista da ORI-
ENTAÇÃO.
Finalmente, tomando em consideração estes convênios e definições, podemos ver re-
presentados na figura 57 os dois caminhos análogos seguidos pelo sujeito consciente e o Eu
perdido. A figura nos mostra, naturalmente, só um segmento da curva ELIX, “o caminho” pelo
qual se desloca o sujeito consciente e, SOBRE ELA, a curva LABRAELIX, análoga ao caminho
do Eu perdido, o feito de haver gravado as curvas sobre UM PLANO, por dizer, sobre o qua-
drante (ES, TT), em lugar de fazê-lo em um espaço tridimensional como o da figura 56, deve-se
a que é necessário observar este fenômeno desde duas perspectivas diferentes, tal como se evi-
denciará em seguida: de todos os modos, há que supor que o eixo do “Logos demiúrgico” (LD)
passa pelo centro do círculo que simboliza o pasu, pelo ponto central e em forma perpendicular
ao plano da figura. Notemos também que, com a perspectiva da figura 57, A CADA PONTO
DA CURVA ELIX CORRESPONDE DOIS PONTOS DA CURVA LABRAELIX: mas,
como veremos logo, isto é só uma aparência.
Analisemos o que nos diz a figura 57. A curva ELIX representa o caminho do signifi-
cado contínuo tomado pelo sujeito consciente durante sua evolução progressiva.

Figura 57

180
A esta evolução, a impulsionou a vontade do Eu perdido que se encontra confundido
com ele: sem perder sua essência volitiva, o Eu perdido se desloca por seu próprio caminho
LABRAELIX, arrastando ao sujeito consciente até graus de maior progresso evolutivo. Mas o
Eu perdido, de acordo com o visto realiza esta operação EM ESTADO DE EXTRAVIO OB-
JETIVO: como pode ser isso possível? Para responder, analogicamente, a esta pergunta é que
se requer o emprego de uma nova perspectiva E A DEFINIÇÃO GEOMÉTRICA DO CON-
CEITO DE EXTRAVIO.
Com a chave genética os Siddhas Traidores resignam o símbolo da autonomia ôntica, o
símbolo sagrado do pasu, aplicando o Símbolo de Origem sobre o desígnio pasu: esta operação,
o aprisionamento espiritual, é a que causa a aparição de um “caminho LABRAELIX” sobre o
caminho de ELIX.
Desde o ponto de vista análogo, o Símbolo de Origem causa o seguinte efeito: A CADA
“PONTO” DA CURVA ELIX, QUE DESDE AGORA VAMOS CHAMAR “MONAR-
QUE”, FAZ CORRESPONDER UM “PONTO” DA CURVA LABRAELIX, PONTO
DENOMINADO “TETRARQUE”; tais pontos podem observar-se na figura 58. Fica defi-
nida, assim, entre a curva ELIX e a curva LABRAELIX uma correspondência biunívoca, tal
que a cada ponto de ELIX corresponde um e só um ponto de LABRAELIX e vice-versa.

Figura 58

181
Sem embargo, vê-se que na figura 58, enquanto MONARQUE, o ponto de ELIX, é
uma unidade esférica (M), o ponto TETRARQUE de LABRAELIX consta de quatro recintos:
ALFA (α), BETA (β), GAMMA (ɣ) e DELTA (δ).
Para compreender esta relação “de um a quatro” que existe entre os pontos monarque
e tetrarque, há que ter bem presente a analogia de significado COMO caminho.
Monarque é um instante do tempo imanente, mas também, como ponto do caminho de
ELIX é UM lugar que ocupará o sujeito consciente durante sua evolução. Desde esse lugar o
sujeito consciente dispõe de CONTINUIDADE, para regressar ao Arquétipo Manu ou ante-
cipar-se à enteléquia, passando pelos restantes pontos monarque da curva ELIX; e assim
mesmo dispões de ORIENTAÇÃO DIRETA para efetuar esse trânsito, NÃO EXISTINDO
NENHUMA POSSIBILIDADE DE EXTRAVIO OBJETIVO. Mas é esse movimento do
Eu perdido, ao passar de um tetrarque a outro, a força que impulsiona ao sujeito consciente a
marchar de monarque em monarque pelo caminho de ELIX. Analisemos, pois, a forma deste
movimento observando as figuras 58 e 59.
94

Figura 59

182
Em princípio o Eu perdido encontra-se no RECINTO DE ENTRADA alfa (α) do
tetrarque, no instante imanente em que o sujeito consciente ocupa o ponto monarque (M).
Frente ao Eu perdido encontra-se, então o RECINTO ÍNTIMO beta (β) cuja característica
essencial consiste em que bloqueia o passo até outro tetrarque e em câmbio permite o acesso
até qualquer dos RECINTOS DE SAÍDA laterais, gama ( ) o delta (δ). Com outras palavras:
O EU PERDIDO SITUADO EM (α), NÃO PODE PASSAR A OUTRO TETRARQUE
ATRAVÉS DE (β), POIS ESSE RECINTO ESTÁ FECHADO ATÉ ADIANTE: DESDE
(β) SÓ PODE PASSAR A ( ) OU (δ); AGORA BEM, TANTO ( ) COMO (δ), ESTÃO
ABERTOS ATÉ ADIANTE, O QUE PERMITE AO EU PERDIDO DESLOCAR-SE
DESDE QUALQUER DELES AO SEGUINTE TETRARQUE SUCESSIVO. E quando o
Eu perdido executa esse passo, seja que provenha de ( ) ou (δ), seu movimento arrasta solida-
mente ao sujeito consciente que então passa também ao seguinte monarque.
Bem que se olhem as figuras 58 e 59, advertir-se-á que o Eu perdido se enfrenta em cada
tetrarque à sequência inevitável: (α), (β), y ( ) ou (δ). Para compreendê-lo indaguemos à Sabe-
doria Hiperbórea: por que se move um Eu perdido? Resposta: porque sua essência volitiva o
impulsiona a BUSCAR ORIENTAÇÃO; tal é a natureza ESTRATÉGICA do Eu perdido, a
BUSCA DE ORIENTAÇÃO é, pois, o motor do Eu e com essa determinação ingressa sempre
nos recintos de entrada dos tetrarque do caminho LABRAELIX. A partir dali o Eu perdido se
vê obrigado a repetir as três fases de uma sequência inevitável:

Fase (α): O Eu perdido ingressa no recinto de entrada motivado


pela BUSCA DE ORIENTAÇÃO que determina sua essên-
cia volitiva.
Fase (β): O Eu perdido ingressa no recinto íntimo do tetrarque
onde se bifurca o caminho: ali deve OPTAR entre duas
alternativas:
( ) ou (δ)

Fase ( ) ou (δ): O Eu perdido ELEGEU uma das vias possíveis ( ) ou (δ),


para continuar com a busca de orientação e passa a
um recinto de saída; desce ali, recém, poderá ingres-
sar ao recinto de entrada (α) do seguinte tetrarque.

Em síntese, e tal como se expressou em um quadro ao pé da figura 59, a fase (α) carac-
teriza-se pela BUSCA, a fase (β) pela OPÇÃO e a fase ( ) ou (δ) pela ELEIÇÃO.
A cumprir esta sentença, desde logo o Eu perdido NÃO PODE NEGAR-SE posto
que o mesmo princípio que causa sua aparição, isto é, a resignação do símbolo sagrado do pasu
com o Símbolo de Origem, determina também A FORMA em que dita aparição há de ocorrer:
o Eu perdido, como manifestação efetiva do Espírito aprisionado, só pode existir sobre um

183
caminho LABRAELIX formado por pontos tetrarque, um caminho paralelo e correlativo ao
caminho de ELIX por onde circula o sujeito consciente do pasu durante o processo evolutivo
do Arquétipo Manu.
Observemos que, mais para lá das analogias que suscita “o significado como caminho”,
os pontos monarque e tetrarque correspondem respectivamente a ATOS REAIS do sujeito
consciente e do Eu perdido. Tais “pontos”, em efeito são símbolos que representam o ATO
do sujeito ou do Eu em um momento dado de seu acontecer: os “pontos”, então, são a expres-
são atual das essências respectivas. Por um lado, sendo o tempo imanente a ESSÊNCIA do
sujeito consciente, o monarque é o INSTANTE ATUAL de dito tempo; vale dizer, O “INS-
TANTE” É A FORMA DO ATO TEMPORAL. Por outra parte sendo à vontade a essência
do Eu perdido, o tetrarque é o MOMENTO ATUAL do modo voluntário egóico; mas o te-
trarque tem forma tripla: com outras palavras, O MOMENTO TETRARQUE DO EU, O
ATO VOLITIVO ADQUIRE SUCESSIVAMENTE TRÊS FORMAS CARACTERÍSTI-
CAS: durante a fase (α) o ato adquire a forma da BUSCA; durante a fase (β) o ato adquire a
forma de OPÇÃO; e durante a fase ( ) ou (δ) o ato volitivo tem a forma evidente de uma
DECISÃO.
Não obstante, se não se esquece que o tetrarque configura as três formas que adota em
um instante imanente o ato volitivo do Eu perdido, a analogia vial será ainda sumamente útil.
Assim, suponhamos que o caminho LABRAELIX é uma curva composta por uma série
sucessiva de pontos tetrarque e analisemos suas propriedades à luz das definições precedentes.
É evidente que o recinto de entrada (α) de um tetrarque posterior só poderá unir-se com o
tetrarque anterior por um dos recintos de saída ( ) ou (δ). Com o fim de visualizar adequada-
mente uma curva construída de maneira semelhante, representou-se na figura 60 o caminho
LABRAELIX sobre o caminho ELIX: reparemos que esta figura é equivalente à figura 57, pois
mostra o mesmo seguimento de curvas ELIX e LABRAELIX, ainda que vista desde outra
perspectiva; em efeito, aqui o plano eleito para observar é o (ES, LD) podendo-se constatar que
o eixo do tempo transcendente (TT) encontra-se perpendicularmente ao plano da figura, “pas-
sando” pelo ponto central do círculo que simboliza o pasu.
A figura 60 nos permitirá, por fim, DEFINIR GEOMETRICAMENTE O “EXTRA-
VIO OBJETIVO” e explicar a função utilitária que o aprisionamento espiritual assinala ao Eu
perdido para favorecer a evolução do pasu. Em primeiro lugar, notemos que a curva ELIX
consta de “n” pontos monarque, M1, M2, M3, etc., cada um dos quais corresponde a um instante
do tempo imanente, por dizer, a um MOMENTO PRESENTE OU ATUAL da linha histórica
da consciência: o sujeito consciente, ao despregar-se por um “caminho” semelhante, o faz com
DIREÇÃO CONTÍNUA até a enteléquia Manu, ou seja, permanentemente ORIENTADO,
sem possibilidade de extravio objetivo. Em segundo lugar, observemos que a curva LABRAE-
LIX consiste de uma sucessão de pontos tetrarque T1, T2, T3, etc., cada um dos quais coincide

184
com um ponto monarque da curva ELIX; em rigor da analogia, cada ponto tetrarque se encon-
tra sempre SOBREPOSTO a seu correspondente monarque, de tal modo que a curva LABRA-
ELIX se encontra SOBRE a curva ELIX: esta condição é analogicamente necessária para ex-
pressar o feito de que o Eu perdido se encontra, em todo instante, SUMIDO no sujeito cons-
ciente ou, com mais precisão, o feito de que O ATO DO EU PERDIDO CONFUNDE COM
O INSTANTE IMANENTE.

Figura 60

É evidente que, contrariamente à curva ELIX, na curva LABRAELIX é possível a ORI-


ENTAÇÃO: o Eu perdido, ao deslocar-se pelo caminho LABRAELIX, não conseguirá jamais
uma ORIENTAÇÃO CONTÍNUA semelhante à que obtém o sujeito consciente marchando
pelo caminho de ELIX. Para comprová-lo só temos que examinar o movimento do Eu perdido
sobre um caminho análogo ao da figura 60. Em princípio, deve-se admitir que a curva LABRA-
ELIX seja CONTÍNUA: é possível avançar e retroceder sobre a mesma sem achar nenhuma
interrupção; todos os pontos tetrarque estão em contato entre si, formando uma série contínua,
paralela e correlativa, à série pontual da curva ELIX. Sem embargo, desde os recintos (α), ocu-
pados pelo Eu perdido ao começo de cada instante imanente não é possível conhecer a direção

185
exata dos extremos da função: PARA UM EU SITUADO EM UM TETRARQUE DETER-
MINADO, SÓ SERÁ POSSÍVEL ALCANÇAR “EFETIVAMENTE” OUTRO TETRAR-
QUE QUALQUER, MAS NÃO PODERÁ ANTECIPÁ-LO. Por exemplo, o eu perdido si-
tuado em (α) de T1 só poderá “ALCANÇAR EFETIVAMENTE” T5, ocupando REAL-
MENTE os pontos análogos T2, T3, e T4, mas não poderá PREVER nem ANTECIPAR T5
porque os recintos íntimos (β) de cada tetrarque, “fechados até adiante”, o impedem. Tal im-
possibilidade de ORIENTAÇÃO denomina-se: EXTRAVIO OBJETIVO do Eu perdido.
O extravio objetivo pode ser entendido alegoricamente como se o Eu perdido mar-
chasse “às cegas” pelo caminho LABRAELIX, incapaz de vislumbrar o que está além do mo-
mento atual; no exemplo recente, pode-se dizer que o Eu perdido “não vê” a T5 desde (α) de
T1, nem a nenhum outro tetrarque anterior ou posterior a T1. Esta propriedade de extraviar ao
Eu que possui o caminho de LABRAELIX pode também explicar-se assim: para o Eu em T1,
o ponto T5 só poderia ser alcançado depois de resolver as opções que plantam β2, β3 e β4; antes
destes ATOS concretos seria impossível para o Eu antecipar a T5 posto que tal tetrarque Seja
O PRODUTO FINAL DE UMA SÉRIA DE OPÇÕES E ELEIÇÕES IMPREVISÍVEIS,
resolvida pelo Eu perdido durante a marcha; e o mesmo vale para qualquer outro tetrarque
situado em qualquer outro ponto do caminho LABRAELIX. O Eu jamais sabe até onde vai:
SÓ BUSCA; e nessa busca avança ou retrocede por LABRAELIX sem conhecer nada mais
além do tetrarque atual. O extravio do Eu se denomina “OBJETIVO” porque é real, determi-
nado externamente à sua vontade de orientação pela ação do Símbolo de Origem que lhe impõe
um caminho constantemente bifurcado. Mas o EXTRAVIO OBJETIVO ocasiona também
no Eu um efeito SUBJETIVO: é a sensação de RETILINIEDADE de seu deslocamento pelo
caminho LABRAELIX; este efeito está simbolizado na figura 58 com a LINHA RETA que
indica o ingresso do Eu ao ponto tetrarque em oposição à CURVA que assinala a trajetória do
sujeito consciente pelo caminho ELIX. O Eu perdido tem sempre o convencimento de que se
move sobre uma linha reta e, como habitualmente se encontra confundido com o sujeito cons-
ciente, por dizer, identificado subjetivamente com o tempo imanente, estende essa crença a
toda essência temporal e supõe sem mais QUE O TEMPO TRANSCORRE DE FORMA
LINEAR. Demais está por dizer que tudo isto é puramente subjetivo, uma ilusão pro-
duzida pelo EXTRAVIO OBJETIVO que experimenta o Eu perdido pelo caminho LABRA-
ELIX.
Mas muito distinta é a situação do sujeito consciente durante esse movimento desorien-
tado do Eu: este, qualquer que seja o movimento efetuado pelo Eu, sempre avança em DIRE-
ÇÃO CONTÍNUA da enteléquia Manu, progredindo evolutivamente pelo caminho de ELIX.
Assim ocorre porque o aprisionamento espiritual, a resignação do símbolo sagrado do pasu
com o Símbolo de Origem, determina que o Eu perdido marche em EXTRAVIO OBJETIVO
pelo caminho LABRAELIX enquanto arrasta, com a força de sua vontade de busca, o sujeito

186
consciente pelo caminho ELIX do progresso evolutivo.
Examinemos agora, com mais detalhe, as propriedades da curva LABRAELIX da figura
60. Antes de qualquer coisa, vemos que em cada Instante imanente, M1, M2, M3, etc., o Eu
perdido efetua as três fases de um ato volitivo correspondente T1, T2, T3, etc. Isto significa que
a VELOCIDADE RELATIVA do Eu perdido é, pelo menos, três vezes maior que a do sujeito
consciente.
Com esta velocidade superior, o Eu perdido realiza os seguintes movimentos sobre o
caminho LABRAELIX: no instante M1 o Eu ingressa no recinto de entrada (α) do tetrarque
T1, em um ato volitivo de busca; com essa determinação passa então ao recinto íntimo (β), onde
se vê obrigado a optar entre os caminhos alternativos ( ) ou (δ); a eleição do Eu recai em (δ) e
assim ingressa a um recinto de saída; no instante M2 o Eu se translada desde (δ) de T1 a (α) de
T2; ingressa em (β) e opta pelo recinto de saída (δ) , depois dessa eleição, no instante M3, o Eu
se desloca ao recinto de entrada (α) de T3 para iniciar uma nova busca; já em (β) opta pela saída
( ) desde onde se translada, no instante M4, ao recinto de entrada (α) de T4; e desse modo,
decidindo instante após instante o rumo a seguir, avança o Eu pelo caminho LABRAELIX,
sumido irremediavelmente no extravio objetivo.
Não será necessário insistir em demasia, nem agregar nenhum esclarecimento, se afir-
mamos que O CAMINHO LABRAELIX TEM AS DIMENSÕES ANÁLOGAS DE UM
LABIRINTO INTERIOR, UM LABIRINTO NO QUAL O EU SE ENCONTRA PER-
MANENTEMENTE EXTRAVIADO, SEM POSSIBILIDADE DE ORIENTAR-SE EM
NENHUM SENTIDO. O deslocamento do Eu sobre o caminho LABRAELIX, efetivamente,
cumpre a sequência de todo aquele que se encontra EXTRAVIADO em um labirinto: BUSCA
(da saída), OPÇÃO (entre dois caminhos que se bifurcam) e ELEIÇÃO (por um deles), mas o
caminho ELEITO conduz invariavelmente a uma nova bifurcação, frente a qual é necessário
OPTAR novamente, repetindo-se perpetuamente o drama do extravio: busca opção e eleição.
Mas as dimensões labirínticas do caminho LABRAELIX constituem algo mais que uma mera
alegoria formal: a Sabedoria Hiperbórea afirma a realidade do labirinto interior em que se acha
extraviado o Eu perdido. Por isso as vias de liberação espiritual que propõe só podem ser com-
preendidas com termos do Mistério do Labirinto, Mistério que se expressou desde o antigo
com o “símbolo sagrado do virya”, por dizer, com TIRODINGUIBURRR, o labirinto exterior
de Wotan (sétimo tomo).
Nos tomos sexto, sétimo e oitavo voltaremos sobre o labirinto, interior e exterior; con-
tinuaremos agora com o exame do caminho LABRAELIX. Pelo que temos visto, o mesmo
consiste em uma sucessão de tetrarques, pontos que “obrigam” ao Eu a cumprir uma constante
e repetida sequência de fases “busca”, “opção” e “eleição”: por essa constante necessidade de
OPTAR entre as alternativas ( ) ou (δ), com que os tetrarque condicionam ao Eu, é que a
Sabedoria Hiperbórea também os denomina: PONTOS DISJUNTIVOS.

187
Oferecendo cada ponto da curva LABRAELIX uma DISJUNTIVA é evidente que o
Eu há de permanecer no extravio objetivo. Desde o ponto de vista geométrico, esta propriedade
da curva LABRAELIX, de bifurcar-se em cada ponto, denomina-se DISTOMIA. Em grego
DISTOMOS (διτοµοζ) alude a uma DUPLA DIVISÃO; por exemplo, a distomia de uma
GRUTA implica que esta tem DUAS ENTRADAS, a distomia de uma espada que esta tem
DOIS FIOS, etc.; daqui que se qualifique o caminho LABRAELIX de DISTÔMICO e que a
curva LABRAELIX, que se bifurca em cada ponto, denomine-se FUNÇAO DISTÔMICA.
Assim, a propriedade de EXTRAVIO OBJETIVO que o caminho LABRAELIX apre-
senta para o passo do Eu perdido, tem sua correspondência geométrica na qualidade da curva
LABRAELIX de ser uma função DISTÔMICA, uma curva formada pelos pontos disjuntivos
na que não existe nenhuma possibilidade de ORIENTAÇÃO. A curva ELIX, inversamente,
denomina-se a ADISTÔMICA por sua qualidade de apresentar DIREÇÃO CONTÍNUA, por
100
dizer, ORIENTAÇÃO em todos seus pontos.
Recordemos, por último, o dito em “H”; “a introdução do Símbolo de Origem no mi-
crocosmo DETERMINA A DISPOSIÇÃO TOPOLÓGICA DOS CAMINHOS POTEN-
CIAIS DO SIGNIFICADO”. Isto quer dizer que para o Eu perdido, não só seu próprio ca-
minho LABRAELIX, senão TODO SIGNIFICADO CONTÍNUO SE TORNA DISTÔ-
MICO pelo efeito do Símbolo de Origem.
Para o pasu, segundo vimos em “H", no núcleo axial de conotação existe um “nó vial”,
um ponto análogo do caminho ELIX onde se conectam os caminhos potenciais que se dirigem
a outros planos de significação oblíquos: tais caminhos potenciais, desde logo, se fossem atua-
lizados pela exploração do sujeito cultural, conformar-se-iam com a matriz funcional da lei de
evolução e seriam semelhantes a ARCOS DE ESPIRAL, a segmentos da curva ELIX.
Para o virya, ao contrário, no núcleo axial de conotação existe ADEMAIS um nó vial
distômico onde se conectam os caminhos potenciais, NA PERCEPÇÃO DO EU PERDIDO,
serão também distômicos, segmento da curva LABRAELIX. Ainda que o Eu perdido se as-
senta fundamentalmente no sujeito consciente pode ocorrer que através desse, perceba o re-
flexo dos atos sistemáticos do sujeito cultura: se ocorre esse caso, o Eu perdido só tomará
conhecimento dos caminhos potenciais sob sua forma distômica, sem mudar em nenhum mo-
mento seu estado de EXTRAVIO OBJETIVO. É por isso que, PARA O EU, a estrutura
cultural apareça representada ou intuída como um LABIRINTO INTERIOR; isso é produto
da redução distômica que o Símbolo de Origem causa em TODOS os caminhos significativos
da estrutura psíquica frente à percepção do Eu. E, assim como o pasu projeta o signo espiral
como expressão do “símbolo sagrado do pasu” ou matriz funcional da lei da evolução, assim
também o virya PROJETA A “TIRODINGUIBURRR”, O SIGNO LABIRINTO EXTE-
RIOR, COMO EXPRESSÃO DO SÍMBOLO DE ORIGEM, o qual é a causa do labirinto

188
interior: Tirodinguiburr, como se explicará no tomo sétimo, constitui o “símbolo sagrado do
virya”.
O Símbolo de Origem, ao causar a distomia de todo significado contínuo da estrutura
psíquica, ao converter a esta em um “labirinto interior” para a percepção do Eu perdido, produz
um curioso efeito subjetivo denominado QUADRANGULARIDADE DA ESFERA DE
SOMBRA. Este efeito, que não é mais que a assimilação de toda a esfera de sombra à forma de
tetrarque, produz no Eu a impressão de que o inconsciente da estrutura psíquica está regido
pelo número quatro; inversamente, só ocorrer que o número quatro rege inconscientemente a
percepção do Eu e determina a cardinalidade do pensamento. As quatro estações, os quatro
pontos cardeais, os quatro ventos, os quatro elementos, as quatro idades, etc., são divisões ar-
bitrárias do real causadas pela forma “tetrárquica da esfera de sombra”.
Mas a esfera luz, assento do sujeito consciente e, por conseguinte, do Eu perdido, tam-
bém experimenta um efeito quantificador característico, por causa do Símbolo de Origem:
trata-se neste caso da TRIPARTIÇÃO DA ESFERA DE LUZ. Ainda que o tetrarque repre-
sente a QUÁDRUPLA forma que o ato volitivo do Eu é capaz de adotar, é evidente que em
seu passo por um tetrarque o ato real do Eu é essencialmente TRIPLO: (α), (β) y ( ) ou (α),
(β) y (δ). Ao manifestar-se na esfera de luz, em cada ponto do caminho LABRAELIX, o Eu
efetua um ato TRIFORME que determina a ordinalidade do pensamento: tudo quanto se supõe
regido por um “termo médio” tem aqui sua origem. Por exemplo, a ação “mediadora” do nú-
mero dois na séria 1,2,3; manhã, tarde e noite; acima, meio e abaixo; passado presente e futuro,
etc.

K – DE COMO O APRISIONAMENTO ESPIRITUAL CAUSA O DESENVOLVIMENTO DO


ESQUEMA DE SI MESMO.

O exame análogo da figura 60 nos permitiu compreender com mais precisão o aprisio-
namento espiritual, produto da resignação do símbolo sagrado do pasu com o Símbolo de Ori-
gem. Toca-nos agora estudar o efeito que tal operação causou no microcosmo potencial. Mais
concretamente, propomo-nos a indagar como o aprisionamento espiritual causa uma aceleração
evolutiva tão importante no pasu que justifica, ainda depois de milhões de anos, seu permanente
emprego por parte dos Siddhas Traidores.
Para começar, recordemos os termos do problema que tiveram que resolver os Siddhas
Traidores. Na Terra existia um hominídeo primitivo, denominado pasu, o qual, não obstante
seu escasso grau de desenvolvimento constituía uma fase do desenvolvimento do Arquétipo
Manu; mas, apesar de seu primitivismo, esse animal-homem possuía algo extremamente vali-
oso, segundo o critério dos Siddhas Traidores: o “desígnio pasu”. O pasu, em efeito, era um
microcosmo potencial, possuía em seu desígnio o Plano completo do microcosmo; e esse Plano

189
consistia, nem mais nem menos, que na réplica do Plano do macrocosmo. Os Siddhas Traidores
se lançaram, então, à compreensão deste Plano e a projetar uma modificação que permitisse
acelerar a evolução do pasu; com este fim concretizaram um acordo com o Demiurgo Solar e
receberam deste, o poder sobre as hierarquias dévicas da Terra; Sanat Kumara, o Demiurgo
planetário, Jeová-Satanás, cedeu nesse momento seu lugar no Trono do Mundo a Ridgen
Gyepo, quem, como Rei do Mundo, fundou a Hierarquia Branca e iniciou um reinado que dura
até hoje. As cláusulas daquele infame Pacto com o Demiurgo seriam, sem dúvida, incompreen-
síveis e alucinantes para qualquer virya perdido e por isso convém conhecer só os dois pontos
salientes de todo o argumento: os Siddhas Traidores se comprometeram a fazer cumprir ao
pasu os objetivos micro e macrocósmicos de sua finalidade com uma velocidade muito maior
que a desenvolvida até então pelo processo evolutivo do Arquétipo Manu, gerando com isso
uma DOR sem precedentes no mundo; o Demiurgo concedeu autorização, como contrapar-
tida, para que os Siddhas Traidores permaneçam no Universo do Uno até o Mahapralaya.
Agora bem, ao tempo da chegada dos Siddhas Traidores, o pasu já havia desenvolvido
a estrutura psíquica: dispunham da esfera afetiva, da esfera racional e “uma incipiente esfera de
pré-consciência”. Mas o objetivo microcósmico da finalidade exige que o pasu desenvolva a
esfera de consciência até o extremo de que todo o microcosmo se reflita nela, permitindo ao
sujeito consciente reflexionar em um pensamento o microcosmo totalmente racionalizado, por
dizer, “pensar-se a si mesmo”: neste grau da evolução, o pasu obtém autonomia ôntica e cum-
pre o objetivo microcósmico. A “modificação” que os Siddhas Traidores projetaram sobre o
desígnio pasu deveria apontar, evidentemente, a favorecer o desenvolvimento acelerado da es-
fera de consciência. Isto se conseguiu, como já se disse, resignando no desígnio pasu o símbolo
sagrado do pasu com o Símbolo de Origem: a eleição recaiu em tal símbolo porque o mesmo
constitui o “centro de referência” de si mesmo, por dizer, o centro em torno do qual se estrutura
o “esquema de si mesmo” ou esfera de consciência.
Aparece assim uma nova espécie sobre a Terra: o VIRYA, o homem semidivino. No
sangue do virya, como herança genética dos Siddhas Traidores, subsiste o Símbolo de Origem
que resigna, apenas com sua presença, o símbolo sagrado do pasu, presente no desígnio pasu:
quanto mais puro é o sangue hiperbóreo do virya tanto mais potente é o Símbolo de Origem
para resignar o símbolo sagrado do pasu e superar as tendências animais de sua própria herança
genética. E esta presença resignadora do Símbolo de Origem é a que causa a extraordinária
aceleração evolutiva da esfera de consciência do virya.
Mas, como causa o Símbolo de Origem exatamente o efeito calculado pelos Siddhas
Traidores? Resposta: porque introduz no seio do sujeito consciente uma força poderosa, que
se soma ao impulso evolutivo do Arquétipo Manu e arrasta irresistivelmente ao sujeito consci-
ente até a enteléquia até a enteléquia; esta força é a que causa o desenvolvimento inusitado do
esquema de si mesmo ou esfera de consciência; e esta força é, naturalmente, a essência volitiva

190
do Eu perdido. Recordemos que a Traição Branca é um Mistério Maior ao que a Sabedoria
Hiperbórea divide em dois atos principais: o primeiro é a reversão dos Espíritos Esferas, vale
dizer, a confusão estratégica dos Espíritos Hiperbóreos; e o segundo ato é o plano que os Sid-
dhas Traidores projetam para cumprir seu Pacto com o Demiurgo.
Tal plano constava de duas fases, uma das quais consistia em plasmar o Símbolo de
Origem no sangue do virya por meio da chave genética, e a outra no aprisionamento espiritual,
por dizer, na introdução de “uma força poderosa” no seio do sujeito consciente: o Eu perdido,
sua essência volitiva.
O Símbolo de Origem causa o aprisionamento espiritual e a manifestação na esfera de
consciência, do Espírito aprisionado baixo a forma do Eu perdido, um Eu que é reflexo do Eu
infinito. Mas o Eu perdido, cuja essência é à vontade, encontra-se subsumido de entrada na
natureza temporal do sujeito consciente, obrigado a atuar como força impulsionadora de seu
processo evolutivo. Assim ocorre porque o Símbolo de Origem são só causa a manifestação do
Eu no seio do sujeito consciente, senão que também causa seu permanente EXTRAVIO OB-
JETIVO, determinando que o Eu se desloque por um caminho distômico, paralelo ao caminho
adistômico seguido pelo sujeito consciente em sua evolução progressiva. O Eu, cuja essência
volitiva tem a forma da busca de orientação, vê-se forçado pelo caminho LABRAELIX a per-
manecer sempre em EXTRAVIO OBJETIVO, qualquer que seja seu movimento; mas todos
os movimentos do Eu atuam como uma força poderosa que arrasta ao sujeito consciente por
seu próprio caminho ELIX, até a enteléquia Manu, até a autonomia ôntica. Por dizer, cumpre-
se o objetivo microcósmico da finalidade do pasu e, também, as condições do Pacto entre os
Siddhas Traidores e o Demiurgo.
O Símbolo de Origem causa, pois, a presença do Eu no caminho LABRAELIX e o
movimento desta causa, à vez, o deslocamento acelerado do sujeito consciente pelo caminho
ELIX, cumprindo então o objetivo microcósmico da finalidade do pasu QUE EXIGE O DE-
SENVOLVIMENTO DA ESFERA DE CONSCIÊNCIA, POR DIZER, DO ESQUEMA
DE SI MESMO. Por isso convém reformular e lançar novamente a pergunta anterior, e buscar
agora uma resposta mais precisa: como causa o Símbolo de Origem, com o Eu perdido no
sujeito consciente, exatamente o efeito calculado pelos Siddhas Traidores, isto é, o DESEN-
VOLVIMENTO DO ESQUEMA DE SI MESMO OU ESFERA DE CONSCIÊNCIA?
Resposta: o Eu mantém o sujeito consciente em constante movimento, reflexo de sua infrutí-
fera busca de orientação pelo caminho LABRAELIX; MS todo movimento do sujeito consci-
ente “É INTERPRETADO PELA RAZÃO COMO INTERROGAÇÃO”; e em resposta às
flexões do sujeito consciente, a razão e o sujeito cultural emitem um fluxo permanente de ima-
gens referidas a si mesmo QUE SE ESTRUTURAM NA ESFERA DE CONSCIÊNCIA E
DESENVOLVEM O ESQUEMA DE SI MESMO. O esquema de si mesmo, em resumo,
cresce permanentemente como efeito da força que a essência volitiva do Eu perdido, em sua

191
busca de orientação, aplica sobre o sujeito consciente.

L – O CAMINHO LABRAELIX, LABIRINTO INTERIOR.

Como conclusão fundamental deste inciso há que extrair o conceito definido ultima-
mente sobre o EXTRAVIO OBJETIVO que o Eu perdido experimenta ao deslocar-se sobre
um caminho LABRAELIX. Este caminho distômico representa, para o Eu, um verdadeiro
labirinto interior, por cujas trilhas transita extraviado, repetindo constantemente a sequência de
busca (α), opção (β) e eleição ( ) o (δ). Frente a uma situação tão sombria cabe perguntar-se: é
possível que o virya perdido obtenha alguma vez orientação estratégica e consiga libertar-se do
aprisionamento espiritual? Ou, o que, segundo vimos agora, é o mesmo: é possível que o Eu
perdido consiga alguma vez orientar-se no labirinto do caminho LABRAELIX e possa aban-
doná-lo para sempre? Resposta: tal como já o adiantamos na Primeira Parte, isso é possível
aplicando uma via de liberação espiritual das sete mais uma que propõe a Sabedoria Hiperbórea,
em particular aplicando a “via de oposição estratégica” que se estuda neste livro. Esta via, cuja
técnica secreta foi confiada pelos Siddhas à ORDEM DOS CAVALEIROS TIRODAL da
República Argentina, permite ISOLAR O EU PERDIDO DO SUJEITO CONSCIENTE
MEDIANTE UMA ARQUÊMONA INTERIOR, MEDIANTE UM CERCO ERGUIDO
EM TORNO DO EU. Semelhante arquêmona interior é, desde logo, uma RUNA NOOLÓ-
GICA; e a operação por meio da qual o Eu perdido fica resignado e orientado até o selbst,
denomina-se PRIMEIRA INICIAÇÃO HIPERBÓREA. O isolamento do Eu, em efeito, só
pode obter-se como “Iniciação” posto que a partir dali o Eu seja imortal pelo resto do man-
vantara.
A parte da Primeira Iniciação Hiperbórea, a Ordem dos Cavaleiros Tirodal possui os
meios necessários para outorgar as duas iniciações seguintes: a Segunda Iniciação que trans-
forma o virya perdido cujo Eu tenha sido isolado runicamente do sujeito consciente, em virya
desperto; e a Terceira e última Iniciação que transmuta o virya desperto em Siddha Berserker,
liberando definitivamente o Espírito eterno da confusão estratégica e do aprisionamento espi-
ritual. Mas tudo isto será explicado com detalhe mais adiante, logo que tenhamos penetrado no
Mistério de Lagrgal e saibamos algo mais sobre a origem das runas.

192
Figura 61

M – CORRESPONDÊNCIAS ANÁLOGAS ENTRE O PONTO TETRARQUE E A RUNA


GIBUR.

Ainda que o conceito seja definido em outro tomo, é conveniente assinalar agora as
correspondências análogas que existem entre o ponto tetrarque e a runa GIBUR, a última das
treze mais três runas que compreender o “alfabeto” TIRODAL DE WOTAN. Tais relações
se expuseram sinopticamente na figura 61. Vemos ali que o braço maior da runa gibur é análogo
ao recinto de ingresso (α) do tetrarque; os três braços menores são análogos a outros três recin-
tos do tetrarque: o braço central da runa é análogo ao recinto íntimo (β) e os dois braços res-
tantes correspondem respectivamente aos recintos de saída ( ) y (δ) do tetrarque.
Convém assinalar também que, por razões que se explicará mais adiante, a runa gibur
recebe certos nomes característicos de acordo a sua disposição. Tal como se mostra na figura
62, se a runa gibur se dispõe com os três braços para cima denomina-se TRIDENTE DE
POSEIDON ou, não com tanta propriedade, TRÍSULA DE SHIVA, e representa a arma dos
Siddhas.

193
Figura 62

Por outra parte, se a runa gibur se dispõe com os três braços para baixo, chama-se
ESPADA DE WOTAN, e representa a arma dos viryas despertos.

194
TOMO III:
MEMÓRIAS MICROCÓSMICAS
E REGISTROS MACROCÓSMICOS

O conceito de “desígnio demiúrgico”, definido no inciso anterior (tomo segundo), nos


vai permitir aqui sistematizar todo o visto sobre as memórias microcósmicas e expor o impor-
tante conceito de REGISTRO MACROCÓSMICO; este conceito de Registro macrocósmico
é imprescindível para completar a explicação análoga sobre as SUPERESTRUTURAS que sus-
tentam a forma das culturas externas ou dos fatos culturais. Contudo, tal explicação somente
poderá abordar-se depois no inciso “Superestruturas e Registros culturais” (tomo quinto), ba-
seando-se em tudo já visto neste e no seguinte inciso. Aqui vamos definir um conjunto de
conceitos fundamentais da Sabedoria Hiperbórea tais como: MEMÓRIA, FACULDADE DE
RECORDAR, RECORDAÇÃO, REGISTRO ÔNTICO, SETOR INATO DO REGISTRO
ÔNTICO DO PASU, ETC. Como introdução, é útil ler o artigo “C”.
Para compreender com profundidade o significado que o conceito de MEMÓRIA tem
na Sabedoria Hiperbórea convém partir de duas definições.
Uma é a “definição ontológica”, a saber, de resposta à pergunta: o que é a memória?; O
virya desperto é quem emprega estrategicamente esta definição. E a outra é a “definição funci-
onal”, ou seja, a resposta à pergunta: que função cumpre a memória?; Resposta que constitui
um conceito habitual para o pasu. Logo, estas definições se referem às memórias microcósmi-
cas, ainda que mais adiante as mesmas se estendam às superestruturas macrocósmicas depois
de estabelecer as correspondentes relações análogas que existem entre ambas.

A – DEFINIÇÃO ONTOLÓGICA DA MEMÓRIA

As ESTRUTURAS VIVAS, tais como as que integram a estrutura psíquica do pasu, tem
a propriedade de estar em constante CRESCIMENTO. Esta propriedade de CRESCER pode
descrever-se mediante três características: a VELOCIDADE do crescimento, ou seja, a res-
posta à pergunta ‘‘quanto cresce a estrutura? ’’; o MODO de crescer, ou seja, a resposta a ‘‘com
que modalidade lógica se conforma a estrutura? ’’; e a CAPACIDADE para crescer, a saber, a

195
resposta à pergunta ‘‘até onde pode crescer uma estrutura viva, com tal VELOCIDADE e tal
MODO estrutural? ’’. Dessas três notas, a CAPACIDADE é, de longe, a mais importante, pois
pode ser fator determinante das outras duas, sem que elas, pelo contrário, lhe afetem em nada:
alegoricamente, poderia qualificar-se à CAPACIDADE como uma VARIÁVEL INDEPEN-
DENTE enquanto a VELOCIDAE e o MODO seriam VARIÁVEIS DEPENDENTES, ou
seja, magnitudes que ao variar dependem de sua RELAÇÃO com a variável independente.
É evidente que a CAPACIDADE assim definida como expressão global do crescimento
estrutural, mantém relação direta com o conceito de POTÊNCIA revela a APTIDÃO de um
CONTINENTE para receber CONTEÚDO, podemos comprovar tal definição recordando
o dito em D1 com relação à potência e ao ato: “potência e ato são aspectos complementares de
um mesmo fenômeno, como “cheio” e “vazio”: ao verter o CONTEÚDO desse recipiente o
mesmo irá ficando MENOS cheio e, portanto, MAIS vazio. Omo no caso de cheio e vazio, a
conclusão depende do ponto de vista. Ao manifestar-se no ente (ou em qualquer estrutura) o
Arquétipo vai PERDENDO potência à medida que se atualiza, que progride à enteléquia, (à
medida que a estrutura CRESCE), vale dizer: QUANTO MAIS ATO, MENOS POTÊN-
CIA FORMATIVA”. Potência e ato são, pois, análogos aos estados cheio e vazio de um reci-
piente. Mas cheio e vazio são os limites extremos que adota todo CONTEÚDO e que estão
determinados pela CAPACIDADE do CONTINENTE: comprova-se, assim, que a CAPA-
CIDADE está efetivamente relacionada com a potência. Mas ademais fica claro que a CAPA-
CIDADE é uma determinação da potência, um limite formal último além do qual não pode
atualizar-se: o ato causado pó uma potência depende da CAPACIDADE; a potência é CAPAZ
dentro dos limites da CAPACIDADE, em seu continente. Porém, por definição, a potência
não pode estar ESSENCIALMENTE determinada: a CAPACIDADE somente pode ser um
acidente, um limite agregado exteriormente à potência, no exemplo anterior, se a potência radica
no conteúdo, é evidente que este tenha sido limitado exteriormente pela CAPACIDADE do
recipiente; mas, por si, por acaso, a potência procede do espaço é ainda mais evidente, todavia,
que a CAPACIDADE do recipiente estabeleça um limite particular à extensão universal, à “po-
tência espacial”, alegoricamente falando. .
No caso da estrutura viva, a CAPACIDADE determina a POTÊNCIA FORMATIVA
do Arquétipo universal, ou psicóideo, que a sustenta. Isto compreenderemos melhor referindo-
nos aos termos universal e particular de um ente individual, por exemplo, o cavalo ôntico da
figura 48, o qual é uma boa mostra de “estrutura viva”. O cavalo individual, em efeito, é um
organismo em constante crescimento que é impelido pela potência formativa do Arquétipo
cavalo, cujo processo concede “existência natural” ao ente equino. A potência formativa causa
o crescimento da estrutura equina de acordo a uma VELOCIDADE condicionada por causas
externas e a um MODO próprio da essência equina. Mas, o que determina o crescimento da
estrutura equina, qual princípio limita ônticamente a potência formativa universal? Resposta: a

196
MATRIZ ESSENCIAL do desígnio cavalo, proposto na estrutura equina, no cavalo ôntico,
pela Vox do Demiurgo: a matriz essencial é o “princípio de individuação” que põe termo par-
ticular, específico, à natureza equina universal e lhe outorga existência individual. Infere-se, en-
tão, que a MATRIZ ESSENCIAL É A “CAPACIDADE” QUE DETERMINA A POTÊN-
CIA FORMATIVA: a estrutura equina pode “crescer”, mas somente até os limites que fixa a
CAPACIDADE da matriz essencial, somente até amoldar-se a ela. E se comprova, também,
que a CAPACIDADE imposta à potência formativa pela matriz essencial é algo agregado a ela,
um termo particular, ou seja, um limite NÃO ESSENCIAL. A pergunta plantada ao definir a
CAPACIDADE como uma característica do crescimento da estrutura viva pode ser respondida
agora, à luz do exemplo sintetizado na figura 48; sua formulação era: até onde pode crescer uma
estrutura viva, com tal velocidade e tal modo estrutural? Resposta: até a CAPACIDADE da
matriz essencial de seu desígnio.
Observemos a figura 56, onde se representa o ato do microcosmo potencial. Analoga-
mente ao visto na figura 48, há aqui uma CAPACIDADE GLOBAL da matriz essencial do
desígnio pasu que determina a potência formativa do Arquétipo Manu. Mas o desígnio do pasu
é o mais complexo “desígnio de desígnio” que existe: seu Plano consiste em uma estrutura de
planos, cada um dos quais dirige o crescimento formal dos múltiplos e diferentes órgãos do
microcosmo. Como se distingue um plano de um grande
Plano escrito no desígnio do pasu? Resposta: “toda estrutura determina uma forma”: o
limite próprio de cada plano está determinado por sua CAPACIDADE para conformar os
membros orgânicos particulares que integram harmonicamente o microcosmo. Há, pois, uma
CAPACIDADE própria de cada plano para determinar a potência formativa do Arquétipo
Manu, que se integra na CAPACIDADE GLOBAL da matriz essencial, ou seja, na CAPACI-
DADE do Plano completo do desígnio pasu. Isto é evidente e claro, posto que cada membro
orgânico cresce com VELOCIDADE e MODO próprios, mas integrá-los harmonicamente na
estrutura do microcosmo de tal maneira que este cresça por sua vez, com VELOCIDADE
GLOBAL e MODO GLOBAL, par moldar-se à CAPACIDADE GLOBAL da matriz essen-
cial.
Tendo estes esclarecimentos, vamos nos referir a um membro orgânico particular do
microcosmo, isto é, à ESTRUTURA PSÍQUICA, cujo esquema análogo se mostra nas figuras
11 e 11b. De acordo com o já visto, no desígnio pasu há de ter um Plano para a conformação
da estrutura psíquica, composta de planos específicos que dirigem o crescimento particular das
esferas afetivas (4), racional (3) e de consciência (2). Especialmente, nos interessa considerar os
planos em base aos quais se conforma a estrutura neurofisiológica do cérebro, a estrutura cul-
tural e a estrutura do esquema de si mesmo: tais estruturas estão VIVAS e CRESCEM perma-
nentemente, com VELOCIDADES e MODOS próprios, cumprido assim com os requisitos
característicos que temos imposto para a análise.

197
Devemos admitir, então, que estas estruturas DISPÕEM DE UMA “CAPACIDADE
ESPECÍFICA PRÓPRIA, QUE REGE SEU CRESCIMENTO E À QUAL AMOLDA SUA
FORMA. Mais claramente: a estrutura neurofisiológica do cérebro se desenvolve de acordo a
um plano particular contido no desígnio pasu; tal plano põe termo específico à potência forma-
tiva do Arquétipo Manu. NESSA REGIÃO do organismo microcósmico ESSE TERMO ES-
PECÍFICO QUE LIMITA A POTÊNCIA FORMATIVA E DETERMINA O CRESCI-
MENTO DA ESTRUTURA NEUROFISIOLÓGICA, É A “CAPACIDADE” DO
PLANO PARTICULAR. E o mesmo ocorre com a estrutura cultural, a qual cresce determi-
nada por uma CAPACIDADE própria. Assim como, também, a estrutura do esquema de si
mesmo cresce segundo a CAPACIDADE de um plano particular.
Bem, estas estruturas servem para a manifestação do sujeito anímico, o qual se denomina
“sujeito racional” na estrutura neurofisiológica, “sujeito cultural” na estrutura cultural, e “sujeito
consciente” no esquema de si mesmo ou estrutura da esfera de consciência. Eis aqui, por fim,
a definição ontológica da Sabedoria Hiperbórea sobre a MEMÓRIA: A PERCEPÇÃO QUE
O SUJEITO ANÍMICO EFETUA SOBRE A “CAPACIDADE” DA ESTRUTURA PSÍ-
QUICA SE DENOMINA “MEMÓRIA”.
Mais particularmente: A PERCEPÇÃO QUE O SUJEITO RACIONAL EFETUA
SOBRE A “CAPACIDADE” DA ESTRUTURA NEUROFISIOLÓGICA DO CÉREBRO
DENOMINA-SE “MEMÓRIAARQUETÍPICA”; A PERCEPÇÃO QUE O SUJEITO
CULTURAL EXPERIMENTA SOBRE A “CAPACIDADE” DA ESTRUTURAL CUL-
TURAL SE DENOMINA “MEMÓRIA CULTURAL” OU “CONCEITUAL”; e A PER-
CEPÇÃO QUE O SUJEITO CONSCIENTE REALIZA SOBRE O ESQUEMA DE SI
MESMO DENOMINA-SE “MEMÓRIA DE SI MESMO”.
Poderá surpreender, à primeira vista, semelhante assimilação do conceito de memória a
capacidade de uma estrutura, mas, um pouco que se medite sobre isso, se compreenderá que a
capacidade é a verdadeira origem da memória, que “memória” é a percepção subjetiva da capa-
cidade: a memória, como a capacidade, é um CONTINENTE, cujo conteúdo estrutural cresce
e se desenvolve a impulso de uma potência, a “memória” e a “capacidade” que determina a
potência estrutural, é o mesmo. A diferença, subjetiva, em que o sujeito atende preferencial-
mente aos CONTEÚDOS estruturais no crescimento, considerando-os como retenções
MNEMÔNICAS: então, a “memória”, para ele, é a “capacidade” de reter e conservar dados.
O pasu define claramente a memória como a “capacidade de uma potência retentiva”, o que é
uma maneira subjetiva de nomear a “capacidade de uma potência estruturante”, ou seja, a ca-
pacidade do plano que limita a potência formativa e estruturadora do Arquétipo Manu. Mas
tudo isto se compreenderá melhor depois de estudar a “definição funcional da memória” e a
“faculdade de recordar”.

198
B – DEFINIÇÃO FUNCIONAL DA MEMÓRIA.

Já sabemos o que É a memória: A PERCEPÇÃO SUBJETIVA DA “CAPACIDADE”


DE UMA ESTRUTURA VIVA, OU SEJA, DO LIMITE FORMAL QUE DETERMINA A
POTÊNCIA ESTRUTURANTE. 6
O CRESCIMENTO de uma estrutura é função de sua CPACIDADE, ou seja, de sua
MEMÓRIA. Mas o crescimento depende concretamente dos ELEMENTOS que se vão inte-
grando com o correr do tempo, vale dizer, dos NÓS e ENLACES que integram aos SISTE-
MAS simples ou complexos. O sujeito anímico, QUE A “CAPACIDADE” A DENOMINA
“MEMÓRIA” também percebe em forma subjetiva ao CONTEÚDO de uma capacidade, ou
seja, aos ELEMENTOS da estrutura. PARA O SUJEITO ANÍMICO, OS “SISTEMAS” (FI-
GURA 13) SÃO “RECORDAÇÕES” SE SÃO PERCEBIDOS NO MARCO DE UMA
“MEMÓRIA”.
Em outras palavras: SE UMA ESTRUTURA VIVA É ABARCADA SOB A EXTEN-
SÃO DO CONCEITO DE “MEMÓRIA”, OS SISTEMAS QUE A INTEGRAM SÃO
PERCEBIDOS COMO “RECORDAÇÕES”. O CONCEITO DE MEMÓRIA É O QUA-
DRO CONTEXTUAL NECESSÁRIO E SUFICIENTE PARA QUE UM SISTEMA AD-
QUIRA SIGNIFICADO DE “RECORDAÇÃO”. Um sistema, por exemplo, se é vivenciado
sob a extensão do conceito “memória”, em seu contexto, será experimentado pelo sujeito aní-
mico como “recordação”.
Assim, a “memória” que não é outra coisa senão a capacidade de uma estrutura é com-
preendida subjetivamente como um depósito de conteúdos mnemônicos como se “conservar
recordações” fosse sua FUNÇÂO. Daí a, evidentemente equívoca, “definição funcional da me-
mória” MEMÓRIA É TODO CONTINENTE ESTRUTURAL CAPAZ DE RECEBER E
CONSERVAR A FORMA DE UM SUCESSO DADO E DE PERMITIR SUA POSTE-
RIOR REPRODUÇÃO.
Para o pasu a “função” da memória é “conservar as recordações” e “facultar sua reme-
morização”; para o virya desperto, a “memória” é somente a percepção subjetiva da capacidade
de uma estrutura viva. Ou seja, para o pasu, a verdade da memória consiste em sua “definição
funcional” (e real).

C – FACULDADE DE RECORDAR.

Sendo que em cada estrutura viva pode definir-se uma “memória” a partir da percepção
subjetiva de sua “capacidade” é evidente que cada sujeito local disporá de sua particular “facul-
dade de recordar”: por isso dissemos que “a faculdade de recordar é própria do sujeito anímico
completo, qualquer que seja a estrutura na qual atue”. Porém, as recordações, o objeto do ato

199
de recordar, são reproduções conscientes, ou seja, imagens referidas ao umbral de consciência,
até o centro de referência de si mesmo. Seja o que tenha sido localizado na memória arquetípica
pelo sujeito racional, na memória cultural pelo sujeito cultural, ou na memória de si mesmo pelo
sujeito consciente, o conteúdo sêmico da recordação emerge através da esfera de sombra e se
manifesta na esfera de luz como reprodução consciente. Daí que nas análises seguintes, não
obstante sua procedência de distintas memórias, ou seja, de distintas estruturas, à recordação se
considera referida exclusivamente ao sujeito consciente: a recordação será uma reprodução
consciente requerida pelo sujeito consciente e o sujeito consciente será quem dispõe da “facul-
dade de recordar”. Este convênio nos facilitará enormemente a explicação. 7
Postas assim as coisas, podemos afirmar que a FACULDADE DE RECORDAR é em
tudo semelhante a “faculdade de imaginar” que descrevemos na Primeira Parte. Uma RECOR-
DAÇÃO, em efeito, só difere de uma FANTASIA em que é RECONHECIDA como tal.
Então, a recordação aparece claramente referida a um passador real, a diferença de toda fantasia
na qual é evidente seu caráter irreal. E esta possibilidade de RECONHECIMENTO imediato
é o que caracteriza subjetivamente a FACULDADE DE RECORDAR. O sujeito consciente,
por outra parte, pode distinguir com clareza se o conteúdo de seu pensamento é algo RECOR-
DADO ou algo IMAGINADO. Ademais, como veremos em seguida, as propriedades energé-
ticas de uma recordação e de uma fantasia são completamente equivalentes.
A princípio notemos o seguinte: tanto a recordação como a fantasia são REPRODU-
ÇÕES EFETUADAS POR UM AYO VOLITIVO DO SUJEITO. Toda outra representação
é sempre uma PRODUÇÃO dos sujeitos racional ou cultural; a recordação e a fantasia, pelo
contrário, são REPRODUÇÕES causadas pelo requerimento do sujeito consciente. Mas o re-
querimento do sujeito é um ATO VOLITIVO, fato que exige uma interpretação energética da
faculdade de recordar semelhante a já exposta para a faculdade de imaginar. Releiamos, pois, o
dito: “... a “energia psíquica” é a força que dispõe à vontade para atuar”.
Na estrutura cultural, o sujeito cultural, ao animar um sistema, é quem PRODUZ VO-
LITIVAMENTE a representação emergente. A “potência ativa” da Relação é na realidade a
DISPOSIÇÃO POTENCIAL para atuar que possui o sistema vivo, animado pela alma; em
outras palavras, há uma reserva volitiva da alma pronta a ser utilizada pelo sujeito conforme a
disposição potencial de tal ou qual Relação particular. Recordemos que definimos as “faculda-
des” como “disposições” do sujeito; dissemos, por exemplo, “o sujeito cultural DISPÕE da
faculdade tradutiva”. Pois bem, “AS FACULDADES SÃO “DISPOSIÇÕES ATIVAS” DE-
TERMINADAS PELAS DISPOSIÇÕES POTENCIAIS DAS ESTRUTURAS VIVAS”.
Neste caso cabe indagar: qual será a DISPÓSIÇÃO POTENCIAL da estrutura viva que
determina a DISPOSIÇÃO ATIVA da FACULDADE DE RECORDAR? Resposta: a MA-
MÓRIA, a saber, a CAPACIDADE da estrutura viva. A capacidade da memória, enquanto

200
CONTINENTE MNEMÔNICO é o limite formal que determina a disposição ativa da facul-
dade de recordar, tanto para receber, conservar ou reproduzir CONTEÚDOS MNEMÔNI-
COS. Temos visto que a CAPACIDADE é uma determinação da POTÊNCIA FORMATIVA
atuante em toda estrutura, agora comprovamos que a capacidade, como “memória”, é uma
determinação da POTÊNCIA ATIVA da estrutura viva, a que, por sua vez, condiciona a dis-
posição ativa da faculdade tradutiva.
Sabemos, pela definição funcional da memória, que o sujeito anímico do pasu RECO-
NHECE a um sistema como RECORDAÇÃO se este foi notado no marco do conceito “me-
mória”: não há de se esclarecer que isto ocorre automaticamente, que BASTA O REQUERI-
MENTO DO SUJEITO PARA QUE 8 A DISPOSIÇÃO ATIVA DA FACULDADE DE
RECORDAR NOTE O SISTEMA EM QUESTÃO SOB A EXTENSÃO DO CONCEITO
“MEMÓRIA”.
Todo sistema possui a qualidade de SUBSISTIR na estrutura viva por causa da potência
ativa das Relações, que sustenta o enlace com os Princípios ou nós de potência passiva. Mas ao
ser, o sistema vivenciado subjetivamente como RECORDAÇÃO, pela disposição da faculdade
de recordar, esta qualidade de SUBSISTIR é também compreendida como nota principal da
recordação: assim, subjetivamente, A RECORDAÇÃO SE CARACTERIZA POR SUBSIS-
TIR NA MEMÓRIA.
O requerimento do sujeito consciente, a faculdade de recordar PRODUZ o sistema re-
cordado causando um símbolo emergente, análogo a “I” da figura 21. Porém, este símbolo
emergente da recordação NÃO É UMA REPRESENTAÇÃO CONSCIENTE; os motivos
são análogos aos argumentos quando o símbolo emergente era uma fantasia: “... as fantasias (e
recordações) são imagens essencialmente sustentadas pelo sujeito consciente, reproduzidas vo-
litivamente por si e para si”.
“Duas imagens, uma representação consciente e uma fantasia (ou recordação) podem
ser sêmicamente homólogas e possuir ambas as energias máximas, Porém, DIFEREM ES-
SENCIALMENTE NUMA NOTA DA ENERGIA. E isso deve ser assim, pois senão o su-
jeito consciente não saberia distinguir a imagem de um ente real de uma fantasia ideal (OU DA
RECORDAÇÃO DE UM FATO PASSADO, ATUALMENTE inexistente); não saberia di-
ferenciar o plano dos entes reais do plano dos objetos imaginários. A diferença está segundo se
disse, em uma nota da energia: na “primeira intenção” ou direção a si mesmo que possui a
energia de toda representação consciente. As fantasias (E AS RECORDAÇÕES), em efeito,
NÃO POSSUEM A PRIMEIRA INTENÇÃO, posto que não tenham sido referidas a si
mesmo senão que, pelo contrário, se encontravam integradas nas estruturas vivas e dali emergiu
na esfera de luz, por requerimento do sujeito consciente”.
“O sujeito tem posto a fantasia (ou a recordação) na esfera de luz e as tem referido a um

201
objeto ideal, a uma ideia. Por ser energética, a fantasia (ou a recordação) deve ter uma intenci-
onalidade, mas a mesma aponta não a si mesmo senão a uma ideia do sujeito: a fantasia (ou a
recordação) REVESTE a tal ideia básica, a conforma imaginariamente e se sustenta nela. O
sujeito consciente vem a ser, assim, o suporte essencial das fantasias (e das recordações), pois
se desdobra voluntariamente para reproduzi-las. Este desdobramento voluntário do sujeito na
fantasia (ou na recordação), esta presença íntima do sujeito no objeto imaginário, faz que a todo
o momento exista uma consciência do caráter puramente ideal da imagem percebida. ”
A recordação ou a fantasia aparecem referidas ao sujeito consciente e sustentadas por
este que é quem as reproduziu volitivamente. Mas o sujeito pode distinguir entre recordação e
fantasia, pode RECONHECER a primeira como a reprodução de um fato passado e DESCO-
NHECER a segunda como evidência de seu caráter puramente imaginário, ideal e original. O
que é, pois, o que permite ao sujeito consciente RECONHECER a uma recordação e distingui-
la de uma fantasia? Resposta: o significado fundamental proposto na recordação, correspon-
dente ao conceito “memória”. A RECORDAÇÃO, DIFERENTE DA FANTASIA, FOI RE-
PRODUZIDA SOB A EXTENSÃO DE UM CONCEITO “MEMÓRIA”; O SIGNIFI-
CADO ORIGINAL DA RECORDAÇÃO RESULTA ASSIM REFUNDADO SOBRE O
SIGNIFICADO DO CONCEITO MEMÓRIA PELA DISPOSIÇÃO DA FACULDADE
DE RECORDAR: A RECORDAÇÃO AGORA, NÃO SÓ DIZ QUE É O RECORDADO,
SENÃO QUE ANSTE DE TUDO, DIZ QUE SE TRATA DE UMA “RECORDAÇÃO”.
Em síntese, a recordação se revela ao sujeito consciente como tal por disposição da faculdade
de recordar.

D – ANÁLISE DA RECORDAÇÃO.

A recordação, como a fantasia, possui uma segunda intenção dirigida ao sujeito consci-
ente. Esta segunda intenção é efeito do ato volitivo do sujeito que, ao requerer e reproduzir a
recordação, a DIRIGE a si, a saber, é o próprio sujeito, sob a forma de “segunda intenção”
quem sustenta a recordação para sua PERCEPÇÃO. O recordar é, pois, um ato REFLEXIVO
do sujeito, um desdobramento: com a segunda intenção na recordação, aponta a si, e desde si,
percebe a recordação. Deste modo, “RECORDAÇÃO” É A REPRODUÇÃO DE UM SIS-
TEMA SUBSISTENTE, SOB A EXTENÇÃO DO CONCEITO MEMÓRIA, E SUA PER-
CEPÇÃO SUBJETIVA.
Esta definição refere-se à recordação psicológica do pasu, convém completá-la desta-
cando um aspecto essencial: a RACIONALIDADE de toda recordação. Há que se advertir,
em efeito, que o “conteúdo” de uma “memória” é na realidade um sistema integrado numa
estrutura viva e, portanto, sua percepção só pode consistir num significado a priori; ou seja, que
a recordação SÓ PODE SER INTELIGENTE A PRIORI: ainda aqueles fatos que original-
mente tenham sido absolutamente irracionais, por suposto, todo fato racional passado, ao ser

202
recordado, será imediatamente inteligível porque é racional a priori. As recordações não neces-
sitam ser racionalizadas previamente para ser compreendidas pelo sujeito, como sucede com as
fantasias, porque são racionais a priori, ainda as recordações de fatos originalmente irracionais.
Logicamente, estas afirmações necessitam ser demonstradas, e o faremos tomando como exem-
plo a recordação de um fato irracional, tal como a COMPULSÃO SUICIDA.
Em primeiro lugar, notemos que a Sabedoria Hiperbórea nega a existência de CON-
TEUDOS IRRACIONAIS nas memórias microcósmicas: para a Sabedoria Hiperbórea o IR-
RACIONAL só pode ser ATUAL. Num momento dado, por exemplo, experimentamos o
DESEJO IRRACIONAL de pôr fim a nossa vida seccionando as veias do braço com uma
navalha, tal desejo é, nesse momento, uma compulsão irresistível que constitui um ATO REAL,
mas IRRACIONAL, da experiência vital: nada RACIONAL havia nessa compulsão suicida
que experimentamos realmente naquele momento. Mas se aquele ato era IRRACIONAL, não
ocorre o mesmo com sua RECORDAÇÃO: a memorização do ocorrido (supondo que não
tenhamos cedido à compulsão suicida) é sempre inteligível e, portanto, RACIONAL. Antes de
indagar por que, precisemos com maior profundidade os termos do problema. 10
No momento da instância suicida a vivência do ato é IRRACIONAL: não existe RA-
ZÃO alguma que faculte semelhante ato; a compulsão não é inteligível, somente se experimenta
a urgência do desejo, sem que apareça à vista causa alguma: toda causa esgrimada como JUS-
TIFICAÇÃO da compulsão na realidade foi proposta a posteriori da mesma como reação ra-
cional de um sujeito que tenta provar a si mesmo sua cordura, mas o feito é de ferro; quem
experimenta a compulsão suicida, ou qualquer outro desejo similar, vivencia nesse momento
um ATO IRRACIONAL PURO. Bem, passa o tempo, a experiência suicida é superada, e u
belo dia RECORDAMOS aquele momento, quando sentimos o desejo de nos matar. Recor-
damos, e então nos vemos novamente NAQUELE MOMENTO, vivenciando aquele ato ir-
racional. Porém, por mais viva que seja a recordação, há de se admitir que jamais possa equipa-
rar-se, e muito menos confundir-se com o ato original, e isso por três motivos principais:
Primeiro: porque a recordação do sujeito é um objeto para o sujeito porque a recorda-
ção é percebida com segunda intenção.
Segundo: porque o que recorda sabe que recorda: pelo significado mnemônico que lhe
agrega a disposição da faculdade de recordar ao notá-lo sob a extensão do conceito memória.
Terceiro: porque a recordação, ainda aquela cujo conteúdo se refere a um ato original-
mente irracional, como a compulsão suicida do exemplo, sempre resulta inteligível para o sujeito
evocador.
Vale dizer, TODA RECORDAÇÃO É RACIONAL A PRIORI. Chegamos assim ao
ponto buscado, quando devemos indagar: por quê? Por que TODA RECORDAÇÃO É RA-
CIONAL A PRIORI? Resposta: PORQUE TODA RECORDAÇÃO PSICOLÓGICA É SÓ

203
A PERCEPÇÃO DE UM SISTEMA REPRODUZIDO E TODO SISTEMA, PELO FATO
ESSENCIAL DE ESTAR INTEGRADO A UMA ESTRUTURA, TEM SEU CON-
TEUDO SÊMICO NECESSARIAMENTE CODIFICADO NUMA LINGUAGEM CON-
TEXTUAL.
Um fato pode TER SIDO originalmente irracional, mas desde o momento que seu es-
quema constitui um sistema e uma estrutura, ou seja, um “conteúdo mnemônico” numa “me-
mória, resulta logicamente codificada segundo as modalidades das linguagens contextuais:
quando tal sistema é “recordado”, ou seja, quando é notado sob a extensão do conceito me-
mória, a recordação JÁ É RACIONAL POR SER ESTRUTURAL e sua réplica só pode con-
sistir num relevo significado.
Toda recordação é, pois, racional a priori POR SER ESTRUTURAL.
A respeito do exemplo, ao recordar aquele momento da compulsão suicida, será possível
reviver a totalidade do fato MENOS A IRRACIONALIDADE ORIGINÁRIA DA COM-
PULSÃO. Ao emergir a recordação, imediatamente será RECONHECIDA pelo sujeito como
uma reminiscência. O momento passado, com todo o dramatismo de seu significado, se faz
presente PARA o sujeito e o fato parece repetir-se ante o olhar subjetivo: vemos a habitação, a
cama onde estávamos recostados; sobre ela, a carta com o adeus definitivo da mulher amada,
que motivou aquele desejo de morrer “antes que viver sem ela”, a navalha pousada na mesinha
de cabeceia: E RECORDAMOS A NÓS MESMOS NAQUELE TRANSE. Ou seja, aquele
fato nos faz patente agora, com um conteúdo pleno de significação cujo entorno nós percebe-
mos OBJETIAMENTE. Mas esta objetividade, que ilumina a claridade mesma da recordação,
impede irremediavelmente que voltemos a experimentar a compulsão original, a vivência de
querer morrer sem razão. Aquela vivência irracional a experimentamos como SUJEITO dra-
mático: em troca a recordação nos devolve um OBJETO dramático que nos representa e ao
que não podemos substituir.
Recordamos o ocorrido e nos identificamos com o fato; sabemos com certeza que esti-
vemos a ponto de matarmos e o reconhecemos na recordação, mas isso é tudo: a segunda
intenção reflexiva que aponta a nós nos diz a todo instante que trata=se de uma recordação, de
um fato inexistente, que a tensão dramática não é verdadeira; uma parte de nós, por fim, nos
está desmentindo a vivência, impedindo a confusão com esse reflexo objetivo de nossa pessoa
que demonstra, na recordação, possuir intenção suicida. E assim ocorre porque, apesar da re-
cordação ser essencialmente objetiva, foi esvaziado de todo conteúdo irracional durante sua
memorização, quando foi estruturada. TODA RECORDAÇÃO É, pois, RACIONAL A PRI-
ORI.
Finalmente, há de se estabelecer com clareza os alcances da definição de “recordação”

204
que desenvolvemos aqui e sua clareza de ser racional a priori por ser estrutural. Estas “recorda-
ções”, segundo se viram de entrada, são objetos de percepção do sujeito consciente, ou seja, da
mais elevada manifestação psíquica do sujeito anímico. Mas o sujeito anímico cumpre uma es-
trita SEQUÊNCIA HIERÁRQUICA “irresistível que obriga a alma a manifestar-se inicial-
mente como sujeito cultural na estrutura cultural e, por último, como sujeito consciente no
esquema de si mesmo; segundo se explicou no artigo “E”. A “racionalidade” a priori da recor-
dação, a que nos referimos, é própria dos conteúdos mnemônicos das memórias microcósmicas
operadas funcionalmente pela sequência hierárquica do sujeito anímico. Fora das estruturas em
que opera a sequência hierárquica do sujeito anímico, ou seja, na memória arquetípica, na es-
trutura cultural, e no esquema de si mesmo. EXISTEM MEMÓRIAS DE CONTEÚDO IR-
RACIONAL, mas elas permanecem habitualmente invisíveis para o sujeito anímico durante
toda a vida do pasu: os conteúdos de tais memórias irracionais como vêm no artigo citado,
consiste na recordação dos “esquemas de si mesmo anteriores”, a saber, na recordação das vidas
passadas. Estes conteúdos devem considerar-se “irracionais” somente no sentido de que são
“anteriores ao sujeito racional”, ou seja, NÃO RACIONALIZÁVEIS por este.

E – DEFINIÇÃO FUNCIONAL DE “REGISTRO”.

As estruturas microcósmicas vivas servem como veículo para as diversas manifestações


do sujeito anímico; as “memórias” definidas pela capacidade de tais estruturas são, com toda
propriedade, MEMÓRIAS MICROCÓSMICAS. As três memórias já mencionadas, por exem-
plo, são “memórias microcósmicas”: a memória arquetípica, a memória cultural e a memória
de si mesmo. Com este critério, podemos ampliar a “definição funcional da memória” para
assinalar sua condição microcósmica: “memória MICROCÓSMICA é todo continente estru-
tural capaz de receber e conservar a forma de um dado sucesso e de permitir AO SUJEITO
ANÍMICO sua posterior reprodução”.
É claro, pois, que só são “Memórias microcósmicas” aquelas que guardam uma relação
FUNCIONAL com o sujeito anímico, ou seja, aquelas que estão destinadas pela capacidade do
plano a ser utilizadas pelo sujeito anímico, a gravar e reproduzir para este suas próprias recor-
dações. Resulta assim que, para fazer um paralelo entre as memórias microcósmicas e suas
equivalentes macrocósmicas, seria sumamente equívoco empregar a denominação '”MEMÓ-
RIA MACROCÓSMICA”. Por isso a Sabedoria Hiperbórea emprega o vocábulo “REGIS-
TRO” para denominar ao equivalente microcósmico de alguma memória microcósmica: OS
“REGISTROS” SÃO CAPACIDADES DAS ESTRUTURAS MACROCÓSMICAS NOTA-
DAS E UTILIZADAS PELOS “ASPECTOS” DO DEMIURGO. Por conseguinte: O CON-
TEÚDO MNEMÔNICO DE UM REGISTRO SE REFERE INTENCIONALMENTE
AO ASPECTO DO DEMIURGO QUE É CAPAZ DE OPERAR SUBJETIVAMENTE
NELE, A SABER, O REGISTRO ESTÁ DESTINADO PARA O USO DO DEMIURGO,

205
PARA GRAVAR E REPRODUZIR “SUAS RECORDAÇÕES”.
Com isto se compreenderá a seguinte “definição funcional de Registro”: REGISTRO
MACROCÓSMICO É TODO CONTINENTE ESTRUTURAL CAPAZ DE RECEBER
E CONSERVAR A FORMA DE UM DADO SUCEDDO E DE PERMITIR AO DEMI-
URGO SUA POSTERIOR REPRODUÇÃO.
Tudo quanto possa ser dito aqui sobre os Registros, e quanto seja sugerido por tal ex-
posição, será sem dúvida insuficiente para dar uma ideia sequer aproximada sobre a enorme
complexidade deste conceito. Quiçá em algo nos acerquemos se esclarecermos que ao pasu lhe
é dado conhecer e consultar os Registros AO CONCRETIZAR SUA AUTONOMIA ÔN-
TICA: antes dessa perfeição evolutiva o pasu NÃO DEVE conhecer a existência dos registros,
e muito menos consultá-los, PORQUE SE ALTERARÁ SEU DESTINO, ou seja, PORQUE
O PLANO DE SEU DESÍGNIO SE VERIA IRREMEDIAVELMENTE REVELADO. O
virya desperto, pelo contrário, DEVE alcançar um alto domínio sobre os Registros porque
necessita valer-se de seus conteúdos para evitar sucumbir frente ao Terrível segredo de Maya e
para executar sua própria Estratégia de libertação Espiritual; mas deste poder do virya desperto
falaremos mais adiante. Por ora sigamos destacando a complexidade do conceito Registro.
Não nos cansaremos de afirmar que somente uma exata e profunda compreensão das
analogias entre micro e macrocosmos, muito mais detalhados que a exposta no artigo D revelará
em algum grau o significado deste conceito ao virya perdido. Daí ser quase impossível, com os
elementos reunidos neste livro, brindar uma DEFINIÇÃO ONTOLÓGICA do Registro, a 13
qual deveria ser ABSOLUTAMENTE METAFISICA; e não o tentaremos. O que faremos,
em troca, será explicar analogamente só DOIS TIPOS DE REGISTROS: o REGISTRO ÔN-
TICO e o REGISTRO CULTURAL, cujos significados serão facilmente compreensíveis no
contexto do modelo estrutural micro e macrocósmico desenvolvido até agora; e passaremos
por alto o problema de estudar em extensão o conceito de Registro.
Os Registros ônticos, como seu nome indica, são conteúdos anêmicos próprios dos
ENTES EXTERNOS que só tem valor para o Demiurgo. Os Registros culturais são conteúdos
mnemônicos próprios dos OBJETOS CULTURAIS EXTERNOS e seu conhecimento re-
veste inestimável valor para o virya desperto. Contudo, como todo objeto cultural é, antes de
tudo, um ente ao que se lhe foi posto um sentido cultural, ocorre que num objeto cultural estão
presentes ambos os Registros: daí a conveniência de conhecer em que consistem cada um deles
E A NECESSIDADE DE DISTINGUI-LOS CLARAMENTE, pois há que se adverti-lo
desde já, o virya desperto DEVE EVITAR CUIDADOSAMENTE A PERCEPÇÃO DO
REGISTRO ÔNTICO; SOMENTE O REGISTRO CULTURAL É ÚTIL PARA SUA ES-
TRATÉGIA DE LIBERTAÇÃO ESPIRITUAL. A razão do por que o Registro ôntico deve
ser evitado se compreenderá depois de estudar o seguinte artigo.

206
F – REGISTRO ÔNTICO.

O registro ôntico é PROPIEDADE EXCLUSIVA DOS ENTES INDIVIDUAIS.


Para exemplificar suas características vamos nos referir, em princípio, aos entes indivi-
duais simbolizados na figura 45. Observamos ali que cada um dos cinco entes da espécie cavalo,
dos cinco entes da espécie cão, e dos três entes da espécie peixe, está conectado com o Arqué-
tipo universal por um arco de espiral que representa ao PROCESSO EVOLUTIVO INDIVI-
DUAL no plano material. O processo é um movimento que vai do Arquétipo universal ao ente
individual e que, por conseguinte, não pode interromper-se nunca; a todo o momento o Ar-
quétipo universal mantém um nexo com o ente individual por meio do processo contínuo de
seu impulso evolutivo e tal nexo radica, segundo explicou-se, no núcleo indiscernível do ente;
na mais profunda intimidade de seu ser em si. Mas os entes microcósmicos são objetos próprios
do plano material PARA O DEMIURGO, âmbito onde concretizam sua evolução progressiva.
Se bem é certo que o Demiurgo pode perceber ao ente individual DESDE O PLANO AR-
QUETÍPICO, não é menos certo que tal percepção será efetuada com o Aspecto Beleza (seta
14, figura 38) e que, por realizar=se DESDE O UNIVERSAL ATÉ O INDIVIDUAL, SO-
MENTE CONSEGUIRÁ APREENDER O UM NA PLURALIDADE.
Em outras palavras, com o Aspecto Beleza, ao Demiurgo lhe resulta impossível perceber
a individualidade dos entes porque seu olhar se encontra encerrado no ser em si dos núcleos
indiscerníveis, impotente para ATUAR: “Ele não atua através dos gravis. Somente os sustenta.
Não é o Aspecto Logos o que se manifesta nos pontos indiscerníveis senão o Aspecto Consci-
ência-Tempo. Não é o Verbo senão o Olho do Demiurgo. Um Olho multiplicado 14 incansa-
velmente em toda a criação, mas que sempre é o mesmo Olho”; assim, este Olho de Abraxas,
este “Olho terrível e insensato, VÊ SEM VER: SEU OLHAR ESTÁ PRESENTE NA PLU-
RALIDADE DOS ENTES, MAS SEU ALVO SOMENTE RECONHECE O UM INDI-
VISIVEL; e a explicação disto há de se buscá-la no sentido de mirar: um sentido que é o do
tempo transcendente, cuja isotropia se produz, justamente, por este mesmo mirar do Olho de
Abraxas a partir dos pontos indiscerníveis de todos os gravis que integram o espaço. Mas o
tempo transcendente não é outra coisa que a Consciência-Tempo do Demiurgo: um Olho que
observa no sentido da corrente de Consciência é um Olho incapaz de perceber o que esta
Consciência arrasta atrás de si, já o explicamos para o caso microcósmico com a analogia óptica
da figura 26: o sujeito consciente somente pode apreender símbolos emergentes, representações
conscientes, fantasias, recordações, etc., se reflete e se situa DE FRENTE À CORRENTE DE
TEMPO IMANENTE: “o sujeito consciente há de se opor a sua própria fluência e “olhar para
trás” e recolher os símbolos emergentes”, “... quando existe o símbolo emergente. O sujeito se
coloca „de costas‟ ao sentido de seus fluir temporal para „tomar consciência‟ do mesmo, e
somente assim sua verdadeira „consciência‟, de maneira análoga, o Olho de Abraxas deveria

207
opor-se ao fluir de Sua Consciência-Tempo para apreender aos entes em sua individualidade,
para observá-los OBJETIVAMENTE; mas isso é impossível porque o Olho é o Sujeito Uno
em todos os entes. O OLHO DE ABRAXAS „É‟ O FLUIR DA CONSCIÊNCIA-TEMPO
E SEU MIRAR ‘‘TEM’’ O SENTIDO DO TEMPO TRANSCENDENTE; compreende-se,
então, por que o Olho „vê sem ver‟, inconsciente, „como um sonho‟...” Olho de Abraxas
subjaz no ser em si do ente, no núcleo indiscernível, enquanto que a individualidade do ente é
apontada, EXTERNAMENTE, ao ser em si, pelo desígnio, pelo ser-para-o-homem. Intervém
aqui outro “Aspecto” do Demiurgo: o Logos demiúrgico ou Verbo. Mas o Logos, para designar
os entes, deve atuar DESDE o plano material: o princípio de individuação atua, como se vê na
figura 45, desde a origem do plano material, quando a unidade do Arquétipo se multiplica na
pluralidade dos entes. E SE O ASPECTO LOGOS ATUA “DESDE” O PLANO MATE-
RIAL, ENTÃO SUA ATIVIDADE TEM SENTIDO OPOSTO AO DO ASPECTO BE-
LEZA, OU SEJA, SE OPÕE AO FLUIR DA CONSCIÊNCIATEMPO. É evidente que o
Aspecto Logos, que é quem outorga individualidade aos entes, está em disposição para apreen-
der dialeticamente aos entes individuais por efeito de sua oposição à corrente Consciência-
Tempo, analogamente a como o faz o sujeito consciente microcósmico. Em síntese, o Aspecto
Logos é capaz de refletir sobre os entes e de apreendê-los em sua individualidade, compor-
tando-se como um Sujeito FRENTE AOS OBJETOS ÔNTICOS.
Nem bem se estabeleceu que o Aspecto Logos se comportasse como sujeito frente aios
objetos ônticos, é possível definir para semelhante Sujeito as Faculdades que o vinculam analo-
gamente com o sujeito do microcosmo: à faculdade de imaginar do sujeito consciente corres-
ponde a uma “Faculdade de imaginar” do Aspecto Logos, e a faculdade de recordar do sujeito
consciente corresponde a uma “Faculdade de registrar” do Aspecto Logos. Logo, a que nos
interessa conhecer agora é a Faculdade de registrar, uma vez que a Faculdade de designar já foi
estudada de sobra, com o nome “Vox” ou “Logos demiúrgico” no inciso anterior. 15
Claro que se o objeto de exame do Aspecto Logos são os entes individuais, sua Facul-
dade de registrar há de efetuar o “registro” diretamente sobre tais entes, mas que registra nos
entes a faculdade de registrar? Resposta: o Registro ôntico. Para entender a resposta observe-
mos que a Faculdade de registrar é análoga à faculdade de recordar, de maneira que seu ato há
de ser equivalente ao desta, ou seja, A REPRODUÇÃO DE UM CONTEÚDO MNEMÔ-
NICO: a Faculdade de registrar registra o Registro ôntico para reproduzir seu conteúdo mne-
mônico. Em síntese, e por analogia: A DISPOSIÇÃO DA FACULDADE DE REGISTRAR,
AO INSPECIONAR O ENTE INDIVIDUAL, REGISTRA O CONTEÚDO DO REGIS-
TRO ÔNTICO E O REPRODUZ PARA A PERCEPÇÃO DO ASPECTO LOGOS.
Sendo assim, só nos falta indagar: em que consiste o conteúdo dos Registros ônticos?
Resposta: em uma série ÔNTICA-TEMPORAL paralela e correlativa à FUNÇÃO CONTÍ-
NUA DO PROCESSO EVOLUTIVO que une ao ente individual com o Arquétipo universal;

208
na figura 45. Por exemplo, a “função contínua” está representada analogamente como “arcos
de espirais” que vão dos Arquétipos “peixe”, “cão” e “cavalo” aos entes individuais respectivos.
Pois bem, o Registro ôntico de cada um de tais entes consiste em uma SÉRIE ÔNTICA-
TEMPORAL de formas de “peixe”, “cão” ou “cavalo”, produto de sua HISTÓRIA NATU-
RAL, paralela e correlata com a função contínua ou “arco de espiral”. Está série ôntica-temporal
é o conteúdo mnemônico do Registro ôntico: ela representa, para o Demiurgo, A HISTÓRIA
NATURAL DA EVOLUÇÃO DO ENTE INDIVIDUAL E, EM BASE A ELA, ESTABE-
LECE O “VALOR” DE SEU PROGRESSO MEDIDO NA ESCALA GRADUAL DE
MOMENTOS PROGRESSIVOS. Com toda propriedade haveria que qualificar, pois, de
PROGRESSIVA a esta série e denominar SÉRIE PROGRESSIVA ÔNTICA-TEMPORAL
ao conteúdo do Registro ôntico ou, simplesmente, PROGRESSÃO ÔNTICA-TEMPÓRA:
isso se justificaria, naturalmente, no fato de que cada termo da série, considerada “progressiva”
no sentido do tempo transcendente exibe um PROGRESSO evolutivo em relação ao termo
precedente. Porém, por motivos de clareza expositiva, vamos nos referir daqui por diante à
“série ôntica-temporal”, ainda que sem esquecer em nenhum momento sua PROGRESSÃO
implícita.
A função contínua do processo evolutivo, por exemplo, a curva espiniforme da figura
48, origina-se no Arquétipo universal e TERMINA no ser em si do ente o que é inacessível,
fechado em si e para si. É evidente que uma inspeção EXTERIOR do ente, tal como a que
realiza o Aspecto Logos, somente alcançará a apreender sua forma individual, determinada FI-
SICAMENTE pela matriz essencial do desígnio: tais “formas individuais”, que o ente adota a
cada instante do tempo transcendente, constituem uma série ôntica-temporal paralela e corre-
lata à função contínua do processo evolutivo; e esta série ôntica-temporal, apta para a apreensão
do Aspecto Logos, é o conteúdo mnemônico do Registro ôntico que a faculdade de registrar
pode REPRODUZIR total ou parcialmente.
No Registro ôntico está contida, assim, a HISTÓRIA NATURAL do ente, História que
pode ser reproduzida pela faculdade de registrar do Aspecto 16 Logos. Contudo, ainda que a
“história natural” somente narre o devir exterior da forma ôntica, SOB ELA, como seu fio
condutor fundamental encontra-se a função contínua do processo evolutivo: sob a série ôntica-
temporal se encontra IMPLÍCITA a função contínua e a mesma tanto pode ser INFERIDA
como efetivamente VIVENCIADA, o que supõe ENTRAR EM DIRETO COM O ARQUÉ-
TIPO UNIVERSAL: PARA EVITAR ESTA ÚLTIMA POSSIBILIDADE É QUE O
VIRYA DESPERTO JAMAIS EXPLORA OS REGISTROS ÔNTICOS.
Num próximo artigo trataremos sobre as nefastas consequências que pode ocasionar ao
virya desperto a vivência da função contínua, por ora, vamos estudar com maior detalhe a es-
sência da série ôntica-temporal e mostrar como a função contínua do processo evolutivo, IM-
PLICITA atrás dela pode ser INFERIDA.

209
G – ESTUDO ANÁLOGO DO REGISTRO ÔNTICO.

Observemos, pois, que o ente individual EVOLUI NO SENTIDO DO TEMPO


TRANSCENDENTE e que, do ponto de vista temporal, CONSISTE NUMA SUCESSÃO
REAL DE ESTADOS FÍSICOS INSTANTÂNEOS E CARACTERÍSTICOS: A CADA
UM DESTES ESTADOS FÍSICOS PÕE TERMO INDIVIDUAL A MATRIZ ESSEN-
CIAL DO DESÍGNIO, TERMO INDIVIDUAL QUE REALIZA “EXTERIORMENTE”
AO SER EM SI DO ENTE.
Por isso, da perspectiva da faculdade de registro, que opera exteriormente ao ser em si,
O PROCESSO DO ENTE CONSISTE NUMA SÉRIE DE FASES FORMAIS, INSTAN-
TÂNEAS E SUCESSIVAS, E A “SÉRIE ÔNTICOTEMPORAL”; CADA UMA DE TAIS
FASES INDIVIDUAIS, EM SEU INSTANTE, É UM ENTE INDIVIDUAL, COM UM
VALOR EVOLUTIVO CARACTERÍSTICO. Compreende-se, assim, que o conteúdo do re-
gistro ôntico, a série ôntica-temporal, NÃO É MAIS QUE UMA PEGADA FÍSICA PLAS-
MADA PELO ENTE DURANTE SEU PASSO EXISTENCIAL PELO PLANO MATE-
RIAL. Mas ao falar de “pegada” e de “passo”, estamos empregando conceitos da analogia viária,
analogia que aqui pode prestar inestimáveis serviços para explicar o problema da INFERÊN-
CIA da função contínua a partir da série ôntica-temporal.
Como de costume, antes de extrair uma conclusão temos de estabelecer as correspon-
dências análogas necessárias. Neste caso, também, vamos refletir sobre a relação de “comple-
mento essencial” que vincula ao “caminho” com o “caminhante”. Um caminho existe pelos
passos do viajante que o vai caminhando, MAS, SE BEM O CAMINHO EXISTE PELO
CAMINHAR DO VIAJANTE, NÃO É MENOS CERTO QUE O CAMINHO É O SUB-
POSTO DO CAMINHANTE, O FUNDAMENTO DE SEU ANDAR. O “CAMINHO”
É O FUNDAMENTO ONDE SE ASSENTA O SER DO “CAMINHANTE”, NUMA
BASE ÚLTIMA, É O SUPORTE REAL DO “CAMINHANTE”; AQUILO EXTERNO
QUE MAIS SE APROXIMA A SEU SER EM SI E QUE, POR ISSO, O FUNDAMENTA
E SUSTENTA. No andar do caminhante está implícito o caminho que anda, NÃO COMO
ALGO QUE, POR SER EXTERNO, POSSA SER SUPRIMIDO SEM CONSEQUENCIA,
SENÃO COMO UM “COMPLEMENTO ESSENCIAL” DO ATO DE CAMINHAR: ape-
sar de que o “caminhante” tem seu próprio ser e manifesta sua essência característica, a qual o
“caminho” lhe é exterior, não se pode suprimir o seu caminho sem que desapareça também o
ser caminhante. E, a este “complemento essencial” do caminhante, que é o caminho, se o deve
INFERIR dos passos do viajante, pois está IMPLÍCITO por trás desses passos aos que funda-
menta e sustenta. De maneira análoga, consideraremos ao ente individual como um “viajante”
que se desloca da função contínua do processo evolutivo.
No marco alegórico da “função contínua como caminho” podemos supor que o ente

210
individual uma espécie de “viajante” que se desloca pelo “caminho” de uma função contínua,
por exemplo, pela curva espiniforme da figura 48. Com estas condições ocorre que cada ponto
do “caminho”, ou seja, da curva, é próprio do ser em si, só apreciável pelo Aspecto Beleza, mas
SOBRE cada um desses pontos, há sempre uma “fase formal instantânea”, um termo que a
matriz essencial causa na natureza equina universal: estes cavalos ônticos, instantâneos e suces-
sivos, são apreciados a todo o momento pelo Aspecto Logos do Demiurgo e, logo, TAMBÉM
PELO HOMEM, ENQUANTO CONSTITUEM O ATO DO SER-PARA-O-HOMEM
OU “DESÍGNIO CAVALO”.
Deste modo, o CONTEÚDO do Registro ôntico consiste na série real de fases formais
instantâneas e sucessivas do ente individual ao deslocar-se evolutivamente pelo “caminho” da
função contínua, ou seja, consiste na série ôntica-temporal de “viajantes” que transitam o “ca-
minho” do processo contínuo desde sua origem arquetípica até a última atualidade ôntica; o
Registro ôntico, por exemplo, consiste numa série de cavalos ônticos, instantâneos e sucessivos
distribuídos um na continuação do outro ao longo da curva espiniforme da figura 48. Contudo,
o que registra o Registro ôntico NÃO É A FUNÇÃO CONTÍNUA EM SI, senão seu termo
instantâneo: o processo contínuo, analogamente a um “caminho”, está IMPLÍCITO no trajeto
do “caminhante”, ainda que só observemos a série dos cavalos ôntico-temporais, tal como o
percebe o Aspecto Logos, atrás dessa exterioridade se INFERE o processo contínuo, o “cami-
nho” realmente percorrido.
No artigo “C” definimos a História como a projeção contínua da cultura externa sobre
o tempo transcendente; de maneira semelhante podemos definir a HISTÓRIA NATURAL do
ente individual: A “HISTÓRIA NATURAL” É A PROJEÇÃO DA SÉRIE ÔNTICA-TEM-
PORAL SOBRE A FUNÇÃO CONTÍNUA DO PROCESSO EVOLUTIVO. Esta defini-
ção implica que a série ôntica-temporal obra como um REVESTIMENTO FÍSICO da função
contínua, o que revela seu paralelismo e correlação: a função contínua é o FIO TEMPORAL
que subjaz ao longo da série ôntica-temporal e sobre a qual esta subsiste. E cada ponto do fio
temporal, cada instante do processo arquetípico, está situado no ser em si do ente. Por isso o
fio temporal, a função contínua, somente pode ser INFERIDO a partir da série ôntica-tempo-
ral que a reveste fisicamente. A possibilidade que dispõe o Aspecto Logos de INFERIR o fio
histórico, é substrato temporal da história natural, denomina-se: PRINCÍPIO DE INFERÊN-
CIA CARDINAL DO ASPECTO LOGOS DO DEMIURGO.
Em verdade, o “princípio de inferência cardinal” só permite inferir o EXTREMO
ATUAL do fio histórico, ou seja, só permite apreender com plenitude UM instante do fio his-
tórico: o instante atual. Porém, esta inferência sempre vai acompanhada de uma espécie de
“intuição histórica” que agrega o peso da continuidade ao instante histórico; mais adiante vere-
mos que a Faculdade de registrar amplia esse alcance cardinal do princípio de inferência, esten-
dendo-se ordinalmente para todo instante do fio histórico.

211
O princípio de inferência cardinal tem um complemento denominado PRINCÍPIO DE
INDUÇÃO CARDINAL DO ASPECTO LOGOS DO DEMIURGO. Este princípio se de-
fine do seguinte modo: quando o princípio de inferência cardinal possibilitou ao Aspecto Logos
INFERIR um instante histórico, o princípio de indução cardinal lhe permite por sua vez IN-
DUZIR uma imagem correspondente ao ente atual em tal instante; a IMAGEM INDUZIDA
será imediatamente REPRODUZIDA para a percepção do Aspecto Logos.
O desenvolvimento dinâmico do fio temporal, da função contínua, por outra parte, su-
cede segundo um modo particular da lei de evolução próprio de cada ente específico: é a matriz
funcional do desígnio quem determina “a forma” da lei de evolução e conforma o processo
evolutivo.
Em resumo, o conteúdo do Registro ôntico consiste na história natural do ente. A Fa-
culdade de registrar permite ao Aspecto Logos reproduzir e perceber esta história e INFERIR,
através dela, a função contínua do processo evolutivo e a forma particular da lei de evolução.
O virya desperto também dispõe da possibilidade de examinar o conteúdo do registro ôntico.
Poderemos entender por que o virya desperto jamais emprega a possibilidade que dispõe
de consultar os Registros ônticos se nos embasarmos na explicação do exemplo da figura 48 e
depois generalizarmos a conclusão para qualquer outro ente.
É evidente que se sobre a linha espiniforme da função contínua existe uma série ôntica-
temporal, o último termo de tal série é o cavalo ôntico da figura. Este cavalo é o “ente atual” e,
naturalmente, nele há de estar radicado o Registro ôntico: o “conteúdo” do Registro, por su-
posto, não é mais que a série ôntica-temporal de “cavalos” físicos cuja existência real. Em todo
o momento de sua história natural, é a causa do cavalo ôntico atual.
Suponhamos agora que o Aspecto Logos (LD) se dispõe a apreender ao cavalo ôntico,
para o qual se situa em oposição ao sentido da corrente de Consciência; isto é: o Aspecto Logos
“mira” o Arquétipo cavalo, do plano Arquetípico, observando o cavalo ôntico de frente ao eixo
(Tt) do tempo transcendente Então, tem frente a si ao ente atual, ao último termo da série
ôntica-temporal “desse” cavalo individual. Mas o Aspecto Logos quer transcender o aspecto
atual do cavalo ôntico e rever uma parte de sua história natural. Para facilitar a explicação, con-
venhamos em que o cavalo ôntico, no momento atual, TEM mil dias de vida e que o Aspecto
Logos pretende revisar os últimos trezentos dias: sem dúvida, para isso deverá situar-se num
ponto do Registro ôntico onde se encontra registrado o dia setecentos da vida do cavalo ôntico,
ou seja, deverá situar-se num ponto da série ôntica-temporal onde se encontra a forma indivi-
dual que o cavalo apresentava no dia setecentos de sua vida. 19
Com o fim de situar-se no dia setecentos da vida do cavalo, o Aspecto Logos dispõe
ativamente da faculdade de registrar. A Faculdade de registrar localizará o conteúdo mnemô-
nico do dia setecentos e o REPRODUZIRÁ para sua percepção; na continuação reproduzirá

212
também, em forma sucessiva, todas as formas individuais que o cavalo tem apresentado em
todos os instantes dos últimos trezentos dias, ou seja, a Faculdade de registrar reproduzirá uma
trama da série ôntica-temporal correspondente aos últimos trezentos dias de sua história natu-
ral. Disto se desprende uma pergunta óbvia: como localiza a Faculdade de registrar o ponto
buscado, a saber, como chega a ele? A pergunta aponta a destacar o fato de que a faculdade de
registrar DO Aspecto Logos PARTE NECESSARIAMENTE do ente atual para situar-se no
registro do dia setecentos. Mas se, para chegar no dia setecentos, a faculdade de registrar fosse
percorrendo o Registro desde o ente atual, situado no dia mil, passando pela rememorização
dos trezentos dias intermediários, RESULTARIAM REPRODUZIDOS ESTES TREZEN-
TOS DIAS DE FORMA INVERSA: o Aspecto Logos perceberia, nesse caso, uma procissão
de forma individuais que narrariam a história natural do cavalo DO PRESENTE AO PAS-
SADO, ou seja, EM FORMA INVERSA À EVOLUÇÃO NATURAL DA FORMA
EQUINA. O Aspecto Logos perceberia, assim, que o cavalo INVOLUI e se DESVALORIZA
diante de sua vista, retrocedendo anti-naturalmente até “deter-se” no dia trezentos.
Logo, NÃO É ASSIM que opera a Faculdade de registrar. Ao contrário, ela encontra a
priori o dia setecentos, antes de causar alguma reprodução e, DALI, REPRODUZ OS ÚLTI-
MOS TREZENTOS DIAS NO SENTIDO DO PROGRESSO EVOLUTIVO, mostrando
ao Aspecto Logos como se desenvolveu realmente a história natural “desse” cavalo individual.
Há que se repetir, pois, como localiza a Faculdade de registrar o ponto buscado, como
chega a ele? Resposta: se vale do PRINCÍPIO DE INFERÊNCIA CARDINAL DA FACUL-
DADE DE REGISTRAR. Já mencionamos o “princípio de inferência cardinal”, que permite
ao Aspecto Logos conhecer a função contínua do processo evolutivo subjacente na série ôntica-
temporal; este princípio, na verdade, possibilita que o Aspecto Logos INFIRA O EXTREMO
ATUAL DO FIO HISTÓRICO, o instante sobre o qual se assenta o momento do ente atual.
O “princípio de inferência ORDINAL” é idêntico ao princípio cardinal, mas ampliado pela
Faculdade de registrar com a possibilidade de inferir todo ponto do fio histórico, além do ins-
tante atual. Com base no princípio ordinal, a Faculdade de registrar INFERIRA diretamente o
instante do fio histórico correspondente ao dia setecentos da história natural: E SÓ NESSE
INSTANTE NOTARÁ A FORMA INDIVIDUAL DO ENTE, O CAVALO ÔNTICO,
PARA SUA REPRODUÇÃ. Tal notação se deve à atividade de um princípio complementar
do “princípio de inferência ordinal”, denominado PRINCÍPIO DE INDUÇÃO ORDINAL
DA FACULDADE DE REGISTRAR. O efeito desse princípio pode definir-se como segue:
a cada instante do fio histórico, INFERIDO pela Faculdade de registrar, INDUZ uma imagem
correspondente da série ôntica-temporal. Pela ação desse princípio, o Aspecto Logos perceberá,
primeiramente, a forma do cavalo no dia setecentos de sua história natural e, sucessivamente
depois, as restantes formas que completam a série ôntica-temporal até o ente atual... 20

213
O princípio de inferência ordinal torna possível à Faculdade de registrar a INFERÊN-
CIA de qualquer ponto do fio temporal, e o princípio de indução ordinal a INDUÇÃO exata
de qualquer forma individual da série ôntica-temporal ou história natural do ente. Mas como a
INFERÊNCIA é a priori de toda INDUÇÃO, a rememorização do Registro COMEÇA sem-
pre a se desenvolver do ponto referido, no sentido do progresso evolutivo, à atualidade do ente.
Cabe-nos agora responder a outra pergunta óbvia: se o Aspecto Logos é capaz de “ver”
a história natural do ente, contida no Registro ôntico, onde tem lugar esta “visão”? Até onde o
Demiurgo concretiza sua atenção? Resposta: Já que o registro ôntico está no ente atual, não há
dúvidas que SOBRE este, SOBRE A FORMA ÔNTICA ATUAL, terá lugar a observação
referida. Contudo, esta resposta não nos esclarecerá grande coisa e, ao contrário, nos lançará
novas interrogações: como se diferencia da forma atual daquela que foi registrada pela faculdade
de registrar, se é necessário observá-la SOBRE a forma atual? Acaso se SUBREPÕE a ela? Para
responder a estas e outras perguntas semelhantes, vamos considerar novamente o exemplo do
cavalo ôntico da figura 48.
Vemos ali, representado como uma esfera central mais escura, ao cavalo ôntico, confor-
mado atualmente pela matriz essencial do desígnio deslocado. Entre o cavalo ôntico e o Arqué-
tipo universal existe o nexo permanente que determina a função contínua do progresso evolu-
tivo, simbolizado pela função contínua do progresso evolutivo, simbolizado pela curva helicoi-
dal. E nesse momento é necessário recordar duas coisas. Em primeiro lugar que, assim como o
modelo do desígnio deslocado facilita a observação gráfica das matrizes virtuais pela correspon-
dência analógica, assim também a curva helicoidal possibilita a visualização gráfica do processo
evolutivo do Arquétipo cavalo, mas NA REALIDADE, não devemos esquecer, tanto as ma-
trizes virtuais e todo o plano do desígnio, como a função contínua do processo evolutivo, ES-
TÃO CONTIDAS NA ESTRUTURA DO ENTE ATUAL, a saber, no cavalo ôntico. O ca-
valo ôntico, atual, individual é TODA A REALIDADE do cavalo: não existe nenhuma pro-
priedade, nem ôntica, nem ontológica, que fique fora de sua entidade. E no seio de sua entidade
se situa, em primeiro lugar, o registro ôntico que mencionamos. A figura 48, como outras se-
melhantes, nos ajuda, só nos ajudam, a imaginar por indução análoga os processos subjacentes
por trás da aparência ôntica. Mas não devemos esquecer que tais processos pertencem à intimi-
dade do ente ou, se tanto, são propriedades inseparáveis de sua forma; TUDO QUANTO
PERTENCE AO ENTE ESTÁ NO ENTE MESMO.
A segunda coisa a se recordar é a seguinte: sobre a função contínua do processo evolu-
tivo, ou seja, SOBRE o fio histórico, existe uma série ôntica-temporal de formas individuais, a
saber, uma história natural. Pois bem, NA FIGURA 48 SÓ SE REPRESENTOU A CURVA
HELICOIDAL QUE CORRESPONDE À FUNÇÃO CONTÍNUA DO PROCESSO
EVOLUTIVO: “SOBRE” ELA NADA HÁ QUE DÊ IDÉIA DA SÉRIE ÔNTICA-TEM-
PORAL, SÉRIE QUE CONSTITUI O CONTEÚDO DO REGISTRO ÔNTICO.

214
Esta segunda observação nos indica que, para continuar empregando o exemplo de ca-
valo ôntico, devemos fazer certos agregados à figura 48. A figura 63, em efeito, é uma vista
parcial da figura 48, na qual só se desenhou um segmento da curva helicoidal: mas “SOBRE”
ela, se representou a série ôntica-temporal, ou seja, o conteúdo do Registro ôntico.
O arco de helicoide aparece ali composto por pequenos círculos: são os “instantes” do
fio histórico.
Sobre a função contínua há uma sucessão de formas individuais do cavalo ôntico, repre-
sentados por círculos maiores, de mesmo diâmetro que o “cavalo ôntico” central: é a série ôn-
tica-temporal que integra o Registro ôntico; é também a “história natural” do cavalo atual.
Olhando a figura 63, tenhamos presente o exemplo proposto anteriormente: a Facul-
dade de registrar do Aspecto Logos, valendo-se do princípio de inferência ordinal, localiza o
dia setecentos da vida do cavalo. Na curva helicoidal assinalou-se tal ponto INFERIDO. Mas,
NAQUELE INSTANTE do dia setecentos, existia um cavalo ôntico, tal como se indica na
figura, o qual era um antecedente histórico do cavalo atual. A forma deste cavalo histórico é a
que obtém a faculdade de registrar, atrás de seu registro, com o princípio de indução ordinal e
a que de dispões a REPRODUZIR para a apreensão do Aspecto Logos. Chegamos assim às
condições da pergunta anterior: onde vê o Demiurgo esta reprodução do cavalo histórico, até
onde prende sua Atenção? Cuja resposta foi: “no ente atual, no cavalo ôntico”; porque “tudo
que pertence ao ente está no ente”.
Resposta insatisfatória que agora, com a ajuda da figura 63, vamos explicar com mais
detalhe.

Figura 63

215
Se (S) é o instante histórico do dia 700 da vida do cavalo ôntico, INFERIDO pela fa-
culdade de registrar, (A, B) é a IMAGEM INDUZIDA sobre a forma individual do mesmo
cavalo. Como vemos, a REPRODUÇÃO (A, B) da IMAGEM INDUZIDA (A, B) tem lugar
SOBRE a forma atual do cavalo, numa região denominada TELA ÕNTICA. E fica aqui, com
maior precisão, respondida a pergunta anterior: o Aspecto Logos percebe na tela ôntica do
cavalo atual, a reprodução (A‟, B‟) da imagem induzida (A, B), pela Faculdade de registrar, da
forma individual do cavalo no dia setecentos de sua vida.
Naturalmente, a tela ôntica está NO cavalo atual porque o registro ôntico, com seu con-
teúdo de história natural, está subjacente NO cavalo atual: sobre esta tela ôntica a Faculdade de
registrar reproduz as imagens induzidas obtidas ao explorar o REGISTRO ÔNTICO. Tais
imagens induzidas, logo, refletem formas individuais da série ôntica-temporal e foram induzidas
como complemento de uma inferência a priori sobre os pontos da função contínua do pro-
gresso evolutivo. Em outras palavras, a Faculdade de registrar infere um instante, um “dia” do
fio histórico e, de imediato, induz uma imagem correlata, uma forma individual apresentada
realmente naquele momento da história natural do cavalo: em seguida se REPRODUZ tal ima-
gem sobre a tela ôntica do cavalo atual, ou seja, sobre a região do cavalo até onde está CON-
CENTRADA A ATENÇÃO DO ASPECTO LOGOS DO DEMIURGO; o Aspecto Logos
percebe esta imagem e pode determinar, com sua vontade, que a mesma permaneça FIXA ou
que comece a desenvolver-se a história natural, progressiva, dos últimos trezentos dias do ca-
valo. Neste último caso, uma procissão de imagens reproduzidas se sucede sobre a tela ôntica
até completar a rememorização.
Reparemos que, neste exemplo da figura 63, a “tela ôntica” foi representada em forma
perpendicular ao eixo (Tt) do tempo transcendente: isso se deve a que o Aspecto Logos do
Demiurgo “mira o Arquétipo cavalo, até o plano arquetípico, observando o cavalo ôntico de
frente ao eixo (Tt) do tempo transcendente”. Assim o faz porque, “se dispõe a apreender ao
cavalo ôntico, para o qual se situa em oposição da corrente de Consciência”; isto significa que
o Aspecto Logos, em princípio, PERCEBE ao cavalo atual e que, numa segunda instância de-
terminada por Sua Faculdade de registrar, PERCEBE as imagens de sua história natural repro-
duzidas NO cavalo atual, SOBRE sua tela ÒNTICA.

H – CONCLUSÕES SOBRE O REGISTRO ÔNTICO.

Com o exemplo do cavalo ôntico das figuras 48 e 63 ficaram suficientemente claros a


essência e função do registro ôntico PARA ESTE ENTE ESPECÍFICO. Haverá agora de
estender as conclusões obtidas, no caso geral de TODO ENTE, É O QUE FAREMOS NOS
COMENTÁRIOS SEGUINTES.
Primeiro – Todo ente evolutivo registra sua história natural num Registro ôntico que

216
subjaz e permanece em sua entidade como propriedade essencial.
Segundo – O Aspecto Logos do Demiurgo dispõe de uma Faculdade de registrar, cuja
atividade está regida por dois princípios fundamentais: o “princípio de inferência ordinal” e o
“princípio de indução ordinal”.
Terceiro – Pela ação complementária de ambos os princípios a Faculdade de registrar é
capaz de localizar a imagem correspondente a qualquer momento passado da história natural
do ente.
Quarto – A qualquer imagem localizada no Registro ôntico de um ente atual, a Facul-
dade de registra-la reproduz imediatamente sobre a tela ôntica do mesmo ente atual.
Quinto – A tela ôntica está no ente atual e até ela dirige sua Atenção o Aspecto Logos
para perceber sua história natural.
Sexto – A TELA ÒNTICA NÃO DESAPARECE DO ENTE ATUAL DEPOIS
QUE O DEMIURGO TIROU SUA ATENÇÃO DELA, PELO CONTRÁRIO, ELA SEM-
PRE ESTÁ PRESENTE, EXIBINDO UMA IMAGEM FIXA.
É claro que se a atenção do Aspecto Logos se retirou da tela ôntica de um ente atual, a
imagem reproduzida nela DEVERIA desvanecer-se. Isso não ocorre pelo caráter ESTRUTU-
RAL da tela ôntica, que lhe permite RETER à última imagem reproduzida. Este efeito se com-
preenderá melhor se considerarmos que a tela ôntica não é um simples telão sobre o qual pro-
jetam as reproduções, mas uma BARREIRA ENERGÉTICA sobre a que se PLASMAM com
grande fidelidade as imagens reproduzidas. O poder de retenção da última imagem pertence,
pois, à mesma tela ôntica, ou seja, é independente da Vontade do Aspecto Logos. E a persis-
tência fiel desta imagem última é tal que nada consegue alterá-la, bem mesmo o permanente
porvir do ente atual na qual está impressa, salvo uma nova exploração do Registro ôntico pela
faculdade de registrar. Por esta característica de persistir sobre a tela ôntica do ente, a Sabedoria
Hiperbórea considera, alegoricamente, que a IMAGEM FIXA constitui a TAMPA do Registro
ôntico, ou, em outras palavras, que a imagem é um SIGNO que TAPA o registro ôntico. Daí
que:
Sétimo – A imagem fixa que apresenta a tela ôntica de todo ente denomina-se “TAPA-
SIGNO DO REGISTRO ÔNTICO” (ver figura 63).

I – EXPLORAÇÃO DO REGISTRO ÔNTICO.

Naturalmente, o procedimento empregado pelos viryas despertos para chegar ao regis-


tro ôntico de algum ente, se tal coisa for inevitavelmente necessária para favorecer os objetivos
de sua Estratégia de libertação, consiste em achar, sobre este, seu tapasigno: a partir daí se dispõe
da possibilidade efetiva de REVISAR o Registro em toda sua extensão.

217
Porém, como já advertido em “F”, isso pode ocasionar nefastas consequências SE NÃO
SE TOMAM AS PRECAUÇÕES ADEQUADAS: UM REGISTRO ÔNTICO SÓ PODE
DESTAPAR-SE SEM PERIGO POR MEIO DA “TÉCNICA DE RESIGNAÇÃO RÚ-
NICA PASSO A PASSO”. Porém, é básico que o êxito de uma tática defensiva será tão mais
provável quanto melhor se compreenda a natureza do perigo ao que deve opor-se. Por isso,
antes de descrever a “resignação passo a passo” vamos advertir sobre a natureza do perigo.
O perigo procede principalmente de que, durante a observação das imagens registradas,
se produza acidentalmente a INFERÊNCIA do fio histórico, ou seja, da função contínua do
processo evolutivo: nesse caso, o virya desperto cairia em contato psíquico com o ser em si do
ente e, logo, com o Arquétipo universal, submetido à pressão de seu impulso entelequial. Ou
seja, aquilo que para a Faculdade de registrar do Demiurgo fundamenta o modo de localizar as
formas individuais registradas: o “princípio de inferência ordinal” representa para o virya des-
perto um perigo de captura e fagocitação psíquica. Logo, não há que exagerar o perigo de cap-
tura posto que só alcance ao sujeito consciente; mas se o virya não isolou convenientemente
seu Eu perdido com a Primeira Iniciação Hiperbórea, e este se encontra em alguma medida
contaminado de tempo imanente, a captura do sujeito consciente pode sumir ao eu perdido
num profundo estado hipnótico, numa ilusão que neutralize todo o trabalho prévio de orienta-
ção estratégica.
Para que a imagem de um ente exterior resulte inteligível, e a “forma” observada no
registro o é, tem que transcender a esfera sensorial, ser interpretada pela razão, e conceituada
pelo sujeito cultural no contexto adequado de uma linguagem horizontal; então uma represen-
tação consciente emergirá frente ao sujeito consciente, e ao eu perdido dissolvido nele, e mos-
trará uma configuração arquetípica interior da forma exterior, ou seja, da forma individual re-
gistrada no Registro ôntico: ficam, assim, EM CONTATO 25 SÊMICO, identificadas arqueti-
picamente, a forma exterior e a forma interior. O virya desperto, ao revisas o registro, deve
operar de maneira inversa ao modo operativo da faculdade de registrar do Demiurgo, a saber,
enquanto a Faculdade de registrar infere um instante do fio histórico e depois induz uma ima-
gem correlata, uma forma individual da série ôntica-temporal, o virya desperto deve observar
as formas individuais EVITANDO TODA INFERÊNCIA DO FIO HISTÓRICO QUE AS
SUSTENTA: inversamente à operação da faculdade de registrar, o virya revisará em toda a sua
extensão, se necessário, a série ôntica-temporal, a história natural do ente, mas evitando cuida-
dosamente inferir, nem sequer por um instante do fio histórico. Por quê? Resposta: porque tal
instante não é outra coisa que um ponto da função contínua do progresso evolutivo, ou seja,
um PONTO INDISCERNÍVEL do ente, um ponto no qual se encontra YOD, o Olho de
Abraxas; o perigo consiste em que o contato sêmico entre a forma exterior e a forma interior
transfira ao interior o YOD da forma exterior. Então, ficaria efetivamente estabelecido um nexo
metafísico entre o Arquétipo invertido interior e o Arquétipo universal, recebendo aquele toda

218
a potência que impele a evolução do ente exterior e sendo impelido também a deslocar-se in-
ternamente num processo entelequial. A imagem interior, que representa a forma observada no
Registro ôntico, se converterá assim em um mito interior e sua representação consciente, o
símbolo sagrado, não tardará em capturar ao sujeito consciente. Nesse caso o Eu não se en-
frentará simplesmente a um mito, com todo o perigo que isso implica, senão ao próprio Demi-
urgo quem, através do Arquétipo, tentará dominá-lo e neutralizar todo futuro intento de explo-
rar Registros ônticos.
A segunda intenção do Demiurgo, porém, será inoperante contra o virya desperto se
este isolou seu eu numa arquêmona interior, fundamentalmente se seu Eu perdido foi resignado
com a Runa Sagrada Tirodal. Esta resignação e isolamento do Eu constitui o Mistério da Pri-
meira Iniciação hiperbórea e sua aproximação será tratada num inciso posterior. Aqui só vamos
destacar que um Iniciado Hiperbóreo jamais correrá o risco de explorar os registros ônticos a
menos que eles sejam imprescindíveis para os fins da Estratégia de libertação; por qualquer
outro motivo, por exemplo, mera curiosidade, a exploração dos Registros ônticos implica um
perigo real e seu risco: um risco inútil.
Claro que no caso de correr tal risco fosse considerado necessário, o virya desperto dis-
põe da “técnica de resignação passo a passo” para reduzir ao mínimo o perigo de captura ar-
quetípica psicóidea. Tal técnica consiste em empregar a arma do virya desperto, a Runa Gibur
como “Espada de Wotan”, para destapar o Registro ôntico e percorrer “passo a passo” as su-
cessivas formas individuais da série ôntica-temporal. A operação começa com o tapasigno do
Registro ôntico do ente, a qual se desloca com um golpe da Espada de Wotan NUM SEN-
TIDO OU NOUTRO DA SÉRIE ÔNTICA-TEMPORAL, ou seja, no sentido evolutivo ou
no sentido involutivo. A partir do primeiro movimento, a Espada de Wotan atuará como um
“CRICKET” movida pela destra mão do iniciado Hiperbóreo resignando “passo a passo” cada
imagem observada na tela ôntica: há de se ter presente que um só erro, uma só imagem que
safe da resignação por distração do observador, sobrepõe em primeiro plano a inferência de
um instante correlato do fio histórico e, com isso, a terrível revelação do YOD, ao confronto
direto com o Olho de Abraxas. 26

J – REGISTRO ÔNTICO DO PASU.

Enquanto ente evolutivo, no pasu, no microcosmo, subjaz um Registro ôntico com sua
“história natural”. Mas nesse caso há de se ter em conta que o pasu é um ente diferente de todos
os restantes entes específicos do macrocosmo, já que seu desígnio inclui o plano de todos eles;
o microcosmo é uma cópia invertida do macrocosmo e seu desígnio um plano que contém a
todos os planos dos entes exteriores. A diferença de todo outro ente exterior, cuja evolução se

219
realiza num processo arquetípico que sucede NO tempo transcendente, o pasu possui um su-
jeito consciente cuja essência consiste em “tempo imanente”, um tempo que transcorre trans-
versalmente ao sentido do tempo transcendente, um tempo para o qual o tempo transcendente
é anisotrópico. Se o pasu ainda não alcançou a autonomia ôntica, se é um microcosmo poten-
cial, caso que tratamos aqui, seu sujeito anímico compartilha duas essências temporais: o sujeito
racional e o sujeito cultural sucedem no tempo transcendente, enquanto que o sujeito consci-
ente é puro tempo imanente. A consequência desta dupla temporalidade é que, salvo a memória
de si mesmo, ou seja, a capacidade da estrutura do esquema se si mesmo onde se manifesta o
sujeito consciente, as restantes memórias microcósmicas existem no tempo transcendente, por
exemplo, a memória arquetípica e a memória cultural. Bem, a sabedoria Hiperbórea afirma que
o registro ôntico do pasu é idêntico à capacidade total de sua estrutura microcósmica SALVO
A MEMÓRIA DE SI MESMO, a saber, que o Registro ôntico do pasu integra, entre outras, a
memória arquetípica e a memória cultural, pois estas existem no tempo transcendente, mas não
inclui a memória de si mesmo que existe no tempo imanente.
Todo Registro ôntico cumpre a função primordial de revelar a história natural do ente
ao Aspecto Logos do Demiurgo, que dispõe para tal percepção da faculdade de registrar. Para
perceber o conteúdo de um Registro, o Aspecto Logos antes de tudo, situa-se EM OPOSIÇÃO
AO TEMPO TRANSCENDENTE e começa a perceber o ente atual e inferir, pelo princípio
de inferência cardeal, o extremo atual do fio histórico. É então quando a faculdade de registrar,
seguindo o fio histórico, infere um instante determinado da história natural do ente e induz a
imagem correlata da forma individual que será reproduzida na tela ôntica. Bem, quando o ente
observado pelo Demiurgo é um pasu, a exploração do registro ôntico só pode compreender
àquelas memórias que existem no tempo transcendente, pois a percepção do ente se realiza por
oposição a este tempo, o qual é anisotrópico para todo outro tempo transversal. Isto não signi-
fica que o Demiurgo não possa conhecer, se o deseja, a história de si mesmo do pasu, ou seja,
a estrutura da esfera de consciência: só que dizer que O ASPECTO LOGOS NÃO PODE
FAZÊ-LO; SUA FACULDADE DE REGISTRAR NÃO PODE ENTRAR NO ES-
QUEMA DE SI MESMO PORQUE ESTE EXISTE NO TEMPO IMANENTE. Mas se o
Demiurgo deseja revisar a história de si mesmo do pasu, não tem mais que deslocar-se pelo fio
de consciência do pasu DO PONTO ARQUETÍPICO MANU, ou seja, pelo caminho ELIX.
Claro que então NÃO O FARÁ EM OPOSIÇÃO, SENÃO NO SENTIDO DO
TEMPO IMANENTE, DESDE O ARQUÉTIPO MANU AO MICROCOSMO POTEN-
CIAL DO PASU EM SUA ATUALIDADE REALTIVA. Se imaginarmos esta trajetória ob-
servando a figura 56, comprovamos que a mesma tem sentido evolutivo, ou seja, que o Arqué-
tipo Manu não tem necessidade, como o Aspecto Logos, de dispor de uma faculdade de regis-
trar que localiza a imagem induzida para, a partir dela, perceber o desenvolvimento da história
no sentido evolutivo: ao Arquétipo Manu lhe basta com deslocar-se pelo caminho ELIX para

220
revisar toda a história de si mesmo do pasu, a história individual registrada por sua consciência
imanente, Logo, neste caso não há percepção, senão revisão da história, já que em nenhum
momento ocorre reprodução alguma de imagens; tampouco há indução: simplesmente é como
se o Demiurgo acompanhasse, em grande velocidade, o fluxo do tempo imanente da consciên-
cia do pasu, vivenciando, ou revivendo sua história de si mesmo, revisando e reconhecendo o
acontecido.
Num trajeto semelhante pelo caminho de ELIX o Demiurgo só pode deter-se no ex-
tremo atual do ente, numa espécie de tela ôntica inversa: uma tela ôntica que só pode ser vista
da interioridade do ente, diferente dos entes percebidos pelo Aspecto Logos, cujas telas ônticas
se encontram em sua exterioridade. E o que vê o Demiurgo como termo do caminho de ELIX,
na tela ôntica interna que se encontra no extremo atual do fio de consciência? Resposta: o
símbolo sagrado do pasu. Por isso na figura 56 se intitulou “tapasigno do registro ôntico” ao
signo espiral que constitui o centro de referência de si mesmo, o verdadeiro extremo atual do
fio de consciência ao que o pasu só pode perceber num supremo ato de reflexão sobre si
mesmo: muito mais frequente é que o pasu projete este símbolo no mundo exterior, expresso
como signo espiral ou como fórmula energética, ou constelando-o através da ótica no mundo
microscópico ou no céu astronômico, etc.
Deixemos no momento o Demiurgo e consideremos ao pasu seu reflexo individual.
É fácil demonstrar à luz do exposto, que sua “faculdade de recordar” se baseia em prin-
cípios análogos que fundamentam a Faculdade de registrar do Aspecto Logos.
O fio de consciência do pasu, em efeito, é análogo ao fio histórico de um ente qualquer
porque ambas são funções contínuas do processo evolutivo de seus respectivos Arquétipos.
Quando o Aspecto Logos se situa em oposição ao fio histórico para apreender um ente, isso é
análogo a quando o sujeito consciente se situa em oposição ao fio de consciência, ou seja, em
(S.P.E), para apreender um símbolo emergente. Comparemos agora o ato de percepção que o
Aspecto Logos realiza ao explorar um Registro ôntico e reproduzir a imagem de uma forma
individual, com a percepção que o sujeito consciente realiza ao explorar uma memória micros-
sísmica e reproduzir a recordação de um sistema subsistente.
O princípio de inferência ordinal da Faculdade de registrar permite ao Aspecto Logos
remontar o fio histórico e inferir o instante exato que corresponde ao sucesso da história natural
buscado. Um princípio análogo de 28 “inferência ordinal” da faculdade de recordar permite ao
sujeito consciente remontar o fio de consciência e inferir o instante exato que corresponde à
recordação buscada.
O princípio de indução ordinal da Faculdade de registrar permite ao Aspecto Logos
induzir uma imagem correlata com o instante inferido; tal imagem, que representa uma forma

221
individual da série ôntica-temporal, é reproduzida sobre a tela ôntica para a percepção do As-
pecto Logos.
Um princípio análogo de “indução ordinal” da faculdade de recordar permite ao sujeito
consciente induzir uma imagem correlata com o instante inferido: tal indução a realiza, como
temos visto no caso da memória cultural, o sujeito cultural, quem “responde” ao ato reflexivo
do sujeito consciente reproduzindo uma imagem ou “recordação” do conteúdo mnemônico
estrutural; e essa reprodução emerge na esfera de luz para a percepção do sujeito consciente: já
foi adiantado em “D”: “RECORDAÇÃO É A REPRODUÇÃO DE UM SISTEMA SUB-
SISTENTE, SOB A EXTENSÃO DO CONCEITO MEMÓRIA, E SUA PERCEPÇÃO
SUBJETIVA”.
A “recordação” é, assim, análoga a uma “forma individual” da série ôntica-temporal que
constitui a história natural de um ente: pode supor-se então, alegoricamente, que as recordações
contidas na memória microcósmica estejam distribuídas numa série mnemo-temporal, apesar
da qual estão também estruturadas, o que só pode ocorrer se tal série tenha forma helicoidal e
permita a cada recordação sucessiva manter enlaces com outras recordações, de forma seme-
lhante à estrutura química dos ácidos nucléicos; não esqueçamos que as “recordações” são sis-
temas subsistentes, do tipo descrito e representado na figura 13.

K – SETORES INATOS DO REGISTRO ÔNTICO DO PASU.

Ficou claro que, salvo a estrutura de si mesmo subsiste no tempo imanente, a restante
CAPACIDADE da estrutura microcósmica constitui o Registro ôntico do pasu. Assim, fora
das memórias arquetípicas e culturais, que só formam parte da estrutura psíquica, existem no
microcosmo outras memórias estruturais cuja capacidade integra uma série de SETORES do
Registro ôntico do pasu: estes setores podem ser explorados habitualmente pelo sujeito aní-
mico, como as memórias arquetípicas e culturais, devido à POTÊNCIA PASSIVA de seus nós
e enlaces que impede a representação racional, ou consciente, de seus conteúdos e sua referência
para emergir na esfera de luz; recordemos que a potência ativa dos sistemas subsistentes a que
refere sua réplica sêmica à esfera de luz e por isso resulta energeticamente dirigida ao sujeito
consciente.
A origem da absoluta passividade potencial de tais memórias radica em seu caráter HE-
REDITÁRIO, mas o porquê de permanecerem durante toda a vida do pasu invisíveis para o
sujeito anímico deve ser atribuído à SEQUÊNCIA HIERÁRQUICA com a qual o sujeito aní-
mico se manifesta na estrutura psíquica e à “involução do sujeito em si mesmo” que tem lugar
previamente à encarnação da alma e que “causa o esquecimento parcial das recordações 29
inatas”, tal como foi explicado no artigo “E”. Às seções da estrutura microcósmica que contêm

222
os “esquemas de si mesmo anteriores”, a Sabedoria Hiperbórea as denomina: SETORES INA-
TOS DO REGISTRO ÔNTICO DO PASU.
O conteúdo dos SETORES INATOS não só permanece habitualmente invisível para o
sujeito anímico do pasu, mas que DEVE permanecer assim até que este alcance autonomia
ôntica pois, como dissemos no citado artigo: “em cada microcosmo vivo, o sujeito pensante
jamais relembra “naturalmente” nenhuma memória de uma vida anterior. Isso não ocorre por-
que o procedimento disposto pelo Demiurgo para a transmigração das almas impõe a estas,
durante o período de desencarnação, uma involução do sujeito em si mesmo que produz a
amnésia mencionada”. “O sujeito “involui” quando se desconcentra temporalmente, isto é,
quando seu momento presente se expande em si mesmo e abarca a história “em um só olhar”,
fato que se confirma pelos conhecidos relatos reais dos que “ressuscitaram” logo de passar pela
morte clínica e viram “toda a vida em um instante”. A involução do sujeito, no sentido exposto,
é necessária para que a alma possa oferecer um novo sujeito ao microcosmo em que vai encar-
nar: a alma, logo da involução do sujeito anterior, se apresenta ante o microcosmo com um
outro aspecto, um aspecto não subjetivo que requer de toda a sequência hierárquica para de-
senvolver-se e repetir o ciclo evolutivo da vida e da morte. Mas, nisso tudo, que ocorreu com
o esquema de si mesmo anterior, esse que no sujeito involui “até abarcar toda a história em um
só olhar”? Não era, por acaso, necessário seu concurso para cumprir o objetivo microcósmico
da finalidade, para assegurar o progresso individual do pasu? Em realidade não se prescinde,
em cada encarnação, de nenhum dos esquemas de si mesmo anteriores, pois os mesmos estão
irreversivelmente assimilados na alma: o que ocorre é que, AO NÃO ESTAR ANIMADOS
POR NENHUM SUJEITO, os esquemas de si mesmo anteriores se situam em lugares dife-
rentes do microcosmos que o sujeito racional ocupa. Em outras palavras: o sujeito racional,
primeira manifestação da alma, opera desde a memória arquetípica ou cérebro; mas a alma, à
parte do sujeito, está difundida como um “corpo duplo” em todo o microcosmos; portanto, os
esquemas de si mesmo anteriores que permanecem alheios ao sujeito, corresponderão com
outras partes do sistema nervoso fora do cérebro. Ou seja, os esquemas de si mesmo anteriores
estão localizados em distintas partes do corpo do pasu, com exceção das estruturas estudadas
até aqui: memória arquetípica, estrutura cultural e esquema de si mesmo. E, segundo compro-
vamos agora, estes “esquemas de si mesmo anteriores” estão contidos nos “setores inatos do
Registro ôntico do pasu”.
Em todos os microcosmos, os setores inatos equivalentes apresentam um TAPA-
SIGNO PERMANENTE, semelhante e de desenho característico. Tais tapasigno tem sido
comparados alegoricamente, nas distintas tradições esotéricas, com “flores”, “lótus”, “vórtices
de energia”, “centros”, etc., mas a Sabedoria Hiperbórea mantém a antiga denominação indo-
ária de CHAKRA: os “chacras” são, pois, os tapasigno permanentes dos setores inatos do Re-
gistro ôntico do pasu. Por trás de cada chacra há sempre um setor inato; mas como essas seções

223
são PRÉ-RACIONAIS, ou seja, ficam fora da sequência 30 hierárquica do sujeito anímico, a
reprodução de seu conteúdo só é possível “NATURALMENTE” para a Faculdade de registrar
do Aspecto Logos: para o sujeito anímico isso não só é ANTI-NATURAL como sumamente
perigoso. Mas isso já foi adiantado no mencionado artigo: “Estes “centros”, ou “chacras”, que
contem esquemas de si mesmo anteriores, se acham difundidos aos milhares no corpo humano.
Ali estão as recordações inatas, as memórias das vidas anteriores, contribuindo desde a com-
pleição da alma a aperfeiçoar o microcosmo vivente. Na alegoria do filtro (ver figura 26) pode-
mos estabelecer uma correspondência análoga com os esquemas de si mesmo anteriores efetu-
ando pequenas perfurações na lâmina com a abertura central. As perfurações rodeiam, por
exemplo, a abertura pela qual flui o feixe de luz, análogo ao sujeito racional. Se os raios de luz
que brilham pelas perfurações são análogos aos chacras, é evidente que tais centros de memória
inata são NÃO RACIONAIS. Ou seja, seu conteúdo é IRRACIONAL. Por isso, quando as
práticas de yoga se realizam com ignorância, quando o sadhaka localiza o sujeito sobre o chacra
invertendo anormalmente o sentido da sequência hierárquica, corre o grave perigo de que o
sujeito anime por acidente um esquema de si mesmo anterior e que este tome o controle do
microcosmo: então, do centro inferior, o microcosmo é IRRACIONALIZADO e sobrevêm a
loucura”.
Já advertimos no artigo “D” o sentido em que se deve atribuir a “IRRACIONALI-
DADE” dos setores inatos do Registro ôntico do pasu: se trata de memórias que ficam fora da
sequência hierárquica do sujeito anímico, quer dizer, que são “pré-racionais”; portanto seus
conteúdos “devem considerar-se “irracionais” só no sentido de que são “anteriores ao sujeito
racional”, quer dizer, não RACIONALIZÁVEIS por este”. Não obstante isso, o virya desperto
pode, em casos de necessidade, explorar os setores inatos de seu microcosmos, ou de outro
microcosmos qualquer, praticando a resignação passo a passo com a runa gibur como Espada
de Wotan: mas nesse caso deverá ter extremo cuidado porque cada imagem reproduzida será
então TAMBÉM semelhante a uma fantasia e deverá ser racionalizada para que adquira signi-
ficado ante o sujeito Consciente. Com outras palavras, os conteúdos dos setores inatos, para a
percepção do sujeito anímico, reúnem as qualidades de fantasia e memória DE UMA VEZ:
primeiro, a imagem reproduzida é semelhante a uma fantasia e deve ser racionalizada; e logo,
assim que tenha sido interpretada pelo sujeito racional e desmascarada sêmicamente pela ativi-
dade do sujeito cultural, se revela como “recordação inata”, quer dizer, é notada sob a extensão
do conceito “memória inata”; a percepção toma então o caráter inequívoco de uma reminis-
cência “de outra vida”, de “memória anterior”, etc.; vale dizer, a percepção de um conteúdo do
setor inato não pode ser referida de nenhum modo a fatos ou acontecimentos da vida atual
“desse” microcosmos no que atua o sujeito evocador: correspondem, ainda que as consequên-
cias disso sejam manifestamente “irracionais” para o sujeito anímico, a “esquemas de si mesmo
anteriores”, a “histórias naturais” da evolução de outros microcosmos que, no entanto, alguma

224
vez foram animados por si mesmo e cujas memórias se conservam “neste” microcosmos par-
ticular.
O motivo de existirem tais conteúdos nos setores inatos se deve a que, como se disse
no parágrafo citado, “contribuem desde a complexão da alma a 31 aperfeiçoar o microcosmos
vivente”: os esquemas de si mesmo anteriores representam assim um registro de fases evoluti-
vas precedentes que determinam o grau de perfeição atual da estrutura microcósmica, a forma
“deste” microcosmo particular. Em rigor, os esquemas de si mesmo anteriores constituem uma
extensão metafísica da série ôntico-temporal de formas individuais “deste” microcosmo parti-
cular: no extremo original da mente ôntico-temporal, quer dizer, quando se registra o nasci-
mento do microcosmo atual, existe um esquema de si mesmo anterior que se continua com
outro precedente, e este com outro, e assim sucessivamente até ascender ao Arquétipo Manu
sobre a função contínua do progresso evolutivo. O fio de consciência, fio histórico segundo se
vê na figura 56, do caminho ELIX, SERIA, se se considerassem todos os esquemas de si
mesmo anteriores nos que evoluiu a mônada para chegar de átomo gravis até a matriz funcional
do desígnio pasu, passando pelos reinos vegetal e animal, SEMELHANTE A UMA SU-
PERSÉRIE ÔNTICO-TEMPORAL FILOGENÉTICA: UMA SÉRIE CUJOS MEMBROS
SÃO ESQUEMAS DE SI MESMO, DESDE O MAIS PRIMITIVO ATÉ O MAIS EVO-
LUÍDO OU ATUAL. E isto mostra claramente os alcances do exemplo da figura 56 como
representação de um pasu ôntico: tal exemplo só exibe UM esquema evolutivo da super série
de esquemas de si mesmo que conduziram, através de milhões de anos de tempo transcendente,
até o microcosmo potencial do pasu, quer dizer, até “este” microcosmo particular.
Por isso, “como tudo o que pertence ao ente deve estar no ente mesmo”, a super série
de esquemas de si mesmo anteriores está na realidade contida nos setores inatos do Registro
ôntico do pasu. E os setores inato apresentam, como já se disse, um tapasigno permanente e
característico denominado CHAKRA: para compreender o que significam os chacras, porque
permanecem sempre fixos e imutáveis como tapasigno dos setores inatos, é necessário consi-
derar o microcosmo do ponto de vista energético e incluir na explicação o conceito de KUN-
DALINI ou LOGOS MICROCOSMICO. Isto veremos no inciso seguinte.

225
TOMO IV:
O MICROCOSMO COMO ORGANISMO

Neste inciso se vai expor o conceito orgânico do microcosmo e estudar sua “função
geral” desde o ponto de vista da Sabedoria Hiperbórea. Tal elucidação permitirá definir concei-
tos tão importantes como o de “chacra” ou “logos Kundalini”, os quais tem sido objeto no
Ocidente das técnicas de “desinformação” e “mudança de significado” por parte da Sinarquia.

A – RELAÇÃO HIERÁRQUICA ENTRE MICROCOSMO E OS ENTES EXTERNOS.

O Aspecto Logos do Demiurgo, é sua VOX, designa todo ente individual e todo ente
existe individualmente porque seu impulso evolutivo recebe a terminação formal da matriz es-
sencial de seu desígnio. Isto tem sido demonstrado em incisos anteriores. Porém, é necessário
efetuar uma importante distinção quando o ente individual recebe o desígnio pasu, ou seja,
quando o ente é um microcosmo: neste caso o Aspecto Logos deve manifestar-se de maneira
mais eficaz, segundo ficará demonstrado nos artigos seguintes. Cabe adiantar, por hora, que o
Aspecto Logos não somente designa e individualiza ao microcosmo, com o qual este inicia um
processo evolutivo que aponta à finalidade entelequial, senão que também atua para CON-
TROLAR que tal processo não se desvie de sua finalidade; este ato de controle, como é obvio,
deve exercer-se durante todo o tempo que dure o processo, ou seja, durante toda a vida orgânica
do microcosmo. Nisto se diferença essencialmente o microcosmo de qualquer outra classe de
ente externo: todo ente externo, salvo o microcosmo, tem sido designado somente UMA VEZ
pelo Aspecto Logos, permanecendo, então, fixo na evolução específica que lhe impõe seu
Plano. Tal diferença implica uma superioridade hierárquica do microcosmo frente a qualquer
outra classe de entes externos, superioridade que será fundamentada nos nove comentários
seguintes.
Com base em argumentos já vistos, poremos em ordem quatro conceitos conhecidos:
macrocosmo, microcosmo, ente externo e ente interno.
Primeiro: o macrocosmo ou universo material, do ponto de vista estrutural, está inte-
grado por “entes externos”: tais entes podem consistir tanto em simples átomos gravis indivi-
dualizados como em complexos microcosmos.

227
Segundo: o que determina o caráter dos “entes externos”, isto é, o princípio de indivi-
duação, está no “desígnio” particular de cada um.
Terceiro: o macrocosmo contém a todo ente externo existente e todo ente externo se
diferencia e caracteriza por seu desígnio particular.
Quarto: o microcosmo é um reflexo do macrocosmo, vale dizer, é sua cópia invertida.
Mas, enquanto que “ente externo”, o microcosmo existe pela proposição ôntica de um “desíg-
nio pasu” cujo projeto reflete o Plano do macrocosmo.
Quinto: o “desígnio pasu” é o maior desígnio de desígnio existente, ou seja, é um desíg-
nio cujo Plano abarca os Planos de todos os desígnios existentes: O DESÍGNIO DE TODO
ENTE EXTERNO “QUE NÃO SEJA UM MICROCOSMO” ESTÁ CONTIDO NO DE-
SÍGNIO PASU, OU SEJA, NO DESÍGNIO DO MICROCOSMO.
Sexto: os Planos dos “entes externos” que compõem o desígnio pasu conformam aos
“entes internos” do microcosmo: desta maneira, todo “ente interno” apresenta homologia es-
trutural com “entes externos” correspondentes do macrocosmo.
Sétimo: em síntese: “o microcosmo reflete ao macrocosmo”, e seus “entes internos”
refletem aos “entes externos” do macrocosmo que não são, por sua vez, microcosmo. Pode-se
considerar, pois, que tanto “macrocosmo” como “microcosmo” são estruturas máximas, glo-
bais, que contém e integram aos “entes externos” e “internos” como membros respectivos,
ainda que no caso do microcosmo este também integre o macrocosmo em seu caráter extremo
de “ente externo”.
Oitavo: se distingue assim, claramente, que o “desígnio pasu” está em relação hierár-
quica superior com qualquer outro desígnio de “ente externo” porque contém a todos os de-
sígnios não microcósmicos como planos de seus “entes internos”.
Nono: a partir daí, vamos contrapor o conceito de “microcosmo” com o de “ente ex-
terno”, salvo que se esclareça expressamente que tal ente externo é também um microcosmo.
Caso contrário deverá supor sem mais que o “microcosmo” é hierarquicamente superior, em
virtude da complexidade de seu desígnio, a todo “ente externo”.

B – O “PRINCÍPIO PLASMADOR MICRO-CÓSMICO” OU LOGOS KUNDALINI.

Nestes nove comentários temos demonstrado que o “desígnio pasu” do ente exterior
“microcosmo”, é hierarquicamente superior ao desígnio de qualquer outro ente externo que
não seja um microcosmo. Esta distinção hierárquica “pelo desígnio” entre o microcosmo e os
restantes entes externos adquire importância fundamental quando se alcança até sua causali-
dade, isto é, até a VOX designadora do Aspecto Logos.
Do ponto de vista da causa do desígnio, quer dizer, a VOX do Demiurgo, o microcosmo
228
apresenta, em efeito, uma diferença essencial com respeito a todo ente externo: O PRINCÍPIO
PLASMADOR. Em outras palavras, os entes externos são somente ENTES PLASMADOS
por seu desígnio particular, o qual tem sido proposto UMA VEZ pelo Aspecto Logos ao con-
ceder-lhes a existência individual; o microcosmo é também um ENTE PLASMADO, enquanto
que ente externo, mas dispõe assim mesmo, enquanto que reflexo do macrocosmo, de um
PRINCÍPIO PLASMADOR ATIVO. Este princípio único, que somente o microcosmo pos-
sui entre todos os entes externos, é uma réplica do poder plasmador da VOX do Demiurgo à
qual a Sabedoria Hiperbórea denomina: LOGOS MICRO-CÓSMICO KUNDALINI. Mas
antes de referirmos ao princípio plasmador microcósmico, temos de compreender com mais
detalhes a PLASMAÇÃO FIXA dos entes externos. Todo ente externo individual pode definir-
se como A PLASMAÇÃO FIXA QUE O DESÍGNIO PARTICULAR DETERMINA NA
NATUREZA MATERIAL DE UM ÁTOMO GRAVIS. Como sabemos, a potência forma-
tiva do Arquétipo Universal, manifestada materialmente em um átomo gravis, é determinada
pelo desígnio particular para dar existência individual ao ente específico; mas, como “a igualdade
de espécie identidade de desígnio”, resulta que, em realidade, o que determina formalmente ao
ente externo é uma matriz arquetípica da série formativa em que consiste o Plano do desígnio,
ou seja, a MATRIZ ESSENCIAL; esta matriz tem sido SOBREPOSTA no ente pela VOX
designadora e constitui seu princípio de individuação: a matriz essencial põe finalidade indivi-
dual à potência formativa universal do Arquétipo, determinando que o ente se CONFORME
segundo seu Plano; pois bem: esta CONFORMIDADE INDIVIDUAL que exerce a matriz
essencial sobre a natureza universal do ente É A PLASMAÇÃO PROPRIAMENTE DITA;
numa entidade de substância material PLÁSTICA, a matriz essencial PLASMA sua forma in-
dividual e determina estruturalmente o curso do processo evolutivo do ente externo; indo mais
ao fundo da questão, considerando a matriz essencial como uma CAPACIDADE estrutural,
podemos afirmar que: TODO ENTE EXTERNO TEM SIDO PLASMADO POR SEU DE-
SÍGNIO PARTICULAR E CONFORMADO PELA CAPACIDADE ESTRUTURAL DA
MATRIZ ESSENCIAL; MAS ESTA “CAPACIDADE ESTRUTURAL” É AUTOSUFICI-
ENTE PARA MANTER UM REGISTRO PERMANENTE DO PLANO NO QUAL
CONSISTE, QUE NÃO É OUTRA COISA QUE O PLANO DO ENTE EXTERNO AO
QUE CONFORMA; POR ISSO A “CAPACIDADE” DA MATRIZ ESSENCIAL É PLAS-
MADORA: PORQUE, HAVENDO SIDO SOBREPOSTA UMA VEZ PELA VOX DO
ASPECTO LOGOS, SE SUSTENTA A SI MESMA COMO REGISTRO ÔNTICO DO
ENTE EXTERNO DE MODO PERMANENTE E FIXO; A CAPACIDADE DO RE-
GISTRO ÔNTICO DA MATRIZ ESSENCIAL É “FIXA” E DAÍ A DEFINIÇÃO DE
“ENTE EXTERNO” DA QUAL PARTIMOS: “É A PLASMAÇÃO FIXA QUE O DE-
SÍGNIO PARTICULAR DETERMINA NA NATUREZA MATERIAL DE UM ÁTOMO
GRAVIS PARA CONFORMAR UM ENTE INDIVIDUAL”.
Os entes externos são, pois, plasmados uma só vez por seu desígnio particular e nada há

229
neles que possibilite POR SI MESMO algum tipo de MUDANÇA ESSENCIAL: uma vez
plasmada, a forma dos entes externos se ajustará evolutivamente à capacidade fixa da matriz
essencial; não existe neles NENHUM PRINCÍPIO QUE LHES PERMITA APARTAREM-
SE POR SI MESMOS DO PLANO ESSENCIAL REGISTRADO: uma mutação semelhante
somente poderia ocorrer, portanto, por uma intervenção “anormal” do Demiurgo, a saber, por
Sua Segunda Intenção; mas em todo caso “normal” o ente externo é sempre o produto de uma
PLASMAÇÃO FIXA.
E agora poderá compreender-se que o caso é completamente distinto quando o ente
externo foi plasmado com o “desígnio pasu”, ou seja, com o desígnio da hierarquia extrema
cuja capacidade estrutural conforma ao microcosmo ôntico. Porque, diferentemente dos entes
externos cuja plasmação é FIXA, E IMUTÁVEL POR SI MESMA, o microcosmo dispõe de
um PRINCÍPIO PLASMADOR ATIVO que, não somente é quem tem plasmado a estrutura
microcósmica, senão quem tem poder para reproduzir POR SI MESMO esta plasmação, ou
seja, para recriar o plano registrado tantas vezes for necessário. Mas este PRINCÍPIO PLAS-
MADOR ATIVO, OU LOGOS KUNDALINI, não se encontra presente no microcosmo
para possibilitar uma separação essencial do Plano designado, mas pelo contrário: como se in-
fere do dito, o que o logos Kundalini faz POR SI MESMO é assegurar QUE NÃO OCORRA
uma separação do Plano designado, REPRODUZINDO-O quantas vezes fosse necessário
para conformar essencialmente ao microcosmo. Isto quer dizer que o princípio plasmador cum-
pre uma missão específica no microcosmo.

C – A "MISSÃO" DO LOGOS KUNDALINI.

Haverá de se perguntar, então qual é a missão que deve cumprir o logos Kundalini, ou
princípio plasmador do microcosmo? Resposta: A MISSÃO DO LOGOS KUNDALINI
CONSISTE EM CONTROLAR A "FUNÇÃO GERAL ORGÂNICA" DO MICRO-
COSMO. Ainda que o conceito de "função geral orgânica" será definido mais adiante, podemos
adiantar aqui que "a função geral tende à enteléquia Manu, ou seja, até a autonomia ôntica".
Fica claro assim que a missão de Kundalini consiste em assegurar o cumprimento do
objetivo microcósmico da finalidade controlando o processo evolutivo: a separação do Plano
designado, ou um desvio do objetivo microcósmico da finalidade, bastarão para causar a inter-
venção ativa do princípio plasmador quem tentará corrigir de imediato a falha OPERANDO
SOBRE AS MATRIZES FUNCIONAIS do desígnio.
Para compreender esta operação com a que o logos Kundalini concretiza sua missão há
que relacionar previamente às "matrizes funcionais" do desígnio pasu com os CHAKRAS que
mencionamos no artigo anterior. Em efeito, para a Sabedoria Hiperbórea, os tapasigno fixos
dos setores inatos do Registro ôntico do pasu, quer dizer, os CHAKRAS, SÃO MATRIZES

230
FUNCIONAIS DO DESÍGNIO PASU CUJA ESTRUTURA CONSISTE EM ESQUE-
MAS DE SI MESMO ANTERIORES. A missão do logos Kundalini requer operar sobre as
matrizes funcionais do desígnio pasu para ativer a evolução microcósmica, mas isto significa,
segundo vimos, operar sobre os chacras, pois estes e aqueles são uma e a mesma coisa. É claro
que só uma definição estrutural do conceito "chacra" nos permitirá compreender com precisão
a missão do logos Kundalini.

D – DEFINIÇÃO ESTRUTURAL DO CONCEITO DE CHAKRA.

Uma definição estrutural do conceito “chacra” somente pode adquirir significado pleno
em um contexto orgânico: daí deve partir a explicação, da descrição orgânica do microcosmo.
É necessário, para isso, considerar os ENTES INTERNOS do microcosmo como ÓRGÃOS
e definir ao microcosmo como uma ESTRUTURA ORGÂNICA que os integra em sua FUN-
ÇÃO GERAL.
Isto é: uma estrutura viva, tal como o microcosmo, se compõe de membros inter-rela-
cionados entre si mediante enlaces energéticos, ou materiais, de todo tipo; entretanto, aten-
dendo a sua FUNÇÃO GERAL, pode afirmar-se que a estrutura microcósmica constitui um
ORGANISMO, cujos membros são ÓRGÃOS FUNCIONALMENTE DETERMINA-
DOS: neste sentido, a FUNÇÃO PARTICULAR, ou característica, de cada órgão contribui ou
se integra aos fins da FUNÇÃO GERAL do organismo; por isso em um organismo A FUN-
ÇÃO GERAL DETERMINA A FUNÇÃO DE CADA ÓRGÃO PARTICULAR e todas as
funções particulares estão integradas na FUNÇÃO GERAL. Agora bem, toda FUNÇÃO
tende até uma finalidade, até uma posição final e o valor limite que determina por antecipar a
direção de seu movimento: no caso da FUNÇÃO GERAL do organismo microcósmico, esta
FINALIDADE não pode ser outra mais que a ENTELEQUIA MANU. Daí a afirmação de
que: A FUNÇÃO GERAL DO ORGANISMO MICRO-CÓSMICO TENDE ATÉ A EN-
TELEQUIA MANU. Evidentemente tal “FUNÇÃO GERAL” é a mesma lei que temos de-
nominado FUNÇÃO CONTÍNUA DO PROGRESSO EVOLUTIVO e cuja representação
gráfica é a CURVA ELIX da figura 56.
Somente nos falta agregar que os órgãos, ainda quando se encontrem funcionalmente
compenetrados no organismo, são em realidade ENTES INTERNOS do microcosmo; vale,
pois, para eles a definição dada no comentário Sexto: “os planos dos “entes externos” que
compõem o desígnio pasu conforma aos “ENTES INTERNOS” do microcosmo: desta ma-
neira todo “ente interno” apresenta homologia estrutural com “entes externos” corresponden-
tes do macrocosmo”. Se os órgãos são entes internos do microcosmo, conformados por “Pla-
nos de entes externos” contidos no Desígnio pasu, cabe indagar como determinam estes Planos
a FUNÇÃO PARTICULAR dos órgãos, de tal modo que a mesma se integre na FUNÇÃO
GERAL ORGÂNICA? E, mais concretamente como operam estes Planos para conformar aos

231
órgãos, onde radica sua atividade? Vamos responder a estas questões passo a passo.
Tudo se fará claro enquanto considerarmos que os ENTES INTERNOS do micro-
cosmo, enquanto que ÓRGÃOS contêm cada um deles um SETOR INATO DO REGISTRO
ÔNTICO DO PASU: fica fácil, então, compreender o que é o Plano registrado em tais setores
que conforma ao órgão e determina sua função. Com mais detalhes: nos setores inatos se en-
contrem registrados os esquemas de si mesmo anteriores; estes esquemas “contribuem desde a
compleição da alma a aperfeiçoar o microcosmo vivente”; para exemplificar esta contribuição
podemos considerar que cada ÓRGÃO, ou elemento orgânico da estrutura microcósmica, está
funcionalmente determinado por um esquema inato: cada glândula endócrina, por exemplo,
está prefigurada em seu setor inato por um esquema anterior que a conforma e regula funcio-
nalmente; é evidente que cada esquema da super série, para prestar semelhante utilidade, tem
de estar perfeitamente codificado como Plano especial do desígnio pasu e integrado harmoni-
camente em sua estrutura; e da diversidade de Planos, correspondentes a esquemas inatos de
órgãos, proceda à enorme quantidade de setores inatos em que se divide o Registro Ôntico do
pasu: há que se advertir que cada setor inato, um para cada órgão, leva um tapasigno fixo ou
chacra, o que deve dar uma ideia de que os mesmos se contam aos milhões no microcosmo;
sem embargo, nem todos são funcionalmente equivalentes nem tem a mesma importância na
composição da estrutura microcósmica: universalmente, e a Sabedoria Hiperbórea coincide
com isso, se tem concordado em assinalar como os mais importantes, do ponto de vista do
objetivo microcósmico da finalidade, a SETE chacras; justamente, aqueles que são tapasigno
dos setores inatos radicados nas glândulas endócrinas ou glândulas de secreção interna; os no-
mes destes chacras se darão mais adiante, no inciso “Possibilidades da via tântrica”, onde se
explicará também por que o virya desperto não deverá jamais provocar a atividade do logos
Kundalini por meio da yoga; a estes sete chacras vamos nos referir agora para explicar concre-
tamente a função do princípio plasmador, mas as conclusões expostas podem aplicar-se sem
inconveniente para interpretar a intervenção do logos Kundalini em qualquer setor inato do
Registro Ôntico do pasu.
Mas, antes de entrar no tema dos chacras orgânicos, convém esclarecer o alcance da
definição anterior: ainda quando os setores inatos tenham sido definidos como “conteúdos”
orgânicos, quer dizer, como registros “radicados” nos órgãos, tal afirmação não deve ser inter-
pretada no sentido excessivamente literal. Este esclarecimento tem como objeto evitar a crença
ingênua de que bastaria, por exemplo, em remover um órgão para eliminar o setor inato “radi-
cado”, ou “contido”, nele; a verdade, em compensação, é completamente oposta: a eliminação
de um órgão NÃO AFETA em absoluto ao setor inato que o conforma. Por quê? Resposta:
porque o setor inato, cujo registro plasma ao órgão, se encontra em realidade plasmado na alma
do pasu, em seu “corpo duplo” ou “astral”. O Plano registrado, a matriz funcional do órgão, é
o que está sobreposto no órgão como finalidade de sua entidade, ou que “radica” nele e subsiste

232
como fundamento de sua existência individual; mas o setor inato, cujo registro consiste em tal
Plano, se encontra fundado por sua vez na compleição da alma, recebendo dela sua base meta-
física.
Tendo em conta esta explicação consideremos agora um chacra particular; por exemplo,
o chamado AJNA cujo setor inato se encontra “radicado” na glândula hipófise. O raciocínio
que há que se fazer é o seguinte: no setor inato da glândula hipófise existe o registro de um
esquema anterior cujo plano consiste no projeto de uma “glândula hipófise experimental”, ou
seja, um esquema hereditário projetado experimentalmente por seleção filogenética a partir do
princípio da metempsicose progressiva; a glândula hipófise real do pasu se conforma baseada a
tal esquema hereditário registrado no setor inato: para que isso ocorra o esquema hereditário da
glândula hipófise tem de estar sobreposta na entidade glandular para por finalidade individual a
sua natureza universal arquetípica; A CONFORMIDADE DA GLÂNDULA REAL É, EN-
TÃO, O EFEITO DA PLASMAÇÃO QUE LHE IMPÕE, O ESQUEMA HEREDITÁ-
RIO; o esquema hereditário opera assim como uma MATRIZ PLASMADORA da série for-
mativa do desígnio, mas que classe de matriz? Não uma MATRIZ ESSENCIAL porque esta é
única em cada desígnio e no caso do desígnio pasu sua capacidade é tal que contém e determina
a todo o microcosmo. Resposta: o esquema hereditário da glândula hipófise, assim como qual-
quer semelhante, é uma MATRIZ FUNCIONAL do desígnio pasu; mas toda MATRIZ FUN-
CIONAL é um Plano contido no desígnio caracol ou no desígnio serpente, os quais se encon-
trem relacionados entre si hierarquicamente: segundo vimos em 'F' “A Sabedoria Hiperbórea,
em efeito, afirma que o desígnio caracol, e o desígnio serpente que lhe está subordinado,
OCUPA UMA POSIÇÃO SOBRESSALENTE DENTRO DO DESÍGNIO PASU POR-
QUE EM TAL DESÍGNIO SUBJAZ O PRINCÍPIO DO MOVIMENTO ENERGÉTICO,
DE QUALQUER NATUREZA QUE ESTE SEJA. O que quer dizer isto? Resposta: que o
movimento da energia sempre segue uma lei formal cuja descrição corresponde com alguma
matriz arquetípica do desígnio caracol. ” “As matrizes arquetípicas do desígnio caracol que de-
terminam a forma do movimento energético, psíquico ou vital (calorífico, elétrico, químico,
hidráulico, mecânico, etc.) a Sabedoria Hiperbórea as denomina MATRIZES FUNCIONAIS”;
comprovamos, pois, que o esquema hereditário que plasma a glândula real é uma matriz funci-
onal do desígnio caracol, o qual está contido no desígnio de desígnio de máxima extensão que
existe, isto é, o desígnio pasu.
Podemos entender agora a definição já adiantada: OS CHAKRAS SÃO MATRIZES
FUNCIONAIS DO DESÍGNIO PASU CUJA ESTRUTURA CONSISTE EM ESQUE-
MAS DE SI MESMO ANTERIORES.
Mas os chacras são tapasigno FIXOS, quer dizer, imagens fixas, que selam os setores
inatos do Registro Ôntico do pasu: o que significam estas imagens que se destacam nitidamente

233
sobre os setores inatos e, por conseguinte, sobre a tela ôntica dos órgãos? Resposta: Em pri-
meiro lugar, os tapasigno são FIXOS porque os órgãos são ENTES INTERNOS, ou seja,
entes plasmados permanentemente pelo registro da matriz funcional. Em segundo lugar, há que
considerar a imagem fixa do tapasigno chacra como uma representação sêmica do esquema
hereditário registrado: a imagem do chacra é um símbolo que prefigura a estrutura do esquema
hereditário e, com todo rigor, pode afirmar-se que tal imagem expressa simbolicamente a CA-
PACIDADE do setor inato.
Em resumo, no setor inato da glândula hipófise real, se encontra registrado um “es-
quema hereditário”, o Plano de uma glândula hipófise, em base ao qual aquela se conforma e
adquire identidade orgânica: o esquema hereditário não só conforma ao órgão senão que deter-
mina sua função particular; isso ocorre porque o esquema hereditário é, também, uma “matriz
funcional”, ou seja, uma matriz arquetípica do desígnio caracol, o qual rege todas as leis formais
da energia micro ou macrocósmica; SOBRE a glândula hipófise real, em sua tela ôntica, se
distingue uma imagem fixa ou tapasigno do setor inato: é o chacra AJNA, que representa sêmi-
camente ao esquema hereditário registrado à CAPACIDADE do registro. Basta com estender
esta explicação a qualquer órgão microcósmico para compreender a função de outros chacras,
pois nenhum difere demasiado no essencial do que aqui se tem exposto: e com isto fica com-
pleta a definição estrutural do conceito de chacra, o qual temos compreendido em um contexto
orgânico.

E – O PRINCÍPIO PLASMADOR RADICA NO GÉRMEN MICRO-CÓSMICO.

Como já dispomos da definição estrutural do conceito de chacra, podemos retomar o


tema do “princípio plasmador do microcosmo” e aprofundar sobre a “missão” do Logos Ku-
ndalini. Tal missão consiste segundo vimos, “EM CONTROLAR A FUNÇÃO GERAL OR-
GÂNICA DO MICROCOSMO”, e a mesma é cumprida pelo Logos Kundalini durante toda
a vida do pasu. Sem embargo, para compreendê-la com facilidade, é conveniente começar pela
origem e referirmos a atividade do princípio plasmador durante a organização mesma do orga-
nismo microcósmico.
Se formos partir da Origem biológica do pasu, ou seja, do GÉRMEN microcósmico,
podemos então completar a definição do princípio plasmador e compreender melhor sua mis-
são posterior de “controlar a função geral orgânica”. Mas o que é metafisicamente, um GÉR-
MEN microcósmico? Resposta: um átomo gravis impelido a evoluir pelo Arquétipo Manu e
individualizado pelo desígnio pasu (ver figura 56). Sem repetir todo o visto anteriormente, po-
demos definir a geração de um gérmen microcósmico como O INICIO DE UM CICLO VI-
TAL DA SUPER-SÉRIE ÔNTICO-TEMPORAL em que se desenvolve a evolução da mô-
nada. O deslocamento do gérmen neste “ciclo vital” vale dizer, seu crescimento e maturação,
dará por resultado um novo “esquema de si mesmo”, a saber, um novo membro da super série
234
que será conservado em um setor inato da compleição da alma. Mas a “alma” do pasu, no qual
está registrada a super série, é somente a finalidade material da mônada evolutiva: no extremo
físico do processo evolutivo, a mônada se manifesta como um átomo gravis individualizado e
altamente evoluído, que é a alma do pasu, começa cada novo “ciclo vital” de sua evolução como
“gérmen microcósmico”, sendo para isso plasmado pelo Aspecto Logos com o desígnio pasu.
Entretanto, salvo o ente “microcosmo”, todo outro ente exterior plasmado pelo Aspecto Logos
se mantém fixo em sua conformidade, ainda quando evolua, pois, todas suas mudanças se ajus-
tam à capacidade da matriz essencial sobreposta, quer dizer, à capacidade do Registro Ôntico
que conserva o Plano do desígnio particular: o ente exterior tem sido plasmado uma só vez
com seu desígnio e esta determinação é suficiente para assegurar sua existência individual per-
manente. Mas a situação muda essencialmente quando o Aspecto Logos plasma ao átomo gra-
vis com o desígnio pasu: em tal caso não se produz um simples ente externo, com uma deter-
minação evolutiva ficada a priori pelo Plano do desígnio, senão um GÉRMEN microcósmico
dotado de um “princípio plasmador ativo”.
Vamos a ver agora o que significa esta diferença.
Antes de tudo, há que se imaginar o que ocorre quando o Aspecto Logos propõe o
desígnio pasu no átomo gravis: o átomo gravis resulta envolto numa BOLHA ou GLOBO cuja
capacidade é a da MATRIZ FONÉTICA do desígnio. A Sabedoria Hiperbórea denomina
GLOBO DE AKASA a envoltura do átomo germinal, ainda que também receba outros nomes
mais ou menos adequados: OVO GERMINAL, CONCHA VALVAR, ARCA DO LOGOS,
etc.
A “matriz fonética” é, portanto, uma matriz funcional do desígnio caracol e o segredo
de sua forma e estrutura constituem desde antigamente uma chave da Cabala Acústica. No
desígnio pasu, esta matriz funcional ocupa o “posto central” do Plano, no sentido de que é a
primeira que se manifesta fisicamente: alegoricamente, pode supor que a matriz fonética cons-
titui “o centro” da capacidade da matriz essencial. Sua função, ou seja, sua lei é a primeira que
atua no plano material para dar nascimento ao gérmen humano: A MATRIZ FONÉTICA É
O EXTREMO PRINCIPAL DO PRINCÍPIO DE INDIVIDUAÇÃO DO DESÍGNIO
PASU. Somente a partir da formação globular que a matriz fonética impõe ao átomo gravis,
começa realmente o processo evolutivo do gérmen microcósmico cujo crescimento e matura-
ção darão por resultado o pasu ôntico, o indivíduo humano.
A forma da matriz fonética, ou globo de akasa, é, pois, a primeira PLASMAÇÃO MA-
TERIAL que o desígnio pasu determina no átomo gravis, o qual, desde então, se transforma
em um ÁTOMO GERMINAL HUMANO, em um gérmen microcósmico. E nesta primeira
plasmação do desígnio pasu reside, justamente, o que diferencia ao microcosmo de qualquer
outro ente externo: porque A PLASMAÇÃO DO GLOBO DE AKASA ENCERRA EM SI

235
MESMA AO PRINCÍPIO PLASMADOR. É como se o Aspecto Logos, ao plasmar o desíg-
nio pasu, deixasse a sua VOX contida pelo globo de akasa: DENTRO DO GLOBO SUB-
SISTE ENTÃO O LOGOS KUNDALINI, OU PRINCÍPIO PLASMADOR DO MICRO-
COSMO, OU VERBO DO DEMIURGO.
O átomo germinal consiste, assim, em um átomo gravis, com seu ponto indiscernível
onde subjaz o ser em si do Arquétipo Manu, encoberto por um globo de akasa, vale dizer,
plasmado pela forma da matriz fonética; mas o conteúdo do globo, aquilo que NÃO É o átomo
gravis, mas que se encontra compreendido pelos limites da matriz fonética, é o Logos Kunda-
lini, UMA RÉPLICA MICRO-CÓSMICA DO VERBO DO DEMIURGO: por isso a VOX
do Logos Kundalini é um princípio plasmador de microcosmo, análogo a VOX de o Aspecto
Logos cujo poder plasmador de entes externos já temos estudado. Mas o que plasma o Logos
Kundalini? Resposta: a totalidade do microcosmo; salvo o princípio do átomo germinal, ou
globo de akasa, que tem sido plasmado pelo Aspecto Logos, o Logos Kundalini é quem plasma
o Plano do desígnio pasu, quem o concretiza em toda a integridade funcional de seus órgãos.
O Aspecto Logos, como vimos, somente plasma “o centro” da matriz fonética, quer dizer, o
centro da capacidade de somente uma entre milhares de milhões de matrizes arquetípicas das
quais consta o desígnio pasu: mas desde esse centro, no qual fica contido um Verbo, um prin-
cípio plasmador ativo, continua a plasmação do Plano do desígnio pasu, plasmação que se efe-
tua SOBRE o globo de akasa, ou seja, exteriormente, porque sua potência conformadora opera
DESDE DENTRO ATÉ FORA do globo de akasa. Para compreender esta ação do Logos
Kundalini há que se imaginar ao princípio plasmador como uma FORÇA VIBRATÓRIA cujas
ONDAS se transmite através do globo transportando a informação do Plano. Em outros ter-
mos, e sem desdenhar as figuras alegóricas: O SOM DO LOGOS ATRAVESSA A DEL-
GADA MEMBRANA DO OVO GERMINAL; CADA “PALAVRA”, PRONUNCIADA
RÍTMICAMENTE, TEM O PODER DE PLASMAR UMA FORMA FORA DO OVO; EM
VERDADE, CADA “PALAVRA” É UMA MATRIZ FUNCIONAL DO DESÍGNIO
PASU; POR ISSO, PALAVRA APÓS PALAVRA, O LOGOS KUNDALINI VAI
“LENDO” O PLANO DO DESÍGNIO E O VAI PLASMANDO FORA, CONCRETI-
ZANDO-O EM SUA INTEGRIDADE ORGÂNICA; ESTA “LEITURA” A REALIZA
DIRETAMENTE DA COMPLEIÇÃO ANÍMICA ONDE ESTÁ REGISTRADO O
PLANO DO DESÍGNIO, OU SEJA, DO ÁTOMO GRAVIS INTERIOR AO OVO: TAL
ÁTOMO NÃO É MAIS QUE A EXPRESSÃO FÍSICA DA MÔNADA EVOLUTIVA DO
PASU E, EM SUA COMPLEIÇÃO, SE ENCONTRA GRAVADA A SUPER-SÉRIE ÔN-
TICO-TEMPORAL DE ESQUEMAS ANTERIORES. ASSIM, PELO PODER CRIADOR
DO VERBO, SE ESTRUTURA O MICROCOSMO EM TORNO AO OVO ORIGINAL;
O OVO, OU GLOBO DE AKASA, É O PRIMEIRO PLASMADO E O PRINCÍPIO
PLASMADOR DO MICROCOSMO; O “GLOBO DE AKASA” É O FUNDAMENTO

236
METAFÍSICO DO ORGANISMO MICRO-CÓSMICO; E O “PRINCÍPIO PLASMA-
DOR ATIVO” É QUEM CONFORMA A TODO ÓRGÃO, AJUSTANDO-A AO
PLANO PARTICULAR REGISTRADO EM SEU SETOR INATO E POSIBILITANDO
SUA EXISTÊNCIA INDIVIDUAL COMO ENTE INTERNO. À MEDIDA QUE A
PLASMAÇÃO SE VAI FAZENDO CADA VEZ MAIS EXTERIOR AO GLOBO DE
AKASA, OS ENTES INTERNOS QUE SE ORGANIZAM VÃO OCUPANDO MAIS ES-
PAÇO E, COM ISSO, VÃO INCORPORANDO MAIS MATÉRIA GRAVIS NA COM-
POSIÇÃO; O PODER PLASMADOR DO LOGOS KUNDALINI FAZ CORRESPON-
DER A CADA “PALAVRA”, OU SETOR INATO, UM ÓRGÃO; MAS OS SETORES
INATOS ESTÃO REGISTRADOS NA COMPLEIÇÃO DA ALMA, ENQUANTO QUE
OS ÓRGÃOS SE PRODUZEM COM NOVA MATÉRIA GRAVIS “SOBRE” AQUELES:
VALE DIZER, QUE O PODER DO LOGOS KUNDALINI VAI CONSTRUINDO UM
CORPO SOBRE OUTRO, UM ORGANISMO MATERIAL SOBRE UMA ENTIDADE
ANÍMICA; DAÍ QUE A ENTIDADE ANÍMICA SEJA CONSIDERADA COMO UM
“CORPO DUPLO” DO ORGANISMO MICROCÓSMICO. CADA ÓRGÃO CORRES-
PONDE A UM SETOR INATO DO “CORPO DUPLO” E, POR ISSO, SE AFIRMA QUE
O CORPO DUPLO “ANIMA” A TODO ÓRGÃO MICRO-CÓSMICO, CONCE-
DENDO-LHE SUA PARTICULAR VITALIDADE. NO CASO DO ÓRGÃO CERE-
BRAL, TAL ANIMAÇÃO ADQUIRE UMA CARACTERÍSTICA ESPECIAL POR-
QUANTO A ESTRUTURA NEUROFISIOLÓGICA PERMITE A MANIFESTAÇÃO
DA ALMA SOB A FORMA DE “SUJEITO ANÍMICO RACIONAL” OU RAZÃO. FI-
NALMENTE, QUANDO O GÉRMEN MICRO-CÓSMICO SE DESENVOLVE ORGÂ-
NICAMENTE EM TODA SUA INTEGRIDADE, O SUJEITO ANÍMICO OPERA NA
ESTRUTURA PSÍQUICA E CONSTRÓI A ESTRUTURA CULTURAL E O ESQUEMA
DE SI MESMO NA FORMA JÁ ESTUDIADA.
Somente cabe agregar que o globo de akasa, fundamento metafísico do “microcosmo”,
PERMANECE COMO TAL DURANTE TODO O DESENVOLVIMENTO DO CICLO
VITAL.
À medida que o organismo microcósmico se estrutura sobre sua base, o globo de akasa
vai ocupando um lugar cada vez mais INTERNO; por isso, em qualquer momento do ciclo
vital, o globo pode ser localizado NO INTERIOR do microcosmo, em um lugar próximo ao
setor inato do muladhara chacra, ou seja, a altura do osso sacro da coluna vertebral. Por esse
caráter de permanente interioridade que apresenta o globo de akasa é que a Sabedoria Hiper-
bórea o qualifica, também, de “NÚCLEO FONÉTICO DO GÉRMEN MICRO-CÓS-
MICO”: ou núcleo fonético, portanto, tem a capacidade da matriz fonética.
Empregando tal qualificação, se chega a definições semelhantes: O GÉRMEN MICRO-
CÓSMICO POSSUI UM NÚCLEO FONÉTICO NO QUAL RESIDE O PRINCÍPIO

237
PLASMADOR; SE O GÉRMEN SE DESENVOLVE, O NÚCLEO PERMANECE IMU-
TÁVEL DURANTE TODO O PROCESSO CÍCLICO, ASSEGURANDO INCLUSIVE,
POR CAUSA DE SUA “MISSÃO”, QUE O PROCESSO DESTE DESENVOLVI-
MENTO SE AJUSTE À “FUNÇÃO GERAL” DO ORGANISMO MICRO-CÓSMICO;
ENTRETANTO, O NÚCLEO PODE SER ANORMALMENTE ALTERADO PELAS
PRÁTICAS DE YOGA. O núcleo fonético, ou globo de akasa, não é, pois, INALTERÁVEL:
somente permanece assim durante o ciclo vital do gérmen microcósmico; entretanto, é uma
realidade que O OVO PODE SER QUEBRADO e que O PODER DO LOGOS KUNDA-
LINI PODE SER LIBERADO DENTRO DA CAPACIDADE DO ORGANISMO MI-
CRO-CÓSMICO. Esta alteração do núcleo fonético, esta ruptura do ovo germinal, constitui
sem dúvidas um grave erro estratégico para o virya desperto, SALVO QUE A MESMA SE
REALIZE SEGUNDO AS TÉCNICAS TÂNTRICAS HIPERBÓREAS, tal como se de-
monstram no artigo 'N' e no inciso “Possibilidades da via tântrica”.
Não há que insistir, por último, em que o gérmen microcósmico, tal qual tem sido des-
crito aqui, é metafisicamente análogo ao macrocosmo: o Plano do gérmen, contido no desígnio
pasu, é uma réplica do Plano do macrocosmo.
Particularmente notável, nesta analogia, é a correspondência entre o ovo germinal do
gérmen microcósmico, onde se encontra contido o Logos Kundalini, e o Ovo Primordial ma-
crocósmico: assim como a produção de um microcosmo é obra do Logos Kundalini operando
do ovo germinal, assim também a produção do macrocosmo é obra da VOX do Uno operando
desde o Ovo Primordial.

F – A FUNÇÃO GERAL ORGÂNICA.

Até aqui se tem descrito o aspecto “gerador” do Logos Kundalini, sua atividade primor-
dial como princípio plasmador e produtor do organismo microcósmico: o seguinte passo que
nos propomos é o de estudar a “missão” posterior do Logos Kundalini, a qual consiste, segundo
vimos, em “CONTROLAR A FUNÇÃO GERAL ORGÂNICA DO MICROCOSMO”.
Contudo, ainda não estamos preparados para dar esse passo.
Como sabemos, o Logos Kundalini produz o organismo microcósmico com o poder
plasmador de sua VOX, plasmando o desígnio pasu na região exterior do globo de akasa, mas
exercendo tal poder desde o interior do globo de akasa. Sobre este globo, que é seu suporte
essencial, cresce e amadurece o gérmen humano, desenvolvendo a estrutura orgânica micro-
cósmica SEGUNDO SUA FUNÇÃO GERAL.
Antes de explicar de que maneira cuida o Logos Kundalini que o desenvolvimento do
gérmen não se aparte da “função geral”, devemos nos assegurar de que se tem compreendido
com clareza este conceito.
238
Todo gérmen microcósmico se desenvolve completamente durante um CICLO VI-
TAL: no período de tal ciclo, a alma evolui de acordo a “função continua do progresso evolu-
tivo” cuja representação gráfica é a curva ELIX da figura 56. Em cada momento do desenvol-
vimento, quer dizer, em cada ponto da curva ELIX, o gérmen tem alcançado um grau evolutivo
e apresenta uma FORMA INDIVIDUAL; por isso, na figura 63, e para o exemplo particular
de um cavalo evolutivo, se tem mostrado que a cada ponto da função continua corresponde
uma “forma individual”, todas as quais formam uma “série ôntico-temporal”. Do mesmo
modo, podemos imaginar agora que, sobre a curva ELIX da figura 56, existe uma série de
formas individuais, cada uma das quais corresponde a um grau de desenvolvimento do gérmen
microcósmico; esta série ôntico-temporal completa, ou seja, desde a plasmação do globo de
akasa até a desintegração orgânica, tem a duração de um CICLO VITAL. Aplicando conceitos
já estudados, tem de ser claro o seguinte: O CONJUNTO DE TODAS AS FORMAS INDI-
VIDUAIS DA SÉRIE ÔNTICO-TEMPORAL DO PASU, DURANTE UM CICLO VI-
TAL, SE DENOMINA “ESQUEMA DE SI MESMO”.
Agora bem, a alma não se limita a evoluir durante um ciclo vital, e a desenvolver um
esquema de si mesmo, senão que sua experiência se estende a incontáveis ciclos vitais: em essa
pluralidade de vidas a alma vai ensaiando e selecionando todas as estruturas orgânicas que lhe
permitirão aperfeiçoar o microcosmo e cumprir o objetivo final de concretizar sua enteléquia.
Como o movimento anímico sempre obedece à função continua, e como em cada ciclo vital se
desenvolve um esquema de si mesmo particular, resulta que a função continua considerada em
sua máxima extensão revela uma SUPER-SÉRIE ÔNTICO-TEMPORAL, a saber, uma super
série de “esquemas de si mesmo”, como expressão concreta do progresso evolutivo. Todos os
esquemas da super série se incorporam à alma depois cada ciclo vital e se conservam perma-
nentemente nela codificados pelo desígnio pasu, ou seja, contidos na capacidade das matrizes
arquetípicas. Mas quando a alma anima o deslocamento de um gérmen microcósmico, cada um
de tais esquemas ocupa um setor inato do Registro Ôntico e subsiste como fundamento essen-
cial das funções particulares dos órgãos; CONTUDO, ESTA DISTRIBUIÇÃO NÃO SIG-
NIFICA A DECOMPOSIÇÃO DA SUPER-SÉRIE.
Em outras palavras, o fato de que os esquemas anteriores estejam distribuídos ESPA-
CIALMENTE, quer dizer, cada um em seu setor inato e distanciados entre si, não implica sua
desconexão enquanto membros da super série: PELO CONTRÁRIO, AINDA QUANDO
APAREÇAM DITRIBUIDOS SOB TODOS OS ÓRGÃOS DO ORGANISMO MICRO-
CÓSMICO, OS ESQUEMAS REGISTRADOS PERMANECEM SEMPRE UNIDOS NA
FUNÇÃO CONTÍNUA DO PROGRESSO EVOLUTIVO, NA CURVA ELIX. Em ver-
dade, todos os setores inatos, cujos esquemas determinam a função particular dos órgãos, estão
unidos na função continua do progresso evolutivo da alma, quer dizer, na função com que se

239
desloca o gérmen microcósmico em sua totalidade: por este caráter global, é que a função con-
tinua se a denomina, também, FUNÇÃO GERAL DO ORGANISMO MICRO-CÓSMICO.
Empregando o conceito do “significado como caminho”, podemos expressar alegorica-
mente esta importante conclusão: EXISTE NO ORGANISMO MICRO-CÓSMICO UM
CAMINHO EM ESPIRAL QUE VINCULA ENTRE SI A TODOS OS SETORES INA-
TOS DO REGISTRO ÔNTICO, A SABER, A TODOS OS CHAKRAS. Quando estudamos
o Registro Ôntico, já havíamos observado que o “fio de consciência” permite à Faculdade de
registrar do Aspecto Logos inferir os conteúdos de qualquer setor; agora compreendemos ao
fio de consciência, fio de significado continuo como se fosse um caminho que PASSA por
todos os setores inatos; mas o fio de consciência é somente um para cada alma e, alegorica-
mente, noutro inciso já o havíamos denominado CAMINHO ELIX, ainda que consideremos
particularmente A TRAMA QUE PASSA PELA ESTRUTURA PSÍQUICA.
Resulta assim que o “caminho” que vincula aos setores inatos, aos chacras, é o CAMI-
NHO DE ELIX considerado em sua máxima extensão, ou seja, “além da estrutura psíquica”.
À trama do caminho de ELIX que passa pelos setores inatos e conecta os distintos cha-
cras entre si, a Sabedoria Hiperbórea o denomina CANAL ELIX. Não obstante ser claro ao
que nos referimos ao falar de CANAL ELIX, convém advertir aqui sobre um erro muito fre-
quente no esoterismo sinárquico: referimo-nos às teorias ou “sistemas” que falam de “CA-
NAIS” ou “NADIS”, quer dizer, que afirmam a existência de uma pluralidade de vias que co-
nectam aos “centros” ou “vórtices” entre si. Contra tais teorias a Sabedoria Hiperbórea afirma
que se encontram fundamentada sobre erros gnosiológicos: NÃO EXISTE UMA PLURALI-
DADE DE CANAIS ASTRAIS OU ENERGÉTICOS, SENÃO “UM” SOMENTE CA-
NAL ELIX, “UM” SOMENTE CAMINHO ELIX, “UMA” SÓ FUNÇÃO GERAL. O erro
procede da impossibilidade que os Viryas perdidos têm para apreender a super série ôntico-
temporal em toda sua extensão evolutiva: a corrente é que uma falta de perspectiva metafísica
cause a impressão de que os “centros” ou chacras se encontrem vinculados a um EMARA-
NHADO de canais; se crê, então, estar frente a uma espécie de “estrutura astral”, uma estrutura
na qual os chacras seriam “nós” e os canais, ou nadis, os “enlaces”. Nem há o que dizer que
esta crença constitui um disparate: uma coisa é a estrutura orgânica microcósmica e outra muito
diferente a alma ou corpo duplo. A alma NÃO É UMA ESTRUTURA senão uma mônada
manifestada no plano material, ou seja, uma matéria plástica na qual está plasmada sua história
natural como super série ôntico-temporal de esquemas. Somente o defeito de observar a histó-
ria anímica, o ou Registro Ôntico, acometido de daltonismo gnosiológico explica a confusão
estrutural, a crença de que a alma possa consistir numa rede de canais de energia, analogamente
a um mero organismo material.

240
G – AÇÃO DE CONTROLE DO LOGOS KUNDALINI.

Voltando à missão do logos Kundalini, agora é possível explicar de que modo CON-
TROLA A FUNÇÃO GERAL ORGÂNICA DO MICROCOSMO.
Em primeiro lugar, reparemos em que a "função geral do organismo microcósmico" é
A FORMA DO PROCESSO EVOLUTIVO DO GÉRMEN MICRO-CÓSMICO. Ou, em
outras palavras: o desenvolvimento do processo evolutivo do gérmen adota a forma da função
geral. Mas a função geral, considerada em si mesma de quem toma sua forma? Resposta: da
matriz essencial. Isto é evidente porque a matriz essencial contém o Plano do microcosmo,
Plano que se desenvolve como super série ôntico-temporal no Registro ôntico de onde con-
forma o processo evolutivo do gérmen microcósmico, tanto na forma geral do organismo
como na forma particular dos órgãos. Assim, pois, é a "forma" da matriz essencial ou, com mais
precisão, sua CAPACIDADE, quem determina a função geral do organismo microcósmico.
De maneira semelhante, se pode afirmar que a função particular de um órgão adota a forma de
sua matriz funcional, quer dizer, sua CAPACIDADE.
Em segundo lugar, devemos considerar a possibilidade de que a função geral do orga-
nismo (ou a função particular do órgão) se DESVIE da forma da matriz essencial (ou da matriz
funcional): se isso ocorre, o processo evolutivo do organismo deixa de apontar até a finalidade
entelequial. É ENTÃO QUANDO O LOGOS KUNDALINI INTERVÉM PARA "CON-
TROLAR A FUNÇÃO GERAL".
Também o faz no caso do processo evolutivo de um órgão: se sua função particular se
DESVIA da forma da matriz funcional, então intervém o logos Kundalini para controlar a
função particular.
Há que esclarecer que o logos Kundalini se encontra disposto a intervir A TODO O
MOMENTO DO CICLO VITAL para controlar a função geral ou as funções particulares: SE
EM UM MOMENTO DADO DO PROCESSO EVOLUTIVO DE UM GÉRMEN MI-
CRO-CÓSMICO, SUA FUNÇÃO GERAL (OU PARTICULAR) SE DESVIA DA FORMA
DA MATRIZ ESSENCIAL (OU FUNCIONAL), ENTÃO, "NESSE MOMENTO", IN-
TERVÉM O LOGOS KUNDALINI PARA RESTABELECER A FORMA ARQUETÍ-
PICA DA FUNÇÃO.
Cabe perguntar como executa o logos Kundalini esta AÇÃO DE CONTROLE?
Resposta: É necessário distinguir dois casos: que a função geral do organismo microcós-
mico se tenha desviado da forma da matriz essencial ou que a função particular de um órgão se
tenha desviado da forma da matriz funcional; a ordem destes casos será mantida daqui em
diante, e nos referiremos a eles como "o primeiro caso" ou "o segundo caso". Em qualquer de
ambos os casos O MODO como o logos Kundalini intervém é o mesmo: EMITE SUA VOX,

241
DESDE O NÚCLEO FONÉTICO, E SUAS "PALAVRAS" CIRCULAM PELO CANAL
ESPIRIFORME, DETENDO-SE UM INSTANTE EM CADA CHAKRA PARA REPRO-
DUZIR SEU ESQUEMA; E SÓ A TRANSMISSÃO DE SUA VOX PELO CANAL ELIX
BASTA PARA CONTROLAR A FUNÇÃO GERAL E AS FUNÇÕES PARTICULARES.
No primeiro caso, por tratar-se de um desvio muito grande, a VOX transita o canal
ELIX de um extremo ao outro, detendo-se em cada setor inato e reproduzindo o esquema ali
registrado; mas como a VOX é um princípio plasmador ativo, sua reprodução equivale a uma
recriação efetiva do órgão esquematizado. Ao completar o percurso, o que acontece é que o
microcosmo íntegro tem sido recriado e, portanto, reorientado na função geral: o processo
evolutivo obedece então à função continua e o gérmen prossegue seu desenvolvimento que
aponta sem inconvenientes até a finalidade entelequial. Naturalmente, se por algum motivo a
função geral não consegue ser restabelecida, a VOX dispõe do poder suficiente como para
causar a desintegração orgânica do gérmen, ou seja, o fim do ciclo vital.
No segundo caso, quando o desvio afeta a função particular de um órgão, a VOX só
necessita chegar até o setor inato correspondente e reproduzir o esquema hereditário ali con-
tido, para determinar funcionalmente ao órgão e reintegrá-lo na função geral do organismo.
Deste modo, a missão do logos Kundalini assegura que a função geral, do processo
evolutivo do gérmen microcósmico, se AJUSTE à forma da matriz essencial. Por sua ação re-
guladora o organismo microcósmico tenderá indefectivelmente até a finalidade entelequial, ou
seja, até o limite da função geral: essa finalidade, esse limite, é o “objetivo microcósmico da
finalidade do pasu", vale dizer, a autonomia ôntica.
Entendemos melhor, agora, em que consiste a missão do logos Kundalini: em CON-
TROLAR que a função geral do organismo microcósmico não se desvie da forma da matriz
essencial. E temos visto, também de que modo executa esse CONTROLE: com somente cir-
cular com sua VOZ PLASMADORA pelo canal ELIX consegue corrigir o desvio da função
geral.
Sem embargo, para alcançar uma compreensão total da missão do logos Kundalini, ainda
nos falta estabelecer como adverte tal desvio. Mas a resposta é muito simples, ainda que os
conceitos implicados signifiquem extrema complexidade: o logos Kundalini adverte que existe
um DESVIO quando o processo evolutivo do gérmen microcósmico se torna INSTÁVEL. O
contrário também é certo: existe CONTROLE quando o processo evolutivo demonstra ES-
TABILIDADE. Daí que uma definição mais rigorosa da missão do logos Kundalini afirme que
esta consiste em MANTER A ESTABILIDADE DO PROCESSO EVOLUTIVO DO GÉR-
MEN MICRO-CÓSMICO: A "ESTABILIDADE" (DO PROCESSO EVOLUTIVO DO
GÉRMEN MICROCÓSMICO) É OPOSTA AO "DESVIO" (DA FUNÇÃO GERAL DO

242
ORGANISMO MICRO-CÓSMICO); QUANTO MAIOR ESTABILIDADE DO PRO-
CESSO EVOLUTIVO, MENOR DESVIO DA FUNÇÃO GERAL e VICEVERSA.
Indubitavelmente, todo o peso da definição repousa sobre o conceito de ESTABILI-
DADE: isso nos indica que é necessária uma prévia explicação deste conceito para compreen-
der com rigor a missão do logos Kundalini. Agora bem, a "estabilidade" a que se refere à defi-
nição tem o significado específico de "ESTABILIDADE ORGÂNICA", o que exige uma ex-
plicação ESTRUTURAL do conceito. Mas uma explicação tal não pode ser mais complexa,
pelo que nos aproximaremos sistematicamente ao significado proposto, começando no se-
guinte artigo com uma definição geral da estabilidade. Logo, no artigo 'I', se descreverá um
"conceito prévio" (a noção de "estabilidade orgânica") que será empregado no artigo 'J' como
fundamento da definição estrutural de estabilidade.

H – CONCEITO GERAL DE ESTABILIDADE.

Do modo mais geral, a palavra “ESTABILIDADE” significa a PERMANÊNCIA ou


DURAÇÃO de uma coisa; por exemplo, um corpo em EQUILÍBRIO será “ESTÁVEL” en-
quanto permaneça ou dure nesse estado. Mas a missão do logos Kundalini consiste em “manter
a estabilidade do processo evolutivo do gérmen microcósmico”: o que nos interessa conhecer
é a “estabilidade de um processo”, a saber, de algo em MOVIMENTO, de um fenômeno so-
mente descritível em função de suas magnitudes variáveis. Isso não será difícil, pois a estabili-
dade não só alcança ao que permanece imutável: O MOVIMENTO TAMBÉM PODE SER
“ESTÁVEL”. Referido exclusivamente ao movimento de um processo evolutivo, o “conceito
geral de estabilidade” afirma que: UM MOVIMENTO SERÁ ESTÁVEL CASO SE MAN-
TENHA A TODO O MOMENTO A RAZÃO DE SUA MUDANÇA.
Para explicar o conceito geral há que começar por estudar em que consiste o movimento
do processo evolutivo. Por meio de uns exemplos, o primeiro dos quais considera ao movi-
mento como um simples deslocamento de um corpo, vamos pôr em relevo que todo processo
se caracteriza por duas funções as quais há que saber distinguir com clareza.
Apliquemos, por exemplo, o conceito geral a um corpo que cai livremente até a Terra:
sem nenhuma dúvida seu movimento é “estável”, pois em todo momento se mantém a razão
de sua mudança; a esta razão se a conhece como LEI DA GRAVIDADE UNIVERSAL. Em
particular, o movimento de um Arquétipo, ou seja, o PROCESSO EVOLUTIVO é estável
quando se mantém a razão de sua mudança: a esta razão temos definido como “lei de evolução”
ou “função continua do progresso evolutivo”. As estruturas vivas, tais como os entes vegetais
e os animais, crescem e se desenvolvem segundo um processo evolutivo e por isso é habitual
falar, por exemplo, da “estabilidade” no crescimento de uma planta quando seu desenvolvi-
mento responde a lei de evolução. No caso do gérmen microcósmico, e aqui é onde se vê a

243
propriedade da finalidade, é evidente que seu processo evolutivo será ESTÁVEL enquanto se
mantenha fiel à função geral, que é A RAZÃO DE SUA MUDANÇA.
Com estes exemplos se evidencia a validade do conceito geral: A ESTABILIDADE DE
UM PROCESSO EVOLUTIVO EXIGE A PERMANÊNCIA DA RAZÃO DE SUA MU-
DANÇA. Mas agora sabemos muito mais sobre o movimento, pois tal exigência IMPLICA
QUE O MOVIMENTO TEM DE OBEDECER FIELMENTE A UMA LEI OU FUN-
ÇÃO: bem que se mire, temos efetuado, no processo, a distinção entre o MOVIMENTO e a
LEI UNIVERSAL que o rege. Tal distinção é, logo, puramente analítica, mas nem por isso
carente de fundamentos reais: sem esquecer que no fenômeno real TODAS as variáveis do
processo evolutivo estão ligadas estruturalmente, não há inconvenientes para estudar cada uma
delas em função de suas relações mútuas. Somente assim poderemos compreender a essência
da estabilidade, pois “a permanência da razão de sua mudança”, exigida ao processo, SO-
MENTE pode ser explicada como uma RELAÇÃO DE EXATIDÃO entre o movimento e
sua lei.
A fim de que a explicação seja clara convém gerar as definições para “todo processo
evolutivo”.
Todo processo evolutivo se caracteriza por duas coisas: o MOVIMENTO, real e com-
plexo, com o que se desenvolve e a LEI UNIVERSAL que rege ao movimento e a qual este
tende a obedecer.
O “MOVIMENTO REAL” do processo é um movimento resultante da ação combi-
nada de todas as variáveis “internas” do fenômeno, ou seja, é o movimento total e exterior do
fenômeno: toda interação entre externos se concretiza entre os MOVIMENTOS REAIS de
seus respectivos processos evolutivos. Do ponto de vista analítico, o MOVIMENTO real de
todo processo recebe, também, o nome de “FUNÇÃO REAL”; a função real é uma variável
dependente da lei universal.
Por outra parte, a LEI universal que rege ao movimento real recebe distintas qualifica-
ções segundo contexto da definição: FUNÇÃO IDEAL, FUNÇÃO ARQUETÍPICA, FUN-
ÇÃO PADRÃO e FUNÇÃO PRÉ-ESTABELECIDA. Aqui vamos explicar brevemente o
porquê de tais qualificações e depois as empregaremos indistintamente, quer dizer, sinonima-
mente, para referirmos à lei universal de todo processo evolutivo.
Em oposição à função real do processo, se denomina FUNÇÃO IDEAL à lei universal
que rege o movimento, distinta do movimento mesmo, porque tal lei não pode ser diretamente
apreendida da realidade do fenômeno senão que deve ser inferida idealmente a partir da obser-
vação empírica. O “movimento real” é, logo, sumamente complexo, pois o integra a totalidade
das variáveis físicas em que se manifesta o impulso evolutivo do Arquétipo universal: toda es-

244
pécie energética ou função orgânica, por exemplo, são variáveis internas que integra o movi-
mento real do processo evolutivo de um ente. Para justificar a qualificação de FUNÇÃO
IDEAL que se dá à lei universal que rege ao movimento real vamos recorrer a um exemplo
simples no qual o movimento se reduz a “translação de corpos”: as conclusões obtidas poderão
logo, por indução análoga, ser estendidas a outras formas de movimento, pois uma “lei univer-
sal” pode reger a qualquer tipo de movimento, tanto energético como funcional ou orgânico.
Se com as mesmas condições iniciais, coincidência de tempo e imediação de espaço, se
permite que um conjunto de corpos semelhantes se dirija até a terra em “fica livre”, se compro-
vará que o movimento ESPECÍFICO de cada exemplar é ligeiramente diferente ao do outro;
porém, se afirma que a todos os movimentos os alcançam os GERAIS da lei da gravidade
universal; vale dizer que, apesar de suas diferenças específicas, os movimentos TENDEM A
AJUSTAR-SE a uma lei universal; mas esta lei, que por estar regendo a todos os movimentos
reais específicos tem de estar “além de todos eles”, deve ser inferida pela observação e COM-
PARAÇÃO, ou seja, pela APLICAÇÃO de uma função real sobre outra para comprovar as
analogias específicas e determinar o GÊNERO da lei universal; e uma APLICAÇÃO tal, por-
tanto, só pode ser realizada por um sujeito sistemático, ou seja, pelo sujeito cultural na estrutura
cultural. É evidente que uma lei GERAL assim inferida, pela aplicação sistemática das funções
reais específicas, é somente um CONCEITO FATIA da estrutura cultural, uma função de fun-
ção, uma IDÉIA: daí a qualificação de FUNÇÃO IDEAL que se atribui à lei universal que rege
o movimento real de todo processo evolutivo. Em geral, a função ideal é um conceito cuja
extensão abarca a todos os movimentos reais específicos que sua descrição compreende. Agora
bem, a conclusão de que a lei universal que rege ao movimento real é uma função IDEAL não
implica de nenhum modo sua INEXISTÊNCIA: que uma função seja IDEAL somente signi-
fica que EXISTE NOUTRO PLANO, que PERTENCE A OUTRA ORDEM DE EXIS-
TÊNCIA. Mas tampouco deve crer-se que, por estar situada em um PLANO IDEAL, a lei
universal, ainda que existente, seja um ente meramente imaginário: pelo contrário, todo o ima-
ginário ou ideal recebe sua fundamentação sêmica da memória arquetípica, a qual é cópia inver-
tida, ou reflexo do plano arquetípico macrocósmico. Assim, tudo o que é IDEAL é também
ARQUETÍPICO e é por isso que a FUNÇÃO IDEAL se a qualifique, também, de FUNÇÃO
ARQUETÍPICA.
Mas a fronteira entre a espécie e o gênero “assinala o limite da certeza racional” para o
virya desperto como é, pois, que ACEITAMOS A EXISTÊNCIA das leis universais se as mes-
mas são somente conceitos genéricos? Resposta: porque as leis universais possuem um funda-
mento ôntico do qual carecem de outros conceitos universais ou genéricos; tal fundamento
radica nas matrizes funcionais do desígnio dos entes e, portanto, isso indica que a revelação das
leis está prevista para o homem. Para vê-lo com clareza há que se afirmar a ENTIDADE de
todo processo evolutivo: desse modo a existência individual de um processo, enquanto que

245
ente depende da concorrência de duas finalidades, uma universal e outra particular; a finalidade
universal é o IMPULSO EVOLUTIVO que, em si mesmo, é análogo ao de todos os Arquéti-
pos universais; vale dizer: O IMPULSO EVOLUTIVO É UM SER UNIVERSAL; mas o im-
pulso evolutivo é a causa eficaz do MOVIMENTO REAL do processo e, por isso, a este mo-
vimento vamos denominar NATUREZA LEGAL do processo. Por outra parte, sabemos que
em todo ente específico o desígnio particular é quem determina a natureza universal que lhe
concede o Arquétipo; mas o desígnio é, na realidade, um Plano composto por uma série de
matrizes arquetípicas: a matriz essencial desta série é quem determina a natureza universal ôntica
e determina “esse” ente específico; na matriz essencial, como parte de seu Plano, está integrado
o “desígnio caracol”, o qual consta de uma série de matrizes funcionais: tais matrizes determi-
nam as LEIS UNIVERSAIS que regem o movimento da energia em qualquer de suas manifes-
tações típicas; pois bem: SÃO AS MATRIZES FUNCIONAIS QUEM PÕEM FINALI-
DADE A “NATUREZA LEGAL” DO PROCESSO, A SABER, AO MOVIMENTO
REAL DO PROCESSO EVOLUTIVO; somente pela ação determinante das matrizes funci-
onais o movimento real adquire existência individual específica, se ajusta a uma lei, mantém a
razão de sua mudança e se torna estável. É assim que o movimento real, ou qualquer de suas
variáveis internas componentes, aparece regido por leis especiais, leis que logo o sujeito sintetiza
e gera como “leis universais”.
Fica claro agora que a forma das leis universais, ou seja, das FUNÇÕES IDEAIS está
determinada pelas matrizes funcionais do desígnio; mais precisamente: TODA “LEI UNIVER-
SAL” É A DESCRIÇÃO NUMA LINGUAGEM HABITUAL DA CAPACIDADE DE
UMA MATRIZ FUNCIONAL.
Resumindo o que temos visto sobre o processo evolutivo, distinguimos nele duas coisas:
o movimento real, ao que temos denominado “natureza legal do processo”, e a lei universal ou
função ideal, ou seja, a capacidade da matriz funcional que conforma ao movimento real. Com
tal distinção: A NATUREZA LEGAL, EM QUE CONSISTE O MOVIMENTO REAL DO
PROCESSO, PÕE FINALIDADE INDIVIDUAL A MATRIZ FUNCIONAL; O MOVI-
MENTO REAL TENDE ENTÃO A “AJUSTAR-SE” À FORMA DA MATRIZ FUNCI-
ONAL E, POR ISSO, SE DIZ QUE “OBEDECE” A UMA LEI UNIVERSAL E, TAM-
BÉM, QUE É “ESTÁVEL”.
A lei universal, segundo se vê, exerce um poder conformador ou MATRICIAL sobre o
movimento real e daí que, além do mais, se a qualifique de FUNÇÃO PADRÃO.
As matrizes funcionais, como sabemos, são capacidades fixas, registradas nos entes para
conformar os movimentos energéticos ou as funções orgânicas; pelo que acabamos de ver, tais
capacidades são a “matriz” das leis universais, ou FUNÇÕES IDEAIS E ARQUETÍPICAS,
que determinam ao movimento real, ou FUNÇÃO REAL, do processo evolutivo. Mas, por

246
estarem registradas no ente, as leis universais permanecem sempre fixas ainda quando confor-
mam as variáveis por elas determinadas: de modo PRÉESTABELECIDO a lei universal ou
função ideal vem a causar a forma do movimento real ou função real do processo evolutivo e
por isso, também recebe a qualificação de FUNÇÃO PRÉ-ESTABELECIDA.
Agora que sabemos distinguir com clareza entre a função real e a função ideal, que
intervém no processo evolutivo de todo ente, poderemos compreender o conceito geral de
“estabilidade”. Este conceito afirma que “um processo evolutivo é estável se se MANTÉM em
todo momento a razão de sua mudança”; mas a análise do processo nos mostrou que “a razão
de sua mudança” é a lei universal ou matriz funcional que conforma ao movimento real: a
conclusão disto é que A ESTABILIDADE DEPENDE DE QUÃO FIELMENTE SE
AJUSTE A FUNÇÃO REAL À FORMA DA FUNÇÃO IDEAL PRÉ-ESTABELECIDA.
Para compreender a estabilidade de um processo evolutivo, então, há que se observar o
modo como a função real tende a ajustar-se à função ideal, ou seja, o modo como o movimento
real obedece à lei universal. E uma observação tal, para ser efetiva, deve realizar-se INSTANTE
POR INSTANTE, simultaneamente, em ambas as funções. Em outras palavras, é possível
considerar analogamente as funções real e ideal como variáveis analíticas, ligadas funcional-
mente entre si, e observar os pares ordenados de valores: A RELAÇÃO ENTRE UM PAR
ORDENADO DE VALORES DAS FUNÇÕES REAL E IDEAL NOS DARÁ UMA IN-
DICAÇÃO “INSTANTÂNEA” DA ESTABILIDADE. O valor instantâneo da estabilidade
se define, assim, como uma RELAÇÃO PONTUAL entre as funções real e ideal.
É evidente que a sucessiva observação do valor instantâneo da estabilidade em um pro-
cesso evolutivo permite tratar a esta como se fosse uma função dependente, por sua vez, das
funções real e ideal: A ESTABILIDADE, COMO FUNÇÃO ANALÍTICA, SE DENO-
MINA “FUNÇÃO DE AJUSTE” DO PROCESSO EVOLUTIVO, E A CADA VALOR
INSTANTÂNEO “RELAÇÃO DE EXATIDÃO”. Quando entre uma função real e uma
função ideal preestabelecida se verifica uma “função de ajuste” se afirma que a função real está
REGULADA pela função ideal, ou bem que o movimento real está REGULADO por uma lei
universal. O estudo da estabilidade sob a forma de “função de ajuste” dos processos evolutivos,
e de seus valores instantâneos como “relações de exatidão”, é o objeto da “Teoria de Controle
dos processos evolutivos” que se desenvolve na Estratégia psicossocial da Sabedoria Hiperbó-
rea.
Como se determina a “relação de exatidão”, ou seja, o valor instantâneo da estabilidade?
Resposta: pela DIFERENÇA (Dif.) pontual entre os valores correspondentes das funções real
e ideal: A Dif. É A MEDIDA DA EXATIDÃO; se entre dois valores correspondentes das
funções real e ideal existe uma Dif. apreciável, isso indica uma “falta de exatidão” ou instabili-
dade; quanto maior é a Dif. tanto maior é a instabilidade e instabilidade menor é a Dif. tanto
maior é a estabilidade instantânea do processo evolutivo; a Dif., e a estabilidade instantânea são,

247
pois, INVERSAMENTE PROPORCIONAIS; assim, a máxima estabilidade se alcança
quando a Dif. é mínima, ou seja, quando a Dif. é igual a zero, momento no qual o ponto da
função real se tem identificado com o ponto correspondente da função ideal.
Esta resposta implica, como veremos a execução de uma OPERAÇÃO DE COMPA-
RAÇÃO entre ambas as funções tal que permita estabelecer a Dif. em cada um dos pares or-
denados que as relacionem. Semelhante operação só pode consistir na APLICAÇÃO PON-
TUAL de uma função sobre outra para exaltar suas diferenças; em outros termos: se cotejam
ambas as funções e se realiza uma espécie de contraste matemático que destaca as diferenças
(Dif.) pontuais como valores instantâneos da estabilidade. Se, como resultado da aplicação pon-
tual, se comprova que a função real coincide EXATAMENTE com a função ideal, isso significa
que a estabilidade é máxima. A condição para que a estabilidade de um processo evolutivo seja
máxima é, pois, que a função real se ajuste exatamente à função ideal pré-estabelecida; tal EXA-
TIDÃO implica que a função real tem de obedecer, PONTUAL E FIELMENTE, a função
ideal em todo seu percurso. É evidente que no caso de estabilidade máxima, quando a função
real coincide exatamente com a função ideal, NÃO EXISTE DIFERENÇA (Dif.) APRECI-
ÁVEL ENTRE AMBAS AS FUNÇÕES. Daí a estranha consequência de que a “função de
ajuste”, para o caso de estabilidade máxima, É NULA EM TODOS SEUS PONTOS. Isto se
entenderá melhor se nos referirmos à estabilidade instantânea: A MÁXIMA ESTABILIDADE
INSTANTÂNEA SE ALCANÇA NO MOMENTO EM QUE UM PONTO DA FUNÇÃO
REAL SE IDENTIFICA COM UM PONTO CORRESPONDENTE DA FUNÇÃO
IDEAL; NESSE MOMENTO, OS VALORES DE AMBAS AS FUNÇÕES SÃO IDÊNTI-
COS E, PORTANTO, NÃO EXISTE DIFERENÇA (Dif.) ENTRE ELES, VALE DIZER,
A DIFERENÇA É IGUAL A ZERO. No caso considerado, de máxima estabilidade durante
todo o desenvolvimento do processo evolutivo, não poderá detectar-se a Dif. pontual em ne-
nhum momento, pois a função real está permanentemente identificada com a função ideal: por
isso a “função de ajuste” é continuamente nula.
Mas o caso de “estabilidade máxima” expressa um limite que raramente se alcança na
realidade: o “normal” é que a função real TENDA a ajustar-se à função ideal, APROXI-
MANDO-SE progressivamente a sua lei universal. O modo como essa aproximação tem lugar
determina a forma da função de ajuste: por isso, o estudo da forma da função de ajuste permite
compreender e validar o grau de estabilidade de um processo evolutivo. Das incontáveis formas
que pode adotar a função de ajuste aqui só vamos examinar as duas mais significativas, isto é,
aquelas que representam os casos de “alta estabilidade” e de “instabilidade”.
No quadrante análogo da figura 64, se tem destinado o eixo de abscissas para representar
valores da função ideal e o eixo de ordenadas para valores da função real; desse modo a cada
ponto do quadrante (Fn, Fi) corresponde um par ordenado e, cada ponto do quadrante, repre-

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senta uma RELAÇÃO das funções real e ideal. Se denominarmos RELAÇÃO DE EXATI-
DÃO a tais pontos, devemos admitir que toda curva traçada sobre o quadrante, representa um
caso típico de “função de ajuste” e que a forma da curva expressa simbolicamente a variação
da estabilidade.

A curva senoidal da figura 64 nos mostra o caso de INSTABILIDADE MÁXIMA: isso


ocorre quando a função de ajuste OSCILA em torno da função ideal. A máxima estabilidade,
portanto, está SOBRE O EIXO (Fi), ou seja, sobre a lei universal: até o eixo deveria tender a
função de ajuste para estabilizar o processo, coisa que jamais poderá fazer se reveste forma
senoidal. Deste modo o processo evolutivo é instável, pois sua função real nunca coincidirá
exatamente com a função ideal pré-estabelecida.
Na figura 65 vemos o caso em que a função de ajuste tem forma de onda senoidal ATE-
NUADA: neste caso a estabilidade é alta porque a amplitude da função de ajuste DECRESCE
continuamente tendendo a zero. Isso faz com que o processo se torne cada vez mais estável,
alcançando a estabilidade máxima quando a função de ajuste seja nula. O modo de aproximação
a estabilidade máxima pode visualizar-se melhor observando a CURVA ENVOLVENTE SU-
PERIOR, a qual mostra claramente como a função real TENDE até a função ideal. Esta curva
envolvente é, particularmente, uma função logarítmica; em consequência a função real tende
logaritmicamente a ajustar-se à função ideal.

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O problema de estabilizar um processo instável consiste segundo se vê, em ATENUAR
a oscilação da função de ajuste: o efeito de atenuar consiste em diminuir continuamente, em
relação a uma função logarítmica, a AMPLITUDE da função de ajuste (ver figura 65). Isto
demonstra que a estabilidade está em relação com a AMPLITUDE; mas, o que significa tal
relação? Resposta: a AMPLITUDE da onda senoidal, que representa a função de ajuste, é a
medida do DESVIO que existe entre a função real e a função ideal. Para comprová-lo façamos
o seguinte raciocínio: Primeiro - se há amplitude, há desvio; Segundo - se a amplitude é cons-
tante o processo é instável, pois a função de ajuste oscila constantemente sobre o eixo da função
ideal: neste caso (ver figura 64) o DESVIO, quer dizer, a medida da AMPLITUDE, é também
constante; TODO VALOR CONSTANTE DO DESVIO ASSEGURA A INSTABILI-
DADE DO PROCESSO; Terceiro - se a amplitude decresce continuamente, como na figura
65, O DESVIO TENDE A ZERO; isso indica que em um limite a função real se igualará com
a função ideal, o que constitui um caso típico de estabilidade; Quarto - se a amplitude da função
de ajuste fosse continuamente igual a zero NÃO EXISTIRÍA DESVIO: a função real estaria
ajustada exatamente à função ideal, estaria “sob o controle” desta: este é o caso de estabilidade
máxima. Quinto - cada valor de amplitude da função de ajuste é uma RELAÇÃO DE EXA-
TIDÃO pontual entre as funções real e ideal, cuja medida está dada pela DIFERENÇA (Dif.);
mas cada valor da amplitude representa igualmente ao DESVIO INSTANTÂNEO entre as
funções real e ideal; em consequência: O DESVIO INSTANTÂNEO É IGUAL À DIFE-
RENÇA (Dif.).
Por outra parte, à esquerda de ambas as figuras se têm representado em um círculo uni-
tário ao rotor gerador da função de ajuste. Na figura 64, se trata de um raio vetor de módulo
FIXO e unitário, cujo giro circular produz a função senoidal. Na figura 65, o raio vetor tem um
módulo que diminui constantemente enquanto gira; quer dizer: a longitude do raio vetor se
encurta a cada passo; ao cabo de certo número de voltas o módulo se anula e o raio vetor
desaparece no centro do círculo unitário; sem embargo, nesse percurso, seu movimento tem
tomado a forma de uma espiral; a projeção de dita espiral sobre o quadrante análogo é a função
de ajuste em forma de senóide atenuada. Todas estas formas relativas à função de ajuste, tanto
a senóide como a senóide atenuada, a espiral ou a envolvente logarítmica, são descrições analí-
ticas de algumas matrizes funcionais do desígnio caracol.
Com isto fica claro que a estabilidade de um processo evolutivo implica a permanência
da razão de sua mudança, ou seja, a obediência fiel de seu movimento a uma lei universal ou
função ideal: um processo é estável se seu movimento se ajusta exatamente, ou tende a uma
função pré-estabelecida. A estabilidade se obtém exercendo CONTROLE sobre a função real
para que esta se identifique com a função ideal pré-estabelecida: o efeito do controle se verifica
sobre a função de ajuste, ou seja, sobre a relação analítica entre as funções real e ideal. O objetivo

250
do controle consiste em neutralizar o DESVIO, ou seja, em levar a zero a DIFERENÇA INS-
TANTÂNEA (Dif.) entre ambas as funções. Para conseguir este resultado HÁ QUE SE DO-
TAR A FUNÇÃO REAL, A CADA INSTANTE, DE UM VALOR INVERSO AO QUE
INDICA A DIFERENÇA (Dif.): DESSE MODO SE NEUTRALIZA O DESVIO E A
FUNÇÃO REAL SE IDENTIFICA COM A FUNÇÃO IDEAL, ASSEGURANDO-SE A
ESTABILIDADE DO PROCESSO.
O valor negativo da diferença (-Dif.) se denomina FATOR DE AJUSTE. A adição ins-
tantânea do fator de ajuste (-Dif.) a função real permite CORRIGIR SEU DESVIO e por isso
se diz que o movimento está “REGULADO”: esta “OPERAÇÃO DE ADIÇÃO INSTAN-
TÂNEA DO FATOR DE AJUSTE” (-Dif.) recebe o nome de RETRO-ALIMENTACIÓN
ou RETROAÇÃO (FEEDBACK).
Com mais precisão, o CONTROLE é uma operação que consiste em detectar a DIFE-
RENÇA INSTANTÂNEA (Dif.), entre a função real e a função ideal, e RETRO-ALIMEN-
TAR a função real com o FATOR DE AJUSTE (-Dif.), ou seja, com o valor inverso da dife-
rença (Dif.): a função real, assim regulada, tende a ajustar-se exatamente à função ideal, man-
tendo-se permanente “a razão de sua mudança”, vale dizer, assegurando-se a estabilidade do
processo evolutivo.
É possível afirmar estas conclusões no contexto orgânico e definir estruturalmente ao
conceito de estabilidade para compreender a missão do logos Kundalini. Entretanto, antes de
encarar tal definição, haverá que explicar o conceito complementar imprescindível que descreve
a ideia de “DUAS COISAS PERTENCENTES A ORDENS DIFERENTES, ANÁLOGOS
E CORRELATAS, RELACIONADAS ENTRE SI POR UM PROCESSO DE IDENTIFI-
CAÇÃO UNÍVOCA”.
A este conceito vamos denominar, adiante, “CONCEITO PRÉVIO” e vamos explicar
no seguinte artigo.

I – CONCEITO PRÉVIO.

A ideia que há que captar é a de DUAS COISAS PERTENCENTES A ORDENS


DIFERENTES, ANALOGAS E CORRELATAS, RELACIONADAS ENTRE SI POR UM
PROCESSO DE IDENTIFICAÇÃO UNÍVOCA. Antes de mostrar com exemplos o que
podem ser estas coisas, há que esclarecer os termos do enunciado para evitar confusões. Em
primeiro lugar, as “ORDENS” são os PLANOS DE EXISTÊNCIAS das coisas; tais “OR-
DENS” são “DIFERENTES” se estão opostas, como, por exemplo, o está o EXTERIOR a
o INTERIOR, o REAL e o IDEAL, etc., quando dizemos “ente externo” e o opomos a “ente
interno”, se entende que nos referimos a duas coisas que existem em diferentes planos, em duas
ordens distintas do mundo. O fato de empregar a palavra “ORDEM” em lugar de “PLANO”

251
implica a presença de um VALOR assinalado a cada membro ordenado; pode variar o critério
para assinalar um valor maior ou menor ao exterior e ao interior, mas é difícil supor que têm O
MESMO valor: para alguns o exterior está em uma ordem superior com respeito ao interior ou
vice-versa; para outros o ideal é eminentemente superior ao o real ou vice-versa; etc. Em se-
gundo lugar os planos de existências das coisas são ANÁLOGOS se for possível estabelecer
entre ambos uma “correspondência biunívoca”, ou seja, uma relação tal que, a cada ponto de
um plano, corresponde um ponto equivalente no plano análogo, e vice-versa; entre dois planos
tais sempre será possível projetar uma coisa de um plano ao outro, de tal modo que o projeto
conserve invariantes as propriedades topológicas da coisa; aqui vamos exigir também que o
projeto conserve invariante sua função orgânica, a saber, que exista INVARIÂNCIA ESTRU-
TURAL: com estas condições, a COISA e seu PROJETO, são ANÁLOGOS. Por outra parte,
dois planos análogos são CORRELATOS quando se estabelece entre ambos um paralelismo
temporal, ou seja, quando entre duas coisas análogas, uma em cada plano, sucede uma projeção
continua.
Finalmente, entre duas coisas ocorre um PROCESSO DE IDENTIFICAÇÃO quando
AMBAS tendem a fundir-se numa UNIDADE INDIVISÍVEL; em compensação, o PRO-
CESSO DE IDENTIFICAÇÃO é UNÍVOCO quando UMA das duas coisas é a que tende a
identificar-se com a outra: é o caso, por exemplo, de duas coisas A e B, situadas em planos
análogos e correlatos, entre as quais se estabelece uma PROJEÇÃO UNÍVOCA com o fim de
verificar sua analogia, ou seja, uma projeção em um só sentido, por exemplo, A sobre B; se são
análogas, B será a projeção de A; nesse caso, ao projetar continua e univocamente A sobre B
ocorre um PROCESSO DE IDENTIFICAÇÃO UNÍVOCA DE B com A, vale dizer, a PRO-
JEÇÃO tende a identificar-se com o PROJETO, a CÓPIA tende a identificar-se com o ORI-
GINAL.
Até aqui esclarecemos os termos; agora vamos exemplificar o conceito prévio para tor-
nar evidente seu significado.
Há muitos exemplos que poderiam ilustrar o conceito prévio, alguns de grande rigor
metodológico, mas aqui vamos remetermos a um lugar comum, a um exemplo de extrema
sensibilidade e vulgaridade, cuja trivialidade tem a vantagem de tornar obvio seu significado.
Poderemos, depois de compreender um exemplo tal, evidente por si mesmo, estender o con-
ceito aos casos mais gerais; vamos a considerar, pois, o caso do homem que PROJETA executar
uma obra, um OPUS; em princípio, analisaremos o caso do escultor, cuja “obra” é a “estátua
de pedra”.
O escultor, ponhamos ao acaso a Michelangelo e sua OPUS “Davi”, em um primeiro
momento só dispõe da IDÉIA da OPUS e da pedra bruta sobre a qual PROJETA concretizar
tal ideia. Michelangelo contempla a pedra bruta e nela “vê”, projetada, sua representação de
Davi; então toma o martelo e o cinzel e, por meio de golpes adequados, tenta REALIZAR o

252
projeto: trata de quitar a “pedra sobressalente” e conseguir, assim, que a pedra bruta se con-
forme ao projeto, se AJUSTE à ideia da OPUS. E momento a momento, à medida que o PRO-
CESSO escultórico progride, a pedra vai tomando a forma do projeto, quer dizer, a pedra RE-
ALMENTE se transforma em Davi; a ideia se faz realidade, se concretiza na Opus lítica; a
forma de Davi, ANÁLOGA à ideia de Davi imaginada e projetada por Michelangelo, qual se
emergisse dela, se vai corporizando na pedra bruta. Ao final virá o polimento, o AJUSTE FINO
da OPUS ao PROJETO: mediante um controle cuidadoso do processo de esculpir, Michelan-
gelo procurará que a Opus se pareça o mais possível ao projeto.
Em verdade, a intenção de Michelangelo é que, finalmente, a obra se IDENTIFIQUE
com o projeto, que a Opus Davi se confunda com a ideia Davi, numa entidade inseparável.
Ainda que trivial este exemplo seja perfeitamente claro para patentear o significado do
conceito prévio. Antes de tudo, notemos que temos tratado nele de DUAS COISAS: o PRO-
JETO e a OPUS. Pois bem, estas DUAS COISAS pertencem a DUAS ORDENS DIFEREN-
TES, ANÁLOGAS E CORRELATAS: o PROJETO é próprio da ORDEM IDEAL, en-
quanto que a OPUS se concretiza na ORDEM REAL. Mas também é evidente que, entre am-
bas as coisas, existe um PROCESSO DE IDENTIFICAÇÃO: o movimento transformador
do processo escultórico tende a identificar finalmente a Opus com o projeto.
A atividade do escultor nos mostra, de modo exemplar, o significado de DUAS COISAS
PERTENCENTES A ORDENS DIFERENTES, ANÁLOGAS E CORRELATAS, RELA-
CIONADAS ENTRE SI POR UM PROCESSO DE IDENTIFICAÇÃO UNÍVOCA. Sem
embargo, ainda não vamos aplicar o conceito prévio para definir a estabilidade estrutural, pois
convém fazer aqui um importante esclarecimento: NEM SEMPRE A ORDEM DAS COISAS,
SEU “PLANO DE EXISTÊNCIA”, É EXTREMO COMO NO CASO DE “O IDEAL
OPOSTO AO REAL” QUE TEMOS VISTO NO EXEMPLO. Pelo contrário, o mesmo
conceito encontra aplicação em múltiplos exemplos nos quais a DIFERENÇA DE ORDEM
é de grau menor ao exposto no exemplo do escultor: para demonstrá-lo, vamos nos referir
somente a um de todos os exemplos possíveis, tanto o mais trivial que o do escultor, o qual
evidenciará que entre DUAS COISAS REAIS pode existir uma diferença de ordem que aplique
o conceito prévio. Suponhamos, agora, que desejamos realizar COPIAS DE CHUMBO do
Davi de Michelangelo. Com esse fim, sacamos um MOLDE da estátua de Davi cobrindo-a
com um material próprio e depois separando a esta em duas partes habilmente seccionadas: ao
unir novamente ambas as partes do molde vazio é obvio que sua CAPACIDADE interior con-
formará EXATAMENTE o volume do Davi moldado. A capacidade do molde pode servir,
agora, como matriz para REALIZAR reproduções em chumbo do Davi de Michelangelo: para
consegui-lo somente teremos que ajustar as metades do molde e verter o chumbo, em estado
líquido, por um orifício que comunique ao exterior com a capacidade interior, quer dizer, por
um CANAL; quando o chumbo mudar ao estado sólido, obteremos uma cópia do Davi com

253
somente separar as metades do molde e extrair o corpo que tem ocupado completamente o
volume da capacidade, que se tem conformado em sua matriz. Repetindo este procedimento,
logo, conseguiremos reproduzir uma pluralidade de MODELOS de Davi, cada um deles com
diferente grau de perfeição em relação à forma matricial: alguns reproduzirão mais fielmente
esta forma, por ter-se ajustado melhor à matriz, enquanto que outros apresentarão distintas
imperfeições e sua qualidade será inferior.
Suponhamos também, para extrair deste exemplo o máximo de suas possibilidades, que
depois de elaborar o molde de um material próprio ocorreu dois fatos: que cai um raio e reduz
a pó a estátua original do Davi de Michelangelo e que, por motivos que não vem ao caso,
padecemos desde então uma amnésia seletiva que nos impeça recordar de onde tiramos o
molde. Não obstante a estes fatos, nós continuamos reproduzindo estátuas de chumbo de Davi
sem lançarmos jamais a pergunta sobre a origem do molde.
Com tais condições, neste exemplo se faz evidente que trata sobre DUAS COISAS RE-
AIS: a MATRIZ e o MODELO reproduzido com ela, CÓPIA da forma ORIGINAL.
Todavia, sendo REAIS, ambas as coisas pertencem à distinta ordem de existência por
instabilidade, uma, a MATRIZ, é a CAUSA FORMAL da outra: o MODELO; A MATRIZ
CAUSA A EXISTÊNCIA DO MODELO E, PORTANTO, SUA PRÓPRIA EXISTÊNCIA
É ANTERIOR À DO MODELO QUE O IMITA; A MATRIZ É A PRIORI DO MO-
DELO, POIS O MODELO TEM NECESSIDADE ESSENCIAL DO MOLDE PARA
EXISTIR. Assim, pois estas DUAS COISAS, a MATRIZ e seu MODELO efetivo, pertencem
a DUAS ORDENS DIFERENTES, ANÁLOGAS E CORRELATAS: a ANALOGIA, E
CORRELAÇÃO, se comprovam em somente estabelecer uma correspondência biunívoca en-
tre todos os pontos da superfície da matriz e todos os pontos de contato que com aqueles
apresenta a superfície do modelo quando se encontra ajustada à matriz. Mas além do mais, é
evidente que, durante a reprodução do modelo, ambas as coisas estão RELACIONADAS EN-
TRE SI POR UM PROCESSO DE IDENTIFICAÇÃO UNÍVOCA: à medida que o chumbo
líquido, a coisa efetiva, vai ocupando a capacidade matricial, a coisa causal, se desenvolve um
processo de identificação formal, ou seja, um processo durante o qual o chumbo amorfo, vai
adquirindo a forma da matriz. Também é evidente que a identificação completa, o momento
em que a forma do modelo é idêntica à matriz, somente pode ocorrer o final de um processo,
como sua culminação perfeita; em outras palavras, a máxima perfeição do modelo somente
pode conceber-se como FINALIDADE, como limite superior de um processo de identificação
entre seu ser formal efetivo e o ser matricial causal que o determina.
Comprovamos que neste exemplo, referido a DUAS COISAS REAIS, tem cabal apli-
cação o conceito prévio. Trata-se aqui de DUAS COISAS PERTENCENTES A ORDENS
DIFERENTES, ANÁLOGAS E CORRELATAS, RELACIONADAS ENTRE SI POR UM
PROCESSO DE IDENTIFICAÇÃO UNÍVOCA. Mas, essa aplicação similar de um mesmo

254
conceito aos dois exemplos, ao do escultor de pedras e ao do escultor de chumbo, implica a
importância consequência de que ambos os exemplos são ANÁLOGOS, quer dizer, que os
elementos de um devem corresponder com os do outro: aqui o que nos interessa destacar é que
as DUAS COISAS do primeiro exemplo guardam relação análoga com as respectivas DUAS
COISAS do segundo; no caso da estátua de pedra, a Opus, e a estátua de chumbo, o modelo,
esta relação é por demais evidentes; onde temos de nos determos um momento, é na analogia
que deve necessariamente existir entre a IDÉIA DA OPUS, o PROJETO do primeiro exem-
plo, e a CAPACIDADE DO MOLDE, a MATRIZ do segundo exemplo.
Em síntese, o importante é admitir que no segundo exemplo, posto que a ele estejamos
nos referindo, A MATRIZ REAL É ANÁLOGA A UM PROJETO; portanto: A MATRIZ É
ANÁLOGA A UM PROJETO REAL. Em geral, pode afirmar-se sem inconveniente que
TODA MATRIZ REAL, A CUJA FORMA SE AJUSTA UM MODELO REAL, “É UM
PROJETO REAL”.
Como o conceito prévio se aplica ao segundo exemplo, esta conclusão permite estender
a aplicação de tal conceito a todo exemplo no qual UM MODELO REAL SURJA DE UM
PROJETO REAL: a condição suficiente e necessária para justificar a aplicação é simplesmente
que O PROJETO REAL CUMPRA A FUNÇÃO DE UMA MATRIZ REAL, A SABER,
QUE O PROJETO REAL CONFORME AO MODELO. Considerando a incontável varie-
dade de “projetos” que pode conceber e realizar o homem, projetos matemáticos, literários,
econômicos, arquitetônico, musicais, etc., é claro que tem de existir, como dizíamos mais atrás,
uma “multidão de exemplos” aos quais cabe aplicar-lhes o conceito prévio. Compreende-se,
então, pôr o que o conceito prévio constitui um dos “princípios” da Estratégia Psicossocial: seu
significado revela uma das variáveis culturais das sociedades pasu. Mas aqui não vamos nos
referir a essa aplicação cultural do conceito prévio senão que empregaremos o mesmo para
definir com clareza o conceito complexo de “estabilidade orgânica”, o qual é imprescindível
conhecer para compreender a missão do logos Kundalini.
Para mostrar somente outro exemplo, e demonstrar com isso a validade análoga do con-
ceito prévio, destacaremos o caso do PROJETO ARQUITETÔNICO.
Suponhamos, por exemplo, que um homem dispõe de DUAS COISAS: um CON-
JUNTO DE PLANOS com instruções para construir uma CASA e os MATERIAIS necessá-
rios para concretizar tal construção; ambas as coisas são obviamente reais. É evidente que os
PLANOS consistem no PROJETO REAL da casa, a coisa causal, enquanto que os MATERI-
AIS com os que se conforma a CASA representam a coisa efetiva; ao FINAL, logo de um
processo de construção durante o qual os materiais foram adquirindo a forma descrita no pro-
jeto, se realiza um MODELO de casa: a casa real. Temos assim, o PROJETO REAL da casa,
equivalente à matriz por sua função conformadora, e o MODELO REAL da casa, ou seja, as
DUAS COISAS “pertencentes a ordens diferentes, análogas e correlatas”. Que entre ambas as

255
coisas existem a relação de um “processo de identificação fica evidenciado no fato de que a casa
real, que se levantará concretamente logo de que os materiais se distribuam no espaço conforme
ao conjunto de planos, será efetivamente a realidade do projeto real, sua execução finalizada.
Vemos aqui também, e poderemos comprová-lo em múltiplos exemplos semelhantes, a vali-
dade do conceito prévio: o projeto real da casa e a casa real são “DUAS COISAS PERTEN-
CENTES A ORDENS DIFERENTES, ANÁLOGAS E CORRELATAS, RELACIONA-
DAS ENTRE SI POR UM PROCESSO DE IDENTIFICAÇÃO UNÍVOCA”.

J – CONCEITO ESTRUTURAL DE ESTABILIDADE.

Caso se tenha captado a ideia que descreve o conceito prévio não será difícil compreen-
der outros exemplos. Aqui, particularmente, vamos nos referir a dois casos concretos: Primeiro:
quando uma coisa é um organismo e a outra é uma matriz essencial; Segundo: quando uma
coisa é um órgão e a outra é uma matriz funcional. A eleição destes casos não é causal: são os
mesmos dois casos que, no artigo 'G', se citaram como exemplo da AÇÃO DE CONTROLE
do Logos Kundalini. Como tais casos são análogos, as conclusões a que chegaremos lhes cor-
responderão a ambos de uma vez, pelo qual aludiremos em primeira finalidade ao caso do or-
ganismo e corresponderá entre parêntesis o caso do órgão.
Antes de tudo, examinemos se cabe aplicar o conceito prévio a tais casos.
O organismo (ou o órgão) e a matriz essencial (ou a matriz funcional) são DUAS COI-
SAS.
O organismo (ou o órgão) pertence ao plano físico; a matriz essencial (ou a matriz fun-
cional) pertence ao mundo astral; AMBAS AS COISAS PERTENECEM A ORDENS DIFE-
RENTES, A DISTINTOS PLANOS DE EXISTÊNCIA. Estas ordens, o plano físico e o
mundo astral, são ANÁLOGOS E CORRELATOS.
O organismo (ou o órgão) está conformado funcionalmente pela matriz essencial (ou a
matriz funcional): isto significa que o organismo (ou o órgão) desenvolve um PROCESSO DE
IDENTIFICAÇÃO UNÍVOCA.
Comprovaremos, pois, que o conceito prévio se aplica com propriedade aos casos do
organismo e do órgão. Sendo assim, podemos aceitar, sem inconvenientes que estes casos são
ANÁLOGOS aos exemplos expostos em 'I'. Vale dizer, o organismo (ou o órgão) é análogo
ao MODELO e a matriz essencial (ou a matriz funcional) é análoga à MATRIZ, ou seja, à
capacidade do molde.
Bem, o conceito prévio se aplica a todos os casos nos quais “UM MODELO REAL
SURJA DE UM PROJETO REAL” posto que “TODA MATRIZ REAL, CUJA FORMA SE
AJUSTA A UM MODELO REAL, É UM PROJETO REAL”. Nos casos considerados aqui,

256
do organismo e do órgão o que é análogo ao “projeto real”? Resposta: O “PLANO DO DE-
SÍGNIO”, CONTIDO NO REGISTRO ÔNTICO DE UM ORGANISMO, E QUE É
IDÊNTICO À CAPACIDADE DA MATRIZ ESSENCIAL, É UM “PROJETO REAL”; e,
em particular, O “ESQUEMA ANTERIOR”, CONTIDO NO SETOR INATO DE UM
ÓRGÃO, E QUE É IDÊNTICO À CAPACIDADE DA MATRIZ FUNCIONAL, É UM
“PROJETO REAL”.
Verificada a validade dos casos propostos, notemos agora que o “processo de identifi-
cação unívoca” que relaciona ao organismo (ou ao órgão) com a matriz essencial (ou a matriz
funcional) é um PROCESSO EVOLUTIVO, ou seja, um processo ao que cabe aplicar o “con-
ceito geral de estabilidade”. A ESTABILIDADE DE UM PROCESSO EVOLUTIVO
EXIGE A PERMANÊNCIA DA RAZÃO DE SUA MUDANÇA, A SABER, A OBEDI-
ÊNCIA FIEL DE SEU MOVIMENTO OU FUNÇÃO REAL A UMA LEI UNIVERSAL
OU FUNÇÃO IDEAL. Justamente, a aplicação do conceito geral de estabilidade aos casos do
organismo e do órgão é o que permite definir o “conceito estrutural de estabilidade”: para isso
somente faz falta assimilar os conceitos de “função real” e de “função ideal” no contexto orgâ-
nico. É o que faremos na continuação.
Todo organismo (ou órgão) cumpre uma função geral (ou particular): o processo evo-
lutivo com que se desenvolve seu CRESCIMENTO, enquanto que estrutura viva tende em
todo momento a aperfeiçoar essa função própria; a finalidade do processo evolutivo, a perfeição
propriamente dita, é um Plano, ou projeto real, da função geral (ou particular) que se encontra
PRÉESTABELECIDO no Registro ôntico (ou no setor inato correspondente): esse Plano,
esse projeto real, é a capacidade da matriz essencial (ou da matriz funcional). DURANTE O
PROCESSO EVOLUTIVO, A FUNÇÃO GERAL (OU PARTICULAR) TENDE A
IDENTIFICAR-SE COM A MATRIZ ESSENCIAL (OU FUNCIONAL); do ponto de vista
estrutural, então, é evidente que: A FUNÇÃO GERAL (OU PARTICULAR) É ANÁLOGA
A UMA “FUNÇÃO REAL”, QUER DIZER, AO MOVIMENTO REAL DO PROCESSO,
A SUA “NATUREZA LEGAL”; e também que: A MATRIZ ESSENCIAL (OU FUNCIO-
NAL) É ANÁLOGA A UMA “FUNÇÃO IDEAL PRÉ-ESTABELECIDA”, QUER DI-
ZER, A UMA “LEI UNIVERSAL” QUE DETERMINA E CONFORMA À “NATUREZA
LEGAL” DE UM PROCESSO EVOLUTIVO.
Estas analogias nos permitem, finalmente, definir ao CONCEITO ESTRUTURAL DE
ESTABILIDADE: O PROCESSO EVOLUTIVO DE UM ORGANISMO É “ESTÁVEL”
QUANDO SUA FUNÇÃO GERAL SE AJUSTA EXATAMENTE À FORMA DA MA-
TRIZ ESSENCIAL. (OU PROCESSO EVOLUTIVO DE UM ÓRGÃO É “ESTÁVEL”
QUANDO SUA FUNÇÃO PARTICULAR SE AJUSTA EXATAMENTE À FORMA DA
MATRIZ FUNCIONAL).

257
K – ESTABILIDADE DO PROCESSO EVOLUTIVO DO GÉRMEN MICRO-CÓSMICO.

Chegou o momento de estudar de forma completa a “ação de controle” que o Logos


Kundalini exerce sobre a função geral, ou sobre as funções particulares, no cumprimento de
sua missão: o conceito estrutural de estabilidade nos permite agora compreender com profun-
didade o processo evolutivo orgânico e sua regulação. Como a ação de controle se concretiza
por efeito da VOX circulante no canal ELIX, teremos de começar por descrever este primeiro
ato: trataremos, sobretudo, de compreender o modo em que a PALAVRA DE CONTROLE
chega justamente ao órgão cujo processo é instável. O problema não é simples, já que UMA
palavra determinada, que circula pelo canal ELIX e, portanto, tem a oportunidade de passar
por TODOS os setores inatos, consegue infalivelmente SELECIONAR entre todos eles aquele
setor inato onde tem lugar o processo instável.
Iniciemos, pois, por recordar o modo como o Logos Kundalini exerce a ação de con-
trole: “EMITE SUA VOX, DESDE O NÚCLEO FONÉTICO, E ESTA CIRCULA PELO
CANAL ESPIRIFORME, DETENDO-SE UM INSTANTE EM CADA CHAKRA PARA
REPRODUZIR SEU ESQUEMA; E SÓ PELA TRANSMISSÃO DA VOX PELO CANAL
ELIX BASTA PARA CONTROLAR A FUNÇÃO GERAL E AS FUNÇÕES PARTICU-
LARES” (Artigo 'G'). Para compreender com detalhes esta ação de controle há que se advertir
duas coisas e tirar uma conclusão.
Em primeiro lugar, notemos que a super série ôntico-temporal de esquemas anteriores
está deslocada ao largo do canal ELIX, numa sucessão de setores inatos cuja totalidade constitui
o Registro Ôntico microcósmico: isto quer dizer que os setores inatos ou chacras se estendem
numa super série DESDE O NÚCLEO FONÉTICO, que é o fundamento do primeiro cha-
cra, até o BRAHMACHAKRA, que é o último chacra do organismo microcósmico. A super
série ôntico-temporal de esquemas anteriores é a CAPACIDADE DA MATRIZ ESSEN-
CIAL, a forma que determina individualmente a “ESSE” microcosmo; cada esquema anterior
da super série é um “projeto real”, hereditário, de um órgão ou função particular; e a super série
completa, contida no Registro Ôntico, representa o “projeto real” da função geral do organismo
microcósmico: por isso a denominaremos “SUPER-SÉRIE REAL”.
Em segundo lugar, devemos advertir que, no núcleo fonético, o Logos Kundalini dispõe
da possibilidade de LER a totalidade da super série ôntico-temporal: segundo vimos em 'E',
esta “LEITURA” a realiza diretamente da compleição anímica, onde está registrado o Plano do
desígnio, ou seja, o átomo gravis interior ao ovo: tal átomo não é mais que a expressão física da
mônada evolutiva do pasu e, em sua compleição, se encontra gravada a super série ôntico-
temporal de esquemas anteriores”.
Justamente, da PRIMEIRA LEITURA realizada pelo Logos Kundalini procede a plas-
mação orgânica que dá existência individual ao gérmen microcósmico. Mas, logo dessa primeira

258
plasmação que PRODUZ ao microcosmo, o Logos Kundalini repete o Plano, ou “RELÊ”,
tantas vezes quanto for necessário para assegurar o controle da função geral do organismo mi-
crocósmico: tal o caráter de sua “missão”. Com esse fim, instante após instante, a VOX do
Logos Kundalini circula pelo canal ELIX reiterando as Palavras originais do Plano da matriz
essencial, ou seja, repetindo a super série ôntico-temporal. Sem embargo, há que se esclarecer
que, logo da primeira plasmação produtora do gérmen microcósmico, nas seguintes repetições
do Plano, O LOGOS KUNDALINI NÃO ESTÁ OBRIGADO A RESPEITAR A ORDEM
DE SUCESSÃO MATRICIAL DA SUPER-SÉRIE: pode, e de fato é o que efetivamente faz,
LER E REPETIR SOMENTE AQUELES SETORES DO PLANO QUE CONVENHAM,
EM UM MOMENTO DADO, A SUA MISSÃO DE CONTROLAR A FUNÇÃO GERAL.
Assim, a repetição da super série poderia consistir de seus mesmos termos esquemáticos, mas
ORDENADOS DE MANEIRA DIFERENTE. A esta reprodução posterior da super série,
cujo fim é o controle da função geral, a denominaremos “SUPER-SÉRIE FONÉTICA”.
Até aqui as duas advertências antecipadas; agora devemos extrair uma conclusão. O que
temos observado é suficiente para imaginar o que ocorre quando o Logos Kundalini, em um
organismo microcósmico já plasmado, emite com sua VOX a super série fonética: A VOX,
MODULADA COM A INFORMAÇÃO DO PLANO, CONSISTE NUMA SUCESSÃO
DE “PALAVRAS” OU “VOZES PLASMADORAS”, CADA UMA DAS QUAIS É O PRO-
JETO REAL DE UM ÓRGÃO OU MATRIZ FUNCIONAL: CADA PALAVRA EX-
PRESSA UM ESQUEMA ANTERIOR DA SUPER-SÉRIE ÔNTICO-TEMPORAL;
ESTA SUCESSÃO DE VOZES, A “SUPER-SÉRIE FONÉTICA”, CIRCULA PELO CA-
NAL ELIX AO LARGO DO QUAL ESTÁ DESLOCADA DA SUPER-SÉRIE REAL;
VALE DIZER, QUE A SUPER-SÉRIE FONÉTICA É “MÓVEL” COM RESPEITO À
SUPER-SÉRIE REAL, POIS ESTA É “FIXA” JÁ QUE PERMANECE GRAVADA NO
REGISTRO ÔNTICO; EIS AQUI A CONCLUSÃO BUSCADA: COMO EFEITO DA
CIRCULAÇÃO DA SUPER-SÉRIE FONÉTICA PELO CANAL ELIX, RESULTA
“APLICADA” UMA SUPER-SÉRIE SOBRE OUTRA; ISTO É: A SUPER-SÉRIE FONÉ-
TICA CIRCULA COMO PROCISSÃO VERBAL PELO CANAL ELIX, PASSANDO SU-
CESSIVAMENTE SOBRE TODOS OS SETORES INATOS QUE CONTÉM REGIS-
TRADA A SUPER-SÉRIE REAL; RESULTA ASSIM EFETIVAMENTE “APLICADA”
UMA SUPERSÉRIE SOBRE OUTRA.
A importância de compreender esta conclusão radica em que TODA A AÇÃO DE
CONTROLE DO LOGOS KUNDALINI SE BASEIA NA “APLICAÇÃO” DA SUPER-
SÉRIE FONÉTICA SOBRE A SUPER-SÉRIE REAL; a APLICAÇÃO, como veremos, é
interpretada pelo Logos Kundalini como COMPARAÇÃO: uma OPERAÇÃO que permite
determinar a Dif. entre uma função particular, e a matriz funcional, corrigir o desvio, e manter
a estabilidade do processo evolutivo. Entretanto, antes de estudar esta operação, é necessário

259
conhecer o princípio fundamental que permite a cada “Palavra” ou “voz plasmadora” dirigir-
se exatamente ao esquema correspondente, um entre milhões, e ali operar: tal princípio é o de
SELEÇÃO FONÉTICA.
O problema é o seguinte: se a super série real é FIXA, ou seja, seus esquemas estão
registrados nos setores inatos ao longo do canal ELIX, e a super série fonética é MÓVEL, pois
circula sobre aquela ao deslocar-se como procissão verbal pelo canal ELIX em virtude de que
princípio UMA Palavra determinada SELECIONA justamente ao setor inato correspondente?
Ou, com outros termos: se, por exemplo, no interior da super série fonética, como um dos
BIJAS da procissão verbal, vibra a Palavra AJNA em virtude de que princípio a Palavra AJNA,
que PERCORRE TODA A LONGITUDE DO CANAL ELIX, se detém justamente no
AJNA CHAKRA para controlar sua função particular? Resposta: pelo PRINCÍPIO DE SE-
LEÇÃO FONÉTICA.
Antes de explicar a resposta devemos nos assegurar de haver compreendido as pergun-
tas anteriores, especialmente a natureza do problema que resolve o princípio de seleção fonética.
Mas tudo se fará claro se lançarmos o problema analogamente, no contexto de uma ALEGO-
RIA FERROVIÁRIA.
Em primeiro lugar, imaginemos que o canal ELIX é análogo a uma VIA FERROVIÁ-
RIA que atravessa, em toda sua longitude, um total de 28 TÚNEIS: estes túneis estão assinala-
dos, desde o primeiro até o último, cada um com uma letra do alfabeto castelhano; mas, ao estar
distribuídos em SÉRIE sobre a VIA ELIX, ou seja, um na continuação do outro, os túneis
assim assinalados, CONSERVAM A ORDEM ALFABÉTICA: primeiro está o 'A', logo o 'B',
etc.; em síntese, os túneis guardam a ordem (A, B, C, ..., X, E, Z); a SÉRIE DE TÚNEIS assim
descrita é evidentemente análoga à SUPER-SÉRIE REAL: cada TÚNEL é análogo a um
CHAKRA, quer dizer, a CAPACIDADE DE UM SETOR INATO; isso implica, desde logo,
que cada túnel é diferente a todos os demais: a capacidade do túnel 'A' é distinta a do túnel 'B',
'C', ou qualquer outro da série, enquanto que o mesmo pode afirmar-se da capacidade de qual-
quer deles.
De pronto, pelo TÚNEL DE ENTRADA DA VIA ELIX, começa a circular um
TREM de 28 vagões: estes vagões estão assinalados, desde o primeiro até o último, com uma
letra do alfabeto castelhano; mas, APESAR DE ESTAREM ENGANCHADOS EM SÉRIE,
ou seja, um na continuação do outro, os vagões assim assinalados NÃO CONSERVAM A
ORDEM ALFABÉTICA: isso é compreensível, pois, ao ser os vagões corpos MÓVEIS, é
possível enganchá-los no trem segundo as necessidades do transporte e no segundo a ordem
de seus sinais; por exemplo, em uma viagem irá primeiro o vagão de carga, logo o de combus-
tível e por último o de passageiros, e noutra viagem esta ordem pode estar PERMUTADA; por
isso no TREM que avança pela VIA ELIX a SÉRIE DE VAGÕES apresenta uma PERMU-
TAÇÃO na ordem alfabética dos sinais: primeiro está o vagão 'Z', logo o 'B', etc.; em síntese os

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vagões guardam a ordem (Z, B, X, ..., A, C, E); a SÉRIE DE VAGÕES assim descrita é evi-
dentemente análoga à SUPER-SÉRIE FONÉTICA: cada VAGÃO é análogo a uma PALA-
VRA ou VOZ PLASMADORA, à EXPRESSÃO DE UM ESQUEMA ANTERIOR; isso
implica, desde logo, que cada vagão é diferente de todos os demais: a estrutura de um vagão de
carga é claramente distinta da estrutura de um vagão de passageiros, o vagão 'A' não é igual ao
vagão 'B' ou 'C' ou qualquer outro da série; e o mesmo pode afirmar-se de qualquer deles.
É neste momento quando há que se prestar suma atenção à trama alegórica.
Porque agora vamos situar-nos na posição conveniente para observar o que ocorre
quando o trem (Z, B, X., A, C, E) se desloque pela via ELIX e atravesse a série de túneis (A, B,
C., X, E, Z).
Suponhamos, pois, que nós temos localizado no lugar adequado e que, dali, observamos
o deslocamento do trem. Se nosso critério é lógico, seguramente PREVEMOS o que DEVE-
RIA ocorrer: o trem deveria arrastar a seus 28 vagões por toda a longitude da via ELIX e teria
que se deter ao final, logo de haver passado sob os 28 túneis. Se tal é nossa previsão, sem
dúvidas ficaríamos profundamente surpresos ao comprovar o que realmente ocorre: À ME-
DIDA QUE O TREM CIRCULA OS VAGÕES “ESCOLHEM”, CADA UM, O TÚNEL
QUE OSTENTA SEU MESMO SINAL E, LOGO DE DESENGANCHARSE, SE DE-
TÊM E PERMANECEM EM SEU INTERIOR. Para visualizar tão curioso comportamento,
prestemos atenção aos sinais alfabéticos dos túneis e vagões. O primeiro túnel é o 'A' e o último
o 'Z', estando os 28 intermediários ordenados alfabeticamente; sob esse primeiro túnel passa o
primeiro vagão, quer dizer, o 'Z': nada ocorre; logo passa o segundo, o terceiro, o quarto, etc.:
e nada ocorre; quando passam 25 vagões sob o túnel A, aparece o vagão 'A', cujo sinal coincide
com o do túnel A: o vagão 'A', como se deduz da série (Z, B, X, ..., A, C, E), ocupa o posto
número 26 na série de vagões; pois bem, ao coincidir o vagão 'A' com o túnel A, aquele se
desengancha automaticamente do trem e se detém exatamente sob o túnel A, permanecendo
ali enquanto o trem se distancia pela via ELIX. O segundo túnel é o B e sob o mesmo passa
agora o primeiro vagão 'Z': nada ocorre; passa logo o segundo vagão cujo sinal é 'B': como o
vagão e o túnel têm o mesmo sinal o segundo vagão se desengancha e permanece sob o túnel
B. O primeiro vagão 'Z' chega agora ao terceiro túnel 'C': nada ocorre; passa logo o terceiro
vagão 'X': nada ocorre; e assim, passam sob o túnel C todos os seguintes vagões sem que ocorra
nada, até que chega o vagão número 27, ou seja, o vagão 'C': então este se desengancha e per-
manece sob o túnel C. Do mesmo modo ocorre nos seguintes túneis, até que ao final o primeiro
vagão 'Z' se estaciona sob o último túnel Z e conclui o deslocamento do trem.
O interrogante que nos tem despertado o estranho comportamento do trem é obvio:
que princípio tem permitido a um vagão determinado SELECIONAR justamente o túnel cor-
respondente? Esta pergunta é análoga à que lançarmos anteriormente; isso se comprova com
somente sustentar o vocábulo “vagão determinado” por “Palavra determinada” e “túnel” por

261
“setor inato”: “em virtude de que princípio uma palavra determinada SELECIONA justamente
o setor inato correspondente? Resposta: pelo princípio de seleção fonética”. Evidentemente, a
alegoria ferroviária nos tem permitido compreender com maior profundidade a natureza da-
quela pergunta e do problema que lançava: analogamente aos vagões, que selecionavam os tú-
neis correspondentes aos seus sinais particulares, as Palavras, as vozes plasmadoras, são capazes
de selecionar os setores inatos correspondentes ao esquema que expressam; e, assim como SOB
um mesmo túnel podiam passar numerosos vagões mas somente se desenganchavam aquele
cujo sinal era idêntico, assim também SOBRE um mesmo setor inato ou chacra podem passar
numerosas Palavras que circulam pelo canal ELIX mas somente se “deterá” aquela que expressa
o mesmo esquema: a causa disto é o “princípio de seleção fonética”.
Na alegoria ferroviária, cada vagão termina sob seu túnel correspondente, sendo evi-
dente que ao final ocorre uma APLICAÇÃO da série de vagões sob a série de túneis; analoga-
mente, a super série fonética resulta APLICADA sobre a super série real, operação que implica,
por causa do princípio de seleção fonética, que cada Palavra tem de situar-se sobre o chacra
correspondente.
É hora, pois, que indaguemos em que consiste o “princípio de seleção fonética”? Res-
posta: numa propriedade da CAPACIDADE de todo setor inato denominada: RESSONÂN-
CIA FUNCIONAL. A ressonância funcional modifica a RESISTÊNCIA que o canal ELIX
oferece ao passo da VOX, pelo que a explicação tem de começar por tal conceito.
A VOX, segundo vimos, circula pelo canal ELIX em forma de PROCISSÃO VERBAL,
ou seja, em série de PALAVRAS ou VOZES PLASMADORAS: cada “Palavra” é a expressão
de um esquema da super série ôntico-temporal manifestada pelo Logos Kundalini; o conjunto
de “Palavras” emitidas por vez é a “super série fonética”. O canal ELIX, que é uma VIA FÍ-
SICA, apresenta uma RESISTÊNCIA PRÓPRIA (RE) ao passo da VOX. Contudo, normal-
mente, a VOX dispõe da energia suficiente como para vencer a RESISTÊNCIA e realizar seu
deslocamento PELO CANAL. Esclarecemos “PELO CANAL” porque as coisas mudam
quando a VOX circulante PASSA por um chacra ou setor inato: ali pode ocorrer o fenômeno
da RESSONÂNCIA FUNCIONAL cujo efeito concreto é a modificação da RESISTÊNCIA
ELIX (RE); POR “RESSONÂNCIA FUNCIONAL”, O CHAKRA PODE CHEGAR A
AUMENTAR DE TAL MODO A RESISTÊNCIA DO CANAL ELIX QUE A CERTA
“PALAVRA” DA SUPER-SÉRIE FONÉTICA LHE RESULTA IMPOSSÍVEL CONTI-
NUAR A MARCHA; TAL “PALAVRA DE RESSONÂNCIA” É AQUELA QUE EX-
PRESSA O MESMO ESQUEMA CONTIDO NO SETOR INATO DO CHAKRA, EM
SUA “CAPACIDADE”. Então, como o vagão que se detinha sob o túnel de seu mesmo signo
alfabético, a Palavra se detém no chacra cuja capacidade é idêntica ao esquema que expressa.
Com mais precisão, a CAPACIDADE de um setor inato apresenta a propriedade de “ressoar”
SOMENTE quando coincide no canal ELIX com uma Palavra que expressa seu esquema:

262
qualquer outra Palavra não causa efeito algum na capacidade.
Mas, se a Palavra expressa o esquema correspondente, a capacidade RESSOA e modifica
a resistência do canal ELIX, impedindo o passo da PALAVRA DE RESSONÂNCIA.
O aumento da resistência do canal ELIX, durante a ressonância da capacidade, NÃO
CONSISTE NO AUMENTO DA RESISTÊNCIA ELIX (RE) SENÃO NO APORTE LO-
CAL DE UMA ESPÉCIE DE “RESISTÊNCIA RESONANTE” DENOMINADA “REA-
ÇÃO” (RS): o correto é considerar que, durante a ressonância, se SOMA à (RE) uma resistência
(RS) produto da REAÇÃO DA CAPACIDADE FRENTE À PALAVRA DE RESSONÂN-
CIA. A REAÇÃO, somada à (RE) constitui um obstáculo impossível de superar para a palavra
de ressonância, pelo que se detém instantaneamente seu deslocamento: DESTE MODO,
TODA PALAVRA DA SUPER-SÉRIE FONÉTICA “SELECIONA” O CHAKRA NO
QUE SE DETERÁ SEU DESLOCAMENTO, OU SEJA, O CHAKRA CUJA CAPACI-
DADE É IDÊNTICO AO ESQUEMA QUE EXPRESSA A PALAVRA.
A RESSONÂNCIA da capacidade de um setor inato se denomina “FUNCIONAL”
porque, quando ocorre, HÁ COINCIDÊNCIA NA “FUNÇÃO PARTICULAR” DO ÓR-
GÃO, TANTO POR PARTE DO ESQUEMA HEREDITÁRIO, CONTIDO NO SETOR
INATO, COMO POR PARTE DA PALAVRA DE RESSONÂNCIA.
Em resumo, o PRINCÍPIO DE SELEÇÃO FONÉTICA diz o seguinte: TODA CA-
PACIDADE DE UM SETOR INATO POSSUI A PROPRIEDADE DE RESSOAR
FRENTE A UMA PALAVRA QUE EXPRESSE SEU MESMO ESQUEMA, GERANDO
NO CANAL ELIX UMA REAÇÃO QUE IMPEÇA À PALAVRA DE RESSONÂNCIA
CONTINUAR COM SEU DESLOCAMENTO. CADA CAPACIDADE DO REGISTRO
ÔNTICO ESTÁ, ASSIM, SINTONIZADA PARA RESSOAR COM UMA E SOMENTE
UMA PALAVRA DA SUPER-SÉRIE FONÉTICA: AQUELA QUE EXPRESSA SEU
MESMO ESQUEMA.
O Logos Kundalini emite a super série fonética para cumprir com sua missão de con-
trolar a função geral e as funções particulares; com este propósito sua VOX circula pelo canal
ELIX, passando por todos os setores inatos ou chacras do Registro Ôntico; enquanto realiza
esse trânsito, cada uma das Palavras da super série fonética RESSOA em um chacra cuja capa-
cidade é idêntica ao esquema que expressa e se detém nele por causa da REAÇÃO particular;
este efeito se deve ao “princípio de seleção fonética”; posto que TODAS as Palavras da super
série fonética se situam frente às correspondentes capacidades da super série real, resulta APLI-
CADA uma super série sobre outra; em particular, quando uma Palavra seleciona uma capaci-
dade, quer dizer, durante a RESSONÂNCIA FUNCIONAL, resulta APLICADA a Palavra
SOBRE a capacidade: É NESTE MOMENTO QUANDO SE CONCRETIZA A “AÇÃO
DE CONTROLE” DO LOGOS KUNDALINI. Vamos observar, pois, o que ocorre então.

263
Antes de tudo, há que se advertir que na aplicação de uma Palavra sobre um setor inato ou
chacra, o que em realidade se enfrenta é um ESQUEMA PLASMADOR a um ESQUEMA
PLASMADO: a Palavra expressa um “esquema plasmador” porque é uma VOZ PLASMA-
DORA, dotada de potência suficiente para reproduzir em qualquer momento seu esquema; o
setor inato, pelo contrário, contém imutavelmente registrado ao esquema desde o momento de
sua plasmação, ou seja, desde que se iniciara o desenvolvimento evolutivo do gérmen micro-
cósmico. Sem embargo, O PODER PLASMADOR DA PALAVRA ESTÁ DIRIGIDO ATÉ
O ÓRGÃO E NÃO ATÉ O SETOR INATO.
A matriz funcional, registrada no setor inato, põe finalidade individual à natureza legal
do processo evolutivo do órgão: nesse processo a função particular tende univocamente a iden-
tificar-se com a capacidade da matriz funcional. SE O PROCESSO É ESTÁVEL, segundo o
“conceito estrutural”, a função particular se “ajustará exatamente” à forma da matriz funcional.
Mas a matriz funcional representa a finalidade do processo evolutivo, o ponto em que este
alcança sua perfeição final: é a “lei universal” cuja forma ou “capacidade” regem a função par-
ticular do órgão. O que ocorre quando sobre a capacidade da matriz funcional, a saber, sobre o
setor inato, se APLICA uma Palavra de ressonância? Resposta: isso equivale a uma ATUALI-
ZAÇÃO da lei universal, a uma PRECIPITAÇÃO orgânica da capacidade, a um IMPRIMIR-
SE do esquema sobre o órgão. SE O PROCESSO É ESTÁVEL isso redunda num maior
AJUSTE da função particular à matriz funcional, ou seja, do órgão à capacidade do setor inato:
é como se a Palavra PROVARA O AJUSTE ENTRE A MATRIZ E O MODELO, como se
COLOCARA O MOLDE SOBRE A ESTÁTUA DE CHUMBO PARA COMPROVAR A
EXATIDÃO DE SEU AJUSTE; por isso dizíamos que o poder da Palavra está DIRIGIDO
até o órgão. A Palavra de ressonância ATUALIZA, então, a função ideal e a aplica sobre a
função real, vale dizer, atualiza a matriz funcional e a aplica sobre o órgão.
Mas, SE O PROCESSO É ESTÁVEL, somente se verifica o ajuste existente sem ne-
nhuma outra consequência.
É fundamental compreender que A OPERAÇÃO DE APLICAR A MATRIZ SOBRE
O ÓRGÃO PODE REVELAR ALGUMA DIFERENÇA: isso ocorre quando o processo é
“instável” e o órgão não se ajusta exatamente à matriz. Então, da aplicação, tem de surgir ne-
cessariamente alguma diferença, pela adição ou subtração de elementos estruturais. Pois bem:
QUANDO EXISTE “DIFERENÇA” ENTRE O ÓRGÃO E A MATRIZ FUNCIONAL,
A PALAVRA “RESPONDE” IMEDIATAMENTE. Vale dizer, A PALAVRA RESPONDE
À DIFERENÇA (Dif.).
Este comportamento demonstra que A PALAVRA DE RESSONÂNCIA INTER-
PRETA A APLICAÇÃO COMO “COMPARAÇÃO”: a aplicação equivale, assim, a que a
Palavra toma a matriz funcional e o órgão e os COMPARA entre si para estabelecer a diferença.

264
E si, efetivamente, verifica a existência de uma DIFERENÇA, então manifesta sua RES-
POSTA. O que contém tal resposta? Resposta: uma RÉPLICA INVERSA da diferença (Dif.),
denominada (-Dif.). A RÉPLICA -Dif. está dirigida até o órgão e, como tem sido emitida com
o poder plasmador da Palavra, é eficaz para modificar de modo permanente a estrutura orgânica
e regular o processo evolutivo. Mas tudo isto veremos melhor, referindo a um exemplo.
Se o processo é estável, a comparação que realiza a Palavra não detecta nenhuma dife-
rença pois o órgão se ajusta exatamente à matriz funcional. Mas, a situação é muito diferente
quando O PROCESSO É INSTÁVEL. O que ocorre então? Resposta: se concretiza a missão
do Logos Kundalini: TEM LUGAR UMA “AÇÃO DE CONTROLE” DESTINADA A
CORRIGIR O DESVIO DA FUNÇÃO PARTICULAR PARA AJUSTÁ-LA NOVA-
MENTE À MATRIZ ESSENCIAL; TAL AÇÃO DE CONTROLE É EFETUADA DIRE-
TAMENTE PELA PALAVRA DE RESSONÂNCIA.
Para explicar esta resposta devemos formular o problema no contexto do conceito es-
trutural de estabilidade.
Em princípio, temos visto que a missão do Logos Kundalini consiste em “CONTRO-
LAR A FUNÇÃO GERAL ORGÂNICA DO MICROCOSMO” (OU A FUNÇÃO PARTI-
CULAR DE UM ÓRGÃO). Mas logo se esclareceu que a AÇÃO DE CONTROLE procura
“MANTER A ESTABILIDADE DO PROCESSO EVOLUTIVO DO GÉRMEN MICRO-
CÓSMICO” evitando o “DESVIO”. Este desvio é, desde logo, a DIFERENÇA INSTAN-
TÂNEA entre a função geral e a matriz essencial (ou entre a função particular e a matriz funci-
onal); se a Dif. existe, quer dizer, se a função orgânica se desvia e não se ajusta à matriz arque-
típica do desígnio, então, concretamente, A OPERAÇÃO DE CONTROLE SOMENTE
PODE CONSISTIR NA ADIÇÃO DO “FATOR DE AJUSTE” (-Dif.) À FUNÇÃO OR-
GÂNICA DESVIADA: O LOGOS KUNDALINI CORRIGE ASSIM A DIFERENÇA
(Dif.) E ASSEGURA QUE A FUNÇÃO GERAL (OU PARTICULAR) SE AJUSTE EXA-
TAMENTE À FORMA DA MATRIZ ESSENCIAL (OU FUNCIONAL).
Explicaremos passo a passo a “ação de controle” do Logos Kundalini mediante um
exemplo do segundo caso, ou seja, do caso em que a função particular de um órgão se desvia
de sua matriz funcional. Suporemos, por exemplo, que a função particular da glândula hipófise
real se tem desviado da matriz funcional do ajna chacra. O problema é o seguinte: a função total
da hipófise NÃO SE AJUSTA EXATAMENTE à forma da matriz funcional do ajna chacra,
quer dizer, NESSE INSTANTE, NÃO SE AJUSTA A SUA CAPACIDADE: o processo evo-
lutivo do órgão se torna, NESSE INSTANTE, “INSTÁVEL”.
Vamos a supor que, NESSE INSTANTE, se apresenta frente ao setor inato da glândula
hipófise a Palavra “AJNA”. Como o esquema que expressa a Palavra ajna é idêntico ao que
registra o setor inato, se produz a RESSONÂNCIA FUNCIONAL de sua capacidade; em

265
consequência, a REAÇÃO impede a Palavra de continuar pelo canal ELIX: fica, NESSE INS-
TANTE, aplicada a Palavra ajna sobre o chacra ajna. O conteúdo do setor inato do ajna chacra
é o esquema hereditário que conforma a glândula real: tal esquema, de capacidade igual à matriz
funcional, é o projeto hereditário da glândula hipófise que faz as vezes de função ideal PRÉ-
ESTABELECIDA ou lei universal; vale dizer, o esquema hereditário, cuja capacidade é a matriz
essencial, constitui a FINALIDADE da glândula real, SEU CHEGAR A SER.
Mas, segundo dissemos, NESSE INSTANTE se tem aplicado a Palavra ajna sobre o
chacra ajna: como a Palavra ajna expressa o mesmo esquema que o setor inato, mas o expressa
NESSE INSTANTE, isso equivale A UMA ATUALIZAÇÃO DO ESQUEMA DO SETOR
INATO; A FINALIDADE SE FAZ PRESENTE, SE ATUALIZA DURANTE UM INS-
TANTE. SOBRE O ÓRGÃO, SOBRE A GLÂNDULA REAL: A MATRIZ SE AJUSTA
AO MODELO, O PROJETO SE IMPRIME SOBRE A OBRA, A FUNÇÃO IDEAL SE
SOBREPÕE À FUNÇÃO REAL, ETC. Sem embargo o ajuste não pode ser exato porque o
processo evolutivo da glândula real É INSTÁVEL: HÁ UMA DIFERENÇA ENTRE O QUE
A GLÂNDULA REAL É E O QUE DEVERIA SER PARA AJUSTAR-SE EXATA-
MENTE Á MATRIZ FUNCIONAL.
Quando a capacidade da matriz funcional se atualiza sobre a glândula real esta DIFE-
RENÇA (Dif.) se sobressalta: a Dif. pode ser por excesso ou por defeito, mas sempre fica em
evidencia para a Palavra ajna, para a VOZ PLASMADORA cuja capacidade está COMPA-
RANDO a forma da glândula real. E eis aqui como se concretiza a ação de controle: SE A
COMPARAÇÃO ENTRE A MATRIZ FUNCIONAL E A GLÂNDULA REAL ARROJA
ALGUMA DIFERENÇA (Dif.), A PALAVRA AJNA “REPLICA” COM UMA DIFE-
RENÇA INVERSA (-Dif.) SOBRE A GLÂNDULA REAL; A -Dif. É O “FATOR DE
AJUSTE” QUE TEM A MISSÃO DE NEUTRALIZAR A Dif. E AJUSTAR A FUNÇÃO
PARTICULAR À MATRIZ FUNCIONAL. É IMPORTANTE ADVERTIR QUE A RÉ-
PLICA -Dif. DA PALAVRA AJNA TEM PODER PLASMADOR E, PELO TANTO, SEU
VALOR SE ADICIONA PERMANENTEMENTE À FUNÇÃO PARTICULAR DA
GLÂNDULA REAL. Com outras palavras: como fruto da comparação que a Palavra ajna efe-
tua com a glândula real, surge uma diferença (Dif.); frente à Dif. a Palavra replica com uma -
Dif. sobre a glândula real; seja o que fosse o que esta Dif. representa, o efetivo é que a Palavra
RECRIA na glândula o valor -Dif. até fazê-la coincidir com a capacidade da matriz funcional;
fica assim regulada a função particular com a forma da matriz funcional. O órgão, neste caso a
glândula real, corrigida dessa maneira pela Palavra, acaba ajustando-se exatamente à matriz fun-
cional, à capacidade do setor inato: tal regulação significa concretamente que o poder plasmador
da Palavra tem agregado ou quitado NO ÓRGÃO aquilo que constituía a Dif. entre este e a
matriz funcional, ou seja, isso significa que a Palavra tem plasmado no órgão o fator de ajuste,
-Dif., que tem RECRIADO estruturalmente ao órgão até neutralizar a Dif. e assegurar um

266
ajuste exato. Finalmente, o órgão, a glândula real, termina AJUSTANDO-SE EXATAMENTE
à matriz funcional, ao chacra ajna, e o processo evolutivo se torna ESTÁVEL.
Com isto tem ficado suficientemente esclarecido o modo como o Logos Kundalini, em
cumprimento de sua missão, exerce a “ação de controle” sobre a função particular de um órgão
para ajustá-lo a uma lei universal ou função ideal pré-estabelecida pela matriz funcional. As
conclusões extraídas do exemplo podem estender-se a outros casos orgânicos ou ainda ao
mesmo organismo microcósmico.
Em resumo, se demonstra que A MISSÃO DO LOGOS KUNDALINI CONSISTE
EM CONTROLAR A FUNÇÃO GERAL DO ORGANISMO MICROCÓSMICO OU AS
FUNÇÕES PARTICULARES DOS ÓRGÃOS PARA EVITAR QUE SE DESVIEM DOS
PLANOS DO DESÍGNIO, PLANOS QUE ESTÃO CONTIDOS NA CAPACIDADE DA
MATRIZ ESSENCIAL OU NAS CAPACIDADES DAS MATRIZES FUNCIONAIS.

L – SIGNIFICADO DA MISSÃO DO LOGOS KUNDALINI.

Ao estudar o artigo anterior poderia cometer-se um erro grosseiro de interpretação sobre


a missão do Logos Kundalini: para evitá-lo vamos esclarecer o significado da missão com refe-
rência ao ato concreto de controlar a função particular de um órgão, ainda que o argumento
seja válido para o caso do organismo microcósmico completo.
A confusão pode surgir quando se entende que a Palavra, para controlar a função parti-
cular, replica com poder plasmador sobre o órgão ou fator de ajuste -Dif. que o conformará
exatamente à matriz funcional. Pode crer-se então, erroneamente, que este ato transformador
ASSEGURA A PERFEIÇÃO FUNCIONAL DO ÓRGÃO, que a missão do Logos Kunda-
lini consiste em PROCURAR EM TODO MOMENTO A PERFEIÇÃO MICRO-CÓS-
MICA. Como isto não é assim em absoluto, vamos esclarecer de imediato.
Antes de tudo, há que se advertir que a missão do Logos Kundalini consiste em "con-
trolar a função geral do organismo microcósmico" para manter um ajuste exato com a capaci-
dade da "matriz essencial": qualquer correção que efetue a Palavra com seu poder plasmador
somente tem por fim adaptar o organismo à capacidade da matriz essencial. Mas o que contém
a matriz essencial? Resposta: O PLANO DE UM INDIVÍDUO PASU. Quer dizer que a ma-
triz essencial põe finalidade à natureza humana de UM ente; natureza que é aportada pelo Ar-
quétipo Manu O QUAL É PERFEITO. Em compensação a matriz essencial procede do de-
sígnio pasu e é SOMENTE UMA de suas incontáveis matrizes arquetípicas: no desígnio pasu,
TAMBÉM ESTA O ARQUÉTIPO MANU, MAS ESTÁ NO EXTREMO DA SÉRIE FOR-
MATIVA, COMO ENTELEQUIA; A MATRIZ ESSENCIAL NÃO É UMA PERFEITA
MATRIZ HUMANA COMO O É A MATRIZ MANU SENÃO SOMENTE UMA

267
FORMA INTERMEDIÁRIA, UMA FORMA COM CERTAS QUALIDADES E DETER-
MINADO GRAU EVOLUTIVO. QUANDO A MATRIZ ESSENCIAL CAUSA A INDI-
VIDUAÇÃO DE UM PASU, AS RESTANTES MATRIZES DETERMINAM ABSOLU-
TAMENTE SUAS PROPRIEDADES ACIDENTAIS E CONSTITUEM PARA UM DES-
TINO ÚNICO. POR ISSO, NA MATRIZ ESSENCIAL SUBJAZ UM PLANO ÚNICO
QUE, AO SER CONCRETIZADO NO GÉRMEN MICRO-CÓSMICO, VAI PERMITIR
A UMA ALMA TRANSMIGRANTE DISPOR DE UM REGISTRO ÔNTICO DE CAPA-
CIDADE ADEQUADA PARA ARMAZENAR A SUPER-SÉRIE ÔNTICO-TEMPORAL
QUE ESTA TRAZ GRAVADA EM SUA COMPLEIÇÃO.
O conteúdo da matriz essencial, longe de ser um Plano perfeito, é um Plano real, para
dar existência individual a um homem real, ou seja, imperfeito, a um homem que deve evoluir
nessa e noutras vidas até alcançar a perfeição. O Plano da matriz essencial é, com rigor, o "es-
quema hereditário" do pasu, uma super série ôntico-temporal de esquemas anteriores QUE
APONTA DINAMICAMENTE ATÉ A ENTELEQUIA MANU, OU SEJA, UMA SU-
PERSÉRIE QUE IRÁ INCORPORANDO NOVOS ESQUEMAS DE SI MESMO ATÉ
ESGOTAR O PROCESSO EVOLUTIVO. É evidente agora que a Palavra, ao conformar ao
organismo com a forma da matriz essencial NÃO O APERFEIÇOA em absoluto senão que
assegura sua correta evolução NO GRAU EM QUE ESTA SE ENCONTRE: a capacidade
da matriz essencial contém somente um esquema hereditário do pasu, mas um esquema que
tende dinamicamente até a enteléquia.
A mesma advertência se pode estender ao caso dos órgãos que integra o organismo
microcósmico: A PALAVRA NÃO APERFEIÇOA DE MODO ALGUM AO ÓRGÃO
CUJA FUNÇÃO PARTICULAR CONTROLA; SOMENTE O AJUSTA À FORMA DE
SUA MATRIZ FUNCIONAL. Naturalmente, sendo que a CAPACIDADE da matriz funci-
onal contém ao esquema anterior, o ajuste entre a função particular e a matriz funcional implica
a correspondência estrutural entre o órgão e o esquema.
Tal esquema anterior está registrado no setor inato do órgão e sua forma, sua capacidade,
não é outra mais que a matriz funcional. Com relação ao exemplo, no setor inato da glândula
hipófise está gravado o esquema anterior que rege seu processo evolutivo: à capacidade do setor
inato, à matriz funcional, se ajusta a função particular da glândula real. O esquema anterior é
segundo vimos mais atrás, um "esquema hereditário", ou seja, um projeto real de glândula hi-
pófise desenvolvido por especialização orgânica durante a evolução filogenética. Quando a Pa-
lavra ajna, ressoando no chacra ajna, compara a função particular da glândula com a capacidade
da matriz funcional, em realidade o que faz é comparar estruturalmente à glândula com o es-
quema hereditário registrado no setor inato. Se existe alguma diferença, a Palavra replica sobre
a glândula seu poder plasmador e modifica a função particular, ajustando-a a capacidade da
matriz funcional: a glândula real responde, então, ao esquema hereditário, o qual não é, então,

268
perfeito.
Esclarecido, pois, o fato de que a missão do logos Kundalini não consiste em absoluto
em "aperfeiçoar" ao organismo ou tão sequer a algum de seus órgãos cabe agregar que, pelo
contrário, o logos Kundalini pode produzir, ou insistir tenazmente para que se reproduzam
MÚLTIPLAS IMPERFEIÇÕES OU ENFERMIDADES ORGÂNICAS. O logos Kundalini,
em efeito, é responsável de assegurar que a função particular se ajuste ao esquema hereditário
conteúdo na matriz funcional; mas se tal esquema, por motivos que há que buscar em sua his-
tória filogenética, apresenta certas IMPERFEIÇÕES, estas se transferirão normalmente ao ór-
gão sob a forma de PREDISPOSIÇÕES PATOGÊNICAS: o órgão, conformado por um es-
quema imperfeito, exibirá, por exemplo, uma predisposição especial a determinada enfermi-
dade; então, o processo evolutivo do órgão será "estável" caso se ajuste ao esquema hereditário,
ou seja, será estável caso se adoeça nalgum momento de seu ciclo vital: assim está disposto no
esquema porque isso "convém" à evolução geral microcósmica como "acidente do destino"; e
temos aqui lançado o curioso fato de um processo que é estável ainda que nesse desenvolvi-
mento o órgão esteja adoecendo sem remédio; que ocorre se, por meio de uma medicina, ou
seja, externamente, se tenta DESVIAR o processo evolutivo do órgão para tentar sua cura?
Resposta: que o intento de "curar" ao órgão torna INSTÁVEL seu processo, pois o aparta do
esquema hereditário, onde ESTÁ PREVISTO QUE O ÓRGÃO PODE ADOECER. E se o
processo se torna instável não restam dúvidas que tem de intervir a Palavra para restabelecer o
ajuste da função particular à capacidade da matriz funcional: OU SEJA, QUE, NESTE CASO,
O PODER PLASMADOR DA PALAVRA SE EMPREGA EM MANTER A ENFERMI-
DADE, POIS DESSE MODO SE MANTÉM A ESTABILIDADE DO PROCESSO EVO-
LUTIVO. Nestes casos, não há maneira efetiva de curar ao órgão, senão modificar o esquema
hereditário; mas esta possibilidade está vedada à medicina oficial do Kaly Yuga: somente os
viryas despertos e os Siddhas, ao dominar os Registros ônticos, estão em condições de resignar
os esquemas hereditários e "curar" toda classe de enfermidades.

M – CORRESPONDÊNCIA ANÁLOGA ENTRE O ASPECTO LOGOS DO DEMIURGO E O


LOGOS KUNDALINI.

Em princípio, recordemos que o logos Kundalini se encontra no interior do globo de


akasa como a expressão microcósmica do Aspecto Logos do Demiurgo: o logos Kundalini e o
Aspecto Logos são, pois, ANÁLOGOS. Mas, de acordo com as analogias micro e macrocós-
micas estudadas no artigo 'D' e expostas sinoticamente na figura 38, não surge com clareza onde
radicaria esta nova correspondência análoga. E isso é natural posto que nem em tal artigo nem
em tal figura se tem mencionado ao "Aspecto Logos" do Demiurgo: em verdade, o que na
figura 38 se tem representado são os "Aspectos" que adquire a "Manifestação (12) anímica" do
Demiurgo na estrutura orgânica do macrocosmo: Aspecto Beleza (14), Aspecto Amor (16) e

269
Aspecto Consciência do Sentido do Mundo (18); ditos Aspectos são análogos respectivamente
aos "sujeitos" com que se manifesta o sujeito anímico (4) do microcosmo: sujeito racional (6),
sujeito cultural (8) e sujeito consciente (10).
É justo perguntar: que papel representa o Aspecto Logos no macrocosmo se o mesmo
não constitui parte da Manifestação anímica? Resposta: o papel de PRINCÍPIO PLASMA-
DOR CÓSMICO: UM PAPEL CUJA ESSÊNCIA IMPLICA A TRANSCENDÊNCIA MA-
CRO-CÓSMICA. Mais claramente: a Manifestação anímica (12) é, com rigor, a IMANÊNCIA
ABSOLUTA DO DEMIURGO NO MACROCOSMO, de modo análogo a como o sujeito
anímico É A IMANÊNCIA ABSOLUTA DA ALMA NO MICROCOSMO; mas a plasmação
do macrocosmo, do organismo que vai receber essa imanência anímica, somente pode ser uma
TRANSCENDÊNCIA, um ato TRANSCENDENTE ao próprio macrocosmo; se entende
assim que o Logos que plasma e outorga existência real ao macrocosmo seja um Aspecto do
Demiurgo que se mantém desde o Princípio na transcendência absoluta; o Aspecto Logos é a
causa transcendente de todo ente macrocósmico: sua VOX é quem designa aos entes e lhes
outorga existência individual, terminando a natureza universal que procede dos Arquéti-
pos imanentes ao plano arquetípico; uma TRANSCENDÊNCIA análoga guarda
no microcosmo o logos Kundalini, quem, por ser o princípio plasmador do gérmen microcós-
mico, está além da imanência do microcosmo.

A resposta anterior ficou esclarecida: o Aspecto Logos desempenha "um papel cuja es-
sência implica a transcendência macrocósmica". Na figura 38, e no artigo mencionado, somente

270
se tem tratado dos Aspectos "imanentes" do Demiurgo e dos correspondentes aspectos ima-
nentes do sujeito anímico microcósmico.
Se quisermos completar a figura 38 com o Aspecto Logos do Demiurgo, deveríamos
incluir um setor análogo ao Ovo Primordial, recipiente original e absolutamente transcendente
de Seu Verbo. Na figura 66 se tem agregado o setor (22) que representa ao Ovo Primordial, em
cujo interior subsiste o Aspecto Logos, o qual é evidentemente externo tanto ao macrocosmo
(13) como à Manifestação imanente (12): tal exterioridade equivale a sua transcendência. O Ovo
Primordial, segundo se vê na mesma figura, é análogo ao globo de akasa (20), em cujo interior
subsiste o logos Kundalini, e é também "externo", ou seja, transcendente, tanto ao microcosmo
(5) como ao sujeito anímico (4). Não há que insistir em que a máxima informação da figura 66
se obterá logo de uma atenta comparação com a figura 38.

N – O YOGA: INICIAÇÃO NA HIERARQUIA BRANCA DE CHANG SHAMBALA.

Salvo o Tantra Yoga, do qual falaremos mais adiante, os restantes yogas procedem da
Hierarquia Branca de Chang Shambala, da Sabedoria dos Siddhas Traidores. Em particular nos
referiremos aqui ao KUNDALINI YOGA, pois o OBJETIVO que propõe sua práxis consiste
em LIBERAR AO LOGOS KUNDALINI DE SUA ENVOLTURA NO GLOBO DE
AKASA PARA QUE CIRCULE, PESSOALMENTE, PELO CANAL ELIX. Como se vê
este objetivo se encontra diretamente vinculado aos temas que temos desenvolvido em incisos
anteriores.
Agora bem, o Kundalini yoga, e todo yoga semelhante, se deriva de uma antiga ciência
dos Siddhas Traidores conhecida como KALACHAKRA ou RODA DO TEMPO: os Siddhas
Traidores são os Senhores do Carma e a Kalachakra é a ciência que permite aprisionar ao Es-
pírito e a alma à roda das vidas, ou seja, às reencarnações evolutivas. Os yogas são, pois, sistemas
de conhecimentos iniciáticos que torna possível, de distintos modos, a liberação da roda do
Carma e a autonomia ôntica. À iniciação pelo yoga, como as do ritual maçônico, teosófico,
Rosacruz, etc., a englobamos na denominação genérica de INICIAÇÃO SINÁRQUICA em
oposição à INICIAÇÃO HIPERBÓREA: a iniciação sinárquica aprisiona ao iniciado na Hie-
rarquia Branca enquanto que a Iniciação Hiperbórea isola ao Eu do iniciado de todo tipo de
logos hierárquicos, abrindo-lhe o caminho até a liberdade absoluta do Espírito eterno.
Temos mencionado o objetivo do Kundalini yoga; liberar ao logos Kundalini no canal
ELIX. Com que FIM se persegue tal objetivo? Resposta: com O FIM DE QUE O SUJEITO
ANÍMICO SE IDENTIFIQUE COM O UNO CÓSMICO. Isto não é difícil de compreender
se recordarmos a identidade essencial que guardam entre si o logos Kundalini e o Aspecto
Logos, tal como se observa na figura 66: o logos Kundalini É o Aspecto Logos do Demiurgo
e, como tal, É O VERBO DO UNO MANIFESTADO NO MICROCOSMO. A circulação

271
do próprio logos Kundalini pelo canal ELIX, em lugar de sua Palavra, causa duas coisas: uma
ALTERAÇÃO definitiva do microcosmo, e a IDENTIFICAÇÃO do sujeito anímico com O
Uno. Vejamos, por separado, cada um desses efeitos.
Sobre a ALTERAÇÃO DEFINITIVA DO MICROCOSMO causada pela iniciação
pelo yoga há que afirmar que se trata de uma INVERSÃO EVOLUTIVA ESPECIAL, efetu-
ada pelo logos Kundalini com o propósito de que o sujeito anímico protagonize o GRANDE
SALTO: uma experiência metafísica que permite ao sujeito A IDENTIFICAÇÃO COM O
UNO e que será descrita mais adiante. Agora; há que enfatizar que a mencionada INVERSÃO
EVOLUTIVA nada tem que ver com a experiência do RETORNO A ORIGEM que propi-
ciam as vias secretas de liberação da Sabedoria Hiperbórea. Isto se verá com clareza depois de
expor em que consiste a INVERSÃO EVOLUTIVA.
A base de onde deve partir o raciocínio é a seguinte: o sujeito anímico, livre de seu pro-
cesso evolutivo natural, progride até a enteléquia Manu de acordo com os graus da escala da
figura 44; na figura 56, se observa com maior detalhe que O SENTIDO DA EVOLUÇÃO
APONTA ATÉ A ENTELEQUIA; mas o que é a enteléquia senão o Princípio posto como
finalidade, ou seja, o Arquétipo universal proposto como perfeição final? O Princípio e o final
de um processo evolutivo são IDÊNTICOS: o ente evolutivo, que progride entre esses dois
extremos, participa do Princípio em seu ser em si e aponta até a finalidade entelequial que o
reclama desde o futuro de seu ser em si, manifestado permanentemente como enteléquia po-
tencial. Com esta base, se pode compreender a diferença entre a EVOLUÇÃO NATURAL do
pasu até a finalidade e a INVERSÃO EVOLUTIVA até o Princípio causada pela iniciação pelo
yoga: a EVOLUÇÃO NATURAL, em efeito, conduz ao pasu até a finalidade entelequial, até a
autonomia ôntica, até a concretização do objetivo microcósmico da finalidade; a iniciação pelo
yoga, pelo contrário, procura TRANSMUTAR ao microcosmo em um prazo muito breve e
conseguir, desse modo, a IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO COM O PRINCÍPIO, ou seja,
com o Arquétipo universal e, através deste, com O Uno: a TRANSMUTAÇÃO do micro-
cosmo implica, segundo se vê, uma INVERSÃO EVOLUTIVA.
Mas a "inversão evolutiva" NÃO É UMA MERA "INVOLUÇÃO", pois o fim da ini-
ciação pelo yoga, isto é, a IDENTIFICAÇÃO COM O PRINCÍPIO, deve ser alcançada me-
diante um GRANDE SALTO, mediante o cruzar imediato de uma ponte metafísica entre dois
mundos: A INVERSÃO EVOLUTIVA deve entender-se como INVERSÃO DO SENTIDO
EVOLUTIVO, marcha até o Princípio em lugar de até o final, e não como INVOLUÇÃO,
pois no SENTIDO INVERSO, não existe nada parecido a um PROCESSO EVOLUTIVO.
Em resumo, por lentíssima evolução natural, o pasu consegue alcançar a finalidade en-
telequial ou, pela acelerada transmutação orgânica e inversão do sentido evolutivo, consegue
alcançar o Princípio universal de seu ser: como consegue isto último? Resposta: cumprindo o

272
objetivo da Kundalini yoga: liberando aos logos Kundalini no canal ELIX: para o que? Res-
posta: para que haja efetiva TRANSMUTAÇÃO, a ALTERAÇÃO DEFINITIVA DO OR-
GANISMO MICRO-CÓSMICO. Esta resposta nos permite completar o conceito do logos
Kundalini: ENQUANTO PERMANECE NO GLOBO DE AKASA, A MISSÃO DO LO-
GOS KUNDALINI CONSISTE EM CONTROLAR A FUNÇÃO GERAL ORGÂNICA
MEDIANTE A SUPER-SÉRIE FONÉTICA DE SUAS PALAVRAS PLASMADORAS;
MAS, SE O GLOBO DE AKASA RESULTA ABERTO PELA PRÁTICA DO YOGA OU
POR QUALQUER OUTRO MOTIVO, O LOGOS KUNDALINI ATUA DE MANEIRA
EXTREMAMENTE DIFERENTE: NÃO AJUSTA A FUNÇÃO GERAL DO ORGA-
NISMO À FORMA DA MATRIZ ESSENCIAL, OU SEJA, À SUPER-SÉRIE ÔNTICO-
TEMPORAL, TAL COMO O FAZEM HABITUALMENTE SUAS PALAVRAS DA SU-
PER-SÉRIE FONÉTICA; EM COMPENSAÇÃO, AJUSTA A FUNÇÃO GERAL DIRE-
TAMENTE À FORMA DO ARQUÉTIPO MANU; FORMA QUE O LOGOS KUNDA-
LINI COPIA DA SÉRIE FORMATIVA DO DESÍGNIO, POIS SE ENCONTRA EM
SEU LIMITE; MAS, EIS AQUI UMA IMPORTANTE DIFERENÇA: A FORMA DO AR-
QUÉTIPO MANU, A QUE IMITA O LOGOS KUNDALINI, É A DO PRINCÍPIO E
NÃO A QUE CORRESPONDE À FINALIDADE ENTELEQUIAL; SE PRODUZ AS-
SIM, AO TEMPO DA RECRIAÇÃO DO ORGANISMO PELO PODER PLASMADOR
DE SUA VOX, UMA INVERSÃO DO SENTIDO EVOLUTIVO: O SEGUINTE PASSO
É O "GRANDE SALTO" E A IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO ANÍMICO COM O
UNO, OU SEJA, A TRANSMUTAÇÃO DO ORGANISMO MICRO-CÓSMICO, SUA
ALTERAÇÃO DEFINITIVA; A CONSEQÜÊNCIA DISTO NÃO É MENOR: O SU-
JEITO, IDENTIFICADO COM O UNO, OU COM UM DE SEUS ASPECTOS ARQUE-
TÍPICOS, FICA INCORPORADO DE IMEDIATO À HIERARQUIA BRANCA; E O
EU, A EXPRESSÃO DO ESPÍRITO NO VIRYA PERDIDO, SE ECLIPSA PARA SEM-
PRE, TAL COMO SE EXPLICARÁ, MAS ADIANTE.
O logos Kundalini ajusta a função geral do organismo microcósmico à forma do Arqué-
tipo Manu que existe no extremo do Princípio da série formativa do desígnio; o organismo
resulta assim recriado e transmutado definitivamente. Falta-nos ver, ainda, como realiza o logos
Kundalini esta operação de transmutar o microcosmo.
Para explicá-lo de maneira simples, destaquemos que no ato de transmutação ocorrem
DOIS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS: O PRINCÍPIO DO ARQUÉTIPO MANU E O
PRINCÍPIO DO DESÍGNIO SERPENTE. Tomando em conta estes dois Princípios, obser-
vemos a figura 56.
A utilização do Princípio do Arquétipo Manu equivaleria a que o logos Kundalini se
situasse em direção paralela ao eixo (Tt) e observasse até o plano arquetípico PELO CANAL
ELIX: SE COMPROVA DE ENTRADA, REPARANDO NA ESCALA GRADUAL DE

273
MOMENTOS PROGRESSIVOS, QUE TAL DISPOSIÇÃO IMPLICA UMA INVERSÃO
EVOLUTIVA. O logos Kundalini se propõe ajustar a função geral à forma do Princípio do
Arquétipo Manu: ISSO EQUIVALE A SUPRIMIR, NA FIGURA 56, A DISTÂNCIA QUE
SEPARA AO "PASU, MICROCOSMO POTENCIAL" DO "ARQUÉTIPO MANU", OU
SEJA, ENTRE A ESFERA INFERIOR e A ESFERA SUPERIOR (eixo Tt). Tal separação
significa, analogamente, o "GRANDE SALTO": um salto que, segundo se vê evita o caminho
de ELIX. É evidente, pois, que o ajuste entre o microcosmo e o Princípio do Arquétipo Manu
elimina a série ôntico-temporal que existe sobre a função continua ELIX porque a mesma fun-
ção continua foi salteada durante o "grande salto".
O Princípio do desígnio serpente é utilizado pelo logos Kundalini para AJUSTAR o
microcosmo ao Princípio do Arquétipo Manu: o que significa isto?
Resposta: que o logos Kundalini SE REVESTE COM A MATRIZ ESSENCIAL DO
DESÍGNIO SERPENTE QUANDO AS VÁLVULAS DA CONCHA SE ABREM E SEU
PODER PLASMADOR FICA LIBERADO NO CANAL ELIX. Se o objetivo do yoga tem
êxito, e o globo de akasa se abre o logos Kundalini, QUAL UMA SERPENTE SÚBITA-
MENTE ATIVA, se desenvolve e se desliza como um fogo pelo canal ELIX: a matriz essencial
do desígnio serpente contém TODAS AS MATRIZES FUNCIONAIS QUE REGEM AS
LEIS DA ENERGIA e isso lhe permite ir ajustando todas as funções particulares dos órgãos
às formas originais do Princípio do Arquétipo Manu. QUANDO A SERPENTE KUNDA-
LINI ACESSA AO ÚLTIMO CHAKRA DO CANAL ELIX, ISTO É, AO BRAHMA-
CHAKRA, SE CONSUMA O "GRANDE SALTO": O ORGANISMO MICRO-CÓS-
MICO FICA ENTÃO AJUSTADO À FORMA DO PRINCÍPIO DO ARQUÉTIPO
MANU E O SUJEITO ANÍMICO IDENTIFICADO COM O UNO.
Este último efeito é o FIM declarado no objetivo do yoga e pode ocorrer em qualquer
estrutura no que se encontre manifestado o sujeito anímico. No virya perdido, o sujeito anímico
pode estar NO NÍVEL DOS QUATRO CHAKRAS GLANDULARES SUPERIORES, ou
seja, sobre o ANAHATA, à altura do coração; sobre o VISHUDA, nas tireoides; sobre o
AJNA, na hipófise, ou sobre o BRAHMARANDRA ou BRAHMACHAKRA, no topo do
crânio: em qualquer destes níveis, o logos Kundalini FAGOCITA o sujeito anímico e o refunde
em sua essência cósmica: o sujeito anímico, então, geralmente o sujeito consciente, tem a im-
pressão de que seu campo sensível se expande até todas as direções do universo, conseguindo
assim os "estados superiores de consciência" do SAMADHI ou do NIRVANA: TAIS ESTA-
DOS SÃO OS MAIS SUPERIORES NO NÍVEL ANÍMICO DO PASU E OS MAIS IN-
FERIORES NO NÍVEL ESPIRITUAL DO VIRYA. O SAMADHI, OU OS ESTADOS
NIRVÁNICOS, INDICAM QUE O SUJEITO ANÍMICO, A ALMA, SE TEM IDENTI-
FICADO COM O UNO: O SUJEITO, IMPELIDO PELO LOGOS KUNDALINI, TEM
DADO O "GRANDE SALTO" DESDE O BRAHMACHAKRA E SE TEM SITUADO

274
EM UM "NÍVEL DE CONSCIÊNCIA MACRO-CÓSMICO"; O "GRANDE SALTO"
SIGNIFICA QUE O SUJEITO CRUZOU A PONTE METAFÍSICA QUE CONDUZ AO
PLANO ARQUETÍPICO E ALI SE EXPANDIU SOBRE OS PLANOS CÓSMICOS POR
DIFUSÃO NO ASPECTO "BELEZA" OU "INTELIGÊNCIA ATIVA" DO DEMI-
URGO. QUANDO ISTO OCORRE, NÃO PODE JÁ EXISTIR NENHUMA INTER-
VENÇÃO ESPIRITUAL NO VIRYA, OU SEJA, NENHUMA INFLUÊNCIA DO ESPÍ-
RITO HIPERBÓREO APRISIONADO: ISSO É LÓGICO POSTO QUE AO CONSE-
GUIR-SE O "GRANDE SALTO", A MISSÃO DO APRISIONAMENTO JÁ FOI CUM-
PRIDA; O PASU É AGORA UM INICIADO SINARCA, INTEGRADO NA HIERAR-
QUIA BRANCA DE CHANG SHAMBALA; E SUA HERANÇA HIPERBÓREA, OU
SÍMBOLO DA ORIGEM, FICOU DESDE ENTÃO DEFINITIVAMENTE NEUTRA-
LIZADA.
No próximo artigo se explicará analogamente em que consiste o “grande salto” prati-
cado pelo sujeito anímico como fim da iniciação pelo yoga. Na continuação vamos antecipar o
efeito que o grande salto, e a prévia transmutação orgânica, causam no Eu perdido do virya e
que a Sabedoria Hiperbórea denomina: “ESCORRIMENTO DO SÍMBOLO DA ORI-
GEM”.
DURANTE A TRANSMUTAÇÃO, O LOGOS KUNDALINI, COM SEU PODER
PLASMADOR, ESTABILIZA TODOS OS PROCESSOS EVOLUTIVOS DA MEMÓRIA
ARQUETÍPICA; RESULTAM ASSIM AJUSTADOS OS ARQUÉTIPOS INVERTIDOS
A SUAS MATRIZES ARQUETÍPICAS, COM TAL EXATIDÃO QUE O GRAU DE PAR-
TICIPAÇÃO QUE ESTES MANTÊM COM OS ARQUÉTIPOS UNIVERSAIS AL-
CANÇA SUA MÁXIMA PERFEIÇÃO; O NEXO METAFÍSICO ENTRE A MEMÓRIA
ARQUETÍPICA E O PLANO ARQUETÍPICO ADQUIRE ENTÃO O CARÁTER DA
IDENTIDADE INDISCERNÍVEL; TAL IDENTIDADE CAUSA QUE O SUJEITO
ANÍMICO ANIME SIMULTANEAMENTE AMBOS OS PLANOS, O MICRO-CÓS-
MICO DA MEMÓRIA ARQUETÍPICA E O MACRO-CÓSMICO DO PLANO ARQUE-
TÍPICO; ISSO EQUIVALE A UM “GRANDE SALTO”, AO PASSO CONSCIENTE DE
UM MUNDO A OUTRO; MAS ISSO SIGNIFICA, TAMBÉM, QUE O SUJEITO ANÍ-
MICO SE IDENTIFICOU COM UM ASPECTO DO UNO.
BEM: O ESPÍRITO APRISIONADO, DE ACORDO AO ESTUDADO NA PRI-
MEIRA PARTE, SE MANIFESTA COMO "EU PERDIDO" NO SEIO DO SUJEITO
ANÍMICO CONSCIENTE, POR REFLEXO DO EU INFINITO NO SÍMBOLO DA
ORIGEM; QUE OCORRE COM O EU PERDIDO, COM A EXPRESSÃO DO ESPÍ-
RITO ETERNO, QUANDO O SUJEITO CONSCIENTE REALIZA O "GRANDE
SALTO" E SE EXPANDE NO PLANO ARQUETÍPICO? RESPOSTA: O ECLIPSE DE-

275
FINITIVO DO EU: A PARTIR DO "GRANDE SALTO" JÁ NÃO EXISTIRÁ NE-
NHUMA MANIFESTAÇÃO DO ESPÍRITO NO MICROCOSMO POR CAUSA DO
"ESCORRIMENTO" IRREVERSÍVEL DO SÍMBOLO DA ORIGEM DA MEMÓRIA
DE SANGUE DO VIRYA; O "ESCORRIMENTO" É A CULMINAÇÃO ESTRATÉ-
GICA DA CHAVE GENÉTICA DOS SIDDHAS TRAIDORES: SUA CONCRETIZA-
ÇÃO ASSINALA O FIM DO APRISIONAMENTO PORQUE IMPLICA QUE SE CUM-
PRIU O OBJETIVO MICRO-CÓSMICO DA FINALIDADE DO PASU; SEM EM-
BARGO, SEMELHANTE "DESENCADEAMENTO" NÃO BENEFICIA EM NADA
AO ESPÍRITO HIPERBÓREO, POIS, SE NÃO CONSEGUIU REORIENTAR-SE DU-
RANTE O APRISIONAMENTO PERMANECERÁ NA CONFUSÃO ESTRATÉGICA
DE SEU ESTADO REVERTIDO: E NESSE ESTADO CONTINUARÁ ATÉ O MAHA-
PRALAYA. ENTRETANTO, O MAIS PROVÁVEL É QUE OS SIDDHAS TRAIDORES
INTERVENHAM ANTES QUE CHEGUE TAL MOMENTO, E QUE O ESPÍRITO
SEJA ENTÃO APRISIONADO NOVAMENTE A OUTRO VIRYA PARA "APROVEI-
TAR SUA FORÇA VOLITIVA ORIENTADORA".
A resposta anterior se entenderá melhor se explicamos analogamente no que con-
siste o grande salto, o fim declarado da iniciação sinárquica pelo yoga.
Conjuntamente, será também explicado o conceito da Sabedoria Hiperbórea sobre o
ESCORRIMENTO DO SÍMBOLO DA ORIGEM.

O – ESTUDO ANÁLOGO DO “GRANDE SALTO” E DO “ESCORRIMENTO” DO SÍMBOLO


DA ORIGEM.

O fim do yoga, ou "grande salto", causa o "escorrimento" do Símbolo da Origem, ou


seja, "a culminação estratégica da chave genética dos Siddhas Traidores". O escorrimento, en-
tão, significa a perda da herança hiperbórea. Mediante um simples modelo análogo, baseado
em conceitos já definidos, vamos evidenciar o "grande salto" e seu efeito "escorrimento".
Já vimos que o logos Kundalini, revestido com a forma do desígnio serpente, ajusta o
organismo microcósmico ao Princípio do Arquétipo Manu: se trata, em última instância, de um
ajuste entre micro e macrocosmo, posto que o Princípio do Arquétipo Manu seja uma forma
derivada do Uno macrocósmico. Com o propósito de evidenciar o mais claramente possível o
ato do “grande salto" vamos nos referir somente a um aspecto saliente da analogia micro/ma-
crocósmica, qual é a correspondência entre a memória arquetípica, ou estrutura neurofisiológica
do cérebro, e o plano arquetípico do macrocosmo.
Segundo a figura 38, a memória arquetípica do microcosmo (flecha 6) guarda corres-

276
pondência análoga com o plano arquetípico do macrocosmo (flecha 14); analogamente, tam-
bém, enquanto a memória arquetípica está animada pelo SUJEITO RACIONAL, o plano ar-
quetípico o está pelo Aspecto Beleza, ou "Inteligência ativa", do Demiurgo O Uno. Este As-
pecto, PELO ANIMAR ÍNTEGRAMENTE AO PLANO ARQUETÍPICO, SE MANI-
FESTA EM TODOS E CADA UM DOS ARQUÉTIPOS UNIVERSAIS, E, DESDE
LOGO, TAMBÉM NO ARQUÉTIPO MANU.
De acordo com a figura 9, na figura 56 se equipara a um “plano limite”, a separação
entre o plano arquetípico e o plano material; assim mesmo, nesta figura e nas 44 e 45, se repre-
senta uma “escala gradual de momentos progressivos” que permite medir o processo evolutivo
desde sua iniciação no plano material. Temos assim analogamente uma LINHA OU EIXO que
separa o plano arquetípico do plano material; ao que é análoga dita linha, no microcosmo?
Resposta: a uma linha que separa a memória arquetípica da estrutura psíquica: uma fronteira
semelhante está representada na figura 39 como A LINHA DE PONTOS QUE SEPARA A
REGIÃO (a) DAS REGIÕES (b), (c) e (d), ou seja, a memória arquetípica (a) da estrutura
psíquica (b, c e d).
Começaremos a explicação estabelecendo uma relação ENTRE O NÍVEL EVOLU-
TIVO MICRO-CÓSMICO DE UM VIRYA PERDIDO TÍPICO E UM NÍVEL MACRO-
CÓSMICO DE REFERÊNCIA: para isso nos valeremos da analogia entre as linhas, ou fron-
teiras, apontadas.

À esquerda da figura 67, observamos um EIXO ZERO-ÔMEGA (0Ω), adiante


“EIXO ÔMEGA”, que separa ao plano arquetípico do plano material e, no plano material

277
uma, “escala gradual de momentos progressivos”: o eixo (0Ω) representa o “nível de referência”
frente ao que se medirá, INVERSAMENTE, o nível evolutivo do microcosmo. Por isso à
direita o EIXO ZERO-ALFA (0A), adiante “EIXO ALFA”, assinala a fronteira entre a me-
mória arquetípica e a estrutura psíquica e por sua marca um determinado nível evolutivo (A) na
escala gradual; no exemplo adotado este nível corresponde ao 5º grau do progresso evolutivo.
Com esta disposição análoga interpretamos o objetivo e o fim do Kundalini yoga. O
logos Kundalini, ao ficar livre no canal ELIX, se propõe a ajustar a função geral do organismo
microcósmico ao Princípio do Arquétipo Manu: isso equivale, na figura 67, a SUPRIMIR A
DIFERENÇA (Dif.) DE NÍVEL ENTRE O EIXO ALFA E O EIXO ÔMEGA. Analoga-
mente, pois, O “GRANDE SALTO” CONSISTE EM ELIMINAR A DIFERENÇA (Dif.)
ENTRE O NÍVEL ALFA E O NÍVEL ÔMEGA, EM CONSEGUIR QUE O EIXO (0A)
“SALTE”, INVERSAMENTE AO SENTIDO EVOLUTIVO (1º, 2º, 3º …), E SE IGUALE
COM O EIXO (0Ω): NESSE MOMENTO, TAMBÉM, SE TERÁ IDENTIFICADO O
SUJEITO ANÍMICO, QUE SE ENCONTRA “SOBRE” O EIXO (0A) COM O ASPECTO
BELEZA, QUE SE ENCONTRA “SOBRE” O EIXO (0Ω); É A CONCRETIZAÇÃO DO
FIM DO KUNDALINI YOGA.
É evidente que o grande salto é uma AÇÃO DE CONTROLE efetuada diretamente
pelo logos Kundalini sob sua forma serpentina: O GRANDE SALTO, EM EFEITO, SO-
MENTE PODE OCORRER CASO SE SUPRIME A DIFERENÇA (Dif.) ENTRE O OR-
GANISMO MICRO-CÓSMICO E O PRINCÍPIO DO ARQUÉTIPO MANU; O LOGOS
KUNDALINI, PARA IGUALAR O EIXO ALFA COM O EIXO ÔMEGA, DEVE ADI-
CIONAR AO ORGANISMO UM FATOR DE AJUSTE -Dif., OU SEJA, UM VALOR IN-
VERSO À DIFERENÇA Dif. Voltando à figura 56, podemos descrever a "ação de controle"
do seguinte modo: A SERPENTE KUNDALINI, DESDE UM CHAKRA SUPERIOR,
PRONUNCIA A PALAVRA DO PRINCÍPIO DO ARQUÉTIPO MANU; SE PRODUZ
ENTÃO A RESSONÂNCIA DA CAPACIDADE ARQUETÍPICA DO ARQUÉTIPO
MANU E SUA FORMA RESULTA ATUALIZADA E APLICADA SOBRE O ORGA-
NISMO MICRO-CÓSMICO; A SERPENTE KUNDALINI EFETUA A COMPARAÇÃO
ENTRE A FORMA DO ARQUÉTIPO MANU E O ORGANISMO MICRO-CÓSMICO
E DETECTA A DIFERENÇA (Dif); REPLICA, ENTÃO, COM SEU PODER PLASMA-
DOR, O FATOR DE AJUSTE -Dif. SOBRE O ORGANISMO, ALTERANDO DEFINI-
TIVAMENTE SUA ESTRUTURA; O ORGANISMO FICA AJUSTADO EXATA-
MENTE AO ARQUÉTIPO MANU, NÃO EXISTINDO JÁ NENHUMA DIFERENÇA
(Dif.) ENTRE AMBOS: O "GRANDE SALTO" FOI PRODUZIDO, O EIXO ALFA
COINCIDE COM O EIXO ÔMEGA, O SUJEITO ANÍMICO SE IDENTIFICA COM O
UNO.

278
O "grande salto” implica a TRANSMUTAÇÃO quase instantânea do organismo mi-
crocósmico e sua incorporação à Hierarquia Branca de Chang Shambala. Esta situação é, por-
tanto, incompatível com a herança hiperbórea e é por isso que na chave genética dos Siddhas
Traidores está previsto, desde o começo do aprisionamento espiritual, O EFEITO ESCORRI-
MENTO: o ESCORRIMENTO assegura que o Símbolo da Origem se tornará inoperante
desde o momento em que se produza o grande salto; O ESCORRIMENTO DO SÍMBOLO
DA ORIGEM É A CULMINAÇÃO ESTRATÉGICA DA CHAVE GENÉTICA.
Remontaremo-nos à figura 29, com o fim de explicar analogamente o efeito escorri-
mento, “vemos ali que a esfera de luz foi assinalada com um traço mais grosseiro e que em seu
interior, sobre uma LINHA CÔNCAVA , se reflete em alguns olhares do Espírito-esfera.
Analogamente, a linha corresponde AO PERFIL DO SÍMBOLO DA ORIGEM: é CÔN-
CAVA porque “A ORIENTAÇÃO DA GNOSE ESPIRITUAL ESTÁ ASSINALADA
PELO CÓNCAVO”, segundo se explicou no inciso “O Espírito-esfera normal”. Pois bem,
sobre a linha se manifesta o Espírito como o Eu do virya, um Eu que tende espontanea-
mente a confundir-se com o sujeito consciente devido a que o Símbolo da Origem se situa
sempre na esfera de luz por determinação da chave genética”. Se observarmos atentamente a
figura 29, comprovaremos que o perfil do Símbolo da Origem intersecta a estrutura psíquica
nos pontos A e B: EM CONSEQÜÊNCIA, O EIXO ALFA (OA) DA FIGURA 67, QUE
REPRESENTA O LIMITE DA ESTRUTURA PSÍQUICA, TAMBÉM HÁ DE ESTAR IN-
TERSECTADO PELO SÍMBOLO DA ORIGEM . Para maior clareza, na figura 68 se
agrega a linha curva que corresponde ao perfil do Símbolo da Origem. Como a linha da
figura 68 NÃO É CÔNCAVA SENÃO CONVEXA, cave formular aqui uma justificação que
evite todo possível mal entendido: na figura 68, e nas seguintes 69 e 70, se deve entender à linha
como a REPRESENTAÇÃO da linha côncava das figuras 29, 30, 31, e 32; as exigências da
analogia obrigam a REPRESENTAR à linha côncava na forma que mostra a figura; em todo
caso, se deseja visualizar o aprisionamento por chave genética, há que recordar que as “miradas”
do Espírito revertido sempre se refletem sobre O ASPECTO CÔNCAVO DO SÍMBOLO
DA ORIGEM e supor que as mesmas procedem da parte inferior da figura 68, tal como indi-
cam os vetores “flechas”, em direção à parte côncava da linha .

279
Nos seguintes comentários, se sintetizarão as principais conclusões análogas que se de-
vem extrair, tanto das figuras 67 e 68, como das 69 e 70 que se descreverão mais adiante.
Primeiro – NOTEMOS QUE O SÍMBOLO DA ORIGEM SE ENCONTRA EN-
TRE O EIXO ALFA E O EIXO ÔMEGA, OU SEJA, NO ESPAÇO ANÁLOGO DA DI-
FERENÇA (Dif.).
Segundo – AGREGUEMOS, AGORA, QUE A TÉCNICA DA CHAVE GENÉ-
TICA MANTÉM O SÍMBOLO DA ORIGEM EM UM “NÍVEL FIXO” DURANTE
TODO O PROCESSO EVOLUTIVO. Analogamente, isto quer dizer que, qualquer que seja
o grau de nível em que se encontre o eixo alfa, o Símbolo da Origem sempre se manterá no
lugar que mostra a figura.
Terceiro – Parque se mantém constantemente em um NÍVEL PRÉESTABELECIDO
o Símbolo da Origem? Resposta: PORQUE SEU ASSENTO E RESIDÊNCIA ESTÃO NO
SANGUE HIPERBÓREO. O NÍVEL ABSOLUTO DO SÍMBOLO DA ORIGEM NO
SANGUE PODE VARIAR DE UM VIRYA A OUTRO, MAS EM CADA UM CON-
SERVA UM NÍVEL SEMPRE FIXO QUE SOMENTE DEPENDE, EM PRINCÍPIO, DA
HERANÇA HIPERBÓREA; DADO UM NÍVEL HEREDITÁRIO DO SÍMBOLO DA
ORIGEM, ESTE SE MANTÉM FIXO DURANTE TODO O CICLO VITAL. Analoga-

280
mente, a figura 68 nos revela que uma maior intersecção é proporcional a uma maior PU-
REZA DE SANGUE.
Quarto – Por estes motivos, a Sabedoria Hiperbórea denomina ao eixo alfa “NÍVEL
SÊMICO DO SANGUE PURO”. Na figura 69 comprovamos que estando o Símbolo da Ori-
gem FIXO em um NÍVEL PRÉ-ESTABELECIDO pela chave genética, uma menor diferença
(Dif.) entre o eixo alfa e o eixo ômega implica uma MENOR PUREZA DE SANGUE. Isto é:
QUANTO MAIOR AJUSTE ENTRE O ORGANISMO E O ARQUÉTIPO MANU, ME-
NOR PUREZA DE SANGUE. O “nível sêmico do sangue puro”, o eixo alfa, assinala o se-
gundo grau de progresso evolutivo: é evidente que na figura 69, o perfil é menor que o
interceptado na figura 68, onde o eixo alfa assinala o quinto grau do progresso evolutivo;
QUANTO MENOR DIFERENÇA (Dif.) MAIOR AJUSTE E, TAMBÉM, MENOR PU-
REZA DE SANGUE PORQUE É MENOR O PERFIL DO SÍMBOLO DA ORIGEM
INTERSECTADO NO LIMITE DA ESTRUTURA PSÍQUICA.
Quinto – O espaço análogo da diferença (Dif.), ou seja, o espaço entre o eixo alfa e o
eixo ômega, a Sabedoria Hiperbórea o denomina “ÁREA EFETIVA DE MAYA” para um
virya determinado, o “GRANDE ENGANO” OU “ÁREA EFETIVA DE MAYA” É O
CAMPO DE EXISTÊNCIA DO SÍMBOLO DA ORIGEM COMO PRODUTO DA
CHAVE GENÉTICA. VALE DIZER, O SÍMBOLO DA ORIGEM SOMENTE PODE
EXISTIR NO SANGUE DO VIRYA ENQUANTO EXISTA, TAMBÉM, A DIFERENÇA
(Dif.) ENTRE O ORGANISMO MICRO-CÓSMICO E O ARQUÉTIPO MANU, EN-
QUANTO O ORGANISMO MICRO-CÓSMICO SUSTENTE UM PROCESSO EVOLU-
TIVO. ASSIM, O SÍMBOLO DA ORIGEM NO SANGUE, E O APRISIONAMENTO
ESPIRITUAL CONSEQÜENTE, SÃO REALIDADES PRÓPRIAS DO GRANDE EN-
GANO, FATOS QUE SOMENTE PODEM OCORRER NA ÁREA EFETIVA DE
MAYA, A ILUSÃO DO REAL.
Em verdade a percepção da realidade como “grande engano”, numa experiência subje-
tiva própria dos viryas perdidos: É O EU PERDIDO QUEM, APÓS INTUIR FUGAZ-
MENTE SEU ESTADO DE CONFUSÃO, AFIRMA O CARÁTER ILUSÓRIO DA RE-
ALIDADE. Para o pasu, pelo contrário, não há “área efetiva de Maya”, pois todo o mundo
exterior constitui seu ESPAÇO CULTURAL, o campo onde se concretiza o objetivo macro-
cósmico da finalidade.

281
Sexto – A transmutação que a serpente Kundalini causa no organismo o ajusta ao Ar-
quétipo Manu: fica então suprimida a diferença (Dif.) entre o eixo alfa e o eixo ômega, e o
sujeito anímico se identifica com O Uno. A SUPRESSÃO DA DIFERENÇA (Dif.) SIGNI-
FICA, ANALOGAMENTE, A ELIMINAÇÃO DA “ÁREA EFETIVA DE MAYA”. Mas,
de acordo com os comentários Primeiro e Quinto, tal supressão há de causar a perda do Sím-
bolo da Origem, pois este somente pode existir na “área efetiva de Maya”. E a perda do Símbolo
da Origem tem de causar, em consequência, a definitiva extinção do Eu perdido, o reflexo do
Espírito eterno que se manifesta sobre o mesmo.
Recordemos que o Eu perdido se desloca extraviado por um caminho LABRELIX, pa-
ralelo e correlato de ELIX, que segue o sujeito consciente; os pontos tetrarque do caminho
LABRELIX estão determinados pelo Símbolo da Origem, de maneira tal que a perda deste
acarretará o desaparecimento do caminho LABRELIX e com isso a extinção do Eu perdido
no seio do sujeito consciente.
Sétimo – Tomando como base as explicações e comentários anteriores, vamos definir
aqui o conceito de ESCORRIMENTO DO SÍMBOLO DA ORIGEM: SE O SUJEITO ANÍ-
MICO PROTAGONIZA O GRANDE SALTO, O EIXO ALFA ADQUIRE O VALOR
DO EIXO ÔMEGA: NESSE MOMENTO, O ORGANISMO ESTÁ AJUSTADO AO
PRINCÍPIO DO ARQUÉTIPO MANU E O SUJEITO ANÍMICO SE IDENTIFICOU
COM O UNO. MAS O EIXO ALFA INDICA O “NÍVEL SÊMICO DO SANGUE
PURO”: NESTE SENTIDO, O “VALOR ÔMEGA” EXPRESSA O “VALOR ZERO”.

282
OU SEJA, QUE A COINCIDÊNCIA DO EIXO ALFA COM O EIXO ÔMEGA IM-
PLICA “ZERO CONTEÚDO SÊMICO NA MEMÓRIA DO SANGUE”. A SABEDORIA
HIPERBÓREA AFIRMA QUE, QUANDO O NÍVEL SÊMICO DO SANGUE PURO
ALCANÇA O VALOR ÔMEGA JÁ FOI PRODUZIDO O “ESCORRIMENTO DO SÍM-
BOLO DA ORIGEM”. POR QUÊ? RESPOSTA: PORQUE O SÍMBOLO DA ORIGEM
SE MANTÉM EM UM NÍVEL FIXO, CUJOS PONTOS JAMAIS ALCANÇAM O VA-
LOR ÔMEGA; PORTANTO, SE O EIXO ALFA COINCIDE COM O EIXO ÔMEGA,
SERIA IMPOSSÍVEL QUE SIMULTANEAMENTE INTERSECTARA A LINHA CÔN-
CAVA . ISTO PODE COMPROVAR-SE NA FIGURA 70 ONDE SE VÊ QUE, COM
UM VALOR ÔMEGA, O EIXO ALFA ESTÁ LONGE DE INTERSECTAR A LINHA
CURVA: NESSE MOMENTO JÁ SE PRODUZIU O “ESCORRIMENTO DO SÍMBOLO
DA ORIGEM”, E POR ISSO, A LINHA CURVA QUE REPRESENTA SEU PERFIL, SE
DESENHA COM LINHAS DE TRAÇO.
A FIGURA 70 NOS MOSTRA CLARAMENTE QUE A SUPRESSÃO DE “ÁREA
EFETIVA DE MAYA” CAUSA O ESCORRIMENTO DO SÍMBOLO DA ORIGEM: NO
ORGANISMO NÃO EXISTE JÁ “MEMÓRIA DE SANGUE”; O SÍMBOLO DA ORI-
GEM DA HERANÇA HIPERBÓREA SE PERDEU DEFINITIVAMENTE, JUNTO
COM A PRESENÇA VOLITIVA DO EU: É A CULMINAÇÃO ESTRATÉGICA DA
CHAVE GENÉTICA.

P – SIGNIFICADO ANÁLOGO DA ABERTURA DO GLOBO DE AKASA.

O OBJETIVO do Kundalini yoga propõe: "LIBERAR AO LOGOS KUNDALINI


DE SUA ENVOLTURA NO GLOBO DE AKASA PARA QUE CIRCULE PESSOAL-
MENTE PELO CANAL ELIX". Já vimos que se o logos Kundalini se reveste com a forma
do desígnio serpente dispõe das matrizes funcionais necessárias e suficientes para transmutar
ao organismo e ajustá-lo com o Princípio do Arquétipo Manu; a transmutação vai acompanhada
de um "grande salto", a finalidade do Kundalini yoga, que permite ao sujeito consciente identi-
ficar-se com O Uno. Surge disto uma pergunta natural à que não se respondeu ainda: é a forma
serpentina A ÚNICA que pode adotar o logos Kundalini ao abandonar o globo de akasa? E,
não sendo assim, quem determina a forma com que se revestirá o princípio plasmador? Res-
posta: Antes de tudo, há que se afirmar que o logos Kundalini É CAPAZ DE REVESTIR-SE
COM UMA PLURALIDADE DE FORMAS DIFERENTES. Em segundo lugar, há que se
advertir que a forma particularmente escolhida, quando o logos Kundalini se libera pela prática
do yoga, DEPENDE DA TÉCNICA APLICADA PARA CONSEGUIR O OBJETIVO;
mais claramente: é o sujeito anímico, ao concentrar-se sobre o globo de akasa para abri-lo e
liberar ao princípio plasmador, quem PROJETA e RECLAMA a forma que aquele adotará em
seu trânsito pelo canal ELIX. No caso em que tal projeção provenha exclusivamente do sujeito

283
anímico, SEM INTERVENÇÃO DO EU, o logos Kundalini pode não aceitar revestir-se com
a forma requerida e se necessita não pouca destreza para persuadi-lo em aceitar.

TAMBÉM, PODE OCORRER QUE, LEVADO POR INSONDÁVEIS DESÍG-


NIOS, O LOGOS KUNDALINI DECIDA SAIR POR SUA CONTA DO GLOBO DE
AKASA E, REVESTIDO COM A FORMA DE UM MITO, FAGOCITE AO SUJEITO
CONSCIENTE E SE APODERE DO ORGANISMO MICRO-CÓSMICO. Esta última
possibilidade pode ser interpretada à luz das explicações anteriores sobre o mito e o símbolo
sagrado.
Em relação ao objetivo do Kundalini yoga, e sua finalidade, o que interessa aqui é des-
tacar que SOMENTE A FORMA SERPENTINA DO PRINCÍPIO PLASMADOR, OU
SEJA, O DESÍGNIO SERPENTE COM TODAS SUAS MATRIZES FUNCIONAIS GA-
RANTEM A TRANSMUTAÇÃO COMPLETA DO ORGANISMO MACRO-CÓSMICO
e O GRANDE SALTO. QUALQUER OUTRA FORMA QUE ADOTE O LOGOS KU-
NDALINI, POR MAIS EXCELSA OU "DIVINA" QUE APARENTE SER, POR EXEM-
PLO, A GRANDE MÃE, BRAHMA, VISHNU, JEHOVÁ, OU UM ANIMAL SAGRADO
COMO O ELEFANTE, O CARNEIRO, O CERVO, ETC., CAUSARÃO UM RESUL-
TADO MUITO DIFERENTE AO PERSEGUIDO PELO OBJETIVO INICIÁTICO DO

284
YOGA: O LOGOS KUNDALINI SOB TAIS FORMAS SE COMPORTARÁ NO ORGA-
NISMO COMO UM "MITO AUTÔNOMO", COMO A MANIFESTAÇÃO LOCAL DE
UM ARQUÉTIPO DOMINANTE; VALE DIZER: TENTARÁ SITUARSE FRENTE AO
SUJEITO ANÍMICO PARA FAGOCITÁ-LO E ASSUMIR O CONTROLE DO MICRO-
COSMO; MAS NÃO O FARÁ PARA ELEVAR AO SUJEITO NO "GRANDE SALTO"
SENÃO PORQUE DESEJA PERMANECER NO MICROCOSMO TRANSFORMADO
EM "MITO VIVENTE", EM UM ANTIGO DEUS RESSUSCITADO, AVATAR OU
MESSIAS, ETC. NESTES CASOS, EM LUGAR DA TRANSMUTAÇÃO ORGÂNICA
CONFORME AO ARQUÉTIPO MANU, O LOGOS KUNDALINI FACULTA A CAP-
TURA DO ORGANISMO POR UM ARQUÉTIPO PSICÓIDEO, O QUAL O INTE-
GRARÁ NA SUPERESTRUTURA DE UMA CULTURA EXTERNA E O EMPREGARÁ
PARA FAVORECER O OBJETIVO MACRO-CÓSMICO DA FINALIDADE DO PASU.
TUDO ISTO É CONHECIDO PELOS GURUS DO KUNDALINI YOGA, SÁBIOS DA
KALACHAKRA, QUEM PROJETAM MUITAS FORMAS SOBRE O GLOBO DE
AKASA PARA CONSEGUIR DISTINTOS OBJETIVOS, MAS QUE SABEM MUITO
BEM QUE "O "GRANDE SALTO" SOMENTE SE LOGRA QUANDO O PRINCÍPIO
PLASMADOR ADQUIRE A FORMA SERPENTINA, A CAPACIDADE DO DESÍG-
NIO SERPENTE.
Toda instabilidade, temos visto até agora, sobre o logos Kundalini e o Kundalini yoga
nos está demonstrando que a abertura, forçada ou natural, do globo de akasa é um aconteci-
mento da máxima importância no ciclo vital de um organismo microcósmico, toda vez que sua
ocorrência tanto pode transmutar como destruir ao gérmen microcósmico. Convém, pois, co-
nhecer com mais profundidade o caráter deste fato. Isso poderá conseguir-se caso se compre-
enda a correspondência análoga que a abertura do globo de akasa microcósmico guarda com
um acontecimento semelhante do macrocosmo; podemos formular assim esta interrogação: a
abertura do globo de akasa a que sucesso macrocósmico representa? Resposta: AO MAHA-
PRALAYA.
O Mahapralaya é o fim, igual ao Princípio, do ciclo de Manifestação macrocósmica; a
resposta nos permite inferir pelo que a transmutação imediata do organismo deve ir seguida de
um "grande salto" que suprime todo processo evolutivo: no Mahapralaya somente estão pre-
sentes o Princípio e o fim, SEM MOVIMENTO. Por outra parte, é evidente que o Mahapralaya
macrocósmico assinala a MORTE ORGÂNICA do macrocosmo: analogamente, a abertura do
globo de akasa assinala uma "morte orgânica" do microcosmo, prévia à transmutação; é a
"morte iniciática pelo yoga".
Uma fundamentação mais profunda da analogia entre a abertura do globo de akasa e o
Mahapralaya poderá encontrar-se nas seguintes sentenças da Sabedoria Hiperbórea: DU-

285
RANTE A MANIFESTAÇÃO, O VERBO DO DEMIURGO O UNO DEVE PERMA-
NECER ISOLADO DO MACROCOSMO: SUA VOX TEM DADO FINALIDADE IN-
DIVIDUAL A TODO O EXISTENTE E AINDA DESIGNA AOS ENTES ATUAIS;
MAS, LOGO DO PRINCÍPIO, SUA VOX PERCORRE AOS ENTES PROCEDENTES
DO OVO PRIMORDIAL: ATRAVÉS DO OVO, COMO UM SUSSURRO, SURGEM AS
PALAVRAS DO DESÍGNIO, OU LOGOS DEMIÚRGICO. OU VERBO, ENCER-
RADO NO OVO PRIMORDIAL, SEMELHANTE À VOZ DE UM ADORMECIDO SO-
NHADOR: MAS UMA VOZ QUE, AO TRANSCENDER O MUNDO ONÍRICO e MA-
NIFESTAR-SE FORA, TORNASSE REALIDADE O CONTEÚDO DOS SONHOS,
SEUS MAIS ABSURDOS PESADELOS. Até aqui é clara a analogia entre o Ovo Primordial
e o globo de akasa, entre o Aspecto Logos e o logos Kundalini; assim continuam as sentenças
da Sabedoria Hiperbórea:
O OVO PRIMORDIAL TEM DE PERMANECER INTACTO ATÉ O PRALAYA;
SOMENTE QUANDO O MACROCOSMO ALCANCE SUA FINALIDADE ENTELE-
QUIAL O OVO SE ROMPERÁ E O VERBO FICARÁ LIVRE PARA PRONUNCIAR A
ÚLTIMA PALAVRA, A DA DISSOLUÇÃO DE TODO O ÔNTICO EXISTENCIAL; O
ASPECTO LOGOS PERMANECE NO OVO DESDE O PRINCÍPIO ATÉ O FINAL
DO MACROCOSMO PORQUE É O PRINCÍPIO E O FINAL: TODO ENTE POR ELE
VEIO À EXISTÊNCIA E TODO ENTE POR ELE RETORNARA AO NADA ORIGI-
NAL; A RUPTURA DO OVO PRIMORDIAL E O MAHAPRALAYA SÃO UMA E A
MESMA COISA; DA RUPTURA DO OVO PRIMORDIAL SAIRÁ O FOGO QUE CON-
SUMIRÁ AO MACROCOSMO; UM FOGO QUE É A ESSÊNCIA DO LOGOS; UM LO-
GOS QUE É O VERBO DO UNO. A ruptura do Ovo Primordial é, pois, evidentemente
análoga à ação que temos descrito como "abertura do globo de akasa": isso nos sugere que essa
"abertura" tem de causar um verdadeiro PRALAYA MICRO-CÓSMICO, uma MORTE INI-
CIÁTICA PELO YOGA.
Naturalmente, que tal morte iniciática é sucedida por uma "nova vida", quiçá pela imor-
talidade orgânica, do mesmo modo que ao Mahapralaya macrocósmico lhe suceda a criação de
um novo macrocosmo, cujo ciclo vital se estenderá por outro Mahamanvantara. Mas essa pos-
sibilidade de "nova vida", posta à disposição do iniciado sinarca, e que é considerada "mila-
grosa" por muitos mentecaptos, na realidade somente beneficia ao Demiurgo posto que o or-
ganismo transmutado passe indefectivelmente a ocupar seu lugar na Hierarquia Branca de
Chang Shambala ou Grande Fraternidade Universal ou Sinarquia Internacional, etc. Com res-
peito às diferentes formas que pode adotar o logos Kundalini ao manifestar-se fora do globo
de akasa, e sobre a inquietante possibilidade de que se manifeste por si mesmo e não por re-
querimento do sujeito-yogi, a analogia macrocósmica surge patente das seguintes sentenças:

286
MUITAS VEZES, DURANTE O MAHAMANVANTARA, POR MOTIVOS INCOM-
PREENSÍVEIS PARA O PASU, O UNO TEM SENTIDO A TENTAÇÃO DE ROMPER
O OVO E SAIR COM SEU VERBO PLASMADOR; SEU DESEJO, EM VERDADE, VAI
MAIS ALÉM QUE ISSO: PORQUE AO SAIR DO OVO, O VERBO SE ENCONTRARÍA
NUMA SITUAÇÃO DE TRANSCENDÊNCIA MACRO-CÓSMICA.... E O DESEJO DO
UNO APONTA A QUE SEU VERBO INGRESSE AO MACROCOSMO SEM CAUSAR
A DISSOLUÇÃO FINAL. PARA CUMPRIR COM ESTE DESEJO, EM INCONTÁVEIS
OCASIÕES O UNO TEM ABERTO O OVO COMO SE FOSSEM AS VÁLVULAS DE
UMA CONCHA E TEM SAIDO AO EXTERIOR; TAMBÉM TEM INGRESSADO AO
MACROCOSMO E ATÉ SE TEM FEITO VER E ADORAR PELOS ANIMAIS HO-
MENS. COMO O FEZ SEM CAUSAR AO MESMO TEMPO A DESTRUIÇÃO DO MA-
CROCOSMO? REVERTENDOSE, DENTRO MESMO DO OVO, COM UMA FORMA
ADEQUADA, PONDOSE UMA ROUPAGEM, ADQUIRINDO UM "ASPECTO", DE
TAL MANEIRA QUE, AO SAIR, DITA FORMA LIMITASSE SEU PODER ÍGNEO E
PROTEGESSE AO MACROCOSMO. ASSIM, O UNO FOI ALGUMA VEZ UM DEUS,
UMA DEUSA, UM BAILARINO, UM PÁSSARO, ETC.

Q – O YOGA SINÁRQUICO E O TANTRA YOGA.

Segundo se tem demonstrado a prática do Kundalini yoga, ou de qualquer yoga que se


proponha o mesmo objetivo, pode causar o nefasto efeito de "liberar" o logos Kundalini no
canal ELIX. Isso se logra abrindo o globo de akasa e permitindo que o princípio plasmador
TOME O CONTROLE DIRETO DA FUNÇÃO GERAL DO ORGANISMO MICRO-
CÓSMICO. Já não será, então, a Palavra, a VOX do logos Kundalini, senão o logos em persona
quem percorrerá o canal ELIX e MENCIONARÁ COM SEU NOME ARQUETÍPICO
ORIGINAL cada chacra, cada setor inato, cada órgão. E nesse caso a situação é muito diferente
à descrita em 'L', quando vimos à Palavra sustentar a todo custo o processo evolutivo dos ór-
gãos de acordo ao projeto dos esquemas hereditários, ainda que estes esquemas fossem imper-
feitos. O logos Kundalini, sob seu aspecto serpentino, pelo contrário, é capaz de transmutar o
organismo microcósmico sem tomar em conta seu grau evolutivo: para isso recria toda sua
estrutura até ajustá-la ao Princípio do Arquétipo Manu; se consegue assim o "grande salto" do
sujeito anímico, da alma, até o plano arquetípico, ao cabo do qual este se identifica com O Uno.
Esta possibilidade nirvânica, vale a pena repeti-lo, "que é considerada milagrosa por muitos
mentecaptos, somente beneficia ao Demiurgo posto que o organismo transmutado passe inde-
fectivelmente a ocupar seu lugar na Hierarquia Branca de Chang Shambala".
Com o Tantra yoga sucede o mesmo que com todo o que, provindo originalmente da
Sabedoria Hiperbórea, tem passado na parte mais obscura do Kaly Yuga a ser de domínio pú-
blico, ou seja, exotérico: a tais conhecimentos, impossíveis de suprimir nas culturas que os tem

287
incorporado e registrado coletivamente, a Sinarquia lhes aplica as técnicas de "desinformação"
e "mudança de significado". Como resultado disso, com o correr do tempo, os conhecimentos
"proibidos" vão desaparecendo da percepção seletiva e somente sobrevivem como cadáveres
embalsamados, as PALAVRAS, os NOMES, ou os SIGNOS, que expressavam aquele saber;
mas estes nomes já não remetem a seu significado original, que expressava conceitos da Sabe-
doria Hiperbórea, senão a um SIGNIFICADO MODIFICADO, imposto pela Sinarquia, ou
melhor, a algum significado SOBREPOSTO, porque podem ser muitos os sentidos equívocos
agregados como CROSTA CULTURAL ao nome proibido. No inciso "O símbolo sagrado do
virya" se estudará com detalhes a degradação dos símbolos sagrados, ou de seus nomes, e não
convém antecipar aqui a explicação. O importante agora é compreender que o Tantra yoga
ATUAL se propõe o mesmo objetivo que o Kundalini yoga, vale dizer, é também um yoga
sinárquico, MAS ISSO NÃO FOI SEMPRE ASSIM: O TANTRA YOGA, EM EFEITO, É
O CONHECIMENTO EXOTÉRICO, DESVIRTUADO PELA SINARQUIA, DE UM
ANTIGO "YOGA HIPERBÓREO OCIDENTAL" ORIGINÁRIO DA ATLÂNTIDA.
Portanto, ainda quando suas PALAVRAS, NOMES E SIGNOS expressem um significado
equívoco e sinárquico à compreensão atual, essas palavras, esses nomes e esses signos, em um
passado remoto, correspondam as mais puras verdades da Sabedoria Hiperbórea: esse signifi-
cado hiperbóreo é o que o virya deve restituir para conhecer os antigos Mistérios da Iniciação
Hiperbórea, antes que rechaçar de plano, por repugnância ou incompreensão, os sistemas que
se tem feito vítimas da ação psicológica inimiga.
Somente agregaremos, para orientar sobre a posição da Sabedoria Hiperbórea, uma
breve referência histórica.
Os yogas são sistemas de conhecimentos iniciáticos que faz possível, de distintos modos,
a transmutação do organismo microcósmico, ou grande salto e, em consequência, A LIBERA-
ÇÃO DA RODA DO KARMA: este é a verdadeira finalidade do yoga; as "práticas de yoga",
as "ginásticas respiratórias", a expressão de mantras e mudras, o controle orgânico pela concen-
tração do sujeito anímico, etc., tão popularizados pela Sinarquia no ocidente, não são mais que
um aspecto exotérico e vulgar do yoga: sem o fundamento do conhecimento iniciático de tais
práticas, logo, carecem de efetividade transmutadora; naturalmente, a Sinarquia, e seus Mestres
de Sabedoria ou Gurus; reservam tal conhecimento esotérico somente para aqueles que de-
monstram ser merecedores da iniciação sinárquica, ou seja, que estão dispostos a adorar sem
reservas ao Uno, ao Demiurgo, a Brahma, a Jeová-Satanás, a Jesus, etc., ou a qualquer outro
aspecto ou aparência do Grande Enganador. Todavia, apesar desta amplitude na filiação das
"divindades", a custódia da Sabedoria do Yoga está em mãos de uma muito zelosa sessão da
Hierarquia Branca. Em efeito, logo do afundamento da Atlântida, a Hierarquia confiou à
CASTA DOS BRAHMANS a custodia do conhecimento iniciático dos yogas, ou seja, revelou
a estes a CHAVE KALACHAKRA e os autorizou outorgar a iniciação sinárquica. Desde então

288
são eles, tanto no plano físico como no astral, os que detêm e velam pela vigência da iniciação
pelo yoga.
Agora, como a casta bramânica se encarrega de legislar a aplicação, na raça branca indo-
ariana, do Código de Manu, que exige a separação da sociedade pela COR DA PELE e sua
organização em quatro castas, muitos viryas perdidos despistados, cegos por um míope racismo
biologista, acabaram crendo que os Brahmans não pertencem à Hierarquia Branca de Chang
Shambala, ou, pelo menos, que não contribuem ao Plano da Sinarquia Internacional. Torpe
ilusão na que tem caído estes racistas biologistas ao supor que uma CASTA SACERDOTAL
possa fazer outra coisa mais que adorar ao Uno! Mais adiante veremos que o agrupamento de
Brahmans em "CASTA" se remonta à Atlântida, onde os mesmos ESTAVAM SOB O DO-
MINIO DA CASTA KSHATRIYA: tal subordinação é lógica posto que o KSHATRIYA, o
guerreiro hiperbóreo, é um ser eminentemente ESPIRITUAL, um reflexo do Espírito Hiper-
bóreo, enquanto que o BRAHMAN, o sacerdote sinarca, é um ser eminentemente ANÍMICO,
um reflexo do arquétipo Manu. Logo da catástrofe atlante, cuja produção não foi alheia à aliança
entre os Brahmans e os Siddhas Traidores, a situação se reverteu entre os sobreviventes, povos
racialmente degradados e extremadamente primitivos, que sucumbiram salvo poucas exceções
à magia bramânica. Desde então, temos visto a uma humanidade confundida que se deixa guiar
por eles, que crê e aceita os Mitos e Arquétipos afirmados pelas castas sacerdotais de todas as
épocas.
A casta Kshatriya, por outra parte, depois da catástrofe atlante, havia conservado como
herança de seus antepassados cro-magnon grande parte da Sabedoria Hiperbórea: em especial,
a casta guerreira conhecia o Mistério de Amor, o segredo da queda original do Espírito Hiper-
bóreo; tal segredo permitia a prática de uma iniciação nupcial durante a qual se aproveitava o
poder plasmador do logos Kundalini em benefício de uma via secreta de liberação da Sabedoria
Hiperbórea: este era o "Yoga Ocidental" do qual se derivaria, logo de uma tremenda degradação
cultural, o Tantra yoga, do qual conhecemos atualmente algumas variantes exotéricas. Como se
explicará no inciso "Possibilidades da via tântrica", o OBJETIVO HIPERBÓREO DO TAN-
TRA YOGA consiste em remontar a MEMÓRIA DE SANGUE até o momento do aprisio-
namento espiritual, até dar com A PRIMEIRA RECORDAÇÃO ASSENTADA NO SÍM-
BOLO DA ORIGEM; esta recordação corresponde, como é natural, ao GRANDE ANTE-
PASSADO HIPERBÓREO: seu conteúdo é a imagem do Espírito Hiperbóreo no momento
de consumar-se a Traição Branca e ser aprisionado à evolução dos organismos microcósmicos;
SOMENTE QUANDO SE TEM RESGATADO ESTA IMAGEM DA PROFUNDI-
DADE DA MEMÓRIA DE SANGUE, SE ATREVERÁ O INICIADO HIPERBÓREO,
OU "SADHAKA", A ALTERAR O GLOBO DE AKASA; MAS NÃO TENTARÁ ABRIR
POR SI MESMO O GLOBO DE AKASA PARA LIBERAR AO LOGOS KUNDALINI
TAL COMO PROPÕE O YOGA SINÁRQUICO; SEQUER PROJETARÁ SOBRE A

289
IMAGEM SERPENTINA OU ALGUMA OUTRA.
O YOGA OCIDENTAL SE BASEIA EM DOIS PRINCÍPIOS ATIVOS FUNDA-
MENTAIS: A PRESENÇA VOLITIVA DO EU E A COLABORAÇÃO DE UMA MU-
LHER HIPERBÓREA, OU SEJA, UMA MULHER VIRYA. O EU SERÁ, DESTA VEZ,
QUEM SE REVESTIRÁ; E O FARÁ COM A FORMA DO GRANDE ANTEPASSADO
HIPERBÓREO, ATO QUE CONSTITUI A REORIENTAÇÃO DEFINITIVA ATÉ A
ORIGEM.... ALÉM DE UM "REENCONTRO" COM O ESPÍRITO, ANELADO DU-
RANTE MILHÕES DE ANOS. A MULHER HIPERBÓREA SERÁ QUEM, NO CURSO
DO ATO SEXUAL, OU MAITHUNA, PROJETE SOBRE O GLOBO DE AKASA DO
SADHAKA A FORMA DE "LILLITH", A COMPANHEIRA GUERREIRA DO ESPÍ-
RITO HIPERBÓREO; A PROJEÇÃO DE LILLITH ROMPERÁ O GLOBO E CON-
FORMARÁ AO LOGOS KUNDALINI: OU ROMPERÁ PORQUE LILLITH DAN-
ÇARA SOBRE O GLOBO DE AKASA AS RUNAS DA MORTE; E CONFORMARÁ AO
LOGOS KUNDALINI PORQUE O CONTERÁ EM SI QUANDO ESTE SE MANI-
FESTE FORA DO GLOBO. ESTA AÇÃO "EXTERIOR" DA MULHER HIPERBÓREA
TEM A MISSÃO DE INCORPORAR "DENTRO" DO VIRYA A IMAGEM DO ESPÍ-
RITO HIPERBÓREO FEMININO, IMAGEM QUE FORA ESQUECIDA DURANTE
MILHÕES DE ANOS DE CONFUSÃO E QUE FORMA PARTE INSEPARÁVEL DO
MISTÉRIO DA QUEDA. É ENTÃO, QUANDO LILLITH REVIVE DENTRO, QUE SE
CONSUMA A BODA MÁGICA, A CERIMÔNIA DE REORIENTAÇÃO ESPIRITUAL
E TRANSMUTAÇÃO ORGÂNICA REALIZADA SOBRE O LEITO NUPCIAL DO
SANGUE PURO. MAS DESSA "TRANSMUTAÇÃO" O SADHAKA NÃO RESULTARÁ
CONVERTIDO EM MANU SENÃO EM GUERREIRO HIPERBÓREO, EM SIDDHA.
Como se vê, o Yoga Ocidental não tem nada a ver com o yoga sinárquico e, se o Tantra
yoga não houvesse sido degradado culturalmente pela Estratégia Psicossocial da Sinarquia, tam-
pouco teria pontos de contato com a ciência de Chang Shambala. Isto ficará ainda mais claro
no inciso "Possibilidades da via tântrica", onde se exporá uma versão atualizada do antigo Ritual
dos Cinco Desafios, ou seja, do ritual iniciático e guerreiro do Yoga Ocidental.

R – ESTUDO ANÁLOGO DO “OBJETIVO HIPERBÓREO” DO TANTRA YOGA.

Não há que insistir em demasia que a Sinarquia mudou, até onde pode o significado do
Yoga Ocidental: isso está à vista no Tantra Yoga e será evidente para quem o analise baseando-
se nos Fundamentos da Sabedoria Hiperbórea. O maior peso da desinformação, como é lógico,
se abateu sobre os DOIS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO TANTRA YOGA: O “EU”
E A MULHER HIPERBÓREA. Ao Eu se o reduziu a uma mera ilusão anímica, a um sujeito
egoísta e depreciável ao que se deve destruir a todo custa antes de alcançar o nirvana, a união
com O Uno. À Mulher Hiperbórea, e ao Espírito Hiperbóreo feminino, se o equiparou à
290
SHAKTI terrestre, ou seja, ao Aspecto feminino do Demiurgo, ou a alguma PARELHA AR-
QUETÍPICA dos Deuses Arquétipos. Com estas mudanças, o Tantra yoga difere muito pouco
dos yogas sinárquicos e, de fato, existem muitas “escolas” sinárquicas de “Tantra yoga”, dirigi-
das por membros da Hierarquia Branca.
Hoje em dia é quase impossível resgatar ao Tantra yoga como sistema a via de liberação
apta para o virya ocidental, não obstante o qual se descreverá no inciso “Possibilidades da Via
Tântrica” como deveria ser uma iniciação tântrica ocidental; não nos deteremos, pois, em mais
explicações a não ser por uma circunstância particular. Trata-se da CONFUSÃO que alguns
viryas demonstram quando se referem ao OBJETIVO HIPERBÓREO DO TANTRA
YOGA sem advertir a mudança de significado causado pela Estratégia inimiga: CONCRETA-
MENTE, ESTES VIRYAS DALTÔNICOS IDENTIFICAM AO OBJETIVO HIPERBÓ-
REO DO TANTRA YOGA COM A FINALIDADE DA KUNDALINI YOGA, OU SEJA,
COM O GRANDE SALTO; MAS TAL CONFUSÃO NÃO É CAUSAL, SENÃO INDU-
ZIDA NAS MENTES DÉBEIS PELA PODEROSA VONTADE DOS SIDDHAS TRAI-
DORES E SEUS SEQUAZES DA CASTA BRAMÂNICA.
Com o antecedente de todo o visto até aqui, nos custa muito pouco esclarecer a confu-
são. O faremos mediante duas representações gráficas análogas, mas antes vamos expor no que
consiste a confusão mencionada.
No artigo anterior se explicou que “o OBJETIVO HIPERBÓREO DO TANTRA
YOGA consiste em remontar a MEMÓRIA DO SANGUE até o momento do aprisiona-
mento espiritual, até dar com A PRIMEIRA RECORDAÇÃO ASSENTADA NO SÍM-
BOLO DA ORIGEM”. Este objetivo recebe na Sabedoria Hiperbórea a denominação sintética
de “REGRESSO À ORIGEM”. Mas o “grande salto” proposto como fim do Kundalini yoga,
é um “REGRESSO AO PRINCÍPIO” do Arquétipo Manu.
Com algumas variantes, pode afirmar-se que aqui se encontra o núcleo de todas as con-
fusões semelhantes entre o objetivo hiperbóreo e o objetivo sinárquico: PORQUE O “RE-
GRESSO À ORIGEM” É O REGRESSO AO SÍMBOLO DE ORIGEM, AO MOMENTO
EM QUE O SÍMBOLO DE ORIGEM FOI PLASMADO NO SANGUE TRANSMU-
TADO DO VIRYA; ESSE FATO, A APLICAÇÃO DA CHAVE GENÉTICA, OCORREU
MILHÕES DE ANOS DEPOIS QUE O PASU EXISTIA SOBRE A TERRA COMO PRO-
DUTO DE UMA LARGA EVOLUÇÃO FILOGENÉTICA; OU SEJA, ESSE FATO, A
PLASMAÇÃO GENÉTICA DO SÍMBOLO DA ORIGEM, OCORREU MUITO DEPOIS
DO “PRINCÍPIO DO ARQUÉTIPO MANU”; ASSIM, POIS, ESTE “PRINCÍPIO”, ATÉ
O QUE APONTA O GRANDE SALTO, NÃO COINCIDE EM ABSOLUTO COM A
ORIGEM DO EU BUSCADO PELO TANTRA YOGA.
O único idêntico entre ambos objetivos do yoga é a palavra “regresso” ou, em outros

291
idiomas, a ideia de “regressão” ou “movimento inverso ao sentido da lei de evolução”; sem
embargo, isso basta para que o significado do objetivo sinárquico se atribua ao objetivo hiper-
bóreo, e se pretenda que a liberação espiritual seja proveniente de uma regressão até o Princípio
do Arquétipo Manu, ideia absurda cuja execução imprudente representa um suicídio espiritual
para o virya perdido.
Como a confusão é muito frequente entre viryas que pretendem conhecer, também, os
Fundamentos da Sabedoria Hiperbórea, convém aprofundar sobre a natureza de suas motiva-
ções e dar por certo que existe uma conspiração sinárquica para causar o erro. O problema é:
se o virya conhece a existência da Sinarquia, seu manejo oculto pela Hierarquia Branca de Chang
Shambala, e o fato de que esta responde em tudo aos Planos do Uno; e, por outra parte, se o
virya tem intuído sua Origem Hiperbórea, tem experimentado a reminiscência da MINNE, ou
a Canção de A-mort dos Siddhas Leias, enfim, caso se sinta prisioneiro deste mundo e deseje
regressar à liberdade infinita do Espírito Eterno, como pode crer o virya que isso poderá con-
segui-lo remontando-se até o Princípio do Arquétipo, até O Uno? Como pode crer que Aquele
que o mantém na escravidão da matéria lhe concederá alguma vez a liberdade? Como pode crer
que a liberação do Espírito de seu aprisionamento material poderá consegui-la sem lutar, sem
combater contra os Siddhas Traidores, a Hierarquia Branca, O Uno e todos quantos se irão
interpor em seu caminho de regresso à Origem? Como pode, enfim, crer que obterá a liberdade
infinita com somente efetuar um grande salto PACÍFICO até o Princípio? Estas crenças reve-
lam, sem dúvidas, uma grande ingenuidade e uma perigosa confusão estratégica. E, contudo,
não são poucos os viryas daltônicos que se dirigem ao Princípio em busca da liberdade espiri-
tual: se trata, como se vê, de um perigoso erro que causa, na maioria dos casos, a morte espiritual
do virya, o eclipse de seu Eu, por “escorrimento do Símbolo da Origem”.
Mas ainda falta a Resposta: Parece ser que o que impressiona ao virya daltônico, e o que
o torna cego, é a preeminência da ideia de REGRESSO por sobre o lugar ao que se deseja
regressar. Por isso não vê com clareza a diferença entre regresso à Origem e regresso ao Prin-
cípio; há como uma exaltação do regresso pelo regresso mesmo, que deixa sem resolver o pro-
blema da meta apontada: se ao final do caminho de regresso se encontra efetivamente a saída
até a liberdade do espírito ou uma maior e mais terrível desorientação. Mas este erro não carece
de motivação hiperbórea: o virya perdido, que apesar de tudo se atreve a assumir uma atitude
gnóstica, considera LUCIFÉRICA a decisão de opor-se à lei de evolução, de marchar contra
ela; mas, em não poder precisar com clareza o objetivo dessa marcha, acaba outorgando pree-
minência à marcha mesma, ao fato de TRANSITAR INVERSAMENTE AO SENTIDO DA
LEI DE EVOLUÇÃO; e é então quando ocorre a confusão com o fim do yoga sinárquico:
PORQUE ESSE FIM CONSISTE EM “TRANSITAR INVERSAMENTE AO SENTIDO
DA LEI DE EVOLUÇÃO” EM UM GRANDE SALTO ATÉ O PRINCÍPIO DO AR-
QUÉTIPO. O perigo desta confusão não se faz patente ao virya porque ele “se sente luciférico

292
somente pelo fato de marchar contra a lei de evolução, de regressar”, ainda que esse regresso
até O Uno lhe signifique finalmente sua completa perdição.
O virya daltônico se sente “luciférico” ao decidir-se a regressar e toda sua força volitiva
a concentra na marcha, ingenuamente, quiçá por torpe orgulho, quiçá por iracunda, mas sem
determinar previamente a situação da meta final. Do ponto de vista da Sabedoria Hiperbórea,
tal cegueira é produto da CONFUSÃO ESTRATÉGICA, pois a confusão apontada procede,
justamente, de um ERRO ESTRATÉGICO. Mais claramente: toda “Estratégia” é um meio
parta alcançar um fim claramente postulado; não há Estratégia possível sem declarar de ante-
mão os fins e objetivos perseguidos, pois a Estratégia consiste na planificação do melhor modo
para alcançar tais metas: se o objetivo é claro, e a Estratégia é o projeto de um plano operativo
adequado para consegui-lo, o desenvolvimento, a execução, a MARCHA, será seguramente
coroada pelo êxito; mas se o objetivo é confuso, não claramente definido, não há maneira segura
de planejar sua concretização: a MARCHA será, então, errática, desorientada, extraviada, con-
denada ao fracasso; o que marcha sem saber aonde ir, o virya perdido, gnosiologicamente dal-
tônico, demonstra abertamente sua confusão estratégica, ainda que creia que a decisão de mar-
char em sentido inverso à lei de evolução o converte automaticamente em “luciférico”.
Estes esclarecimentos são oportunos, pois A PROPOSTA ESOTÉRICA DO TAN-
TRA YOGA É UMA COMPLETA ESTRATÉGIA HIPERBÓREA: UMA ESTRATÉGIA
NA QUAL O OBJETIVO DECLARADO SE CHAMA “ORIGEM”, OU SÍMBOLO DE
ORIGEM; UM OBJETIVO QUE SE SITUA EM UM PONTO EXATO DO PASSADO
DO VIRYA; UM PASSADO AO QUE SE RETORNA TOMANDO PELO CAMINHO
INVERSO DO SANGUE PURO; UM CAMINHO ASSENTADO NA MEMÓRIA DE
SANGUE. A ESTRATÉGIA HIPERBÓREA CONSISTE EM PLASMAR E ASSEGURAR
ESSE REGRESSO À ORIGEM, EM MOSTRAR AO EU O CAMINHO JUSTO ATÉ A
RECORDAÇÃO DE SANGUE: UMA ESTRATÉGIA TAL É, POR EXEMPLO, O “RI-
TUAL DOS CINCO DESAFIOS” DO TANTRA YOGA QUE DESCREVEREMOS
NOUTRO INCISO; OUTRA ESTRATÉGIA SEMELHANTE É A “VIA DA OPOSIÇÃO
ESTRATÉGICA” QUE DOMINAM OS CAVALEIROS TIRODAL.
Em resumo, podemos afirmar que, ainda que ambos os objetivos exijam um “regresso”,
um “marchar em sentido inverso à lei de evolução”, somente o objetivo hiperbóreo do Tantra
yoga, ou “regresso à Origem”, permite formular uma Estratégia Hiperbórea, uma via aberta
para conseguir a liberação do Espírito cativo. Mas, naturalmente, tal via somente pode ser tran-
sitada “com as armas na mão e gelo no coração”, por aqueles que não temem avançar em meio
ao combate e que não estejam dispostos a retroceder a menos que a tática assim o requeira: NA
ESTRATÉGIA HIPERBÓREA O COMBATE É UM ELEMENTO ESSENCIAL POR-
QUE SUA EXECUÇÃO CORRE POR CONTA DO KSHATRIYA, DO GUERREIRO
HIPERBÓREO, DO VIRYA ESPIRITUAL.

293
Todo o contrário do objetivo sinárquico, que em um “grande salto” metafísico faculta a
fagocitação do sujeito anímico por parte do Princípio do Arquétipo Manu: não há aqui luta, e
por suposto tampouco “Estratégia”, porque esta via de “regresso ao Princípio” é própria do
pasu, do animal-homem filho do Demiurgo, quem lhe adora servilmente e somente deseja re-
fundir-se n’Ele.
Quem não saiba advertir estas diferenças, assim se tenha a si mesmo por “luciférico”
porque tem decidido “regressar” marchando em sentido inverso à lei de evolução, não é mais
que um virya perdido em grave perigo: SUA ÚNICA POSSIBILIDADE DE SALVAÇÃO,
ANTES DE SER DESTRUÍDO PELO UNO, É DETER A MARCHA ÀS CEGAS, VALE
DIZER, CONCENTRAR O EU EM UM LUGAR FIXO E FORTALECÊ-LO COM
VONTADE GRACIOSA; EXPERIMENTAR, DALI, A RECORDAÇÃO DA ORIGEM
E LOCALIZAR, POR SEU INTERMÉDIO, A DIREÇÃO DO SÍMBOLO DA ORIGEM;
ASSIM, REORIENTADO, E FORTALECIDO, O EU PODERÁ ENTÃO EXECUTAR
UMA VERDADEIRA ESTRATÉGIA HIPERBÓREA: UM TRÂNSITO SEGURO DE
REGRESSO À ORIGEM APÓS INTERNAR-SE NA MEMÓRIA DE SANGUE E RE-
MONTAR, INVERSAMENTE, SEU PROCESSO EVOLUTIVO.
Tudo isto pode ser sintetizado graficamente mediante um modelo análogo tal como o
das figuras 71 e 72.

294
Para começar, observemos a figura 71: na parte superior, simbolizado por um círculo
maior, se encontra o Arquétipo Manu, e na parte inferior, com um círculo menor, sua manifes-
tação individual: o pasu atual. A função continua do progresso evolutivo, o caminho de ELIX,
está representado em forma completa por uma linha circular que parte da esquerda do Arqué-
tipo Manu e retorna a ele pela direita; ainda que o traço cheio da circunferência ELIX não
permite adverti-lo, há que supor que se trata de uma espiral continua, mas envolvida de tal
modo que semelhante um anel compacto: um anel cuja sessão é, justamente, a circunferência
ELIX.
Mas a circunferência ELIX está ORIENTADA, como o demonstram as flechas que
exibe ao Princípio e ao final: o sentido de esta orientação é de acordo com a “escala gradual de
momentos progressivos”, ou seja, expressa a direção do processo evolutivo, aponta até a fina-
lidade entelequial. É claro, na figura 70, que o Princípio e o final do processo evolutivo do pasu
são o próprio Arquétipo Manu. Sem embargo, o sentido da evolução impele ao pasu até a
finalidade entelequial, tal como o indica a flecha curva da direita, intitulada “processo evolutivo
orgânico”: esta flecha indica que o pasu, livre à inércia do processo evolutivo, se dirige indefec-
tivelmente até a finalidade entelequial. Pelo contrário, a flecha curva da esquerda, assinala o
sentido inverso do “grande salto” proposto pelo Kundalini yoga: é evidente, pois, que o grande
salto implica uma INVERSÃO DO SENTIDO DO PROCESSO EVOLUTIVO ou, se qui-
ser, um REGRESSO AO PRINCÍPIO.
Na figura 71, resumindo, se tem representado as possibilidades do destino do pasu: ou
evoluir até a finalidade entelequial e adquirir a autonomia ôntica, flecha da direita, ou “regressar”
até o Princípio mediante um “grande salto”, transmutar o organismo, e identificar-se com O
Uno, flecha da esquerda.
Consideremos agora o caso do virya, o homem semidivino que possui em sua Memória
de Sangue o Símbolo da Origem ao qual se aprisiona o Espírito. Na figura 72 se tem represen-
tado ao virya atual mediante um círculo menor na parte inferior da circunferência ELIX, onde
antes se encontrava o pasu individual: isto indica que o virya é um pasu transmutado pelo Sím-
bolo da Origem e que, por confusão e desorientação espiritual continua evoluindo até a finali-
dade entelequial própria do pasu; para isso se aproveita a força volitiva do Eu perdido. O Sím-
bolo da Origem, como noutras figuras, se tem simbolizado por uma linha côncava que repre-
senta a seu perfil (TAU).
Sobre a circunferência ELIX, entre o Princípio do Arquétipo Manu e o momento atual
do virya, ou seja, em seu passado, se tem assinalado com uma linha côncava o momento em
que a chave genética dos Siddhas Traidores introduziu o Símbolo da Origem na Memória de
Sangue do pasu e o transmutou em virya perdido: ATÉ ESSE MOMENTO ESPECÍFICO
APONTA A “REGRESSÃO” DO TANTRA YOGA, tal como o indica a flecha curva da

295
esquerda. E RESULTA CLARO AGORA QUE, APESAR DE QUE O REGRESSO À ORI-
GEM E O REGRESSO AO PRINCÍPIO REQUEREM MARCHAR INICIALMENTE
NA MESMA DIREÇÃO INVERSA, SE TRATA DE DOIS OBJETIVOS ABSOLUTA-
MENTE DIFERENTES E INCONFUNDÍVEIS: PARA CONSEGUIR SUA LIBERA-
ÇÃO ESPIRITUAL O VIRYA DEVE NECESSARIAMENTE EMPREENDER UM CA-
MINHO DE REGRESSO; MAS ESTE REGRESSO SE DETÉM EM UM PONTO DO
PASSADO MUITO DISTANTE DO PRINCÍPIO DO ARQUÉTIPO MANU. QUEM
COMPREENDE ESTA DIFERENÇA SERÁ UM VIRYA VERDADEIRAMENTE LU-
CIFÉRICO, POIS ESTARÁ EM CONDIÇÕES DE FORMULAR UMA ESTRATÉGIA
HIPERBÓREA PARA REGRESSAR À ORIGEM E JAMAIS CAIRÁ NO ERRO FATAL
DE TENTAR O GRANDE SALTO ATÉ O PRINCÍPIO.

S – O “PONTO TAU”.

Temos visto que em um determinado “momento” do processo evolutivo do pasu, por


efeito da chave genética, fica incorporado o Símbolo da Origem na memória de sangue: “nesse
momento” se produz a transmutação do pasu em virya, do animal-homem em homem semidi-
vino; a partir “desse momento” o Espírito Hiperbóreo permanece aprisionado no seio do su-
jeito consciente do virya, manifestando-se como Eu perdido sobre os pontos tetrarque do ca-
minho LABRELIX. É evidente, pois que em “esse momento” tem de ter-se gerado O PRI-
MEIRO TETRARQUE do caminho LABRELIX, o instante no qual o Eu perdido se refletiu
pela primeira vez e se encontrou extraviado na temporalidade imanente e correlativa do sujeito
consciente. Esse momento, onde necessa-
riamente se detém a regressão do Tantra
yoga, É O INSTANTE-ORIGEM PRO-
PRIAMENTE TAL, QUE A SABEDO-
RIA HIPERBÓREA DENOMINA
“PONTO TAU”.
Em outras palavras: O RE-
GRESSO À ORIGEM CONSISTE EM
LOCALIZAR O PONTO TAU NA
MEMÓRIA DE SANGUE: NO
PONTO TAU SE ENCONTRA O PRI-
MEIRO TETRARQUE E O SÍMBOLO
DA ORIGEM. EM CONSEQÜÊNCIA,
TODA ESTRATÉGIA HIPER-
BÓREA OU VIA DE LIBERAÇÃO
ESPIRITUAL CULMINA NO PONTO

296
TAU. Na figura 72, a linha côncava que representa ao perfil do Símbolo da Origem se tem
assinalado com a letra grega TAU maiúscula, pois, “nesse momento” do processo evolutivo, se
encontra o “PONTO TAU”.

T – O CONCEITO DE “IMORTALIDADE” NO YOGA SINÁRQUICO E NO TANTRA YOGA.

Ao cumprir-se o objetivo do Kundalini yoga a serpente Kundalini efetua o trânsito in-


verso pelo canal ELIX e se dirige até o Princípio: durante esse trânsito, seu poder plasmador
atua sobre o organismo microcósmico e ajusta suas funções conforme ao Arquétipo Manu. A
essa operação recriadora, produto do princípio plasmador, denominamos TRANSMUTAÇÃO
ORGÂNICA. O que vamos destacar aqui é que, para todo yoga sinárquico, a transmutação
orgânica implica na IMORTALIDADE.
Mas esta "imortalidade" não é um conceito simples: com tal vocábulo o iniciado sinarca
alude tanto à imortalidade “física” como "astral". A primeira consiste na transmutação orgânica
propriamente dita, que conforma ao microcosmo de acordo ao Princípio do Arquétipo Manu
e o dota de "AUTONOMIA ÔNTICA PRINCIPIAL”: o corpo físico do pasu, o organismo
microcósmico, ou microcosmo potencial, passa assim a ser a manifestação microcósmica do
Princípio, seu ato. Igual a autonomia ôntica entelequial, a autonomia ôntica principal situa ao
microcosmo fora das determinações do espaço e do tempo: semelhante estado implica, por-
tanto, A SUSPENSÃO DO CICLO VITAL DO GÉRMEN MICRO-CÓSMICO. Em outras
palavras, a autonomia ôntica principal supõe a DETENÇÃO do ciclo vital e a permanência do
organismo em um estado de perfeição arquetípica, estado que tem sido alcançado não por cul-
minação do processo evolutivo senão por efeito do "grande salto".
Esta detenção do ciclo vital, que permite ao microcosmo permanecer indefinidamente
E ATUAR no macrocosmo, é a propriedade dos iniciados sinarcas que eles qualificam como
"imortalidade física".
A segunda acepção da palavra "imortalidade", isto é, a "imortalidade astral", se refere à
SUSPENSÃO DO PROCESSO EVOLUTIVO ANÍMICO, à PERMANÊNCIA DO
"CORPO DUPLO" OU "ASTRAL" EM UM ESTADO DE PERFEIÇÃO ARQUETÍPICA
QUE LHE PERMITE ATUAR INDEFINIDAMENTE NO MUNDO ASTRAL. Tal es-
tado se consegue igualmente durante a iniciação sinárquica do Kundalini yoga, empregando o
poder plasmador da serpente Kundalini para CRIAR um corpo duplo arquetípico sobre a base
anímica da mônada humana: a alma, assim conformada, cessa seu processo evolutivo e se man-
tém como "corpo astral imortal". Todos os iniciados sinarcas da Hierarquia Branca, estejam
encarnados ou não, possuem um corpo astral imortal: ISSO LHES PERMITE, SE O DESE-
JAM, ANIMAR UM ORGANISMO MICRO-CÓSMICO MORTAL, ou seja, um corpo que,
depois do iniciado "ter cumprido sua missão", será entregue à desintegração orgânica.

297
Feita a descrição da imortalidade obtida com o yoga sinárquico vamos validar seus ver-
dadeiros alcances do ponto de vista da Sabedoria Hiperbórea.
Com tal perspectiva podemos afirmar que a imortalidade física ou astral é somente uma
ILUSÃO, um conceito subjetivo cuja realidade radica na essência de MAYA: ESTA AFIRMA-
ÇÃO SE COMPRENDERÁ MELHOR SE ESCLARECERMOS QUE TODOS OS
"IMORTAIS" DA HIERARQUIA HAVERÃO DE MORRER EFETIVAMENTE AO
CUMPRI-SE O CICLO MACRO-CÓSMICO, OU SEJA, QUANDO SOBREVENHA O
PRALAYA.
Paradoxalmente, os iniciados imortais estão condenados a morrer. O que significa isto?
Resposta: Que se imortalidade significa "sobrevivência física ou astral ALÉM DA MORTE",
entendida esta como a culminação do ciclo vital ou evolutivo, então os iniciados sinarcas são
realmente “imortais"; mas, se por imortal se entende "aquele que não morre nunca", então os
iniciados sinarcas não são realmente imortais posto que sua vida anímica tenha um fim fatal ao
concretizar-se a dissolução macrocósmica. O iniciado sinarca, que tenha alcançado o estado de
imortalidade física ou astral, crê subjetivamente que escapou às leis cíclicas; que está além de
toda regressão ou decadência; que permanecerá indefinidamente Independente do espaço e do
tempo, etc.; tais crenças são produto da ILUSÃO DA AUTONOMIA ÔNTICA, PRINCI-
PIAL OU ENTELEQUIAL: em verdade, A SUSPENSÃO DO CICLO VITAL, OU DO
PROCESSO EVOLUTIVO, NÃO IMPLICA A "SUSPENSÃO DE TODO CICLO" SE-
NÃO A RECOLOCAÇÃO DO PERIODO MICRO-CÓSMICO PELO PERIODO MA-
CRO-CÓSMICO. Isto é lógico posto que a autonomia ôntica consista na identificação do or-
ganismo microcósmico com o Arquétipo Manu, QUEM ESTÁ SUJEITO AO CICLO MA-
CRO-CÓSMICO: o Arquétipo Manu, como todo Arquétipo ou ser universal, é UMA FUN-
ÇÃO DO MACROCOSMO, uma PROPRIEDADE ESSENCIAL deste e não algo alheio o
Independiente de sua organização; a desintegração do macrocosmo no Pralaya ou Mahapralaya
inclui a dissolução do plano arquetípico e de seu conteúdo universal.
Em síntese, a imortalidade do iniciado sinarca consiste na substituição do limite micro-
cósmico de seu ciclo vital, pelo limite macrocósmico característico do Arquétipo Manu: tal
substituição é efeito da identificação do microcosmo e o Arquétipo Manu causada pela concre-
tização do objetivo do Kundalini yoga, ou seja, pelo "grande salto" com que a serpente Kunda-
lini retorna ao sujeito anímico até o Princípio do Arquétipo Manu. O INICIADO SINARCA
SERÁ "IMORTAL", ENTÃO, ENQUANTO DURE O MACROCOSMO, OU SEJA, DU-
RANTE O MANVANTARA OU MANIFESTAÇÃO DO UNO.
É tão subjetivo este conceito sinárquico da imortalidade que, a raiz do aprisionamento
da Hierarquia planetária com Hierarquias solares, galácticas ou cósmicas, existem iniciados
"imortais" com distintos graus de probabilidades de sobrevivência, há assim, iniciados que são

298
imortais "no sistema solar" ou "na galáxia", ou em tal ou qual constelação, etc.; vale dizer, inici-
ados cuja sobrevivência está ligada ao ciclo de duração do sistema solar ou da galáxia e que
morrerão por fim, acompanhando a dissolução desses sistemas. O Pralaya, fim do ciclo de ma-
nifestação do Demiurgo, assinala o fim da "imortalidade" dos iniciados sinarcas, em um planeta,
sistema solar ou galáxia; o Mahapralaya, dissolução completa do macrocosmo, fim do universo
material, assinala o fim de toda hierarquia dévica. Além deste limite, que é uma morte real e
definitiva de toda vida anímica, não passa ninguém SALVO O UNO, SINTETIZADO NO-
VAMENTE COMO MÔNADA PRIMORDIAL: SEU REFLEXO, OU MACROCOSMO,
SE DESINTEGRARÁ NO NADA DO PRALAYA.
O Yoga Ocidental, do qual deriva o Tantra yoga, jamais propôs como objetivo nada
semelhante ao conceito de imortalidade que temos exposto.
Para o Tantra yoga, como para qualquer outra via hiperbórea de liberação, o objetivo
declarado é o regresso à Origem, o desencadeamento do Espírito, sua reorientação estratégica,
sua reversão, e a liberdade absoluta da eternidade. Porém, na Estratégia adotada para localizar
e alcançar o ponto tau, PODE CONTEMPLAR A POSSIBILIDADE DE TRANSMUTAR
O MICROCOSMO OU A CRIAÇÃO DE UM CORPO ASTRAL: ISSO FARÁ O SAD-
HAKA, NÃO IDENTIFICANDO O MICROCOSMO COM O PRINCÍPIO DO ARQUÉ-
TIPO MANU, SENÃO PLASMANDO A FORMA DO LOGOS PLASMADOR, DE KU-
NDALINI, COM A IMAGEM DE LILLITH E CONSUMANDO NO SANGUE A BODA
MÁGICA DO GRANDE ANTEPASSADO HIPERBÓREO; para isso deverá contar, se-
gundo se adiantou, com o concurso de uma mulher Kaly. O certo é que, segundo o conceito
sinárquico, a transmutação obtida pelo iniciado hiperbóreo o converte também em "imortal",
ainda que a forma permanente do organismo ou do corpo astral não conforme em absoluto ao
Arquétipo Manu. Não há que insistir em que semelhante equiparação do conceito sinárquico
de imortalidade à transmutação tântrica é uma fonte inesgotável de confusões e erros, toda vez
que a Sabedoria Hiperbórea sustenta um conceito egóico da imortalidade iniciática. Faz-se ne-
cessário, pois, um esclarecimento terminante a respeito.
PARA A SABEDORIA HIPERBÓREA NEM A TRANSMUTAÇÃO SINÁR-
QUICA NEM A TRANSMUTAÇÃO TÂNTRICA PRODUZEM CORPOS IMORTAIS,
SEJAM ELES ORGANISMOS FÍSICOS OU ASTRAIS: A SUBSTITUIÇÃO DO LIMITE
FINAL MICRO-CÓSMICO PELO LIMITE MACROCÓSMICO DO PRALAYA, POR
MAIS DISTANTE QUE ESTE SE ENCONTRE NO FUTURO, NÃO BASTA PARA
QUALIFICAR DE "IMORTAL" A UM CORPO ANIMADO. PELO CONTRÁRIO, É
SEGURO QUE TAIS "CORPOS IMORTAIS" SERÃO CADÁVERES AO SOBREVIR O
PRALAYA: CADÁVERES FÍSICOS OU CADÁVERES ASTRAIS, DESPOJOS MATERI-
AIS AO FIM DO CICLO MACRO-CÓSMICO, A MORTE ABSOLUTA DA VIDA MA-
NIFESTA POR DESINTEGRAÇÃO E DISSOLUÇÃO ABSOLUTA DE TODA

299
FORMA.
PARA A SABEDORIA HIPERBÓREA, POR FIM, TODO CORPO ORGÂNICO
OU ASTRAL É SOMENTE UM CADÁVER FUTURO, POR MAIS ANIMADO QUE SE
ENCONTRE NA ATUALIDADE ILUSÓRIA DO TEMPO TRANSCENDENTE.
AINDA SE TAL CORPO TEM SIDO TRANSMUTADO PELO TANTRA YOGA,
OU OUTRA VIA HIPERBÓREA, JAMAIS CONCEDE VALOR à SOBREVIVÊNCIA
DO CICLO VITAL NEM DEPOSITA NENHUMA ESPERANÇA NA DILATAÇÃO
DO INSTANTE MORTAL, INSTANTE QUE CHEGARÁ FATALMENTE NO PRA-
LAYA.
A SABEDORIA HIPERBÓREA SOMENTE TOMA EM CONTA A "SUBSTÂN-
CIA", SEM IMPORTAR A FORMA OU O RITMO QUE ESTA MANIFESTE: "TODA
SUBSTÂNCIA, OU SEJA, TODO CORPO ORGÂNICO OU ASTRAL, É REPUG-
NANTE AO ESPÍRITO HIPERBÓREO". O ESPÍRITO "NORMAL", NÃO REVER-
TIDO, EXPRESSA UMA HOSTILIDADE ESSENCIAL POR TODA SUBSTÂNCIA DO
MACROCOSMO. O INICIADO HIPERBÓREO, QUE BUSCA REGRESSAR AO ES-
TADO NORMAL DO ESPÍRITO, NÃO PODE MENOS QUE DEPRECIAR TAMBÉM
TODA FORMA DE SUBSTÂNCIA, AINDA QUE DEVA VALER-SE DE ALGUM
CORPO ORGÂNICO OU ASTRAL PARA EXECUTAR SUA ESTRATÉGIA. PARA O
INICIADO HIPERBÓREO, FINALMENTE, NÃO EXISTE A IMORTALIDADE DA
SUBSTÂNCIA, QUALQUER SEJA A FORMA OU RITMO QUE ESTA EXIBA: SO-
MENTE PELO FATO DE SER SUBSTÂNCIA UMA COISA É MORTAL E TEM DE
PERECER INDEFECTIVELMENTE.
CONTUDO, A SABEDORIA HIPERBÓREA SUSTENTA E DEFINE COM PRE-
CISÃO UM CONCEITO DE IMORTALIDADE: É A "IMORTALIDADE DO EU", OU
SEJA, A IMORTALIDADE DE UMA COISA DE ESSÊNCIA INSUBSTANCIAL. PARA
A SABEDORIA HIPERBÓREA SOMENTE PODE SER IMORTAL NO MACRO-
COSMO O QUE É ETERNO FORA DELE E QUE, POR ISSO, LHE SOBREVIVE
APÓS O PRALAYA. ETERNO É O UNO E POR ISSO SOBREVIVE À DISSOLUÇÃO
DO MACROCOSMO. E ETERNOS SÃO OS ESPÍRITOS APRISIONADOS NOS
VIRYAS PERDIDOS, QUEM TAMBÉM SOBREVIVERÃO À DISSOLUÇÃO DA ILU-
SÃO MACRO-CÓSMICA. POIS SOMENTE O ETERNO SOBREVIVE À DISSOLU-
ÇÃO FINAL DA SUBSTÂNCIA E SOMENTE O ESPÍRITO É ETERNO. NEM ANJOS,
NEM DEVAS, NEM DEMÔNIOS ASTRAIS OU ELEMENTAIS, DUENDES OU GNO-
MOS, NEM CRIATURA ALGUMA OU COISA SUBSTANCIAL, NEM ENTE EX-
TERNO DE QUALQUER NATUREZA, PLANETA, SISTEMA SOLAR OU GALÁXIA,
E, LOGO, NENHUM INICIADO SINARCA, SOBREVIVERÃO À DISSOLUÇÃO FI-

300
NAL DO PRALAYA PORQUE NENHUM É ETERNO FORA DO UNIVERSO: SO-
MENTE O ESPÍRITO O É.
NO VIRYA, O EU É O REFLEXO DO ESPÍRITO REVERTIDO E POR ISSO É
TAMBÉM UM REFLEXO DA ETERNIDADE. O EU PODE SER VERDADEIRA-
MENTE IMORTAL, MAS HABITUALMENTE NÃO O É. PELO CONTRÁRIO, A DE-
GRADAÇÃO DO SANGUE OU A INICIAÇÃO SINÁRQUICA PODEM CAUSAR A
MORTE DO EU POR ESCORRIMENTO DO SÍMBOLO DA ORIGEM. O MAIS CO-
MUM É QUE O EU PERDIDO SE VAI DEBILITANDO PERMANENTEMENTE, EN-
QUANTO SUA FORÇA VOLITIVA APURA A EVOLUÇÃO DO SUJEITO ANÍMICO,
E SE ECLIPSE DEFINITIVAMENTE QUANDO O SUJEITO SE ENCONTRE PERTO
DA ENTELEQUIA OU DA AUTONOMIA ÔNTICA PRINCIPIAL. QUANDO, POIS,
SE REALIZA A "IMORTALIDADE DO EU"? RESPOSTA: QUANDO O VIRYA EXE-
CUTA TODOS OS PASSOS DA INICIAÇÃO HIPERBÓREA. O TANTRA YOGA, PRA-
TICADO SEGUNDO A TÉCNICA DO YOGA OCIDENTAL, BRINDAVA ESTA POS-
SIBILIDADE DE IMORTALIDADE EGOICA, TRANSMUTANDO O SADHAKA EM
KSHATRIYA, EM GUERREIRO HIPERBÓREO. HOJE EM DIA OS SIDDHAS LEAIS
AUTORIZAM OS CAVALEIROS TIRODAL DE A ARGENTINA A ADMINISTRAR
UMA INICIAÇÃO HIPERBÓREA, BASEADA NA VIA DA OPOSIÇÃO ESTRATÉ-
GICA DA ORDEM MEDIEVAL EINHERJAR, QUE POSSIBILITA A EFETIVA IMOR-
TALIDADE DO EU. ISTO JÁ FOI ADIANTADO E SERÁ EXPLICADO COM DETA-
LHES MAIS ADIANTE. O QUE TEM DE SER CLARO DESDE AGORA É QUE A
IMORTALIDADE DO INICIADO HIPERBÓREO É UMA IMORTALIDADE NOO-
LÓGICA, FUNDADA NA ETERNIDADE DO ESPÍRITO, UMA IMORTALIDADE
QUE LIBERA AO EU DA PRISÃO DAS FORMAS ARQUETÍPICAS E LHE PERMITE
PARTICIPAR DO INFINITO ATUAL, ABRINDO-LHE O CAMINHO ATÉ A LIBER-
DADE ABSOLUTA QUE SE ENCONTRA "ALÉM DA ORIGEM". UMA IMORTALI-
DADE TAL NADA TEM EM COMUM COM A MISERÁVEL ILUSÃO DA "IMORTA-
LIDADE DA SUBSTÂNCIA" QUE PROPÕE COMO META OS INICIADOS SINAR-
CAS.

301
TOMO V:
SUPERESTRUTURAS
E REGISTROS CULTURAIS

A – RESUMO SOBRE “SUPERESTRUTURAS” E “OBJETOS CULTURAIS”.

Em diferentes partes desta obra temos mencionado, e inclusive definido, às “superes-


truturas” e aos “objetos culturais” que as integra. O propósito do presente inciso é completar
o conceito de superestruturas de tal modo que seja possível obter uma visão análoga do mesmo
a partir do modelo estrutural da figura 12. Isso permitirá compreender o conceito fundamental
de “Registro cultural”, imprescindível para explicar a FACULDADE DE ANAMNESE que
possuem os iniciados hiperbóreos.
Agora bem, uma visão como a que procuramos apresentar aqui requer uma descrição
em extremo detalhada posto que se deva pôr em evidência a relação de SIMETRIA INVERSA
que apresentam entre si as superestruturas externas e as estruturas culturais internas: uma des-
crição tal exige levar em conta todas as definições e conceitos vertidos até agora. É necessário,
pois, repassar o já visto e a melhor maneira de fazê-lo é reler uma transcrição dos parágrafos
mais importantes e afins aos temas que desenvolveremos neste inciso. Nos comentários seguin-
tes se tem ordenado em forma sistemática as citações que são convenientes recordar antes de
entrar em cheio no tema dos Registros culturais.
Primeiro – Há um princípio fundamental que não deve ser esquecido ao interpretar as
explicações deste inciso: TANTO O CONCEITO DE “SUPERESTRUTURAS” COMO O
DE “OBJETO CULTURAL”, SE NÃO SE ESCLARECER O CONTRÁRIO NO TEXTO,
DEVEM INTERPRETAR-SE COMO REFERIDOS A “COISAS EXTERNAS”, OU
SEJA, COISAS QUE EXISTEM “ALÉM DA ESFERA SENSORIAL”, PRÓPRIAS DO
“MUNDO EXTERIOR”, ETC.
Segundo – Feito este esclarecimento, é necessário começar pelo princípio, ou seja, pelo
“OBJETIVO MACRO-CÓSMICO DA FINALIDADE DO PASU”. Tal objetivo pretende
“descobrir os desígnios propostos pela supra finalidade e expressar mediante signos a verdade
descoberta, pondo SENTIDO nos entes que constituem a cultura. Este objetivo procura que

303
se produza o maior BEM possível no macrocosmo; para isso os pasus, ou viryas perdidos,
constroem com AMOR “SUPERESTRUTURAS” de objetos culturais ou “culturas” que pro-
duzem prazer ao Demiurgo: o prazer do criador que comprova que sua obra é permanente-
mente descoberta e valorizada ou descoberta e revalorizada”.
Terceiro – O objetivo macrocósmico da finalidade aponta, em primeiro lugar, a “por
sentido no mundo”. “Para cumprir com tal finalidade não basta com outorgar “sentido” aos
entes mediante alguma forma de expressão: é necessário também que tal “sentido” perdure e
seja reafirmado uma e outra vez, após uma busca e descobrimento perpétuo do desígnio, de
uma verdade que nunca acaba de revelar-se completamente à razão. Essa busca, esse descobri-
mento, essa reafirmação, agradam ao Demiurgo, formam parte do objeto de seu prazer. Se
requer, pois, uma “superestrutura” externa que sustente o “sentido” outorgado aos entes. Cons-
truir tal superestrutura é uma tarefa coletiva e AS LINGUAGENS são a ferramenta com que
está dotado o pasu para empreendê-la”. Deixemos pelo momento a tarefa de explicar como se
constrói uma superestrutura e indaguemos sobre a essência “dos objetos culturais”.
Quarto – O objetivo macrocósmico da finalidade requer em efeito, “que o pasu seja
COLETIVAMENTE “produtor de cultura” e PARTICULARMENTE “doador de sentido”:
para isso se tem de valer da linguagem habitual ou idioma corrente e de outras linguagens oblí-
quas.
Quinto – Em todo ente externo coexiste uma dupla determinação ontológica: a finali-
dade e a supra finalidade. A finalidade entelequial do ente está determinada pela EXISTÊNCIA
NATURAL e o IMPULSO EVOLUTIVO que lhe outorga o Arquétipo universal, a finalidade
é a “finalidade universal” do ente. A supra finalidade do ente está determinada pela EXISTÊN-
CIA INDIVIDUAL ESPECÍFICA que lhe outorga o desígnio demiúrgico ou ser-para-o-ho-
mem: a supra finalidade é a “finalidade particular” do ente.
Sexto – “Os entes são designados pelo Demiurgo com uma Palavra primordial que
deve ser descoberta pelo pasu e racionalizada em sua estrutura cultural. Esta palavra, este de-
sígnio, este ser-para-o-homem, é a essência do ente, o dado ao conhecimento, a supra finali-
dade”.
O desígnio é o dado ao conhecimento racional, o que é tomado pela razão e interpretado
como esquema, e o que é significado pelo pensamento do esquema. MAS NESSE DAR O
DESÍGNIO, O ENTE ESPERA RECEBER O SENTIDO. Ou seja: O DADO DEVE SER
DEVOLVIDO, RESTITUÍDO NO ENTE, MAS COM UM SENTIDO NOVO, “CULTU-
RAL”. ESSE “SENTIDO”, EXPRESSÃO DO SIGNIFICADO, É O QUE O PASU PÕE
NO ENTE EM LUGAR DO DESÍGNIO, TRANSFORMANDO AO ENTE EM “OB-
JETO CULTURAL”. Fica claro já, nesta citação, que o “objeto cultural” é um ente externo ao
que se lhe tem “posto” um sentido, expressão do significado de um conceito-fatia interior.

304
Sétimo – “O ACORDO ENTRE O OBJETIVO MACRO-CÓSMICO DA FINALI-
DADE DO PASU E A SUPRAFINALIDADE DO ENTE EXIGE, ASSIM, UM MOVI-
MENTO EM DOIS SENTIDOS: DO ENTE AO PASU E DO PASU AO ENTE”.
“OS EXTREMOS DO PRIMEIRO MOVIMENTO SÃO A PERCEPÇÃO DO
DESÍGNIO E O SIGNIFICADO; OS EXTREMOS DO SEGUNDO SÃO O SIGNIFI-
CADO E A EXPRESSÃO”.
Oitavo – Posto que nos artigos seguintes nos referiremos especialmente ao “segundo
movimento”, convém recordar em que consiste: “O SIGNIFICADO, CONTEÚDO EM UM
CONCEITO, É PROJETADO “NO MUNDO”, EM DIREÇÃO A UM ENTE QUE SE
ENCONTRA ALÉM DA ESFERA SENSORIAL”; A MANIFESTAÇÃO EXTERIOR
DO PROJETO É A EXPRESSÃO DE UM SIGNO; O SIGNO, EXPRESSO POR UM
MOVIMENTO CORPORAL, É UM SINAL POSTO SOBRE O ENTE DE REFERÊN-
CIA; ESTE SINAL NO ENTE, QUE ASSINALA O SIGNO, CORRESPONDE AO SIG-
NIFICADO PELO DESÍGNIO DEMIÚRGICO DO ENTE; SOBRE O DESÍGNIO
DADO SE PÕE AGORA O SIGNO”.
O CONHECIMENTO DO ENTE É O PASSO DO DESÍGNIO DEMIÚRGICO
AO SIGNIFICADO: POR ISSO A PROJEÇÃO DO SIGNIFICADO, DE UM
SIGNO, SOBRE O ENTE, É O RE-CONHECIMENTO DO ENTE; SOMENTE AO
SER RE-CONHECIDO, AO SER ASSINALADO, O ENTE ADQUIRE “SENTIDO”. O
DESÍGNIO DEMIÚRGICO É O SER-PARA-OHOMEM, O OBJETO DE CONHECI-
MENTO: SOMENTE O SIGNO HUMANO NO ENTE, O RE-CONHECIMENTO,
LHE PÕE SENTIDO, LHE FAZ EXISTIRPARA-O-HOMEM”.
Nono – Mas o “sentido posto nos entes” requer, para sua perpetuação, o concurso
coletivo da “cultura”: “O ente começa a existir-para-o-homem quando é assinalado com o signo
e adquire “sentido”. Mas devemos advertir que tal “sentido” somente pode perdurar se o signo
que o confere é também empregado por outros pasus para reconhecer e afirmar ao ente. O
signo, em efeito, deve poder ser entendido pela comunidade, aprendido e ensinado, perpetuado
coletivamente no mundo, vale dizer: o signo posto no ente deve ser expresso CULTURAL-
MENTE. Esta condição da finalidade do pasu determina que o signo se expresse como FINA-
LIDADE DE UMA LINGUAGEM, COMO REPRESENTANTE DE UM CONCEITO”,
“uma comunidade pode, assim, convier em certos signos para comunicar-se o conhecimento
dos entes e sustentar seu sentido. Um conjunto de signos tais constitui A EXPRESSÃO DE
UMA LINGUAGEM, não a linguagem em si, pois, segundo temos visto, toda linguagem tem
sua origem na estrutura cultural: UMA LINGUAGEM ESTRUTURAL É UM ORGA-
NISMO VIVO E, POR ISSO, PODE CRESCER E DESENVOLVER-SE; OS SIGNOS
SÃO SOMENTE PROJETOS, REPRESENTAÇÕES, DOS CONCEITOS E DOS SISTE-
MAS DE CONCEITOS”.

305
Décimo – “O pasu põe o sentido no ente e, ainda quando a morte lhe impeça expressá-
lo perpetuamente, o sentido se prolonga se outros pasus se associam para sustentá-lo como um
significado comum: o ente assim assinalado, com um signo que convenha coletivamente, passa
a converter-se em um OBJETO CULTURAL. Naturalmente, se o que se tem posto sobre o
ente é um signo tal como I, que representa a um símbolo I (figura 21) que é réplica de um
conceito xx, resulta no que coincide primeiramente a comunidade é no conhecimento concei-
tual do ente: mas, uma vez que o ente tem sido assinalado pela expressão do conceito e tal
significado seja reconhecido pelos membros da sociedade, nada impeça que cada um chegue
individualmente ao desígnio e aprofunde sua compreensão”. “O que RELIGA então, à socie-
dade pasu como tal, é o sentido posto nos entes, sentido que é em certa medida compartilhado
por todos. E é essa união dos pasus entre si POR MEIO DO SENTIDO ÔNTICO o que
constitui a forma externa da CULTURA”.
Décimo primeiro – “Resumindo, os “objetos culturais” podem ser “internos” ou “ex-
ternos”. Os “objetos culturais internos” formam parte da estrutura cultural e constituem um
primeiro grau na realidade do objeto. Os “objetos culturais externos” são projetos incorporados
e materializados dos anteriores e representa um segundo grau na realidade do objeto; são reco-
nhecidos no mundo como reflexo dos objetos internos: naturalmente, se tal dependência não
se adverte pode cometer-se o erro gnosiológico de atribuir as qualidades culturais diretamente
ao corpo físico ou entidade sobre a que se tem efetuado o projeto”. Não obstante esta definição,
no sucessivo nos atendermos à pauta estabelecida no comentário Primeiro: em tudo quanto se
refira às “superestruturas”, os objetos culturais devem ser considerados “externos”.
Décimo segundo – Estas citações e esclarecimentos sobre os objetos culturais são
apropriadas para compreender as definições de “superestruturas” e de “cultura externa”. Basi-
camente, temos tal que “uma cultura externa é a FORMA que determina uma “superestrutura”
e que “os membros de uma superestrutura são objetos culturais e homens, pasus ou viryas
perdidos”. “Segundo isto as superestruturas somente podem ser externas, posto que incluam
ao homem em sua compleição”.
“Agora bem, sabemos que uma “cultura” é algo que se forma para cumprir com o ob-
jetivo macrocósmico da finalidade de pasu e, como vimos, algo que “progride”, que se desen-
volve até a perfeição: o “progresso” é RACIONAL, consiste em aumentar a compreensão dos
entes, em aperfeiçoar os objetos culturais. Dessa visão racional do mundo, desse por sentido
nos entes, vão EMERGINDO os objetos culturais que formam o CONTEXTO cultural do
pasu. Mas os objetos culturais não são coisas simplesmente depositadas no mundo: ao serem
NOMEADOS, ao receberem um SENTIDO, são impelidos a ocupar um lugar RACIONAL
junto a outros objetos culturais, ou seja, a guardar com eles certas RELAÇÕES SIGNIFICA-
TIVAS”. Como veremos com detalhes no artigo C, entre os objetos culturais existe uma CO-
NEXÃO DE SENTIDO que constitui a superestrutura cão propriamente dita.

306
“É assim que em cada ente que o pasu vai pondo sentido surge um objeto cultural que
se integra numa superestrutura externa, cuja forma global se denomina “cultura”. E as superes-
truturas externas vão crescendo sistematicamente à medida que se incorporam novos objetos
culturais, se aperfeiçoam os já existentes, ou se estabelecem novas relações entre eles”.
Décimo terceiro – “Mas não deve crer-se ingenuamente que as superestruturas são
meras projeções da estrutura cultural interna do pasu: pelo contrário AS SUPERESTRUTU-
RAS POSSUEM “VIDA PRÓPRIA”, SÃO CAPAZES, NÃO SOMENTE DE INTEGRAR
AO HOMEM EM SUA COMPLEIÇÃO, SENÃO DE DETERMINAR SUA VONTADE.
QUAL É A “MENTE” QUE, ANALOGAMENTE À ESTRUTURA CULTURAL IN-
TERNA, ANIMA A ESTAS SUPERESTRUTURAS EXTERNAS? RESPOSTA: UMA
CLASSE DE ARQUÉTIPOS UNIVERSAIS DENOMINADOS “PSICÓIDEOS” OU
“EGRÉGORAS”.
Décimo quarto – Apresentando as culturas externas uma CAPACIDADE estrutural
demasiado grande para tentar sua descrição rigorosa ou tão sequer aproximar-se a ela, é habitual
reflexionar sobre certas “frações” ou subestruturas denominadas “fato cultural”. Para visualizar
as explicações sempre temos de nos referir a “fatos culturais”, mas as conclusões obtidas po-
derão logo estender-se à totalidade da forma cultural por indução análoga. O fato cultural está
determinado pelo “espaço cultural” e o “tempo histórico”.
“O espaço abarcado por uma cultura externa é, indubitavelmente, enorme: todo lugar
que contenha um objeto cultural externo é parte de tal espaço, desde o lugar ocupado pela
galáxia mais longínqua até aquele em que se movem as partículas subatômicas, passando por
todos os objetos culturais comuns à sociedade. Em verdade, o âmbito da cultura externa é
incrivelmente extenso; e isso por efeito da atividade “doadora de sentido” que caracteriza ao
pasu ou ao virya perdido; os alcances deste efeito assinalador se compreenderão melhor se de-
finimos ao “ESPAÇO CULTURAL EXTERIOR” como todo aquele lugar em que seja possí-
vel efetuar alguma de estas três coisas: a) DESCOBRIR UM ENTE DESIGNADO; b) PRO-
JETAR UM SIGNO; c) RECONHECER UM OBJETO. O espaço real que cumpre com al-
guns destes requisitos constitui o “universo” dos objetos culturais externos”.
“O fato cultural é, então, “essa fração da cultura externa que nos envolve em sua trama”
e à que se deve estudar para compreender o fundamento estrutural da cultura externa que, como
sabemos, é de grau superior ao da cultura interna ou modelo cultural. E o fato cultural, em sua
qualidade de fato histórico, é, segundo se tem visto, “a manifestação de um Arquétipo psicóideo
ou Mito em um espaço cultural determinado”.
Décimo quinto – “Resumindo, temos comprovado que entre a cultura externa e a cul-
tura interna existe uma correspondência estrutural estrita, de tal modo que os conceitos ou
asserções da estrutura cultural interna se refletem nos objetos culturais da cultura externa; e que

307
o contínuo significado da estrutura cultural interna é correlato com o contínuo significado tem-
poral do porvir histórico da cultura externa. Também vimos que a manifestação de um símbolo
I, que replica a um conceito XX, é análogo à manifestação de um Arquétipo psicóideo durante
um fato cultural”.
Décimo sexto – É importante ter presente com clareza o âmbito de manifestação das
culturas externas, ou seja, o campo de existência das superestruturas. Isto se definiu já no marco
da analogia micro e macrocósmica e convém relê-lo agora.
“Consideremos a região A (figura 39). Do plano arquetípico os Arquétipos universais
se deslocam até o plano material, impelidos pelo Aspecto Beleza ou Inteligência ativa, e se ma-
nifestam como entes finitos, tentando alcançar a enteléquia: DO PONTO DE VISTA UNI-
VERSAL, O NÍVEL ENERGÉTICO ENTELEQUIAL DOS ENTES FINITOS É O IN-
DICADO COM LINHAS DE PONTOS COMO LIMITE DA REGIÃO (A). Ou seja, que
os entes finitos, como tais, subjazem no profundo do inconsciente demiúrgico. Sem embargo
os entes, além do mais da finalidade universal que lhes impõe a finalidade dos Arquétipos, estão
assinalados pela finalidade particular da supra finalidade das mônadas, ESTÃO DESIGNA-
DOS PARA O PASU, dispõem de uma chave de seu plano que pode ser descoberta e revelada
pela razão: O DESÍGNIO TRANSFORMA AOS ENTES EM SERES-PARA-O-HOMEM.
A finalidade do homem é descobrir o desígnio dos entes e por nestes, um sentido. O homem
converte assim os entes em “objetos culturais”, brindando-lhes a possibilidade de existir “além”
da região profunda, de “sair” da inconsciência demiúrgica. Tal como se apreciam no esquema
energético, os entes se tornam mais conscientes à medida que ganham sentido. Logo do nível
dos “entes designados” se encontra a região (B) das CULTURAS EXTERIORES, as quais
consistem em “objetos culturais”, e “homens” superestruturados: o ente designado goza aqui,
como “objeto cultural”, de uma existência de grau superior, cheio de sentido, que representa
para o Demiurgo “um bem”, “um ato de amor”, etc.”
“A região (B) é análoga à região (b) do mesmo modo que as culturas exteriores, ou su-
perestruturas, que aquela contém são análogas à estrutura cultural desta”. “Para compreender
agora, com maior profundidade, esta correspondência há que se realizar o seguinte raciocínio:
o “sujeito racional” do pasu pode considera-se COMO UM OPERADOR QUE TOMA ELE-
MENTOS ARQUETÍPICOS DA REGIÃO (a), QUE REPRESENTAM AO DESÍGNIO
DO ENTE, E OS TRANSFERE à REGIÃO (b) ONDE SE ESTRUTURAM COMO ES-
QUEMA DO ENTE; o sujeito racional se encontraria, assim, operando sobre a linha de pontos
que separa as regiões (a) e (b). Pois bem: O PASU CUMPRE COLETIVAMENTE NO
MUNDO UMA FUNÇÃO ANÁLOGA À QUE O SUJEITO RACIONAL CUMPRE NO
PASU. Vale dizer, O PASU CUMPRE COLETIVAMENTE A FUNÇÃO DE SER A
FONTE DA RAZÃO DO MUNDO: É POR SUA ATIVIDADE DOADORA DE SEN-

308
TIDO QUE EMERGE A RAZÃO DO MUNDO, QUE OS ENTES, ATÉ ENTÃO SU-
MIDOS NO UNIVERSAL, ADQUIREM EXISTÊNCIA PARTICULAR COMO OBJE-
TOS CULTURAIS E SE RELIGAM PELO AMOR, INTEGRANDO-SE NAS SUPERES-
TRUTURAS DAS CULTURAS EXTERIORES”.
“Com este critério a função do pasu no mundo fica claramente definida: o pasu, mi-
crocosmo, se pode considerar COMO UM OPERADOR QUE TOMA ENTES DESIGNA-
DOS DA REGIÃO (A) (figura 39) E OS TRANSFERE à REGIÃO (B) ONDE SE ESTRU-
TURAM COMO OBJETOS CULTURAIS: o pasu, microcosmo, se encontraria, assim, ope-
rando sobre a linha de pontos que separa as regiões (A) e (B) do macrocosmo. Mas tal atividade
do pasu é “coletiva”, o que significa que, apesar de tudo, sua operação cultural, sua transforma-
ção racional do mundo, obedece em grande medida a uma alma grupal, a uma egrégora, a um
Arquétipo psicóideo, ou Manu, que dirige o destino da comunidade. Isto não pode ocorrer de
outra maneira se a função coletiva do pasu tem de ser análoga à do sujeito racional No pasu: o
sujeito racional é uma manifestação da alma no microcosmo e, portanto, a “alma” do macro-
cosmo, o “anima mundi”, tem de manifestar-se também na comunidade pasu, que cumpre a
função de “sujeito racional macrocósmico”; e tal manifestação da alma do Demiurgo sobre a
comunidade pasu somente pode realizar-se através das hierarquias dévicas, vale dizer, por meio
de uma alma grupal, egrégora, Arquétipo psicóideo, Manu, etc.”.
Décimo sétimo – O “POSTULADO ESSENCIAL DO MODELO ESTRUTURAL”
afirma o seguinte: “A uma esfera ôntica corresponde um enlace cilíndrico na estrutura cultural;
a uma série de esferas concêntricas sobrepostas de maior a menor, como “essência” de um ente
externo, corresponde um feixe de planos retangulares que se intersectam no eixo do enlace
cilíndrico como “verdade” do ente na estrutura cultural.
Décimo oitavo – O “conceito habitual” do “cavalo”, esse que todos entendem porque
está expresso em idioma corrente e alude ao cavalo real, “a qual matriz arquetípica do desígnio
cavalo corresponde? Resposta: à MATRIZ ESSENCIAL. É evidente que se a matriz essencial
é a forma sobreposta que individualiza ao cavalo, a forma que determina sua natureza equina e
faz dele ESSE cavalo, então ESSE cavalo será conhecido primeiramente sob tal forma essencial:
O CONCEITO HABITUAL DO CAVALO É UMA DESCRIÇÃO ANALÍTICA DA MA-
TRIZ ESSENCIAL DO DESÍGNIO CAVALO; e este “conceito habitual”, segundo vemos,
é o aspecto da VERDADE do cavalo que normalmente se nota na linguagem sociocultural
habitual, no idioma corrente.
Por isso definimos mais atrás que “O CONCEITO DO ENTE, EXPRESSO NESSA
LINGUAGEM NORMALMENTE HORIZONTAL, PROPÕE COMO VERDADE DO
ENTE A DESCRIÇÃO ANALÍTICA DA MATRIZ ESSENCIAL”.
Décimo nono – “O modelo de desígnio permite estender esta definição de “conceito

309
habitual”, para “todo ente”. Na figura 46, em efeito, pode comprovar-se que um dos planos
axiais, assinalados, é paralelo ao plano de significação horizontal (STt): O PLANO AXIAL RE-
PRESENTA AO CONCEITO HABITUAL DO ENTE, VALE DIZER, AO CONCEITO
DA MATRIZ ESSENCIAL. Na mesma figura se observam, além do mais, outros planos axiais
dentro do enlace cilíndrico ou esquema do ente: são os conceitos fatia das matrizes virtuais do
desígnio, conceitos que somente podem ser notados no contexto de planos de significação
oblíquos, correspondentes a linguagens não habituais”.

B – ESTUDO ANÁLOGO DO “OBJETIVO MACRO-CÓSMICO DA FINALIDADE DO


PASU”.

O resumo precedente tem nos refrescado os conceitos de


“superestruturas” e “objeto cultural” e nos colocou em condições de encarar a descrição de um
modelo análogo de “superestruturas”. Entretanto, um modelo semelhante não pode ser ex-
posto isoladamente do modelo de estrutura cultural já visto: pelo contrário, o modelo de supe-
restruturas deve partir de relações bem definidas com o modelo de estrutura cultural; tais rela-
ções expressam, naturalmente, VÍNCULOS REAIS entre o mundo exterior macrocósmico e a
estrutura psíquica microcósmica do pasu. Quer dizer, tais relações CONDICIONAM a corres-
pondência análoga entre o modelo de superestruturas adotado e o modelo de estrutura cultural
baseado na figura 12. Outra CONDIÇÃO que não se pode ignorar é, por exemplo, o POSTU-
LADO ESSENCIAL DO MODELO ESTRUTURAL, que faz corresponder a um “enlace
cilíndrico” da estrutura cultural uma “esfera ôntica” como modelo do desígnio de um ente ex-
terno. Devemos começar, pois, por formular as relações que ligam ambas as estruturas; e isso
somente poderá fazer-se, sem perder de vista que o modelo tem de estar fundado na realidade
dos entes, por meio de uma análise detalhada dos “VÍNCULOS REAIS entre o mundo exterior
macrocósmico e a estrutura psíquica microcósmica do pasu”. Logo a análise cumprirá o obje-
tivo proposto caso se aplique a resolver um PROBLEMA bem lançado; o primeiro passo apon-
tará, então, a evidenciar o problema.
Consideremos a figura 12. Nela se tem representado um MODELO DE ESTRUTURA
cujos elementos consistem em NÓS E ENLACES. Este modelo, segundo se explicou, apre-
senta correspondência análoga com a ESTRUTURA CULTURAL real do pasu: na estrutura
cultural o lugar dos nós está ocupado por PRINCÍPIOS e o dos enlaces por RELAÇÕES, ou
seja, por ESQUEMAS SÊMICOS DE ENTES.
O problema aludido se evidenciará quando indagarmos se uma “superestrutura”, ou seja,
uma “estrutura exterior integrada por objetos culturais e homens”, pode ser representada me-
diante um modelo semelhante ao da figura 12. Em geral a resposta é afirmativa: tanto as supe-
restruturas, como a estrutura cultural, correspondem PARTICULARMENTE ao modelo da
figura 12, enquanto este modelo descreve uma organização de NÓS E ENLACES. Porém, e

310
aqui é onde surge o problema, O CARÁTER ESTRUTURAL COMUM NÃO IMPLICA
QUE ENTRE AMBAS AS ORGANIZAÇÕES EXISTAM UMA CORRESPONDÊNCIA
PONTUAL, OU SEJA, QUE OS NÓS E ENLACES DE UMA SUPERESTRUTURA
CORRESPONDAM A NÓS E ENLACES DA ESTRUTURA CULTURAL: contraria-
mente, segundo se demonstrará mais adiante, a correspondência real está regida por uma lei de
SIMETRIA INVERSA. Evidentemente, para dispor de um “modelo de superestruturas”, não
basta com estabelecer que as superestruturas reais e a estrutura cultural do pasu apresentem
analogia com o modelo da figura 12: é patente que existe um problema e que este consiste em
determinar qual relação liga a ambas as estruturas.
A solução do problema somente pode vir de uma análise precisa da relação harmônica
que mantém o microcosmo com o macrocosmo para cumprir com o “objetivo macrocósmico
de sua finalidade”: a fim de cumprir com este objetivo, o pasu CONHECE o desígnio dos entes
externos e EXPRESSA o sentido que os converte nos objetos culturais. Recordemos a citação
do comentário Sétimo: “o acordo entre o objetivo macrocósmico da finalidade do pasu e a
supra finalidade do ente exige, assim, UM MOVIMENTO
EM DOIS SENTIDOS: DO ENTE AO PASU E DO PASU AO ENTE; os extremos
do primeiro movimento são a PERCEPÇÃO do desígnio e o significado; os extremos do se-
gundo são o significado e a EXPRESSÃO”. Concretamente, a análise se deve basear na descri-
ção destes dois movimentos para que contribua eficazmente à solução do problema.
Uma ajuda inestimável para toda explicação analítica é a complementação gráfica; isto
se comprova no presente caso observando o quadro sinótico da figura 73. A análise seguinte se
refere fundamentalmente a dita figura, onde estão representados os dois movimentos que exige
o objetivo macrocósmico da finalidade do pasu.

311
Comecemos por destacar que a figura 73, em concordância com a figura 39, nos mostra
DUAS REGIÕES claramente definidas: à esquerda da linha de segmentos está a REGIÃO (B)
do macrocosmo, lugar dos entes externos, enquanto que à direita de tal linha se estende RE-
GIÃO (b) do microcosmo, onde se radica a estrutura cultural. A linha de segmentos que separa
ambas as regiões simbolizam o limite da ESFERA SENSORIAL do pasu: todo CONHECI-
MENTO do mundo exterior deve necessariamente atravessar esta esfera; a INTUIÇÃO SEN-
SÍVEL de um objeto exterior é a PERCEPÇÃO do desígnio: mediante a PERCEPÇÃO o
desígnio atravessa a esfera sensorial e se revela à razão para sua apreensão inteligível.
A figura 73, como a 46, está de acordo com o POSTULADO ESSENCIAL DO MO-
DELO ESTRUTURAL que afirma o seguinte (comentário “Décimo sexto”): “A UMA ES-
FERA ÔNTICA CORRESPONDE UM ENLACE CILÍNDRICO NA ESTRUTURA CUL-
TURAL”. Assim, na REGIÃO (B), se tem representado com uma circunferência à “esfera ôn-
tica” ou “modelo de desígnio” e se a tem assinalado como “ENTE EXTERNO INDIVI-
DUAL”: isso indica que o desígnio, o-ser-para-o-homem sobreposto no ente, é quem deter-
mina sua natureza universal e lhe concede individualidade específica. Por outra parte, na RE-
GIÃO (b) do microcosmo, se tem exposto um SISTEMA SIMPLES da estrutura cultural in-
tegrados por dois nós e um ENLACE CILÍNDRICO: conforme com o postulado essencial,
tal enlace cilíndrico corresponde sêmicamente à esfera ôntica percebida através da esfera sen-
sorial; vale dizer: sei a esfera ôntica é um “modelo de desígnio”, e este é a “essência do ente”,
então o enlace cilíndrico contém o “esquema do ente”, a interpretação racional do desígnio, a
“verdade do ente”, etc.
Como causa a esfera ôntica um enlace cilíndrico na estrutura cultural? Resposta: medi-
ante o PRIMEIRO MOVIMENTO “do ente ao pasu”. Neste movimento o desígnio, o ser-
para-o-homem, se revela à razão e faz possível que o pasu CONHEÇA a essência do ente: por
isso o sentido do primeiro movimento está indicado na figura 73 como CORRESPONDÊN-
CIA GNOSIOLÓGICA. A sequência superior das flechas nos mostra claramente que a PER-
CEPÇÃO do DESÍGNIO atravessa a ESFERA SENSORIAL e transfere à RAZÃO seu con-
teúdo, o qual é esquematizado por esta e integrado na estrutura cultural como ENLACE CI-
LÍNDRICO entre nós, ou seja, como RELAÇÃO entre princípios. Deste modo o pasu CO-
NHECE a essência do ente; a Relação será, adiante, o CONHECIDO, a “verdade do ente”.
Com respeito ao problema da correspondência análoga entre as superestruturas e a es-
trutura cultural, devemos nos perguntar agora se este PRIMEIRO MOVIMENTO nos oferece
alguma solução. Mas não haverá que indagar muito para comprovar que a resposta é negativa:
nada nos revela o primeiro movimento sobre a relação formulada. Por quê? Resposta: porque
uma superestrutura se compõe exclusivamente “de objetos culturais e homens”, sendo para o
caso o “homem” também um objeto cultural em seu caráter de “próximo”: NO PRIMEIRO

312
MOVIMENTO NÃO SE TRATA COM “OBJETOS CULTURAIS” SENÃO COM “EN-
TES DESIGNADOS”, COM ENTES INDIVIDUAIS QUE REVELAM SEU DESÍGNIO
à RAZÃO E QUE, AO CABO DO PRIMEIRO MOVIMENTO, EQUIVALEM A UM
SIGNIFICADO CORRESPONDENTE.
Em síntese, o primeiro movimento que exige o objetivo macrocósmico da finalidade do
pasu determina uma CORRESPONDÊNCIA GNOSIOLÓGICA entre o ente externo per-
cebido e uma relação equivalente da estrutura cultural. Claramente, se vê que esta correspon-
dência gnosiológica NÃO É uma relação que permita compreender as superestruturas porque
NÃO SE REFERE A OBJETOS CULTURAIS senão a entes externos designados.
Sendo imprescindível a presença dos objetos culturais para compreender as superestru-
turas e definir seu modelo análogo temos de recordar que estes são produto do segundo movi-
mento, tal como se explica no comentário oitavo: consequentemente, da análise do segundo
movimento surgirá a solução buscada. Adiante, portanto, vamos nos ocupar exclusivamente de
analisar o segundo movimento, e vamos desvendar definitivamente a correspondência gnosio-
lógica para definir o modelo de superestruturas.
O segundo movimento que exige o objetivo macrocósmico da finalidade do pasu vai
“do pasu ao ente”: “seus extremos são o significado e a EXPRESSÃO”. Na figura 73 este
movimento está representado pela sequência inferior de flechas: elas nos mostram claramente
que o SIGNIFICADO da Relação, ou seja, a verdade do ente atravessa a ESFERA SENSO-
RIAL em direção contraria ao primeiro movimento pela EXPRESSÃO do sujeito cultural ou
consciente; o significado expresso no mundo outorga SENTIDO CULTURAL ao ente exte-
rior de referência e o transforma no OBJETO CULTURAL; A EXPRESSÃO EXPRESSA O
SIGNIFICADO E O EXPRESSO É O SENTIDO, A PROJEÇÃO DO SIGNO SOBRE O
ENTE EXTERIOR DESIGNADO; O PASU, MEDIANTE A EXPRESSÃO DO SIGNI-
FICADO, PÕE SENTIDO NO ENTE E O TRANSFORMA NO OBJETO CULTURAL.
Esta correspondência entre o significado da relação e o ente exterior, ou seja, entre o ENLACE
CILÍNDRICO da estrutura cultural e a ESFERA ÔNTICA, É SEM DÚVIDAS A VINCU-
LAÇÃO BUSCADA PARA RESOLVER O PROBLEMA. O modelo de superestruturas está
condicionado por esta correspondência posto que os elementos das superestruturas reais, os
OBJETOS CULTURAIS, existem pela EXPRESSÃO do significado efetuada no segundo mo-
vimento.
Bem, assim como o primeiro movimento se caracteriza pelo CONHECIMENTO do
desígnio e por isso dá lugar a uma correspondência GNOSIOLÓGICA, o segundo movimento
se caracteriza pelo VALOR CULTURAL posto no ente e por isso estabelece uma correspon-
dência AXIOLÓGICA entre o objeto cultural e a estrutura cultural; tal caráter está indicado na
figura 73 como título da flecha que mostra a direção do segundo movimento. É evidente, por
fim, que a CORRESPONDÊNCIA AXIOLÓGICA é a determinação fundamental que se

313
deve considerar para representar uma superestrutura real mediante um modelo estrutural seme-
lhante ao da figura 12. A correspondência axiológica é, pois, a solução do problema; agora
somente nos resta INTERPRETAR METODOLOGICAMENTE seu significado para con-
cretizar efetivamente o modelo análogo de superestruturas.

C – INTERPRETAÇÃO METODOLÓGICA DA “CORRESPONDÊNCIA AXIOLÓGICA”: O


POSTULADO ESSENCIAL.

A interpretação metodológica da correspondência axiológica vai nos permitir estabelecer


um princípio complementar do postulado essencial, ao que a Sabedoria Hiperbórea denomina
POSTULADO POTENCIAL DO MODELO ESTRUTURAL: atendendo à determinação
afirmada por este postulado, o modelo análogo de superestruturas se deduzirá logicamente do
modelo estrutural da figura 12. Entretanto, a formulação inteligível do postulado potencial,
exige uma explicação axiológica prévia sobre a CONSTITUIÇÃO das superestruturas reais.
Começaremos essa explicação esclarecendo que, assim como o ato pelo qual o Demi-
urgo causa a existência dos entes se denomina CRIAÇÃO, assim também o ato pelo qual o
pasu causa a existência das superestruturas, ao pôr sentido nos entes criados, se denomina
CONSTITUIÇÃO. O pasu, em efeito, CONSTITUI as superestruturas ao agregar um VA-
LOR CULTURAL aos entes externos designados e transformá-los nos objetos culturais. O
“SENTIDO” POSTO NOS ENTES É, POIS, UM “VALOR CULTURAL”, DIFERENTE
EM CADA OBJETO CULTURAL RECONHECIDO: POR ISSO A COMPREENSÃO
DAS SUPERESTRUTURAS SOMENTE É POSSÍVEL COM O CONCURSO DE UM
“CONCEITO AXIOLÓGICO” DE EXTENSÃO EQUIVALENTE À DO CONCEITO
DE SUPERESTRUTURAS. Um conceito que reúne estas condições é o de CONTEXTO
AXIOLÓGICO EXTERNO.
Este conceito se define pela analogia com o conceito de CONTEXTO SIGNIFICA-
TIVO DAS LINGUAGENS DA ESTRUTURA CULTURAL, já explicado na página: O
CONTEXTO AXIOLÓGICO EXTERNO É ANÁLOGO AO CONTEXTO SIGNIFI-
CATIVO INTERNO. O que nos diz esta analogia? Resposta: que, assim como o SIGNIFI-
CADO de uma Relação pensada somente significa um conceito quando é NOTADO no
CONTEXTO de uma linguagem estrutural, analogamente um objeto cultural exterior somente
adquire SENTIDO quando é NOTADO no CONTEXTO AXIOLÓGICO de uma superes-
trutura. Em outras palavras: a superestrutura, cuja forma se denomina CULTURA e seu mo-
mento FATO CULTURAL, CONSTITUI um CONTEXTO AXIOLÓGICO que determina
o SENTIDO de todo objeto cultural situado em sua vizinhança. Como veremos esta condição
de que tanto o significado conceitual, como o sentido ôntico, requeiram ser NOTADOS em
seus contextos, impõem um CRITÉRIO VISUAL para a interpretação metodológica da cor-
respondência axiológica.

314
Reparemos como adverte o contexto axiológico à existência. Em um primeiro momento
somente existe o ESPAÇO FÍSICO em cujo interior estão distribuídos os entes individuais:
cada ente, em seu lugar, dispõe de um desígnio particular que o individualiza e que está pronto
a revelar-se à percepção do pasu como ser-para-o-homem. O primeiro movimento do objetivo
macrocósmico da finalidade (figura 73) estabelece uma correspondência gnosiológica entre o
ente exterior e a estrutura cultural mediante a qual o desígnio é esquematizado e contido numa
Relação: “a uma esfera ôntica corresponde um enlace cilíndrico da estrutura cultural”. EVI-
DENTEMENTE, O ESPAÇO FÍSICO E SUA POPULAÇÃO DE ENTES É “O QUE É
DADO” À PERCEPÇÃO DO PASU: UM MUNDO EXTERIOR EXISTENTE A PRIORI
DE TODA INTUIÇÃO SENSÍVEL. O “QUE É DADO”, o espaço físico e os entes é o
CRIADO pelo Demiurgo.
Com o segundo movimento do objetivo macrocósmico da finalidade (figura 73) o pasu
estabelece uma correspondência axiológica entre a estrutura cultural e os entes externos, aos
que PÕE sentido e transforma nos objetos culturais. (Há que se ter sempre presente que ao
dizer “o pasu” estamos nos referindo em geral à “comunidade pasu”, posto que a CONSTI-
TUIÇÃO de uma cultura externa seja uma obra COLETIVA). Os entes externos se encontrem
a priori distribuídos no espaço físico: o conceito significativo expresso pelo pasu transforma
aos entes nos objetos CULTURAIS e ao espaço físico em ESPAÇO CULTURAL (comentário
Décimo quarto). O espaço cultural resulta então povoado de objetos culturais que conservam
a posição da distribuição ôntica no espaço físico: é lógico que assim ocorre porque os objetos
culturais surgem como consequência do VALOR CULTURAL particular posto em cada um
dos entes externos. A população de objetos culturais CONSTITUI no espaço cultural o CON-
TEXTO AXIOLÓGICO que confere SENTIDO a cada um em particular. EVIDENTE-
MENTE, O ESPAÇO CULTURAL E SUA POPULAÇÃO DE OBJETOS CULTURAIS É
“O QUE É POSTO” PELA EXPRESSÃO DO PASU: UM MUNDO EXTERIOR EXIS-
TENTE A POSTERIORI DA ELABORAÇÃO RACIONAL DO DADO à INTUIÇÃO
SENSÍVEL. O “POSTO”, ou espaço cultural e os objetos culturais, é o CONSTITUÍDO pelo
pasu.
O ESPAÇO CULTURAL abarca três regiões do macrocosmo: a região (B), a região (C)
e a região (D) (ver figura 39). Destas regiões a mais importante para o Demiurgo é a (D), onde
emerge o sentido dos entes valorizados pelo pasu, ou seja, onde existem e se manifestam os
objetos culturais como tais: a região (D) é a ESFERA DE SENTIDO DO MUNDO, análoga
à região (d) do microcosmo ou ESFERA DE LUZ, vale dizer, análoga à região onde emergem
as representações conscientes do pasu, as ideias fundadas no significado conceitual. Recorde-
mos que A ESFERA DE SENTIDO DO MUNDO é a região da estrutura da Mente Cósmica
onde se cumpre a finalidade do pasu, ou seja, onde emerge o SENTIDO DO MUNDO, o
SENTIDO cultural posto pelo pasu nos entes; a finalidade do pasu consiste em outorgar prazer

315
ao Demiurgo: o prazer do CRIADOR que vista VALORIZADA sua obra pelo descobrimento
posterior que a cumula de SENTIDO. Mas, para o pasu, a ESFERA DE SENTIDO DO
MUNDO é somente ESPAÇO CULTURAL, um espaço constituído por sua expressão doa-
dora de sentido, como constitui a expressão ou espaço cultural? Resposta: mediante o MOVI-
MENTO CORPORAL: “O CONTÍNUO MOVIMENTO EXTERIOR É PARA A EX-
PRESSÃO COMO A SIGNIFICAÇÃO CONTÍNUA É PARA O SIGNIFICADO. Ou me-
lhor: A EXPRESSÃO É UM MOMENTO (SIGNIFICATIVO) DO CONTÍNUO MOVI-
MENTO EXTERIOR”, segundo se demonstrou no artigo “Finalidade e Supra finalidade…”,
“os movimentos interiores à esfera sensorial, entre os que se destaca “o pensar”, e os movi-
mentos exteriores, ocorrem em planos contínuos, paralelos e correlatos”, ou seja, ANÁLO-
GOS: daí a correspondência análoga do espaço cultural, onde tem lugar a expressão doadora
de sentido, com a esfera de luz, onde tem lugar o pensamento consciente. E, como no espaço
cultural se constitui o CONTEXTO AXIOLÓGICO, o mesmo apresenta correspondência
análoga com o CONTEXTO SIGNIFICATIVO de uma linguagem da estrutura cultural: em
particular, um objeto cultural situado no contexto axiológico apresenta CORRESPONDÊN-
CIA AXIOLÓGICA com um significado conceitual notado no contexto significativo da estru-
tura cultural; tal correspondência axiológica é a que ainda devemos interpretar metodologica-
mente para representar o modelo de superestruturas.
Como visto anteriormente, devemos perguntar agora: O que expressa a expressão?
“Não o conceito porque este é uma fatia da Relação, ou seja, um aspecto do esquema do ente
notado no contexto significativo de uma linguagem; o conceito jamais abandona a estrutura
cultural: somente pode ser PENSADO”. A resposta que ali se ofereceu é: “A PROJEÇÃO DO
SIGNO”. “A pergunta “O que expressa a expressão? ” Se responde: o signo projetado. E à
pergunta: Como põe a expressão, o sentido no ente? Se responde: pela projeção do signo”. Mas
“a projeção do signo” é a culminação do segundo movimento, o que estabelece uma corres-
pondência axiológica entre o SIGNIFICADO CONCEITUAL e o objeto cultural: MEDI-
ANTE O SEGUNDO MOVIMENTO O PASU PROJETA SOBRE O ENTE UM SIGNO
QUE CORRESPONDE AXIOLOGICAMENTE COM UM SIGNIFICADO CONCEI-
TUAL. No comentário Oitavo se descrevem as partes deste movimento, que agora repetimos.
“O SIGNIFICADO, CONTIDO EM UM CONCEITO, É PROJETADO “NO MUNDO”,
EM DIREÇÃO A UM ENTE QUE SE ENCONTRA “ALÉM DA ESFERA SENSO-
RIAL”; A MANIFESTAÇÃO EXTERIOR DO PROJETO É A EXPRESSÃO DE UM
SIGNO; O SIGNO, EXPRESSO POR UM MOVIMENTO CORPORAL, É UM SINAL
POSTO SOBRE O ENTE DE REFERÊNCIA; ESSE SINAL NO ENTE, QUE ASSI-
NALA O SIGNO, CORRESPONDE AO SIGNIFICADO PELO DESÍGNIO DEMIÚR-
GICO DO ENTE; SOBRE O DESÍGNIO “DADO”, SE “PÕE” AGORA O SIGNO”.

316
“O CONHECIMENTO DO ENTE, o primeiro movimento, é o PASSO DO DE-
SÍGNIO DEMIÚRGICO AO SIGNIFICADO: POR ISSO o segundo movimento, A PRO-
JEÇÃO DO SIGNIFICADO, DE UM SIGNO SOBRE O ENTE, É O RE-CONHECI-
MENTO DO ENTE; SOMENTE AO SER RE-CONHECIDO, AO SER ASSINALADO,
O ENTE ADQUIRE “SENTIDO”. O DESÍGNIO DEMIÚRGICO É O SER-PARA-O-
HOMEM, O OBJETO DE CONHECIMENTO: SOMENTE O SIGNO HUMANO NO
ENTE, O RECONHECIMENTO, LHE PÕE SENTIDO, LHE FAZ EXISTIR-PARA-
OHOMEM”. Vale dizer: O TRANSFORMA EM “OBJETO CULTURAL”.
Pelo visto, todo objeto cultural existe pela projeção de um signo sobre um ente indivi-
dual. Analisemos este fato com mais detalhes. O ente individual revela seu desígnio ao pasu no
primeiro movimento do objetivo macrocósmico da finalidade (figura 73). O desígnio ou “es-
sência do ente” é interpretado pela razão e esquematizado numa Relação da estrutura cultural
ou “verdade do ente”.
O signo projetado sobre o ente no segundo movimento expressa um “aspecto” dessa
verdade do ente, ou seja, um significado conceitual: o VALOR CULTURAL que transforma o
ente individual no objeto cultural é o conteúdo que o signo deposita no ente e lhe confere
sentido. É evidente, então, que o ente individual, e seu desígnio, obram como SUPORTE das
PROPRIEDADES CULTURAIS OBJETIVAS. Com outras palavras: UM ENTE INDIVI-
DUAL, SEU DESÍGNIO, É O SUPORTE DAS PROPRIEDADES DE UM OBJETO
CULTURAL CORRESPONDENTE.
Isto quer dizer que, “sob” as propriedades culturais do objeto, se encontra o desígnio
como substrato essencial das mesmas. Em verdade, toda propriedade cultural é somente a
AFIRMAÇÃO qualitativa que a projeção do signo exerce sobre o desígnio do ente: NADA
CONCRETO PODERIA “COLOCAR-SE” COM A PROJEÇÃO DO SIGNO QUE JÁ
NÃO ESTIVESSE PREVIAMENTE NO ENTE, INCLUÍDO NO PLANO FORMA-
TIVO; POR ISSO O CONTEÚDO CULTURAL POSTO NO ENTE SOMENTE PODE
SER UM “VALOR”, UMA CATEGORIA AXIOLÓGICA. Em um dado ente, em seu de-
sígnio, está presente a totalidade das matrizes arquetípicas do Plano; quando esse ente se trans-
forma em “objeto cultural”, isso significa que UMA MATRIZ particular da série tem sido
AFIRMADA por sobre todas as demais: as propriedades culturais objetivas somente DES-
CREVEM a essa matriz particular QUE JÁ ESTAVA NO ENTE integrando o desígnio e que
permanece ainda como suporte essencial. Segundo se demonstrou no artigo E11 para o caso
do cavalo ôntico, mas que pode fazer-se extensivo para qualquer outro ente, o que primeiro se
conhece de um ente designado é a MATRIZ ESSENCIAL; ainda que todo o desígnio seja
esquematizado em um enlace cilíndrico ou Relação, a correspondência gnosiológica determina
que a matriz essencial se codifique em uma LINGUAGEM HABITUAL OU IDIOMA SO-
CIOCULTURAL como CONCEITO HABITUAL (comentários Décimo oitavo e Décimo

317
nono): o conceito habitual é “normalmente” horizontal e, portanto, seu significado é o primeiro
notado quando o sujeito se refere a sua Relação ou esquema. Deste fato se desprendem duas
importantes conclusões: QUE UM SIGNIFICADO EXPRESSO EM LINGUAGEM
HABITUAL SOMENTE PODE CORRESPONDER A UM “CONCEITO HABI-
TUAL”. E QUE, SE UM CONCEITO HABITUAL APRESENTA CORRESPONDÊN-
CIA GNOSIOLÓGICA COM UMA MATRIZ ESSENCIAL, SUA EXPRESSÃO SOBRE
O DESÍGNIO DO ENTE TEM DE “AFIRMAR” ESSA MATRIZ ESSENCIAL.
Compreende-se agora porque as propriedades culturais estão suportadas pelo desígnio
do ente: porque no segundo movimento, ao expressar o significado conceitual, o que se projeta
em realidade é o significado do conceito habitual e este significado, posto sobre o desígnio, não
é mais que a AFIRMAÇÃO da matriz essencial correspondente. Assim, a matriz essencial
EMERGE por sobre as restantes matrizes arquetípicas e se torna VISÍVEL para o reconheci-
mento cultural: mas tal emergência ocorre no contexto axiológico dos restantes objetos cultu-
rais e isso lhe confere o SENTIDO particular que o caracteriza. O SIGNO PROJETADO
SOBRE O ENTE, QUE TRANSFORMA A ESTE OBJETO CULTURAL, TEM A CAPA-
CIDADE DA MATRIZ ESSENCIAL E O SIGNIFICADO DO CONCEITO HABITUAL:
SUA PROJEÇÃO AFIRMA À MATRIZ ESSENCIAL E A FAZ EMERGIR COM SEN-
TIDO CULTURAL. MAS ONDE “EMERGE” O OBJETO CULTURAL? RESPOSTA: O
ENTE INDIVIDUAL SE ENCONTRA NATURALMENTE NA REGIÃO (B) OU SEJA,
NO “MUNDO ASTRAL”: A PROJEÇÃO DO SIGNO IMPELE À MATRIZ ESSENCIAL
A MANIFESTAR-SE NA REGIÃO (D), OU SEJA, NA “ESFERA DE SENTIDO DO
MUNDO”, COM O QUE O ENTE PASSA A SER “OBJETO CULTURAL”. INVERSA-
MENTE, TODO OBJETO CULTURAL, CUJO SENTIDO EMERGE NA REGIÃO (D),
ESTÁ SUPORTADO ESSENCIALMENTE POR UM ENTE INDIVIDUAL SITUADO
NA REGIÃO (B). O “VALOR CULTURAL” DEPENDE DESTA EMERGÊNCIA, DE
INSTABILIDADE SURGE A MATRIZ ESSENCIAL NA ESFERA DE SENTIDO DO
MUNDO: QUANTO MAIOR EMERGÊNCIA, MAIOR VALOR CULTURAL, MAIOR
INTENSIDADE DE SENTIDO, ETC.
Em consequência, O SEGUNDO MOVIMENTO CONSISTE NA CORRESPON-
DÊNCIA AXIOLÓGICA ENTRE O CONCEITO HABITUAL DE UM SISTEMA DA
ESTRUTURA CULTURAL E A MATRIZ ESSENCIAL DO DESÍGNIO DE UM ENTE
EXTERNO INDIVIDUAL. Para incorporar este fato ao modelo estrutural devemos advertir
que o segundo movimento é a resposta ao primeiro e que este está determinado pelo POSTU-
LADO ESSENCIAL. Na figura 46 se representou o postulado essencial o qual estabelece que
A UMA ESFERA ÔNTICA COMO MODELO DE DESÍGNIO OU ENTE, CORRES-
PONDE UM ENLACE CILÍNDRICO NA ESTRUTURA CULTURAL COMO MO-
DELO DO ESQUEMA OU VERDADE DO ENTE. Mas, como o desígnio consiste em um

318
plano composto por uma série de matrizes arquetípicas, a analogia exige que a esfera ôntica
esteja composta por uma série de esferas concêntricas correspondentes: a esfera ôntica, é assim,
uma ESFERA ESTRATIFORME. A PERCEPÇÃO desta esfera ou desígnio do ente, durante
o primeiro movimento, produz um enlace cilíndrico integrado por um feixe de planos axiais,
cada um dos quais representa ao significado conceitual de uma matriz arquetípica. Tal como se
vê na figura 46, o “conceito habitual” é o conceito fatia normalmente horizontal, cujo plano
é paralelo ao plano de significação (STt).
Relacionando a figura 46 com a 73, é fácil compreender que a primeira em realidade
representa analogamente à CORRESPONDÊNCIA GNOSIOLÓGICA estabelecida pelo
primeiro movimento entre o desígnio de um ente externo e seu esquema na estrutura cultural:
por isso à esquerda, na região (B), há uma ESFERA ESTRATIFORME e à direita, na região
(b), há um ENLACE CILÍNDRICO contendo um feixe de planos axiais. Se quisermos repre-
sentar de maneira análoga o segundo movimento deveríamos tomar em conta que A COR-
RESPONDÊNCIA AXIOLÓGICA CONSISTE NA EXPRESSÃO DO CONCEITO HA-
BITUAL “ALÉM” DA ESFERA SENSORIAL, VALE DIZER, NA “AFIRMAÇÃO” DA
MATRIZ ESSENCIAL: METODOLOGICAMENTE, ESTA CONDIÇÃO SE FOR-
MULA COMO O “POSTULADO POTENCIAL DO MODELO ESTRUTURAL”. O
POSTULADO POTENCIAL AFIRMA QUE, SE UMA FATIA HORIZONTAL DO
ENLACE CILÍNDRICO EQUIVALE AO CONCEITO HABITUAL EXPRESSO, E SE
UMA E SOMENTE UMA DAS ESFERAS CONCÊNTRICAS QUE INTEGRA A ES-
FERA ESTRATIFORME REPRESENTA A MATRIZ ESSENCIAL AXIOLOGICA-
MENTE CORRESPONDENTE, ENTÃO ESTA ÚNICA ESFERA CONSTITUI UM
“NÓ” NO MODELO DE SUPERESTRUTURAS. O postulado potencial se tem represen-
tado analogamente na figura 74, a qual deve ser cotejada com a figura 46 para sua melhor com-
preensão.

319
A linha de segmentos que divide ao plano da figura 74 assinala o limite microcósmico
da ESFERA SENSORIAL. À esquerda, no espaço cultural, a matriz essencial afirmada pela
projeção do signo emerge na região (D) do macrocosmo: o ente se torna axiologicamente VI-
SÍVEL como OBJETO CULTURAL. À direita no espaço psicológico, o conceito fatia habi-
tual, cuja representação consciente é VISÍVEL na região (d), é expresso “além da esfera senso-
rial”: o signo, que representa ao significado conceitual, será projetado sobre o desígnio do ente
e afirmará a matriz essencial.
Em síntese, o signo expressa o significado do conceito habitual: a projeção do signo
sobre o desígnio do ente afirma a matriz essencial e lhe confere valor cultural. O ente se trans-
forma no objeto cultural, em suporte de propriedades culturais; a matriz essencial EMERGE
então com um SENTIDO particular determinado pelo CONTEXTO AXIOLÓGICO dos
restantes objetos culturais que povoam o espaço cultural. O POSTULADO POTENCIAL
EXIGE QUE TAL MATRIZ EMERGENTE, CUJA POTÊNCIA FAZ DO ENTE UM
OBJETO CULTURAL, SE REPRESENTE POR UMA ESFERA ANÁLOGA E QUE A
MESMA OCUPE O LUGAR DE UM “NÓ” NO MODELO DE SUPERESTRUTURA.
Esta interpretação metodológica da correspondência axiológica nos vai permitir, como já o ha-
víamos adiantado deduzir o modelo de superestruturas a partir do modelo estrutural da figura
12.

D – MODELO ANÁLOGO DE “SUPERESTRUTURAS”.

O postulado essencial do modelo estrutural afirma que a uma esfera ôntica estratiforme,
como modelo do desígnio do ente, corresponde gnosiologicamente um enlace cilíndrico de
planos axiais na estrutura cultural, como modelo da verdade do ente.
O postulado potencial do modelo estrutural afirma que a um plano horizontal do enlace
cilíndrico da estrutura cultural, como modelo do conceito habitual, corresponde axiologica-
mente um nó ôntico esférico simples da superestrutura, como modelo da matriz essencial emer-
gente no objeto cultural.
A compreensão conjunta de ambos os postulados nos revela uma importante condição:
A UM “ENLACE” DO MODELO DE ESTRUTURA CULTURAL CORRESPONDE UM
“NÓ” NO MODELO DE SUPERESTRUTURAS. Esta condição determina que entre
ambos os modelos exista uma relação de SIMETRIA INVERSA. Agora bem, há um caráter
real, comum aos objetos culturais e às representações conscientes de objetos culturais, que não
podem ficar ausentes nos modelos respectivos: a incorporação desse caráter impõe um CRI-
TÉRIO VISUAL na qualificação da relação assinalada, pelo que a Sabedoria Hiperbórea a de-

320
nomina: “SIMETRIA POTENCIAL INVERSA”. O exame da figura 74 demonstra clara-
mente tal caráter comum: tanto o conceito habitual como o objeto cultural apresentam em
comum a qualidade de que sua existência está associada a sua APARIÇÃO: o conceito habitual,
ou qualquer conceito fatia, somente existe para o sujeito anímico quando é NOTADO, quando
seu significado se faz VISÍVEL, quando sua representação emerge na esfera de luz, etc.; o ob-
jeto cultural, por sua parte, somente existe como tal quando é RE-CONHECIDO, ou seja,
quando seu valor cultural é EVIDENTE para os membros da comunidade cultural: o existir
de um objeto cultural consiste em seu APARECER cheio de sentido o em seu estar EVI-
DENTE. Comprovamos assim que, apesar de corresponder um a um ENLACE e o outro a
um NÓ, ambos os seres apresentam o caráter comum de sua existência PATENTE. O rigor
metodológico exige que as qualidades reais se contemplem nos modelos estruturais para que
estes correspondam o mais exatamente possível com a realidade que representam; o caráter
mencionado deve, pois, estar presente no modelo de estrutura cultural e no modelo de supe-
restruturas, pelo que vamos supor implicitamente a VISIBILIDADE MANIFESTA do con-
ceito habitual e do objeto cultural representados nos modelos respectivos: tanto o conceito de
fatia (do enlace cilíndrico) da estrutura cultural como o nó da superestrutura DEVEM CON-
SIDERAR-SE PATENTES; o primeiro patente para a apreensão inteligível do sujeito anímico
e o segundo patente para a percepção sensível do pasu. Entre ambos os modelos se verificará,
assim, uma relação de SIMETRIA POTENCIAL INVERSA.
Um modelo de estrutura como o da figura 12 se compõe de NÓS E ENLACES. Sabe-
mos pelo postulado potencial, que os NÓS da superestrutura consistem nos objetos CULTU-
RAIS e que os mesmos podem ser representados em um modelo por ESFERAS EQUIVA-
LENTES. É evidente, pois, que ainda devemos esclarecer como se representam os ENLACES
do modelo de superestruturas. A resposta surgirá da compreensão dos ENLACES REAIS das
superestruturas. Vale dizer, da indagação seguinte: o que liga entre si a os NÓS ou OBJETOS
CULTURAIS da superestrutura real? Resposta: uma VINCULAÇÃO PARTICULAR RELA-
TIVA, que a Sabedoria Hiperbórea denomina: “CONEXÃO DE SENTIDO”.
O conjunto de objetos culturais que povoa um dado espaço cultural constitui um CON-
TEXTO AXIOLÓGICO no que o objeto particular adquire seu SENTIDO. Isto implica que
cada objeto cultural se encontra ligado com cada um dos restantes objetos do contexto axioló-
gico por uma CONEXÃO DE SENTIDO culturalmente permanente: enquanto um objeto
cultural exista como tal, ou seja, enquanto possua sentido para uma cultura pasu, se manterão
as CONEXÕES DE SENTIDO que causam sua evidência no contexto axiológico. E como
uma “cultura pasu” não é mais que a forma determinada por uma superestrutura real, se com-
preende que sues “ENLACES” somente podem consistir em tais “conexões de sentido” que
ligam entre si aos objetos culturais do contexto axiológico. Agora, se as “conexões de sentido”

321
são os enlaces reais entre objetos culturais, somente nos falta estabelecer a forma de sua repre-
sentação no modelo de superestruturas.
As CONEXÕES DE SENTIDO, por seu caráter de ENLACE PERMANENTE E
REAL entre objetos culturais, devem qualificar-se como REGISTROS MACRO-CÓSMICOS.
Segundo se definiu, “REGISTRO MACROCÓSMICO É TODO CONTINENTE ESTRU-
TURAL CAPAZ DE RECEBER E CONSERVAR A FORMA DE UM DADO SUCESSO
E DE PERMITIR AO DEMIURGO SUA POSTERIOR REPRODUÇÃO”: como veremos
mais adiante, as CONEXÕES DE SENTIDO cumprem esta função, pois contém A HISTÓ-
RIA CULTURAL DO OBJETO DE REFERÊNCIA; por isso a Sabedoria Hiperbórea as
denomina: REGISTROS CULTURAIS. A diferença dos Registros ônticos, “que são proprie-
dade exclusiva dos entes individuais”, OS REGISTROS CULTURAIS SÃO SEMPRE PRO-
PRIEDADE DOS OBJETOS CULTURAIS: aqueles entre os quais existe a CONEXÃO DE
SENTIDO. Mas, estando, “dois objetos culturais” fundados em dois entes espacialmente dis-
tanciados, e sendo a CONEXÃO DE SENTIDO um enlace real entre ambos, é claro que o
Registro cultural se tem de estender diretamente de um objeto cultural ao outro cobrindo o
espaço cultural que os separa. ESTA QUALIDADE REAL DO REGISTRO CULTURAL É
O PRINCÍPIO QUE JUSTIFICA SUA REPRESENTAÇÃO ANÁLOGA COMO “EN-
LACE CILÍNDRICO” NO MODELO DE SUPERESTRUTURAS.

A conexão de sentido, que liga a dois objetos culturais da superestrutura real, pode re-

322
presentar-se analogamente como um ENLACE CILÍNDRICO que liga a dois NÓS ESFÉRI-
COS no modelo de superestruturas: estamos já em condições de representar um modelo seme-
lhante! Sem dúvidas, o modelo da figura 12 serviria adequadamente para este fim SE NÃO
FOSSE PORQUE NÃO CONVÉM EM ABSOLUTO REPRESENTAR À SUPERESTRU-
TURA INDEPENDENTEMENTE DA ESTRUTURA CULTURAL: pelo contrário, seria
altamente instrutivo referir o modelo de superestruturas ao modelo de estrutura cultural, pois
desse modo se poria de manifesto a SIMETRIA POTENCIAL INVERSA que existe entre
ambas. Pode-se realizar esta possibilidade representando numa mesma figura as duas estruturas
CONFORME O MODELO DA FIGURA 12, tal como se mostra na figura 75.
Comprovamos ali que, tanto o modelo de superestruturas representado à esquerda,
como o modelo de estrutura cultural da direita, é idêntico ao modelo de estrutura da figura 12.
Entretanto entre as duas se verifica uma relação de “SIMETRIA POTENCIAL INVERSA”:
Na estrutura cultural o lugar dos NÓS está ocupado por Princípios, cuja potência
passiva os torna INVISÍVEIS para o sujeito anímico: segundo vimos na Primeira Parte, os
Princípios são IRREPRESENTÁVEIS. Pelo contrário, o lugar dos ENLACES está ocupado
por Relações cuja potência ativa permite sua REPRESENTAÇÃO CONSCIENTE sempre
que o sujeito o requeira: as Relações são, em todo caso, VISÍVEIS para o sujeito anímico.
Na superestrutura o lugar dos NÓS está ocupado pelos OBJETOS CULTURAIS cujo
sentido os torna VISÍVEIS para os membros da comunidade sociocultural. Pelo contrário, no
lugar dos ENLACES existem os Registros culturais, as conexões de sentido que são INVISÍ-
VEIS porque permanecem sob o “umbral do sentido” (ver figura 39).
É evidente a simetria potencial inversa: na estrutura cultural OS NÓS SÃO INVISÍ-
VEIS e na superestrutura OS NÓS SÃO VISÍVEIS. Na estrutura cultural OS ENLACES SÃO
VISÍVEIS e na superestrutura OS ENLACES SÃO INVISÍVEIS.

E – ESTUDO ANÁLOGO DAS SUPERESTRUTURAS.

O modelo de superestruturas desenvolvido nos artigos anteriores, e exposto grafica-


mente na figura 75, possibilita a “visão análoga” das superestruturas reais que nós havíamos
proposto obter ao começar o inciso. Adiante, ao referirmos às superestruturas reais, o faremos
sempre através deste modelo ou tomando em conta as conclusões que dele se desprendem.
Particularmente valiosa, por exemplo, é a colaboração que o modelo presta a uma explicação
detalhada do conceito de Registro cultural, conceito que somente pode explicar-se ANALO-
GAMENTE posto que o Registro cultural seja INVISÍVEL para o sujeito anímico. O iniciado
hiperbóreo, sem embargo, dispõe de uma FACULDADE DE ANAMNESE que lhe permite
explorar os registros culturais e conhecer a história dos objetos culturais de referência: para

323
evidenciar o poder desta faculdade a viryas NÃO INICIADOS, para quem os Registros cultu-
rais são efetivamente invisíveis, será inevitável recorrer ao modelo de superestruturas a fim de
explicar, previamente, o conceito de Registro cultural. É o que faremos na continuação: no
presente artigo explicaremos o conceito de Registro cultural com a ajuda do modelo da figura
75, no próximo, estudaremos a faculdade de anamnese dos iniciados hiperbóreos.

E1 – Correspondência análoga entre o modelo de superestruturas e a superestrutura


real.

Sendo o modelo de superestruturas uma representação análoga da SUPERESTRU-


TURA REAL, as conclusões que de seu exame extraímos apresentarão correspondências com
características, qualidades ou propriedades da mesma. As principais correspondências são sin-
tetizadas na tabela da figura 75 bis: o primeiro passo será explicar cada uma de tais relações para
esclarecer o contexto em que deve ser compreendido o conceito de Registro cultural.
Os nove enunciados da coluna da direita se referem ao modelo da superestrutura da
figura 75, enquanto que os nove da coluna esquerda refletem propriedades correspondentes de
uma superestrutura real. As três primeiras correspondências podem considerar-se como PRIN-
CÍPIOS AXIOMÁTICOS do modelo de superestruturas: estes princípios já foram suficiente-
mente explicados e justificados nos artigos precedentes pelo que aqui, salvo o III, somente nos
limitaremos a repetir sua definição. O princípio I é a TESE FUNDAMENTAL do modelo de
superestruturas, da qual se derivam todos os raciocínios posteriores: ela afirma, simplesmente,
que “o modelo de superestruturas corresponde analogamente com toda superestrutura real”.

324
O princípio II expressa o “postulado potencial do modelo estrutural” e é evidente seu
caráter axiomático: afirma que, “a um nó do modelo de superestruturas, corresponde um objeto
cultural da superestrutura real”. O princípio III recebe sua fundamentação real nas CONE-
XÕES DE SENTIDO que ligam entre si aos objetos culturais; como tais relações dão lugar
aos Registros culturais, sem discutir a validade do princípio, o mesmo será explicado nova-
mente, com maiores detalhes, mais adiante; sua formulação afirma que, “um enlace do modelo
de superestruturas, corresponde a um Registro cultural da superestrutura real”.
Dando por assentado a validade dos princípios axiomáticos I, II e III sobre os que se
baseia o modelo de superestruturas, a análise das seguintes PROPOSIÇÕES ANÁLOGAS nos
permitirá aprofundar na compreensão das superestruturas reais. Trata-se agora de enunciados
APRISIONADOS logicamente que descrevem as propriedades essenciais do modelo de supe-
restruturas e permitem explicar a CONSTITUIÇÃO de uma superestrutura real.

E2 – Proposições IV e V.

Recordemos sobre o modelo de estrutura da figura 12, idêntico ao da figura 75: “Da
simples observação deduzimos que se compõe de quatro elementos: certas protuberâncias nos
vértices e no centro do cubo, chamadas NÓS; o ENLACE entre nós, o ESPAÇO que ocupa
sua extensão; e o TEMPO que lhe permite durar o mudar”. Destes quatro elementos não va-
mos considerar aqui o TEMPO, que nas superestruturas reais se denomina HISTÓRIA ou
TEMPO HISTÓRICO, pois o mesmo já tem sido definido noutro inciso como “tempo de
uma cultura externa”; em compensação, vamos estudar mais adiante uma espécie temporal pró-
pria dos Registros culturais que a Sabedoria Hiperbórea denomina SÉRIE CRONOCULTU-
RAL. Prescindindo do tempo, se pode afirmar que um modelo de superestruturas se constrói
ESSENCIALMENTE COM “ELEMENTOS TOPOLÓGICOS” ORGANIZADOS
EM UM “ESPAÇO TOPOLÓGICO”. Neste “espaço topológico” reconhecemos ao ES-
PAÇO que requer toda estrutura para existir, mas em lugar dos NÓS e ENLACES, afirmamos
que um modelo de superestruturas se constrói com “elementos topológicos”, O que significa
esta diferença? Resposta: que numa superestrutura real os objetos culturais, análogos aos nós, e
os Registros culturais, análogos aos enlaces, são elementos reais cuja existência começa A POS-
TERIORI da existência ôntica: como vimos em „C‟, os entes externos designados são o su-
porte de propriedades culturais do objeto cultural; é assim porque os entes apresentam seu
desígnio A PRIORI, no primeiro movimento, enquanto que os objetos culturais surgem pela
afirmação A POSTERIORI da matriz essencial do desígnio durante o segundo movimento.
Portanto, no modelo de superestruturas tem de existir, analogamente, algo A PRIORI da exis-
tência dos nós e enlaces, mas que sirva de fundamento às propriedades posteriores dos mesmos:
tal prioridade fundamental é a característica essencial dos ELEMENTOS TOPOLÓGICOS
do modelo de superestruturas.

325
Entende-se, então, a PROPOSIÇÃO V, que postula a analogia entre os ELEMENTOS
TOPOLÓGICOS do modelo de superestruturas e os ENTES DESIGNADOS da superes-
trutura real. Mas, se os elementos topológicos se organizam em um ESPAÇO TOPOLÓ-
GICO, e aqueles são análogos aos entes designados cuja existência ocorre no ESPAÇO FÍ-
SICO, é evidente que estes espaços são também análogos; é o que afirma a proposição IV: “o
espaço topológico do modelo de superestruturas é análogo ao espaço físico da superestrutura
real”.

E3 – Proposições VI e VII.

Consideremos agora o modelo de estrutura da figura 12. Os ELEMENTOS TOPO-


LÓGICOS, ao organizar-se no ESPAÇO TOPOLÓGICO, configuram uma INFRA-ES-
TRUTURA TOPOLÓGICA. A infraestrutura topológica é o esqueleto essencial de toda es-
trutura: sobre este esqueleto se agregam, A POSTERIORI, os VALORES que transformam a
infraestrutura em estrutura e lhe conferem propriedades GEOMÉTRICAS específicas. A qua-
lificação de NÓ ou ENLACE, por exemplo, é a adjudicação de um VALOR GEOMÉTRICO
a certos ELEMENTOS TOPOLÓGICOS preexistentes na estrutura. Com outras palavras, A
INFRA-ESTRUTURA TOPOLÓGICA SUPORTA AS PROPRIEDADES GEOMÉTRI-
CAS DA ESTRUTURA.
Aplicando estas definições ao modelo de superestruturas da figura 75 e traçando corres-
pondências com a superestrutura real, chegamos a compreender a proposição VI. Em efeito,
se a infraestrutura topológica se compõe de elementos topológicos, análogos aos entes desig-
nados, estes têm de integrar, analogamente, uma INFRA-ESTRUTURA ÔNTICA. A saber,
OS ENTES DESIGNADOS AO ORGANIZAR-SE NO ESPAÇO FÍSICO, CONFIGU-
RAM UMA INFRA-ESTRUTURA ÔNTICA. Naturalmente, tal como o declara a proposição
VI, “a infraestrutura topológica do modelo de superestruturas é análoga à infraestrutura ôntica
da superestrutura real”.
Agora bem, o que é, realmente, uma INFRA-ESTRUTURA ÔNTICA? Resposta: O
ESQUELETO ESSENCIAL QUE SUPORTA AS PROPRIEDADES CULTURAIS DA
SUPERESTRUTURA REAL.
Explicaremos esta resposta. Os entes designados, que se encontrem distribuídos no es-
paço físico, conformam uma infraestrutura ôntica. O pasu vai conhecendo seus desígnios me-
diante o primeiro movimento, e vai afirmando suas matrizes essenciais com a projeção dos
signos que efetua o segundo movimento. Os entes se transformam assim nos objetos culturais
e emergem com propriedades específicas além do umbral do sentido: em verdade, os entes
permanecem equilibrados em seu lugar, pois o que emerge é um CONTEÚDO AXIOLÓ-
GICO posto neles pela expressão do pasu. Este conteúdo axiológico é um VALOR CULTU-

326
RAL agregado aos entes preexistentes que, por isso, atuam como suporte de propriedades cul-
turais. Entende-se então que, analogamente ao modelo de superestruturas, a infraestrutura ôn-
tica é um esqueleto essencial da superestrutura real: sobre este esqueleto se agregam A POS-
TERIORI, os VALORES que transformam a infraestrutura em superestruturas e lhe conferem
propriedades CULTURAIS específicas. A qualificação de OBJETO CULTURAL ou REGIS-
TRO CULTURAL, por exemplo, é a adjudicação de um VALOR CULTURAL a certos EN-
TES DESIGNADOS PREEXISTENTES. Com outras palavras, A INFRAESTRUTURA
ÔNTICA SUPORTA AS PROPRIEDADES CULTURAIS DA SUPERESTRUTURA
REAL.
É evidente, agora, o enunciado da proposição VII: “o valor geométrico agregado a um
elemento da infraestrutura topológica é análogo ao valor cultural afirmado sobre um ente da
infraestrutura ôntica”.

E4 – Proposição VIII.

O espaço topológico, em cujo seio se organiza a infraestrutura topológica, É UM ES-


PAÇO ESSENCIALMENTE QUALITATIVO, ou seja, um espaço no que somente pode
qualificar-se aos elementos topológicos pela QUALIDADE de suas propriedades essenciais. O
agregado do valor geométrico aos elementos da infraestrutura topológica transforma ao espaço
topológico em ESPAÇO GEOMÉTRICO: UM ESPAÇO ESSENCIALMENTE QUANTI-
TATIVO ONDE TEM LUGAR O MODELO DE SUPERESTRUTURAS, OU SEJA, UM
ESPAÇO ONDE PODEM QUALIFICAR-SE AOS NÓS E ENLACES POR SUA QUAN-
TIDADE, NÚMERO OU MEDIDA. No espaço geométrico os nós e enlaces adquirem im-
portância particular por sua posição RELATIVA no modelo de superestruturas: podem ser
NUMERADOS, CONTADOS, e suas relações mútuas MEDIDAS com precisão.
Analogamente, o espaço físico “é um espaço essencialmente qualitativo”, ou seja, um
espaço no qual somente pode qualificar-se aos entes designados pela QUALIDADE de suas
propriedades essenciais: tais propriedades puramente qualitativas, desde logo, consistem no
plano dos desígnios ônticos. A afirmação das matrizes essenciais por efeito do segundo movi-
mento transforma aos entes designados nos objetos culturais e à infraestrutura ôntica em supe-
restruturas: O ESPAÇO FÍSICO SE TRANSFORMA, ENTÃO, EM “ESPAÇO CULTU-
RAL”, UM ESPAÇO QUANTITATIVO ONDE O SENTIDO DE CADA OBJETO CUL-
TURAL DEPENDE RIGOROSAMENTE DO “VALOR CULTURAL” PRÓPRIO E DA
MEDIDA DE “CONEXÕES DE SENTIDO” MÚTUAS. As características gerais do “es-
paço cultural” têm sido resumidas no comentário Décimo quarto do artigo A.
Claramente, a proposição VIII sintetiza a correspondência entre o espaço geométrico e
o espaço cultural; este é o enunciado completo: “o espaço geométrico determinado pelo mo-
delo de superestruturas é análogo ao espaço cultural CONSTITUÍDO pela superestrutura

327
real”.
Temos passado em revista, até aqui, as proposições I a VIII. A proposição IX, entre-
tanto, não poderá ser abordada, pois sua explicação requer a definição de alguns conceitos pré-
vios. Nos seguintes sub-artigos se estudará a relação entre a infraestrutura e a estrutura, e a
relatividade do valor geométrico: estes conceitos nos permitirão definir o “CONTEXTO GE-
OMÉTRICO” de uma propriedade e este, por último, fará compreensível a proposição IX.

E5 – Caráter absoluto da infraestrutura e caráter relativo da estrutura.

Analisaremos agora as RELAÇÕES ESTRUTURAIS do modelo de superestruturas da


figura 75. Reparemos em que o propósito de analisar ESTRUTURALMENTE ao modelo im-
plica o exame dos VALORES GEOMÉTRICOS que se tem afirmado sobre a INFRA-ES-
TRUTURA TOPOLÓGICA, por exemplo, dos NÓS E ENLACES. O objetivo da análise
procurará demonstrar que tais VALORES GEOMÉTRICOS são RELATIVOS, ou seja, que
DEPENDEM DO “CONTEXTO GEOMÉTRICO”. Uma vez demonstrado isto sacaremos
as conclusões análogas que correspondam com a superestrutura real.
Começaremos por repetir a pergunta: “em que consiste o MODO ESTRUTURAL? ”
E aplicar sua resposta ao modelo de superestruturas; Resposta: Existe um PADRÃO FOR-
MAL último que não pode ser decomposto por redução; a MODALIDADE de uma estrutura
é o MODO como tal padrão irredutível é reproduzido na arquitetura do sistema. Antes de tudo
recordemos que no modelo de estrutura da figura 12, homólogo ao de superestruturas da figura
75, o “padrão formal” é o CUBO CENTRADO. Para facilitar a explicação, temos de supor
que o modelo de superestruturas se baseia numa modalidade “cúbica”, ou seja, em um modo
estrutural determinante de que o cubo centrado se repita em toda a trama da superestrutura
como padrão formal: desde logo, se trata somente de um exemplo didático, um exemplo que
nos permitirá qualificar ao modelo de superestruturas, também, como “estrutura cúbica”.
Agora: É INDUBITÁVEL QUE O “PADRÃO FORMAL” É UMA QUALIDADE
ESSENCIAL DA INFRA-ESTRUTURA TOPOLÓGICA. Ou, em outros termos: O “PA-
DRÃO FORMAL” É UMA CAPACIDADE PRÓPRIA DA INFRA-ESTRUTURA E,
PORTANTO, A PRIORI DA ESTRUTURA CONSTITUÍDA SOBRE ELA. Como se com-
prova esse caráter? Resposta: notando que O “PADRÃO FORMAL” É INDEPENDIENTE
DE TODA “REFERÊNCIA” ESPACIAL OU TEMPORAL PARA EXISTIR. O CUBO
ESTRUTURAL da figura 75, por exemplo, está sustentado por um CUBO INFRAESTRU-
TURAL TOPOLÓGICO: este último, considerado abstratamente como o “padrão formal”
do modelo de superestruturas, SERÁ SEMPRE “UM CUBO” INDEPENDENTEMENTE
DO PONTO DE OBSERVAÇÃO OU DO MOMENTO EM QUE SE O COMPRE-
ENDA, ou seja, independentemente da PERSPECTIVA.

328
Vamos a examinar a resposta com maior detalhe. Segundo vimos O CUBO INFRAES-
TRUTURAL TOPOLÓGICO É O SUPORTE ESSENCIAL DO CUBO ESTRUTURAL:
isto significa que o “cubo” é o fundamento topológico sobre o que se afirma o VALOR GE-
OMÉTRICO MAIS GERAL, ou seja, o ato de ser CUBO ESTRUTURAL. Em resumo, o
cubo INFRAESTRUTURAL não possui VALOR GEOMÉTRICO, ainda que seja possível
que o VALOR exista para todo cubo estrutural enquanto tal; o VALOR, e a existência estrutu-
ral, sobrevêm a posteriori do padrão formal: o cubo INFRAESTRUTURAL é uma qualidade
topológica que carece de valor geométrico próprio, mas que serve de fundamento à existência
do valor geométrico estrutural; um CUBO ESTRUTURAL somente pode ser AFIRMADO
sobre um CUBO INFRAESTRUTURAL TOPOLÓGICO, ou seja, aquele que não poderia
existir sem a presença deste.
Mas o cubo INFRAESTRUTURAL, enquanto “padrão formal”, é irredutível e não
pode ser decomposto analiticamente, vale dizer, é um ser simples: determina sem ser determi-
nado e, ainda que seja causa de RELAÇÕES GEOMÉTRICAS, não depende de nenhuma
RELAÇÃO fora de si para existir. Chegamos assim ao princípio assinalado na resposta anterior;
particularmente interessa destacar que não se requer referir o cubo INFRAESTRUTURAL ao
espaço topológico para provar sua existência: sua evidência é inseparável da intuição sensível
ou inteligível que o revele à razão e independentemente de toda referência concreta.
Contrariamente ao caráter absoluto do cubo INFRAESTRUTURAL, o CUBO ES-
TRUTURAL se caracteriza por sua RELATIVIDADE. Isto se porá em destaque se recorda-
mos que o CUBO ESTRUTURAL surge da adjudicação de um conjunto de VALORES GE-
OMÉTRICOS ao CUBO INFRAESTRUTURAL: por isso pode ser DESCRITO como se
fora um ser complexo e decomposto em um conjunto de propriedades correspondentes. Mas
tais propriedades são essencialmente RELATIVAS: DEPENDEM, POR UM LADO, DA
“REFERÊNCIA” DO CUBO ESTRUTURAL AO ESPAÇO GEOMÉTRICO E,
POR OUTRA PARTE, DE SUAS “RELAÇÕES” MÚTUAS. No PRIMEIRO CASO, a re-
latividade se comprova notando que o VALOR GEOMÉTRICO de qualquer propriedade do
cubo estrutural depende da RELAÇÃO que tal propriedade mantenha com relação ao espaço
geométrico de REFERÊNCIA. No SEGUNDO CASO, a relatividade se comprova obser-
vando que o VALOR GEOMÉTRICO de uma propriedade depende das RELAÇÕES com
outras propriedades geométricas, ou seja, depende do CONTEXTO GEOMÉTRICO. No
primeiro caso a relatividade do valor geométrico é GERAL e no segundo caso é ESPECIAL.
Vamos demonstrar ambos os casos de relatividade nos seguintes subartículos a fim de
encarar, logo, a explicação da proposição IX.

329
E6 – Primeiro caso: relatividade geral do valor geométrico no cubo estrutural.

Em toda estrutura, qualquer seja sua modalidade, e particularmente na “estrutura cú-


bica” aqui considerada, o valor geométrico é relativo, ainda que tal relatividade possa estar IM-
PLÍCITA ou EXPLÍCITA na definição de suas propriedades.
O que significa a RELATIVIDADE GERAL do valor geométrico? Resposta: que no
cubo estrutural, o valor de suas propriedades depende da relação que estas mantenham com
respeito ao espaço de referência. Para comprová-lo notemos que, SEM REFERIR O CUBO
ESTRUTURAL AO ESPAÇO, NÃO É POSSÍVEL ASSINALAR SUAS PROPRIEDADES
REAIS: SOMENTE PODEREMOS DESCREVER SUAS PROPRIEDADES IDEAIS,
POIS, SEM REFERÊNCIA ESPACIAL, O CUBO NÃO SE ENCONTRA SITUADO EM
UM ESPAÇO GEOMÉTRICO SENÃO EM UM ESPAÇO IDEAL; diremos, por exemplo,
“O CUBO ESTRUTURAL TEM SEIS FACES, LIMITADAS POR DOZE ARESTAS,
QUE FORMAM OITO VÉRTICES EXTERIORES, ETC.” Uma descrição semelhante é,
naturalmente, IDEAL e, portanto, GENÉRICA: TODO CUBO ESTRUTURAL responde a
essa descrição geral. Entretanto, quando nos REFERIMOS a “ESSE” CUBO ESTRUTURAL
em particular, por exemplo, o da figura 75, as coisas mudam: SE É CERTO QUE A “ESSE”
CUBO ESTRUTURAL LHE CABE A DESCRIÇÃO ANTERIOR NÃO É MENOS
CERTO QUE AS PROPRIEDADES DESCRITAS DEPENDEM, “NESSE” CUBO, DA
REFERÊNCIA IMPLÍCITA AO ESPAÇO GEOMÉTRICO.
Por exemplo, é certo que o cubo da figura 75 tem seis faces: mas não é menos certo que
as mesmas NÃO SÃO TODAS IGUAIS. Em efeito, “nesse” cubo devemos admitir que uma
face seja “frontal”, outra “superior”, outra “inferior”, outra “posterior”, e outras duas “laterais”;
se dizemos “a face do cubo”, estamos mencionando uma propriedade do cubo ideal: “a face”,
uma face igual às outras seis, SEM VALOR ESPECÍFICO; mas se dizemos “ESSA” FACE
DO CUBO, estamos sinalando IMPLICITAMENTE uma propriedade do cubo real: “uma”
face, uma face distinta das outras seis, COM O VALOR ESPECÍFICO que procede de ser
“frontal”, “lateral”, etc.
Não podemos, pois, ASSINALAR nenhuma propriedade “DESSE” cubo estrutural da
figura 75 sem que, implícita ou explicitamente, a mesma esteja determinada por sua referência
ao espaço geométrico: justamente, os três eixos octogonais dispostos à esquerda do cubo es-
trutural, X(TT), E(É) e Z(LD), cumprem a função de representar o espaço geométrico até o que
deve ser REFERIDA toda observação. Quando um cubo estrutural se encontra REFERIDO,
como na figura 75, a um espaço geométrico, CADA UMA DE SUAS PROPRIEDADES GE-
OMÉTRICAS APRESENTA UM VALOR RELATIVO A TAL ESPAÇO. Se a REFERÊN-
CIA se toma com respeito ao ponto (“0”) de intersecção dos eixos, então o vértice 3 tem mais
valor que o vértice 2, por exemplo; igualmente, tem MAIS VALOR a aresta que a aresta
, etc. Em rigor, se pretendemos assinalar com exatidão uma propriedade específica “desse”

330
cubo particular, devemos estabelecer com precisão sua relação com respeito a um espaço de
referência: isso nos permitirá assegurar que a propriedade assinalada É A MESMA logo de
qualquer tipo de deslocamento; se a referência é correta, uma mudança de posição, uma rotação
do cubo estrutural, por exemplo, não nos impedirá distinguir sem erro, a todo o momento, a
tal ou qual propriedade específica. Entretanto, se temos permanecido fixos em nosso lugar de
observação, comprovaremos que, apesar de saber a todo o momento onde está o vértice 3, o
mesmo pode já NÃO VALER MAIS que o vértice 2. Ou seja, O VALOR GEOMÉTRICO
É RELATIVO COM RESPEITO AO ESPAÇO DE REFERÊNCIA.
Cabe advertir aqui que somente o segundo caso, de RELATIVIDADE ESPECIAL do
valor geométrico, será tomado em consideração para explicar a proposição IX: o motivo é que
a correspondência análoga entre o modelo de superestruturas e a superestrutura real exigiria a
definição de uma REFERÊNCIA concreta desta ao espaço cultural, exigência que nos distan-
ciaria do objetivo deste inciso, ou seja, do Registro cultural. O Registro cultural, por ser análogo
a um enlace do modelo de superestruturas, fica compreendido claramente no segundo caso,
que se refere às determinações do contexto geométrico. Por isso, logo do seguinte artigo, se
mencionará “A RELATIVIDADE” do valor geométrico sem esclarecer se é geral ou especial,
mas em todo caso deverá entender-se que se trata “DA RELATIVIDADE ESPECIAL”, ou
seja, aquela relatividade do valor com respeito ao contexto geométrico.

E7 – Segundo caso: relatividade especial do valor geométrico no cubo estrutural.

Aparte da relatividade geral que o valor geométrico das propriedades do cubo estrutural
apresenta com respeito ao espaço de referência, cada propriedade vê determinado seu valor por
sua relação com todas e cada uma das restantes propriedades. O que significa, pois, a RELA-
TIVIDADE ESPECIAL do valor geométrico? Resposta: que no cubo estrutural, o valor de
cada uma de suas propriedades está determinado pelo CONTEXTO GEOMÉTRICO. Para
demonstrá-lo somente basta com assinalar qualquer propriedade específica e analisar do que
depende sua definição: de imediato se comprovará que, quanto mais detalhada for a descrição
da propriedade, tanto mais esta depende das RELAÇÕES com as restantes propriedades. As-
sinalemos, por exemplo, o vértice 2: não se trata agora de qualquer vértice senão “desse” vértice
particular, o posterior-superior-lateral esquerdo. Agora se, em princípio, o distinguimos dos
outros sete vértices exteriores porque o 2 é aquele que está formado pela intersecção de três
arestas das faces posterior, superior e lateral esquerda: ainda quando somente digamos “esse
vértice”, e assinalemos o 2 sem mencionar nenhuma referência, em verdade o estamos identi-
ficando implicitamente por sua relação com as três faces nomeadas; o vértice e as três faces que
o formam, estão relacionados mutuamente de tal modo que sempre é possível identificar a
qualquer deles por sua relação com as outras três propriedades. Aqui se vê já, em sua definição
mais elementar, a RELATIVIDADE ESPECIAL que o valor geométrico do vértice 2 apre-
senta com respeito às faces que o integra; é o ÚNICO vértice formado por essas três faces, mas

331
esta condição, que causa sua existência revela sua dependência existencial: o vértice 2 somente
pode ser tal POR SUA RELAÇÃO simultânea com as três faces; ou, com mais rigor: UM
PONTO SOMENTE PODE SER VÉRTICE 2 SE SUA RELAÇÃO COM AS FACES POS-
TERIOR, SUPERIOR E LATERAL ESQUERDA, DO CUBO ESTRUTURAL É TAL
QUE NÃO SE INTERSECTAM SUAS ARESTAS OS LADOS. O valor geométrico do vér-
tice 2 é, pois, ESSENCIALMENTE RELATIVO: DEPENDE DA RELAÇÃO DE COIN-
CIDÊNCIA EM UM PONTO DAS TRÊS ARESTAS QUE O FORMAM.
Vamos agora um pouco mais longe: tratemos de definir com maior precisão ao vértice
2. Isso será possível se conhecemos mais detalhes sobre o mesmo, detalhes que podem obter-
se por meio de uma DESCRIÇÃO minuciosa. Iniciemos, por exemplo, destacando que “o
vértice 2 está sobre uma linha diagonal que passa pelo centro 9 e pelo vértice oposto 8”; mas,
o que temos feito aqui senão RELACIONAR o vértice 2 com o centro 9 e o vértice 8? Conti-
nuamos, por exemplo, notando que “um dos lados do vértice 2 é comum ao vértice 1, outro é
comum ao vértice 3, e outro ao vértice 6”; mas, o que temos feito aqui senão RELACIONAR
o vértice 2 com os vértices 1, 3 e 6? Observemos, também, que “os três planos (1, 2, 3), (1, 2,
6) e (6, 2, 3), formam um ângulo poliedro retângulo cujo vértice é 2”; mas, o que temos feito
aqui senão RELACIONAR ao vértice 2 com uma medida angular? etc.; etc.
Para completar a definição do vértice 2 se poderia agregar muitos detalhes obtidos de
maneira semelhante. Sem embargo, o importante não é melhorar a definição senão compreen-
der que quanto mais detalhes agreguemos, tanto mais RELAÇÕES estarão enviesadas no con-
ceito. A “RELATIVIDADE ESPECIAL” DO VALOR GEOMÉTRICO DE VÉRTICE 2
CONSISTE EM DEPENDER DE TODAS E CADA UMA DE SUAS RELAÇÕES COM
OUTRAS PROPRIEDADES.
O conjunto de relações que o vinculam com outras propriedades constitui o CON-
TEXTO GEOMÉTRICO de qualquer propriedade, por exemplo, do vértice 2: NO CUBO
ESTRUTURAL, SE DENOMINA “CONTEXTO GEOMÉTRICO” AO CONJUNTO
DE PROPRIEDADES EFETIVAMENTE RELACIONADAS COM UMA PROPRIE-
DADE DETERMINADA. Compreender-se-á assim a resposta à pergunta: O que significa a
RELATIVIDADE ESPECIAL do valor geométrico? Que afirmava: “no cubo estrutural o va-
lor de cada uma de suas propriedades está determinado pelo CONTEXTO GEOMÉTRICO”.
Se bem esta resposta se demonstrou para o caso particular do vértice 2, a mesma análise e suas
conclusões podem aplicar-se indutivamente ao caso de qualquer outra propriedade do cubo
estrutural.
A conclusão que devemos extrair da análise é que, aparte de ser “relativo”, O VALOR
GEOMÉTRICO DEVE AUMENTAR DE ALGUM MODO SE, CORRELATIVA-
MENTE, SE INCREMENTA A COMPLEXIDADE DO CONTEXTO GEOMÉTRICO.

332
O de “complexidade do contexto geométrico” é um conceito QUALITATIVO e
QUANTITATIVO por sua vez: qualitativo porque a complexidade de um contexto está deter-
minada pelo MODO como as propriedades que o compõem se relacionam entre si; e quanti-
tativo porque a complexidade de um contexto depende numericamente do conjunto de propri-
edades que o integra. Uma mudança na MODALIDADE do entrançado estrutural pode causar
um contexto cuja CONFIGURAÇÃO seja mais complexa; um aumento do número de pro-
priedades relativas a uma propriedade determinada acrescenta indubitavelmente a complexi-
dade do contexto.
De qualquer modo, QUANTO MAIOR COMPLEXIDADE DO CONTEXTO GE-
OMÉTRICO, MAIS VALOR GEOMÉTRICO DA PROPRIEDADE DETERMINADA.
A questão se reduz agora a interpretar o que SIGNIFICA a relatividade do valor e, especial-
mente, como cresce este ao aumentar a complexidade do contexto geométrico.

E8 – Significado da relatividade especial de valor geométrico.

Recordemos, antes de tudo, a advertência feita ao final de E6: a partir daqui se suprimirá
o adjetivo “especial” para qualificar “a relatividade” do valor geométrico. Como no sucessivo
não nos referiremos jamais à “relatividade geral” sem esclarecimento prévio, não haverá possi-
bilidade de confusão e, por “relatividade”, deverá entender-se sempre que se trata da “relativi-
dade especial”.
Feita esta convenção, indaguemos o que significa a relatividade do valor geométrico. Do
sub-artigo anterior sabemos que, por exemplo, O VÉRTICE 2 SIGNIFICA UM “VALOR
GEOMÉTRICO” e que o mesmo é RELATIVO. Entretanto, indagar pelo “SIGNIFICADO”
da relatividade impõe a explicação prévia da “RELATIVIDADE” do significado: como vere-
mos, o significado e a relatividade são dois conceitos que estão unidos causalmente como a
galinha e o ovo, sem que se possa determinar jamais com clareza quem começou o círculo
vicioso. Por suposto, para estudar este aspecto do problema do significado devemos situar na
ESTRUTURA CULTURAL, parte direita da figura 75.
Bem, na ESTRUTURA CULTURAL, um SIGNIFICADO é análogo a um RELEVO
sobe o horizonte da significação continua. O RELEVO do significado, o que o sujeito NOTA
destacado com clareza, depende do contexto significativo de uma linguagem estrutural. Mas o
RELEVO do significado não é sempre o mesmo, e, desde logo, varia de um pasu a outro. Vale
dizer, o relevo é RELATIVO, apresenta distintos graus de REALCE: do que dependem os
graus de REALCE do RELEVO do significado? Resposta: da complexidade do contexto sig-
nificativo da linguagem: quanto mais complexa seja a modalidade da trama estrutural em cujo
contexto se note o significado, tanto mais se destacará seu relevo, tanto maior será seu RE-
ALCE. O relevo significado é a imitação de um conceito fatia: seu maior realce corresponde
diretamente a uma maior COMPREENSÃO do conceito, ou seja, à inclusão de um número

333
maior de elementos sêmicos próprios da verdade do ente esquematizada na Relação. Isto quer
dizer que, notar um conceito em um contexto de grande complexidade, implica um grande
relevo significado e uma proporcional compreensão da verdade do ente: quanto maior comple-
xidade do contexto estrutural, maior realce do relevo significado e maior compreensão da ver-
dade.
Para esclarecer ao que nos referimos como “maior complexidade do contexto estrutu-
ral” há que remeter-se ao sistema simples da figura 13: um enlace e dois nós, ou seja, uma
Relação entre dois Princípios. Pois bem, com respeito a tal sistema simples, O “CONTEXTO
ESTRUTURAL” O CONSTITUI TODAS AS RELAÇÕES QUE SE CONECTAM COM
SEUS PRINCÍPIOS. Sendo assim, então UM AUMENTO DE COMPLEXIDADE DO
CONTEXTO ESTRUTURAL CONSISTE EM UM INCREMENTO DAS RELAÇÕES
CONECTADAS COM SEUS PRINCÍPIOS. Mas daqui não há que deduzir que “a comple-
xidade” é uma propriedade meramente quantitativa, vale dizer, que depende exclusivamente do
número de Relações conectadas com os Princípios comuns, pois, além do mais, a complexidade
depende da CONFIGURAÇÃO CONTEXTUAL, ou seja, da MODALIDADE da trama.
Naturalmente o “contexto significativo” é aquela parte do contexto estrutural cujas Relações
respondem à modalidade de uma linguagem horizontal.
De qualquer modo, comprovamos que os graus de realce do relevo significado depen-
dem, em última instância, da complexidade do contexto estrutural, ou seja, DO CONJUNTO
DE RELAÇÕES CONECTADAS AOS PRINCÍPIOS COMUNS. Com outros termos: O
RELEVO SIGNIFICADO É “RELATIVO” PORQUE ESTÁ DETERMINADO PELO
CONJUNTO DE RELAÇÕES QUE CONSTITUEM O CONTEXTO ESTRUTURAL.
É evidente que, sendo o significado “relativo”, mal pode perguntar-se pelo “significado”
da relatividade. Contudo, o significado É “RELATIVO” NA ESTRUTURA CULTURAL, e
a “RELATIVIDADE” pela qual indagamos é a do VALOR GEOMÉTRICO DAS PROPRI-
EDADES DO CUBO ESTRUTURAL, ou seja, esta “relatividade” pertence ao modelo de
superestruturas. A solução, que elimina o paradoxo, consiste em estabelecer uma correspon-
dência análoga entre o SIGNIFICADO, próprio da estrutura cultural, e o VALOR GEOMÉ-
TRICO, próprio do modelo de superestruturas, com o qual a RELATIVIDADE DO SIGNI-
FICADO fica circunscrita ao contexto significativo e a RELATIVIDADE DO VALOR GE-
OMÉTRICO fica limitada ao contexto geométrico. Naturalmente O “CONTEXTO SIGNI-
FICATIVO” RESULTA ASSIM SER ANÁLOGO AO “CONTEXTO GEOMÉTRICO”.
Mas isto não é novo: bem que se veja, não deixará de notar-se que tal correlação já foi descrita
como CORRESPONDÊNCIA AXIOLÓGICA quando se estudou o segundo movimento do
objetivo macrocósmico da finalidade do pasu; na figura 73, por exemplo, se vê que o pasu põe
o SENTIDO no ente mediante a expressão: o SENTIDO procede de afirmar a matriz essencial
do desígnio, ou seja, do ato que confere VALOR CULTURAL ao ente e lhe faz emergir como

334
objeto cultural; o SENTIDO é, pois, um VALOR: e tal VALOR, próprio do modelo de supe-
restruturas, corresponde ao SIGNIFICADO, próprio da estrutura cultural.
Resumindo, o VALOR GEOMÉTRICO de qualquer propriedade do cubo estrutural é
análogo ao SIGNIFICADO de qualquer conceito da estrutura cultural: ambos são igualmente
relativos por causa de seus respectivos contextos.
Esta correspondência análoga entre o VALOR GEOMÉTRICO e o SIGNIFICADO
nos revela um aspecto fundamental para a compreensão dos objetos culturais e as superestru-
turas reais: OS GRAUS DE REALCE DO VALOR. Tal aspecto evidenciará se aprofundar-
mos na analogia; vale dizer: segundo se expôs em E7, o VALOR GEOMÉTRICO aumenta ao
crescer a complexidade do contexto geométrico, analogamente a como o RELEVO do signifi-
cado aumenta ao crescer a complexidade do contexto significativo; mas, o aumento do relevo
significado se destaca por seus distintos GRAUS DE REALCE: isso implica que, analoga-
mente, o aumento do VALOR GEOMÉTRICO se evidência por GRAUS DE REALCE?
Resposta: em efeito, o VALOR GEOMÉTRICO possui um RELEVO característico para um
dado contexto geométrico: se a complexidade do contexto é maior, o relevo do VALOR ad-
quire um REALCE proporcional. Com outras palavras: O VALOR, QUE É RELATIVO E
DEPENDE DO CONTEXTO, EXIBE EM UM “ASPECTO” ESSA RATIO CONTEX-
TUALIS, ESSA RAZÃO QUE DETERMINA O CONTEXTO DE PROPRIEDADES
RELACIONADAS: TAL ASPECTO É O “REALCE” DO RELEVO AXIOLÓGICO. O
valor geométrico do vértice 2, por exemplo, acrescenta seu REALCE à medida que descreve-
mos novas propriedades geométricas relacionadas com ele: e o descobrimento de novas pro-
priedades equivale, como não poderia ser de outro modo, a um incremento da complexidade
do contexto geométrico; o vértice 2 emerge então, seu sentido geométrico se torna mais evi-
dente, adquire maior realce, segundo se vai clarificando suas relações com outras propriedades.
O valor geométrico de uma propriedade pode ser “geral” ou “particular”, segundo esteja
referido a todo o contexto geométrico ou a outra propriedade. Mais claramente: SE UMA
PROPRIEDADE É EXAMINADA EM CONTRASTE COM O CONTEXTO SEU VA-
LOR APRESENTA UM GRAU DE REALCE “GERAL”. SE UMA PROPRIEDADE É
EXAMINADA COM RESPEITO À OUTRA PROPRIEDADE SEU VALOR APRE-
SENTA UM GRAU DE REALCE “PARTICULAR”. Por exemplo, o valor geométrico do
vértice 2 é “geral” quando enunciamos “o vértice 2 do cubo estrutural da figura 75”; em com-
pensação, o valor é “particular” quando afirmamos “o vértice 2 tem um lado comum com o
vértice 6”. É evidente, pois, que o “valor particular” apresenta um grau de realce maior que o
“valor geral”: se enunciamos “o vértice 2 do cubo estrutural” seu valor é “geral” porque o
determina todo o contexto do cubo; mas enquanto afirmamos a relação com o vértice 6, vemos
ao vértice 2 “emergir” do contexto “geral” com um grau de realce particular que o destaca e o

335
põe em primeiro plano. O PASSO DO VALOR GERAL AO VALOR PARTICULAR SU-
PÕE EM TODOS OS CASOS SEU REALCE. Todos estes conceitos, como veremos em
seguida, podem aplicar-se para interpretar as superestruturas reais.

E9 – Proposição IX.

A proposição IX enuncia a seguinte correspondência: “o contexto geométrico do mo-


delo de superestruturas é análogo ao contexto axiológico da superestrutura real”. No artigo C
se demonstrou que “o contexto axiológico externo é análogo ao contexto significativo interno”,
e no precedente sub-artigo E8 vimos que “o contexto significativo resulta assim ser análogo ao
contexto geométrico”: o contexto geométrico e o contexto axiológico são, pois, análogos e não
vamos insistir nisso. O objetivo do presente sub-artigo será aproveitar tal analogia para inter-
pretar, de maneira integral, à superestrutura real mediante o instrumento do modelo de supe-
restruturas.
Para este fim, empregaremos o CUBO ESTRUTURAL da figura 75, o qual representará
um FATO CULTURAL da superestrutura real.
Sempre com referência a dita figura, analisemos como se constitui o fato cultural. Em
princípio, existe nos lugares numerados um a nove, outros tantos entes designados: de acordo
ao postulado essencial, há que supor que tais entes consistem em esferas estratiformes seme-
lhantes à que mostra a figura 46. Com o primeiro movimento o pasu percebe os desígnios e os
esquematiza na estrutura cultural como conceitos habituais: é a correspondência gnosiológica.
Com o segundo movimento expressa o significado dos conceitos habituais sobre os entes de
referência: é a correspondência axiológica. Como efeito da expressão afirma-se as matrizes es-
senciais dos entes um a nove, de maneira semelhante ao processo representado na figura 74: de
acordo ao postulado potencial, cada ente adquire valor cultural e constitui um nó da superes-
trutura. Em cada lugar um a nove, há então um objeto cultural e fica constituído um fato cultural
superestruturado.
Em princípio, os nove entes designados se encontram distribuídos no espaço físico, na
região B do macrocosmo. Ao receber o sentido, ao serem afirmadas suas matrizes essenciais,
um aspecto dos entes emerge além do umbral de sentido, na região D do macrocosmo: esse
aspecto emergente tem a capacidade da matriz essencial e é a aparência cultural objetiva dos
nove entes. Tal aparência cultural consiste em um conjunto de propriedades evidentes que,
além do mais, é o único visível para o pasu: cada ente permanece em seu lugar original como
suporte das propriedades culturais emergente, como sustentação da aparência cultural visível,
mas invisíveis em si mesmos. Os nove entes conformam a infraestrutura ôntica do fato cultural:
o pasu não pode vê-los, pois se encontra na região B, mas reconhece, em compensação, à apa-
rência cultural emergente, as nove matrizes essenciais afirmadas por sua expressão doadora de
sentido.

336
Sobre a infraestrutura ôntica se constitui a superestrutura do fato cultural: cada objeto
cultural, visível para o pasu nos lugares um a nove, manifesta um valor cultural que determina
seu sentido e o sentido do fato cultural. O valor cultural de cada objeto é relativo: cada objeto
apresenta um “valor geral”, referido ao contexto dos restantes objetos, e um “valor particular”,
por sua relação com cada um dos objetos do contexto. O contexto constituído pelos objetos
culturais é, assim, puramente axiológico. As relações entre objetos culturais se denominam “co-
nexões de sentido” e são Registros culturais do macrocosmo: no modelo de superestruturas,
no cubo estrutural da figura 75, as conexões de sentido estão representadas como os enlaces
que ligam aos objetos culturais um a nove.
A relatividade do valor cultural pode compreender-se analogamente recordando que o
valor de um objeto cultural é análogo ao valor geométrico de uma propriedade do cubo estru-
tural; que o objeto cultural mesmo é análogo a uma propriedade do cubo estrutural, neste caso,
a um vértice; que as conexões de sentido são análogas às relações entre propriedades; etc. To-
mando em consideração tais analogias, e a análise dos sub-artigos anteriores, é claro que o valor
cultural é relativo e que depende do contexto axiológico. O valor cultural de um objeto pode
apresentar, então, distintos graus de realce: quanto maior complexidade do contexto axiológico,
mais realce do objeto cultural. A complexidade do contexto axiológico, desde logo, depende
qualitativamente e quantitativamente do conjunto de conexões de sentido que ligam a um ob-
jeto cultural com os restantes.
Para visualizar todo isto vamos nos referir a um exemplo concreto: suponhamos que
nos dirigimos à Biblioteca pública para buscar um exemplar de “Minha Luta”. O fato cultural
neste caso está constituído pelo espaço cultural da Biblioteca e a superestrutura de objetos cul-
turais e homens que o ocupa. Entramos no salão e nos situamos frente às estantes de livros: ali
cada coisa que distinguimos é um objeto cultural ao que temos posto sentido. Mas o sentido
que possui cada objeto tem um valor relativo, determinado formalmente pelos restantes objetos
do contexto: cada objeto se define por suas propriedades, mas cada propriedade adquire sentido
por suas relações com todas as outras. Sabemos o que é uma Biblioteca: um lugar onde se
guardam livros em estantes; vamos ali e a reconhecemos: vemos os livros acomodados nas
estantes, as estantes sujeitas à parede, a parede cimentada no piso para suportar o teto, etc.; em
verdade todo este contexto outorga sentido e permite que reconheçamos à Biblioteca: nem os
livros, nem as estantes, nem a parede, nem o teto, nem nenhum objeto cultural TOMADO
FORA DE CONTEXTO significa a Biblioteca. Pelo contrário, a Biblioteca é o conjunto de
objetos culturais ligados por conexões de sentido que constituem um contexto reconhecível
como tal: entre os livros, as estantes, a parede, o teto, e todos os demais objetos culturais, exis-
tem conexões de sentido reais, ainda que invisíveis, que formam a superestrutura do fato cultu-
ral.

337
Os objetos culturais se encontram distribuídos sobre a infraestrutura ôntica da Biblio-
teca, apresentando, cada um, um VALOR CULTURAL GERAL, determinado pelo contexto
axiológico completo. Por isso, quando olhamos até as estantes buscando o livro do Führer,
TODOS OS LIVROS PARECEM IGUAIS: são livros, isso sabemos; mas nenhum aparenta
VALER mais que outro porque a integridade do contexto axiológico lhes confere um VALOR
GERAL. De pronto, um dos livros adquire realce e seu relevo se destaca por sobre os outros
livros: lemos o título na capa e comprovamos que é Minha Luta, o livro do Führer: Um instante
atrás todos os livros eram de igual valor; um instante depois, um deles consegue sobressair e
atrair nossa atenção; paralelamente, o resto dos livros, e ainda o contexto da Biblioteca, tem
passado ao segundo plano, tem perdido valor cultural frente à relevância do livro do Führer: o
que ocorreu? Resposta: que ao reconhecer o livro do Führer, confundido entre a generalidade
dos outros livros da estante, afirmamos nele um VALOR PARTICULAR que causou seu ins-
tantâneo realce: segundo vimos em E8 “O PASSO DO VALOR GERAL AO VALOR PAR-
TICULAR SUPÕE EM TODOS OS CASOS SEU REALCE”. Neste, como em qualquer
outro caso semelhante, é evidente a RELATIVIDADE DO VALOR CULTURAL: a afirma-
ção do livro buscado equivale a FORTALECER sua conexão de sentido com nós ou, contra-
riamente, a DEBILITAR as conexões de sentido que mantinha com o contexto axiológico da
Biblioteca; o maior brilho do livro buscado vai acompanhado do ofuscamento do contexto.
Passeamos o olhar pelo salão da Biblioteca e voltamos a mirar a estante com os livros:
o fenômeno se produz novamente. O livro do Führer emerge e se coloca em primeiro plano
frente a nossa vista: vemo-nos, então, tentados a duvidar da relatividade do valor cultural. Agora
sabemos onde está e o livro buscado manifesta um realce que abarca toda nossa atenção: real-
mente, este livro parece valer mais que os outros! Ou seja, parece exibir um valor cultural in-
trínseco que lhe permite destacar por cima dos outros livros! Naturalmente, um erro semelhante
somente pode provir do desconhecimento de que as conexões de sentido determinam o valor
dos objetos culturais: mas tal erro é frequente porque as conexões de sentido são invisíveis.
Mas, a relatividade do valor cultural fica de imediato em evidência: não porque nosso livro perca
nalgum momento seu valor particular, SENÃO PORQUE É FÁCIL COMPROVAR QUE
PARA OUTROS NÃO POSSUI ABSOLUTAMENTE NENHUM VALOR. Tal como a nós
nos parecera sem valor os restantes livros da estante, a outros lhe parecerão sem valor esses
livros INCLUINDO a nosso valioso exemplar. Observemos então o que ocorre quando entra
e se situa junto a nós Samuel Simón: o vigiamos de soslaio e vemos que também está buscando
em nossa mesma estante; de pronto, se detém com visíveis mostras de satisfação: algo tem
chamado sua atenção, sem dúvidas é o realce de um livro; sem dúvidas é o livro do Führer!
Adiantamo-nos para examinar que livro tem tomado e comprovamos com surpresa que se trata
de “Como ganhar dinheiro na Bolsa de Valores”: para Samuel Simón o livro do Führer não
significa nada, tem o mesmo valor que outros livros da estante; em compensação, para ele tem
resultado notável a presença entre outros de “Como ganhar dinheiro…”, pois nesse livro tem

338
afirmado um valor cultural superior.
Estes exemplos, ainda que triviais, têm a virtude de evidenciar a relatividade do valor
cultural e sua dependência das conexões de sentido: nos objetos culturais há um “valor geral”
sustentado pela integridade do contexto axiológico, como nos livros da Biblioteca cujo valor
geral lhes permite ser livros e estar na estante sem destacar uns sobre outros; mas os objetos
culturais também apresentam valores particulares, segundo a quem se refira uma conexão de
sentido determinada: certas conexões de sentido especiais, com Deus, com a Pátria, com o
lugar, com a raça, etc., podem conferir a um livro, por exemplo, o que nós buscávamos, um
“valor particular” superior ao de outros objetos culturais. E este “valor particular”, segundo
vimos, causa o efetivo realce do objeto cultural POR SOBRE o “valor geral”.
Logicamente, o exemplo da Biblioteca pode ser questionado argumentando que as co-
nexões de sentido dos livros, as que se referem a seu conteúdo literário, NÃO SÃO REAIS, ou
seja, que se trata das projeções de relações ideais. Para comprovar que tal argumento é falaz,
somente basta com recolocar aos livros por UTENSÍLIOS, e à Biblioteca por uma Serralheria:
os utensílios estão distribuídos nas estantes sem destacar-se uns dos outros ainda que, cada um,
dispõe de um “valor geral” que lhes confere, não somente o contexto axiológico da Serralheria,
senão o de toda a superestrutura da cultura externa; se somos serralheiros e vamos buscar, por
exemplo, um martelo de ferro, é seguro que o mesmo emergirá por sobre as demais ferramentas
nem bem o reconheçamos e afirmemos nele um “valor particular”; se junto a nosso martelo de
ferro há outro de madeira, é possível que não reparemos nele, que não tenha valor para nós;
contudo, o carpinteiro que tenha entrado na Serralheria depois de nós buscando também um
martelo, se dirige prestamente a tomar o martelo de madeira cujo realce o destaca por sobre as
demais ferramentas, incluído nosso valioso martelo de ferro: para o carpinteiro, o martelo de
madeira tem um valor particular, UM VALOR UTILITÁRIO baseado em sua função de ajustar
cunhas de madeira: em compensação, o martelo de ferro, QUE NÃO É ÚTIL para tal função,
carece de VALOR UTILITÁRIO e, portanto de SENTIDO; o carpinteiro NÃO O VÊ sequer
porque para ele não significa nada e então não lhe põe nenhum sentido, não afirma nele ne-
nhum “valor particular”.
Em resumo: todos os martelos da estante, de distintas formas e materiais, são objetos
culturais dotados do “valor geral” de serem “martelos” conferidos pelo contexto axiológico;
cada um de eles pode exibir, além do mais, um “valor particular” determinado por algumas
conexões de sentido que formalizam sua função: por exemplo, a relação do martelo de ferro
com os cravos e do martelo de madeira com as cunhas. E estas conexões de sentido, que des-
tacam um valor particular de cada martelo, são relações entre coisas REAIS e não meras proje-
ções imaginárias.
A faculdade de anamnese dos Iniciados Hiperbóreos permite explorar os Registros cul-
turais. Agora bem, os Registros culturais são as “conexões de sentido” entre objetos culturais e

339
são quem determinam o valor: o “valor geral” atuando no conjunto do contexto axiológico ou
o “valor particular” ao ser confirmado algumas delas por separado. A compreensão do registro
cultural exige, pois, ser encarada mediante uma análise detalhada do valor cultural: especial-
mente devemos compreender em qual princípio se sustenta o “valor geral” e em qual o modifica
o “valor particular”. O modelo de superestruturas facilita as respostas, segundo veremos nos
seguintes sub-artigos, logo dos quais passaremos a descrever as possibilidades da faculdade de
anamnese.

E10 – Superestruturas e valor geral dos objetos culturais.

O primeiro que há que se notar aqui é que TODOS OS MEMBROS DE UMA CO-
MUNIDADE CULTURAL PARTICIPAM IGUALMENTE DO “VALOR GERAL” DE
CADA OBJETO CULTURAL. Sendo assim, o que significa isso, que o “valor geral” está pre-
sente no objeto cultural, independentemente do reconhecimento particular de cada membro?
Resposta: a resposta é afirmativa: o valor geral subsiste no objeto cultural ainda no caso em que
nenhum pasu se encontre no contexto para expressar seu sentido; e a explicação é a seguinte.
Como se expôs no comentário Terceiro, “O objetivo macrocósmico da finalidade do pasu
aponta, em primeiro lugar, a “por sentido no mundo”. Para cumprir com tal finalidade não
basta com outorgar “sentido” aos entes mediante alguma forma de expressão: é necessário
também que tal “sentido” PERDURE e seja reafirmado uma e outra vez, após uma busca e
descobrimento perpétuo do desígnio, de uma verdade que nunca acaba de revelar-se comple-
tamente à razão. Essa busca, esse descobrimento, essa reafirmação, agradam ao Demiurgo, for-
mam parte do objeto de seu prazer. Se requer, pois, uma “superestrutura” externa, que SUS-
TENTE o “sentido” outorgado aos entes. Construir tal superestrutura é uma tarefa coletiva e
AS LINGUAGENS são as ferramentas com que está dotado o pasu para empreendê-la.
O “sentido” posto coletivamente em um ente, ou seja, o “valor geral” de um objeto
cultural PERDURA porque é SUSTENTADO no ente pela superestrutura real: QUANDO
UM OBJETO CULTURAL É CONHECIDO COLETIVAMENTE, E INTEGRA A SU-
PERESTRUTURA dessa CULTURA, SEU “VALOR GERAL” SE “CONSERVA” NO
OBJETO, INDEPENDENTEMENTE DO RECONHECIMENTO PARTICULAR DE
SEUS MEMBROS; VALE DIZER, O “VALOR GERAL” É “COLETIVO” E INDIFE-
RENTE A TODO ATO INDIVIDUAL. UMA VEZ QUE UM OBJETO CULTURAL
TEM EMERGIDO DO UMBRAL DE SENTIDO COM UM “VALOR GERAL”, E SE
TEM INCORPORADO À SUPERESTRUTURA, PERMANECE MANIFESTADO NA
ESFERA DE SENTIDO: O VALOR GERAL CAUSA A EVIDÊNCIA COLETIVA DO
OBJETO CULTURAL. ASSIM, POIS, O CONTEXTO AXIOLÓGICO NÃO SOMENTE
DETERMINA O VALOR GERAL, E COM ISSO O GRAU DE REALCE DO OBJETO
CULTURAL, SENÃO QUE TAMBÉM SUSTENTA TAL VALOR NO OBJETO E
CAUSA SEU PERMANENTE REALCE: recordemos que o CONTEXTO AXIOLÓGICO

340
consiste no conjunto de objetos culturais que integra a superestrutura com respeito a um objeto
cultural determinado.
Estas sentenças, claro, nos lançam uma interrogação relevante: que princípio emprega a
superestrutura para sustentar o valor geral em um objeto cultural determinado? Resposta: UM
PRINCÍPIO DE VITALIDADE. Se todo o macrocosmo, em efeito, está vivificado pelo
anima mundi do Uno, com mais razão o estarão as superestruturas que existem em seu interior;
a compreensão de tal consequência, por ser lógica, não oferece problemas. Mas a resposta tem
um significado mais preciso e requer estabelecer com clareza uma distinção em essa vitalidade
indubitável dos conteúdos macrocósmicos; vale dizer: uma coisa é a VITALIDADE ÔNTICA,
que consiste no impulso evolutivo que flui desde o ser em si do ente, e que, por isso, É UM
“PRINCÍPIO DE VITALIDADE INTERIOR” DO ENTE; e outra coisa é a vitalidade que
sustenta ao valor cultural, a qual se manifesta a posteriori do ente designado, a partir do mo-
mento em que o pasu assinala a matriz essencial e a descobre à visão coletiva: desde esse mo-
mento, quando o valor geral do objeto cultural é evidente para todos, ATUA UM “PRINCÍPIO
DE VITALIDADE EXTERIOR” AO ENTE QUE CONSERVA A EVIDÊNCIA DO VA-
LOR CULTURAL.
Recordemos que aos Arquétipos que atuam externamente os temos denominado “Ar-
quétipos psicóideos”: a Sabedoria Hiperbórea distingue do conjunto de Arquétipos psicóideos,
Egrégoras ou Mitos, OS ARQUÉTIPOS QUE SOMENTE VITALIZAM AS SUPERES-
TRUTURAS, aos quais denomina particularmente ARQUÉTIPOS ASTRAIS. Com este con-
ceito podemos precisar o significado da resposta anterior; Resposta: as superestruturas susten-
tam o valor geral por efeito do PRINCÍPIO DE VITALIDADE ASTRAL. Naturalmente, a
VITALIDADE ASTRAL é INFUNDIDA desde o exterior do objeto cultural pelo Arquétipo
astral da superestrutura. Mas esta ação do Arquétipo psicóideo “astral” já a conhecíamos; no
comentário Décimo terceiro, por exemplo, diz: “Mas não deve crer-se ingenuamente que as
superestruturas são meras projeções da estrutura cultural interna do pasu: pelo contrário, AS
SUPERESTRUTURAS POSSUEM “VIDA PRÓPRIA”, SÃO CAPAZES, NÃO SO-
MENTE DE INTEGRAR AO HOMEM EM SUA COMPLEIÇÃO, SENÃO DE DETER-
MINAR SUA VONTADE. QUAL É A “MENTE” QUE, ANALOGAMENTE À ESTRU-
TURA CULTURA INTERNA, ANIMA A ESTAS SUPERESTRUTURAS EXTERNAS?
RESPOSTA: UMA CLASSE DE ARQUÉTIPOS UNIVERSAIS DENOMINADOS “PSI-
CÓIDEOS” OU “EGRÉGORAS”.
Se uma “superestrutura” pode ser o suporte de toda uma “cultura exterior”, pois, inver-
samente, uma “cultura” é a capacidade de uma superestrutura, aqui nós estamos referindo a
uma forma menor denominada “fato cultural”, que igualmente é a manifestação exterior de
uma superestrutura. O fato cultural, em geral, é análogo ao cubo estrutural do modelo de supe-
restrutura da figura 75 e a ele nos referiremos mais adiante para exemplificar o “princípio da

341
vitalidade astral”. O que há que ter presente enquanto isso, é que a SUPERESTRUTURA DO
FATO CULTURAL ESTÁ ANIMADA POR UM ARQUÉTIPO ASTRAL. Com este escla-
recimento podemos nos ocupar de conhecer melhor o princípio de vitalidade astral e seu efeito:
A LEI DE CONSERVAÇÃO DO VALOR GERAL DE UM OBJETO CULTURAL.
O problema consiste em estabelecer como INFUNDE o Arquétipo astral sua vitalidade
ao objeto cultural, e como tal vitalidade CONSERVA o valor geral do objeto cultural. Come-
cemos por recordar alguns conceitos já estudados sobre o caráter ENERGÉTICO DA EMER-
GÊNCIA do fato cultural.
Ao falar de “EMERGÊNCIA do fato cultural” estamos aludindo implicitamente a “mo-
vimento”, ou seja, a um ato que no macrocosmo é essencialmente ENERGÉTICO. Isto já o
havíamos visto: “o fato cultural, qual símbolo I emergente na consciência (figura 21), se DI-
RIGE à Consciência do Demiurgo, ou seja, à esfera de Sentido do Mundo, região (D), guiado
por sua PRIMEIRA INTENÇÃO: A DOR HUMANA. A “dor”, ou primeira intenção, é uma
NOTA ENERGÉTICA do fato cultural”. “Incorporada dramaticamente na trama exterior, o
pasu ou virya perdido cumpre em grau sumo com o objetivo macrocósmico de sua finalidade,
pois o sentido que ele põe no mundo é o que mais aprecia o Demiurgo. Com outras palavras,
em sua atuação dramática o homem expressa um sentido INTENSO, que tem a dimensão da
dor: A DOR, que o homem põe em um fato cultural que o inclui dramaticamente, É ANÁ-
LOGA à PRIMEIRA INTENÇÃO QUE DIRIGE A UM SÍMBOLO “I” ATÉ A CONSCI-
ÊNCIA (ver figuras 21, 22 e 23). Em um símbolo emergente I existe uma “referência a si
mesmo” que o dirige até o umbral de consciência. Em um fato cultural ocorre algo semelhante,
pois A “DOR”, POSTA EM JOGO POR TODOS OS HOMENS QUE INTEGRA SUA
TRAMA, “DIRIGE” O SENTIDO DO DRAMA ATÉ O UMBRAL DO SENTIDO, DE
ONDE O FATO CULTURAL TEM DE EMERGIR COMO “SENTIDO DO MUNDO”
OU REPRESENTAÇÃO CONSCIENTE MACRO-CÓSMICA”. Também dissemos que “o
pasu cumpre coletivamente a função de ser A FONTE DA RAZÃO DO MUNDO: É POR
SUA ATIVIDADE DOADORA DE SENTIDO QUE EMERGE A RAZÃO DO
MUNDO (ou seja, o contexto axiológico cujas “conexões de sentido” equivalem às “razões”
do objeto cultural), QUE OS ENTES, ATÉ ENTÃO SUMIDOS NO UNIVERSAL, AD-
QUIREM EXISTÊNCIA PARTICULAR COMO OBJETOS CULTURAIS E SE INTE-
GRA NA SUPERESTRUTURA DO FATO CULTURAL.
Logo, se a EMERGÊNCIA do fato cultural é um processo energético tem de existir em
seu extremo original uma POTÊNCIA ATIVA que o produz: ESTA POTÊNCIA É A QUE
APORTA O ARQUÉTIPO ASTRAL, TRANSFERINDO-A DESDE O CONTEXTO
AXIOLÓGICO CONFORME O PRINCÍPIO DE VITALIDADE ASTRAL. Poderemos
compreender o processo completo se admitimos previamente a analogia entre o ato demiúrgico
de PLASMAR e o ato humano de AFIRMAR: o Demiurgo PLASMA com sua VOX ao ente

342
ao sobrepor o desígnio particular que determina a natureza arquetípica universal; analogamente,
o pasu AFIRMA com sua expressão à matriz essencial do desígnio pondo-lhe seu valor geral
que o transforma no objeto cultural; é fácil ver que a AFIRMAÇÃO é uma espécie de PLAS-
MAÇÃO cultural do ente designado ou, caso se queira, uma CONFIRMAÇÃO da matriz es-
sencial do desígnio plasmado. O pasu, quando AFIRMA a matriz essencial de um ente desig-
nado, o reconhece com sentido porque simultaneamente também tem CONFIRMADO ao
contexto axiológico que o determina; isto pode interpretar-se assim: ao afirmar a matriz essen-
cial, o pasu aplica no ente, sobre a matriz essencial, uma força expressiva denominada DOR, a
qual é conformada pelo contexto axiológico e convertida em SENTIDO; o ente, então, tem
sentido cultural e pode ser reconhecido pelo pasu porque tem emergido como objeto cultural;
se tal afirmação se tem realizado pela primeira vez, basta que o pasu demonstre a existência do
objeto cultural aos demais membros de sua comunidade cultural para que um valor geral se
conserve no objeto cultural: o objeto cultural será desde então evidente para todos, pois toda a
comunidade participa de seu valor geral; como dissemos mais atrás, depois deste reconheci-
mento coletivo não é necessário uma posterior afirmação, e muito menos um permanente re-
conhecimento, para que o valor geral se conserve: isso ocorre de qualquer maneira porque
FICA REGISTRADO NA SUPERESTRUTURA, mais particularmente, NAS CONEXÕES
DE SENTIDO DO CONTEXTO AXIOLÓGICO.
Suponhamos um objeto cultural que, desta maneira, emerge por si mesmo no umbral
de sentido e permanece manifestado, ainda quando nenhum pasu ou virya repare nele. Se essa
força modulada em sentido, que é a dor, tem sido aplicada uma vez pelo pasu e ela causou e
dirigiu a emergência do objeto cultural frente ao pasu, como é possível que ao cessar a produção
da força, ou seja, ao não existir expressão nem projeção do signo, continue a emergência? Res-
posta: evidentemente, isso somente pode suceder SE, AO CESSAR A FORÇA PRÓPRIA DO
PASU, ELA É SUBSTITUÍDA POR OUTRA FORÇA IDÊNTICA: TAL FORÇA É A
QUE PRODUZ O ARQUÉTIPO ASTRAL POR MEIO DA VITALIDADE QUE IN-
FUNDE ATRAVÉS DAS CONEXÕES DE SENTIDO, OU REGISTROS CULTURAIS,
DO CONTEXTO AXIOLÓGICO.
QUANDO CESSA A FORÇA INDIVIDUAL DO PASU, OU SEJA, A EXPRES-
SÃO DE SUA DOR, A MESMA É SUBSTITUÍDA INSTANTANEAMENTE POR UMA
“DOR COLETIVA” EQUIVALENTE QUE SUSTENTA A EMERGÊNCIA DO FATO
CULTURAL; COM PROCESSOS IDÊNTICOS O ARQUÉTIPO ASTRAL MANTÉM
EM EMERGÊNCIA O VALOR GERAL DE TODO OBJETO CULTURAL.
Em um objeto cultural determinado, as conexões de sentido lhe transferem uma potên-
cia ativa que produz a força substituta, ou seja, a “dor coletiva” que lhe permite conservar seu
valor geral: essa “potência ativa” não é outra que a potência astral do “inconsciente coletivo
universal” o mundo astral profundo (região B). O ARQUÉTIPO ASTRAL CANALIZA A

343
POTÊNCIA ASTRAL ATRAVÉS DAS CONEXÕES DE SENTIDO SOBRE O OBJETO
CULTURAL; MAS A POTÊNCIA ASTRAL RESULTA ENTÃO DETERMINADA PELA
CAPACIDADE DE UMA MATRIZ ESSENCIAL AFIRMADA COM VALOR GERAL:
SUA MANIFESTAÇÃO ENERGÉTICA, A ENERGIA ASTRAL, SE CONFORMA SE-
GUNDO A FORÇA AFIRMATIVA, OU SEJA, COMO “DOR”. MAS SE TRATA
AGORA DE UMA “DOR COLETIVA”, UMA FORÇA SUBSTITUTA DA DOR EX-
PRESSA PELO PASU. DE QUALQUER MODO A DOR COLETIVA MANTÉM A
EMERGÊNCIA DO OBJETO CULTURAL E CONSERVA SEU VALOR GERAL.
Convém refrescar o conceito de “potência astral” e “energia astral” relendo a seguinte
citação: “o macrocosmo vivente está animado pela alma do Demiurgo ou “anima mundi”, a
qual, analogamente à POTÊNCIA DA ALMA DO PASU (W) ou POTÊNCIA ANÍMICA
DO MICROCOSMO, dispõe de uma capacidade POTENCIAL para levar adiante seu Plano:
é a POTÊNCIA ASTRAL, equivalente à potência (W) da alma do pasu. E tal “potência astral”
se manifesta também mediante dois modos principais: como ENERGIA VITAL DO
MUNDO ASTRAL para sustentar a vida do organismo macrocósmico e como ENERGIA
ASTRAL para ANIMAR AS SUPERESTRUTURAS DOS FATOS CULTURAIS OU DAS
CULTURAS EXTERNAS”. Reparemos na esfera de sombra do pasu. “Em tal “espaço aná-
logo” do microcosmo subsiste a estrutura cultural e ocorre a emergência dois símbolos referidos
a si mesmo: a característica essencial de todo símbolo emergente, segundo vimos na Primeira
Parte, é a ENERGIA PSÍQUICA. Analogamente à esfera de sombra, regiões (a, b, c), figura
39, no macrocosmo existem o mundo astral (A, B, C) no qual subsistem as culturas exteriores
e ocorre a emergência dos fatos culturais referidos ao umbral de sentido: ASSIM, A CARAC-
TERÍSTICA ESSENCIAL DE TODO FATO CULTURAL É A ENERGIA ASTRAL”.
Resumindo, uma vez que o pasu projeta o signo sobre o ente designado, e afirma a
matriz essencial com sua força individual a “dor”, o ente adquire sentido cultural: um sentido
determinado pelo contexto axiológico; logo que o pasu tem dado a conhecer o objeto cultural
a sua comunidade, o “valor geral” se conserva na superestrutura por causa do Arquétipo astral:
o objeto cultural recebe das conexões de sentido a “vitalidade astral” que lhe permite manter
emergente seu valor geral.
Uma compreensão mais profunda é possível caso se interprete a lei de conservação do
valor geral mediante o modelo de superestruturas. É necessário, então, incorporar o princípio
de vitalidade astral ao modelo de superestruturas e, para isso, devemos considerar ao fato cul-
tural como a forma de um ORGANISMO VIVENTE. O fato cultural, em efeito, admite a
seguinte analogia orgânica: SE A INFRA-ESTRUTURA ÔNTICA É O ESQUELETO DO
FATO CULTURAL, COMPOSTO DE ENTES VITALIZADOS INTERNAMENTE PE-
LOS ARQUÉTIPOS UNIVERSAIS, A SUPERESTRUTURA DO FATO CULTURAL
CONSTITUI SUA ANATOMIA ORGÂNICA, FORMADA POR OBJETOS CULTURAIS

344
VITALIZADOS EXTERNAMENTE PELO ARQUÉTIPO ASTRAL. Vale dizer: A SUPE-
RESTRUTURA DO FATO CULTURAL É ANÁLOGA A UM ORGANISMO VERTE-
BRADO SOBRE O ESQUELETO DA INFRA-ESTRUTURA ÔNTICA. EM TAL OR-
GANISMO, OS OBJETOS CULTURAIS REPRESENTAM AOS “ÓRGÃOS” PROPRIA-
MENTE DITOS, ENQUANTO QUE O CONJUNTO DE CONEXÕES DE SENTIDO
EQUIVALE AO “SISTEMA TRÓFICO”. O ARQUÉTIPO ASTRAL VITALIZA AOS
OBJETOS CULTURAIS, OS “ALIMENTA” COM A FORÇA SUBSTITUTA QUE SUS-
TENTA AO VALOR GERAL, POR MEIO DESTE SISTEMA; MAS OS ARQUÉTIPOS
PSICÓIDEOS OU MITOS EXTERIORES TAMBÉM EMPREGAM O SISTEMA TRÓ-
FICO PARA ARTICULAR O ARGUMENTO DRAMÁTICO DO FATO CULTURAL.
Na figura 75, por exemplo, o cubo estrutural da esquerda representa a um fato cultural
orgânico: os objetos culturais (1, 2,… 9) são ali análogos a “órgãos” e o conjunto de conexões
de sentido ( ; etc.) equivale ao “sistema trófico”: o Arquétipo astral vitaliza aos nove
“órgãos” mediante o “sistema trófico”; um órgão particular, por exemplo, o 2, é vitalizado pelas
conexões tróficas e do sistema trófico: analogamente, isto significa que o
valor geral do objeto cultural 2, está sustentado pelas conexões de sentido
do contexto axiológico. Com respeito aos exemplos do sub-artigo E9, o objeto cultural 2 pode
ser, desde logo, tanto um livro da Biblioteca como um utensílio da Serralheria: em qualquer
caso, o valor geral que os mantém culturalmente visíveis procede da vitalidade que lhes infunde
o Arquétipo astral através das conexões de sentido de seus respectivos contextos axiológicos.

E11 – Superestruturas e valor particular dos objetos culturais.

Temos visto que o contexto axiológico determina o “valor geral” de um objeto cultural
e o sustenta mediante um conjunto de conexões de sentido. Mas o objeto cultural, visível então
por seu “valor geral”, pode ser reconhecido e afirmado em qualquer momento com um novo
VALOR PARTICULAR. Este “valor particular” é o que causa o realce do objeto por sobre o
valor geral e lhe confere um singular sentido; no caso dos martelos (E5), por exemplo, o realce
do martelo de ferro, por sobre seu valor geral de ser martelo, se produzia quando o ferreiro
afirmava nele um “valor particular”: o de ser ÚTIL para cravar cravos de ferro; a afirmação do
valor particular REFERE o martelo aos cravos de ferro. Vale dizer: EM TODO OBJETO
CULTURAL, O VALOR PARTICULAR SURGE AO AFIRMAR O VALOR GERAL EM
RELAÇÃO A OUTRO OBJETO CULTURAL DE REFERÊNCIA. Daí que ao valor parti-
cular se qualifique de RELATIVO; ou seja, “RELATIVO” a tal ou qual objeto cultural de
REFERÊNCIA.
Mas, como todo objeto cultural está vinculado a todos os demais objetos do contexto
por múltiplas conexões de sentido, é fácil advertir que: EM UM OBJETO CULTURAL, COM

345
UM VALOR GERAL DETERMINADO, EXISTEM TANTOS VALORES PARTICULA-
RES POSSÍVEIS COMO CONEXÕES DE SENTIDO DETERMINEM O VALOR GE-
RAL. Assim, um objeto cultural é capaz de receber tantos valores particulares como conexões
de sentido o vinculem com outros objetos do contexto axiológico. Em consequência: O “VA-
LOR PARTICULAR” EFETIVO DE UM OBJETO CULTURAL VAI SEMPRE LIGADO
A UMA “CONEXÃO DE SENTIDO” QUE O REFERE A OUTRO OBJETO E LHE
CONFERE SEU SENTIDO RELATIVO. Portanto, a definição do valor particular tem de
basear-se em três termos: O OBJETO CULTURAL “EMERGENTE”, ou seja, aquele cujo
realce tem valor particular; O OBJETO CULTURAL “REFERENTE”, ou seja, aquele cuja
capacidade cultural característica confere sentido relativo ao valor particular do objeto cultural
emergente; e O REGISTRO CULTURAL, ou seja, a conexão de sentido que enlaça ao objeto
cultural emergente com o objeto cultural referente e por meio do qual este último confere sen-
tido ao valor particular daquele. No exemplo anterior, o objeto cultural “emergente” é o martelo
de ferro, o objeto cultural “referente” é o cravo de ferro, e o Registro cultural é a conexão de
sentido, INVISÍVEL, que os enlaça a ambos; o cravo de ferro confere ao martelo o sentido
relativo de ser útil para cravar: tal sentido se manifesta no martelo pela vitalidade que lhe infunda
conexão de sentido ou Registro cultural e que causa o realce de seu valor particular. Tudo isto
pode visualizar-se mediante o modelo de superestrutura da figura 75.
Suponhamos que o objeto cultural 2 é o martelo EMERGENTE do exemplo, e que os
objetos 1, 3, 6 e 9 são seus REFERENTES, enquanto que os enlaces · · são
os REGISTROS CULTURAIS respectivos.
Cada objeto referente tem de conferir um valor particular ao objeto emergente 2 en-
quanto este seja afirmado com referência a alguns deles. Suponhamos que também, o objeto 3
seja A CABEÇA DE UM INIMIGO DO FERREIRO, que o objeto 1 seja UMA NOZ, que
o objeto 6 seja UM CRAVO DE FERRO, e que o objeto 9 seja UM CAMPO DE ESPORTES.
É evidente que somente quando o ferreiro REFIRA o objeto 2 ao objeto 6 emergirá no martelo
o valor particular de ser ÚTIL para cravar cravos: semelhante VALOR UTILITÁRIO é RE-
LATIVO aos cravos de ferro. Muito diferente será, por exemplo, o valor particular que lhe
confiram os outros objetos de referência: se o ferreiro refere o objeto 2 ao objeto 1 o valor
particular do martelo será o de um QUEBRA-NOZES; novamente se trata de um VALOR
UTILITÁRIO cujo sentido relativo o determina o Registro cultural ; vale dizer, O OBJETO
2 EMERGE SOBRE SEU VALOR GERAL DE MARTELO COM UM VALOR DE
“QUEBRA-NOZES” CUJO SENTIDO RELATIVO TEM SIDO IMPOSTO PELO RE-
GISTRO CULTURAL COM REFERÊNCIA AO OBJETO 1, “NOZ”. Por outra parte,
quando o ferreiro refere o objeto 2 ao objeto 3, o martelo emerge sobre seu valor geral dotado
de inequívoco valor de ARMA OFENSIVA; o sentido relativo que lhe impõe ao objeto 2 ou

346
Registro cultural dota ao martelo de VALOR BÉLICO por estar referido à “cabeça do ini-
migo” ou objeto 3. E, por último, a referência do objeto 2 ao objeto 9 confere ao martelo o
VALOR LÚDICO de MARTELO LANÇADOR: tal sentido relativo o determina o Registro
cultural que refere o martelo ao “campo de esportes” ou objeto 9.
O modelo de superestruturas, aplicado ao caso anterior, nos permite extrair as seguintes
conclusões: TODO OBJETO CULTURAL EMERGENTE EXIBIRÁ O “VALOR PARTI-
CULAR” QUE DETERMINE UM OBJETO CULTURAL DE REFERÊNCIA CONEC-
TADO A AQUELE POR UM REGISTRO CULTURAL; INVERSAMENTE, CADA OB-
JETO CULTURAL DE REFERÊNCIA DETERMINA UM “VALOR PARTICULAR” DI-
FERENTE. Com outras palavras: se o ferreiro, ao passear a vista pela estante das ferramentas,
o faz COM REFERÊNCIA AOS CRAVOS DE FERRO, então o martelo emergirá com VA-
LOR UTILITÁRIO; se o faz COM REFERÊNCIA À CABEÇA DE SEU INIMIGO, então
o martelo se destacará com VALOR BÉLICO; se o faz COM REFERÊNCIA A UM CAMPO
DE ESPORTES, então o martelo se realçará com VALOR LÚDICO; etc.
O valor particular de um objeto cultural, apesar de utilitário, bélico, lúdico, etc., pode
revestir muitas outras formas; em particular nos interessa destacar o caráter ESTÉTICO e
ÉTICO do valor particular mediante os exemplos triviais já vistos. No caso da Biblioteca,
quando nos encontramos observando o realce do livro Minha Luta, pode acontecer de entrar
uma Dama e, quase de imediato, se dirigir até a estante e retirar sem mais o livro mencionado.
Evidentemente, a ela também se lhe realçou o livro por sobre os outros e por isso o tomou sem
duvidar; perguntamos-lhe, então: você é Admiradora de Adolfo Hitler? Resposta: a dama nos
mira perplexa até que cai na conta que lhe interrogamos sobre o autor do livro que acaba de
tomar; sorri e nos responde: – Não senhor. Sequer sei quem é o autor. A mim o que me interessa
é a cor da capa porque combina com a cor de nosso living, onde temos uma biblioteca que
ninguém consulta. Argumentando que cada vez que repinta o living com uma nova cor deve
redecorar os livros da biblioteca, a boa Dama se retira com o novo exemplar de Minha Luta,
não sem antes saudar amavelmente. O que nos diz isto? Resposta: que o livro imergiu com
VALOR ESTÉTICO porque a Dama passou a vista pela estante de livros estabelecendo com
cada um deles uma referência à cor de seu living: somente o do Führer combinava com aquela
cor de referência e a conexão de sentido, ou Registro cultural, lhe conferiu o valor estético que
o fez sobressair frente aos olhos da Dama.
Enquanto ao VALOR ÉTICO, não se trata de um valor particular em si mesmo, senão
de uma determinação contextual de valor particular: O VALOR ÉTICO DE UM SIMPLES
OBJETO CULTURAL EMERGENTE É UM COMPLEMENTO ATUAL DO VALOR
PARTICULAR IMPOSTO PELA CIRCUNSTÂNCIA CONTEXTUAL. Com outras pala-
vras, O VALOR ÉTICO DEPENDE DO ATO, OU SEJA, DO MOMENTO NO QUAL
TEM LUGAR O REALCE DO VALOR PARTICULAR. O VALOR ÉTICO ASSOCIADO

347
AO VALOR PARTICULAR DE UM OBJETO CULTURAL PODE VARIAR DE UM
MOMENTO A OUTRO. Por exemplo, o ferreiro, ao descobrir o valor utilitário do martelo,
está em condições de tomá-lo da estante e continuar com ele seu trabalho: é BOM que o faça;
ou seja, tem um valor ético positivo; porém, se minutos antes de entrar à Serralheria, com esse
martelo alguém cometeu um crime e o mesmo se encontra sobre uma poça de sangue, é MAU
que o ferreiro o tome e altere as evidenciam criminológicas que pudessem existir: um dia antes
ou um dia depois, por exemplo, é BOM tomar o martelo; nesse momento, é MAL fazê-lo, ou
seja, tem um valor ético negativo. E é claro aqui que o valor ético depende da circunstância
contextual do martelo em um dado momento.
Em síntese, O VALOR ÉTICO DEPENDE DA “CIRCUNSTÂNCIA” EM QUE
REALCE O VALOR PARTICULAR DE UM OBJETO CULTURAL. Segundo ficou de-
monstrado, “a definição do valor particular tem de basear-se em três termos: O OBJETO CUL-
TURAL EMERGENTE, O REGISTRO CULTURAL E O OBJETO CULTURAL REFE-
RENTE”. Consideremos o caso em que o objeto 2 emerge com valor utilitário ao estar referido
ao objeto 6 por meio do Registro cultural . No cubo estrutural da figura 75, este caso se
representa completamente com um ENLACE ( ) e dois NÓS (2 e 6), vale dizer, com um
SISTEMA SIMPLES análogo ao da figura 13. Entretanto, para que tal analogia seja correta, há
que se ter presente que entre ambos os SISTEMAS se verifica uma relação de SIMETRIA
POTENCIAL INVERSA. Daí que, ao SISTEMA SIMPLES do modelo de estrutura cultural,
corresponda um SISTEMA REAL no modelo de superestruturas, tal como se mostra na figura
76.

348
Voltando à figura 75, o SISTEMA REAL estaria composto pelo OBJETO CULTU-
RAL EMERGENTE 2, o REGISTRO CULTURAL , e o OBJETO CULTURAL REFE-
RENTE 6. A constituição deste sistema real pode compreender-se partindo da figura 74, su-
pondo que o objeto cultural ali representado seja o 2 do cubo estrutural: sendo assim, então na
figura 77 podemos ver ao objeto cultural 2 REFERIDO ao objeto cultural 6 mediante um
Registro cultural, conformando os três um “SISTEMA REAL” do modelo de superestruturas.

349
Dando por certo que o objeto cultural 2 apresenta um valor geral sustentado pelo con-
texto axiológico, a figura 77 mostra somente o valor particular; este, de acordo ao explicado,
surge sobre o valor geral pela relação que o Registro cultural estabelece com um objeto cultural
6 de referência (R):
“O VALOR PARTICULAR EFETIVO DE UM OBJETO CULTURAL VAI SEM-
PRE LIGADO A UMA CONEXÃO DE SENTIDO OU REGISTRO CULTURAL QUE
O REFERE A OUTRO OBJETO E LHE CONFERE SEU SENTIDO RELATIVO”.
Constitui-se assim o sistema real representado na figura 77. Mas, é claro que um mesmo objeto
cultural (E) pode intervir numa pluralidade de sistemas reais: · · o objeto 2,
por exemplo, pode formar os sistemas reais: segundo qual seja o objeto de referência (R) con-
siderado. Em consequência, UM OBJETO CULTURAL COM VALOR GERAL MANTÉM
CONEXÃO COM UMA PLURALIDADE DE REGISTROS CULTURAIS.

E12 – Estudo análogo de um sistema real.

Façamos uma síntese dos dois últimos sub-artigos. Em E10 comprovamos que o “VA-
LOR GERAL, EM TODO OBJETO CULTURAL, SE CONSERVA NA SUPERESTRU-
TURA PELA VITALIDADE QUE O ARQUÉTIPO ASTRAL INFUNDE NO OBJETO
CULTURAL MEDIANTE AS CONEXÕES DE SENTIDO DO CONTEXTO AXIOLÓ-
GICO”. E em E11, comprovamos que “O VALOR PARTICULAR, EM TODO OBJETO

350
CULTURAL, SURGE AO AFIRMAR O VALOR GERAL EM RELAÇÃO A OUTRO OB-
JETO CULTURAL DE REFERÊNCIA”. Esta definição permitirá explicar, em um próximo
artigo, a “faculdade de anamnese” dos Iniciados Hiperbóreos. Aqui partiremos da definição
obtida em E10, sobre o valor geral, para agregar o Registro cultural de um sistema real ao cavalo
ôntico da figura 48.
Segundo vimos, o valor geral de um objeto cultural ORGÂNICO está sustentado por
um SISTEMA TRÓFICO composto pelo conjunto das conexões de sentido do contexto axi-
ológico: através do sistema trófico, das conexões de sentido, se manifesta a vitalidade do Ar-
quétipo astral. Mas as conexões de sentido são, também, REGISTROS MACRO-CÓSMICOS:
de acordo à “definição funcional de Registro”, “REGISTRO MACRO-CÓSMICO É TODO
CONTINENTE ESTRUTURAL CAPAZ DE RECEBER E CONSERVAR A FORMA DE
UM DADO SUCESSO E DE PERMITIR AO DEMIURGO SUA REPRODUÇÃO POS-
TERIOR”. Os Registros macrocósmicos principais que se estudam nos “Fundamentos da Sa-
bedoria Hiperbórea” são o ÔNTICO e o CULTURAL. Os Registros ônticos, como seu nome
o indica, são conteúdos mnemônicos próprios dos ENTES EXTERNOS que somente têm
valor para o Demiurgo. Os Registros culturais são conteúdos mnemônicos próprios dos OB-
JETOS CULTURAIS EXTERNOS e seu conhecimento reveste inestimável valor para o virya
desperto. Sem embargo, como todo objeto cultural é antes de tudo um ente ao que se lhe tem
posto um sentido cultural, ocorre que EM UM OBJETO CULTURAL ESTÃO PRESENTES
AMBOS OS REGISTROS: daí a conveniência de conhecer em que consiste cada um deles E
A NECESSIDADE DE DISTINGUI-LOS CLARAMENTE; pois, há que advertir desde já,
o virya desperto DEVE EVITAR CUIDADOSAMENTE A PERCEPÇÃO DO REGIS-
TRO ÔNTICO; SOMENTE O “REGISTRO CULTURAL” É ÚTIL PARA SUA ESTRA-
TÉGIA DE LIBERAÇÃO ESPIRITUAL”.
O conteúdo do Registro ôntico consiste em “uma SÉRIE ÔNTICOTEMPORAL pa-
ralela e correlata à FUNÇÃO CONTÍNUA DO PROCESSO EVOLUTIVO que une ao ente
individual com o Arquétipo universal”; por isso deve ser evitado o Registro ôntico: porque,
“sob a série ôntico-temporal, se encontra implícita a função continua; e a mesma, tanto pode
ser inferida como efetivamente VIVENCIADA, o que supõe ENTRAR EM CONTATO DI-
RETO COM O ARQUÉTIPO UNIVERSAL. PARA EVITAR ESTA ÚLTIMA POSSIBI-
LIDADE É QUE O VIRYA JAMAIS EXPLORA OS REGISTROS ÔNTICOS”. A série
ôntico-temporal, por outra parte, representa a HISTÓRIA NATURAL do ente: “no Registro
ôntico está contida, assim, a HISTÓRIA NATURAL do ente, história que pode ser reprodu-
zida pela Faculdade de registrar para a percepção do Aspecto Logos”. A figura 63 mostra ana-
logamente, para o caso do cavalo ôntico, a série ôntico-temporal ou “história natural” e a função
continua do processo evolutivo; a esfera central, segundo se explicou, forma parte do “modelo

351
de desígnio deslocado” e representa à “matriz essencial” que determina e individualiza a natu-
reza equina universal; sobre esta esfera, ou seja, sobre o cavalo ôntico atual, existe a “tela ôntica”
onde a faculdade de registrar do Aspecto Logos do Demiurgo reproduz as imagens da “história
natural” do cavalo ou seja, as fases da série ôntico-temporal: tal tela, para ser perceptível pelo
Aspecto Logos, deve encontrar-se em situação perpendicular ao eixo do tempo transcendente.
A figura 63 nos mostra, então, o conteúdo do Registro ôntico e a zona de sua reprodução: é
obvio ou esclarecedor que seria se este exemplo nos pudesse ensinar, também, a localização de
um Registro cultural.
Entretanto, é possível agregar analogamente um Registro cultural à figura 63 se previa-
mente supormos que o cavalo ôntico se tem transformado em CAVALO CULTURAL. Isso
ocorre, portanto, quando o cavalo ôntico tem sido submetido aos dois movimentos descritos
na figura 73: no primeiro movimento o pasu PERCEBE a matriz essencial do cavalo e, medi-
ante uma correspondência gnosiológica, esquematiza um conceito habitual equivalente a uma
Relação da estrutura cultural; no segundo movimento EXPRESSA o conceito habitual e
AFIRMA a matriz essencial, estabelecendo assim uma correspondência axiológica que adjudica
VALOR CULTURAL ao cavalo ôntico e lhe permite emergir como objeto cultural, ou seja,
como CAVALO CULTURAL; logo, o contexto axiológico confere ao cavalo cultural um VA-
LOR GERAL que resulta CONSERVADO pelo Arquétipo astral da superestrutura: entre o
cavalo cultural, e o contexto axiológico, existem desde então múltiplas conexões de sentido, ou
seja, múltiplos REGISTROS CULTURAIS. Após um processo semelhante, o cavalo ôntico da
figura 63 se tem transformado em “objeto cultural emergente com valor geral” e, portanto,
pode ser interpretado mediante o modelo de superestruturas da figura 75: podemos supor, por
exemplo, que o cavalo cultural é o objeto cultural 2, e que suas conexões de sentido são as
· · . Mas a esta equiparação convém examiná-la com maior detalhe.
Prestemos atenção, antes de tudo, à tabela de correspondências da figura 75 bis, que
projeta o modelo de superestruturas sobre a superestrutura real. Nesta tem lugar a existência
do cavalo ôntico, o qual, por ser um “ente designado” é análogo (V) a um “elemento topoló-
gico” do modelo de superestruturas. O cavalo ôntico forma parte da infraestrutura ôntica real
e, como elemento topológico equivalente, integra a infraestrutura topológica do modelo. Ao
ser afirmada a matriz essencial, mediante o segundo movimento, o cavalo ôntico adquire VA-
LOR CULTURAL e se transforma em CAVALO CULTURAL, emergindo no umbral de sen-
tido como membro da superestrutura real: isto é análogo a que, ao “elemento topológico” equi-
valente, se lhe adjudique um valor geométrico tal que lhe permita emergir no modelo de supe-
restruturas, neste caso, no cubo estrutural da figura 75. Se o cavalo ôntico corresponde a um
elemento topológico situado sob o vértice 2 do cubo estrutural, sua emergência como cavalo
cultural lhe permitirá ocupar o posto do nó 2 e estabelecer conexões de sentido com os outros
nós do contexto geométrico.

352
Com estas condições, é evidente que o CAVALO CULTURAL 2 forma quatro SISTE-
MAS REAIS com os objetos culturais referentes 1, 3, 6 e 9, aos que se conecta por meio dos
registros culturais · · : se o pasu afirma o valor geral com respeito a qualquer
dos objetos 1, 3, 6, ou 9, isso equivale a dotar ao cavalo cultural de um VALOR PARTICULAR
cujo sentido está determinado pelo objeto de referência; em tais casos, se diz que o pasu “afir-
mou o sistema real” tal ou qual o que “o cavalo cultural constitui um sistema real” com tal ou
qual objeto de referência. Para seguir com o exemplo, temos de supor que a figura 77 simboliza
ao cavalo cultural emergente 2 formando um sistema real com o objeto cultural referente 6,
através do Registro cultural .
'Indubitavelmente, já estamos em condições de agregar um Registro cultural análogo à
figura 63: isso é possível porque consideramos à esfera central como a matriz essencial AFIR-
MADA pela expressão do pasu, ou seja, como o objeto cultural emergente, o cavalo cultural,
que ocupa o posto de número 2 no modelo de superestruturas da figura 75. Deste modo, na
figura 78, o cavalo cultural 2 forma o sistema real ao conectar-se, através de um Registro
cultural, com o objeto cultural referente 6.
O sistema real , figura 78, pode interpretar-se de duas maneiras: como ABSTRAÇÃO
de um sistema do contexto axiológico ou como AFIRMAÇÃO de um sistema particular. No
primeiro caso, tem de supor que o cavalo cultural possui valor geral e que o sistema éa
ABSTRAÇÃO de qualquer um entre os múltiplos sistemas que o constituem. No segundo
caso, sobre o valor geral, tem sido AFIRMADO um valor particular determinado pela conexão
de sentido com um objeto cultural referente: o valor particular do cavalo cultural se manifesta,
neste caso, pela atividade específica do sistema real . Como a figura 78 permite esta dupla
interpretação, devemos esclarecer aqui que, adiante, nos referiremos ao segundo caso, ou seja,
ao cavalo cultural dotado de um valor particular conferido pelo sistema .
Recordemos a descrição da figura 63, enquanto concerne igualmente à figura 78: “Ve-
mos ali, representado como uma esfera central mais obscura, ao cavalo ôntico, conformado
atualmente pela matriz essencial do desígnio deslocado (ou seja, emergindo como “cavalo cul-
tural”). Entre o cavalo ôntico e o Arquétipo universal existe o nexo permanente que determina
a função continua do processo evolutivo, simbolizado pela curva helicoidal”.

353
E, “…. assim como o modelo do desígnio deslocado facilita a observação gráfica das
matrizes virtuais por correspondência análoga, assim também a curva helicoidal possibilita a
visualização gráfica do processo evolutivo do Arquétipo cavalo: mas em realidade, não devemos
esquecê-lo, tanto as matrizes virtuais, e todo o plano do desígnio, assim como a função continua
do processo evolutivo, ESTÃO CONTIDAS NA ESTRUTURA DO ENTE ATUAL, ou
seja, no cavalo ôntico. O cavalo ôntico, atual, individual, É TODA A REALIDADE DO CA-
VALO: não existe nenhuma propriedade, nem ôntica nem ontológica, que fique de fora de sua
entidade. E NO SEIO DE SUA ENTIDADE SE SITUA, EM PRIMEIRO LUGAR, O RE-
GISTRO ÔNTICO”.
Contrastando com o caráter INTERNO do Registro ôntico, o Registro cultural é abso-
lutamente EXTERNO ao objeto cultural por seu caráter estrutural de ENLACE; isso pode
comprovar-se analogamente observando o sistema da figura 78: se vê ali, claramente, que o
ENLACE ENTRE NÓS é o REGISTRO CULTURAL ENTRE OBJETOS CULTURAIS.

354
Ou, mais claramente ainda, se vê que o objeto cultural emergente, neste caso um cavalo cultural,
se conecta com o objeto cultural referente, quem lhe confere seu valor particular, através do
Registro cultural; em outros termos, o Registro cultural é a conexão de sentido que determina
o valor particular do objeto cultural; e esta conexão de sentido, este Registro cultural, é eviden-
temente um ENLACE EXTERNO aos objetos culturais.
Tanto o valor geral como o valor particular de um objeto cultural, são sustentados pela
vitalidade que o Arquétipo astral manifesta através das conexões de sentido do sistema trófico
da superestrutura orgânica. Neste sentido, podemos considerar ao cavalo cultural como um
órgão cujo valor orgânico, ou seja, FUNCIONAL, é sustentado vitalmente pela conexão trófica
do Registro cultural: SOMENTE CASO SE TENHA PRESENTE, E NÃO SE ESQUEÇA
JAMAIS ESTE CARÁTER ESSENCIALMENTE VITAL DO REGISTRO CULTURAL,
É POSSÍVEL COMPREENDER SEU CONTEÚDO, OU SEJA, AQUILO QUE PODE
SER “VIVENCIADO” PELO DEMIURGO E, TAMBÉM, CONTEMPLADO PELOS
INICIADOS HIPERBÓREOS.
Naturalmente, tal “conteúdo”, por pertencer a um continente EXTERNO aos objetos
culturais, se encontra distribuído ENTRE os objetos culturais emergentes e referentes (O.C.E.
e O.C.R.).
O conteúdo dos Registros culturais, sobre o qual ainda não temos indagado, pode ser
compreendido pela faculdade de anamnese dos Iniciados Hiperbóreos. Sem embargo, os Inici-
ados somente estão realmente habilitados para empregar sua faculdade de anamnese quando
previamente compreende as funções que os Aspectos do Demiurgo deslocam nas superestru-
turas, em geral, e nos Registros culturais em particular. Impõe-se, pois, um estudo prévio sobre
o tema como preparação final à explicação da faculdade de anamnese e do conteúdo dos Re-
gistros culturais.

E13 – Os Aspectos do Demiurgo e o sistema real.

O Demiurgo se manifesta no organismo macrocósmico sob diferentes “Aspectos”; as-


sim, na figura 38 vemos que a Manifestação (12) se realiza com o Aspecto Beleza no plano
arquetípico, com o Aspecto Amor no seio das culturas exteriores e com o Aspecto Raça Sagrada
na esfera do Sentido do Mundo: tais Aspectos são análogos, respectivamente, ao sujeito racio-
nal, ao sujeito cultural e ao sujeito consciente, ou seja, aos “aspectos” do sujeito anímico micro-
cósmico. Na figura 66, por outra parte, se tem representado analogamente ao Aspecto Logos
do Demiurgo, correspondente ao aspecto logos Kundalini no microcosmo: o Aspecto Logos,
apesar de seu poder plasmador sobre os entes do macrocosmo, ou seja, sua “Faculdade de
designar” a Vox dispõe da Faculdade de registrar que lhe permite explorar e reproduzir o con-
teúdo dos Registros ônticos, tal como se explicou no inciso “Memórias microcósmicas e Re-
gistros macrocósmicos”. É importante indagar agora qual Aspecto do Demiurgo interessa no

355
conteúdo dos Registros culturais.
Mas antes de responder devemos esclarecer bem a pergunta por que O CONTEÚDO
DOS REGISTROS CULTURAIS NÃO É “REPRODUZIDO” PELO DEMIURGO DE
MANEIRA SEMELHANTE AO CONTEÚDO DOS REGISTROS ÔNTICOS, OU SEJA,
SOBRE UMA “TELA”, SENÃO QUE O MESMO É “VIVENCIADO” DIRETAMENTE
NO REGISTRO CULTURAL POR INTERMÉDIO DO “ARQUÉTIPO ASTRAL”.
Recordemos que todo Arquétipo universal é uma emanação do Demiurgo por meio da
qual Ele se manifesta e conforma o plano físico macrocósmico; no caso particular dos Arqué-
tipos astrais, o Demiurgo os emana para animar as superestruturas das culturas externas e se
manifesta neles mediante seu Aspecto Amor ou Sabedoria. Mas isto já foi adiantado no comen-
tário Sétimo, e exemplificado sinoticamente na figura 38 com referência a sua correspondência
microcósmica: “O sujeito anímico (4) se manifesta na estrutura cultural (8) como sujeito cultu-
ral, vivenciando os sistemas como “representações racionais”; uma representação racional é um
conceito fatia do esquema da Relação notado no contexto de um plano de significação hori-
zontal”. “Analogamente, a Manifestação (12) se expressa nas culturas exteriores como Aspecto
Amor ou Sabedoria do Demiurgo, VIVENCIANDO as superestruturas por meio dos Arqué-
tipos psicóideos que as sustentam: a força que religa aos objetos culturais exteriores é o amor
do pasu (ou seja, uma forma da “dor”), energia aportada por toda a comunidade sociocultural
desde o inconsciente coletivo universal ou mundo astral (18) e que “alimenta” aos Arquétipos
psicóideos ou egrégoras. O Demiurgo, com seu Aspecto Amor- Sabedoria, pode VIVENCIAR
uma cultura exterior (16) como “super conceito”, ou seja, pode notá-la no contexto de uma
superlinguagem, um espaço de significação horizontal”.
É clara agora, em resposta à indagação anterior, que o Aspecto Amor “vivencia” o con-
teúdo dos Registros culturais do mesmo modo que é capaz de “vivenciar” toda a superestrutura
de uma cultura externa: por meio dos Arquétipos astrais que vitalizam o sistema trófico da
superestrutura orgânica. O Registro cultural é somente um elemento de grau menor do sistema
trófico, ou seja, uma “conexão trófica”, e por isso seu conteúdo pode ser vivenciado em todo
momento pelo Aspecto Amor: porque os Arquétipos astrais mantêm permanentemente a vita-
lidade do Registro cultural para sustentar o valor geral do objeto cultural. Na figura 78 isto
significa que o Aspecto Amor pode vivenciar o Registro cultural pois o mesmo é uma co-
nexão trófica que sustenta o órgão 2, vale dizer, uma conexão de sentido que sustenta o valor
de cavalo cultural. Sem embargo, NÃO HÁ DE ESQUECER QUE O ESPAÇO ANÁLOGO
(TT, É, LD) DA FIGURA CORRESPONDE A “UM” DOS MÚLTIPLOS “ESPAÇOS DE
SIGNIFICAÇÃO” QUE INTEGRA O ESPAÇO MACRO-CÓSMICO: a importância desta
advertência ficará em evidência muito em breve.
Deixemos pelo momento ao Aspecto Amor e a sua possibilidade de vivenciar o Registro
cultural do sistema real , figura 78, e consideremos ao Aspecto Raça Sagrada e a sua função

356
de perceber o sentido cultural emergente no Umbral de sentido. Tenhamos presente, antes de
tudo, o comentário Décimo segundo, sempre com referência à figura 38: “O sujeito anímico
(3) se manifesta na esfera de luz (10) como sujeito consciente. Ali, o sujeito consciente “vê”
emergir as ideias através do umbral de consciência e percebe imagem e significado”. “Analoga-
mente, a manifestação (12) se expressa no mundo exterior como “raça sagrada” (18). O Demi-
urgo, PELOS OLHOS DE SUA RAÇA SAGRADA, “vê” surgir os objetos culturais, os entes
assinados pelo pasu, desde o UMBRAL DE SENTIDO, ou seja, desde o limite que separa a
uma cultura no mundo exterior do indiferenciado, dos entes cujo desígnio ainda não foi desco-
berto. A compreensão macrocósmica das culturas exteriores, as quais consistem em superes-
truturas de objetos culturais e microcosmo, e a apreensão do Sentido do Mundo que as comu-
nidades socioculturais permanentemente sustentam e desenvolvem, constituem a Consciência
do Demiurgo propriamente dita; compreensão e apreensão que, naturalmente, sucedem no
tempo transcendente”.
De acordo com o comentário Décimo segundo, o Aspecto Raça Sagrada percebe a
emergência dos objetos culturais de maneira análoga à como o sujeito consciente percebe a
emergência das representações conscientes. Mas, da Primeira Parte, sabemos que o sujeito cons-
ciente deve OPOR-SE à corrente do tempo imanente, em que consiste sua essência, para RE-
TER às imagens que emergem pelo umbral de consciência, ou seja, deve situar-se em posição
S.P.E. (S-ujeto em P-resente E-xtensivo, figura 25); desse modo, em S.P.E., o sujeito consciente
“mira” o umbral de consciência ψ e consegue reter as imagens emergentes. Analogamente, o
Aspecto Raça Sagrada, cuja essência última é o tempo transcendente, a Consciência do Demi-
urgo, deve OPOR-SE à corrente anisotrópica do tempo transcendente para RETER aos obje-
tos culturais que emergem pelo umbral de sentido, ou seja, deve situar-se em PRESENTE
EXTENSIVO. Esta disposição do Demiurgo se denomina Aspecto R-aça S-agrada N-o P-
resente E-xtensivo ou A.R.S.E.P.E. Na figura 78 se tem assinalado o “ponto de vista do As-
pecto Raça Sagrada”, o A.R.S.E.P.E., como situado por debaixo do plano horizontal (LD, É)
do sistema real: desde ali, “de costas” à corrente do tempo transcendente, o A.R.S.E.P.E., espera
a emergência do objeto cultural para retê-lo e perceber seu sentido cultural, ou seja, seu valor
particular.
Se compararmos o esquema energético macrocósmico da figura 39 com a figura 78,
comprovamos que a primeira representa somente um plano, o (TT, É), do espaço análogo (TT,
LD, É) expresso na segunda. Sem embargo, o plano da figura 39 nos ensina a emergência do
objeto cultural até atravessar o umbral do sentido e manifestar-se frente ao A.R.S.E.P.E. Para
observar com detalhes esta disposição do Aspecto Raça Sagrada, que lhe permite situar-se na
posição ao umbral de sentido e reter ao objeto cultural emergente (O.C.E.), no caso do cavalo
cultural da figura 78, haveria que atender com preferência o plano (TT, É), destacando nele o
umbral de sentido e a posição A.R.S.E.P.E. Esta possibilidade nos brinda a figura 79, onde

357
vemos que o aspecto Raça Sagrada, como A.R.S.E.P.E., se encontra frente ao cavalo cultural
emergente (O.C.E.) para retê-lo e apreender seu sentido; o cavalo cultural 2, por seu lado, se
encontrava inicialmente na região B, como cavalo ôntico, até que foi afirmada sua matriz es-
sencial e se estabeleceu a conexão de sentido ou Registro cultural com o objeto cultural refe-
rente (O.C.R.) 6: então o cavalo cultural iniciou a emergência até o umbral de sentido impelido
pela dor, ou seja, pela força da primeira intenção; ao atravessar o umbral e emergir na região D,
“esfera de sentido do Mundo”, análoga à esfera de luz da estrutura psíquica microcósmica, o
cavalo cultural se enfrenta ao A.R.S.E.P.E., quem o retém e percebe seu valor cultural.

Neste exame da figura 79, convém notar duas coisas. A primeira é que a posição
A.R.S.E.P.E., frente ao cavalo cultural, ou qualquer outro O.C.E., permite a efetiva observação

358
da tela ôntica e, portanto, favorece o acesso do conteúdo do Registro ôntico. Não há que insis-
tir, pois já o temos feito em que a exploração destes Registros deve ser cuidadosamente evitada
pelo Iniciado Hiperbóreo.
O segundo que há que notar é que, logo que os objetos culturais (O.C.E. e O.C.R.) do
sistema real têm emergido pelo umbral de sentido, seu enlace, ou seja, o Registro cultural
permanece INVISÍVEL para o A.R.S.E.P.E.: isto significa que nenhum membro da raça sa-
grada, e muito menos o pasu, poderá perceber as conexões de sentido reais que determinam o
valor cultural; tal invisibilidade dos Registros culturais (R.C.) impede perceber a composição
orgânica da superestrutura e revela, em compensação, um conjunto de objetos culturais distri-
buídos no espaço cultural e aparentemente desconectados entre si.

359
Para visualizar analogamente este fenômeno, e compreender sua causa, foi confeccio-
nada a figura 80: separou-se ali, alegoricamente, ao valor geral do valor particular no cavalo
cultural 2; deste modo a figura representa o fato de que o sistema real PERMANECE SEM-
PRE NA REGIÃO B, ONDE É COMPLETAMENTE INVISÍVEL PARA O A.R.S.E.P.E.;
entretanto, quando o valor geral resulta afirmado com referência a um objeto cultural particular,
o cavalo cultural (O.C.E.) emerge com valor particular e se manifesta na esfera de Sentido do
Mundo, região D; esta manifestação do valor particular equivale a um realce que o torna visível
ao A.R.S.E.P.E.: mas um realce que descola sobre o valor geral que lhe serve de suporte funda-
mental na região B, qual é a força que impele e sustenta a emergência do valor particular? Res-
posta: tal como se indica na figura 80, A ENERGIA ASTRAL QUE APORTA O ARQUÉ-
TIPO ASTRAL ATRAVÉS DA CONEXÃO TRÓFICA , ou REGISTRO CULTURAL:
O CAVALO CULTURAL 2 RECEBE DA CONEXÃO TRÓFICA A “VITALIDADE AS-
TRAL” QUE SUSTENTA AO VALOR PARTICULAR EMERGENTE NA REGIÃO D.
E O A.R.S.E.P.E. SOMENTE “VÊ” ESTA APARÊNCIA CULTURAL: OS OBJETOS
EMERGENTES (O.C.E.) e REFERENTES (O.C.R.) APARECEM DISTRIBUÍDOS NO
ESPAÇO CULTURAL SEM EVIDENTE CONEXÃO ENTRE SI.

E14 – Conteúdo e dimensões do registro cultural.

Sabemos da Primeira Parte, que um SISTEMA SIMPLES da estrutura cultural se com-


põe de dois NÓS unidos por um ENLACE, vale dizer, de dois Princípios e uma Relação co-
mum (figura 13). Os SISTEMAS REAIS do modelo de superestruturas, por sua parte, também
se compõem de dois nós e um enlace, ou seja, de dois objetos culturais e um Registro cultural
comum (figura 76). Entre ambos os sistemas se estabelece uma relação de simetria potencial
inversa e, portanto, seus elementos NÃO SÃO FUNCIONALMENTE ANÁLOGOS: já vi-
mos que a um enlace do sistema simples corresponde um nó do sistema real. Porém, do ponto
de vista estrutural, os elementos de ambos os sistemas SÃO GEOMETRICAMENTE ANÁ-
LOGOS: nos dois sistemas há dois nós e um enlace, geometricamente análogos. Com este
esclarecimento queremos destacar que TANTO A “RELAÇÃO” COMO O “REGISTRO
CULTURAL” SÃO GEOMETRICAMENTE ANÁLOGOS POR SEREM “ENLACES
CILÍNDRICOS”. Sendo assim, é evidente que a analogia tem de alcançar as DIMENSÕES
dos dois elementos; já se definiram as dimensões das Relações dos sistemas simples: “A analogia
entre Relação e enlace cilíndrico vai nos permitir definir certas dimensões características. Numa
Relação o tempo e a substância se reduzem no conceito de POTÊNCIA; enquanto ao “es-
paço”, a analogia se estabelece com relação à longitude e ao volume de um enlace cilíndrico.
Resumindo, toda Relação se define em base a TRÊS dimensões: sua EXTENSÃO, análoga à
LONGITUDE; sua COMPREENSÃO, equivalente ao VOLUME; e sua POTÊNCIA”. A
analogia geométrica entre os sistemas reais e os sistemas simples nos indica, pois, que os Regis-

360
tros culturais devem apresentar dimensões equivalentes às das Relações: EXTENSÃO, COM-
PREENSÃO E POTÊNCIA. Na continuação, vamos definir estas dimensões análogas em
função da percepção que os Aspectos do Demiurgo efetuam sobre os registros culturais.
Sobre a POTÊNCIA de um Registro cultural já temos dito em E10: esta não é outra
senão a POTÊNCIA ASTRAL que aporta o Arquétipo astral para vitalizar a conexão de sen-
tido, ou conexão trófica; na figura 80 se mostra analogamente como a manifestação da potência
astral, ou seja, a ENERGIA ASTRAL sustenta o valor particular do objeto cultural ORGÂ-
NICO. Vale a pena repeti-lo: “SOMENTE CASO SE TENHA PRESENTE, E NÃO SE
ESQUEÇA JAMAIS, ESTE CARÁTER ESSENCIALMENTE VITAL DO REGISTRO
CULTURAL, É POSSÍVEL COMPREENDER SEU “CONTEÚDO”, OU SEJA,
AQUILO QUE PODE SER “VIVENCIADO” PELO DEMIURGO E, TAMBÉM, CON-
TEMPLADO PELOS INICIADOS HIPERBÓREOS”. E, ao fim, em que consiste o CON-
TEÚDO do Registro cultural? Resposta: numa série CRONOCULTURAL. Ou seja, numa
série de “SUPER-OBJETOS AXIOLÓGICOS” que vão desde o objeto cultural referente (R)
até o objeto cultural emergente (E): “Naturalmente”, tal “conteúdo”, por pertencer a um con-
tinente EXTERNO aos objetos culturais, se encontra distribuído ENTRE os objetos culturais
emergentes e referentes”. Em F6 se explicará com detalhes em que consiste um “super-objeto
axiológico”; por hora há que se ter presente que cada membro da série cronocultural é um
“super-objeto axiológico” e que cada super-objeto se compõe de uma estrutura de objetos axi-
ológicos: o super-objeto axiológico representa pontualmente ao O.C.E. e a seu contexto axio-
lógico em um instante absoluto de tempo transcendente.
A série de super-objetos axiológicos integra a estrutura da conexão de sentido e é o fator
determinante da constituição relativa do valor cultural. Sua subsistência como “conteúdo” do
Registro cultural se deve à plasmação que sobre a vitalidade do Arquétipo astral exerce a afir-
mação do pasu: cada relação do contexto axiológico que o pasu afirma ao por sentido no ente
causa um Registro cultural com uma série de super-objetos axiológicos relativos. Esta série cro-
nocultural se encontra estruturada no Registro cultural como um conteúdo mnemônico per-
manente: porém, a cada instante de tempo transcendente, se integra nos extremos da série um
novo objeto axiológico. Tais “novos objetos” são os valores relativos e instantâneos dos objetos
culturais E e R que, em lugar de “perder-se no passado” se plasmam sucessivamente no Regis-
tro cultural e subsistem integrados na série cronocultural. Por este caráter cronológico é que ao
conteúdo do Registro cultural também se denomina HISTÓRIA CULTURAL RELATIVA
do objeto cultural.
O conteúdo do Registro cultural é objeto da percepção do Demiurgo; mais ELE NÃO
REPRODUZ a história natural relativa, de maneira semelhante à história natural contida nos
Registros ônticos, senão que a VIVENCIA por meio de seu Aspecto Amor Sabedoria. Para

361
esclarecer esta diferença, temos de nos referir agora às dimensões EXTENSÃO e COMPRE-
ENSÃO do Registro cultural.
Já sabemos que em um enlace cilíndrico, a longitude é análoga à EXTENSÃO e o vo-
lume à COMPREENSÃO. Mas o Registro cultural é INVISÍVEL e suas dimensões não po-
dem ser verificadas diretamente; não obstante, no caso da EXTENSÃO, esta guarda uma rela-
ção topológica com a DISTÂNCIA REAL que media entre dois objetos culturais: a DISTÂN-
CIA reflete nalguma medida a EXTENSÃO invisível do Registro cultural. E a “distância” é o
que o A.R.S.E.P.E., e todo pasu ou virya perdido, percebe como separação entre objetos cul-
turais, tal como se pode observar na figura 79. Desse ponto de vista, frente ao objeto cultural
emergente (E), o Aspecto Raça Sagrada se encontra no “presente EXTENSIVO”. Isto significa
que a VISÃO NORMAL dos objetos culturais, tanto por parte do pasu como do virya perdido,
é essencialmente EXTENSIVA. Pois bem: UMA VISÃO EXTENSIVA DA REALIDADE
JAMAIS CONSEGUIRÁ VISUALIZAR, TÃO SEQUER INFERIR, OS REGISTROS
CULTURAIS. PARA TAL VISÃO, OS OBJETOS CULTURAIS APARECEM “DESCO-
NECTADOS” ENTRE SI, COMO “INDEPENDENTES” DO CONTEXTO, ETC.
Mas, se o registro cultural é invisível, o pasu tampouco conseguirá COMPREENDÊ-
LO, ou seja, apreender sua estrutura de objetos axiológicos: essa possibilidade, naturalmente,
somente está ao alcance do Aspecto Amor do Demiurgo e, segundo veremos, do Iniciado Hi-
perbóreo. O Registro cultural apresenta uma CAPACIDADE determinada pela estrutura da
série de super-objetos axiológicos: a percepção completa de tal capacidade é a COMPREEN-
SÃO propriamente dita.
Mas o registro cultural é uma “conexão trófica”, um enlace vitalizado pelo Arquétipo
Astral; seu “conteúdo”, a série cronocultural, é uma “estrutura viva”: PARA COMPREEN-
DER A CAPACIDADE DO REGISTRO CULTURAL, O ASPECTO AMOR SOMENTE
TEM QUE IDENTIFICAR-SE COM O ARQUÉTIPO ASTRAL E DIFUNDIR-SE NA
ESTRUTURA VIVA; OU SEJA, SOMENTE TEM QUE “VIVENCIAR” A ESTRUTURA
VIVA DO REGISTRO CULTURAL. O conteúdo do Registro cultural se revela, assim, ao
Aspecto amor, no curso de uma vivencia integral, como apreensão compreensiva da série cro-
nocultural, ou seja, de maneira muito diferente à reprodução do conteúdo dos Registros ônti-
cos.
Quando o Aspecto Amor efetua a vivência de um Registro cultural da superestrutura,
atua de maneira análoga ao caso em que o sujeito cultural vivencia uma Relação da estrutura
cultural: no primeiro caso o Demiurgo se representa um SUPER CONCEITO de um sistema
real; no segundo caso o sujeito anímico se representa um CONCEITO de um sistema simples.
Há que se ter bem claro esta analogia funcional, pois do contrário poderia cometer-se o erro de
supor que basta a mera “vivência” do Registro cultural para captar sua COMPREENSÃO: a
“vivência”, em efeito, permite compreender a capacidade do Registro cultural, mas sempre e

362
quando a mesma seja completa, ou seja, sempre que abarque em sua totalidade à estrutura viva;
E ESTA CONDIÇÃO NÃO SE CUMPRE SE A VIVÊNCIA SE REALIZA EM UM
ÚNICO ESPAÇO DE SIGNIFICAÇÃO, OU SEJA, NO CONTEXTO DE UMA SUPER-
LINGUAGEM PARTICULAR; NESSE CASO, SOMENTE SE CONSEGUIRÁ NOTAR
UM SUPER CONCEITO DO SISTEMA REAL.
No caso do cavalo cultural, figuras 78 e 79, o sistema real pertence ao espaço de
significação (LD, É, TT), UM dos múltiplos espaços de significação que integra o Terrível Se-
gredo de Maya. Este espaço contém o contexto de somente UMA superlinguagem: daí que a
vivência do Registro não implique automaticamente sua compreensão senão a apreensão
de UMA PARTE da estrutura viva, vale dizer, a representação de um super conceito.
Se bem a vivência de um Registro cultural pelo Aspecto Amor é análoga à vivência de
uma Relação pelo sujeito cultural, devemos advertir nessa relação uma importante diferença.
Em efeito, o sujeito cultural, quando vivencia a relação pensada, a nota NO PLANO DE UMA
LINGUAGEM HABITUAL (S, TT), ao que temos chamado “PLANO DE SIGNIFICAÇÃO
E CONTEXTO” (figuras 20 e 21): tal notação equivale a perceber somente uma FATIA hori-
zontal do enlace cilíndrico em que consiste a Relação; a essa porção da compreensão se a co-
nhece como CONCEITO FATIA do esquema ou verdade do ente (figura 16): uma relação
pode ser notada em qualquer dos múltiplos planos de significação que se intersectam em seu
núcleo axial de conotação e, por conseguinte, pode dar lugar a múltiplos conceitos fatia; cada
conceito fatia define um aspecto da verdade do ente (figura 46). Agora bem, o modelo dos
conceitos fatia tem efetiva validade no espaço psíquico da estrutura cultural, que é um “espaço
análogo” definido axiomaticamente em base a três dimensões (S, TT, TI): o “espaço cultural,
em compensação, onde existe o Registro cultural, é um espaço análogo projetado sobre o es-
paço real macrocósmico, ou seja, sobre o espaço do Terrível Segredo de Maya, que se compõe
de uma pluralidade de espaços imbricados; a cada um destes espaços se denomina “espaços de
significação macrocósmicos” devido a que os objetos culturais que os ocupam têm clara “sig-
nificação” para o Demiurgo, ainda que, do ponto de vista do pasu, deveriam chamar-se “espa-
ços de sentido”; em síntese: A CORRESPONDÊNCIA ANÁLOGA ENTRE O MODELO
DE ESTRUTURA CULTURAL E O MODELO DE SUPERESTRUTURAS EXIGE QUE
A CADA “PLANO DE SIGNIFICAÇÃO” EQUIVALHA UM “ESPAÇO DE SIGNIFI-
CAÇÃO”. Desse modo o conceito fatia, que ocupa o plano de significação (S, TT) será análogo
ao “super conceito” que ocupa o espaço de significação (LD, É TT). Mas, é um espaço análogo
como o (LD, É, TT) das figuras 78 e 79 (e das figuras 46, 48, 51, 56, 57, 60, 63, 74, 75 e 77) É
POSSÍVEL DESCREVER AO ENLACE CILÍNDRICO COMPLETO EM REPRESEN-
TAÇÃO DE UM SUPER CONCEITO; vale dizer, que enquanto o conceito da estrutura cul-
tural é análogo a uma fatia do enlace cilíndrico, o super conceito da superestrutura é análogo a
um enlace cilíndrico completo.

363
Resumindo, se o Aspecto Amor vivencia um registro cultural tal como o das figuras
78 e 79, ou seja, se compreende ao enlace cilíndrico, o conteúdo de pensamento é um super
conceito: isso se deve a que o espaço (LD, É, TT), no qual tem sido notado o enlace, é SO-
MENTE UM dos múltiplos espaços de significação que compõem o espaço cultural. O sistema
real , por outra parte, existe simultaneamente nos outros espaços de significação; por isso, A
COMPREENSÃO DO REGISTRO CULTURAL, será possível somente quando a apreensão
da estrutura viva se realize em todos os espaços de uma vez.
Assim, O REGISTRO CULTURAL DAS FIGURAS 78 E 79 (e similares) É UM
SUPER CONCEITO DO SISTEMA REAL .
Há que se repetir aqui que o modelo de superestruturas que utiliza a Sabedoria Hiper-
bórea apresenta rigorosa correspondência análoga com a superestrutura real; daí a insistência
em descrever com detalhes ao Registro cultural análogo: sua compreensão permitirá, também,
compreender ao Registro cultural real. Esta advertência cobra particular relevo no caso da pro-
priedade dos super conceitos análogos que estudaremos na continuação, cuja compreensão
permite aproximar-se a uma das chaves mais profundas do Terrível Segredo de Maya.
O Registro cultural pode ser vivenciado pelo Aspecto Amor como “super conceito”
do sistema real , análogo a um “conceito fatia” de um sistema simples da estrutura cultural;
mas, segundo vimos na Primeira Parte (figura 16), os conceitos fatia possuem um NÚCLEO
AXIAL CONOTATIVO, ou seja, UMA REGIÃO COMUM COM OUTROS CONCEI-
TOS; cabe, pois, perguntar-se: possuem os super conceitos alguma propriedade semelhante ao
núcleo axial de conotação dos conceitos fatia? Resposta: O “NÚCLEO AXIAL DE CONO-
TAÇÃO” DOS CONCEITOS FATIA É ANÁLOGO AO “NÚCLEO CÔNICO POLIDI-
MENSIONAL” DOS SUPER CONCEITOS OU “NÚCLEO TRANSITANTE”. Vamos
explicar esta resposta, à medida que recordemos as qualidades do núcleo axial de conotação.
Citaremos alguns parágrafos da Primeira Parte, referidos aos conceitos fatia, e mostra-
remos até onde correspondem as propriedades dos super conceitos. “Temos visto que uma
relação, tal como a do sistema xx da figura 14, pode ser “vista” ou “notada” em vários contextos
significativos ou linguagens: os conceitos resultantes são análogos à fatia da figura 16”. Analo-
gamente, UM REGISTRO CULTURAL, TAL COMO O DAS FIGURAS 78 E 79,
PODE SER “VISTO” OU “NOTADO” OU “VIVENCIADO” EM VÁRIOS CONTEX-
TOS SIGNIFICATIVOS OU SUPERLINGUAGENS: OS SUPER CONCEITOS RESUL-
TANTES SÃO ANÁLOGOS AO ENLACE CILÍNDRICO DAS FIGURAS 78 E 79. “Ob-
servemos agora a figura 15, onde, com linhas de ponto, se destacam os perfis das quatro fatias
(ou conceitos), cada uma das quais se encontram em seu plano de significação”. Analogamente,
UM REGISTRO CULTURAL EXISTE SIMULTANEAMENTE NUMA PLURALI-
DADE DE ESPAÇOS DE SIGNIFICAÇÃO, OU SEJA, POSSUEM UMA PLURALI-
DADE DE SUPER CONCEITOS. “É evidente que cada plano intersecta aos outros numa

364
reta comum, xx, que faz as vezes de eixo axial do enlace cilíndrico”. Analogamente, CADA
ESPAÇO DE SIGNIFICAÇÃO DO REGISTRO CULTURAL SE INTERSECTA COM
OS OUTROS NUMA REGIÃO COMUM, XX, SITUADA NO INTERIOR DO ENLACE
CILÍNDRICO. “Mas ditos planos correspondem a contextos significativos de linguagens dife-
rentes: então, o que certamente se intersecta no seio do sistema, são as linguagens mesmas,
como pode advertir-se na figura 14. “Analogamente, CADA ESPAÇO DE SIGNIFICAÇÃO
CONTÉM O CONTEXTO DE UMA SUPERLINGUAGEM DIFERENTE: O QUE SE
INTERSECTA NA REGIÃO COMUM, XX, DO SUPER CONCEITO SÃO, POIS, AS
SUPERLINGUAGENS MESMAS. O “CONTEXTO DE UMA SUPERLINGUAGEM”
É, DESDE LOGO, O “CONTEXTO AXIOLÓGICO” COM QUE A SUPERESTRU-
TURA DE UMA CULTURA EXTERNA DETERMINA O VALOR DE UM OBJETO
CULTURAL.
Faremos um alto aqui para esclarecer que a OBLIQÜIDADE dos planos de significação
é análoga à PROXIMIDADE dos espaços de significação. A “proximidade” dos espaços é uma
função geométrica da relação entre suas dimensões, conhecida na Sabedoria Hiperbórea como
FUNÇÃO DE APROXIMAÇÃO DIMENSIONAL: assim como a OBLIQÜIDADE pode
ser descrita mediante uma FUNÇÃO ANGULAR, por exemplo, que quantifique a inclinação
ou pendente dos planos de significação com relação a um plano horizontal de referência. Assim
também a PROXIMIDADE pode ser descrita mediante a FUNÇÃO DE APROXIMAÇÃO
DIMENSIONAL, que quantifica a RELAÇÃO GEOMÉTRICA entre as dimensões dos es-
paços de significação com relação a um espaço (LD, É, TT) “horizontal” de referência. (O de
espaço “horizontal” significa “horizontal para o pasu”, vale dizer, o espaço cultural onde radica
seu contexto axiológico, região (D) do macrocosmo, ou “mundo exterior” de sua experiência
sensível, etc.).
Segue assim a citação: “Justamente, é a distinta OBLIQÜIDADE das linguagens o que
possibilita a existência de múltiplos conceitos sobre uma mesma verdade”. Analogamente, É A
DISTINTA “PROXIMIDADE” DAS SUPERLINGUAGENS O QUE POSSIBILITA A
EXISTÊNCIA DE MÚLTIPLOS SUPER CONCEITOS SOBRE UM MESMO REGIS-
TRO CULTURAL. “Tal intersecção de linguagens produz nas quatro fatias-conceito uma re-
gião comum ao redor do eixo axial xx, segundo se mostra na figura 16: esta região se denomina
NÚCLEO CONOTATIVO DE CONCEITO ou simplesmente CONOTAÇÃO”. Analoga-
mente, A INTERSECÇÃO DAS SUPERLINGUAGENS PRODUZ UMA REGIÃO CO-
MUM, XX, NOS SUPER CONCEITOS DENOMINADA “NÚCLEO CÔNICO POLI-
DIMENSIONAL DO REGISTRO CULTURAL” OU “NÚCLEO TRANSITANTE”, SE-
GUNDO SE MOSTRA NA FIGURA 81.

365
“Cada conceito COMPREENDE todas as notas sobre a verdade do ente notadas no
contexto significativo de uma linguagem. Mas o fato de que todos os conceitos de uma mesma
verdade se sobreponham numa região comum implica a comunidade de alguma classe de notas.
Em outros termos: os conceitos de uma mesma verdade participam de certas notas comuns.
Mas, onde está a região das notas comuns? Segundo se vê na figura 16: NO PROFUNDO DO
CONCEITO, OU SEJA, NO CENTRO DA COMPREENSÃO”. Analogamente, CADA
SUPER CONCEITO COMPREENDE TODOS OS SUPER-OBJETOS AXIOLÓGICOS
DA SÉRIE CRONOCULTURAL RELATIVOS AO OBJETO CULTURAL EMER-
GENTE (E) E AO OBJETO CULTURAL REFERENTE (R) DO CONTEXTO AXIO-
LÓGICO DE UMA SUPERLINGUAGEM. MAS O FATO DE QUE TODOS OS SUPER
CONCEITOS DE UM MESMO REGISTRO CULTURAL SE SOBREPONHAM NUMA
REGIÃO COMUM IMPLICA A COMUNIDADE DE ALGUMA CLASSE DE OBJETOS
AXIOLÓGICOS COMUNS. EM OUTROS TERMOS: OS SUPER CONCEITOS DE UM
MESMO REGISTRO CULTURAL PARTICIPAM DE CERTOS OBJETOS AXIOLÓGI-
COS COMUNS. MAS, ONDE ESTÁ A REGIÃO DOS OBJETOS AXIOLÓGICOS CO-
MUNS? RESPOSTA: “SEGUNDO SE VÊ ANALOGAMENTE NA FIGURA 81, NO
PROFUNDO DO SUPER CONCEITO, OU SEJA, NO CENTRO DA COMPREEN-
SÃO”.

366
A figura 81 mostra com linhas de ponto que o volume do enlace cilíndrico apresenta
DOIS ESTRANGULAMENTOS nos pontos vértice assinalados com a letra grega Qui (χ):
por essa causa, podem distinguir-se TRÊS REGIÕES DE FORMA CÔNICA. A primeira é
um espaço cônico cuja base consiste na tapasigno (R) e seu vértice no ponto χ; a terceira, aná-
loga à primeira, é um espaço cônico com base no tapasigno (E) e vértice no ponto χ . E a
segunda região, cujo espaço tem forma de dois cones unidos pela base, se estende entre seus
dois vértices χ . Essa segunda região, situada no CENTRO do enlace cilíndrico, é o equivalente
análogo do NÚCLEO CÔNICO POLIDIMENSIONAL DOS SUPER CONCEITOS ou
NÚCLEO TRANSITANTE.
Como anteriormente explicado, a definição do núcleo conotativo dos conceitos prosse-
guiu da seguinte forma: “É por essa condição (por esse caráter CENTRAL e PROFUNDO do
núcleo axial conotativo) que, o pensar PROFUNDAMENTE o conceito de uma verdade, pode
causar a percepção de segundos significados, ou seja, a CO-NOTAÇÃO de outros conceitos
sobre a mesma verdade. O que ocorre que a profundidade do pensamento conduz ao núcleo
conotativo, ao eixo axial da Relação, ou seja, ao eixo onde se intersectam as linguagens, e por
isso é possível, desde ali, VISLUMBRAR outros contextos de significação, notar outros con-
ceitos conotativos. Daí que o acesso racional a uma mais completa compreensão da verdade de
um ente consista em aprofundar o conceito até dar com o núcleo conotativo, procurando logo
que a faculdade tradutiva exerça a intuição intelectual dos conceitos conotados”. A interpreta-
ção análoga deste parágrafo tem de permitir intuir, desde já, o poder da faculdade de anamnese
dos Iniciados Hiperbóreos.
Analogamente, pois, SE O INICIADO HIPERBÓREO EXPLORA PROFUNDA-
MENTE O SUPER CONCEITO DE UM REGISTRO CULTURAL PODE PERCEBER
SEGUNDOS SENTIDOS EM SEU CONTEÚDO, OU SEJA, PODE “TRANSITAR”
POR OUTROS SUPER CONCEITOS DO MESMO REGISTRO CULTURAL. O QUE
OCORRE É QUE A PROFUNDIDADE DA EXPLORAÇÃO CONDUZ AO NÚCLEO
TRANSITANTE, AO NÚCLEO CÔNICO POLIDIMENSIONAL DO REGISTRO CUL-
TURAL, OU SEJA, À REGIÃO ONDE SE INTERSECTAM OS ESPAÇOS DE SIGNI-
FICAÇÃO E AS SUPERLINGUAGENS, E POR ISSO É POSSÍVEL, DALI, “VISLUM-
BRAR” OUTROS CONTEXTOS AXIOLÓGICOS, NOTAR OUTROS SUPER CON-
CEITOS TRANSITANTES. DAI QUE O ACESSO INICIÁTICO A UMA MAIS COM-
PLETA COMPREENSÃO DE UMA SÉRIE CRONOCULTURAL CONSISTA EM
APROFUNDAR O SUPER CONCEITO ATÉ DAR COM O NÚCLEO TRANSITANTE,
PROCURANDO LOGO QUE A “FACULDADE DE ANAMNESE” EXERÇA A IN-
TUIÇÃO INTELECTUAL DOS SUPER CONCEITOS TRANSITADOS.
Mas, se este parágrafo tem permitido intuir o poder da faculdade de anamnese, a inter-
pretação análoga do que segue o revelará com plenitude. “A possibilidade de alcançar o núcleo

367
conotativo que subjaz em todo conceito pode ter, também, outra importante utilidade: ao per-
ceber o conceito conotante é factível AVANÇAR SOBRE O CONTEXTO SIGNIFICA-
TIVO DE SUA LINGUAGEM e chegar até a estrutura habitual ou origem virtual de tal lin-
guagem. Desta maneira se consegue reconstruir sistematicamente linguagens que até então so-
mente eram virtuais, vale dizer, eram possibilidades da estrutura cultural”. Analogamente, A
POSSIBILIDADE QUE DISPÕE O INICIADO HIPERBÓREO DE ALCANÇAR O
NÚCLEO TRANSITANTE PODE TER, TAMBÉM, OUTRA IMPORTANTE UTILI-
DADE: AO PERCEBER UM SUPER CONCEITO TRANSITADO, OU SEJA, SITUADO
NOUTRA ESPAÇO DE SIGNIFICAÇÃO, A FACULDADE DE ANAMNESE O CAPA-
CITA PARA AVANÇAR FACTUALMENTE SOBRE O CONTEXTO AXIOLÓGICO
DE SUA SUPERLINGUAGEM. Se a “faculdade tradutiva” do sujeito cultural permite a “co-
notação” desde o núcleo conotativo dos conceitos, a “faculdade de anamnese” do Iniciado
Hiperbóreo possibilita o “transitar”, o passo físico a outro espaço de significação, desde o nú-
cleo transitante dos super conceitos.
Se esclarecer, então, o poder que a faculdade de anamnese põe à disposição do Iniciado
Hiperbóreo: ALÉM DE CONTEMPLAR O CONTEÚDO DOS REGISTROS CULTU-
RAIS, PODE PASSAR REALMENTE, COM SEU CORPO FÍSICO, DESDE SEU ES-
PAÇO DE SIGNIFICAÇÃO HORIZONTAL A QUALQUER OUTRO ESPAÇO QUE
APROXIME SUA FACULDADE DE ANAMNESE. Em outros termos, TORNAR-SE
TÃO INVISÍVEL COMO UM REGISTRO CULTURAL, OU MARCHAR ATÉ OUTROS
ESPAÇOS DE SIGNIFICAÇÃO MACRO-CÓSMICOS, SÃO POSSIBILIDADES CON-
CRETAS QUE TEM A SEU ALCANCE O INICIADO HIPERBÓREO. Deve ser claro
também que o exercício deste poder não orienta por si mesmo ao Espírito aprisionado: pelo
contrário, um emprego errôneo do mesmo poderia mergulhar ao Espírito numa confusão pior
ou causar o extravio do Iniciado em regiões ignotas do Terrível Segredo de Maya. Mas os Ini-
ciados Hiperbóreos, logo, jamais empregam a faculdade de anamnese para outros fins que não
sejam os de sua Estratégia de liberação espiritual, ou quando o Kairos assim o requer.

F – FACULDADE DE ANAMNESE DO INICIADO HIPERBÓREO.

A faculdade de anamnese é a capacidade que dispõe todo Iniciado Hiperbóreo para RE-
MEMORAR o conteúdo dos Registros culturais.
Já sabemos que sobre os mesmos opera o Aspecto Amor e que sua vitalidade seja pro-
veniente do Arquétipo astral da superestrutura; frente a esta realidade, se entende que o Iniciado
deve ser sumamente cauto posto que os perigos sejam terríveis e variados: por exemplo, a su-
perestrutura viva pode capturar a estrutura cultural e integrar ao explorador numa trama dra-
mática; ou pode ocorrer que o Aspecto Amor fagocite ao sujeito anímico e cause a desintegra-
ção do organismo microcósmico; ou que o Iniciado, por ignorância ou imprudência, se interne

368
em um espaço de significação aproximado e depois não saiba regressar a seu próprio contexto
cultural, ficando definitivamente extraviado no Terrível Segredo de Maya; etc.
Mas todos estes perigos se tornam ineficazes quando o Iniciado atua segundo pautas
estratégicas precisas e tem sido capaz de COMPREENDER ao Registro cultural que procura
investigar. Entretanto, tal compreensão não poderá efetuá-la desta posição gnosiológica “nor-
mal” de todo pasu ou virya perdido, ou seja, do ponto de vista do A.R.S.E.P.E.: o Iniciado
Hiperbóreo deve situar-se no PRESENTE COMPREENSIVO do sistema real, ou seja, numa
posição I.H.P.C. (Iniciado Hiperbóreo em Presente Compreensivo) da qual é possível captar a
COMPREENSÃO do Registro cultural. O I.H.P.C. está, então, como “DE COSTAS” ao sis-
tema real, vendo aos objetos culturais (O.C.E. e O.C.R.) RETIDOS no presente extensivo do
A.R.S.E.P.E. ou vendo-os, também, circular levados pela corrente de Consciência do tempo
transcendente. Para entender esta ação é imprescindível destacar que o Iniciado Hiperbóreo é
quem tem diferenciado definitivamente o Eu do sujeito consciente: em sua estrutura psíquica
o Eu desperto está RUNICAMENTE isolado do sujeito consciente. É por isso que o Iniciado
Hiperbóreo pode assumir as duas posições de uma vez: ENQUANTO QUE O SUJEITO
CONSCIENTE AFIRMA COM SUA EXPRESSÃO AO SISTEMA REAL OBSERVADO,
E O RETÉM NO “PRESENTE EXTENSIVO”, POIS TODO SUJEITO ANÍMICO
EQUIVALE AO A.R.S.E.P.E., O EU DESPERTO CONTEMPLA AO MESMO SISTEMA
REAL NO “PRESENTE COMPREENSIVO” (figura 81).
O tipo de Iniciado Hiperbóreo que estamos considerando ou “Cavaleiro Tirodal”, ou
seja, quem tem isolado seu Eu perdido por meio da “via da oposição estratégica”. Como vere-
mos, durante a ORDENAÇÃO do Cavaleiro, o Eu perdido é resignado simultaneamente em
DOIS MUNDOS com a Sagrada Runa Tirodal: na Terra, a CERIMÔNIA de iniciação é cele-
brada por um Pontífice Hiperbóreo, ou seja, por um antigo Construtor de Pontes da Einherjar
de Wotan; no Valhala, em Agartha, um Siddha Leal pronuncia a runa na língua Tirodal de Wo-
tan e a plasma definitivamente sobre o corpo astral do Iniciado. Desde então, o Eu será imortal
porque estará sustentado pela Runa Sagrada, a qual não pode ser afetada por nenhuma forma
energética de caráter arquetípico. Naturalmente, que a iniciação somente poderá obter-se no
Kairos justo, num momento que NÃO PODE SER DETERMINADO A PARTIR DESTA
TERRA SENÃO DESDE O VALHALA.
Logo de ser ORDENADO Cavaleiro, o Iniciado deve passar as provas e aguardar o
próximo Kairos, quando será ARMADO Cavaleiro Tirodal, ou seja, quando lhe será confiada
a ESPADA DE WOTAN, a RUNA GIBUR. Realizasse aqui uma nova CERIMÔNIA, du-
rante a qual o Pontífice e os Siddhas Leias plasmam a Runa Gibur na FENESTRA INFER-
NALIS da Runa Tirodal, colocando seu terrível poder ao alcance do Eu: SOMENTE ENTÃO,
QUANDO O INICIADO HIPERBÓREO É UM CAVALEIRO TIRODAL ARMADO
COM A RUNA GIBUR, O PONTÍFICE DA ORDEM AUTORIZA A EXPLORAÇÃO

369
DOS REGISTROS CULTURAIS.

F1 – Escada Caracol e Escada Infinita.

Dois motivos principais levam aos Iniciados Hiperbóreos a explorar os Registros cultu-
rais: um é a necessidade de conhecer A HISTÓRIA CULTURAL RELATIVA de algum objeto
cultural, ou seja, conhecer o CONTEÚDO do Registro cultural; outro é a necessidade de SAL-
VAR UMA DISTÂNCIA, ESPACIAL OU TEMPORAL, relativa a algum objeto cultural, ou
seja, TRANSITAR-SE desde o núcleo cônico polidimensional de Registro cultural. Ambos ob-
jetivos se concretizam mediante a FACULDADE DE ANAMNESE.
A primeira necessidade se compreende se esclarecermos que a “história cultural” pode
ser relativa a qualquer objeto cultural, por exemplo, uma obra de arte, uma arma, um objeto
ritual antigo, uma cidade, um caminho, etc., e, inclusive, uma pessoa ou um personagem. A
faculdade de anamnese permitirá, em qualquer caso, conhecer A VERDADEIRA HISTÓRIA
do objeto cultural de referência, evitando assim cair no engano da desinformação inimiga. Esta
orientação o iniciado a obtém por simples contemplação do objeto cultural referente em
I.H.P.C. e pela aplicação da “técnica de resignação rúnica passo a passo”. Vale dizer, não se
executa aqui nenhum ato orgânico exterior: a exploração do registro cultural, a compreensão
de seu conteúdo, é um ato puramente egóico, um conhecimento logrado exclusivamente pelo
Eu do I.H.P.C.
Distinto é o segundo caso, porque então o iniciado se compromete fisicamente em um
deslocamento instantâneo através das dimensões reais do tempo e do espaço: desde o núcleo
transitante, o Iniciado pode viajar instantaneamente a outro espaço de significação macrocós-
mico e situar-se no contexto axiológico de outro super conceito do Registro cultural explorado.
Entretanto, isso requer uma rigorosa preparação prévia, contar com um “fio de Ariadne, que
assegure o regresso ao contexto axiológico habitual. Por isso. Salvo o caso de uma necessidade
extrema ou o requerimento do Kairos, o Iniciado Hiperbóreo somente se internará no núcleo
transitante da mão do Pontífice Hiperbóreo, que é quem sabe sempre, em qualquer espaço de
significação que se encontre, construir a ponte metafísica até o contexto habitual: o Pontífice
Hiperbóreo, em efeito, tem o Eu desperto no selbst e conhece O SEGREDO DA PONTE E
DO VÔO, sendo impossível seu extravio; pelo contrário, o Pontífice é quem ensina aos Cava-
leiros Tirodal a ponte até a orientação absoluta do Espírito eterno.
A Sabedoria Hiperbórea afirma, alegoricamente, que a faculdade de anamnese dos Ca-
valeiros Tirodal dota aos mesmos de uma ESCADA CARACOL para subir EXTERNA-
MENTE ao PONTO TAU. O PONTO TAU é o primeiro ponto tetrarque do caminho LA-
BRELIX, o momento do aprisionamento espiritual ao Símbolo de Origem; INTERNA-
MENTE, este ponto é alcançado pelo Eu do Iniciado depois de ser ARMADO Cavaleiro Ti-

370
rodal: porque A RUNA GIBUR ASSINALA JUSTAMENTE ESSE PRIMEIRO TETRAR-
QUE. Entretanto, a faculdade de anamnese tem de aplanar, posteriormente, a distância espacial
e temporal que separa EXTERIORMENTE ao Iniciado do PONTO TAU: É POSSÍVEL
ENTÃO ALCANÇAR FISICAMENTE O PONTO TAU HISTÓRICO, DESLOCAR-SE
ATÉ O LUGAR E O INSTANTE PASSADO EM QUE OCORREU A QUEDA DO PRÓ-
PRIO ESPÍRITO HIPERBÓREO. Até ali viajará o Cavaleiro Tirodal graças à ESCADA CA-
RACOL que construirá com sua faculdade de anamnese, vale dizer, graças a uma ESCALA
cuja estrutura estará conformada funcionalmente por matrizes arquetípicas do desígnio caracol.
Mas, quando o Cavaleiro Tirodal acessa ao PONTO TAU, quando tem escalado até o
último degrau da ESCADA CARACOL, quando se tem cumprido o Regresso à Origem, em
realidade se encontra frente ao umbral de uma segunda ESCADA, denominada ESCADA IN-
FINITA: é a ponte metafísica até o selbst que somente sabem construir os Pontífices Hiperbó-
reos e que, portanto, somente pode ser ENSINADO ao Cavaleiro Tirodal no curso de uma
Segunda Iniciação Hiperbórea.
Com respeito à Escada Caracol, cabe agregar que seu emprego é inevitável caso se pre-
tenda regressar FISICAMENTE à Origem: em compensação o regresso noológico ao PONTO
TAU, protagonizado pelo Eu do Cavaleiro Tirodal armado com a Runa Gibur, é um trânsito
instantâneo, um trânsito que não requer atravessar distância alguma porque toda distância tem
sido suprimida pela pureza de sangue.
Querer-se-á saber, agora: com o que se constrói a Escada Caracol? Resposta: COM SIS-
TEMAS REAIS. A faculdade de anamnese, em efeito, é o poder que dispõe o Iniciado Hiper-
bóreo para AFIRMAR sistemas reais com independência de sua existência nas superestruturas:
tanto para construir a Escada Caracol, como para explorar um Registro cultural, o Iniciado
AFIRMA o sistema real que mais lhe convém empregar SEM TOMAR EM CONTA OS SIS-
TEMAS REAIS EXISTENTES. Naturalmente, se não obrasse com tal independência cultural
poderia ser capturado pela superestrutura ou enganado pelo Terrível Segredo de Maya. Na con-
tinuação, examinaremos com detalhes esta possibilidade da faculdade de anamnese.

F2 – Poder da faculdade de anamnese.

Como se disse, no momento de explorar pela primeira vez, e no sucessivo, os Registros


culturais, o Iniciado Hiperbóreo tem de saber distinguir perfeitamente entre o Eu e o sujeito
consciente: esta condição é imprescindível porque a faculdade de anamnese se baseia na ação
conjunta e específica do Eu e do sujeito consciente. EM PRINCÍPIO, O EU É QUEM ES-
TABELECE E DETERMINA O SISTEMA REAL CUJO REGISTRO SERÁ EXPLO-
RADO. O CONCEITO DO SISTEMA REAL, APLICADO PELO EU SOBRE O SU-
JEITO CONSCIENTE, IMPELE SUA EXPRESSÃO EM UM “SEGUNDO MOVI-
MENTO”, OU SEJA, COMO “CORRESPONDÊNCIA AXIOLÓGICA”. O SISTEMA

371
REAL RESULTA, ASSIM, AFIRMADO PELO SUJEITO CONSCIENTE E SE PRODUZ
A EMERGÊNCIA DOS OBJETOS CULTURAIS EMERGENTE E REFERENTE
(O.C.E. e O.C.R.). O SUJEITO CONSCIENTE, SITUADO NORMALMENTE FRENTE
AO TEMPO TRANSCENDENTE, OU SEJA, DE MODO IDÊNTICO AO A.R.S.E.P.E.,
RETÉM SOB OBSERVAÇÃO AOS OBJETOS CULTURAIS DO SISTEMA REAL. O EU
APROVEITA ENTÃO PARA SITUAR-SE NO “PRESENTE COMPREENSIVO” E EX-
PLORAR O REGISTRO CULTURAL. Antes de entrar em detalhes, há que reiterar que, se-
gundo se desprende destas sentenças, O INICIADO HIPERBÓREO JAMAIS EXPLORA
UM REGISTRO CULTURAL “AO AZAR” OU POR MERA CURIOSIDADE; JAMAIS
SE DEIXA TENTAR PELA POSSIBILIDADE DE OBTER UM CONHECIMENTO
“FÁCIL” DE UM REGISTRO CULTURAL QUE “PUGNA POR REVELAR SEU CON-
TEÚDO”; E JAMAIS FAZ NADA DISSO PORQUE TODA INSTABILIDADE RADICA
NO MACROCOSMO, FORA DE SI, É SUSPEITO PARA O INICIADO HIPERBÓREO:
TODO SISTEMA REAL JÁ EXISTENTE, É UM “ÓRGÃO DO DRAGÃO” AO QUE
CONVÉM APRESENTAR A MAIS ABSOLUTA INDIFERENÇA. Contrariamente o Ini-
ciado Hiperbóreo elege cuidadosamente o sistema real de sua conveniência, INDEPENDEN-
TEMENTE DE SUA EXISTÊNCIA NA SUPERESTRUTURA, antes de afirmá-lo para a
exploração.
Por exemplo, o Iniciado jamais diz – Para conhecer a história cultural “DESSE” objeto,
qual Registro cultural JÁ EXISTENTE deveria consultar? – Aparte de revelar ingenuidade es-
tratégica, tal atitude é quase um convite para que o inimigo monte uma farsa destinada a causar
sua perdição. O Iniciado Hiperbóreo é um sujeito volitivo que jamais interroga ao mundo para
atuar: se deve perguntar se interroga a si mesmo e decide sobre o mais conveniente ANTES
DE ATUAR; e quando o faz é para AFIRMAR SUA DECISÃO. Assim, pois, o Iniciado dirá
–VOU RELACIONAR “ESSE” objeto com aquele outro e VOU explorar o Registro cultural
para conhecer sua história relativa.
Se o Iniciado necessita conhecer, por exemplo, a história cultural do COMBATE DE
SÃO LORENZO, sua faculdade de anamnese lhe permite obrar de modo semelhante: reco-
nhecerá uma testemunha involuntária daquele combate, o pinheiro de São Lorenzo ou o Con-
vento de São Carlos, e o AFIRMARÁ como O.C.R., ou seja, como objeto cultural referente
(R); logo se dirigirá a um protagonista ativo dos fatos indagados, por exemplo, o sabre curvo
do General São Martín, e o AFIRMARÁ com respeito a O.C.R., ou seja, ao objeto cultural
referente; o sabre curvo, então, adquirirá um valor particular e emergirá como O.C.E., como
objeto cultural emergente (E); entre o O.C.R. e o O.C.E. se tem estabelecido, assim, uma co-
nexão de sentido particular, constituindo, em conjunto, um SISTEMA REAL da superestru-
tura: no Registro cultural de tal sistema se encontra a história cultural assinalada, a do combate
de São Lorenzo, junto a outras de maior ou menor interesse; finalmente, o Iniciado procederá

372
a explorar o conteúdo do Registro cultural constituído, tomando nota da história cultural bus-
cada. Há que se observar, neste exemplo, que o Iniciado não tem indagado em nenhum mo-
mento: em qual Registro cultural JÁ EXISTENTE estará a história cultural do combate de São
Lorenzo? Qual Registro EXISTENTE deverá explorar para conhecer dita história? Pelo con-
trário, independentemente de sua existência na superestrutura, o Iniciado tem afirmado os
O.C.R. e O.C.E. e tem CONSTITUÍDO um sistema real, cujo Registro cultural possui um
conteúdo histórico apto para ser EXPLORADO: AFIRMAR, CONSTITUIR, EXPLORAR,
se comprova em cada um destes atos a determinação volitiva do Iniciado Hiperbóreo.

F3 – Os dezesseis passos ativos da faculdade de anamnese.

A aplicação da faculdade de anamnese para os fins mencionados deve efetuar-se meto-


dicamente, passo a passo. Por isso a Sabedoria Hiperbórea tem sintetizado em DEZESSEIS
PASSOS os principais atos anamnésicos do Iniciado Hiperbóreo: com os três primeiros se
constitui a VONTADE um sistema real; com os treze restantes se pode explorar de qualquer
modo o Registro cultural. O domínio destes dezesseis passos possibilita, também, a construção
da Escada Caracol; sem embargo, O SEGREDO DE TAL CONSTRUÇÃO NÃO PODERÁ
SER REVELADO AQUI, POIS O MESMO SOMENTE É TRANSMITIDO ORAL-
MENTE PELOS PONTÍFICES HIPERBÓREOS AOS CAVALEIROS TIRODAL. Não
obstante, consideraremos na continuação os dezesseis passos da faculdade de anamnese:

Primeiro passo: AFIRMAR o O.C.R. (objeto cultural referente “R”).

Segundo passo: AFIRMAR o O.C.E.(objeto cultural emergente “E”) com respeito ao


O.C.R.
Terceiro passo: AFIRMAR E RETER ao sistema real.

Quarto passo: SITUAR o Eu em I.H.P.C. com respeito ao O.C.E.

Quinto passo: LOCALIZAR sobre o O.C.E. o tapasigno (R).

Sexto passo: ABRIR o registro cultural RESIGNANDO ao tapasigno (R).

Sétimo passo: RESIGNAR passo a passo os super-objetos axiológicos da série crono-


cultural.
Oitavo passo: Se necessário, ENTRAR fisicamente no espaço cultural do super-objeto
axiológico, ou seja, ENTRAR na CÂMARA DE ENTRADA.
Nono passo: Se necessário, concretizar a LOCALIZAÇÃO ESTRATÉGICA da
Fonte de Abraxas.
Décimo passo: Se necessário, ABRIR a porta χ (Qui).

373
Décimo primeiro passo: Se necessário, PASSAR fisicamente ao núcleo transitante,
quer dizer, PASSAR à ANTECÂMARA.
Décimo segundo passo: Se necessário, TRANSITAR noutro espaço de significação
macrocósmico.
Décimo terceiro passo: Se necessário, ABRIR a segunda porta χ (Qui).

Décimo quarto passo: Se necessário, SAIR à CÂMARA DE RETORNO.

Décimo quinto passo: Se necessário, RETORNAR ao próprio contexto habitual do


O.C.E. ATRAVÉS da CÂMARA DE ENTRADA.
Décimo sexto: Se necessário, SAIR da CÂMARA DE RETORNO pelo tapasigno (E),
ou seja, SAIR ao MUNDO INVERSO.

O primeiro que há que advertir nestes dezesseis passos é que descrevem AÇÕES, tais
como o revelam os verbos AFIRMAR, RETER, SITUAR, LOCALIZAR, ABRIR, RESIG-
NAR, ENTRAR, TRANSITAR, SAIR e RETORNAR. Mas não caberia esperar outra coisa
posto que cada passo represente um ATO VOLITIVO do Iniciado Hiperbóreo, uma DECI-
SÃO NOOLÓGICA executada com “vontade graciosa luciférica”.
Nos seguintes sub-artigos se tentará uma aproximação análoga aos dezesseis passos da
faculdade de anamnese.

F4 – Constituição de um sistema real.

Um sistema real (figura 76) se constitui por dois objetos culturais ligados entre si com
uma conexão de sentido particular: a conexão de sentido determina o valor do objeto cultural
emergente (O.C.E.) em relação ao objeto cultural referente (O.C.R.), ou seja, lhe confere um
valor relativo. Mas a conexão de sentido é um enlace vivo, uma conexão trófica, em cuja estru-
tura se plasmam permanentemente as disposições culturais do objeto cultural (E) e de seu con-
texto axiológico. Por isso a conexão de sentido é um Registro cultural cujo conteúdo, além de
compreendido pelo Aspecto Amor, pode ser explorado pelo Iniciado Hiperbóreo. Entretanto,
segundo temos adiantado, o Iniciado jamais explora, nem se interessa por fazê-lo, um Registro
cultural JÁ EXISTENTE: pelo contrário, por mais obvio que pareça ser um Registro, por
exemplo o que está entre a Terra e a Lua, o Iniciado jamais o toma em conta e, SE NECESSITA
EXPLORÁ-LO, ENTÃO O CONSTITUI NOVAMENTE, COMO SE NUNCA HOU-
VESSE EXISTIDO. Daí a forma dos três primeiros passos da faculdade de anamnese, que
apontam diretamente à constituição do sistema real que se tem decidido explorar: O INICI-
ADO DEVE CONSTITUIR, COM O PODER DE SUA VONTADE GRACIOSA LUCI-
FÉRICA, O SISTEMA REAL MAIS CONVENIENTE PARA SEUS FINS.

374
Com o Primeiro passo deve assinalar e AFIRMAR o O.C.R., por exemplo, o “pinheiro
de São Lorenzo”.
Com o Segundo passo deve assinalar e AFIRMAR o O.C.E., por exemplo, o “sabre
curvo de São Martín”, COM RESPEITO AO O.C.R. O O.C.E. adquire, assim, um valor par-
ticular e se constitui o sistema real.
Com o Terceiro passo o Iniciado AFIRMA o sistema real constituído, por exemplo, o
que forma o sabre do General São Martín com respeito ao pinheiro de São Lorenzo, e permite
que a atenção do sujeito consciente o RETENHA frente a si. A partir deste passo, o Iniciado
considera que existe a seu alcance um Registro cultural com um conteúdo histórico interessante.
O estudo dos seguintes passos da faculdade de anamnese nos vai a esclarecer como se realiza a
exploração do Registro cultural.

F5 – Representação análoga da SITUAÇÃO do Eu: I.H.P.C.

Suponhamos que o sistema real constituído se tem representado analogamente na figura


81: o objeto cultural (E) emergente equivale ao sabre curvo, o objeto cultural (R) referente ao
pinheiro de São Lorenzo, e o enlace, o Registro cultural, contém a história do combate de São
Lorenzo. O da figura 81, é um sistema real , igual ao das figuras 77, 78, 79 e 80; portanto: o
ENLACE é uma conexão trófica, animada pelo Arquétipo astral, que pode ser vivenciada
pelo Aspecto Amor como super conceito do sistema real .
Ao estudar o Terceiro passo ficamos em que o Iniciado, quando AFIRMA ao sistema
real constituído, permite que o sujeito consciente o RETENHA frente a si. Semelhante reten-
ção é coincidente com o ponto de vista do A.R.S.E.P.E. (Aspecto Raça Sagrada no Presente
Extensivo) e consiste em opor-se dialeticamente ao tempo transcendente para criar a aparência
de que o sistema está detido em um instante “presente”; posto que o “movimento” do tempo
é isotrópico, tem de alcançar todas as dimensões espaciais ou extensivas do sistema real, pelo
que, a “retenção presente”, somente pode ser uma retenção extensiva; é assim que, estando
TODO o tempo transcendente representado pelo eixo TT, a oposição do sujeito consciente
para AFIRMAR E RETER ao sistema real tem de efetuar-se desde a posição que indica a flecha
“ponto de vista do A.R.S.E.P.E.”: mas, desde tal posição, é analogamente evidente que a per-
cepção do Registro cultural somente abarca sua dimensão EXTENSÃO.
É nesse momento, quando o sujeito consciente retém ao sistema real em “presente ex-
tensivo”, que o Iniciado situa seu Eu na posição I.H.P.C. (Iniciado Hiperbóreo no Presente
Compreensivo): sendo a COMPREENSÃO de um Registro cultural análoga ao volume de um
enlace cilíndrico, a posição COMPREENSIVA, desde onde é possível apreender a integridade
de sua estrutura interna, é a que indica a flecha “ponto de vista do I.H.P.C.”. Há que repetir
aqui que, fora desta explicação análoga, nada mais pode agregar-se sobre a COMPREENSÃO
que os Iniciados Hiperbóreos alcançam sobre os Registros culturais: um método prático para

375
situar-se em I.H.P.C., por exemplo, somente é ensinado ORALMENTE aos Cavaleiros Tirodal
pelos Pontífices Hiperbóreos.

F6 – Exploração visual do Registro cultural.

Depois de efetuado o Quarto passo, o I.H.P.C. está em condições de explorar o Registro


cultural. É possível, em princípio, realizar uma exploração visual da série cronocultural, vale
dizer, uma exploração que não requer movimento exterior algum por parte do Iniciado: este
ato interior corresponde ao “primeiro motivo” mencionado em F1: “não se executa aqui ne-
nhum ato orgânico exterior: a exploração do Registro cultural, a compreensão de seu conteúdo,
é um ato puramente egóico, um conhecimento obtido exclusivamente pelo Eu do I.H.P.C.”.
Quando o Iniciado afirma ao O.C.E. em RELAÇÃO ao O.C.R. (Segundo passo) TAL
AÇÃO CONSISTE, PRATICAMENTE, EM APLICAR O O.C.E. SOBRE O O.C.R.: o
O.C.E. e o O.C.R. ficam desde então enlaçados por uma conexão de sentido ou Registro cul-
tural. Mas, além de ficar conectados pelo Registro cultural, A APLICAÇÃO AFIRMATIVA
CAUSA QUE NO O.C.E. SE REFLITA PERMANENTEMENTE O O.C.R. E QUE NO
O.C.R. SE REFLITA PERMANENTEMENTE O O.C.E. Aqui, particularmente, vamos nos
ocupar do primeiro caso, da presença do O.C.R. no O.C.E.
A presença da imagem do O.C.R. se dá no sentido da conexão que enlaça a este com o
O.C.E. (ver figura 81) e por isso se manifesta sobre o plano “COMPREENSIVO (LD, TT): é o
TAPASIGNO (R) que aparece frente ao I.H.P.C.. O O.C.E. apresenta, sempre, uma TELA
CULTURAL frente ao I.H.P.C. e, sobre ela, o TAPA-SIGNO (R) do O.C.R.: este tapasigno é
INVISÍVEL, assim como o Registro cultural, porque para o A.R.S.E.P.E. (pasu o virya perdido)
somente é visível o valor que emerge no sentido do eixo TT. O I.H.P.C., pelo contrário, está
situado em sentido “compreensivo” em relação ao O.C.E. e pode perceber perfeitamente a tela
cultural: com o Quinto passo da faculdade de anamnese, justamente, se LOCALIZA o tapa-
signo (R) sobre o O.C.E.. Se os objetos culturais são os entes mencionados, o Quinto passo
tem de consistir, por exemplo, EM LOCALIZAR “O PINHEIRO DE SÃO LORENZO”
(TAPA-SIGNO “R”) NO “SABRE CURVO DO GENERAL SÃO MARTÍN” (O.C.E.); tal
localização, desde logo, somente a poderá efetuar o Eu desde a posição I.H.P.C..
Uma vez localizada o tapasigno (R) o Iniciado pode proceder à ABERTURA do Regis-
tro cultural. Para isso ele deve operar com a Runa Gibur como Espada de Wotan e resignar
“passo a passo” as imagens sobre a tela cultural: a primeira é sempre o tapasigno (R), ou seja, a
imagem do O.C.R.. Deslocando esta primeira imagem, “destapando o Registro”, é possível
observar toda a série cronocultural, imagem por imagem, até dar com o setor da história cultural
que tem motivado a exploração, por exemplo, o “combate de São Lorenzo”. E aqui é onde fica
em evidência a diferença essencial que existe entre o conteúdo do Registro cultural e a série

376
ôntico-temporal de Registro ôntico: enquanto a série ôntico-temporal se compõe de SO-
MENTE UM TIPO de imagens, as que correspondem ao desenvolvimento evolutivo de um
ente, por exemplo, a série de “cavalos ônticos” da figura 63, a série cronocultural contém SU-
PER CONCEITOS AXIOLÓGICOS, ou seja, estruturas de DISTINTOS TIPOS de objetos
axiológicos.
O Registro cultural é uma conexão de sentido particular de um dado objeto cultural; seu
conteúdo se refere sempre à história cultural do objeto em questão: a série cronocultural se
compõe sempre de membros que representam cada um de eles, um momento do objeto cultu-
ral emergente RELATIVO ao objeto cultural referente. Entretanto, o que efetivamente se
plasma no Registro cultural é aquilo especificamente cultural determinado pelo contexto axio-
lógico, vale dizer, O VALOR CULTURAL: por isso os elementos fundamentais da série cro-
nocultural são OBJETOS AXIOLÓGICOS. Agora bem, o valor determinado por UMA co-
nexão de sentido é o “valor particular”; cabe perguntar: é a série cronocultural uma sucessão de
“valores particulares” do objeto cultural emergente? Resposta: NÃO. Os “valores particulares”
de qualquer objeto cultural são somente “objetos axiológicos”: a série cronocultural, em com-
pensação, se compõe de super-objetos axiológicos que integra em sua estrutura aos “valores
particulares”. O que é, pois, um super-objeto axiológico? Resposta: O REGISTRO DE UM
MOMENTO AXIOLÓGICO ABSOLUTO DO OBJETO CULTURAL EMERGENTE.
Para entender a resposta há que recordar que o “valor particular”, o que temos afirmado
no O.C.E. ao constituir o sistema real com o Terceiro passo, sempre resulta agregado ao “valor
geral” do objeto cultural emergente: justamente, “O PASSO DO VALOR GERAL AO VA-
LOR PARTICULAR SUPÕE EM TODOS OS CASOS SEU REALCE”. Quer dizer que o
“valor particular” consiste em destacar um aspecto relativo de um objeto cultural que possui
um “valor geral “a priori, determinado pelo contexto axiológico. PORTANTO, QUALQUER
QUE SEJA A FORMA DESTE “VALOR PARTICULAR” RELATIVA A OUTRO OB-
JETO REFERENTE (R), É IMPOSSÍVEL PRESCINDIR DO SUBSTRATO AXIOLÓ-
GICO DO “VALOR GERAL”. Assim, quando o Registro cultural se plasma “o valor cultu-
ral”, este é em realidade o “valor absoluto” do objeto cultural emergente O.C.E., vale dizer, o
valor particular sobre o valor geral: O REGISTRO DE CADA MOMENTO DE “VALOR
ABSOLUTO” DO OBJETO CULTURAL EMERGENTE É UM SUPER-OBJETO AXI-
OLÓGICO.
Há que se notar que estamos aqui em presença de um aparente paradoxo: a contradição
entre o ABSOLUTO e o RELATIVO. Com o fim de demonstrar sua inconsistência vamos
formular o paradoxo e esclarecer suas causas. Em princípio, o Iniciado afirma um sistema real
especial com o propósito de explorar seu Registro cultural: interessa-lhe conhecer uma história
RELATIVA aos objetos O.C.E. e O.C.R. do sistema real. O Registro cultural, por ser um enlace
entre dois objetos culturais, aparentemente deveria possuir conteúdos referidos somente a tais

377
objetos, ou seja, conteúdos RELATIVOS; mas, eis aqui que, sob o “valor particular”, RELA-
TIVO, dos objetos culturais, subjaz sempre o “valor geral”, conformado por todo o contexto
axiológico: os conteúdos do Registro cultural, então, não podem ser simplesmente “RELATI-
VOS” posto que se assente no “VALOR ABSOLUTO”. Este é o paradoxo: CADA INS-
TANTE DA SÉRIE CRONOCULTURAL, CONTIDA NUMA CONEXÃO DE SEN-
TIDO “RELATIVA”, É O REGISTRO DE UM MOMENTO AXIOLÓGICO “ABSO-
LUTO” DO O.C.E. OU O.C.R., OU SEJA, O REGISTRO DE UM MOMENTO DO “VA-
LOR ABSOLUTO”. Como devem entender-se, pois, esta sobreposição dos conceitos de AB-
SOLUTO e RELATIVO? Resposta: tendo em claro o ALCANCE de cada conceito, ou seja,
tendo em claro que o que possui caráter RELATIVO, por exemplo, é a conexão de sentido, o
Registro cultural, e, também, o “momento”, considerado em si mesmo, posto que o “mo-
mento” de um super-objeto axiológico qualquer da série é RELATIVO ao “momento pre-
sente” do objeto cultural cujo valor absoluto representa; pelo contrário, o conteúdo do Registro
cultural está composto por uma série de registros de “momentos axiológicos ABSOLUTOS”
ou “momentos do valor ABSOLUTO”. ASSIM, POIS, QUANDO TODO “MOMENTO”
SEJA RELATIVO EM SI MESMO, NÃO O É ENQUANTO “MOMENTO AXIOLÓ-
GICO ABSOLUTO” REGISTRADO NO SUPER-OBJETO: NO INTERIOR DO SU-
PER-OBJETO REINA O VALOR ABSOLUTO DO OBJETO CULTURAL NO “MO-
MENTO” DE SER REGISTRADO.
Este esclarecimento, ainda quando desvanece o paradoxo, nos lança um problema apa-
rentemente maior, pois, se cada membro da série cronocultural é “ABSOLUTO”, que sentido
tem optar por tal ou qual Registro cultural, por tal ou qual conexão RELATIVA? Resposta: A
RELATIVIDADE DO VALOR PARTICULAR INTRODUZ UMA CARACTERÍSTICA
NA SÉRIE CRONOCULTURAL: A “CENTRALIDADE” DO OBJETO CULTURAL
REFERENTE (O.C.R.). Com outras palavras, não obstante que o super-objeto radica em um
momento axiológico absoluto, sua estrutura resulta determinada pela relatividade do valor par-
ticular conferido pelo Registro cultural: tal determinação consiste na “CENTRALIDADE”
QUE O O.C.R. DESEMPENHA NA ESTRUTURA DE CADA SUPER-OBJETO AXIO-
LÓGICO.
O super-objeto axiológico é um membro da série cronocultural contida no Registro cul-
tural; é, pois, um conteúdo mnemônico, uma espécie de “recordação” macrocósmica: a “recor-
dação” instantânea e absoluta do objeto cultural emergente (O.C.E.). Nesta recordação estão
presentes, segundo vimos, tanto o “valor geral” como o “valor particular” do O.C.E.; o pri-
meiro significa que no super-objeto têm que estar todos os objetos axiológicos que constituem
o sentido do “valor geral”, vale dizer, o contexto axiológico: BASICAMENTE NO SUPER-
OBJETO AXIOLÓGICO SE ENCONTRAM O OBJETO CULTURAL EMERGENTE
(O.C.E.) E SEU CONTEXTO AXIOLÓGICO; mas o Registro cultural, que é uma conexão

378
de sentido particular, confere “valor particular” ao O.C.E. ao relacioná-lo com o O.C.R.: isto
significa que no super-objeto axiológico, o O.C.R. tem de ocupar uma posição CENTRAL,
vale dizer, um papel destacado entre os objetos do contexto axiológico.
Consideremos, por exemplo, o sistema real constituído pelo sabre curvo do General São
Martín (O.C.E.) e o pinheiro de São Lorenzo (O.C.R.). No Registro cultural, o conteúdo tem
de consistir numa série cronocultural de super-objetos axiológicos: cada super-objeto consiste
do sabre curvo e seu contexto axiológico, “valor geral”, além do mais do pinheiro de São Lo-
renzo em posição CENTRAL, “valor particular”. De um super-objeto a outro da série pode
variar a disposição do contexto axiológico, de acordo ao desenvolvimento da história cultural,
mas algo tem de permanecer constante em todos eles: A POSIÇÃO “CENTRAL” DO PI-
NHEIRO DE SÃO LORENZO (O.C.R.) CUJA REFERÊNCIA, EM QUALQUER, CENA
SERÁ INDISCUTÍVEL “NESSE” REGISTRO CULTURAL PARTICULAR. O mesmo
“combate de São Lorenzo”, quando ao fim seja localizado na série cronocultural, mostrará em
todas suas cenas a presença predominante do pinheiro de São Lorenzo: NO SUPER-OBJETO
AXIOLÓGICO DE ALGUM MOMENTO DO COMBATE, POR EXEMPLO, O SABRE
ESTARÁ REFERIDO AO PINHEIRO E O PINHEIRO OCUPARÁ, NO CONTEXTO
DE SABRE, UM LUGAR RELATIVAMENTE CENTRAL.
Em resumo, logo de localizar o tapasigno (R) no O.C.E., o I.H.P.C. procede a resignar
passo a passo as imagens até dar com o setor da história cultural que tem motivado a exploração
do Registro cultural. Cada “imagem” observada sobre a tela cultural é somente um aspecto dos
super-objetos axiológicos que integra a série cronocultural. Pois os super-objetos não são meras
imagens, tal como se demonstrará em seguida.

F7 – Exploração física do Registro cultural.

A segunda motivação para explorar o conteúdo de um Registro cultural partia d “neces-


sidade de SALVAR UMA DISTÂNCIA, ESPACIAL O TEMPORAL, relativa a algum objeto
cultural, ou seja, TRANSITAR-SE desde o núcleo cônico polidimensional” (F1). Não se trata
aqui, como no caso visto em F6, de um exame visual, ou seja, interior, que não requer movi-
mento exterior algum do Iniciado; neste caso “o Iniciado se compromete fisicamente em um
deslocamento instantâneo através das dimensões reais do tempo e do espaço: desde o núcleo
transitante, o Iniciado pode viajar instantaneamente a outro espaço de significação macrocós-
mico e situar-se no contexto axiológico de outro super conceito do Registro cultural explorado”
(F1). Para compreender esta assombrosa possibilidade que têm a seu alcance os Iniciados Hi-
perbóreos há que se desenvolver, sucessivamente, dois temas: o primeiro se refere ao caráter
EXTENSIVO, ou seja, ESPACIAL, dos super-objetos axiológicos; e o segundo demonstra
como, a partir do Sexto passo, ou seja, a partir da ABERTURA do Registro cultural, já é possível
a transitação. Com outras palavras, o primeiro tema explica o PORQUÊ e o segundo o COMO

379
da exploração física do Registro cultural.
Primeiro tema – Por causas que analisaremos em seguida, cada super-objeto axiológico
tem as dimensões de um ESPAÇO CULTURAL e lhe cabe, pois, a definição do comentário
Décimo quarto. A série cronocultural consiste, assim, numa SUCESSÃO de super-objetos EX-
TENSOS, cada um dos quais está deslocado com respeito ao consecutivo em um instante de
tempo transcendente. Um sistema real se compõe de dois objetos culturais conectados por um
Registro cultural que contém a série cronocultural: ambos os objetos, o O.C.E. e o O.C.R.,
estão situados em ambos extremos da série cronocultural e existem permanentemente no PRE-
SENTE do tempo transcendente. À medida que transcorre o tempo transcendente o “valor
absoluto” dos objetos culturais O.C.E. e O.C.R. se vai incorporando à série cronocultural: ins-
tante após instante dois super-objetos axiológicos se agregam, um em cada extremo, à série
como conteúdo do Registro cultural. É evidente, em consequência, que todos os membros da
série cronocultural se encontrem em distintos instantes PASSADOS do tempo transcendente.
Por outra parte, sabemos que o conteúdo do Registro cultural é a série cronocultural: tal
conteúdo, “por pertencer a um continente EXTERNO aos objetos culturais, se encontra dis-
tribuído ENTRE os objetos culturais emergente e referente (E12). Pois bem, essa DISTRI-
BUIÇÃO tem sido simbolizada na figura 81: a série cronocultural está representada ali como
uma SÉRIE DE PONTOS distribuídos sobre uma curva espacial com forma de ESPIRAL
CÔNICA, que percorre de um extremo ao outro o sistema real; cada ponto da série corres-
ponde a um super-objeto axiológico. Para explorar visualmente o Registro cultural o I.H.P.C. é
capaz de reproduzir, sobre a tela cultural, o super-objeto axiológico de seu interesse.
A figura 81 nos permite advertir, analogamente, o importante fato de que os super-ob-
jetos axiológicos de cada extremo da série cronocultural SE ENCONTREM INVERTIDOS
em relação aos objetos culturais do sistema real. Mais claramente, no objeto cultural emergente
(O.C.E.), o extremo da série cronocultural é o tapasigno (R), o qual apresenta ao objeto cultural
referente (O.C.R.); e no objeto cultural referente (O.C.R.), o extremo da série é o tapasigno (E),
que representa ao objeto cultural emergente (O.C.E.); ISTO SIGNIFICA QUE, CADA
TAPA-SIGNO, É O SUPER-OBJETO AXIOLÓGICO EXTREMO DA SÉRIE, INVER-
TIDO COM RESPEITO AO OBJETO CULTURAL EM CUJA TELA RADICA. A causa
desta inversão não é outra mais que a ação determinante de sentido cultural da conexão de
sentido ou Registro cultural: essa conexão trófica vitaliza ao objeto cultural para impor-lhe um
sentido relativo ao valor cultural, um “valor particular”, e para isso APLICA o super-objeto
axiológico de referência sobre o objeto cultural, por exemplo, o tapasigno (R) SOBRE o objeto
cultural (E) emergente.
Nem o que dizer que as analogias que estamos apresentando para aproximar ao leitor
aos Registros Culturais, ou seja, a uma das chaves do Terrível Segredo de Maya, devem ser
interpretadas à luz de todo o visto até aqui sobre o modelo estrutural, extremando a aplicação

380
dos fundamentos da Sabedoria Hiperbórea. Esta advertência vale no caso da figura 81 porque
poderia cometer-se o erro de subestimar a capacidade análoga que possui o desenho para re-
presentar os fenômenos reais ou supor que alguns fundamentos hiperbóreos têm sido passados
por alto. Por isso, talvez convenha esclarecer que a representação da série cronocultural como
série de pontos NÃO É CASUAL: E ISSO NÃO SIGNIFICA, TAMPOUCO, QUE A “HIS-
TÓRIA CULTURAL” É DESCONTÍNUA. O que ocorre é que, ainda que “normalmente”
invisível, a série cronocultural tem duas características que justificam dita analogia pontual: uma
é seu caráter SUCESSIVO, enquanto que SÉRIE, e outra sua qualidade de ser uma EXTEN-
SÃO REAL, posto que seus membros, os super-objetos axiológicos, se encontrem ESTEN-
DIDOS no espaço cultural real, ou seja, DISTRIBUÍDOS NA “EXTENSÃO” DO
SUPER CONCEITO DO SISTEMA REAL. E como justifica estas características a
analogia pontual empregada? Resposta: porque se algo REAL, é EXTENSIVO e SUCES-
SIVO, então deve corresponder basicamente à estrutura do ESPAÇO REAL MACRO-CÓS-
MICO, o qual é CONTÍNUO e DESCONTÍNUO de cada vez por causa dos ÁTOMOS
GRAVIS que o produzem. Resulta assim que: CADA SUPER-OBJETO AXIOLÓGICO DA
SÉRIE CRONOCULTURAL ESTA PLASMADO, EM REALIDADE, SOBRE UM
ÁTOMO GRAVIS. POR ISSO CORRESPONDE REPRESENTAR À SÉRIE DE SUPER-
OBJETOS POR UMA SÉRIE DE PONTOS, COMO NA ESPIRAL CÔNICA DA FI-
GURA 81.
Como vimos, a analogia pontual, longe de ser uma representação superficial da série
cronocultural, permite uma compreensão mais profunda dos Registros culturais e da faculdade
de anamnese. Por exemplo, a propriedade de estar fundado sobre um átomo gravis nos facilita
a compreensão integral do super-objeto axiológico, especialmente suas dimensões espaciais e
temporais. Isto o comprovaremos analisando a constituição de um super-objeto axiológico
qualquer da série cronocultural.
É O ARQUÉTIPO ASTRAL, AO CONSERVAR COM SUA VITALIDADE O VA-
LOR GERAL DO OBJETO CULTURAL, QUEM RECEBE A CADA INSTANTE QUE
PASSA, O VALOR ABSOLUTO; É TAMBÉM QUEM O REGISTRA NO REGISTRO
CULTURAL COMO “MOMENTO DO VALOR ABSOLUTO”, OU SEJA, COMO SU-
PER-OBJETO AXIOLÓGICO. EM PRINCÍPIO, POIS, O ARQUÉTIPO ASTRAL RE-
GISTRA O VALOR ABSOLUTO DO OBJETO CULTURAL PLASMANDO-O SOBRE
O ARQUÉTIPO GRAVIS; A POTÊNCIA FORMATIVA DO ÁTOMO GRAVIS RE-
SULTA ASSIM CONFORMADA PELO “VALOR ABSOLUTO” E SE CONSTITUI
UMA ESTRUTURA AXIOLÓGICA CUJA CAPACIDADE SE DENOMINA “SUPER-
OBJETO AXIOLÓGICO”; O ÁTOMO GRAVIS OBRA COMO FUNDAMENTO ÔN-
TICO DO SUPER-OBJETO: O ÁTOMO GRAVIS APORTA A NATUREZA ÔNTICA

381
UNIVERSAL ENQUANTO QUE O “VALOR ABSOLUTO” TERMINA PARTICULAR-
MENTE TAL NATUREZA, A INDIVIDUALIZA ESPECIFICAMENTE “COM
FORMA CULTURAL”; O SUPER-OBJETO É, ENTÃO, “UM ENTE COM FORMA
CULTURAL”, NÃO UM VERDADEIRO OBJETO CULTURAL: NÃO PODERIA SÊ-
LO, POIS, NESSE CASO, SERIA VISÍVEL, DEVENDO EMERGIR PARA ISSO NA ES-
FERA DE SENTIDO DO MUNDO (REGIÃO D). O “ENTE COM FORMA CULTU-
RAL” EM QUE SE TEM TRANSFORMADO O ARQUÉTIPO GRAVIS DISPÕE DAS
DIMENSÕES EXTERIORES DE UM “ESPAÇO FÍSICO” E DE UM NÚCLEO INDIS-
CERNÍVEL NA INTERIORIDADE DE SEU SER EM SI; O “ESPAÇO FÍSICO” QUE
PRODUZ TODO ÁTOMO GRAVIS ESTA LIMITADO PELAS DETERMINAÇÕES
DE SUA FORMA INDIVIDUAL: O ESPAÇO DE UM ÁTOMO GRAVIS PODE ABAR-
CAR OS LIMITES DE UM ÁTOMO FÍSICO, POR EXEMPLO, QUE DEPENDEM DA
CAPACIDADE DA MATRIZ ESSENCIAL DO DESÍGNIO ÁTOMO, OU OS LIMITES
DE UM PLANETA, CONFORME A CAPACIDADE ARQUETÍPICA DE UM KU-
MARA, OU OS LIMITES DE UM SISTEMA SOLAR, CONFORME A CAPACIDADE
DE UM LOGOS OU DEMIURGO SOLAR, OU OS LIMITES DE UMA GALÁXIA,
CONFORME A CAPACIDADE DE UM LOGOS OU DEMIURGO GALÁCTICO, OU,
INCLUSIVE, LIMITES CÓSMICOS, POR INSTABILIDADE O MESMO “UNO” DE-
TERMINA COM SUA CAPACIDADE ARQUETÍPICA OS LIMITES DO UNIVERSO.
E QUEM DETERMINA OS LIMITES DO ESPAÇO FÍSICO DO “ENTE COM FORMA
CULTURAL”? RESPOSTA: O VALOR ABSOLUTO QUE CONFORMA A POTÊNCIA
FORMATIVA TRANSFORMA AO “ESPAÇO FÍSICO” EM “ESPAÇO CULTURAL”:
SEUS LIMITES SÃO OS DO CONTEXTO AXIOLÓGICO. SE RECORDARMOS QUE
“UM ESPAÇO CULTURAL EXTERIOR” É UM LUGAR NO QUAL É POSSÍVEL EFE-
TUAR ALGUMA DESTAS TRÊS COISAS: “a) DESCOBRIR UM ENTE DESIGNADO,
b) PROJETAR UM SIGNO, c) RECONHECER UM OBJETO, COMPREENDEREMOS
QUE O ESPAÇO CULTURAL DE UM SUPER-OBJETO PODE TER DIMENSÕES
ENORMES. O EXPLICAREMOS: NO ESPAÇO CULTURAL DE UM SUPER-OBJETO
AXIOLÓGICO NÃO É POSSÍVEL a), DESCOBRIR UM ENTE DESIGNADO, NEM
b), PROJETAR UM SIGNO, MAS SE É POSSÍVEL c), RECONHECER UM OBJETO, E
ESTA POSSIBILIDADE É A QUE FIXA OS LIMITES REAIS DO ESPAÇO CULTU-
RAL; IMAGINE-SE O SUPER-OBJETO DE UMA CIDADE, POR EXEMPLO, ATE-
NAS NO SÉCULO IV ANTES DE CRISTO, E SEU CONTEXTO AXIOLÓGICO IN-
TEGRADO POR TODOS OS OBJETOS CULTURAIS DE SUA CULTURA, E SE CON-
VIRÁ EM QUE OS LIMITES DE SEU ESPAÇO CULTURAL, “ONDE É POSSÍVEL
RECONHECER UM OBJETO”, SÃO ENORMES.
Agora, quando sabemos que um super-objeto axiológico é a capacidade de um espaço

382
cultural, e que tal capacidade é a forma de uma estrutura axiológica conformada por um “mo-
mento do valor absoluto” do objeto cultural, é hora de fazer intervir ao tempo. Isso no ofere-
cerá dificuldade se recordamos que o super-objeto se assenta sobre um arquétipo gravis e que
este possui um núcleo indiscernível na interioridade de seu ser em si; o super-objeto, em efeito,
é um ENTE COM FORMA CULTURAL, e, “EM TODOS OS ENTES, INDEPENDEN-
TEMENTE DE SUA FORMA OU TAMANHO, EXISTE UM PONTO INDISCERNÍ-
VEL. ESTA PROPRIEDADE É A CAUSA DA ISOTROPIA DO TEMPO TRANSCEN-
DENTE. Através dos pontos indiscerníveis FLUI O TEMPO TRANSCENDENTE e, como
todo ponto do espaço macrocósmico contém um ponto indiscernível, a fluência temporal é
isotrópica”. Isto significa que no espaço cultural do super-objeto PODE FLUIR o tempo trans-
cendente desde o ponto indiscernível do Arquétipo gravis Por que dizemos “PODE FLUIR e
não FLUI? Resposta: porque a fluência do tempo transcendente somente ocorrerá quando o
I.H.P.C. se assome ao espaço cultural do super-objeto axiológico e “RECONHEÇA UM OB-
JETO”, ou seja, QUANDO ELE CONCEDE SENTIDO CULTURAL. Em caso contrário,
se o super-objeto axiológico somente permanece SITUADO na série cronocultural, sua dimen-
são temporal é a de um “MOMENTO DO VALOR ABSOLUTO”; vale dizer, que o super-
objeto permanece fixo nesse “momento axiológico absoluto”, comportando-se como um
“conteúdo mnemônico” do Registro cultural. Em resumo, se o iniciado se situa em I.H.P.C. e
acede ao conteúdo do Registro cultural, à série cronocultural de super-objetos axiológicos, e, se
por meio da resignação passo a passo, Sétimo passo da faculdade de anamnese, se soma ao
interior de um super-objeto axiológico e encontra significativo o contexto axiológico de seu
espaço cultural, ou seja, se lhe põe sentido com sua expressão, ENTÃO PODE OCORRER
QUE FLUA O TEMPO TRANSCENDENTE DESDE O NÚCLEO INDISCERNÍVEL
DO SER EM SI. O Iniciado deverá validar muito bem se lhe convém por sentido em um
espaço cultural de um super-objeto, pois, se isto sucede, é inevitável a fluência do tempo trans-
cendente e o conseguinte perigo de confronto com o Demiurgo através do ponto indiscernível,
do Yod, do Olho de Abraxas: “E, como o tempo transcendente é em realidade a corrente de
Consciência do Demiurgo, se compreende que em cada ente, desde o ponto indiscernível, está
Ele: está Ele IMPULSIONANDO o processo do ente com seu Aspecto Sabedoria, desde a
enteléquia potencial, e VENDO o processo do ente com seu Aspecto Consciência- tempo,
desde o ponto indiscernível”. Os Átomos gravis sustentam aos entes e, “em cada um deles
existe um ponto indiscernível: em cada ponto indiscernível, que é o mesmo ponto em todos os
átomos do Universo, existe um ponto de tempo Transcendente, pois, em cada um deles, o
Demiurgo manifesta seu Aspecto “Consciência-Tempo”.
Agora bem, a influência do tempo transcendente no super-objeto não deve ser recha-
çada pelo Iniciado, pois, ainda que o perigo mencionado esteja sempre latente, é perfeitamente
possível evitá-lo, segundo se explicará, e em compensação apresenta a vantagem de permitir o
PASSO ATÉ O NÚCLEO TRANSITANTE DO SUPER CONCEITO: a esta operação se

383
referem os passos Sétimo a Décimo quinto da faculdade de anamnese e a ela nos referiremos
no Segundo tema.
Segundo tema: Caso se tem entendido corretamente o primeiro tema, deverá extrair-
se a seguinte conclusão: A SÉRIE CRONOCULTURAL DE SUPER-OBJETOS AXIOLÓ-
GICOS É UM CONTEÚDO “ESTÁTICO” DO REGISTRO CULTURAL: CADA MEM-
BRO DA SÉRIE É O REGISTRO DE UM “MOMENTO DE VALOR ABSOLUTO” DO
OBJETO CULTURAL QUE REPRESENTA. O INICIADO HIPERBÓREO OPERA O
REGISTRO COM SEU EU NA POSIÇÃO I.H.P.C. (figura 81): DALI LOCALIZA O
TAPA-SIGNO (R) E CAUSA SUA ABERTURA (passo Quarto, Quinto e Sexto da faculdade
de anamnese). O TAPA-SIGNO (R) É O SUPER-OBJETO AXIOLÓGICO SITUADO NO
EXTREMO DA SÉRIE: PRATICANDO O SEXTO E SÉTIMO PASSO, O INICIADO
RESIGNA OS SUPER-OBJETOS EMPREGANDO, PASSO A PASSO, A ESPADA DE
WOTAN. O INICIADO OBSERVA OS OBJETOS RESIGNADOS DESDE A TELA
CULTURAL, OU SEJA, OBSERVA SUA IMAGEM, CUIDANDO DE NÃO AFIRMAR
NENHUM SENTIDO NELES.
UMA VEZ QUE TEM SELECIONADO AO SUPER-OBJETO QUE MAIS LHE
INTERESSA CONHECER, PODE OPTAR, SE O REQUER SUA ESTRATÉGIA, EM
POR SENTIDO EM SEU ESPAÇO CULTURAL, RECONHECENDO AOS OBJETOS
AXIOLÓGICOS QUE O INTEGRA E PROJETANDO-LHES OS SIGNOS. NO
MESMO INSTANTE QUE O INICIADO PROJETA O PRIMEIRO SIGNO, COMEÇA
A FLUIR O TEMPO TRANSCENDENTE DESDE O NÚCLEO INDISCERNÍVEL DO
ENTE: NESSE MOMENTO O ESPAÇO CULTURAL DO SUPER-OBJETO PODE AD-
QUIRIR SEUS LIMITES MAIS VASTOS, PERMITINDO AO INICIADO A ENTRADA
FÍSICA EM SEU CONTEXTO AXIOLÓGICO.
VALE ADVERTIR QUE SEMELHANTE PASSO, O OITAVO DA FACULDADE
DE ANAMNESE, É TERRIVELMENTE ARRISCADO: POR QUÊ? RESPOSTA: POR-
QUE, UMA VEZ INGRESSADO FISICAMENTE NO ESPAÇO CULTURAL DO SU-
PER-OBJETO, NO SEIO DE SEU CONTEXTO AXIOLÓGICO, ESTE ÂMBITO NÃO
DIFERIRÁ EM NADA DO CONTEXTO HABITUAL QUE DEIXA ATRÁS O INICI-
ADO: E TAL INDIFERENÇA PODE TORNAR DIFICULTOSO, E PERIGOSO, O RE-
GRESSO AO PRÓPRIO CONTEXTO HABITUAL. PARA ESTES CASOS, A ÚNICA
POSSIBILIDADE CERTA DE ORIENTAÇÃO PROCEDE DA CORRETA OBSERVA-
ÇÃO DA DIMENSÃO TEMPORAL; EM EFEITO, SE O CONTEXTO AXIOLÓGICO
DE UM SUPER-OBJETO, NÃO APRESENTA DIFERENÇA APRECIÁVEL COM O
CONTEXTO AXIOLÓGICO HABITUAL DO INICIADO, NÃO OCORRE TAL INDI-
FERENÇA COM OS TEMPOS TRANSCENDENTES DE AMBOS OS CONTEXTOS.

384
SE BEM O TEMPO TRANSCENDENTE FLUI NO ESPAÇO CULTURAL DE QUAL-
QUER SUPER-OBJETO, NÃO O FAZ EM TODOS DO MESMO MODO QUAL É A
DIFERENÇA? RESPOSTA: QUE O TEMPO TRANSCENDENTE EM QUALQUER
SUPER-OBJETO, SOMENTE COMEÇA A FLUIR A PARTIR DO PRINCÍPIO QUE
LHE IMPÕE O “MOMENTO DO VALOR ABSOLUTO”. O “MOMENTO AXIOLÓ-
GICO ABSOLUTO”, ÚNICO PARA CADA SUPER-OBJETO, CONSTITUI O “PRIN-
CÍPIO” DA SUCESSÃO DO TEMPO TRANSCENDENTE. VALE DIZER QUE, EM
CADA SUPER-OBJETO, O TEMPO TRANSCENDENTE ARRANCA EM UM “MO-
MENTO DE VALOR ABSOLUTO” DIFERENTE.
O PRINCÍPIO do tempo transcendente é, pois, a única guia que dispõe o Iniciado Hi-
perbóreo para orientar-se no espaço cultural do super-objeto explorado. Para que este conceito
se concretize em um ato prático de orientação, é necessário determinar com precisão o menci-
onado PRINCÍPIO do tempo transcendente. A importância de estabelecer o PRINCÍPIO do
tempo no super-objeto somente poderá medir-se caso se compreende o seguinte aspecto do
problema; ainda que ambos os espaços culturais sejam semelhantes, e causem a confusão do
Iniciado, há uma diferença fundamental entre ambos: o espaço cultural habitual do Iniciado
está constituído sobre um espaço físico, integrado em toda a extensão de suas dimensões por
átomos gravis, por cada um de tais átomos pontuais flui isotropicamente o tempo transcen-
dente; o espaço cultural do super-objeto, em compensação, está constituído sobre o espaço
físico que produz UM ÚNICO ÁTOMO GRAVIS: recordemos que o super-objeto é UM
ENTE COM FORMA CULTURAL; somente quando o Iniciado põe sentido nessa “forma
cultural” começa a fluir o tempo transcendente: E O FAZ PELO PONTO INDISCERNÍ-
VEL DESSE ÚNICO ÁTOMO QUE SUPORTA AO SUPER-OBJETO. Vê-se, pois, a im-
portância de captar o PRINCÍPIO do tempo transcendente já que este brota POR UM
PONTO SOMENTE DO SUPER-OBJETO, um ponto que a Sabedoria Hiperbórea deno-
mina A FONTE DE ABRAXAS.
Convém fazer um alto, na busca do PRINCÍPIO, para comentar uma consequência da
diferença recentemente exposta entre o espaço cultural habitual e o espaço cultural do super-
objeto. Para o Iniciado Hiperbóreo, A REALIDADE É O QUE AFIRMA SUA EXPRES-
SÃO. Assim, REAL é seu contexto axiológico habitual, no que tem afirmado a totalidade dos
objetos culturais; mas também será REAL o contexto axiológico presente no espaço cultural
do super-objeto, posto que o tenha afirmado com sua expressão; e ambos os espaços culturais
REAIS, no seio de seus respectivos contextos axiológico, o Iniciado poderá situar-se alternati-
vamente e adquirir experiências semelhantes, sem que nada permita estabelecer, finalmente,
qual é um espaço e qual é outro. Mas, ainda que as diferenças não se advirtam, o certo é que os
objetos culturais do contexto habitual estão CONSTITUÍDOS SOBRE ENTES DESIGNA-

385
DOS, enquanto que os objetos axiológicos do contexto do super-objeto somente CONFOR-
MAM à POTÊNCIA FORMATIVA DE UM ÚNICO ÁTOMO GRAVIS. Ou seja, que o
contexto axiológico habitual está fundado sobre a pluralidade de entes de uma infraestrutura
ôntica, enquanto que o contexto do super-objeto está fundado sobre a forma de um ente so-
mente. Que conclusão há que extrair destes fatos? Resposta: que, ainda que AMBOS REAIS,
um OBJETO CULTURAL do contexto habitual se encontra fundado sobre um ente e, por-
tanto, é FÍSICO, enquanto que um OBJETO AXIOLÓGICO, do contexto do super-objeto,
se encontra PLASMADO NO ARQUÉTIPO GRAVIS como a FORMA deste e não como
ente em si, e, portanto, é METAFÍSICO. O objeto axiológico, em efeito, é uma FORMA
PURA, um SÍMBOLO REAL, que carece de essência ôntica: sua plasmação somente COM-
PLEMENTA ACIDENTALMENTE a essência ôntica do átomo gravis. Compreende-se
agora que, ainda que o Iniciado se detenha perplexo, sem poder determinar qual é seu contexto
habitual, o concreto é que somente o seu é FÍSICO: todo outro contexto axiológico dos super-
objetos é METAFÍSICO, composto de PUROS SÍMBOLOS. E esta não é a parte mais enga-
nosa do Terrível Segredo de Maya.
O Iniciado Hiperbóreo que tem ENTRADO ao espaço cultural de um super-objeto, e
se tem extraviado em um contexto axiológico de puros símbolos, UM CONTEXTO COM
TODA A APARÊNCIA DE SUA EFETIVA REALIDADE, somente poderá orientar-se se
for capaz de achar A FONTE DE ABRAXAS, o PRINCÍPIO DO TEMPO TRANSCEN-
DENTE. Logo, o correto é NÃO ENTRAR ao espaço cultural de um super-objeto se não se
tem determinado de antemão a localização da Fonte de Abraxas: SUA LOCALIZAÇÃO É A
CONDIÇÃO NECESSÁRIA E SUFICIENTE PARA OBTER ORIENTAÇÃO E SEGU-
RANÇA.
A orientação se obtém de tomar à Fonte de Abraxas como REFERÊNCIA ESTRA-
TÉGICA para todo deslocamento pelo espaço cultural do super-objeto; e a segurança consiste
em saber a todo o momento ONDE ESTÁ O OLHO DE ABRAXAS, ou seja, em que lugar
se tem de produzir o inevitável confronto com um Aspecto do Demiurgo.
Finalmente, como se determina o PRINCÍPIO do tempo transcendente do super-ob-
jeto axiológico? Como se encontra a localização da Fonte de Abraxas? Resposta: a Fonte de
Abraxas se encontra no CENTRO do espaço cultural do super-objeto. Esta resposta nos lança,
pois, outra pergunta: como determinar o CENTRO em um super-objeto axiológico da série
cronocultural? Resposta: O CENTRO se determina com o concurso de um dado já conhecido.
Recordemos uma resposta anterior: “A RELATIVIDADE DO VALOR PARTICU-
LAR INTRODUZ UMA CARACTERÍSTICA NA SÉRIE CRONOCULTURAL: A “CEN-
TRALIDADE” DO OBJETO CULTURAL
REFERENTE (O.C.R.). Com outras palavras, não obstante que o super-objeto radica

386
em um momento axiológico absoluto, sua estrutura resulta determinada pela relatividade do
valor particular conferido pelo Registro cultural: tal determinação consiste na CENTRALI-
DADE que o O.C.R. desempenha na estrutura de cada super-objeto axiológico” (F6). Conhe-
cemos agora o modo de localizar o CENTRO no espaço cultural de um super-objeto: HÁ
QUE LOCALIZAR COM EXATIDÃO AO OBJETO CULTURAL REFERENTE DO
REGISTRO CULTURAL; NO CONTEXTO AXIOLÓGICO DO SUPER-OBJETO, O
O.C.R. OCUPA UMA POSIÇÃO “CENTRAL”; E, UMA VEZ LOCALIZADO O O.C.R.,
SABEMOS QUE, JUNTO A ELE, ESTA A FONTE DE ABRAXAS.
Regressemos ao I.H.P.C. e observemos como se aplica esta possibilidade de localizar a
priori a Fonte de Abraxas, durante a exploração do Registro cultural. Sendo que os super-obje-
tos axiológicos mais distanciados dos extremos da série cronocultural correspondem a “mo-
mentos” PASSADOS do valor absoluto, o explorá-los, e por sentido, equivale a RECRIAR
espaços culturais com contextos axiológicos antigos, nos quais o tempo transcendente tem co-
meçado a fluir a partir da ENTRADA do Iniciado e sua expressão doadora de sentido. Este
caso, no qual é fácil extraviar-se de não contar com uma referência segura, é análogo ao exemplo
já visto sobre o sistema real formado pelo sabre curvo do General São Martín (O.C.E.) e o
pinheiro de São Lorenzo (O.C.R.): no Registro cultural de tal sistema, o Iniciado revisava a série
cronocultural para localizar um super-objeto axiológico correspondente ao combate de São
Lorenzo. Suponhamos, agora, que o Iniciado tem selecionado e RESIGNADO um super-ob-
jeto e que se dispõe a ingressar a seu espaço cultural. Na tela cultural do sabre curvo (O.C.E.)
tem contemplado a imagem do super-objeto escolhido: se vê ali ao pinheiro de São Lorenzo
numa posição CENTRAL do contexto axiológico; em seu torno, o Convento de São Carlos, o
General São Martín e seu regimento de granadeiros a cavalo, o rio Paraná e a fragata com os
soldados espanhóis, etc.; são os momentos prévios ao combate. O Iniciado decide afirmar a
cena e contemplar o combate de perto, para o qual planeja ingressar no espaço cultural do
super-objeto e instalar-se em um lugar adequado. Antes de pôr o sentido se lança a seguinte
interrogação: qual é o objeto cultural referente (R)? Resposta: o pinheiro de São Lorenzo. Onde
está localizado o O.C.R.? Resposta: no CENTRO do contexto axiológico; onde pode estar a
Fonte de Abraxas? Resposta: no CENTRO, junto ao pinheiro de São Lorenzo ou O.C.R.
Sabendo, logo, que tem localizado o PRINCÍPIO do tempo transcendente, o Iniciado
se decide por sentido no espaço cultural, concentrando-se para não perder de vista ao O.C.R.,
ou seja, ao pinheiro São Lorenzo. No seguinte passo, o Iniciado projeta os signos sobre os
objetos axiológicos e lhes põe sentido, notando como, no ato, a cena cobra vida e movimento:
é o efeito do tempo transcendente que tem começado a fluir desde a Fonte de Abraxas; antes
desse COMEÇO, no super-objeto reinava o momento (registrado) do valor absoluto. O Inici-
ado ENTRA na cena e comprova que se encontra em um espaço cultural de grande realismo,
em nada diferente de seu contexto habitual; por isso não perde de vista em nenhum momento

387
ao pinheiro de São Lorenzo, pois, junto a ele, se encontra a Fonte de Abraxas, o PONTO DE
REFERÊNCIA EXATO QUE LHE PERMITIRÁ “AVANÇAR ALÉM” DO ESPAÇO
CULTURAL DO SUPER CONCEITO.
Naturalmente, para compreender o que significa “avançar além” do espaço cultural do
super conceito, e, especialmente, o que há “além”, é necessário aprofundar analogamente no
sistema real.
Comecemos por examinar novamente a figura 81: sobre uma trajetória em forma de
ESPIRAL CÔNICA se tem representado ali, por meio de pontos, os super-objetos da série
cronocultural. Esta disposição análoga nos permite extrair uma importante conclusão: cada
ponto sobre a espiral cônica equivale a um super-objeto axiológico e todos os super-objetos
estão situados EM SÉRIE, ou seja, UM NA CONTINUAÇÃO DE OUTRO, ao largo da
dimensão EXTENSÃO do super conceito… pelo menos isto é o que se aprecia do ponto de
vista A.R.S.E.P.E.. Sem embargo a situação dos super-objetos é muito distinta do ponto de
vista do I.H.P.C.; para comprová-lo somente há que imaginar como se veriam os pontos da
espiral cônica desde a posição que indica a flecha “I.H.P.C.” na figura 81: é evidente que, desse
modo, somente se poderá observar UM PONTO, ou seja, o ponto EXTREMO da série. O
tapasigno (R), justamente, representa o super-objeto EXTREMO da série, visto sobre a tela
cultural do O.C.E. Quando, por efeito do Quinto e Sexto passo da faculdade de anamnese, se
DESLOCA o tapasigno (R), ou super-objeto extremo, e se o RECOLOCA na tela cultural por
outro super-objeto axiológico da série, o I.H.P.C. segue vendo SOMENTE UM SUPER-OB-
JETO: o que tem frente a si na tela cultural. DEPOIS DESTE SUPER-OBJETO VISÍVEL
“VIRIAM” OS SEGUINTES SUPER-OBJETOS “EM SÉRIE”: isto, que parece lógico para
todo A.R.S.E.P.E., é INCOMPROVAVEL para todo I.H.P.C.. E a dificuldade há que buscá-
la no tempo transcendente.
Sabemos, em efeito, que basta a expressão do I.H.P.C. sobre um super-objeto axiológico
para causar o PRINCÍPIO do tempo transcendente em seu espaço cultural. Pois bem, supo-
nhamos que, na figura 81, o I.H.P.C. causará em cada ponto da espiral cônica o princípio do
tempo transcendente: isso equivalerá a que, POR CADA PONTO, PASSARÁ UM EIXO (TT)
DO TEMPO TRANSCENDENTE; É INDUBITÁVEL, ENTÃO, QUE TAIS EIXOS (TT)
SEJAM VISTOS COMO “LINHAS PARALELAS” DESDE O PONTO DE VISTA DO
I.H.P.C.. Eis aqui outra importante conclusão: OS SUPER-OBJETOS AXIOLÓGICOS
CONTIDOS NO REGISTRO CULTURAL, QUE APARENTAM ESTAR DISTRIBUÍ-
DOS “EM SÉRIE” SOBRE A DIMENSÃO EXTENSÃO PARA O PONTO DE VISTA
DO A.R.S.E.P.E., ESTÃO DISTRIBUÍDAS SOBRE DIMENSÕES “PARALELAS” DO
TEMPO TRANSCENDENTE PARA O PONTO DE VISTA DO I.H.P.C. Em síntese, os
super-objetos axiológicos estão distribuídos EXTENSIVAMENTE “EM SÉRIE” e TEMPO-
RALMENTE “EM PARALELO”.

388
Esta conclusão nos permitirá resolver o problema da CONTINUIDADE da HISTÓ-
RIA CULTURAL. Desde o ponto de vista do A.R.S.E.P.E.: A HISTÓRIA CULTURAL, EN-
QUANTO SE COMPÕE DE UMA SÉRIE DE SUPER-OBJETOS AXIOLÓGICOS, É
EXTENSIVAMENTE “DESCONTÍNUA”. Do ponto de vista do I.H.P.C.: A HISTÓRIA
CULTURAL, ENQUANTO SE DESENVOLVE EM CADA SUPER-OBJETO EXPLO-
RADO POR CAUSA DO PRINCÍPIO DO TEMPO TRANSCENDENTE, É CRONO-
LOGICAMENTE “CONTINUA”.
É CLARO, A ESTA ALTURA DA EXPLICAÇÃO, QUE, PARA CONHECER A
HISTÓRIA CULTURAL DE UM REGISTRO CULTURAL, NÃO É NECESSÁRIO
“AVANÇAR” EM SENTIDO EXTENSIVO: O I.H.P.C. NÃO CONHECE A HISTÓRIA
CULTURAL “AVANÇANDO” SOBRE OS DISTINTOS SUPER-OBJETOS DA SÉRIE
SENÃO SITUANDO-SE EM UM DE ELES E PERMITINDO QUE FLUA O TEMPO
TRANSCENDENTE. EM CADA SUPER-OBJETO TEMPORALIZADO PODE DE-
SENVOLVER-SE UMA HISTÓRIA CULTURAL “PARALELA”: O ÚNICO QUE VARI-
ARÁ NELAS SERÁ O INSTANTE DO “PRINCÍPIO” DO TEMPO TRANSCEN-
DENTE, JÁ QUE EM CADA SUPER-OBJETO O TEMPO TEM DE COMEÇAR A PAR-
TIR DO REGISTRO DE UM “MOMENTO DE VALOR ABSOLUTO”. É claro, assim,
que o I.H.P.C. NÃO “AVANÇARÁ” sobre a extensão do super conceito para conhecer a
história cultural senão que permanecerá no super-objeto axiológico selecionado, observando
como a história se desenvolve continuamente em sua própria dimensão temporal.
O conhecimento, visual ou físico, da história cultural que permite a faculdade de anam-
nese se compreenderá melhor se explicarmos em qual região do sistema real se obtém. Vale-
remo-nos, outra vez, do sistema real análogo representado na figura 81: distinguimos nele TRÊS
REGIÕES CLARAMENTE CÔNICAS. A primeira, que vai desde o tapasigno (R) até o ponto
vértice χ (Qui), é um espaço cônico denominado: CÂMARA DE ENTRADA E SAÍDA. A
segunda região, que possui dos vértices χ (Qui) extremos e se engancha pelo meio, é um espaço
em forma de dois cones unidos pela base e se denomina: ANTECÂMARA; a antecâmara con-
tém ao núcleo transitante do super conceito. A terceira região, análoga à primeira, é um espaço
cônico entendido entre u tapasigno (E) e o segundo ponto vértice χ (Qui), denominado CÂ-
MARA DE RETORNO.
Pois bem, empregando estas denominações, podemos afirmar que o I.H.P.C. SEMPRE
OBSERVA A HISTÓRIA CULTURAL, DE QUALQUER REGISTRO, NA CÂMARA DE
ENTRADA E SAÍDA DO SISTEMA REAL. Com esse fim SITUA, AO SUPER-OBJETO
SELECIONADO, NA CÂMARA DE ENTRADA: se a exploração da história cultural é vi-
sual, o I.H.P.C. observa as imagens na tela cultural; se a exploração é física o I.H.P.C. IN-
GRESSA à CÂMARA DE ENTRADA e permanece no espaço cultural do super-objeto axi-

389
ológico, enquanto a história cultural se desenvolve a partir do PRINCÍPIO do tempo transcen-
dente. Segundo vimos, para conhecer a história cultural NÃO NECESSITA “AVANÇAR”
fora do espaço cultural do super-objeto, ou seja, NÃO NECESSITA AVANÇAR ALÉM DO
PONTO VÉRTICE χ (Qui), QUE É UM LIMITE DA CÂMARA DE ENTRADA ONDE
SE DESENVOLVE INTEGRAMENTE A HISTÓRIA CULTURAL. Entretanto, anterior-
mente comprovamos que o I.H.P.C., quando se interna fisicamente no espaço cultural de um
super-objeto, mantém localizado em todo momento ao O.C.R., ou seja, ao CENTRO, à Fonte
de Abraxas, pois depende de sua referência “PARA AVANÇAR ALÉM DO ESPAÇO CUL-
TURAL”. Quer dizer que, se bem o I.H.P.C. não necessita “avançar além” do espaço cultural
do super-objeto para os fins de explorar e conhecer a história cultural PODE EFETUAR ESSE
TRÂNSITO PARA OUTROS FINS DIFERENTES. Quais FINS? Resposta: recordemos em
F1: “Dois motivos principais levam aos Iniciados Hiperbóreos a explorar os Registros culturais:
um é a necessidade de conhecer a HISTÓRIA CULTURAL RELATIVA de algum objeto
cultural, ou seja, conhecer o CONTEÚDO do Registro cultural; outro é a necessidade de SAL-
VAR UMA DISTÂNCIA, ESPACIAL OU TEMPORAL, relativa a algum objeto cultural, ou
seja, TRANSITAR-SE desde o núcleo cônico polidimensional do Registro cultural. Ambos
objetivos se concretizam mediante a faculdade de anamnese”. O segundo motivo é, evidente-
mente, o que impele ao Iniciado a “avançar além” do espaço cultural de um super-objeto.
Se o Iniciado decide avançar além do espaço cultural de um super-objeto axiológico,
deverá abandonar a CÂMARA DE ENTRADA e trasladar-se à seguinte região do super con-
ceito, ou seja, ao NÚCLEO TRANSITANTE. Este passo somente pode efetuar-se ATRAVÉS
do ponto vértice χ (Qui): os pontos vértices χ (Qui), que conectam entre si as três regiões cô-
nicas do super conceito, se denominam PORTAS Qui. O Décimo passo da faculdade de anam-
nese indica que “se for necessário”, o Iniciado deve ABRIR a porta χ (Qui) e o Décimo primeiro
que, na continuação, pode PASSAR AO NÚCLEO TRANSITANTE: sobre estes passos, e os
cinco seguintes, apenas poderemos brindar aqui uma vaga aproximação de seu significado con-
creto por se tratar de um tema que, para sua compreensão, REQUER INEVITAVELMENTE
A PRÉVIA INICIAÇÃO HIPERBÓREA. Em outras palavras, É QUASE IMPOSSÍVEL
COMPREENDER OS PASSOS SUPERIORES DA FACULDADE DE ANAMNESE
NUMA EFETIVA DIFERENCIAÇÃO ENTRE O EU E O SUJEITO CONSCIENTE,
SEM O ISOLAMENTO DO EU QUE CONCEDE A INICIAÇÃO HIPERBÓREA. Uni-
camente o Iniciado Hiperbóreo possui o poder de situar-se ante um objeto cultural na posição
I.H.P.C. e somente ele pode compreender os passos superiores da faculdade de anamnese, ou
seja, o que significa realmente ABRIR, PASSAR, TRANSITAR-SE, ETC.
Feita esta ressalva, aproveitaremos uma vez mais as possibilidades análogas da figura 81.
Suponhamos que nos encontramos, em relação ao sistema real, na posição que indica a flecha
“I.H.P.C.”: frente a nós está o TAPA-SIGNO (R), QUE É A BASE DE UM CONE CUJO

390
VÉRTICE É O PONTO χ. Suponhamos, também, que, desde nossa posição em I.H.P.C.,
PODEMOS OBSERVAR “ALINHADOS” TANTO AO “CENTRO” DO CONE COMO
AO “VÉRTICE χ”, ou seja, que vemos SIMULTANEAMENTE ao centro do cone e a seu
vértice. Recordemos agora que “o cone” corresponde à CÂMARA DE ENTRADA E SAÍDA
do sistema real, que “o vértice χ” corresponde à porta χ (Qui), e que em “o centro” da câmara
de entrada se encontra sempre a FONTE DE ABRAXAS: EM CONSEQÜÊNCIA, O “ALI-
NHAMENTO” ENTRE O CENTRO E O VÉRTICE DO CONE CORRESPONDE A
UMA POSSIBILIDADE DO I.H.P.C. DE VISUALIZAR SIMULTANEAMENTE A
FONTE DE ABRAXAS E A PORTA χ (Qui); é a possibilidade de obter SEGURANÇA e
ORIENTAÇÃO no deslocamento pelo espaço cultural do super-objeto TOMANDO COMO
REFERÊNCIA A FONTE DE ABRAXAS, AO “PRINCÍPIO” DO TEMPO TRANSCEN-
DENTE. O I.H.P.C. jamais se atreveria a deslocar-se “além” da câmara de entrada sem localizar
previamente a Fonte de Abraxas: se o fizesse, se atravessasse a porta χ (Qui) sem tomar como
referência à Fonte de Abraxas, “atrás de si” se desenvolveria a história cultural do super-objeto
com a conseguinte mudança permanente do contexto axiológico, o que tornaria muito dificul-
toso, quando não impossível, a orientação para achar a saída da câmara. Em um contexto axi-
ológico em permanente porvir por causa do PRINCÍPIO do tempo transcendente, a única
referência segura é a Fonte de Abraxas, junto à centralidade do O.C.R.: sua localização permite
tanto “avançar além do espaço cultural”, através da porta χ (Qui), como regressar ao contexto
axiológico habitual do I.H.P.C.; sem esta referência, o regresso pode ver-se comprometido por-
que a história cultural que se desenvolve na câmara de entrada segue uma direção paralela à
história cultural da superestrutura, na qual deve situar-se o I.H.P.C. ao sair do sistema real.
Para o Iniciado Hiperbóreo o espaço cultural do super-objeto axiológico constitui um
ESPAÇO ESTRATÉGICO; seu deslocamento pelo mesmo sempre forma parte de um ato
guerreiro. Por isso no Nono passo, à exata localização da Fonte de Abraxas, se a denomina
LOCALIZAÇÃO ESTRATÉGICA.
Caso o Iniciado tenha cumprido o Nono passo da faculdade de anamnese, se tem reali-
zado a localização estratégica da Fonte de Abraxas, então pode PASSAR através da porta χ
(Qui) com certo grau de segurança, ou seja, pode executar o Décimo passo. Como se ABRE a
porta χ (Qui)? Resposta: A PORTA χ (Qui) SE ABRE PELO MESMO ATO DE SER RE-
CONHECIDA: COM SOMENTE SITUAR-SE FRENTE A ELA, E EXPRESSAR O RE-
CONHECIMENTO, FICA APLANADO O PASSO ATÉ O NÚCLEO TRANSITANTE.
Em outros termos, a resposta nos diz que A PORTA χ (Qui) SE ABRE AO SER AFIRMADA.
Logo, isso somente pode ocorrer se o Iniciado é capaz de por sentido projetando um signo:
UM SIGNO QUE TEM SIDO REVELADO PREVIAMENTE, AO INICIADO HIPER-
BÓREO OU CAVALEIRO TIRODAL, PELO PONTÍFICE HIPERBÓREO. É evidente
que a porta χ (Qui), e o signo que lhe põe sentido, são uma e a mesma coisa: A TAL SIGNO

391
A SABEDORIA HIPERBÓREA O DENOMINA “CHAVE DE XAM (o JAM)”. Ao afir-
mar a porta χ (Qui), ao projetar a Chave de Xam o Iniciado fica em condições de PASSAR
através dela e ingressar ao NÚCLEO TRANSITANTE. Se o faz, o que encontrará nesse es-
paço interior do super conceito? Resposta: o setor mais alucinante do Terrível Segredo de Maya:
A REGIÃO DO SUPER CONCEITO EXPLORADO ONDE ESTÃO PLASMADOS OS
OBJETOS AXIOLÓGICOS COMUNS A OUTROS SUPER CONCEITOS MACRO-
CÓSMICOS. EXISTEM ALI OBJETOS AXIOLÓGICOS COM DETERMINADOS “AS-
PECTOS” ARQUETÍPICOS QUE SOMENTE TÊM SENTIDO EM OUTROS ESPA-
ÇOS DE SIGNIFICAÇÃO MACRO-CÓSMICOS: TAIS FACETAS INSÓLITAS DE VA-
LOR CULTURAL SÃO SUSTENTADAS PELOS CONTEXTOS AXIOLÓGICOS DE
DITOS ESPAÇOS DE SIGNIFICAÇÃO, OU SEJA, TÊM SIGNIFICADO NOS CON-
TEXTOS SUPERESTRUTURAIS DAS RESPECTIVAS SUPERLINGUAGENS. OS OB-
JETOS AXIOLÓGICOS, DA SÉRIE CRONOCULTURAL, ALI PRESENTES, PARTICI-
PAM DE OUTROS ESPAÇOS DE SIGNIFICAÇÃO MACRO-CÓSMICOS, VALE DI-
ZER, SÃO “POLIDIMENSIONAIS”: ESTE É O FATO, QUE NÃO PODE SER EXPLI-
CADO CABALMENTE E QUE SOMENTE PODE SER COMPREENDIDO PELOS
INICIADOS HIPERBÓREOS.
De qualquer maneira, sugerimos a ideia de que, UMA MUDANÇA NA PERSPEC-
TIVA COM QUE SE OBSERVA AO OBJETO AXIOLÓGICO, IMPLICA A EFETIVA
TRANSITAÇÃO DO OBSERVADOR, OU SEJA, O TRANSPORTE A UM CONTEXTO
NO QUAL A FACETA OBSERVADA TEM SIGNIFICADO: NATURALMENTE, NOS
REFERIMOS A UMA “PERSPECTIVA CULTURAL”, MAS É SURPREENDENTE OS
MILHÕES DE ASPECTOS CULTURAIS QUE APRESENTA UM OBJETO AXIOLÓ-
GICO DO NÚCLEO TRANSITATIVO EM OUTROS TANTOS ESPAÇOS DE SIGNI-
FICAÇÃO. AGORA BEM: OCORRE QUE A MAIS LEVE MUDANÇA DE PERSPEC-
TIVA CAUSA A IMEDIATA TRANSITAÇÃO FÍSICA DO INICIADO A OUTRO ES-
PAÇO DE SIGNIFICAÇÃO; É INDUBITÁVEL A IMPORTÂNCIA DE CONTROLAR
ESTE EFEITO, MAS, DO QUE DEPENDE A MUDANÇA DE PERSPECTIVA? RES-
POSTA: UMA “MUDANÇA DE PERSPECTIVA CULTURAL” É UMA MUDANÇA NO
MODO DE AFIRMAÇÃO DO OBJETO AXIOLÓGICO, UMA MODIFICAÇÃO NA
EXPRESSÃO DO RECONHECIMENTO, OU SEJA, UM “ATO VOLITIVO”. COM-
PREENDE-SE, POIS, QUE O CONTROLE DA TRANSITAÇÃO DEPENDE DA
VONTADE DO INICIADO HIPERBÓREO: SOMENTE QUEM POSSUA UMA VON-
TADE DE FAZÊ-LO PODERÁ MANTER-SE “SITUADO” EM UM ESPAÇO DE SIG-
NIFICAÇÃO DETERMINADO E EVITAR A “TRANSITAÇÃO”; INVERSAMENTE,
UMA MENTE DÉBIL ENLOUQUECERÁ SEM REMÉDIO FRENTE AO ESPETÁ-
CULO DOS OBJETOS AXIOLÓGICOS TRANSITÁVEISDO NÚCLEO TRAN-

392
SITANTE, EM SÍNTESE, “O CONTROLE DA TRANSITAÇÃO É UM ATO VOLI-
TIVO PURO”.
É claro que somente a firme vontade do Iniciado evitará que o Décimo primeiro passo
conclua numa sorte de suicídio metafísico. Todavia, o Iniciado Hiperbóreo não pode correr
este perigo porque, antes de receber as chaves para explorar os registros culturais, deve desen-
volver sua ESFERA EHRE (1) de vontade egóica mediante a prática da “atitude graciosa luci-
férica”.
Suponhamos, então, que o Iniciado possui vontade suficiente como para afirmar e esta-
bilizar os objetos axiológicos do núcleo transitante no contexto axiológico de outro espaço de
significação: NESSE CASO PODERÁ DESLOCAR-SE POR QUALQUER DAS DIMEN-
SÕES DE TAL ESPAÇO, TANTO ESPACIAIS COMO TEMPORAIS. Mas tal possibili-
dade, o repetimos, não poderá ser compreendida senão pelos Iniciados Hiperbóreos. Somente
cabe refletir sobre uma correspondência já destacada: O DESLOCAMENTO DO I.H.P.C. A
OUTRO ESPAÇO DE SIGNIFICAÇÃO POR TRANSITAÇÃO É ANÁLOGO AO DES-
LOCAMENTO DO SUJEITO CULTURAL A OUTRO PLANO DE SIGNIFICAÇÃO
POR CONOTAÇÃO.
O Décimo segundo passo da faculdade de anamnese permite a transitação voluntaria
que acabamos de estudar e da qual não convém agregar nada mais. Enquanto aos seguintes
passos, do Décimo terceiro ao Décimo quinto, cabe declarar que DESCREVEM O MODO
COMO O INICIADO DEVE REGRESSAR A SEU CONTEXTO HABITUAL. Tal modo
nos lança de imediato um problema: por que três passos para isso? Ou seja, por que se requerem
“TRÊS” passos para voltar? Não é possível GIRAR no núcleo transitante e PASSAR inversa-
mente pela primeira porta χ (Qui), desfazendo o caminho percorrido? Por que para VOLTAR,
é necessário AVANÇAR até a segunda porta χ (Qui)? Resposta: SE O INICIADO SE EN-
CONTRA NA ANTECÂMARA, NO NÚCLEO TRANSITANTE, LHE RESULTA IM-
POSSÍVEL GIRAR E VOLTAR DIRETAMENTE PELA PRIMEIRA PORTA χ (Qui);
PARA REGRESSAR AO PONTO DE PARTIDA, O INICIADO ESTÁ FISICAMENTE
OBRIGADO A CONTINUAR SEU AVANÇO INICIAL, ABRIR, E ATRAVESSAR A
SEGUNDA PORTA χ (Qui), TAL COMO O ORDENAM OS PASSOS DÉCIMO TER-
CEIRO E DÉCIMO QUARTO DA FACULDADE DE ANAMNESE: ALI, NA ANTE-
CÂMARA, PODERÁ “GIRAR E VOLTAR” À CÂMARA DE ENTRADA E SAÍDA, DE
ACORDO COM O DÉCIMO QUINTO PASSO.
Esta resposta, e os atos que descrevem os passos mencionados, nos advertem sobre um
comportamento estranho, “anormal”, por parte das portas χ (Qui) e o espaço intermediário da
antecâmara. Sem pretender explicar POR QUE as coisas ocorrem desse modo, COMO pode
ser possível que UMA “PORTA” PERMITA “ENTRAR” A UM RECINTO, MAS NÃO
“SAIR” DO MESMO, A MENOS QUE PRIMEIRO SE ATRAVESSE UMA SEGUNDA

393
PORTA DE “RETORNO”. A resposta surgirá logo de uma análise ontológica do conceito
“PORTA” e de definir o conceito de PORTA EXPANDIDA.
Comecemos, pois, pela definição de PORTA, valendo-nos da figura 82. As áreas A e B
representam dois recintos, separados completamente entre si por uma parede central na qual se
tem praticado o vão (x): somente ATRAVÉS desta abertura é possível PASSAR de um recinto
ao outro e vice-versa. Em síntese: UMA “PORTA” É O VÃO, ABERTURA, OCO, CORTE,
ETC, EXISTENTE NA PAREDE QUE SEPARA A DOIS RECINTOS E POR ONDE
ESTES SE CONECTAM PARA POSSIBILITAR O PASSO.

É possível, em consequência, definir FUNCIONALMENTE a toda PORTA, posto


que sua existência tenha a finalidade de conectar dois recintos e permitir o PASSO de um a
outro; vale dizer, TODA PORTA CUMPRE A FUNÇÃO DE “PERMITIR PASSAR”. Com
termos precisos, diremos que, EM GERAL, TODA PORTA SE CARACTERIZA POR SUA
“FUNÇÃO PASSO”.
A FUNÇÃO PASSO, assim definida, é GERAL para “toda porta” e não recebe, por-
tanto, DETERMINAÇÕES PARTICULARES: isto quer dizer que, sem restrições, a FUN-
ÇÃO PASSO regula o CRUZAR da porta em AMBOS OS SENTIDOS. Por isso, EM GE-
RAL, a função passo é BIUNÍVOCA: a porta x, permite o passo, BIUNIVOCAMENTE,
desde o recinto A ao B e desde o B ao A.
Agora bem, EM PARTICULAR, a função passo poderia receber a determinação de
permitir o passo EM UM SENTIDO SOMENTE, por exemplo, somente de A a B ou somente
de B a A; é o que ocorre, por exemplo, na válvula de uma garrafa de ar comprimido, considerada
alegoricamente como “porta”: permite a ENTRADA de mais ar, desde o exterior A ao interior
B, mas impede a SAÍDA do ar desde o interior B ao exterior A; uma válvula tal, de “uma via”,
apresenta um caminho UNÍVOCO para o ar, o que conduz a interpretar seu comportamento

394
mediante uma FUNÇÃO UNÍVOCA; em certo sentido, a PORTA DE UMA PRISÃO cum-
pre uma FUNÇÃO UNÍVOCA para os prisioneiros que se vem obrigados a PASSAR por ela:
o prisioneiro, cuja sentença está pendente, verá que a PORTA da prisão SOMENTE SE ABRE
PARA ENTRAR, MAS NÃO PARA SAIR; se o prisioneiro tenta regressar pelo mesmo cami-
nho, sem cumprir a sentença, UM SENTINELA O IMPEDIRÁ.
Exemplos aparte, a FUNÇÃO PASSO de uma determinada porta pode ser BIUNÍ-
VOCA, passo em ambas as DIREÇÕES, ou UNÍVOCA, passo numa DIREÇÃO ÚNICA.
Em todo caso, deve ser claro que ambos os modos UNÍVOCOS da função passo são FUN-
CIONALMENTE idênticos. Com outras palavras, O PASSO UNÍVOCO DE A ATÉ B É
FUNCIONALMENTE IDÊNTICO AO PASSO UNÍVOCO DE B ATÉ A.
Em todos os casos, a função passo se manifesta como LEI DE CAUSA E EFEITO,
ou seja, como uma lei cujo desenvolvimento consta de DUAS FASES, uma CAUSAL e outra
EFETIVA. Para comprová-lo vamos definir algumas condições na figura 82.
Em primeiro lugar, observemos a parede que separa os recintos A e B; é evidente que
um lado da parede enfrenta ao recinto A e que outro lado enfrenta ao recinto B: supondo que
se trata de uma parede pontual, ou que SUA ESPESSURA É MÍNIMA, consideraremos à
mesma como uma SUPERFÍCIE BILATERAL.
Em segundo lugar, estabeleçamos que a porta (x) permita UNIVOCAMENTE o passo
de A até B: uma flecha indica na figura, a DIREÇÃO de um viajante que se presta a PASSAR
pela porta (x). Sobre este viajante atuará a função passo da porta (x), impondo-lhe, segundo
vimos, uma lei de causa e efeito.
Analisemos, agora, a LEI DE PASSO. A função passo da porta (x) consiste, concreta-
mente, em possibilitar ao viajante o passo desde A até B: POSTO QUE O VIAJANTE EM
UM PRIMEIRO MOMENTO ESTEJA NA A, E NO SEGUINTE EM B, É OBVIO QUE
A LEI DEVE CONSTAR NECESSARIAMENTE DE DUAS FASES; tal condição, por ou-
tra parte, é inevitável pelas determinações topológicas que introduz a configuração do pro-
blema: DOIS recintos separados completamente por UMA parede bilateral com UMA porta
passante na mesma. A PRIMEIRA FASE, quando o viajante está na A, recebe o nome de
ENTRADA, ou seja, entrada NA PORTA; a SEGUNDA FASE, quando o viajante PASSOU
ao recinto B, se denomina SAÍDA, ou seja, saída DA PORTA. Resumindo, O CARÁTER
FUNCIONAL DE TODA PORTA EXIGE UM “PASSO” COMPOSTO DE ENTRADA
E SAÍDA.
Mas, de acordo ao afirmado, ambas as fases da LEI DE PASSO estão em relação de
causa e efeito, ou seja, que A PRIMEIRA FASE É A CAUSA DA SEGUNDA o que A SE-
GUNDA FASE É O EFEITO DA PRIMEIRA. Com outros termos, sinônimos, A EN-
TRADA (na porta) É A CAUSA DA SAÍDA (na porta) ou, A SAÍDA (da porta) É O EFEITO

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DA ENTRADA (na porta). Esta lei se comprova facilmente: NINGUÉM “ENTRA” NUMA
PORTA UNÍVOCA SEM “SAIR” e, inversamente, NINGUÉM “SAI” DE UMA PORTA
UNÍVOCA SEM HAVER “ENTRADO”.
Que conclusão devemos extrair desta análise, que nos seja útil para compreender as fun-
ções das portas χ (Qui)? Resposta: QUE EM TODA PORTA “NORMAL”, TAL COMO (X)
NA FIGURA 82, A LEI DE PASSO CONSTA DE “DUAS” FASES, ENTRADA E SAÍDA,
SEM ABSOLUTAMENTE NENHUMA “FINALIDADE AO MEIO”. VALE DIZER, à
“ENTRADA” LHE SUCEDE CAUSALMENTE A “SAÍDA”, SEM POSSIBILIDADE DE
DEFINIR UM ESTADO OU FASE INTERMEDIÁRIA. Mais claramente: se o viajante da
figura 82, desde o recinto A, ENTRA à porta (x), imediatamente SAI ao recinto B, sem possi-
bilidade de permanecer em um estado intermediário ENTRE a entrada e a saída; a condição
imposta à parede separadora, de ser BILATERAL, nos deve permitir intuir a impossibilidade
de que o viajante possa permanecer entre dois lados carentes de espessura; em realidade, a lei
de passo é CONTÍNUA: UM SOMENTE PASSO CONTÍNUO FORMADO POR DUAS
FASES; quando o viajante inicia o passo, desde A, ENTRA na porta(X), mas, antes de concluir
o passo, SAI ao recinto B; naturalmente, há um momento, DURANTE o passo, no qual o
viajante está ENTRANDO pela A e SAINDO por B: nesse caso o critério justo é: A PARTE
DO VIAJANTE QUE ESTÁ NA A “ENTRA”, E A PARTE DO VIAJANTE QUE ESTÁ
EM B “SAI”; e como a porta carece de espessura, NENHUMA PARTE DO VIAJANTE
FICA FORA DAS DUAS ÚNICAS FASES DA LEI DE PASSO.
Por último, vamos convir em que a função passo determina com força de lei natural o
passo através da porta (X): ao passar por ela, sempre se está entrando ou saindo, sendo impos-
sível permanecer em um estado intermediário; não há, ENTRE as duas paredes, um lugar onde
o viajante pudesse estar sem entrar nem sair, pois NÃO É POSSÍVEL ALTERAR A SE-
QÜÊNCIA ENTRADASAÍDA DA LEI DE CAUSA E EFEITO: QUEM ENTRA PELA
PORTA DEVE NECESSARIAMENTE SAIR DA PORTA.
Temos tirado a conclusão de que a função de passo determina um passo contínuo atra-
vés da porta (X); NÃO É POSSÍVEL DETER O PASSO EM UM LUGAR INTERMEDI-
ÁRIO DAS FASES: OU SE ESTÁ ENTRANDO OU SE ESTÁ SAINDO DA PORTA.
Entretanto, vamos supor que, com um procedimento que não vem ao caso, somos capazes de
modificar o modo de ser “normal” da porta X e criar um lugar ENTRE as fases de entrada e
saída: EM TAL LUGAR O VIAJANTE PODERÁ PERMANECER SEM ALTERAR A LEI
DE PASSO, MAS, ENQUANTO CONCIRNA AO PASSO, DEVERÁ OBEDECER A
SEQÜÊNCIA CAUSAL ENTRADA-SAÍDA. Vale dizer, que LOGO DE “ENTRAR” à
PORTA, PODERÁ PERMANECER INDEFINIDAMENTE SEM “SAIR” E, INCLUSO,
EFETUAR OUTROS ATOS; MAS, ENQUANTO TENTA CONTINUAR O PASSO,
INEVITAVELMENTE DEVERÁ COMPLETAR A SEGUNDA FASE DA LEI E

396
“SAIR”. A figura 83 nos ilustrará sobre esta monstruosa alteração da “normalidade” da porta
X.

Vemos que agora, além dos recintos A e B, existe um terceiro recinto C ENTRE DUAS
PORTAS(X): mas, em realidade, NÃO SE TRATA DE “DUAS PORTAS” SENÃO DAS
DUAS FASES DA MESMA PORTA (X) DA FIGURA 82, QUE AQUI APARECEM SE-
PARADAS PARA DAR LUGAR AO LUGAR C “ENTRE FASES”. De acordo a isto, a
porta (X) da figura 83 se caracteriza por duas funções: a FUNÇÃO PASSO e a FUNÇÃO
ENTRE PASSO. Uma porta tal se denomina PORTA DE PASSO EXPANDIDA ou, sim-
plesmente, “PORTA EXPANDIDA”.
Na porta expandida da figura 83, a função passo possibilita o passo desde o recinto A
ao recinto B segundo uma lei de causa e efeito que rege a sequência ENTRADA-SAÍDA: se
um viajante aproveita a função passo deve necessariamente cumprir a sequência ENTRADA-
SAÍDA. Mas se o viajante decide utilizar a função entre passo, então, logo de ENTRAR à porta
(X) pela (figura 82), poderá deter-se no lugar entre passo C (figura 83) e permanecer ali sem
SAIR ao recinto B. Sem embargo, nem bem DECIDA RETOMAR O PASSO, deverá com-
pletar inevitavelmente a sequência da lei causal e SAIR até o recinto B.
É claro que, para representar analogamente as funções de uma porta expandida, se re-
querem as duas figuras descritas, ou seja, a 82 e a 83. Assim, quando o viajante se submete à lei
de passo, a porta (X) responde à figura 82: a parede separadora é então bilateral e a porta carece
de espessura; o viajante uma vez que ENTRA do recinto A deve necessariamente SAIR ao
recinto B. Em compensação, quando o viajante se rege pela função entre passo, a porta (X)
adota a forma da figura 83: a parede separadora apresenta então, uma espessura EXPANDIDA
“C” que não altera a função passo, mas que permite A SUSPENSÃO DO PASSO, a situação
ENTRE FASES, ou seja, o ENTRE PASSO; o viajante, uma vez que ENTRA do recinto A,
pode PERMANECER ilimitadamente no lugar entre passo C, mas, se decide retomar o passo,
“deverá completar inevitavelmente a sequência da lei causal e SAIR até o recinto B”.

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E agora, vamos extrair a conclusão final de todo a análise. SE O VIAJANTE TEM
PENETRADO NUMA PORTA EXPANDIDA GUIANDO-SE PELA FUNÇÃO ENTRE
PASSO, E SE ENCONTRA SITUADO NO RECINTO C: EM NENHUM CASO PO-
DERÁ REGRESSAR AO RECINTO A SEM COMPLETAR A SEGUNDA FASE; NIN-
GUÉM PODE ALTERAR A SEQÜÊNCIA DA LEI DO PASSO: QUEM “ENTRA”, EM
EFEITO, DEVE “SAIR”; NÃO IMPORTA INSTABILIDADE PERMANEÇA E INSTA-
BILIDADE HAJA O VIAJANTE EM C: SE PROCEDE DE A, NÃO PODERÁ REGRES-
SAR a A SEM SAIR ATÉ B; OU PERMANECER EM C SOMENTE SUSPENDE A LEI
DO PASSO, MAS NÃO A ANULA: CASO SE RETOMA O PASSO, INEVITAVEL-
MENTE, HAVERÁ QUE SAIR ATÉ B.
Advirtamos, por outra parte, que o “regresso”, em termos de movimento, requer de um
GIRO do viajante, de um voltar-se sobre a direção original e avançar em sentido contrário: SE
A “DIREÇÃO” DO VIAJANTE É DE A ATÉ B,
SOMENTE UM “GIRO” DE UM ÂNGULO PLANO LHE COLOCARÁ EM SI-
TUAÇÃO DE AVANÇAR EM SENTIDO CONTRÁRIO, OU SEJA, DE B ATÉ A. Pois
bem, a relação condicionante que existe entre a função passo e a função entre passo pode re-
presentar-se alegoricamente como A IMPOSSIBILIDADE QUE O VIAJANTE SITUADO
EM C TERIA PARA “GIRAR” ATÉ A FASE DE ENTRADA E REGRESSAR PELO CA-
MINHO INVERSO: TODO MOVIMENTO NESSE SENTIDO IMPLICA RETOMAR
O PASSO, DEVOLVER à PORTA SUA FUNÇÃO NATURAL; MAS, COMO PARA
CHEGAR A C É NECESSÁRIO HAVER “ENTRADO”, TER-SE SUBMETIDO à FASE
DE ENTRADA, É CLARO QUE ESSA CAUSA MANTÉM PENDENTE A CONCRE-
TIZAÇÃO DE SEU EFEITO, O QUAL CONSISTE NA SAÍDA ATÉ O RECINTO B;
NÃO PODERÁ O VIAJANTE ESCAPAR A ESSA LEI: E ISSO EQUIVALE A QUE,
HAVENDO “ENTRADO” DESDE O “OLHAR” EM “DIREÇÃO” A B, NÃO PU-
DESSE “GIRAR” EM C PARA REGRESSAR ATÉ A. Em verdade, o lugar C somente existe
para a função entre passo: em todos os casos o viajante “retoma o passo”, o lugar C deixa de
existir para a função passo e o cruzamento se realiza de acordo com a figura 82.
Depois de atravessar uma porta expandida, e somente no caso em que a função passou
seja biunívoca, poderá o viajante procedente do recinto A regressar ao mesmo: O FARÁ
DESDE O RECINTO C, LOGO DE “GIRAR”, OU SEJA, DE RE-TORNAR, ATÉ A
PORTA (X, B). A PORTA APRESENTARÁ, ENTÃO, UMA LEI DE PASSO INVERSA:
A “ENTRADA” ESTARÁ NO RECINTO B E A “SAÍDA” NO RECINTO A.
Não escapará à perspicácia do leitor que a PORTA EXPANDIDA que temos definido
é algo mais que uma mera hipótese: em efeito, o conceito de porta expandida compreende
perfeitamente as portas χ (Qui) do Registro cultural e justificam os passos Décimo terceiro,
Décimo quarto e Décimo quinto da faculdade de anamnese. Antes de tudo há que estabelecer

398
que as portas χ (Qui) da figura 81 são análogas à as portas (x) da figura 83, ou seja, NÃO SÃO
“PORTAS” SENÃO REPRESENTAÇÕES DAS FASES DA FUNÇÃO PASSO, ou seja,
DUAS FASES SEPARADAS DE UMA ÚNICA PORTA. O I.H.P.C. ao ingressar na câmara
de entrada, com o Oitavo passo, se encontra em situação análoga ao viajante da figura 82: a
“câmara de entrada” do Registro cultural é análoga ao “recinto A” e a “primeira porta χ (Qui)”
é somente a fase de “entrada” de uma PORTA EXPANDIDA REAL. Esta porta exerce sobre
o I.H.P.C. duas funções: uma FUNÇÃO PASSO e uma FUNÇÃO ENTRE PASSO. A função
passo consta de duas fases, uma de ENTRADA e outra de SAÍDA: se o I.H.P.C. se dirige até
a porta χ (Qui) com intenção de PASSAR, o passo Décimo o pode conduzir diretamente à
câmara de retorno, através da fase de SAÍDA, ou seja, através da “segunda porta χ (Qui)”. Mas
se o I.H.P.C. cumpre o Décimo primeiro passo e se situa no núcleo transitante, ou câmara de
entre passo, estará localizado em uma área análoga ao recinto C da figura 83: rege então a função
entre passo da porta expandida que permite permanecer em um lugar intermediário, ENTRE
a entrada e a saída. Na câmara de entre passo, o I.H.P.C. pode executar toda classe de atos,
desde a contemplação dos objetos axiológicos transitáveis até sua própria transitação noutro
espaço de significação: o que, com segurança não poderá fazer é regressar à câmara de entrada
através da porta χ (Qui): para consegui-lo, em efeito, o I.H.P.C. deverá “GIRAR”, mudar a
direção com a que ENTROU à câmara de entre passo, e volver-se até a porta χ (Qui) “fase de
entrada”, algo que como sabemos é impossível de realizar numa porta expandida: todo intento
nesse sentido equivale a “retomar o passo”, ou seja, põe ao I.H.P.C. sob a ação da lei de passo
e o obriga a SAIR pela “segunda porta χ (Qui)” ou “fase de saída”. A função passo se manifesta
como lei de causa e efeito, determinando a sequência ENTRADA-SAÍDA, vale dizer, EN-
TRADA à porta χ (Qui) desde a câmara de entrada e SAÍDA da porta χ (Qui) até a antecâmara:
enquanto o I.H.P.C. utiliza a função entre passo, e permanece na antecâmara, esta lei fica sus-
pendida; mas imediatamente que o I.H.P.C. “retoma o passo”, a lei de passo atua COMO SE
NÃO EXISTISSE A ANTECÂMARA e o obriga a SAIR até a câmara de retorno, ou seja, a
cumprir a sequência causal.
Entende-se, agora, que o Décimo terceiro passo, “ABRIR a segunda porta χ (Qui)”, o
Décimo quarto, “SAIR da antecâmara”, e o Décimo quinto, “RETORNAR ao próprio con-
texto habitual através da câmara de entrada”, obedecem a determinações inevitáveis da porta
expandida. Assim, se o I.H.P.C. se encontra na antecâmara, o Décimo terceiro passo, abrir a
segunda porta χ (Qui) implica RETOMAR O PASSO, permitir que atue a lei causal da função
passo; o Décimo quarto, SAIR à câmara de retorno, significa cumprir a segunda fase da função
passo e chegar a um lugar análogo ao recinto B da figura 83; e o Décimo quinto passo, RE-
TORNAR à câmara de entrada, demonstra que a porta expandida real é BIUNÍVOCA e que
na antecâmara é possível, por fim, GIRAR e enfrentar-se à porta χ (Qui) com direção oposta:
uma lei de passo inversa disporá então que a segunda porta χ (Qui) atue como fase de entrada,
desde a antecâmara, e que a primeira porta χ (Qui) se comporte como fase de saída, até a câmara

399
de entrada.
Já sabemos que se o I.H.P.C. está situado na antecâmara lhe resulta impossível GIRAR
até a fase de entrada da porta χ (Qui): qualquer movimento neste sentido significa “retomar o
passo”, ceder à determinação da lei de passo que obriga a efetuar a fase de saída. Não obstante,
poderia ocorrer que um Iniciado inexperiente tentasse realizar o GIRO proibido: o que experi-
mentaria nesse caso? Resposta: Talvez se intua o porquê não é possível GIRAR caso se pensa
na POLIDIMENSIONALIDADE DO ESPAÇO CÔNICO DO NÚCLEO TRANSI-
TANTE e se recorde que todo movimento do I.H.P.C. equivale a uma MUDANÇA DE
PERSPECTIVA e, portanto, a uma efetiva TRANSITAÇÃO: NO NÚCLEO TRANSI-
TANTE, CADA MOVIMENTO PONTUAL DO I.H.P.C. APROXIMA A ESTE A UMA
DIMENSÃO ESPACIAL DIFERENTE; POR ISSO, TODO “GIRO” DO I.H.P.C. CON-
SISTE EM REALIDADE NA EFETIVA TRANSITAÇÃO POR UMA SUCESSÃO DE
ESPAÇOS DE SIGNIFICAÇÃO QUE, DE NENHUMA MANEIRA CONDUZEM “DE
VOLTA” à FASE DE ENTRADA DA PORTA χ (Qui), SENÃO A OUTROS ESPAÇOS
DE SIGNIFICAÇÃO APROXIMADOS.
E, com respeito ao último passo da faculdade de anamnese, o Décimo sexto que des-
creve uma SAÍDA alternativa DESDE a câmara de retorno ATÉ o mundo exterior, somente
podemos assegurar, sem brindar outras explicações, que o I.H.P.C. NÃO ENCONTRARÁ
ALI, COMO CABERIA ESPERAR DE UM RACIOCÍNIO PUERIL, O CONTEXTO HA-
BITUAL DO OBJETO CULTURAL REFERENTE. Pelo contrário, a saída pelo tapasigno
(E) (ver figura 81), conduz a um MUNDO INVERSO, ou seja, a um CONTEXTO AXIO-
LÓGICO DE VALORES EXATAMENTE INVERSOS AOS DO CONTEXTO HABI-
TUAL DO I.H.P.C.: a impressão recebida será alegoricamente falando, a de haver penetrado
em um ESPELHO AXIOLÓGICO. Explicar os motivos estratégicos que poderiam impulsi-
onar aos Iniciados Hiperbóreos a explorar um mundo semelhante fica fora dos alcances destes
Fundamentos da Sabedoria Hiperbórea; somente temos de sugerir, para estimular a intuição
dos viryas perdidos, um possível motivo: A REGRESSÃO ORGÂNICA DO MICRO-
COSMO ATÉ UM DETERMINADO LIMITE E SUA FIXAÇÃO POR DETENÇÃO DO
PROCESSO EVOLUTIVO. No mundo inverso, e este é um grande segredo, se encontra A
ÚNICA E VERDADEIRA FONTE DA JUVENTUDE.

F8 – Solução ao Enigma de Xano.

O Enigma de Xano ou Jano é a forma última de um antiquíssimo Mistério Hiperbóreo.


Foi revelado pelos Siddhas Leias à Ordem medieval Einherjar, fundada por John Dee, e trans-
crito por seus Iniciados em idioma latim. Nessa forma tem chegado até a Ordem de Cavaleiros
Tirodal da República Argentina, em nossos dias, sendo traduzida ao idioma Castelhano na ver-
são que se oferece na continuação; todo o artigo “F” pode considerar-se como uma solução ao

400
Enigma de Xano posto que seu mistério se refira, como é evidente, à faculdade de anamnese
dos Iniciados Hiperbóreos:

O ENIGMA DE JANO (O XANO)

1. – Há uma porta que está nas coisas e que a outra porta prontamente transporta.
2. – Entre ambas as portas está o esquecido, pobre daquele que se tem perdido!
3. – Ambas as portas se chamam Qui (χ), primeiro observa antes de abrir!
4. – Quem observa à primeira Qui (χ) não somente vê, já está ali!
5. – Quem observa à segunda Qui (χ) se o deseja, pode sair!
6. – Mas se sai, já não será o mesmo que foi ao entrar!
7. – Tudo ao revés, como um espelho, é esse mundo onde eras velho!
8. – Mas se jovem desejas ser, por senda inversa podes volver!

401
TOMO VI:
A ORDEM LAGRGAL DE AGARTHA,
CUSTÓDIA DOS LIVROS DE CRISTAL

A – OS LIVROS DE CRISTAL DA BIBLIOTECA DE AGARTHA.

Em Agartha, a sede terrestre dos Siddhas Leais, existe uma biblioteca prevista de mi-
lhões de LIVROS DE CRISTAL, denominados assim por estarem construídos sobre a base de
alguma gema ou cristal precioso. Estes livros são o produto de um trabalho milenar realizado
pelos Siddhas Leais e por alguns Iniciados Hiperbóreos conhecidos como “Guardiões da Sa-
bedoria Lítica”. O motivo da fundação da Biblioteca foi desde o princípio a necessidade de
conservar, em um nível de compreensão acessível aos Iniciados Hiperbóreos, a verdade sobre
a Origem do Espírito e tudo quanto lhe sucede a este durante seu trânsito pelos espaços de
significação macrocósmicos afins, ou aproximados, ao espaço terrestre. Há, pois, livros que
contém o Registro da Traição Branca, a chave genética para o aprisionamento espiritual, a his-
tória cultural dos viryas de todos os tempos, as vias secretas de libertação, etc.; por isso, desde
antigamente, a Biblioteca de Agartha é conhecida como BIBLIOTECA HIPERBÓREA e a
soma do saber ali depositado, SABEDORIA HIPERBÓREA.
No inciso anterior estudamos com detalhe a superestrutura real e a seu elemento funda-
mental: O SISTEMA REAL. Vimos que este (figura 81) possui um registro cultural cujo con-
teúdo consiste em uma série cronocultural de super-objetos axiológicos, ou seja, na história
cultural relativa do objeto cultural emergente. Pois bem, OS LIVROS DE CRISTAL SÃO
“SISTEMAS REAIS ARTIFICIAIS”, OU SEJA, SISTEMAS REAIS CONSTRUÍDOS À
MERCÊ DE TÉCNICAS DA SABEDORIA HIPERBÓREA QUE SÃO DE DOMÍNIO
DOS SIDDHAS LEAIS. Necessariamente, haverá que esclarecer qual diferença apresenta os
SISTEMAS REAIS ARTIFICIAIS ou LIVROS DE CRISTAL, com os sistemas reais habituais
das superestruturas. Resposta: enquanto que nos sistemas reais habituais o conteúdo dos Re-
gistros culturais se vai incrementando instante após instante com novos objetos axiológicos,
NO SISTEMA REAL ARTIFICIAL O CONTEÚDO DO REGISTRO CULTURAL SE
CONSERVA FIXO DE UMA VEZ PARA SEMPRE; DESDE O MOMENTO DE SUA
CONSTRUÇÃO, QUANDO OS SIDDHAS LEAIS GRAVAM SEU CONTEÚDO, OS

403
REGISTROS CULTURAIS DOS SISTEMAS REAIS ARTIFICIAIS PERMANECEM
SEMPRE IMUTÁVEIS COMO VERDADEIROS “LIVROS DE CRISTAL”. Como pode
ocorrer tal imutabilidade, como pode ser que os “momentos de valor absoluto” os O.C.E. e
O.C.R. não se agreguem constantemente à série cronocultural? Resposta: PELO MODO
COMO ESTÁ CONSTRUÍDO O SISTEMA REAL ARTIFICIAL. OS O.C.E. E O.C.R.,
SÃO RUNAS NOOLÓGICAS, A SABER, SÍMBOLOS NÃO CRIADOS, SEM CORRES-
PONDÊNCIA ALGUMA COM AS FORMAS ARQUETÍPICAS CRIADAS PELO UNO;
ESTAS RUNAS, TOMADAS COMO “OBJETOS CULTURAIS”, PERMANECEM INAL-
TERÁVEIS ANTE O PASSO DO TEMPO TRANSCENDENTE, VALE DIZER, O AS-
PECTO CONSCIÊNCIA DO TEMPO DO DEMIURGO NÃO AS PODE APREENDER
E ARRASTAR EM SUA CORRENTE POR NÃO ESTAREM COMPREENDIDAS COM
NENHUMA FORMA ARQUETÍPICA; O SISTEMA REAL ARTIFICIAL SE CONSTI-
TUI EMPREGANDO ESTAS RUNAS “COMO SE FOSSEM OBJETOS CULTURAIS”,
OU SEJA, AFIRMANDO ENTRE ELAS UMA “CONEXÃO DE SENTIDO”; PARA
ISSO O SIDDHA LEAL GRAVA AS RUNAS SOBRE DUAS FACES CONFRONTADAS
DE UM CRISTAL “AXIOLOGICAMENTE VIRGEM” E DEPOIS, VALENDO-SE DE
SUA PODEROSA VONTADE GRACIOSA LUCIFÉRICA, AFIRMA ENTRE ELAS
UMA CONEXÃO DE SENTIDO: FORMA-SE, ASSIM, UM REGISTRO CULTURAL
ARTIFICIAL NO INTERIOR DO CRISTAL, ENTRE AS RUNAS O.C.E. E O.C.R. ATO
SEGUIDO, O SIDDHA LEAL PROCEDE A GRAVAR A SÉRIE CRONOCULTURAL
QUE DESEJA CONSERVAR PLASMADO COM SUA VONTADE O CONTEÚDO
ADEQUADO: EM OUTRAS PALAVRAS, O SIDDHA LEAL CONFORMA A POTÊN-
CIA FORMATIVA DOS ÁTOMOS GRAVIS COM SUPER-OBJETOS AXIOLÓGICOS
ARTIFICIAIS. A SÉRIE CRONOCULTURAL, ASSIM CONSTITUÍDA, PERMANE-
CERÁ DESDE ENTÃO COMO CONTEÚDO CARACTERÍSTICO DO LIVRO DE
CRISTAL.
QUEM MANTÉM A VITALIDADE DO REGISTRO CULTURAL DE UM LI-
VRO DE CRISTAL? CLARO QUE NÃO PODE SER UM ARQUÉTIPO ASTRAL, POIS,
NESSE CASO, O ASPECTO AMOR DO DEMIURGO NÃO SOMENTE PODERIA
COMPREENDER A TODO O MOMENTO O REGISTRADO, SUBMETENDO A BI-
BLIOTECA A UMA INFAME ESPIONAGEM, SENÃO QUE PODERIA, INCLUSIVE,
APAGAR SEU CONTEÚDO. QUEM, ENTÃO? RESPOSTA: UMA CLASSE DE AL-
MAS MINERAIS, OU “ELEMENTAIS DE PEDRA” CHAMADOS “OLEG”; JUSTA-
MENTE ESSE É O MOTIVO PRINCIPAL DA UTILIZAÇÃO DOS CRISTAIS PRECI-
OSOS COMO SUPORTE FÍSICO DAS RUNAS: OS OLEG DE CRISTAL SÃO COM-
PELIDOS A VITALIZAR O REGISTRO CULTURAL; A ENERGIA NECESSÁRIA A
OBTÉM DE CERTAS IRRADIAÇÕES QUE PENETRAM DESDE O INTERIOR DO
CRISTAL E QUE ELES TRADUZEM E APLICAM SOBRE OS ÁTOMOS GRAVIS. O

404
LIVRO DE CRISTAL, ASSIM VITALIZADO, PODE SER ISOLADO RUNICAMENTE
DO ASPECTO AMOR DE TAL MODO QUE OS OLEG “VIVAM PRISIONEIROS”
NO INTERIOR DE CRISTAL, DESVINCULADOS DOS PROCESSOS EVOLUTIVOS
ARQUETÍPICOS. QUANTO AOS “OLEG” NADA VAMOS TRATAR AQUI, POIS
ELES FORMAM PARTE DE UM MISTÉRIO CUJA EXPLICAÇÃO FICA, DE LONGE,
FORA DO ALCANCE DOS “FUNDAMENTOS DA SABEDORIA HIPERBÓREA”;
DOS OLEG, EM EFEITO, É UM CASO ESPECIAL DE APRISIONAMENTO ESPIRI-
TUAL: NELES SE ENCONTRAM APRISIONADOS ESPÍRITOS CHEGADOS AO
UNIVERSO MILHARES DE MILHÕES DE ANOS ANTES DOS ESPÍRITOS HIPER-
BÓREOS; NINGUÉM SABE DE ONDE PROCEDIAM JÁ QUE ERAM COMPLETA-
MENTE DESCONHECIDOS PARA OS ESPÍRITOS VINDOS DE HIPERBÓREA; E
TAMPOUCO ESTAVAM “REVERTIDOS” COMO ESTES EM SUA QUEDA SENÃO
QUE, POR MEIO DE UM PROCEDIMENTO QUE SUGERE ESPANTOSAS ALTE-
RAÇÕES DO TEMPO E DO ESPAÇO. FORAM “PULVERIZADOS”, DIVIDIDOS EM
INCONTÁVEIS PARTÍCULAS QUE, ENTRETANTO, ESTÃO TAMBÉM UNIDAS
NO INFINITO; POR ISSO, NA “ALMA GRUPAL” DOS OLEG, SUBJAZEM ENCA-
DEADAS MILHÕES DE PARTÍCULAS ESPIRITUAIS QUE, EM SUA ETERNA
BUSCA DE ORIENTAÇÃO, IMPULSIONAM TAMBÉM O PROCESSO EVOLUTIVO
DOS “ELEMENTAIS MINERAIS”.
POR ÚLTIMO, AGREGUEMOS QUE, NOS LIVROS DE CRISTAL, SOMENTE
SE APROVEITA A “CÂMARA DE ENTRADA” DO REGISTRO CULTURAL. NELA,
O INICIADO HIPERBÓREO SITUA O SUPER-OBJETO AXIOLÓGICO QUE NE-
CESSITA CONSULTAR, TOMANDO IMEDIATO CONHECIMENTO DE SUA SABE-
DORIA HIPERBÓREA.

B – MISSÃO DOS CAVALEIROS TIRODAL.

Todo Iniciado Hiperbóreo, que tenha desenvolvido sua capacidade de anamnese, tem
o direito de consultar a Biblioteca de Agartha. Contudo, são os Guardiões dos Livros de Cristal,
quem dispõem de quem pode e de quem não pode acessá-los: e seu juízo, a despeito da incom-
preensão para o que deve aceitá-lo, é definitivo e inapelável. Mas é claro que os Guardiões, que
são Siddhas Leais, somente respeitam o VALOR do iniciado, sua vontade graciosa luciférica, e
o grau de domínio que tenha alcançado sobre o sujeito anímico de seu microcosmo: Eles não
poderiam permitir o ingresso na Biblioteca, nem a compreensão I.H.P.C. dos Sagrados Livros,
a Iniciados capazes de canalizar ao Demiurgo através de seu sujeito anímico; se tal coisa ocor-
resse, os livros poderiam ser modificados em seu conteúdo ou, talvez, destruídos. A única pos-
sibilidade, pois, que resta a um Iniciado para conseguir que os Guardiões lhe facilitem a passa-

405
gem aos Livros de Cristal é apresentar-se ante Eles exibindo um VALOR ABSOLUTO, es-
tando disposto, como corresponde a um Guerreiro do Retorno à Origem, a CEDER TODO
O MATERIAL, A ENTREGAR O MICROCOSMO SE FOSSE NECESSÁRIO, E A CON-
SERVAR SOMENTE A VONTADE GRACIOSA DO ESPÍRITO. Com menos deste valor,
os Iniciados jamais encontrarão a Porta da Biblioteca de Agartha, pois um CERCO INFINITO
o impedirá, quer dizer, um cerco que não pode ser rodeado: a Porta da Biblioteca é, na realidade,
uma fenestra infernallis onde está gravada a runa LAGRGAL, sobre a qual os Guardiões pro-
jetam o polo infinito (ver figura 33 e texto explicativo).
Os Guardiões dos Livros de Cristal formam uma Ordem de Guerreiros Sábios, conhe-
cida desde remotos tempos como ORDEM LAGRGAL, e se afirma na Sabedoria Hiperbórea
que somente Eles, dentre todos os Siddhas de Agartha, quem compreenderam completamente
o Mistério do gral de Lúcifer. Os Siddhas Leais da Ordem Lagrgal são os fundadores da Ordem
de cavaleiros Tirodal: ELES AUTORIZARAM UM GRUPO DE INICIADOS PRÉ-EXIS-
TENTE NA REPÚBLICA ARGENTINA, PONTÍFICES HIPERBÓREOS, A CONSUL-
TAR O “LIVRO DE CRISTAL TIRODAL”, A EMPREGAR SEU SAGRADO NOME
COMO RUNA REPRESENTATIVA DE SUA ORDEM, E A ENSINAR SEU CONTE-
ÚDO AOS VIRYAS PERDIDOS. CONJUNTAMENTE, PROPUSERAM UMA MISSÃO
À ORDEM, A QUAL SE ACHA DECLARADA NA “CARTA AOS ELEITOS”: LOCA-
LIZAR AOS ELEITOS E PREPARÁ-LOS NO CONHECIMENTO DA SABEDORIA
HIPERBÓREA PARA CONFRONTAR COM HONRA O PRÓXIMO FIM DA HISTÓ-
RIA.
Em síntese, os Guardiões da Biblioteca de Agartha permitiram excepcionalmente que
os Pontífices Hiperbóreos da Ordem de Cavaleiros Tirodal mantenham uma conexão perma-
nente com o Sagrado Livro de Cristal Tirodal: daí provém seu extraordinário domínio da Sabe-
doria Hiperbórea.

C – O SAGRADO LIVRO DE CRISTAL TIRODAL.

O Sagrado Livro de Cristal Tirodal é só um dos milhões de livros que possui a Biblioteca
de Agartha; no entanto, tudo quanto se expôs nos Fundamentos da Sabedoria Hiperbórea,
Primeira e Segunda Parte, daí procede: é uma fonte formidável de conhecimentos, evidente-
mente, o Livro Tirodal! ISSO PORQUE SEU AUTOR, O SIDDHA WOTAN, SE PROPÔS
A DEPOSITAR NO LIVRO A CHAVE DA LIBERTAÇÃO GNÓSTICA DO ESPÍRITO
CATIVO: ESSA VIA IMPLICA DE UMA SÓ VEZ A MAIS INTRÉPIDA AÇÃO DE
GUERRA E O MAIS ALTO GRAU DE SABEDORIA. MAS NÃO SE TRATA DE UMA
SOLICITAÇÃO IMPOSSÍVEL, MAS DE REPETIR A FAÇANHA QUE O PRÓPRIO
WOTAN PROTAGONIZOU QUANDO DESCOBRIU O SEGREDO DA VIDA E DA

406
MORTE E A CHAVE DO APRISIONAMENTO DO ESPÍRITO ETERNO À MATÉ-
RIA. PARA ISSO, WOTAN, QUE É UM SIDDHA LEAL, OU SEJA, UM VERDADEIRO
“IMORTAL” NO PLANO FÍSICO TEVE DE MORRER COMO UM PASU, ENCADE-
ADO À ÁRVORE DO MUNDO, AO ESQUELETO DO DRAGÃO, E RESSUSCITAR
COMO SIDDHA, COMO ESPÍRITO ETERNO, DEPOIS DE SE APODERAR DO SE-
GREDO DO APRISIONAMENTO ESPIRITUAL, QUER DIZER: DA CHAVE KALA-
CHAKRA.
Wotan, que é o Guia dos povos da raça branca sobrevivente de Atlântida, “escreveu” o
Livro de Cristal Tirodal para que fosse consultado em todos os tempos por Iniciados Ários e
para que estes pudessem conhecer a via de oposição estratégica, ou seja, a via de libertação
espiritual mais apropriada ao tipo Kshatriya ou Guerreiro Hiperbóreo. Como produto de sua
maravilhosa façanha, Wotan REDESCOBRIU as runas para revelá-las aos ários e por isso no
Livro de Cristal Tirodal é também um idioma: a “língua Tirodal”, baseada em treze mais três
runas, quer dizer, treze runas arquetípicas mais três runas noológicas. O Ás Wotan, que como
Siddha Leal tem outro nome muito mais antigo, se deu a conhecer aos ários com a Sagrada
Runa Tirodal, que significa seu nome e que, em línguas germânicas bárbaras, se pronuncia igual-
mente GOTT WOTAN, TIR-ODAL ou TIR ODIN, ou seja, DEUS WOTAN. Mas a Sagrada
Runa Tirodal, que é o nome de Wotan, e é a língua Tirodal, e se encontra gravada na capa do
Livro de Cristal Tirodal como O.C.E. do sistema real artificial, É TAMBÉM MUITO MAIS
QUE ISSO; COM EFEITO, A SAGRADA RUNA TIRODAL TEM DOIS SIGNIFICA-
DOS DA MAIS ALTA IMPORTÂNCIA ESTRATÉGICA: FORMA PARTE DO “SÍM-
BOLO DA ORIGEM”, QUE SÓ WOTAN, DENTRE OS ÁRIOS, VIU COMPLETO, E
CONSTITUI O “CENTRO DO LABIRINTO INTERIOR”, QUER DIZER, O CENTRO
DESDE ONDE O EU PERDIDO PODE SE ORIENTAR AO PONTO TAU E AO SEL-
BST. ESTES DOIS SIGNIFICADOS SÃO O FUNDAMENTO DA PRIMEIRA INICIA-
ÇÃO HIPERBÓREA, OU “CAVALEIRO TIRODAL”, E DE SUA COMPREENSÃO
ATIVA DEPENDE A IMORTALIDADE DO EU QUE NELA SE OBTÉM.
Na figura 84 se representa, analogicamente, “a capa” do Sagrado Livro de Cristal Tiro-
dal. Como se explicou em A, esse Livro é um sistema real artificial constituído por Wotan para
registrar os detalhes de sua façanha e o conhecimento ganho como resultado vale dizer, o se-
gredo da chave Kalachakra. Por meio da chave Kalachakra os Siddhas Traidores de Chang
Shambala mantêm há milhões de anos o aprisionamento espiritual, cuja consequência é a raça
híbrida dos viryas: esse segredo terrível, pelo qual os Siddhas Traidores não vacilam em destruir
a quem o possua ou tente divulgá-lo, está “escrito” por Wotan em seu Livro Tirodal. O Grande
Ás quis que SOMENTE os Iniciados ários o conhecessem e por isso empregou como objeto
cultural emergente (O.C.E.) do sistema real a Sagrada Runa Tirodal: NINGUÉM QUE NÃO
SEJA UM INICIADO ÁRIO, E TENHA PREVIAMENTE RESIGNADO SEU EU COM

407
A SAGRADA RUNA, QUER DIZER, QUEM TENHA SEU EU NO “CENTRO DO LA-
BIRINTO INTERIOR”, PODERÁ RECONHECER SEU SIGNIFICADO NOOLÓ-
GICO; PARA QUEM NÃO SEJA UM INICIADO A RUNA CARECERÁ DE SIGNIFI-
CADO NOOLÓGICO, PORQUE NÃO TERÁ “CONTEXTO RÚNICO” QUE SE LHE
CONCEDA, E SEM COMPREENDER SEU SIGNIFICADO NOOLÓGICO, SEM PRO-
NUNCIAR A PALAVRA TIRODAL, O LIVRO DE CRISTAL NÃO SE ABRIRÁ E NEM
MOSTRARÁ SEU TAPA-SIGNO.

Não é esse o caso dos Iniciados Hiperbóreos da Ordem Tirodal. Os Cavaleiros Tirodal,
cuja práxis consiste em desenvolver sua faculdade de anamnese, possuem a chave para ingressar
a câmara de entrada do Livro de Cristal: ali, o I.H.P.C. pode explorar os super-objetos axioló-
gicos que contenham a história de Wotan e apreender a via de oposição estratégica. Mediante
uma exploração semelhante se selecionou um super-objeto axiológico referido à crucifixão de
Wotan e a conquista da chave Kalachakra, a que traduzimos em língua castelhana empregando
a descrição de imagens míticas. Tal super-objeto apresenta uma inscrição em seu tapasigno, sem
dúvida colocada pelo próprio Wotan, que reza: “A RESIGNAÇÃO DE WOTAN”. Num pró-
ximo artigo narraremos esta história, mas antes é necessário oferecer uma breve introdução.

D – A CRUCIFIXÃO DE WOTAN.

Como chegou o Grande Ás a jazer pendurado da Árvore é, na verdade, uma longa e


antiga história que está registrada numa outra parte do Livro Sagrado. Ali se conta que Wotan,
sabedor do descenso terrestre protagonizado pelo Senhor de Vênus, quis acompanhá-lo em sua

408
empreitada. Eram os dias da Atlântida e o Grande Venusiano veio para acabar com a tirania
que os Siddhas Traidores implantaram sobre as linhagens hiperbóreas: ao Siddhas Traidores
operavam à luz do dia como “Senhores da Face Tenebrosa” e seu governo era conhecido como
“Sinarquia do Horror”. Nesses dias o sangue dos viryas se degradava incessantemente: ao se
mesclar com raças inferiores, perdendo sem remédio a memória da Origem, enquanto essas
mesmas raças de pasus alcançavam um grau de consciência até então desconhecido. O governo
era detido por uma infame e bastarda raça de ferreiros que, apoiados e custodiados pelos Sid-
dhas Traidores, conformavam uma aristocracia de Reis e Senhores ante os quais as linhagens
hiperbóreas deveriam humilhar-se. Os “ferreiros” se vangloriavam de ser a “Raça Eleita de
Deus”, mas na verdade eles eram um desdobramento coletivo do Demiurgo, uma espécie de
enxame humano o qual era animado por uma alma grupal de compleição planetária, quer dizer,
um Kumara. Voltaremos sobre este Mistério quando estudarmos a Estratégia “0” dos Siddhas
Leais.
Em síntese, os viryas haviam perdido a capacidade de perceber ao Gral, o qual havia
sido depositado na Terra, há muitos milhões de anos, como concessão de Cristo Lúcifer aos
Siddhas Leais, para que fosse empregado por estes em sua Estratégia “0”. Desde então, o gral
diviniza as linhagens hiperbóreas e impedem que os demônios possam negar a Origem do Es-
pírito. Mas, nos dias em que o Galhardo Senhor retornou à Terra para manifestar-se aos viryas,
a confusão era tão profunda e generalizada que já ninguém se lembrava da Origem. Foi então
quando Wotan uniu-se a Cristo Lúcifer, e recebeu a missão que o levou a crucificar-se na Árvore
do Mundo por nove noites. Enquanto Wotan cumpria seu extraordinário sacrifício sobreveio
“o afundamento da Atlântida”, fato que marcou o final da Sinarquia do Horror e significou o
começo da História para as linhagens hiperbóreas. Naturalmente, a História que começou, de-
terminada estrategicamente pela ação de Wotan, é só UMA NOVA VERSÃO da Velha Histó-
ria, outra representação do Antigo Drama, repetido incontáveis vezes por essa recorrência da
Recordação no sangue puro dos povos que se chama: Eterno Retorno.
Mas qual era a missão de guerra que Cristo Lúcifer encomendou e que motivou sua
decisão de jazer encadeado à Árvore Yggdrasil? Resposta: que dotasse aos viryas de raça branca,
aos ários, de um arsenal de armas simbólicas com os quais estes pudessem resignar os desígnios
e se tornarem independentes das determinações do Demiurgo. Esses signos, que mais tardes
seriam conhecidos como RUNAS, permitiriam ao homem branco resignar seu entorno e viver
conforme sua própria lei, ser cada um legislador e juiz de seus atos, guiando-se somente pela
Honra, a única moral do virya hiperbóreo. Logo, tal atitude sempre foi considerada BÁRBARA
pelos povos “civilizados”, ou seja, pelos poços involuídos que se regem pela Lei do Demiurgo,
ou de outros Deuses que o representam, incapazes de coexistir sem uma lei normatizada em
códigos e sancionada com prêmios e castigos.
Para cumprir com tal missão foi que Wotan se auto aprisionou à Árvore do Mundo. O

409
fez porque precisava compreender a razão do aprisionamento, do seu e de todo aprisiona-
mento, antes de pensar no modo de livrar-se dele e de ensinar dito modo.
Nem bem o Grande Ás se encontrou aprisionado, quando sentiu que seu único olho
começava a turvar-se por efeito de Maya. E, antes que pudesse sequer pensar em arrepender-
se de sua arriscada ação, experimentou em si mesmo o desígnio do Demiurgo. Em efeito, o
Aspecto Designador do Demiurgo, seu Logos, atua inconscientemente nesta etapa do Kaly
Yuga, POIS A CRIAÇÃO JÁ ESTÁ EM MARCHA, E MUITO AVANÇADA A ENCAR-
NAÇÃO ENTELEQUIAL DOS ARQUÉTIPOS. Por isso, se incompreensivelmente “apa-
recesse” um ente sem designar, ou seja, um ente “não criado”, tal como “apareceu” Wotan,
então automaticamente o Logos o designaria, assinalando lhe um destino dentro do Plano. E,
como efeito desse desígnio que agora significava suas cadeias, como consequência desse im-
pulso fatal, dada a sua crucifixão, Wotan compreendeu de imediato o que é a vida e a morte do
pasu, do animal-homem, E O SÍMBOLO DE SEU DESTINO EVOLUTIVO.
Compreendeu que um único símbolo representa a evolução de todo Arquétipo, inclu-
sive o Arquétipo Manu e sua réplica evolutiva: o pasu, e que tal símbolo podia ser expresso, ser
comunicado aos viryas, com o SIGNO ESPIRAL.
Esse era, pois, o signo do aprisionamento. Então Wotan disse a si mesmo: - Este
SIGNO MALDITO É O “SIGNO DA DOR”. E com esse nome denomina até hoje em dia
a Sabedoria Hiperbórea ao SIGNO ESPIRAL, o qual, como não podia ser de outra maneira, é
sagrado para Druidas e judeus.
Conhecedor do Segredo do Demiurgo pendia Wotan da Árvore do Espanto, tratando
de penetrar com seu único olho o Terrível Segredo de Maya e de encontrar em algum lugar à
chave que lhe permitisse libertar de suas cadeias, quer dizer, o signo não criado com o qual
resignar o Signo da Dor. Claro que desta forma Wotan buscava na direção errada, pois o mundo
exterior nada podia oferecer-lhe que não estivesse designado pelo Demiurgo. O próprio Wotan
aprisionado era momentaneamente vítima do Engano, da fatal e inflexível Lei do Engano que
rege para todo virya: NINGUÉM QUE ESTEJA ENCARNADO NASCE SABENDO A
VERDADE, NINGUÉM NASCE ILUMINADO, NEM WOTAN, NEM O FÜHRER,
NENHUM OUTRO VIRYA; AO CONTRÁRIO, TODO VIRYA, WOTAN, O FÜHRER
OU QUALQUER OUTRO, EM ALGUM MOMENTO DE SUA VIDA FOI ENGA-
NADO PELO DEMIURGO; E ESSA LEI É INEVITÁVEL PORQUE A GNOSE NÃO
PROVÉM DE UMA MERA HERANÇA OU DE UMA ILUMINAÇÃO ESPONTÂNEA,
MAS QUE É PRODUTO DA VONTADE DE DESPERTAR E DE SER O QUE SE É;
vale dizer, a gnose provém da luta entre o Espírito Eterno, manifestado no virya como Eu
perdido, e a alma, essa extensão do Demiurgo. Enquanto pendia da Yggdrasil, Wotan foi vítima
do Engano e por isso olhava para fora, sem escutar a Voz do sangue, revivendo o perpétuo

410
drama dos viryas perdidos. Entretanto, o Grande Ás foi capaz de despertar e cumprir sua mis-
são, convertendo-se, desde então, no Guia racial de todos os ários. Para nos inteirarmos de
como o fez vamos consultar o Sagrado Livro de Cristal Tirodal, que ele mesmo escreveu depois
de realizar sua façanha, no super-objeto axiológico intitulado “A Resignação de Wotan”.

E – A RESIGNAÇÃO DE WOTAN.

Por nove noites o Ás Wotan esteve aprisionado na Árvore Yggdrasil, que se encontra
“perto de Bóreas”, ou seja, perto de Hiperbórea, na verdade a Árvore do Espanto é Cron, a
Hidra do Mundo, cuja história se encontra registrada em outro super-objeto axiológico e a qual
somente os mais valentes Iniciados são capazes de contemplar sem achar-se a tremer de horror.
Wotan se encontrava sujeito a Árvore com os braços em cruz, imobilizado e sangrando
por uma ferida nas costas que lhe infringira o covarde Loki, aquele que depois seria adorado
como “Deus Lug” pelo povo traidor dos celtas, Naquele tempo ainda não havia nascido Baldur,
nem Hodur, nem Wifar, nem Heimdal, nem o borgonhês Siegfried; não havia, pois, parentes,
nem heróis, nem Ases Camaradas que quisessem arriscar um combate para libertar a Wotan,
Na Hiperbórea terrestre amuralhada, que é o Valhala de Agartha, os Ases, os Siddhas Berserker,
observavam da coluna Ir o tormento de Wotan, mas não acudiam em seu auxílio; os Senhores
de Vênus, os Siddhas Leais, somente cantavam a canção da imortalidade, a melodia que desperta
a nostalgia de Thule e o A-mor, o fogo gelado que esfria o coração e vence a morte. Wotan,
somente a mãe Frigga lhe amava o bastante para tentar salva-lo, mas suas chaves não corres-
pondiam com aquelas fechaduras que lhe aprisionava na Árvore da Morte, por isso Frigga fiava
sua roca em companhia das Nornes enquanto lhe amava em silêncio, desejando parir-lhe filhos
loiros e fortes para povoar o mundo de Midgard.
O tempo passava e Wotan agonizava sem remédio, lamentando-se pelo DESÍGNIO do
Senhor das Trevas que lhe havia condenado a sofrer e morrer. Nesse transe, já cansado de
sofrer, Wotan cerrou seu olho, seu único olho que olhava a miséria de Midgard e. Oh, milagre!
Em seu interior descobriu uma imagem resplandecente que dançava: era Freya, a Alegria do
Espírito, que até então estava dentro de Wotan sem que este soubesse. Ao contemplar sua
beleza absoluta o Grande Ás lembrou os dias felizes de Asgard, quando Hiperbórea ainda não
contava com a Muralha Invulnerável, com o Cerco Infranqueável construído pelos Siddhas
Leais: então as mulheres magas, que não estavam de fora como a mãe Frigga, mas dentro como
a virgem Freya, cuidavam do Jardim das Maçãs e revelavam o Mistério do Tempo aos guerreiros
vindos de outros mundos.
Assim foi como Wotan, abrasado por uma sede inextinguível de A-mor, desejou como
nunca baixar da Árvore Yggdrasil para empunhar o machado e combater ao Senhor das Trevas

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e a suas hordas de elementais Wessen. Mas seu desejo não era suficiente, sua vontade não bas-
tava para abrir as fechaduras do Engano. Além do mais, seu olho já não olhava para o mundo
Acsh, senão que se achava enfeitiçado pela dança de Freya. Entretanto, nem tudo estava per-
dido para o Grande Ás: seu A-mor por Freya o salvou; seu A-mor correspondido por aquela
que era Pura Graça.
Foi Ela quem decidiu salvar Wotan, LUTANDO DE FORA, sacrificando sua divina
virgindade por A-mor. Assim, quando Wotan abriu seu olho desvanecente e olhou em torno
da Árvore do Espanto, ELA SAIU POR SEU OLHO e se aproximou dançando pelo Mundo
do Engano, em busca da chave que pusesse em liberdade a seu Amado. E sucedeu que Wotan,
ao vê-la de fora, já não a achou bela e alegre, senão negra e terrífica. E gemeu, estremecido de
Horror: Kaly! Oh, Kaly!
Os Iniciados hiperbóreos, os viryas despertos, sabem de que se trata quando se diz que
Wotan não estava imóvel enquanto pendia da Árvore Yggdrasil: sua cadeia lhe obrigava a mo-
ver-se perpetuamente, A GIRAR EM ESPIRAL, e por isso nenhuma das chaves de Frigga
podia libertá-lo. Talvez Freya-Kaly tivesse mais sorte e desse com a chave verdadeira; mas onde
buscá-la? Talvez os Siddhas de Vênus, no Valhala, se compadecessem do valoroso Ás e reve-
lassem a maneira de soltar suas cadeias. Até ali chegou Freya-Kaly, como um raio de A-mor; e
não só atravessou a Muralha Invulnerável senão que, alentada por um coro de Walkirias, se
dirigiu ao Antigo Burr, o sábio construtor do Cerco Infranqueável, e lhe pediu conselho para
libertar Wotan da Árvore Yggdrasil.
E Gott Burr, o Estrategista primordial de Hiperbórea, lhe assegurou que o Grande Ás
poderia libertar-se por si mesmo, se alguém lhe Amasse o suficiente para alcançar-lhe a CHAVE
KALACHAKRA. – Oh! Quem tem a Chave Kalachakra, capaz de libertar meu Amado de sua
crucifixão circular na Árvore Yggdrasil? – Assim clamava Freya-Kaly ante os Siddhas Leias:
suplicava-lhes para quem, desde sempre, sua honra se chama lealdade.
E os Siddhas Leais responderam, indicando-lhe o caminho que desce até NIFLHEIM,
a região infernal mais profunda de Hel: ali devia buscar e encontrar a morada dos Siddhas Trai-
dores, a cidade Dejung do Engano e do Terror, onde o gigante bifronte Jan guarda a chave
Kalachakra desde os dias em que se mesclaram os sangues da Terra e os viryas já não souberam
encontrar o caminho até Valhala.
Certamente, os Siddhas Leais fizeram a Freya-Kaly uma revelação assombrosa: aquilo
que buscava Wotan, a maneira de anular o Signo da Dor e soltar suas ataduras da Árvore
Yggdrasil, não era de modo algum um objetivo original; na verdade há milhões de anos que os
Siddhas traidores fizeram o mesmo que agora pretendia Wotan: eles resignaram o Signo da Dor
e modificaram para sempre o destino humano; só que seu propósito era oposto ao de Wotan,

412
pois eles procuravam aprisionar ao Espírito enquanto que este tratava de libertar tal aprisiona-
mento.
Escute bem, Oh, Freya! – Agregaram os Sábios Imortais de Valhala – não seja que co-
metas um erro estratégico. Quando te acercares do Chaveiro Jan, não poderás fazê-lo nem do
passado nem do futuro, pois suas duas faces, como Urd e Skuld, miram através do Tempo:
somente poderás tomar a chave Kalachakra no presente, POIS NESSE INSTANTE O Gi-
gante Jan é cego. Mas o presente é um instante quase insignificante para os viryas perdidos.
Poderás tu, Oh, Amada de Wotan, arrebatar ao Chaveiro bifronte a preciosa chave antes que
este o note e te derrube com seu cetro?
SUSPENDEREI O PRESENTE RINDO COM ALEGRIA – afirmou Freya-Kaly –
E ENQUANTO RIO, E O PRESENTE SE DETÉM, TOMAREI A CHAVE QUE DARÁ
LIBERDADE A MEU A-MADO.
Tu, sim, que conheces o Tempo e a maneira de vencer o temor! – Aprovaram em coro,
dando mostras de grande júbilo, os Siddhas Leais, enquanto brincavam: – Farás dormir a norne
Verlandi! Há, há!
Mas em seguida continuaram aconselhando a valorosa Deusa.
Escuta estas instruções, Oh, Alegria do Espírito! Uma vez que tenhas a chave Kala-
chakra em teu poder deves proceder com firmeza e precisão a dividi-la em duas partes, empre-
gando o machado duplo que aqui te entregaremos.
Ato seguido, o Deus Thor obsequiou a Freya com uma impressionante LABRIS talhada
em esmeralda, de dimensões adequadas ao punho da Deusa, mas não por isso menos temível
e efetiva.
A chave Kalachakra – continuaram explicando os Siddhas Leais – é um engenhoso sis-
tema que permitiu aos Siddhas Traidores equilibrar e neutralizar os desígnios do Demiurgo. Por
isso, consta de dois Signos Complexos, unidos por uma haste de ferro que haverás de romper:
um, é o Signo da Dor, o qual está conformado por quarenta e nove mais um signos em relevo,
distribuídos em torno de uma espiral tridimensional de diâmetro decrescente, ou seja, concha
helicoidal, esta espiral é a combinação da chave, a trava que abre a fechadura do aprisionamento
espiritual, pois cada um dos quarenta e nove mais um signos representa as Palavras primordiais
do Demiurgo, as Vozes pelas quais todos os entes finitos foram criados: todo desígnio se con-
forma por combinações de tais signos. A chave Kalachakra é, pois, a chave mestra da Criação.
Mas, Unidos a esta parte espiral por uma haste de ferro, está a asa da chave, de forma octogonal,
o Signo da Origem que equilibra e neutraliza ao Signo da Dor (ver figura 85). Este signo está
constituído por treze mais três signos chamados RUNAS: os treze permitem descrever e resig-
nar os quarenta e nove bijas do Demiurgo, e as três restantes, chamadas RUNAS NOOLÓGI-
CAS, se emprega também em nossa Estratégia “0” e na via de libertação individual “da oposição

413
estratégica”. Mas na chave Kalachakra cada um de ambos os jogos de signos estão integrados
estruturalmente em um Signo Maior que os contém: os quarenta e nove mais um Signo da Dor
e as treze mais três no Signo da Origem.

Escuta com atenção agora, Oh, Sorriso do Raio Verde! – Requereram os Siddhas Leais
– Se em verdade desejas salvar Wotan deves romper a chave Kalachakra e levar-lhe somente o
Signo da Origem, para que o Grande Ás o resigne por si mesmo o Signo da Dor e desça da
Árvore Yggdrasil, tal como lhe fora encomendado pelo Grande Chefe Lúcifer. Contudo, tu,
Oh, Graciosa, não deixarás abandonado PALETA que contém o Signo da Dor, pois precisará
de seus cinquenta signos para a missão de A-mor que cumprirás na raça ária. – Porque, Oh,
Freya! Agora que saíste afora de Wotan todos sabem que és a Deusa do A-mor; tua memória
ficará plasmada na memória de sangue dos viryas e eles lhe cantarão com vozes profanas, em
línguas culturais cujos sons horríveis somente agradam ao Senhor das Trevas: a eles terás de
ensinar a língua dos pássaros. Olha ao teu redor e comprova o que aqui, no Valhala, ocorreu
por tua graciosa presença! Olhou Freya-Kaly ao redor e observou assombrada aos bravos Ber-
serker, Senhores da Guerra, abandonarem momentaneamente a prática das armas para se so-
marem à Canção de A-mor dos Siddhas Leais. E compreendeu que deste então aquela canção
carismática, que procurava despertar e orientar os viryas perdidos, se referiria a Ela, transmitiria
sua imagem e o som de seu riso luciférico. E soube também que, em resposta a seus viryas
amantes, teria de ensinar-lhes que A-mor significa NÃO-MORTE, imortalidade, outra via de
libertação espiritual, outro Caminho para chegar ao Valhala. – Sim – afirmaram os Siddhas Leais
– por ti os ários conhecerão que é possível alcançar a imortalidade por A-mor. Mas o mais
importante de tua missão, Oh, Flor Inexistente! Será inspirar a verdadeira Poesia. A Poesia de
A-mor que gela o coração e despeja a visão do Espírito, a Poesia que se recita com a Voz do
Sangue Puro, a que converte ao virya perdido em desperto, ao desperto em Siddha Imortal, ao
nobre em Rei e ao Rei em Deus. Todo o contrário do êxtase poético do pasu, que acende um
inferno no coração, que turva a razão e estende um véu na visão da alma. – Sim – confirmaram

414
os Berserkers – desde hoje tu serás a Dama Capitã de nossa cavalaria celeste, do Wildes Heer
de Wotan. Em tua honra se livrará diariamente um torneio de cavaleiros no Valhala e se deixará
aberto enquanto o último dos ários permaneça aprisionado, o concurso de Poesia. Para que os
autênticos Minnesänger se imortalizem também no Valhala, como os heróis guerreiros. E tudo
isto será do agrado de Wotan! – Rugiram de alegria os homens-urso ao propor essa curiosa
possibilidade de salvação por meio da canção de A-mor. Mas eles sabiam o que faziam, pois
eram iniciados por Cristo Lúcifer, ou A-polo, o Senhor da Beleza, e conheciam a Beleza das
Formas Não Criadas, a beleza que só poderia cantar um Minnesänger com a Voz do Sangue
Puro. Uma Beleza que nada tem a ver, portanto, com as vis formas arquetípicas que o Demiurgo
criou tratando de imitar aos Mundos Verdadeiros.
Ao escutar e ver isto, Freya sorria e irradiava alegria e A-mor como um Sol de Ouro...
enquanto por suas bochechas rolavam duas lágrimas de diamante, pois era presa de sentimentos
encontrados. Já havia adivinhado o que os Siddhas Leais lhe diriam a seguir e, com pesar, se
estremecia de espanto: A-mava Wotan, quem se auto crucificou na Árvore do Mundo para
obter a máxima Sabedoria e, agora, para salvá-lo das cadeias que ele mesmo se impôs, deveria
entregar-se a outros guerreiros. E, o que era pior, deveria enganá-los, comportar-se como uma
rameira. Isto, que por hora era só um pressentimento, não tardaria em ser confirmado pelos
Siddhas.
– Não te entristeças, Oh, Inspiração dos Poetas! Eles, os Siddhas Traidores, não te A-
marão. Somente tomarão teu corpo; mas seu infame contato não bastará para manchar a pureza
de teu Espírito. Em troca, por Ti se acabará sua loucura... É um grande sacrifício que se lhe
reclama, mas, pelo bem da raça, é necessário que preserves os signos arquetípicos que confor-
mam todo desígnio: só assim a ação de Wotan será efetiva! Recorda que desgraçadamente a
Mãe Frigga ensinou aos ários a linguagem “que dá sentido ao mundo” de Midgard, a linguagem
que causa prazer ao Demiurgo, a linguagem fundada nas quarenta e nove mais uma vozes cujos
signos secretos se encontram gravados na chave Kalachakra. Deves obter esse segredo maldito
ainda que a custa de ti mesma, Oh, Espírito Risonho!
– Mas, é preciso apressar-te, pois Wotan agoniza na Árvore Yggdrasil. Eis aqui nosso
último conselho – concluíram os Siddhas leais – se consegues arrebatar a chave ao Gigante Jan,
não te apresses a golpeá-la com o labris: A ESMERALDA SOMENTE CORTARÁ O
FERRO QUANDO OS DOIS FIOS GOLPEIEM A HASTE AO MESMO TEMPO,
HASTE OU CONEXÃO DE SENTIDO, QUE UNE O SIGNO DA DOR AO SIGNO
DA ORIGEM. A princípio essa exigência parece impossível, dado que os fios se encontrem
em linhas paralelas de um mesmo plano, mas tal impossibilidade não é real, senão produto do
Véu de Maya: busca o lugar, busca-o sem descansar Oh Freya! Onde teu golpe fira com as duas
achas ao mesmo tempo e verás como o elo de ferro se quebra facilmente (ver figura 86).

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Instruída dessa forma pelos Siddhas Leais, a Deusa do A-mor abandonou o Valhala e
empreendeu sua viagem ao Niflheim, em busca da cidade Dejung, a morada dos Siddhas Trai-
dores. Vamos explicitar o relato dessa viagem terrífica, assim como a descrição da cena em que
a maravilhosa Graça do riso de Freya deteve o tempo e lhe permitiu arrebatar a chave Kala-
chakra do Gigante bifronte Jan. Tampouco narraremos sua busca do plano de significação ma-
crocósmico no qual a dupla acha labris corta como se fosse uma só, busca que culminou em
êxito quando de um só golpe separou os Signos Primordiais. Tudo isto sempre poderá ser visto
em detalhe por qualquer virya de sangue puro que decida transitar o Caminho de Retorno à
Origem, pois seu relato se encontra no Livro Tirodal, o Livro Sagrado dos Ários que todo
Iniciado Hiperbóreo tem direito a ler. Aqui continuaremos a história no momento em que
Freya-Kaly separa os Signos com um certeiro golpe do labris de esmeralda.
Freya dispunha do poder de tornar-se ave. Quando empreendeu sua descida ao Niflheim
decidiu adotar essa forma, mas como se encontrava fora de Wotan, com seu aspecto de Kaly,
a Negra, somente conseguiu converter-se em corvo, e como corvo baixou ao Hel, levando em
suas garras o temível labris: e como corvo arrebatou, COM SEU BICO, a chave Kalachakra do
Gigante Jan; e como corvo chegou ao lugar em que ele poderia, por fim, separar os Signos.
Ali retornou Freya sua forma de Kaly, a Negra, e de um só golpe de labris separou os
Signos, partindo a haste de ferro da chave Kalachakra. E eis aqui o que ocorreu então.
Sempre dançando, Kaly cortou o Elo de Ferro da chave Kalachakra, tomando com uma
de suas quatro mãos esquerdas a alça octogonal com o Símbolo da Origem. Quis tomar também
com uma de suas quatro mãos direitas o Signo da Dor, mas este se decompôs no ato, sepa-
rando-se e caindo irremediavelmente na terra, as sete voltas da espiral. Cada um de tais anéis
abertos tinha gravados sete signos arquetípicos, que representavam sete Aspectos do Manu. Os
Siddhas Traidores, constituindo um Mistério que apenas é possível sugerir simbolicamente, sus-
tentam a espiral assinalada atuando COMO SE FOSSEM ARQUÉTIPOS UNIVERSAIS, ou
seja, como se fossem ideias demiúrgicas que se deslocam sobre os planos inferiores desde o

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plano arquetípico. Assim, desde Dejung ou Chang Shambala, permanentemente SETE SID-
DHAS TRAIDORES sustentam um anel de espiral na chave Kalachakra, mantendo a evolução
das raças humanas pela técnica de “aprisionamento espiritual”. Deve-se advertir aqui que, no
momento de sua fratura, a chave Kalachakra foi substituída por outra idêntica na mão do Cha-
veiro Jan: os Siddhas Traidores não podiam permitir que a ousada atitude de Wotan e Freya
afetasse por mais tempo sua Estratégia. Entretanto, sete deles, os que naquele momento sus-
tentavam os anéis assinalados da espiral, foram decapitados por Kaly e jamais, pelo resto do
manvantara, poderão regressar ao Universo do Uno. Vejamos como isto ocorreu.
Ao serem separados os sete anéis da espiral ocorreu um extraordinário prodígio: cada
anel, com seus sete signos, experimentou uma súbita metamorfose e se transformou, ante a
vista de Kaly, em um Gigante de sete cabeças. Eram Siddhas Traidores com suas roupagens de
Manu! Por isso cada uma das sete cabeças dos sete gigantes dormia um sono que fazia viver as
raças e sub-raças designadas para evoluir à custa do aprisionamento dos Espíritos Hiperbóreos.
E foi então quando Kaly decidiu, pela primeira vez, converter-se em prostituta e assassina.
Ela despertou e se entregou a cada um dos gigantes, mas no supremo instante do or-
gasmo decapitou uma a uma com o labris aquelas quarenta e nove cabeças insensatas. A perdi-
ção dos Siddhas Traidores provinha de sua desenfreada paixão pelo corpo da mulher Kaly; e
pelo desconhecimento ou esquecimento do A-mor mágico hiperbóreo, o qual somente é ensi-
nado pelos Siddhas leais de Agartha. Em outro inciso, como Apêndice, se dará uma explicação
detalhada da via tântrica do A-mor mágico, do ponto de vista do virya ocidental.
Cada um dos quarenta e nove crânios foi atravessado por Kaly em um cordão ou sutra-
tma de prata que pendia como colar em torno de seu negro pescoço. Na frente de cada crânio
Luzia um dos quarenta e nove signos que representavam os Bijas primordiais pronunciados
pelo Demiurgo, as Palavras com as quais se criaram e designaram todos os entes finitos exis-
tentes. Era um grande tesouro o que receberia Wotan das mãos de Freya-Kaly! O valor encer-
rado naquela primeira volta de crânios do colar de Kaly poderá avaliar-se melhor caso se con-
sidere que as “Raças Sagradas” do Demiurgo, por exemplo, a Hebreia, jamais receberam como
revelação mais do que vinte e um signos, ou seja, o Poder de três Gigantes de sete cabeças. Os
quarenta e nove mais um signos do colar de Kaly, em compensação, permitirão a quem os
conheça e seja capaz de resigná-los runicamente interpretar qualquer desígnio e exercer poder
e domínio sobre todo ente do micro ou macrocosmo.
Tendo cumprido com êxito sua missão, Freya-Kaly se apressou a voltar a Midgard, à
Árvore Yggdrasil onde Wotan pendia já havia OITO NOITES: na NONA NOITE poderia
libertar-se graças ao segredo que sua A-mada lhe revelaria, sua A-mada que havia LUTADO
POR ELE nas regiões mais tenebrosas de Niflheim, onde moram os Siddhas Traidores. Com
o propósito de regressar com a mesma forma que havia descido, Freya-Kaly transformou-se
novamente em ave, comprovando com surpresa que, em lugar do misterioso corvo agora se

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convertia em curiosa PERDIZ. E assim foi como Freya-Kaly abandonou as regiões infernais
revestida com a forma da perdiz, levando esta vez no bico o labris e nas garras a estrela de oito
pontas com o Signo da Origem.
Então, a Alegria da valente e doce Freya se viu tragicamente perturbada: ao chegar à
Árvore Yggdrasil trazendo a chave simbólica, que permitiria a seu A-mado libertar-se de sua
crucifixão, comprovou com horror que este acabara de expirar. Seu único olho, pelo qual Freya
havia saído pela primeira vez ao mundo, repousava agora vazio de vida, cerrado talvez para
sempre. Wotan havia conhecido, por fim, o Mistério da morte, a conclusão fatal do desígnio
humano. Mas Freya não poderia mais penetrar por seu olho e alcançar-lhe o Signo salvador.
Presa do desespero, ainda com sua forma de perdiz, voava a Deusa do A-mor em torno
do corpo exânime que, com a cabeça caída sobre o ombro direito, pendia da Árvore do Es-
panto. Sem resignar-se a aceitar o fato de que Wotan estivesse realmente morto, Freya-perdiz
buscava a maneira de entrar nele, de animá-lo com seu próprio Espírito: desejava protagonizar
o milagre de reviver a seu A-mado para dizer-lhe: está cumprido! Aqui está o Signo que te
permitirá desatar as cadeias da Árvore do Mundo! Entretanto, o tempo passava e o olho de
Wotan continuava cerrado, e Freya-perdiz voava em círculos sem saber o que fazer.
Nesse transe a esperança de Freya se dirigiu aos Siddhas Leais de Valhala, aos Sábios
Ases que, seguramente, estariam observando seu infortúnio através da coluna Ir. Era aquele, o
de Freya-perdiz, um clamor musical, expresso na língua dos pássaros; e a resposta dos Ases foi
consequente quando, como um raio de luz, o canto do galo lhe revelou o caminho a seguir; se
ainda restava um pouco de vida no corpo de Wotan, esta estava escapando pela ferida das
costas, a que lhe infringira Loki com a lança: por ali deveria entrar Freya-perdiz para ressuscitar
seu A-mado! Mas, seguindo este caminho, único possível agora que Wotan havia morrido,
Freya-perdiz teria que deixar de fora a estrela de oito pontas com o Signo da Origem e o labris,
objetos materiais, entes finitos próprios do mundo exterior, de Midgard. Como fazer, então,
para revelar a Wotan o segredo que tanto esforço, tanta luta, tanta dor havia custado para con-
seguir? Freya decidiu num instante: regressaria ao seio de Wotan convertida em ave, em perdiz,
e quando estivesse frente à manifestação de seu Espírito, frente a seu Eu, Ela EXPRESSARIA
para seu A-mado o Signo da Origem. Sim, para salvar a seu Amado, Freya-perdiz DANÇARIA
E CANTARIA O SIGNO DA ORIGEM, CONVERTENDO-SE ELA MESMA EM SÍM-
BOLO!
Sem pensar mais Freya soltou o labris e a estrela de oito pontas e se precipitou pela ferida
das costas, da qual emanava ainda sangue em abundância. E quando essa FORÇA PELA ALE-
GRIA que era Freya penetrou no corpo exangue de Wotan, este reviveu no ato para reencon-
trar-se com sua A-mada. Mas, antes de seguir a Freya e Wotan, vejamos o que ocorreu com os
objetos que caíram em Midgard.

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Por isso, então, no mundo se havia desatado a crise social que acompanhou o afunda-
mento da Atlântida: duas das três castas que compunham a sociedade atlante, a casta guerreira
e a casta sacerdotal, se encontravam travadas numa guerra sem quartel; a casta sacerdotal estava
apoiada pelos Siddhas traidores e a casta guerreira pelos Siddhas leais. Em meio a esse conflito
vieram a cair os objetos que soltara Freya-perdiz antes de reintegrar-se nupcialmente com Wo-
tan: o labris de esmeralda não chegou a tocar a terra, pois os sacerdotes o interceptaram no ar
e, dando mostras de grande júbilo, o incorporaram a sua própria Estratégia; desde então con-
tribui, arquetipicamente, a perpetuar a fábula da “superioridade espiritual” que a casta sacerdotal
deteria sobre a casta guerreira.
Os guerreiros atlantes, por outra parte, não trabalharam a tempo, entretidos como esta-
vam pelo combate, e permitiram que a estrela de oito pontas caísse na terra. Como consequên-
cia deste descuido, os ários hiperbóreos, guiados por Wotan, tardariam milhões de anos em
chegar aos EXTERNSTEINE, em Teutoburger Wald, que é o lugar onde caiu aquela metade
da chave Kalachakra conquistada por Freya aos Siddhas Traidores. Naturalmente, por causa da
queda a estrela se quebrou, produzindo-se uma “explosão arquetípica”, milhões de vezes mais
poderosa que a explosão atômica já que esta somente desintegra, enquanto aquela desintegra e
integra novamente, plasmando formas duradouras e estáveis. O Signo da Origem se decompôs,
então, em suas treze mais três runas e estes signos alteraram definitivamente a paisagem, a “psi-
corregião” de Teutoburger Wald, pois ficaram plasmadas as rochas dos Esternsteine; E
AINDA CONTINUAM ALI. Por isso em tal lugar da Germânia, um dos mais sagrados da
Terra, existirá sempre um nexo com Valhala e Vênus.
A tudo isto Freya-perdiz, dentro do corpo de Wotan, do MENSCHLICHER MIKRO-
KOSMOS, teve de buscar o Espírito de Wotan numa região equivalente ao NIFLHEIM do
GÖTTLICHER MAKROKOSMOS. Nessa região de trevas, mundo astral onde as almas dos
mortos aguardam serem julgadas para voltar novamente à vida, Wotan experimentava na pró-
pria carne o aspecto mais demente e sinistro do destino humano: destino designado pelo De-
miurgo para o pasu, mas também compartilhado pelos Espíritos Hiperbóreos por causa da
Traição Branca. Mas, não obstante, o extravio terrível em que estava submetido, Wotan teve
uma centelha de lucidez ao reconhecer, de imediato, a Alegria de Freya frente a si. Ela, por sua
parte, se lamentou ao comprovar o profundo sonho que padecia seu A-mado, e se propôs
despertá-lo de imediato; para isso começou a dançar o Signo da Origem, a dança do labirinto
que somente pode executar uma mulher Kaly, quando se converte em perdiz. E Wotan, que já
não sabia nem quem era nem onde estava, ao contemplar enfeitiçado de alegria aquela dança
primordial, SOUBE DE IMEDIATO, COM TODA EXATIDÃO, SEM POSSIBILIDADE
DE EQUIVOCAR-SE, ATÉ ONDE TERIA DE MARCHAR PARA ENCONTRAR-SE
CONSIGO MESMO, PARA RECUPERAR O VRIL E LIBERTAR SEU ESPÍRITO, E
PARA DESPRENDER-SE DA ÁRVORE YGGDRASIL.

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A partir dali, já não lhe importava transitar pelos nove túneis do labirinto que conectam
sete mundos do Demiurgo. E não lhe importou porque marchava com a mente posta n’Ela, e
porque ela dançava para ele a Dança do Retorno à Origem. Que importância teriam aqueles
avanços e retrocessos momentâneos, se finalmente se alcaçaria o centro, o centro do Signo da
Origem, TIRODAL? Porque desde o centro do labirinto, onde os caminhos concluem o ângulo
reto de Tirodal, está o passo ao Selbst, a janela ao Espírito, e ao Vril, o Caminho de Agartha, a
Porta de Vênus.
Finalmente, após pender nove noites da Árvore do Espanto, de morrer e renascer, Wo-
tan encontrou o Signo da Origem que se compõe de Treze mais Três Runas, o conhecimento
suficiente para inverter o processo do aprisionamento espiritual e reorientar estrategicamente
os Espíritos Hiperbóreos, os Espíritos-esfera revertidos. O mesmo o comprovou ao autoapri-
sionar-se, ao crucificar-se na Árvore Yggdrasil, e libertar-se detendo a RODA DO TEMPO
por meio do segredo da Chave Kalachakra. Depois de realizar tamanha façanha luciférica, Gott
Wotan se ocupou de guiar os Ários até as Runas, ou seja, até o Esternsteine, até Thule, até o
Valhala, Agartha, Vênus, Hiperbórea... um Caminho que somente pode transitar com as armas
na mão e gelo no coração.

F – A CHAVE KALACHAKRA.

A história a que nos referimos no artigo anterior, registrada na série cronocultural do


Sagrado Livro de Cristal Tirodal, nos conta alegoricamente um prodígio incompreensível, e
uma façanha incomensurável. O prodígio constitui, sem dúvida nenhuma, a “chave Kala-
chakra”, a criação genial dos Siddhas Traidores que outorga NATUREZA UNIVERSAL ao
aprisionamento espiritual. E a façanha sem medidas consiste em ter PARTIDO a chave Kala-
chakra e em haver COMPREENDIDO suas partes separadamente: esta façanha permitiu a
Wotan libertar-se de seu próprio aprisionamento, e conceber uma “via estratégica de libertação
espiritual”, apta para todo virya. Sobre o significado daquele prodígio, e desta façanha, faremos
alguns comentários.
Comecemos pela chave Kalachakra. Já mencionamos que os Siddhas leais possuem co-
nhecimento suficiente para constituir SISTEMAS REAIS ARTIFICIAIS: os Livros de Cristal
da Biblioteca de Agartha são um exemplo de tais construções. Pois bem, A CHAVE KALA-
CHAKRA É TAMBÉM UM “SISTEMA REAL ARTIFICIAL”: O MAIS PODEROSO SIS-
TEMA REAL ARTIFICIAL JAMAIS CONSTRUÍDO DENTRO DOS LIMITES DO SIS-
TEMA SOLAR. E ESTE PRODUTO DA MAIS ALTA GENIALIDADE É, PORTANTO,
OBRA DOS SIDDHAS TRAIDORES. Não obstante que no super-objeto axiológico “A Re-
signação de Wotan” a chave Kalachakra esteja descrita com outro material simbólico, é fácil
comprovar que se trata de um sistema real: O PALETA, COM A ESPIRAL OU “SIGNO DA

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DOR” EQUIVALE AO “OBJETO CULTURAL EMERGENTE” (O.C.E.); A ALÇA OC-
TOGONAL COM O SIGNO DA ORIGEM REPRESENTA O “OBJETO CULTURAL
REFERENTE” (O.C.R.); E A “HASTE DE FERRO” QUE UNE AMBOS OS SIGNOS,
CORRESPONDE À “CONEXÃO DE SENTIDO” OU “REGISTRO CULTURAL” DO
SISTEMA REAL ARTIFICIAL (FIGURA 85). Em síntese: NO SISTEMA ESTRUTURAL
DA SABEDORIA HIPERBÓREA, A CHAVE KALACHAKRA DOS SIDDHAS TRAI-
DORES CORRESPONDE A UM “SISTEMA REAL ARTIFICIAL”.
Ao virya perdido, que justamente é vítima de sua ação, é impossível compreender as
dimensões desse enorme sistema real; entretanto, podem ser intuídas em alguma medida caso
se atribuam ao sistema real Kalachakra AS PROPRIEDADES UNIVERSAIS DE UM AR-
QUÉTIPO: COMO SE TRATASSE DE UM VERDADEIRO ARQUÉTIPO, DE FATO,
TODO VIRYA PARTICIPA DA INFLUÊNCIA UNIVERSAL DA CHAVE KALA-
CHAKRA. Esta enorme potência sugere as características titânicas do sistema real Kalachakra,
e lança duas perguntas lógicas: para que foi construída a chave Kalachakra? E, como pôde ser
construído um sistema real artificial de dimensões arquetípicas universais? Estas perguntas se
respondem nos comentários seguintes.
Primeiro – Para que foi construída a chave Kalachakra? Resposta: a chave Kalachakra
foi construída para POSSIBILITAR o aprisionamento espiritual. A saber: já explicamos, em
distintas partes da obra, a “TÉCNICA DA CHAVE GENÉTICA” dos Siddhas Traidores,
mediante a qual se resigna o desígnio humano e se CAUSA o aprisionamento espiritual; pois
bem: ESTA “CAUSA” SP É “POSSÍVEL” PELA AÇÃO “UNIVERSAL” DA CHAVE KA-
LACHAKRA. É necessário, pois, esclarecer de que modo a chave Kalachakra POSSIBILITA
o aprisionamento do Espírito. Isso não será difícil se recordarmos que todo ente designado
apresenta uma dupla determinação ontológica, uma “finalidade universal” procedente do Ar-
quétipo universal, e uma finalidade particular, afirmada pelo Aspecto Logos do Demiurgo: “a
finalidade universal do ente, seu ser em si, lhe outorga EXISTÊNCIA UNIVERSAL ESPE-
CÍFICA”. No caso do pasu, “a natureza humana, que é o Arquétipo Manu outorga ao micro-
cosmo potencial, põe finalidade individual a matriz essencial sobreposta pelo Aspecto Logos:
existe, assim, o pasu, o animal-homem que progride evolutivamente até a enteléquia Manu ou
microcosmo atual”. Em síntese, o princípio de individuação do desígnio demiúrgico, a matriz
essencial, somente atua para por finalidade particular às determinações a priori do Arquétipo
Manu: a natureza humana, UNIVERSAL, procede do impulso evolutivo, POSSIBILITA a
existência individual.
Mas, eis aqui a CHAVE GENÉTICA dos Siddhas Traidores, causadora do aprisiona-
mento espiritual, consiste em RESIGNAR O DESÍGNIO HUMANO, ou seja, EM MODI-
FICAR O “PRINCÍPIO DE INDIVIDUAÇÃO HUMANA”: E ISSO SÓ PODE SER
“POSSÍVEL” SE UM PRINCÍPIO “UNIVERSAL” O PERMITA. Compreende-se agora

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que A CHAVE KALACHAKRA É O PRINCÍPIO UNIVERSAL QUE POSSIBILITA A
AÇÃO INDIVIDUAL, EM TODO VIRYA, DA CHAVE GENÉTICA: SEM A IN-
FLUÊNCIA UNIVERSAL DA CHAVE KALACHAKRA NÃO PODERIA MANTER-SE
A RESIGNAÇÃO INDIVIDUAL NO DESÍGNIO DE TODO PASU, NEM SUA REFE-
RÊNCIA NA MEMÓRIA DE SANGUE.
Portanto, não será fácil compreender a esta ação UNIVERSAL da chave Kala-
chakra, que a equipara a um Arquétipo universal, pois: “Os Siddhas Traidores, ante a possibili-
dade de modificar de algum modo os Arquétipos universais, que estão sustentados diretamente
pela Vontade do Uno, decidiram operar sobre o desígnio pasu, modificando permanentemente
o destino do animal-homem”; Quer dizer que a ação universal da chave Kalachakra HÁ DE
EXERCER, NÃO SOBRE O ASPECTO BELEZA OU INTELIGÊNCIA ATIVA, QUE
SUSTENTA AOS ARQUÉTIPOS, SENÃO SOBRE O ASPECTO LOGO, OU SEJA, SO-
BRE O ASPECTO DESIGNADOR DE TODO ENTE. Mas como há de operar um PRIN-
CÍPIO UNIVERSAL, ARTIFICIAL, para alterar a função do Aspecto Logos que individualiza
CADA ENTE, ou seja, CADA PASU? Resposta: Indubitavelmente, ABARCANDO DE AL-
GUM MODO A REALIDADE TOTAL DE CADA PASU, E AFIRMANDO EM CADA
UM A CHAVE GENÉTICA, DE TAL MANEIRA QUE O EFEITO SEJA EM TUDO
SEMELHANTE À AÇÃO UNIVERSAL DE UM ARQUÉTIPO. E desse modo opera a
chave Kalachakra: mediante um sistema real artificial de colossais dimensões, os Siddhas Trai-
dores conseguiram um efeito universal que possibilita a chave genética individual do virya per-
dido. Uma compreensão mais profunda de tal sistema requer o conhecimento de sua constru-
ção.
Segundo – como pode construir-se um sistema real artificial de dimensões arquetípicas
universais? Resposta: Pouco é o que podemos aportar aqui sobre a construção da chave Kala-
chakra, dispondo somente dos “Fundamentos” da Sabedoria Hiperbórea: na verdade, se requer
mais que a Segunda Iniciação para vislumbrar os segredos de sua construção. Por isso, somente
afirmaremos mediante sentenças aqueles aspectos que tenham claro significado no contexto no
contexto da sistemática estrutural da Sabedoria Hiperbórea. Não há que insistir em que estas
sentenças aludem ao melhor guardado dos segredos da Terra... e também o mais perigoso.
A CHAVE KALACHAKRA É UM SISTEMA REAL ARTIFICIAL CONSTITU-
ÍDO ENTRE A TERRA E O SOL. A MERCÊ DESSE SISTEMA TODA A ENERGIA
RADIANTE DO SOL RESULTA PERMANENTEMENTE INTERCEPTADA. MAS O
CORPO CELESTE INCANDESCENTE QUE HABITUALMENTE DENOMINAMOS
“O SOL” É SOMENTE A APARÊNCIA FÍSICA, EXTERIOR, DE UM DEMIURGO SO-
LAR APELIDADO “O LOGOS SOLAR” JUSTAMENTE POR EXPRESSAR O AS-
PECTO LOGOS DO UNO: DO SOL, ACOMPANHANDO O ASPECTO RADIANTE,

422
CHEGAM A TERRA AS VOZES DOS DESÍGNIOS DE TODOS OS ENTES INDIVI-
DUAIS; ENTRE ELAS, AS VOZES DOS DESÍGNIOS PASU. PARA INTERCEPTAR
ESSAS VOZES FOI DESENHADO E CONSTRUÍDO O SISTEMA REAL KALA-
CHAKRA.
HÁ QUE SE DESCARTAR A IDÉIA SIMPLES DE QUE NO SISTEMA REAL
KALACHAKRA A TERRA E O SOL SEJAM OS OBJETOS CULTURAIS “O.C.E. E
O.C.R.”: PORÉM, EXISTE UM ENLACE PERMANENTE ENTRE AMBOS OS COR-
POS CELESTES. A EXPLICAÇÃO É A SEGUINTE: O SISTEMA REAL KALA-
CHAKRA FOI CONSTITUÍDO “ENTRE SOIS SÍMBOLOS”, UM QUE SE ENCON-
TRA NA TERRA E OUTRO NO SOL. O SÍMBOLO SOLAR É A MATRIZ FUNCIO-
NAL DA LEI DA EVOLUÇÃO OU “SÍMBOLO DA AUTONOMIA ÔNTICA” DO DE-
SÍGNIO PASU, OU SEJA, O SÍMBOLO SAGRADO DO PASU. O SÍMBOLO TERRES-
TRE É O “SÍMBOLO DA ORIGEM”, PLASMADO EM TODO VIRYA POR EFEITO
DA CHAVE GENÉTICA. ENTRE AMBOS OS SÍMBOLOS, OS SIDDHAS TRAIDO-
RES AFIRMARAM, HÁ MILHÕES DE ANOS, UMA CONEXÃO DE SENTIDO E
CONSTRUÍRAM O SISTEMA REAL KALACHAKRA: POR ISSO, EM TODO O MO-
MENTO, EXISTE UM REGISTRO CULTURAL INVISÍVEL ENTRE A TERRA E O
SOL. ATRAVÉS DESSE ENLACE, PERCORRENDO SUA DIMENSÃO EXTENSÃO,
DEVEM CIRCULARAS VOZES DO ASPECTO LOGOS, OS DESÍGNIOS PASU QUE
SERÃO ASSIM RESIGNADOS PELO SÍMBOLO DA ORIGEM.
SENDO A CHAVE KALACHAKRA UM SISTEMA REAL, PODE SER REPRE-
SENTADO ANALOGAMENTE PELA FIGURA 81. TEMOS DE SUPOR, ENTÃO,
QUE O O.C.E. “ESTÁ NO SOL”, AINDA QUE “COMO TAPA-SIGNO (E)” SE MANI-
FESTA NA TERRA: ESTE “O.C.E.” NÃO É OUTRO QUE “O SÍMBOLO SAGRADO
DO PASU”, A ESPIRAL, OU SEJA, “O SIGNO DA DOR”; O O.C.R., POR OUTRA
PARTE, SE ENCONTRA NA TERRA, MAS, COMO TAPA-SIGNO (R), TAMBÉM
ESTÁ NO SOL: TAL O.C.R., POR SUPOSTO, É O SÍMBOLO DA ORIGEM. O FUNCI-
ONAMENTO DO SISTEMA REAL CONSISTE EM ADJUDICAR UM “VALOR PAR-
TICULAR” AO O.C.E. OU “MATRIZ FUNCIONAL DA LEI DA EVOLUÇÃO” MEDI-
ANTE A CONEXÃO DE SENTIDO COM O O.C.R. OU SÍMBOLO DA ORIGEM:
DESSE MODO, OS DESÍGNIOS PASU QUE CIRCULAM PELA EXTENSÃO DE EN-
LACE, E QUE POR ISSO ESTABELECEM UMA CONEXÃO RELATIVA, RESULTAM
MODIFICADOS EM SUA MATRIZ FUNCIONAL DA LEI DE EVOLUÇÃO, OU SEJA,
RESULTAM RESIGNADOS PELO SÍMBOLO DA ORIGEM EM SEU DESÍGNIO CA-
RACOL. E ESTA AÇÃO É CLARAMENTE “UNIVERSAL”, OU SEJA, AFETA “A
TODO DESÍGNIO PASU”.

423
O ESQUEMA DA FIGURA 81 TEM AINDA OUTRA IMPORTANTE UTILI-
DADE, ALÉM DE MOSTRAR COMO FUNCIONA A CHAVE KALACHAKRA: EM
EFEITO, MEDIANTE O MESMO É POSSÍVEL COMPREENDER ONDE SE EN-
CONTRA REALMENTE CHANG SHAMBALA, A CIDADE DOS SIDDHAS TRAIDO-
RES E A HIERARQUIA BRANCA. ADIANTEMOS, POIS, QUE CHANG SHAMBALA
ESTÁ SITUADA NO NÚCLEO TRANSITATIVO DO SISTEMA REAL KALA-
CHAKRA, A SABER, ENTRE A TERRA E O SOL, EM UM “ESPAÇO CÔNICO POLI-
DIMENSIONAL” QUE É INVISÍVEL PARA O PASU E PARA O VIRYA PERDIDO:
SABENDO AGORA ONDE ESTÁ SITUADA A MORADA DOS SIDDHAS TRAIDO-
RES, HÁ DE SER CLARO O SEGUINTE PRINCÍPIO ESTRATÉGICO> “QUEM
TENTA CONTRA O APRISIONAMENTO ESPIRITUAL DESESTABILIZA A CHANG
SHAMBALA”. EM OUTRAS PALAVRAS, QUEM “DIMINUI O NÚMERO” DE ESPÍ-
RITOS HIPERBÓREOS APRISIONADOS, POR EXEMPLO, REVELANDO UMA
“VIA DE LIBERTAÇÃO ESPIRITUAL” COMO FEZ WOTAN, DEBILITA O ENLACE
DO SISTEMA REAL KALACHAKRA E PÕE EM PERIGO A EXISTÊNCIA DA CI-
DADE MALDITA. EXPLICA-SE, ASSIM, A AGRESSIVA SUSCETIBILIDADE QUE
EXIBEM OS DEMÔNIOS DE SHAMBALA FRENTE A QUALQUER INTENTO DE
REORIENTAR ESTRATEGICAMENTE AOS VIRYAS PERDIDOS OU, INVERSA-
MENTE, SEU EVIDENTE INTERESSE POR MANTER A TODO O MUNDO NO EN-
GANO E NA CONFUSÃO. NATURALMENTE, HOJE EM DIA, EM PLENAS TRE-
VAS DO KALY-YUGA, AS BASES DE SHAMBALA SÃO MAIS FORTES DO QUE
NUNCA. TODAVIA, NÃO HÁ QUE SE DESESPERAR: A ESSA SITUAÇÃO PORÁ
FIM A PRÓXIMA VINDA DO FÜHRER, QUANDO O SANGUE PURO DAS ETER-
NAS SS “OBRIGUE À CIDADE DO HORROR A EMERGIR DIANTE DO SOL, E A
TERRA PAREÇA CÔNCAVA”.
MAS, CONHECER ONDE SE ENCONTRA CHANG SHAMBALA NÃO
SERVE DE MUITA COISA SE NÃO SE INDICA ONDE SE ENCONTRAM SUAS
PORTAS, POR QUAL ESPANTOSA ABERTURA SE INGRESSA AO MUNDO DA
MALDADE SEM NOME, MAS A RESPOSTA É SIMPLES, AINDA QUE POSSA SUR-
PREENDER AOS VIRYAS PERDIDOS: EM TODAS AS PARTES; OU SEJA, A PORTA
SE ENCONTRA EM QUALQUER LUGAR EM QUE SE AFIRME O TAPA-SIGNO (E)
DO SISTEMA REAL KALACHAKRA. POR QUÊ? RESPOSTA: PORQUE O CAMI-
NHO A CHANG SHAMBALA COMEÇA NA “CÂMARA DE ENTRADA” DO REGIS-
TRO REAL KALACHAKRA, OU SEJA, NO TAPA-SIGNO (E). E HÁ QUE SE NOTAR
QUE, AO ESTAR A EXTENSÃO DO SISTEMA REAL “ENTRE A TERRA E O SOL”,
NÃO É NECESSÁRIO COLOCAR-SE EM I.H.P.C. PARA ENFRENTAR O TAPA-
SIGNO, POIS “O SISTEMA REAL KALACHAKRA OFERECE DE FRENTE SUA

424
COMPREENSÃO”: BASTA SOMENTE COM AFIRMAR-SE, FRENTE AO SOL, SÍM-
BOLO SAGRADO DO PASU PARA QUE O TAPASIGNO (E) CEDA O PASSO À CÂ-
MARA DE ENTRADA.
HÁ QUE SE ESCLARECER QUE AOS VIRYAS NÃO LHES É FÁCIL ABRIR
ESSAS PORTAS; E ISSO POR DOIS MOTIVOS PRINCIPAIS. O PRIMEIRO É QUE OS
VIRYAS, AO TER O SIGNO SAGRADO DO PASU RESIGNADO PELA CHAVE GE-
NÉTICA, JAMAIS PODERIAM PROJETÁ-LO E AFIRMÁ-LO NO MUNDO COM A
PERFEIÇÃO NECESSÁRIA: SOMENTE OS PASUS PODEM EXPRESSÁ-LO COM
EXATIDÃO; OU OS INICIADOS HIPERBÓREOS, JÁ QUE A VONTADE GRACIOSA
DE SEU EU DESPERTO LHES PERMITE OBRIGAR AO SUJEITO CONSCIENTE A
PROJETÁ-LO EXTERIORMENTE. O SEGUNDO MOTIVO DA DIFICULDADE
VEM DOS GUARDIÕES DA CÂMARA DE ENTRADA, A QUEM NÃO INTERESSA
EM ABSOLUTO QUE NELA INGRESSEM OS VIRYAS... SALVO QUANDO A HIE-
RARQUIA BRANCA TENHA AUTORIZADO, OU SEJA, QUANDO SE TENHA EN-
GANADO AO VIRYA E SE LHE PRETENDA UTILIZAR PARA BENEFÍCIO DE AL-
GUMA ÁREA ESTRATÉGICA DA SINARQUIA UNIVERSAL. A CONCLUSÃO DE
TUDO ISSO, COMO NÃO PODERIA SER DE OUTRA MANEIRA, NOS DIZ QUE O
CAMINHO À HIERARQUIA BRANCA SOMENTE ESTÁ DISPONÍVEL PARA O
PASU OU PARA O INICIADO SINARCA, A SABER, PARA QUEM EXPERIMENTOU
O “ESCORRIMENTO DO SÍMBOLO DA ORIGEM”. O INICIADO HIPERBÓREO,
POR OUTRA PARTE, AINDA QUE SAIBA COMO ABRIR A PORTA DO INFERNO
DE CHANG SHAMBALA, NUNCA O FARIA A NÃO SER QUE UMA AÇÃO DE
GUERRA OU O KAIROS O REQUEIRA.
CABE AGREGAR ALGO MAIS SOBRE “O CAMINHO A CHANG SHAM-
BALA”: UMA MENÇÃO SOBRE AS “PORTAS FIXAS”, QUE EXISTEM EM DIVER-
SAS PARTES DO MUNDO E QUE PERMITEM O ACESSO À CÂMARA DE EN-
TRADA. A ORIGEM DE TAIS PORTAS É A SEGUINTE: OS SIDDHAS TRAIDORES
ENTREGARAM À HIERARQUIA BRANCA A CÂMARA DE ENTRADA DO SIS-
TEMA REAL KALACHAKRA E LHE CONFIARAM SUA CUSTÓDIA, AUTORI-
ZANDO-LHES TAMBÉM SEU USO PARA A ESTRATÉGIA DA SINARQUIA UNI-
VERSAL. COMO RESULTADO DISTO, OS MESTRES DA SABEDORIA SE DEDICA-
RAM EM AFIRMAR A CÂMARA DE ENTRADA EM DIFERENTES LUGARES DO
MUNDO E A SITUAR, EM CADA UMA, UM SUPER-OBJETO AXIOLÓGICO ADE-
QUADO A SUA PARTICULAR “MISSÃO” ESTRATÉGICA: FRENTE A CADA EN-
TRADA, PUSERAM GUARDIÕES MUNIDOS DO SÍMBOLO SAGRADO DO PASU,
COM A CONSIGNA DE CEDER O PASSO “SOMENTE AOS QUE PORTEM A SE-
NHA”. ESTA SENHA, OU SIGNO, É UMA COM A QUAL OS MENTECAPTOS QUE

425
ALI VÃO CRÊEM ABRIR A PORTA “MAGICAMENTE”. E ESSA SENHA, OU
SIGNO, EVIDENTEMENTE, LHES FOI “REVELADA” NA ORGANIZAÇÃO SI-
NÁRQUICA A QUAL PERTENCEM. PARA QUE “REALIZE A VIAGEM INICIÁ-
TICA”. DESTE MODO, SE CRIOU ATRAVÉS DOS SÉCULOS, NUMEROSOS AN-
TROS SEMELHANTES, ORA NA FORMA DE TEMPLO, ORA NA FORMA DE PA-
LÁCIO, ORA NA FORMA DE PARAÍSO, ETC. EM OUTRAS PALAVRAS: NO SEIO
DE CADA CULTURA, OU SEJA, NA CAPACIDADE DE SUA SUPERESTRUTURA,
OS MESTRES DA SABEDORIA AFIRMAM A CÂMARA DE ENTRADA E SITUAM
UM SUPER-OBJETO AXIOLÓGICO COM UM ESPAÇO CULTURAL CORRESPON-
DENTE: EM SEU CONTEXTO, DE ACORDO ÀS NECESSIDADES HISTÓRICAS DA
EVOLUÇÃO DOS MITOS, PODEM CONSTRUIR OS ÂMBITOS CARACTERÍSTI-
COS: POR EXEMPLO, UMA PAGODA, UMA SINAGOGA, UMA IGREJA, UMA MES-
QUITA, UMA CAVERNA INICIÁTICA, UMA MONTANHA SAGRADA, UMA ILHA
ENCANTADA, UMA TERRA DOS ANTEPASSADOS, UM VALE PERDIDO, ETC,
ETC. DEPOIS, UM DOS MESTRES, SOB A FORMA DE “ENVIADO DIVINO”, “AVA-
TAR”, “MESSIAS”, ETC, SE APRESENTA DANDO SINAIS DE SEU PODER, CONS-
TITUI UMA CASTA SACERDOTAL E FUNDA UMA SOCIEDADE SECRETA, A
QUAL CHEGA SUA “REVELAÇÃO”: A CHAVE, SENHA OU SIGNO, DA CÂMARA
DE ENTRADA. NÃO VALE A PENA DETALHAR, PORQUE É FÁCIL IMAGINÁ-
LO, A QUANTIDADE E VARIEDADE DE ENGODOS QUE GESTARAM DE
MODO SEMELHANTE. E TUDO ISSO COM O ÚNICO FIM DE MANTER O CON-
TROLE SOBRE AS LINHAGENS HIPERBÓREAS CONFUSAS ATÉ O DIA EM QUE
A SINARQUIA UNIVERSAL CONSIGA ENTRONIZAR SOBRE A TERRA A RAÇA
SAGRADA DO DEMIURGO.
É CLARO, FINALMENTE, QUE A PRESENÇA DA CÂMARA DE ENTRADA
EM DISTINTOS LUGARES DO MUNDO VEM INDUZINDO MUITA GENTE DES-
PISTADA OU CARENTE DE IMAGINAÇÃO, OU SIMPLESMENTE DEVOTA DA
HIERARQUIA, A SUSTENTAR CEGAMENTE QUE EM TAIS LUGARES ESTÁ LO-
CALIZADA A MESMÍSSIMA CHANG SHAMBALA: ESTAS PESSOAS, POR SU-
POSTO, CRÊEM QUE SHAMBALA É UMA CIDADE DE SANTOS E NÃO SUSPEI-
TAM, NEM SE ATREVEM A IMAGINAR, QUE NA REALIDADE SE TRATA DE
UMA BASE ESPACIAL DE SERES EXTRATERRESTRES.

G – O MISTÉRIO DO LABIRINTO.

No Sagrado Livro de Cristal Tirodal, construído por Wotan, está registrada sua inco-
mensurável façanha: a compreensão da chave Kalachakra.
No artigo “E” está descrito o conteúdo do super-objeto axiológico “A Resignação de

426
Wotan”, referido à consumação de tal façanha. Pois bem, explorando outro super-objeto pos-
terior, intitulado “O Mistério do Labirinto”, se pode conhecer o legado que Wotan deixou a
todas as linhagens hiperbóreas: a revelação do aprisionamento espiritual e o modo de libertar
ao Espírito aprisionado. A Sabedoria Hiperbórea afirma, pois, que o Grande Ás foi o verdadeiro
fundador do antiquíssimo Mistério do Labirinto, cujos ecos culturais, distorcidos pela ação ini-
miga, chegam até nossos dias.
Para começar, ao Mistério do Labirinto somente se pode chegar por meio de uma Ini-
ciação Hiperbórea, sendo várias as vias iniciáticas que os Siddhas Leais apresentaram aos viryas,
nos distintos séculos e culturas, para a libertação espiritual: A “VIA DE OPOSIÇÃO ESTRA-
TÉGICA”, POR EXEMPLO, É A ÚLTIMA INTERPRETAÇÃO DO MISTÉRIO DO LA-
BIRINTO. Esta via, revelada pelos Siddhas Leais à Ordem medieval EINHERJAR, é utilizada
atualmente pela Ordem dos Cavaleiros Tirodal como base de seus três graus de iniciação: o
Mistério do Labirinto é assim conservado pelos Cavaleiros Tirodal, mas a instrução iniciática se
efetua com conceitos modernos mediante o modelo estrutural da Sabedoria Hiperbórea. Con-
tudo, a ideia geral que se revela no Mistério do Labirinto foi exposta simbolicamente na “Ale-
goria do Eu prisioneiro”: ali se conclui, em efeito, que a única possibilidade de libertação está
em dois atos inseparáveis: 1º DESPERTAR e ORIENTAR o prisioneiro; 2º ENSINAR-LHE
a saída secreta, REVELAR-LHE o modo de escapar da prisão. Agora podemos agregar que o
primeiro ato, DESPERTAR e ORIENTAR representa a PREPARAÇÃO ao Mistério do La-
birinto, ou seja, a etapa PRÉINICIÁTICA: é o que fazem os futuros Cavaleiros Tirodal quando
estudam os Fundamentos da Sabedoria Hiperbórea. O segundo ato, em compensação, CO-
NHECER A SAÍDA constitui a iniciação propriamente dita: somente os Iniciados Hiperbó-
reos podem executar tal ato; aos Cavaleiros Tirodal, por exemplo, a Primeira Iniciação lhes
concede a visão permanente do SELBST, isto é, a SAÍDA PARA O VRIL (figura 34), além de
assegurar a imortalidade do Eu. Em síntese, a “via da oposição estratégica”, que domina a Or-
dem dos Cavaleiros Tirodal por meio do modelo estrutural da Sabedoria Hiperbórea é, histori-
camente, a última interpretação do Mistério do Labirinto: como veremos, seus objetivos são os
mesmo que propôs Wotan em um princípio.
E o que propôs Wotan, depois de compreender a chave Kalachakra? Resposta: Wotan
reduziu o PROBLEMA do aprisionamento espiritual, da vida e da morte, a termos alegóricos
ou míticos semelhantes aos do “Eu prisioneiro”, ou seja, lançou o problema em DUAS FASES:
PRIMEIRA FASE: DESPERTAR E ORIENTAR AO EU.
SEGUNDA FASE: REVELAR A SAÍDA SECRETA.
Para resolver este problema Wotan propôs uma solução em DOIS PASSOS:
PRIMEIRO PASSO: DESPERTAR E ORIENTAR AO EU “MEDIANTE TIRO-
DINGUIBURRR, O SIGNO DO LABIRINTO EXTERIOR”.

427
SEGUNDO PASSO: REVELAR A SAÍDA SECRETA DIRETAMENTE AO EU
“MEDIANTE A GNOSE DO LABIRINTO INTERIOR”.
Todos os signos revelados por Wotan são SAGRADOS para o virya: as runas o foram
durante milênios e, entre elas, a mais sagrada de todas, TIRODAL, a expressão de Seu Nome;
Entretanto, ela que foi considerada por excelência como O SÍMBOLO SAGRADO DO
VIRYA, é TIRODINGUIBURRR, o signo do labirinto exterior que Wotan propusera como
Primeiro Passo da solução ao problema do aprisionamento espiritual: este signo se opõe essen-
cialmente, claro, ao “símbolo sagrado do pasu”, cujo signo é A ESPIRAL EXTERIOR. É por
isso que, ainda que Tirodinguiburr tenha chegado sêmicamente completa até nossos dias, seu
significado e origem foram degradados e deformados pela estratégia cultural inimiga, em base
a um plano do qual se dará conta o próximo inciso. Os artigos seguintes se dedicarão, pois, a
definir seu verdadeiro SIGNIFICADO, a mostrar de que maneira o símbolo sagrado do virya
soluciona a primeira fase do problema do aprisionamento espiritual, a demonstrar como a de-
gradação cultural de Tirodinguiburr tem produzido os distintos e conhecidos tipos de labirinto,
a explicar como causa o virya perdido tal degradação, a expor o plano sinárquico contra o Mis-
tério do Labirinto, etc.
Com relação ao Segundo Passo, há que se declarar de entrada que não será possível
compreendê-lo mediante exposição meramente descritiva, pois o mesmo requer da EXPERI-
ÊNCIA iniciática: somente compreenderá o Segundo Passo quem execute o ato proposto, isto
é, quem efetue o trânsito pela saída secreta. Em outro artigo se brindará uma aproximação
análoga à Primeira Iniciação ao Mistério do Labirinto que esclarecerá, talvez, em que consiste o
ato concreto do Segundo Passo; aqui somente podemos repetir como apelo à intuição, a ideia
geral, várias vezes mencionada nos “Fundamentos da Sabedoria Hiperbórea”: antes de tudo, o
Eu perdido (ou “prisioneiro” no sujeito anímico) deve DESPERTAR e ORIENTAR-SE à
Origem, ou seja, deve localizar o PONTO TAU. Depois, mediante a SAÍDA SECRETA ao
PONTO TAU, até a Origem, conseguirá sua efetiva LIBERTAÇÃO: nisto consiste o Segundo
Passo, a Iniciação Hiperbórea. Em outras palavras. O INICIADO HIPERBÓREO, O QUE
TENHA DESENCADEADO SEU ESPÍRITO OU ESTÁ EM VIAS DE CONSEGUIR, É
AQUELE QUE SITUOU SEU EU NO “PONTO TAU”, NA ORIGEM DO APRISIO-
NAMENTO: ESTA POSSIBILIDADE É A QUE SE CONCRETIZA AO EXECUTAR O
SEGUNDO PASSO PROPOSTO POR WOTAN QUANDO, AO ACHAR A SAÍDA SE-
CRETA DO LABIRINTO INTERIOR, O EU FICA RESIGNADO COM A SAGRADA
RUNA TIRODAL.
Durante o desenvolvimento do inciso seguinte se demonstrará que os Primeiro e Se-
gundo Passos da solução ao problema do aprisionamento espiritual se baseiam na compreensão
de um só signo: TIRODINGUIBURRR, o labirinto exterior de Wotan. O Primeiro Passo,
despertar e orientar, se alcança efetivamente depois de compreender o SIGNIFICADO do

428
labirinto exterior Wotan; tais elementos, por suposto, consistem em um CONTEXTO ES-
TRUTURAL que, si bem que não permita compreender as runas noológicas que compõem o
símbolo sagrado do virya, ao menos o sustentam com suas correspondências arquetípicas e não
impedem sugerir seu significado transcendental. Daí que, no inciso seguinte, depois de explicar
o SIGNIFICADO do labirinto exterior no contexto estrutural da Sabedoria Hiperbórea, se
insista com tenacidade em esclarecer sua FUNÇÃO OPERATIVA: se tentará desta forma, por
via de uma intuição consequente, induzir a “compreensão noológica” do símbolo sagrado do
virya, compreensão que já não abarcará o SIGNIFICADO meramente estrutural e por isso
requererá uma fundamentação ética. Isto não deve surpreender porque a compreensão nooló-
gica é a apreensão do símbolo sagrado do virya por parte do Eu, sem intervenção do sujeito
anímico, ou seja, é a apreensão realizada por um ser cuja essência é a vontade graciosa e cujo
ato é a HONRA: a compreensão noológica é, então, um momento ético.

429
TOMO VII:
TIRODINGUIBURRR, O SÍMBOLO
SAGRADO DO VIRYA

A – SIGNIFICADO DO LABIRINTO EXTERIOR DE WOTAN.

O símbolo sagrado do virya se expressa mediante o signo do labirinto exterior repre-


sentado na figura 85, o qual, sem ser idêntico ao do antigo Mistério do Labirinto instituído por
Wotan, ao menos mantém invariantes suas propriedades topológicas e permite atualizar seu
significado em uma explicação estrutural.
Uma decomposição analítica dos elementos rúnicos deste signo demonstra a presença
de três runas: as runas TIR ( ) e ODAL ( ), que formam a Sagrada Runa Tirodal (figura 84),
e a runa GIBURR ( ) que já vimos nas figuras 62 e 63. Daí que o signo labirinto exterior se
LEIA: TIRODINGUIBURRR, nome com que se conhece desde tempos remotos por inicia-
dos no Mistério do Labirinto.
Mas as três runas, evidentemente, não são
da mesma natureza: enquanto as duas primeiras
aparecem com traços cheios, a última se confi-
gura como um espaço entre linhas cheias; isto se
deve a que a tir e a odal sejam RUNAS LIMI-
TANTES enquanto que giburr é uma RUNA
CONDUZENTE. Em geral, a Sagrada Runa Ti-
rodal é denominada na Sabedoria Hiperbórea
como “RUNA LIMITANTE DO LABIRINTO
EXTERIOR DE WOTAN” e a giburr como
“RUNA CONDUZENTE AO LABIRINTO
EXTERIOR DE WOTAN”. Estas diferenças se
farão claras ao considerarmos à Tirodinguiburr
da figura 85 como uma planta de um labirinto de
pedra, quer dizer, como o plano da construção
estratégica que na Sabedoria Hiperbórea recebe o

431
nome de CÂMARA HIPERBÓREA PARA INICIAÇÃO NO MISTÉRIO DO LABI-
RINTO. Nesse caso, dois traços cheios representam as PAREDES LIMITANTES do labirinto
de pedra, enquanto que os CAMINHOS CONDUZENTES se conformam pelo espaço EN-
TRE as paredes limitantes. Com outras palavras, PELO CAMINHO COM FORMA GIBURR
SE INGRESSA AOS MEANDROS LIMITADOS COM FORMA TIRODAL.
Com uma câmara hiperbórea Tirodinguiburr se pode explicar analogamente o Mistério
do Labirinto, permitindo isso uma primeira aproximação à sua função operativa. Remetendo-
nos à figura 85, por exemplo, podemos resumir o Mistério do Labirinto em muito poucas pa-
lavras: CONSISTE EM ENTRAR POR ALFA (α) E SAIR POR TAU (τ). Mais claramente:
QUANDO O VIRYA PERDIDO ENTRA PELO CORREDOR ALFA (α), E O PER-
CORRE ATÉ O FINAL, ACEDE A UM CORREDOR FECHADO BETA (β) QUE LHE
IMPEDE CHEGAR À PRAÇA TAU (τ); NESTE “RECINTO ÍNTIMO”, O VIRYA SE
ENFRENTA COM UM DILEMA: PARA CONTINUAR BUSCANDO A SAÍDA DEVE
OPTAR ENTRE UM CORREDOR LATERAL GAMMA (γ) OU O CORREDOR LATE-
RAL DELTA (δ); NO ENTANTO, NENHUMA DE TAIS OPÇÕES LHE CONDUZIRÁ
FINALMENTE À PRAÇA TAU (τ): SE TOMAR O CORREDOR GAMMA (γ) TERÁ DE
DETER-SE NOS BECOS SEM SAÍDA EPSILON (ε) OU ETA (η); SE TOMAR O CAMI-
NHO DELTA (δ), SEU PASSO SERÁ INTERROMPIDO PELOS BECOS SEM SAÍDA
THETA (θ) OU ZETA (ζ). EVIDENTEMENTE, SE O VIRYA PERDIDO REPETE VÁ-
RIAS VEZES O PERCURSO DAS DISTINTAS GALERIAS, ACABARÁ CONCLU-
INDO QUE AS PAREDES LIMITANTES RODEIAM POR TODAS AS PARTES A
PRAÇA TAU; ENTÃO SE NÃO ESTÁ DISPOSTO A CLAUDICAR EM SUA BUSCA, É
POSSÍVEL QUE SURJA EM SEU EU A INTUIÇÃO NOOLÓGICA DA VERDADE:
EM ALGUM DOS CINCO CORREDORES FECHADOS, β, ε, η, ζ, θ, DEVE EXISTIR
UMA “SAÍDA SECRETA”, UMA PASSAGEM À PRAÇA TAU (τ); MAS EM QUAL? E
NESSA PERGUNTA SE SINTETIZA O QUE DE “MISTERIOSO” TEM O MISTÉRIO
DO LABIRINTO: O “MISTÉRIO” CONSISTE JUSTAMENTE EM “ENTRAR POR
ALFA (α) E SAIR POR TAU (τ)”.
Mas o Mistério do Labirinto não lança um problema impossível de resolver: seu criador,
Wotan, perpetuou a solução com o signo do seu nome, a runa ODAL, cujo segredo, revelado
por um Pontífice Hiperbóreo no Kairos do virya, constitui a Primeira Iniciação Hiperbórea.
Estamos agora em condições de explicar analogamente a solução proposta por Wotan
para resolver o problema do encadeamento espiritual. Em primeiro lugar é necessário DES-
PERTAR e ORIENTAR ao virya à saída: EXTERIORMENTE, isto se consegue fazendo o
virya notar seu estado de EXTRAVIO no corredor alfa (α): A GNOSE DA “BUSCA” EM
ALFA EQUIVALE AO DESPERTAR, MOMENTÂNEO OU PERMANENTE, DO
VIRYA PERDIDO; vem então a OPÇÃO que deve encarar no corredor fechado beta (β) entre

432
os becos laterais gamma (γ) ou delta (δ) e a efetiva ESCOLHA de um deles; a sequência
BUSCA, OPÇÃO e ESCOLHA sintetiza o Primeiro Passo da solução de Wotan ao problema
do aprisionamento espiritual: A GNOSE DA “BUSCA” DESPERTA O VIRYA PERDIDO,
LHE FAZ INTUIR SEU EXTRAVIO NO LABIRINTO DE PEDRA, SUA DESORIEN-
TAÇÃO SOBRE A LOCALIZAÇÃO DA SAÍDA TAU; A GNOSE DA “OPÇÃO” E A
“ESCOLHA” ORIENTA O VIRYA PERDIDO À SAÍDA TAU; ENTRETANTO, A PRI-
MEIRA SOLUÇÃO SOMENTE “DESPERTA” E “ORIENTA” À PRAÇA TAU, MAS
NÃO “REVELA” A SAÍDA SECRETA DO LABIRINTO: ISSO CORRESPONDE AO
SEGUNDO PASSO.
Assim, em segundo lugar, é necessário revelar ao virya desperto e orientado o segredo
da saída à praça tau. Ainda que tal segredo somente possa ser conhecido durante o Kairos da
Primeira Iniciação, ao menos saberemos a que se refere se definirmos o conceito de “ARQUÊ-
MONA ODAL”. O nome rúnico de Wotan, em
efeito, se expressa mediante o PRINCÍPIO DO
CERCO com o signo representado na figura 86:
A RUNA ODAL É, SOBRETUDO, UMA AR-
QUÊMONA QUE SEPARA UM “DENTRO”
DE UM “FORA”, UMA “PRAÇA” LIBE-
RADA DE UM “VALPLADS” DOMINADO
PELO INIMIGO. A área interior da arquêmona
odal, assinalada com a letra TAU (τ), é a “praça”
que se deve ocupar ingressando ATRAVÉS da
fenestra infernallis BETA (β).
A arquêmona odal tem duas propriedades a que convém destacar; a primeira é que a
praça é quadrangular; e a segunda é que um desses quatro ângulos interiores é oposto pelo
vértice ao ângulo reto exterior “BETA” (β). Disso decorre que o modo de ingressar na praça
tau ATRAVÉS da fenestra infernallis beta seja conhecido como o SEGREDO DO ÂNGULO
RETO. A Sabedoria Hiperbórea formula esse segredo como segue: O VÉRTICE DE TODO
ÂNGULO RETO É APTO A REFLETIR O PÓLO INFINITO DO ESPÍRITO ESFERA
REVERTIDO. O segredo do ângulo reto permite, evidentemente, aplicar à RUNA ODAL a
TÉCNICA ARQUEMÔNICA e a OPOSIÇÃO ESTRATÉGICA que são descritas na Pri-
meira Parte.
Voltando ao símbolo sagrado do virya, comprovamos agora que A ARQUÊMONA
ODAL CONSTITUI O CENTRO DO LABIRINTO EXTERIOR. Mas toda “arquêmona”
não é mais que o signo sobre o qual se projeta e reconhece o princípio do cerco e, portanto,
pode ser tanto EXTERIOR como INTERIOR: o Segundo Passo da solução ao problema do

433
encadeamento espiritual, proposta por Wotan mediante o símbolo Tirodinguiburr, consiste jus-
tamente em transferir ao INTERIOR do virya o caráter EXTERIOR da arquêmona odal. Em
outras palavras, o Segundo Passo consiste em ensinar diretamente ao Eu perdido a “saída se-
creta” à praça tau, ou seja, em mostrar um caminho INTERIOR para o retorno à Origem.
Como se vê, a interpretação análoga do Segundo Passo exige dar respostas a duas perguntas: a)
como se “passa” do Primeiro ao Segundo Passo mediante Tirodinguiburr, ou seja, POR QUAL
PRINCÍPIO O “SIGNO LABIRINTO EXTERIOR” CAUSA “A GNOSE DO LABI-
RINTO INTERIOR”? Resposta: pelo princípio da INDUÇÃO NOOLÓGICA; b) por qual
princípio a “gnose do labirinto interior” revela a “saída secreta”. O caminho exato do regresso
à Origem? Resposta: pelo princípio iniciático do ISOLAMENTO DO EU.
Nos princípios de “indução noológica” e de “isolamento do Eu” se baseia a FUNÇÃO
OPERATIVA do símbolo sagrado do virya. O SIGNIFICADO de Tirodinguiburr, busca, op-
ção e escolha, desperta e orienta o virya à praça tau; sua FUNÇÃO OPERATIVA lhe revelará
a saída secreta durante o Kairos da Primeira Iniciação Hiperbórea: nos seguintes artigos se es-
tudarão os princípios da função operativa, com os quais se farão claras as respostas (a) e (b), e
se oferecerão detalhes análogos sobre o Segundo Passo.

B – FUNÇÃO OPERATIVA DO LABIRINTO EXTERIOR DE WOTAN.

B1 – Princípio de indução noológica.

O Primeiro Passo “desperta e orienta” o virya exteriormente porque lhe faz compreen-
der que se acha extraviado e que seu único recurso é a “busca, opção e escolha” de um caminho
que lhe conduza à saída tau (τ). Assim, este Primeiro Passo deve conduzir ao Segundo, à “gnose
do labirinto interior”, quer dizer, à gnose de que o Eu se acha realmente extraviado em um
caminho LABRELIX, submetido permanentemente à lei dos tetrarques “busca, opção e esco-
lha”. Segundo vimos, esta “gnose”, esse salto desde o labirinto exterior até o labirinto interior,
é causada pelo princípio de indução noológica: tal princípio define o modo como o conteúdo
complexo e interior de um símbolo sagrado é apreendido pelo Eu a partir de um signo simples
e exterior. Em outros termos, A INDUÇÃO NOOLÓGICA PERMITE A COMPREEN-
SÃO METAFÍSICA DO SÍMBOLO SAGRADO, QUER DIZER, A APREENSÃO DE
SEU SIGNIFICADO ESSENCIAL. Com referência ao símbolo sagrado do virya, “a gnose
do labirinto interior” que propõe o Segundo Passo não é mais que sua compreensão metafísica
por parte do EU. Já conhecemos o significado do símbolo labirinto exterior: busca, opção e
escolha da saída tau; qual será então o significado do símbolo labirinto interior, o significado
que o Eu apreende na “gnose do labirinto interior”? Resposta: O SÍMBOLO LABIRINTO
INTERIOR SIGNIFICA “A DISTÂNCIA ESTRATÉGICA QUE SEPARA O EU PER-
DIDO DO SELBST”.

434
Todo símbolo sagrado é a aparência sêmica de uma verdade metafísica; o símbolo sa-
grado do virya, percebido interiormente pelo Eu, revela a distância estratégica que o separa do
selbst, quer dizer, o grau de desorientação com respeito à Origem tau. Uma vez compreendido
este significado será possível, mediante o princípio do isolamento do Eu, avançar até tau, até a
Origem, no Kairos da Iniciação Hiperbórea. Como tal significado metafísico é apreendido por
indução noológica, será conveniente examinar com detalhe tal aspecto da função operativa do
símbolo sagrado do virya.
O símbolo labirinto interior significa “a distância estratégica que separa o Eu perdido
do selbst”. Desta definição se apreende que o labirinto interior representa uma situação essen-
cialmente INDIVIDUAL, ÚNICA para cada virya perdido e, o que é mais importante, uma
situação INTERIOR. Contrariamente, o signo labirinto exterior foi
AFIRMADO no mundo como objeto cultural, quer dizer, foi COMUNICADO CO-
LETIVAMENTE. Mas, se a verdade primeira, o significado do labirinto interior, é INDIVI-
DUAL, NÃO-REPETÍVEL, ÚNICA, INTERIOR, cabe perguntar, que relação liga o signo
labirinto exterior, objeto cultural coletivo, ao símbolo labirinto interior, objeto cultural indivi-
dual? Resposta: entre o signo labirinto exterior e o labirinto interior existe a relação que liga o
simples com o complexo quando o complexo se CONHECE a partir do simples. Este é o
princípio que emprega a sociedade para transmitir os conhecimentos comuns por meio do EN-
SINAMENTO, princípio que tem suas origens remotas na instrução iniciática que outorgavam
as Escolas de Mysteria da Antiguidade; em síntese, tal princípio consiste em REVELAR ao
aluno ou discípulo certos SIGNOS SIMPLES, letras, números, ideogramas, etc., a partir dos
quais, por INDUÇÃO, o entendimento avançará até símbolos interiores muitíssimo mais com-
plexos. Por isso os SIGNOS SIMPLES EXTERIORES representam um grau inferior, exoté-
rico, dos SÍMBOLOS COMPLEXOS INTERIORES, ainda que só por meio da indução do
simples seja possível aproximar-se do complexo.
É claro que o “signo labirinto exterior” é um objeto cultural exterior e que o símbolo
do labirinto, que aquele representa, é um objeto cultural interior. Não obstante, convém recor-
dar a definição dada anteriormente: “Resumindo, os objetos culturais podem ser “internos” ou
“externos”. Os “objetos culturais internos” formam parte da estrutura cultural e constituem um
primeiro grau na realidade do objeto. Os “objetos culturais externos” são projetos incorporados
e materializados dos anteriores e representa um segundo grau na realidade do objeto; são reco-
nhecidos no mundo como reflexo dos objetos internos: naturalmente, se tal dependência não
se adverte, pode-se cometer o erro gnosiológico de atribuir as qualidades culturais diretamente
ao corpo físico ou entidade sobre a qual se efetuou o projeto”. Agora bem, um objeto cultural
interior pode ser apreendido diretamente da estrutura cultural se previamente este fora desco-
berto ou intuído. É o que ocorre, por exemplo, com os NÚMEROS: são projetados no mundo,
afirmados como objetos culturais exteriores, e logo, mediante uma correspondência gnosiologia

435
(primeiro movimento, figura 73), são descobertos afora e reconhecidos como tais, quer dizer,
introjetados na estrutura psíquica como objetos culturais interiores; uma vez que este processo
de APRENDIZADO teve lugar, quando se reconheceram DUAS maçãs, UM peixe, QUA-
TRO pedras, etc., é então possível CONTAR, somar sem limites, pois a INDUÇÃO permite
formar a ideia de quantidades superiores AINDA QUE ESTAS NÃO APRESENTEM CON-
TRAPARTE CONCRETA, EXTERIOR, NO MUNDO. Quando reconhecemos UMA
maçã, DUAS maçãs, TRÊS maçãs, podemos pensar em qualquer quantidade de maçãs, ainda
que jamais as vejamos; a indução nos permite ESTENDER INTERIORMENTE os limites
do conhecimento, apreendendo a ideia diretamente da estrutura cultural e por isso, quando
alguém nos diz “comprei duzentas maçãs” compreendemos de imediato, sabemos de que está
falando; captamos a ideia das duzentas maçãs, QUE NÃO VEMOS, porque estendemos por
indução o conhecimento básico das uma, duas, três maçãs, que possuíamos a priori.
Somente isto pretendia a mestra que nos ensinou a contar quando escrevia no quadro-
negro: ; queria que descobríssemos os números e aplicássemos a indução
para estender o conhecimento. Mas nós não aprendíamos sozinhos; este exemplo da professora
era compartilhado por outros alunos que também descobriam os números e aprendiam a con-
tar. E isso significa que o exemplo “UMA maçã, DUAS maçãs, TRÊS maçãs, é eminentemente
SOCIAL, CUMPRE UMA FUNÇÃO INICIADORA. Quando os alunos o tenham compre-
endido, é quando o exemplo se torna um patrimônio coletivo, pois todos estarão já iniciados
no método indutivo de contar. Mas a partir dali cada aluno passa do social ao individual, pois
uma vez descobertos os números, é possível estender infinitamente o conhecimento quantita-
tivo. E quando nosso amigo nos diz: - compartilharei as duzentas maçãs com você e meus três
irmãos – SABEMOS que dispomos de quarenta maçãs AINDA ANTES DE TÊ-LAS VISTO.
Apreendemos a ideia das quarenta maçãs, objeto cultural interior, diretamente da estrutura cul-
tural. E essa indução, assim como todas as que podemos fazer em nossa vida, é possível porque
alguma vez, ao ver UMA, DUAS, TRÊS maçãs EXTERIORES, descobrimos UMA, DUAS,
TRÊS maçãs INTERIORES.
Este longo raciocínio deve permitir que compreendamos duas coisas: que a indução
estende o conhecimento do simples ao complexo, UMA VEZ QUE O SIMPLES TENHA
SIDO REVELADO OU DESCOBERTO; e, o mais importante, que TODA INICIAÇÃO a
um conhecimento complexo se baseie neste princípio: esotericamente, por exemplo, a compre-
ensão de um Mistério deve INICIAR-SE com a compreensão de um símbolo sagrado exterior
que o represente.
Consideremos agora o labirinto exterior de Wotan, o qual deve ser qualificado de
SIGNO SIMPLES em referência à COMPLEXIDADE do labirinto interior que representa.
Este sensível labirinto expressa a ideia de BUSCA, OPÇÃO e ELEIÇÃO: um virya perdido
busca, entre vários possíveis, o caminho correto que conduz à saída; quando se encontra frente

436
a uma bifurcação deve decidir o dilema de qual caminho tomar e optar por um deles; se escolhe
o corredor equivocado logo comprovará que este termina abruptamente; ou chegará a uma
nova bifurcação, onde se repetirá o dilema. Sem outra ajuda que seu INSTINTO, carecendo de
todo indício para ORIENTARSE, somente lhe resta avançar e retroceder permanentemente,
confiando em que a sorte, ou um milagre, lhe permita alcançar a saída. O que não deve fazer
jamais é DETER-SE: para alguém que transita extraviado em um labirinto, sem alimentos nem
água, a economia de tempo, a pressa com que atue, é fator fundamental de sobrevivência. Tal
a ideia que o Pontífice Hiperbóreo expõe ao iniciado como explicação do signo labirinto inte-
rior.
Mas uma vez captada esta ideia, analogamente ao exemplo das três maçãs, o conceito
simples do labirinto exterior pode ser estendido interiormente por indução para descobrir a
representação de um labirinto interior de extrema complexidade, que será a interpretação ar-
quetípica do verdadeiro estado do Eu, quer dizer, um estado de BUSCA, OPÇÃO e ELEI-
ÇÃO. Segundo a Sabedoria Hiperbórea, quando um virya perdido se representa sua própria
situação espiritual mediante um labirinto interior TEM ALCANÇADO UM GRAU DE PRÉ-
ORIENTAÇÃO ESTRATÉGICA: Dalí a qualificação de NOOLÓGICA que se dá à indução
do labirinto exterior. A ORIENTAÇÃO definitiva se obtém depois, no Kairos da Iniciação
Hiperbórea, mediante o princípio do isolamento do Eu.
No artigo C examinaremos vários tipos de labirintos exteriores, procedentes de distintas
culturas, todos os quais derivam de Tirodinguiburr, o labirinto exterior de Wotan. Mas o que
deve ser claro agora é que os labirintos exteriores são objetos culturais desenhados para cumprir
uma função social iniciadora, assim como as maçãs com as quais a professora nos ensinou a
contar, ou seja, são “símbolos sagrados”. E que tais objetos de iniciação, como induzem a des-
coberta da situação espiritual própria e favorecem a orientação estratégica, SÃO DE INDUBI-
TÁVEL ORIGEM HIPERBÓREA. Com outras palavras, devido à função iniciadora na reo-
rientação espiritual que exercem os labirintos exteriores, devem ser considerados como SIG-
NOS HIPERBÓREOS, independentemente da raça que os ostente ou a “cultura” antiga na
qual tenham sido localizados. O labirinto exterior é um signo que, logo de ser revelado e expli-
cado ao virya por um Pontífice Hiperbóreo, torna possível revelar interiormente o próprio EX-
TRAVIO OBJETIVO do Eu e permite apreciar a “distância estratégica que separa o Eu do
selbst”: isso é consequência da expansão gnóstica induzida em um Eu que logo se descobre
perdido em um labirinto metafísico.

B2 – Princípio do isolamento do Eu.

Logo da “gnose do labirinto interior”, causada pela indução noológica do signo labirinto
exterior, é possível para o Eu perdido alcançar um estado de orientação estratégica permanente.
Isso se consegue no Kairos da Iniciação Hiperbórea isolando definitivamente o Eu do sujeito

437
anímico; como? Resposta: mediante sua RE-SIGNAÇÃO RÚNICA. Esta é uma operação que
se deve realizar simultaneamente em DOIS MUNDOS e no Kairos justo; com outras palavras,
o Eu deve ser resignado simultaneamente na Câmara Hiperbórea do Mistério do Labirinto pelo
Pontífice Tirodal e no Valhala por um Siddha Leal: A RESIGNAÇÃO RÚNICA CONSISTE
EM PLASMAR A ARQUÊMONA ODAL (FIGURA 86) SOBRE UM TETRARQUE DO
CAMINHO LABRELIX. MAS, AINDA QUANDO A ARQUÊMONA ODAL ESTEJA
PLASMADA, O EU CONTINUARÁ COM SEU EXTRAVIO OBJETIVO ENQUANTO
NÃO INGRESSE À PRAÇA TAU: ESSE É O OBJETIVO DO SEGUNDO PASSO, “RE-
VELAR A SAÍDA SECRETA MEDIANTE A GNOSE DO LABIRINTO INTERIOR”.
Agora se entenderá melhor o dito anteriormente: “Na Ordem de Cavaleiros Tirodal se
praticam TRÊS GRAUS DE INICIAÇÃO, todos baseados na via da oposição estratégica. No
entanto, graças ao alto nível alcançado no conhecimento da Sabedoria Hiperbórea, a técnica
arquemônica se aplica diretamente para isolar o Eu perdido do sujeito consciente. Esta quali-
dade se pode compreender analogamente observando a figura 32: a técnica dos Cavaleiros Ti-
rodal consiste em RESIGNAR o sujeito consciente com uma Runa Sagrada que tem a propri-
edade de ISOLAR o Eu perdido; tal operação equivale a estabelecer um cerco estratégico sobre
o Símbolo da Origem (AB); o Eu perdido fica então ISOLADO do sujeito consciente e estra-
tegicamente REORIENTADO para o selbst; a partir dali, desde o centro da Runa Sagrada,
poderá logo, na Segunda Iniciação, situar-se no selbst e converter-se em virya desperto. Mas a
mais importante consequência da Iniciação Hiperbórea é, sem dúvidas, A IMORTALIDADE
DO EU: logo de seu isolamento rúnico, com efeito, o Eu já não pode ser afetado de nenhuma
forma; nem a desintegração do corpo astral poderia alterá-lo de forma alguma. Pelo contrário,
o isolamento do Eu, o conhecimento de sua imortalidade, elimina para sempre a angústia e
transforma o Iniciado Hiperbóreo em um guerreiro temerário. Um guerreiro que, segundo se
disse, aguarda o Fim da História para empregar seu terrível poder”.
BEM, NÃO BASTA A RESIGNAÇÃO COM A ARQUÊMONA ODAL PARA
ISOLAR AO EU: É NECESSÁRIO QUE ESTE INGRESSE NA PRAÇA TAU DU-
RANTE O KAIROS DA INICIAÇÃO. COMO O FARÁ? RESPOSTA: EMPREGANDO
O SEGREDO DO ÂNGULO RETO, QUE O PONTÍFICE LHE REVELARÁ PARA
QUE ATRAVESSE COM ÊXITO A FENESTRA INFERNALIS BETA (β); ESSA É A
VERDADEIRA SAÍDA SECRETA, A QUE ABRE O SEGREDO DO ÂNGULO
RESTO: MEDIANTE A MESMA SE RESOLVE O MISTÉRIO DO LABIRINTO, É POS-
SÍVEL “ENTRAR POR ALFA (α) E SAIR POR TAU (τ)”. SOMENTE ENTÃO,
QUANDO O EU INGRESSOU ATRAVÉS DO ÂNGULO RETO BETA À PRAÇA TAU,
O VIRYA É UM INICIADO HIPERBÓREO, UM CAVALEIRO TIRODAL; SOMENTE
ENTÃO SEU EU ESTÁ RUNICAMENTE ISOLADO E IMORTALIZADO.
Para compreender analogamente o significado do isolamento do Eu há que se destacar

438
o seguinte: A RESIGNAÇÃO INICIÁTICA SE REALIZA A POSTERIORI DA GNOSE
DO LABIRINTO INTERIOR: QUER DIZER, AO INGRESSAR À RUNA ODAL, O EU
O FAZ COM A CONVICÇÃO DE QUE ENTRA NO “CENTRO DO LABIRINTO IN-
TERIOR” UM INSTANTE ANTES SE ACHAVA SOBRE UM TETRARQUE DO CA-
MINHO LABRELIX, CUJA NATUREZA DISJUNTIVA COMPREENDEU GRAÇAS À
RUNA GIBURR DE TIRODINGUIBURRR (FIGURA 85); SOUBE, ENTÃO, QUE AS
OPÇÕES GAMMA (γ) OU DELTA (δ) NÃO CONDUZEM À PRAÇA TAU (τ) E QUE,
PELO CONTRÁRIO, A SAÍDA SECRETA SE ENCONTRA NO ÂNGULO RETO DO
CORREDOR FECHADO BETA (β), VALE DIZER, NO RECINTO BETA (β) DO TE-
TRARQUE, NO RECINTO “FECHADO ADIANTE” (FIGURA 59). UM INSTANTE
DEPOIS, À MERCÊ DO SEGREDO DO ÂNGULO RETO, O EU SE SITUA NA
PRAÇA TAU, FICANDO ISOLADO DO SUJEITO CONSCIENTE; DEBAIXO DO TE-
TRARQUE ESTÁ O MONARQUE, O INSTANTE DE TEMPO IMANENTE NO
QUAL ESTÁ HABITUALMENTE SUBMERSO O EU PERDIDO: DEPOIS DE IN-
GRESSAR NA RUNA ODAL, QUIÇÁ PELA PRIMEIRA VEZ, A FORÇA VOLITIVA
DO EU PERDIDO LHE PERMITIRÁ DOMINAR AO SUJEITO ANÍMICO E NÃO
SER ARRASTADO POR SUA CORRENTE TEMPORAL. E ISSO SERÁ POSSÍVEL
PORQUE O EU JÁ NÃO BUSCARÁ ÀS CEGAS A ORIENTAÇÃO ATÉ O SELBST, E
SUA FORÇA VOLITIVA NÃO PODERÁ SER APROVEITADA PARA O OBJETIVO
MICR0-CÓSMICO DA FINALIDADE DO PASU: DESDE O MOMENTO QUE FOI
ISOLADO DO SUJEITO CONSCIENTE, EM EFEITO, O EU JÁ NOÇÃO NECESSITA
BUSCAR ORIENTAÇÃO. POR QUÊ? RESPOSTA: PORQUE O SELBST ESTÁ DESDE
ENTÃO, E PARA SEMPRE, “À VISTA” DO EU ISOLADO.
O EU DO INICIADO HIPERBÓREO, SITUADO NA PRAÇA TAU DA AR-
QUÊMONA ODAL, SOMENTE TEM QUE “OLHAR” INTERIORMENTE PARA LO-
CALIZAR DE IMEDIATO AO SELBST: O MESMO SE APARECE COMO UM “AS-
TRO INTERIOR”, COMO UM “PLANETA VÊNUS”, COMO UM LUZEIRO SEMPRE
PRESENTE NO HORIZONTE DO EU. POR ISSO O INICIADO HIPERBÓREO NÃO
PERDERÁ JAMAIS A ORIENTAÇÃO ESTRATÉGICA: SEU PROBLEMA SERÁ, EM
COMPENSAÇÃO, O MODO DE APLAINAR A DISTÂNCIA ESTRATÉGICA QUE O
SEPARA DO SELBST. MAS A SOLUÇÃO A ESSE PROBLEMA, “CONSTRUIR A ES-
CADA INFINITA”, É O MISTÉRIO DA SEGUNDA INICIAÇÃO HIPERBÓREA.
Por último, há que se afirmar aqui, com toda a força possível, que NINGUÉM CON-
SEGUIRÁ DAR O SEGUNDO PASSO SEM TER ADOTADO UMA “ATITUDE ÉTICA
PRÉVIA”, OU SEJA, SEM EXIBIR UMA “ATITUDE GRACIOSA LUCIFÉRICA”
FRENTE AOS SÍMBOLOS SAGRADOS; SEM ESTA ATITUDE PRÉVIA DE NADA
VALE DAR O PRIMEIRO PASSO, NEM AINDA EXPERIMENTAR A GNOSE DO

439
LABIRINTO INTERIOR: JAMAIS SE CONSEGUIRÁ INGRESSAR A ARQUÊMONA
ODAL. O porquê desta exigência se fará claro depois de adquirir uma breve noção da RÚNICA
NOOLÓGICA, a ciência dos Iniciados Hiperbóreos.

C – SEMIÓTICA PSICOLÓGICA E RÚNICA NOOLÓGICA.

A dualidade real do virya, a diferença essencial ente o Espírito aprisionado e o sujeito


anímico, fundamentam o CRITÉRIO da Sabedoria Hiperbórea pelo qual se distingue entre O
PSICOLÓGICO e O NOOLÓGICO: em base a este critério temos definido, por exemplo, à
Ética psicológica do pasu como oposta à Ética noológica do virya. Pois bem, a mesma distinção
cabe realizar em tudo quanto se refere ao estudo dos signos, atendendo ao princípio de que AS
RUNAS NÃO SÃO SIGNOS ARQUETÍPICOS: as runas, em efeito, são signos não criados,
ou seja, não criados pelo Demiurgo, ainda que sua comunicação por Wotan aos viryas tornasse
possível que fossem INTERPRETADAS arquetipicamente, ao serem percebidas pelo sujeito
racional; as runas, então, foram afirmadas no contexto axiológico e incorporadas como objetos
culturais; dessa maneira, o contexto axiológico as sustenta na superestrutura enquanto que o
contexto da estrutura cultural interior lhe concede um significado arquetípico; MAS TRATA-
SE DE UMA ILUSÃO, DE UMA CONSTRUÇÃO SÊMICA QUE INTERPRETA AR-
QUETIPICAMENTE À RUNA. NÃO DA RUNA EM SI: NO FUNDO, A RUNA PER-
MANECE NÃO CRIADA SOB O SIGNO RÚNICO; POR ISSO QUANDO O INICI-
ADO HIPERBÓREO PERCEBE AO SIGNO RÚNICO, TÊM LUGAR DUAS APREEN-
SÕES: UMA “PSICOLÓGICA”, EFETUADA PELO SUJEITO RACIONAL SOBRE A
FORMA ARQUETÍPICA DA RUNA, E OUTRA “NOOLÓGICA”, POR PARTE DO EU
DESPERTO SOBRE A RUNA NÃO CRIADA.
O estudo convencional dos signos, incluindo os signos rúnicos, dá lugar a uma ciência
denominada Semiótica; entretanto, por serem estes signos meros objetos culturais, é fácil com-
preender que a Semiótica não pode alcançar às runas não criadas senão somente a sua forma
cultural ou a seu significado cultural: evidentemente, este alcance está limitado às possibilidades
do sujeito anímico; EM UMA PALAVRA: A SEMIÓTICA ASSIM DEFINIDA, COMO CI-
ÊNCIA QUE ESTUDA OS OBJETOS CULTURAIS “SIGNOS”, É UMA CIÊNCIA À
MEDIDA DO PASU, UMA CIÊNCIA “PSICOLÓGICA”. É claro que para compreender
às runas não criadas será necessário contar com uma ciência “noológica”, uma ciência que so-
mente terá sentido para o Eu desperto do Iniciado Hiperbóreo: tal ciência é a RÚNICA NO-
OLÓGICA, posta à disposição do Iniciado pela Sabedoria Hiperbórea. Por suposto que aqui
não desenvolveremos à Rúnica nem exigiremos que se a entenda completamente: para conse-
guir sua compreensão é imprescindível, fundamentalmente imprescindível, ser um Iniciado Hi-
perbóreo, ter dado o Segundo Passo da solução de Wotan e possuir o Eu resignado com a

440
arquêmona odal. O que faremos, por hora, será assinalar brevemente as diferenças que distin-
guem à Semiótica da Rúnica e definir o princípio que deve reger a aplicação das pautas na análise
rúnica.
O objeto de estudo da Rúnica são as runas não criadas e o princípio fundamental em
que se baseia afirma que “AS RUNAS REVELADAS POR WOTAN SÃO SIGNOS NÃO
CRIADOS”. Princípio cujo significado já foi explicado. Nos variados signos rúnicos, as runas
podem aparecer unidas em distintas configurações de formas arquetípicas como, por exemplo,
o signo rúnico “labirinto exterior”; MAS PELA AÇÃO INCOMPREENSÍVEL DA CHAVE
KALACHAKRA, CADA SIGNO RÚNICO SE ENCONTRA REFERIDO A UMA RUNA
NÃO CRIADA. NA RÚNICA, O “PRINCÍPIO DA RUNA NÃO CRIADA” SE UTILIZA
PARA DEFINIR UMA ESPÉCIE DE “ANÁLISE DE SÍMBOLOS” QUE CONSISTE
NÃO EM DECOMPOR A ESTRUTURA DE ELEMENTOS ARQUETÍPICOS QUE
FORMAM O SÍMBOLO RÚNICO, MAS EM DESINTEGRAR A SUPERESTRUTURA
DE CONEXÕES DE SENTIDO QUE O REFEREM ÀS RUNAS NÃO CRIADAS, DEI-
XANDO-AS EXPOSTAS PARA A APREENSÃO NOOLÓGICA DO EU: A ANÁLISE
SEMIÓTICA PODE SER INCLUSIVE METAFÍSICA, CHEGANDO A REVELAR AO
SUJEITO CONSCIENTE A COMPOSIÇÃO ARQUETÍPICA DE QUALQUER SIGNO;
A ANÁLISE RÚNICA, EM COMPENSAÇÃO, VAI ALÉM DO METAFÍSICO, OU SEJA,
ALÉM DO ARQUETÍPICO, POIS REVELAM AO INICIADO HIPERBÓREO AS RU-
NAS NÃO CRIADAS, OS SIGNOS QUE PROCEDEM DA ORIGEM DO ESPÍRITO
APRISIONADO, OS SIGNOS QUE CONSTITUEM O SÍMBOLO DA ORIGEM.
Para aplicar a análise rúnica a um signo rúnico complexo qualquer a Rúnica fornece
pautas concretas aos Iniciados Hiperbóreos: TAIS PAUTAS EXIGEM QUE A ANÁLISE
RÚNICA SEJA PRECEDIDA POR UMA ANÁLISE SEMIÓTICA DA MORFOLOGIA
ESTRUTURAL DO SIGNO RÚNICO, OU SEJA, POR UMA ANÁLISE QUE REVELE
O GRAU DE DEFORMAÇÃO CULTURAL DO SIGNO RÚNICO COM RELAÇÃO À
SUA FORMA ORIGINAL. É evidente, por exemplo, a diversidade de formas culturais que
apresenta o signo labirinto exterior, todas as quais se derivaram de Tirodinguiburr (figura 85):
então, uma análise rúnica de algum desses signos com o objetivo de desintegrar a superestrutura
de conexões de sentido e chegar às runas não criadas exige uma prévia determinação morfoló-
gica de sua deformação em relação à Tirodinguiburr. Em “E” vamos concretizar este exemplo
estudando a deformação dos signos labirinto exterior mediante a aplicação de um método da
Sabedoria hiperbórea: a análise rúnica subsequente, porém, não poderemos descrevê-la por
consistir em uma técnica própria dos Iniciados Hiperbóreos. Entretanto, uma descrição geral
da Rúnica noológica, REFERIDA à Semiótica psicológica, há de permitir intuir algo mais sobre
as runas não criadas e sobre a análise sêmica.

441
Consideremos alguns símbolos complexos, objeto de estudo da Semiótica, por exem-
plo, a PALAVRA escrita, composta por LETRAS, ou a QUANTIA escrita, composta por
SIGNOS NUMÉRICOS; como sabemos, o sentido desses signos está determinado pelo con-
texto axiológico, pelas conexões de sentido que os unem ao conjunto de objetos culturais do
contexto axiológico; mas, como também sabemos, esses signos representam conceitos da es-
trutura cultural e seus sentidos correspondem a significados determinados pelo contexto signi-
ficativo da estrutura cultural. Pois bem, para a análise de signos semelhantes, a Semiótica psico-
lógica define três disciplinas principais: a Pragmática, a Semântica e a Sintaxe.
A Pragmática se ocupa de descrever e interpretar AS RELAÇÕES ENTRE OS SIG-
NOS E O PASU. Com rigor, a Pragmática psicológica mais exata é aquela que se define pelas
correspondências gnosiológicas e axiológicas entre o pasu e o objeto cultural, tal como foi re-
presentado na figura 73.
A Semântica estuda A RELAÇÃO ENTRE OS SIGNOS E OS OBJETOS QUE
AQUELES REPRESENTAM, quer dizer, trata de explicar os SENTIDOS e os SIGNIFICA-
DOS dos signos. Desde logo, a Semântica psicológica mais exata é aquela que explica os senti-
dos e significados dos signos como determinações do contexto estrutural, mediante um modelo
estrutural análogo ao sintetizado na figura 75.
A Sintaxe se dedica a analisar AS RELAÇÕES DOS SIGNOS ENTRE SI, POR
EXEMPLO, DAS “MODALIDADES LÓGICAS” DOS SISTEMAS DE SIGNOS OU
SUAS “FORMAS LINGÜÍSTICAS”. Nem é preciso que se mencione que a Sintaxe psicoló-
gica mais exata é a que se baseia na sistemática estrutural de conceitos e na faculdade tradutiva
do sujeito cultural, tal como foi explicado na Primeira Parte e se simbolizou na figura 14.
A essas três disciplinas clássicas da Semiótica, a Sabedoria Hiperbórea agrega a MOR-
FOLOGIA PSICOLÓGICA, cujo objeto consiste em ESTUDAR AS RELAÇÕES ENTRE
AS FORMAS ARQUETÍPICAS PURAS E AS FORMAS CONCRETAS DOS SIGNOS
QUE AS REPRESENTAM. Para esse fim, a Morfologia desenvolveu técnicas de análise es-
trutural sobre a composição dos signos, as quais se sintetizam em passos específicos e pautas
precisas, tal como se demonstrará em E.
Se refletirmos agora sobre algumas consequências do princípio da runa incriada se porá
em relevo as diferenças essenciais que mantém a Rúnica noológica com a Semiótica psicológica.
ANTES DE TUDO, DEVE-SE ADVERTIR QUE, POR SEREM SIGNOS
NÃO-CRIADOS, NÃO EXISTE “CONTEXTO SIGNIFICATIVO” POSSÍVEL
PARA AS RUNAS, NEM NO MACROCOSMO NEM NO MICROCOSMO. UM POUCO
QUE SE MEDITE SOBRE ESSA CONSEQÜÊNCIA DA RUNA NÃO-CRIADA, SE
DEVERÁ ADMITIR UMA IMPORTANTE CONCLUSÃO: SEM CONTEXTO SIGNI-
FICATIVO, NÃO HÁ RELAÇÃO POSSÍVEL. VALE DIZER, AS TREZE MAIS TRÊS

442
RUNAS NÃO-CRIADAS, REVELADAS POR WOTAN AOS VIRYAS, NÃO ESTÃO
EM ABSOLUTO RELACIONADAS ENTRE SI, NEM É POSSÍVEL EFETUAR REAL-
MENTE UMA CONEXÃO ENTRE ELAS: NÃO É SEQUER POSSÍVEL CONCEBER
TAL CONEXÃO. O QUE ACONTECE É QUE, POR EFEITO DA CHAVE KALA-
CHAKRA, EXISTEM “SIGNOS RÚNICOS”, REPRESENTANTES DAS RUNAS NÃO-
CRIADAS, SENDO QUE ESSES SIM PODEM SER CONECTADOS ENTRE SI: NO
SIGNO COMPLEXO TIRODINNGUIBURR DA FIGURA 85, POR EXEMPLO, ES-
TÃO “CONECTADOS” OS SIGNOS RÚNICOS REPRESENTATIVOS DAS RUNAS
TIR, ODAL E GIBURR. MAS OS “SIGNOS RÚNICOS” SÃO ARQUETÍPICOS E, POR
ISSO, É POSSÍVEL SUA INTERCONEXÃO E SÃO CONCEBÍVEIS OS MAIS VARIA-
DOS TIPOS DE RELAÇÕES SEMIÓTICAS, QUER DIZER, “PSICOLÓGICAS”; AS
RUNAS NÃO-CRIADAS, AO CONTRÁRIO, ESTÃO FORA DO ALCANCE DO PSI-
COLÓGICO, QUER DIZER, NÃO PODEM SER NEM APREENDIDAS NEM RELA-
CIONADAS PELO SUJEITO ANÍMICO: SOMENTE O EU, O REFLEXO DO ESPÍ-
RITO ETERNO, EM SUA ESSENCIAL INSTÂNCIA INFINITA, PODE COINCIDIR
GNOSTICAMENTE COM AS RUNAS NÃO CRIADAS. MAS, E NISTO SE SINTE-
TIZA O MISTÉRIO DA ORIGEM: “SE O EU PERCEBE AS RUNAS NÃO-CRIADAS,
PERCEBE A SI MESMO”. POR QUÊ?
RESPOSTA: PORQUE AS RUNAS NÃO-CRIADAS, COMO OS VIRYAS, PAR-
TICIPAM DO INFINITO ATUAL. DAÍ QUE A GNOSE DAS RUNAS NÃO-CRIADAS
SEJA UMA EXPERIÊNCIA EXTÁTICA DO INICIADO HIPERBÓREO E QUE A SA-
BEDORIA HIPERBÓREA AFIRME A EXISTÊNCIA DE “DEZESSEIS ÊXTASES RÚ-
NICOS”. MAS, FORA DO ÊXTASE RÚNICO, QUE É A EXPERIÊNCIA NOOLÓ-
GICA DE “CADA” RUNA NÃO-CRIADA, AS RUNAS NÃO PODEM SER RELACIO-
NADAS “ENTRE SI”. POR QUÊ? RESPOSTA: PORQUE NÃO É POSSÍVEL RELACI-
ONAR O INFINITO ATUAL QUE AS TORNA ILIMITADAS.
Agora bem: se as runas não-criadas estão ilimitadas pelo infinito atual, e é impossível
estabelecer uma relação entre elas, é claro que Rúnica noológica, a ciência dos Iniciados Hiper-
bóreos, CARECERÁ DE SINTAXE. No entanto, as treze mais três runas não criadas consti-
tuem A LÍNGUA DOS PÁSSAROS, a LÍNGUA TIRODAL dos Siddhas Leais de Agartha
revelada por Wotan no Livro de Cristal: ESTAMOS, POIS, ANTE A PRESENÇA INCOM-
PREENSÍVEL DE UMA LÍNGUA CARENTE DE SINTAXE; NA VERDADE, UM PA-
RADOXO CAUSADO PELO INFINITO ATUAL.
Mas, enquanto ELEMENTOS FUNDAMENTAIS DA LÍNGUA DOS SIDDHAS
LEAIS, as runas não criadas são SIGNIFICATIVAS, pelo que a Rúnica define uma SEMÂN-
TICA NOOLÓGICA. Essa disciplina, cujo conhecimento cultiva os Cavaleiros Tirodal, des-

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creve analogamente o êxtase rúnico e estabelece as pautas que devem seguir os Iniciados Hi-
perbóreos para se aproximar de tal experiência. Mas não é fácil entender como pode ter SIG-
NIFICADO uma runa não criada carecendo de “contexto rúnico” sobre o qual se contraste de
uma “paisagem” para outorgar sentido a sua presença, de um entorno axiológico que determine
seu realce, etc. Resposta: AS RUNAS NÃO-CRIADAS SÃO SIGNIFICADOS NOOLÓGI-
COS ABSOLUTOS. QUER DIZER, SÃO SIGNIFICATIVOS POR SI MESMOS, NÃO
REQUEREM NADA EXTERIOR PARA SER E AOS QUAIS, INVERSAMENTE,
NADA PODE AFETÁ-LOS: AS RUNAS NÃO CRIADAS SÃO, POIS, SIGNIFICADOS
ABSOLUTAMENTE INDETERMINADOS. AS RUNAS NÃO-CRIADAS ESTÃO ILI-
MITADAS PELO INFINITO ATUAL E, PORTANTO, SEUS SIGNIFICADOS SÃO ILI-
MITADOS: ISTO IMPLICA QUE A RUNA É, PARA O INICIADO HIPERBÓREO,
“TODO O SIGNIFICADO POSSÍVEL”; A RUNA, EM EFEITO, REVELA TODO O
CONHECIMENTO DURANTE O ÊXTASE RÚNICO OU, CASO SE QUEIRA, “NÃO
RESTA NADA A CONHECER FORA DA RUNA”.
Mas, se no êxtase de uma runa poderia ser experimentado TODO SIGNIFICADO
POSSÍVEL, dado que seu significado é absoluto, como pode existir uma PLURALIDADE de
runas não-criadas? Que dizer, como pode cada uma ser TODO O SIGNIFICADO POSSÍ-
VEL e existir simultaneamente? Resposta: trata-se, aqui, de outro paradoxo real causado pelo
infinito atual; EM VERDADE, AO ESPÍRITO HIPERBÓREO ENCADEADO À CHAVE
GENÉTICA É IMPOSSÍVEL PERCEBER EXTATICAMENTE MAIS DE UMA RUNA
NÃO-CRIADA, DEVIDO À FOCALIZAÇÃO DE SEU EU INFINITO COMO SELBST
(FIGURA 30): O SELBST, QUE É QUEM EXPERIMENTA O ÊXTASE RÚNICO DO
INICIADO, SÓ PODE COINCIDIR COM “UMA” RUNA POR VEZ PORQUE SEU IN-
FINITO ATUAL A TORNA ILIMITADA E SEPARADA ABSOLUTAMENTE DAS OU-
TRAS; MAS A RUNA NÃO É O SELBST, TRATAM-SE DE DOIS SERES DISTINTOS
E, POR ISSO, O SELBST PODE RETIRARSE DA RUNA PONDO FIM AO ÊXTASE;
É POSSÍVEL, ENTÃO, EXPERIMENTAR OUTRA RUNA, QUE TAMBÉM SERÁ
“TODO O SIGNIFICADO POSSÍVEL” E NO ENTANTO DISTINTO DA RUNA AN-
TERIOR. EM SÍNTESE: A IGNORÂNCIA DAS RUNAS NÃO-CRIADAS CONSTITUI
SUA PLURALIDADE E RELATIVIDADE INFINITAS; A GNOSE DE UMA RUNA
NÃO-CRIADA CONSTITUI O ÊXTASE DO SIGNIFICADO ABSOLUTO.
E É AQUI ONDE SE DEVE BUSCAR O PRINCÍPIO DA “LÍNGUA DOS PÁS-
SAROS”, DA LÍNGUA TIRODAL DOS INICIADOS HIPERBÓREOS, DA LÍNGUA
CUJAS PALAVRAS NÃO ADMITEM SINTAXE, MAS EXPRESSAM TODO SIGNIFI-
CADO POSSÍVEL: É A SUCESSÃO DE ÊXTASES RÚNICOS, O IR E VIR DO SELBST
ÀS RUNAS NÃO CRIADAS, O QUE CONSTITUI O FATO DA LÍNGUA TIRODAL;

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UMA SUCESSÃO, UM IR E VIR, QUE É PROVA DO ENCADEAMENTO ESPIRI-
TUAL; UMA LÍNGUA QUE NÃO TEM SENTIDO MAIS ALÉM DA ORIGEM, QUE
NÃO PODE EXISTIR PARA UM ESPÍRITO ESFERA NORMAL, NÃO REVERTIDO,
PARA UM ESPÍRITO HIPERBÓREO ETERNO E INFINITO; UMA LÍNGUA, ENFIM,
QUE ENQUANTO SUCESSÃO DE ÊXTASES RÚNICOS, É REPRESENTADA NA
SEMÂNTICA NOOLÓGICA COM O SIGNO RÚNICO SIEG (_).
Agora bem, não obstante as reservas que suscitam uma língua cuja razão de ser radica
na queda e aprisionamento do Espírito, seu domínio é considerado prova da mais elevada es-
piritualidade pela Sabedoria Hiperbórea. Daí que os Cavaleiros Tirodal se dediquem com afinco
ao estudo da Semântica noológica e da outra grande disciplina da Rúnica: a PÔNTICA(1) NO-
OLÓGICA, quer dizer, a CIÊNCIA DA CONSTRUÇÃO DE PONTES, a Sabedoria dos
Pontífices Hiperbóreos. Para sintetizar o objeto e alcance de ambas as disciplinas devemos ob-
servar que: ENQUANTO A “SEMÂNTICA NOOLÓGICA” ESTUDA OS ÊXTASES RÚ-
NICOS E DESCREVE OS MODOS DE APROXIMAÇÃO A SUA EXPERIÊNCIA, A
“PÔNTICA NOOLÓGICA” IMPLICA A EFETIVA VIVÊNCIA DAS RUNAS NÃO-
CRIADAS E O DOMÍNIO DA LÍNGUA TIRODAL. Quer dizer que a Semântica noológica
constitui a TEORIA da Rúnica enquanto que a Pôntica expõe sua PRÁXIS. Esta práxis da
Pôntica noológica é a que frequentemente mencionamos com o nome de RE-SIGNAÇÃO; O
DOMÍNIO DA LÍNGUA TIRODAL E DA RESIGNAÇÃO, COM EFEITO, SÃO UMA
E A MESMA COISA: É O ÊXTASE DAS RUNAS NÃO-CRIADAS QUE PERMITE AO
SELBST RE-SIGNAR OS DESÍGNIOS DEMIÚRGICOS.
Pelo que vemos, a Rúnica noológica define uma Semântica e uma Pôntica, mas carece
de Sintaxe; a Semiótica psicológica por sua vez possui Semântica, Sintaxe e PRAGMÁTICA,
quer dizer, uma disciplina que estuda e descreve AS RELAÇÕES ENTRE OS SIGNOS E O
PASU. Um papel análogo ao da Pragmática na Semiótica psicológica desempenha a ÉTICA
NOOLÓGICA na Rúnica noológica: COM RIGOR, A ÉTICA NOOLÓGICA ESTABE-
LECE O ENLACE ENTRE A SEMÂNTICA NOOLÓGICA E A PÔNTICA NOOLÓ-
GICA. Como se exporá no artigo seguinte, a efetiva experiência das runas incriadas requer que
o Eu assuma uma ATITUDE ÉTICA PRÉVIA.

D – O PRINCÍPIO CARDINAL DA ÉTICA NOOLÓGICA.

Recordemos os dois passos propostos por Wotan para dar solução ao problema do
aprisionamento espiritual.
Primeiro Passo: DESPERTAR E ORIENTAR o Eu mediante Tirodinguiburr, o signo
do labirinto exterior.
(1) NT – Por falta de termo próprio em Português, adotamos este neologismo que

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denota simplesmente “A Arte de Construir Pontes”.
Segundo Passo: REVELAR A SAÍDA SECRETA diretamente ao Eu mediante a
gnose do labirinto interior.
O Primeiro Passo consiste em COMPREENDER O SIGNIFICADO do signo rúnico
Tirodinguiburr, ou seja, O PRIMEIRO PASSO ESTÁ CONTEMPLADO PELA TEORIA
DA SEMÂNTICA NOOLÓGICA.
O Segundo Passo requer que o Eu CONHEÇA A SAÍDA SECRETA, O SEGREDO
DO ÂNGULO RETO; que dizer, O SEGUNDO PASSO ESTÁ COMPREENDIDO PELA
PRÁXIS DA PÔNTICA NOOLÓGICA.
Primeiro e Segundo Passo vem, assim, a ficar sob o alcance da Rúnica noológica. Ob-
servemos agora a solução de Wotan de outro ponto de vista. Como se vê, será evidente que o
virya que deu o Primeiro passo, e tem seu Eu DESPERTO E ORIENTADO, se enfrenta
então à pergunta: QUE DEVO FAZER para libertar meu Espírito? Perceber-se que se trata de
uma pergunta que admite somente uma resposta ética. A esta pergunta, a Ética noológica con-
testa com a única resposta possível: O EU DEVE APRESENTAR UMA ATITUDE GRA-
CIOSA LUCIFÉRICA FRENTE AO SÍMBOLO SAGRADO. Tal atitude ética há de ser
PRÉVIA à execução do Segundo Passo; ou, em outras palavras: SE O VIRYA NÃO APRE-
SENTA UMA ATITUDE GRACIOSA LUCIFÉRICA, FRENTE AO SÍMBOLO SA-
GRADO, NÃO PODERÁ CONHECER JAMAIS O SEGREDO DO ÂNGULO RETO
NEM CONSEGUIRÁ ISOLAR SEU EU; O SEGUNDO PASSO ESTARÁ VEDADO
PARA ELE. Por outra parte, e aqui se vislumbra o alcance da resposta, A FACULDADE DE
ANAMNESE SOMENTE FACULTA AO EU GRACIOSO LUCIFÉRICO A SITUAR-SE
EM I.H.P.C.: QUEM NÃO APRESENTA UMA ATITUDE GRACIOSA LUCIFÉRICA
FRENTE AOS SÍMBOLOS SAGRADOS TAMPOUCO DISPORÁ DA FACULDADE
DE ANAMNESE, NEM SERÁ UM INICIADO HIPERBÓREO; E QUE NÃO DISPÕE
DA FACULDADE DE ANAMNESE, ASSIM QUE TENHA ISOLADO SEU EU NA AR-
QUÊMONA ODAL, NÃO CONSEGUIRÁ CONSTRUIR A ESCADA CARACOL ATÉ
O PONTO TAU, ATÉ A ORIGEM. Os Siddhas Leais, ao promover o estudo da Rúnica
noológica entre os Iniciados Hiperbóreos, apontam justamente a salvar obstáculos nessa dire-
ção: com a Ética noológica o virya, desperto e reorientado, conhecerá e adotará a atitude graci-
osa luciférica; com tal atitude frente aos símbolos sagrados desenvolverá sua faculdade de anam-
nese e poderá aprender a Pôntica noológica; e com os princípios e leis da Pôntica construirá
uma ESCADA CARACOL, entre a praça tau (τ) e o ponto Origem tau, e a ESCADA INFI-
NITA, entre o ponto tau e o selbst. A ESFERA EHRE (1) da vontade egóica (figura 32), por
exemplo, depende exclusivamente da atitude graciosa luciférica do Eu para formar-se e cresce.
É claro, então, que a ATITUDE ÉTICA PRÉVIA ao Segundo Passo se converterá, depois da
Iniciação, na ATITUDE ÉTICA PERMANENTE do Iniciado Hiperbóreo.

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A Ética noológica descreve a atitude ética prévia do Eu no contexto de uma TIPOLO-
GIA NOOLÓGICA DO VIRYA PERDIDO, que será desenvolvida nos próximos artigos.
Para efetuar tal descrição, e oferecer a resposta anterior, a ética noológica se baseia em seu
PRINCÍPIO CARDINAL:
A RUNA NÃO CRIADA É A VERDADE DO VIRYA
Para efeito de compreender o princípio cardinal há que se estabelecer o que inclui. O
que exclui é evidente: TUDO O QUE NÃO FOR A RUNA NÃO CRIADA NÃO É VER-
DADE. Em consequência: TUDO O QUE NÃO É A RUNA NÃO CRIADA É MENTIRA,
UM ENGANO, UMA ILUSÃO CRIADA PELO DEMIURGO. Recordemos que “a verdade
do ente” para o pasu procede dos desígnios demiúrgicos, do ser-para-o-homem revelado à ra-
zão e esquematizado na estrutura cultural como enlace ou Relação; esta “verdade” do pasu é
diametralmente oposta à verdade do virya, pois, ENQUANTO A RUNA NÃO CRIADA
EXISTE POR SI MESMA, ABSOLUTA, ETERNA E INFINITA, A “VERDADE” DO
PASU, COMO TODA MENTIRA, DEVE SER SUSTENTADA PELA VONTADE FÉR-
REA DO DEMIURGO. Os desígnios são afirmados e plasmados nos entes pelo Aspecto Lo-
gos do Uno, enquanto que seus restantes Aspectos sustentam e controlam a evolução do con-
junto de entes do Universo: o Universo íntegro é, então, um Engano construído sobre o suporte
fundamental da demente Vontade do uno; se, por acaso, essa Vontade de manifestar-se se apa-
gasse, sobreviria o Pralaya, o Universo inteiro se esvairia no nada como toda mentira desco-
berta. PORQUE A MENTIRA, QUE NÃO É, NECESSITA SER SUSTENTADA PARA
APARENTAR SER; MAS A VERDADE, QUE É, NÃO NECESSITA SER SUSTEN-
TADA POR NADA FORA DE SEU PRÓPRIO SER. A RUNA NÃO CRIADA, QUE SE
SUSTENTA POR SI MESMA, É A VERDADE DO VIRYA E TUDO O QUE NÃO FOR
RUNA NÃO CRIADA NÃO É VERDADE, É UMA ILUSÃO CRIADA PELO DEMI-
URGO.
É claro que a verdade do virya não é fácil aproximar-se: A VERDADE DO VIRYA
SOMENTE PODE SER CONHECIDA DURANTE O ÊXTASE RÚNICO, QUANDO
O SELBST COINCIDE NO INFINITO ATUAL COM A RUNA NÃO CRIADA. Todo o
contrário da “verdade” do pasu, que somente requer uma mera percepção sensorial do ente
para revelar-se à razão.
E o que inclui o princípio cardinal da Ética noológica? Resposta: DURANTE O ÊX-
TASE RÚNICO, QUANDO O SELBST EXPERIMENTA O SIGNIFICADO ABSO-
LUTO DA RUNA NÃO CRIADA, “TUDO O QUE O SELBST NÃO É, DA RUNA É”.
Mais claramente, durante o êxtase rúnico, TUDO O QUE O ESPÍRITO NÃO É, DA RUNA
NÃO CRIADA É; E, PELA VERDADE, O ESPÍRITO SABE O QUE É.

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Daí que se deduz que, PARA A ÉTICA NOOLÓGICA, A VERDADE É UMA EX-
PERIÊNCIA A PRIORI DA LIBERDADE: A VERDADE PODE SER EXPERIMEN-
TADA PELO EU NO ÊXTASE RÚNICO, AINDA ESTANDO APRISIONADO; CON-
TRARIAMENTE, SEM CONHECER A VERDADE, NÃO HÁ LIBERDADE POSSÍ-
VEL DO ESPÍRITO: SOMENTE O DOMÍNIO DA “VERDADE DO VIRYA” ASSE-
GURA O RETORNO À ORIGEM E A NORMALIDADE DO ESPÍRITO-ESFERA RE-
VERTIDO. SOMENTE A VERDADE PERMITE CONHECER O QUE ELA NÃO É E
RECHAÇÁ-LO, TOMANDO DISTÂNCIA DA MENTIRA MICRO-CÓSMICA. O EU
QUE TENHA A VERDADE SERÁ LIVRE E NENHUM EU SERÁ LIVRE SE NÃO
EXPERIMENTA A VERDADE DA RUNA NÃO CRIADA: SEM SUA VERDADE, O
VIRYA SERÁ ENGANADO PELO TERRÍVEL SEGREDO DE MAYA E ACABARÁ
ENCURRALADO NOS MAIS OBTUSOS ESPAÇOS DE SIGNIFICAÇÃO MACRO-
CÓSMICOS, EM “OUTROS MUNDOS” ESTRANHOS E DISTANTES; NÃO SERÁ
“LIVRE” PARA REGRESSAR À ORIGEM NEM PARA ABANDONAR O UNIVERSO
DO UNO. Para a Ética noológica, a liberdade do Espírito sem a verdade da runa não criada é
uma proposição carente de significado, uma mentira a mais. Esta é a verdade: “PELA GNOSE
DA VERDADE, A LIBERDADE”. Ou seja: PELA GNOSE DA VERDADE DA RUNA
NÃO CRIADA SE ASSEGURA A LIBERDADE DO ESPÍRITO APRISIONADO. Há,
pois, dois conceitos de “liberdade” diametralmente opostos e irreconciliáveis: um é o de LI-
BERDADE CEGA, a crença de que a ignorância das determinações macrocósmicas se traduz
em um estado de liberdade “natural”, ou seja, o princípio de liberdade que formula a Ética
psicológica do pasu; o outro conceito é o de LIBERDADE GNÓSTICA, a liberdade obtida
pelo conhecimento da verdade da runa não criada, ou seja, o princípio de liberdade que ensina
a Ética noológica do virya.
Logo de sua reversão e encadeamento, de sua atuação MAIS AQUÉM da Origem, A
VERDADE FICOU FORA DO ESPÍRITO; daí a importância do êxtase rúnico: PELA VER-
DADE O EU SABE QUE É. Mas a verdade do virya é a runa não criada, que consiste em um
significado absoluto: o êxtase da runa não-criada compreende TODO SIGNIFICADO POS-
SÍVEL. Por isso o Eu, além de saber O QUE É durante o êxtase rúnico sabe também O QUE
NÃO É: “TUDO O QUE O ESPÍRITO NÃO É, DA RUNA NÃO CRIADA É”.
Tal é a consequência da reversão e encadeamento: o Espírito Hiperbóreo, desde então,
SÓ PODE CONHECER A VERDADE DA RUNA NÃO CRIADA PORQUE ELA ESTÁ
“MAIS AQUÉM” DA ORIGEM E NA ORIGEM; o enunciado “TODO O SIGNIFICADO
POSSÍVEL” deve entender-se “PARA O ESPÍRITO REVERTIDO E ENCADEADO”.
“MAIS ALÉM” da Origem, de onde veio o Símbolo da Origem composto pelas treze mais três
runas não-criadas, há uma realidade que escapa à compreensão do Espírito revertido: ALI
ESTÁ A REALIDADE DO VERDADEIRO DEUS DOS ESPÍRITOS HIPERBÓREOS,

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AO QUE É PRUDENTE REFERIR-SE COMO “O INCOGNOSCÍVEL”.
AO VERDADEIRO DEUS NÃO É POSSÍVEL CONHECÊ-LO ESTANDO O
ESPÍRITO REVERTIDO E ENCADEADO. NO ENTANTO, AS RUNAS NÃO-CRIA-
DAS PROCEDEM DE “MAIS ALÉM” DA ORIGEM, QUER DIZER, DA REALIDADE
DO VERDADEIRO DEUS: SE ELAS SÃO “TODO O SIGNIFICADO POSSÍVEL” DE
QUE DISPÕE O ESPÍRITO REVERTIDO, CABE PERGUNTAR SE DE ALGUM
MODO AS RUNAS NÃO CRIADAS PODEM REVELAR AO VERDADEIRO DEUS,
SE O INCOGNOSCÍVEL NÃO ESTÁ INCLUÍDO NA VERDADE DO VIRYA. RES-
POSTA: SE O ESPÍRITO, O SELBST, O EU, O RECLAMA, O VERDADEIRO DEUS
SE MANIFESTARÁ DURANTE O ÊXTASE RÚNICO, PORÉM NÃO GNOSTICA-
MENTE, MAS VOLITIVAMENTE: POR ISSO NÃO É POSSÍVEL CONHECÊ-LO,
MAS COMPROVAR A AÇÃO DE SUA FORÇA, QUE REFORÇA A ESFERA (1) EHRE.
A VONTADE DO VERDADEIRO DEUS SE DENOMINA “PARÁCLITO” OU “VON-
TADE GRACIOSA DO INCOGNOSCÍVEL”.
Em síntese, nisto consiste a construção da esfera Ehre: o Eu, com atitude graciosa luci-
férica, deve conseguir que se manifeste o Paráclito durante o êxtase rúnico, quer dizer, que
coincida no infinito atual: SUA PRESENÇA NÃO BRINDARÁ NENHUM CONHECI-
MENTO À PARTE DA VERDADE DA RUNA NÃO CRIADA, MAS EM TROCA
TRANSMUTARÁ A ESTRUTURA PSÍQUICA DO VIRYA CRIANDO UMA ESFERA
DE VONTADE EGÓICA EM TORNO DO SELBST (figura 32). A Esfera Ehre (1), cujo
conteúdo é uma energia extra aportada pelo Paráclito, se converte assim em uma fonte de força
volitiva que o Eu absorve para reforçar sua própria essência volitiva. Tal é a Graça do Verda-
deiro Deus: QUE O ESPÍRITO REVERTIDO E APRISIONADO NÃO CAREÇA JA-
MAIS DA FORÇA NECESSÁRIA PARA CONCRETIZAR SUA LIBERTAÇÃO. SE A
FORÇA VOLITIVA É INSUFICIENTE, O EU SEMPRE DISPORÁ DA POSSIBILI-
DADE DE RECLAMAR O AUXÍLIO DO PARÁCLITO. NÃO OBSTANTE, SUA PRE-
SENÇA TRANSMUTADORA SOMENTE SE REVELARÁ ÀQUELE VIRYA QUE EX-
PRESSE UMA “ATITUDE GRACIOSA LUCIFÉRICA”, QUER DIZER, A QUEM HAJA
RECEBIDO A MENSAGEM CARISMÁTICA DO GRAL DE CRISTO LÚCIFER, O EN-
VIADO DO INCOGNOSCÍVEL, E TENHA SE ALINHADO CARISMATICAMENTE
EM SEU BANDO GUERREIRO.
Resumindo, a Ética noológica apresenta ao virya o princípio cardeal e lhe informa a
obrigação de conhecer a verdade e aonde deve buscá-la: o Eu infinito, no selbst, deve experi-
mentar o êxtase rúnico e conhecer o significado absoluto da runa não-criada; deve reclamar,
também, o auxílio do Paráclito; mas para isso, é imprescindível dar o Segundo Passo; a Ética
noológica indica como dá-lo: “o Eu deve apresentar uma atitude graciosa luciférica frente ao
símbolo sagrado”. É fácil avaliar, agora, a importância de compreender em que consiste essa

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atitude ética prévia ao isolamento do Eu, quer dizer, o que deve fazer o Eu para apresentar uma
atitude graciosa luciférica frente ao símbolo sagrado. A resposta será oferecida e explicada com
detalhe nos seguintes artigos; só agregaremos, para esclarecer o método expositivo, que a partir
daqui se exemplificará sobre um fato concreto: a degradação e deformação dos símbolos sagra-
dos; como caso geral, vamos tomar Tirodinguiburr, o signo labirinto exterior de Wotan, e va-
mos demonstrar, mediante uma análise morfológica, a deformação de uma série de signos labi-
rinto exterior derivados daquele; isto se dará no seguinte artigo; logo que se tenha destacado a
evidência da deformação, nos artigos posteriores, se explicará que a causa reside na degradação
dos símbolos sagrados e se descreverá o autor de todas as degradações análogas: a “atitude
lúdica” do virya perdido; definiremos assim o primeiro “tipo” da tipologia Aberro, cujos expo-
entes restantes são o “sacralizante” e o “gracioso luciférico”.

E – ANÁLISE SEMIÓTICA DOS SIGNOS LABIRINTO EXTERIOR.

E1 – Degradação e deformação do símbolo sagrado do virya.

Desde que fora instituído por Wotan, nos dias posteriores ao afundamento da Atlântida,
o Mistério do Labirinto sofreu uma permanente degradação cultural que o tornou finalmente
incompreensível, até que John Dee o consagrou novamente na Idade Média. Esta degradação
é evidente, particularmente, no signo iniciático do Mistério do Labirinto, isto é, em Tirodingui-
burr, ao qual se foi deformando e mudando de significado com o fim de causar sua inoperância:
de todos os Mistérios da Antiguidade, o do Labirinto foi o mais atacado pela estratégia de Chang
Shambala, tarefa na qual ainda hoje em dia procedem com esmero os agentes da Sinarquia
Universal. Como produto da conspiração que se abateu mundialmente sobre o símbolo sagrado
do virya foi criada uma variedade numérica muito grande de signos labirinto exterior derivados
de Tirodinguiburr, tal variedade é MORFOLOGICAMENTE DIFERENTE, isto é, tratam-
se em todos os casos de DEFORMAÇÕES do labirinto exterior de Wotan. No entanto, PARA
DEFORMAR UM SÍMBOLO SAGRADO, EM QUALQUER CULTURA, É PRECISO
DEGRADÁ-LO PREVIAMENTE, BAIXÁ-LO DO CONTEXTO ARQUETÍPICO ATÉ
O NÍVEL MAIS BAIXO DO CONTEXTO AXIOLÓGICO HABITUAL. Neste artigo “E”
se indicarão as pautas sobre as que se deve basear o exame da deformação dos labirintos exte-
riores e, nos seguintes, se estudará com detalhes as causas da degradação dos símbolos sagrados.

E2 – Pautas para a análise semiótica.

Indubitavelmente, deve-se começar esclarecendo porque escolhemos examinar os sig-


nos labirinto exterior deformados, responder qual a importância que este conhecimento tem
para o virya. Resposta: A SABEDORIA HIPERBÓREA AVALIA O GRAU DE ORIEN-

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TAÇÃO ESTRATÉGICA DOS MEMBROS RACIAIS DE UMA CULTURA ESTABELE-
CENDO O GRAU DE DEFORMAÇÃO DE SUA VERSÃO TRADICIONAL DO
SIGNO LABIRINTO EXTERIOR. OS INICIADOS HIPERBÓREOS, MEDIANTE
UMA SIMPLES ANÁLISE DO SIGNO LABIRINTO EXTERIOR CARACTERÍSTICO
DE UMA CULTURA, SÃO CAPAZES DE ESTABELECER COM PRECISÃO SEU VA-
LOR ESOTÉRICO OU EXOTÉRICO, SEU PODER COMO SÍMBOLO SAGRADO IN-
DUTOR DO MISTÉRIO DO LABIRINTO, SE É ÚTIL PARA DAR O PRIMEIRO OU
SEGUNDO PASSO NA SOLUÇÃO AO PROBLEMA DO ENCADEAMENTO ESPIRI-
TUAL PROPOSTA POR WOTAN, ETC.
Para efetuar tal avaliação, os Iniciados Hiperbóreos dispõem de PAUTAS concretas,
quatro das quais apresentaremos a seguir como exemplo: A APLICAÇÃO DAS MESMAS
NA ANÁLISE SEMIÓTICA PORÁ ORDEM NO APARENTE CAOS DOS SIGNOS LA-
BIRINTO E DEMONSTRARÁ QUE TODOS ELES SE AJUSTAM A UMA LEI DE IN-
VOLUÇÃO CUJO PRINCÍPIO É A DEFORMAÇÃO E CUJO FIM É A MUDANÇA DE
SIGNIFICADO.
Primeira pauta – ANALISAR A CENTRALIDADE DA RUNA ODAL.
Segunda pauta – ANALISAR SE A RUNA GIBURR FOI DECOMPOSTA EM DUAS
RUNAS ESVÁSTICAS OPOSTAS.
Terceira pauta – ANALISAR SE EXISTE INVERSÃO RÚNICA.
Quarta pauta – EXAMINAR SE EXISTE PERDA DE RETILINEARIDADE.
O significado dessas pautas ficará claro se observamos sua aplicação na análise de uma
série de signos labirinto exterior representativos do processo de deformação. Mas, antes de
começar, convém reiterar que a análise semiótica que vamos encarar não será nem pragmática,
nem semântica, nem sintática: “A estas três disciplinas clássicas da Semiótica, a Sabedoria Hi-
perbórea agrega a MORFOLOGIA PSICOLÓGICA, cujo objeto consiste em ESTUDAR AS
RELAÇÕES ENTRE AS FORMAS ARQUETÍPICAS PURAS E OS SIGNOS SAGRA-
DOS QUE AS REPRESENTAM. Para esse fim, a Morfologia desenvolveu técnicas de análise
estrutural sobre a composição dos signos, as quais se sintetizam em passos específicos e pautas
precisas”. Justamente, as quatro pautas anteriores pertencem à Morfologia psicológica.

E3 – Primeira pauta.

Antes de tudo, observemos a figura 85 e notemos que a runa limitante odal ocupa uma
posição central no signo Tirodinguiburr: esta runa, segundo se explicou, é uma arquêmona cuja
fenestra infernallis se encontra no ângulo reto que se opõe ao corredor fechado beta. Quem
chegue à beta (β) no Kairos da Iniciação Hiperbórea, e conheça o segredo do ângulo reto,

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poderá ingressar à praça tau (τ) e achar a saída secreta até a origem: tal o significado de Tirodin-
guiburr no Mistério do Labirinto.
Desgraçadamente, com o avanço do Kaly Yuga, este significado foi degradado pelos
viryas causando a queda do símbolo sagrado no esoterismo e o ocultamento do Mistério; o
processo de queda no esoterismo seguiu invariavelmente esta ordem: dos Pontífices Hiperbó-
reos, expoentes do “tipo gracioso luciférico e únicos capacitados para guardar o Mistério, o
símbolo sagrado caiu em mãos dos Sacerdotes, membros do “tipo sacralizante”, que tentaram
preservar A FORMA do Mistério instituindo um CULTO; como apesar disto a degradação
continuou, o símbolo sagrado acabou por cair em mãos dos Jogadores sacrílegos, pertencentes
ao “tipo lúdico”, convertido em objeto de jogo vulgar. Estes “tipos” serão definidos mais adi-
ante. O que se deve compreender agora é que o tipo lúdico sempre recebe o símbolo sagrado
do tipo sacralizante e que este, por sua vez, o recebe do tipo gracioso luciférico; agora bem, OS
DOIS ÚLTIMOS ESTÁGIOS DA QUEDA, DO TIPO SACRALIZANTE AO TIPO LÚ-
DICO, SÃO ANÁLOGOS NOS PROCESSOS DE TODOS OS SÍMBOLOS SAGRADOS,
NÃO SÓ O DO VIRYA: TODO SÍMBOLO SAGRADO, QUE AO PRINCÍPIO FOI OB-
JETO DE CULTO, AO FINAL TERMINA SENDO OBJETO DE JOGO. Devemos lem-
brar-nos desta conclusão porque será muito útil nos próximos artigos.
Voltando ao símbolo sagrado do virya da figura 85, o primeiro efeito da queda no eso-
terismo foi A PERDA DO SEGREDO DO ÂNGULO RETO. Isto fez com que não se sou-
besse, e até se duvidasse, que há algum modo de se ingressar à praça tau: sem abrir a fenestra
infernallis, Tirodinguiburr parece estabelecer mais que um Mistério, um problema absurdo. Para
vencer tal impossibilidade, e salvar em algo sua função operativa, os viryas perdidos substituí-
ram o ângulo reto da fenestra infernallis por uma porta χ normal, tal como se mostra na figura
87.

Figura 87

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É evidente que assim, ainda quando a praça ocupe uma posição central, já não se encon-
tra totalmente rodeada pela arquêmona odal; em consequência, JÁ NÃO É POSSÍVEL APLI-
CAR O PRINCÍPIO DO CERCO PORQUE O VALLO OBSESSO ESTÁ INTERROM-
PIDO NA PORTA χ: SEM PRINCÍPIO DO CERCO, JÁ NÃO HAVERÁ POSSIBILI-
DADE DE PROJETAR O PÓLO INFINITO E, PORTANTO, NEM TÉCNICA ARQUE-
MÔNICA NEM OPOSIÇÃO ESTRATÉGICA. Claro que isso não preocupa os viryas per-
didos porque agora podem ingressar sem dificuldades na praça, através da porta χ; o problema
é que uma vez ali já não sabem o que fazer para sair do labirinto; por isso, para forçar um
milagre ou receber alguma inspiração salvadora do alto, a solução mais prática parece ser
TRANSFORMAR A PRAÇA EM TEMPLO. Nesta fase da queda, o labirinto exterior resulta
dotado de um TEMPLO CENTRAL, no qual se instaura o ídolo do Deus mais confiável e ao
que se dedica um CULTO especial.
Advertiram-se que os Pontífices Hiperbóreos SÃO CONSTRUTORES DE MURA-
LHAS DE GUERRA de acordo com a Sabedoria Hiperbórea dos Siddhas Leais de Agartha, e
que os Sacerdotes SÃO CONSTRUTORES DE TEMPLOS PARA O CULTO DO DEMI-
URGO, de acordo com a chave Kalachakra dos Siddhas Traidores de Chang Shambala, se
compreenderá que em um labirinto exterior como o da figura 87, a deformação e perda de
significado é quase irreparável: DE VALLO OBSESSO PRONTO PARA OFERECER UMA
SITZKRIEG, UMA GUERRA DE SÍTIO CONTRA O DEMIURGO, A PRAÇA DE TI-
RODINNGUIBURR ACABA CONVERTIDA EM UM TEMPLO PARA RENDER
CULTO AO DEMIURGO. Mas isto não será tudo, embora pareça ser muito: a degradação
continuará e, numa fase cultural posterior, se exigirá que o templo possua quatro portas laterais,
analogamente ao que se representou na figura 88.

Figura 88

453
O motivo desta exigência deve ser buscado no inconsciente dos viryas perdidos, mais
precisamente na “QUADRANGULARIDADE DA ESFERA DE SOMBRA” causada pela
chave genética; o seguinte parágrafo, transcrito de um trecho anterior, nos ajudará a recordar
este efeito: “O Símbolo da Origem, ao causar a distomia de todo significado contínuo da estru-
tura psíquica, ao converter a esta num “labirinto interior” para a percepção do Eu perdido,
produz um curioso efeito subjetivo denominado “quadrangularidade da esfera de sombra”.
Este efeito, que não é mais que a assimilação de toda a esfera de sombra à forma do tetrarque,
produz no Eu a impressão de que o inconveniente da estrutura psíquica está regido pelo nú-
mero quatro; inversamente, pode ocorrer que O NÚMERO QUATRO VENHA A REGER
INCONSCIENTEMENTE A PERCEPÇÃO DO EU E DETERMINA A CARDINALI-
DADE DO PENSAMENTO. As quatro estações, os quatro pontos cardeais, os quatro ventos,
os quatro elementos, as quatro idades, etc., são divisões arbitrárias do real causadas pela forma
“tetrárquica” da esfera de sombra”. E, poderíamos agregar a esses exemplos AS QUATRO
PORTAS DO TEMPLO DA FIGURA 88. É claro, pois, que os viryas perdidos que projeta-
ram as quatro portas do templo central tenham seu Eu extraviado objetivamente nos pontos
tetrarque do caminho LABRELIX por causa do aprisionamento espiritual pela chave genética.
A primeira pauta manda “ANALISAR A CENTRALIDADE DA RUNA ODAL” no
signo labirinto exterior considerado. Sempre com referência à Tirodinguiburr da figura 85, os
labirintos das figuras 87 e 88 revelam a deformação da arquêmona odal sua substituição por um
templo quadrangular por causa da perda do ângulo reto: o templo, não obstante, ainda conserva
a situação central da runa odal e ao mesmo só se pode chegar por uma rede de trilhas. Quer
dizer, parte do significado original se manteve, pois ainda existe uma entrada alfa (α) e uma
“saída” tau (τ) “para o céu” ou “para Deus” etc., representada pelo templo central. O que in-
gressa por alfa se vê igualmente submetido à sequência “busca, opção e escolha” ainda que,
logo ao achar o corredor conduzente ao centro beta, o ingresso ao templo não oferecerá ne-
nhum “Mistério” devido à abertura permanente que apresenta a porta χ. Como conclusão desta
análise pode-se diagnosticar que os labirintos das figuras 87 e 88 só são aptos para o Primeiro
Passo da solução de Wotan, “despertar e orientar”: a compreensão do significado “busca, opção
e escolha”, com efeito, desperta e orienta o virya perdido, e ainda poderia induzir a “gnose do
labirinto exterior”, quer dizer, permite completar o Primeiro Passo. No entanto, a perda do
segredo do ângulo reto e a ausência da runa odal no centro do labirinto impedem o emprego
do “princípio do isolamento do Eu”, a revelação da “saída secreta” na qual consiste o Segundo
Passo.
As consequências dessas deformações não poderiam ser mais negativas para o virya:
uma vez DESPERTO, quer dizer, consciente de seu extravio, e ORIENTADO na direção da
origem, no centro do labirinto não encontra mais a praça liberada desde a qual se observa a
Origem e se constrói a escadaria caracol até o ponto tau, mas um templo dedicado ao culto do

454
Uno, ou seja, uma proposição para dar o “grande salto” até o Princípio. Nos labirintos exteri-
ores do tipo das figuras 87 e 88, segundo a primeira pauta, o virya corre o seguro risco de
converter-se em iniciado sinarca e de ser incorporado à hierarquia Branca de Chang Shambala:
no lugar do “regresso à Origem” do Eu, a operação destes labirintos deformados conduzem o
sujeito anímico de volta ao Princípio do Arquétipo, causando o definitivo e irreversível escor-
rimento do Símbolo da Origem.

Figura 89
Indubitavelmente, um processo de degradação como o que estamos analisando não ia
deter-se no labirinto da figura 88. O seguinte passo da queda consistiu na exaltação do templo
central e na redução das trilhas conducentes às quatro portas χ: como se vê na figura 89, ali não
existe possibilidade de empregar o labirinto exterior para dar o Primeiro Passo da solução de
Wotan. O labirinto, apenas reconhecível neste YANTRA chamado SCHRY, já não oferece a
sequência de “busca, opção e escolha” ao virya perdido: já não há entrada alfa que conduza a
uma disjuntiva, nem corredor beta para a praça tau; só se conservam, em cada porta χ, dois
caminhos laterais que permitem o acesso direto ao templo central. Uma variante, ainda mais
exotérica, do Schry Yantra, eliminou finalmente os caminhos laterais gama (γ) e delta (δ), tal
como se mostra na figura 90: só fica aqui, da Tirodinguiburr original, os quatro ângulos entre

455
as portas χ, que apenas recordam a runa odal central.

Figura 90
Os Yantras das figuras 89 e 90, embora careçam de utilidade para a solução de Wotan,
ou talvez justamente por isso, são empregados ativamente nas técnicas de meditação do Kun-
dalini yoga, quer dizer, para a iniciação sinárquica. Por isso é que, na praça central, se deve
representar o símbolo sagrado do pasu: a espiral ou alguma matriz do desígnio caracol; ou um
chacra específico: o tapasigno de um órgão, por exemplo; procura-se com isso que a VOX do
logos Kundalini, ao circular pelo canal ELIX, recrie tal ou qual órgão afirmado com o Yantra,
ou faculte ao sujeito anímico o “grande salto” que o identifique com o Princípio dos Arquétipos,
com O Uno, e o transforme em iniciado sinarca.
Como os MANDALAS SIMPLES, ou Yantras, que emprega o Kundalini yoga são to-
dos derivados do Schry Yantra, aproveitaremos aqui para advertir sobre as nefastas consequên-
cias que pode ocasionar ao virya perdido seu uso operativo como “signo iniciático”. Comece-
mos por declarar que, COMO SIGNO INICIÁTICO, O LABIRINTO EXTERIOR DE
WOTAN É ESSENCIALMENTE OPOSTO AO MANDALA SIMPLES OU AO SCHRY
YANTRA (figura 89). Por quê? Resposta: porque enquanto Tirodinguiburr propicia a liberta-
ção do Espírito encadeado, possibilitando que o Eu se isole do sujeito consciente e se fortaleça

456
volitivamente, o Schry Yantra, pelo contrário, fortalece o sujeito anímico, EQUILIBRA a es-
trutura psíquica, e aumenta a submissão do Eu na imanência anímica. A seguir, o explicaremos
em mais detalhe.
Na Iniciação Hiperbórea, o objetivo proposto é a solução de Wotan: Primeiro Passo,
despertar e orientar mediante a compreensão de Tirodinguiburr; Segundo Passo, revelar a saída
secreta mediante a gnose do labirinto interior, gnose à qual se chega por indução noológica do
signo labirinto exterior. Tal gnose, que esclarece a situação do Eu com respeito à Origem, é um
ato estratégico e, portanto, guerreiro. Isto significa que a Origem, sua posição, não poderá ser
alcançada pacificamente, sem lutar, pois ENTRE O EU E A ORIGEM, SE ENCONTRA
SEMPRE O INIMIGO. Por isso a Sabedoria Hiperbórea propõe ao virya QUE DECLARE
ELE MESMO A GUERRA, PROJETANDO A LEI DO CERCO SOBRE A ARQUÊ-
MONA ODAL, ISOLANDO A PRAÇA TAU, E OCUPANDO-A NO KAIROS JUSTO:
COM O EU ISOLADO NESTE ESPAÇO ESTRATÉGICO, SERÁ POSSÍVEL, E SO-
MENTE A PARTIR DE ENTÃO, DIRIGIR-SE À ORIGEM E LIBERTAR O ESPÍRITO
CATIVO.
Na iniciação sinárquica, o objetivo proposto é a identificação com o Uno, mediante o
“grande salto” até o Princípio do Arquétipo. Este objetivo deve-se alcançar com o concurso de
técnicas da Kalachakra, que consistem principalmente em ministrar ao virya um signo iniciático,
geralmente um Schry Yantra ou uma Mandala quadrangular com um chacra central: aqui tam-
bém se conta com o princípio da INDUÇÃO para conseguir que a contemplação do Mandala
transfira interiormente sua estrutura sêmica. Mas o Mandala introduzido é um templo quadran-
gular em cujo centro se simbolizou um chacra: as técnicas do Kundalini yoga procuram que tal
chacra se situe sobre um chacra orgânico interior correspondente, por ação do “princípio de
seleção fonética”. Busca-se assim que a VOX do Logos Kundalini ajuste a função do órgão à
capacidade do chacra mandálico: desta forma, um yogi pode ir recriando e harmonizando todo
o microcosmo. É claro, então, que se o virya recebe um Mandala como “signo iniciático”, e não
o isola de imediato com o princípio do cerco, tarde ou cedo o interiorizará por indução psico-
lógica e porá a VOX em contato com a capacidade do chacra mandálico, com sua Palavra ou
bija característico; e este contato, pelo princípio da seleção fonética, ESTABILIZARÁ a função
daquele órgão que o Mandala reflete, quer dizer, FIXARÁ UM CHAKRA INTERIOR. No
caso de um Mandala quadrangular como o Schry Yantra, qual será este chacra interior FI-
XADO? Resposta: naturalmente, A TOTALIDADE PSÍQUICA. Todo Mandala deste tipo,
recebido como “símbolo iniciático”, quer dizer, conscientemente, qualquer que seja seu chacra
interior, É INTRODUZIDO COMO RECORTE DA ESTRUTURA CULTURAL, COMO
UM PERFIL SÊMICO QUE SE SOBREPÕE À REALIDADE POLISSÊMICA INTE-
RIOR, ALI ONDE CORRESPONDE OU ENCAIXA: ENTÃO, O CHAKRA MANDÁ-
LICO SE SITUA SOBRE O

457
CHAKRA ORGÂNICO, SEGUNDO SE EXPLICOU, ENQUANTO A QUA-
DRANGULARIDADE DO MANDALA SE SOBREPÕE À “QUADRANGULARI-
DADE DA ESFERA DE SOMBRA”, QUER DIZER, A TOTALIDADE PSÍQUICA. É
evidente que se o plano da estrutura psíquica é o símbolo sagrado do pasu, a espiral; e se agora
essa estrutura aparece enquadrada; então, no centro da quadrangularidade estará o centro da
espiral, o “centro de referência” da esfera de consciência ou esquema de si mesmo. Com outras
palavras, o centro do Mandala quadrangular ou Schry Yantra coincide com o centro do símbolo
sagrado do pasu, quer dizer, que ali radica um YOD, um ponto indiscernível, um Olho de
Abraxas.
O Mandala quadrangular ou Schry Yantra, de acordo com seu desenho, pode conter
símbolos correspondentes a algumas partes ou à totalidade da estrutura psíquica: quando é in-
troduzida, a VOX do logos microcósmico FIXA e ESTABILIZA esse conteúdo. Por isso se
deve afirmar, e o psiquiatra suíço C.G. Jung se encarregou de demonstrá-lo, que O MANDALA
É CURATIVO, quer dizer, que exerce um efeito terapêutico em sujeitos que padecem de esta-
dos psicóticos ou de DESEQUILÍBRIO MENTAL. Precisamente, um restabelecimento do
equilíbrio procede da função ENQUADRANTE E FIXADORA de conteúdos que cumpre o
Mandala ao aplicá-lo como recorte ou limite da estrutura cultural, reduzindo assim a ação do
inconsciente, radiando os mitos autônomos, e ASSINALANDO O “SELF”. Este “SELF”
junguiano, entretanto, NÃO É O SELBST da Sabedoria Hiperbórea, mas O “CENTRO DE
REFERÊNCIA” DO ESQUEMA DE SI MESMO, O YOD, O CENTRO DA ESPIRAL
QUE COINCIDE COM O CENTRO DO MANDALA: UM CENTRO QUE SE ACHA
DE TODO DISTANTE DO EU, PARTICULARMENTE SE O EU ESTÁ DE ALGUM
MODO REORIENTADO À ORIGEM. POIS BEM, A CURA MANDÁLICA, O EQUI-
LÍBRIO PSÍQUICO OBTIDO PELO ENQUADRAMENTO MANDÁLICO, DESORI-
ENTA DEFINITIVAMENTE AO EU DO SELBST E O APROXIMA AO “SELF”, AO
CENTRO DA ESPIRAL, QUER DIZER, O MERGULHA PROFUNDAMENTE NA
IMANÊNCIA DO SUJEITO CONSCIENTE. Tal é o efeito da CURA mandálica, em tudo
semelhante ao da iniciação sinárquica: um equilíbrio psíquico conseguido com base em um
enervamento do Eu, à submissão do Eu ao sujeito consciente; enfim, uma afirmação do aprisi-
onamento espiritual.
Para a Sabedoria Hiperbórea, essa “cura”, esse “equilíbrio restabelecido”, não é mais
que um novo e pior encadeamento ao organismo microcósmico porquanto uma distribuição
mandálica da estrutura psíquica implica EQUILÍBRIO “COM” DESORIENTAÇÃO; ESTA-
BILIDADE “NO” EXTRAVIO; HARMONIA “COM” DESCONCERTO, ETC. Pelo con-
trário, a Sabedoria Hiperbórea REQUER O DESEQUILÍBRIO para ser compreendida e apli-
cada em estratégias individuais de libertação. Mas não se trata, aqui, de esboçar um elogio da
psicose, mas de propugnar o desequilíbrio de Parsifal, o “louco puro” das sagas arturianas.

458
Em rigor da verdade, o fato de que é necessário começar por um desequilíbrio psíquico
para alcançar uma nova e superior consciência para alcançar uma nova e superior consciência
foi advertido pelo próprio C. G. Jung, quem escreveu em “O EU E O INCONSCIENTE”: “a
perda do equilíbrio a considero como coisa conveniente, já que substitui a consciência falida
por causa da atividade automática e instintiva do inconsciente, a qual se dirige ao estabeleci-
mento de um equilíbrio novo, META que saberá alcançar sempre que a consciência esteja ca-
pacitada para assimilar os conteúdos produzidos pelo inconsciente, quer dizer, para entendê-
los e elaborá-los”. Mas, qual seria esta meta que, segundo C.G. Jung, deve alcançar a consciên-
cia? Resposta: a “individuação do sujeito consciente”, a identificação do Eu com o “self” ou
centro do esquema de si mesmo. Por suposto, aqui se diferencia com o sábio suíço, pois, se
bem que a contemplação e introjeção da Mandala produzam efetivamente um “novo equilí-
brio”, longe está tal “fixação” da estrutura psíquica de favorecer a libertação espiritual: contra-
riamente, tal libertação se faz possível quando o Eu se distancia do centro de si mesmo ou
“self”, e se dirige ao selbst, igualando essa distância estratégica que significa o “símbolo labirinto
interior”.
Em resumo. O VIRYA NÃO DEVE ACEITAR A MANDALA COMO SÍMBOLO
INICIÁTICO POSTO QUE NÃO CONDUZA À LIBERTAÇÃO ESPIRITUAL E, EM
COMPENSAÇÃO, AUMENTA O APRISIONAMENTO AO ENQUADRA O EU NO
CENTRO DA ESTRUTURA PSÍQUICA MANDÁLICA. O LABIRINTO, PELO CON-
TRÁRIO, “DESEQUILIBRA” E REVELA A SITUAÇÃO INTERIOR, IMPELINDO AO
EU A BUSCAR A SAÍDA SECRETA.
A aplicação da primeira pauta na análise morfológica dos signos labirinto exterior indica
que o processo de degradação culmina com o desaparecimento da PRAÇA central tau e sua
recolocação por uma ENCRUZILHADA de caminhos: a figura 91 exemplifica este resultado.
Assim, o signo rúnico odal, que estava situado num princípio no centro do labirinto exterior
(figura 85), e que constituía uma arquêmona odal (figura 86) apta a projetar o princípio do cerco
e isolar uma praça no Valplads, foi deformado (figura 87) e transformado no plano mandálico
do templo (figuras 88, 89 e 90) tornando-o inútil para o Segundo Passo da solução de Wotan;
finalmente, o processo conclui quando a runa odal, em qualquer de suas variantes deformadas,
perde sua posição central e desaparece do signo labirinto exterior (figura 91). Em consequência,
a figura 91 representa o pior caso da série, quando a perda de centralidade da runa odal deter-
mina sua carência de significado e inoperância para os fins do Segundo Passo; não obstante,
este labirinto ainda resulta útil para o Primeiro Passo, pois representa a OPÇÃO inicial gamma
(γ) ou delta (δ): desses dois corredores, um (δ) conduz à encruzilhada central enquanto o outro
(γ) está fechado, ou seja, NÃO TEM SAÍDA. É claro que apesar da decadência deste signo
com respeito à Tirodinguiburr, não é difícil revelar o significado de “busca, opção e eleição” e,
portanto, induzir ao virya a dar o Primeiro Passo: DESPERTAR E ORIENTAR ao centro. A

459
DIFICULDADE PROCEDE DE QUE A “ORIENTAÇÃO” OBTIDA COM ESTE
SIGNO JÁ NÃO SE REFERE À PRAÇA TAU CENTRAL, E AO PONTO TAU, SENÃO
AO “SIGNO DA CRUZ”.

Figura 91

E4 – A Mandala de Shambala e a primeira pauta.

O processo de degradação que se descreveu em E3 não foi, portanto, casual. Pelo con-
trário, existiu desde tempos remotos, e se mantém até hoje, uma conspiração cultural contra o
símbolo sagrado do virya tendendo a causar sua degradação e mudança de significado: os auto-
res do plano destrutivo são, como de costume, os Siddhas Traidores; e os executores: os Mes-
tres da Hierarquia Branca e seus agentes da Sinarquia Universal. Tomando em consideração
este plano inimigo, é evidente que a deformação demonstrada pela primeira pauta não é um
produto casual da imaginação dos viryas perdidos, mas a concretização de um objetivo estraté-
gico: INTERESSAVA AOS SIDDHAS TRAIDORES, DESDE UM PRINCÍPIO, A SUBS-
TITUIÇÃO DA RUNA ODAL PELO TEMPLO QUADRANGULAR SCHRY YANTRA
NA POSIÇÃO “CENTRAL” DO SIGNO LABIRINTO EXTERIOR. Com outras palavras,
ante a impossibilidade de deter a divulgação de Tirodinguiburr entre as linhagens hiperbóreas,
os Siddhas Traidores planejaram sua deformação e adaptação à estratégia sinárquica, quer dizer,
se propuseram a modificar o símbolo sagrado do virya para que, em lugar de operar como
instrumento de libertação espiritual, operasse como REFORÇO do encadeamento espiritual e,
para esse fim, a mudança fundamental consistia em eliminar a runa odal, o Sagrado Nome de
Wotan, de sua posição central, e colocar em seu lugar o templo da figura 89. Já se explicou o
efeito “fixador” que exerce essa forma mandálica sobre a estrutura psíquica e não será difícil

460
compreender que o Eu acabará ainda mais aprisionado se o Primeiro Passo o refira ou ORI-
ENTE a ela. Mas o certo é que, ademais deste propósito de enquadrar e fixar existe um motivo
fundamental para dirigir a deformação do símbolo sagrado do virya no sentido assinalado:
ADAPTAR O LABIRINTO EXTERIOR À “FORMA MANDÁLICA DA CHAVE KA-
LACHAKRA”.
Eis aqui, sinteticamente, o que isto significa: PELA CHAVE KALACHAKRA O ES-
PÍRITO FOI ENCADEADO AO SUJEITO ANÍMICO DO PASU, MANIFESTANDO-
SE COMO UM “EU PERDIDO” QUE TRANSITA EXTRAVIADO EM UM CAMINHO
LABRELIX. POR TIRODINGUIBURR O EU PERDIDO PODE ORIENTAR-SE NO
CAMINHO LABRELIX E DESENCADEAR-SE DO SUJEITO ANÍMICO. A CHAVE
KALACHAKRA E TIRODINNGUIBURR SÃO, POIS, SIGNOS OPOSTOS: UM APRI-
SIONA ENQUANTO O OUTRO LIBERTA O ESPÍRITO. ENTENDE-SE, ENTÃO,
QUE O INTERESSE DOS SIDDHAS TRAIDORES ESTEJA CONCENTRADO EM
NEUTRALIZAR O PODER LIBERTADOR DE TIRODINGUIBURR. COMO SE NEU-
TRALIZA TIRODINGUIBURR? RESPOSTA: SUBSTITUINDO A ARQUÊMONA
ODAL PELO TEMPLO CENTRAL, QUER DIZER, TRANSFORMANDO TIRODIN-
GUIBURR EM UM SIGNO DA CHAVE KALACHAKRA.
A resposta será mais clara ao examinarmos as figuras 92 e 93, conhecidas como MAN-
DALAS DE SHAMBALA. Na realidade, estes “Mandalas” são representações da chave Kala-
chakra: basta comparar o templo quadrangular do centro dos Mandalas com a figura 89 e se
compreenderá como é possível neutralizar o signo Tirodinguiburr. O SÍMBOLO SAGRADO
DO VIRYA, TIRODINGUIBURR, SERÁ NEUTRALIZADO QUANDO A RUNA
ODAL, DESTINADA A “ISOLAR O EU”, SEJA SUBSTITUÍDA PELO TEMPLO QUA-
DRANGULAR, TETRÁRQUICO, CUJO FIM É ENQUADRAR O EU: A DEFORMA-
ÇÃO DE ODAL, E SUA CONFORMAÇÃO COMO TEMPLO CENTRAL, TEM POR
OBJETIVO TRANSFORMAR TIRODINGUIBURR EM UM SIGNO DA CHAVE KA-
LACHAKRA. Este é o verdadeiro motivo que demonstra a primeira pauta da análise morfo-
lógica.
Quanto aos “Mandalas de Shambala”, pode agregar-se que os mesmos representam a
visão do SISTEMA REAL KALACHAKRA. O círculo maior, em efeito, não é outra coisa
senão o TAPA-SIGNO do O.C.E., visto sobre a CÂMARA DE ENTRADA: O CÍRCULO
É, TAMBÉM, A SECÇÃO DA CONEXÃO DE SENTIDO OU REGISTRO CULTURAL
VISTO DESDE SUA DIMENSÃO COMPREENSÃO. O que nos mostra o círculo mandá-
lico das figuras 92 e 93 é, pois, uma “porta de Shambala”: o caminho a Chang Shambala começa
na “câmara de entrada” do registro real Kalachakra, quer dizer, no tapasigno (E). E deve ser
notado que, ao estar à extensão do sistema real “entre a terra e o Sol”, não é necessário colocar-

461
se em I.H.P.C. para enfrentar o tapasigno, pois “O SISTEMA REAL KALACHAKRA OFE-
RECE DE FRENTE SUA COMPREENSÃO”.

Figura 92
A Mandala é o signo da chave Kalachakra: fora da Mandala, ou seja, fora do sistema real
Kalachakra, está o mundo exterior do virya, seu contexto axiológico habitual; porém, nesse
“mundo exterior”, que integra ao céu e a Terra, vales e montanhas, NÃO SE TEM REPRE-
SENTADO O SOL: isso é devido a que o Sol se encontra no objeto cultural referente (O.C.R.)
do sistema real Kalachakra e, portanto, oculto por trás da Mandala, no estremo da EXTEN-
SÃO do Registro cultural. No sol está o O.C.R., o SÍMBOLO SAGRADO DO PASU, o
SIGNO ESPIRAL; esse é o sistema mais distante do Sistema real. No extremo mais próximo,
ou seja, na Terra, encontra-se o objeto cultural emergente (O.C.E.), ou seja, o Símbolo da Ori-

462
gem, REPRESENTADO NOS MANDALAS PELO TEMPLO QUADRANGULAR CEN-
TRAL:

Figura 93
E no centro do templo central, assinalado com um pequeno círculo, encontra-se sempre
o YOD, o Olho de Abraxas, o centro da espiral evolutiva, o “self” de C.G.Jung, o ponto mo-
narque atual, etc. Nesse ponto central, num tetrarque sobre um monarque (figura 93), está situ-
ado o Eu prisioneiro ao qual a arquêmona odal de Tirodinguiburr pretende isolar: é evidente
agora que tal pretensão será neutralizada se em lugar da odal se instale um templo central, posto
que deste modo, se terá transformado ao símbolo sagrado do virya numa representação da
chave Kalachakra.

463
E5 – Segunda pauta.

Os símbolos sagrados representam verdades metafísicas; o labirinto exterior Tirodin-


guiburr, por exemplo, ao estar interpretado arquetipicamente pelos signos rúnicos que o com-
põem, tem um significado metafísico que temos explicado. Consequentemente, a DEFORMA-
ÇÃO de um símbolo sagrado há de corresponder a uma modificação do significado, ou seja, a
uma deformação da verdade metafísica representada: um símbolo sagrado, obtido por trans-
formação de outro símbolo sagrado original, significará uma verdade metafísica analogamente
transformada de outra verdade metafísica original. Até a mínima variação na estrutura sêmica
de um símbolo sagrado tem um significado com relação à verdade original. Este esclarecimento
adquire particular relevância se nos remetermos a um caso concreto, por exemplo, ao labirinto
exterior da figura 87; o mesmo apresenta evidentes deformações em relação ao símbolo sagrado
original Tirodinguiburr (figura 85), mas o que SIGNIFICAM essas deformações? Resposta: as
deformações correspondem a uma cadeia de causas e efeitos cujo enunciado sintético é o se-
guinte: I) A PERDA DO SEGREDO DO ÂNGULO RETO CAUSA A DEFORMAÇÃO
DA ARQUÊMONA ODAL; II) A DEFORMAÇÃO DA ARQUÊMONA ODAL CON-
FORMA UM TEMPLO CENTRAL, DOTADO DE UMA PLURALIDADE DE PORTAS
PELAS QUAIS SE PODEM INGRESSAR SEM OBSTÁCULOS; III) A PLURALIDADE
DE ACESSOS AO TEMPLO CENTRAL CAUSA A DEFORMAÇÃO DA RUNA CON-
DUZENTE GIBURR, O TRIDENTE DE POSEIDON; IV) A DEFORMAÇÃO DE GI-
BURR CAUSA A APARIÇÃO DE DUAS ESVÁSTICAS CONDUZENTES OPOSTAS
(FIGURAS 87 E 88); V) O LABIRINTO POSSUI, POR ÚLTIMO, DUAS ENTRADAS
OPOSTAS ALFA, UMA EM CADA ESVÁSTICA, QUE CONDUZEM AO TEMPLO
CENTRAL, ATRÁS DE RESPECTIVAS BIFURCAÇÕES DE CAMINHOS.
Deste enunciado somente convém esclarecer a sentença IV, que expressa O CANON
HIPERBÓREO DA DUALIDADE E OPOSIÇÃO DE PRINCÍPIOS. Em efeito, segundo
a Sabedoria Hiperbórea, O PRINCÍPIO ÚNICO DA ORIENTAÇÃO DO EU ESTÁ RE-
PRESENTADO PELA RUNA GIBURR: QUANDO O EU PERDIDO, EXTRAVIADO
OBJETIVAMENTE NO CAMINHO LABRELIX, INGRESSA À PRAÇA TAU DA AR-
QUÊMONA ODAL DE TIRODINGUIBURRR, O FAZ TRANSITANDO PELA RUNA
GIBURR “COMO TRIDENTE DE POSEIDON”, OU SEJA, DESDE ALFA (α) ATÉ
BETA (β); O TRIDENTE DE POSEIDON É “A ARMA DOS SIDDHAS” E SOMENTE
SE ELES O DISPÕEM FRENTE À ODAL, NO KAIROS DA INICIAÇÃO, O EU PO-
DERÁ REALMENTE INGRESSAR NA ARQUÊMONA ODAL E SER ISOLADO DO
SUJEITO ANÍMICO. POR ISSO GIBURR REPRESENTA AO “PRINCÍPIO ÚNICO DA
ORIENTAÇÃO DO EU”: NÃO EXISTE OUTRO MODO, FORA DO TRÂNSITO
PELO TRIDENTE DE POSEIDON, DE ENCONTRAR A SAÍDA SECRETA QUE

464
CONDUZ À LIBERTAÇÃO DO ESPÍRITO. A TRANSFORMAÇÃO DA ARQUÊ-
MONA ODAL EM TEMPLO (I. II. III) CAUSA A TRANSFORMAÇÃO DO PRINCÍPIO
ÚNICO EM UM PAR DE PRINCÍPIOS OPOSTOS (IV), OU SEJA, A TRANSFORMA-
ÇÃO DA RUNA CONDUZENTE GIBURR EM DUAS RUNAS CONDUZENTES ES-
VÁSTICAS. PARA A SABEDORIA HIPERBÓREA, AS ESVÁSTICAS OPOSTAS APA-
RECEM QUANDO SE QUEBROU A UNIDADE DE GIBURR; EM CONSEQÜÊNCIA,
NINGUÉM PODE ORIENTAR-SE ESPIRITUALMENTE CONTANDO SOMENTE
COM UMA ESVÁSTICA; E SEQUER COM O PAR OPOSTO PODERÁ FAZÊ-LO SE
NÃO FOR CAPAZ DE SINTETIZÁ-LAS EM GIBURR, SE DA DUALIDADE DAS ES-
VÁSTICAS NÃO CHEGA AO PRINCÍPIO ÚNICO DE GIBURR, AO TRIDENTE DE
POSEIDON.
A segunda pauta exigia: ANALISAR SE A RUNA GIBURR FOI DECOMPOSTA
EM DUAS RUNAS ESVÁSTICAS OPOSTAS. Ao aplicar esta pauta na análise morfológica
dos signos labirinto exterior poderemos comprovar se o princípio único de orientação do Eu
foi partido em dois princípios opostos: se isso ocorreu, a conclusão imediata é que, com dito
signo, não será possível a orientação do Eu muito menos seu isolamento rúnico; pelo contrário,
uma, ou as duas suásticas, conduzem diretamente ao templo central, TAL COMO SE OB-
SERVA NO SCHRY YANTRA DA FIGURA 89 ONDE AS DUAS ESVÁSTICAS APA-
RECEM COMBINADAS PARA CONDUZIR ÀS QUATRO ENTRADAS DO TEMPLO:
“SOMENTE GIBURR, O TRIDENTE DE POSEIDON, É O PRINCÍPIO ÚNICO DE
ORIENTAÇÃO DO EU”.

E6 – Giburr, a arma do Cavaleiro Tirodal.

O Cavaleiro Tirodal é um virya cujo Eu foi isolado, durante o Kairos da Iniciação Hi-
perbórea, pela Sagrada Runa Tirodal. A ARMA do Cavaleiro Tirodal consiste na plasmação
interior da runa giburr na fenestra infernallis da runa odal: conforma-se, então, uma disposição
sêmica cuja representação análoga é a Tirodinguiburr da figura 85. Para visualizar a explicação,
suponhamos que o Eu de um Cavaleiro Tirodal se encontra isolado na praça tau de Tirodin-
guiburr: nesse caso, o Eu opera sobre a realidade exterior, sobre o sujeito consciente, ATRA-
VÉS DA FENESTRA INFERNALIS, ou seja, através do ângulo reto que dá ao corredor beta
(β) da runa giburr. É evidente que, vista desde o Eu isolado, a runa giburr tem o caráter de
ESPADA DE WOTAN (ver figura 62) e por isso, SENDO QUE O EU SE EXPRESSA POR
SEU INTERMÉDIO, SE DIZ QUE “A ARMA DO CAVALEIRO TIRODAL É A ES-
PADA DE WOTAN”. A Sabedoria Hiperbórea destaca, principalmente, três propriedades da
arma do Cavaleiro Tirodal: a espada de Wotan é, por sua vez, o verbo, o raio e a pedra do raio.
O “VERBO” por ser esta SUA EXPRESSÃO GUERREIRA: O VERBO DO CAVALEIRO
TIRODAL “É” A ESPADA DE WOTAN. O “RAIO” por ser o VERBO expressão da LÍN-

465
GUA DOS PÁSSAROS ( ), da língua Tirodal dos Siddhas Leais: O VERBO DO CAVA-
LEIRO TIRODAL É A ESPADA DE WOTAN, O RAIO. E a “PEDRA DO RAIO” porque
o Eu do Cavaleiro Tirodal aplica a técnica arquemônica projetando o polo infinito na fenestra
infernallis da runa odal, e a oposição estratégica sobre a espada de Wotan, giburr, que é então a
PEDRA DO RAIO, VRAJA: O VERBO DO CAVALEIRO TIRODAL É A ESPADA DE
WOTAN, O RAIO E A PEDRA DO RAIO.
Na Primeira Parte, afirmou-se que: AS ARMAS DO VIRYA SÃO AS RUNAS; e na
Segunda Parte, perguntou-se o seguinte: “qual era a missão de guerra que Cristo Lúcifer enco-
mendou a Wotan e que motivou sua decisão de fazer-se aprisionar na árvore Yggdrasil? Res-
posta: que dotasse aos viryas da raça branca, aos ários, de um arsenal de ARMAS SIMBÓLICAS
com as quais estes pudessem resignar os desígnios e tornar independentes das determinações
do Demiurgo. Estes signos, mais tarde seriam conhecidos como RUNAS...”. As RUNAS são,
pois, AS ARMAS DO VIRYA e acabamos de ver que a arma do Cavaleiro Tirodal, a espada
de Wotan, é a RUNA GIBURR. Mas, de acordo ao princípio cardeal, da Ética noológica, A
VERDADE DO VIRYA SÃO AS RUNAS. Unindo ambos os conceitos, a runa como verdade
e a runa como arma, entende-se facilmente outro princípio da Sabedoria Hiperbórea.

PARA O VIRYA, A VERDADE DA RUNA NÃO CRIADA


É A ARMA MAIS PODEROSA QUE EXISTE.

Quando o Cavaleiro Tirodal descarrega o raio de seu verbo com a espada de Wotan, a
ferida que infringe ao inimigo é um sinal impossível de apagar porque consiste na verdade ab-
soluta da runa não criada: ante ela, a falsidade essencial dos desígnios demiúrgicos fica em des-
coberto e sua resignação é inevitável.

E7 – Terceira pauta.

Depois da perda de centralidade da runa odal, que destaca a primeira pauta, e da parti-
cipação do princípio único de orientação do Eu, que descreve a segunda pauta, a mais impor-
tante deformação do signo labirinto exterior é a denominada: INVERSÃO RÚNICA, denun-
ciada pela terceira pauta. Esta deformação consiste em TRANSFORMAR UM SIGNO RÚ-
NICO “CONDUZENTE” EM “LIMITANTE” OU VIVE-VERSA: é o que ocorre na figura
91, onde a RUNA CONDUZENTE GIBURR se transformou em LIMITANTE. Em outras
palavras, a runa giburr, que na figura 85 consta de QUATRO PASSAGENS e uma ENCRU-
ZILHADA, na figura 91 aparece com traços cheios que assinalam a “parede limitante” das
passagens; deste modo, por “inversão rúnica”, no centro do labirinto situou-se agora a CRUZ
de giburr, um substituto abstrato do TEMPLO SHAMBÁLICO. É claro, então, que o labirinto

466
da figura 91, por inversão rúnica, é uma representação da chave Kalachakra e, portanto, um
instrumento fixador da estrutura psíquica e aprisionador do Eu.

E8 – Quarta pauta.

Apesar de suas deformações, todos os signos labirinto exterior analisados até agora
apresentaram uma característica comum: SUA RETILINEARIDADE. Tal propriedade per-
mite agrupá-los sob a denominação de LABIRINTOS RÚNICOS; contrariamente, a perda de
retilinearidade determina que os signos labirinto sejam qualificados de ESPIRIFORMES. Na
figura 94 podemos observar um signo labirinto exterior de trama análoga ao da figura 91, mas
carente da retilinearidade desta: assim, a figura 91 é um LABIRINTO RÚNICO enquanto que
a Figura 94 é sua versão ESPIRIFORME. A que se deve esta particular deformação? Resposta:
a influência do sujeito anímico. Em termos gerais, pode-se aceitar a seguinte lei: NA PRODU-
ÇÃO DE UM SÍMBOLO SAGRADO POR PARTE DE UM VIRYA, A INFLUÊNCIA
DO EU SE TRADUZ EM “RETILINEARIDADE RÚNICA”, QUER DIZER, EM UMA
TENDÊNCIA AO SÍMBOLO SAGRADO DO VIRYA; ENQUANTO QUE A IN-
FLUÊNCIA DO SUJEITO ANÍMICO SE MANIFESTA COMO “CURVATURA ESPI-
RIFORME”, QUER DIZER, COMO TENDÊNCIA AO SÍMBOLO SAGRADO DO
PASU. Daí que um signo rúnico como o da figura 91 possa perder sua retilinearidade e resultar
assemelhado ao signo espiral por influência de um sujeito anímico dominante, produzindo os
signos labirinto exterior que mostram as figuras 94 e 95.

Figura 94
O caso extremo de deformação na quarta pauta é o dos labirintos druídicos medievais,
que construíam nos pisos das catedrais góticas, um dos quais pode ser visto na figura 96. O

467
porquê se deve considerar a esse “labirinto” como o caso mais baixo da degradação e o mais
extremo da deformação não é difícil de explicar; além de não existir quase retilinearidade, ou
seja, de ser quase completamente espireforme, NESTE “LABIRINTO” NÃO EXISTE O
“EXTRAVIO OBJETIVO”: QUEM INGRESSA PELA ÚNICA ENTRADA ALFA (α),
PODE CHEGAR SEM OBSTÁCULOS ATÉ O CENTRO TAU COM SOMENTE PER-
CORRER O CAMINHO, QUE VAI E VEM, MAS N=QUE NÃO SE CORTA NUNCA;
NESTE “LABIRINTO”, NÃO É POSSÍVEL EXTRAVIAR-SE, NEM HÁ “BUSCA, OP-
ÇÃO E ELEIÇÃO”, POIS NÃO HÁ NENHUMA DISJUNÇÃO. TRATA-SE, POIS DE
UM CAMINHO ADISTÔMICO, UM CAMINHO QUE REPRESENTA A ELIX, A FUN-
ÇÃO CONTÍNUA DO PROGRESSO EVOLUTIVO DO SUJEITO ANÍMICO, E NÃO
UM CAMINHO QUE REPRESENTA A LABRELIX, TAL COMO O É TODO SIGNO
LABIRINTO EXTERIOR.

Figura 95

Figura 96

468
F – OS SÍMBOLOS SAGRADOS E O SÍMBOLO SAGRADO DO VIRYA.

Neste inciso definimos a Tirodinguiburr como o “símbolo sagrado” do virya. Entre-


tanto, é necessário esclarecer que este “símbolo sagrado” se diferencia de qualquer outro por
seu caráter rúnico, ou seja, NÃO ARQUETÍPICO. O que tal diferença significa PARA O
VIRYA se porá em evidência se recordarmos o efeito que os símbolos sagrados causam ao
emergir na esfera de luz DO PASU. Haverá que recorre, então, ao já visto na Primeira Parte.
Em primeiro lugar reparemos que “TODO SÍMBOLO QUE EMERGE NA ES-
FERA DE LUZ ATUA, FRENTE AO SUJEITO, COMO O REPRESENTANTE DE UM
ARQUÉTIPO, A SABER, O SÍMBOLO SE DESLOCA NUM PROCESSO EVOLUTIVO
QUE TENDE A UMA PERFEIÇÃO FINAL OU ENTELEQUIA; DURANTE TAL PRO-
CESSO O SÍMBOLO ALIENA A ATENÇÃO DO SUJEITO”. “O símbolo I’, por exemplo,
se estabiliza frente ao sujeito consciente no nível Ψ (ver figura 21). O nível de estabilidade de
toda representação consciente se alcança em um só movimento que começa na estrutura cultu-
ral; na figura 21, isto significa que o símbolo I’ emerge desde o plano de significação até o nível
Ψ’ EM UM SÓ MOVIMENTO, progressivo até Ψ e brusco até Ψ’: NO NÍVEL DE ESTA-
BILIDADE ACABA A EMERGÊNCIA E COMEÇA O PROCESSO. A estabilidade de
uma representação é vivenciada pelo sujeito como a “aparição” da imagem, como um símbolo
que de pronto emerge e se faz claro na consciência. Mas tal estabilidade não indica quietude
senão que assinala somente uma mudança na atividade do símbolo: a partir Dalí começa um
processo entelequial que pode ALIENAR completamente a atenção do sujeito, a menos que
este disponha de energia suficiente, ou seja: vontade, como para contra-atacar”. Em resumo,
“toda representação consciente, ao estabilizar-se, tenta desenvolver um processo enteléquia.
Isso se deve a que, por estar conformada por símbolos arquetípicos, se comporta de maneira
análoga à projeção no plano material dos Arquétipos universais e, como tal, tende até uma
enteléquia. Este processo é, na verdade, somente a continuação do movimento indicado nos
Arquétipos invertidos na memória arquetípica pela razão. Pode falar-se, com propriedade, de
um só fenômeno dividido em várias fases: fase 1 - atualização dos Arquétipos invertidos como
esquemas do ente; fase 2 – representação racional (do esquema do ente); fase 3 - emergência da
representação consciente; fase 4 – desenvolvimento do processo entelequial frente ao sujeito
consciente. Naturalmente, a fase 4 é sempre interrompida pela vontade do sujeito, para manter
o controle da consciência, uma vez que obteve suficiente conhecimento da representação por
sua visão eidética. A capacidade do sujeito consciente de atuar volitivamente para desviar a
atenção de uma representação é sinal de uma elevada evolução na estrutura psíquica do pasu,
pois tal afirmação do sujeito somente pode dar-se num esquema de si mesmo de grande com-
plexidade estrutural: em um esquema de si mesmo que, justamente, se integrou com represen-
tações que completaram sua enteléquia em ausência do sujeito e formaram parte, ainda que
desconhecida, da história do microcosmo”.

469
“Estamos, então, em que um sujeito consciente altamente evoluído há de ser capaz de
evitar o processo entelequial das representações, processo que estas tentam desenvolver por
serem, além das imagens que representam, símbolos arquetípicos em plena atualidade. Con-
tudo, existe um tipo de representação ante cuja ELEVADA ENERGIA o sujeito consciente,
ainda “o mais evoluído”, não só é volitivamente ineficaz senão que corre o risco de cair irrever-
sivelmente fragmentado ou ser definitivamente dissolvido. “Tão perigoso tipo de representação
se denomina MITO e sua imagem, SÍMBOLO SAGRADO”. Em que radica o PERIGO dos
símbolos sagrados para o sujeito consciente do pasu? Resposta: em que seu processo entelequial
se desloque SOBRE o sujeito consciente, tentando apoderar-se de sua vontade e tomar o con-
trole do microcosmo. Para observar este processo com mais detalhe há que se partir do caso
em que o sujeito consciente reflete sobre uma fantasia, causando sua interpretação racional pelo
sujeito anímico das estruturas inconscientes e seu mascaramento com um “símbolo sagrado
emergente”, tal como se explicou em H com o exemplo do Deus peixe-alado. Nesse caso,
quando emerge na esfera de luz o símbolo sagrado, “ENTÃO A FANTASIA DEIXA DE
INTERVIR NO FENÔMENO E SE AUSENTA DEFINITIVAMENTE DO PLANO
OBJETIVO”. Por quê? Resposta: Porque o mascaramento de um símbolo sagrado resulta
energeticamente insuperável para qualquer objeto ideal. Bem, toda representação consciente,
ainda aquela que mascara a uma fantasia, tenta deslocar num processo a potência de seus sím-
bolos arquetípicos, processo que, segundo vimos, aliena a atenção do sujeito consciente e põe
à prova sua força volitiva: O SÍMBOLO SAGRADO, COMO TODA REPRESENTAÇÃO
QUE MASCARA A UMA FANTASIA, INICIA UM PROCESSO ENTELEQUIAL AU-
TÔNOMO NO INSTANTE MESMO QUE IRROMPE NA ESFERA DE LUZ. Mas há
uma diferença entre ambos os processos, uma essencial e perigosa diferença: enquanto toda
representação está referida a si mesmo, ao esquema de si mesmo, quer dizer, à esfera de cons-
ciência, o símbolo sagrado se apresenta na esfera de luz, REFERIDO AO SUJEITO CONS-
CIENTE; ocorre assim porque o símbolo sagrado foi montado, de entrada, sobre uma fantasia,
sobre um objeto ideal sustentado essencialmente pelo sujeito. Isto se entenderá melhor se re-
cordarmos que toda fantasia representa objetos, ou situações objetivas, irreais, sem existência
no mundo exterior; tais objetos irreais, “objetos da fantasia” ou “fantasmas”, somente podem
existir na mente como produtos do sujeito consciente. O sujeito consciente sustenta a existência
da fantasia, por mais evidentemente irreal que seja seu conteúdo, e por isso o símbolo sagrado,
que se sobrepõe a ela, que dela recebe seu fundamento, resultam também essencialmente apon-
tado pelo sujeito consciente, referido a este”.
“Fica clara a diferença apontada: toda representação consciente, por sua primeira inten-
ção, está referida a si mesmo; as fantasias, em compensação, não possuem primeira intenção,
são produtos do sujeito consciente, “criações”, e estão sustentadas por este; o símbolo sagrado,
cuja emergência teve como origem a percepção de uma fantasia, se manifesta frente ao sujeito

470
consciente, EM SUBSTITUIÇÃO DA FANTASIA, como objeto de percepção. Em conse-
quência: sustentado por ele e referido a ele. Esta diferença referencial, que temos tratado de
esclarecer, implica um efeito diametralmente oposto causado pelos processos entelequiais. Se o
objeto ideal é uma representação, referida a si mesmo, SEU PROCESSO SE DESENVOL-
VERÁ FRENTE AO SUJEITO, COMO ESPETÁCULO; e o sujeito consciente, como es-
pectador, poderá ATENDER ou não a tal espetáculo: se deseja conhecer porá atenção ao pro-
cesso, mas sua energia volitiva lhe há de permitir interrompê-lo retirando a atenção, quitando-
lhe o presente. O SÍMBOLO SAGRADO PELO CONTRÁRIO, TENTARÁ DESLOCAR
SEU PROCESSO SOBRE ELE, ENVOLVENDO-O COMO ATOR E NÃO COMO
MERO ESPECTADOR”.
“O importante agora é compreender que os símbolos sagrados, desde o momento em
que se produz a emergência, transcendem o plano físico do microcosmo e PARTICIPAM DO
PLANO METAFÍSICO DO MACROCOSMO. Esta “participação metafísica” significa que
o símbolo sagrado representa tanto ao mito, ou símbolo arquetípico, estruturado no esquema
do microcosmo como a um Arquétipo psicóideo do macrocosmo: sua “verdade” é uma ver-
dade transcendente. Mas por que tal transcendência somente é possível QUANDO O SÍM-
BOLO SAGRADO EMERGE, quer dizer, quando se faz consciente, e não antes? Resposta:
Porque somente então, quando há “símbolo sagrado”, “representação de um mito”, se dá o
caso de que um símbolo arquetípico, situado no princípio da escala formativa do desígnio, seja
ATIVADO ENERGETICAMENTE POR SEPARADO: ao atualizar o símbolo sagrado se
desengancha uma série da cadeia; mas tal série somente pode existir por separado se PARTI-
CIPA de um Arquétipo universal e se for sustentada por este. Temos visto que o mito pode
FAGOCITAR ao sujeito cultural enquanto se encontre em seu contexto esquemático e en-
quanto o sujeito manifeste debilidade volitiva; mas se o sujeito se retira de seu contexto habitual
o mito não significa nada, inclusive o sujeito poderia ignorar toda a vida, e este é o mais comum,
a existência dos mitos estruturados. Mas, se um mito é representado fora de seu contexto, isso
equivale a separar a primeira série de uma cadeia evolutiva que vai do Arquétipo universal ao
ente, a saber, EQUIVALE A ATUALIZAR NO MICROCOSMO UM ARQUÉTIPO UNI-
VERSAL NO PRIMEIRO INSTANTE DE SEU DESLOCAMENTO EVOLUTIVO. De
modo que o símbolo sagrado, ao emergir na esfera de luz e substituir a fantasia como objeto de
percepção do sujeito consciente, ESTÁ PONDO AO SUJEITO CONSCIENTE NÃO EM
MERO CONTATO COM O MITO ESQUEMATIZADO, MAS COM UM ARQUÉTIPO
UNIVERSAL E, ATRAVÉS DELE, COM O DEMIURGO. É certo, então, que todo sím-
bolo sagrado, qualquer que seja seu significado, desde o complexo Zeus olímpico até a abstrata
cruz, representam ao Deus do Universo, ao Uno, ao Demiurgo cósmico: o símbolo sagrado,
em um fundo metafísico que há de transcender, participa, ou é a manifestação revelada da Von-
tade do Uno”.

471
“A Vontade do Demiurgo, presente por trás dos símbolos sagrados, explica por que
sua aparição frente ao sujeito consciente não causa jamais uma loucura do tipo descrito como
“primeiro fenômeno”. Aqui, pelo contrário, de uma regressão formal ao mundo primitivo do
mito, ocorre o “perigo” de converter-se em “representante de Deus na Terra”, profeta, enviado
divino, reformador social, herói, homem do destino, etc.; vale dizer, se corre o perigo de que o
sujeito anímico se identifique com uma função coletiva e cesse de evoluir como indivíduo. Tal
o “perigo” que corre o sujeito consciente se é fagocitado pelo símbolo sagrado; mas neste caso
trata-se de uma loucura “legal” necessária para os objetivos micro e macrocósmicos da finali-
dade do pasu”.
Agora bem, a afirmação de que “TODO SÍMBOLO SAGRADO REPRESENTA AO
UNO”, E TRANSMITE SUA VONTADE AO SUJEITO ANÍMICO, se refere, portanto, a
TODO SÍMBOLO SAGRADO PARA O PASU. No caso do virya, tal como se mencionou
no começo, seu “símbolo sagrado” Tirodinguiburr apresenta uma essencial diferença com re-
lação ais “símbolos sagrados para o pasu” que vínhamos considerando. Esta diferença se porá
de manifesto se nos referir aos símbolos sagrados INICIÁTICOS, ou seja, àqueles que são
empregados coletivamente para INICIAR a seus receptores no conhecimento de uma verdade
metafísica. Com tal motivo, o Iniciador COMUNICARÁ ao iniciado o símbolo sagrado e este,
por INDUÇÃO TRANSCENDENTAL, será capaz de colocar-se em contato com a “verdade
metafísica” que o símbolo sagrado representa. Quando isso ocorre se desenvolve um fenômeno
psíquico análogo ao que temos descrito no caso em que o símbolo sagrado mascara e substitui
a uma fantasia: o símbolo sagrado, revelado ao sujeito consciente por indução transcendental,
se desloca num processo evolutivo e tenta FAGOCITÁ-LO. E ESTE PROCESSO SE DE-
SENVOLVE INEVITAVELMENTE, TANTO SE O INICIADO É UM PASU COMO SE
TRATA DE UM VIRYA PERDIDO DEVIDO, NESTE ÚLTIMO CASO, A QUE O EU
PERDIDO SE ENCONTRA SUBMERSO NO SUJEITO CONSCIENTE, EXTRAVI-
ADO NO CAMINHO LABRELIX, E É INCAPAZ DE ORIENTAR-SE E SUBTRAIR-
SE DA AÇÃO DOMINANTE DO MITO.
Há de confirmar, assim, que TODO SÍMBOLO SAGRADO, inclusive Tirodinguiburr,
desenvolve na esfera de luz um processo entelequial sobre o sujeito consciente SE O MESMO
É COMUNICADO COMO SÍMBOLO INICIÁTICO: “Naturalmente, um símbolo sagrado
pode ser também dominado volitivamente pelo sujeito consciente, mas tal possibilidade é efe-
tivamente remota para o pasu e somente um tipo de virya, o “gracioso luciférico”, conseguirá
realmente deter seu processo”. O fato é que, por consistir numa configuração ARQUETÍPICA
de signos rúnicos, Tirodinguiburr se deslocará inevitavelmente sobre o sujeito consciente do
virya perdido pois, como símbolo sagrado do virya, será dado a conhecer por um Iniciador a
fim de procurar o Primeiro Passo da solução de Wotan: inclusive a identificação do sujeito
consciente com o símbolo sagrado é BUSCADA no Primeiro Passo, quando se introjeta o

472
labirinto exterior por indução para experimentar a gnose do labirinto interior. Mas, se Tirodin-
guiburr se comporta como os restantes símbolos sagrados, ou seja, se pode dominar ao sujeito
consciente do virya perdido e identificar-se com este, qual utilidade tem seu uso na Iniciação
Hiperbórea? Ou, em outras palavras, qual a diferença que guarda com os restantes símbolos
sagrados? Resposta: TIRODINGUIBURRR, EM EFEITO, SE DESLOCA EM UM PRO-
CESSO ENTELEQUIAL QUE ABSORVE COMPLETAMENTE AO SUJEITO CONS-
CIENTE, AO QUE ACOMPANHA SEM RESISTÊNCIA O EU PERDIDO; CON-
TUDO, A DIFERENÇA DE OUTROS SÍMBOLOS SAGRADOS, A IDENTIFICAÇÃO
COM TIRODINGUIBURRR CAUSA O “DESPERTAR” E A “ORIENTAÇÃO” DO EU
PERDIDO NO SEIO DO SUJEITO CONSCIENTE. VALE DIZER: QUANDO O SU-
JEITO CONSCIENTE SE CONFUNDE COM TIRODINGUIBURRR, QUANDO O SU-
JEITO CONSCIENTE “É” O SÍMBOLO SAGRADO, ENTÃO O EU PERDIDO FICA
NATURALMENTE SITUADO NO LABIRINTO INTERIOR E SE DESCOBRE EX-
TRAVIADO E DESORIENTADO; TAL DESCOBERTA É BRUSCA: O EU PERDIDO,
COMO SE “DESPERTARA” DE UM SONHO, ENCONTRA-SE SOBRE UM TETRAR-
QUE E “CONHECE” PELA PRIMEIRA VEZ A SEQÜÊNCIA BUSCA, OPÇÃO E
ELEIÇÃO. MAS O QUE É MAIS IMPORTANTE, AO DESPERTAR LOCALIZA
“FRENTE” A SI A PRAÇA TAU, A SAÍDA DO LABIRINTO, OU SEJA, O EU PER-
DIDO, DEPOIS DE “DESPERTAR”, SE “ORIENTA”. VIRÁ, NA CONTINUAÇÃO, A
BUSCA DA SAÍDA SECRETA, O CAMINHO À PRAÇA TAU, O SEGREDO DO ÂN-
GULO RETO QUE SOMENTE O SEGUNDO PASSO INICIÁTICO PODERÁ APON-
TAR. MAS ESSE É UM PROBLEMA QUE SE RESOLVE MEDIANTE A PRÁXIS DA
ÉTICA NOOLÓGICA, OU SEJA, ADOTANDO UMA “ATITUDE GRACIOSA LUCI-
FÉRICA”. O CONCRETO É QUE O PROCESSO ARQUETÍPICO DE TIRODINGUI-
BURRR, SUA FAGOCITAÇÃO DO SUJEITO CONSCIENTE, DESPERTA E ORI-
ENTA AO EU PERDIDO PORQUE O SITUA “FRENTE AO CENTRO DO LABI-
RINTO INTERIOR”, FRENTE À ARQUÊMONA ODAL: MAS, E ISTO HÁ DE
AFIRMÁ-LO FERREAMENTE, O ÚNICO SÍMBOLO SAGRADO QUE APRESENTA
SEMELHANTE QUALIDADE DE FACILITAR A LIBERTAÇÃO DO ESPÍRITO
APRISIONADO, DE DESPERTAR E ORIENTAR AO EU PERDIDO À ORIGEM, É
TIRODINGUIBURRR, O “SÍMBOLO SAGRADO DO VIRYA”. OS SÍMBOLOS SA-
GRADOS RESTANTES, QUAISQUER QUE SEJAM, SÃO ALTAMENTE PERIGOSOS
PARA O EU PERDIDO, POIS AUMENTAM SEU APRISIONAMENTO AO SITUÁLO
NO CENTRO DA QUADRICULARIDADE DE UM TEMPLO OU DE UMA ESPIRAL,
OU O DISSOLVEM AO CAUSAR O ESCORRIMENTO DO SÍMBOLO DA ORIGEM
DEPOIS DE IMPELIR AO SUJEITO CONSCIENTE A DAR O “GRANDE SALTO”
AO PRINCÍPIO ARQUETÍPICO.

473
É indubitável que Wotan, ao propor o Primeiro Passo da solução mediante Tirodingui-
burr, contou com seu processo entelequial já que o mesmo, a identificação do sujeito consciente
com o labirinto interior, OBRIGA ao sujeito consciente a CENTRALIZAR ao Eu perdido.
Todavia, se isto fosse tudo, se o Primeiro Passo se reduzisse somente ao processo de um sím-
bolo sagrado arquetípico, não haveria libertação possível; NÃO ACONTECE ASSIM, E A
LIBERTAÇÃO DO ESPÍRITO É UM FATO POSSÍVEL, PORQUE TIRODINGUI-
BURRR É UM SIGNO RÚNICO INTERPRETADO ARQUETIPICAMENTE: POR
EFEITO DO SISTEMA REAL KALACHAKRA, CONSTRUÍDO PELOS SIDDHAS
TRAIDORES, AS RUNAS NÃO CRIADAS DO SÍMBOLO DA ORIGEM ESTÃO RE-
LACIONADAS AO SÍMBOLO SAGRADO DO PASU, AO DESÍGNIO DO PASU, E
PODEM SER DESCRITAS COM SIGNOS RÚNICOS, COM SIGNOS QUE ADMITEM
UMA INTERPRETAÇÃO ARQUETÍPICA; SE ESTES SIGNOS ARQUETÍPICOS QUE
CONFORMAM A TIRODINGUIBURRR SE DESLOCAM NUM PROCESSO ENTELE-
QUIAL, EM NADA AFETAM COM ISSO AS RUNAS NÃO CRIADAS: ELAS PERMA-
NECEM ETERNAS E IMUTÁVEIS EM SUA INDETERMINAÇÃO ABSOLUTA. AS
RUNAS NÃO CRIADAS SÃO A VERDADE DO VIRYA E A ELAS SE DIRIGIRÁ O
EU, TRANSCENDENDO AS FORMAS ARQUETÍPICAS DE TIRODINGUIBURRR,
MEDIANTE UMA “ANÁLISE RÚNICA” QUE DESINTEGRARÁ A SUPERESTRU-
TURA DE CONEXÕES DE SENTIDO EXISTENTE ENTRE ELAS E OS SIGNOS RÚ-
NICOS. ENTÃO, A RUNA NÃO CRIADA FICARÁ EXPOSTA À APREENSÃO DO
EU E SEU ÊXTASE, NO KAIROS DA INICIAÇÃO HIPERBÓREA, LHE REVELARÁ
A SAÍDA SECRETA À PRAÇA TAU, O SEGREDO DO ÂNGULO RETO, E LHE CON-
CEDERÁ A IMORTALIDADE NA ARQUÊMONA ODAL: A PARTIR DALI, SUCES-
SIVOS ÊXTASES LHE PERMITIRÃO CONSTRUIR A ESCADA CARACOL À ORI-
GEM TAU E A ESCADA INFINITA AO SELBST, TRANSMUTANDO-SE EM VIRYA
DESPERTO, EM PONTÍFICE HIPERBÓREO E EM SIDDHA BERSERKER.
Já ficou clara a diferença que apresenta o símbolo sagrado do virya em relação aos “sím-
bolos sagrados para o pasu”: Tirodinguiburr, o labirinto exterior de Wotan, é o único símbolo
sagrado que facilita a libertação do Eu encadeado. Porém, os restantes símbolos sagrados são
potentes para deslocarem-se e fagocitar ao sujeito consciente do virya: se isto ocorre antes de
dar o Segundo Passo, o sujeito consciente, transformado em mito autônomo, impedirá sua
concretização. É evidente então que, após o Primeiro Passo, serão os símbolos sagrados as
máscaras do Demiurgo, os principais inimigos do virya, que tratarão de impedir a libertação do
Eu aprisionado, sua imortalidade na arquêmona odal. Como evitará o Eu, desperto e orientado,
a perseguição dos mitos, a possibilidade de que um deles fagocite ao sujeito consciente e dis-
solva ao Eu no engano e na ilusão? Resposta: APRESENTANDO FRENTE AOS SÍMBO-
LOS SAGRADOS, UMA ATITUDE GRACIOSA LUCIFÉRICA. Trata-se, pois, de praticar
a ATITUDE ÉTICA PRÉVIA, ao Segundo Passo, que descreve a Ética noológica e que se irá

474
definindo nos próximos artigos.
Primeira nota – Estando clara a diferença essencial que apresenta Tirodinguiburr, signo
rúnico, em relação a todo outro símbolo sagrado arquetípico, daqui por diante haverá de enten-
der que a expressão “SÍMBOLO SAGRADO” se refere a TODO SÍMBOLO SAGRADO
ARQUETÍPICO, INCLUINDO O SIGNO RÚNICO TIRODINGUIBURRR, mas que a
expressão “O SÍMBOLO SAGRADO DO VIRYA”, OU SIMPLESMENTE “TIRODIN-
GUIBURRR”, significa A REPRESENTAÇÃO KALACHAKRA DE TRÊS RUNAS NÃO
CRIADAS, ou seja, algo essencialmente diferente de “todo outro símbolo sagrado arquetípico”.
Segunda nota – FAGOCITAR é um verbo procedente da Fisiologia que expressa a ação
de um elemento orgânico chamado FAGÓCITO, presente no sangue e nos tecidos, cuja fun-
ção consiste em destruir as bactérias e corpos nocivos ou inúteis para o organismo. O modo
em que os fagócitos cumprem tal função, assimilando, incorporando a si o elemento oposto
descreve com grande eficácia uma ação semelhante cumprida pelos símbolos sagrados: A FA-
GOCITAÇÃO PSÍQUICA. Tal fagocitação ocorre, naturalmente, quando a vontade é insufi-
ciente para impedi-lo. Ainda que os termos “fagocitar” e “fagocitação” constituam um neolo-
gismo, os seguiremos empregando no sentido figurado para representar “a ação de sucção sobre
a energia psíquica” exercida pelos símbolos sagrados.
O significado em português literal seria: fagocitação = “sucção compenetrante”.

G – ÉTICA NOOLÓGICA E METAFÍSICA HIPERBÓREA.

Da Primeira Parte vamos citar os seguintes conceitos: define-se “a METAFÍSICA HI-


PERBÓREA como AQUELA CIÊNCIA CUJO OBJETO DE CONHECIMENTO SÃO
OS SÍMBOLOS SAGRADOS; em consequência: TODO SÍMBOLO SAGRADO É A RE-
PRESENTAÇÃO DE UMA VERDADE METAFÍSICA. Entretanto, a definição não será
completa se não assinalarmos sua principal condição: SOMENTE SE CONSIDERAM “OB-
JETOS METAFÍSICOS” OS SÍMBOLOS SAGRADOS QUE EMERGEM PELO UM-
BRAL DE CONSCIÊNCIA E SE ENFRENTAM AO SUJEITO CONSCIENTE, caso (a).
Um pouco que se medite sobre esta condição se compreenderá que a mesma faz da Metafísica
Hiperbórea UMA CIÊNCIA PRÓPRIA DA ESFERA DE LUZ, ou seja, UMA CIÊNCIA
DA CONSCIÊNCIA. Mas não haverá de confundir-se: que tal ciência seja “própria” da esfera
de luz não implica que seu âmbito de observação seja exclusivamente a esfera de luz; não dis-
semos “seu objeto de conhecimento é a esfera de luz”, senão que “seu objeto de conhecimento
são símbolos sagrados “QUE EMERGEM NA ESFERA DE LUZ”. Qual a diferença? Res-
posta: que, tal como se disse no artigo “H”, um símbolo sagrado é “não somente a representa-
ção de um mito, mas o termo de uma procissão de formas que arranca no Arquétipo universal

475
que está segundo sabemos, sustentado pela Vontade do Demiurgo”. Vale dizer: que um sím-
bolo sagrado, por haver sido separado da estrutura do desígnio, PARTICIPA ATIVAMENTE
DE UM ARQUÉTIPO UNIVERSAL. A Metafísica Hiperbórea, então, é uma ciência “própria
da esfera de luz”, mas cujo objeto de conhecimento é o símbolo sagrado, torna possível a trans-
cendência do microcosmo, pois estende seu âmbito de observação ao plano arquetípico do
macrocosmo. Por suposto, a Metafísica Hiperbórea somente pode ser praticada pelos viryas e
Siddhas já que nada parecido ao conhecimento dos Arquétipos universais está permitido ao
pasu”.
“Mas, se ao pasu lhe é vedada a possibilidade de transcender os símbolos sagrados, qual
sentido tem sua aparição? Por que o Demiurgo previu sua emergência? Resposta: por um mo-
tivo operacional. É o Demiurgo, através dos Arquétipos universais, quem se propõe OPERAR
SOBRE O PASU EM DETERMINADOS MOMENTOS DE SUA HISTÓRIA; e tal ope-
ração é possível porque os Arquétipos universais se manifestam nos símbolos sagrados e estes
participam daqueles. Eis aqui as possibilidades operacionais: ao símbolo sagrado emergiu como
representação de um mito, como efeito da racionalização de uma fantasia. Ou bem foi EN-
SINADO por um instrutor cultural, um Iniciador, e o pasu o A-PRENDEU: o que o sujeito
cultural tomou como impressão sensível e o percebeu o sujeito consciente como representação
consciente, a saber, como símbolo sagrado emergente da esfera de luz; ou, também, o símbolo
sagrado PODE TER SURGIDO NA SUPERESTRUTURA DO FATO CULTURAL EX-
TERIOR E TER SIDO CAPTADO COMO “DESCOBERTA”; etc. Em qualquer caso, sem
que influa a maneira como o símbolo sagrado tenha chegado a ser conhecido pelo pasu, o
efetivo é que ao “aparecer” na esfera de luz, indefectivelmente participará de um Arquétipo
psicóideo que exercerá sua ação sobre o sujeito. Agora, quais são esses “momentos determina-
dos” da história do pasu nos quais emergem os símbolos sagrados que permitem a operação
dos Arquétipos psicóideos, ou seja, durante os quais a vontade do sujeito está dominada por
uma vontade transcendente? Resposta: tais “momentos” próprios da história do pasu (mas que
não são alheios à História da comunidade sociocultural, posto que exista certo paralelismo entre
a estrutura cultural e as superestruturas de fatos culturais), SÃO MOMENTOS DE CRISE.
Os símbolos sagrados têm por função estender uma ponte sobre a crise, RELEVANDO AO
SUJEITO ANÍMICO EVOLUTIVO, À ALMA, POR UM INSTANTE OU POR TEMPO
MAIS PROLONGADO, DO CONTROLE DO MICROCOSMO. Mas isso acontece, natu-
ralmente, quando o sujeito carece de vontade para impor-se ao processo entelequial do símbolo
sagrado; justamente, os “momentos de crise” são aqueles nos quais o sujeito anímico está des-
falecendo, quiçá desesperado, sentindo que afunda irremediavelmente nas trevas de uma situa-
ção insuperável. ”
Pois bem, a Sabedoria Hiperbórea afirma que o Primeiro Passo da solução de Wotan

476
causa no sujeito consciente uma CRISE SUB-RUNA. Isto significa que o despertar e a orien-
tação do Eu perdido, sua localização frente à fenestra infernallis da arquêmona odal para buscar
a saída secreta, produzem no sujeito consciente a inequívoca sensação de que se interrompe sua
continuidade vital, de que a corrente temporal de consciência se detém e abisma durante alguns
instantes intermináveis: é quando emergem os símbolos sagrados mais perigosos, correspon-
dentes a mitos de extrema sedução, e acurralam, ao Eu orientado, contra a fenestra infernallis
da arquêmona odal; É ALI QUANDO O EU DEVE EXIBIR A ATITUDE GRACIOSA
LUCIFÉRICA, SUSPENDENDO A TENSÃO DRAMÁTICA, REDUZINDO A POTÊN-
CIA DO SÍMBOLO SAGRADO, E APROVEITANDO SUA DETENÇÃO PARA CO-
NHECER SUA “VERDADE METAFÍSICA”, PARA EXPLORAR O PLANO ARQUE-
TÍPICO INVERTENDO O SENTIDO DO SÍMBOLO, OU SEJA, PARA ROUBAR,
COMO PROMETEUS, O FOGO DO CÉU.
Todo virya que efetuou o Primeiro Passo da solução de Wotan deverá suportar a crise
sub-runa do sujeito consciente, e seus intentos consequentes de salvar o abismo mediante sím-
bolos sagrados emergentes. Analogamente, esta é a circunstância que lança a crise sub-runa: O
EU SE ENCONTRA “FRENTE” AO UMBRAL DE CONSCIÊNCIA, SUBMERSO
AINDA NO SUJEITO CONSCIENTE. ENTRETANTO, APESAR DE TER DADO O
PRIMEIRO PASSO DA SOLUÇÃO DE WOTAN, A GNOSE DO LABIRINTO INTE-
RIOR LHE PERMITIU ORIENTAR-SE E SITUAR-SE JUNTO À ARQUÊMONA
ODAL. COM RIGOR, O EU SE APÓIA NO ÂNGULO RETO BETA (FIGURA 86), EN-
QUANTO TRATA DE ACHAR A SAÍDA SECRETA, O SEGREDO DO PASSO À
PRAÇA TAU. ENQUANTO NÃO SE CONCENTRA NO SEGUNDO PASSO, O EU
ORIENTADO ESTÁ “APOIADO”, OU SEJA, “DE COSTAS” AO ÂNGULO RETO E
“DE FRENTE” AO UMBRAL DE CONSCIÊNCIA: É ENTÃO QUANDO SOBREVÉM
A CRISE SUB-RUNA DO SUJEITO CONSCIENTE. O SUJEITO CONSCIENTE EX-
PERIMENTA A SÚBITA INDEPENDÊNCIA DO EU, PRODUTO DO PRIMEIRO
PASSO, COMO RESISTÊNCIA INTERIOR DE SUA FORÇA VOLITIVA: POR ISSO SE
SENTE ALIENADO E DESFALECENDO. MAS ESSA “FORÇA PODEROSA” DO EU
PERDIDO, QUEM, EM SUA BUSCA DE ORIENTAÇÃO, ARRASTAVA AO SUJEITO
CONSCIENTE EM SENTIDO EVOLUTIVO, DE ACORDO AO OBJETIVO DA
CHAVE GENÉTICA. ASSIM, O EU ORIENTADO RESTA SUA FORÇA VOLITIVA
AO SUJEITO CONSCIENTE E ESTE EXPERIMENTA A CRISE SUB-RUNA. SUA RE-
AÇÃO É CONSEQÜENTE: RECLAMA UMA SALVAÇÃO, UMA AJUDA PARA SUPE-
RAR O MOMENTO CRÍTICO, UMA PONTE QUE UNA AS MARGENS DO ABISMO.
E A AJUDA NÃO SE FAZ ESPERAR PORQUE ESTÁ PREVISTA NO PLANO MICRO-
CÓSMICO DO DESÍGNIO PASU: SURGEM ENTÃO, DO PROFUNDO DA ESFERA
DE SOMBRA, OS SÍMBOLOS SAGRADOS. VÃO EMERGINDO NA ESFERA DE

477
LUZ DISTINTAS REPRESENTAÇÕES DE MITOS ESTRUTURADOS, QUE TEN-
TAM COMPLETAR SEU PROCESSO ENTELEQUIAL FAGOCITANDO AO SU-
JEITO CONSCIENTE E ASSUMINDO O CONTROLE DO MICROCOSMO: SE AO
MENOS UM DESTES SÍMBOLOS SAGRADOS CONCRETIZAR SEU PROPÓSITO, O
SUJEITO CONSCIENTE SE VERÁ LIVRE DA ANGÚSTIA CRÍTICA E, PELO CON-
TRÁRIO, SE SENTIRÁ FORTE E PODEROSO COMO UM DEUS. CLARO QUE ESTE
CAMINHO SOMENTE SIGNIFICA QUE O SUJEITO SE IDENTIFICOU COM UM
ARQUÉTIPO UNIVERSAL E QUE É O ARQUÉTIPO, O MITO, QUEM DOMINA O
MICROCOSMO. NATURALMENTE, EM UM CASO SEMELHANTE O EU ORIEN-
TADO ESTÁ PERDIDO POIS, SE NÃO CONSEGUIU DAR O SEGUNDO PASSO E
ISOLAR-SE NA ARQUÊMONA ODAL, SERÁ NOVAMENTE SUBMISSO NO SU-
JEITO CONSCIENTE, SUBMETIDO AO PIOR GRAU DE EXTRAVIO NO CAMI-
NHO LABRELIX: O MITO, E POR TRÁS DO MITO O DEMIURGO, SE ENCARRE-
GARAM DE EXTREMAR AS DETERMINAÇÕES DO ENGANO.
DAÍ SER UMA QUESTÃO DE CAPITAL IMPORTÂNCIA PARA O EU ORIEN-
TADO O MODO DE EVITAR O PROCESSO DOS SÍMBOLOS SAGRADOS: É POS-
SÍVEL TAL PRETENSÃO? NOVAMENTE, A RESPOSTA É: SIM. O EU É CAPAZ DE
CONTROLAR O PROCESSO DOS SÍMBOLOS SAGRADOS SE APRESENTA,
FRENTE A ELES, UMA “ATITUDE GRACIOSA LUCIFÉRICA”. EM OUTRAS PALA-
VRAS: QUANDO SOBREVÉM A CRISE SUBRUNA DO SUJEITO CONSCIENTE, O
EU ORIENTADO ENCONTRA-SE APOIADO NO ÂNGULO RETO DA ARQUÊ-
MONA ODAL E FRENTE AO UMBRAL DE CONSCIÊNCIA; EMERGE, ENTÃO,
FRENTE A ELE, UM SÍMBOLO SAGRADO QUE TENTA DESLOCAR-SE COM
GRANDE POTÊNCIA: SE ESTE DESLOCAMENTO SE CONCRETIZA, O EU ORI-
ENTADO ESTARÁ NOVAMENTE PERDIDO. MAS O EU CONSEGUE DETER SEU
PROCESSO, E AINDA INVERTER O SENTIDO PARA EXPLORAR SUA ESSÊNCIA
ARQUETÍPICA, APRESENTANDO UMA ATITUDE GRACIOSA LUCIFÉRICA.
Como vemos, a “atitude graciosa luciférica” é o comportamento do Eu orientado frente
aos símbolos sagrados, quer dizer, frente aos “objetos de conhecimento” da Metafísica Hiper-
bórea; isto equivale a afirmar que A ÉTICA NOOLÓGICA REQUER SER COMPREEN-
DIDA NUM CONTEXTO METAFÍSICO. A ética noológica é a resposta à pergunta que se
faz o Eu SOMENTE QUANDO ESTÁ ORIENTADO, ou seja, quando se encontra “APOI-
ADO NO ÂNGULO RETO E FRENTE AO UMBRAL DE CONSCIÊNCIA”; vale dizer,
crise sub-runa mediante, “APOIADO NO ÂNGULO RETO E FRENTE AO SÍMBOLO
SAGRADO EMERGENTE”; ou, com mais precisão, “APOIADO NO SÍMBOLO SA-
GRADO DO VIRYA E FRENTE AO SÍMBOLO EMERGENTE”. A pergunta ética fun-

478
damental, o que devo fazer?, a faz o Eu, então, por império do ATO ÉTICO FUNDAMEN-
TAL que consiste em estar “apoiado no símbolo sagrado do virya e frente ao símbolo emer-
gente”: este ato, cuja definição sintética é “O EU FRENTE AO SÍMBOLO SAGRADO” é,
claramente, um ATO METAFÍSICO.
POR CONSEGUINTE, A ÉTICA NOOLÓGICA SE REFERE EXCLUSIVA-
MENTE A UM “ATO INTERIOR”, O EU FRENTE AO SÍMBOLO SAGRADO, E NÃO
CONSIDERA NENHUM “ATO EXTERIOR”: DO FATO CULTURAL SÓ TOMA EM
CONSIDERAÇÃO AS REPRESENTAÇÕES CONSCIENTES QUE TENHAM ASSU-
MIDO A DIMENSÃO DE SÍMBOLOS SAGRADOS, POR EXEMPLO, OS SÍMBOLOS
INICIÁTICOS INTRODUZIDOS POR INDUÇÃO TRANSCENDENTAL. QUANTO
À CONDUTA DO VIRYA, A ÉTICA NOOLÓGICA SÓ DEFINE UM CASO DE COM-
PORTAMENTO EXTERIOR: AQUELE QUE CORRESPONDE A ATITUDE GRACI-
OSA LUCIFÉRICA INTERIOR E QUE SE DENOMINA “HONRA”. EM OUTRAS PA-
LAVRAS, QUALQUER FORMA DE EXPRESSÃO EXTERIOR É A MANIFESTAÇÃO
DE UMA FORÇA VOLITIVA DETERMINADA. QUANDO A FORÇA VOLITIVA
PROCEDE DO SUJEITO ANÍMICO, A EXPRESSÃO É “DOADORA DE SENTIDO”,
AFIRMADORA DO VALOR GERAL E PARTICULAR DOS OBJETOS CULTURAIS: A
ESTA EXPRESSÃO, QUE CUMPRE O OBJETIVO MACRO-CÓSMICO DA FINALI-
DADE DO PASU, A ÉTICA NOOLÓGICA NÃO CONSIDERA SOB NENHUM
PONTO DE VISTA; PELO CONTRÁRIO, QUANDO A FORÇA VOLITIVA PRO-
CEDE DO EU DESPERTO, ISTO É, QUANDO O EU APRESENTA UMA ATITUDE
GRACIOSA LUCIFÉRICA NO ATO ÉTICO FUNDAMENTAL, A EXPRESSÃO COR-
RESPONDENTE É A HONRA, AO QUE A ÉTICA NOOLÓGICA DEFINE ASSIM:
“A HONRA É O ATO DA VONTADE GRACIOSA”. AINDA QUE ESTA DEFINIÇÃO
SERÁ EXPLICADA SOMENTE NO PRÓXIMO INCISO, CONVÉM MENCIONAR
QUE NO VIRYA PERDIDO, E MESMO NO INICIADO HIPERBÓREO, A HONRA
NÃO É EXPRESSÃO PERMANENTE E QUE REQUER UM KAIROS: O KAIROS DA
HONRA, O MOMENTO ABSOLUTO EM QUE SE MANIFESTA O ESPÍRITO E O
VIRYA EXPRESSA A HOSTILIDADE ESSENCIAL. SOMENTE OS SIDDHAS LEAIS,
CUJA EXPRESSÃO PERMANENTE É A HOSTILIDADE ESSENCIAL À MATÉRIA
MACRO-CÓSMICA, ATUAM SEMPRE COM HONRA.
RESUMINDO, O ÚNICO ATO EXTERIOR DO VIRYA QUE COMPREENDE
A ÉTICA NOOLÓGICA É O KAIROS DA HONRA, A EXPRESSÃO QUE CORRES-
PONDE À ATITUDE GRACIOSA LUCIFÉRICA DO EU. ANTE O ATO ÉTICO FUN-
DAMENTAL, O EU FRENTE AO SÍMBOLO SAGRADO, O VIRYA SE PERGUNTA:
O QUE DEVO FAZER? A ÉTICA NOOLÓGICA, BASEANDO-SE EM SEU PRINCÍ-
PIO CARDEAL QUE ENUNCIA “A RUNA NÃO CRIADA É A VERDADE DO

479
VIRYA”, OFERECE UMA RESPOSTA: O EU DEVE APRESENTAR UMA ATITUDE
GRACIOSA LUCIFÉRICA. O EU PODERÁ EVITAR O PROCESSO DOS SÍMBOLOS
SAGRADOS E CONSEGUIRÁ ISOLAR-SE NA ARQUÊMONA ODAL, O CENTRO
DO LABIRINTO INTERIOR, E ENTÃO ATUARÁ COM HONRA, A ÚNICA MORAL
DO VIRYA.
A atitude graciosa luciférica será definida mais adiante, como própria de um tipo de virya
perdido: o gracioso luciférico. A ética noológica descreve a esse tipo, junto ao “lúdico” e o
“sacralizante”, como integrante de uma tipologia psicológica chamada ABERRO. Esta tipolo-
gia. Esta tipologia, que começará a se desenvolver à partir do seguinte artigo com a descrição
do “tipo lúdico”, se refere em todos os casos ao ATO ÉTICO do “EU FRENTE AO SÍM-
BOLO SAGRADO”. Assim, os três tipos básicos de virya perdido, lúdico, sacralizante e gra-
cioso luciférico, se definem pela atitude que o Eu perdido assume frente ao símbolo sagrado.

H – ATITUDE LÚDICA E DEGRADAÇÃO DOS SÍMBOLOS SAGRADOS.

No artigo “E” se analisou a deformação de uma série de signos labirinto exterior e se


demonstrou que todas as diferenças com relação a Tirodinguiburr respondem a um plano dos
Siddhas Traidores de Chang Shambala. O objetivo deste plano propõe, finalmente, mudar o
significado do signo labirinto exterior para evitar sua utilidade na solução de Wotan ao problema
do aprisionamento espiritual: pelo contrário, o símbolo sagrado do virya, degradado e defor-
mado, transformado em representação da chave Kalachakra, há de contribuir ao aprisiona-
mento espiritual. Quem são os encarregados de levar adiante este plano? Resposta: são os mes-
mos viryas perdidos quem, com sua ATITUDE LÚDICA, causam a DEGRADAÇÃO dos
símbolos sagrados e sua posterior DEFORMAÇÃO. Nesta, e nos artigos seguintes, vamos
descrever e estudar à partir de uma perspectiva ético-noológica; recordemos que o virya perdido
degrada os símbolos sagrados com sua atitude lúdica e que somente mediante uma atitude gra-
ciosa luciférica, “atitude ética prévia”, poderá dar o Segundo Passo que conduz à libertação
espiritual: para assumir esta última atitude deverá prescindir totalmente da atitude lúdica e res-
tituir aos símbolos sagrados seu significado metafísico.
Uma primeira ideia da atitude lúdica poderemos obtê-la a partir do Primeiro Passo da
solução de Wotan: há que se considerar, para isso, a possibilidade de que o virya NÃO EXE-
CUTE O PASSO INDUTIVO ENTRE O LABIRINTO EXTERIOR E O LABIRINTO
INTERIOR, LIMITANDO-SE, EM COMPENSAÇÃO, A PROJETAR O SUJEITO SO-
BRE O LABIRINTO EXTERIOR. A saber, que em lugar de introjetar a ideia “despertadora”
de “busca, opção e escolha”, e experimentar a “gnose do labirinto interior”, o virya projeta o
sujeito anímico sobre o labirinto exterior e JULGA resolver “o problema do labirinto”. Do
ponto de vista do virya lúdico, o labirinto exterior é um plano que mostra a rede de caminhos
DESDE CIMA e que pode ser ABARCADO COM UM GOLPE DE VISTA; assim, ainda

480
que sua visão revele a sequência “busca, opção e escolha”, nem por isso deixa de ser um projeto
exterior sobre o que o virya crê ingenuamente poder GANHAR assinalando as valas e obstá-
culos e percorrendo várias vezes os sinuosos caminhos com a vista, ou com um ponteiro, até
dar com a “saída”. Por suposto, quando o virya atua desse modo na realidade está JOGANDO
com o signo labirinto exterior, a saber, NEGANDO-LHE O CARÁTER DRAMÁTICO À
IDÉIA QUE ESTE INDUZ.
No geral, TODO JOGO REPRESENTA A DEGRADAÇÃO METAFÍSICA DE
UM CULTO CUJAS PRÁTICAS RITUAIS NÃO SE TENHA QUERIDO RENUNCIAR:
CONTINUA-SE, ENTÃO, PRATICANDO O RITO “COMO JOGO”, OU SEJA, NE-
GANDO SUA TRANSCENDÊNCIA METAFÍSICA ORIGINAL OU, O QUE DÁ NO
MESMO, TORNANDO-A INCONSCIENTE. E O PRODUTO DESSA “ATITUDE LÚ-
DICA” É A DEGRADAÇÃO E DEFORMAÇÃO DO SÍMBOLO SAGRADO QUE RE-
PRESENTAVA O CULTO, A PERDA DE SEU SIGNIFICADO METAFÍSICO. PELO
CONTRÁRIO, QUANDO O SÍMBOLO SAGRADO SE EMPREGA NÃO COMO
JOGO, MAS COMO SÍMBOLO INICIÁTICO A UM MISTÉRIO, OU COMO OBJETO
DE CULTO, SUA TRANSCENDÊNCIA METAFÍSICA É A ÚNICA EXPERIÊNCIA
POSSÍVEL.
No caso do símbolo sagrado do virya, a transcendência metafísica que outorga quando
é empregado no Primeiro Passo da solução de Wotan, procede de dar “um passo além” da
mera compreensão racional de seu significado, passo INDUTIVO que está naturalmente au-
sente na atitude lúdica. Tal passo consiste, literalmente, EM SALTAR AO INTERIOR DO
LABIRINTO INTERIOR, em converter-se em ator consciente do DRAMA de estar extravi-
ado em uma rede de caminhos e sem possibilidade de orientar-se neles. É então quando o virya
descobre, DRAMATICAMENTE, sua própria miséria espiritual, pois reconhece que se encon-
tra efetivamente extraviado num labirinto colossal. Este RE-CONHECIMENTO ocorre como
GNOSE, COMO UMA ILUMINAÇÃO SÚBITA DO Eu perdido, como recordação de san-
gue, e produz a aparição de uma urgente vontade de sair. Nesse momento se há efetivamente
saltado do labirinto exterior ao labirinto interior, atravessando a barreira de ilusão antiga: em
efeito, o engano da “liberdade”, ou do “arbítrio”, fica em evidência quando o Eu experimenta
“a gnose do labirinto interior”. Fica assim aniquilada a Estratégia cultural inimiga que criava a
ilusão de que é possível ser e fazer por si mesmo: a compreensão de que todos seus atos estão
determinados, condicionados pelos caminhos fixos que se devem obrigatoriamente percorrer,
desvanece essa ilusão.
Resumindo, recordemos que o “salto indutivo” que estamos mencionando, desde o
labirinto exterior ao labirinto interior, é a “transcendência metafísica” propriamente dita, o
passo que leva da simples contemplação de um símbolo sagrado até a íntima vivência da essên-
cia que este representa e que o sustenta internamente; os símbolos sagrados, como sabemos,

481
representam verdades metafísicas, ou seja, seres do plano arquetípico, Arquétipos universais,
Mitos, etc.,; o “salto indutivo” é, pois, também um trânsito inteligente da forma aparente do
símbolo sagrado até sua verdade metafísica.
No caso do labirinto exterior, um trânsito tal se dá entre “o externo”, o projetado e
desdobrado, o enfrentado à visão cognoscitiva, e “o interno”, o experimentado como vivência
do símbolo sagrado, como gnose de sua verdade metafísica: vivência, gnose, que implica a apre-
ensão do significado metafísico do símbolo sagrado, ou seja, o significado que lhe concede o
Arquétipo universal e seu contexto, e não uma mera compreensão conceitual, cujo significado
lógico racional radica na estrutura cultural. Quem atravessou deste modo os limites do símbolo
sagrado, e obteve a gnose de sua essência arquetípica SEM SER FAGOCITADO PELOS AR-
QUÉTIPOS UNIVERSAIS, possui um conhecimento metafísico que tem caráter de VER-
DADE MACRO-CÓSMICA, ou seja, caráter de conceito ou super conceito universal.
Agora bem, com respeito ao signo labirinto exterior, há de se insistir em que a “gnose
do labirinto interior” somente poderá alcançar-se quando o virya está disposto a dar o passo
“SÉRIO”, a transitar até o labirinto interior procurando a dramaticidade do extravio: caso con-
trário, não conseguirá concretizar o Primeiro Passo. Por quê?
Resposta: PORQUE NÃO É POSSÍVEL “JOGAR” COM A VERDADE METAFÍ-
SICA SEM DEGRADÁ-LA E DESVIRTUÁ-LA AO MESMO TEMPO. O que joga SABE
QUE NÃO É SÉRIO, não se entrega totalmente e, por isso, há de permanecer sempre rode-
ando a periferia do símbolo sagrado; a revelação de sua essência está vedada a ele.

I – A ATITUDE LÚDICA DO VIRYA PERDIDO.

Como se define a atitude lúdica? Resposta: A atitude de jogar consiste em criar uma
personagem imaginária, um reflexo de si, um desdobramento, ao que se submete às provas
necessárias SEM CONFUNDIR JAMAIS OS PAPÉIS. O jogador, então, coloca uma máscara,
se protege, e joga ATRAVÉS de sua personagem fictícia. Isto se comprova notavelmente no
xadrez, jogo no qual as peças representam figuras da vida humana que facilitam as projeções
do jogador: a peça do rei, por exemplo, é quem na verdade arrisca a cabeça durante as contendas
que se livram no tabuleiro, ou na alma do jogador; ainda que o jogador se identifique tempora-
riamente com a personagem, SABE A TODO O MOMENTO QUE NÃO É SÉRIO, que
sempre pode abandonar a luta e recuperar a segurança de sua própria personalidade. Mas nem
em todos os jogos as personagens se incorporam fora como no xadrez; em outros mais abstra-
tos, as fichas são movidas por uma única personagem: a máscara do jogador. E além dos jogos
propriamente ditos, aqueles que se convenciona que são tais, estão os acontecimentos, exterio-
res e interiores, que se encaram com atitude lúdica, EM GERAL, TODOS AQUELES NOS
QUAIS O JOGADOR DESCOBRIU UM OBJETO SÊMICO, UM SÍMBOLO QUE LHE

482
RESULTA IRRESISTIVELMENTE ATRATIVO, MAS COM O QUE NÃO DESEJA
RESPONSABILIZAR-SE DIRETAMENTE. Porque o jogador, paradoxalmente, é aquele
que NÃO SE JOGA, o que não corre riscos por si mesmo, senão por intermédio de uma
personagem irreal; jamais se atreveria a correr os perigos a que submete suas personagens e
sempre regressa à mediocridade da vida cotidiana, rotineira, mas “segura”. JOGADOR É, EN-
TÃO, QUEM TEME SAIR-SE DEFINITIVAMENTE DO ENGANO, romper o véu da
ilusão e confrontar as verdades que podem sobrevir. É irresponsável porque não deseja jogar-
se e joga para experimentar em suas personagens intermediárias as vivências que não se atreve
a viver diretamente.
Porém, devido à aparência vulgar da atitude lúdica, não é evidente que a mesma assinala
inequivocamente a propriedade do virya perdido; a atitude lúdica, em efeito, revela um funda-
mento estratégico: A INTUIÇÃO DO “CONFLITO” E DA POSSIBILIDADE, QUE POS-
SUEM OS CONTRÁRIOS, DE “GANHAR” OU “PERDER”. Recordemos a definição:
“TODO FATO HISTÓRICO, OU CULTURAL, É A MANIFESTAÇÃO DE UM AR-
QUÉTIPO PSICÓIDEO, OU MITO, MEDIANTE UMA SUPERESTRUTURA CUJOS
MEMBROS, HOMENS E OBJETOS CULTURAIS, EVOLUEM EM CONJUNTO ATÉ
SUA ENTELEQUIA”; mas a “evolução” do fato cultural tem um sentido determinado pela
síntese de todas as tensões entre os objetos culturais do contexto axiológico, tensões que são a
expressão dos “conflitos” entre os Arquétipos dos quais participam os objetos culturais: por
isso se disse na Primeira Parte: para o pasu “A GUERRA É O MODO COMO OS ARQUÉ-
TIPOS RESOLVEM SEUS CONFLITOS”; estes “conflitos” arquetípicos, cuja manifestação
são as tensões que se estabelecem entre os objetos culturais através das conexões de sentido,
configuram uma trama dramática denominada ARGUMENTO KÁRMICO pelos Senhores
do Carma, ou seja, pelos Siddhas traidores de Chang Shambala; e no argumento cármico inter-
vém o pasu inconscientemente, desempenhando um papel predestinado, atuando em represen-
tações dos Arquétipos e participando de seus “conflitos”: MAS O PASU DEVE ATUAR NO
DRAMA SEM SUSPEITAR JAMAIS O ARGUMENTO KÁRMICO, NEM MESMO SUA
EXISTÊNCIA; DO CONTRÁRIO, SE DEBILITARIAM AS TENSÕES DRAMÁTICAS
E O ARQUÉTIPO ASTRAL PERDERIA POTÊNCIA PARA CAPTURAR AO PASU NA
SUPERESTRUTURA DO FATO CULTURAL. ASSIM, IGNORANDO AS TENSÕES
ARGUMENTAIS QUE O IMPELEM, O PASU TOMA PARTE ATIVA NOS CONFLI-
TOS ARQUETÍPICOS E “LUTA PELA VIDA”, OU SEJA, LUTA POR VIVER OU SO-
BREVIVER. O virya perdido, em contrapartida, apresenta duas atitudes típicas: “normal-
mente”, ou seja, quando o Eu perdido se encontra submerso no sujeito consciente e não ma-
nifesta senão sua força volitiva, o virya é ator inconsciente e ignora, como o pasu, os conflitos
arquetípicos: as situações conflitantes da vida, a polêmica ou a guerra, o arrastam sempre como
protagonista ativo sem que chegue a perguntar-se sobre sua essência nem a suspeitar do argu-
mento cármico; a segunda atitude é a já adiantada: o virya intui o conflito e a possibilidade que

483
tem os contrários de ganhar ou perder; tal intuição é notadamente noológica, fincada pelo Eu
no sujeito sobreposta à força volitiva, e causa um estado de crise no sujeito consciente; o sujeito,
de pronto, adverte o fundamento conflitante dos acontecimentos e reage com angústia e temor:
temor ao confronto e seus resultados, temor em “perder”. Nesse segundo caso, do qual nos
ocuparemos adiante, a crise do sujeito se resolve por meio de algum símbolo emergente que
CALA A VOZ DO EU e elimina a fonte da angústia; cessa, então, a causa de alarme do sujeito,
a intuição do conflito arquetípico, do argumento arquetípico, e a “normalidade” da ignorância
retorna à vida do virya perdido. O seguinte passo consiste em tomar partido e intervir ativa-
mente na luta, definindo um sentido particular no contexto axiológico, ou seja, integrando-se
na superestrutura do fato cultural.
Mas nem todos dão este passo. O motivo é que em alguns viryas a intuição metafísica
do conflito arquetípico, interpretada em termos sêmicos pelo sujeito cultural, resulta numa ex-
periência extremamente atrativa: ocorre, então, que o Eu expressa atração pelo conflito ou por
seus símbolos representativos, enquanto que o sujeito experimenta o temor antes descrito; sem
que lhe seja possível calar completamente a expressão do Eu. Desta tensão entre o Eu e o
sujeito consciente surge como resultado a atitude lúdica. Em outras palavras, muitos viryas per-
didos preferem NÃO SE COMPROMETER no conflito, cedendo ao temor do sujeito aní-
mico, mas, não conseguindo subtrair-se ao desejo de participar do conflito ou de seus símbolos
por influência do Eu, adotam um disfarce cultural e JOGAM AO CONFLITO, deixando a
seus títeres a tarefa de resolvê-lo.
Basicamente o jogador, reconhecedor do conflito, procura evitar que este se instale em
sua própria vida, porque É CONSCIENTE DAS POSSIBILIDADES EM QUE SE DEBA-
TEM OS CONTRÁRIOS: GANHAR OU PERDER. E ELE NÃO DESEJA PERDER. O
jogador TEME perder na vida e por isso jamais joga SÉRIO, preferindo esconder-se atrás de
suas máscaras lúdicas que são quem assumem efetivamente os riscos do confronto. Por quê?
Resposta: PORQUE O CONFLITO LHE ATRAI E DESEJA GANHAR SEM CORRER,
PARA ISSO, RISCOS REAIS. O jogo satisfaz essa paixão, pois permite enfrentar-se, pelo
tempo de duração de um “MATCH GAME”, com um adversário fingido e circunstancial, ante
quem se arriscarão somente elementos simbólicos, ou seja, objetos culturais dotados de valor
geral: pontos, fichas, dinheiro, etc. Vale dizer: NO JOGO NÃO SE ARRISCA NADA DE SI,
“nem tanto de si”, senão tantos fictícios, objetos culturais que não comprometem a situação
estratégica interior do Eu; O JOGO NÃO MODIFICA AO JOGADOR, NÃO LHE AJUDA
A REORIENTAR-SE EM DIREÇÃO À ORIGEM.
Sintetizando a definição, O JOGADOR É QUEM INTUIU A REALIDADE DO
CONFLITO E SUAS POSSIBILIDADES: GANHAR OU PERDER. MAS, NÃO ES-
TANDO DISPOSTO A COMPROMETER-SE CONCRETAMENTE NUM CONFLITO

484
VERDADEIRO, POR TEMOR NÃO CONFESSO DE PERDER, TAMPOUCO RE-
NUNCIAR À PAIXÃO DE GANHAR, DECIDE “JOGAR” À POLÊMICA OU À
GUERRA, PARTICIPA EM UMA CONTENDA SIMULADA NA QUAL SE SENTE SE-
GURO PORQUE “SABE QUE NÃO É SÉRIO”, QUE AS PERDAS, EM TODO CASO,
SERÃO OBJETOS CULTURAIS SUBSTANCIALMENTE DIFERENTES DE SEU
CORPO, ALMA OU ESPÍRITO.
É importante destacar que o jogador sempre é consciente de que o jogo tem um fim,
que conclui indefectivelmente depois de um tempo pré-fixado ao cabo do qual recupera sua
própria personalidade: por isso se sente SEGURO. Fora do jogo, que por outra parte pode
abandonar a qualquer momento, está a “normalidade”, o estado no qual há de permanecer
indefinidamente. Esta “normalidade”, na qual transcorre fatalmente sua vida, é o contexto axi-
ológico do jogador, a superestrutura cultural onde representa um papel fixo do argumento cár-
mico. Na realidade jamais abandona esse mundo cultural, pois, ao jogar, somente simula ausen-
tar-se dele, disfarçando-se por breves momentos em personagem ou partido, PROJETANDO
SUA PAIXÃO POR CONFLITOS EM OBJETOS CULTURAIS, MÁSCARAS E MARIO-
NETES.
O que significa esta atitude do jogador em NÃO SE COMPROMETER com o conflito
real e sua intervenção, por sua vez, em confrontos simulados? Resposta: que O JOGADOR
“ENQUADROU” O CONFLITO DENTRO DOS LIMITES DO JOGO E QUE O LAN-
ÇOU EM “TERMOS SIMBÓLICOS”. Como se vê, trata-se de uma operação muito mais
complexa do que permite supor a vulgaridade da atitude lúdica.
O ENQUADRAR do conflito é necessário para oferecer SEGURANÇA ao jogador:
fora do marco lúdico está a “normalidade” do mundo cultural. Na área, espacial ou psicológica,
de tal enquadrar há de suceder um conflito simulado, irreal, onde se enfrentam os representan-
tes simbólicos dos jogadores. E é a estes símbolos, se pretendemos compreender a atitude lú-
dica do virya perdido, a quem devemos prestar especial atenção.
Em efeito, os símbolos em jogo no jogo de onde vieram? Porque é evidente que eles
“tiveram de vir” à área enquadrada do conflito, toda vez que o jogador não abandona nem por
um instante seu próprio mundo “normal”; justamente, segundo se explicou, joga para perma-
necer nele sem renunciar à paixão do conflito. Uma resposta geral já foi adiantada em “H”
quando se enunciou: “todo jogo representa a degradação metafísica de um culto cujas práticas
rituais não se queiram renunciar”: continua-se, então, praticando o rito “como jogo”, ou seja,
negando sua transcendência metafísica original ou, o que dá na mesma, tornando-o inconsci-
ente. Referíamo-nos ali, portanto, aos jogos “tradicionais”, tais como o xadrez ou os dados,
constituídos por um conjunto de símbolos ou objetos culturais que devem operar de acordo a
certas regras. Com tais regras se institui um argumento lúdico que regula o comportamento dos

485
símbolos que se enfrentam durante a partida; com o PRINCÍPIO DO CERCO, por sua pro-
jeção, se enquadra na área onde se dará o conflito simulado.

J – PROMOÇÃO SINÁRQUICA DA ATITUDE LÚDICA.

Referimo-nos aos jogos “tradicionais” para exemplificar “em geral”, mas aqui vamos
destacar que EM PARTICULAR a atitude lúdica é adotada pelo virya perdido em múltiplas
situações da vida corrente; não se trata destes casos de antigos cultos degradados, mas de acon-
tecimentos atuais em que o virya perdido REDUZ aos termos de um jogo, ou seja, os enquadra
e os lança como um conflito simulado. Para que o faz? Resposta: em particular, o virya perdido
encara “como um jogo” AQUELES FATOS CULTURAIS AOS QUE DESEJA ESVAZIAR
DE CONTEÚDO DRAMÁTICO: PROCURA, ASSIM, PARTICIPAR DO FATO CUL-
TURAL, MAS SEM ASSUMIR COMPROMISSO OU RESPONSABILIDADE ALGUMA,
TIRANDO A “SERIEDADE” DO PAPEL PROTAGONIZADO. Por exemplo, todos nós
conhecemos sujeitos “Don Juans” que JOGAM com as mulheres simulando toda sorte de afe-
tos, mas que fogem ante o menor sinal de “obrigação”, ou seja, de “seriedade” na relação. E
como este existe toda uma espécie de tipos psicológicos correspondentes a sujeitos irresponsá-
veis a outros símbolos além do símbolo “da mulher”: por exemplo, “o emprego”, “o lar”, “os
empréstimos”, “a pátria”, etc., são conceitos que habitualmente se enquadram em termos lúdi-
cos, a saber, todo fato que tomado “seriamente” imponha certa obrigação. O jogador nestes
casos tenta evadir qualquer compromisso que o ligue ao fato, tirando deste “toda seriedade”,
negando seu caráter dramático e vivenciando-o “como um jogo”.
Cumprem-se, então, as condições da atitude lúdica: enquadramento do conflito dentro
dos limites do jogo seu traço em termos simbólicos. No exemplo anterior, o Don Juan “enqua-
dra o conflito” em torno de uma mulher-símbolo: o jogo consiste em seduzi-la, apresentando-
se a ela vestido de uma máscara agradável; “se ganha” se a mulher símbolo se entrega a seu
títere; perde-se em caso contrário.
Para a Sabedoria Hiperbórea, de acordo à Ética noológica, demonstrar uma atitude lú-
dica pela vida significa um autêntico suicídio estratégico: AO NEGAR O CARÁTER DRA-
MÁTICO AO FATO CULTURAL SE ESTÁ DESCONHECENDO O PROCESSO AR-
QUETÍPICO QUE O PRODUZ E SUA EVOLUÇÃO À ENTELEQUIA, FINALIDADE
QUE REPRESENTA PARA O ESPÍRITO CATIVO UMA “CATÁSTROFE”. A atitude
lúdica pela vida produz um daltonismo gnosiológico que é característico no virya perdido e uma
das causas principais de sua confusão estratégica. Mas a atitude lúdica será difícil de largar, pois
a Cultura Ocidental, habilmente dirigida pela Sinarquia, a promove em todos os níveis da edu-
cação como “meio adequado para aperfeiçoar a capacidade de decidir”. Em efeito: existe uma
complexa teoria matemática dos jogos que, com o concurso de computadores eletrônicos, per-
mite investigar modelos semelhantes de situações ou fatos reais. Os “negócios”, business game,

486
ou a “guerra”, war game, podem simular num jogo cibernético, por exemplo, o que, desenvol-
vido a grande velocidade, permite “antecipar” uma infinidade de variantes prováveis e validar
alternativas. Baseando-se em tais métodos cibernéticos, e na crença de que a opção que tem um
jogador é efetivamente uma “decisão”, inventou-se uma teoria das decisões a qual pomposa-
mente se denomina “estratégia”. Nem é necessário dizer que a origem desta escola foi nos
Estados Unidos e que seus conceitos têm hoje aceitação universal. Vemos, assim, “executivos”
de bancos ou de empresas multinacionais, militares e diplomatas, que usam a “estratégia” do
jogo em todas as suas “decisões”. Mas estes jogadores de alto nível, que hoje dirigem o mundo,
são gnosiologicamente daltônicos: suas “decisões máximas” somente beneficiam a Sinarquia. E
mais abaixo dos “executivos estrategos”, pragmáticos e sem escrúpulos para “ganhar” dinheiro,
o ocidente capitalista seguindo o modelo do American way of Life produz diariamente milhões
de novos jogadores daltônicos, viryas perdidos que se incorporam à vida dispostos a “competir”
para “ganhar”. Naturalmente, a amoralidade de um modo de vida que induz a seus participantes
a competir “como num jogo”, um jogo no qual para demonstrar destreza há que se destruir
efetivamente ao adversário, está à vista. Assim, qualquer um pode cair no enquadrar de um jogo
alheio, estabelecido por um jogador que ambiciona ganhar dinheiro-símbolo ou prestígio-sím-
bolo, e ser destruído sem piedade. E este crime é lícito, inclusive fomentado e alentado pela
sociedade ocidental, caso cometido no marco de um business game, por exemplo.
Somente agregaremos uma palavra sobre a falácia com que se pretende justificar a ati-
tude lúdica pela vida. Esta falácia é a tão famosa “capacidade de decisão” que disporiam os
executivos (businessman, diplomatas, políticos, juristas, diretores, etc.) ocidentais pelo fato so-
mente de terem “competido” toda a vida até galgar a uma “alta posição”. A verdade é que
quando o enquadrar lúdico se efetua “sobre a sociedade”, tal marco acaba sustentado por uma
superestrutura de fatos culturais. Ou seja: por Arquétipos Astrais que procuram deslocar-se
durante o match game, CAPTURAM AO JOGADOR E DETERMINAM AS “OPÇÕES”,
DE MANEIRA QUE QUALQUER QUE SEJA A DECISÃO, SEMPRE FAVOREÇA A
EVOLUÇÃO KÁRMICA. Como o esperado, então, de cidadãos competentes, formados em
uma filosofia de vida lúdica, competitiva e amoral, SUAS “DECISÕES” SÃO COMPLETA-
MENTE ILUSÓRIAS, ESSENCIALMENTE DETERMINADAS PELAS “REGRAS DO
JOGO” – político, militar, diplomático, econômico, etc. E essa ilusão de “decidir”, vaidosa
crença, a padecem, por exemplo, todos os que optam entre “pagar ou não um crédito”, “de-
volver ou não um livro” (jogo do empréstimo), como o que “decide” obter por meio de uma
dádiva, o “favor” de outra pessoa, que “decide” também entre aceitar ou não (jogo do suborno);
assim como o governante que “decide” aliar-se com tal ou qual linha da Sinarquia (jogo da
diplomacia), etc. Estas não são decisões verdadeiras, pois as opções são falsas. Somente pode
decidir aquele que escolhe livremente e esta condição não a pode exibir ninguém que se encon-
tre integrado à superestrutura dos fatos culturais. Por isso a Sabedoria Hiperbórea afirma que
somente está capacitado a decidir aquele que tenha superado todos os enquadres lúdicos da

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realidade, que tenha dado esse “Segundo Passo” da solução de Wotan que permite conhecer
gnosiologicamente o Engano do mundo material, ou seja, quem se tenha convertido em Inici-
ado Hiperbóreo; uma verdadeira decisão é, por exemplo, a que tomou o Führer quando decla-
rou a Guerra Total à Potência da Matéria, ou a de Lúcifer quando desceu o Gral para que
divinizasse as linhagens hiperbóreas.

K – PLANO SINÁRQUICO CONTRA O SÍMBOLO SAGRADO DO VIRYA.

Devemos advertir agora que dedicamos tantos artigos a descrever a atitude lúdica do
virya perdido por existir um importante motivo. Tal motivo, que já foi adiantado ao demonstrar
a deformação dos signos labirinto exterior, é o propósito de expor o plano que a Sinarquia está
levando a cabo para destruir ao último símbolo sagrado iniciático que ainda dispõem as linha-
gens hiperbóreas, ou seja, o labirinto exterior de Wotan, Tirodinguiburr, e algumas de suas
variantes culturais. Mas como se “destrói” um símbolo sagrado? Resposta: degradando-o, bai-
xando-o de plano, isolando-o metafisicamente, exaltando a forma por sobre a essência, MU-
DANDO SEU SIGNIFICADO por deformação, etc. Pronto, teremos a oportunidade de es-
tudar de que maneira se faz efetiva tal corrupção. Neste momento tenhamos presente que A
SINARQUIA SE VALE DA ATITUDE LÚDICA PARA CUMPRIR O OBJETIVO DE
SEU PLANO. Em efeito, temos visto que o jogo consiste no enquadre de um conflito pro-
posto em termos simbólicos e também que o jogador atua desse modo por temor; os símbolos
do jogo são, assim, as expressões degradadas de certas realidades transcendentes intuídas pelo
jogador e as quais este não queira tomar no sentido sagrado ou ritual, mas em sentido lúdico.
Pois bem, um símbolo iniciático, tal como Tirodinguiburr, é antes de tudo um símbolo sagrado,
ou seja, um objeto da atitude lúdica. Então, para compreender em profundidade o plano cor-
ruptor da Sinarquia, devemos conhecer primeiro o modo em que a atitude lúdica afeta ao sím-
bolo sagrado. O explicaremos na continuação e, mais adiante, voltaremos sobre o símbolo sa-
grado do virya.

L – O “JOGADOR SACRÍLEGO”, PROFANADOR DE SÍMBOLOS SAGRADOS.

É claro já que, quando interrogávamos de onde vêm os símbolos em jogo no jogo, nos
referíamos a algo mais que jogos “tradicionais”, pois a atitude lúdica, segundo se demonstrou,
é adotada habilmente por cidadãos competentes para intervir em toda classe de fatos. No pas-
sado, quando ainda existiam as Escolas de Mistério, os rituais esotéricos tinham por missão por
aos iniciados em contato com a Divindade própria do culto, ou seja, com um Arquétipo uni-
versal, Manu, Mito, etc.; este contato se realizava por intermédio de SÍMBOLOS SAGRADOS
que representavam a Divindade ou ao caminho que conduzia a ela. Por suposto, tais símbolos
sagrados correspondiam a realidades metafísicas as que somente poderia chegar depois de uma

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preparação psicológica para a “iniciação” ao Mistério. Em um princípio, pois, os símbolos sa-
grados iniciáticos estavam fora do mundo, eram metafísicos, NÃO PODIAM SER VISTO
DE NENHUM MODO POR OLHOS PROFANOS. O avanço do Kaly Yuga motivou a
transformação dos Mistérios esotéricos em religião exotérica e, em consequência, muitos sím-
bolos sagrados foram arrastados nessa queda. Deste fato procede a maioria dos jogos “tradici-
onais” cujos símbolos, hoje atrozmente degradados, tiveram antiquíssimo caráter sagrado e eso-
térico.
Mas, segundo dissemos, o principal culpado da degradação dos símbolos sagrados é a
atitude lúdica do virya perdido. Isto ocorre quando o virya apresenta uma atitude lúdica no ato
ético fundamental, a saber, o Eu frente ao símbolo sagrado: TAL ATITUDE LÚDICA INTE-
RIOR, ASSUMIDA PELO EU FRENTE AO SÍMBOLO SAGRADO, DEFINE AO TIPO
DE “JOGADOR SACRÍLEGO”, O QUE PROFANA E DEGRADA OS SÍMBOLOS SA-
GRADOS. O tipo de jogador sacrílego é o que favorece o objetivo do plano da Sinarquia e,
como a atitude lúdica se acha hoje universalmente estendida, é bastante abundante sua presença
nas sociedades atuais. Vejamos, antes de tudo, de que modo a atitude lúdica interior afeta ao
símbolo sagrado; mais adiante, entretanto, se descreverá ao tipo de jogador sacrílego.
Recordemos que “todo símbolo sagrado é a representação de uma verdade metafísica”;
recordemos, também, que a atitude lúdica encobre uma postura ambígua de TEMOR, a com-
prometer-se diretamente, e de ATRAÇÃO, pelo conflito e a possibilidade de ganhar. Tendo
presente estes conceitos, suponhamos que o Eu, num princípio, intui uma “verdade metafísica”
e a transfere ao sujeito consciente; dita intuição é percebida pelo sujeito como uma fantasia e
imediatamente racionalizada; um símbolo sagrado, que representa a tal verdade metafísica,
emerge no umbral de consciência e mascara a fantasia; o símbolo sagrado tenta, então, deslocar-
se num processo entelequial que atualize seu conteúdo, sua verdade metafísica, quer dizer, tenta
fagocitar ao sujeito e converter a consciência mesma em conteúdo simbólico, em ato de sua
verdade metafísica; fica, assim, instituído o ato ético fundamental, o Eu frente ao símbolo sa-
grado; nesse momento se gera o TEMOR e o símbolo é rechaçado momentaneamente. Mas
posteriormente se comprova que a verdade intuída exerce uma ATRAÇÃO irresistível e que o
símbolo ameaça com instalar-se novamente na consciência; a ambiguidade se origina no con-
fronto entre a tendência anímica do sujeito, que TEME a crise e a ação consequente do símbolo
sagrado, e a tendência noológica do Eu perdido, que demonstra ATRAÇÃO pelo símbolo e
sua verdade metafísica. Se a confusão sanguínea for muito grande, predominará a influência do
pasu, o temor, e se experimentará uma paixão que chamamos “atitude lúdica interior” do joga-
dor sacrílego; ela consiste por um lado em NÃO RENUNCIAR AO SÍMBOLO SAGRADO
e por outro em NÃO TRANSCENDER SUA FORMA PARA APREENDER A ESSÊN-
CIA, OU SEJA, EVITAR TOMAR CONSCIÊNCIA DA VERDADE METAFÍSICA RE-

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PRESENTADA POR ELE; fundamentalmente, procura-se CONTER AO SÍMBOLO SA-
GRADO SEM SER CONTIDO POR ELE. Por suposto, que tais propósitos não poderão
conseguir-se sem degradar ao símbolo sagrado, SEM ATRAÍ-LO AO ENQUADRE INTE-
RIOR DO JOGO.
Deve entender-se, em síntese, que os símbolos sagrados CAEM ao enquadre lúdico
interior porque o jogador sacrílego estabeleceu inicialmente UMA COMPETÊNCIA DIRETA
COM ELES: para apoderar-se deles e satisfazer a paixão de jogar com eles.
Comecemos, agora, pelo princípio: o jogador sacrílego inicia sua atitude lúdica quando
se dispõe a JOGAR com um símbolo sagrado que lhe atrai, mas com ele não deseja, ou teme,
comprometer-se. O símbolo sagrado passa a ser assim um “objeto de jogo” contra o qual se
lança o desafio de sujeitá-lo no imediatismo do jogador mediante o enquadre degradante. Bem,
um símbolo sagrado não é qualquer símbolo; sua potência é maior porque o símbolo sagrado
participa do Arquétipo universal, o representa e facilita sua manifestação: o símbolo sagrado é
a expressão da Divindade ou o Mito. Por isso quando o objeto do jogo é um “símbolo sagrado”
o jogador sacrílego adota uma atitude que vai além do temor ou a irresponsabilidade. Nesse
caso o jogador sacrílego necessita PROFANAR o símbolo sagrado e degradá-lo o suficiente
para neutralizar sua potência. Somente assim poderá “jogar com ele sem perigo”, “tomá-lo em
suas mãos” e gozar de sua exterioridade, sem necessidade de atravessar jamais essa forma, que
será então nada mais que uma máscara, e topar-se com seu conteúdo oculto, com sua essência
transcendente. Daí que constitui um erro considerar ao jogador sacrílego como meramente
“PROFANO” quando na realidade ele é um PROFANADOR NATO, um CORRUPTOR
SEMIÓTICO; somente é “profano” se os símbolos sagrados já foram profanados e não fica
nada por corromper e degradar.
No jogador sacrílego nos enfrentamos a uma atitude clássica de desconcerto estratégico
no qual se adotam permanentemente posturas ambíguas: busca-se sem declarar a busca; pre-
tende-se ter sem estar disposto a dar. Se aceita “participar”, mas sem compromisso, etc.
Devemos declarar, não sem certo pesar, que de tal atitude ambígua participam a maioria
dos leitores de livros esotéricos. Em efeito: ler livros esotéricos é outra classe de jogo praticado
por certos jogadores que se sentem irremediavelmente atraídos “pelo ocultismo”, mas que tam-
bém experimentam, por consequência, um temor não confesso a “comprometer-se em algo”,
ou a que “o conhecimento esotérico” ao qual supõem próprio de uma elite, lhes obrigue a
“abandonar coisas”, a “passar por provas”, etc. Não obstante esse vago temor, como corres-
ponde a todo jogador, continua girando ao redor dos símbolos sem ultrapassá-los jamais, mas
abrigando a esperança de que um golpe de sorte mude as coisas um dia, talvez lendo algum
“livro raro”, consigam “ganhar” um conhecimento superior que, então, não haverá custado
nada. Naturalmente, uns jogadores tais são estupidamente egoístas, incapazes de arriscar-se re-
almente e, portanto, sumamente difíceis de reorientar estrategicamente.

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Para mostrar com profundidade essa atitude profanadora e o meio da qual se vale para
conseguir seus propósitos, a corrupção e degradação, vamos expor esse aspecto da psicologia
do jogador mediante uma alegoria esclarecedora.

M – A ALEGORIA DO SR. LUSOR E O LEOPARDO-SÍMBOLO.

O tipo de jogador que estamos considerando é o “jogador sacrílego”, o que joga com
os símbolos sagrados aos que previamente degradou como medida de SEGURANÇA para
“aproximar-se deles sem perigo”. Este tipo é análogo ao do Sr. Lusor, um virya perdido a quem
ATRAEM irresistivelmente os “leopardos”, mas em quem coexiste também o TEMOR de ser
atropelado e devorado por eles. Não possuindo valor suficiente para estabelecer-se no habitat
dos leopardos, ou seja, na perigosa e desconhecida selva, o Sr. Lusor, incapaz de renunciar à
paixão por contemplar e ainda tocar a agreste criatura, concebe uma miserável ideia: extrair a
fera daquele ambiente natural e transportá-la a seu próprio mundo, à sua casa na cidade; uma
vez ali, tentará domesticá-la. Decidido a cumprir tal propósito captura, ou faz capturar, ao ani-
mal e o mantém enjaulado muitos anos. Mas isso não basta para satisfazer o desejo de aproxi-
mação não comprometida que experimenta: é necessário vencer sua ferocidade, amansá-lo,
neutralizar os instintos selvagens. É assim como, depois de serrar as presas e extirpar as unhas,
procede a debilitar a vontade do leopardo ministrando-lhe uma alimentação herbívora na qual
se dosa também uma droga tranquilizante. Finalmente, seus esforços se veem recompensados,
pois, um dia consegue transtornar de tal modo a conduta do felino que este, transformado em
manso “gatinho”, não representa já nenhum perigo e pode ser deixado “livre” fora da jaula. E
então o Sr. Lusor, tomando “entre suas mãos” ao animal, comprovando que seu desejo se
cumpriu, sorri feliz e até alardeia de “saber muito sobre leopardos”... PORQUE SE APODE-
ROU DE UM DELES PARA JOGAR.
Esta alegoria é demasiado transparente para que requeira um esclarecimento detalhado.
Somente destacaremos que os “símbolos sagrados”, quando deixam de ser objetos de culto e
passam a cumprir funções lúdicas, foram degradados de maneira semelhante ao leopardo da
alegoria, ao qual teve de ser submetido a uma vil domesticação antes de servir aos propósitos
lúdicos de seu amo. A selva, habitat do animal selvagem, é o principal fator que determina sua
conduta, o horizonte contra o que se contrasta sua existência, matriz causal que justifica e ou-
torga sentido ao modo silvestre de ser; vale dizer, A SELVA É O CONTEXTO NATURAL
QUE DEFINE O SENTIDO DO LEOPARDO ÔNTICO; extrair ao animal desse meio
equivale a efetuar uma amputação ecológica e o resultado de tal operação não pode ser outro
que um animal mutilado, um ser que perdeu sua razão de ser. Por outra parte, um leopardo
contrastado contra um horizonte urbano é, sem dúvida, uma caricatura que recorda o original.
Isto é: a recordação de algo que poderia ser, mas que ali, sobre essas calçadas asfaltadas, junto
a essas antenas de televisão, não é e nem será.

491
Nosso homem não possui um leopardo, então, senão um ser em decomposição que
não tardará em desintegrar-se. Porém, essa possibilidade não preocupa porque o que se deseja
não é conservar o ser, senão sua aparência exterior, sua forma. E essa forma de leopardo que
perdeu sua essência selvagem, porque era inseparável do horizonte selvagem, essa máscara é
colocada artificialmente no meio urbano para entretenimento e recreio de seu caçador. Por isso,
quando se considera ao animal “adaptado ao habitat humano”, ou seja, domesticado, faz tempo
que o leopardo morreu, ainda que seu cadáver seja animado por um fantasma cultural criado
pelo homem.
Compreende-se, assim, que com tal leopardo-zumbi se poderá jogar sem perigo, apro-
ximando-se quanto quiser à sua forma oca, mas jamais se conseguirá penetrá-la e encontrar algo
mais que conceitos culturais depositados previamente, ou seja, projetados pelo mesmo obser-
vador. Da essência, da alma felina e selvagem, nada fica; NADA PARA REVELAR E CO-
NHECER.
Eis aqui a alegoria. Compreendemos agora, muito mais que antes, a ação profanadora
e degradante dos jogadores sacrílegos: para apreciar a que se reduzem os símbolos sagrados em
suas mãos somente devemos pensar no leopardo domesticado da fábula. Como o leopardo, de
seu habitat selvagem, ao símbolo sagrado se lhe amputa do contexto arquetípico ao qual per-
tence, cerceando seus contatos metafísicos, e se lhe insere artificialmente na realidade cotidiana
do jogador sacrílego. Mas a propriedade de ser “sagrado” lhes vem aos símbolos de sua capa-
cidade para representar o arquetípico, ou seja, o “divino” para o pasu; por isso facilitam a trans-
cendência metafísica. Ao situá-los no imediatismo cultural do jogador sacrílego perdem fatal-
mente seu caráter “sagrado” e adquire um novo significado vulgar e pervertido. Como verda-
deiros “anjos caídos”, águias fulminadas, estrelas que se precipitaram “do céu aos pés” do jo-
gador sacrílego, os símbolos sagrados se transformam em SIGNOS MORTOS, cadáveres em
decomposição aos que somente a ilusão de uma quimera cultural pode manter ressuscitados,
em tudo semelhante ao leopardo da alegoria.

N – CONCLUSÕES ANÁLOGAS DA ALEGORIA DO SR. LUSOR E O LEOPARDO.

Levando este caso ao extremo pode-se comprovar que o “sacrilégio” de jogar com os
símbolos sagrados, não obedece somente a motivações, ou ao mero hábito, senão que entranha
uma postura esotérica bem definida: a CONTRA-INICIAÇÃO. Em efeito, no culto, o símbolo
sagrado é a representação da divindade ou de alguma realidade metafísica; o símbolo expressa,
assim, ao Mistério. Por ele se pode ir do físico ao metafísico, trânsito que exige uma mudança
no viajante, uma preparação prévia ao confronto com o Mistério, em uma palavra: uma INI-
CIAÇÃO. Logo, aqui nos referimos à INICIAÇÃO SINÁRQUICA, a que administram os
SACERDOTES por meio de “símbolos sagrados iniciáticos”: no curso desta “iniciação ao Mis-

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tério”, o iniciado sinarca acaba com o sujeito consciente fagocitado pelo mito autônomo e con-
vertido “ele mesmo em símbolo”, ou seja, em representante do Arquétipo ou Mito; algo muito
diferente é a INICIAÇÃO HIPERBÓREA mediante o símbolo sagrado do virya, Tirodingui-
burr, praticada com atitude graciosa luciférica que detém e inverte o processo entelequial do
símbolo e que permite transcender a forma arquetípica criada para experimentar o êxtase da
runa não criada. A iniciação sinárquica, em compensação, requer que o iniciado consuma um
SACRI-FÍCIO antes de tratar com qualquer símbolo sagrado: etimologicamente, tal termo pro-
cede da expressão latina SACRUM FACERE e significa: “oferenda de um objeto sagrado a um
Deus”. A castidade, a humildade, a pobreza, o valor, etc., que se exigem para a parte religiosa
ou esotérica do culto não são simples virtudes morais, mas a manifestação rigorosa, exibida
exteriormente como “prova de conduta”, de LIMITE ao que se está disposto a chegar para
penetrar no Mistério. Quanto se é capaz de DAR, de SACRI-FICAR, para isso? O casto sacri-
fica o sexo, o humilde seu orgulho, o pobre sua riqueza, o valoroso seu temor, etc. Não se trata,
pois, de virtude moral, senão de sacrifício, do esforço pessoal que se oferece ao símbolo sagrado
para que este revele seu Mistério.
Há uma vontade, ou seja, uma energia, que antes se gastava em gozar do sexo, orgulho,
riqueza, etc., que o iniciado resgata e soma à sua própria com o propósito de que essa força
maior lhe permita transcender os limites do símbolo sagrado, as fronteiras do Mistério. E é essa
vontade, amplificada por uma ascética ou uma mística, o que verdadeiramente se oferece no
altar do símbolo sagrado. Isto significa que: NA INICIAÇÃO, O INICIADO SE SACRIFICA
A SI MESMO PARA ADAPTAR-SE AO SÍMBOLO SAGRADO E PENETRAR EM SEU
MISTÉRIO. É O INICIADO QUEM CORTA OS VÍNCULOS MUNDANOS E, PRO-
VISTO DE UMA VONTADE SUPERIOR, VIAJA AO MUNDO DO SÍMBOLO SA-
GRADO PARA TRANSCENDÊ-LO E APREENDER SUA ESSÊNCIA, CONVER-
TENDO-SE ASSIM “ELE MESMO EM SÍMBOLO”. MAS SOMENTE SE “ACER-
CARÁ” AO SÍMBOLO QUANDO SE ENCONTRAR PREPARADO PARA FAZÊ-LO,
SEM QUE ESTE RESULTE AFETADO DE NENHUM MODO: O INICIADO PRO-
CURA SEMPRE PROTEGER AO SÍMBOLO DAS CROSTAS CULTURAIS QUE PO-
DERIAM DEFORMAR SEU SENTIDO.
Ao contrário, o jogo sacrílego implica sua contra iniciação: LONGE DE OFER-
TAR ALGO DE SI PARA CHEGAR ATÉ O SÍMBOLO SAGRADO E PENETRÁ-LO,
O CONTRAINICIADO SACRIFICA O SÍMBOLO A SI MESMO. O OBRIGA A DES-
CER DO CÉU METAFÍSICO ATÉ O ALTAR DO PRÓPRIO SUJEITO ANÍMICO, E
ALI O SACRIFICA À CONTEMPLAÇÃO EXTERIOR, SUPERFICIAL, DE SUA VISÃO
PROFANA. JOGA COM ELE E LHE AMANSA SEM RESERVAS E AO FIM, PROFA-
NADO E DEGRADADO, SUJEITA AO SÍMBOLO SAGRADO EM SEU MÍSERO EN-
TORNO COBRINDO-O COM MUITAS CAMADAS DE CROSTAS CULTURAIS.

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Comprova-se assim, que o jogador sacrílego, se já não for, vai rapidamente a caminho
de converter-se em contra iniciado. Mas não devemos exagerar ao qualificar aos jogadores sa-
crílegos, pois a maioria deles jamais chega a ser sequer contra iniciado; uma validação adequada
seria a seguinte: DEPOIS DO INICIADO SINARCA, A SABER, DEPOIS DO SACER-
DOTE INICIADO O CASO MAIS PERFEITO DO “TIPO SACRALIZANTE”, É O JO-
GADOR SACRÍLEGO QUEM MAIS PERTO ESTÁ DOS SÍMBOLOS SAGRADOS.
O jogador sacrílego chegou aos símbolos sagrados, como o Sr. Lusor até o leopardo,
sem atrever-se a chegar às essências arquetípicas; a vontade somente lhe vai para permanecer
na contemplação exterior. Mas o jogador não é místico, não há êxtase em sua visão, e por isso
elevar-se até o mundo metafísico do símbolo sagrado lhe representa um esforço que não está
disposto a efetuar por muito tempo. Mas como tampouco pensa em renunciar aquilo que lhe
atrai e fascina, procura obtê-lo pelo caminho mais fácil, sem SACRIFÍCIO: não ousando trans-
cender ele mesmo ao mundo do símbolo sagrado, de igual modo que o Sr. Lusor temia ao
mundo do leopardo, decide degradar e submeter ao símbolo a seu próprio mundo cultural. É
que na atitude profana do jogador sacrílego, subjaz a crise já descrita, causada pela intuição
metafísica que o Eu tem sobre o sujeito consciente e que se manifesta como uma mescla de
atração e temor aos símbolos sagrados: a atração o impele a apoderar-se deles, como o Sr. Lusor
do leopardo, e o temor, temor a transcendê-los, a ser obscurecido pelo Mito, lhe obriga a pôr
limites a essa atração com o enquadre lúdico. Em consequência, quando um símbolo sagrado
iniciático que foi objeto de culto, cai em mãos dos jogadores sacrílegos, tenta-se de imediato
ancorá-lo no mundo convertendo-o, por exemplo, em objeto cultural e incorporá-lo à superes-
trutura dos fatos culturais. Por último, depois de sujeitá-lo a regras culturais, ou seja, com co-
nexões de sentido, compreende-se ao símbolo sagrado como conceitos referidos a princípios
culturais conhecidos: data-o, assim, de um NOVO SIGNIFICADO, claro nos contextos de
tais conceitos, que possibilita inferir leis, regras, códigos, etc., ou seja, MODOS SEGUROS DE
APROXIMAÇÃO.
Para citar somente um exemplo arqui-conhecido sobre a atitude profanadora e corrup-
tora dos jogadores sacrílegos, recordemos que a maioria dos antigos jogos, xadrez, I-Ching,
dados, tarôs, etc., foram em princípio objetos de culto, símbolos sagrados, instrumentos tácitos
hiperbóreos, aos quais se lhes neutralizou a função essencial redefinindo-os culturalmente, do-
tando-os de regulamentos convencionais que permitem manipulá-los sem perigo e os colocam
ao alcance das massas.
Como última conclusão, convidamos a uma breve reflexão que deve fazer todo virya
perdido cuja conduta se assemelhe à do jogador sacrílego.
Quem se identifique com o jogador sacrílego deve superar tal postura DESPOJANDO-
SE DAS MÁSCARAS DO JOGO E DISPONDO-SE A ENFRENTAR DIRETAMENTE
A REALIDADE; deve fazê-lo, ainda que tão valorosa mudança suponha descobrir e assumir

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que se desempenha um papel no argumento cármico do drama da vida. Reconhecer o caráter
dramático da própria circunstância é o primeiro grande passo no caminho da reorientação es-
tratégica e o único ponto de partida válido para iniciar a luta e transitar a senda para a Origem.
Porque esse drama e essa luta, contrariamente à ilusão que crê viver o jogador sacrílego, É
SÉRIA, inevitável em confrontar cedo ou tarde QUANDO O ESPÍRITO, FARTO DE JO-
GOS, RECLAMAR PELA LIBERDADE PERDIDA. Então, inexoravelmente, haverá por
fim de lutar, e quiçá em desvantagem estratégica. Daí que a Sabedoria Hiperbórea sugere ao
jogador sacrílego que supere seu temor e inicie a luta imediatamente, abandonando os símbolos
mortos com os quais joga cotidianamente e disponha-se a chegar até os símbolos vivos de sua
memória de sangue. Mas a dificuldade que experimenta o jogador sacrílego para abandonar o
jogo e comprometer-se responsavelmente na luta provém de um erro que está na raiz mesma
da atitude lúdica: ELE QUE JULGA SER “LIVRE’ PARA ESCOLHER AO ADVERSÁ-
RIO, QUE NÃO HÁ “NECESSIDADE” DE COMPROMETER-SE COM UM PAR-
TIDO, POIS SEMPRE É POSSÍVEL “MUDAR DE LADO”; E COMO O JOGADOR
ENCARA A VIDA “COMO UM JOGO”, NÃO ESTÁ JAMAIS DISPOSTO A “APOIAR
UM LADO” SE ISSO IMPLICA LUTAR. Mas, repetimos, trata-se de um erro, de uma ilusão
cultural, pois: NINGUÉM QUE ESTEJA ENCARNADO É REALMENTE LIVRE PARA
“ESCOLHER O BANDO” JUNTO AO QUAL LUTAR; E MUITO MENOS PARA “MU-
DAR DE BANDO”.
Já advertimos no artigo “J” contra o erro de crer que se “decide” quando se opta entre
distintas possibilidades lúdicas. Tais opções são falsas, determinadas pelas superestruturas dos
fatos culturais de acordo ao argumento cármico; segundo vimos ali, somente o Siddha está em
permanente capacidade absoluta de decidir. Pelas razões apontadas, o virya perdido, se pertence
ao tipo lúdico, não é livre para decidir; DEVIDO AO APRISIONAMENTO ESPIRITUAL
EM QUE TRANSCORRE SUA VIDA, QUE NÃO É UM “JOGO”, O VIRYA PERDIDO
DISPÕE SOMENTE DE UMA OPÇÃO DE FERRO, ÚNICA “DECISÃO” QUE PODE
TOMAR, BASEADA NO PRINCÍPIO “PELA GNOSE DA VERDADE, A LIBER-
DADE”: OU LUTA PELA LINHAGEM HIPERBÓREA, SEU “PARTIDO”, OU SE EX-
PÕE A UMA SEGURA DESTRUIÇÃO. NINGUÉM PODE “PASSAR AO BANDO” DA
SINARQUIA SE SEU SANGUE AINDA CONSERVA A MEMÓRIA DA ORIGEM;
NEM NINGUÉM ABANDONA TAL BANDO SE PARTICIPA DELE CONSCIENTE-
MENTE: TAIS HIPÓTESES SÃO ABSURDAS E SE, APESAR DE TUDO, OS SIDDHAS
TRAIDORES O ACEITEM NA HIERARQUIA, SERÁ SOMENTE PARA DILUÍ-LO
NA CONFUSÃO, PARA ACELERAR AINDA MAIS SEU PRÓXIMO FIM.
Na novela “A estranha aventura do Dr. Arturo Siegnagel”, o instrutor Konrad Heine
lhe disse estas palavras ao aspirante Kurt Von Sübermann: “Nem você nem eu, nem nin-
guém, pode escolher porque A ESCOLHA JÁ FOI FEITA, em outra esfera de consciência,

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em outro mundo. Não nos resta mais que enfrentar nosso destino, que é também o destino da
humanidade, e agradecer por termos sido assinalados para tão augusta missão. Nosso Chefe,
Cristo Lúcifer, é O Mais Belo Senhor, mas também é O Mais Intrépido, Pai do Valor; não
devemos nem sonhar com defraudar-lhe”.

O – OBJETIVOS DO PLANO SINÁRQUICO CONTRA O SÍMBOLO SAGRADO DO VIRYA.

O estudo detalhado da ação corruptora dos jogadores sacrílegos obedece ao propósito


de alertar sobre o plano que a Sinarquia leva adiante para destruir ao símbolo sagrado do virya,
tal como foi declarado na parte final do artigo “K”. Vimos já de que maneira os jogadores
sacrílegos corrompem aos símbolos sagrados até neutralizá-los e convertê-los em “objetos de
jogo”, ou seja, em símbolos enquadrados num sistema regulamentado do contexto habitual ou
de um contexto distante da verdade metafísica que representam: consegue-se, assim, “mudar
seu significado”, mas conservar sua forma. Como objeto de jogo, os símbolos sagrados se põem
ao alcance das massas, as quais, mediante o agregado de incontáveis camadas de crostas cultu-
rais, completam a obra de degradação; o resultado final é que a verdade metafísica se “esquece”
coletivamente, ou seja, se torna novamente inconsciente. E esse efeito é o que a Sinarquia pro-
cura causar com a maior eficácia no caso do símbolo sagrado do virya, o labirinto exterior de
Wotan: PROCURA-SE, PRINCIPALMENTE, QUE OS VIRYAS PERDIDOS CONHE-
ÇAM SUA FORMA VULGARIZADA E ESQUEÇAM OU DESCONHEÇAM SEU SIG-
NIFICADO INICIÁTICO, OS DOIS PASSOS DA SOLUÇÃO DE WOTAN AO PRO-
BLEMA DO APRISIONAMENTO ESPIRITUAL.
Para concretizar esse objetivo, a Sinarquia elaborou um plano que consta em duas par-
tes: 1ª – degradar os signos labirinto exterior até tirar-lhes todo vestígio de seu significado inici-
ático; 2ª – semear a confusão coletiva sobre o significado verdadeiro do signo labirinto exterior
e afirmar, no possível, um novo significado. Comentaremos a primeira parte com certo detalhe
e, depois, mais brevemente, a segunda.

O1 – Primeira parte do plano: degradação do signo labirinto exterior.

Para degradar um símbolo sagrado não se necessita mais que o pôs ao alcance dos jo-
gadores sacrílegos, descobrirem o símbolo ao interesse dos profanadores para que estes o cor-
rompam. Para cumprir esta primeira parte do plano se pôs em prática uma variedade de méto-
dos que vão desde os crucigramas-labirinto (CROSSWORD MAZE PUZZLE) destinados a
vulgarizar a forma simbólica SEM FAZER MENÇÃO DELA, até as elucubrações pseudoci-
entíficas dos conhecidos autores de livros esotéricos ou de antropologia, agentes da Sinarquia,
quem sem embasamento pretendem travar uma discussão racionalista EM TORNO dos mes-
mos. O objetivo, logicamente, é evitar que o virya perdido execute o Primeiro Passo e salte do
labirinto exterior para o labirinto interior, assimilando gnósticamente à consciência ou esquema

496
de si mesmo NO SIGNIFICADO que o labirinto exterior revela, a saber, a noção de um Eu
extraviado que busca, opta e decide. A atitude lúdica é a melhor “defesa” que a Sinarquia dispõe
contra esse “perigo”, pois ela conduz ao jogador a efetuar uma manipulação SOMENTE EX-
TERIOR do signo labirinto, ao qual previamente “enquadrou”, ou seja, ancorou no imedia-
tismo cultural de seu mundo exotérico e profano. Com essa finalidade, desde muitos anos, se
vem alimentando o uso coletivo de uma “MAZE GAME”, ou “jogo do labirinto”, passatempo
que consiste num labirinto exterior, desenhado sobre um tabuleiro, onde se deve buscar o ca-
minho correto que conduz à “saída”; há vários caminhos falsos, “vias mortas”, valas, encruzi-
lhadas, etc., e em alguns modelos particulares, se empregam dados como no jogo da oca.
O avanço da eletrônica e o controle financeiro que a Sinarquia exerce sobre as grandes
corporações da indústria de computadores, vêm prestando uma inestimável colaboração nesta
primeira parte do plano. A Sinarquia, em efeito, está produzindo e estimulando sua imitação, e
distribuindo em todo mundo, milhares de máquinas caça-níqueis (FLIPPER SLOT MA-
CHINE) baseadas no princípio do maze game e controlados eletronicamente. A máquina dis-
põe de uma tela ou “periférico de vídeo” e teclas, ou joystick, que permitem guiar a uma pe-
quena figura brilhante sobre a tela; o microprocessador está programado pelo fabricante para
que, a cada nova partida, ou “match game”, se represente na tela um labirinto, ou “maze”,
diferente. O jogo aqui consiste em dirigir a pequena figura brilhante, geralmente um “homen-
zinho”, pelos canais do labirinto em busca da ansiada saída, enquanto os contadores internos
qualificam os tropeços, vias mortas, etc., com distintas pontuações que ao final, totalizadas,
somam um SCORE. “Se ganha” quando o homenzinho alcança a saída, ou o score é favorável,
ou o tempo de trânsito é curto, etc. Por suposto que, fora das máquinas, os programas (SOF-
TWARE) de maze game a baixo custo tornam possível que este jogo se pratique também nos
milhões de computadores pessoais que existem em todo mundo.
É evidente que neste sofisticado maze game computado se condensa e resume tudo
quanto viemos advertindo: a contemplação que o jogador efetua do labirinto enquadrado na
tela do vídeo não poder ser mais superficial; a degradação cultural do símbolo neste caso com-
pleta, tal como convém ao plano sinárquico.
É interessante destacar que o “homenzinho brilhante”, ao que se tem de guiar por tor-
tuosos caminhos do maze game, CUMPRE A FUNÇÃO DE “REPRESENTAR” O JOGA-
DOR NA ÁREA DO CONFLITO; sobre este representante concreto o jogador projeta seu
ALTER EGO, ou seja, o “outro eu” em que se desdobra sua consciência ao manifestar a atitude
lúdica. Deste modo, quem se encontra efetivamente prisioneiro do labirinto, afrontando o con-
flito, correndo os riscos e tentando “ganhar”, não é o jogador, senão seu álter ego, o “homen-
zinho brilhante” que deixa de existir por um simples TILT do interruptor de alimentação elé-
trica.
Por outra parte, ainda que “um golpe de vista” ao maze game seja possível captar a ideia

497
de “busca, opção e eleição”, tal como cabe esperar do símbolo iniciático “labirinto exterior”, é
sumamente improvável que tal ideia seja consciente: devido ao “enquadrar” a que se é subme-
tido no símbolo e a “pouca seriedade” com que a atitude lúdica deve se referir ao jogo. Mais
claramente: o “enquadrar” produz no jogador a convicção de que o significado, que revela o
labirinto exterior, expressa somente os aspectos da mecânica operacional do jogo; busca, opção
e eleição, são assim atos circunscritos à mera funcionalidade lúdica. Desde a tela de um maze
game o significado verdadeiro será impotente, então, para cumprir sua missão iniciática de in-
duzir ao Eu perdido a estender-se ao descobrimento do labirinto interior. Além do mais, se
compreende facilmente que assim ocorre, pois: SERIA INCONCEBÍVEL QUE
ALGUÉM PUDESSE TRANSCENDER O SÍMBOLO QUE PREVIAMENTE TE-
NHA ENQUADRADO PARA ASSEGURAR SUA IMANÊNCIA.

O2 – Segunda parte do plano: confundir e desorientar ao tipo gracioso luciférico.

A segunda parte do plano sinárquico propõe-se “semear a confusão coletiva sobre o


verdadeiro significado do signo labirinto exterior e afirmar, no possível, novo significado”. A
“mudança do significado” se consegue deformando o símbolo sagrado do virya e situando-o
em outro contexto, por exemplo, o de um jogo; isso já está claro. O que falta determinar ainda
é a que tipo de pessoas se dirige esta parte do plano; em poucas palavras, a quem se tenta
confundir? Com segurança, não aos jogadores sacrílegos, sequer aos jogadores vulgares, pois
para eles está destinada a primeira parte do plano. Então a que? Resposta: AOS VIRYAS PER-
DIDOS QUE EXPRESSAM SEM SABER O TIPO GRACIOSO LUCIFÉRICO. Para com-
preender a resposta, deverá ter presente que o plano mencionado se executa com técnicas da
estratégia psicossocial. Ditas técnicas, por exemplo, tornam possível mediante uma campanha
publicitária, enviar uma “mensagem” através da sociedade e esta é recebida por uma determi-
nada categoria do povo: aqueles, justamente, a quem se pretende dirigir a conduta para que se
convertam em “consumidores”, “sufragantes”, “colaboradores”, “turistas”, etc. Uma “mensa-
gem” tal é simplesmente um símbolo que resulta atraente e condicionante para o TIPO PSI-
COLÓGICO das pessoas que compõe a classe social a qual é dirigido, ou seja, ao “grupo
branco”, ‘OBJECTIVE GROUP”; o conceito de OBJECTIVE GROUP tem sentido alegó-
rico de objetivo balístico TO HIT THE MARK, segundo a denominação universal, que se dá
na Estratégia Psicossocial. Empregando técnicas semelhantes, se pôs em prática a primeira parte
do plano, dirigindo ao objective group dos jogadores sacrílegos o símbolo labirinto exterior. E
de maneira análoga, mas com técnicas muitíssimo mais elaboradas e eficazes, se aponta a outro
“objective group” uma mensagem que condensa a segunda parte do plano: confundir e desori-
entar a um setor da sociedade sobre o significado do signo labirinto exterior. Tal setor é com-
posto por aqueles viryas perdidos cujo perfil psicológico natural os torna permeável ao signifi-
cado verdadeiro do signo labirinto exterior: eles são quem poderiam saltar espontaneamente do
labirinto exterior ao labirinto interior ao compreender o significado de busca, opção e eleição;

498
e a eles é a quem se procura confundir com a mudança de significado: é o objective group
composto, segundo a resposta anterior, por viryas perdidos do tipo “gracioso luciférico”.
Haveria, pois, que relançar a pergunta e indagar pelo TIPO PSICOLÓGICO do se-
gundo “objective group”. Em efeito, fora do “jogador sacrílego”, qual OUTRO TIPO conhe-
cemos suficientemente definido e inconfundível, para ser também declarado “objective group”
e merecer tão precioso ataque por parte da Sinarquia? A resposta, neste caso, não oferece dú-
vidas: não conhecemos tal tipo, salvo pelo título que acabamos de adiantar, e não sabemos
distingui-lo em absoluto. Em verdade, devido à desorientação estratégica, dos psicólogos pro-
fissionais, ou a malevolência dos psicólogos hebreus, e ao controle que a Sinarquia exerce sobre
as investigações acadêmicas, pouco é o que se tem avançado no Ocidente no estudo dos tipos
psicológicos DO PONTO DE VISTA DA SABEDORIA HIPERBÓREA. Esta deficiência a
observamos aqui mesmo, nas dificuldades que se tem em superar para expor o tipo de “jogador
sacrílego”, pois, sem tal exposição, que, haveria compreendido a que nos referíamos ao aludir a
“atitude lúdica” do virya perdido e a seu efeito degradante sobre os símbolos sagrados? E, com
tudo o que se explicou, longe está de ter ficado claro o modo em que tal tipo se insere na
psicologia total do virya perdido: efetivamente, a “atitude lúdica” é SOMENTE UMA das ati-
tudes que é possível adotar frente ao símbolo sagrado; outra seria, por exemplo, a “atitude sa-
cralizante”. A Sinarquia, portanto, conhece a existência desses tipos ainda que se cuide muito
bem de divulgá-lo, e a prova está em que o tipo gracioso luciférico o tem focado como objective
group de seu plano contra o símbolo sagrado do virya.
Para pôr ordem nesse tema, e esclarecer completamente a resposta anterior, se desen-
volverá no próximo inciso um resumo a tipologia Aberro, a qual está baseada no critério carac-
terístico da Ética noológica, ou seja, na observação do ato ético interior, “o Eu frente ao sím-
bolo sagrado”: são, então, as atitudes do Eu frente ao símbolo frente ao símbolo sagrado as
características que definem os tipos da tipologia Aberro; a atitude lúdica definirá ao tipo lúdico,
a atitude sacralizante ao tipo sacralizante, e a atitude graciosa luciférica ao tipo gracioso lucifé-
rico. Definindo, assim, ao contorno psicológico “receptor” dos membros do objective group,
ou seja, os expoentes do tipo gracioso luciférico, a que está focada a mensagem tática da Sinar-
quia, estaremos em condições, nos próximos artigos, de compreender melhor o objetivo da
segunda parte do plano: confundir e desorientar aos viryas perdidos mudando o significado dos
signos labirinto exterior.
POR ÚLTIMO, CONVÉM AGREGAR QUE OS “ELEITOS” A CANDIDATOS
PARA A INICIAÇÃO HIPERBÓREA, DEVEM PERTENCER SEM EXCEÇÃO AO
TIPO GRACIOSO LUCIFÉRICO. NOTEMOS QUE A TIPOLOGIA ABERRO É
PARTE DA ÉTICA NOOLÓGICA E QUE, SEGUNDO SE EXPLICOU NO ARTIGO
”C”: “A ÉTICA NOOLÓGICA ESTABELECE O ENLACE ENTRE A SEMÂNTICA
NOOLÓGICA E A PÔNTICA NOOLÓGICA. PORTANTO, POR TRATAR-SE DE

499
DISCIPLINAS INICIÁTICAS, TAL ENLACE É NECESSÁRIO E INEVITÁVEL, IM-
POSSÍVEL DE SALVAR: NENHUM INICIADO HIPERBÓREO, AINDA QUE COM-
PREENDA COM PROPRIEDADE A TEORIA DA SEMÂNTICA NOOLÓGICA, PO-
DERÁ ADQUIRIR A PRÁXIS DA PÔNTICA NOOLÓGICA SEM ACEITAR OS PRIN-
CÍPIOS DA ÉTICA NOOLÓGICA. A EFETIVA EXPERIÊNCIA DAS RUNAS NÃO
CRIADAS REQUER QUE O EU ASSUMA UMA ATITUDE ÉTICA PRÉVIA, OU SEJA,
UMA ATITUDE GRACIOSA LUCIFÉRICA”. É EVIDENTE
QUE O ESTUDO DO TIPO GRACIOSO LUCIFÉRICO, ALÉM DE REVELAR
AS CARACTERÍSTICAS DO OBJECTIVE GROUP, HÁ DE PERMITIR COMPREEN-
DER A ATITUDE GRACIOSA LUCIFÉRICA, COMPREENSÃO IMPRESCINDÍVEL,
TAL COMO SE EXPLICOU SOBRADAMENTE, PARA EXECUTAR O SEGUNDO
PASSO DA SOLUÇÃO DE WOTAN.

500
TOMO VIII:
A “TIPOLOGIA ABERRO”
DA ÉTICA NOOLÓGICA

A – DESCRIÇÃO ESPECÍFICA DOS TIPOS.

Começaremos recordando que a Sabedoria Hiperbórea, atendendo a HERANÇA HI-


PERBÓREA, ao Símbolo da Origem que encadeia o Espírito, distingue na humanidade três
classes de homens: A – os ANIMAIS-HOMEM ou PASU, quase inexistentes hoje em dia em
estado puro, mas presentes como “tendência animal” em todo virya, devido à herança genética
do Arquétipo Manu original. B – Os homens semidivinos ou VIRYAS: se dividem por sua vez
em VIRYAS DESPERTOS e VIRYAS PERDIDOS, segundo que predomine neles a herança
hiperbórea do sangue ou a tendência animal do pasu. C – Os Hiperbóreos Imortais ou SID-
DHAS, cuja existência se encontra fora de todas as determinações materiais. Destas três classes
de homens, são os viryas perdidos quem integram a maior parte da humanidade e, naturalmente,
é dentro de seu conjunto onde se encontra o “objective group” cujo tipo psicológico desejamos
conhecer. Na figura 97 se pode observar um quadro sinóptico que resume tudo quanto vínha-
mos dizendo.
Comprovamos, assim, que a tipologia Aberro se baseia na distinção de três característi-
cas psicológicas do virya perdido INERENTES A SEU COMPORTAMENTO FRENTE
AO SÍMBOLO SAGRADO, isto é, o ato ético fundamental: o Eu frente ao símbolo sagrado.
Trata-se, pois, de tipos sumamente específicos, cuja descrição deve ser extremamente precisa
caso se pretenda evitar confusões e mal-entendidos. Mas o critério adotado, apesar de seu rigor,
tem uma grande vantagem que convém destacar.
Explicamos em várias oportunidades que o virya perdido se transforma em “desperto”
quando consegue reorientar-se à origem. O virya desperto, ainda que não tenha conquistado o
Vril, já não voltará a perder-se novamente, porque seu Eu adquiriu um estado permanente de
alerta; reconheceu o caráter bélico de seu extravio e entendeu que só poderá se libertar se toda
sua força espiritual, seu valor, sua resolução, enfim, se toda sua vontade aponta a um único fim:
o retorno à Origem. Mas, tratando-se de uma situação essencialmente bélica, tal trânsito só terá

501
êxito se previamente planejado; com outras palavras: deve-se CONHECER a maneira de che-
gar; ou seja, deve-se possuir uma Estratégia. Logo, por “Estratégia” entendemos o conheci-
mento do meio para chegar ao fim do caminho, um meio que pode ser alguma das vias de
libertação, toda vez que constituam propriamente “modelos estratégicos gerais”. É da maior
importância, então, saber de que maneira é possível CONHECER GNOSTICAMENTE uma
via secreta para dispor assim, da necessária ESTRATÉGIA PRÓPRIA. O Mistério do labirinto,
cuja solução emprega a via da oposição estratégica e a técnica arquemônica, procura que o Eu
perdido efetue o salto indutivo do signo labirinto exterior ao símbolo labirinto interior: e é a
gnose do labirinto interior, como se explicou, a que permite estabelecer a DISTÂNCIA ES-
TRATÉGICA ENTRE O EU PERDIDO E O SELBST. A percepção desta distância é o que
orienta o Eu e o aproxima do centro do labirinto, onde se consumará sua imortalidade e se porá
a seu alcance a possibilidade de libertar definitivamente o Espírito do aprisionamento material.
Nesse trânsito, em que o Eu perdido consegue dominar o segredo do ângulo reto para ingressar
à praça tau, se produz o “ato ético fundamental”, o Eu frente ao símbolo sagrado; ou seja, o
Eu, encurralado contra a fenestra infernallis da runa odal, se confronta com os símbolos sagra-
dos que emergem na esfera de luz e tentam fagocitar o sujeito consciente durante sua emergên-
cia. E é então quando o Eu deve exibir a atitude graciosa luciférica, detendo o processo do
símbolo sagrado e ingressando na praça central tau. Eis aqui completo o desenvolvimento da
Estratégia do labirinto, a Estratégia própria de todo Iniciado Hiperbóreo da Ordem dos Cava-
leiros Tirodal.

B – A LEI DO GLOBO DO ATO ÉTICO FUNDAMENTAL

O princípio fundamental, do qual parte a descrição tipológica, é o fato de que os viryas


perdidos tendem a reagir de três maneiras distintas frente ao símbolo sagrado, quer dizer, du-
rante o ato ético fundamental. Mas devemos recordar, antes de tudo, que tal confronto, o Eu
frente ao símbolo sagrado, é um ato “interior”, uma situação própria da estrutura psíquica. O
símbolo sagrado, em efeito, pode ter sido descoberto interiormente pela percepção que o sujeito
consciente, e o Eu perdido, realizam sobre uma fantasia, ou procedente de uma percepção ex-
terior, revelado por um Iniciador, por exemplo: neste último caso, uma vez introjetado, o sím-
bolo atuará com toda sua potência diretamente na esfera de luz, analogamente a qualquer sím-
bolo sagrado emergente. De maneira que, seja qual for a procedência do símbolo sagrado, o
fato é que este APARECE ante a visão do Eu perdido e que existe a certeza de tal aparição. O
símbolo sagrado APARECE na esfera de luz, então, DIFERENCIADO e CONFRON-
TADO.
A aparição de um símbolo sagrado é sempre uma experiência impressionante, daí que
não é possível ao Eu perdido mostrar-se indiferente: o símbolo É DIFERENTE E IMPRES-
SIONA. Se um símbolo é verdadeiramente sagrado, quer dizer, se representa a uma verdade

502
metafísica da mais elevada ordem, sua aparição causará no eu perdido uma impressão muito
intensa, caracterizada por certos estados de ânimo típicos, tais como “assombro”, “admiração”,
“surpresa”, “espanto”, “estupor”, etc., que convém resumir em um conceito: PERPLEXI-
DADE. Com outras palavras, A APARIÇÃO DO SÍMBOLO SAGRADO CAUSA A IME-
DIATA PERPLEXIDADE O EU PERDIDO. Entretanto, tal impressão não dura muito
tempo e, indefectivelmente, sucede uma reação do Eu perdido, quem adota uma das três atitu-
des mencionadas no quadro sinótico da figura 97: atitude lúdica, atitude sacralizante, ou atitude
graciosa luciférica.

Figura 97

503
Vamos destacar agora um fenômeno que ocorre durante este momento, quando o sím-
bolo sagrado se manifesta na consciência, e que acaba sendo determinante nas possíveis reações
do Eu perdido. Se tivermos presente que PERPLEXIDADE significa INCERTEZA, DÚ-
VIDA, VACILAÇÃO, etc., quer dizer, “DETENÇÃO”, podemos descrever com precisão o
fenômeno: QUANDO O SUJEITO CONSCIENTE SE DETÉM PERPLEXO FRENTE
AO SÍMBOLO SAGRADO, ESTE PARECE “CRESCER” ANTE SUA VISTA ATÔ-
NITA. Este fenômeno é tanto mais efetivo quanto mais intensa a impressão inicial e por isso é
comum que, quando o sujeito consciente tenha ficado por demais paralisado, nem sequer ad-
verte tal “crescimento” e, em troca, se crê estar de improviso ante um horizonte semiótico
incomensurável. É o que ocorre com símbolos que representam deidades ou Mitos, cujo TA-
MANHO RELATIVO com respeito à consciência, ao esquema de si mesmo, parece extrema-
mente grande e capaz mesmo de esmagar algumas mentes fracas. A atitude sacralizante, se-
gundo se verá mais adiante, é típica daqueles viryas perdidos cuja vontade é impotente para
superar a ILUSÃO DE TAMANHO produzida pelo fenômeno de crescimento do símbolo.
Porque, e isto deve ser afirmado, A RELAÇÃO DE GRANDE/PEQUENO COM
QUE UM SÍMBOLO SAGRADO SE REFERE À CONSCIÊNCIA OU ESQUEMA DE
SI MESMO É SÓ UMA ILUSÃO, UM ENGANO PRODUZIDO PELA POTÊNCIA
QUE SEUS ARQUÉTIPOS POSSUEM NA EMERGÊNCIA. Não há, pois, símbolos sagra-
dos “grandes” ou “pequenos”, maiores ou menores, superiores ou inferiores, etc., mas SÍM-
BOLOS SAGRADOS POTENTES OU IMPOTENTES PARA ATUAR SOBRE A CONS-
CIÊNCIA OU ESQUEMA DE SI MESMO, OU SEJA, SOBRE O SUJEITO CONSCI-
ENTE E O EU PERDIDO. Vale dizer, no interior do virya, completando sua totalidade psí-
quica, ESTÃO TODOS OS SÍMBOLOS... E NENHUM É “MAIOR” OU “SUPERIOR” À
PRÓPRIA CONSCIÊNCIA, AO ESQUEMA DE SI MESMO. É a poderosa potência de
alguns símbolos sagrados que produz grande perplexidade no Eu perdido e ocasiona a “ilusão
de tamanho”.
Para interpretar corretamente a natureza do fenômeno é preciso lembrar a origem dessa
potência que subjacente nos símbolos sagrados: os mitos estruturados nos esquemas da estru-
tura cultural ou os correspondentes Arquétipos universais ou Mitos. É evidente então que, SE
O SÍMBOLO SAGRADO CAUSADOR DA PERPLEXIDADE DO EU PERDIDO RE-
PRESENTA UM ARQUÉTIPO ATUAL, SEU “CRESCIMENTO” HÁ DE PROVIR DO
PROCESSO EVOLUTIVO EM QUE ESTE TENTA DESENVOLVER-SE. Em outras pa-
lavras, O “CRESCIMENTO” É A FORMA COMO O EU PERDIDO PERCEBE O PRO-
CESSO DO SÍMBOLO SAGRADO.
Como sabemos, o processo só pode ser interrompido pela ação volitiva do Eu. Se a
vontade por acaso não fosse suficiente, o processo do símbolo sagrado continuaria até a ente-
léquia, nutrindo-se para seu desenvolvimento, durante todo esse lapso de energia, tomada da

504
esfera de luz; isso significa que a esfera de luz se vai identificando paulatinamente com a repre-
sentação arquetípica do símbolo sagrado ou, também, que a emergência do mito ocupa com-
pletamente a capacidade da esfera de luz. Recordemos, a este respeito, o dito na Primeira Parte:
“Da potência com que um símbolo atravessa o umbral de consciência depende a região da
esfera de luz na qual tenha de manifestar-se. O símbolo I’, por exemplo, se estabiliza frente ao
sujeito consciente no nível (ver figura 21). O nível de estabilidade de toda representação
consciente se alcança em um só movimento que começa na estrutura cultural; na figura 21, isso
significa que o símbolo I’ emerge do plano de significação até o nível
EM UM SÓ MOVIMENTO, progressivo, até Ψ e brusco até : NO NÍVEL DE ES-
TABILIZAÇÃO ACABA A EMERGÊNCIA E COMEÇA O PROCESSO”. “A estabilidade
de uma representação é vivenciada pelo sujeito como a aparição da imagem, como um símbolo
que de pronto emerge e se faz claro na consciência. Mas tal estabilidade não indica quietude,
senão que assinala somente uma mudança na atividade do símbolo: a partir daí começa o pro-
cesso entelequial que pode alienar completamente a atenção do sujeito, a menos que este dis-
ponha de suficiente energia, ou seja, de vontade, para contra-atacá-lo”.
Seja como for, o efetivo é que: SE NÃO HÁ VONTADE DE SUBTRAIR-SE DO
PROCESSO ARQUETÍPICO DO SÍMBOLO SAGRADO, OU SE ESTA É INSUFICI-
ENTE, O PROCESSO CONTINUA SUA EVOLUÇÃO ATÉ A PERFEIÇÃO FINAL OU
ENTELEQUIA; OU SEJA: O PROCESSO SE ESTABILIZA. Nesta conclusão de capital
importância pode-se advertir que UMA RELAÇÃO LIGA A “VONTADE” E A “ESTABI-
LIDADE”: é a relação conhecida alegoricamente como LEI DO GLOBO e que pode enun-
ciar-se assim: QUANTO MENOR A VONTADE, MAIOR A ESTABILIDADE DO PRO-
CESSO.
Caso se interprete corretamente a lei do globo, se comprovará que a “ilusão de tama-
nho” é uma expressão ou “medida” de tal lei e, portanto, que tal “ILUSÃO” depende da relação
entre ambos os fatores: a VONTADE do eu perdido e a ESTABILIDADE do processo. Cabe
destacar, entretanto, que A ILUSÃO DE TAMANHO, COMO EXPRESSÃO DA LEI DO
GLOBO, DÁ UMA MEDIDA “INVERSA” DA VONTADE. Mais claramente: suponha-
mos que alguém se confronta com a visão de um símbolo cuja potência produz em seu Eu
perdido um efeito paralisante, por exemplo, um católico impressionado de santa perplexidade
ante a aparição de um coração sangrento coroado de espinhos; a lei do globo afirma, nestes
casos, que se o símbolo sagrado é apreciado como “enorme”, “grande”, “dilatado”, “maior”,
“superior”, etc., tal ilusão de GRANDE TAMANHO indica INVERSAMENTE quão PE-
QUENA é a vontade. Perceber um símbolo “grande” é sinal seguro de uma “pequena” vontade
e, naturalmente, no extremo da escala, o “panteísta”, cuja visão de “Deus” abarca a totalidade
do quanto for possível ver, segundo a lei do globo POSSUI UMA VONTADE INDIVIDUAL
QUASE INEXISTENTE.

505
Compreende-se agora que, estando os três tipos psicológicos definidos pela reação do
Eu perdido frente ao símbolo sagrado emergente, será a lei do globo que determinará o grau de
intensidade com que tal reação se faça efetiva. É conveniente, pois, aprofundar o conhecimento
da lei do globo. Isto se conseguirá no artigo seguinte mediante uma alegoria que permitirá tam-
bém descrever analogamente aos três tipos psicológicos.

C – A ALEGORIA DO SR. ABERRO E O GLOBO.

Dentro da alegoria, devem ser distinguidos dois momentos, caracterizados por cenas
ou ícones diferentes. Em primeiro lugar, descreveremos uma cena e estabeleceremos algumas
correspondências análogas; finalmente, observaremos a segunda cena e estabeleceremos con-
clusões definitivas.
Dispostas assim as coisas, podemos passar à primeira cena. Nela vemos um quarto de
regulares dimensões ocupado pelo senhor Aberro, que se encontra surpreendido por um fato
inesperado. Em efeito, o Sr. Aberro é dono de uma garrafa cheia de pressão de uma mescla de
gases muito valiosa, que constitui praticamente toda sua riqueza; não deseja, pois, perder o gás
por nada neste mundo e, por isso, vigia periodicamente a válvula de escape, assegurando-se de
que encontra bem fechada. Eis aqui o motivo da surpresa: ao checar desta vez a válvula, com-
prova que se encontrava aberta e que, por cima da garrafa, a figura heteromorfa de um globo
policromo se infla sem cessar. Frente à aparição do globo, o Sr. Aberro adverte, simultanea-
mente, várias coisas: que seu valioso gás alimenta de forma constante ao inchaço do globo; que
a policromia de sua superfície que mudava lhe era muito atrativa; que, contudo, admira muito
mais sua metamorfose, pois, ainda que crescesse continuamente, nunca tomava uma forma
definitiva; etc. E ante uma impressão de matizes tão variados, e até contraditórios, o Sr. Aberro
se detém perplexo durante largo tempo, observando que aquele orbe nemático é (ou se tornou)
demasiadamente grande.
Não será difícil estabelecer os pontos análogos de uma imagem alegórica tão simples.
Assim, o Sr. Aberro representa ao Eu do virya perdido, perplexo ante a aparição do símbolo
sagrado. A “garrafa” equivale a um depósito de energia psíquica inconsciente e a “mescla de
gases” a tal energia. E a “válvula” corresponde ao órgão, ou função, por meio da qual a VON-
TADE do Eu se manifesta sobre o fenômeno.
É evidente que o “globo” é uma figura análoga do símbolo sagrado, se mostra em muito
semelhante AO PROCESSO do símbolo sagrado. O globo, igual ao símbolo, é no começo do
fenômeno somente um gérmen, pleno de propriedades potenciais: a válvula aberta permite que
o sopro dos gases alimente ao gérmen e desenvolva sua potência, atualizando “todas essas for-
mas vistas pelo Sr. Aberro” que não são mais que “momentos” do fenômeno, “estados” ou
“fases” do processo. Também o símbolo sagrado, como o globo, é no começo do fenômeno

506
somente um gérmen, ou seja, puto signo potencial; o aporte nutritivo da energia psíquica in-
consciente, que é “composta” (por Arquétipo) como a “mescla” (por gases), produz o desen-
volvimento do gérmen-símbolo, cujas propriedades se atualizam “na” consciência. Não esque-
çamos em nenhum instante que o processo que estamos estudando, a “aparição do símbolo
sagrado”, é aquele pelo qual ”se faz consciente” um símbolo e pode ser conhecido: toda relação
entre o Eu e um símbolo revela um grau de conhecimento consciente, seja que o Eu abarque
ao símbolo com o entendimento consciente ou que este se erga, “inflado” e ameaçador, ante
um Eu impotente.
Na primeira cena é o inflar do globo o sujeito dinâmico que atua objetivamente sobre
o Sr. Aberro quem, pelo contrário, permanece passivo, “perplexo” frente ao fenômeno. A se-
gunda cena registra as possíveis reações do Sr. Aberro que correspondem analogamente aos
tipos psicológicos. Em resumo, a primeira cena mostrou a AÇÃO do símbolo sagrado sobre o
Eu perdido, ou seja, a constituição do “ato ético fundamental”; a segunda mostrará a REAÇÃO
do Eu perdido, reação que deve interpretar-se como a ATITUDE ÉTICA FUNDAMENTAL
do Eu frente ao símbolo sagrado e que define ao tipo psicológico do virya perdido por seu
caráter lúdico, sacralizante ou gracioso luciférico. Por motivos de clareza convém separar a des-
crição das três atitudes típicas e apresentá-las uma por vez. A segunda cena vem, então, dividida
em três atos: I, II e III.

D – DESCRIÇÃO ANÁLOGA DAS ATITUDES “LÚDICA”, “SACRALIZANTE” E


“GRACIOSA LUCIFÉRICA”.

I) Atitude lúdica. Enquanto se dissipava a perplexidade, na alma do Sr. Aberro deba-


tiam dois sentimentos encontrados: fascínio e ATRAÇÃO pelo globo policromo, e TEMOR
por seu processo de crescimento. De tal conflito resultou triunfante ao último o último e logo
o Sr. Aberro foi dominado por um medo mais intenso, que aumentou sua perplexidade e ame-
açava em converter-se em pânico. E a reação do Sr. Aberro foi rápida e típica, não dano tempo
para que o globo se dilatasse demais: FUGIU. Mas antes de fugir deu um tapa brusco e arrancou
o globo da boca da garrafa, levando-o consigo ao canto do quarto no qual se refugiou
Para o Sr. Aberro o globo se transformou, assim, num joguete. Claro que aquilo que
tinha entre suas mãos não se parecia em nada ao globo que antes se expandira sobre a garrafa
e lhe fascinara com sua beleza policroma: NÃO DEPOIS DE QUE O GÁS ESCAPARA DE
SEU INTERIOR E SE TRANSFORMARA NUMA MEMBRANA DESINFLADA. O
globo, ao iniciar-se o fenômeno, era um gérmen. E enquanto o Sr. Aberro jogava com aquele
cadáver, na garrafa a válvula continuava aberta, perdendo-se “vazado” aquele precioso gás que
alimentara o globo.
II) Atitude sacralizante. A “aparição” do globo causou uma forte impressão no Sr.

507
Aberro. No princípio sentiu-se comovido, gelado de assombro e, finalmente, maravilhado. Por
trás de uma sucessão de estados semelhantes o Sr. Aberro experimentou a convicção de que se
achava ante uma manifestação luminosa, um fato sobrenatural, sinal de uma presença divina
ou: a divindade mesma. Em lugar da perplexidade seu Eu adotou uma atitude de contemplação
estática do fenômeno; ou seja, à incerteza inicial somou-se uma passividade ainda maior. Mas,
nisso, o globo continuava crescendo continuamente, a saber, o fenômeno se havia ESTABILI-
ZADO. E quando o globo foi suficientemente “grande”, para a temerosa e prudente apreciação
do Sr. Aberro, este teve por certo que aquilo que era tão grande e belo devia ser, necessaria-
mente, superior. E sentindo sua alma diminuída frente a tanta grandeza, encolhida de fervor
religioso, aniquilada por uma devoção sem nome, o Sr. Aberro efetuou o primeiro ato desde
que presenciara o fenômeno: se ajoelhou e adorou ao globo de cores... E o globo, que seguia
crescendo com estabilidade, logo ficou tão enorme que acabou por ocupar todo o espaço da
habitação, adaptando-se à forma das coisas que ali havia, as quais ficavam incrustadas em dis-
tintas partes da superfície elástica. E assim ocorreu que o globo terminou por abraçar ao Sr.
Aberro, que continuava em sua posição devota, absorvendo-lhe entre vincos volumosos e se-
pultando no fundo de sua entranha pneumática.
III) Atitude graciosa luciférica. A aparição do globo sacudiu a alma do Sr. Aberro
como uma chicoteada e, de imediato, o fenômeno lhe impressionou em sua qualidade de fato
dramático, pleno de inevitável sentido. A perplexidade foi abandonada ante a íntima convicção
de que se devia atuar. Mas tal atuação sobre o fenômeno era pressentida desde o princípio como
fatalmente trágica e, por isso, o Sr. Aberro SORRIU PARA ENCHER-SE DE CORAGEM.
O S. Aberro, que observava atentamente o fenômeno, adotou a atitude de sorrir no
momento de atuar. E nesse mesmo momento se produziu o milagre: SEU RISO MUDOU O
SENTIDO DO FATO, TRANSFORMANDO- DE “DRAMÁTICO” EM “CÔMICO”.
Ato seguido, o Sr. Aberro estirou a mão e fechou a válvula, impedindo assim a passagem do
gás. O globo ficou “fixo” em um ponto de seu inflar-se E ASSIM FOI CONSERVADO
PELO SR. ABERRO, quem, depois de inspecioná-lo e apreendê-lo, o incorporou a sua coleção
de objetos pneumáticos, utilitários, didáticos e humorísticos.

E – VIGÊNCIA DA LEI DO GLOBO NO ATO ÉTICO FUNDAMENTAL

Se considerarmos que a aparição do globo, o ÚNICO globo causador das três reações
I, II e III, é um sucesso análogo à parição de um símbolo sagrado frente ao Eu perdido, tal
como se demonstrou, concluiremos que os tipos descritos nos três atos da segunda cena cor-
respondem efetivamente a tipos psicológicos característicos do virya perdido. Antes de nos
ocuparmos de tais correspondências convém destacar uma consequência de caráter geral, qual
é a vigência da lei do globo. Isto é: em toda alegoria, em efeito, tanto na primeira cena como
nos três atos I, II e III da segunda, se verifica analogamente a lei do globo: “quanto menor a

508
vontade, maior estabilidade do processo”. Recordemos que o Eu perdido, por sua essência
noológica, se manifesta como uma força volitiva. Portanto: O EU PERDIDO SOMENTE
PODE REAGIR VOLITIVAMENTE, OU SEJA, ENERGETICAMENTE, FRENTE AO
SÍMBOLO SAGRADO; POR ISSO A “PERPLEXIDADE” DO EU IMPLICA NEUTRA-
LIDADE ENERGÉTICA, NULIDADE VOLITIVA. Assim, de acordo à lei do globo,
quando o Sr. Aberro de DETÉM perplexo frente ao globo, este crescia e o fenômeno tendia a
estabilizar-se. No ato II, por exemplo, o caso em que o Sr. Aberro reduz devotamente sua
vontade ao mínimo, o fenômeno alcança uma estabilidade completa em seu desenvolvimento
e o globo toma um tamanho desmesurado que OCUPA A TOTALIDADE DE SEU ÂM-
BITO SENSÍVEL: a lei do globo antecipa, então, que tal “enorme” tamanho expressa de ma-
neira inversa a medida “pequena” da vontade.

F – CONCLUSÃO ANÁLOGA DA ALEGORIA DO SR. ABERRO E O GLOBO

Comprovada a validez da lei do globo na alegoria, pois a mesma é propriedade do ato


ético fundamental, podemos dedicar-nos a examinar a tipologia Aberro. Porém, acerca da ati-
tude lúdica exibida pelo Sr. Aberro no ato “i”, pouco é o que cabe agregar ao já dito em co-
mentários anteriores. Somente assinalaremos que nesta imagem (ato I), como em nenhuma
outra, ficou dolorosamente manifesto o efeito desastroso que a degradação de símbolo tem
sobre a consciência do jogador sacrílego. Na alegoria se pode observar claramente como a pro-
fanação e degradação do símbolo, representada pelo tapa e apropriação do globo, causa uma
mutilação na alma, uma ferida psíquica pela qual se “escapa” energia do inconsciente, figurada
na “perda de gás” da garrafa: tal energia, fora de controle do sujeito consciente ou do Eu, circula
desde a esfera de sombra à esfera de luz, brotando no umbral de consciência no lugar onde
estava o símbolo sagrado emergente; não é demais insistir em que toda classe de patologias
psíquicas, e até a demência irreversível, podem ser causadas por lesões semelhantes.
Notemos também que a atenção do Sr. Aberro se concentra finalmente na casca do
gérmen-globo que tem em suas mãos, esquecendo por completo da garrafa e do valioso gás
que dela escapa. Este esquecimento equivale à REPRESSÃO que o Eu perdido do jogador
sacrílego efetua contra o fenômeno processual, UMA VEZ QUE CONSEGUIU DEGRA-
DAR AO SÍMBOLO SAGRADO, para interromper o processo e submergir o Arquétipo ou
mito novamente no inconsciente. Mas, se bem vejamos, o Eu perdido trabalho ali como se
DESTAMPASSE um depósito de energia psíquica da qual o símbolo sagrado era sua TAMPA;
a repressão consiste em esquecer o depósito, em “tirá-lo de vista”, no possível: ao depósito, por
fim esquecido, permanece indefinidamente destampado e ativado para liberar a energia, ou seja,
ESTE PREPARADO PARA CONVERTER-SE EM UMA FUTURA “FONTE OCULTA”
DE PERTURBAÇÕES.

509
G – CRITÉRIO DA TIPOLOGIA ABERRO

Para maior esclarecimento do que se segue há que se definir uma ordem qualitativa na
tipologia Aberro. De acordo a essa ordem, que se fundamenta no princípio hiperbóreo da ori-
entação estratégica, o tipo realmente “superior” é o gracioso luciférico, quem se encontra me-
lhor orientado à Origem que os outros dois: tal tipo descreve o mais elevado estado espiritual
que lhe é possível alcançar a um virya perdido. Com este critério foi ordenado o quando sinótico
da figura 97 em concordância com a sucessão de atos da segunda cena.
Depois do primeiro tipo, o “gracioso luciférico”, vem em segundo lugar o “tipo sacra-
lizante”, menos orientado que o anterior, mas mais que o seguinte tipo “lúdico”. Assim, em
último caso, se localiza o tipo lúdico na tipologia Aberro, o mais extraviado de todos. Os três
tipos ficam desse modo, opostos de superior a inferior segundo a ordem declarada; por exem-
plo, o tipo sacralizante é superior, ou seja, melhor orientado que o tipo lúdico, etc. O tipo gra-
cioso luciférico, o “objective group”, o grupo branco contra o qual se dirige o ataque da Sinar-
quia previsto na segunda parte do plano exposto no artigo “O”, se encontra no alto da escala,
como exemplar superior aos outros tipos.

H – TIPO LÚDICO E TIPO SACRALIZANTE

Se o tipo lúdico se caracteriza pela atitude contraditória de TEMOR e ATRAÇÃO pelo


símbolo sagrado, de maneira oposta está o tipo sacralizante marcado pela SUBMISSÃO ao
símbolo sagrado. Em um exemplo anterior se destacou ao ato B, que descreve alegoricamente
ao tipo sacralizante, como clara amostra da efetividade com que atua a lei do globo: em efeito,
é característica deste tipo a tendência à CONTEMPLAÇÃO do símbolo sagrado, atitude que
requer, para ser plena, da quietude do sujeito anímico, da passividade extrema da alma; conse-
quentemente, a vontade se vê assim debilitada e reduzida e, de acordo à lei do globo, o símbolo
cresce enormemente produzindo a ILUSÃO de tamanho, que é uma medida inversa da von-
tade. Este último efeito esteve representado na alegoria pela inflação do globo.
Se falarmos de ILUSÃO estamos aludindo a APARÊNCIA. O tipo sacralizante é, jus-
tamente, aquele cuja realidade se compõe exclusivamente de aparências. Para comprová-lo não
é preciso mais que atender ao caráter contemplativo: a contemplação do símbolo sagrado jamais
inclui seu exame ou inspeção racional, atos aos que se julgam desrespeitosos e sacrílegos; pelo
contrário, aquela contemplação se contenta com o aspecto mais exterior e aparente do símbolo
sagrado, pois considera como um favor ou uma mercê divina qualquer conhecimento ulterior
do mesmo. Se penetrar no interior do símbolo sagrado, se tomar contato com sua essência
arquetípica, isso não se deve a um esforço por conhecer, a um movimento efetuado pelo Eu
perdido para chegar até ele e atravessar o véu da aparência: é o símbolo sagrado, inversamente,
quem ANESTESIA ao Eu perdido e de expande na consciência, em tudo semelhante ao globo

510
do Sr. Aberro, absorvendo-o em suas profundidades pneumáticas.
Símbolo sagrado se revela assim, ao Eu perdido, depois de ANESTESIADO e FAGO-
CITADO; e tal catástrofe não somente não é jamais resistida pelo tipo sacralizante, senão que
é tida em alta estima, denominando-a “êxtase sagrado”, “êxtase divino”, “unio Dei”, etc.

I – TIPO GRACIOSO LUCIFÉRICO

Assim como demonstramos em comentários anteriores, que a atitude lúdica se origina


em parte ao TEMOR a transcender os símbolos pode demonstrar-se também que a atitude
graciosa luciférica se fundamenta no VALOR. É evidente, pois, que ditos tipos são OPOSTOS;
entretanto, ambas as atitudes, uma originada no TEMOR e a outra fundada no VALOR, não
devem considerar-se um par de contrários opostos: as duas estão “opostas”, mas somente como
o “superior” o está ao “inferior”, tal como se explicou no artigo H.
Agora, segundo a Sabedoria Hiperbórea, a atitude graciosa luciférica é característica de
toda linhagem hiperbórea: ainda o “furor Berserker”, próprio dos Siddhas, não poderia produ-
zir-se se o Eu desperto, previamente, não houvesse adquirido uma “atitude graciosa luciférica”;
tampouco o virya perdido, por suposto, poderia concretizar a Iniciação Hiperbórea se não ado-
tasse a “atitude ética prévia”, o isolamento do Eu perdido, ou seja, a “atitude graciosa luciférica”.
Mas, como acabamos de afirmar, a atitude graciosa luciférica se fundamenta no VALOR; é,
pois, de maior importância indagar: o que significa VALOR no ato ético fundamental, o Eu
frente ao símbolo sagrado, ou seja, no âmbito onde se suscita a atitude graciosa luciférica? Res-
posta: “VALOR” É A VONTADE GRACIOSA, OU SEJA, A VONTADE CARISMÁ-
TICA. Para explicar este conceito há que se ter presente os termos no qual está proposto o ato
ético fundamental: o Eu perdido, PERPLEXO frente à aparição do símbolo sagrado. Nesse
caso o tipo gracioso luciférico é o único dos três tipos que reconhece: a) QUE ENTRE O
SÍMBOLO SAGRADO E O EU PERDIDO CRIOU-SE UMA “TENSÃO”; b) QUE TAL
TENSÃO TEM SIGNIFICADO DRAMÁTICO. Compreender o significado dramático do
ato ético fundamental é essencial porque A “TENSÃO” PROVÉM DA FORÇA POSTA EM
JOGO PELO ARQUÉTIPO POR TRÁS DO SÍMBOLO SAGRADO PARA CAPTURAR
O SUJEITO CONSCIENTE, E AO EU PERDIDO SUBMERSO NELE, ANESTESIÁ-
LO E FAGOCITÁ-LO: a este processo do símbolo sagrado somente consegue opor-se com
eficácia o tipo gracioso luciférico. Eis aqui, pois, com mais detalhe, a definição do conceito de
valor: SOMENTE QUEM PERCEBEU CONSCIENTEMENTE A TENSÃO DRAMÁ-
TICA ENTRE O EU PERDIDO E O SÍMBOLO SAGRADO, OU SEJA, OS MEMBROS
DO TIPO GRACIOSO LUCIFÉRICO, E SE OPÕEM A ELA COM “VONTADE GRA-
CIOSA”, POSSUI VERDADEIRO “VALOR”. A este enunciado se denomina “definição no-
ológica do valor”.

511
A “VONTADE GRACIOSA” é a força noológica que o Eu aplica contra o símbolo
sagrado emergente quando apresenta uma atitude graciosa luciférica; como se verá, a atitude
graciosa aporta uma energia extra ao Eu perdido que lhe permite deter o processo do símbolo
sagrado, e evitar a fagocitação da consciência, SUSPENDENDO A TENSÃO DRAMÁTICA;
por isso se chama “graciosa” a tal vontade: porque a energia “extra” aportada é produto do
Paráclito. Com esta mesma “vontade graciosa” o Iniciado Hiperbóreo ou Cavaleiro Tirodal
constrói a esfera Ehre (1) em torno do selbst.
Assim, o valor noológico é a vontade graciosa manifestada pelo Eu durante o ato ético
fundamental. Não se pode esquecer nunca este caráter INTERIOR do valor noológico, espe-
cialmente para distingui-lo do conceito vulgar de valor, que alude a um PERIGO EXTREMO.
O “valor”, em efeito, se opõe ao “temor”, mas ambos os atos estão referidos ao PERIGO: se
teme ao perigo; valor é não temer ao perigo. Mas no significado vulgar o “perigo” é sempre
externo ou objetivo, motivo pelo qual o valor se define como uma CARACTERÍSTICA DA
CONDUTA, um traço do comportamento circunstancial. Em sua raiz latina, VALEO significa
“ser forte”, “poderoso”, “robusto”, etc. O VALENTIS, ou valente, por exemplo, era “o forte”.
Compreende-se então que ao centralizar a definição do valor noológico em torno do
Eu, no âmbito interior do ato ético fundamental, nos distanciamos demais do conceito vulgar
de valor. O “perigo” que ameaça ao Eu, a fagocitação psíquica, procede de um símbolo sagrado
emergente e apenas se deseja comparar com os perigos do mundo exterior. Em consequência,
o valor necessário para enfrentar tal perigo não se pode derivar da exterioridade do comporta-
mento, mas deve ser definido precisa e cuidadosamente no terreno de sua geração, isto é, o ato
ético fundamental, o Eu frente ao símbolo sagrado.
Logo, esta definição “interior” de valor noológico somente é válida para o tipo gracioso
luciférico, um virya de linhagem hiperbórea para o qual o valor é sua essência espiritual e não
um mero revestimento psicológico ou postura exterior. O furor Berserker, no extremo da pu-
reza sanguínea, implica uma mutação completa do microcosmo, mutação que transforma toda
substância em energia resoluta, orientada à Origem. A “atitude graciosa luciférica” é, pois, uma
atitude valente, tanto se a adota para enfrentar um símbolo sagrado emergente como para dar
o Segundo Passo da solução de Wotan e isolar o Eu na arquêmona odal, marchando depois à
Origem. Já advertimos: “entre o Eu e a Origem sempre se encontra o Inimigo”... e “o inimigo”
pode ser qualquer das múltiplas formas do Engano que emprega o Demiurgo. Marchar rumo
à Origem implica, pois, um confronto terrível do qual somente poderá sair vencedor quem o
acometa impulsionado por um arrojo sem reservas, uma ousadia irrefreável, audácia genial, in-
trepidez iluminada, atrevimento libertador, enfim, por um VALOR irresistível que é puro fogo
porque é parte do sangue puro ou FANHEMA. Sim, no último grau da pureza sanguínea, o
VALOR é furor Berserker, pura resolução, pura energia, puro fogo, uma cólera sublime, uma
coragem metafísica, uma flecha incandescente disparada contra o tempo, por sobre o espaço

512
inimigo, até o Vril! Então, quando o Eu-seta culmine ESSA VIAGEM INTERIOR, nas fron-
teiras do Espírito eterno, a liberdade original estará recuperada para sempre; não haverá mais
cadeias nem Enganos; ficará atrás a loucura da matéria e energia E SÓ O VALOR SOBREVI-
VERÁ NO ABSOLUTO…. PORQUE O ESPÍRITO HIPERBÓREO, O “ESPÍRITO ES-
FERA NORMAL”, ETERNO E INFINITO, É O VALOR ABSOLUTO.

J – EFEITO DA ATITUDE GRACIOSA LUCIFÉRICA SOBRE A TENSÃO DRAMÁTICA.

Vimos que o tipo sacralizante percebe a lei do globo na forma SUBJETIVA, como
“ilusão de tamanho” do símbolo sagrado. De maneira semelhante, o tipo gracioso luciférico
percebe a lei do globo em forma ENERGÉTICA, como “tensão dramática” do símbolo sa-
grado. Quando o Sr. Aberro, que captou a tensão dramática, ri “para se dar coragem”, isso
significa que dispõe de uma “vontade graciosa” para afrontar a situação. A tensão dramática,
manifestação energética da lei do globo, tende a imobilizar ao Eu perdido CRIANDO EM
SEU TORNO UM MICRO-CLIMA DE ANGÚSTIA, VALE DIZER, UM CONTEXTO
DRAMÁTICO. Qual o benefício que concede a atitude graciosa luciférica nessa circunstância
dramática? Resposta: A ATITUDE GRACIOSA LUCIFÉRICA SUSPENDE A TENSÃO
DRAMÁTICA. Por isso o Sr. Aberro pode, tranquilamente, “fechar a válvula”, ou seja, aplicar
sua vontade e deter o fenômeno, quer dizer, interromper o processo do Arquétipo: depois, sem
alterar-se em nada, ou seja, sem que o Eu perdido saia afetado, se dedica a inspecionar o globo:
vale dizer, o Eu perdido apreende o símbolo sagrado. E esta atitude gnóstica, notadamente
espiritual, valorosa até a temeridade, QUE RI DO PERIGO E TOMA O QUE LHE CON-
VÉM SEM PEDIR PERMISSÃO A NINGUÉM, é, não é demais insistir nisso, VERDADEI-
RAMENTE LUCIFÉRICA.
Mas. Se a atitude graciosa luciférica suspende a tensão dramática, o que percebe em
troca? Resposta: uma situação cômica; graciosa, mas notoriamente falsa. Ante o olhar luciférico
a circunstância dramática perde sua atmosfera trágica ou angustiante e se revela, em compensa-
ção, artificial e fictícia. Por isso se diz que o olhar luciférico é risonho, que o riso “brilha nos
olhos”; olhar que os Demônios e alguns mentecaptos acham ofensivo, mas diante do qual o
Engano se faz irremediavelmente patente. SE TIVÉSSEMOS VALOR SUFICIENTE PARA
OLHAR O UNIVERSO E RIR COM O RISO DE LÚCIFER, VERÍAMOS COMO ESSA
MALDITA ILUSÃO SE DISSOLVERIA NO CAOS PRIMORDIAL!
Em síntese, a atitude graciosa luciférica quebra a lei do globo, confirmando a sentença
que enuncia: “quebrar as leis do Universo é a essência do luciférico”; A sabedoria popular,
portanto, conhece perfeitamente o princípio de que o riso suspende a tensão dramática, ainda
que projetado em situações exteriores ou fatos culturais. Todo mundo sabe, por exemplo, que
uma piada feita no momento oportuno pode DISTENDER qualquer situação dramática; e é

513
uma cena repetida em todas as culturas com muitas poucas variantes àquela que descreve aos
heróis, antes de protagonizar uma façanha, despedindo-se com uma piada ou desdém.
Resumindo, o tipo gracioso luciférico jamais assumirá a atitude lúdica ou sacralizante
frente ao símbolo sagrado, tentando degradá-lo ou submetendo-se a ele, senão que, inversa-
mente, disporá da possibilidade de transcendê-lo e de tomar conhecimento de sua essência ar-
quetípica. Se a potência do símbolo sagrado é, ou parece ser muito intensa, até um grau tal que
inicialmente ultrapassa a capacidade de assimilação da consciência, NÃO TEMERÁ: exibirá
em troca uma atitude graciosa luciférica que lhe permitirá vencer a perplexidade ante “o
grande”, suspender a tensão dramática, quebrar a lei do globo e atravessar assim, valente, orgu-
lhosa e risonhamente, os limites formais do símbolo sagrado.

K – VONTADE GRACIOSA LUCIFÉRICA DO VIRYA E VONTADE PSICOLÓGICA DO


PASU.

Cabe agora responder a uma questão fundamental: de qual força se vale a atitude graci-
osa para SUSPENDER a tensão dramática que, segundo vimos, é de natureza energética? Res-
posta: tal como se adiantou, a tensão dramática resulta suspensa pela ação da VONTADE
GRACIOSA. Entretanto, esta resposta não é de todo exata, pois carece dos detalhes, pois: a
tensão dramática é uma energia aplicada contra o Eu, MAS UMA ENERGIA QUE CRESCE
DE ACORDO COM O PROCESSO EVOLUTIVO DO ARQUÉTIPO; a esta energia cres-
cente se lhe opõe a vontade graciosa para contra-atacá-la e SUSPENDE-LA, mas ISSO SÓ
SERÁ POSSÍVEL SE A ENERGIA VOLITIVA CRESCE NA MESMA MEDIDA QUE A
TENSÃO DRAMÁTICA. Queremos significar com isso que a vontade é, de algum modo,
“reforçada” pela atitude graciosa, ou seja, que recebe uma energia extra. A suspensão da tensão
dramática não procede, pois, da mera oposição, de uma relação físico-metafísica de forças, se-
não de um APORTE MÁGICO de energia. A mercê de tal aporte a vontade se eleva podero-
samente de nível, distanciando-se da oposição do símbolo, com o qual a tensão dramática fica
relativizada a um grau insignificante, “suspensa” em sua capacidade de atuar.
O “aporte poderoso de energia”, que além do mais não é crescente, mas instantâneo, o
obtém o Eu por VINCULAÇÃO CARISMÁTICA, contato que constitui um dos princípios
da Estratégia psicossocial. A “vinculação carismática” estabelece um contato transcendente
com o Paráclito que é, na verdade, quem aporta a energia extra; em relação ao paráclito, já
demos a seguinte definição: “o ‘agente carismático’ está perpetuamente presente num plano
‘absolutamente transcendente’ ao mundo imanente da matéria e se denomina Paráclito”. Mas
este Paráclito não é uma das pessoas da trindade católica, senão um conceito antiquíssimo da
Sabedoria Hiperbórea que convém repetir aqui: o Paráclito NÃO É UM “ASPECTO” DE
DEUS, MAS A VONTADE DE DEUS; entende-se que a definição alude ao Deus Hiperbóreo
“O Incognoscível” e não ao Pantocrator ou Demiurgo: A VONTADE DO VERDADEIRO

514
DEUS SE DENOMINA “PARÁCLITO” OU VONTADE GRACIOSA DO INCOGNOS-
CÍVEL”.
Agora, com, sendo absolutamente transcendente, pode o Paráclito aportar energia, ou
seja, vontade graciosa, ao Eu perdido? Resposta: O explicaremos analogamente, baseando-nos
na seguinte citação: “o Eu é capaz de controlar o processo dos símbolos sagrados se apresentar,
frente a eles, uma “atitude graciosa luciférica”. Em outras palavras: quando sobrevém a crise
sub-runa do sujeito consciente, o Eu orientado se encontra APOIADO NO ÂNGULO RETO
DA ARQUÊMONA E FRENTE AO UMBRAL DE CONSCIÊNCIA; emerge, então, frente
a ele, um símbolo sagrado que tenta deslocar-se com grande potência: se esse deslocar se con-
cretiza, o Eu orientado estará novamente perdido; mas o Eu consegue deter o processo, e ainda
inverter o sentido para explorar sua essência arquetípica, apresentando uma atitude graciosa
luciférica”. A isto podemos agregar como resposta, que A ATITUDE GRACIOSA LUCIFÉ-
RICA PERMITE O ÊXTASE RÚNICO DO ÂNGULO RETO NO QUAL “SE APÓIA”
O EU ORIENTADO: O “ÂNGULO RETO”, EM EFEITO, É UMA ANTIGA RUNA
LIMITANTE CHAMADA “LA”. E no êxtase rúnico, segundo se disse, se manifestará o pa-
ráclito quando solicitado pelo Eu, aportando a força irresistível e transmutadora da Vontade do
Incognoscível: “se o Espírito, o selbst, o Eu o reclama, o Verdadeiro Deus se manifestará voli-
tivamente: por isso não é possível conhecer ao Incognoscível, senão comprovar a ação de sua
força, que reforça a esfera Ehre(1).
Em síntese, o Eu orientado, ao assumir a atitude graciosa luciférica, experimenta um
êxtase rúnico que o põe em vinculação carismática com o Paráclito, recebendo deste uma “ener-
gia extra” que lhe permite suspender a tensão dramática do símbolo sagrado e reforçar sua
esfera de vontade egóica Ehre (1). Mas, se bem o Eu recebe INTIMAMENTE a graça do
Paráclito, o que suspende a tensão dramática é seu próprio ato, ou seja, seu VALOR, pois tal
ato é efetuado com VONTADE GRACIOSA. E ESSA ATITUDE DE VALOR, DA VON-
TADE GRACIOSA, QUE SUSPENDE A TENSÃO DRAMÁTICA NO ATO ÉTICO
FUNDAMENTAL, É “A HONRA NOOLÓGICA”, A ÚNICA AÇÃO MORAL DO
VIRYA.
Contrariamente a esta vontade graciosa procedente do Espírito, cujo ato é a honra, a
“vontade psicológica” do pasu é uma força anímica, carente de sentido ético. A vontade psico-
lógica, como todo o anímico, está ligada ao orgânico: uma deficiente alimentação, ou um ex-
cesso de atividade sexual, ou a fadiga orgânica de qualquer espécie, podem enervar em um
momento a vontade psicológica, cuja recuperação depende, então, da normalização da função
orgânica alterada. A vontade graciosa, em compensação, por ser de origem noológica, ou seja,
proceder de um ser absolutamente transcendente, eterno e infinito, como o Espírito, é inde-
pendente do orgânico: a vontade graciosa do virya, do herói, do guerreiro, não só é potente
para vencer qualquer obstáculo que se interponha em seu caminho senão que, acima de tudo,

515
é potente para vencer a seus próprios demônios interiores, aos mitos e símbolos sagrados, e às
debilidades que enervam a vontade psicológica do sujeito anímico.

L – O PARÁCLITO, SUA GRAÇA, E O CARISMA.

No artigo D, se expôs a seguinte conclusão. “Em síntese, nisto consiste a construção


da esfera Ehre: o Eu, com atitude graciosa luciférica, deve conseguir que se manifeste o Paráclito
durante o êxtase rúnico, quer dizer, que coincida no infinito atual: sua presença não brindará
nenhum conhecimento à parte da verdade da runa não criada, mas em troca transmutará a
estrutura psíquica do virya criando uma esfera de vontade egóica em torno do selbst (figura 32).
A Esfera Ehre (1), cujo conteúdo é uma energia extra aportada pelo Paráclito, se converte assim
em uma fonte de força volitiva que o Eu absorve para reforçar sua própria essência volitiva. Tal
é a Graça do Verdadeiro Deus: que o espírito revertido e aprisionado não careça jamais da força
necessária para concretizar sua libertação. Se a força volitiva é insuficiente, o EU sempre disporá
da possibilidade de RECLAMAR O AUXÍLIO DO PARÁCLITO. Não obstante, sua pre-
sença transmutadora somente se revelará àquele virya que expresse uma “atitude graciosa luci-
férica”, quer dizer, a quem haja recebido a mensagem carismática do gral de Cristo Lúcifer, o
enviado do Incognoscível, e tenha se alinhado carismaticamente em seu bando guerreiro”. So-
bre este caráter AUXILIAR do Paráclito, aqui vamos completar o conceito e esclarecê-lo re-
cordando a sua etimologia; quanto a referência ao “Gral de Cristo Lúcifer”, cabe advertir que
dito tema será desenvolvido com detalhes no inciso “Estratégia “0” dos Siddhas Leias.
Paráclito é uma palavra grega (παραχιητοσ) derivado de (παραχιηςισ), chamado, pedido
de auxílio, solicitude de libertação, et., onde se vê, já, o significado apontado. O Paráclito é
considerado assim, em sua origem, uma “chamada de auxílio”, um intercessor ou advogado
pela liberdade, etc. O cristianismo empregou ao princípio com bom tino este vocábulo para
designar ao Espírito Santo ou Mediador Divino, conceito que se aproxima bastante ao da Sa-
bedoria Hiperbórea: VONTADE-DOINCONOSCÍVEL-DE-LIBERTAR-AO-ESPÍRITO.
Mas, depois da nefasta aliança entre os Imperadores romanos e a Igreja, depois do concílio de
Nicéia e subsequentes, se “inventou” uma “trindade divina” e se incorporou ao Paráclito aos
Aspectos de Jeová-Satanás, envenenando definitivamente seu significado original. Entretanto,
a palavra é hiperbórea e não por degradada deixaremos de usá-la quando nos convém, reme-
tendo-nos sempre ao conceito da Sabedoria Hiperbórea. A mesma reserva guardaremos com
relação a outras palavras, GRAÇA e CARISMA, igualmente violadas pela teologia católica e
que agora redefiniremos.
Ao Paráclito se denomina AGENTE CARISMÁTICO, segundo dissemos. A palavra
CARISMA, assim também como caridade, caritativo, etc., provêm da raiz grega CHARIS ou
JARIS (χαρισ) que tem, entre muitos, o significado de GRAÇA, atrativo, encanto, beleza, for-
mosura, donaire, garbo, elegância, mas fundamentalmente, dom divino. Esta mesma raiz deu

516
em latim a GRATIA, de onde procede a Castelhana GRACIA* (graça, em PT), e grátis, grati-
ficar, grato, etc., com as mesmas acepções que em grego. Também a GRATIA, as três Graças
Divinas, registram a mesma origem: AGLAYA “a brilhante”, EUFROSINA “a alegria do co-
ração”, e THALIA “a florida”.
Etimologicamente, então CARISMA e GRAÇA são palavras sinônimas. Contudo, para
a Sabedoria Hiperbórea, ambas as vozes têm um sentido levemente diferente: em CARISMA
se reserva o caráter absolutamente transcendente que corresponde à manifestação ou expressão
do Paráclito como AGENTE ou OBREIRO DIVINO; daí resulta o “AGENTE CARISMÁ-
TICO” como expressão do Paráclito. A GRAÇA, em compensação, se emprega para destacar
a atitude do virya, quando estabelece o vínculo carismático, ou seja, a “atitude graciosa lucifé-
rica”.

M – O TIPO GRACIOSO LUCIFÉRICO PARTICIPA DA MÍSTICA HIPERBÓREA.

Durante a atitude graciosa luciférica, então, o Eu estabelece um contato carismático


com o Paráclito. Isso só pode ocorrer, de acordo com o visto, na coincidência com o êxtase
rúnico, ou seja, quando o Eu coincide no infinito atual com a runa não criada. Este conceito
permite compreender com mais exatidão a definição da Mística Hiperbórea exposta na Primeira
Parte. Para isso há que se dotar ao conceito de “vinculação carismática” de seu significado “co-
letivo”; vale dizer, sim, por um lado, a vinculação carismática significa também o contato dos
viryas entre si por coincidência carismática no “marco de uma Mística Hiperbórea”, ou seja, em
sua área estratégica”. Por isso a Mística se define como “uma FORMA sustentada por um SER
chamado carisma”. Sob essa “forma” que, agora se vê, não pode ser mais que a RÚNICA,
existe uma área estratégica na qual os viryas se conectam pelo sangue puro, pelo Símbolo da
Origem presente no sangue puro. Tal conexão, que vincula aos viryas com seu “centro caris-
mático” ou líder, é também uma experiência extática denominada “êxtase místico”: a vinculação
carismática, então, uma vez conectado o Eu do Iniciado ao Paráclito, o converte no “centro
estratégico” de uma Mística e o vincula infalivelmente com os viryas perdidos que recebem seu
“carisma”. “Este carisma, que possuem em alto grau os líderes e que parece se elemento indis-
pensável para garantir o êxito na condução de comunidades e na fundação de organizações
coletivas perduráveis, é o princípio sobre o qual se assenta uma Mística. Em efeito, uma Mística
Hiperbórea, ou simplesmente Mística, é sempre a percepção coletiva de um carisma que, por
sua vez, pode estar sustentada na presença de um líder visível ou emanar de um pequeno grupo
de pessoas ocultas. Mas, qualquer que seja o caso, a vinculação carismática entre viryas sempre
tem como centro o sangue, o Símbolo da Origem que constitui a herança de linhagem hiper-
bórea”. “O carisma é a expressão do paráclito ou Espírito Santo e SÓ SE EXPERIMENTA
SUA RECORDAÇÃO a partir da Minne sanguínea”: se este conceito é obscuro, se fará claro

517
se notarmos que o Símbolo da Origem, e as runas que o compõem, somente pode ser experi-
mentado como RECORDAÇÃO, a saber, como a recordação do ponto tau na memória de
sangue, QUALQUER ÊXTASE RÚNICO IMPLICA SEMPRE A VIVÊNCIA DO SÍM-
BOLO DA ORIGEM, SUA “RECORDAÇÃO”. Continua assim: “Isto significa falar de uma
experiência absolutamente transcendente e individual a qual chamamos ÊXTASE MÍSTICO e
ao qual não é possível nem imaginar relacionado com o COLETIVO porquanto este conceito
alude ao relativo a “qualquer reunião de indivíduos”, tal como o define o Dicionário Sopena*
(referência da língua original do autor). O que queremos dizer, então, ao falar de PERCEPÇÃO
COLETIVA do carisma? Resposta: Que, “no marco da Mística”, as experiências carismáticas
individuais, diferentes e únicas em si mesmas, coincidem sincronisticamente em tempo e es-
paço. O que não significa em absoluto que tais experiências sejam COLETIVAS no sentido
como denominamos às EXPERIÊNCIAS COMUNS ou fenômenos cuja percepção, uma e a
mesma, é compartilhada por muitos, tais como a observação de um eclipse ou a audição de
uma melodia”.
Segundo vemos, para a Sabedoria Hiperbórea “o carisma é o ser que suporta essa forma
chamada Mística”; mas, “tal forma e tal ser são absolutamente transcendentes”: como podem
ser conhecidos, então? Resposta: não com a razão nem com nenhum sujeito anímico, ou seja,
não com a alma, nem com o coração, etc. Somente se pode perceber a Mística Hiperbórea com
o sangue, nesse contato estratégico entre o sangue e o Eu perdido, desligado de toda razão, de
todo instinto, “escuta o canto de A-mor dos Siddhas”. A Mística é, por outra parte, A ÚNICA
FORMA RÚNICA, VERDADEIRA E ABSOLUTAMENTE TRANSCENDENTE ÀS
FORMAS ARQUETÍPICAS, QUE LHE É POSSÍVEL INTUIR A UM VIRYA PERDIDO
SEM CONHECER A SABEDORIA HIPERBÓREA. E isso ocorre somente porque tal
“forma rúnica” JÁ É CONHECIDA pelo virya, na Origem, e guarda dela a recordação na
memória de sangue puro.
A Mística Hiperbórea NÃO É UM FENÔMENO DE CAMPO DE FORÇA, se-
gundo se afirma na Primeira Parte, mas um modo sincronístico e à causal de contato transcen-
dente entre membros de linhagem hiperbórea, viryas e Siddhas, e com o Paráclito. Ela é res-
ponsável pela vinculação carismática entre viryas e Siddhas Leias conhecida como aura Catena
ou Cordão Dourado; os pasus CASO se vinculem entre eles, e com os Demônios de Chang
Shambala, É MEDIANTE UM FENÔMENO DE CAMPO SEMELHANTE AO “MAG-
NETISMO” DA FÍSICA PROFANA, CAUSADO EM VERDADE PELOS ÁTOMOS
GRAVIS DO ESPAÇO FÍSICO. Mas este grosseiro contato gregário, próprio da histeria co-
letiva, não deve confundir-se com a vinculação carismática. “O virya é um ente essencialmente
dual: em seu ser coexiste, junto à sua natureza anímica, a manifestação transcendente do Espí-
rito, o Eu perdido que reflete em maior ou menor medida ao Eu Infinito. Ou seja, no virya

518
coexiste uma natureza animal e uma herança hiperbórea. Quando “desperta”, quando a vincu-
lação carismática do Cordão Dourado o põe em contato com os Siddhas Leias ou com um líder
e tem acesso às vias de libertação, então o Eu Infinito se manifesta no Símbolo da Origem,
dando lugar ao selbst e à possibilidade de projetar a partir dali o Signo da Origem SOBRE o
signo do cerco, produzindo um cerco infinito. Nasce, assim, a Mística Hiperbórea, a qual não
é mais que um cerco infinito com um conteúdo carismático, um espaço estratégico: a arquê-
mona que produz o virya como ato de guerra individual é, certamente, uma Mística pessoal,
enquanto que a Mística racial é somente o caso geral daquela, a determinação de uma arquê-
mona ou espaço estratégico para a transmutação e libertação espiritual de toda uma comunidade
carismática”.
Sintetizemos o conceito. Os tipos graciosos luciféricos do virya perdido atuam, comu-
mente sem sabê-lo, dentro de uma Mística Hiperbórea. Quando se confrontam a um símbolo
sagrado e apelam para a vontade graciosa para suspender a tensão dramática, isso é sinal ine-
quívoco de que se vincularam carismaticamente com um líder carismático, o Führer, por exem-
plo, um Siddha leal, com Cristo Lúcifer ou com Wotan, etc. Em qualquer caso, o virya perdido
recebe um “aporte extra” de energia volitiva diretamente do Paráclito que lhe permite advertir
graciosamente a comédia montada pelo Arquétipo ou o mito e SUSPENDER a tensão dramá-
tica. O Eu perdido se vê, então, momentaneamente inundado de valor, transmutado pela von-
tade graciosa, alerta e resoluto a atuar para deter o processo do símbolo sagrado e ao mesmo
tempo transcendê-lo e conhecer sua essência arquetípica. Mas a “energia extra” que outorga o
Paráclito não é um “conteúdo” do Eu perdido, nem sequer do selbst, mas da esfera Ehre, A
QUAL DEVE SER CONSIDERADA, TAMBÉM, COMO UMA “MÍSTICA PESSOAL”
OU FORMA RÚNICA: SE CUMPRE ASSIM O PRINCÍPIO DE QUE “O CARISMA”,
OU “AGENTE CARISMÁTICO”, SOMENTE PODE SER CONTIDO DE UMA MÍS-
TICA. É o que sucede com o tipo gracioso luciférico: se converte no “centro carismático de
uma Mística, sua esfera Ehre, que parte dele e pode transmitir-se, por vinculação carismática, a
outros viryas que a percebem com o sangue puro. Por isso os “chefes naturais” mandam e
ninguém discute seu mandato: todos “sabem”, com o sangue, que ele é realmente superior; é o
VALOR, a VONTADE GRACIOSA, o que delata sua condição de líder carismático.
Por que se participa de uma Mística? Resposta: pela Minne ou memória contida no
sangue puro, pela potência hiperbórea da linhagem. Daí carecer de sentido falar em forma “co-
letiva” das linhagens hiperbóreas ou supor que seus membros possam enquadrar-se nos pa-
drões da “psicologia das multidões”. São as características dos pasus as que se encaixam em tais
padrões, característica, também, das populações animais: nas multidões, integradas por públicos
heterogêneos, as tendência animais do pasu e a pureza de sangue de cada um dos membros, dá
luar a dois fatos simultâneos e contrapostos. As tendências animais produzem um fenômeno
coletivo de “gregarismo” ou “alma grupal”; o sangue puro atualiza o fato da raça Hiperbórea

519
ao vincular carismaticamente os seus membros no marco rúnico de uma Mística. Ambos os
fatos constituem dois “princípios fundamentais” nas técnicas de controle social, tal como se
demonstra no “Tratado de Estratégia Psicossocial das ”. De maneira que, “dentro de uma
Mística”, não existem fenômenos coletivos, de campo de força, causais, etc., senão uma vincu-
lação carismática, sincronística e acausal, que relaciona diretamente, virya por virya, a cada um
com seu líder ou Führer. Cabe repetir, por último, que o valor, tal como o define a Ética noo-
lógica, como vontade graciosa, constitui o conteúdo de uma Mística, a esfera Ehre e, portanto,
não pode ser efetivamente ocultado ou dissimulado: com o sangue a raça saberá sempre, caris-
maticamente, misticamente, quem são seus verdadeiros heróis, líderes ou chefes.
Comprovamos, pois, que a atitude graciosa luciférica, que é o grau mais espiritual que
pode alcançar um virya perdido, ou seja, estrategicamente desorientado sobre a Origem, é tam-
bém o mais próximo ao despertar e à orientação: basta a atitude graciosa para que o virya esteja
capacitado para concretizar os dois Passos da solução de Wotan ou, em outras palavras, so-
mente o tipo gracioso luciférico está apto a acessar a Iniciação Hiperbórea. De fato, ainda que
seja somente por um momento, a atitude graciosa luciférica concede este estado de ALERTA
que, como explicado, é característica PERMANENTE do virya desperto ou Iniciado Hiperbó-
reo. Em resumo: o tipo gracioso luciférico está a um passo do virya desperto. E fica claro que
a Mística, tal como a definimos, é propriedade exclusiva do tipo gracioso luciférico: que não se
fale, nunca, de uma “mística sacerdotal” nem se confunda o “êxtase religioso”, com o qual
muitos exemplares do tipo sacralizante se conectam com o Demiurgo Jeová-Satanás, com a
verdadeira Mística Hiperbórea.

N – CORRESPONDÊNCIA ENTRE A TIPOLOGIA ABERRO E A TIPOLOGIA INDO-


ARIANA.

Teremos uma melhor perspectiva da tipologia Aberro se a compararmos com a antiga


tipologia indo-ariana, ou seja, com a organização social que vulgarmente se denomina “sistema
de castas”. Na índia as castas são quatro: a composta por BRAHMANES ou casta sacerdotal;
a dos KSHATRIYAS ou casta nobre-guerreira; os VAISYAS ou casta de homens livres; e os
SUDRAS ou casta servil. Este sistema era também muito comum entre os povos não ários da
Antiguidade, por exemplo, entre os semitas do Egito e Babilônia. Mas isso não deve estranhar,
pois em realidade trata-se de uma herança comum atlante, já que tal civilização, em sua última
era, se encontrava organizada em base ao mesmo sistema.
Agora, referindo-nos exclusivamente ao sistema hindu, podemos dizer que com certa
boa vontade é possível relacioná-lo com a tipologia Aberro SE ASSEMELHARMOS OS SU-
DRAS AOS PASUS E INVERTERMOS OS BRAHMANES COM OS KSHATRIYAS (e,
num plano transcendente identificarmos aos Reis com os Siddhas leais, ou seja, com os Senho-
res de Agartha). No quadro sinótico da figura 98 podem ver-se equiparadas ambas as tipologias.

520
O que irá surpreender, sem dúvida, é o fato de que a equiparação de tipos requeira de
uma inversão tão importante. Entretanto, tudo se esclarece se afirmamos que com tal inversão
não fazemos mais senão que reconstituir à casta dos Kshatriya no lugar que lhes corresponde e
que fora usurpado num passado remoto pela casta dos Brahmans. Trata-se, certamente, de uma
mudança ocorrida na Atlântida, que há de durar até o final do Kaly Yuga, e que custará com-
preender em nossos dias devido a um prejuízo profundamente arraigado. Aludimos à crença
generalizada na “superioridade” da casta sacerdotal sobre a casta guerreira, a qual não é mais
que outra tática de desinformação sinárquica. Com o fim de contribuir a criar a máxima confu-
são neste assunto, muitos autores de livros esotéricos sustentam no último século a tese de que
o mesmo Kaly Yuga, ou seja, o período de maior decadência espiritual de que se tenha memória,
não teria outra origem que “a rebelião dos Kshatriya”. Estes autores, entre os quais a de se
contar Rene Guénon e aos teosofistas que ele combateu, como H.P. Blavatzky, Rudolph Stei-
ner, etc., trabalharam em apoio a uma corrente de pensamento filosófico-esotérico atlante, de
notada inspiração Shambaleana, que pretende exaltar aos Siddhas da Paz Tenebrosa como
“mestres de Sabedoria” da Hierarquia Branca, ocultando sua nefasta condição de Traidores
Originais da Raça de Espíritos Hiperbóreos.
Mas a verdade é muito diferente, pois, de acordo com a Sabedoria hiperbórea, corres-
ponde ao quadro sinótico da Tipologia Aberro. Para por as coisas em seu lugar há que se dispor
de certos dados e de um esclarecimento posterior. Os dados são os seguintes: no período cris-
tão-luciférico da Atlântida a sociedade se encontrava organizada baseada em princípios hiper-
bóreos antiquíssimos também em quatro castas; a hierarquia espiritual de tais castas era esta:
primeiro a casta guerreira, segundo a casta sacerdotal, terceiro a casta cidadã e quarto a casta
servil; não deve dar lugar à confusão o fato de que também existiam outras quatro raças: ver-
melha, amarela, negra e branca, pois as três primeiras compunham EM CONJUNTO as três
castas e a última, branca, era numericamente insignificante, pois constituía uma casta especial
de CONSTRUTORES SAGRADOS. O que ocorreu depois? Num período posterior, qualifi-
cado com razão de “satânico”, os Siddhas Traidores conseguiram um completo controle da
civilização, destruindo o modelo “Império Universal” sobre o qual se encontrava organizada, e
a governaram ferreamente por meio da casta sacerdotal, que eram conhecidos como Senhores
da Paz Escura. Para cumprir seus planos evolutivos os Siddhas Traidores reorganizaram a so-
ciedade sob o domínio da casta sacerdotal a qual elevaram a primeiro nível, criando, assim, o
sistema que conheceram todos os povos da Antiguidade, salvo aqueles que descendem direta-
mente dos “cro-magnon”, ou seja, da raça branca atlante, ou são tributários de sua sabedoria.

521
Figura 98
Eis aqui os dados; vamos agora ao esclarecimento prometido.

Se, como afirmamos, se produziu uma mudança na ordem hierárquica das castas supe-
riores, no período Satânico da Atlântida, é possível que tal suplantação tenha durado até nossos
dias? E, sendo assim, de que maneira se deu? Para encontrar as respostas há que se tocar num
tema que constitui a chave de todo engano. Naquele tempo os Siddhas Traidores decidiram
apoiar sua estratégia mediante a criação de um Mito adequado, (recorde-se que ao falar de Mito
aludimos a um Arquétipo Psicóideo cuja evolução se realiza na superestrutura dos fatos cultu-
rais ou históricos). Tal Mito, que é responsável da repetição histórica do erro até nossos dias, se
denomina “Duplo Poder” e foi representado com uma pluralidade de símbolos semelhantes:
gêmicos, LABRIS ou machado duplo cretense, águia bicéfala, duas espadas, etc. Com este fato
se relaciona o parágrafo seguinte, já visto no artigo “a resignação de Wotan”: “Por isso, então,
no mundo, se havia desatado a crise social que acompanhou ao afundamento da Atlântida: duas
das três castas que compunham a sociedade Atlante, a casta guerreira e a casta sacerdotal, se
encontravam travadas numa guerra sem quartel; a casta sacerdotal estava apoiada pelos Siddhas
Traidores e a casta guerreira pelos Siddhas Leais. Em meio desse conflito vieram a cair os ob-
jetos que soltara Frya-perdiz antes de reintegrar-se nupcialmente com Wotan: o labris de esme-
ralda não chegou a tocar a terra, pois os sacerdotes o interceptaram no ar e, dando mostras de
grande júbilo, o incorporaram a sua própria Estratégia; desde então contribui, arquetipicamente,
a perpetuar a fábula da “superioridade espiritual” que a casta sacerdotal teria sobre a casta guer-
reira”.

522
Vale à pena esclarecer que O TEMA do Mito era hiperbóreo, conhecido na Atlântida
desde o período luciférico quando servia de base à organização do modelo, ou via de libertação
coletiva, “Império Universal”; a ação dos Siddhas Traidores constituiu em resignar um pode-
roso Arquétipo Psicóideo para que operasse desde o inconsciente coletivo universal na altera-
ção do tema tradicional. A Traição Hiperbórea afirmava que existem DOIS PODERES que
devem diferenciar-se em toda organização social: o Poder espiritual e o Poder Temporal. Tais
poderes guardam a seguinte oposição: o Poder Espiritual é superior – “estrategicamente supe-
rior” – ao Poder Temporal. Bem, em base a esta doutrina os Siddhas Traidores elaboraram o
Mito Duplo Poder.
Eis aqui o engano: o Mito consiste em fomentar a crença de que a casta sacerdotal deve
deter ao Poder Espiritual e a casta guerreira o Poder Temporal, consumando a inversão espiri-
tual de valores. O que diz a Sabedoria Hiperbórea a respeito? Resposta: que, por apresentar os
Espíritos Hiperbóreos NORMAIS uma “hostilidade essencial” ao mundo material do Demi-
urgo, o que lhes converte inevitavelmente em uma RAÇA DE ESPÍRITOS GUERREIROS
“NO” UNIVERSO, é a CASTA GUERREIRA quem efetivamente entra em contato com o
Espírito (NOUS) ou Vril; e também, que a CASTA SACERDOTAL somente pode influir
sobre a alma (PSIQUE), corpo emocional ou duplo astral, do homem, ou seja, sobre entes
evolutivos, energéticos, materiais, etc. Este último se fará claro mais adiante, quando estudare-
mos o contorno ético do tipo sacerdotal. É, pois, a essência mesma das castas, os alcances
espirituais de sua função, o que determina que à casta guerreira lhe seja NATURAL assumir o
Poder Espiritual e à casta sacerdotal o Poder Temporal. A inversão de castas efetuadas na Atlân-
tida, responsável em grande medida do famoso “afundamento”, e a ação evolutiva do Mito
Duplo Poder, criaram desde então um conflito permanente. E, cada vez que a casta guerreira
tentou, como parte de uma estratégia hiperbórea de libertação coletiva, recuperar seu posto de
regente do Poder Espiritual, foi aniquilado e caluniado... e depois os apologistas da Sinarquia
falaram da “Rebelião dos Kshatriya” e culparam a esta casta de linhagem hiperbórea de ser
“responsável do Kaly Yuga”.

O – FALÁCIA SOBRE A ORIGEM EVOLUTIVA DO SISTEMA DE CASTAS.

Convém mencionar aqui, e observar com referência ao artigo “A dupla origem da Idade
do Ouro”, uma tória tão engenhosa como racionalista que geralmente se esgrima para aumentar
a confusão ou simplesmente por ignorância. É a que associa “o solar” à casta guerreira e “o
lunar” à casta sacerdotal. Esta teoria, de aparência inocente, tem o fim oculto de explicar a
“aparição” do sistema de castas por “evolução” procurando, deste modo, negar sua origem
hiperbórea. Em efeito: se a casta sacerdotal é “solar” isso permite aos racionalistas exotéricos
estabelecer uma engenhosa relação com a “Idade de Ouro”; e o mesmo, se a casta sacerdotal é
“lunar”: se a vincula com a “Idade de Prata”. Deste modo, dado que segundo as Tradições da

523
Antiguidade as Idades ocorreram em forma sucessiva, se conclui que “primeiro teve sua apari-
ção a casta solar, régia ou guerreira, e depois a lunar”. Assim resulta que as duas castas surgiram
no seio das sociedades depois de uma larga evolução: primeiro a casta sola; milhões de anos
depois a lunar; outros milhões de anos mais tarde, quando as sociedades neolíticas “evoluíram”
da vida nômade e pastoril às comunidades agrícolas, aparecem as cidades e com isso a casta
urbana dos homens livres. Finalmente, a instauração da escravidão deu lugar às classes escravas
ou servis e sua casta correspondente.
Que todo este raciocínio constitui um disparate prova o seguinte exemplo: suponha-se
que dentro de cinquenta mil anos alguns racionalistas esotéricos do futuro – que haverão de ter!
– Explorem as ruínas dos Estados Unidos da América – que haverá de existir! -. E sonha-se
também que, desse exame, conclui-se que “aquele sistema de governo, chamado ‘Democracia’,
os primitivos americanos chegaram depois de uma longa evolução: primeiro ‘apareceu’ O PO-
DER LEGISLATIVO; depois de milhões de anos O PODER LEGISLATIVO; e, milhões de
anos mais tarde, se formou O PODER JUDICIÁRIO’. Não pense que exageramos, pois, assim
como em 1789 a Constituição dos EUA consagrou os três poderes SIMULTANEAMENTE,
os quais começaram a funcionar desde então, ocupados por CASTAS RENOVÁVEIS de ho-
mens públicos, assim na Atlântida, durante o período luciférico, a eleição da via “Império Uni-
versal” de libertação coletiva consagrou SIMULTANEAMENTE o sistema de castas: primeiro
a casta régia, nobre e guerreira; segundo a casta sacerdotal. Terceiro a casta cidadã; quarto a
casta servil ou escrava. Esta é a verdade que a Sinarquia trata de ocultar ou distorcer.

P – SUPERIORIDADE DO TIPO GRACIOSO LUCIFÉRICO-KSHATRIYA SOBRE OS


OUTROS TIPOS.

Segundo vimos, a casta guerreira, seu tipo, é naturalmente apta para estabelecer o con-
tato noológico com o Espírito, enquanto que a casta sacerdotal somente pode conseguir um
contato psicológico com a alma, com a parte anímica do virya. Se estudarmos o quadro sinótico
da figura 98, onde se refere a tipologia Aberro ao antigo sistema de castas, não só se fará evi-
dente esta afirmação, senão que contaremos com uma inusitada oportunidade de compreender
com profundidade ao tipo psicológico da casta sacerdotal por comparação com o tipo sacrali-
zante.
Não parece haver dúvidas, em virtude de todo o exposto, sobre a indubitável relação
que liga ao tipo gracioso luciférico com o tipo Kshatriya ou guerreiro indo ariano: ao primeiro
o definimos recentemente como “a um passo do virya desperto ou Iniciado Hiperbóreo”; e o
segundo é o protótipo do guerreiro Hiperbóreo; em síntese, o virya desperto É um Kshatriya.
Por isso a casta Kshatriya, se sua pureza de sangue é suficiente, deve ser considerada superior à
casta sacerdotal, uma vez que tal pureza permite a seus membros conhecer uma via de libertação
para o Espírito e conquistar o Vril.

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Estando clara a equivalência tipo gracioso luciférico – tipo Kshatriya, há que se eviden-
ciar que o “tipo sacerdotal” É SOMENTE UMA FIGURA ‘RELIGIOSA’ DERIVADA DO
TIPO SACRALIZANTE: como se verá, a este tipo corresponde também a figura do ‘militar
profissional’”. Mas se buscarmos uma característica típica para definir ao tipo sacerdotal, o mais
apropriado é começar a examinar o aspecto ético-psicológico de seus atos já que o sacerdote
não só afeta uma conduta moral, mas que é o principal produtor de doutrinas morais. Aten-
dendo a tal caráter, é conveniente observar do ponto de vista ético-psicológico aos três tipos da
tipologia Aberro: é o que se fará no próximo inciso. Contudo, cabe repetir aqui que O “TIPO
SACRALIZANTE”, DA TIPOLOGIA INDO-ARIANA OU OCIDENTAL, É SO-
MENTE UM DOS SUBTIPOS QUE PODEM DERIVAR-SE DO “TIPO SACRALI-
ZANTE”: um JOVEM COMUNISTA, por exemplo, que com a consciência subjugada pelo
Mito da Greve Geral, agita aos trabalhadores de uma fábrica com a intenção de que também
sejam capturados por tal Mito, é outro “subtipo” clássico derivado do tipo sacralizante, um
“subtipo religioso” denominado “agitador subversivo e revolucionário”; a “greve geral”, é o
símbolo sagrado que impressionou ao Eu perdido do agitador como o globo do Sr. Aberro no
ato II; devido a lei do globo se criou uma tensão dramática na consciência, que alimenta a
aparência de que a “greve geral” é uma “grande verdade”, um princípio supremo pelo qual cabe
“fazer qualquer SACRIFÍCIO”, até “dar a vida”; o agitador, pois, é agitado por sua vez pelo
Mito, um Arquétipo inconsciente que não reveste traços religiosos mas sociais, mas ante o qual
se inclina, como o sacerdote frente ao símbolo sagrado, e a quem sacrifica, como aquele, sua
vontade psicológica: rende-lhe culto e agita aos demais para que compartilhem sua certeza; os
“evangeliza”, incitando-os a crê nos benefícios que aportará o Mito: o “progresso econômico”,
a “justiça social”, o “fim da exploração no trabalho”, etc. Mas todos estes “benefícios” são
somente imagens da inflação do globo, a ilusão que cria o Mito para poder seguir desenvol-
vendo-se, pois a “greve geral” não traz nada semelhante e, pelo contrário, se a deixar “crescer”
demasiado, como o globo do Sr. Aberro, acaba asfixiando todo movimento, toda liberdade,
convertendo a sociedade nessa estrutura rígida chamada soviética. Nesse exemplo, por suposto,
nos referimos ao Mito Greve Geral, que é metafísico, e não a tal ou qual greve concreta, que
pode ser justa ou injusta, do mesmo modo que quando falamos de “vingança de Saturno” não
pensamos no planeta de anéis, mas em um personagem MITO lógico.

CONCLUSÕES ÉTICAS DA TIPOLOGIA ABERRO.

A – Filosofia e Ética psicológica.

Na Filosofia clássica, a Ética é um ramo que estuda o comportamento moral, o qual


consiste um de seus grandes problemas. Em síntese, e simplificando muitíssimo, poderia afir-
mar-se que a Filosofia se ocupa de três grandes problemas irredutíveis: o problema ONTOLÓ-
GICO, o problema GNOSIOLÓGICO, e o problema MORAL. Estes problemas se referem

525
a um ato concreto: o homem frente ao fato cultural, ou frente a alguma coisa inclusa no fato
cultural. Nesse contexto, o problema ontológico é a questão pelo SER do fato cultural ou das
coisas que o compõem, ou seja, “o que é a coisa”?; segundo a Sabedoria Hiperbórea, a resposta
a este problema é de caráter “metafísico”. O problema gnosiológico, em compensação, inter-
roga sobre O MODO como o homem CONHECE o que é a coisa, ou seja, “como sabemos
o que é a coisa”?; a resposta denomina-se, geralmente, “teoria do conhecimento”. O problema
moral, por último, questiona a atitude do homem frente à coisa, a saber, “que se deve fazer com
a coisa”?; tal como foi exposto o problema, o homem referido ao fato cultural, a resposta so-
mente é aportada pela ÉTICA PSICOLÓGICA DO PASU, doutrina que também comparti-
lham os tipos lúdico e sacralizante do virya perdido.
É óbvio que os três problemas estão relacionados entre si e por isso que nos seguintes
artigos, ao adjudicar uma qualificação ética aos tipos Aberro, se INTITULARÁ também seu
comportamento gnosiológico. Isso ajudará a compreender melhor NO GERAL aos tipos
Aberro, pois, não devemos esquecer, aqui estão descritos TIPOS PSICOLÓGICOS PUROS,
ou seja, modelos teóricos que raramente se ajustarão com exatidão nos casos concretos dos
viryas perdidos.

B – Qualificação ético-psicológica dos tipos Aberro.

As conclusões da Ética psicológica se baseiam na avaliação moral do fato cultural exte-


rior. Para a Ética noológica, este “fato cultural” exterior somente reveste valor caso produza no
Kairos da honra do virya, vale dizer, se o comportamento “moral” do virya expresse sua von-
tade graciosa luciférica; em qualquer outro caso, o fato moral é considerado como um ATO
ÉTICO “GERAL”: e um ato “geral” é aquele onde “se detém a certeza racional do virya”,
quem somente confia nos atos específicos. Mas a tipologia Aberro está definida no curso do
ATO ÉTICO FUNDAMENTAL, “o Eu frente ao símbolo sagrado”: É EVIDENTE QUE
TODA QUALIFICAÇÃO ÉTICO-PSICOLÓGICA DOS TIPOS ABERRO REQUER A
EQUIPARAÇÃO DO ATO ÉTICO GERAL, “O HOMEM FRENTE AO FATO MO-
RAL”, COM O ATO ÉTICO FUNDAMENTAL, “O EU FRENTE AO SÍMBOLO SA-
GRADO”. Entretanto, isso não é impossível se recordarmos que todo fato cultural é conhecido
mediante uma redução racional e a emergência na esfera de luz de uma representação consci-
ente equivalente: Para equiparar ambos os atos somente há de se observar A REPRESENTA-
ÇÃO CONSCIENTE DO FATO MORAL FRENTE AO EU e estabelecer as diferenças que
guarda com um símbolo sagrado.
A principal diferença reside no caráter “profano”, ou mais prosaicamente, do SÍM-
BOLO que representa ao fato moral em oposição ao caráter especial e respeitável do SÍM-
BOLO SAGRADO. Mas, o símbolo do fato moral, analogamente ao símbolo sagrado, tentará
desenvolver-se num processo evolutivo por impulso dos Arquétipos universais: o que distingue

526
a ambos os símbolos, no momento de sua manifestação frente ao EU, é a “potência ativa”; o
símbolo sagrado dispõe sempre de potência suficiente para enfrentar-se a um Eu perplexo e
tentar anestesiá-lo e fagocitá-lo: o símbolo do fato moral raramente chega a tanto, salvo nos
casos em que o arquétipo psicóideo ou o Mito que sustenta ao fato cultural é descoberto e
introjetado sob uma FORMA MORAL: então, o símbolo do fato moral em nada difere de um
símbolo sagrado, pois, como este, representa a um Arquétipo universal.
Mas há que se destacar aqui outra sutil diferença: ainda que tanto um símbolo sagrado
como o símbolo de um fato moral representem ao mesmo Arquétipo “universal”, NÃO SE-
RÃO JAMAIS IDÊNTICOS porquanto o símbolo do fato moral há de revestir sempre uma
forma “particular”; a potência ativa de ambos os símbolos sempre será igualmente efetivas para
dominar ao sujeito consciente, mas diferirão na “forma”. Mais claramente: o símbolo sagrado
participa diretamente do Arquétipo que representa e é, portanto, UNIVERSAL; sua forma é
idêntica a do Arquétipo universal porque foi desenganchada da série de matrizes arquetípicas
do desígnio, esquematizadas na Relação: o símbolo sagrado procede sempre dos conceitos-fatia
notados no plano de significação oblíquos e emerge SEM MODIFICAÇÃO FORMAL à es-
fera de luz: o símbolo do fato moral, pelo contrário, responde à apreensão do fato cultural e
representa a um COMPLEXO de elementos arquetípicos concomitantes, subestruturados,
com os quais se conforma racionalmente a IDÉIA PARTICULAR do fato moral: vale dizer,
que em sua conformação intervêm conceitos de valor particular, premissas culturais preemi-
nentes, asserções simbólicas, etc. Deve-se distinguir, então, entre o caráter ESSENCIAL-
MENTE UNIVERSAL do símbolo sagrado e a propriedade de ser FORMALMENTE PAR-
TICULAR que caracteriza ao símbolo do fato moral.
Tomando em consideração as diferenças apontadas, vemos que é factível equiparar o
ATO ÉTICO FUNDAMENTAL, o “Eu frente ao símbolo sagrado”, com o ATO ÉTICO
GERAL, “o Eu frente ao símbolo do fato moral”. Admitindo a validade dessa equivalência,
nosso propósito seguinte consistirá em elucidar de que depende “o moral” observando direta-
mente a relação entre o Eu e o símbolo do fato moral. As conclusões de tal elucidação nos
permitirão antecipar de imediato qual será a atitude ÉTICO-PSICOLÓGICA de cada um dos
tipos Aberro ante a pergunta: “o que devo fazer NESTE caso? ”.
Antes de tudo recordemos que a relação entre o Eu e o símbolo vem determinada pela
lei do globo: “quanto menor vontade, maior estabilidade do processo”. Mas o símbolo, en-
quanto representa Arquétipos inconscientes, é um FENÔMENO, um ser que se sustenta a si
mesmo na manifestação; como tal, possui uma COMPLEIÇÃO que lhe permite atuar dinami-
camente sobre o Eu. Portanto, a relação que descreve a lei do globo não é uma mera ponte
estendida entre o Eu e o símbolo, uma estrutura estática, mas sim uma TENSÃO DRAMÁ-
TICA procedente de um símbolo particular, que expressa o complexo arquetípico correspon-
dente ao fato cultural representado. Tal “tensa” é, então, também complexa, composta de uma

527
pluralidade de forças concorrentes no ato ou, se quiser sintetizar em uma palavra; HETERO-
DINA.
O que implica considerar que a tensão dramática é heterodina? Resposta: em princípio,
algo evidente: que a tensão dramática afeta não uma, mas muitas e diferentes regiões da esfera
de luz na qual está submerso o Eu perdido. E em segundo termo, algo consequente: que O EU
É CAPAZ DE PERCEBER A TENSÃO DRAMÁTICA DE MUITAS E DIFERENTES
PERSPECTIVAS. Já havíamos adiantado esta conclusão quando demonstramos que a relação
sobre o Eu e o símbolo sagrado, determinada pela lei do globo, podia ser percebida SUBJETI-
VAMENTE pelo tipo sacralizante, como “ilusão de tamanho”, ou ENERGETICAMENTE
pelo tipo gracioso luciférico, como “tensão dramática”: justamente, esta diferente compreensão
é o que diferencia aos três tipos da tipologia Aberro. A ESSES TRÊS TIPOS, JÁ DETERMI-
NADOS POR SUA ATITUDE FRENTE AO SÍMBOLO SAGRADO, OS CONFRON-
TAREMOS AGORA AO SÍMBOLO COMPLEXO DO FATO MORAL PARA ELUCI-
DAR “DE QUE DEPENDE O MORAL”.
A “relação” entre o Eu perdido e um símbolo complexo, a “tensão relativa”, é também
complexa, heterodina, suscetível a diversas interpretações, segundo vimos. Por todos os aspec-
tos que o símbolo apresente se estabelecerão diversas formas de sua relação com o Eu: de todos
os significados possíveis ais que poderia reduzir-se a tensão relativa da relação, HÁ UM QUE
É MORAL e que necessitamos descobrir; queremos saber, antes de tudo, em que termos foram
traduzidos a relação para que possamos reconhecer sem nenhuma dúvida que assumiu um ca-
ráter moral. Exposto assim o problema, sem pretensões demasiadas, há de se considerar satis-
fatória a seguinte resposta geral: QUANDO AO INTERPRETAR A RELAÇÃO ENTRE O
EL E UM SÍMBOLO SAGRADO COMPLEXO FIQUE PATENTE UM “PRINCÍPIO
DE BENEVOLÊNCIA” OU UM “PRINCÍPIO DE JUSTIÇA”, ENTÃO O FATO CUL-
TURAL QUE O SÍMBOLO REPRESENTA, É AVALIADO COMO FATO MORAL.
A redução a que pode sintetizar-se eticamente a relação entre o Eu e o símbolo já resu-
mimos em dois princípios “de benevolência” e “de justiça” por motivos de clareza e brevidade
no desenrolar do tema, e por considerar também que toda outra virtude ou princípio moral
pode derivar-se deles; por exemplo, do primeiro procedem alguns princípio básicos de obriga-
ção: o princípio de utilidade, o princípio de não prejudicar ninguém, o princípio de não cercear
a liberdade de ninguém, etc. E do segundo se derivam outros, por exemplo, a igualdade de
tratamento e a igualdade ante a lei, etc. Outros como a caridade, valor, temperança, honradez,
gratidão, consideração, etc., podem sem dúvida derivar-se dos dois princípios mencionados.
Por tudo isso é que, a tais princípios de benevolência e justiça, vamos denominar: PRINCÍPIOS
CARDEAIS DA ÉTICA PSICOLÓGICA.
Cabe esclarecer que a atitude ética é a posteriori da perplexidade inicial, ou seja, da
FORMAÇÃO dos tipos psicológicos. Perguntaremos, então: continua atuando a lei do globo,

528
ainda quando a relação tenha sido mencionada em termos éticos? Sim. Certo que quando o que
se fez patente é o primeiro princípio a lei adota a forma: “quanto menor a vontade, maior
quantidade de BEM implicado no processo”. E caso se tenha a certeza de que a relação expressa
o segundo princípio, a lei nos diz: “quanto menor vontade, maior (mais efetiva) JUSTIÇA está
implicada no processo”. A lei do globo nos está indicando, assim, que a inflação do símbolo é
traduzida pelo Eu sob o aspecto de uma sutil ilusão, não figurativa desta vez, senão conceitual:
“o bem” ou “a justiça”.
Não deixaremos passar uma linha a mais sem advertir que A ATITUDE ÉTICA, TAL
QUAL SE A DEFINIU AQUI, SOMENTE É PRATICADA PELOS TIPOS “LÚDICO”
E “SACRALIZANTE”. Mas não significa este esclarecimento que o tipo gracioso luciférico
seja completamente amoral ou imoral; pelo contrário, este tipo professa a única verdadeira mo-
ral: A QUE EMANA DE UM BEM ABSOLUTO E DE UMA JUSTIÇA ABSOLUTA, BEM
E JUSTIÇA CONHECIDOS DURANTE O ÊXTASE DA RUNA NÃO CRIADA, A
ÚNICA VERDADE DO VIRYA. A conduta moral do tipo gracioso luciférico está regida pelo
princípio cardeal da Ética noológica e por isso exclui com GRAÇA a relatividade moral produ-
zida pelas ilusões dos símbolos imanentes à matéria e à energia. Num próximo artigo se definirá
com precisão a qualificação ética do tipo gracioso luciférico.

C – Ética psicológica do tipo lúdico e do tipo sacralizante.

Deixando entre parênteses pelo momento ao tipo gracioso luciférico, podemos distin-
guir na moralidade dois outros dois tipos duas atitudes manifestamente diferentes: por um lado
estão os que creem que “o moral” é um valor intrínseco do ATO mesmo que dá lugar à per-
gunta: o que devo fazer? Crença essa que exige uma nova interrogação ante CADA FATO que
possa ser qualificado de “moral”; a necessidade de estabelecer pautas de comportamento social
tem levado a este grupo, sem renunciar ao enfoque moral sobre cada fato concreto, a adotar às
vezes uma atitude mitigada e a aceitar alguma forma de NORMA universal que rege a conduta
moral; mas nos dois casos, o rigoroso e o atenuado se afirmam que “o bem” e “o justo” depen-
dem de cada ato moral em particular, sendo possível que um mesmo fato, ocorrido sob cir-
cunstâncias diferentes, possua um valor distinto de bem ou de justiça; quem compartilha este
critério são chamados na ético-psicológica de DEONTÓLOGOS; “deontólogos do ato” ou
“ativistas” os rigorosos e “deontólogos normativos” os mitigados.
Por outra parte há quem creia que o valor moral de um ato procede do fim a que tal ato
aponte: não se deve, assim, qualificar a cada fato segundo sua circunstância, senão atender que
DE SUA FINALIDADE depende que se obtenha UM MAIOR EXCEDENTE DE BEM
SOBRE O MAL OU UMA MAIOR JUSTIÇA; em outras palavras: um ato é bom” ou “justo”,
e deve realizar-se se, e somente se, SUA FINALIDADE acima de qualquer outra alternativa,
PROMETE UM MAIOR EXCEDENTE DE BEM SOBRE O MAL OU DE UMA MAIS

529
EFETIVA JUSTIÇA SOBRE A INJUSTIÇA; esta crença se denomina na ético-psicológica:
TELEOLOGIA e admite, como no caso dos deontólogos, várias posições, algumas rigorosas
e outras mitigadas; é clássico, por exemplo, distinguir se a finalidade pretendida aponta a pro-
duzir um maior bem pessoal ou social e universal: se o fim perseguido redunda exclusivamente
num bem pessoal os teleólogos são chamados EGOÍSTAS ÉTICOS; caso contrário, se o bem
a alcançar no ato moral tem um declarado fim social, coletivo, comunitário, etc., os teleólogos
são conhecidos como UNIVERSALISTAS ÉTICOS ou, mais comumente, UTILITARIS-
TAS.
Com referência à tipologia Aberro, entende-se que devido à tendência a ENQUA-
DRAR OS FATOS, característica da atitude lúdica, os membros do “tipo lúdico” atendam ao
dever moral concreto, intrínseco a cada ato particular, e podem ser qualificados em sua grande
maioria como “deontólogos éticos”. Os “jogadores sacrílegos”, mais temerosos em assumir
compromissos permanente, e também mais personalistas, podem ser “deontólogos rigorosos
do ato”; os “jogadores vulgares”, ou seja, quem aplica a atitude lúdica a toda sorte de atividades
concretas em sua vida diária, na maioria das vezes simulando tão habilmente “a seriedade” de
seus atos que acabam por esquecer que na realidade não creem no que fazem, escolhem ser
“deontólogos da norma”. Claro que como a sociedade está constituída pela assustadora maioria
de “jogadores vulgares”, eles são os que acabaram por impor a “moral corrente”. Tal ética é
estritamente cultural, baseada em regras concretas de moralidade que permitem decidir, ante
determinado fato particular: “é bom”, “é justo”, etc., e se inseriu profundamente na estrutura
orgânica da sociedade, por exemplo, na justiça, a qual tem sido codificada em leis que geral-
mente partem de normas deontológicas. Porém, segundo veremos, a atividade dos teleólogos
tem grande influência também sobre as normas legais de base ética. O “tipo sacralizante”, pela
dependência que adota frente a símbolos poderosos aos quais sacraliza e reduz a “princípios
cardeais”, é naturalmente teleólogo. A finalidade de suas regras morais procede diretamente da
finalidade à que se desenvolva o processo dos arquétipos representados pelos símbolos. Ou
seja, que o “maior excedente de bem sobre o mal” é a interpretação moral da perfeição final ou
enteléquia a qual tende o deslocamento evolutivo dos arquétipos. Mas tal enteléquia ou finali-
dade está somente em potência por trás do símbolo e, para interpretá-la, regulamentá-la, nor-
matizá-la e postulá-la, É PRECISO CAPTÁ-LA PREVIAMENTE, possibilidade que já vimos
estar vedada ao tipo lúdico por sua atitude temerosa e descomprometida. Ao tipo lúdico lhe
resultará muito difícil suportar a presença dos símbolos mais poderosos e captar sua finalidade
secreta, por isso somente considera dos fatos seu aspecto mais aparente e exterior: PRIMA
FACIE. O tipo sacralizante, por sua vez, se a sujeição ao símbolo for muito intensa, pode cair
em posturas utópicas ao afirmar tenazmente a primazia das enteléquias morais por sobre qual-
quer norma concreta dos deontólogos.
Com “símbolos poderosos” queremos significar um símbolo complexo, por exemplo,

530
uma que represente a um fato moral, cuja compleição lhe permita atuar com eficácia sobre o
Eu, de acordo à lei do globo. Em tal situação o tipo lúdico observará PRIMA FACIE ao sím-
bolo e o enquadrará ANTES que a tensão cresça segundo a lei, ou seja, antes que “a interpre-
tação moral da tensão” o leve a conclusões imprevistas. É que tal “interpretação moral” da
tensão dramática, enquanto CRESCE, é percebida como DEVER OU OBRIGAÇÃO TAM-
BÉM CRESCENTE; algo que o tipo lúdico teme e evita. Por isso os “jogadores vulgares” do
tipo lúdico, imensa maioria social, podem manter um contato muito efêmero com aquele sím-
bolo complexo que atue sobre sua fibra moral, não passando em muitos casos de um simples
olhar indiferente e, por isso também, os membros do tipo lúdico podem ir desde a Amorali-
dade, que é um grau inferior do comportamento ético por parte de alguns jogadores vulgares,
até a MORALIDADE CULTURAL NORMATIVA, produto sempre de uma obrigação
PRIMA FACIE por parte dos jogadores sacrílegos e alguns outros, que é o grau mais alto de
responsabilidade moral a que se é capaz de chegar o tipo. Kant, um típico DEONTÓLOGO
ATIVISTA, tratou de conciliar as distintas posições do tipo lúdico apelando a um ardil que
permite, frente ao símbolo, não avançar demasiado na indagação de sua finalidade real – com
o perigo de cair na teleologia -, nem propiciar a aceitação subjetivista de que o próprio ponto
de vista sobre o que é bom ou justo seja o correto, - com o que se poderia cari no egoísmo ou
solepsismo ético. Sua conclusão foi: “atua sempre de acordo àquela máxima de que possas ao
próprio tempo querer que seja uma lei universal”. Fica assim salva a apreciação PRIMA FACIE
que o tipo lúdico pode obter do símbolo enquadrado: basta com que o bem buscado NOS
PAREÇA que é um bem comum.
O tipo sacralizante, por seu lado, VÊ CRESCER a tensão na forma de obrigação moral
e se impõe, às vezes fanaticamente, de UM DEVER (FAZER) que tratará logo, depois da con-
templação sacralizante, de fazer valer; não dissemos QUE CUMPRIRIA, mas “que tratará de
fazer valer”, e cumprir, aos demais. Desse modo os do tipo sacralizante impõem também, em
muitos casos com extrema violência, de seu ponto de vista teleológico ao tipo lúdico inferior:
desde as utopias políticas e jurídicas até as regras religiosas de crenças triunfantes, se acabam
impondo como norma de conduta social a despeito da reclamação do tipo lúdico e ainda de
lutas e conflitos entre as distintas facções em que se divide o tipo sacralizante. A pretensão mais
corrente do tipo sacralizante é a exigência de que “toda a sociedade” deve ajustar sua conduta
ética EM CONFORMIDADE COM UM MODELO MORAL TELEOLÓGICO, ou seja,
um que promete a melhor finalidade quanto ao bem e à justiça. Mas não se trata, então, de uma
mera regulamentação, da qual o homem deva decidir sua conduta frente à pergunta “que devo
fazer?”, valendo-se SOMENTE de normas morais; a pretensão vai além ao exigir que CADA
indivíduo adote seu caráter particular em conformidade com o modelo proposto. Os teleólogos
são neste sentido intransigentes e tentam, assim, forças a imitação de seus modelos paradigmá-
ticos, por exemplo, os marxistas a Marx, Lênin, Fidel Castro, Che Guevara, etc.; os budistas a

531
Buda; os muçulmanos a Maomé; os judeu-cristãos a Jesus Cristo, etc. E até os diretores capita-
listas de grandes corporações, através de suas fundações, o controle político, publicitário, a im-
prensa, etc., tratam de medir ou condicionar ao cidadão comum para que se mantenha dentro
dos limites do “modelo liberal”: pratique “o consumo”, “a democracia”, “a competência de
mercado”, etc. Em resumo: a pretensão teleológica UTILITARISTA NORMATIVA” aponta
a INFLUIR SOBRE OS TRAÇOS E DISPOSIÇÕES DO CARÁTER INDIVIDUAL,
ADAPTANDO A CADA UM SEGUNDO O MODELO EXEMPLIFICADO, PARA
CONSEGUIR AO FINAL UM “BEM COMUM”, UMA “JUSTIÇA MAIS PERFEITA”,
etc. E esta pretensão de modelar ao homem se subentende geralmente nas doutrinas teleológi-
cas, pois tudo quanto conseguem legislar e inserir na estrutura organizacional da sociedade,
aponta a tal finalidade: as regras morais, que depois se transformam em normas obrigatórias,
procedem da “cultura”, uma cultura amassada pela Sinarquia com o barro das doutrinas teleo-
lógicas.

D – Ética noológica do tipo gracioso luciférico.

Vamos convir de entrada, em nos referirmos ao caso mais perfeito do tipo gracioso
luciférico, isto é, ao Iniciado Hiperbóreo ou Cavaleiro Tirodal: nesse caso exemplar há que se
pensar, cada vez que se aluda neste artigo, ao tipo gracioso luciférico.
Considerando, pois, nesse caso do Iniciado Hiperbóreo, é evidente que a ética psicoló-
gica não conseguirá definir nem explicar seu comportamento frente ao “fato moral”, ou seja,
frente ao fato cultural que apresenta caráter “moral” para o tipo lúdico e o tipo sacralizante. Por
quê? Resposta: porque nenhum “fato cultural” semelhante apresentará caráter moral para o tipo
gracioso luciférico. E mais ainda: nenhum fato cultural em absoluto será avaliado como fato
moral; para o tipo gracioso luciférico nem o ato nem a finalidade do ato tem significado moral
algum. Para compreender esta resposta devemos observar o ato ético fundamental e recordar
que é a relação entre o Eu e o símbolo a que determina o caráter moral do fato cultural repre-
sentado, ao ser interpretado como “princípio de justiça ou benevolência”: os tipos lúdico e
sacralizante, ao perceber os princípios cardeais da Ética psicológica, na realidade PÕEM SEN-
TIDO moral no fato cultural, ou seja, o afirmam como valor particular, dotam ao contexto
axiológico de “valor moral”, que é um valor cultural particular. Pois bem, nada disto ocorre
quando o tipo gracioso luciférico é quem interpreta a relação entre o Eu e o símbolo: a atitude
graciosa luciférica lhe permite suspender a tensão dramática e quebrar a lei do globo; dissemos
em outro artigo que então o virya percebe “uma situação cômica, graciosa, mas notoriamente
falsa. Ante o olhar luciférico a circunstância dramática perde sua atmosfera trágica ou angusti-
ante e se revela, em compensação, artificial e fictícia”; então, se o deseja, pode inverter o sentido
do símbolo e apreender sua essência arquetípica sem ser afetado por ela, devido a que nesse
momento o processo arquetípico está “detido”, pois a tensão está “suspendida”. Mas, o que
acontece se o virya não deseja conhecer a essência arquetípica do símbolo? Resposta: que, AO

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ESTAR A TENSÃO “SUSPENDIDA” PELA AÇÃO DA VONTADE GRACIOSA, A
“RELAÇÃO” ENTRE O EU E O SÍMBOLO FOI DISSOLVIDA. MAS ESTA “RELA-
ÇÃO”, ESTA “TENSÃO RELATIVA”, É NADA MAIS NADA MENOS QUE A REPRE-
SENTAÇÃO DE UMA “CONEXÃO DE SENTIDO” EXTERIOR, O ENLACE QUE
OUTORGA VALOR PARTICULAR A UM OBJETO CULTURAL, NESTE CASO, A UM
OBJETO MORAL: SUA DISSOLUÇÃO IMPLICA SUA NÃO AFIRMAÇÃO EXTE-
RIOR. EM SÍNTESE, O TIPO GRACIOSO LUCIFÉRICO JAMAIS PORÁ VOLUNTA-
RIAMENTE SENTIDO NOS ENTES, COMO O ESTIPULA O OBJETIVO MACRO-
CÓSMICO DA FINALIDADE DO PASU. E MUITO MENOS SENTIDO MORAL: JA-
MAIS INTERPRETARÁ A TENSÃO DRAMÁTICA COMO PRINCÍPIO ÉTICO E, EM
CONSEQÜÊNCIA, QUALQUER QUE SEJA O FATO CULTURAL REPRESENTADO,
JAMAIS EXPRESSARÁ UM VALOR MORAL QUE POSSA SER AFIRMADO NO CON-
TEXTO AXIOLÓGICO.
É claro, à luz dos fundamentos da Sabedoria Hiperbórea vistos até aqui, que o Iniciado
Hiperbóreo com seu Eu isolado na arquêmona odal, evitará no possível “por sentido nos entes”
e cumprir, assim, com o objetivo macrocósmico da finalidade do pasu. O Iniciado Hiperbóreo
é indiferente às superestruturas dos fatos culturais e, por isso, estes não podem capturá-lo: se o
Arquétipo astral de um fato cultural por acaso conseguisse estabelecer uma “conexão de sen-
tido” com o Iniciado Hiperbóreo, a mesma não poderia resistir um só instante à atitude graciosa
luciférica. O Iniciado Hiperbóreo, se o deseja, pode deslocar-se pelo mundo sendo “cultural-
mente invisível”, por causa da falta de relações mútuas com as superestruturas. É evidente então
que o Iniciado Hiperbóreo, que eliminou as conexões de sentido entre o microcosmo e as su-
perestruturas, JAMAIS AGREGARÁ “VALOR MORAL” AO CONTEXTO AXIOLÓ-
GICO, pois esta é a expressão da interpretação ético-psicológica das conexões de sentido, cor-
respondentes a tensões relativas entre o Eu e o símbolo do fato cultural, conexões que, nesse
caso, são inexistentes. Logo, não é demais insistir nisso, QUE A ELIMINAÇÃO DAS CO-
NEXÕES DE SENTIDO, E SUA INVISIBILIDADE CULTURAL, O INICIADO HI-
PERBÓREO A CONSEGUE APRESENTANDO PERMANENTEMENTE ESSA ATI-
TUDE GRACIOSA LUCIFÉRICA QUE SUSPENDE TODA TENSÃO DRAMÁTICA
ENTRE O EU ISOLADO E OS SÍMBOLOS REPRESENTATIVOS DO FATO CULTU-
RAL, EVITANDO ASSIM QUE A EXPRESSÃO EXTERIOR CORRESPONDA COM
ALGUMA INTERPRETAÇÃO MORAL OU CULTURAL DE QUALQUER CLASSE.
Mas se o Iniciado Hiperbóreo não afirma nenhum valor ético-psicológico, o que ex-
pressa sua expressão? Resposta: O VALOR ÉTICO-NOOLÓGICO, A SABER, A
“HONRA”, A ÚNICA MORAL DO VIRYA DESPERTO. Quando o Iniciado Hiperbóreo
expressa a honra, sua expressão corresponde à vontade graciosa manifesta pela Eu na atitude
graciosa luciférica. E, como esta atitude é PERMANENTE, se vê claramente que A HONRA

533
DO INICIADO HIPERBÓREO, que a reflete, É TAMBÉM PERMANENTE. Igualmente,
como não existem conexões de sentido, se entende que A HONRA DO INICIADO HIPER-
BÓREO É INDEPENDENTE DE TODO “ATO” OU FEITO CULTURAL. Em outros
termos, a honra do Iniciado Hiperbóreo é um valor absoluto, independente de toda determi-
nação cultural.
Se o Iniciado Hiperbóreo não apresentasse uma atitude graciosa luciférica “perma-
nente”, a honra, sempre absoluta, será expressa nos momentos em que aquela atitude seja as-
sumida: tais momentos são os “Kairos de honra.
Seja qual for o caso, a atitude graciosa luciférica permanente ou num Kairos, o certo é
que a honra é independente do contexto e somente tem valor para o Iniciado Hiperbóreo, que
é quem o produz: A HONRA É DE SI PARA SI. EM TODO CASO, A HONRA É UM
VALOR QUE SE VALORIZA A SI MESMO.
O valor moral da ética psicológica depende das relações entre o Eu e os símbolos, e dos
símbolos entre si: por esse caráter relativo o valor moral é eminentemente lógico e admite as
conhecidas reduções a formas normativas e legais. Contrariamente ao valor moral psicológico,
O VALOR MORAL NOOLÓGICO, A HONRA DO INICIADO HIPERBÓREO, NÃO
DEPENDE DE NENHUMA RELAÇÃO E NÃO ADMITE FORMA LÓGICA OU RA-
CIONAL ALGUMA: EM TODO CASO A HONRA, QUE É UM VALOR QUE SE VA-
LORIZA A SI MESMA, CONSTITUI SUA PRÓPRIA LEI.
A HONRA DO INICIADO HIPERBÓREO SE EXPRESSA COM INDEPEN-
DÊNCIA DE TODO CONTEXTO E, PORTANTO, CARECE DE SIGNIFICADO
CONTEXTUAL; NÃO É NEM LÓGICO NEM PSICOLÓGICO, NEM RACIONAL
NEM IRRACIONAL: É, ISSO SIM, O REFLEXO ÚLTIMO DO NÃO CRIADO, O ATO
DA VONTADE GRACIOSA E CARISMÁTICA; SE SOB ALGUMA FORMA SE MANI-
FESTA, ESTA NÃO É ARQUETÍPICA SENÃO RÚNICA E SE DENOMINA “MÍSTICA
HIPERBÓREA”.
A HONRA DO VIRYA É A MAIS EXTERIOR MANIFESTAÇÃO DO CARÁ-
TER DO ESPÍRITO HIPERBÓREO: POR ISSO, PARA OS INICIADOS HIPERBÓ-
REOS, A HONRA É A MAIOR “VIRTUDE” QUE PODE EXIBIR UM VIRYA, POIS
SUA PRESENÇA É PROVA INEQUÍVOCA DA PRESENÇA DO ESPÍRITO. A
HONRA, QUE É PROPRIEDADE EXCLUSIVA DO ESPÍRITO HIPERBÓREO, RE-
VELA O CARÁTER ORIGINAL DA RAÇA ETERNA E INFINITA.
Em síntese, o Iniciado Hiperbóreo, que é um tipo gracioso luciférico, qualquer que seja
o fato cultural no qual ele participa ou o ato que execute, ATUA SEMPRE COM HONRA:
sua “MORAL” não depende de nenhuma lei ou norma ético-psicológica senão de sua vontade
de atuar, pois a honra é o ato de sua vontade, sua própria lei.

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E – Ética psicológica e gnosiológica.

Existe segundo vimos no começo, uma estrita relação entre o problema ético e o pro-
blema gnosiológico; entre a pergunta “o que devo fazer? ” E a pergunta “o que posso saber? ”.
Em efeito, quando os membros do “tipo lúdico” são deontólogos do ato, ou seja, que susten-
tam uma posição rigorosa, pode manter pontos de vista gnosiológicos consequente; são: EM-
PIRISTAS OBSTINADOS, MATERIALISTAS, POSITIVISTAS, etc., presumivelmente de-
vido à sequência: “o que posso saber”? Resposta: “o que está enquadrado e simbolizado”. Os
deontólogos normativos, “moderados”, quase sempre jogadores sacrílegos, são por sua parte:
CIENTIFICISTAS, TECNÓLOGOS, REALISTAS CRÍTICOS, EPISTEMÓLOGOS, LO-
GICISTAS, etc. Até um “idealista”, mas deontólogo, como Kant, já vimos que depende do
valor moral do ato concreto.
Os teleólogos do “tipo sacralizante”, ao afirmar o valor da finalidade do ato por sobre
qualquer outro princípio são necessariamente CAUSALISTAS do ponto de vista gnosiológico;
se são, simultaneamente, MATERIALISTAS podem ser, então: DETERMINISTAS, DIALÉ-
TICOS, EVOLUCIONISTAS, TRANSFORMISTAS, etc. Se sustentam, em compensação,
alguma teoria ESCATOLÓGICA serão RELIGIOSOS, DEVOTOS, CRENTES, ESOTÉ-
RICOS, etc. E, fundamentalmente: SACERDOTES.
Regressando ao problema gnosiológico até refletir sobre o dito para dar-se conta que
toda a discussão, e os TÍTULOS que temos assimilado à posições éticas, provêm da escolha
entre as seguintes alternativas teóricas: I) NÃO HÁ NENHUMA ORDEM NO UNIVERSO;
II) EXISTE UMA ORDEM; III) PROGRESSIVAMENTE SE ESTÁ ELABORANDO
UMA. Naturalmente que ao partir de qualquer destas premissas a resposta à pergunta “o que
posso saber? ” Variará fundamentalmente: Segundo I), a resposta pode ser “saberemos com
certeza até onde o acidental e contingente o permitam”; resposta típica da deontologia. Segundo
II): “poderemos conhecê-lo todo, com absoluta certeza, na medida em que alcancemos as cau-
sas finais”; resposta clássica da teleologia. Segundo III) “poderemos saber até um nível tal que
coincida com o mais elevado nível de evolução do universo; ambos, o sujeito consciente e o
objeto por conhecer, devem “encontrar-se” num ponto de perfeição relativa, onde se alcançará,
então, a máxima certeza possível”; resposta característica dos evolucionistas de qualquer tipo.

F – Militares e Kshatriya.

Há que se agregar aqui que os MILITARES DO KALY YUGA, QUE NÃO OBE-
DECEM A LÍDERES CARISMÁTICOS E QUE ESTÃO ORGANIZADOS EM “FOR-
ÇAS ARMADAS” SEM MÍSTICA, NÃO PERTENCEM À “CASTA GUERREIRA”, NÃO
SÃO KSHATRIYAS, SENÃO UM SUBTIPO ESPECIAL DO “TIPO SACRALIZANTE”.
A diferença entre o “subtipo militar” e o “subtipo sacerdotal” está em que, frente ao símbolo
sagrado, O SACERDOTE AFIRMA A ESSÊNCIA (ENTELEQUIA) POR SOBRE A

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FORMA E O MILITAR AFIRMA A FORMA POR SOBRE A ESSÊNCIA. Comprova-se,
efetivamente, que por trás da “forma” dos símbolos sagrados, CÍRCULO, CRUZ, CORA-
ÇÃO, SERPENTE, etc., o sacerdote sempre CE um Mistério ou, no pior dos casos, um signi-
ficado transcendente ou metafísico. O militar em compensação atribui um valor superlativo ao
formal, SÍMBOLOS PÁTRIOS, ESTANDARTES, UNIFORMES, SIGNOS DE RECO-
NHECIMENTO, MAPAS, CÓDIGOS, etc., mas sem atravessar jamais o véu da aparência:
sem transcender as essências que sustentam essas formas que o atraem e hipnotizam. Enfim:
sem compreendê-las em absoluto. Mas, seja qual for O GRAU de intensidade que o símbolo
exerça sobre o Eu do subtipo militar, de acordo com a lei do globo, este acabará submetido ao
feitiço formal de sua inflação, com a vontade anestesiada e a alma fagocitada pela “pátria”, “a
fronteira”, “a bandeira”, etc., ou seja, de joelhos e idolatrando ao “grande” e “maravilhoso”
globo, tal como se comportava na alegoria o Sr. Aberro.

TIPOS E PROFISSÕES

A – Tipos Aberro e profissões particulares

Nos artigos anteriores afirmou-se que o “sacerdote”, expoente do tipo bramânico do


sistema de castas indo-arianas, se deriva como “subtipo” do tipo sacralizante, temos feita a
distinção de vários subtipos, ainda que somente nomeando-os: sacerdote, militar revolucionário
social, etc. Neste inciso, não só vamos confirmar tal distinção como demonstraremos a exis-
tência de outros subtipos, todos os quais respondem em seu perfil psicológico a aquele tipo que
vimos no ato II da alegoria do Sr. Aberro. Entretanto, cabe esclarecer aqui que a classificação
em SUBTIPOS da tipologia Aberro não está baseada unicamente no comportamento interior,
pois atende também à FUNÇÃO SOCIAL que cada tipo, o lúdico ou o sacralizante, cumpre
no mundo.
Exporemos sinteticamente o critério da Sabedoria Hiperbórea para classificar às socie-
dades de acordo ao rol profissional de seus membros. Segundo este critério, em toda conside-
ração sociológica se há de distinguir entre aquelas profissões que consomem, a quem as pratica,
SOMENTE UMA PARTE DE SEU TEMPO VITAL e aquelas outras que requerem UMA
ENTREGA TOTAL E CONSOMEM TODO O TEMPO VITAL DISPONÍVEL. As pri-
meiras são chamadas PROFISSÕES PARTICULARES e se caracterizam porque EXISTE
DELAS UMA DESCRIÇÃO COMPLETA, NO DOMÍNIO CULTURAL SOCIAL, DE
MODO TAL QUE PODEM SER “APRENDIDAS”. Quem aprende um ofício ou profissão
particular está capacitado para cumprir DURANTE CERTO TEMPO um papel social comu-
nitariamente reconhecido; FORA DESTE TEMPO SOCIAL, durante qual o “profissional”
SE IDENTIFICA COM SUA PROFISSÃO, é possível viver “a vida”, “SUA VIDA”. Eviden-
temente, o PAPEL PROFISSIONAL é um papel de ator no drama da vida e, na aceitação

536
coletiva de que tal ato só se deva cumprir em um HORÁRIO PARTICULAR, deve-se ver a
mão dos JOGADORES. O tipo lúdico, em efeito, na medida em que vai conseguindo certa
influência na organização da sociedade, TRATA DE PROTEGER-SE delimitando estrita-
mente o contorno espaço-temporal do papel profissional. Proteger-se de que? Da fagocitação
psíquica que poderia produzir uma PERMANENTE identificação com o papel profissional, o
qual é na verdade uma máscara, um disfarce, uma aparência que representa um Arquétipo co-
letivo dominante.
Eis aqui um princípio da Estratégia Psicossocial: TODO ARQUÉTIPO COLETIVO
INCONSCIENTE PODE SER FEITO CONSCIENTE “COLETIVAMENTE” SE FOR
DESCRITO POR MEIO DE UM SISTEMA CONVENCIONAL DE SIGNOS E APRE-
SENTADO À COLETIVIDADE PARA SEU CONHECIMENTO. Portanto, “descreve o
melhor possível” o modelo do papel profissional e “demarcar temporalmente” tal papel em um
“horário” é, antes de tudo, uma medida de segurança, uma garantia de que “se poderá sair” do
papel em algum momento, “fora de horário”, e se recuperará a própria personalidade. Como
dissemos, deve haver aqui a atitude lúdica típica: ENQUADRAR UMA SITUAÇÃO DEN-
TRO DE CERTOS LIMITES SEGUROS E EXPÔ-LOS EM TERMOS SIMBÓLICOS.
Naturalmente, o MODELO PROFISSIONAL do papel, uma vez descrito, fica incor-
porado na esfera de sombra terrestre como “Arquétipo coletivo universal”: se torna dominante
quando consegue “capturar” um profissional na superestrutura do fato cultural e tenta desen-
volver-se por seu próprio intermédio buscando concretizar a enteléquia da profissão. Corre-se,
pois, o perigo de converter-se em um “fanático da profissão”, um profissional “workaholic”,
esses “médicos apóstolos” que todos conhecemos, por exemplo, ou aos igualmente fanáticos,
mas nefastos, executivos de negócios ou “businessman” que, por desgraça, também conhece-
mos e cuja dedicação à profissão lhes absorve todo o tempo e impede distinguir aonde termina
o papel profissional e aonde começa o homem. Mas deste perigo se salva facilmente, é óbvio,
quem “respeita o horário”; separa a vida privada da coletiva; se “esquece do papel profissional”,
que cumpre a cada dia, da mesma maneira que o jogador “esquece seus games” depois de cada
jogo.
A conclusão que se deve buscar disso é que enquanto o modelo profissional tenha sido
bem DESCRITO SIMBOLICAMENTE, em um “plano de estudos”, por exemplo, poderá ser
“exercido” um papel profissional sem perigos, se poderá “jogar” um papel na vida, “atuar”
profissionalmente, etc. O perigo de uma captura permanente por parte de um Arquétipo pro-
fissional começa, pelo contrário, quando os limites do modelo se tornam difusos e nem a des-
crição é completa nem o horário é fixo. Isto ocorria, por exemplo, com os grêmios da Idade
Média, dentro dos quais quase não se poderia reconhecer a humanidade que pudesse existir em
um artesão fora de seu artesanato profissional: um CORDONNIER ou sapateiro era sempre
tal, em todo momento, e não caberia esperar outra coisa dele que não fosse pensar em couro e

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pregos; se pertencia a uma dinastia de artesãos o nome de seu ofício ficaria aderido a sua própria
identidade e haveria assim uma “família Cordonnier” cujos membros poderiam chamar-se Pe-
dro Cordonnier ou Hugo Filscordonnier, etc. Um artesão profissional pertencia assim a uma
comunidade profissional da qual rara vez conseguia destacar-se: não havia ali individualidade,
mas coletividade; estava, em uma palavra, IMERSO NO INCONSCIENTE COLETIVO.
Na atualidade se progrediu até o desempenho de um papel profissional que permite o
desenvolvimento simultâneo de outras esferas da personalidade: é possível ser profissional e
indivíduo de uma vez. A tal situação se chegou logo que a Sinarquia dissolveu com a revolução
da Renascença a civilização judaico-cristã da Idade Média. No entanto a individualização do
homem NÃO É QUERIDA pela Sinarquia e se algo se avançou nesse sentido é à custa de seus
planos mais que como favor destes. A Sinarquia pretende somente a manifestação e coletiviza-
ção completa da humanidade; salvo, claro, aos membros da raça sagrada hebreia para cuja li-
bertação social e elevação econômica se livrou a mencionada revolução renascentista, além da
francesa. Mas o sistema atual está longe de ser perfeito, toda vez que foi criado pelo tipo lúdico
e registra e, sua constituição o temor característico do jogador, sendo em compensação produ-
tor constante de efemeridades psíquicas: há uma neurose clássica que padecem os que travam
uma luta inconsciente contra o Arquétipo profissional; se, segundo a lei do globo, o símbolo
profissional lhes resulta mais atrativo que sua vida mesma e não conseguem uma individuali-
dade plena, então descobrem que não podem abandonar a profissão, OU QUALQUER OU-
TRO PAPEL QUE OS SUBTRAIA DA VIDA, sem adentrar-se num terreno obscuro e abis-
mal: os limites do papel profissional são assim limites da crise. Dentro da Profissão, ou de um
papel ou disfarce qualquer, a vida transcorre como num jogo, mas um jogo tal que a falsidade
e futilidade da trama se adverte a cada instante; fora dos papéis está o vazio existencial, a angústia
do nada, de não ser nada, que os existencialistas tão bem mostram e a que não é fácil enfrentar.
Quando se experimenta tal solidão não há outra alternativa senão abandonar todo papel, toda
profissão, todo disfarce, toda máscara, TODO JOGO e “jogar-se a sério”, fazendo VALER a
linhagem hiperbórea, apontando a existência até a absoluta indeterminação do Vril, situado no
Eu perdido no selbst e permitindo a manifestação do Espírito eterno, transcendendo o molde
dos tipos e a armadilha dos Arquétipos. Claro que para isso requer ser extremamente valente...
e o valor é uma mercadoria escassa nos tipos lúdico e sacralizante...
Nas seguintes palavras, que o escritor sinarca Lanza Del Basto põe na boca de seu “Ju-
deu” com ânimo de desprestigiar ao tipo gracioso luciférico, se comprova com clareza qual
deve ser a atitude luciférica ao problema: “Um louco disse: ‘Eu sou Tetrarca’. Outro disse: ‘Eu
sou um cântaro’. Um terceiro louco disse: ‘Eu sou Deus’. E falam, pensam, veem como se
fossem rei, cântaro, Deus. O homem sensato disse: ‘Eu sou carpinteiro’, ou ‘publicano’ ou
‘mercador’. E fala, pensa, vê, como se o fosse. O homem sensato É UM LOUCO MAIS MES-
QUINHO.

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“Sábio é aquele que se nega a assumir uma personagem, que se contenta em desempe-
nhar o papel de homem.
“Pode um homem representar uma personagem qualquer para falar, pensar, ver, como
se o fosse. Mas por haver querido sê-lo, sabe que não é.
“Ser é o fato da pedra e do musgo, Seria o fato de Deus se este por casualidade fora.
Mas o homem é superior a essas coisas por sua leveza. Não é: passa. Assobia, ri, pensa: passa.

B – Tipos Aberro e profissões coletivas

A segunda classe de profissões, exercidas quase sempre pelos membros do “tipo sacra-
lizante”, se chama PROFISSÕES COLETIVAS e, diferentemente das “profissões particula-
res”, consomem a totalidade do tempo vital. Também se distinguem das primeiras em que,
salvo o contorno tradicional, não estão descritas totalmente, sendo mais que provável que quem
as professe passe imediatamente a ser capturado pelo Arquétipo correspondente. Agora bem,
não se trata aqui de uma supervivência de costumes arcaicos, tal como os grêmios medievais,
senão de uma necessidade emergente da organização social mesma. As profissões coletivas são
necessárias porque consistem em PROFISSÕES ESSENCIAIS sobre as que quem vai desem-
penhar um papel coletivo careça de outra finalidade em sua vida que aponta aquela sua profis-
são. O juiz: a justiça. O sacerdote: Deus. O militar: a defesa ou a guerra. O político: o bem
social, etc. Todas essas profissões são subtipos do tipo sacralizante e se compreende que “jus-
tiça”, “Deus”, “guerra”, “bem social”, ou seja, as “finalidades” As quais aspiram profissional-
mente, são na realidade as enteléquias de seus respectivos Arquétipo dominantes, o globo final
do Sr. Aberro.
Mas como é necessário que alguém represente esses papéis, e dado que sem eles a soci-
edade não existiria, a estrutura social reserva e protegem os lugares, os “empregos”, que devem
ser ocupados NÃO POR HOMENS, MAS POR FUNCIONÁRIOS, ou seja, por quem leve
adiante as funções essenciais. Ainda que ingressar em tais postos implique a submersão no co-
letivo, o desdobramento da própria personalidade, a IDENTIFICAÇÃO DO EU INDIVI-
DUAL COM UM EU SOCIAL: o juiz, quando julga, não fala por si, senão pela sociedade
inteira; sua voz é “a voz da Justiça”. Não é o Eu que fala por ele. E quando o militar dá seu
discurso no dia pátrio, sua voz é a “voz da Pátria”. Esta participação psicológica entre o sujeito
individual e um “sujeito coletivo”, se produz fundamentalmente porque, diferentemente das
profissões particulares, as profissões coletivas não estão completamente enquadradas, nem es-
pacial, nem temporalmente, segundo foi dito. O profissional do tipo sacralizante jamais sabe
exatamente onde termina o papel e onde começa sua individualidade; quando fala por si ou pela
sociedade, ou seja, pela justiça, por Deus, pela Pátria, ou por qualquer símbolo sagrado que o
tenha fagocitado.

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A profissão coletiva é um molde vazio com uma FORMA IMUTÁVEL, mas com uma
CAPACIDADE INDEFINIDA; quem ocupa este molde fica conformado e somente lhe resta
expandir-se segundo a capacidade desconhecida, mas talvez interminável, da profissão coletiva;
capacidade INTERNA, como se vê, que não é outra coisa senão a evolução do Arquétipo: a
percepção do desenvolvimento do Arquétipo é a sensação de progresso, de “maior capaci-
dade”, de “elevado profissionalismo”, que experimentam as personagens coletivas. Mas é inútil
buscar porque não pode existir nenhuma individualidade por trás dessa máscara; quem não
ouviu falar de alguém que “desapareceu” atrás de um posto oficial? Quem seria capaz de separar
novamente em suas partes constituintes ao homem e ao personagem social? Quem buscaria, e
seria capaz de encontrar, a Perez por detrás do General da Cavalaria Perez? Ou a Gomez por
detrás do Bispo Gomez? Além do mais, quem pode supor que Perez deixe de ser “General”
durante a noite, “fora do horário”, como o bom sapateiro do bairro deixa de sê-lo – e quem
não creia que leve a consertar seus sapatos “fora do horário” e verá como não tem êxito e sim,
em compensação, avisa que “em tal lugar há uma conspiração subversiva” verá como Perez
segue sendo General -? E o mesmo passa com o sacerdote ou o Juiz – e, se houvessem, com o
rei e o nobre -: são profissionais em todo momento e jamais deixarão de sê-lo; a menos que
não o houvessem sido nunca e se tratasse de jogadores infiltrados, que simulam desempenhar
a profissão à espera de uma boa oportunidade para abandonar o jogo. Mas no caso contrário,
caso se trate de autênticos representantes do tipo sacralizante, a entrega à profissão será total,
haverá substituição da personalidade individual por um perfil psicológico, ou papel coletivo,
que será expressão do Arquétipo profissional. E o profissional coletivo, como o Sr. Aberro no
ato II, será fagocitado nas entranhas de um globo demasiado inchado, de um símbolo sagrado,
Justiça, Deus, Pátria, ao que se adora e imita.
Somente nos resta agregar que, enquanto os membros do tipo lúdico que praticam pro-
fissões particulares NÃO TENTAM IMPOR A NINGUÉM SUAS CONVICÇÕES PRO-
FISSIONAIS, pelo contrário os tipos sacralizantes SENTEM O DEVER de tornar partícipes
aos demais de suas ideias e de impô-las, tal como advertimos mais atrás, ainda que pela força.
Assim, uma sociedade verá desfilar honoráveis figuras de legisladores cujos pontos de vista
jurídicos e morais devem ser tidos por paradigmas; e não menos augustos próceres militares,
“pais da pátria”, cujas insígnias geopolíticas ainda ressoam e movem a fervorosas defesas. E o
que dizer dos santos sacerdotes cujas vidas exemplares foram objeto da admiração e imitação
de gerações inteiras? Evidentemente não se trata de homens, mas de Arquétipos que evoluem
através dos homens... e daí seu perigo. No vazio da humanidade que se adivinha por trás de
cada um desses personagens da História se adverte que tão inútil como é buscar individualidade
num profissional coletivo é tentar discutir com ele seu ponto de vista. Inútil e perigoso, repeti-
mos: PORQUE COM OS ARQUÉTIPOS NÃO SE DISCUTE; SÃO NÃO HUMANOS
POR NATUREZA E CASO SE APODEREM DE UM HOMEM O DESUMANIZA
TAMBÉM, TRANSFORMANDO-O EM UMA CASCA. Com os Arquétipos somente valem

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duas atitudes: ou se possui vontade suficiente para resistir a sua captura ou se deve se submeter
a eles. O perigo consiste, então, em ser enganado diretamente pelo Arquétipo ou em que um
“Arquétipo personalizado”, ou seja, um profissional coletivo, suspeite que nossas ideias não são
as que convêm ao bem da Justiça, da Religião ou da Pátria; a oposição é, em qualquer caso, a
mesma: ou resistir ou submeter-se.
Mas há que se evitar cair na crença ingênua de que quando nos referimos a “profissões
coletivas” o fazemos pensando em “postos” ou “empregos” oficiais. Já dissemos que toda pro-
fissão coletiva encobre a uma função social NECESSÁRIA pela que não seria difícil extrair de
tal afirmação a consequência ingênua de que, em toda sociedade firmemente estabelecida e
organizada, as profissões coletivas devem NECESSARIAMENTE concluir num “posto ofi-
cial”. A verdade é que o “posto oficial” é NECESSÁRIO, mas não SUFICIENTE; e vamos
ver por que: UM “POSTO OFICIAL” É O “ÚLTIMO TERMO” DE UMA AÇÃO CUJO
PRIMEIRO MOVIMENTO O PRODUZ O ARQUÉTIPO COLETIVO. Assim vistas as
coisas, desde o Arquétipo, NÃO É SUFICIENTE QUE ESTEJA VAGO O POSTO –
AINDA QUE ESTE SEJA NECESSÁRIO – SE NÃO EXISTE O HOMEM INDICADO
PARA OCUPÁ-LO. Por isso “a sociedade”, que consiste em uma macroestrutura cultural,
RASTREIA AO HOMEM ADEQUADO EXPLORANDO DESDE O INCONSCIENTE
COLETIVO UNIVERSAL A CADA UM DE SEUS MEMBROS, EXISTA OU NÃO O
“POSTO OFICIAL”. Uma vez localizado e capturado o candidato, quando “sua voz” seja a
voz do Arquétipo coletivo e seu sujeito anímico um sujeito social, SERÁ GUIADO A UM
“POSTO OFICIAL” (QUE, SE NÃO EXISTE, O CRIARÁ) DESDE O QUAL EXER-
CERÁ O PODER. Logo, será o Arquétipo e não o homem quem “exerce o poder”, já que tal
exercício é somente a expressão exterior da evolução com que tal Arquétipo tende à enteléquia;
já o explicamos: “o fato cultural está se desenvolvendo impelido por uma grande potência, O
NOTE OU NÃO O OBSERVADOR, e nessa marcha à enteléquia a superestrutura TOMA
O NECESSÁRIO PARA SUA PERFEIÇÃO E RECHAÇA AQUILO QUE LHE É INÚ-
TIL OU OPOSTO”. Para mencionar um exemplo clássico, digamos que na
América do Norte não existia o “posto oficial” de Presidente até que George Washing-
ton o exerceu em 1789. Mas tal “posto” foi criado como último termo de uma ação revolucio-
nária que começou em 1776, quando a superestrutura cultural norte-americana capturou a Ge-
orge Washington, típico militar sacralizante, como “homem do destino” e o impeliu ao poder.
E que ninguém ponha em dúvida que quando George Washington falava, ou pensava, era os
Estados Unidos nascente, seu Arquétipo coletivo, o que falava ou pensava por ele.
Para assimilar melhor quanto se expôs sobre a relação entre o “tipo lúdico” e as “pro-
fissões particulares” por um lado e o “tipo sacralizante” e as “profissões coletivas” por outro,
temos preparado na figura 99 um quadro sinótico em que pode se encontrar a informação
resumida.

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Figura 99

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TOMO IX:
POSSIBILIDADES DA
VIA TÂNTRICA

A – KALY, O KALY YUGA E O SEXO DOS ESPÍRITOS HIPERBÓREOS

Na Índia, tão castigada culturalmente pelos “Mestres da Sabedoria” de Chang Shambala,


foi dada uma solução à queda evidente da humanidade no materialismo, mediante a incorpora-
ção das quatro Idades em seus eternos ciclos de retorno. As “Idades” são SATYA YUGA
(Idade do Ouro), TETRA YUGA (de Prata), DVAPARA YUGA (de Bronze) e KALY YUGA
(de Ferro); claro que estes quatro “YUGAS” ou “IDADES” formam um CHATUR YUGA,
o qual torna a repetir-se eternamente nos distintos manvantara, ou períodos de manifestação
do Demiurgo. A “queda” está aqui justificada para facilitar novos “ascensos” cármicos dentro
do sinistro plano de evolução, o qual tem sua expressão concreta nos Manus ou Arquétipos
Psicóideos. Mas trata-se apenas de uma manobra cultural dos Mestres de Chang Shambala,
quem têm plantado a confusão nas tradições hiperbóreas dos antigos ários: a “queda” é verda-
deira e não existe nenhuma pessoa que há sobrevivido às “noites” que se seguem aos “Dias de
Manifestação”, sejam Yugas ou Manvantaras, quando o Demiurgo, qual monstro horripilante,
reabsorve em sua substância a famosa “criação material”.
Para nós terá particular importância o conceito de Kaly Yuga, equivalente esotérico da
Idade de Ferro egeia, a que vamos expor de acordo à Sabedoria Hiperbórea. Mas antes diremos
duas palavras sobre a “Idade do Ouro”.
Segundo dissemos, a “Idade do Ouro” é uma figura exotérica fundada sobre a percepção
da origem hiperbórea do espírito. Mas convém esclarecer por que nas distintas civilizações sem-
pre aparece vinculado com dita imitação da “origem”, que é uma ideia transcendente, a imagem
do “paraíso terreno”, que é uma ideia imanente. Por exemplo, na Epopeia de Gilgamesh se
descreve um paraíso habitado por Enkidu e o mesmo é o “Jardim das Hespérides” ou os “Cam-
pos Elísios” nos mitos gregos; para não citar a Bíblia ou a Aryana Vaiji, o paraíso dos parsis,
etc. Aqui deve-se adotar o seguinte critério hiperbóreo: 1° a “queda” do homem primordial, e
todos os mitos que aludem a ela, referem-se de maneira distorcida ao aprisionamento do espí-
rito imortal à matéria; sua catividade e escravidão à obra do Demiurgo. Há então uma referência

543
velada à “origem”. 2º o “paraíso terreno” É UMA RECORDAÇÃO DO PASU. Em efeito:
quando os Siddhas ingressam no Sistema Solar encontram na Terra um hominídeo, antepas-
sado do pasu, que era tudo o que o Demiurgo e seus Devas haviam podido lograr após milhões
de anos de “desenvolvimento evolutivo” do Manu. Mas essa criatura miserável, que quiçá por
isso não evoluía, se encontrava em um verdadeiro “paraíso”, desfrutando feliz e ao cuidado dos
Devas. Logo da traição dos Siddhas por causa do Mistério de Amor, “os pasus começaram a
evoluir” mais depressa devido ao aporte da linhagem hiperbórea e a catividade dos espíritos
vindos de Vênus. Sem embargo, em suas memórias genéticas conservou-se a memória daquela
era de completa felicidade e total estupidez. Segundo afirmávamos anteriormente “o espírito
hiperbóreo é necessário nos Planos do Demiurgo porque é produtor de cultura”: basta observar
a riqueza qualitativa e formal dos mitos da Idade do Ouro para comprová-lo.
Em tais híbridos culturais as imagens primitivas, animais, do pasu, se viram transforma-
das até adotar uma forma “mítica”, a saber, arquetípica graças à sua adaptação às pautas supe-
riores da Raça Hiperbórea. Só assim pode haver “evolução”: quando uma estrutura cultural é
capaz de conter asserções (símbolos) que façam possível o processo dos Arquétipos Psicóideos.
Nos “mitos” da Idade do Ouro, melhor que em nenhum outro, poderá comprovar-se esse
duplo conteúdo, que é a base da “cultura” (e a prova da traição dos Siddhas da Face Tenebrosa):
uma recordação genética do pasu (o “paraíso terreno”) e uma recordação de sangue do espírito
hiperbóreo (a “origem divina”); sua “combinação” gera os distintos mitos sobre a Idade do
Ouro.
Que deve entender-se por idade? Resposta: Uma Idade Histórica é a conjunção da hu-
manidade, durante tal período, e de um Arquétipo Manu, ao qual ela se subordina evoluindo
até sua concreção. Sabemos também que uma Idade é uma macroestrutura e que esta é a ma-
nifestação concreta do processo evolutivo do Manu; por isso na Idade se progride até uma
perfeição cuja última concreção é a enteléquia do Manu: a realização do Plano. Mas essa perfei-
ção é, para o espírito encadeado, uma catástrofe, tal como o afirma o conceito hiperbóreo de
Idade (egeu sumério, indo ariano, etc.). Nos interessa agora referirmos à “Idade” atual, de
“ferro” ou de “Kaly”.
Na Idade atual a humanidade “progride” tendendo até a enteléquia do Manu Vaisvas-
vata. Deveria, pois, chamar-se “Vaisvasvata Yuga”. A que se deve a denominação “Kaly Yuga”?
Antes de tudo recordemos que tal nome provém da Sabedoria Hiperbórea e que, portanto,
deve ter uma significação especial para os viryas despertos; uma espécie de “mensagem” que
expresse algum tipo esotérico de “orientação”. Em efeito: por trás do sugestivo nome de Kaly,
escolhido para designar a nossa Época, se oculta um Mistério Maior, o qual é conhecido como
Mistério de A-mor. Sobre o mesmo fizemos menção na alegoria do Prisioneiro e agora tenta-
remos aproximarmos a um aspecto que está muito próximo a nós ocidentais do século XX.
Mas devemos esclarecer que este Mistério é imenso, tão grande como o drama que a cada um

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lhe cabe viver na existência humana, e por isso só podemos aspirar a dar alguns indícios, desta-
car sinais que orientem na direção da verdade a aqueles que buscam libertar-se das cadeias evo-
lutivas. Mas para alcançar esse fim, teremos que apartar-nos, como já temos feito outras vezes,
dos conceitos ortodoxos que constituem dogmas na atualidade, e remontarmos a acepções
muito antigas ensinadas pela Sabedoria Hiperbórea. Começaremos, então, por definir a Kaly.
Para a Sabedoria Hiperbórea a incorporação de Shiva, junto com Vishu, ao Demiurgo
Brahma é equivalente a união de Cristo com o Demiurgo Jeová – Satanás, e o Espírito Santo.
Ambas trindades são exotéricas, próprias de cultos religiosos, e, portanto, historicamente tar-
dias. Antes da conformação do mito os Deuses atuavam separados e já explicamos de que
maneira o Demiurgo imitou com Jesus – Cristo a figura histórica, atlante, de Cristo – Lúcifer.
Shiva, assim como Cristo ou Apolo, tem sido desde um princípio a imagem de Lúcifer, o
Grande Chefe dos Siddhas Hiperbóreos, e somente a paixão imitativa do demiurgo, e a imagi-
nação dos Sacerdotes, pode conceber uma associação trinitária. Há que se ver uma grande ironia
em tudo isso posto que Lúcifer representa a individualidade absoluta, ou seja: a liberdade abso-
luta, e mal poderia estar associado com o Senhor da Escravidão, aquele que impede toda liber-
dade. Para referirmos ao mistério a que alude o nome “Kaly Yuga” devemos pois remontarmos
à sua acepção hiperbórea, a qual guarda escassa relação com os conceitos religiosos do budismo
e das distintas escolas hindus de ioga.
Estes esclarecimentos valem, especialmente, para a negra Kaly, a “esposa” de Shiva, a
quem se considera esotericamente como um “aspecto negativo” de Parvati, sua esposa
“branca”. Pelo caminho religioso, ou seja, mítico o sincretismo chega tão longe que Parvati é a
sua vez Shakti, a “energia criadora” do Universo Vivo. Aqui, assim como com Shiva, nos re-
meteremos à Sabedoria Hiperbórea a qual ensina que Kaly, assim como a Isis egípcia, a Isthar
babilônica, a Vênus romana, a Afrodite grega, a Shing Moo chinesa, a Sophia gnóstica, etc., são
todas imagens brotadas da recordação de sangue das linhagens hiperbóreas. Recordação de
sangue dissemos, mas, de quem? Da “esposa” de Lúcifer, a quem bem podemos chamar Lilith
de agora em diante. Mas isto, como tudo quanto vimos dizendo, requer alguns esclarecimentos
complementares. Exporemos para isso, certos conceitos da Sabedoria Hiperbórea; mas lem-
bramos a todo momento que estamos vendo as coisas DESDE A ORIGEM e que, ainda que
os “nomes” chegaram até nossos dias, o conteúdo conceitual que lhes outorgamos aqui é muito
antigo e esotérico.
Primeiro: Os “Hiperbóreos” são membros de uma Raça Cósmica na qual existe uma
diferenciação sexual. Esta afirmação significa somente que seus membros são masculinos e fe-
mininos neste universo; nada podemos saber sobre o que ocorre fora dele.
Segundo: O sexo, entre os Hiperbóreos, não cumpre a função de procriar. A Raça não
tem diminuído desde que se encontra no cativeiro material PORQUE É IMORTAL; mas tam-
pouco tem crescido.

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Terceiro: O sexo dos Hiperbóreos nada tem a ver com a diferenciação em pares de
opostos que caracteriza a criação do Demiurgo. A vinda, e o posterior cativeiro dos espíritos
Hiperbóreos, é muito mais recente que a origem da criação do Sistema Solar; para não falar da
colossal antiguidade do Universo do Uno. Quando eles penetraram pela “porta de Vênus”, a
criação já estava consumada, os opostos separados e o homem, um hominídeo habitava a Terra.
Não é correto, pois, atribuir aos Hiperbóreos uma ANDROGINIA PRIMORDIAL. Quem
passou por uma etapa evolutiva andrógina foi o pasu.
Na memória genética está gravado este processo, que também pode reconhecer-se na
fisiologia humana observando a bissexualidade glandular endócrina, e por isso nas composições
culturais se mesclam entre os dois ascendentes mnêmicos: o genético do pasu e o “minneico”
do hiperbóreo. Já explicamos que a cultura surge de combinações semelhantes e não será difícil
compreender agora por que aparecem confusas as imagens religiosas de Shiva e Kaly.
OS ESPÍRITOS HIPERBÓREOS ENCONTRAM-SE ABSOLUTAMENTE DIFE-
RENCIADOS POR SEXO. SEMPRE FOI ASSIM, DESDE QUE CHEGARAM AO UNI-
VERSO FÍSICO, E NÃO HÁ NENHUM REGISTRO QUE PROVE O CONTRÁRIO. O
PASU, POR SUA VEZ, PASSOU POR UMA ETAPA EVOLUTIVA NA QUAL SEU
CORPO ERA ANDRÓGINO, MUITO ANTES DE CHEGAR À UMA DIFERENCIA-
ÇÃO “BIOLÓGICA” DO SEXO. MAS A ALMA DO PASU NÃO POSSUI SEXO. PODE
ENCARNAR INDISTINTAMENTE EM CORPOS MASCULINOS OU FEMININOS.
Quarto: Há, então, espíritos hiperbóreos masculinos e femininos. Sem embargo sempre
nos referimos especialmente a figura do virya desperto como “herói” ou “guerreiro”. Não há,
acaso, mulheres hiperbóreas, quer dizer, espíritos cativos femininos encarnados nos corpos fí-
sicos das mulheres pasu? Para responder devemos tocar um dos aspectos mais ocultos do Mis-
tério de Amor: a Sabedoria Hiperbórea afirma que a queda primordial foi protagonizada de
maneira esmagadoramente maior pelos espíritos masculinos que pelos femininos, que ficaram
encadeados a partir dali à evolução do pasu. Sendo assim, que ocorreu com os espíritos femi-
ninos faltantes, aqueles que não foram enganados pelos Siddhas Traidores e que jamais encar-
naram? Aguardam o regresso à origem dos Viryas no Valhala: são as Walkirias da mitologia
nórdica. Mas, a nós, nos importa mais conhecer o papel que desempenham as MULHERES
KALY dentro do drama da vida humana. Logo saberemos.
Estes quatro conceitos nos permitirão encarar esse aspecto do Mistério de Amor que
“está muito próximo a nós, ocidentais do século XX”, segundo dissemos antes: é o que se refere
às práticas tântricas.

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B – O TANTRA YOGA

Não faremos aqui um resumo da filosofia e da ioga tântrica; para adquirir esses conhe-
cimentos há excelentes livros que recomendamos ler1. Em troca nos referiremos a alguns sím-
bolos esotéricos que todo tântrica deve saber conhecer e mostraremos por que a pratica do ioga
sexual geralmente “falha” entre os ocidentais, quer dizer, geralmente tem efeitos desastrosos
sobre a saúde física e mental do sadhaka2. Daremos, pois, por conhecida grande parte dessa
filosofia.
O tantra ioga se fundamenta na “Ciência do Alento” que trata sobre a “respiração” do
Demiurgo no manvantara, um período de tempo durante o qual se manifestam os Mundos
pelo movimento rítmico dos cinco Princípios Puros ou tattvas do Universo. No homem, em
seu corpo biológico, se reproduzem todos os processos cósmicos e intervêm analogamente os
cinco tattvas; e também, em sua diferenciação sexual, se reflete dramaticamente a dualidade que
caracteriza a natureza. Mas a função do sexo no pasu estava definida desde o princípio pela
reprodução e JAMAIS SE PREVIU OUTRO FIM FORA DESSE.
Em outras palavras: o corpo humano é a expressão concreta de um Arquétipo Manu
que se desenvolve durante toda uma Idade, no marco de uma “raça raiz;” no dito arquétipo o
sexo cumpre, DESDE O PRINCÍPIO, uma função reprodutora, daí que no corpo do pasu (ou
do virya perdido) o sexo aponte fundamentalmente para a reprodução e uma prova pode ver-
se na sincronização com os ritmos lunares que exibe o período de fertilidade da mulher: a fun-
ção sexual se vê assim conectada aos rimos do Grande Alento e ligada ao processo do Arqué-
tipo Manu.
Somente a incorporação da herança hiperbórea ao sangue do pasu tem possibilitado
QUE SURJA A IDEIA DE DAR AO SEXO OUTRO SENTIDO ORA DA MERA RE-
PRODUÇÃO ANIMAL. Ideia que, por outro lado, era inconcebível para o mísero pasu.
Métodos hiperbóreos para o aproveitamento do sexo em favor da “reorientação estratégica”
do virya houveram muitos nos milhões de anos que os espíritos têm de catividade. O Tantra
Yoga é só o último deles, que a Sabedoria Hiperbórea tem ensinado para a “Idade Kaly”, e que
vem sendo submetido a uma terrível confusão cultural pelo sincretismo com o budismo, o
dualismo Samkya, o monismo Vedanta, a equiparação das forças com os mitos do panteão
hindu, etc., etc. Hoje o Tantra é uma filosofia irreconhecível, desde o ponto de vista da Sabe-
doria Hiperbórea, a qual a Sinarquia tem lançado no Ocidente como mais um de seus artigos
de consumo. Mas o que o torna particularmente nocivo é a prática do ioga sexual sem possuir

1A partir dos textos tradicionais como o KULARNAVA TANTRA, o TANTRAKAUMADI, o SHAKTI SANGANA, o TANTRA SATUA,
etc. Também devem ler-se os livros de JEAN RIVIERE “El Yoga Tântrico” e “Ritual de Magia Tântrica Hindu”; de ARTUR
AVALON “The Serpent Power” e outros; de OMAR GARRISON “Yoga y Sexo;” o clássico de RAMA PRASAD “Las Fuerzas
Sutiles de la Natureza”; e toda obra de MIGUEL DE SERRANO.
2 Sadhaka: Oficiante das práticas tântricas, “discípulo” das Escolas Kaula.

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as antigas chaves simbólicas, especialmente o conceito hiperbóreo sobre a “yoguini” ou mulher
tântrica que é a condição principal para que o ioga cumpra seu fim.
Muitas pessoas imprudentes, no Ocidente, se lançam à prática do ioga sem compreender
que tais exercícios são uma parte mínima de uma filosofia de vida ou modo de vida que no
Oriente se cultiva desde o nascimento até a morte. Enquanto se trata de iogas que tendem a
fortalecer a concentração mental ou a vitalidade física o perigo não é maior, mas quando se
entra em contato com as energias ígneas, como no tantra ioga, a situação muda desfavoravel-
mente para a saúde do imprudente.
Sem embago, não vamos condenar a prática das técnicas sexuais tântricas, senão, indicar
QUANDO UM OCIDENTAL PODE RECORRER À ELAS sem perigo, dado que as mes-
mas formam parte da Sabedoria Hiperbórea.
Antes de tudo, recordemos que “a estratégia é o modo de vida de um virya hiperbóreo”
e que “a estratégia é um meio para alcançar um fim”. O fim declarado dos viryas hiperbóreos
é: o regresso à origem. A conquista deste fim implica distintos passos: o “virya desperto” é o
que vislumbrou a origem e tem se orientado na busca do Vril, pode seguir qualquer das sete
vias de libertação que se escutam no Canto de A-mor dos Siddhas Hiperbóreos; uma de tais
vias, a da oposição estratégica que empregavam os iniciados Berserker da S.D.A., já a temos
mencionado e a ela nos referiremos com especial atenção no sucessivo; mas o tantra, é outra
das vias secretas de libertação e, portanto, persegue o mesmo fim declarado: despertar o virya
e conduzi-lo à origem, à conquista do Vril.
Como se propõe o Tantra cumprir esse objetivo? Transmutando o corpo físico do sad-
haka e imortalizando-o durante a prática do maithuna, o ato sexual; libertando-o assim das ca-
deias Cármicas e permitindo que se manifeste nele a consciência do espírito hiperbóreo; che-
gado a tal estado, com seu corpo de VRAJA e sua consciência gnóstica desperta, se é já um
Siddha, um ser capaz de aplicar a possibilidade pura que brinda o Vril e abandonar, se preferir,
o Universo material.
Este é o verdadeiro fim do Tantra e se equivoca quem só aproveita suas práticas para
obter maior prazer do ato sexual.

C – A “VIA ÚMIDA” DO TANTRA YOGA

Recordávamos recém que o modo de vida de um virya hiperbóreo é “estratégico”. Se se


considera o Tantra como uma “estratégia, para o regresso à origem, então não há inconveniente
para que o virya incorpore as técnicas tântricas a seu próprio modo de vida estratégico. Se não
perde de vista os fins de toda estratégia hiperbórea as práticas tântricas não poderão causar-lhe
dano, mas convém estabelecer com claridade quando é apropriado seguir esta via e quando não
(ao sadhaka ocidental). Por isso nos referiremos à técnica fundamental do Tantra da “via

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úmida”: a retenção do sêmen durante o orgasmo.
O maithuna, ou união sexual, é, no Tantra, a culminação de um ritual e a esse ritual se
chega após uma larga preparação filosófica e prática. Especialmente se aprende a controlar a
respiração e o ritmo cardíaco, a vontade e logo a distinguir os nadis, ou canais internos de
energia e os chacras, ou vórtices de energia. Os chacras principais são sete, localizados mais ou
menos na altura dos plexos, sobre um canal maior, chamado shushumna, que corre paralelo à
coluna vertebral.
Desde o chacra inferior, muladhara, partem junto ao canal shushumna, dois canais me-
nores chamados idá e pingalá, que envolvem helicoidalmente a shushumna cruzando-se em
cada plexo sob os restantes chacras. O sexto chacra, ajna chacra, localizasse entre as sobrance-
lhas, sobre a hipófise, e ali convergem também os canais shushumna, idá e pingalá. Mais acima
do ajna chacra está o sahasrara chacra, bramachakra, ou brahmarandra, do qual falaremos em
seguida.
Estamos citando o estritamente necessário para nossa explicação, mas, naturalmente, se
requer um conhecimento adicional para compreendê-la, o qual se pode adquirir em obras es-
pecializadas.
No muladhara se encontra enrolada e obstruindo o canal shushumna a “serpente Kun-
dalini”, quer dizer, a Shakti ígnea, expressão no corpo físico da potência plasmadora do Demi-
urgo.
O objetivo EXOTÉRICO declarado de todo ioga é despertar a Kundalini e fazê-la subir
pelo canal shushumna, de chacra em chacra, até o centro superior ajna chacra. Desde ali, a força
da Kundalini permitirá estender a consciência aos outros corpos sutis do homem e chegar ao
sahasrara, o lótus de mil pétalas, onde se logra a fusão com o Demiurgo Brahma, mediante um
“salto de consciência” até a imanência absoluta. Com a consciência no sahasrara se consegue
um êxtase que consiste, paradoxalmente, na dissolução da consciência individual, depois de sua
fusão ou identificação com a “consciência cósmica”, ou seja: com o Demiurgo. Para o Tantra
Hiperbóreo este objetivo exotérico, o estado de transe ou samadhi e a fusão com o Uno ou
nirvana, no sahasrara, é simplesmente um suicídio.
O objetivo esotérico do Tantra, como já dissemos é o mesmo de toda estratégia hiper-
bórea: a mutação da natureza animal do pasu na divina e imortal do Siddha. Por isso deve-se
ter bem claro que O VIRYA HIPERBÓREO, POR MEIO DO TANTRA, NÃO BUSCA
NENHUMA FUSÃO COM O DEMIURGO, PELO CONTRÁRIO, BUSCA ISOLAR-SE
TOTALMENTE DELE PARA GANHAR A INDIVIDUALIDADE ABSOLUTA
QUE OUTORGA O VRIL. Pode-se lograr o objetivo esotérico por meio da ioga tântrica?
Sim, sempre que se tenha uma ideia clara de “que” significa “despertar a Kundalini” e “para

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que” e “quando” pode-se acudir sem perigo às técnicas de retenção seminal no maithuna. Va-
mos por partes.
Muitos viryas confusos do ocidente, que costumam “brincar” imprudentemente com os
tattvas, creem que “despertar a Kundalini” é algo assim como: por em movimento uma energia
reflexa, que atua por si só, seguindo alguma lei desconhecida. A este erro contribui a ideia de
que o shushumna e os outros nadis são “canais” e que, portanto, “devem canalizar a energia
por uma espécie de circuito, sem que se desvie nem desborde”, analogamente aos “circuitos”
do sistema nervoso. Se crê também que a substância da Kundalini é “um fogo” ou um “calor”
ou, em todo caso, a força de uma energia natural. Mas Kundalini é muito mais que essas crenças.

D – O SEGREDO DE KUNDALINI

Vamos recorrer a um conceito da Sabedoria Hiperbórea para definir a Kundalini; mas


tenhamos presente que se requereriam vários livros para fundamentar essa explicação na “es-
sência” de Kundalini e que, o critério que se segue aqui, é muito mais breve e sugestivo, refere-
se a ela descrevendo analogamente seu “comportamento”, que não se ajusta, evidentemente,
ao de uma força cega.
Já dissemos, ao falar da Cabala Acústica, que: “Na verdade o universo foi feito a partir
de contados elementos diferentes, não mais de vinte e dois, que suportam por suas infinitas
combinações, a totalidade das formas existentes”. Esses vinte e dois elementos (ou cinquenta,
segundo as tradições da Índia), podem considerar-se como sons ou “bijas”, quer dizer, raízes
acústicas universais. Desse modo resulta que toda “forma” vem a estar sustentada por um
“nome”, que é a formulação de uma determinada combinação dos bijas principais. Mas, se-
gundo dissemos em outra parte, uma “forma concreta” é a expressão de um “estado” no pro-
cesso evolutivo dos arquétipos. Há, pois, uma relação entre os arquétipos e os “nomes sagra-
dos” de todas as coisas, que convém conhecer.
Num princípio os arquétipos são “pensados” pelo Demiurgo, o Uno (Brahma) e proje-
tados no “grande oceano psíquico primordial” ou “akasa”, onde permanecem em estado po-
tencial. É o alento (sopro) do Uno, ou seja, a pronunciação dos “nomes”, o impulso que inicia
o processo evolutivo dos arquétipos Manu, quem, ao desenvolver-se na matéria determinam as
formas existentes; formas que progridem até a enteléquia, até uma mais completa manifestação
de seu próprio arquétipo. É certo, então, que a cada coisa lhe corresponde um nome secreto,
arquetípico; conceito que é manejado desde sempre pela magia e que se encontra profunda-
mente desenvolvido nos sistemas filosóficos da Índia, mas, que, fundamentalmente constitui a
base da Cabala Acústica.
Quando o Demiurgo pronuncia as palavras, quer dizer, modula o “sopro”, este adquire
o aspecto de um verbo ou Logos Cósmico. Pela característica que possui o espaço de ser uma

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expressão das mônadas arquetípicas, cuja manifestação são os Quantuns Psicofísicos de energia,
trutis ou unidades U.E.V.A.C., o sopro do Demiurgo, suas palavras, chegam a todos os pontos
do cosmos, fazendo possível que se plasmem as formas onde a matéria permita os processos
evolutivos de cada arquétipo particular. Essa compenetração é evidente no microcosmo do
corpo humano, onde se refletem todos os processos do macrocosmo. Especialmente vamos
citar aquela parte do microcosmo que representa o aspecto “Logos” ou “Verbo” do Demiurgo
macrocósmico: Kundalini.
Kundalini é, no corpo humano, o Logos “criador” ou “plasmador de formas”, expressão
análoga do Logos Solar ou logos Cósmico. Está “adormecido” porque o microcosmo JÁ FOI
CRIADO, e evolui, seguindo o processo do Arquétipo Manu de sua raça. Mas o objetivo prin-
cipal da iniciação do Kundalini é a sincronização rítmica do microcosmo com o macrocosmo
do Uno, porque tal sincronização significa que há simultaneidade de processos e que a evolução
do microcosmo não se afastará do processo arquetípico.
Sendo por natureza um logos, o “despertar” de Kundalini, implicará a pronunciação
(japa) de certos nomes (mantras). Em efeito: durante a ascensão pelo canal shushumna, e em
seu “descanso” em cada chacra, Kundalini, recita PERMANENTEMENTE bijas e mantras
tal como corresponde a um autêntico Logos, cumprindo assim uma função de qualidade supe-
rior à que se atribui a crença vulgar: “energia ígnea”, “fogo serpentino”, etc.; mas em todos os
casos: força de ação reflexa.
Esse carácter de “Logos” é o responsável de que todas as iogas que propõem o fim
exotérico de “despertar a Kundalini” acabem na “fusão com o Demiurgo”; na identificação
absoluta do “eu” com o Uno Cósmico. Esse efeito se deve a função “harmonizadora”, ou
sincronizadora, que a Kundalini cumpre ao REPETIR OS NOMES (bijas ou mantras) DE
CADA PARTE DO CORPO FÍSICO (e dos corpos sutis) E VERIFICAR QUE REFLITAM
CORRETAMENTE OS PROCESSOS CÓSMICOS. Por esse “comportamento” da Kunda-
lini os yoghis que buscam efetivamente alcançar os Samadhi ou êxtases contemplativos, e ainda
a fusão com o Uno, logram resultados assombrosos, deve ocorrer assim desde o momento em
que o Logos, desperto no microcosmo, reproduz fielmente os bijas do Sopro Cósmico, equili-
brando todas as desarmonias e sincronizando todos os ritmos biológicos. Se compreenderá
agora porque qualificávamos de suicida, para aquele que busca a individualidade absoluta, a
perseguição do objetivo exotérico das iogas (despertar a Kundalini): PORQUE AUMENTA
AINDA MAIS O APRISIONAMENTO MATERIAL DO VIRYA.
Há de ficar perfeitamente claro, então, que a Kundalini NÃO DEVE SER DESPER-
TADA se não se possui as chaves para aproveitar seu poder RE-CRIADOR, pois SEU
VERBO tanto pode representar a Vontade do Uno, NO MICROCOSMO, para assegurar a
evolução, como a vontade própria, para produzir a mutação.

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A Sabedoria Hiperbórea assegura que a Kundalini tem a “missão secreta”, entre outras,
de intervir imediatamente “SE OS NEXOS NATURAIS ENTRE O MICROCOSMO E O
MACROCOSMO SÃO ALTERADOS, DESDE O MICROCOSMO, POR PRÁTICAS DE
YOGA; NESSE CASO A KUNDALINI TENTARÁ RESTABELECER OS NEXOS RE-
CRIANDO COMPLETAMENTE OS CORPOS (físico, emocional, mental, etc.) DO MI-
CROCOSMO, POSTO QUE, JÁ NÃO CUMPRE COM SEU DESTINO DE EVOLUIR
ATÉ A ENTELÉQUIA DO ARQUÉTIPO MANÚ”. Compreende-se, pois, o perigo a que
se expõem um virya hiperbóreo, QUE ODEIA A OBRA DO DEMIURGO, se “desperta a
Kundalini” e esta o leve a um êxtase nirvânico; é possível que disso derive a loucura ou alguma
séria lesão em seu corpo físico ou sutil. Por isso a Sabedoria Hiperbórea diz ao virya que
“brinca” com a ioga:

“O que farás, tu que ainda crê QUE O SEXO “É MAU”,


Quando Kundalini diga LAM
E tuas gônadas SE SEQUEM?
E: O que farás, tu que ainda padece ANGÚSTIAS E TEMOR,
Quando Kundalini diga VAM
E tua suprarrenal SE DISSOLVA?
E: O que farás, tu que ainda SOFRE E GOZA
Pelas coisas do mundo,
E ainda sente o FOGO da ira
E o FRIO da indiferença,
Quando Kundalini diga RAM
E teu pâncreas se CALCINE?
E: O que farás, tu que ainda AMA E ODEIA,
Quando Kundalini diga YAM
E teu coração estale e se VOLATILIZE?
E: O que farás, tu que ainda FALA E ESCUTA
Quando Kundalini diga HAM
E tua tireoide se DESINTEGRE?
E: O que farás, tu que ainda VÊ SEM VER

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Quando Kundalini diga OM
E sobrevenha TUA MORTE? ”

Estas perguntas, e muitas mais, faz a Sabedoria Hiperbórea AO VIRYA HIPERBÓ-


REO, quer dizer, A QUEM O DEMIURGO TOMARÁ POR INIMIGO e tentará destruir.
Sem embargo, a resposta não implica ABANDONAR a prática do ioga “A PRIORI”, senão,
como dizíamos antes, operar estrategicamente com as técnicas tântricas depois de saber “o quê”
significa despertar a Kundalini, (algo que já temos explicado) e “para que” e “quando” se pode
acudir sem perigo às técnicas de retenção seminal no maithuna. Devemos investigar, então,
essas duas últimas condições.
Para conhecer com exatidão “quando” um virya pode empregar com êxito as técnicas
sexuais do tantrismo há que partir de uma afirmação fundamental da Sabedoria Hiperbórea: o
sadhaka NÃO DEVE AMAR “COM O CORAÇÃO” A MULHER DE CARNE3. Esta re-
velação seguramente será tomada com surpresa ou desdém por aqueles que efetuam as práticas
tântricas “com a mulher amada”, uma figura muito cara à fantasia ocidental. A quem assim
procede a sabedoria Hiperbórea os denomina simplesmente “viryas ignorantes” pois “ignoram
tudo sobre Kaly”.
Verdadeiramente, causa risos pensar que a ignorância chegue tão longe, como para crer
que no maithuna com a “esposa” (ou “amiga” ou “amante”) se encontrará a libertação que
prometem os textos sagrados orientais; isso é ter uma pobre ideia de Shiva e de Kaly. Mas o
riso acaba aqui, pois tal ignorância é sumamente perigosa, já que, para um casal ocidental, os
resultados podem ser desastrosos e é mais provável que em lugar da desejada “libertação” o
que se obtenha sejam alterações psíquicas irreversíveis.
Não se deve, pois, amar a mulher com a qual se une para praticar o maithuna tântrico,
mas, então: Que sentimento há que sentir com relação a ela? NENHUM SENTIMENTO.
Levantamos essa questão para destacar a dificuldade que existe no ocidente para conceber uma
relação NÃO AFETIVA com a mulher, dificuldade que não se apresenta na mente dos orien-
tais PARA QUEM FOI REVELADO O MÉTODO TÂNTRICO.

E – A ESTRATÉGIA HIPERBÓREA DOS CÁTAROS DO SÉCULO XIII

Não se trata aqui de uma diferenciação “racial”, de origem biológica, que se manifesta
em distintas atitudes psicológicas frente ao sexo e à mulher, senão de um “caráter adquirido”

3A MULHER DE CARNE é aquela que a sabedoria Hiperbórea também chama MULHER EVA. Mais adiante se esclarecerão
essas denominações, mas aqui, a “mulher de carne” deve ser considerada como uma “mulher comum” ou “mulher
pasu”.

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pelos ocidentais e que registra um momento preciso de aparição histórica: o século XIII.
Concretamente, foram os Cátaros quem, no marco de sua estratégia A2, planejaram a
mutação coletiva da civilização ocidental e lançaram, para isso, o movimento dos trovadores.
Os cátaros tinham dois problemas a resolver. O primeiro, de que voltaremos a falar, era
que os Druidas Beneditinos com sua revolução gótica baseada na Cabala Acústica, produziram
máquinas infernais que tinham, e têm, o poder de “sintonizar” ao habitante da Europa com o
arquétipo psicóideo da raça hebreia que, como dissemos, foi atualizado por Jesus Cristo. Essas
máquinas de pedra são as catedrais góticas; e contra esse poder plasmador apontava em pri-
meiro termo a Estratégia dos “homens puros” 4. O segundo problema era que, segundo ensina
a Sabedoria Hiperbórea, “para mudar uma comunidade humana é necessário contar com uma
enorme quantidade de energia psíquica coletiva, subtraída do processo dos arquétipos psicói-
deos do Demiurgo”. Já se verá, ao estudar as leis da Estratégia Psicossocial das SS, que tal
energia deve ser “contida” em um arquétipo psicóideo ou egrégoro CONSTRUÍDO PARA
TAL FIM por iniciados Berserker devidamente instruídos na Sabedoria Hiperbórea. Por hora,
nos interessa ressaltar que, neste caso, dito arquétipo oi efetivamente criado pelos Cátaros e que
correspondia à IMAGEM DA MULHER LUCIFÉRICA, LILLITH. Mas este arquétipo foi
plasmado na psicoesfera terrestre como uma ação de guerra do próprio Lúcifer, quem, DE-
TRÁS DE VÊNUS, COM O RAIO VERDE, PROJETOU A IMAGEM DE SUA ESPOSA
LILLITH. De modo que o arquétipo da “Dama”, tal era seu nome profano, correspondia a um
espírito hiperbóreo CUJO SEXO NÃO SE ENCONTRA ASSOCIADO A FUNÇÃO DA
PROCRIAÇÃO BIOLÓGICA. Justamente, a energia com que se alimentaria o Arquétipo
Dama seria obtida da sublimação libidinosa que o cavalheiro faria de sua energia sexual ao bus-
car, nas mulheres comuns, a face da mulher hiperbórea, da qual fala a Canção de A-mor dos
Siddhas no sangue dos viryas perdidos. E tal é a característica do Arquétipo Dama, sua dissoci-
ação sexual, que o cavalheiro só pode projetá-lo sobre mulheres “inalcançáveis”, “distantes” ou
“estanhas” e que jamais em uma que possa ser possuída facilmente. É tão rigorosa esta condição
que a Dama amada, quer dizer, a mulher em que o “apaixonado” projetou o arquétipo, se trans-
forma em uma “mulher comum”, “perde seu encanto”, se descompões a “beleza”, quando se
a “conquista” e possui. Então o amor se transforma em dor e o cavalheiro, desenganado, se vê
impulsionado a buscar novamente outra Dama Inalcançável, a quem adorará e tratará de con-
quistar. A partir da plasmação do Arquétipo Dama se gera uma tendência à idealização da mu-
lher que não registra antecedentes históricos anteriores ao século XIII.
Posteriormente se demonstra que um arquétipo psicóideo só pode ser consciencializado
quando tenha sido DESCRITO. Para que atue, pois, socialmente, um arquétipo que foi plas-
mado sem intervenção do Demiurgo – para que possa ser buscada a Dama – é necessário que

4 “Homens puros” - Cátaros

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alguém o “descreva”, quer dizer, o revele ao povo.
E essa era, justamente, a missão esotérica dos trovadores provençais: descrever a Dama;
fazer recordar ao virya europeu a imagem primordial de uma mulher hiperbórea; despertar sua
Minne. Mas, para descrever algo, é preciso havê-lo visto antes. Onde obtiveram os trovadores
sua visão prévia da Dama? De sua iniciação cátara no Languedoc Francês, onde aprenderam a
“galla ciência” e a “trovar clus”. A Dama, RODEADA DE CERCOS DE PEDRA (torres ou
muralhas) que SE DESCREVIA nas canções de amor, é uma clara prova da origem estratégico-
hiperbóreo que exibia o saber dos trovadores.
O segundo problema que deviam resolver os Cátaros levantava a necessidade que a so-
ciedade europeia dispusesse de uma certa energia psíquica coletiva como requisito prévio à sua
mutação. Já vimos parte da solução adotada: a plasmação de um arquétipo psicóideo que teria
por finalidade provocar a sublimação erótica no virya medieval. Nos falta determinar agora de
que maneira esse arquétipo poderia ser a solução para o segundo problema.
Podemos sabê-lo se recordarmos que um arquétipo psicóideo se nutre de energia psí-
quica, tomada do “inconsciente coletivo universal”, mediante a qual se desenvolve seu processo
evolutivo. Para obter tal energia o arquétipo “captura” a atenção do EU emergindo ante sua
vista como objeto cultural da superestrutura; o arquétipo Dama, que é “psicóideo”, quer dizer
“exterior”, não trabalha de diferente maneira.
Vejamos qual é o mecanismo característico. Quando o cavalheiro experimenta DESEJO
SEXUAL, “dispara” a emergência consciente do Arquétipo Dama estabelecendo-se, de imedi-
ato, a CERTEZA de que a mulher desejada (a quem pode efetivamente tocar ou possuir) NÃO
É A DAMA DE SEUS SONHOS, a mulher ideal. Vista de “longe” a mulher de carne é uma
representação da Dama; e sua contemplação, ou o desejá-la, alimenta ao arquétipo com energia
tomada da libido. Mas se a “aproximação” é suficiente como para culminar com o acasalamento
sexual, nele, como se “inverte o sentido da energia”, então o Arquétipo Dama se retira, “sob o
umbral de captura”, e a mulher de carne fica liberada a seus próprios “encantos”. Ao romper-
se o encanto, é provável que o desejo aumente de maneira inextinguível; mas não à mulher de
carne, que foi desvalorizada pela ausência dos atributos ideais, senão à outra “mulher ideal” na
qual se repetirá o processo do arquétipo. O arquétipo “conta” com essa reação, que ele mesmo
provoca, para nutrir-se permanentemente: é seu modo de proceder.
Naturalmente o Arquétipo Dama é um egrégoro terrível, no qual os Cátaros confiavam
armazenar suficiente energia psíquica como para conseguir, mediante sua descarga instantânea,
quando assim conviesse à Estratégia A2, a mutação coletiva de incontáveis viryas perdidos em
Siddhas imortais. O fracasso da Estratégia A2, e particularmente a destruição da elite cátara nas
fogueiras do Papa Druida Inocêncio III, IMPEDIU QUE O EGRÉGORO FOSSE DES-
CARREGADO A TEMPO E DESATIVADO após uma operação esotérica de Estratégia

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Psicossocial conhecida como METAMORFOSE ARQUETÍPICA. Desde então o egrégoro
não cessou de alimentar-se em uma sorte de simbiose tão estreita que acabou por modificar de
maneira irreversível a conduta dos viryas perdidos “ocidentais”. Mas, sem o controle dos inici-
ados cátaros, que houvessem “dirigido” a conduta do egrégoro, sua ação resultou nefasta, muito
longe de inspirar aquelas belas imagens da mulher hiperbórea que impediam amar a mulher de
carne. Pelo contrário, passados dois séculos, o aumento numérico da população e certos pro-
cessos culturais, modificaram o perfil do Arquétipo Dama, o qual converteu-se finalmente em
um monstruoso vampiro, responsável por muitas das neuroses às que padece o virya contem-
porâneo. Para favorecer sua enteléquia forçou-se até o exagero a idealização da mulher de carne,
conseguindo idiotizar completamente ao ocidental, que agora tem associado ao ato sexual “o
dever” de experimentar um “amor” que ninguém conhecia antes do século XIII.
O virya moderno, preso na teia de sentimentos e ternuras, já não saberá distinguir a
mulher de carne, pois subjaz agora sob o disfarce de suas projeções arquetípicas. E a mulher de
carne, confundida ontologicamente pela masculinidade idiotizada dos viryas, perderá seu con-
trole, viverá erraticamente entre seus próprios limites sexuais e, por último, se masculinizará ela
mesma, numa tentativa inconsciente de evitar a projeção do arquétipo. O virya padecerá então
um sem número de transtornos sexuais, desde a impotência e a insatisfação até a homossexua-
lidade, já que esta última, tão frequente entre a população masculina atual, é o efeito de uma
captura permanente do eu por parte do Arquétipo Dama, quem absorve assim a totalidade a
energia disponível.
Por suposto que, logo do fracasso da Estratégia A2, o descontrole do Arquétipo Dama
tem sido capitalizado em favor da estratégia da Sinarquia pelos Demônios de Chang Shambala,
especialmente para reforçar a influência coletiva de Jesus Cristo, quem se converteu assim em
um espelho perfeito onde os viryas encontraram a imagem amada e sublimaram a energia que
necessita o arquétipo para prosseguir seu processo. Claro que a imagem de Jesus se feminizou
na mesma medida em que a mulher de carne se masculinizou; mas isso não preocupa muito a
Sinarquia, posto que não afeta os povos “não cristãos”, dos quais o principal é a “raça eleita”
hebreia.
A ação descritiva dos trovadores estava circunscrita ao âmbito europeu 5. E por isso não
afetou as comunidades asiáticas, onde as técnicas tântricas floresceram até o século XVIII, ou
seja, até o momento em que a “civilização europeia” abateu-se sobre a Ásia e os viryas da Índia
e do Tibete comprovaram assombrados que o homem europeu não conhecia a mulher de carne.
Mas o dano já estava causado; para “progredir” o asiático só tinha um caminho: imitar ao eu-
ropeu; quer dizer, amar e respeitar a mulher de carne, A UMA SOMENTE EM TODA A
VIDA, E DESEJAR A TODAS AS DEMAIS, SUBLIMANDO A ENERGIA DE EROS.

5Não concedemos muita importância à influência que pudessem haver exercido os trovadores no oriente durante as
Cruzadas, pois toda influência ocidental ali foi varrida pela expansão árabe e turca do Islã desde o século XIII.

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Desse modo os asiáticos perderiam também de vista a mulher de carne e acabariam, salvo as
tribos mais herméticas, completamente idiotizados, confundindo a Kaly com a Shakti terrestre,
com a Mãe Terra ou Mater-ia. A partir dessa catástrofe conclui a benéfica influência do ioga
tântrico; posto que o mesmo requer para sua realização DISTINGUIR CLARAMENTE EN-
TRE A MULHER DE CARNE E A MULHER HIPERBÓREA. E tal distinção, não é demais
repetir, não poderá efetuar-se “se amasse com o coração a mulher de carne”.

F – O PERIGO DO TANTRA YOGA

Voltamos então a: “Quando” um ocidental pode empregar as técnicas sexuais do tan-


trismo SEM PERIGO?
Partimos, para averiguar “quando”, de uma afirmação da Sabedoria Hiperbórea: “o sad-
haka não deve amar com o coração a mulher de carne”. Agora sabemos porquê: o “amor” que
se experimenta pela mulher de carne é uma expressão consciente do processo evolutivo do
Arquétipo Dama, que a máscara e impede conhecer-se sua verdadeira face. Mas o Arquétipo
Dama tem atuado livremente por mais de setecentos anos, produzindo a incorporação de ca-
racteres hereditários nas linhagens europeias, especialmente a “modulação” ou “perfilização”
do “anima” inconsciente de acordo à sua imagem. E considerando também que o egrégoro é
na atualidade tremendamente potente, DEVE ADMITIR-SE SEM DISCUSSÃO QUE, NO
OCIDENTE É MUITO DIFÍCIL NÃO AMAR A MULHR DE CARNE.
É compreensível, pois, que haja viryas a quem lhes resulte virtualmente impossível NÃO
AMAR à suas mulheres de carne; e isso não tem por que ser preocupante se, NESSE CASO,
PRUDENTEMENTE ABSTÊM-SE DE PRATICAR O TANTRISMO. Mas, o que devem
fazer então os viryas perdidos do ocidente que buscam a “libertação” das cadeias materiais? A
Sabedoria Hiperbórea lhes aconselha que recorram às outras vias secretas para empreender o
regresso à origem, se ainda são capazes de amar a mulher de carne. Este conselho não deve ser
ignorado, o risco é enorme; pelo caminho inverso do regresso, seguindo a voz do sangue puro,
consegue-se REINTEGRAR O EU COM O SI MESMO, levar a consciência presente à iden-
tificar-se com o espírito ou Vril e, em uma “explosão gnóstica” transformar-se em INDIVI-
DUALIDADE ABSOLUTA. Pelo contrário, o uso indevido do tantrismo pode conduzir a um
samadhi nirvânico no Sahasrara, que implica uma recriação fisiológica harmonizadora por parte
da Kundalini e uma identificação com o Demiurgo; a “fusão com Brahma”. Nesse caso, após
essa “má viajem”, a consciência do virya não ficaria reintegrada, senão fragmentada em um
quadro esquizofrênico do qual dificilmente conseguirá recuperar-se.
Naturalmente, existem infinidades de situações diferentes nas quais podem encontrar-
se os viryas perdidos, desde aqueles que já “formaram família” e amam à suas esposas como
bons cristãos, até quem ignore completamente sua capacidade de amar. Como saberão eles

557
“quando” podem recorrer ás práticas sexuais do tantrismo SEM PERIGO? Vamos responder
que existe efetivamente uma maneira infalível de saber “quando” esse momento é chegado, é a
Prova de Família, que propõe a Sabedoria Hiperbórea. Com a exposição de dita Prova daremos
término à série de advertências que vínhamos fazendo sobre os perigos do tantrismo.

G – A PROVA DE FAMÍLIA

A prova de família não se refere especificamente ao sexo, senão aos “parentes de san-
gue”, pais, irmãos, avôs, tios, filhos, etc., mas, quem for capaz de enfrentar a Prova de Família
verá respondidas, não só suas interrogações sobre sexo, senão que haverá dado um importante
passo até outras vias de libertação, aparte do tantrismo. Por isso convém que todo virya oci-
dental enfrente essa prova, cedo ou tarde.

H – UMA CLASSE ESPECIAL DE CONEXÃO DE SENTIDO: OS SISTEMAS REAIS


AFETIVOS

É conhecido que a genealogia de uma família pode ser representada estabelecendo-se


correspondências análogas com a figura de uma “árvore”, na qual o “tronco” e a “raiz” corres-
pondem à estirpe ascendente, e os “galhos” às distintas linhagens que descendem do tronco
principal. Como exemplo representamos, na figura 3, à família de Mengano, irmão de Peren-
gano e filho de Montano, quem, por sua vez, descende do tronco hiperbóreo dos Villano. Com
todo o útil que parece ser essa analogia para determinar os ascendentes de uma linhagem, o
grau de parentesco ou a proposição de uma herança, a mesma é, sem embargo, insuficiente
desde o ponto de vista estratégico. Para demonstrar isso nos basta ressaltar o caráter estático,
de “fato inalterável”, que apresenta o esquema: “uma árvore genealógica é, como a árvore ve-
getal que a representa, um fato concreto e imodificável POIS REFERE-SE FIELMENTE A
SUCESSOS JÁ ACONTECIDOS”, tal é a opinião corrente. Sendo o esquema imodificável, a
insuficiência se destaca quando Mengano, por exemplo, se dedica à pauta estratégica de “au-
mentar” a influência que a herança os Villano exerce sobre si mesmo. Da analogia com a árvore
não se deduz como isso seria possível. Mengano não pode ser galho e tronco ao mesmo tempo,
se é galho não é tronco, se é “Mengano”, a herança sanguínea da estirpe Villano é a que mostra
o esquema: uma quarta parte do sangue original. Com esta analogia não há, pois, solução, o que
nasceu galho não pode CRESCER ATÉ SER TRONCO e sua função correta é: FICAR CO-
MODAMENTE EM SEU LUGAR.

558
Pode-se superar a insuficiência do esquema recorrendo a outra analogia, não convenci-
onal desta vez, mas antes, vale a pena esclarecer que uma “árvore genealógica” constitui a des-
crição Elemental de um arquétipo psicóideo chamado “Arquétipo Familiar”. A “árvore genea-
lógica” representa, então, a superestrutura do “fato familiar”, a qual evolui até a enteléquia do
Arquétipo Familiar. Mas, uma “família” se define pelos membros vivos que exibe em cada
época, mais que pelo passado de sua linhagem, porque TODOS OS PARENTES VIVOS SÃO
UMA EXPRESSÃO CONCRETA DO PROCESSO ARQUETÍPICO. Vejamos um exem-
plo. Observamos a árvore da estirpe Villano; descobrimos que em 1910 viviam dezenove pa-
rentes desse sangue. OS DEZENOVE PARENTES, TODOS E CADA UM DELES, SÃO
EXPRESSÕES CONCRETAS DO ARQUÉTIPO FAMILIAR, são “provas” ou “ensaios”
evolutivos que o modo biológico do processo requer para concretizar a enteléquia do Arquétipo
Familiar. Toda família, ou linhagem, tende até a enteléquia do Arquétipo Familiar particular que
é, por sua vez, hipóstase do Arquétipo Manu. E todo virya, no seio de sua própria família, evolui
inevitavelmente nesse sentido. NÃO SE PODE ESCAPAR AO PROCESSO REAGINDO
EXTERNAMENTE, por exemplo, abandonando a família, reclusando-se, ignorando-a, des-
truindo-a, etc. Ainda que todos os parentes tenham morrido e só sobreviva um virya, o Arqué-
tipo Familiar continuará o processo através dele. O único caminho que tem o virya perdido
para evitar a evolução. É INTERIOR, PASSA PELO SANGUE E CONDUZ ATÉ O PAS-
SADO. E já explicamos suficientemente como deve buscar-se esse caminho interior, na recor-
dação contida na Minne.
Mas Mengano, compreendeu também, que prosseguindo em seu papel de galho só con-
segue evoluir no sentido do Arquétipo Familiar. Olhando para trás compreende que descende
de uma estirpe mais pura, Hiperbórea, e se dedica ao problema de RECUPERAR uma herança
que se encontra no passado. Como da árvore genealógica não se evidencia qual pode ser a
solução, segundo dissemos, Mengano decide acudir à Sabedoria Hiperbórea, cujos ensinamen-
tos afirmam que o “Sangue Puro” é o único continente da herança hiperbórea. Para a Sabedoria

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Hiperbórea, um esquema análogo a partir do Sangue Puro não deve variar topologicamente da
árvore genealógica já vista. Mas em lugar de uma árvore, considera que O SANGUE É EQUI-
VALENTE A UM RIO cujo canal principal o constitui o “tronco” da árvore genealógica, e
cujos rios e arroios, afluentes ou tributários, encontram - se representados pelos galhos.
Aprofundamo-nos nesta nova alegoria. Ao olhar agora a figura 3, vemos o “Rio Villano”
ao qual chegam numerosos braços afluentes, entre os quais se destacam os rios “Zutano”,
“Montano” e “Mengano”, conectados de tal maneira que cada um canaliza o caudal do anterior.
Mas o CAUDAL dos rios é análogo à PUREZA do sangue. O rio Villano, por representar um
sangue Hiperbóreo mais puro, tem consequentemente um caudal maior, qualidade que se apre-
cia na figura 3 ao observar a grande largura de seu canal. E Mengano, o virya que buscava o
caminho inverso o Sangue Puro, aparece na alegoria como um simples arroio de canal reduzido.
Vistas as coisas desse modo, o problema de Mengano não parece ser agora insolúvel,
pois se reduz À OBTENÇÃO DE UM AUMENTO DO CAUDAL, E ISSO SEMPRE É
POSSÍVEL, NUMA ALEGORIA HIDRÁULICA. Podemos levantar o problema estratégico
de Mengano em termos análogos do sistema hidráulico perguntando: O que se deve fazer para
aumentar o caudal do arroio Mengano e, no possível, levá-lo a igualar-se ao do rio Villano?
Antes de responder vale a pena destacar que, o caudal, POR CORRER EM SENTIDO
INVERSO, vai de Mengano a Villano de maneira que a solução não está, como poderia ligei-
ramente imaginar-se, em alargar o canal. Daí que a única solução que existe para este problema
seja: SOMAR OS CAUDAIS DOS RESTANTES RIOS AO CANAL DO ARROIO MEN-
GANO.
Para esclarecer completamente esta solução hidráulica, consideremos somente o arroio
Mengano e os rios Montano e Zutano, os quais encontram-se conectados “um à continuação
do outro”, quer dizer: “em série”.

Mengano conecta-se “pela largura” com Montano, ou seja: CD com EF, e Montano
com Zutano também: GH com JI.
A solução ao problema exige alterar esta conexão entre canais “pela largura” e substituir
por uma união longitudinal, com o fim de “somar os caudais”.

560
A disposição teórica para os três canais considerados, foi desenhada na figura 5. Ali se
aprecia que os canais estão agora conectados longitudinalmente, “em paralelo”; Mengano, por
exemplo, foi unido à Montano pelas margens CB e EH. O resultado final é um novo Mengano,
de caudal muito superior, devido à adição dos caudais dos rios Montano e Zutano.

Continuando com este procedimento, e após adicionar à Mengano TODOS os demais


rios afluentes, é teoricamente possível igualar o caudal do rio Villano, dando por finalizado o
problema.

I – CAPTURA MÚTUA NA SUPERESTRUTURA DO FATO FAMILIAR

Deixemos de lado, por hora, a analogia hidráulica e voltemos ao problema estratégico


do virya Mengano: Que conclusão cabe extrair da solução hidráulica? Que significa para o virya
Mengano “somar os caudais”? Para responder há que se transferir a solução hidráulica ao plano
genealógico concreto da família de Mengano. Nela os “rios” equivalem a parentes próximos ou
distantes e a “soma de caudais” significa que Mengano DEVERÁ INCOPORAR A SI
MESMO À SEUS PARENTES; SOMAR À SEU PRÓPRIO SANGUE, O SANGUE PURO
DOS DEMAIS MEMBROS DA FAMÍLIA.
Parece uma loucura, mas corresponde perguntar: Esta solução é possível? Segundo a
Sabedoria Hiperbórea: SIM. E a tentativa que cada virya realiza para fazer efetiva tal solução é
o que se denomina “Prova de Família”.
Há um momento de “transição” na vida do virya; quando deixa de estar “perdido” pois
tomou consciência do Grande Engano, mas ainda não está “orientado” e, portanto, não está
completamente “desperto”. Nesse difícil transe o importante é DESCOBRIR A PRÓPRIA

561
IDENTIDADE, que está sepultada sob múltiplas máscaras ou personalidades. Faz-se necessá-
rio, antes de tudo, distinguir aquela parte de si mesmo que transcende ao processo do Arquétipo
Familiar. Para consegui-lo terá que realizar duas coisas: por uma parte deve buscar, no sangue,
a recordação da origem, a herança Hiperbórea; e, por outra, lograr a REINTEGRAÇÃO do
Arquétipo Familiar, cujos pedaços estão espalhados pelo mundo na forma de “parentes de san-
gue”. A Prova de Família tem por objetivo conceder ambas as coisas, para que o virya supere a
transição e encontre uma primeira orientação.
Mas, se bem, a Prova de Família aponta a favorecer o descobrimento do “Eu” verda-
deiro, em cada um, e é certo que este descobrimento pode-se buscar por outro caminho; onde
a Prova não pode ser superada por nenhum outro método é com respeito à determinação da
“capacidade de amar”. Recordemos que queríamos saber “quando” resulta possível ao virya
empregar as técnicas sexuais do tantrismo sem perigo e que a Sabedoria Hiperbórea nos disse:
“não deves amar com o coração à mulher de carne”. Sabemos também que o “amor” à mulher
de carne guarda relação com o processo o Arquétipo Dama. E, por último, dissemos que ao
virya ocidental, na maioria dos casos, padece de tal confusão que é muito possível que ignore
sua própria “capacidade de amar”, y, com isso, ignore também quando corresponde seguir a
via tântrica. Nesse caso, a conclusão da Prova de Família é definitiva, pois a mesma lhe indicará
se deve seguir “amando” a mulher de carne ou se já está em condições de A-mar à Kaly.
Já sabemos o que se espera dela, agora devemos conhecer em que consiste a Prova de
Família. Antes de tudo, digamos que dita prova é absolutamente pessoal, desde o momento em
que aponta a reforçar a individualidade do virya, e, por isso, tem que ser praticada por cada um
em particular, qualquer que seja sua situação familiar. Desde o virya que está “só” no mundo,
até aquele que é descendente de uma família prolífica, todos devem partir do princípio de que
a prova “só interessa a ele”, é “pessoal”, “interior”, e até “secreta”. Somente com tais condições
de intimidade e respeito por si mesmo, pode-se enfrentar a prova com possibilidades de êxito.
Por outra parte, há que deixar bem claro, desde o princípio, que a Prova de Família NÃO
É DE INSPIRAÇÃO MORAL, quer dizer, não salva nem condena a ninguém. Só determina
o grau de dependência existente com respeito aos processos arquetípicos e possibilita, em todo
caso, reduzir tal dependência. Este esclarecimento é valido porque ninguém mais que o virya
poderá avaliar o resultado de SUA PROVA PESSOAL e se o mesmo for negativo, queremos
antecipar que de nada valerá enganar-se; pela via do tantrismo só encontrará amargura, e é
possível que arruíne sua saúde e a de sua companheira.

J – APLICAÇÃO DA PROVA DE FAMÍLIA

Apresentamos agora a Prova de Família. Todo virya que tente esta prova deve começar
por uma indagação preliminar:

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Qual é minha família? Apontando a conhecer de onde procede sua Linhagem Hiperbó-
rea. A Sabedoria Hiperbórea aporta duas leis que devem ser contempladas ao dar a resposta:
1ª Lei – a Herança Hiperbórea do sangue Puro transmite-se por via materna. Esta he-
rança pode facilmente anular o processo do Arquétipo Família da estirpe materna. A resposta
à indagação pela família começa em primeiro plano, então, pela linhagem materna.
2ª Lei – os Arquétipos Familiares transmitem seus traços por herança genética. Se a
Herança Hiperbórea da mãe é forte, predominará a herança genética paterna e, portanto, o
Arquétipo Familiar da linhagem paterna será quem domine na intensidade do processo.
Mas, se a Herança Hiperbórea materna é débil, então as heranças genéticas de ambos os
pais são divididas, tal como ensina a Genética. Ao indagar pela família, de acordo à segunda lei,
figurará a linhagem paterna em segundo plano.
A indagação, considerando estas duas leis, deve referir-se em um princípio somente aos
familiares que viveram ou vivem contemporaneamente com a própria geração; especialmente
os parentes próximos, aqueles com os que se tem convivido e que mais fortemente nos tem
influenciado ou afetado. Em segundo lugar, depois desta determinação, a indagação cairá sobre
os antepassados; MAS SÓ SE FOI SUPERADA A PROVA DE FAMÍLIA COM OS PA-
RENTES CONTEMPORÂNEOS.
Quando se respondeu à indagação e se tem bem presente quais são os parentes A
QUEM SE REFERIRÁ A PROVA, deve enfrentar-se esta com a mente posta no conceito de
que cada parente é efetivamente OUTRA EXPRESSÃO do Arquétipo Familiar. Se não com-
preendeu esta simples verdade, ou não à aceita, é inútil tentar a prova.
Cumprida a indagação preliminar e tendo presente o conceito apontado, pode efetuar-
se a Prova de Família. ELA CONSISTE EM LOCALIZAR AS RELAÇÕES EXTERNAS
QUE NOS VINCULAM COM NOSSOS PARENTES. Uma maneira de descrever a opera-
ção da prova seria dizer que se trata de INTERROGAR sobre ditas relações externas, mas isso
não é de todo certo; antes bem se trata de DISPOR A MENTE PARA CONHECER quais
são as relações questionadas. Se temos em claro que é, o que desejamos conhecer, a resposta
brotará imediatamente em nossa consciência, sem necessidade de recorrer a raciocínios ou
aproximações lógicas.

K – AVALIAÇÃO DA PROVA DE FAMÍLIA

Para ter em claro “ que é o que desejamos conhecer”... podemos recorrer aos seguintes
conceitos:
A) Por “relação externa” nos referimos às de ordem afetiva (“sentimentais” ou “emoci-
onais”) estando excluídas em primeira consideração aquelas relações puramente gnosiológicas,

563
que procedem de “saber” que a árvore genealógica é um fato real. Em outras palavras: todos
sabemos que é um tio, um pai, um irmão ou um primo; NÃO NOS REFERIMOS à tais rela-
ções estruturais ao considerar a NOSSO tio, pai, irmão ou primo, senão AO QUE SENTIMOS
POR ELES.
B) Toda carga afetiva é, evidentemente, um conteúdo “interno”, próprio da esferapsí-
quica. Por quê, então, denominamos “externa” à relação afetiva com os parentes? Porque a
existência de “afetos” entre parentes que compartilham um mesmo Arquétipo Familiar é pura-
mente ilusória e porque o que sustenta essa ilusão está radicado no “mundo exterior”. Devemos
distinguir, pois, entre os “verdadeiros” afetos que sentimos à outras pessoas ou coisas e a “re-
lação (afetiva) externa” que acreditamos experimentar por nossos parentes de sangue. Vamos
explicar como se origina essa confusão.
É claro que toda carga afetiva procede de uma relação sujeito – objeto, estabelecida a
partir das diferenciações do eu. Por efeito da objetivação, qualquer coisa é suscetível de possuir
uma carga afetiva associada, à que, em muitos casos, não será possível separar da coisa em si.
Mas o virya se acha normalmente inserido em uma superestrutura de fato cultural onde desem-
penha seu papel dramático e de onde recolhe suas vivências externas, que, em maior ou menor
medida, constituem relações afetivas “internas”. Se o objeto de atenção é outra pessoa, que
também integra a superestrutura, o enfrentamento a estrutura cultural própria, e a do próximo,
produz uma relação afetiva mútua que se denomina “cármica” porque é transferida desde o
inconsciente coletivo universal, quer dizer à psicoesfera, onde se plasma como RELAÇÃO
ENTRE ARQUÉTIPOS PSICOIDEOS e desde onde CAUSA posteriores efeitos “cármi-
cos”. No drama da vida um virya pode amar ou odiar à outro, ou ser amado ou odiado por este,
e atribuir à tais relações afetivas o carácter de um vínculo concreto, dado que as mesmas são
consistentes e efetivas dentro das superestruturas (sim “existem” pode-se comprovar sua “exis-
tência”) e até geram futuras reações cármicas E que a relação de ódio ou amor com o próximo
constitui um “vínculo concreto” não poderá negar-se, pois a mesma implica o peso da carga
afetiva sobre a consciência, cada vez que essa refira-se ao próximo.
Ocorre o mesmo com os parentes de sangue? Comumente acredita-se que sim, mas em
seguida veremos que não é assim. Em primeiro lugar recordemos que todo afeto deve estar
REFERIDO A UM OBJETO afetivo, ao qual se tem diferenciado e com o qual se tem esta-
belecido uma relação. Mas, sendo as parentes expressões de um mesmo Arquétipo Familiar,
podem considerar-se objetos afetivos tal como é uma pessoa qualquer à qual se ama ou odeia?
A Sabedoria Hiperbórea afirma que um parente de sangue é um “objeto” na mesma medida
que ´o “Eu” quando interroga: que é o “Eu”? E se coloca como objeto de sua própria interro-
gação. Nesse caso o Eu realiza uma reflexão, um desdobramento sobre si mesmo, com o fim
de “observar-se” gnosiologicamente; mas, por mais efetiva que pareça a objetivação de si
mesmo, o resultado da inspeção será sempre subjetivo, impossível de verificar por ninguém

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mais que o Eu reflexivo; por isso, ao “objetivo” produzido pela reflexão do “Eu” sobre si
mesmo o denominamos “ilusão”. Agora bem; segundo a Sabedoria Hiperbórea, os parentes de
sangue são “reflexões” do Arquétipo Familiar e, portanto, nesse sentido, também lhes corres-
ponde o qualificativo de “ilusões”. Em todo caso é à “relação afetiva”, e ainda cognoscitiva,
que cremos existir entre nós e nossos parentes de sangue a que cabe qualificar rigorosamente
de “ilusória”.
C) Por suposto que é muito difícil transcender a barreira desta ilusão, mas ninguém disse
que passar de “virya perdido” à “virya desperto” fosse tarefa fácil. E, podemos assegurar: quem
não se tornar independente do processo evolutivo dos Arquétipos Familiares, verá muito difi-
cultada sua orientação estratégica. Mas tal “independência” não se adquire NEGANDO O
PROBLEMA, quer dizer, rechaçando ou ignorando a função estrutural da família, senão, sim-
plesmente, tomando consciência da situação e afrontando a Prova de Família.
O primeiro obstáculo para aceitar que os parentes NÃO SÃO verdadeiros objetos afe-
tivos o constitui o fato de que esses parentes apareçam efetivamente como objetos do mundo
exterior. E, ante tal presença concreta, a afirmação de que se tratam de meras ilusões parece
carecer de fundamento. Mas a realidade é essa: nossos parentes, como nós mesmos, são verda-
deiros objetos PARA O PRÓXIMO; os parentes, ENTRE SÍ, são expressões de um mesmo
sujeito: o Arquétipo Familiar, e nenhum pode considerar-se “objeto” de outro caso não seja a
título “reflexivo”. Um segundo obstáculo que impede aceitar o carácter ilusório da objetividade
familiar procede de um fenômeno denominado “realimentação por captura mútua”. Este fe-
nômeno, característico nos processos evolutivos de Arquétipos Familiares, é o responsável pela
crença em “relações externas” (afetivas) entre parentes de sangue.
Para compreender seu comportamento, recordemos o que dissemos páginas atrás sobre
os Arquétipos Manu que sustentam a superestrutura de um fato cultural: “O fato cultural se
desenvolve impulsionado por uma grande potência, NOTE-O OU NÃO O OBSERVADOR,
e nessa marcha até a enteléquia, a superestrutura TOMA O NECESSÁRIO PARA SUA PER-
FEIÇÃO E RECHAÇA AQUILO QUE LHE É INÚTIL OU OPOSTO”. Da mesma ma-
neira procede o Arquétipo Familiar, pois, mediante os membros da “família”, tenta acomodar-
se na superestrutura ocupando os espaços QUE LHE DEIXAM LIVRE AS RELAÇÕES
KÁRMICAS e adaptando-se aos processos evolutivos do Manu É assim como os parentes vêm
a desempenhar um papel determinado no drama da vida DE QUE NÃO SE DEVEM AFAS-
TAR sob pena de serem excluídos da superestrutura (o que implicaria que o Arquétipo Familiar
deixasse de evoluir através dos parentes “expulsos” ou desencarnados). Para cumprir com seus
papéis determinados, os parentes não têm que suspeitar que todos são expressões de um
mesmo Arquétipo, e, pelo contrário, devem estabelecer “relações externas” entre si, muitas ve-
zes apaixonadas e dramáticas, segundo convenha às “direções cármicas” das superestruturas.
Com o fim de afirmar aos parentes em seus papéis, e de confirmar a ilusão de suas existências

565
objetivas e diferentes, o Arquétipo Familiar produz o fenômeno da realimentação por captura
mútua.
Já sabemos como se produz a “captura”: ao enfrentar a estrutura cultural própria com a
superestrutura, para “conhecer”, os Arquétipos Psicóideos, que sustentam aos objetos culturais
externos, MODIFICAM O RELEVO dos mesmos favorecendo a projeção SOBRE os objetos
exteriores DAS premissas culturais interiores. Por isso, todo ato cognoscitivo de um objeto
exterior é, em realidade, o RECONHECIMENTO, ou consciencialização, de um objeto inte-
rior projetado no mundo. Ali começa a “captura” pois a exteriorização dos objetos interiores
implica a participação nos processos evolutivos da superestrutura, sua integração ao fato cultu-
ral. Esse efeito é buscado pelos Arquétipos Psicóideos para obter a energia que empregam em
seu desenvolvimento. Em resumo: “os Arquétipos Psicóideos ALIMENTAM-SE (tomam
energia para sua evolução) das estruturas culturais (os viryas) que logram CAPTURAR na su-
perestrutura”.
A “captura mútua” produz-se quando dois parentes confrontam, no marco dramático
de uma superestrutura, suas estruturas culturais com o fim de tomar conhecimento recíproco
de si mesmos. Aqui o Arquétipo Familiar, que é Psicóideo, efetua uma dupla captura por serem
ambos as parentes expressões de seu próprio processo evolutivo. Suponhamos que os parentes
são Mengano e seu irmão Perengano. Mengano vê Perengano como “objeto cultural” e projeta
sobre ele uma imagem interior, mas foi o
Arquétipo Familiar mútuo quem ADAPTOU a Perengano (como o “espelho” da ale-
goria) para RECEBER A PROJEÇÃO efetuada por Mengano; e o faz COM CRITÉRIO
KÁRMICO, para que a “relação externa” estabelecida entre Mengano e Perengano se adapte
ao drama da vida, ou seja: ao processo Manu da superestrutura; Mengano RECONHECE que
é ÓDIO o que sente por Perengano: essa relação faz possível que a maior potência de um
“objeto” (Perengano) integrado na superestrutura “capture” a estrutura cultural (de Mengano)
no processo do Arquétipo Psicóideo que evolui no “objeto”; produzida a captura, todo Arqué-
tipo se alimenta de energia tomada do sujeito capturado: mas nesse caso o Arquétipo que sus-
tenta ao objeto (Perengano) sustenta também ao objeto (Mengano), e a energia que toma de
Mengano para desenvolver a enteléquia de Perengano é SUA PRÓPRIA ENERGIA REALI-
MENTADA. Se considerarmos que Perengano vê também a Mengano como “objeto cultural”
e desse exame conclui que experimenta piedade, poderemos compreender que, reciprocamente,
o Arquétipo Familiar realimentará energia de Perengano até o processo evolutivo de Mengano.
Ocorre então, um fenômeno de “realimentação por captura mútua”, o qual tem o fim de criar
entre os parentes a ilusão das relações externas (afetivas). O processo dos Arquétipos Psicóideos
na superestrutura constitui um drama para aqueles que estão sujeitos a ele e devem representar
um papel. E nesse drama, os parentes de sangue têm que comportar-se como se verdadeira-
mente fossem indivíduos particulares, para assegurar o desenvolvimento da trama. Por isso

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ignoram que todos são um e creem que entre eles existem verdadeiras relações afetivas. Pois,
que são esse ódio de Mengano e essa piedade de Perengano senão a ilusão dos vínculos afetivos
externos que ocasiona a dupla captura? É como se alguém ordenasse sua mão esquerda que
pegue a mão direita e uma testemunha, que visse somente as mãos, afirmasse que a mão es-
querda “agride” a direita. As mãos não atuam separadas, ainda que as aparências indiquem o
contrário, pois formam parte de uma mesma estrutura orgânica e obedecem, ambas, ao cérebro;
do mesmo modo que os parentes, ainda que creiam odiar-se ou amar-se, não atuam separados
pois formam parte de uma mesma superestrutura familiar e “obedecem”, todos, ao processo
do Arquétipo Familiar.
D) Dissemos que a Prova de Família “consiste em localizar as relações externas que nos
vinculam com nossos parentes” e, nos comentários precedentes, ficou claro que as “relações
externas” são os afetos diversos que mantemos a eles e que tais afetos constituem uma ilusão.
Com estes esclarecimentos, e recordando que “interrogação”, no nosso conceito, não se refere
à uma construção lógica, senão à uma disposição psíquica para “conhecer”, podemos dizer,
também, que: “a Prova de Família consiste em responder à interrogação: Que sinto por mi
parente Albano? ”.
Em forma de interrogação, quiçá, resulte mais acessível a Prova de Família ao ocidental
habituado a pensar racionalmente, sempre, e quando se recorde que a interrogação aponta a
averiguar a existência das “relações externas”.

L – REDUÇÃO DOS SISTEMAS REAIS AFETIVOS

E) Levando-se em conta o que dizem a 1ª e 2ª leis, pode-se enfrentar a Prova de Família


interrogando-se sobre os parentes selecionados na indagação preliminar, quer dizer, os contem-
porâneos. O procedimento da Prova é o seguinte: Pergunta: Que sinto por Tio Albano? Res-
posta: “ódio” ou “amor” ou “carinho”, etc., ou uma soma incontável de afetos. Não importa
em princípio a qualidade do afeto: SE EXISTE UM AFETO DE QUALQUER TIPO SIG-
NIFICA QUE O PROCESSO ARQUETÍPICO ESTABELECEU ILUSORIAMENTE
UMA RELAÇÃO KÁRMICA. Nesse caso o virya não deve seguir adiante com o tantrismo e
deve ter cuidado ao empreender as outras vias de libertação hiperbóreas, POIS AINDA NÃO
ESTÁ PREPARADO PARA INICIAR A BUSCA DO CENTRO.
F) Mas, da analogia estabelecida entre a “família” e a rede hidráulica dos Rios se extraía
a conclusão de que o arroio Mengano pode aumentar seu caudal até aproximá-lo ao do Grande
Rio Villano, somando com o seu, os caudais dos restantes rios afluentes. Essa conclusão tradu-
zia-se analogicamente afirmando que o virya Mengano poderá purificar seu sangue, até o grau
de igualar a seu Antepassado Hiperbóreo Villano, na medida em que consiga reintegrar em si
mesmo ao Arquétipo Familiar, cujos pedaços, na forma de parentes de sangue, estão espalhados

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pelo mundo.
Se é possível reintegrar ao Arquétipo Familiar, terá que começar por eliminar aquilo que
constitui a ilusão da separação, ou seja, as “relações externas”. A Prova de Família permitirá
localizar as relações afetivas com os parentes; a IDENTIFICAÇÃO RECÍPROCA fará possí-
vel reduzi-las.
Antes de explicar a maneira de reduzir as relações externas, faremos uma advertência.
Compreendemos que resultará difícil a muitos viryas, que têm parentes por quem expe-
rimentam sentimentos de desprezo ou repugnância, aceitar que os mesmos formam parte de
uma só entidade, na qual também estão incluídos. Se tal fosse o caso do virya perdido, quem ao
enfrentar a Prova de Família descobre que todo um universo de paixões lhe liga com seus pa-
rentes de sangue, a ele, lhe disse a Sabedoria Hiperbórea que nada lhe impede continuar evolu-
indo dentro do Plano do Demiurgo. Se suas paixões lhe prendem à ilusão e não se sente capaz
de superá-las, inútil é, que aguce o ouvido, pois jamais escutará o canto dos Siddhas nem seu
espírito acudirá desde a Origem na recordação do sangue. A Sabedoria Hiperbórea, por outro
lado, não incentiva ao virya a que deixe de sentir afetos por seus parentes, senão, pelo contrário,
lhe aconselha aceitar a amarga realidade de que eles formam parte dele mesmo e, de que é um
dever reintegrá-los a si mesmo pela “identificação recíproca”. Se essa maravilhosa reintegração
tem lugar, os parentes que amamos já não estarão fora, senão, dentro, onde sempre poderemos
encontrá-los, já que não morrerão como os parentes externos que são uma mera reflexão do
Arquétipo Familiar. Claro que junto a eles estarão os outros, aqueles por quem não professamos
afetos positivos; e também muitíssimos parentes antepassados a quem não recordamos, mas
que representam antigos ensaios, provas evolutivas, aspectos involuídos do Arquétipo Familiar.

M – MÉTODO DE “IDENTIFICAÇÃO RECÍPROCA”

G) A “identificação recíproca” é o método de redução afetiva da Prova de Família. Pela


Prova localizamos, por exemplo, determinados afetos à Tio Albano.
Esses afetos criam a ilusão da individualidade de Tio Albano e impedem sua reintegração
interior. Para reduzi-los, somente é necessário identificar a relação exterior que liga à Tio Albano
conosco, ou seja: “uma identificação recíproca”.
É evidente que esse método tem por finalidade anular a realimentação por captura mú-
tua após reduzir as relações exteriores entre os parentes. Conhecemos, pela Prova, a relação
afetiva à Tio Albano; reciprocamente devemos indagar agora qual é a relação afetiva que Tio
Albano mantêm conosco.
Para isso teremos que praticar a empatia com Tio Albano, situarmo-nos em seu lugar
COM RESPEITO A NÓS MESMOS, e experimentar, como se verdadeiramente fossemos

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Tio Albano, os sentimentos que este sente para conosco. Naturalmente, não poderá fazer-se
sem grande esforço (e ninguém disse que seria fácil) mas terá o notável efeito de ANULAR
nossas próprias relações exteriores com Tio Albano. Por suposto, uma empatia semelhante,
que resultaria quase impossível de experimentar com um estranho à nossa linhagem, não é,
tampouco, tão difícil entre membros de uma mesma superestrutura familiar. Se a identificação
recíproca tem êxito, se logramos “ver a nós mesmos desde Tio Albano”, e identificamos os
sentimentos que ligam a este conosco, então comprovaremos admirados que ao mirar nova-
mente à Tio Albano REDUZIRAM-SE NOSSOS PRÓPRIOS AFETOS A ELE, ou então
desapareceram totalmente, e a ilusão da separatividade CESSOU. As relações externas anula-
ram-se mutuamente.
Mas Tio Albano continua vivendo no mundo; que veremos ao olhar seu rosto, agora
que desapareceram as relações (afetivas) exteriores mútuas? Voltaremos a sofrer a captura na
estrutura cultural de Tio Albano? Não voltará a produzir-se a captura porque não há diferença
entre Tio Albano exterior e Tio Albano interior, ou, se quiser, há identidade arquetípica entre
nós e ele. Após a prova de Família, ao olhar o rosto dos parentes reintegrados, como em um
espelho, reconheceremos neles aspectos de nós mesmos; perfis ignorados até então, mas que
inegavelmente saberemos encontrar em nós.
H) Somente quando o virya reintegrou uma porção considerável do Arquétipo Familiar
pode-se dizer, alegoricamente, que aumentou o caudal de seu Sangue Puro. O caminho até a
mutação está agora aberto, porque ao diluir-se a ilusão dos “mil rostos familiares” cessam tam-
bém as cadeias cármicas O processo do Arquétipo Familiar aponta ao futuro; ali está sua Ente-
léquia. Em troca, o caminho inverso da reintegração, recém comentado, equivale a inverter o
processo e marchar até O Grande Antepassado Hiperbóreo, aquele que CONHECE O SE-
GREDO DA QUEDA, PORQUE FOI ELE PROTAGONISTA; quem também se chama:
O Grande Enganado. Com ele haverá de confrontar-se, cedo ou tarde, o virya que siga o cami-
nho do Sangue Puro. E dessa confrontação suprema surgirá a Verdade
Primordial. Então o virya, como um vulcão de emoção, derramado em uma cachoeira
de paixões milenares, se lançará a seus pés para quitar as cadeias do Engano, os grilhões da
Traição, e restaurará em si mesmo a linhagem extraterrestre dos Siddhas Hiperbóreos. Diz a
Sabedoria Hiperbórea: “Recorda sempre que tua família é árvore e rio ao mesmo tempo”.
Por isso diz-se que O Grande Antepassado está “nas raízes do Sangue Puro”. Ali deverás
buscá-lo, remontando inversamente a corrente do rio ancestral ou baixando pelos galhos que
são também rostos hieráticos, espelhos de ti mesmo. Ele está esperando-te, desde sempre, pois
tua chegada significa sua libertação. Mas tenha cuidado em como te apresentas ante a ele; não
deixe que seu rosto te aterre e retrocedas nesciamente. Recorda-te que ele está ali porque caiu
e por isso seu rosto mostra o estrago de antigas e terríveis paixões. Oh Virya!

569
Ele só poderá libertar-se se tu lhe olhes e sustente seu olhar! Mas esse olhar significará
tua morte! Oh Virya! Nada te será ocultado, agora que conheces o Segredo da Árvore e do Rio;
sim; ao ver-lhe morrerás; mas ressuscitarás NELE, quando já liberto, GIRE SEU ROSTO À
ORIGEM! Porque às costas do Grande Antepassado encontra-se a Origem Primordial, à qual,
POR UM MISTÉRIO DE A-MORT, ele viu-se privado de voltar desde que começou o
Tempo de Dor e Sofrimento. Morto e renascido, ao ressuscitar, tu, ressuscitas ao Grande An-
tepassado, e é soldada a Espada que foi quebrada nas Origens; tu e o Grande Antepassado
voltam a ser um só, como sempre foram sem saber, e por isso ao marchar até a Origem, morto
e renascido, és um Iniciado do Sangue Puro, um Cavaleiro do Gral, um Siddha Imortal, um
Divino Hiperbóreo, um Guerreiro de Lúcifer o Valente Senhor. Um grande segredo conheces;
Oh Virya: o da Árvore e o Rio Familiar, se és intrépido e audaz, mas também humilde e desa-
pegado, e não temes COMPROVAR TUA PRÓPRIA MISÉRIA, então este grande segredo
te conduzirá até o Vril!

570
TOMO X:
O TANTRA OCIDENTAL
DA SABEDORIA HIPERBÓREA

A – QUANDO NÃO SE DEVE SEGUIR A VIA TÂNTRICA

Nos oito comentários precedentes expusemos a Prova de Família que possibilita de ma-
neira infalível, ao virya ocidental, estabelecer “quando” pode recorrer “sem perigo” às técnicas
sexuais do tantrismo. Já adiantamos “quando” NÃO SE DEVE FAZÊ-LO: quando existem
RELAÇÕES EXTERNAS com os parentes de sangue. Mas alguém pode perguntar: Que têm
a ver as relações afetivas entre os parentes com as práticas sexuais que efetuaremos com nossa
“companheira”? Quem pergunta-se isso seguramente esquece que o objetivo exotérico de toda
yoga, e também do Tantra, é “despertar a Kundalini” e que Kundalini, como Logos, tem o
poder de “recriar” os corpos do virya. Só pode aspirar à mutação aquele que, como Wildejäger,
está disposto a tudo, e nada o prende à obra do Demiurgo. Mas, se existem relações externas
com os parentes, isso significa que o virya está preso carmicamente e desempenha um papel no
drama da vida, e, o que é pior, seu corpo só constitui uma parte do Arquétipo Familiar. E
ninguém pode imortalizar “uma parte” do microcosmo. Quando Kundalini desperta, SEU
VERBO VAI DESCREVENDO AO ARQUÉTIPO FAMILIAR E FIXANDO SUAS PAR-
TES; se o virya tem a seus parentes “fora”, então Kundalini só recriará “até onde chega a cons-
ciência” e fixará essa parte do Arquétipo Familiar que o virya crê ser. Esse resultado é inevitável
porque Kundalini, como reflexo do Aspecto – Logos do Demiurgo, tem a “missão secreta” de
harmonizar ao microcosmo com o microcosmo, ao homem com o Plano, e JAMAIS VAI
ALTERAR POR SI MESMA UMA RELAÇÃO KÁRMICA como as que implicam as rela-
ções externas com os parentes. As consequências do despertar da Kundalini variam considera-
velmente, segundo seja o grau de confusão do virya perdido, e vão desde uma “benigna” fusão
com o Demiurgo no samadhi sahasrara até a aniquilação do corpo físico “por decisão” do Ar-
quétipo Familiar, quem tentará evoluir através dos demais parentes. Essa última possibilidade
causará surpresa porque, naturalmente, alguém sempre pensa que é o “melhor”, o mais evolu-
ído da família; MAS O ARQUÉTIPO FAMILIAR PODE NÃO OPINAR O MESMO. Em
qualquer caso Kundalini sempre se conduzirá de acordo à sua diretiva secreta de “harmonizar”

571
(recriando o microcosmo) e “fixar” (o recriado) para manter ou restabelecer o sincronismo dos
ritmos do microcosmo com o Plano do macrocosmo.
Para o virya é imprescindível a integração do Arquétipo Familiar, pela Prova de Família
ou por qualquer outro procedimento, ANTES de despertar a Kundalini. Mas, se dirá: Vamos,
então, realizar em nós mesmos a enteléquia do Arquétipo Familiar? Não! Porque tudo quanto
temos dito sobre Kundalini refere-se a ela “livre de sua diretiva secreta” e nada dissemos ainda
sobre a maneira em que se deve proceder com o Verbo Ígneo DURANTE as práticas tântricas.
O propósito de “despertar a Kundalini” é só uma ação tática, um meio, para concretizar
o objetivo estratégico do retorno à origem, tal como ensina a Sabedoria Hiperbórea a todo virya
sadhaka.
Afirmamos já, “quando” não se deve praticar o tantrismo: quando existem relações ex-
ternas com os parentes, e o virya se encontra ligado ao processo do Arquétipo familiar (e aos
processos dos Arquétipos psicóideos das superestruturas). E explicamos porquê tem que rein-
tegrar o Arquétipo familiar para evitar que Kundalini recrie só uma parte do mesmo. Mas esse
é, nada mais, que um aspecto da dificuldade; por dizer, o menor. O maior problema o constitui
o fato de que “quem padece da ilusão das relações externas NÃO PODERÁ DISTINGUIR
A KALY”. E a percepção de Kaly é necessária A PRIORI da práxis tântrica, pois constitui o
fundamento da restauração hiperbórea que se deve realizar na natureza do microcosmo para
conseguir sua transmutação.
A Sabedoria Hiperbórea ensina, por outro lado, que “KALY SOMENTE AMA A
QUEM ESTEJA COMPLETO E SEJA UNO EM SI MESMO”. Logo veremos a importância
desta afirmação.
Há um terceiro aspecto da dificuldade (para orientar-se) de ter relações exteriores que é
a seguinte: o virya que ama ou odeia a seus parentes está propenso a “amar com o coração à
mulher de carne”, quer dizer, a contribuir ao processo do Arquétipo Dama. Esta propensão
provém fundamentalmente das relações Cármicas, que determinam ao TIPO de parceira “des-
tinada”; da confusão sanguínea que ocasionou o “esquecimento” da mulher hiperbórea; e da
“partição” do Arquétipo familiar, que impede “distinguir a Kaly”.

B – A DECISÃO TÂNTRICA DO VIRYA OCIDENTAL

Até aqui temos revisado com certa profundidade “quando” não se deve praticar o tan-
trismo. Vejamos agora “quando” é possível fazê-lo, e também, a pergunta que estava pendente:
para quê?
Suponhamos que o virya Mengano conseguiu reintegrar em si o Arquétipo familiar, eli-
minando por identificação recíproca as “relações externas”, quer dizer, aos afetos ilusórios que

572
mantinha aos parentes “fora”. Fez isto, mas ainda não remontou inversamente a corrente do
sangue puro para chegar até O Grande Antepassado. Sabe que deve fazê-lo rapidamente, pois
ao estar “completo”, o Arquétipo familiar acelerará seu processo evolutivo para concretizar sua
enteléquia. “Estar completo” significa ter desatado as ligações Cármicas, situação que o Arqué-
tipo familiar somente vai permitir se pode continuar evoluindo, pois caso contrário, recorrerá
aos Devas da Morte para desfazer-se do descontrolado virya. Mengano conhece este risco, mas
elegeu a via tântrica da mão esquerda para marchar até a origem e por isso se dispõe a cumprir
o “Ritual dos Cinco Desafios”. Mengano é um virya ocidental e seu modo de proceder está
inspirado na Sabedoria Hiperbórea; por isso, ainda que indubitavelmente tântricos, seus atos se
conduzem de acordo a uma simbologia mais antiga que a da Escola Kaula, mas adaptada às
circunstâncias do Ocidente e de sua relação com o Fim do Kaly Yuga. Há um conceito da
Sabedoria Hiperbórea que logo desenvolveremos com profundidade, mas que convém citar
agora, pois justifica este aparente distanciamento da ortodoxia tântrica e explica também, as
dificuldades que têm os viryas do Ocidente para professar as filosofias orientais: é o de GEO-
CRONIA. A geocronia é a propriedade que possui a Terra de influir sobre o Tempo Histórico
dos povos que habitam determinados lugares. Assim resulta que nem todas as comunidades
humanas se encontram na mesma relação com respeito ao Kaly Yuga, senão que a Índia, por
exemplo, está “mais longe” do Fim da Idade Kaly que a Europa. Existe todo um “caminho do
Kaly Yuga”, que começa no Polo Sul e acaba no Polo norte, mas que serpenteia entorno do
planeta seguindo certas linhas tectônicas e a este caminho nos referimos quando dizemos, por
exemplo, “no século IV os germanos avançaram rumo ao Kaly Yuga”, etc. O importante agora
é ter em conta que o Tantra da Índia e do Tibet, o Kaula e, ainda, o caminho Kula, ficaram
atrasados com respeito ao “índice geocrônico” do Ocidente, pois este se acha mais perto do
Fim do Kaly Yuga que o Oriente. É por isso que no século XX a Thulegesellschaft desenvolveu
seu próprio yoga tântrico, o qual foi empregado internamente nas iniciações da Ordem Negra
S.S. Os conceitos que viemos oferecendo, e os que daremos em relação ao suposto “ritual” de
Mengano, procedem daquele yoga ocidental da Thulegesellschaft e da Sabedoria Hiperbórea.
Temos preferido evitar referências ao Tantra hindu, pois nos perderíamos em esclarecimentos
e comentários já que os orientais, hoje em dia, não veem com claridade conceitos tão elementais
como este: se o caminho Kula, segundo declaram os Tantras, é a busca de uma “gnose abso-
luta”; perguntamos: como podem crer que o Demiurgo Brahma, com quem propõem a fusão
do samadhi, vai permiti-lo sem castigo? Os ocidentais, em contrapartida, sabem a muito tempo,
que a busca do conhecimento, a gnose, é castigada pelos Deuses, e expressaram no mito de
Prometeu ou no mito da “queda de Adão”, dos gnósticos alexandrinos, etc. Há uma grande
confusão no tantrismo atual e por isso aparece tingido de devoção e ritualismo, o que desfigura
o sentido luciférico e guerreiro que deve exibir em seu caráter de via hiperbórea de libertação
para o Kaly Yuga. Nós seguiremos outro caminho: transitaremos por uma ponte que passa por
sobre parte da confusão, pois se apoia na pureza da Sabedoria Antiga, por um lado, e por outro

573
na realidade concreta que deve afrontar diariamente um virya ocidental; Mengano por exemplo.

C – O RITUAL DOS CINCO DESAFIOS

Ritual dos Cinco Desafios consiste em tomar vinho, comer carne, peixe e germe de trigo,
e praticar o coito ou maithuna. Em cada um destes atos o sadhaka desafia ao Demiurgo; nos
quatro primeiros simbolicamente e no último concretamente. Antes de efetuar cada um dos
cinco Desafios deve-se meditar em seu simbolismo para que o Ritual represente um verdadeiro
ATO DE GUERRA INDIVIDUAL. Vale a pena repetir novamente que somente se deve
tentar esta etapa final do tantrismo quando se realizou um treinamento prévio de controle or-
gânico por meio do yoga e conseguiu um fortalecimento muito forte da vontade pelo desapego
e a repugnância que experimenta o gnóstico para com a obra do Demiurgo.
Quando o virya está “disposto a tudo”, e exibe uma inquebrantável decisão guerreira,
RECÉM PODE enfrentar a Prova de Família para juntar os pedaços de sua alma que encon-
tram-se espalhados pelo mundo. Se triunfa nessa Prova, e consegue reintegrar em seu interior
o Arquétipo familiar, haverá, então, chegado às portas do Mistério de Amor. Digamos que é
perfeitamente possível EVITAR o enfrentamento a esse Mistério e buscar a libertação por outra
via hiperbórea. Mas s o virya possui UM VALOR ABSOLUTO, E SE SENTE CAPAZ E
REENCONTRAR-SE COM SI MESMO, talvez se atreva, como Mengano, a praticar o Ritual
do Cinco Desafios. Porque esse Ritual tem o objetivo de TRANSMUTAR o corpo do sadhaka
LOGO DE HAVER COMPLETADO A REINTEGRAÇÃO INICIADA NA PROVA DE
FAMÍLIA, INCORPORANDO AO MICROCOSMO OS
SÍMBOLOS DA TRAIÇÃO PRIMORDIAL. O sentido do Ritual é, então: INCOR-
PORAR O SÍMBOLO QUE REPRESENTA CADA DESAFIO; por isso é que se reco-
menda a mais profunda concentração ao praticá-lo e, sobre tudo, não experimentar desejos ou
prazeres sexuais durante sua execução.

D – O DESAFIO DO VINHO

O vinho é o símbolo do sangue puro, e da recordação hiperbórea da origem, “LAN-


ÇADA” AO MUNDO PELA TRAIÇÃO PRIMIGÊNIA DOS SIDDHAS. Por ela Lúcifer,
O Cristo de Atlântida, consuma o sacrifício do descenso infernal. Mas seu sacrifício foi parodi-
ado por Jesus Cristo, quem deu ao vinho o significado de “sangue plebeu” de pasu, ao que tem
que transmutar “afora” para transforma-lo em “Sangue de Jesus-Cristo”, ou seja: em sangue
judeu. O primeiro desafio é, pois, beber o vinho; ou seja: incorporar o sangue puro que foi
derramado no mundo, para transmuta-lo “adentro”, no microcosmo, restaurando o sentido do
sacrifício luciférico.

574
E – O DESAFIO DA CARNE

A carne de animal alude ao maior Mistério que existe, DEPOIS do Mistério de Amor.
Sem embargo, a Sabedoria Hiperbórea aconselha ao virya a não indagar a esse Mistério até
haver conseguido a libertação de transmutar-se em Siddha; para não somar mais horror ao
horror de estar encadeado à matéria. Dito mistério pode resumir-se assim: Tal como os Espíri-
tos Hiperbóreos foram presos à evolução do pasu, há milhões de anos, muitíssimo tempo mais
atrás, em períodos que se medem em Manvantaras e Kalpas, OUTRAS ESTIRPES de Espíritos
imortais foram encadeados à matéria. Ninguém sabe de onde procediam, se foram criados pelo
Incognoscível ou se caíram desde uma ordem inimaginável; o certo é que também eles são
prisioneiros do Demiurgo O Uno quem os prendeu a evoluções infinitamente mais primitivas
que as que devem padecer os Hiperbóreos da Terra. Assim como aos Hiperbóreos se os em-
prega para “produzir cultura”, segundo explicou-se em oura parte, a aqueles Espíritos se os
utiliza para “produzir vida” animal e vegetal, ainda que também podem ser projetados ao
“reino” mineral. E assim como aos Hiperbóreos se os ligou à evolução do pasu para que da
luta entre Espírito Hiperbóreo e Alma Pasu, surja a cultura, assim também se ligou à aquelas
estirpes de Espíritos cativos com as entidades da evolução dévica, para obter a emergência de
um novo suporte das formas materiais: a vida. Quando dizemos que aqueles Espíritos estão
ligados à vida só queremos dizer isso: “a vida”, ao “fato de viver”, e não deve crer-se que as
almas grupais vinculadas as evoluções “superiores” dos reinos vegetal e animal são expressão
dos Espíritos cativos; tais almas grupais, como seu nome o indica, pertencem à evolução dévica
(“elementais” ou Devas) e são em tudo semelhante à “alma” do pasu.
Em nenhuma outra parte, fora do âmbito humano, poderá comprovar-se o caráter dra-
mático da vida como no reino animal: em sua estupidez insuperável, na determinação de seus
instintos, no horror da luta por sobreviver que os leva a devorar-se uns aos outros, na fatalidade
de sua morte, etc. Sem dúvidas, é no animal onde melhor está descrita a INFÂMIA DO DE-
MIURGO. O homem, para suportar essa visão de espanto que é a vida no mundo, criou um
véu cultural chamado “poesia” que, por exemplo, ali onde fomenta uma vida miserável que
come e defeca constantemente, faz ver uma “bela ave cantora”. A poesia mascara o horror da
vida e por isso ela é a maior inimiga da gnose. Essa afirmação poderá doer, mas é rigorosamente
certa pois muito da loucura à qual podem concluir os êxtases gnósticos provém de uma insufi-
ciente preparação para resistir às visões horrorosas a que se reduz a obra do Demiurgo quando
a gnose retira o véu poético e dissipa a ilusão da beleza estética (que é uma pura criação cultural).
QUEM NÃO POSSUA UMA VISÃO GNÓSTICA DA VIDA NÃO PODERÁ
COMPREENDER O MISTÉRIO DA MORTE. E, ATENÇÃO: QUEM NÃO COMPRE-
ENDER PREVIAMENTE O MISTÉRIO DA MORTE, NÃO PODERÁ ACEDER À
IMORTALIDADE.

575
Esse é o conhecimento sobre o que há que meditar antes de realizar o Desafio de comer
a carne animal. O sentido do Desafio é o seguinte: na carne está presente o Mistério da Vida e
da Morte (tem que compreender isso) e a Morte Concreta; ao comer a carne se incorpora o
símbolo da morte ao microcosmo e se prepara o corpo para a imortalidade. A IMORTALI-
DADE IMPLICA A RESSURREIÇÃO INTERIOR DO ANIMAL SACRIFICADO
AFORA. E, QUANDO O SÍMBOLO DA MORTE HOUVER SIDO NEUTRALIZADO
PELO MANTRA DA VIDA, O CORPO DO VIRYA, DE MATÉRIA CORRUPTÍVEL,
SE TRANSMUTA EM VRAJA, A MATÉRIA INCORUPTÍVEL.

F – O DESAFIO DO PEIXE

O peixe simboliza a raça terrestre do pasu; desde sua origem em obscuras e antigas la-
goas6 até seu fim na enteléquia do Arquétipo hebreu Jesus-Cristo, toda a história do pasu está
escrita no peixe. Ao comer o peixe se incorpora ao microcosmo um símbolo que é expressão
do Arquétipo Manu e que tem a missão de “fixar” desde dentro os limites do Arquétipo fami-
liar. Deve-se meditar e compreender o sentido deste Desafio nos termos aqui levantados, pois
o simbolismo do peixe é extremamente complexo e pode dar lugar a desvios intelectuais. Só
faremos notar que a primeira das dez manifestações de Vishu é COMO PEIXE (MATSYA-
AVATARA) e que o Manu desse manvantara, VRISVASVATA, tem ostentado sempre o signo
do peixe tanto nos Vedas, onde recebeu esse nome, como na Mesopotâmia onde se chamou
OANNES ou DAGON ou durante o Império Romano quando se reencarnou como
IKHTHYS (Peixe) no hebreu Jesus, etc.

G – O DESAFIO DO TRIGO

O gérmen de trigo representa A PALAVRA DO DEMIURGO, a expressão concreta


de seu Verbo. No gérmen, como em qualquer outro BIJA, há uma potência que tenta desen-
volver-se a impulso do Grande Sopro; por isso o gérmen deve ser considerado como o símbolo
do Arquétipo psicóideo AO COMEÇO DA EVOLUÇÃO.
Se o GÉRMEN é situado em AMBIENTE FÉRTIL o Arquétipo completará seu pro-
cesso, que começa na germinação e acaba na produção de novos gérmens ou “reprodução”.
Mas todas essas qualidades, que adquire a planta durante o processo de seu crescimento, já se
encontravam em potência no gérmen original ou BIJA. Se o gérmen é guardado em uma tigela,
ao contato com o ar ou VAYU TATTVA, não germina, mas se é depositado na terra ou
PRITHIVI TATTVA então germina e atualiza no processo evolutivo as diversas qualidades
potenciais. Esse símbolo tem especial importância para interpretar “o despertar de Kundalini”

6Na verdade, a mônada do pasu “foi peixe” na cadeia lunar e não na Terra, em um globo que logo se partiu em quatro
para formar outras tantas luas, das quais a atual é a última que ainda permanece como satélite terrestre.

576
quem, assim como um gérmen, é um BIJA, ou “Palavra do Demiurgo”, de particular conteúdo
potencial. Mas Kundalini é, em si mesma, UM BIJA QUE EXPRESSA A TODOS OS OU-
TROS BIJAS; UMA PALAVRA QUE CONTÉM A TODAS AS PALAVRAS; UM SOM
QUE É A SÍNTESE DE TODOS OS SONS, POIS REPRESENTA, NO MICROCOSMO,
AO AKASA TATTVA ou “primeiro Éter” do Grande Sopro. Como o gérmen de trigo, Kun-
dalini necessita um “ambiente fértil” para INICIAR SEU DESENVOLVIMENTO.
Dissemos já que Kundalini “desperta” por si mesma quando ocorrem dessincronizações
entre o microcosmo e o macrocosmo e explicamos que sua “missão secreta” é restabelecer ditas
alterações harmonizando a totalidade dos ritmos do processo biológico. Podemos agregar
agora, que tal comportamento se deve a que KUNDALINI É SENSÍVEL À FLUÊNCIA
CÓSMICA OU DO GRANDE SOPRO. Imagina-se ao AKASA TATTVA como um oceano
de substância psíquica e no meio dele a uma bolha se terá uma ideia acertada sobre Kundalini.
No homem, sobre o muladhara chacra, encontra-se a bolha de AKASA, em cujo interior
“dorme Kundalini”. Essa bolha, como o gérmen exposto ao ar, não se “desenvolve”, a menos
que se altere seu ambiente tornando-o fértil. Mas o bija Kundalini é uma bolha que flutua no
AKASA contraindo-se ou expandindo-se ao ritmo da fluência do Sopro; somente uma variação
nessa fluência pode fazer que Kundalini desperte e tente restituir o movimento solidário. O
AKASA possui as dimensões TEMPO E ESPAÇO e portanto, alterando ditas dimensões é
possível “despertar a Kundalini”; esse é o princípio que se emprega na Estratégia Hiperbórea.
No Universo existem quatro estados de matéria sutil produzidos pelo Grande Sopro: PRANA,
procedente do Sol; MANAS, procedente do Manu; VIONANA, procedente do Demiurgo Je-
ová-Satanás; e ANANDA, procedente do Demiurgo O Uno. A operação com essas matérias
também permite despertar a Kundalini se altera-se sua fluência; esse é o princípio que se em-
prega na Estratégia Sinárquica, especialmente o controle do prana solar pela respiração rítmica,
que ensinam as escolas profanas de yoga.
Kundalini é a semente de uma planta com muitas flores; sua germinação tem a virtude
de reproduzir o processo do Universo, pois, ao romper-se a bolha, o bija original se descompõe
em todas as Palavras da criação, recriando assim, no microcosmo, a ordem do macrocosmo.
Mas essa semente está oculta no homem, quem desconhece também o conteúdo de sua potên-
cia, a enteléquia de seus Arquétipos. Por isso, ao conhecer o gérmen, o sadhaka incorpora esse
símbolo ao microcosmo, devidamente consciencializado, e propõe o Desafio de determinar por
sua vontade a germinação E OS FRUTOS da planta. Pode não se compreender isso, pois, se
dirá. “É aceitável que escolhendo o momento de dar um “ambiente fértil” se possa determinar
a germinação, mas; como podem determinar-se os frutos se eles estão CONTIDOS POTEN-
CIALMENTE NO GÉRMEN? ” Se tal é a dúvida, pense-se que uma abóbora que cresça
dentro de uma fôrma cúbica não será esférica, senão cúbica pois A FORMA DETERMINA
AO SER.

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Quando Kundalini desperta por si mesma ou por uma “chamada sinárquica”, recria “a
forma” do Arquétipo familiar e esses são “seus frutos”. No Desafio que estamos que estamos
considerando, se obriga a Kundalini a despertar (germinar) DENTRO DE UMA FÔRMA que
determina sua forma; essa fôrma é a imagem do Grande Antepassado Hiperbóreo com cuja
“forma” será recriado o microcosmo.

H – O DESAFIO DO MAITHUNA

O quinto Desafio consiste em incorporar ao microcosmo o símbolo da “mulher hiper-


bórea”, quer dizer, a imagem de Lilith e, mediante o maithuna ou ato sexual “afora”, desposar-
se com ela “adentro”. O êxito desse Desafio, no qual se tornam efetivos os outros quatro,
significa que se conseguiu concretizar a individuação absoluta e a imortalidade. Mas, como sua
abordagem requer o concurso da mulher “afora”, será necessário esclarecer novamente que a
yoguini NÃO PODE SER QUALQUER MULHER, e muito menos uma “mulher amada”,
ou por quem se experimente o mínimo afeto. O Tantra Kaula, e todos os Tantras “da mão
esquerda”, baseiam-se na adoração da Shakti, o princípio feminino ou ativo do Demiurgo, a
quem se considera como “esposa” de Shiva. Já advertimos que a identificação de Parvati com
Shakti constitui um erro, agora vamos explicar a natureza do mesmo e a maneira de evitá-lo.
Ao começo de um ciclo, quando conclui o Pralaya ou Noite de Parabrahman, o Demi-
urgo encontra-se ainda imanifestado, fundido no Abismo Cósmico; há ali unidade absoluta.
Quando se produz o “despertar” do Uno, sua Manifestação, ocorre um desdobramento evolu-
tivo que alcança à matéria de todo o Universo pelo impulso do Sopro; esse desdobramento, do
qual “sai” o Akasa, é o “modelo”, a “mãe”, de todos os processos evolutivos do Universo.
Durante a manifestação o Demiurgo se expressa em infinitos pares de opostos que tornam
quase impossível advertir a unidade anterior. Mas trata-se apenas de uma ilusão, Maya; a unidade
não se partiu pois subjaz atrás do véu da dualidade, como bem sabem os gnósticos que logram
conciliar os opostos no microcosmo e transcender ao Princípio Único. Por isso é inútil discutir
sobre a dualidade ou unidade do Demiurgo sendo ambos conceitos a expressão de distintos
“momentos” de seu comportamento, quer dizer, distintas “fases” de seus ciclos de manifesta-
ção, de suas “noites” e “dias”. Mas quando se requer tomar em conta o aspecto evolutivo da
matéria e suas diferentes organizações, é inevitável a referência aos opostos e à sua dualidade
essencial. Então, por simplicidade, e sem esquecer que se trata de um “segundo estado” na
natureza do Demiurgo, falasse de grandes princípios opostos: ying e yang; bem e mal; masculino
e feminino; etc. Os sistemas religiosos derivados de tais considerações, como tudo que é religi-
oso, implica uma degradação gnóstica, uma queda exotérica, especialmente se os opostos per-
sonificaram-se e dão lugar à uma devoção por parte de sacerdotes e fiéis. Por exemplo os três
pares de princípios opostos que mencionamos dão lugar, respectivamente, às religiões do Tao-
ísmo, Zoroastrismo e Hinduísmo, e nas três o conhecimento aparece tingido emocionalmente

578
pela redução mítica a que têm sido submetidos os princípios e pela devoção que implica todo
culto. O caminho do gnóstico, pelo contrário, consiste em evitar a devoção e saltar aos princí-
pios, estabelecendo um contato transcendente com a unidade em que se resolvem as múltiplas
dualidades. Mas tal contato não dá-se por via da “fusão com O Uno” nem por nenhum tipo de
identificação com o Demiurgo, senão pela compreensão da unidade interior do microcosmo
na que se reflete o macrocosmo. Essa compreensão é um conhecimento puro, uma gnose, que
permite ao virya, após um infinito horror, superar a Manifestação e reconstruir a unidade do
Demiurgo, para assim, em uma visão de loucura, comprovar sua insensatez e malignidade in-
trínseca; sem embargo, após o espanto, sobrevém o descobrimento do Verdadeiro Deus,
AQUELE A QUEM NÃO É POSSÍVEL CONHECER DESDE O ABISMO. Toda gnose
acaba ali, na certeza do Incognoscível, a quem NÃO É POSSÍVEL TRANSCENDER PELO
CONHECIMENTO E, PO ISSO, É NECESSÁRIO CRIÁ-LO COM O PODER DO ES-
PÍRITO. O Vril brinda essa possibilidade absoluta.
A dualidade é, então, mera aparência; mas uma aparência consistente ao extremo en-
quanto não se aceda à gnose definitiva que permita transcende-la. No estado confuso de “virya
perdido”, parte-se de uma percepção diferenciada da realidade e de sua descomposição racional
em pares de opostos. Chega-se assim ao conceito de que a Manifestação está baseada em um
dualismo primordial que, no Hinduísmo se personifica na figura masculina de um Deus e na
feminina de sua “esposa” ou Shakti. Reduzidos analogamente dessa maneira, os Princípios Su-
premos podem conciliar-se “no matrimônio” dos Deuses, fundindo-se na unidade original ou
“engendrando” outras manifestações também duais. Mas, nos mitos em que os princípios são
femininos e masculinos, há que ver a ação conformadora cultural dos Espíritos Hiperbóreos
combinada com a mecânica racional-emocional do animal-homem ou pasu. Shiva e Parvati são
só isso: imagens culturais produzidas pela “memória de sangue”, hiperbórea, adaptadas para
representar aos Princípios Supremos pela racionalidade do pasu. Shiva é a recordação do Bravo
Senhor, Lúcifer. Sua esposa Parvati não pode ser outra que a parceira extraterrestre de Lúcifer:
Lilith.
O tantrismo, que é, como foi dito, um sistema gnóstico, decaiu esotericamente logo da
interpretação de seus textos secretos feita pelos dualistas do budismo. Eles, que propõem a
fusão com O Uno, identificam, no microcosmo, À SHIVA COM O ARQUÉTIPO FAMI-
LIAR E À PARVATI COM A SHAKTI, QUE DIZER, COM KUNDALINI. Nessa inter-
pretação, o “despertar de Kundalini” e, seu ascenso até o ajna chacra, significa “o matrimônio”
de Shiva e Shakti. Mas, segundo é fácil deduzir depois de todo o exposto sobre o Arquétipo
Familiar e Kundalini, esse “matrimônio” não é mais que a recriação do microcosmo em har-
monia com o macrocosmo, e a definitiva sujeição ao Plano de Evolução, quer dizer, ao processo
do Arquétipo Manu.
Não é esse, precisamente, o objetivo da gnose. Para evitar o nirvana e concretizar o fim

579
da individuação absoluta há, pois, que restabelecer o antigo sentido esotérico dos símbolos tân-
tricos, só assim será possível compreender o Ritual dos Cinco Desafios.
Para o sadhaka Mengano a recriação do Arquétipo Familiar como modelo de micro-
cosmo, constitui uma catástrofe. Pelo contrário ele vai procurar IDENTIFICAR-SE COM O
GRANDE ANTEPASSADO HIPERBÓREO, NO MOMENTO CULMINANTE DO
MAITHUNA, PARA IMORTALIZAR COM SUA FORMA AO MICROCOSMO. E essa
restauração hiperbórea é o objetivo declarado do Quinto Desafio; vejamos como se procede
para sua consecução.
Dissemos que Kundalini “dorme” em uma bolha de Akasa, sobre o muladhara chacra.
Essa bolha é, em linguagem simbólica, o ovo primordial que contém o gérmen, a se-
mente, da Shakti potencial, indiferenciada. Kundalini Shakti é um reflexo no microcosmo do
primeiro bija pronunciado pelo Demiurgo ao iniciar a Manifestação e sua, consequente, sepa-
ração em pares de opostos. Por isso dissemos que ela é Verbo; Logos Plasmador que recria o
Plano; Bija de bijas, Palavra de palavras. Mas, se bem que, ela como Logos, possui o princípio
de todas as formas, qual é a sua própria forma, anterior e primeira, síntese ontológica e ôntica
de todo o existente, Forma de formas? É necessário responder a essa pergunta ANTES DE
ROMPER O OVO DA SHAKTI porque senão, tal como sucedeu ao abrir a caixa de Pandora,
incontáveis males podem-se abater sobre o homem ignorante.
Observamos que a falta de resposta à pergunta anterior ou a ignorância é a causa do que
temos denominado “despertar de Kundalini por seus próprios meios” pois, ainda que esse
“despertar” se consiga por meio do yoga, se descuidasse o conhecimento formal do bija Kun-
dalini inevitavelmente se perderá todo controle sobre seu poder plasmador e se acabará sucum-
bindo no nirvana. O gnóstico não busca aniquilar seu eu e não renuncia à ação, pelo contrário
FORTALECE SEU EU DIRIGINDO ESTRATEGICAMENTE A VONTADE DE
ATUAR. POR ISSO, NO GNÓSTICO, É O EU QUEM DESPERTA A KUNDALINI
DETERMINANDO SUA FORMA. Não estamos falando da essência, que é “feminina” e se
manifesta ativamente como Logos, senão da FORMA que, enquanto Shakti, Kundalini adotará
durante sua manifestação.
Se ignorasse a pergunta anterior, coisa que ocorre nas escolas exotéricas de yoga, então
Kundalini, ao despertar por seus próprios meios, ADOTA A FORMA DA MÃE PRIMOR-
DIAL, CUJO ARQUÉTIPO “LÊ” NA MEMÓRIA GENÉTICA DO PASU. A ideia do
princípio feminino como “mãe” está vinculada à separação por sexos do andrógino animal,
antepassado do pasu. Certamente tal ideia NÃO TEM NADA A VER COM A SABEDORIA
HIPERBÓREA pois os espíritos cativos NÃO TÊM MÃE e seus sexos, segundo se disse em
outra parte, não estão relacionados com uma função reprodutora.
DEIXAR A KUNDALINI LIBERADA À SUA PRÓPRIA FORMA É PERMITIR

580
QUE SE IDENTIFIQUE PARVATI COM SHAKTI, A “ESPOSA” COM A “MÃE CÓS-
MICA”; SIGNIFICA A RECRIAÇÃO, O “RENASCIMENTO” NO MICROCOSMO, DO
ARQUÉTIPO MANÚ, SUA ENTELÉQUIA, E, POR CONSEGUINTE: A DERROTA
DO ESPÍRITO NA SUA PRETENSÃO DE TRANSITAR INVERSAMENTE ATÉ A
ORIGEM.
Não são poucos os viryas que, em lugar da ansiada libertação do aprisionamento mate-
rial, acabam ainda mais fundidos na matéria devido à uma incorreta e exotérica prática de yoga.
E esse resultado tem muito a ver com a pretendida DEVOÇÃO ou ADORAÇÃO que se exige
à Shakti. Essa atitude emocional denomina-se “desguarnição estratégica” pois o despertar de
Kundalini “como mãe” surpreende ao virya em um estado total de indefecção, a “adoração”, e
lhe leva à sucumbir no processo do Arquétipo Manu.
Vejamos qual deve ser o procedimento esotérico para que o Quinto Desafio tântrico
culmine com a libertação espiritual do virya: É O EU QUEM PLASMA A FORMA PRI-
MEIRA DO LOGOS PLASMADOR. Isso se consegue projetando sobre o ovo A FORMA
DE LILITH, quem não é “mãe”, senão, esposa espiritual de Lúcifer e protótipo geral da mulher
hiperbórea.
Há que esclarecer-se expressamente, para dissipar qualquer erro, que Lilith NÃO É UM
ARQUÉTIPO, senão, uma “recordação de sangue” hiperbóreo.
O problema para cumprir com tal operação, é o seguinte: Como um virya perdido que
não logrou ainda perceber sua Minne, pode “projetar” a imagem de Lilith, a qual certamente há
“esquecido” pela confusão sanguínea? Justamente para isso se estabelece o maithuna, o ato
sexual com a “mulher afora”: PARA QUE DELA EMERJA A IMAGEM DE LILLITH E
SE INTROJECTE “ADENTRO”, RE-CONHECIDA PELO EU, QUEM POR SUA VEZ
A PROJETARÁ SOBRE O OVO, DESPERTANDO E PLASMANDO A FORMA DA
MULHER HIPERBÓREA NA KUNDALINI, RECUPERANDO ASSIM, “ADENTRO”,
A ESPOSA DO GRANDE ANTEPASSADO.
E aqui vem a terrível exigência, a chave fundamental do mistério de Amor, sem a qual
nenhuma prática tântrica tem sentido hiperbóreo: A MULHER DE “AFORA”, A YOGUINI,
NÃO PODE SER QUALQUER MULHER. ELA DEVE SER UMA MULHER KALY!

I – MULHER EVA E MULHER KALY

Exigimos anteriormente “não amar com o coração a mulher de carne”; agora sabemos
que ainda de “não ser amada”; a mulher exterior, deve ser “Kaly”. Existem, pois, duas classes
de mulheres: a “mulher Eva” ou “mulher de carne” (“mulher pasu”) e a “mulher Kaly”. Para
estabelecer com claridade a diferença entre ambos os tipos de mulher, há que se partir do se-
guinte conceito: logo da queda na matéria, por um Mistério de Amor, sobreveio a tragédia da

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encarnação e a escravidão do Espírito Hiperbóreo; no drama da vida, por sua confusão sanguí-
nea, mas, principalmente, pelo Mistério de Amor em si, o virya ESQUECEU O ROSTO DE
SUA COMPANHEIRA HIPERBÓREA, a quem, genericamente, chamamos: “Lilith”. Esse
esquecimento só pode ser qualificado como de “LOUCURA PRIMORDIAL”, e, ainda que
algumas vias de libertação permitem ao virya transitar o caminho inverso em solidão, o tan-
trismo, pelo contrário, exige A RECORDAÇÃO PRÉVIA DO ROSTO DA PROMETIDA
PARA PLASMAR, COM SUA FORMA, O OVO DE KUNDALINI SHAKTI. O problema
consiste, então, em DAR UM ROSTO À LILLITH, suprema experiência que significa: CON-
TEMPLAR NOVAMENTE, APÓS MILHÕES DE ANOS DE INFÂMIA, A DIVINA
FACE DA MULHER HIPERBÓREA.
Há que se entender que estamos ante um mistério fundamental do drama humano e que
o mesmo só pode ser “esboçado” literalmente, “insinuado” através de símbolos e chaves. Por-
que agora exporemos qual é a diferença entre a mulher Eva e a mulher Kaly, mas tal explicação
será sempre insuficiente, a menos que se logre transpassar gnósticamente o véu dos símbolos.
O problema: “dar um rosto à Lilith”, pode considerar-se deste modo: se o virya há esquecido
“adentro” o rosto de sua prometida; pode acaso encontrá-lo “afora”, “projetando” por exemplo
o rosto “esquecido”, quer dizer; inconsciente, sobre uma mulher de carne? Sim; tal possibilidade
existe, mas, repetimos, A MULHER EXTERIOR, A YOGUINI, NÃO PODE SER QUAL-
QUER MULHER. E agregamos: a mulher Kaly É AQUELA QUE RE-VELA, DES-CO-
BRE, O ROSTO ESQUECIDO PARA SUA CONTEMPLAÇÃO AFORA. Por quê Kaly?
Porque Lilith “afora” é Kaly.
É necessário que demos algumas voltas em torno desse Mistério. Em princípio devemos
fazer uma distinção: a “projeção” de Lilith NÃO É SEMELHANTE À PROJEÇÃO DE UM
ARQUÉTIPO POIS ELA É UMA RECORDAÇÃO DE SANGUE. Qual é a diferença? Que
todo Arquétipo do microcosmo se encontra refletido em Arquétipos do macrocosmo e por
isso: A PROJEÇÃO DE UM ARQUÉTIPO INCONSCIENTE, DE “ADENTRO”, NÃO
SOFRE DEFORMAÇÃO “AFORA”. Mas a recordação de sangue hiperbórea não tem no
macrocosmo e então sua projeção NÃO É FORMADA, SENÃO, CON-FORMADA, COM-
POSTA, a partir dos “Quantuns arquetípicos de energia” (U.E.V.A.C.) que intervêm na matéria
reflexiva. Há, pois, uma importante deformação quando a recordação de sangue é vista “fora”,
no mundo de Maya, a “ilusão”. No caso do Belo Rosto de Lilith devemos assumir que a defor-
mação é atroz, dado que o mesmo, “afora”, transformou-se na feroz imagem de Kaly “A Ne-
gra”. Mas ao virya perdido não lhe resta outra alternativa, se cometeu a loucura de esquecer o
Belo Rosto, que o descobrir, reencontrá-lo, no mundo, transformado EM TERRÍVEL DEI-
DADE... e AMÁ-LO ASSIM.
Kaly é uma imagem de loucura, porque uma loucura foi esquecer à Lilith. O sadhaka
ocidental, ao buscar à Kaly no mundo, enfrenta-se à loucura de contemplar seu negro rosto e

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de assistir a sua dança frenética; por isso a Sabedoria Hiperbórea aconselha a não empreender
o Quinto Desafio a menos que se esteja disposto a AMAR À KALY. Mas aqui, por “amor”
entende-se outra coisa, diferente do amor cortês que já definimos anteriormente. Amar à Kaly
significa TRANSMUTAR O ÓDIO DA MULHER KALY EM UM FOGO FRIO QUE GE-
LARÁ PARA SEMPRE O CORAÇÃO DO SADHAKA. Mas como pode compreender-se
essa afirmação sem conhecer à mulher Kaly? Estamos referindo-nos a um grande Mistério me-
diante símbolos, palavras insinuantes que quiçá provoquem uma intuição; mas a verdade só
pode ser conhecida através da luta e do enfrentamento.
A mulher Kaly, no ocidente, não será fácil encontrá-la caso busque-se com a mente
carregada de Dogmas e prejuízos, com o coração sensível à moral “cristã”, sentindo ódio ou
amor à família, quer dizer, vivenciando relações afetivas. O tântrica é o mais duro dos viryas;
“duro entre duros”, e ninguém pode transitar seu caminho se está abrandado pela cultura oci-
dental ou se é sensível às ilusões da vida, ou seja, se ainda pode ser capturado pelos fatos cultu-
rais e incorporado ao processo, dramático, dos Arquétipos psicóideos. Porque tantas advertên-
cias? Porque a mulher Kaly só pode ser distinguida POR SUA ATITUDE PARA COM O
SEXO e o sexo constitui um “tabu” da “cultura ocidental”, quer dizer, uma premissa cultural
preeminente, que comumente condiciona o juízo das pessoas.
Se supomos superadas as barreiras culturais que impediriam não só distinguir à mulher
Kaly, senão, aceitá-la como iniciadora, podemos considerar seu perfil psicológico, única forma
que dispomos para reconhecê-la. Em efeito: dentro da confusão que reina nas sociedades oci-
dentais à mulher Kaly deverá ser localizada partindo de sua conduta sexual, requisito que resul-
tará difícil de cumprir, a menos que se disponha de elementos psicológicos reveladores. Vamos
citar alguns de tais elementos e tentaremos descrever o perfil psicológico da mulher Kaly alu-
dindo a seus traços mais marcantes, mas, sem dúvida, estes chocarão à “moral cristã”.
Primeiramente digamos que se a mulher Kaly é imprescindível para o maithuna do
Quinto Desafio, NÃO É NECESSÁRIO QUE ELA SAIBA QUE O É. Na realidade é con-
veniente que a mulher não conheça nada de tantrismo, nem do que se espera dela, para evitar
sua simulação dos estados espirituais ou qualquer predisposição em relação ao maithuna fora
da estritamente sexual. Se conta-se com uma mulher Kaly não é importante O QUE ELA
PENSE; SUA SIMPLES PRESENÇA ASSEGURA O ÊXITO DO QUINTO DESAFIO.
Por outro lado há que se deixar claro de entrada que, APÓS O MAITHUNA RITUAL, SE
ESTE CUMPRIU O OBJEIVO DE DESPERTAR AO SADHAKA, É CONVENIENTE
NÃO VOLTAR A VER A MULHER KALY.
Todas essas condições nos dizem que o sadhaka ocidental deve preparar-se SÓ para
empreender os Cinco Desafios e que o quinto, o maithuna, tem que praticá-lo com uma mulher
Kaly escolhida previamente, a qual será “desconhecida”, quer dizer, de nenhum ou quase ne-
nhum trato. Dessa maneira salva-se o caráter reservado que, como “sacerdotisa”, tem que exibir

583
a yoguini; no ocidente não existem sacerdotisas iniciadas no Tantra e, portanto, é necessário
tomar à mulher Kaly em um sentido hierático que restitui o caráter sacerdotal de sua função
iniciadora.
Vejamos agora quais são os traços mais marcantes da mulher Kaly.
No Oriente afirma-se que “a mulher Kaly é prostituta”, mas, naturalmente, a palavra
“prostituta” alude ali a outro sentido, diferente do de “comercio sexual por dinheiro” que se
lhe outorga no Ocidente. Há ali um conceito, desconhecido no Ocidente, de “prostituta sa-
grada” para definir à certa classe de sacerdotisas que, em determinadas datas, oficiam a iniciação
(DIKSHA) tântrica dos sadhaka, praticando o maithuna. Mas tais sacerdotisas, ainda que co-
pulam com diferentes homens em cada iniciação, não o fazem por dinheiro, prazer, ou qualquer
outro motivo de interesse material; senão pelo objetivo religioso de “representar a esposa de
Shiva” durante as bodas mágicas celebradas nos chacras do sadhaka. O que se desconhece no
Ocidente é que a “prostituição sagrada” não é simplesmente uma prática que pode ensinar-se e
aprender-se por qualquer mulher, senão que, os Gurus selecionam especialmente as mulheres
que vão seguir o sacerdócio para detectar com exatidão à mulher Kaly. É tão desconhecido esse
tema que à muita gente lhe custa aceitar o fato de que um Iniciado Kaula pode saber se uma
mulher tem condições de ser uma “prostituta sagrada” com somente observar os olhos, ainda
que se trate de uma menina. A incompreensão que produz esse tema demonstra a diferença
tremenda que existe entre a mentalidade ocidental e a oriental... com desvantagens esotéricas
para a primeira. O “observar seus olhos” não se trata de um eufemismo, senão de uma verdade
literalmente transcrita; pois NOS OLHOS DA MULHER KALY, HÁ GRAVADO UM SÍM-
BOLO DE MORTE. Quem não saiba “ler” esse signo, especialmente o sadhaka ocidental,
deverá distinguir à mulher Kaly, segundo já dissemos, por sua conduta sexual. Como? Porque
há algo especial em sua conduta sexual que não possui a mulher Eva e que se explica perfeita-
mente com o conceito oriental de “prostituta sagrada”. Em efeito; a mulher Kaly é “prostituta”
mas essa palavra não alude ao “comercio carnal” senão à UMA ATITUDE PARTICULAR
EM RELAÇÃO AO SÊMEM DO HOMEM que só possuem elas e que, no Ocidente, é muito
característica das verdadeiras prostitutas, as que “fazem amor por dinheiro” segundo reza o
lugar comum, mas que de nenhum modo é exclusiva das “mulheres públicas” senão que dá-se
também com muita frequência entre as “mulheres honestas”, quer dizer, aquelas que copulam
tanto quanto ou mais que as “rameiras” mas “não o fazem por dinheiro”. Seja como for, o
importante é que a mulher Kaly demonstra “uma atitude particular em relação ao sêmem do
homem” que a caracteriza, que é inata, quer dizer “não se adquire por aprendizado”; e que pode
antecipar-se se soubesse ler o “signo da morte” que está gravado em seus olhos. Expressaremos
sinteticamente qual é tal atitude, mas haverá que refletir-se muito sobre isso pois há aqui, enco-
berta, uma das chaves do Mistério de Amor: A MULHER KALY É AQUELA QUE TENTA

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ARRANCAR, POR QUALQUER MEIO, O SÊMEM DO HOMEM. A raiz dessa caracte-
rística é que os sadhaka orientais devem submeter-se a uma rigorosa preparação física mental
para controlar a ejaculação seminal durante o maithuna; não se trata somente de retenção semi-
nal e de inverter o sentido do orgasmo, senão de superar toda a poderosa força de vontade que
a mulher Kaly aplica para apoderar-se do sêmen e exteriorizá-lo no mundo. Para completar o
conceito há que se ver na atitude da “mulher Kaly” uma dissociação do prazer e da unção
sexual. O prazer não é geralmente para ela a culminação do ato sexual, uma espécie de recom-
pensa por um trabalho bem feito, senão que, pelo contrário, existe uma eterna insatisfação na
mulher Kaly que constitui um dos motivos de sua prostituição. Não é que a mulher Kaly não
experimente o prazer do orgasmo; sua insatisfação não tem origem fisiológica, mas psicológica
e até nos atreveríamos a dizer “espiritual”, se soubéssemos que não seríamos mal-entendidos e
que “se sabe” de que classe de mulheres estamos falando.
De tudo quanto temos dito sobre a mulher Kaly, será na dissociação do prazer onde
deverá buscar-se a diferença fundamental com a mulher Eva. Esta coloca como principal obje-
tivo do sexo a busca do prazer e jamais se lhe ocorrerá, a não ser circunstancialmente, ou por
alguma perversão, não “provocar” nada no homem e muito menos encobrir A TODO MO-
MENTO a intenção de arrancar seu sêmen. Por conseguinte, a mulher Eva “entrega-se” ao ato
sexual de uma maneira totalmente passiva, esperando “receber” o prazer. A mulher Kaly, pelo
contrário, é totalmente ativa e transcorre com lucidez o maithuna tentando provocar o orgasmo
masculino.
Essas atitudes “passiva” e “ativa” de Eva e Kaly relacionam-se com certos mitos antigos
que os hebreus expurgaram dos relatos do Gênesis; relatos de origem Atlante que Moisés reco-
lhera no Egito. Antes da censura, o Gênesis narrava a história de Adão no Paraíso fazendo
menção a DUAS mulheres que foram suas esposas; a primeira, Lilith, cujo mágico nome desa-
pareceu completamente da Bíblia, mas que ainda se conserva em numerosos midrash hebreus;
e a segunda, Eva, a quem o Gênesis atribui uma participação fundamental na queda de Adão,
chamada sugestivamente de “mãe de todos os mortais”. Que ocorreu com Lilith, a primeira
esposa de Adão? Robert Graves, após investigar junto ao rabino Raphael Patai, centenas de
midrash e documentos da tradição judia, recopilou os mais importantes mitos em seu livro “Los
Mitos Hebreos”; ali lemos o seguinte, como resposta: “Adão e Lilith nunca encontraram a paz
juntos; pois quando ele queria deitar-se com ela, Lilith considerava ofensiva a postura deitada
que ele exigia. 'Por que tenho que deitar-me debaixo de ti? – Perguntava – Eu também fui feita
com pó, e, portanto, sou igual a ti'. Como Adão tratou de obrigá-la a obedecer pela força, Lilith,
irada, pronunciou o nome mágico de Deus, elevou-se no ar e lhe abandonou. ” Após, em outro
mito, explica-se que Deus criou uma segunda esposa para Adão, Eva, empregando uma costela
ou “a cauda”, tal como foi escrito finalmente no Gênesis. Do que não restam dúvidas é de que
o mito anterior, que algum dia foi considerado uma verdade tão certa como os restantes relatos

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da Bíblia, tem milhares de anos de antiguidade; e que deve registrar, como todo mito, uma
origem transcendente, uma alusão a alguma verdade primordial. Nesse sentido não se deve
estranhar que Lilith, após sua fuga do Paraíso, passou a converter-se em uma figura demoníaca,
um “demônio de luxúria”, segundo as Tradições do Oriente Médio, especialmente árabes, ju-
dias, assírio – babilônicas e sumérias, pois, já o dissemos, “Lilith no mundo é Kaly”.
Não é nossa intenção desvendar o mito antes apontado; só queremos destacar que há
milhares de anos, muito antes de existir o tantrismo, JÁ SE SABIA QUE A MULHER KALY
DESEMPENHA UM PAPEL ATIVO DURANTE O ATO SEXUAL E QUE EXIGE,
PARA ISSO, UMA POSTURA DETERMINADA. E por isso o sadhaka ocidental não tem
necessidade de estudar o Kama sutra para estabelecer sua posição durante o maithuna: a mulher
“abaixo”, em atitude passiva, corresponde ao tipo “Eva”; e a mulher “acima”, de joelhos, em
atitude ativa, expressa claramente ao tipo “Kaly”. O sadhaka ocidental que decidir empreender
o Quinto Desafio tem que estar preparado mentalmente para receber à Kaly. Nem por um
instante pode pensar em obter prazer do maithuna e, pelo contrário, tratará de envolver-se de
um clima de sagrada expectativa. A mulher Kaly, já o advertimos, pode não ser agradável, es-
pecialmente se foi encontrada no mundo da prostituição; mas é inevitável que assim ocorra
devido ao Mistério de A-mor. A mulher Kaly, que é capaz de revelar a Kaly, representa também
ao Kaly Yuga; e por isso sua fealdade será tanto mais terrível quanto mais perto se encontra
uma sociedade do “fim do Kaly Yuga”, quer dizer: quando mais profundamente nos interna-
mos no espírito do Ocidente. Esta é a mensagem Hiperbórea que contém a denominação
“Idade Kaly”, de que falávamos em outro inciso. A mulher Kaly demonstra uma atitude especial
em relação ao sêmen do homem que, segundo dissemos, é característica da prostituta. Podemos
extrair certas conclusões desta afirmação, que nos permitirão aproximarmos simbolicamente à
negra Kaly. Em primeiro lugar a mulher Kaly, como prostituta, não copula para procriar; e
desse modo corresponde à figura da Kaly quem, por ser o reflexo exterior de Lilith, representa
ao Espírito Feminino Hiperbóreo, o qual não possui o sexo associado a uma função reprodu-
tora. POR ISSO EXISTE UM SIGNO DE MORTE NOS OLHOS DA MULHER KALY;
PORQUE SEU VENTRE INFECUNDO CONSTITUI A SEPULTURA DA SEMENTE
HUMANA, ELA PRETENDE ARRANCAR A SEMENTE E DEPOSITÁ-LA EM SEU
VENTRE; MAS NÃO DESEJA QUE A MESMA FRUTIFIQUE; ESSA É A ATITUDE
LUCIFÉRICA DAS MULHERS KALY (ou Lilith). Ela não deseja filhos, se os tem são “não
queridos” e seguramente vêm marcados pela fatalidade. Tampouco deseja o prazer como a
mulher Eva; e se acede ao maithuna quiçá o faça por outros motivos, tais como dinheiro, curi-
osidade ou intriga. TAMPOUCO DESEJA SER AMADA, ainda que geralmente aceita os gra-
cejos de seus admiradores, quem, geralmente, ignoram a periculosidade da mulher Kaly; ELA
DESTRUIRÁ SEM PIEDADE AO IMBECIL QUE SE ATREVA A AMA-LA COM O
CORAÇÃO.

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Pelo contrário, a mulher Eva se “entrega” ao amor e ao sexo com a mesma inconsciên-
cia, desempenhando um papel passivo e secundário. Em seu ventre fértil a semente frutifica e
produz filhos da carne. Mas o mais importante é que a mulher Eva é ”mãe”, representa a Mãe
Cósmica, o Arquétipo Feminino da Shakti emanado pela Mente do Demiurgo, e por isso ex-
pressa o mesmo caráter FIXADOR da Kundalini Shakti. Quando o homem comum associa
sua vida à de uma mulher Eva, praticamente cessa a evolução de seu Arquétipo Familiar; pois
fica FIXADO no ponto de desenvolvimento alcançado até o momento em que se celebram
“as bodas da carne”. A partir dali se produz um processo aperfeiçoamento das estruturas cul-
turais que pode dar a sensação de que existe um verdadeiro progresso, mas trata-se apenas da
percepção das implementações que realiza a “pessoa” A PARTIR DO NÍVEL FIXADO. A
mulher Eva, por ser mãe, fixa a seu “esposo” em um determinado nível evolutivo do Arquétipo
Familiar; mas isso não preocupa a ninguém pois a pessoa, por temor, não deseja progredir
demasiado no desenvolvimento do Arquétipo, preferindo em troca, manter-se dentro dos limi-
tes formais a que o cinge o “olhar” de sua mulher de carne.
A mulher Kaly manifesta uma particular predileção por destruir a obra da mulher Eva,
a quem despreza, empregando para isso o poder de seu Signo de Morte. Ela dispõe dos meios
para “encantar” o bom esposo e afastá-lo do círculo fixador de seu matrimônio da carne, dando
a este a possibilidade de renascer, quer dizer, de começar a viver outra história, livre já da in-
fluência fixadora da mulher de carne.
Mas, tão logo conquista seu objetivo, a mulher Kaly “quebra o encanto” e abandona,
como fizera Lilith com Adão, ao virya perdido quem, se é forte, poderá sobrepor-se e aprovei-
tará a oportunidade de voltar a viver; ou, se é pusilânime, se arrastará novamente buscando a
proteção materna e fixadora da mulher Eva. Há que se entender aqui que só aqueles viryas
perdidos que possuem alguma possibilidade de “orientar-se” são seduzidos por mulheres Kaly,
o que constitui, de certo modo, um privilégio; embora toda uma vida burguesa e prazerosa
possa ficar destruída. Em síntese: logo que a mulher Kaly haja liberado ao virya da teia de aranha
da mulher Eva, este ficará liberado à suas próprias forças; e então, aquele que for “como águia”
voará e depredará e aquele que for “como verme” arrastar-se-á e será devorado.

J – EXECUÇÃO DO RITUAL DOS CINCO DESAFIOS

O Mistério da mulher Kaly é profundo, e em muitos aspectos insondável; opaco às in-


dagações meramente intelectuais. Para saber dela o melhor é enfrentar-se ao Mistério vivente
de sua pessoa e buscar ali, nas negruras do Abismo, a revelação da verdade; cada um, assim,
captará aquela parte do Mistério que lhe corresponda, segundo a pureza de seu sangue; e se
desse contato pessoal com a mulher Kaly, dentre a imundice da sua prostituição, vê-se surgir a
horrível figura da antiga Deusa, então sim, praticamente, ficará demonstrado que a indagação
não era em vão, que não tratava-se de um capricho cultural senão de um grito que brotava do

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rio do sangue puro. Depois da visão de loucura, o virya nunca mais voltará a ser o mesmo;
efeito que não poderá lograr nenhum comentário literário ou explicação intelectual.
Por isso, resulta fútil, e até certo ponto sacrílego, comentar, como viemos fazendo, al-
guns aspectos, por mais exotéricos que eles sejam, do Mistério de Amor. Estamos persuadidos
de antemão de que a verdade esotérica permanecerá sempre oculta atrás dos símbolos, de tal
modo que nossa intenção é simplesmente aproximar ao Mistério, para que este, qual massa
gravitacional, atraia com força irresistível a consciência do virya. Não tem sido outro o critério
com o qual temos tratado o Ritual dos Cinco Desafios, tentando induzir intuições que revelam
o terrível Mistério de Amor, cuja essência esotérica está mais além, muito mais além das palavras
e dos símbolos. Agora nos cabe completar a descrição do Quinto Desafio, onde se resumirão
e cobrarão sentido os comentários e explicações prévios, e não parece ocioso agregar uma úl-
tima advertência: HÁ QUE SE TER PRESENTE QUE NINGUÉM PODE EXPOR EFE-
TIVAMENTE OS ESTADOS PSICOLÓGICOS DE UMA EXPERIÊNCIA INICIÁ-
TICA.
O MÁXIMO QUE PODE-SE PRETENDER, NESSE SENTIDO, É MOSTRAR
OS PASSOS CONCRETOS E ALUDIR AOS SÍMBOLOS FUNDAMENTAIS.
O que faremos, então, será ENSINAR UMA FÓRMULA para a iniciação tântrica oci-
dental. Mas essa FÓRMULA, que seguirá passo a passo o virya Mengano, só será desvendada
por quem haja transitado o caminho prévio, desde a Prova de Família até o Quinto Desafio, e
possua um coração duro e frio como o Monte Kailás. Ao contrário, desaconselhamos a efetuar
estas práticas a todo aquele que não reúna as condições exigidas.
No Destino do Guerreiro existem certos momentos particulares durante os quais os
antigos símbolos arquetípicos cobram vida e inserem-se dramaticamente em sua trama; a apren-
dizagem, as provas, o batismo de sangue ou fogo, o combate, a batalha, a derrota, o prêmio e
o castigo, a morte, etc., são todos etapas repetidas mil vezes em circunstâncias semelhantes por
outros tantos guerreiros. E em cada um de tais momentos o guerreiro experimenta um estado
de ânimo característico, especialmente relacionado com os símbolos concretos de que se com-
põe a estrutura dos fatos. Mengano, que é um guerreiro experiente, já conheceu as alegrias do
triunfo, a paciência do sitiador e o desespero do sitiado, o fervor da batalha, a dor de perder um
camarada, a surpresa da traição e os mil sentimentos do amor. No guerreiro todos os estados
de ânimo repousam no VALOR, sem chegar jamais a transpassá-lo. Mas o valor requerido para
empreender o Quinto Desafio é maior que o necessário para afrontar qualquer outra instância
do Destino do Guerreiro, maior ainda que a luta corpo a corpo contra um feroz inimigo que
tenta tirar sua vida. Não deve, pois, enganar à ninguém se declararmos que o estado de ânimo
de Mengano é de uma serena expectativa, de uma disposição quase religiosa frente à iminência
do Mistério; sob a serenidade das águas da alma, subjaz o fundo de aço de um valor inabalável;

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imprescindível, por outro lado, quando decide-se resolver o Mistério de Amor pela via do tan-
trismo.
Quem não conhece a ESPERA DO A-MOR7 não poderá compreender qual é o estado
de ânimo que deve guardar o sadhaka ao empreender o Quinto Desafio. No Oriente, para
reduzir tal dificuldade, exige-se ADORAR A DEUSA, DESCOBRINDO-A NA SHAKTI,
quer dizer, na yoguini. Mas essa ADMIRATIONIS SACRA é menos conhecida ainda no Oci-
dente. Por isso talvez convenha esclarecer que durante a “espera do Amor” experimenta-se um
afeto pudico e casto, “como o amor à irmã ou à noiva”, que não pode tingir-se nem por um
instante com o fogo de uma paixão cuja origem seja o desejo de possuir fisicamente à mulher;
a esta última paixão a chamamos “animal”, própria da natureza do pasu. Para compreender por
que é NECESSÁRIA tal disposição de ânimo, consideremos a seguinte alegoria: o sadhaka está
no caso daquele que extraviou uma preciosa joia, recordação de seus antepassados, da qual tem
ignorado durante muito tempo seu paradeiro; logo, um dia descobre que a mesma havia per-
manecido desde então imersa na lama de um fétido pântano; resgatá-la não parece tarefa difícil,
sem embargo é NECESSÁRIO preparar-se animicamente para superar a náusea que sobrevirá
ao entrar em contato com a miasma; se se atua prevenido, será possível vencer a apreensão;
para isso se requer muito valor e decisão; suponhamos agora que se conseguiu resgatar à joia;
entre as mãos enlodadas ela não brilha; é preciso LAVAR COM ÁGUA LIMPA, purificar,
batizar, tirar o barro, apagar as manchas, antes de GOZAR DE NOVO SUA BELEZA; SÓ
ENTÃO, SERÁ RECONHECIDA COMO A JOIA PERDIDA E SOBREVIRÁ A ALE-
GRIA DO REENCONTRO. De maneira análoga há de predispor-se o sadhaka para buscar à
Kaly, a joia enlodada, no pântano da mulher Kaly... e haverá que contar com muito valor e
decisão, e com um afeto pudico e casto, para superar sua náusea.
No Quinto Desafio, mais que em nenhuma outra via iniciática, onde o Mistério da Morte
é mais patente. Enfrentar a Kaly significa a Morte ou a loucura, que é outra classe de morte.
Mas dessa Morte é possível ressuscitar, renascer de imediato; porque a resolução de seu Misté-
rio, a gnose, situa o sadhaka Mais Além de seu alcance, tornando-o imortal. Daí a NECESSI-
DADE DO VALOR E DO PUDOR; o valor é necessário para vencer ao pudor da Morte,
que é terror. Como bem disse o Judas de Lanza del Basto 8 ao contemplar a carniça: “A atenção
de ti, Morte, nos devoraria a todos de imediato se a natureza não houvesse erigido em torno de
toda voluptuosidade o muro do pudor. O pudor de ti, Morte, é terror, e raros são quem o
forçam; seu prazer é profundo”.
Valor para vencer ao pudor da Morte, que é Terror; e casta expectativa para vencer às
paixões animais, são os dois aspectos essenciais da “espera do A-mor”. Mas, após a “espera”,

7Um conceito poético do A-mor poderá encontra-se no livro de MIGUEL SERRANO: “Nos, el Libro de la Resurreccíon”,
Ed. Kier, Buenos Aires.
8 JUDAS – Lanza del Basto – Pág. 98 – Ed. Goyanarte, Buenos Aires.

589
sobrevém o Amor, que na alegoria simboliza-se com “a alegria do reencontro” ao contemplar
à joia perdida limpa de toda imundice, quer dizer, à Lilith sob o véu terrível de Kaly. Esse A-
mor é diferente do amor e até diríamos contrário a ele; quando se possui o A-mor, já não é
possível sentir amor por nada nem por ninguém. O amor é sempre “a algo”, requer um objeto
de referência e, como toda relação, depende diretamente da estrutura cultural que é quem de-
termina, nas distintas épocas e lugares, “sua forma” característica; o amor encontra-se determi-
nado formalmente pela moral, quer dizer, pelos costumes5. O A-mor, pelo contrário não regis-
tra objeto algum de referência pois é “sujeito de si mesmo” e só é possível experimentá-lo
quando se “reencontrou” à Kaly e celebraram-se as bodas mágicas alcançando-se a individuação
absoluta. O A-mor é também, como o Gral, um reflexo da origem; mas um reflexo PROJE-
TADO SOBRE O EU; o A-MOR É, ENTÃO, A INTUIÇÃO DO VRIL. Nada externo liga
a quem alcançou a felicidade eterna do A-mor; e por isso, por carecer de amor aos objetos
externos, os gnósticos são temidos e indefectivelmente perseguidos pela Sinarquia. É que o A-
mor, segundo dissemos, é CONTRÁRIO ao amor, mas não OPOSTO a ele; sem embargo
essa diferença não costuma ser percebida e considera-se sem mais, ao A-mor como OPOSTO
ao amor. Mas o oposto do amor é concretamente o ódio; e daí a identificação entre o A-mor e
o ódio, que não constitui mais que um disparate mal-intencionado. Os SS da Ordem Negra,
por exemplo, que recebiam a iniciação de A-mor e manifestavam “uma falta total de amor pelas
coisas do mundo”, foram qualificados de “filósofos do ódio” pelos panegiristas da Sinarquia.
Naturalmente, nós opinamos que se ser valoroso e duro, mas belo como um Deus, e desprezar
a miserável obra do Demiurgo, é sustentar uma filosofia do ódio, NOS DECLARAMOS PAR-
TIDÁRIOS DE TAL FILOSOFIA! De qualquer maneira, não podemos Amar o que ama o
pasu e, seguramente, A-mamos o que ele odeia.
O sadhaka Mengano, antigo guerreiro, bebeu, já, o vinho do sangue puro, comeu a carne,
o peixe e o cereal, e meditou profundamente sobre o sentido esotérico desses Desafios. E,
como produto de tais meditações, se predispôs animicamente para “esperar o A-mor”. Vejamos
na continuação a FÓRMULA tântrica que emprega Mengano ao empreender o Quinto Desa-
fio.
Com uma mulher Kaly, que é também uma verdadeira prostituta, combinou, por uma
soma de dinheiro, sua participação no maithuna e a conduziu, para isso, a um ambiente ade-
quado; quer dizer, a um lugar onde é possível tomar um banho e ficar desnudos o tempo que
fosse necessário 9. Não existe nenhum afeto entre Mengano e a mulher Kaly, mas este não ces-

9 Nessa “fórmula” levou-se “ad extremum” o tipo da mulher Kaly ao encontrá-la no mundo da prostituição. Há que se
afirmar que ela poderia ser encontrada em qualquer outro lugar e que, tal como ocorre com o “virya perdido” que
ignora seus ancestrais hiperbóreos, muitas mulheres também o ignoram. Essas “viryas perdidas” desconhecem que NO
LADO ESCURO DE SUA ALMA HABITA A DEUSA DA MORTE, E QUE SEU TERRÍVEL PODER AS HABILITA À SACRALIZAR O AMOR
DO GUERREIRO.

590
sou de obsequiá-la e lisonjeá-la desde o momento em que cerraram o trato, elogiando sua “be-
leza” e cobrindo-a de presentes “símbolos”: flores, perfumes, pulseiras, cosméticos, etc.; e tam-
bém prometendo futuros encontros nos quais sua generosidade será ainda maior. Mengano
procura, com tão insólita conduta, criar a sensação de ser “inexperiente” ou “bobo”, para pro-
vocar na mulher Kaly a cobiça, a vaidade e o desprezo, e evitar definitivamente a possibilidade
de que surja nela algum afeto positivo. Enquanto a mulher Kaly aguarda desnuda sobre o leito,
brindando-se com a ideia de deflorar ao incauto sadhaka, este toma um banho durante o qual
intensifica o estado de ânimo de “espera do A-mor”, que já definimos. Antes de abandonar o
banho Mengano revisa os “fragmentos” do Arquétipo Familiar, Zutano, Montano, Bellano,
etc., assegurando-se de que esteja completo em seu interior; quando percebe a inequívoca sen-
sação de que o caudal de seu rio se multiplicou, recém então ingressa ao recinto da mulher Kaly.
Os olhos do gnóstico atravessam as ilusões do mundo para ver outras realidades que
subjazem mais além dos véus culturais, quer dizer, mais além da Estratégia do Grande Engana-
dor. Mas esse olhar traz à consciência imagens dramáticas que revelam a Presença do Demiurgo
em cada átomo de matéria; já não será possível para o gnóstico contemplar a natureza como
“paisagem” pois o processo dos Arquétipos psicóideos que a sustentam desenvolve-se ante sua
aguda vista. Por isso, ao observar à mulher Kaly desnuda sobre o leito, o sadhaka não pode
deixar de pensar no pântano que oculta sob imundo lodo à joia extraviada no passado. Oh
negruras do corpo e da alma! Em que profundidade encontraremos a luz da verdade esquecida?
Nesse corpo prostituído, detrás dessa vontade degradada, sob essa beleza carnal que
desvanece mostrando a corrupção em que se apoia, ali, – vejam todos! – Oculta-se a Deusa da
Morte. A ela chegamos para amá-la e superar a miséria da Vida. Oh Lúcifer, dá-nos a força de
teu Raio Verde para resistir à visão do Negro Rosto! Só assim poderemos devolver ao mundo
as maçãs da Traição Primordial! E só assim, Oh Lúcifer, poderemos reencontrar à Lilith e des-
posá-la, para re-empreender após, já transmutados, o caminho inverso que nos levará até teu
exército de heróis imortais! A contemplação da mulher Kaly, para aquele que se dispôs a “es-
perar o A-mor”, produz uma ADMIRATIONIS SACRA, uma experiência de transcendência
suprema; mas não é possível estender-se mais que alguns instantes nela.
O sadhaka Mengano situa-se junto à mulher Kaly e entretêm-se alguns minutos em um
jogo erótico que consiste em tocar, repetindo interiormente certos mantras, suas zonas eróge-
nas. O propósito deste exercício não é excitar à mulher Kaly, possibilidade remota de lograr em
uma profissional do sexo, senão, ganhar sua confiança para o pedido do BEIJO NEGRO.
Antes de explicar de que se trata, convém advertir novamente que a mulher Kaly TENTARÁ
ARRANCAR O SÊMEN DO SADHAKA POR QUALQUER MEIO o que constitui um
perigo, durante as preliminares eróticas, que pode fazer fracassar o sadhana10. Por isso exige-se

10 SADHANA = “prática tântrica”

591
uma grande concentração, não somente na retenção seminal, mas no estado anímico “pudico
e casto”, que evitará que seja dominado por paixões animais. O sadhaka Mengano volta-se de
costas para que a mulher Kaly lhe administre o BEIJO NEGRO, cerca de duas polegadas acima
do ânus; e enquanto ela o faz, ele, contendo a respiração e dirigindo a consciência ao ovo onde
dorme Kundalini Shakti, pronuncia o mantra “LILLITH”. ESTA É A PRIMEIRA CHA-
MADA À LILLITH. Após o BEIJO NEGRO deve começar o maithuna. Para isso o sadhaka
deita-se com o Lingam11 para cima e solicita à mulher Kaly que se coloque na “posição de
Lilith”, quer dizer, de joelhos, sentada sobre seu corpo, E QUE SE MANTENHA ASSIM.
Nesta primeira parte do Maithuna o Lingam deve permanecer introduzido na yoni 12 SEM
QUE OS CORPOS SE MOVAM, durante um longo tempo. As mãos do sadhaka, ao menos
em algum momento, tocam os seios da mulher Kaly; mas após as coloca, com o mudra do
punho, sobre seu umbigo.
É nesse momento que a sorte do sadhaka está em jogo e o êxito da iniciação tântrica
depende somente da pureza sanguínea do sadhaka. Entrecerrando as pálpebras, mas não o bas-
tante como para não ver através delas, e tratando de que a mulher Kaly não logre perceber se é
observada, Mengano efetua então um dos passos mais delicados de sua “fórmula”. PASSA A
SER RIO. Identifica sua consciência com a corrente líquida e logo sente-se correr, deslizando-
se por um canal, convertido em rumoroso arroio. Há que destacar que essa experiência falha
SE SÓ SE VÊ O RIO E NÃO SE EXPERIMENTA SER RIO. Pelo contrário, É NECES-
SÁRIO QUE A CONSCIÊNCIA SEJA LÍQUIDA E SE DERRAME INVERSAMENTE
POR UM LEITO QUE TEM CADA VEZ MAIOR VAZANTE.
Primeiro Mengano foi um arroio de água cristalina que corria alegremente por um canal
de margens baixas; seu “eu” estava em todas as partes, mas principalmente na superfície, con-
templando placidamente como ficavam para trás os campos cobertos de grama que se alterna-
vam, a cada tanto, com negros bosques de árvores centenárias. E logo, ao contornar a encosta
de um monte policromo, entre redemoinhos de protesto e salpicos de alegria, a confluência de
outro canal vem a somar mais caudal à corrente de Mengano.
Em pouco tempo, após várias confluências semelhantes, Mengano sentiu-se rio cauda-
loso que avançava com arrogância por um vale de baixas colinas, recortadas nitidamente contra
um céu azul, sem matizes. Os salsos, inclinados preguiçosamente, satisfazem-se em acariciar
com seus galhos as águas já não tão limpas, mas cada vez mais violentas e rugentes. Sucederam-
se incontáveis dias e noites enquanto o rio Mengano, já muito torrentoso, continuava ascen-
dendo os antigos canais, derramando-se em ruidosas cascatas, golpeando com tenacidade as
rocas das margens, arrancando as vezes frágeis arbustos e sentindo que o sol aquecia seu caudal
para sacar-lhe água, que logo a devolvia a refrescante chuva. À medida que se somavam os

11 LINGAM = pênis
12 YONI = vagina

592
caudais afluentes, as águas de Mengano tornavam-se cada vez mais vivas, já não se tratava so-
mente de peixes, répteis e crustáceos, camalotes, samambaias e vitórias régias. Todo um uni-
verso de criaturas viventes habitava e nutria-se do rio de consciência! A maioria de tais seres
eram desconhecidos ATÉ ENTÃO para o assombrado olhar de Mengano quem, pela primeira
vez, compreendia o que é um OBJETO-SÍMBOLO-VIVENTE. Há certos órgãos no corpo
humano, que a cultura nos assegura, que são comuns a todos os homens, e dos quais suspeita-
mos sua existência em nosso corpo, mas aos que não poderemos ver jamais, a menos que faça-
mos nossa própria dissecação; da mesma maneira, como se logo pudéssemos tomar consciência
desses órgãos, dos quais temos apenas obscuras intuições, assim foi o descobrimento que fez
Mengano daqueles símbolos viventes, que eram tão seus como os órgãos de seu corpo e que
haviam permanecido até então indiferenciados como estes. E por isso, enquanto fluía caudaloso
por um país de altas montanhas nevadas e temíveis nevascas, era consciente da abrumadora
multiplicidade de si mesmo e chorava lágrimas salobras que se fundiam nas profundidades de
sua consciência líquida.
Os rios afluentes apresentavam-se cada vez mais espaçados, até que desapareceram por
completo. Mengano então havia transformado-se em um rio muito largo e torrentoso que ainda
corria rugente entre montanhas cheias de neve e geleiras preguiçosas que descarregavam na
água seus blocos de gelo. Logo, as cadeias montanhosas, que se abriam a ambos os lados do rio
Mengano, foram distanciando-se entre si deixando livre o espaço de um grande vale. A largura
do rio também cresceu, embora tenha diminuído a profundidade, e suas águas difundiram-se
bruscamente em um enorme estuário, cuja boca parecia conectar-se com um mar de tamanho
incomensurável. Mas não era um mar, senão, outro rio, de caudal imenso, ao que Mengano
reconheceu imediatamente como o “Rio Villano”, a corrente hiperbórea do sangue puro QUE
CONDUZ “ADVERSO FLUMINE” 13 À ORIGEM EXTRATERRESTRE de sua extirpe.
Quando a consciência fluente que era o rio Mengano desembocou no Rio Villano, experimen-
tou por um instante esse milagre que se chama EXPANSÃO GNÓSTICA. Como se uma
enorme gota de óleo se estendesse sobre a água em todas as direções, assim se expandia gnós-
ticamente a consciência de Mengano. E uma nova e infinita multiplicidade de objetos-símbolos-
viventes incorporava-se à sua consciência emergindo das águas recém-descobertas. A “lou-
cura”, pensou Mengano, consistia sem dúvida em deixar-se absorver pelo caudal daquele Rio
fabuloso; e realmente só o treinamento prévio, seu valor sem limites e o estado de ânimo que
ainda conservava, de “espera do A-mor”, o estavam salvando de perder-se na inconsciência
daquelas águas escuras e impenetráveis, mas ferventes de vida imanifestada. Por que o Rio da
herança hiperbórea era um enxame espantoso de símbolos viventes e de toda classe de objetos,
já flutuando, já submersos, que demonstravam sua demencial opulência; havia ali por exemplo,

13 ADVERSO FLUMINE = rio acima, contra a corrente

593
ilhas habitadas por antepassados mortos, quem saudavam com gritos veementes o passo in-
verso da consciência líquida; e antigas cidades submergidas; e barcos de mil épocas distintas
navegando com rumo incerto; e animais desconhecidos ou quiçá inexistentes; e infinitas mara-
vilhas mais que resultaria impossível descrever. A expansão gnóstica levou Mengano a descobrir
um mundo novo, mas esse mundo era o da loucura primordial que sobreveio após a Traição
dos Siddhas e a Queda do Espírito; a partir dali já não poderia voltar SEM CAIR NOVA-
MENTE NA CONFUSÃO, pois o “enxame espantoso”, que ia crescendo atrás, lhe cortaria o
passo modificando o canal pelo qual subira ao Rio Villano, ou abrindo outros canais que só
seriam canais sem saída. De fato, Mengano era consciente que o estuário e as montanhas para-
lelas já não existiam mais e que, voltando atrás, só encontraria o extravio da loucura.
Mas tão nefasta possibilidade não preocupava a Mengano, pois sua decisão de seguir até
o fim era inclaudicável e, ademais, sua vontade via-se gnósticamente fortalecida à medida que a
corrente ancestral o aproximava à origem do Mistério. Mengano, a essa altura do trajeto, havia
notado que o manto de uma penumbra crescente ia cobrindo-o à medida que avançava. Logo
compreendeu que as águas do Rio hiperbóreo corriam pelo fundo de um monstruoso e pro-
fundo cânion escavado na negra roca, após uma erosão fluvial de milhões de anos, cujas altíssi-
mas paredes impediam a chegada da luz. Mas a penumbra ia tornando-se cada vez maior devido
a que o cânion se estreitava permanentemente, até que ao fim converteu-se em uma afilada
garganta pela qual a água corria gorgolejando. E então sim, a escuridão foi total. As tenebrosas
profundidades da garganta pela qual se deslizava lhe impediram advertir a tempo que aquele
canal ia morrer de encontro à ladeira de uma montanha colossal, tingida de uma cor dourada
maravilhosa; por isso, só pôde ter dela uma visão fugaz antes de ver-se precipitado em suas
entranhas, ao derramar-se a totalidade do caudal por uma aterradora fenda com forma de yoni.
Embora as águas, consciência líquida, planavam completamente a capacidade do túnel de pedra,
Mengano pressentia de alguma maneira misteriosa um bramido distante, que por momentos
era semelhante a um uivo penetrante e lhe fazia pensar em uma besta ferida. Levava bastante
tempo circulando pelo interior da montanha dourada; e como o caudal era muito forte, cabia
supor que se ainda não a havia atravessado, seu diâmetro deveria ser excepcionalmente grande,
qualidade que provocava a admiração de Mengano. Logo o estrondo foi ensurdecedor e ficou
claro que não havia nenhuma besta ferida, senão que, o bramido o produziam as águas ao cair
a profundidades ainda mais escuras e terríveis. E a titânica cascata também consumiu a consci-
ência líquida de Mengano; e este, ao cair irremediavelmente ao abismo, também rugia e bra-
mava, presa de uma fúria Berserker. Depois de tão atroz e estrepitosa queda sobreveio uma
súbita quietude que Mengano só pôde apreciar quando conseguiu sobrepor-se à violência do
salto e ao terror do abismo. Maravilhado compreendeu que as águas do Rio hiperbóreo ali-
mentavam um lago situado no interior da montanha dourada, no centro de uma enorme ca-
verna cujas dimensões não se atrevia a imaginar. Uma suave penumbra crepuscular, procedente,
ao parecer, de uma fosforescência das rochas, contribuía a acrescentar aquele mágico clima de

594
paz e serenidade. Tendo um rosto humano Mengano teria sorrido, mas sua alegria por haver
chegado até ali, depois de recorrer tanta distância, manifestava-se igualmente nessa suave on-
dulação que agitava a superfície do lago e que era, de certo modo, um sorriso aquático. Perdida
a noção do tempo, poderia permanecer indefinidamente ali, com a consciência difundida em
um suave remanso que acariciava as margens rochosas e recebia em sua superfície o reflexo
esfumaçado da caverna crepuscular. Sim; havia permanecido muito tempo assim, como um
lago de consciência, SE UM MOVIMENTO NO REFLEXO não houvesse atraído brusca-
mente sua atenção. Algo havia movido-se sobre um setor menos iluminado da margem! E
Mengano, que acreditou estar só, viu-se logo aguçando sua percepção líquida para captar com
o espelho d'água de seu rosto a causa daquele movimento, uma causa que aparentemente não
poderia ser “vivente”, pois a vida resultava inconcebível ali, nessa ignota caverna oculta nas
entranhas de rocha da montanha dourada. Mas a imagem de espanto que se refletia no “lago
Mengano” desmentia essa suposição; era sem dúvida um “homem” que havia estado recostado
no tronco da macieira, junto à margem, e que agora incorporava-se trabalhosamente! Mas
quando esteve completamente em pé, Mengano compreendeu que aquele Gigante Branco não
era humano; e teve o pressentimento de que encontrava-se frente ao Grande Antepassado Hi-
perbóreo. Queria conservar sua serenidade de lago mas um terror insensato agitava-se nas pro-
fundidades de sua alma líquida; e, quando o Gigante aproximou-se o suficiente como para re-
fletir uma imagem nítida, algo COMO UM RUBOR INCONTROLÁVEL produziu círculos
concêntricos na superfície, ondas que denunciavam a inquietude de Mengano. Uma vergonha
infinita apoderou-se de Mengano ao descobrir, refletida no espelho d'água de sua consciência,
a miséria primordial de si mesmo. E a tal perturbação, somava-se o horror de comprovar que
o rosto do Gigante estava VOLTADO ÀS COSTAS, como se em um tempo remoto houvesse
girado sua cabeça uma “meia volta” ficando assim fixada para sempre. Sem embargo, o que
mais impressionou a Mengano foi o conhecimento de que AQUELA ÁGUA que plenava o
lago subterrâneo, e que era a fonte do Rio Villano e dos incontáveis rios que havia remontado
em sentido inverso para chegar até ali, CORRIA ABUNDANTEMENTE DE UMA FERIDA
SITUADA NO PEITO DO GIGANTE. Ao saber daquele tormento milenar, que havia dei-
xado marcado um sinal de dor no rosto do Grande Antepassado, um último e terrível estreme-
cimento comoveu completamente a consciência de Mengano. Sem poder conter-se, a voz de
Mengano elevou-se desde a superfície líquida:
– Lúcifer, Oh Lúcifer!
E como um amargo lamento, a Voz do Grande Antepassado perguntou:
Quem pronunciou o nome do Grande Chefe? – E logo prosseguiu – Senti agitar-se a
Fonte do Sangue Puro...
Não sei teu nome... – respondeu Mengano desde a superfície do lago.

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Todo nome é uma catástrofe, uma chaga no inferno do Demiurgo.... Antes éramos no-
meados porque sabíamos nomear..., mas tu, Espelho do Sangue Puro, esta manchado pela lou-
cura do mundo e necessita de palavras... eu era ANIR, lembras? Mas, ainda sou? Espelho do
Sangue Puro; tua loucura ao perguntar por mim é o reflexo de minha própria loucura, do antigo
extravio que nos multiplicou e nos submergiu na escória da matéria... ao princípio amamos,
lembras? ... ao princípio amamos...
Vim a buscar-te, Oh Anir, – ascendeu tremula a voz do Lago Mengano – para que tu
me guies à origem de nossa raça imortal. Poderás fazê-lo?
Já não posso ver a origem, não compreendes que meu rosto está voltado a outro lado?
E ademais estou moribundo... fui ferido no começo, durante o combate de A-mor, e a ferida
infligida jamais voltará a sanar... A menos que ela...
Oh Anir, eu desejo curar-te! – Afirmou Mengano – Poderás recuperar tua eternidade!
Veio comigo a mulher Kaly e está esperando AFORA! Ela te devolverá a honra se tu lhe con-
cedas a honra de desposá-la para sempre! Oh Anir, Grande Antepassado Hiperbóreo, Raiz de
Minha Estirpe, não volte a abandonar jamais à Kaly!
Suspirou o gigante ferido, com um gesto de infinito cansaço, enquanto em seus olhos
brilhava o fogo da antiga paixão inextinguida, renovada agora pela promessa que brotava do
Lago Mengano de reencontrar à mulher Kaly.
Sim, – assegurou o Grande Antepassado com demencial resolução – você está certo,
Espelho do Sangue Puro, estou disposto a contemplar minha morte, e logo, a morrer mil vezes
mais, somente POR CONTEMPLAR DE NOVO O ROSTO DELA! ... Oh Espelho; que
nos sucedeu? Que é essa embriaguez de Abismo com que nos derrotaram? Éramos como deu-
ses... se ao menos conservasse meu tridente, a nova luta seria mais parelha..., mas assim, ferido
e acorrentado, sem possibilidade de olhar à Origem de frente porque não tenho um rosto que
enfrente, estou condenado ao extravio eterno! ... A menos que Ela..., mas não devo fazer esperar
à prometida!
Então, avançando com um passo vacilante, tropeçando nas correntes que prendiam seus
tornozelos, sangrando profusamente pela antiga ferida, SEM VER AONDE AVANÇAVA,
pois, seu rosto estava “voltado às costas”, O Grande Antepassado quis caminhar em direção
ao lago. Mas, embora muito pouca distância o separava do lago subterrâneo, não resultava tarefa
fácil chegar até ele, pois um intumescimento de séculos havia endurecido seus membros; no
entanto, em seguida rolou pelo solo rochoso, deslizou-se na descida da margem e finalmente
mergulhou silenciosamente nas águas vivas do Lago Mengano. E Mengano, nesse momento,
teve a sensação de estar no centro de uma explosão de fogo que expandia-se abarcando não só
os Rios do Sangue Puro, mas também a totalidade do microcosmo. Jamais acreditou o sadhaka
Mengano, antes daquele maithuna, que chegaria a conhecer uma paixão tão terrível e voraz

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como essa, que constituía, sem embargo, a única motivação AO MUNDO EXTERIOR por
parte do Grande Antepassado. Mas tal gnose era necessária, como veremos, para COMPLE-
TAR A FÓRMULA do Quinto Desafio.
Quando o Grande Antepassado submergiu-se no espelho do Lago Mengano, já não
houve objeto a refletir nem imagem refletida, toda diferença consumiu-se na explosão de fogo,
e a consciência do virya Mengano e de Anir foram novamente uma só. A TOTALIDADE DO
SANGUE ERA ENTÃO “PURA”, TRANSMUTADA GNOSTICAMENTE, MAS TAM-
BÉM ERA “FOGO”, PELO MISTÉRIO DE A-MOR. O passo seguinte da FÓRMULA
cumpriu-se nesse momento da expansão ígnea e a transmutação do sangue. Desde que iniciara-
se o maithuna, e Mengano PASSOU A SER RIO, até o instante da expansão ígnea e do Re-
gresso do Grande Antepassado, só haviam transcorridos alguns minutos, quiçá dez ou quinze;
mas durante esse tempo a mulher Kaly permaneceu imóvel, na posição de Lilith, pois assim
estava acertado de antemão. Sem embargo, após o Regresso de Anir, mesmo sem ser clarivi-
dente, qualquer uma notaria que o semblante do sadhaka resplandecia numa expressão de luci-
férica felicidade; no entanto uma inspeção mais minuciosa teria observado a suave aura verdosa
que agora estendia-se em torno de seu corpo. A mulher Kaly não pôde deixar de notar a mu-
dança, e foi talvez por isso, ou por uma compulsão inconsciente, que começou a mover-se
ritmicamente com a decisão tomada de ARRANCAR O SÊMEN DO SADHAKA. Enquanto
o entusiasmo dela aumentava, Mengano (ou Anir) contemplava seu duro rosto sem ser notado,
pois havia entreaberto as pálpebras até permitir apenas a passagem de um fraco raio de luz.
Fazia isso pois aguardava o momento em que se cumpriria a sentença do Tantra Hiperbóreo:
O ÓDIO DA MULHER KALY ABRE AS PORTAS DA ETERNIDADE. E nessa sentença
apoiava-se, em grande medida, o êxito de sua FÓRMULA.
Segundo a Sabedoria Hiperbórea, nessa sentença encontra-se a verdadeira solução ao
Mistério da Esfinge.
Para aplicar dita sentença no sadhana, o Tantra Hiperbóreo afirma que: “DURANTE
O MAITHUNA COM A MULHER KALY, SE O SADHAKA CONSEGUE RETER SEU
SÊMEN EVITANDO QUE ELA O SEPULTE EM SEU VENTRE INFECUNDO, O
ÓDIO DA MULHER KALY ABRIRÁ AS PORTAS DA ETERNIDADE”. O ódio produz-
se quando a ela se faz patente que não logrará “arrancar o sêmen”; é nesse momento que
“abrem-se as portas da eternidade”; por isso há que se estar atento, sem que ela o note, às
variações de seu duro rosto; pois, como diz o Tantra Hiperbóreo, “AS PORTAS DA ETER-
NIDADE SÃO OS OLHOS DA MULHER KALY”. Não convém agregar mais comentários
a este Mistério; mas vale a pena recordar que ao observar os olhos da mulher Kaly, se está
contemplando um SIGNO DE MORTE.
O olhar de Mengano, como em um sonho, estava cravado nos olhos da mulher Kaly;
enquanto que esta, ofegando raivosamente, subia e baixava se corpo para friccionar o Lingam

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com sua Yoni. E os olhos da mulher Kaly, brilhantes de Luxúria, estavam também cravados no
rosto do sadhaka, tratando de adivinhar o momento de seu orgasmo e simulando com suspiros
fingidos e gritos estudados o próprio orgasmo; tratava de enganar ao sadhaka sobre os efeitos
que sua virilidade supostamente produziam nela, para induzi-lo desse modo a completar o coito.
Mas, à medida que transcorria o tempo sem que o maithuna culminasse na ejaculação do sêmen,
a fúria dos movimentos foi-se moderando; e quando, num dado momento, a mulher Kaly teve
a convicção de que o orgasmo nunca chegaria, UMA CHISPA DE ÓDIO EMERGIU DAS
NEGRURAS DE SUA ALMA E EXPLODIU ELETRICAMENTE EM SEU ROSTO. Foi
só um instante, mas foi suficiente para que o olhar atento de Mengano-Anir descobrisse que os
olhos da mulher Kaly haviam-se transformado em duas janelas de terrorífica negrura.
Devemos declarar que este é o momento crucial do Quinto Desafio: se no sadhaka pre-
domina a Vontade do Grande Antepassado, então tudo estará perdido; POIS ELE VOLTARÁ
A CAIR e, nesse instante de máxima tensão bioelétrica, AMARÁ AFORA À MULHER
KALY, COMO ANTES AMOU À MULHER EVA, ENTREGANDO-LHE SEU SÊMEN;
mas se o “eu” reorientado, que busca o caminho inverso do retorno à origem, é quem impõe à
vontade na conduta do sadhaka, a imortalidade será possível, pois este não temerá ASSOMAR-
SE À ETERNIDADE.
No sadhaka Mengano predominava, ainda por sobre a paixão devoradora de Anir, uma
vontade inquebrantável de regressar à origem. Por isso, quando os olhos da mulher Kaly foram
como fendas tenebrosas, mais além do Signo da Morte, Mengano assomou-se a seu Mistério e
compreendeu que aquelas Portas de Eternidade conduziam à uma Noite mais negra que todas
as noites criadas pelos Deuses, a um Vazio que jamais seria plenado por nada nem por ninguém,
a um Nada absoluto e incognoscível que, sem embargo, era razão e matriz de toso Ser. E então
ocorreu o milagre proibido à natureza mortal: MENGANO SENTIU A-MOR POR
AQUELA NOITE ETERNA, KALY! Oh Kaly! Por uma Alquimia que só poderá conhecer
quem haja penetrado o véu terrível do Mistério de A-mor, o ÓDIO DA MULHER KALY
TRANSMUTOU-SE NO A-MOR À KALY. Que ocorreu na continuação? O frio. O frio da
Noite Eterna apagou a paixão primordial no sangue do sadhaka e deixou a seu coração gelado
para sempre. Sentindo a seu coração gelado de A-mor, o olhar de Mengano regressou das pro-
fundidades da Noite Eterna à orbita de seus olhos entrecerrados; e então, ao abri-los, compro-
vou com horror que a Noite Eterna também lhe Amava e lhe havia seguido até seu mundo,
ATRAVESSANDO EM SENTIDO INVERSO O SIGNO DA MORTE. Porque ali não
estava já a mulher Kaly, senão uma Deidade temível e vingativa que exigia de imediato a morte
por A-mor.
Kaly era a representação da Noite Eterna e como tal era negra e aterradora; estava des-
nuda e suas formas não eram belas, mas sim, opulentas e grosseiras; de seu pescoço pendia um
colar com incontáveis crânios enlaçados como contas; eram as cabeças de seus amantes, os que

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haviam morrido por A-mor à Ela, assassinados por Ela; pois a Deusa é a Suprema Prostituta, a
que compartilha o A-mor com todos seus amantes, mas também é a Esposa Ciumenta, a que
não aceita ser traída por nenhum deles. E embora sabia o que Ela exigiria, ao contemplá-la
dançando sobre seu ventre, Mengano voltou a sentir desde seu coração de gelo que a A-mava
mais além de todo limite. Por isso, contendo a respiração, levou sua consciência até o ovo de
Kundalini Shakti e, sobre ele, projetou duas vezes o mantra “Lilith”. ESTA É A SEGUNDA
CHAMADA À LILLIH.
O sadhaka Mengano olhava enfeitiçado de A-mor como a Kaly bailava em torno de seu
Lingam ereto a dança da imortalidade, desenhando com seus pés e com os mudras de suas
mãos as Runas da Morte.
Quando comprovou que a Deusa já havia dançado quatro vezes, soube que ao culminar
a quinta morreria. E não obstante esta certeza, aguardou com calma a quinta rodada. E só
quando a espada pôs-se ameaçadora, sustentada por um férreo e negro braço que mudava fre-
neticamente de lugar ao ritmo da dança, Mengano atinou a conter a respiração e projetar sobre
o ovo Kundalini Shakti, por três vezes, o mantra “Lilith”.
ESTA É A TERCEIRA CHAMADA À LILLITH, e é o passo final da FÓRMULA.
Ao nomear pela terceira vez o mantra, O OVO ROMPEU-SE! E dentre as membranas rasga-
das nasceu à vida o Logos Plasmador, plasmando por sua vez com a forma hiperbórea da Di-
vina Lilith. Mas tão perfeita era sua beleza, tão cegadora a luz de seu olhar azul, tão embriagador
o perfume de seus cabelos de seda, tão doce o som de seu sorriso, tão suave sua pele de veludo,
tão irresistível o desejo de A-mor de sua Absoluta Presença Feminina, que VÊ-LA E DES-
POSÁ-LA É UM SÓ ATO. Por isso, ao romper-se o ovo, instantaneamente produz-se o or-
gasmo interior, com o sêmen saltando adentro para fecundar à Desposada, quem só parirá ao
“Filho da Morte”. Em efeito; Lilith foi desposada pelo Grande Antepassado e a este é a quem
imortalizará ao recriar o microcosmo com o poder de se Verbo, segundo já se explicou anteri-
ormente; mas ao recriá-lo, O FAZ NASCER DE NOVO e é, portanto, seu filho, um Filho da
Morte.
Estamos expondo em separado aspectos de um só ato; pois no mesmo momento do
orgasmo, enquanto Lilith é desposada “adentro”, uma violenta espada seccionava a cabeça do
sadhaka Mengano; mas aquela cabeça era também a do Grande Antepassado Anir, a que não
podia olhar à origem; e por isso o sadhaka Mengano, ao sentir o horrível grunhido das vértebras
cervicais ao quebrarem-se, enquanto mergulhava na Negra Noite da Morte, pensava que perder
aquela cabeça extraviada constituía sem dúvida nenhuma uma libertação. E assim resultava que
um instante depois de desposar à Lilith, morria decapitado seu Esposo; quem ressuscitaria logo
em seguida como Filho da Morte. E Ela, que nascia já desposada, convertia-se quase imediata-
mente em Viúva.

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Eis aqui os paradoxos que se apresentam EM TODAS AS VIAS DE LIBERTAÇÃO;
O SIDDHA IMORTAL É FILHO DE SI MESMO, E TAMBÉM FILHO DA VIÚVA E
FILHO DA MORTE. Mas somente o KULATANTRIKA, quem ofertou sua cabeça no altar
de Kaly, é chamado CAPUT NIGER, CABEÇA NEGRA.
Voltamos ao Quinto Desafio. Após decapitar ao sadhaka, Kaly enfiou sua cabeça no
colar e logo, sempre dançando, PENETROU NO CORPO RECÉM RESSUSCITADO DO
SADHAKA. O fez pelo lado, introduzindo-se e cerrando atrás de si, aquela antiga chaga que
segundo mentem alguns, também teria Jesus Cristo.
Repetimos novamente que o assassinato do sadhaka por Kaly e o nascimento e boda de
Lilith ocorrem simultaneamente, porque tais sucessos são aspectos diferentes de um só e
mesmo ato: a consumação do A-mor. Quando o sadhaka A-ma à Kaly “afora”, recupera à Lilith
“adentro”, consumando com Ela as bodas mágicas, o coito do qual nascerá o Filho da Morte;
por isso a felicidade de possuir à Lilith é indescritível, assim como o é, o êxtase com que culmina
o maithuna, o orgasmo do A-mor sem amor no qual o sêmen SALTA ADENTRO e repara o
Erro Original.
Não devem restar dúvidas sobre o nascimento de Lilith a partir da ruptura do ovo Ku-
ndalini Shakti: LILLITH NÃO FOI “CRIADA” POR UM ATO DE IMAGINAÇÃO, NEM
TAMPOUCO DEVE SER IDENIFICADA COM KUNDALINI. Pelo contrário: KUNDA-
LINI É PARA LILLITH COMO O CORPO HUMANO É PARA O ESPÍRITO HIPEBÓ-
REO; UM VEÍCULO DE MANIFESTAÇÃO. A fórmula para recuperar à Lilith foi a se-
guinte: ao contemplar a NOITE ETERNA, através dos olhos da mulher Kaly, o sadhaka pro-
jeta sua recordação sem rosto da mulher hiperbórea; e A NEGRA ETERNIDADE, DESDE
A MATRIZ DE SUNAIDA, DEVOLVE AO SADHAKA O ROSTO DE SUA A-MADA,
O QUE SIGNIFICA: DESOCULTA PARA ELE O VÉU DO ESQUECIMENTO E LHE
DEFRONTA COM O ESPÍRITO DA MULHER HIPERBÓREA QUE FOI SUA ES-
POSA DAS ORIGENS. Mas esse contato tanto tempo esperado DÁ-SE ATRAVÉS DO
MUNDO, POR INTERMÉDIO DA MULHER KALY; e por isso o espírito da mulher hi-
perbórea manifesta-se primeiro externamente, vindo desde a eternidade ATÉ o mundo e
DESDE o mundo ATÉ o sadhaka. É necessário, então, dar um corpo ao Espírito, para A-ma-
la e desposá-la. Ao ingressar ao mundo desde a ETERNIDADE, o Espírito Dela é Kaly; e
porque é Kaly já tem rosto; e ao plasmar com seu rosto o ovo do Logos Plasmador, já tem
corpo; mas ao romper-se o ovo, Kaly “entra” porque ela é “o Espírito Dela”, quem deve nascer
com o Belo Rosto de Lilith; mas, antes de entrar, assassina ao sadhaka decapitando sua cabeça
invertida, pois só quem esteja morto “afora” pode ser ressuscitado “adentro”.
Há outro aspecto terrível deste Mistério ao qual não podemos fazer vista grossa; para
conseguir a imortalidade há que desposar à Lilith; portanto: Lilith deve viver! Para que Lili viva
é necessário outorgar-lhe um corpo de Kundalini Shakti, portanto há que plasmar o ovo! Para

600
plasmar o ovo há que contar com a dança de Kaly; portanto: Kaly deve revelar-se ao sadhaka!
Para que Kaly revele-se é necessário o ódio da mulher Kaly; portanto: A mulher Kaly
fará possível que emerja Kaly! Para que emerja Kaly a mulher Kaly abrirá seus olhos à eternidade
invertendo seu Signo de Morte que já não estará “afora” senão “adentro”; portanto a mulher
Kaly deve morrer! Em efeito: a imortalidade do sadhaka implica a morte da mulher Kaly. Morte
iniciática, morte simbólica ou morte real por desencarnação? Quem pode responder com cer-
teza? Cada sadhaka ocidental, como Mengano, deverá resolver por si mesmo este Mistério.
Expusemos com certo detalhe a “fórmula” de Mengano para demonstrar que o tan-
trismo é algo mais que um jogo erótico ou uma série de técnicas sexuais para “melhorar a união
conjugal”. Seguimos este caminho porque queremos desencorajar as práticas tântricas naqueles
viryas que não estejam capacitados para A-mar à Kaly. Porque esta via só oferece a libertação
àqueles que, como Mengano, não temem entregar seu crânio para que adorne o colar da Deusa.
Como epílogo do 8° comentário, podemos resumir o exposto afirmando que Mengano,
sadhaka ocidental, empreendeu com êxito o Ritual dos Cinco Desafios e conseguiu seu objetivo
estratégico de imortalizar o corpo físico e alcançar a individuação absoluta. Sem embargo, en-
tendemos que um epílogo tal, ainda sendo exato, pode resultar insuficiente para quem interroga-
se sobre os passos POSTERIORES de Mengano: Nunca se poderá falar do que ocorre DE-
POIS da iniciação? Se nos mostra um Ritual no qual se logra despertar a Kundalini e imortalizar
o corpo físico; significa isso que se alcançou o Vril? E... etc. … etc.
Naturalmente, não é aconselhável responder racionalmente a tais perguntas; e por isso
ninguém que possua as respostas chegará a comentar dessa maneira o Mistério do renascimento
e da imortalidade. Podemos sem embargo aproximarmos ao Mistério se acudirmos à linguajem
simbólica com o qual aquele se expressa. Eis aqui, então, um novo epílogo:
Por uma praia arenosa, ladeada de variada folhagem, caminham de mãos dadas Ela e
Ele. Ao fim detêm-se; frente a eles está a água. Apontando com o indicador ao horizonte dis-
tante, Ele diz:
– Mais além da água está a montanha e, detrás dela, o Vril. Temos a Gnose; só nos falta
recuperar o poder, Oh A-mada.
E Ela, sorrindo docemente responde:
Oh A-mado: o Fim e o Princípio estão agora a nosso alcance, até onde iremos?
Devemos ir ao Princípio – respondeu Ele – que será nosso Fim.
Oh A-mado: seremos capazes de abandonar estas Delícias novamente? … Quanto
Tempo estivemos separados...!
Seremos fortes! Já não te amarei sobre a praia, nem na água, a ti que és suave como um
sopro; agora tenho o coração gelado de A-mor, e teu rosto, que resplandece de brancura, me

601
ama desde a eternidade da Noite. Escute, A-mada, o segredo que nos custou tanto conhecer:
O Grande Enganador levantou um Paraíso em torno do Vril. Muitos regressam ao Paraíso,
mas poucos se atrevem a CRUZÁ-LO e marchar mais além...
E seguiram de mãos dadas. As vezes Ele detinha-se e dançava, e então Ela o chamava
Shiva. E quando Ela dançava Ele lhe dirigia doces olhares e a chamava Parvati. Mas outras
vezes Ele desembainhava sua espada, radiante de beleza, e Ela tornava-se leve e voava como o
vento; e então eram Lúcifer e Lilith, marchando à Origem... E tinham muitos outros nomes
que eram, como estes, resquícios de antigos ciclos de A-mor.
Um dia chegaram muito perto do lugar por onde haviam ingressado no passado, naquele
tempo sem Tempo, quando ainda não conheciam o significado da palavra “lágrima”. Reconhe-
ceram com horror o bosque de maçãs e escutaram como seus frutos lhes chamavam, entre risos
e promessas. Mas desta vez não se detiveram. E ao sair do bosque encantado comprovaram,
estremecidos de felicidade, que ainda estava abandonado naquele local o veículo que algum dia
os trouxera desde Hiperbórea. Visto de fora parecia talhado em mármore, com suas oito janelas
e sua torre pontiaguda, semelhante ao capacete dos sacerdotes tailandeses. Entraram de costas,
por uma das janelas, e puseram seus pés no corredor circular do interior. Antes de abraçarem-
se e cobrirem-se de carícias mútuas, olharam pela última vez, através das janelas, o Horror da
Besta. Logo A-maram-se sem reservas, livres já da Loucura, e então, pois, todavia, continuavam
de costas, APRONTARAM-SE PARA GIRAR O ROSTO PARA DENTRO DA NAVE,
PARA ENFRENTAR A VERDADE.

602
TOMO XI:
ESTRATÉGIA “O” DOS SIDHAS LEAIS

A – O GRAL: ATO DE GUERRA DE KRISTOS LUCIFER

No capítulo anterior, mencionamos “a estratégia” que os Siddhas usam para neutralizar


“a cultura”, arma estratégica inimiga, e a explicamos por meio de uma alegoria, consistente em
uma mensagem carismática. Esta mensagem perseguiu dois objetivos: 1º DESPERTAR; 2º
ORIENTAR para a "saída secreta", "centro" ou Vril; e, nesse exemplo em particular, a "saída"
foi depois de descobrir "o anel", isto é, depois de ter tornado consciente o PRINCÍPIO DO
CERCO.
No entanto, a segunda parte da mensagem, a CANÇÃO DO AMOR, forneceu ao ou-
vinte a possibilidade de "encontrar a saída" através de seis rotas diferentes para a OPOSIÇÃO
ESTRATÉGICA (com base no princípio do cerco). Em todo caso, esta Estratégia, como a
descrevemos, com suas sete formas possíveis de libertação, responde a objetivos puramente
individuais, isto é, dirige-se exclusivamente ao homem (virya perdido). Então, agora temos que
declarar que a mesma forma parte (a parte "individual") de uma concepção maior, a que cha-
mamos: Estratégia "O".
A Estratégia "O" é fundamentalmente destinada a obter a libertação individual do ho-
mem; mas, em certas ocasiões históricas favoráveis, os Siddhas buscam "orientar" a raça como
um todo para forçar a mutação coletiva 14. Neste caso, os "líderes", muitas vezes "enviados"
pelos Siddhas e outras vezes "iluminados" por eles, são responsáveis por projetar carismatica-
mente as diretrizes estratégicas na cidade, procurando REINTEGRA-LA À GUERRA CÓS-
MICA. Para que tal tarefa seja realizada com probabilidades de sucesso, é necessário que os
"líderes" tenham um elemento externo, localizado no mundo, que represente de forma irrefu-
tável a origem divina da raça. Este elemento externo também deve demonstrar o compromisso
assumido pelos Siddhas de "induzir" os Viryas a retomar a guerra contra o Demiurgo e sua
resolução de "esperar" pelos Kalpas que são necessários enquanto eles ganham a liberdade. Por
estas condições, pode ser entendido que o dito "elemento externo" é uma verdadeira PEDRA
14 No livro 4, se discute o significado que deve ser dado ao termo "coletivo" na Sabedoria Hiperbórea, que difere de seu
significado usual.

603
ESCANDALOSA para o Demiurgo e suas hostes demoníacas e que todo o Seu Poder, que é
a Grande Decepção, está determinado a alcançar sua destruição ou não mantê-la em alcance do
homem.
Mas, apesar da contrariedade que tal ação causou no inimigo, os Siddhas cumpriram sua
parte da Aliança Primordial e, com um desprezo admirável para com o Poder das Forças do
Inferno, depositaram-na no mundo e protegeram-na de qualquer ataque para o que os homens
ou seus líderes carismáticos a descubram e lhe deem seu significado.
A estratégia "O" dos Siddhas é então dirigida para a parte interna de cada homem pelos
"cânticos carismáticos", tentando despertar neles a memória do sangue e induzi-los a seguir
alguns dos sete caminhos da libertação. Mas também procura promover a raça como um todo,
de modo que ela deixe de marchar no sentido "evolucionário" ou "progressista" da História e,
rebelando-se contra o Plano do Uno, em um salto inverso, transmuta as "tendências animais
do pasu" e recuperar sua natureza divina (hiperbórea). Para alcançar este segundo propósito,
não mais individual, mas racial, dissemos que um "elemento externo" está disponível.
Qual será, concretamente, esse "elemento externo", essa "coisa" à qual atribuímos pro-
priedades tão maravilhosas? É algo cuja única descrição tomaria vários volumes e que, para
resumir, chamaríamos GRAL. Sendo impossível revelar aqui um Mistério que tenha sido im-
penetrável para milhões de pessoas, tentaremos, como de costume, "aproximá-lo" por meio de
alguns comentários.
Nós estávamos imaginando qual seria a coisa CONCRETAMENTE maravilhosa que
agora sabemos que é chamada GRAL. Vamos começar por aí. Especificamente, o Gral é uma
pedra, um cristal, uma gema; disso não há dúvida. Mas NÃO É UMA PEDRA TERRESTRE;
disso também não há dúvida. Se não é uma pedra terrestre, é possível perguntar-se qual é a sua
origem: a Sabedoria Hiperbórea afirma que VEM DE VÊNUS, mas não assegura que esta seja
a sua origem. Podemos supor, por falta de outra precisão, que os Senhores de Vênus a trouxe-
ram para a Terra, daquele planeta verde. Mas os "Senhores de Vênus" não são originalmente
de Vênus, mas de Hiperbórea, um "centro original" que não pertence ao Universo material e
cuja "memória de sangue" levou muitos viryas perdidos a identificá-lo erroneamente com um
"continente nórdico" ou "polar", "desaparecido". De acordo com a Sabedoria Hiperbórea, o
Gral foi trazido para o Sistema Solar pelos Siddhas IMEDIATAMENTE APÓS SUA RUP-
TURA PELA PORTA VENUS PARA SER INSTALADO NO VALHALA. Seja como for,
há outro ASPECTO CONCRETO que deve ser levado em conta: o Gral é uma pedra preciosa
que tem a maior importância para os Siddhas, a ponto destes não estarem dispostos a ABAN-
DONAR OU A PERDER. Pela camaradagem e solidariedade para com os viryas perdidos,
eles a situaram no mundo; mas no final dos tempos, o Gral será recuperado e retornará ao seu
lugar de origem.

604
A que se deve esse imensurável interesse de preservar a joia misteriosa? A Joia que nin-
guém seria capaz de imitar neste ou em outros mundos: nem os Mestres Ourives, nem os De-
vas, nem os Anjos Planetários, Solares ou Galácticos, etc. Porque o Gral é uma joia da Coroa
de Cristo-Lúcifer, aquele que é mais puro que o mais puro dos Siddhas, o único que pode falar
face a face com o Incognoscível.
Cristo-Lúcifer é aquele que, ESTANDO NO INFERNO, ESTÁ ALÉM DO IN-
FERNO. Sendo capaz de permanecer na Hiperbórea, à luz do Incognoscível, Cristo-Lúcifer
quis vir ao resgate dos espíritos cativos, estrelando o incompreensível sacrifício de Sua Própria
VERDADE. Ele se instalou como o Sol Negro do Espírito, "iluminando" carismaticamente,
de "atrás" de Vênus, através do Paraclito, diretamente no sangue dos viryas perdidos.
Como uma pedra preciosa do Senhor Gallardo ficou manchada caindo aqui, na Terra,
um dos esgotos mais nojentos dos Sete Infernos? Porque Ele assim o quis. Cristo Lúcifer deu
o Gral aos Siddhas COMO GARANTIA de seu compromisso com o homem, de seu sacrifício
e COMO UMA PROVA MATERIAL IRREFUTADA DA ORIGEM DIVINA DO ESPÍ-
RITO.

B – O PODER DO GRAL

O Gral é, neste sentido, um REFLEXO da origem divina, que guiará como um farol o
curso hesitante dos espíritos rebeldes que decidem deixar a escravidão de Jeová-Satanás.
Já vimos o que o Gral é: uma joia da coroa de Cristo-Lúcifer. Vamos ver agora o que o
Gral REPRESENTA para os espíritos cativos. Em primeiro lugar, o Gral está ligado à EN-
CARNAÇÃO DOS ESPÍRITOS e seu significado deve primeiro ser buscado em relação a esse
Mistério. Isto é explicado se considerarmos que milhões de anos atrás, quando os Siddhas Trai-
dores se aliaram ao Demiurgo Jeová-Satanás para dar corpo aos espíritos Hiperbóreos, Cristo-
Lúcifer entregou sua gema para que a VERDADE DA ORIGEM DIVINA PUDESSE SER
VISTA COM OLHOS MORTOS. É por isso que o Gral, colocado no mundo como prova da
origem divina do espírito, DÁ SENTIDO A TODAS AS LINHAGENS HIPERBÓREAS
DA TERRA. Para ele, o sangue dos viryas, ainda mergulhado na mais tremenda confusão,
sempre reivindicará sua ORIGEM EXTRATERRESTRE. A presença do Gral, em princípio,
PREVINE O INIMIGO DE NEGAR OS ANCESTRAIS HIPERBÓREOS. Mas assim
como o Gral dá um sentido cósmico à História do homem, conectando-a com a raça imortal
das origens, DIVINIZA as linhagens hiperbóreas da Terra, assim também para o Demiurgo,
pela presença do Gral, essas linhagens se tornam " causa de escândalo" e objeto de perseguição
e escárnio, de punição e dor. As linhagens DIVINAS Hiperbóreas serão, do Gral, LINHA-
GENS HERESES "condenadas" por toda a "eternidade" (um manvantara) por Jeová-Satanás.
O Gral chegou a despertar lembranças indesejáveis, a valorizar o passado do homem; será então

605
a memória e o passado que mais serão atacados e a sua influência apontará em grande medida
a Estratégia Sinárquica. Sejamos capazes de perceber esse ataque, que é evidente para o olhar
gnóstico, e compreenderemos com maior profundidade a função HISTÓRICA do Gral, para
colocá-lo em evidência dedicaremos os parágrafos seguintes.

C – REAÇÃO DO DEMIURGO CONTRA O PODER DO GRAL

O crime principal do homem tem sido negar a supremacia de "Deus", isto é, do demi-
urgo terrestre Jeová-Satanás, e se rebelar contra a escravidão. Mas o homem é um ser miserável,
imerso em um inferno de ilusão em que ele sente-se insensatamente "à vontade", sem chance
de quebrar o feitiço por si só. Se ele negou o Demiurgo e "se rebelou" foi em virtude de um
agente externo, mas: que "coisa" no mundo pode ser capaz de DESPERTAR o homem, de
ABRIR SEUS OLHOS para a divindade esquecida? "Se tal coisa existe, os Demônios dirão, é
o mais abominável objeto de criação material". Mas essa "coisa", esse "objeto abominável", não
é deste mundo; e ele "comeu" o homem-espírito cativo. Essa "fruta verde", que mais tarde será
chamada Gral, é um alimento que fomenta a GNOSIS PRIMORDIAL, isto é, com o conhe-
cimento da verdade das origens. Para o Gral, fruto proibido por excelência, o homem saberá
que é imortal, que possui um espírito divino acorrentado à matéria, que vem de um mundo
impossível de imaginar NO INFERNO DA TERRA, mas pelo qual ele SENTE NOSTAL-
GIA e ao qual QUER VOLTAR. Por Gral o homem se lembrou!
Aqui está seu primeiro crime. Lembrar a origem divina será, doravante, um pecado ter-
rível; e aqueles que cometeram isso devem pagar por isso. Essa é a Vontade do Demiurgo, a
"Lei de Jeová-Satanás". Serão seus ministros, os Demônios de Chang Shambala, que estão en-
carregados de executar a sentença, cobrando a punição em uma moeda chamada dor e sofri-
mento. O instrumento será, naturalmente, a encarnação, repetida mil vezes em transmigrações
"controladas" pela "Lei" do Carma, declarando cinicamente que a dor e o sofrimento são "para
o bem" dos espíritos, "para favorecer a evolução". Se "o mal" está no sangue, então ele será
enfraquecido ao favorecer a mistura racial e se tornará impuro envenenando-o com o MEDO
DO PECADO. O resultado será a CONFUSÃO ESTRATÉGICA do espírito e a completa
escuridão do passado do homem. "No passado não há nada digno de ser resgatado", as pessoas
sensatas afirmarão por milênios, em coro com os Demônios da Hierarquia. A teologia, e até
mesmo a mitologia, falarão sobre o pecado do homem com a linguagem do Demiurgo: "pe-
cado", "queda" e "punição". A "ciência", por outro lado, nos mostrará um cenário mais desa-
lentador: "provará", usando impurezas fósseis, que o homem descende de um protosímio cha-
mado "hominídeo", isto é, do animal miserável e desprezível que foi o antepassado do PASÚ.
A "ciência" levou o passado do homem à sua degradação mais dramática, ligando-o "evolutiva-
mente" a répteis e vermes. Para o homem moderno, não haverá mais ancestrais divinos, mas

606
sim macacos e trilobitas. Você realmente precisa começar de um ódio sobre-humano para de-
sejar que o homem se humilhe tão tristemente. Mas vamos deixar de lado a tristeza, vamos ser
otimistas. Por que olhar para o passado, digamos Sinarquia com a voz da ciência e da teologia,
se o homem é "algo projetado para o futuro"? No passado, não há nada digno de respeito:
crustáceos marinhos primitivos afundaram na lama tentando ganhar o ambiente terrestre, im-
pulsionado pela "evolução"; Milhões de anos depois, os macacos decidem se tornar homens:
impulsionados novamente pela milagrosa "lei da evolução", tornam-se bípedes, fazem ferra-
mentas, comunicam-se falando, perdem os cabelos e entram na História; e então vem a história
do homem: os documentos, a civilização, a cultura. E na História a "evolução" continua impla-
cável, agora convertida em uma lei mais inflexível chamada dialética: os erros da humanidade
(guerras, intolerância, fascismo) são "erros"; os acertos (paz, democracia, ONU, vacina Sabin)
são "sucessos". Da luta dialética entre sucessos e erros surge sempre um estágio mais elevado,
um benefício para a humanidade do FUTURO, confirmando a tendência evolutiva ou progres-
sista. Não é essa tendência progressista na História TUDO O QUE É ESPERADO DO PAS-
SADO?
É por isso que somos otimistas; olhe para o futuro; ali estão os bens, todas as realizações;
o teólogo assegura que trará um Juízo FUTURO e aos bons serão abertas as portas do paraíso;
Os rosa-cruzes, maçons e outros teosofistas, situam no futuro o momento em que, parcial-
mente concluiu a "evolução espiritual", o homem se identifica com sua mônada, isto é, com seu
"arquétipo divino", e é incorporada às Hierarquias Cósmicas dependentes do Demiurgo; e até
mesmo os materialistas, ateus ou cientistas, apresentam uma imagem feliz do futuro: eles nos
mostram uma sociedade perfeita, sem fome ou doença, onde um homem, um tecnocrata e
desumanizado, reina alegremente sobre legiões de androides e robôs. Não vamos abundar em
detalhes sobre um fato óbvio: tentamos apagar o passado do homem desconectando-o de suas
raízes hiperbóreas; NÃO SE LOGROU SUCESSO PARA APAGAR COMPLETAMENTE
o passado; mas, em compensação, foi possível criar uma fratura metafísica entre o homem e
seus ancestrais divinos e de tal modo que, no presente, um abismo o separa das memórias
primordiais; um abismo que tem um nome: confusão. Paralelo a um propósito tão sinistro, "o
homem foi projetado para o futuro", um eufemismo usado para descrever a ILUSÃO DE
PROGRESSO sofrida por membros de civilizações modernas. Tal "ilusão" é culturalmente
gerada por poderosas "ideias de força" (o "sentido da história", a "aceleração histórica", o "pro-
gresso científico"; a educação"; civilização vs. barbárie; etc.) habilmente empregado como arma
estratégica. Os homens, condicionados dessa maneira, acreditam cegamente no futuro, olham
apenas para ele, e até fatalistas, que imaginam um "futuro negro", admitem que se uma exceção
imprevisível ou um milagre oferece uma "saída" para a civilização, é, em todo caso, no "futuro";
o passado é, em todo caso, uma razão para a indiferença geral.
Este "fato óbvio" representa, sem dúvida, um importante triunfo para Sinarquia; mas

607
um triunfo que não é definitivo. Em efeito; vimos que a pressão máxima da Estratégia Sinár-
quica é aplicada em apagar o passado, em obscurecer a memória da origem divina, e que tal
ataque é produzido como uma reação à ação gnóstica do Gral. Mas o Gral não é apenas um
fruto proibido, consumido pelo homem nos tempos antigos, imediato a sua escravização.
O Gral é uma realidade que permanecerá no mundo enquanto o último espírito hiper-
bóreo continua cativo. Pelo Gral, é sempre possível ao homem ACORDAR E RECORDAR.
Mas, para desfrutar de sua gnose, é essencial entender que o Gral, como REFLEXÃO DE
ORIGEM, brilha no sangue DESDE O PASSADO. Sua luz vem APÓS O SENTIDO DO
TEMPO e é por isso que ninguém que sucumbiu à Estratégia Sinárquica pode receber sua
influência. Já verificamos que uma poderosa estratégia cultural "projeta o homem para o futuro"
e tenta apagar seu passado e confundir suas memórias. Mas o Gral NÃO DEVE SER PRO-
CURAR OLHANDO PARA O FUTURO porque nunca será encontrado. Estritamente fa-
lando, o NÃO SE DEVE BUSCAR O GRAL EM ABSOLUTO, se com tal verbo "BUSCAR"
queremos dizer uma ação que implica "movimento". Somente o Gral procura "aqueles que não
entenderam seu significado metafísico e acreditam, em sua ignorância, que é um "objeto" que
pode ser "encontrado". Lembre-se de uma das histórias medievais sobre o Gral que, embora
deformada por sua adaptação judaico-cristã, mantém muitos elementos da Tradição Hiperbó-
rea. Nele Parsifal, o louco puro, sai para "procurar" o Gral. Em sua ignorância, ele comete a
loucura de empreender a busca "viajando" cavalheirescamente através de diferentes países. Este
"deslocamento" visa essencialmente o Futuro, porque em todo movimento há uma temporali-
dade imanente e inevitável e, naturalmente, Parsifal nunca "encontra" o Gral "procurando-o"
pelo mundo. Eles gastam anos de buscas fúteis até entenderem essa verdade simples. Então,
um dia, completamente nu, ele aparece diante de um castelo encantado e, uma vez lá dentro, O
GRAL APARECE (ele não consegue encontrá-lo) e seus olhos estão abertos. Observa então
que o TRONE ESTÁ VAZIO e decide reivindicá-lo, finalmente se tornando Rei. Devemos
ver nesta alegoria o seguinte: Parsifal entende que o Gral não deve ser pesquisado no mundo
(Valplads), através do tempo (fluindo consciência do Demiurgo), e decide usar uma VIA ES-
TRATÉGICA HIPERBÓREA. Para isso, fica "nu" (sem as premissas culturais preeminentes)
em um castelo ("quadrado" fortificado pela lei do cerco) dessincronizando-se do "tempo do
mundo" e criando um "tempo próprio", inverso, que "aponta para o passado". Então Gral
aparece e "abre os olhos" (memória do sangue, Minne). Parsifal adverte que "o trono está vago"
(que o espírito ou Vril pode ser recuperado) e decide reivindicá-lo (ele passa pelos testes de
pureza dos caminhos secretos de liberação) e se torna Rei (é transmutado em imortal Siddha).
Esperamos ter deixado claro que o Gral não deve ser procurado, uma vez que ele apa-
rece apenas quando a consciência do virya se dessincronizou do tempo do mundo e foi despo-
jada da máscara cultural.
Desejamos agora mostrar outro aspecto da reação do inimigo que motivou a presença

608
do Gral.
Pelo Gral, o homem comete o crime de despertar. Ele "pecou" e o castigo é cobrado na
moeda da dor e do sofrimento, pela encarnação e pela lei do Carma. Aqueles encarregados de
vigiar a Lei, e aqueles mais ofendidos pela memória hiperbórea dos homens despertos, são os
"anjos da guarda", isto é, os Demônios de Chang Shambala e sua Hierarquia Branca. Existe,
além disso, uma REAÇÃO DIRETA DE DEMIURG que deve ser conhecida. Mas, como tal
reação tem sido repetida muitas vezes desde que os espíritos hiperbóreos foram acorrentados
ao jugo da carne, uma exposição completa deve cobrir um enorme período de tempo, que vai
além da história oficial que está perdida na noite da Atlântida e Lemuria. Claro, não podemos
embarcar em uma história semelhante; e por essa razão nos referiremos apenas à reação do
Demiurgo EM TEMPOS HISTÓRICOS; mas não se deve esquecer que tudo o que é dito
sobre esse fato NÃO É EXCLUSIVO DE UMA IDADE, mas já foi e certamente será nova-
mente. Quando surge a questão, ingênua: como são os mundos dos quais o espírito cativo vem?
Acreditando que pode haver alguma imagem que represente a inimaginável Hiperbórea, a Sa-
bedoria Hiperbórea geralmente responde com uma figura metafórica; ele diz para o aprendiz
ignorante: "Imagine que uma partícula de poeira recebe um fraco reflexo dos Mundos Verda-
deiros e suponha que, então, a partícula seja dividida e reorganizada em partículas infinitas. Faça
outro esforço de imaginação e suponha agora que o universo material que você conhece e ha-
bita foi construído com os pedaços daquele grão de poeira. A Sabedoria Hiperbórea diz a você:
se você é capaz de reintegrar em um ato de imaginação a imensa multiplicidade do cosmo na
partícula original, então, vendo-o em sua totalidade, você perceberá um fraco reflexo dos Mun-
dos Verdadeiros. Se você for capaz de reintegrar o Cosmos em uma partícula de poeira, verá
apenas uma imagem distorcida da pátria do Espírito. Isso é tudo o que pode ser conhecido
AQUI. " A metáfora se torna transparente se considerarmos que o Demiurgo construiu o Uni-
verso imitando uma imagem desajeitada e deformada dos Mundos Verdadeiros. Ele respirou o
Seu Sopro na matéria e ordenou-o com o propósito de "copiar" a débil reflexão que uma vez
recebeu das Esferas Incriadas. Mas nem a substância era adequada nem o Arquiteto estava
qualificado para isso e, somado a esses males, deve ser considerada a perversa intenção de fingir
REINAR COMO DEUS DO TRABALHO, semelhança (?) Do Incognoscível. O resultado
está à vista: um inferno maligno e insano, no qual, muitas vezes após a sua criação, por um
Mistério do Amor, incontáveis espíritos imortais foram escravizados, acorrentados à matéria e
sujeitos à evolução da vida.
A principal característica do Demiurgo é evidentemente a IMITAÇÃO, por meio da
qual ele tentou reproduzir os Mundos Verdadeiros e cujo resultado foi este Universo material
vil e medíocre. Mas é nas diferentes partes de Sua Obra que se observa a persistência alucina-
tória em imitar, repetir e copiar. No Universo "o todo" é sempre uma cópia de "alguma coisa":
os "átomos", todos semelhantes; as "células" que são divididas em pares análogos; os "animais

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sociais" cujo instinto gregário é baseado na "imitação"; a "simetria", presente em uma infinidade
de fenômenos físicos e biológicos; etc. Sem entrar em mais exemplos, pode-se afirmar que a
esmagadora multiplicidade formal do real é apenas um produto ilusório do cruzamento, inter-
secção, combinação, etc., de algumas poucas formas iniciais. Na verdade, o Universo foi feito
a partir de alguns elementos diferentes, não mais do que vinte e dois, que suportam, por suas
combinações infinitas, a totalidade das formas existentes.
Tendo em mente o princípio imitativo que rege o trabalho do Demiurgo, podemos agora
considerar sua REAÇÃO DIRETA diante da presença do Gral.

D – A “RAÇA SAGRADA” HEBRAICA

Dissemos que o Gral DIVINIZA as linhagens hiperbóreas, provando irrefutavelmente


a verdade da origem; e que a reação dos Demônios foi considerá-los como LINHAGEM HE-
RÉGES, digna da mais terrível punição.
Mas enquanto os Demônios estavam ocupados punindo os Viryas com as pesadas cor-
rentes de Carma, a atitude do demiurgo seria muito diferente. Ele, de acordo com sua caracte-
rística, quis imitar e até superar as linhagens hiperbóreas, fundando uma RAÇA SAGRADA
que o representa DIRETAMENTE, isto é, que CANALIZA sua VONTADE; e através dele,
reinar sobre espíritos encarnados. Uma "raça sagrada" que se ergue em meio aos povos conde-
nados à dor e ao sofrimento da vida e que, triunfando sobre eles, acabam infligindo a humilha-
ção final de submetê-los à Sinarquia dos Demônios. Então as linhagens Hiperbóreas, afundadas
na lama da degradação espiritual, exalarão seus últimos lamentos e aqueles gritos de dor, aqueles
gritos de pavor, serão a doce música com a qual a raça sagrada dará a seu "Deus" Jeová-Satanás,
o Demiurgo da Terra. Como já dissemos, o Demiurgo tentou essa tática muitas vezes; "Os
ciganos", por exemplo, são o remanescente étnico de uma "raça sagrada" que prosperou no
final da Atlântida, quando os Siddhas da Face Negra submeteram a Sinarquia do Horror às
linhagens Hiperbóreas. Os espíritos encarnados estavam lá precipitados às práticas mais infa-
mes: o sangue divino foi degradado e confundido pela mistura indiscriminada de raças e, o que
é pior, cruzamentos entre homens e animais foram manejados com a ajuda da magia negra;
milhares de vítimas humanas sacrificaram-se para saciar a sede de sangue de Jeová - Satanás,
adorado ali em seu aspecto de "Deus dos exércitos infernais". A crueldade, a orgia coletiva, as
diferentes formas de dependência de drogas, etc., eram todos "costumes" que as linhagens hi-
perbóreas haviam adotado; enquanto os olhos da "raça sagrada" brilhava de alegria, o olhar do
Demiurgo, a Sinarquia do Horror, exercia sua tirania de oricalco. Em tal estado de degradação,
ninguém foi capaz de receber a luz do Gral nem ouvir o canto dos Siddhas. É por isso que
Cristo Lúcifer decidiu manifestá-lo à vista dos homens. Ele fez isso, acompanhado por um
guarda dos Siddhas Hiperbóreos, e isso determinou o fim da Atlântida ...

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Mas esta é uma história antiga. Mais recentemente o Demiurgo resolveu REPETIR no-
vamente, imitando as linhagens Hiperbóreas, com a criação de uma "raça sagrada" que o repre-
sentaria e à qual o alto destino do reino sobre todos os povos da Terra será reservado. Com o
pacto de sangue celebrado entre Jeová-Satanás e Abraão, a "raça sagrada" é fundada e seus
descendentes, os hebreus, constituirão o "povo escolhido". Assim como os espíritos hiperbó-
reos divinizados pela presença do Gral representam a "linhagem herética" por excelência, os
hebreus, diante deles, serão apresentados como a "linhagem mais pura da Terra". Israel, o povo
escolhido por Jeová-Satanás para ser seu representante na Terra, que títulos ele exibirá como
prova irrefutável de que tal é a Sua Vontade? O Demiurgo, seguindo seu sistema usual de "imi-
tação", raciocina desta maneira: "Se pela gema de Cristo-Lúcifer, o Gral, a linhagem Hiperbórea
tiver sido divinizada, também por uma "pedra do céu" a linhagem de Cristo será consagrada.
Abraão Vou colocar no mundo uma pedra sobre a qual a Minha Lei será escrita como uma
prova irrefutável de que Israel é o povo escolhido, diante do qual outras nações devem se hu-
milhar ". Essa é a reação direta do Demiurgo. Escolhe a parte da humanidade com as pessoas
mais miseráveis; e depois de concordar com ele, faz com que ele "cresça" à sombra de reinos
poderosos. Quando ele decide que a "raça sagrada" veio para cumprir sua missão histórica, ele
"renova a aliança" dando a Moisés a chave do poder. Então Israel, a mais pura linhagem na
Terra, atravessa os milênios e marcha em direção ao seu futuro de glória, enquanto impérios e
reinos afundam no pó da história. Sem dúvida, a reação do Demiurgo foi eficaz e os efeitos de
Sua Pedra, a força de Sua Lei, foram poderosos. É por isso que vale a pena imaginar: o que é
realmente o que Jeová-Satanás, dá aos hebreus como instrumento de poder e dominação uni-
versal? Diremos sinteticamente: as "tábuas da Lei" contêm o segredo das vinte e duas vozes
que o Demiurgo pronunciou quando ordenou o assunto e pelo qual tudo o que existe foi for-
mado. O conjunto de símbolos contidos nas Tábuas da Lei é o que antes era conhecido como
CABALA ACÚSTICA. Na Atlântida, esse conhecimento era, em princípio, o patrimônio de
outra "raça sagrada"; mas depois, os Guardiões da Arte Lítica, ancestrais dos Cro-Magnon e
pais da raça branca, passaram a dominá-la completamente.
"As tábuas da Lei" são então "a pedra" que o Demiurgo colocou no mundo como apoio
metafísico da "raça sagrada", imitando toda a linhagem "Hiperbórea / Gral". No entanto, como
em todas as "imitações" do Demiurgo, uma equivalência muito precisa não deve ser vista aqui.
O Gral, do passado, reflete para cada um dos viryas a origem divina e constitui uma tentativa
de Cristo-Lúcifer de vir em auxílio dos espíritos cativos ou, em outras palavras, a influência dos
Gral aponta ao indivíduo e ao espiritual. As Tábuas da Lei, ao contrário, apontam para o cole-
tivo e material; eles representam o pacto racial e coletivo entre Jeová-Satanás e o povo hebreu
e, além disso, seu conteúdo cabalístico revela as chaves que permitem dominar todas as ciências
materiais.

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Se a confusão estratégica, a encarnação, o encadeamento da Lei do Carma, etc., são ma-
les terríveis que afligem os espíritos hiperbóreos, a coexistência terrena com uma "raça sagrada"
de Jeová-Satanás é sem dúvida o pesadelo mais aterrador, pior do que qualquer um dos infor-
túnios mencionados. Porque, da "aliança renovada" com Moisés, a inimizade RACIAL entre as
linhagens Hiperbórea ("herética") e a linhagem sagrada ("Hebraico") será permanente e eterna,
com a desvantagem irreversível para a primeira de que a Vontade Infernal do Demiurgo será
expressa irresistivelmente através dos segundos. Após a "aparição" de Israel, somente os viryas
deixaram a alternativa dramática de retornar à Origem ou sucumbir definitivamente. Vascu-
lhando o mito hebraico de Abel e Caim, sob um véu de difamação, pode-se apreciar uma des-
crição precisa da inimizade racial e teológica entre os hebreus hiperbóreos. Neste mito, Abel,
que é pastor de rebanhos, representa o TIPO básico do hebraico; e Caim, o fazendeiro, à figura
do virya. Diz a lenda que Jeová-Satanás achou agradável o oferecimento de sangue de Abel, o
pastor, consistindo no sacrifício dos cordeiros primogênitos "com sua gordura"15.
Em vez disso, ele desprezou os "frutos da terra" exibidos por Caim, a quem ele final-
mente condenou a carregar uma "marca", um "sinal", que revelaria seu status de "assassino".
Este curioso critério afetivo de Jeová-Satanás foi perpetuado através dos séculos no ódio que
os hebreus sentem em relação às linhagens hiperbóreas, ódio que, não esqueçamos, VEM DO
DEMIURGO.
É interessante aprofundar a figura de Caim. Segundo a Bíblia, ele era, além de agricultor,
o primeiro a CONSTRUIR CIDADES MURADAS e o inventor de pesos e medidas. Seu
descendente, Tubal-Caim (desdobramento mítico do próprio Caim) era um fabricante de armas
e instrumentos musicais. Se olharmos agora para esta figura de Caim, à luz da Sabedoria Hiper-
bórea, verificaremos que ela possui muitos dos atributos característicos dos Viryas Hiperbóreos.
Em primeiro lugar, a associação da agricultura com a construção de cidades muradas é uma
antiga fórmula estratégica hiperbórea usada recentemente, por exemplo, pelos etruscos e roma-
nos, e que foi expressa com perfeição pelo rei alemão Enrique I, o Pajarero, ídolo de Heinrich
Himmler e Walter Darré16. Por outro lado, a invenção dos pesos e medidas, que os hebreus
atribuem a Caim, os gregos a Hermes e os egípcios a Thot, permite identificar Caim com esses
dois deuses hiperbóreos. E finalmente: a acusação de assassino e a condição de fabricante de
armas, claramente revela que a figura de Caim representa alguns GUERREIROS TEMIDOS,
talvez o BERSERKIR; revelar ou mostrar que a qualidade certamente aponta para a famosa
marca. Na Bíblia, o livro sagrado do "povo escolhido", no mito de Abel e Caim, as regras do
jogo são perfeitamente reveladas. Na "preferência" de Jeová-Satanás pelos pastores hebreus,
representados por Abel; e no desprezo e castigo das linhagens hiperbóreas, simbolizadas por

15 Ao avaliar as "ofertas de sangue", a figura do "pastor" nunca deve ser confundida com a do "caçador". O pastor é aquele
que abate sua vítima, ANTERIORMENTE DOMESTICADO. O caçador, por outro lado, como o guerreiro, obtém sua presa
depois de lutar com ela e superá-la.
16 Na Terceira Dissertação, "O incrível segredo de H. Himmler" irá transformar essa relação.

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Caim, surge o conflito metafísico das origens; mas agora atualizado como confronto cultural e
biológico. A raça sagrada hebraica veio trazer a Presença de Jeová-Satanás (PRESENÇA
CONSCIENTE, diferente do SANGUE PENSADOR com o qual o Demiurgo anima o as-
sunto) ao plano da vida humana, da encarnação, da dor do sofrimento. É por isso que a antiga
inimizade transcendente entre espíritos cativos e Demônios é transformada em inimizade ima-
nente entre as linhagens Hiperbóreas e o Universo material, já que a raça sagrada é
MALKHOUTH, o décimo SEPHIROTH, isto é, um aspecto do Demiurgo. Este último deve
ser entendido da seguinte forma: ISRAEL É O DEMIURGO. Vale a pena esclarecê-lo. De
acordo com os ensinamentos secretos da Cabala e como ela pode ser lida no Livro do Esplen-
dor ou SEPHER YETSIRAH, isto é, indo às fontes mais confiáveis da Sabedoria Hebraica,
para a "criação" da "raça sagrada" Jeová-Satanás manifesta um dos seus dez aspectos ou
SEPHIROTH. O décimo sephiroth, MALKHOUTH (O REINO), É O PRÓPRIO POVO
DE ISRAEL, de acordo com os textos oficiais hebraicos, que tem uma conexão metafísica com
o primeiro sephiroth, KETHER (COROA), que é a Cabeça Suprema ou Consciência do De-
miurgo.17 Em outras palavras: existe uma identidade metafísica entre Israel e Jeová-Satã ou, se
preferir, "ISRAEL É JEOVÁ-SATANÁS".
Como dissemos antes, a inimizade entre a raça sagrada e as linhagens hiperbóreas, ini-
mizade que vimos declarada no mito de Abel e Caim, significa um confronto entre estes e o
universo material, dado o caráter de Malkhouth, desdobramento do Demiurgo, que mantém
Israel Com Malkhouth, o Demiurgo quis impor A LEALDADE da linhagem sagrada hebraica
aos povos remanescentes da Terra. Se estes povos gentios ESQUECERAM O PASSADO e
se submeterem ao Plano realizado pela Hierarquia Branca, então eles aceitarão de bom grado a
SUPERIORIDADE DOS HEBREUS e o mundo seguirá em direção ao Sinarquia. Mas ai
daqueles GOYM que não renunciam à sua herança hiperbórea e persistem em lembrar o con-
flito de origens! Não haverá lugar para eles na Terra porque com a Presença de Malkhouth, a
linhagem sagrada de Israel, o Demiurgo garante sua perseguição e aniquilação imediata. Destino
dramático do espírito cativo! Durante milênios, LEMBRAR A ORIGEM, isto é, exibir uma
linhagem herética, foi punido pelos Demônios com um forte Carma, e a dor, o sofrimento, foi
tão terrível que acabou sendo esquecida. Mas, enquanto essa degradação ocorria, no fundo de
seu coração, fervendo em seu sangue, os condenados podiam participar do Minne e acessar a
GNÓSIS; Era seu direito: se ele pudesse se levantar do pântano de confusão espiritual, ninguém
poderia impedi-lo de receber a luz do Gral ou ouvir o cantar dos Siddhas. Com Israel nem esta
miserável oportunidade de despertar seria possível, porque o conflito foi levantado em termos
biológicos, raciais, culturais ...: quem se compromete na competição agora deve arriscar tudo,
porque ao confrontar Israel ele está enfrentando o mesmo Demiurgo.

17Segundo a Cabala Malkhouth, o reinado é transformado em SHEQUINAH "depois do pecado de Adão" e assim perma-
necerá, como aspecto feminino de Jeová-Satanás, "até a vinda do Messias". Para não complicar o comentário, usaremos
apenas o conceito de Malkhouth.

613
Israel avança na história com uma força irresistível. Suas grandes ideias estão lentamente
dominando a cultura do Ocidente, paralelamente ao crescimento de seu poder financeiro.
Quem será capaz de se opor à força conjunta do judaico-cristianismo, da judaico-maçonaria,
do judaico-marxismo, do sionismo, do trilateralismo?
Quem poderia "pular" os bancos de ROTHSCHILD, JACOBO SCHIFF, KUHN e
LOES, ROCKEFELLER, etc.? E quem competirá com os hebreus nos campos da ciência ou
da arte? Já descrevemos na Primeira Dissertação o fantástico PODER MATERIAL da Sinar-
quia; contra essas forças organizadas, o virya não tem a menor chance.

E – EFEITO SOCIAL DA ESTRATÉGIA 'O'

Portanto, diante desse poder formidável, a única alternativa estratégica válida é o con-
fronto racial: à raça sagrada de Jeová-Satanás para se opor à linhagem Hiperbórea dos espíritos
cativos. E neste embate de linhagens, nesta guerra trazida ao campo do sangue, o virya desper-
tado, aquele que lembra e deseja retornar, deve escutar a canção dos Siddhas e, seguindo um
caminho secreto de libertação, encontrar "a saída", conquiste o Vril e transmute-se em Divino
Hiperbóreo imortal. Terá assim cumprido a primeira parte da Estratégia "O". Mas se um líder
carismático, acordado e transmutado, se colocar à frente de uma comunidade racial e decidir
liderar os viryas de volta à origem, ele será capaz de aplicar a estratégia "O" em sua totalidade,
aproveitando a presença do Gral. Neste caso o líder irá propor a Guerra Total contra as forças
demoníacas do Sinarquia, mas especialmente ele exercerá sua pressão máxima sobre a Raça
Sagrada, porque ela representa DIRETAMENTE o inimigo, isto é, o Demiurgo Cativante. No
entanto, somente nos tempos modernos, quando a presença universal da Sinarquia e o poder
da raça sagrada permanecerem em evidência, será possível a algum Grande Chefe identificar
corretamente o inimigo e declarar guerra total contra ele. A inimizade irreconciliável entre a
linhagem sagrada hebraica e a linhagem hiperbórea herética poderia ser exemplificada conside-
rando os tempos infinitos que os confrontos ocorreram e descrevendo os diferentes resultados.
Podemos assegurar que haveria material para preencher vários volumes, e é por isso que deve-
mos ser cuidadosos e nos referir ao que é estritamente necessário para a compreensão da estra-
tégia "O" dos Siddhas. É com este critério que vamos considerar apenas um exemplo, mas um
exemplo que será altamente esclarecedor. As linhagens hiperbóreas, desde a antiguidade mais
remota e qualquer que seja a época histórica ou país considerado, sempre coincidiram que a
sociedade humana deveria se organizar em torno de três funções principais: real, sacerdotal e
guerreira. A HARMONIA e a INDEPENDÊNCIA das três funções garantiriam um certo
equilíbrio apropriado para os tempos de paz e prosperidade, ou seja, QUANDO O PRO-
GRESSO DA SOCIEDADE MATERIALMENTE RUMO AO FUTURO. Em diferentes
épocas da sua história, muitos povos da linhagem Hiperbórea experimentaram breves períodos
em que o equilíbrio das três funções permitia desfrutar dessa tranquilidade social, medíocre e

614
cortesã, que ocultava na realidade uma ausência total de contato carismático entre a massa do
povo e seus líderes, situação típica caracterizada pela indiferença geral 18. Quando uma sociedade
se estabiliza dessa maneira, a Hierarquia Branca de Chang Shambala afirma que ela "evolui" e
que "progride". Portanto, é do interesse dos demônios levar a humanidade a um estado de
equilíbrio permanente das três funções, com que propósito? Preparar o advento de Sinarquia19,
isto é, a Concentração de Poder nas mãos de uma Sociedade Secreta ou uma guilda oculta. Qual
é o propósito de concentrar poder nas mãos de seres que atuam nas sombras? A resposta está
relacionada à manifestação por parte do Demiurgo de MALKHOUTH, a raça sagrada: O PO-
DER DAS NAÇÕES PERTENCE (neste estágio do Kaly Yuga) A ISRAEL COMO A HE-
RANÇA DE JEOVÁ-SATANÁS E À PROVA DE SUA LINHAGEM TEOLÓGICA. EN-
QUANTO O TEMPO DE ISRAEL CHEGAR, A SINARQUIA SERÁ O REGENTE DO
PODER CONCENTRADO PELA HIERARQUIA BRANCA.
Entende-se que os Siddhas, em face de tal conspiração, procuram desestabilizar o equi-
líbrio sinárquico das sociedades e influenciar carismaticamente nos viryas a fim de despertar um
deles e transmutá-lo em um líder hiperbóreo. Tal é, fundamentalmente, o objetivo da Estratégia
"O". É por isso que a canção dos Siddhas chama incessantemente no sangue puro e o Gral é
uma presença permanente que mostra, para quem quiser ver, o reflexo da origem divina do
espírito.
Mas não se deve acreditar que a estratégia "O" só tenha sucesso quando ocorre uma
autêntica transmutação do virya no imortal Siddha; esse é sem dúvida o sucesso mais impor-
tante; mas não é muito frequente, especialmente no caso de líderes ou condutores de cidades.
Por outro lado, existem outros casos, não tão evidentes ou evidentes como uma transmutação,
mas cuja influência benéfica na organização das sociedades os motivou a serem considerados
sucessos da Estratégia "O". Referimo-nos especificamente àqueles líderes que, com certo grau
de inconsciência, ouvem cânticos carismáticos e intuem alguns princípios da Sabedoria Hiper-
bórea. Como não estão totalmente despertos e ignoram a origem da "mensagem", eles aplicam
os princípios estratégicos ao governo de seus povos, tomando-os como sua própria invenção.
Poderíamos abundar em exemplos, mas será de particular interesse para nós considerar-
mos o caso daqueles que "descobriram", sem saber, o princípio do cerco.
Quando um "líder do cerco" foi incorporado à estrutura mental de um líder, seu sangue
puro e, com ele, a canção dos Siddhas, impele-o a aplicar a "lei do Cerco" em todos os seus atos
concretos.
Eles surgem de sociedades privadas para teorias políticas, filosóficas, morais, etc., con-
cebidas e executadas de acordo com a lei da cerca, dentro da estrutura da Estratégia "O". Um

18 A reversão dessa apatia social requer o uso de uma Mística Hiperbórea, uma questão que será tratada no livro 4.
19 A palavra Sinarquía significa etimologicamente Concentração de Poder, de SYN = concentração e ARKHIA = poder.

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exemplo típico é a ideia do "Império Universal". Vale a pena comentar.
Quando a estratégia "O" consegue despertar a natureza divina em algum líder, é possível
que sua atividade subsequente provoque mudanças sociais notáveis. Se ele é o rei, isto é, se ele
tem a função real, ele avançará sobre a função sacerdotal e, com o apoio da função guerreira,
tentará expandir os limites de seu Estado. Se o líder é um guerreiro notável, não demorará muito
para que a coroa seja cingida e, depois de esmagar a função sacerdotal, a tarefa de organizar um
estado militar ocorra. Na maioria dos casos, o desequilíbrio das três funções é à custa da função
sacerdotal que é geralmente lunar e sinárquica. O importante é que o líder, rei ou guerreiro, ao
aplicar a lei do cerco em sua visão de sociedade, geralmente conclui concordando com a ideia
do Império Universal como o mais apropriado para demonstrar a superioridade de sua raça e
perpetuar a memória de sua linhagem. O Estado universal de Accad; os impérios da Assíria e
Babilônia; o Grande Império Persa, destruído por Alexandre, o Grande; o Império Romano;
etc., eles são projetados da mesma maneira: por cerco a aplicação da lei, no âmbito da Estratégia
"O" fizeram líderes hiperbóreos no curso de milênios. Não podemos deixar de mencionar que
muitas "ideias modernas", gravado o mesmo procedimento em sua concepção: como as dife-
rentes variantes do "nacionalismo", o fascismo, a Falange, o nacional-socialismo, a "federação"
e "confederação", etc. Estas e muitas outras teorias políticas são o produto da aplicação da lei
do cerco por alguns líderes modernos. No caso do "fascismo", o nacional-socialismo, etc., é
claro que manter uma ligação muito estreita com a antiga ideia de Império Universal, que elo-
quentemente explica por que tais ideologias foram caçadas até a destruição pela raça sagrada e
as forças da Sinarquia. É que, precisamente, a ideia do "Império Universal", que é hiperbórea e
surge da aplicação da lei da cerca, é irredutivelmente oposta à ideia de "Universal Sinarquia"
propiciada pela Hierarquia Branca de Chang Shambala, e levada a diante em favor da raça sa-
grada. Nós nos propusemos a dar um exemplo da inimizade irreconciliável entre a linhagem
hiperbórea herética e a linhagem sagrada hebraica; e isto ficou evidente na oposição entre o
Império Universal e a Sinarquia, isto é, entre suas respectivas concepções ideais de sociedade.
Munido dessas chaves, qualquer um pode rever a história e tirar suas próprias conclusões; por-
tanto, não é necessário insistir mais nisso.

F – JESUS CRISTO, IMITAÇÃO DEMIÚRGICA DE KRISTOS LÚCIFER

Nós dissemos anteriormente que a "raça sagrada" foi criada pelo Demiurgo para IMI-
TAR as linhagens Hiperbóreas e mostramos que "As Tábuas da Lei" e o terrível conhecimento
com o qual foram escritas, foram dadas aos Hebreus em SEEJANZA do Gral. Adicione agora
que a "imitação" não terminou aí; pelo contrário, durante séculos uma infernal falsificação his-
tórica foi preparada, o que nos fatos passou a significar uma queixa infinitamente mais ofensiva
do que a imitação das linhagens Hiperbóreas ou Gerais. Estamos falando da usurpação, vulga-
rização e degradação perpetradas contra a figura divina de Cristo-Lúcifer Nós já mencionamos

616
que, durante os dias de maior decadência espiritual da Atlântida, Cristo-Lúcifer se manifestou à
vista dos viryas perdidos. Sua Presença tinha a virtude de purificar e guiar muitos viryas que,
graças a esta descida ao submundo feito pelo Senhor Gallardo, foram capazes de empreender
o caminho do retorno. No entanto, a reação covarde dos Siddhas da Faz Tenebrosa, que re-
correu ao uso de magia negra para impedir o resgate, eventualmente, levou a uma guerra impi-
edosa que só terminou quando Atlântida tinha desaparecido. E, embora o continente atlante
desapareceu engolido pelas águas com milhares de anos de barbárie e confusão estratégica apa-
gados nestes fatos da história, a verdade é que o drama vivido era tão intenso que não escureceu
completamente na memória coletiva de linhagens hiperbóreas. Então, quando o Demiurgo
concebeu a ideia sinistra de imitar, de forma grosseira, a imagem redentora de "Cristo-Lúcifer
descendente entre os homens", foi inflexível que tal infâmia iria desencadear mudanças irrever-
síveis e confrontos finais.
O que o Demiurgo pretendia desta vez? Embora pareça incrível, ele desejava produzir,
imitando a transmutação hiperbórea, UM SALTO na humanidade. Mas não fique muito sur-
preso: o que se buscou foi um salto à frente, RUMO AO FUTURO; e, acima de tudo, tentou-
se SERVIR aos membros da humanidade, sem qualquer distinção por sua raça ou religião, a
um TIPO PSICOLÓGICO universal, isto é, a um ARQUÉTIPO COLETIVO. Esse arqué-
tipo, claro, era o da RAÇA HEBRAICA; pois o que realmente se queria era JULGAR a huma-
nidade e prepará-la para o Governo Mundial da Sinarquia.
Para levar a cabo um plano tão ambicioso, numerosas forças seriam postas em movi-
mento, o que concorreria com a figura do Messias e tornaria possível o seu ministério terrestre.
Para a missão de "preparar o veículo" pela qual Jeová-Satanás se manifestaria aos homens, um
dos Mestres da Sabedoria da Hierarquia Branca foi comissionado, que seria conhecido, após
sua encarnação, como Jesus de Nazaré. Tampouco a questão da linhagem foi negligenciada; e
por essa razão o Mestre Jesus encarnou no seio de uma família hebraica cuja genealogia remon-
tava a Abraão. Mas o corpo físico do Messias teria uma constituição diferente da de um hebraico
simples: Maria estaria grávida "com o olhar" de um dos Demônios da Hierarquia, o "Anjo
Gabriel", que na verdade usa o método de "interseção de campos ", uma das três formas de
partenogênese que existem. O Mestre Jesus animaria este corpo superior por trinta anos, mas
seria a seita essênia que durante todo esse tempo seria responsável por desenvolver suas poten-
cialidades esotéricas, treinando-a nos segredos da Cabala acústica. Nesta tarefa os Essênios se-
riam auxiliados pelos Mestres da Hierarquia, e estes pelos Siddhas Traidores; Chang Shambala
se concentrou em sustentar o Messias, já que a futura "evolução" da humanidade dependeria
em grande parte do sucesso de sua missão. Se a obra do Messias triunfasse, toda a humanidade
seria "civilizada", isto é, judaizada e a "barbárie", isto é, a memória mitológica dos antepassados
divinos, terminaria. A coisa mais horripilante sobre essa conspiração foi que o Demiurgo e seus
demônios contaram desta vez com a memória sanguínea que as linhagens hiperbóreas ainda

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mantinham do Cristo de Atlântida para "atraí-los" à sua imitação: Jesus Cristo, e através de uma
fantástica confusão submetê-los definitivamente. Com que hipocrisia colossal foi planejada e
executada a farsa! Depois de Jesus Cristo, quem seria capaz de distinguir entre o Cristo de
Atlântida e sua caricatura? Apenas alguns suspeitaram de trapaça, gnósticos, maniqueus e cáta-
ros; e contra eles caiu o anátema das Forças das Trevas, a perseguição e a aniquilação. É que
este Jesus Cristo, como é o arquétipo judeu, permite muitas interpretações, todas "legais", se-
gundo a conveniência da Sinarquia: há um Cristo redentor; um Cristo de piedade; um Cristo
"que virá"; um Cristo-Deus; um homem-cristo; um Cristo social revolucionário; um Cristo Cós-
mico; um Cristo Avatar, etc. O que nunca será permitido conceber (ou "lembrar") qualquer um
é uma Luz Crística, isto é, um Cristo-Lúcifer. Depois de Jesus Cristo, esse será o maior pecado,
a maior heresia e a punição merecidas serão um castigo exemplar. "No ano 30 da 'era cristã' o
Verbo se tornou carne e habitou entre os homens." Ele por cuja palavra o mundo foi criado,
vestiu-se com as vestes de seu arquétipo hebraico, Malkhouth, e manifestou-se aos homens na
pessoa de Jesus de Nazaré. Fenômeno dos fenômenos, Maravilha das maravilhas, que espetá-
culo prodigioso terá sido ver o Demiurgo fazer o homem! Deve ser reconhecido que desta vez
há uma qualidade inegável em sua ideia infernal de imitar o Cristo da Atlântida e se enredar na
memória do sangue dos Viryas. O resultado está à vista. Pouco a pouco as pessoas deixaram a
"barbárie" e a "civilização" chegou aos últimos cantos da Terra. E os homens, lenta mas inexo-
ravelmente, adaptaram-se ao padrão psicológico judaico. Como esse sucesso foi alcançado? Por
que a alquimia coletiva da vida efêmera de Jesus Cristo conseguiu influenciar os povos por
milênios até que levou à sua completa judaização? Foi apenas a memória do sangue do Cristo
da Atlântida que determinou tal resultado ou houve outros fatores ocultos que contribuíram
para a confusão da humanidade e sua atual Judaização? Sem entrar em muitos detalhes, dado
que o tema dá por muito tempo, podemos dizer que o Arquétipo Hebreu de Jesus Cristo, que
era como todos os arquétipos de um Plano Arquetípico ou Psicosfera ao redor da Terra, foi
PRECIPITADO AO PLANO FÍSICO ou ATUALIZADO durante a encarnação do Demi-
urgo no corpo de Jesus de Nazaré. Tal atualização do arquétipo de Malkhouth significa que
uma FORÇA PERMANENTE NA TERRA foi estabelecida, a qual age de uma maneira equi-
valente à força gravitacional, "empurrando" o homem para a FORMA JUDAICA (MORPHE).
Isto é devido a uma razão que também é um segredo terrível: JESUS CRISTO NÃO SE DE-
SINCARNOU! Pelo contrário, desde então ele está localizado "no centro da Terra", próximo
ao Rei do Mundo, irradiando daí seu "poder arquetípico" (hoje diríamos "informação genética")
em infinitos eixos geotopocêntricos que partem do centro da Terra e Eles cruzam a espinha
dorsal dos homens. Esta é a força arquetípica permanente de Jesus Cristo. Mas não é o único:
uma influência judaica EMOCIONAL, irradiada do "povo escolhido" de Israel, também atua
sobre o homem, já que a raça sagrada faz parte da anatomia oculta da Terra cumprindo a função
de CORAÇÃO CHAKRA ou ANAHATA CHAKRA. Com respeito à última questão, vale a
pena notar que o "homem-animal" ou pasu, criado pelo Demiurgo milhões de anos atrás para

618
"evoluir" de acordo com o Plano que os sete reinos da natureza seguem, tendeu naturalmente
a formar um TIPO que respondeu a alguns arquétipos básicos. No entanto, desde o 33º ano da
era cristã, pode-se assegurar que o arquétipo judaico de Jesus Cristo é agora o arquétipo psico-
lógico do pasu, isto é, o TIPO para o qual ele tende a evoluir. Isso significa que nos viryas, que
possuem uma herança animal através do antigo Mistério do Amor, as tendências do pasu irão
inconscientemente impulsioná-lo para o arquétipo judaico. Somente a pureza do sangue pode
evitar o predomínio das tendências animais da paixão e o consequente perigo de se correspon-
der psicologicamente ao arquétipo judaico. Já mostramos como o Demiurgo trouxe o conflito
original para o campo do confronto racial, depois de criar a raça sagrada em imitação das linha-
gens hiperbóreas deificadas pelo Gral. Agora acabamos de ver como uma nova imitação, desta
vez de Cristo Lúcifer, significou outro avanço destrutivo contra as linhagens hiperbóreas. A
poderosa força modeladora do arquétipo judaico de Jesus Cristo, atuando desde o centro da
Terra em todos os tempos e lugares, aumentou tremendamente o sonho no qual a "consciência
do sangue" dos Viryas foi uma vez. No campo de batalha do sangue, duas forças esotéricas
estão lutando agora: a canção dos Siddhas e a tendência judaica arquetípica de Jesus Cristo. E o
"despertar" tornou-se, então, uma luta terrível e desesperada travada dentro e fora de cada um,
muitas vezes inconscientemente. É por isso que, depois de Jesus Cristo, não será mais possível
qualificar nem os povos nem as organizações, mas devemos abordar especificamente o grau de
confusão dos homens. Deve ser assim porque, em muitos casos, organizações sinárquicas in-
teiras podem cair sob o comando de um homem subitamente consciente de algum princípio
hiperbóreo (produto da luta esotérica que é travada dentro dele), que poderia momentanea-
mente "torcer" o curso dele. E vice-versa, em outros casos, pode acontecer que um grupo qua-
lificado como "hiperbóreo" seja liderado por personagens mais ou menos judaizados. No final
teremos hebreus (judeus de sangue) que se rebelam contra Jeová e tentam dramaticamente re-
cuperar sua herança hiperbórea, o que pode acontecer com mais frequência do que normal-
mente imaginamos, já que muitas vezes encontramos pessoas que "pelo sangue" afirmam ser
perfeitos "arianos", mas que psicologicamente provam ser mais judaicos do que o Talmude.
Um exemplo eloquente, teremos observando a Igreja Católica em que os adoradores de Jesus
Cristo e do Demiurgo vivem em conjunto com padres nacionalistas e patrióticos que servem a
causa de Cristo Lúcifer e os Siddhas sem o saberem. Devemos, portanto, ser prudentes na
qualificação das organizações humanas e, mesmo naquelas claramente sinárquicas, sempre pa-
ramos para avaliar o grau de confusão dos homens com quem devemos nos encontrar. Consi-
dera-se uma amostra de capacidade estratégica a capacidade de localizar o "homem justo",
mesmo dentro de uma organização sinárquica como a Maçonaria, que será discutida posterior-
mente tentando isolar a organização na qual milita apelando à aplicação da lei do cerco) para
poder SER DIRECIONADO por símbolos apropriados À SUA PARTE HIPERBORANA.

619
Um exemplo do que temos dito é o caso da heresia soteriológica20 de Pelágio, também
chamada de "pelagianismo". No início do século V, esse bispo britânico começou a defender a
teoria de que o homem, por si mesmo, é suficiente para realizar sua salvação. Isso é possível,
segundo Pelágio, porque "há um princípio de perfeição espiritual no homem". É evidente para
nós que o Pelágio predominou da linhagem hiperbórea. Seu sangue puro logo permitiu que ele
percebesse que a "salvação" do homem (sua "orientação") dependia de "um princípio espiritual"
(ou Vril) que deveria ser "descoberto" e "cultivado" interiormente. Mas onde a posição "heré-
tica" de Pelágio era mais clara em relação ao pecado original: o homem não pecou e "se Adão
pecou, seu pecado morreu com ele; não foi transmitido à descendência humana ". Em suma,
"o homem é livre" e "nascido sem pecado"; A partir daí, para elevar a injustiça de dor e sofri-
mento, ou qualquer outra punição imposta por Jeová-Satanás, houve apenas um passo. Conse-
quentemente, a perseguição contra Pelágio começou imediatamente e não terminou até a sua
eliminação, na África; foi levado adiante pelas autoridades eclesiásticas mais importantes do
tempo dele, que prova o medo que produziu as ideias deles, entre esses se destacaram o Papa
Inocêncio I e Zózimo, São Jerónimo e o gnóstico apóstata Santo Agostinho.
No Sínodo de Cartago, no ano de 411, sete proposições foram condenadas, síntese de
sua doutrina. Vale a pena lembrá-los agora para verificar se eles são derivados da Sabedoria
Hiperbórea. Aqui estão as sete proposições condenadas:
1. Adão, mortal por sua criação, teria morrido com pecado ou sem ele.
2. O pecado de Adão o prejudicou sozinho, não a linhagem humana.
3. Os recém-nascidos estão nesse estado em que Adão estava antes de sua prevari-
cação (ie: antes de provar o fruto proibido do Gral).
4. É falso que nem a morte nem a prevaricação de Adão devem condenar toda a
raça humana e que só deva ser ressuscitado pela ressurreição de Jesus Cristo.
5. O homem pode facilmente viver sem pecado.
6. A vida correta de qualquer "homem livre" leva ao céu da mesma maneira que o
Evangelho.
7. Antes da vinda de Jesus Cristo havia homens "impecáveis", isto é, eles não peca-
vam de fato 21.

G – AS TÁBUAS DA LEI, AS CABALAS E OS DRUIDAS

É hora de nos perguntarmos: o que aconteceu com o Gral e sua imitação, as tábuas da

20 É chamado SOTERIOLOGIA porque lida com a SOTERIA ou com os meios de salvação e santificação.
21 Extraído de B.LLORCA Manual de História Eclesiástica - P. 180, Ed. Labour, Espanha.

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Lei, depois de tantos séculos de inimizade irredutível entre Hebreus e Hiperbóreos? Começa-
remos respondendo a segunda parte da questão. As Tábuas da Lei contêm o segredo da Cabala
acústica, ou seja, a descrição das vinte e duas vozes com as quais o Demiurgo concretizou a
criação. Para preservar esse segredo de olhares profanos, as Tábuas foram mantidas na "arca da
aliança", enquanto uma "interpretação" da Cabala acústica foi cifrada por Moisés nos quatro
primeiros livros do Pentateuco. As vinte e duas letras hebraicas, com as quais as palavras codi-
ficadas foram escritas, têm uma relação direta com os vinte e dois sons arquetípicos que o De-
miurgo pronunciou, o que lhes dá um valor inestimável como um instrumento mágico. Mas
essas letras têm um significado numérico; de modo que toda palavra hebraica é também um
número que pode ser analisado e interpretado. Essa é a origem da Cabala numérica judaica, que
não deve ser confundida com a Cabala numérica atlante que foi referida a outro sistema de
signos alfabéticos. A interpretação do conteúdo esotérico da Escritura é o objeto da Cabala
numérica; mas o conhecimento assim obtido deve ser considerado, do ponto de vista mágico,
muito inferior ao domínio das leis do Universo que a Cabala acústica concede.
Mas a Cabala acústica foi "escrita" nas Tábuas da Lei e estas incluídas na arca, de onde
só podiam ser removidas uma vez por ano para o privilégio dos sacerdotes. A arca foi enterrada
em uma cripta profunda, sob o Templo, pelo rei Salomão, cerca de mil anos antes de Jesus
Cristo, e permaneceu no mesmo lugar até a Idade Média, ou seja, durante vinte e um séculos.
Poderíamos acrescentar que era o caminho pelo qual ele foi enterrado, o que impedia que a arca
fosse encontrada antes; mas este comentário não esclarecerá nada se as chaves esotéricas não
forem possuídas.
Com a morte de Salomão, o reino de Israel foi dividido em duas partes. As tribos de
Judá e Benjamim, que ocupavam o sul da Palestina, estavam sob o comando de Roboão, filho
de Salomão; e o resto do país formado por dez tribos permaneceu sob o comando de Jeroboão.
No ano 719 aC O rei Sargão da Assíria destruiu o reino de Israel e as dez tribos foram trans-
portadas, para servirem em escravidão, para o interior da Assíria. As duas tribos restantes for-
maram o reino de Judá do qual os judeus atuais descem, em maior ou menor grau.
As "dez tribos perdidas de Israel" não desapareceram da história como a propaganda
interessada dos judeus finge acreditar; já que muito mais do que é dito é conhecido sobre o
assunto. Por exemplo, é verdade que havia hebreus na América e também que grande parte da
população atual do Afeganistão descende dos membros primitivos da raça sagrada. Mas o que
nos interessa é comentar que houve uma migração de hebreus para o norte, que foi guiada por
uma poderosa casta levítica. Depois de cruzar o Cáucaso, onde foram dizimados pelas tribos
hiperbóreas, chegaram às estepes da Rússia e lá entraram em confronto com os citas (eram
muito inferiores em número e praticamente não afetavam a identidade étnica deles); mas a raça
levita não concordou em perder seu status como membros da raça sagrada degradando seu
sangue. Os Levitas permaneceram assim, dedicados ao culto e estudo da Cabala numérica, por

621
muitos anos, alcançando grande progresso no campo da feitiçaria e da magia natural. Quando
séculos mais tarde os citas se mudaram para o Ocidente, uma parte deles se estabeleceu nos
Cárpatos e nas margens do Mar Negro, enquanto outra parte continuou seu avanço para a
Europa Central, onde eram conhecidos como CELTAS. Acompanhando os celtas estavam os
descendentes daqueles sacerdotes levitas, agora conhecidos como DRUIDAS, que detinham
um poder terrível obtido do domínio da magia negra. E, como dissemos em outro lugar, a
aliança entre os druidas e os celtas nunca terminaria, estendendo-se aos nossos dias. Como os
levitas da tribo perdida se tornaram druidas? Isto é, como eles obtiveram seu conhecimento
sinistro? A explicação deve ser procurada no fato de que ESTES LEVITAS, algo que não acon-
teceu com outros sacerdotes judeus nem agora nem depois, NÃO SE CONFORMARAM EM
SABER O QUE PODERIA SER EXTRAÍDO DA ESCRITURA. Eles desejavam vir para a
fonte autêntica da Cabala acústica. Sua insistência e perseverança em realizar esse propósito, e
o fato de pertencerem à "raça sagrada", levaram os demônios de Chang Shambala a confiar-
lhes uma missão muito importante; uma missão que exigiu sua intervenção dinâmica na Histó-
ria. O cumprimento dos objetivos propostos pelos Demônios beneficiaria os levitas porque
lhes permitiria avançar cada vez mais no conhecimento da Cabala acústica. Que tipo de missão
os demônios lhes confiaram? Uma tarefa que estava diretamente relacionada aos seus desejos:
eles tinham que "neutralizar" os instrumentos líticos que milhares de anos atrás os homens de
Cro-Magnon, sobreviventes da Atlântida, tinham construído em todo o mundo. Mas os Cro-
Magnons não construíram apenas monumentos megalíticos, mas sua ciência incluía outras al-
terações do meio ambiente; e a maneira como os druidas tiveram que "neutralizá-los" passou
da destruição, da gravação de símbolos em pedras grandes, da modificação de dimensões ou da
construção análoga de "outros monumentos". Ao longo dos séculos, os druidas se tornaram
grandes mestres na Cabala acústica e vimos na história de John Dee como eles os gastaram
quando quiseram "recuperar" alguns dos transdutores líticos da Atlântida. Voltaremos a falar,
mais tarde, sobre a ciência perdida dos Cro-Magnons e o domínio esotérico dos druidas. En-
quanto os druidas marcharam com os celtas para a Europa, o reino de Judá no Oriente Médio
foi destruído por Nabucodonosor e sua população levada em cativeiro para a Babilônia em 597
aC Eles foram libertados em 536 e vinte anos depois, em 516, eles reconstruíram o Templo de
Salomão sem encontrar a arca com as Tábuas da Lei. No século IV, eles foram dominados
pelos gregos de Alexandre; e no século II eles se aliaram aos romanos contra os gregos (140
aC). Após a morte de Júlio César, o Senado de Roma concedeu o título de Rei da Judéia a
Herodes I, no ano 37 aC e no primeiro ano da era cristã (ou em 4 aC, se você quiser) nasceu o
Salvador, Jesus de Nazaré, o Cristo. Depois que Herodes I os romanos afastaram do povo
escolhido a possibilidade de ter um rei de sua linhagem e colocaram em poder uma série de
procuradores que tentaram em vão dominar a crescente agitação social. A "crucificação de Jesus
Cristo" (que não existia) ou a "luta contra os cristãos", que geralmente são dadas como uma
explicação da atitude guerreira e suicida dos judeus, não são corretas; sendo a verdadeira causa

622
do mal-estar o fato, sentido por todos os membros da raça sagrada, de que o arquétipo hebreu
"seria lançado aos gentios". Era palpável para eles, em virtude de compartilhar a substância do
Demiurgo, a ação judaizante que seria realizada a partir de então no mundo inteiro. O que não
pareceu tão claro para eles foi: De que maneira, depois da presença de Jesus Cristo, a antiga
aliança com Jeová-Satanás poderia ser cumprida, a promessa de que a linhagem sagrada herdaria
poder sobre outras nações? Levaria vários séculos e o trabalho de eminentes rabinos cabalísticos
para os hebreus recuperarem a fé sobre seu papel na história. Mas enquanto esse tempo estava
chegando, a paciência dos romanos estava esgotada muito antes; no ano 70 D.C. O general Tito
destruiu Jerusalém, o templo de Salomão, e "espalhou" os judeus em todos os cantos do Impé-
rio Romano. Com a diáspora do ano 70 começa a história moderna do povo escolhido, cuja
culminação está prestes a acontecer em nossos dias, quando a Sinarquia transfere em suas mãos
a totalidade do poder mundial. Quando em 313 o imperador Constantino, o Grande, reconhe-
ceu o cristianismo como a religião oficial do Império Romano, começou um período difícil para
a raça sagrada. A razão era que, nos povos recém-cristianizados, a memória do sangue de Cristo
Lúcifer predominava mais do que o arquétipo judaico de Jesus Cristo, um fato que quase sem-
pre levava a um sentimento anti-judaico generalizado. Embora a longo prazo a influência per-
manente do "raio geotopocêntrico" de Jesus Cristo triunfasse sobre a memória hiperbórea, e as
massas acabariam sendo judaizadas, enquanto a raça sagrada correria o risco de ser exterminada.
Mas a "ameaça" logo seria conjurada. Se realmente havia um perigo efetivo contra os hebreus,
é algo que deve ser duvidado; pois no século V, São Bento de Nurcia fundou a ordem em que
os druidas "cristãos", que desde então enfrentarão a tarefa de mediar entre a Igreja e a sinagoga,
entrarão em massa. (Sobre a ação mediadora e protetora dos druidas em relação aos hebreus,
concordo com a teoria de que o professor Ramírez, da Universidade de Salta, expôs meu neff
Arturo Siegnagel.) No entanto, a missão dos druidas foi muito além, como será visto, do que a
simples proteção da raça sagrada.)

H – ANALOGIAS ENTRE A ESTRATÉGIA 'O' E O CAMINHO DA OPOSIÇÃO


ESTRATÉGICA

Nós dissemos que as Tábuas da Lei permaneciam onde Salomão os guardara e eles só
foram encontradas na Idade Média, mais precisamente no século XII. Essa resposta não conclui
com essa afirmação; mas teremos que voltar muito em breve, no próximo parágrafo, para con-
tinuar com a história. Enquanto isso, tente encontrar uma resposta para a primeira parte da
pergunta, que dizia: o que aconteceu com o Gral ...? Ao contrário da pergunta sobre as Tábuas
da Lei, que nos obrigou a nos referir aos fatos da História, a questão do Gral nos levará ao
terreno estritamente esotérico. Mas antes de tudo, vale a pena esclarecer que a pergunta foi mal
feita. Já explicamos que o Gral não deve ser pesquisado; vamos agora acrescentar que este é um
objeto do qual não é possível se apropriar e que, portanto, ainda deve estar onde sempre esteve.

623
É um erro, então, "consultar" o Gral quanto a interrogar: o que aconteceu com ele? Mas, nos
perguntaremos, como teremos que encarar esse Mistério, para obter algum conhecimento adi-
cional, livre de paradoxos? A única maneira, em nossa opinião, de avançar no conhecimento
do Mistério é aprofundar as analogias que ligam a "função orientadora em direção à origem" da
função externa do Gral, com os "caminhos secretos da libertação espiritual" da Sabedoria Hi-
perbórea, aquelas que são funções internas, "orientadas para a origem". Nesse sentido, pode-
mos estabelecer uma analogia muito significativa entre a "Pedra Geral" da Estratégia "O" e a "
lapis oppositionis" empregada no caminho da "oposição estratégica". No capítulo que dedica-
mos à Estratégia A1 de John Dee, foi feita a descrição do ritual secreto praticado pelos Berser-
ker do S.D.A., baseado no caminho da oposição estratégica e na técnica arquêmona. Mostrou-
se ali a arquêmona que o Berserker havia construído na cripta subterrânea, consistindo de um
"quadrado" ou área cercada por um anel de água. Aplicar a "lei do cerco" para o arquêmona é
possível ISOLANDO a praça del Valplads; isto é, é possível libertar uma área no mundo do
Demiurgo22. Mas isso não é suficiente; é necessário que os Berserkers se desconectem do tempo
do mundo e gerem seu próprio tempo inverso, o que lhes permite IR PARA A ORIGEM. Para
isso, eles praticam a OPOSIÇÃO ESTRATÉGICA CONTRA O LAPIS OPOSITIONIS,
QUE ESTÃO LOCALIZADOS NUMA RUNA EM EL VALPRADS, EM FRENTE À FE-
NESTRA INFERNALIS. Agora temos que nos aproximar do maior segredo, aquele que ex-
plica o método usado pelos Siddhas para MANTER, permanentemente, eternamente, se você
quiser, o Gral no mundo. Vamos começar perguntando o seguinte: Onde é a RESIDÊNCIA
dos Siddhas? Podemos começar a partir de uma resposta conhecida, que repetimos muitas ve-
zes: os Siddhas residem no Valhala. Tal resposta está correta, mas insuficiente; bem, qual seria
o Valhala? Onde está? Diante dessas questões, dois critérios podem ser adotados; um, recorrer
a elementos da mitologia nórdica e dizer, por exemplo, que "no topo do Fresno Yggdrasil está
o Valhala, local onde os guerreiros mortos em combate viverão, governados por Wotan, etc."
E um segundo critério, que nos parece mais preciso, consiste em despir as respostas dos ador-
nos folclóricos e expressá-las com símbolos da Sabedoria Hiperbórea, que podem ser facil-
mente interpretadas por analogias. Com este critério podemos afirmar imediatamente que o
Valhala É A PRAÇA LIBERADA PELO SIDDHAS (ou Ases) EM QUALQUER LUGAR
DO UNIVERSO DO UNO. Esta praça, naturalmente, tem as dimensões de um país e é for-
temente fortificada. Nela vivem os Senhores de Vênus e muitos Siddhas e Walkirias, que se
preparam permanentemente para a luta enquanto aguardam o fim do Kaly Yuga e o despertar
dos espíritos cativos. Seus incontáveis guerreiros Siddhas, imortalizados com seus corpos de
vraja, formam nas fileiras dos Wildes Heer o furioso exército de Wotan, e guardam as muralhas
do Valhala, embora o inimigo jamais ousasse enfrentar uma guarnição hiperbórea tão assusta-
dora. Os Siddhas liberaram a fortaleza de Valhala aplicando, com suas poderosas Vontades, a

22A aplicação pelas antigas linhagens Hiperbóreas dessa fórmula estratégica tornou-se na Bíblia a fábula que Caim foi o
primeiro a "cercar uma área e cercá-la" (dentro do qual ele construiu cidades cuja economia era baseada na agricultura).

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lei do cerco às paredes de pedra. A conquista do próprio tempo que reina no Valhala, e que os
separa de qualquer "ciclo" ou "lei" no mundo do Demiurgo, vem de uma operação maravilhosa
de oposição estratégica. Mas qual será a pedra, a lapis oppositionis que os Siddhas usaram em
sua Estratégia Hiperbórea? Desde o Conflito das Origens, milhões de anos atrás, os Siddhas
praticaram oposição estratégica CONTRA UMA PRECIOSA GEMA EXTRATERRESTRE
FACILITADA A ESSE EFEITO PELO SENHOR GALLARDO, CRISTO LÚCIFER.
"ESSA PEDRA É CHAMADA GRAL".
A relação analógica entre arquêmona e Valhala torna-se ainda mais evidente se conside-
rarmos que tem uma "PORTA INFERNALIS", equivalente à "FENESTRA INFERNALIS"
da primeira. O portal infernallis é uma abertura na parede que é permanentemente observada
por sentinelas atentas. Em frente ao portal infernallis, mas fora do Valhala, isto é, no "mundo",
TERMINA O GRAL, EM UMA CORRIDA; contra ele, como já foi dito, os Siddhas praticam
oposição estratégica. É necessário que nos aprofundemos um pouco mais na descrição desta
disposição, devido à sua extraordinária importância para a abordagem do Mistério do Gral. Na
cripta do S.D.A. a lapis oppositionis foi colocada em runas de prata LAPIDADAS NAS LA-
TERAIS DO PISO. Analogamente, o Gral, como uma lapis oppositionis, foi depositado na
origem em uma runa e ainda segue lá: sob a runa e a origem. Não é um jogo de palavras, mas
uma propriedade do Gral que deve ser cuidadosamente examinada: o Gral, como um reflexo
da origem, não pode tornar-se no tempo à semelhança das "coisas" materiais criadas pelo De-
miurgo; Em outras palavras, o Gral não pode estar no presente. Na verdade, o Gral está no
passado remoto, naquele tempo e lugar em que foi colocado, e portanto NÃO DEVE SER
PROCURADO usando "movimento" (e tempo) para alcançá-lo, porque tal atitude APONTA
PARA O FUTURO, isto é, na direção oposta, como já explicamos. Mas se o Gral está no
passado, se o tempo não o arrasta para o presente com sua fluência irreprimível, como acontece
com os objetos materiais, e SEMPRE PERMANECEU LÁ (no passado), como é que chega-
mos a saber disso? E o mais importante, como você pode agir no presente, conforme exigido
pela Estratégia "O" PRESCEDINDO DO TEMPO? Isto é, em virtude de que "elemento" o
Gral "do passado" se conecta com "o presente", por exemplo, com um líder hiperbóreo? A
solução para esses problemas tem sido um segredo perigoso ... que agora vamos tentar revelar.
O enigma é resolvido raciocinando desta maneira: embora o Gral SEMPRE PERMANEU NO
PASSADO, propriedade que somente a Gema de Cristo Lúcifer possui no Universo, O
MESMO NÃO FOI ALCANÇADO COM O RUNA QUE O SUSTENOU (e que ainda o
sustenta). Eis o grande segredo: enquanto o Gral, reflexo da origem divina, permanece como
tal "SITUADO NA ORIGEM", a runa sobre a qual foi assentada atravessou os milênios e
alcançou o presente. De qualquer forma, a runa "está sempre presente", o que significa: "em
qualquer circunstância histórica". Vamos falar um pouco sobre a runa.
Ela é conhecida como RUNA DA ORIGEM ou RUNA DE OURO, mas devemos

625
esclarecer que tais nomes não apenas designam o "símbolo" da runa, mas também a PEDRA
TERRESTRE que era a localização principal do Gral. Portanto, quando na Sabedoria Hiper-
bórea ela é aludida à "Runa Dourada", o que realmente está sendo tratado é uma pedra, muito
antiga, de cor azul violeta, na qual os Siddhas fixam um signo dourado rúnico. Portanto, é ne-
cessário conhecer a origem do mesmo e o motivo de sua construção. Nós já mencionamos em
outras ocasiões que a princípio os Siddhas entraram no Sistema Solar "pela porta de Vênus" e
que um grupo deles, o "Traidor Siddhas", estava "associado" com o Plano do Demiurgo, pro-
vocando então, em combinação com este a catástrofe dos espíritos cativos. Espíritos hiperbó-
reos foram acorrentados à matéria por terem caído em uma armadilha cósmica, o Mistério do
Amor; mas não vamos falar sobre isso por enquanto. O efeito que teve lugar no mundo evolu-
cionário do Demiurgo ao assimilar os espíritos confusos é o que hoje chamaríamos de uma
mutação coletiva. Ao mal da ordenação imitativa da matéria, feita pelo Demiurgo, foi acrescen-
tado o mal da mutação de sua Obra e o encadeamento dos espíritos, isto é, a modificação do
Plano feito pelo Traidor Siddhas. E para "controlar" um empreendimento tão maligno, os Sid-
dhas Traidores decidem fundar a Hierarquia Branca, na qual as diferentes manifestações demi-
úrgicas do Demiurgo devem ser organizadas.

I – CHANG SHAMBALÁ, MORADA DOS SIDDHAS TRAIDORES

A "sede central" do Poder, Chang Shambala, é também a chave para a mutação coletiva
dos sete reinos da natureza. De fato, de que maneira o Demiurgo manteve a ESTABILIDADE
DA FORMA NA TERRA, e como assegurou, antes da mutação, que os sete reinos evoluiriam
de acordo com seu Plano? Existem dois princípios que intervêm na execução do Plano, um
estático e outro dinâmico. O Plano se baseia ESTÁTICAMENTE nos arquétipos e DINAMI-
CAMENTE na Respiração do Logos Solar. Ou seja, era UMA FORÇA DO SOL (veículo
físico do Logos Solar) que mantinha o impulso evolutivo nos sete reinos da natureza terrestre.
Bem: causar qualquer alteração permanente no Plano do Demiurgo É ESSENCIAL INTER-
CEPTAR A CORRENTE ENERGÉTICA DO SOL QUE, ATRAVÉS DO OCEANO DE
PRANA, CONVERGE SOB A TERRA. Para cumprir essa condição, os Siddhas Traidores
foram instalados desde o início ENTRE O SOL E A TERRA, em uma posição fixa que nunca
deixa passar um raio de luz (nem mesmo um único fóton) sem ter sido previamente intercep-
tado. Essa afirmação pode parecer fantástica e realmente é; mas mais fantástica e tola tem sido
a construção de Chang Shambala, já que o que descrevemos é a função "técnica" da sede do
Poder dos Siddhas Traidores. Aqui está outro "segredo" que não é mais assim, a "localização"
de Chang Shambala pode agora ser determinada a partir desses dados: é sempre entre a Terra e
o Sol. Na verdade, Chang Shambala está muito perto da terra, o que dará uma ideia do seu
enorme tamanho. Mas isso não se trata de um capricho, deve ter sido construído desta forma
devido às exigências de sua função moduladora do plasma do gene solar. Claro, alguns irão

626
tolamente dizer que tudo isso é um absurdo, já que as tradições do Tibete e da Índia dizem que
"Chang Shambala é um reino localizado na Ásia, entre as Montanhas Altai, o Deserto de Gobi
e o Himalaia". Sem dúvida, um comentário desse tipo será um absurdo maior do que nossas
alegações. Em princípio, as mencionadas "tradições do Tibete e da Índia" são o produto da
desinformação estratégica que a Hierarquia implantou durante séculos para ignorar a verdade.
E segundo, digamos que os dados mais sérios da Tradição (desde que haja alguns dados confi-
áveis) sempre mencionam a PORTA DO CHANG SHAMBALÁ e nunca o próprio reino.
Essa distinção sutil é altamente sugestiva, já que o fato de haver uma porta em uma determinada
localização geográfica NÃO IMPLICA QUE O REINO ESTEJA ATRÁS DELA! Isso pode
ser entendido por uma mente primitiva, condicionada pela crença de que a linha reta é a menor
distância entre dois pontos e, na verdade, isso ocorre com frequência. Mas aqui estamos lidando
com a informação em outro nível e é por isso que vamos repetir quatro versos da Canção da
Princesa Isa, que tivemos a oportunidade de conhecer quando estudamos a história de Nimrod
O Derrotado:

"Mas mesmo que Dejung esteja longe,


Suas portas estão por toda parte.
Sete portas têm Dejung e sete muros o cercam."

Essas "portas induzidas" referem-se às lendas orientais, que "estão por toda parte" e
levam ao reino que, evidentemente, não ocupa um simples lugar geográfico. Nossa referência a
tais eventos remotos (a associação perversa entre os Siddhas traidores e o Demiurgo) foi pla-
nejada para servir como uma introdução a um fato que logo apontaremos: quando o Demiurgo
concorda com os Siddhas traidores para dar-lhes controle sobre a Hierarquia, ele lhes dá o
SIGNO TIPHERETH, que representa uma das dez sephiroth e permite o controle total sobre
os aspectos FORMAIS da criação. O signo tiphereth é a expressão simbólica da "manifestação
material dos arquétipos divinos", um aspecto que geralmente é resumido como " A BELEZA
DO DEMIURGO". Caso não tenha sido bem compreendido, é conveniente repetir que os
Demônios de Chang Shambala estavam de posse de um signo que representa TODO o aspecto
tipológico do Demiurgo, permitindo acesso a ele e compartilhando seu poder. Naturalmente,
o signo tiphereth é a chave para Maya, a ilusão do real e, portanto, a mais terrível ferramenta de
feitiçaria. Qualquer um deste mundo que observe o signo tiphereth, que é bastante complexo,
corre o risco de se desintegrar imediatamente perdendo todo o ponto de referência e conse-
quentemente a razão. Por essa razão, a Sabedoria Hiperbórea recomenda aplicar a lei do cerco
ao signo tiphereth para poder observá-lo sem perigo. Vale notar que, em qualquer ofensiva
hiperbórea contra os demônios de Chang Shambala, cedo ou tarde haverá um confronto com

627
o signo tiphereth, já que ele depende de sua influência nefasta para derrotar os Viryas.

J – VALHALA DE AGARTHA, LAR DOS SIDDHAS LEAIS

Depois que os Siddhas Traidores receberam o signo tiphereth e construíram Chang


Shambala, não era mais possível que os Siddhas Hiperbóreos permanecessem acima da super-
fície da Terra. Mas tampouco desejaram deixar o Sistema Solar, deixando para trás bilhões de
espíritos cativos. E então eles planejaram a estratégia "O". Mas antes, que figura apresentava
um espírito cativo? Basicamente a perda de Vril e a consequente inconsciência, isto é, a perda
do próprio tempo. O encadeamento da matéria parte fundamentalmente da corrente para o
fluxo ininterrupto da consciência do Demiurgo, isto é, da sincronização para o Tempo do
Mundo. Os espíritos cativos, ligados ao tempo, levariam milhões de anos para recuperar sua
consciência, se conseguissem alcançá-lo. Nestas circunstâncias, os Siddhas, em uma maravi-
lhosa demonstração de coragem e destemor, iniciam a Estratégia "O". O primeiro problema
que tiveram que enfrentar foi ficar "independentes" do Tempo, mas não "fora dele", pois teriam
que acompanhar de perto as desventuras dos espíritos cativos para ajudá-los a evitar confusão
estratégica e, eventualmente, resgatá-los. Por outro lado, a independência do tempo era neces-
sária para que os Siddhas pudessem manter seu próprio tempo, sua consciência da origem, caso
contrário, arriscariam cair no Grande Engano também. Mas enquanto sucediam os eóns, os
Siddhas buscavam um lugar agradável, adequado para ser ocupado e defendido por uma guar-
nição de terríveis guerreiros estelares. Esses foram os principais problemas; Havia outros, mas
nós os ignoraremos em homenagem à brevidade. O procedimento a seguir foi o seguinte. Os
Siddhas procuraram um local adequado na Terra para seus propósitos. Como tal LOCAL DE-
SAPARECERIA após a oposição estratégica, eles não escolheram dentro de um continente
porque teria causado talvez um cataclismo (o que atrasaria ainda mais o destino dos espíritos
cativos). Em vez disso, procuraram entre as ilhas e escolheram uma delas, localizada no que
hoje seria o extremo norte, mas naqueles dias era uma área tropical, e prosseguiram imediata-
mente para CERCA-LA. Sendo uma ilha enorme, o trabalho a ser feito para construir uma
parede de pedra ciclópica em torno de seu perímetro pareceria hoje uma tarefa impossível. Mas
a Sabedoria Hiperbórea que os Siddhas lhes forneceram possuíam as soluções necessárias para
terminar rapidamente esse trabalho e em pouco tempo um muro colossal transformou a ilha
paradisíaca em uma fortaleza inexpugnável. Não é possível descrever a arquitetura extraterrestre
dos muros, porque nos perderíamos em explicações e não avançaríamos muito; diremos apenas
que, em algumas seções, a construção era semelhante à fortaleza pré-incaica do SACSAHUA-
MAN (perto de Cuzco, no Peru), mas tal similaridade, devemos dizer também, foi muito apro-
ximada, já que Sacsahuaman ainda é DEMASIADAMENTE HUMANO. Na parede, eles fi-
zeram uma única abertura, algo que surpreenderia aqueles que não conhecem os princípios

628
estratégicos da Sabedoria Hiperbórea. E fora desta abertura, que já nomeamos com uma deno-
minação moderna: PORTA INFERNALIS, a RUNA DE OURO foi colocada.
Então chegou a hora de retornar ao maior Mistério. O Grande Chefe, Cristo Lúcifer,
audaciosamente instalado em um lugar impensável, atrás de Vênus, como Sol Negro ou expres-
são de Origem, decidiu responder à vil conspiração dos Siddhas Traidores com um ato de
guerra. Para cumprir Sua Vontade, os Siddhas Hiperbóreos ocuparam a ilha e a cercaram inici-
ando a Estratégia "O". Mas a estratégia "O" pretendia "despertar" e "dirigir" os Viryas, indivi-
dual ou racialmente, já dissemos; Então, qual foi o "ato de guerra" com o qual Cristo Lúcifer
respondeu à traição dos Siddhas de Chang Shambala? Especificamente: o golpe de guerra foi
dado pelo Gral. A gema Hiperbórea, removida da testa de Senhor Gallardo e estabelecida no
mundo do Demiurgo, impediria que os Demónios negassem a origem divina do espírito, já que
seu brilho inquebrável dispararia em todo momento as reflexões da Pátria Primordial. O Gral,
por divinizar as linhagens hiperbóreas, constituiu o maior desafio; pois ameaçava mandar os
planos infernais ao fracasso. A partir de então, o conflito seria eternamente representado por
qualquer um que conseguisse despertar, fosse qual fosse o inferno, já que o Gral estaria assen-
tado no plano físico, isto é, na mais baixa das regiões infernais, e SEU BRILHO SERIA VISTO
DE TODOS OS CANTOS DO MUNDO, incluindo o plano astral e todos aqueles "purgató-
rios" que os demônios preparam para enganar os espíritos; mesmo naqueles planos sutis das
mônadas emanadas pelo Demiurgo, onde também existem espíritos hiperbóreos completa-
mente idiotas, que foram levados a acreditar que devem permanecer lá enquanto seus corpos
"mais densos" evoluem. Finalmente, o Gral foi, se nos permitem a metáfora, uma luva jogada
na cara dos Demônios, para um desafio ao qual estes, por sua covardia, não seriam capazes de
responder. Mas não foi tão fácil conseguir que o Gral, uma vez inserido no plano físico, per-
manecesse simplesmente localizado em um lugar, por exemplo, em um altar. Por causa de sua
natureza atemporal, como reflexo da Origem, o Gral, como um verdadeiro diluente universal,
atravessaria tudo e se perderia de vista ... especialmente se aqueles que o olhassem TRANS-
CORREREM O TEMPO DO MUNDO. O Gral não pode estar sentado em qualquer subs-
tância que flua no impulso do Sopro do Logos, isto é, que flua temporariamente, porque seria
PERDIDO NO PASSADO, JÁ QUE SUA ESSÊNCIA ESTÁ SEMPRE NA ORIGEM. O
que fazer? É necessário "preparar" um assento material de tal maneira que o apoie (para o Gral),
POIS PERMANECERÁ NO PASSADO EMBORA O TEMPO DO MUNDO TRANS-
CORRA EFETIVAMENTE PARA TAIS ASSENTOS. Poderia algo assim ser construído?
Somente se entre a substância do assento e o Gral for inserido um signo QUE NEUTRALIZE
A TEMPORALIDADE. Isto significa que o signo deve representar UM MOVIMENTO IN-
VERSO ao empregado pelo Demiurgo para construir o Sistema Solar23. Um signo como esse,
que é a altura dos símbolos heréticos, foi usado pelos Siddhas para construir as instalações do

23 Devemos descartar os movimentos físicos: e = dv / dc. Aqui vamos nos referir a "outro tipo de movimentos".

629
Gral, que chamamos de RUNA DE OURO. Atenção para isto porque nós diremos apenas
uma vez: DA RUNA DE OURO, que é um signo muito complexo e de tremendo poder má-
gico, SE DERIVA (COM PRÉVIA MUTILAÇÃO E DEFORMAÇÃO) A RUNA SWAS-
TIKA, do qual tantas tolices foram escritas. Para construir a morada do Gral escolhemos uma
pedra violeta azul cristalina, semelhante a uma ágata. Em sua parte superior, em uma zona li-
geiramente côncava, uma runa dourada foi habilmente esculpida pelos Siddhas. E assim que o
assento foi concluído, este foi depositado fora das muralhas da ilha, na direção de Porta Infer-
nallis, mas a muitos quilômetros de distância, em uma região continental. Será difícil para qual-
quer um imaginar o maravilhoso espetáculo do Gral descendo nos sete infernos. Talvez se
pensarmos em um raio verde, de brilho ofuscante e influência gnóstica sobre o vidente, diante
dos quais os Demônios transformam seus rostos ferozes congelados pelo terror; um raio que,
como uma lâmina cegante de uma espada invencível, rasga os quatrocentos mil mundos de
Decepção procurando o coração do inimigo; uma serpente verde voadora que carrega entre os
dentes o fruto da Verdade, até então negado e oculto; se alguém pensa no raio, na espada, no
fruto, na serpente, talvez seja possível intuir o que aconteceu naquele momento crucial em que
a verdade foi colocada ao alcance dos espíritos cativos. Sim, porque desde que o Gral se esta-
beleceu na Runa Dourada, a Árvore da Ciência foi plantada ao alcance daqueles que, comple-
tamente confusos, viviam no inferno acreditando que habitavam um paraíso. De agora em di-
ante, eles poderiam comer suas frutas e seus olhos seriam abertos! Aleluia por Cristo Lúcifer, a
Serpente do Paraíso! Aleluia para aqueles que comeram o fruto proibido: os viryas acordados e
transmutados! Qual foi o próximo passo dos Siddhas? Antes da queda do Gral, mas quando
esse fenômeno já estava ocorrendo em outros planos, eles aplicaram a lei do cerco às muralhas
da ilha, isolando a área interna do lado de fora. Para entender o efeito que tal ação estratégica
produziu, deve-se ter em mente que ESTA FOI A PRIMEIRA VEZ QUE UMA PRAÇA FOI
LIBERTADA no Sistema Solar. Quando um anel de fogo parecia brotar das imponentes pare-
des e nada mais era mais visto no interior da ilha, que estava envolto em uma estranha nuvem
vibrante e flamejante, o Demiurgo começou a sentir sua substância amputada. A estratégia dos
Siddhas visava conquistar, não apenas a área plana da ilha, mas também seu relevo, suas mon-
tanhas e vales, seus lagos e florestas, suas plantas e animais; a ilha, país vasto, era também uma
gigantesca arca de Noé que deveria receber durante milênios os viryas que conseguiram acordar
e fugir das correntes materiais e também para aqueles que transmutaram lutando até a morte
em batalhas. Um país inteiro subtraído do controle imanente do Demiurgo era uma experiência
nova, mas, como isso teria sido possível? A verdade é que a ilha ainda estava lá: escondida por
uma barreira de fogo, mas no mesmo lugar. É por isso que a reação do Demiurgo fez a Terra
tremer, buscando de alguma forma afetar esse fenômeno incompreensível e recuperar o domí-
nio do "lugar". Maremotos terríveis agitaram os mares adjacentes e ventos nunca antes vistos
explodiram inutilmente contra as paredes titânicas; o céu foi escurecido pelas nuvens de cinzas
dos vulcões de repente acordados e o fundo do oceano ameaçou se dividir e tentar engolir a

630
ilha "liberada". O mundo parecia enlouquecer, mostrando o aterrorizante espetáculo de todas
as forças da natureza “não controladas” quando, como se fosse o cúmulo das abominações, o
Gral desceu à Terra24.
O que poderíamos acrescentar para dar uma ideia do que aconteceu lá? Nós já dissemos
que é muito difícil descrever (e até mesmo mencionar) um evento que gerou uma perpétua
irritação nos Demônios. Talvez este comentário diga algo a alguém, algo que duvide: “Quando
o Gral caiu na Terra, além das trezentas e setenta vezes dez mil mundos, a Grande Face do
Ancião deu um uivo de horror que ainda é ouvido reverberando em os confins do cosmos ".
Assim que o Gral se estabeleceu na Runa de Ouro, os Siddhas praticaram a oposição estratégica,
conseguindo, agora, que a ilha murada se tornasse invisível, desaparecendo para sempre da su-
perfície da Terra. A partir de então os homens adormecidos falariam do Valhala, a morada dos
Deuses, e também da Hiperbórea, o "mar engolido pelo mar", porque o mito original, transmi-
tido carismaticamente pelos Siddhas, sofreu diferentes quedas no esoterismo para a impureza
do sangue dos viryas.

K – COMENTARIOS SOBRE A RUNA DO OURO OU SIGNO DA ORIGEM

A pergunta que deu início ao comentário esotérico anterior, vamos lembrar, dizia: o que
aconteceu com o Gral? Em resposta, obtivemos que é errado perguntar sobre o Gral, já que
este é virtualmente a ORIGEM, e nunca se mudou de lá. Seu assento, por outro lado, a Runa
de Ouro, tem as dimensões de um objeto material e presume-se que, em grande parte, é afetada
por leis físicas. Podemos então repensar o problema: O que aconteceu com a Runa de Ouro?
Estaria ainda segurando a gema de Cristo Lúcifer? Neste último caso, a resposta é afirmativa:
Desde então, a Runa de Ouro tem sido a morada do Gral, uma situação que não mudou nem
em tempos modernos. Em relação à primeira questão, devemos entender que seria uma tarefa
impossível resumir aqui o itinerário completo seguido pela Runa de Ouro até os nossos dias;
Isso nos obrigaria a mencionar civilizações desaparecidas e, muitas delas, completamente des-
conhecidas para a cultura oficial. Vamos nos referir aos tempos históricos, começando por es-
tabelecer algumas diretrizes que nos permitirão encarar o problema corretamente, evitando as-
sim muitas superstições ou desinformação.
Primeiro: A Runa de Ouro tem sido frequentemente confundida com o Gral. Na ver-
dade, nós já explicamos porque o Gral não deveria ser procurado. No entanto, às vezes, real-
mente foi HAVIDO O TRANSPORTE e pensado, com razão, que era o Gral. Mas o Gral não
é um objeto do qual pode ser apropriado, e muito menos manipulado ou transportado. Com
toda certeza, o que foi transportado é a Runa de Ouro, dentro da estrutura de uma estratégia

24Segundo a Sabedoria Hiperbórea, "dois Siddhas ALADOS, tenentes de Cristo-Lúcifer, acompanharam o Gral em sua
descida".

631
racial. Neste caso, não podemos culpar a confusão apenas na ação estratégica do inimigo, por-
que, na degradação dos antigos mitos hiperbóreos, a maior responsabilidade reside na impureza
do sangue dos Viryas.
Segundo: A presença da Runa de Ouro entre os membros de uma comunidade de li-
nhagem hiperbórea tem a virtude de favorecer o vínculo carismático e de legalizar a liderança
de seus líderes.
Terceiro: A presença da Runa de Ouro é a presença do Gral; e as pessoas a quem os
Siddhas confiaram sua custódia seriam, sem nenhuma dúvida, na época, a linhagem Hiperbórea
mais pura da Terra.
Quarto: Para certificar se um determinado povo está em posse da Runa de Ouro, é
necessário estudar sua arquitetura de guerra hiperbórea: A POSSE DA RUNA DE OURO
EXIGE A CONSTRUÇÃO DE ESTRUTURAS DE PEDRA COM PROPRIEDADES
TOPOLÓGICAS PECULIARES. Essas construções podem NÃO parecer feitas para a
guerra, mas tal aparência obedece exclusivamente à ignorância que existe sobre a Estratégia
Hiperbórea. Um exemplo é o "castelo" de Montségur, no monte Thabor, no Languedoc fran-
cês. Esta construção, que não é uma fortaleza, foi levantada para permitir que a seita Hiperbórea
dos cátaros RECEBA E CONSERVE a RUNA DE OURO. Os princípios que prevalecem
são os da "lei do cerco e da oposição estratégica ", sendo uma tarefa inútil fingir fazer Montségur
um observatório astronômico ou um templo solar. Mas como a arquitetura de Montségur foi
projetada em função da Runa de Ouro, quem não atende a essa chave nunca alcançará nenhum
resultado positivo.
Quinto: Devemos distinguir entre o assento do Gral, que chamamos de Runa de Ouro,
e o Signo da Origem, que a Runa de Ouro representa. Nós dissemos que na pedra azul violeta
os Siddhas definem uma figura de ouro e chamamos o conjunto (pedra e figura) Runa de Ouro,
mas o Signo da Origem, que foi esculpido em ouro, possui por si só o poder particular de
apresentar "Afinidade" com o Gral. É por isso que muitas linhagens hiperbóreas, que não al-
cançaram a alta honra de guardar a Runa de Ouro, receberam o Signo da Origem como recom-
pensa por sua pureza de sangue e reconhecimento do esforço envolvido em sua Estratégia. Foi
assim que o Signo da Origem teve, com a condução da História, uma proliferação particular
entre certas linhagens que o incorporaram orgulhosamente em suas bandeiras. Naturalmente,
os líderes tentaram inicialmente proteger parcialmente seu conteúdo simbólico simplificando a
figura, isto é, removendo alguns elementos sugestivos; mas, depois da queda do esoterismo e
da vulgarização, o VERDADEIRO ASPECTO do Signo da Origem foi esquecido. Já disse-
mos, por exemplo, que a Suástica procede por mutilação e deformação desse signo primordial.
No entanto, em muitos casos, devido à extraordinária pureza de sangue de algumas linhagens,
o Signo da Origem foi exibido por completo, permitindo aos líderes usar seu enorme poder
para projetar a luz do Gral na massa do povo. Poderíamos dar vários exemplos de comunidades

632
asiáticas portadoras do Signo, mas temos em mãos o caso dos SAXÕES que haviam registrado
o Signo da Origem em um tronco de árvore que consideravam a coluna do mundo (UNIVER-
SALIS COLUMNA). O desfecho de tal determinação ousada também merece um comentário.
Quando, no ano 772, Carlos Magno conquistou Erbury, ele rapidamente destruiu o tronco
IRMINSUL e executou cinco mil membros da nobreza saxônica. Não satisfeita com isso, após
três décadas de resistência heroica, a linhagem saxônica, de pura linhagem hiperbórea, foi total-
mente "cristianizada" (execução anterior de sua descendência mais pura). Hoje sabemos que
muitos alemães cultos consideram "afortunada" esta terrível campanha carolíngia. Assim, o pro-
fessor Haller pensa sem delongas que, “sem a submissão dos saxões, hoje não haveria uma
nação alemã” 25; pois “para o desenvolvimento histórico da nação alemã, como é hoje, a incor-
poração dos saxões ao Império de Carlos Magno era uma condição essencial”26. Essa opinião
generalizada se baseia na análise a-posteriori dos fatos históricos e, portanto, considerando que
a extinção da dinastia carolíngia permitiu duzentos anos mais tarde, o sangue saxão derramou
com OTON I ao se colocar à frente do mundo ocidental. Assume-se que a dominação e "con-
versão" dos saxões era "necessária" e positiva. Eis a nossa opinião: A judaico-cristianização dos
saxões representa o golpe mais duro que as potências infernais infligiram às linhagens hiperbó-
reas da era cristã, ainda maior do que a conversão dos vikings, dos celtas ou a destruição dos
cátaros, sendo apenas comparável com a aniquilação dos reinos góticos. E a destruição da ár-
vore IRMINSUL, com a perda para o Ocidente do Signo da Origem, é uma catástrofe que é
muito difícil de avaliar.
Sexto: Não é essencial, ou mesmo necessário, que a Runa de Ouro esteja inserida no
seio de um povo pela influência do Gral para agir sobre ela. O Gral age sobre os viryas DA
ORIGEM, propriedade que não pode ser afetada por nenhuma variável física, é onde está a
Runa de Ouro, por isso é até certo ponto absurdo que seja atribuída a isto ou que as pessoas
tenham alcançado “um alto grau de civilização porque ele estava de posse do Gral” já que o
Gral não pode estar em posse de ninguém porque é, por ordem do Senhor Gallardo, prova da
divindade de TODOS os espíritos cativos. O que um povo pode ter em CUSTÓDIA é a Runa
de Ouro, mas apenas como um prêmio e reconhecimento de uma pureza racial obtida ANTE-
RIORMENTE. Isso quer dizer que o fato de ter a Runa de Ouro sob custódia não é a causa
da grandeza de um povo, mas, inversamente, a pureza de sua linhagem a tornou digna da alta
honra de ser depositário do assento do Gral. Bem, a Runa de Ouro É APENAS ENTREGUE
ÀQUELES QUE MERECEM TER, é certo que sua presença próxima afeta o ambiente, cri-
ando um microclima mutante. É por isso que os Siddhas tendem a depositar a Runa de Ouro,
nos tempos sombrios, em lugares apropriados para influenciar as linhagens menos confusas.
Sétimo: De tudo o que foi exposto até agora, está claro que é de suma importância para

25 Prof. Johannes Haller - A entrada dos alemães na História - Página 99, U.T.H.A., México.
26 Haller – OP.CIT. Pág. 101.

633
uma comunidade de linhagem Hiperbórea obter a custódia da Runa de Ouro. É, portanto,
necessário lidar com essa possibilidade em detalhes, o que faremos no próximo capítulo ao
discutir a Estratégia. A2 dos Siddhas. No entanto, antes de considerar a Estratégia A2, devemos
ter clareza sobre um conceito fundamental, que segue facilmente as conclusões precedentes. O
problema pode ser resumido na pergunta: por que “o rei” (ou quem tem a função real) precisa
encontrar o Gral (ou a Runa de Ouro)?

L – O GRAL COMO “TÁBUA RÉGIA”

A seguir, convidaremos para uma breve reflexão sobre a atitude que deve ser adotada ao
tomar conhecimento dos fatos realizados pelos Siddhas; e depois responderemos ao problema
aprofundando-se um pouco mais na simbologia do Gral, requerendo uma meditação profunda
sobre os símbolos que apresentamos para capturar seu conteúdo final, que deve ser sempre
percebido como dramático e trágico, cheio de urgências espirituais. Ninguém que tenha se dado
conta do incrível sacrifício feito pelos Siddhas para manter o Gral no mundo por milhões de
anos através de oposição estratégica, isto é, por um constante e contínuo ato de Vontade; Nin-
guém que tenha entendido, repetimos, pode permanecer impassível, em meio à confusão, sem
experimentar a vontade de libertar-se das cadeias do Demiurgo e sair, tentando aliviar, de al-
guma forma, a tarefa dos Siddhas. Ninguém que comprove com seu sangue a verdade desses
símbolos poderá evitar que a honra, única moralidade do virya, os instigue urgentemente a
"abandonar tudo" e partir. Mas esse jogo será "com armas na mão", como Nimrod e Wildejäger,
prontos para lutar contra os demônios sem um quarto e sentindo que o sangue foi inflamado
pelo "furor Berserker", pela "hostilidade original" em direção ao Trabalho do Demiurgo, trans-
mutando a fraca substância orgânica do corpo físico em vraja, matéria incorruptível. É o mí-
nimo que o virya pode fazer para responder em alguma medida à ajuda dos Siddhas às linhagens
Hiperbóreas, tornando possível com a sua Estratégia Hiperbórea que o GIVARD TESTE A
ORIGEM DIVINA. Vamos agora para a questão pendente.
A Pedra-Gral, pedra preciosa de Cristo-Lúcifer, É SUSTENTADA NO MUNDO
PELA OPOSIÇÃO DO SIDDHAS, onde cumpre sua função de refletir a Origem e divinizar
as linhagens Hiperbóreas; mas, por estar TEMPORARIAMENTE RELACIONADO AO
VALHALA, também aponta para todo virya libertado um caminho para a morada dos Imortais.
Este caminho é seguido pelos guerreiros caídos em batalha, os heróis, os campeões, guiados
pelas mulheres hiperbóreas, aquelas que lhes foram prometidas no começo dos tempos e que
por milhares de anos, por causa do MEDO que envenenou seu sangue, Eles haviam esquecido.
Se a coragem demonstrada na façanha for suficiente, ela inevitavelmente estará lá, junto com o
guerreiro caído, para curar suas feridas com o amor gelado de Hiperbórea e guiá-lo no caminho
inverso que leva a Valhala. E ESTE CAMINHO COMEÇA NO GRAL. Mas não se deve

634
pensar que a luz do Gral aponta para a salvação individual dos viryas perdidos; Para este pro-
pósito, a "canção dos Siddhas" e os sete caminhos secretos de liberação espiritual estão dispo-
níveis. Pelo contrário, dentro da Estratégia “O” o General deve cumprir o papel fundamental
de RESTAURAR A FUNÇÃO REGIA; isto é, deve servir a um propósito racial ou social. É
por isso que o Gral será requerido em todos os casos em que sejam feitas tentativas de estabe-
lecer o Império Universal ou qualquer outro sistema de governo baseado na aplicação social da
lei do cerco (monarquia, fascismo, socialismo nacional, aristocracia do espírito, etc.). Os fatos
históricos que levam à "busca pelo Gral", sempre semelhantes, podem ser resumidos simboli-
camente da seguinte maneira. Em princípio, o reino é “terra infértil” ou o rei “está doente” ou
simplesmente o trono permanece acéfalo, etc. (Pode haver muitas interpretações, mas essenci-
almente o símbolo refere-se a um esgotamento ou decadência na liderança carismática e um
vácuo de poder, quer o governo seja exercido por um rei, casta ou elite). Os melhores cavaleiros
partem para "procurar o Gral", em uma tentativa de pôr fim aos males que afligem o reino e
trazer de volta o antigo esplendor. Apenas um consegue "encontrar" o Gral e devolver o bem-
estar ao reino, seja "curando o rei" ou "coroando-se". Curiosamente, o cavaleiro triunfante é
sempre apresentado como “tonto”, “louco”, “ingênuo”, e mais especialmente como “plebeu”.
Os "melhores cavaleiros" são equivalentes aqui a qualquer uma das múltiplas forças sociais que
estão prontas para se lançarem sobre a função real quando há um acréscimo ou vazio de poder.
Finalmente, um deles triunfa e restabelece a ordem no reino; "Ele era o plebeu e agora ele é rei,
com a aprovação e consentimento do povo." Em nossa interpretação, isso significa, natural-
mente, que uma "força social" predominou sobre os outros (os "outros cavaleiros") e SUBSTI-
TUIU A ORDEM EXISTENTE (que foi enterrada) POR UMA NOVA ORDEM, unanime-
mente aceita PELAS PESSOAS. Mas se o problema é reduzido a uma mera luta pelo poder,
por que o novo rei (ou nova elite, aristocracia, casta, etc.) precisa encontrar o Gral? PORQUE
O GRAL CONFIRMA A FUNÇÃO REGIA.
Quando em tempos de crise uma nova elite ou um líder carismático detém o poder, com
intenções de restauração real, ele deve apressar-se em LEGALIZAR sua situação; de outra
forma, outra elite ou líder virá a questionar seus títulos e também tentará ocupar o lugar vago,
e assim acontecerá uma série interminável de batalhas (políticas ou militares). Mas se há uma
luta pelo poder, ninguém tem o seu controle; e pode acontecer que no final o reino acabe divi-
dido entre várias facções. É necessário resolver a questão, consultar um juiz infalível, uma au-
toridade indiscutível e transcendente. Esta é a necessidade de recorrer ao Gral. Por que o Gral?
Porque o Gral é também a TÁBUA REGIA, a “lista de reis”. Ele diz quem deve governar, a
onde ele é capaz de ir, e ele revela quem tem o sangue mais puro. Mas esta revelação não é
simplesmente oracular e arcana, mas por meio do Gral a pureza do líder, seu direito de conduzir,
será conhecido por todos e reconhecido por todos, carismaticamente. Assim, o puro louco, da
linhagem Hiperbórea, mas da linhagem plebeia, depois de encontrar o Graç, é reconhecido pelo
povo como o rei indiscutível. Quando uma linhagem hiperbórea confia na luz do Gral para a

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eleição de seus líderes, pode-se dizer que uma dinastia dos "Reis do Gral" acontecerá. Durante
o reinado de um deles pode acontecer que a linhagem atinja um grau tão elevado de pureza que
se torna digno de obter a custódia da Runa de Ouro, o que aconteceu, por exemplo, no século
XIII no condado francês de Toulouse, quando a Runa de Ouro foi confiada aos Perfeitos Cá-
taros. (Argumentar-se-á contra essa afirmação que os cátaros eram maniqueus, ou seja, herdei-
ros de uma tradição gnóstica, e que esta é a razão pela qual foram aniquilados, havendo apenas
uma relação circunstancial entre eles, os Condes de Toulouse e a população occitana. Esse ar-
gumento, de origem moderna druida, tenta desviar a atenção do fato mais importante da epo-
peia cátara: sua relação com o Gral, o fato de que eles eram gnósticos, que ninguém contesta, e
que ensinaram uma das sete formas secretas de libertação baseada na Canção de Amor dos
Siddhas, a origem da cultura dos trovadores, algo que poucos conhecem, não explica em nada
sua relação com o Gral. O Gral, no marco da Estratégia “O ”, tem um sentido puramente racial.
Se a Runa de Ouro foi confiada aos cátaros é porque eles estavam participando ativamente de
técnicas de transmutação coletiva, AQUELES QUE NÃO PODEM EXCLUIR A FUNÇÃO
REGIA, e não simplesmente “porque eram de afiliação gnóstica”).

M – MESSIAS HEBREU E MESSIAS IMPERIAL

Um tema relacionado com a propriedade que o Gral possui de ser Tábua Régia é a o do
Messias Imperial e sua imitação, o Messias Judaico. Em princípio dizemos que se é Rei do Gral
pela pureza do sangue, atributo absolutamente individual que não depende da raça, nem da
linhagem, nem de qualquer patrimônio material. Um Rei do Gral exibe virtudes puramente
pessoais como coragem, intrepidez ou honra, e nunca baseia seu prestígio em posses materiais
ou no valor do ouro. A autoridade de um Rei do Gral, por estas razões, vem exclusivamente
do seu carisma pessoal, que se estende ao resto do povo graças ao "elo" que se estabelece entre
o Rei e cada um deles, no seu sangue, POR MEDIAÇÃO GRAL: é o princípio do misticismo
psicossocial. É por isso que um rei do Gral, em sua comunidade, é reconhecido pelo povo.
Naturalmente, TODOS OS POVOS teriam seu Rei do Gral se a ação da Sinarquia e da raça
hebraica, com sua "Democracia", socialismo, comunismo, etc., não tivesse usurpado a função
real. Em todo caso, deveria ser perguntado: haveria uma possibilidade universal para linhagens
Hiperbóreas de que um Rei do Gral seria reconhecido por todos? Seria aqui um caráter de
pureza inegável, cuja majestade seria evidente para todas as linhagens da Terra, aqueles que
poderiam aceitar ou não seu poder, mas que não poderiam negar o direito de governar. Bem, é
fácil responder então que o único Senhor que possui, para todas as linhagens Hiperbóreas, tal
direito é Cristo-Lúcifer. Se ele se apresentasse às linhagens hiperbóreas, seu direito de se arre-
pender do sangue27, baseado em sua pureza inegável, poderia ser aceito ou não, mas nunca

27
Nunca é demais repetir que nos referimos a OUTRO SANGUE além da física. Até que você tenha uma explicação
melhor, é conveniente que o leitor leve esse "sangue" em um sentido simbólico.

636
negado. Mas a ideia do Messias Imperial não vem da mera especulação. Foi nos dias negros da
Atlântida que, em resposta ao clamor dos Siddhas, surgiu a possibilidade de que a exaltada
Presença de Cristo-Lúcifer se manifestasse aos olhos dos homens. Naqueles dias, a confusão
dos espíritos cativos era tão completa que ninguém respondia à canção dos Siddhas, nem era
capaz de perceber a luz do Gral. É por isso que a vinda do Messias Imperial, o Rei dos Reis do
Gral, foi anunciada durante séculos, que iria restaurar a função real de restabelecer a aristocracia
espiritual dos lugares Hiperbóreos e destruir a hierarquia sinárquica imposta pelos Demônios.
A profecia foi finalmente cumprida com a chegada de Lúcifer, o Cristo da Atlântida; mas Sua
Divina Presença foi covardemente resistida pelos Demônios de Chang Shambala, que recorre-
ram ao uso da magia negra e abriram um espaço entre as regiões infernais do plano astral e do
plano físico. A partir daí, eclodiu uma guerra terrível, que só terminou quando o continente da
Atlântida afundou nas águas do oceano. Não é apropriado relatar aqui eventos que ninguém se
lembra hoje e que, talvez, não seja conveniente lembrar. Nós somente acrescentaremos que
quando o Demiurgo, como já explicamos, conceber a sinistra ideia de copiar a Presença do
Cristo da Atlântida, ele também decide "anunciar" a chegada de um "Messias" imitando a figura
do Messias Imperial à sua maneira. Mas as diferenças são enormes. Aqui estão algumas:
1. O Messias Imperial vem para restaurar a função régia; o Messias hebreu vem para
usurpar a função sacerdotal.
2. O Messias Imperial credencia seu direito PELO SANGUE; o Messias hebreu
credita seu direito PELO CORAÇÃO.
3. É por isso que o Messias Imperial será reconhecido pelo povo PELO SANGUE
(carismaticamente); É por isso que o Messias hebraico será reconhecido pelo
povo (judaizado) pelo coração (emocionalmente).
Colocamos uma questão: o que aconteceu com o Gral e sua imitação, as Tábuas da Lei?
E contribuímos com vários elementos que contribuem para sua resposta. Em resumo, dissemos
que o Gral, a partir da origem, ainda repousa sobre a Runa de Ouro, e mencionamos que este
foi entregue em custódia, no século XIII, aos cátaros do Languedoc francês. O que aconteceu
com a Runa de Ouro desde então? É isso que tentaremos responder nos próximos parágrafos
ao expor a Estratégia A2 dos Siddhas. E nas Tábuas da Lei dissemos que eles permaneceram
por vinte e uns séculos enterrados sob as ruínas do Templo de Salomão, em Jerusalém, onde
foram encontrados no século XII. Nesta descoberta e destino subsequente, também falaremos
nos próximos parágrafos.

N - ESTRATÉGIAS HISTÓRICAS A1 E A2 DOS SIDDHAS LEAIS

Estratégia “O” é uma “estratégia geral” ou “totalizadora”. As estratégias A1 e A2 são


“estratégias parciais” ou “ de campo”. A estratégia A1, que inicialmente atribuímos a John Dee

637
e Wilhelm von Rosenberg, e que foi realmente projetada por eles como vimos no capítulo
anterior, foi finalmente conectada a outra estratégia de campo, muito antes, graças ao Rollo de
Genghis Khan. Essa outra estratégia, que chamamos de "A2" para simplificar, é levada adiante
na história até meados do século XIII. A partir desse momento perde validade (por não ter
conseguido atingir o seu objetivo) e só no século XVII, com a Estratégia A1, EMERGE NA
SUPERFÍCIE DA HISTÓRIA ALGUMAS DE SUAS PAUTAS. Devemos deixar bem claro
que a Estratégia Geral “O”, que é esotérica e transcendente, difere fundamentalmente das Es-
tratégias Parciais A1 e A2, na medida em que são dinamicamente direcionadas para INCIDIR
NA HISTÓRIA. Em outras palavras, A1 e A2 são estratégias que tentam desviar as variáveis
sociais de longo prazo para forçar a restauração da função real; eles confiam nisso na ação de
líderes hiperbóreos que carismaticamente guiam seus povos contra os planos sinárquicos,
usando a guerra se necessário. Essas estratégias, então, estão relacionadas àquela parte “racial e
coletiva” da Estratégia “O”, isto é, às funções do Gral. A Estratégia A, em especial, tem a ver
com o último destino histórico da Runa de Ouro, como veremos imediatamente.
Para interpretar sem equívocos o papel que a Estratégia A2 desempenhou na História,
que agora vamos explicar, sintetizamos os principais argumentos em alguns gráficos.
A Figura 1 mostra como os eventos deveriam ter acontecido se a Estratégia A2 tivesse
sido bem sucedida.
A Figura 2 expressa, em vez disso, a situação estratégica real no ano de 1250. Vamos
nos dedicar, por enquanto, a comentar a Estratégia A2, referindo-se a esses números.
Mais tarde, quando se trata da Estratégia A1, usaremos outros gráficos igualmente sin-
téticos.

638
Figura 1

639
Figura 2

640
TOMO XII:
FUNDAMENTOS DA RÚNICA NOOLÓGICA

A – RÚNICA NOOLÓGICA E CABALA NUMERAL

Tem sido afirmado, em repetidas ocasiões, da existência de duas Cabalas e que ambas
tratam sobre a criação do mundo pelo Demiurgo Uno. Uma delas, a Cabala Numeral, contém
o segredo das dez sefiroths e dos 22 sons, que permite obter as chaves dos Arquétipos Coletivos
Psicóides (Manus) e conhecer os Planos do Demiurgo Sanat Kumara da Terra ou Jeová-Sata-
nás. A outra, a Cabala Acústica, trabalha com a maneira pela qual esses Planos podem ser co-
locados em prática (pelo domínio éter sonoro AKASA TATTVA) e permite a elaboração de
procedimentos para influenciar o mundo físico.
A Cabala Numérica facilita o controle sobre as multidões e homens em COMBINA-
ÇÃO COM ELEMENTOS CONCRETOS DA CABALA ACÚSTICA. A Cabala Acústica
permite a Taumaturgia e o exercício da totalidade das artes ocultas EM COMBINAÇÃO COM
ELEMENTOS SIMBÓLICOS DA CABALA NUMERAL. Ambas as doutrinas são, então,
complementares e necessárias para a prática mágica.
Mas como a Cabala Numérica é objeto, quase exclusivamente de estudo por estudiosos
judeus, e a Cabala Acústica, pelo menos nos últimos 3.000 anos, é de domínio dos Druidas,
complementação que não ofereceu problemas a estas duas raças criadas por Jeová-Satanás,
cúmplices e executoras do Plano da Sinarquia. Mas isso nem sempre foi o caso. No período
Cristiano-Luciférico da Atlântida, durante seu esplendor hiperbóreo, a Cabala Numérica, que
era uma doutrina teórica para a interpretação simbólica do mundo, poderia ser estudada por
qualquer um. Por milênios, foi uma herança cultural coletiva, e assim continuou, até o cata-
clismo final que submergiu a Atlântida. Esta é a razão pela qual alguns grupos étnicos sobrevi-
ventes, e outros que eram vassalos e habitavam terras continentais, possuíam e conservavam
conhecimentos originalmente cabalísticos, tais como matemática ou astronomia (egípcios, su-
mérios, maias, etc.).
Ao contrário da vulgarização da Cabala Numérica, na Atlântida, a Cabala Acústica era
conhecida apenas pelos Iniciados Hiperbóreos, enquanto durou o período Luciférico. Mais
tarde, quando o satanismo era uma prática comum da parte da Casta Sacerdotal, grande parte

641
da doutrina foi perdida e, após o naufrágio, praticamente desapareceu como um "saber iniciá-
tico".
No entanto, um pequeno remanescente de sobreviventes que não eram negroides como
os egípcios, nem vermelho como os toltecas, nem amarelo como os mongóis, possuía suficiente
conhecimento prático sobre a ciência atlante para reconstruir a Cabala acústica, se quisessem.
Esse grupo é o que a antropologia moderna se refere como "homens cro-magnon" e que real-
mente constituem os verdadeiros ancestrais da raça branca.
Na Atlântida não havia raça branca principal. Os Cro-Magnon eram uma minoria de
Viryas sob a proteção dos Siddhas Hiperbóreos amarelos que receberam durante o período
Luciférico, uma missão coletiva ligada com a Cabala Acústica: serem os guardiões da Sabedoria
Lítica 28. Eles, melhor que ninguém, possuíam o segredo da pedra: de esculpir; do seu transporte
por levitação; da ressonância telúrica, que permitia aproveitar as correntes de energia da terra;
da construção de transdutores de cristal de rocha, cujo uso como oráculo também era conhe-
cido por John Dee, e que poderia constituir, dependendo do tipo, uma arma "relâmpago", uma
"lâmpada perene" e até um "veículo voador". A tecnologia lítica de Atlantis perduraria até a
atualidade, com o desenvolvimento de técnicas para construir circuitos integrados de estado
sólido com 50.000 transistores de cristal de silício, óxidos, etc.; tamanha a precisão e eficácia
alcançada.
Após o colapso da raça branca dos Cro-Magnon, guiados por alguns Siddhas Hiperbó-
reos, estes cuidam de “estabilizar o relevo formal da superfície terrestre”, usando o conheci-
mento adquirido na Atlântida. É este o povo que construiu os grandes megálitos disseminados
pelas regiões costeiras em todo o mundo, e que não são monumentos primitivos, mas instru-
mentos técnicos muito avançados. Mas enquanto você não tiver uma ideia clara do que o "co-
lapso da Atlântida" REALMENTE significa, você não será capaz de entender o trabalho me-
galítico dos Cro-Magnons. Talvez algo seja esclarecido se considerarmos que o que aconteceu
não foi um simples cataclismo, explicável apenas por causas físicas, como a hipótese "sísmica"
de Platão ou "aerólito" de Velikovsky, mas sim a consequência de uma guerra terrível em que
os Siddhas extraterrestres invocaram todo o seu enorme conhecimento. O campo de batalha
não era apenas a superfície da Terra, pois outros planos de existência, mais sutis, estavam en-
volvidos no conflito. Em suma, muito ainda é desconhecido, mas deve-se ter em mente que
APÓS o cataclismo da Terra, que é um organismo vivo, teve que se restaurar a sua funcionali-
dade fisiológica para que continuasse a ser habitável (para que os "reinos" da natureza não rea-
gissem "contra" o homem, por exemplo). Para esta tarefa os Cro-Magnon trabalharam usando
menires, dólmens e cromeleques, e outros instrumentos telúricos que serão descritos mais tarde.

28 De lá vem a amizade (camaradagem hiperbórea) entre brancos e mongóis; amizade que hoje teremos que descobrir.

642
Vale a pena mencionar agora uma página de Louis Charpentier, onde ele imagina a pos-
sível função dos menires:
"Cerca de cinco ou seis mil anos atrás, os chineses descobriram - e talvez não apenas
eles - que o corpo humano abriga outras correntes além das influências nervosas cujos cursos
estão fora de todos os condutos anatômicos conhecidos."
"No homem saudável, essas correntes - que são duas e de natureza oposta - são equili-
bradas; mas se, por uma razão ou outra, fora ou dentro de si, se desequilibram, a doença é
estabelecida e, com ela, um ou outro micróbio ".
"Mas os médicos chineses da época também descobriram que era possível atuar nessas
correntes perfurando alguns pontos de suas rotas por meio de agulhas de xiles - na verdade elas
são metálicas -, a fim de restabelecer o equilíbrio necessário ou criar voluntariamente certos
distúrbios. É a terapia chinesa conhecida como ACUPUNTURA ".
"Assim como o corpo humano ou animal, a terra é atravessada por correntes distintas
das correntes magnéticas e cuja natureza não é bem conhecida, mas que exercem sua ação sobre
as camadas geológicas que atravessam, portanto, a vegetação."
"Por outro lado, há alguns anos, os agrônomos tentaram - aparentemente com algum
sucesso - ativar as plantações levantando antenas capazes de coletar eletricidade estática atmos-
férica, que foi então distribuída no solo através de vários procedimentos".
"Não está descartado que o menir - mesmo que a pedra não seja uma boa condutora -
exerça uma ação da mesma ordem, especialmente quando está molhada, por exemplo, pela
"água da lua ", isto é, o “orvalho”.
"Então poderíamos pensar que os menires foram erguidos a determinada altura de
acordo com a intensidade da corrente telúrica, para estabelecer um equilíbrio benéfico."
"Nesse sentido, estudos agronômicos muito interessantes poderiam ser realizados".
Sem dúvida seguimos no caminho certo. Mas, como será visto nos próximos comentá-
rios, a acupuntura terrestre é apenas um objetivo secundário da construção megalítica.

B – OS GUARDIÕES DA SABEDORIA LÍLICA

Para entender o que queremos dizer quando falamos sobre a "tecnologia lítica" que os
Cro-Magnons utilizaram, depois dos cataclismos atlanteanos, é conveniente considerar anteri-
ormente certos aspectos do hábitat humano na superfície terrestre. Mas aqui não vamos tratar
o habitat ecológico, pois ele lida com as ciências naturais, mas com as RELAÇÕES PSÍQUI-
CAS que o homem se ocupa com o MEIO que ele habita, e a maneira como esse habitat foi

643
escolhido. Para isso, devemos definir o conceito de PSICORREGIÃO como “o habitat esco-
lhido pelo homem com a virtude de uma QUALIDADE TELÚRICA PSICAMENTE APRE-
CIÁVEL”.
Esta definição exclui a escolha do habitat por mera necessidade ou obrigação. Porque
em seus múltiplos deslocamentos o homem ESCOLHE O LUGAR IDEAL no qual ele cons-
truirá sua casa, ele fundará uma cidade, elevará sua alma a Deus, etc., motivado por experiências
transcendentes que vão além da mera necessidade fisiológica de alimentar ou proteger a si
mesmo. Assim, uma PSICORREGIÃO é o LOCAL ESCOLHIDO, por excelência, para rea-
lizar atos de maior ou menor transcendência.
Em princípio, a psicorregião pode ser pessoal ou social. Se queremos subir uma colina;
ESCOLHEMOS UM LOCAL DETERMINADO, entre muitos outros na cadeia monta-
nhosa. Nessa escolha, motivações psicológicas de extrema complexidade influenciam, mas,
acima de tudo, devemos destacar a INTERAÇÃO entre a COLINA ESCOLHIDA e o FATO
DE ESCOLHA, precisamente porque esta INTERAÇÃO converte a colina preferida em PSI-
CORREGIÃO PESSOAL.
Outra pessoa pode preferir uma colina diferente, mas, entre uma paisagem inteira de
colinas, para mim, a colina escolhida será DIFERENTE, e destaca-se de algum modo misteri-
oso, adquirindo um realce que a transforma em OBJETO DE APRECIAÇÃO, em PSICOR-
REGIÃO PESSOAL. As psicorregiões pessoais, então, são quando os locais são escolhidos
por razões de interação telúrica, desde um transitório "local para namorar", a um "lar" no qual
se tem que viver por muitos anos.
Uma PSICORREGIÃO SOCIAL é aquele local que foi escolhido com base em moti-
vações psicológicas de ordem comunitária ou coletiva. Por exemplo, um lugar que exerce certo
"charme" em mais de uma pessoa é uma "psicorregião social". A "caverna" escolhida, entre
muitas outras, por uma tribo como habitat comunitário também é uma psicorregião social, a
menos que essa escolha tenha sido motivada exclusivamente pela necessidade.
Nos tempos antigos, os lugares onde as cidades foram erguidas foram escolhidos por
razões transcendentais, de ordem religiosa ou esotérica. Hoje, a humanidade vive em grandes
cidades que também são psicorregiões coletivas porque, embora os cidadãos atuais NÃO TE-
NHAM ESCOLHIDO esta psicorregião, seus antepassados o fizeram em algum momento
quando, por certas razões, decidiram que este era o lugar preferido, o EXATO LOCAL, em
que a cidade deveria ser fundada e ali COLOCAR SUA PEDRA FUNDAMENTAL. É evi-
dente, então, que toda cidade já foi uma PSICORREGIÃO PRIMORDIAL, escolhida pelos
"fundadores" e que a mesma coisa deve ter acontecido com os "lugares sagrados", nos quais
são erguidos os templos religiosos, que também foram escolhidos em algum momento primor-
dial.

644
Em uma cidade com muitos templos, escolhemos o nosso favorito, o que constitui, para
nós, uma PSICORREGIÃO PESSOAL. Mas o lugar onde o templo está localizado foi, na
época de sua fundação, uma PSICORREGIÃO SOCIAL; e ainda assim muitos fiéis vêm a ele
por que sentem a mesma atração. Como de costume, nos referimos apenas às interações telú-
ricas e descartamos outras relações importantes, mas de natureza psicológica, como a "vizi-
nhança" ou "distância" do templo; a adoração nele de alguma avocação ou imagem sagrada; ou
qualquer outra necessidade ou obrigação; etc.
Sem elaborar mais exemplos, podemos concluir este conceito considerando que, atual-
mente, devido à expansão demográfica e material da civilização, se tornou incomum a pratica
de escolher de PSICORREGIÕES SOCIAIS, embora toda a humanidade escolha constante-
mente PSICORREGIÕES PESSOAIS.
Mas nos tempos antigos havia toda uma ciência para a seleção telúrica e, de fato, as
cidades mais antigas que sobreviveram até hoje foram baseadas em padrões que são agora com-
pletamente desconhecidos. O racionalismo moderno, como sempre, fornece explicações dog-
máticas que a "História", "Arqueologia", etc., mantêm com rigor. Para elaborar tais explicações,
nunca consultamos, é claro, as Tradições dos povos, cuja riqueza em mitos e lendas (os "objetos
culturais" das superestruturas dos eventos históricos) poderiam certamente nos aproximar da
verdade. Ao contrário, um "método científico" foi inventado para interpretar o fato de que,
desta vez, é extremamente simples: um "manual de procedimentos" é utilizado, racional e, con-
sultando suas diretrizes classificatórias, o trabalho dos antigos é qualificado "academicamente".
Neste manual, são consideradas as diretrizes de "defesa", "alimento", "abastecimento de água",
"comunicação", etc. Se uma cidade, por exemplo, Babilônia, foi fundada - com essas diretrizes
em mente -, isto é: perto de um rio, perto de rotas comerciais, em uma elevação que domina o
meio ambiente, etc., então seus habitantes foram geniais, "quase modernos". Mas se um povo
cometeu o "erro" de construir sua cidade ao falhar em qualquer das regras da estratégia racio-
nalista moderna, se por exemplo "desprezou" aquela colina inexpugnável e escolheu viver no
vale, então foram "apenas pessoas idiotas", seres primitivos que "ignoraram tudo" sobre o
modo como deveria ser e “planejar uma boa cidade”.
É claro que a obsessão racionalista, que afirmou durante séculos que Tróia não poderia
estar onde realmente estava e que não pode entender porque os maias construíram cidades que
eles nunca habitaram, não reconhece um aspecto importante do problema que é a escolha das
psicorregiões.
Nos tempos antigos, a inspeção telúrica era confiada a pessoas sensíveis, sacerdotes ou
iniciados, que nunca usaram um critério racional nessa tarefa, mas foram guiados pelo conhe-
cimento esotérico. Essas pessoas podiam escolher o local adequado às necessidades da comu-
nidade, que variava em muitos casos: cidade duradoura, cidade transitória, acampamento, for-
talezas, fazenda, etc. Em tempos muito antigos, para qualquer construção, o local adequado foi

645
cuidadosamente selecionado, seja um porto, um templo ou uma ponte. Hoje em dia parece
evidente primeiro surgiu uma estrada, em seguida, nos lugares vazios, a ponte foi construída ou
as pedras foram colocadas para saltar. No entanto, seria surpreendente saber com que frequên-
cia grandes desvios foram feitos para atravessar o rio em lugares que não eram nem os mais
rasos nem os mais próximos da margem, pois a "psicorregião" predominava sobre qualquer
padrão lógico ou racional. Um rio - não deve ser atravessado em qualquer lugar, que assim
como a terra - não deve ser arada e cultivada em sua totalidade; havia áreas, PSICORREGIÕES
NEGATIVAS, onde a influência telúrica era desastrosa e que deveriam ser cuidadosamente
evitadas. Muitas dessas precauções dos antigos chegaram aos nossos dias (o antropólogo JEN-
SEN as chama de "supervivências") como complementos de mitos e lendas, mas são tomadas
por superstições sem significado.
É verdade que nos tempos antigos a existência de lugares “hostis” era bem conhecida e
aceita, o que explica muitas dos “erros” que teriam sido cometidos na escolha de lugares úteis,
de acordo com as diretrizes do manual de procedimentos “dos racionalistas modernos”. Porque
muitas vezes um lugar dotado de todas as vantagens EVIDENTES, em termos de segurança e
alimentação, apresentava, por outro lado, a desvantagem ESOTÉRICA de conter uma psicor-
região negativa, o que efetivamente impedia a colonização, pois não garantia o bem-estar da
comunidade. Pelo contrário, lugares completamente desprotegidos ou perigosos poderiam ser
utilizados, mas eles representavam verdadeiros paraísos terrestres para aqueles que APRE-
CIAM sua psicorregião. Nenhuma outra coisa, por exemplo, explica a tragédia de Pompéia,
construída em uma encosta do vulcão Vesúvio, cidade que, apesar do terremoto de 63, foi
reconstruída a pedido de seus habitantes, que não suportaram a ideia de abandoná-la e, por-
tanto, pereceram quase na sua totalidade dezesseis anos depois, aos 79, quando uma nova erup-
ção enterrou-a sob a lava ardente e as cinzas.
Não nos alongaremos mais em um assunto de fácil compreensão. Só podemos acres-
centar que na Atlântida, durante o período luciférico, houve toda uma "ciência da psicorregião"
com base na qual os Siddhas Hiperbóreos instruíram os Viryas sobre as técnicas a serem usadas
para "dominar a natureza" e reorientarem-se estrategicamente. A "natureza" de acordo com
essa ciência é apenas um aspecto sensível, uma aparência concreta, daquela infinita multiplici-
dade de processos evolutivos em que consiste a macroestrutura da Era Manu. É por isso que
"dominar a natureza" significa saber operar os processos evolutivos e alcançar a independência
dos Arquétipos Psicóides. A "ciência" que permitia tal "dominação da natureza" era parte da
Cabala Acústica e isso, como já dissemos, era conhecida apenas por uma elite de iniciados hi-
perbóreos.
Depois dos cataclismos (o "afundamento da Atlântida"), a Terra experimentou uma al-
teração muito grande no funcionamento de seus sistemas de energias vitais e fluidos sutis. Os

646
contrastes entre as psicorregiões foram acentuados de tal forma que os desníveis eram facil-
mente percebidos pelo homem e muitas vezes eram perigosos. A fim de equilibrar as psicorre-
giões e torná-las habitáveis para a humanidade, os Cro-Magnons usaram externamente seus
conhecimentos de Cabala Acústica. Mas tal ação externa para ser eficaz deve ser acompanhada
por um TRABALHO INTERIOR porque a humanidade (ou seus grupos étnicos) interage
com a Psicosfera (o corpo "inútil") da Terra, sede dos Arquétipos Psicóides, e essa relação pode
“atenuar ou excitar” os contrastes entre as psicorregiões.
Hoje em dia a possibilidade de um controle "coletivo" sobre o meio ambiente usando
poderes psíquicos (a "força da vontade") será tomada com ceticismo como o avanço da Kaly
Yuga (a expansão demográfica dos elementos racionais “confusos”). A predominância genera-
lizada das tendências animais do pasu, produziu uma humanidade imersa em um sono materi-
alista que impede que ela se torne consciente de seu potencial mental e do poder com o qual
este poder poderia atuar sobre as psicorregiões. Consequentemente, o homem moderno é in-
capaz de resolver as alterações atuais entre as psicorregiões. A Estratégia da Sinarquia capitali-
zou essa impotência e lançou movimentos subversivos que "denunciam o conflito entre o ho-
mem e o meio ambiente ecológico", mas existem causas reais que um genuíno movimento
ambientalista deveria investigar seriamente.
Voltando ao conceito de psicorregião, é hora de perguntar: como se chama de interação
psicológica entre o homem e o ambiente? Já o definimos indiretamente: há lugares "negativos"
que chamamos de PSICORREGIÕES NEGATIVAS, assim como também lugares que têm
um certo "charme", que agora chamaremos de PSICORREGIÕES POSITIVAS. Esses con-
ceitos elementares podem ser aprofundados se definirmos um novo conceito: o do CLIMA
PSICOFÍSICO.
Lembre-se de que uma PSICORREGIÃO é o "habitat escolhido" pelo homem em vir-
tude de uma qualidade telúrica psiquicamente apreciável. Agora podemos acrescentar que toda
psicorregião tem um CLIMA próprio, que pode ser definido como “um conjunto de percep-
ções sensoriais e extra-sensoriais que impressionam um homem localizado em seu ambiente”.
O conceito de "clima" pode ser aplicado tanto a psicorregiões positivas ou negativas, pessoais
ou sociais, etc. Por exemplo, do sombrio "sentimento de opressão" que é experimentado em
uma caverna escura ao "ambiente eletrizante" de um teatro que no momento culminante do
drama ou da tragédia é percebido pelo público, há uma infinidade de “climas” especiais do
conhecimento atual. A fim de alcançar um desenvolvimento claro e compreensível desse con-
ceito, começaremos estudando os "climas" das psicorregiões naturais.

C – CONCEITOS DE "PSICORREGIÃO"

Há lugares no mundo que desfrutam de um charme particular e, às vezes, suas qualidades

647
são tão intensas que, sendo percebidos por muitos, transcendem fronteiras e ganham fama du-
radoura. Quem nunca ouviu falar de alguma montanha inspiradora, uma margem de rio sonha-
dora, um riacho de murmúrios doces, lugares propícios à meditação ou ao amor, ou para recu-
perar a saúde perdida ou, até mesmo, investigar o futuro? Geralmente são espíritos sensíveis,
músicos ou poetas, que expressam na linguagem popular essas qualidades geográficas, ajudando
a aumentar a fama desses locais.
Estamos aqui diante de um caso de PSICOLOGIA PROFUNDA cuja compreensão é
geralmente facilitada pelo estabelecimento de analogias com fenômenos da Física. É por isso
que falamos de CLIMA PSICOFÍSICO, embora seja mais apropriado referir-se ao MICRO-
CLIMA, ou seja: ÀS CONDIÇÕES DO CLIMA EM UM ESPAÇO LIMITADO. Por exem-
plo, o que queremos dizer quando afirmamos que uma psicorregião tem um MICROCLIMA
próprio? Que nesta psicorregião se experimenta um estado psicológico diferente do que seria
experimentado em outras partes, mesmo na vizinhança imediata. Mas tal estado psicológico
não responde apenas às percepções sensoriais, isto é: visuais, auditivas, olfativas, etc., mas tam-
bém envolve outros planos do ser, outras regiões da alma, cuja fibra não é facilmente afetada
na vida cotidiana. É como se o lugar, e seu microclima, induza no homem uma força totaliza-
dora que, dissolvendo percepções e sensações, o transporta para o NÃO-DIFERENCIADO
ou inconsciente. E essa regressão aos estados primordiais de consciência, longe de constituir
uma atitude passiva da parte daqueles que a experimentam, gera a PARTICIPAÇÃO ATIVA
entre o homem e o microclima. A CONSCIÊNCIA DE EXPERIMENTAR algo especial,
êxtase, é apenas o efeito da PARTICIPAÇÃO ATIVA.
Já mencionamos em várias ocasiões o conceito de PSICOESFERA, que se refere a um
"campo" que circunda a Terra e se mistura com todos os pontos do espaço interior. Este campo
equivale ao que na Ciência da Respiração Hindu se chama GLOBO TERRESTRE de AKASA,
ou seja, aquela esfera onde se encontram os Arquétipos Manu, que denominamos de "psicóide",
e, num plano inferior a estes, o "Registros acásicos", que nada mais são do que a impressão
astral de seu desdobramento evolucionário na matéria. Este campo é, também, uma das dez
“Vestes" ou “Véus" do Demiurgo Jeová-Satanás, O Ancião dos Dias, que são nomeados na
Cabala Hebraica.
No "campo" da Psicosfera, temos o COLETIVO UNIVERSAL INCONSCIENTE,
onde residem os Arquétipos Psicóides, e que interage com a COLETIVO PESSOAL IN-
CONSCIENTE de cada indivíduo (pasu ou virya perdido). Desta forma, a evolução humana
está conectada ao desenvolvimento do Arquétipo Planetário, já que a Psicosfera é o "substrato"
da fisiologia terrestre, o "corpo sutil" que atua como um "sistema nervoso vital" constituído
por uma rede completa de energias telúricas, com milhões de vórtices ou “chacras” e canais de
distribuição ou “córregos”, etc.

648
No Livro 4, esses conceitos serão adequadamente definidos e substanciados. O impor-
tante agora é entender que certa parte da psique humana, denominada "pessoal inconsciente",
PARTICIPA DO COLETIVO UNIVERSAL OU PSICÓIDEO UNIVERSAL. De fato, a
paixão está absolutamente ligada à Psicosfera e somente o virya pode transcender a determina-
ção arquetípica exercida pelo inconsciente coletivo psíquico - através do inconsciente coletivo
pessoal - na consciência comum. Essa transcendência, esse despertar, essa libertação que é al-
cançada depois de transitar pelo caminho de retornar à origem, é um assunto que já tratamos
em outro lugar.
Agora estamos em condição de escolher uma ILHA PSICÓIDE, baseada no conceito
de PSICORREGIÃO já estudado: UMA ILHA PSICÓIDE É A CONTRAPARTE DE UMA
PSICORREGIÃO NO CAMPO DA PSIOSFERA.
Esses três conceitos não devem gerar confusão. Para evitar mal-entendidos, vamos notar
que, inversamente, UMA PSICORREGIÃO É A PROJEÇÃO DE UMA ILHA PSICÓIDE
EM UMA ÁREA GEOGRÁFICA DETERMINADA. Deste ponto de vista, pode-se afirmar
que UMA ILHA PSICÓIDE É O ARQUÉTIPO DE UMA PSICORREGIÃO. Entende-se
que precisamos antes aludir ao conceito de "Psicosfera" apenas para definir o escopo da exis-
tência das "ilhas Psicóides".
Nos parágrafos anteriores, propomos a distinção entre "fato natural" e "fato cultural".
A partir deste último, dissemos então que era a "forma" em que um Arquétipo Psicóide estava
concentrado à medida que evoluía em direção à sua enteléquia; mas como o fato cultural é
essencialmente estrutural, chamamos à superestrutura a estrutura que sustenta essa forma. Es-
tudamos também de que maneira a superestrutura de captura de fato cultural para quem esta-
belece uma relação cognitiva com ela, incorporando-a como tema de seu drama: com seu maior
poder, o arquétipo psicóide do fato cultural tenta se desdobrar através do sujeito humano “cap-
turado” e externalizando sua própria estrutura cultural.
Podemos aplicar esses conceitos para explicar a origem dessa PARTICIPAÇÃO
ATIVA entre o homem e o microclima que mencionamos recentemente: AO SENTIR-SE
ATRAÍDO POR UMA PSICORREGIÃO QUE O HOMEM ATIVAMENTE PARTICIPA
DE SEU MICROCLIMA “POR QUE FOI CAPTURADO PELO MICROCLIMA NO
QUAL SE LOCALIZA A ILHA PSICOIDE”. Ainda não há um fato cultural apropriado,
MAS CADA FATO CULTURAL COMEÇA COM A "SELEÇÃO" DE UMA PSICORRE-
GIÃO. Podemos dizer, para dar mais clareza ao assunto, que uma ilha psicóide opera como o
"marco" ou "quadro" em que cada fato cultural deve ocorrer. É por isso que quando uma ilha
psicóide captura o homem no microclima de sua psicorregião, SOMENTE POR ESSE
EVENTO, a estrutura adequada é organizada de modo que os Arquétipos Psicóides, em uma
"reação cármica", se desdobrem através de uma superestrutura que agora inclui o homem e a
psicorregião como componentes e cuja forma dramática é chamada: "fato cultural".

649
Os Arquétipos que chamamos de "ilhas Psicóides" evoluem concretamente nas psicor-
regiões e são domínios EXCLUSIVAMENTE GEOGRÁFICOS; o "microclima" é a estrutura
natural DO HOMEM que sustenta a psicorregião. Assim, o "microclima da psicorregião" equi-
vale, em outro grau, à "superestrutura do fato cultural": ambas são expressões dos Arquétipos
Psicóides; o primeiro é de uma "ilha psicóidea"; o segundo, de um arquétipo Manu.
Um Arquétipo pode ser "conhecido", isto é, conscientizado, por meio da DESCRIÇÃO
de algumas das FORMAS CONCRETAS que adota durante sua evolução. Nesse sentido, po-
demos afirmar que toda psicorregião é uma FORMA CONCRETA que adapta a ilha psicóide
correspondente durante sua evolução e, portanto, TODA PSICORREGIÃO É UMA "DIS-
CRIMINAÇÃO NATURAL" DE SUA ILHA PSICÓIDE. Entende-se então a importância
que teria para uma Estratégia Psicossocial, a possibilidade de conhecer e distinguir as psicorre-
giões, enquanto PROJEÇÕES GEOGRÁFICAS dos Arquétipos Psicóides, SÃO REPRE-
SENTADAS GRAFICAMENTE. Pessoas sensíveis, devidamente treinadas, iniciadas na Sa-
bedoria Hiperbórea, podem desenhar em um mapa o CONTORNO das psicorregiões ou re-
presentar em uma maquete a superfície e o relevo. Na SS, por exemplo, existia um corpo de
oficiais treinados para traçar o poligonal de qualquer psicorregião europeia.

D – CONCEITO DE "ILHA PSICOIDE"

Voltemos à distinção entre "psicorregião natural" e "psicorregião social". Uma psicorre-


gião natural é um lugar feito pela própria mão do Demiurgo, ou seja, onde um Arquétipo (ilha
psicóide) evolui, como, por exemplo: uma paisagem, gruta, abismo, rio, montanha, etc., e todos
os lugares onde pode-se perceber um microclima particular.
Uma psicorregião social é, ao contrário, um lugar escolhido pelo homem para estabele-
cer seu habitat, para construir aldeias, templos, jardins ou palácios, no qual se modificou seu
caráter "natural" para adaptá-lo aos propósitos da comunidade.
É evidente que todo lugar do segundo caso foi, antes da intervenção do homem, um
lugar do primeiro caso. Vale a pena perguntar: QUALQUER LUGAR pode servir, através de
sua modificação ou alteração formal, um microclima adequado às necessidades humanas? A
resposta é não. É necessário escolher o local com cuidado. Como vimos na história de Nimrod,
O Derrotado, às vezes pode levar anos para se localizar um local apropriado, isso se tiver pes-
soas treinadas para ler na natureza as descrições das ilhas Psicóides.
No entanto, apesar dessa complexidade, a raça branca de Cro-Magnon, "sábios da pe-
dra", adaptavam as psicorregiões do mundo para que pudessem ser habitadas pelo homem.
Depois do último cataclismo atlante eles “repararam” o sistema nervoso terrestre tornando
possível novamente a reorientação estratégica dos viryas. Porque, apesar das construções me-
galíticas estarem relacionadas com as correntes de energia telúricas, ela provém apenas de um

650
ASPECTO FUNCIONAL da mesma e não constitui, longe disso, o motivo de sua fabricação,
como alegam Louis Charpentier e outros adeptos da druidismo. Não se tratava de praticar uma
acupuntura terrestre, mas de se comportar de acordo com uma estratégia hiperbórea: aqui está
a chave para interpretar a atitude dos construtores Cro-Magnon.
Hoje a Sinarquia tenta apagar de todas as formas os rastros da Guerra Cósmica e usam
como tática, neste sentido, negar toda determinação guerreira dos povos da pré-história. Com-
prova-se, então, que todos os autores esotéricos da Sinarquia, Teosofistas, Rosa-cruzes, Ma-
çons, Martinistas, etc., são PACIFISTAS DECIDIDOS que afirmam cegamente que os sobre-
viventes da Atlântida foram os fundadores das civilizações “e citam como prova” as culturas
maias, suméria, egípcia, etc., sem explicar o lapso de milhões de anos que os separam desse
cataclismo.
Para abordar a verdade e evitar essa desinformação sinárquica, vamos nos perguntar por
um momento, qual é o comportamento mais provável que seria adotado pelos sobreviventes
de uma civilização que sucumbiu e desapareceu como resultado de uma guerra total: eles certa-
mente não se comportariam APENAS como fundadores de civilizações ...
De fato, estes sobreviventes se manteriam em estado permanente de alerta e só se con-
duziriam seguindo as diretrizes MILITARES tanto para viajar quanto para acampar e, embora
eles tentassem salvar elementos de sua civilização perdida, NÃO SERIA ESSA, naturalmente,
a RAZÃO PRINCIPAL DE SUAS AÇÕES. Temos um exemplo em mãos naqueles japoneses
que sobreviveram mais de vinte anos nas ilhas do Pacífico, após o fim da Segunda Guerra:
embora construíssem objetos culturais necessários para sobreviver ou viver, como uma cabana,
um anzol ou um jogo de go, e embora eles tivessem transmitido parte de seus conhecimentos
para os nativos, "civilizando-os", NENHUMA DESSAS RAZÕES DETERMINARAM
SUAS AÇÕES. Pelo contrário, quando encontrados, constatou-se que os soldados não haviam
esquecido a guerra a QUALQUER MOMENTO, mantendo sempre um ESTADO DE
ALERTA PERMANENTE e seguiam, tanto para se deslocar quanto para acampar, as DIRE-
TRIZES MILITARES; Um exemplo disso foi o correto funcionamento de suas armas, que
lubrificaram e mantiveram em bom estado e, fundamentalmente, o CONSTANTE RES-
PEITO PELA HIERARQUIA MILITAR (um sargento de 1945 ainda era um sargento em
1960) o que revela todo um universo de armas, honra e virtudes marciais.
Sem dúvida, essa é a atitude daqueles que sobrevivem a uma guerra total E NÃO FO-
RAM DERROTADOS: TODAS AS MOÇÕES, TODAS AS AÇÕES E TÁTICAS, POR-
TANTO, DEVEM SER EXECUTADAS DE ACORDO COM OS PRINCÍPIOS DA
GUERRA. MAS TODAS AS TÁTICAS, EM SUA HORA, DEVEM SER PLANEJADAS
NO CONTEXTO DA ESTRATÉGIA GERAL, E ASSIM CONTRIBUI PARA CUMPRIR
SEUS OBJETIVOS. É por isso que os Cro-Magnons se moviam e agiam seguindo as táticas

651
da Sabedoria Hiperbórea e seus ATOS DE GUERRA, sejam eles menires, dólmens ou crome-
leque, obedeciam aos objetivos da Estratégia Geral dos Siddhas.
O principal objetivo da Estratégia Hiperbórea é “o retorno à origem”, portanto, um
dólmen, por exemplo, deve servir para isso PRINCIPALMENTE; para depois "ouvir a música
das esferas" ou "consertar as correntes telúricas" como alega o druidismo. Existe em tudo isso
um grande segredo que nos força para não traí-lo, a usar linguagem simbólica. Digamos, então,
que QUANDO O OBJETO PRINCIPAL DA ESTRATÉGIA HIPERBÓREA ESTÁ EFI-
CAZMENTE ALCANÇADO, OS VIRYAS DESAPARECEM DA HISTÓRIA. Não pode-
mos agregar mais nada.
Desta forma, verifica-se que todo ato de guerra bem sucedido realizado por viryas hi-
perbóreos, APÓS A GUERRA TOTAL culmina COM O DESAPARECIMENTO DE
SEUS PROTAGONISTAS. MAS AS ARMAS DE PEDRA SEMPRE PERMANECEM,
MESMO QUE NÃO POSSAM SER USADAS NOVAMENTE, E DA MESMA FORMA
QUE OS SEUS CONSTRUTORES AS USARAM. Louis Charpentier descobriu que, suges-
tivamente, os megálitos da França estão distribuídos por uma enorme espiral que cobre todo o
país; ele também provou que, desde tempos imemoriais, há toda uma migração esotérica de
pessoas que, como um gigantesco jogo de tabuleiro, estão indo em peregrinação pelo caminho
da espiral em busca de uma espécie de iniciação nos mistérios da construção lítica (maçonaria) 29.
Naturalmente, algo que Charpentier não sabe, é que tal migração começou DEPOIS das cons-
truções de pedra porque os CONSTRUTORES DESAPARECERAM QUANDO A ÚL-
TIMA PEDRA DO CENTRO DA ESPIRAL U “OLHO” foi colocada. Aqueles que chegam
depois, e não conhecem o segredo da pedra ou não têm pureza de sangue para propor uma
Estratégia Hiperbórea, para estes, SÓ LHES RESTA A ALTERNATIVA DE PURIFICAR-
SE SEGUINDO PELA ANTIGA ROTA DE PEDRA DOS SIDDHAS. Como a ORIGEM
É COMUM PARA TODAS AS LINHAGENS HIPERBÓREAS, é possível que, seguindo o
caminho para a Origem, ABERTO POR OUTRAS VIRYAS, você será capaz de RECOR-
DAR O SEGREDO e assim traçar sua própria Estratégia.
Para neutralizar essas armas líticas, e a possibilidade de "Orientação Estratégica" que elas
oferecem, os druidas se ocuparam por séculos de efetuar um bloqueio mágico, registrando si-
nais ou praticando rituais que têm o propósito de alterar as psicorregiões circunvizinhas. Mas,
uma vez que se infiltraram na Igreja Católica, suas ações foram tremendamente eficazes porque,
depois de destruir as armas líticas, onde estavam, construíram outras edificações de pedra espe-
cialmente projetadas, de acordo com os princípios da Cabala Acústica, para alcançar os objeti-
vos estratégicos da Sinarquia. Nós falaremos sobre eles mais tarde.

29 Louis Charpentier – Los Gigantes – Plaza y Janes

652
E – O TRABALHO MEGALÍTICO DO HOMEM DE CRO-MAGNON

Vamos agora destacar um elemento que está intimamente ligado ao trânsito através do
mundo da raça branca dos Cro-Magnon. Se em um mapa indicamos a distribuição mundial dos
megálitos (que sem dúvida estarão incompletos já que muitos foram destruídos) e em outro
mapa idêntico marcamos os lugares onde o antigo signo da Suástica foi encontrada, veremos
que as áreas de dispersão são idênticas.

DISTRIBUIÇÃO MUNDIAL DAS CONSTRUÇÕES MEGALÍTICAS


Figura 1

Embora a suástica seja ostentada por povos que tenham habitado os lugares megalíticos,
não foram estes os verdadeiros construtores destes locais, o que não invalida o fato de que
foram apenas meras pessoas de cultura inferior que coletaram ou descobriram a suástica nessas
construções megalíticas. JÁ QUE, DE CERTA FORMA, AMBAS SÃO A MESMA COISA.
Já declaramos que as construções megalíticas são ARMAS TÁTICAS a serem usadas no con-
texto de uma Estratégia Hiperbórea e que o objetivo dessa Estratégia é o “Retorno à Origem”.
Para entender nossa afirmação anterior, basta lembrar que, em qualquer ação estratégica em
direção à ORIGEM, deve intervir o Gral, que é reflexo da Origem. Mas o Gral é apoiado pela
Runa de Ouro e nesta se gravou o Signo da Origem, E DELA DERIVA, ATRAVÉS DE

653
DEFORMAÇÕES E MUTAÇÕES, A RUNA SVÁSTIKA (suástica). Daí então uma cons-
trução lítica, projetada para transferir uma comunidade guerreira “para a Origem “, possibilitaria
que outra comunidade, mais impura ou confusa, percebesse o Sinal de Origem e “adore”, ou
considere “sagrada” a Runa Suástica.

DISTRIBUIÇÃO MUNDIAL DO SIGNO DA ORIGEM OU RUNA SVASTIKA


Figura 2

Mas a suástica, que é derivada do signo da origem, não representa em si um "signo solar",
apesar de ter sido racionalizada como tal por sacerdotes decadentes, que também a identifica-
ram com a "vida", o “movimento”, a “reencarnação”, o “polo”, etc. Na antiguidade, a suástica
era um símbolo de fogo e sangue, quando ambas as substâncias são a mesma coisa. Hoje, o
fogo é a COMBUSTÃO, ilusão ótica de um processo químico de mudar o estado da matéria e
o sangue de um LÍQUIDO PLASMÁTICO. Mas a Sabedoria Hiperbórea ensina que o SAN-
GUE PURO FOGO possui uma natureza comum, conhecimento que está na base da Cabala
Acústica usada pelos Cro-magnons para DOMAR as correntes de energia telúrica. Quem quer
que possa ver a energia telúrica acha-a semelhante a um vapor ígneo; mas o sangue também vê
da mesma maneira: como um vapor ígneo; e para tal analogia tem sido falado por milênios de
"sangue da terra" e até mesmo, porque nos cursos de água, rios e córregos, a circulação da
energia telúrica é maior, a água foi identificada como o “sangue terrestre”.
Há, portanto, um conhecimento perdido sobre a suástica que só os arianos da índia, os
alemães da Frísia e da Saxônia, e talvez os maias de Yukatán, preservaram de maneira defor-

654
mada até os tempos modernos. Há uma antiga palavra sânscrita para designar o fogo que des-
taca a "recordação" hiperbórea da identidade que temos apontado: é a palavra PUR, que, além
de significar "fogo", constitui a raiz de PURO, uma qualidade do Sangue. De fato, nos Vedas é
constantemente lido que o Sangue dos reis, guerreiros ou sacerdotes, isto é, dos membros das
castas superiores, é PURO e, portanto, ÍGNEO. Sangue e Fogo foram nomeados em sânscrito
antigo, então, com uma única palavra, PUR, que também significa PURO, qualidade indiscutí-
vel de AGNI, o Deus do Fogo e Sangue e dos heróis lendários ou Siddhas.
Os alemães também retiveram alguns desses conhecimentos usando a suástica como
RUNA, ou seja: como uma palavra mágica, um elemento da Cabala Acústica.
A Cabala Acústica baseia-se no princípio de que toda forma é sustentada por uma pala-
vra, que também é um Arquétipo, que foi pronunciado no início do Drama pelo Logos Criador,
isto é: o verbo do Demiurgo. Conhecer a Cabala Acústica significa uma VANTAGEM ES-
TRATÉGICA que permite, por exemplo, adaptar-se “ao meio ambiente”, os Valplads, para
servir aos propósitos de uma Estratégia Hiperbórea, diminuindo a pressão satânica de Maya, a
ilusão do real.
É por isso que aqueles que usaram a Suástica como letra e outros símbolos da Cabala
Acústica, sem dúvida possuíam uma vantagem estratégica sobre outros povos já sintetizados.
Vantagem que hoje os alemães perderam porque devem se submeter às regras de um mundo
judaizado, satanista e sinárquico, mas que não representa um mal tão grande quanto o que ou-
tros povos hiperbóreos tiveram que suportar, como os astecas, por exemplo, que não só per-
deram seu alfabeto de símbolos cabalísticos, mas também tiveram sua cultura foi destruída e
até mesmo tentaram exterminar sua raça.

F – MEGÁLITOS E RUNA SUÁSTICA

Dissemos que os Cro-Magnons semearam o mundo com megálitos e acrescentaram,


como dados ilustrativos, que a suástica aparece nos mesmos lugares onde as armas líticas foram
erguidas. Sabemos que muitas opiniões malucas foram derramadas sobre esse assunto. No en-
tanto, não podemos ignorar as afirmações de alguns comentaristas profanos, muito promovi-
dos ultimamente 30, que, após observar que as construções megalíticas se distribuíam predomi-
nantemente próximas às costas de rios e mares, chegaram à conclusão de que os construtores
“vieram do mar", ou que eram simplesmente, uma “linha de pesca marítima”.
Esta presunção DESMENTIMOS IMEDIATAMENTE e afirmamos, por outro lado,
que o trabalho dos LÍDERES da arte lítica era muito mais vasto do que se costuma supor, pois
incluía TODA A SUPERFÍCIE dos continentes, e que, por desconhecer em que consistia este

30 "SUSPICIAMENTE" PROMOVIDO.

655
trabalho, chegou-se a conclusões erradas e absurdas.
A chave está na Cabala Acústica, que inclui o uso de RESSONADORES LÍTICOS
(menhires e dólmens) e também DISPOSITIVOS FORMAIS (como o cromeleque, o labirinto,
o perfil de grandes rochas e montanhas, poços e caverna, etc.) QUE TRABALHAM DESCRI-
TIVAMENTE EM ARQUÉTIPOS PSICÓIDES. Existem muitas cavernas que foram artifi-
cialmente modificadas para SERVIREM a certos propósitos, quando não totalmente artificiais;
e numerosos poços, em todo o mundo, registram essa elaboração humana. Também os petró-
glifos e figuras rochosas de origem Cro-Magnon, como nas cavernas de Altamira, Lascaux ou
Aurignac, tiveram sua fundação na Cabala Acústica: em conjunto com certos mantras ou pala-
vras mágicas permitiam operar sobre as almas grupais (elementais ou espirituais) dos animais
que queriam caçar ou domesticar. No Peru, na localidade de Marcahuasi, localizado em um
pequeno planalto andino a uma altitude de 4.000 metros, hoje é possível visitar uma oficina-
escola autêntica, para qualquer um poder ver “in loco” todo o arsenal de armas táticas líticas e
comprovar, com uma "boa visão", que este se destaca pela sua esmagadora diversidade às outras
tantas conhecidas de menhir, dólmens ou de muralhas.

G – O ARSENAL LÍTICO DA RÚNICA NOOLÓGICA

Já nos referimos às modificações que os cro-magnons fizeram em muitas psicorregiões,


transformando-as de “naturais” em “sociais” e adequando-as para os viryas as habitarem e “re-
orientarem-se estrategicamente”. Mas também mencionamos que em muitos casos as psicorre-
giões sociais foram alteradas novamente pelos druidas, com o propósito de readaptá-las para a
Estratégia da Sinarquia; por exemplo, vale a pena lembrar que muitos dos grandes templos das
religiões "modernas", católicas, muçulmanas, budistas, etc., foram construídos em antigos "tem-
plos pagãos", isto é: em lugares que eram venerados desde a mais remota antiguidade e em cujo
centro havia um menhir, um dólmen, um cromeleque, etc. Vamos agora explicar a natureza
desta CONTRAOFENSIVA SINÁRQUICA.
Os Druidas se infiltraram na ordem beneditina a partir do século IV e depois, de Cister
e Cluny, lançaram a Ordem do Templo na primeira e mais terrível ofensiva destinada a estabe-
lecer o Governo Mundial da Sinarquia. Ao estudar a Estratégia A2, discutiremos esse plano
sinárquico e explicaremos as razões de seu fracasso. O importante é que, para que tal plano
funcione, as psicorregiões religiosas da Europa tiveram que ser preparadas com antecedência
durante séculos para que seus microclimas capturassem os "crentes" e os incorporassem ao
processo do Arquétipo de Jesus Cristo.
Para isso, os druidas contavam com a Cabala Acústica, na qual eles eram mestres, e com
a Cabala Numérica, que os sábios Judeus voluntariamente colocaram à sua disposição; Combi-
nando esse conhecimento formidável, eles desenvolveram uma técnica de controle psicossocial

656
baseada na ressonância arquetípica de enormes estruturas de pedra. A expressão concreta deste
trabalho é a catedral gótica que "aparece", como todos sabem, no século XI. Esta construção
gigantesca é um instrumento lítico finamente calibrado para gerar um microclima religioso, ca-
paz de esmagar o paroquiano com sua grandiosidade e de sugerir uma atitude de respeito e
devoção. Nada mais do que isso o Arquétipo de Jesus Cristo precisa para efetuar a captura,
transformando o microclima em superestrutura e a psicorregião religiosa em um fato cultural!
Mas a mais admirável desta máquina infernal (e embora esta afirmação escandalize os geneti-
cistas, diremos o mesmo) é que, uma vez feita a captura, modula a informação genética do
crente fazendo o Arquétipo de Jesus Cristo hereditário, isto é: judaizando geneticamente os
desavisados. Isto é conseguido porque o Arquétipo de Jesus Cristo, é psicótico, ou seja: perten-
cendo ao inconsciente coletivo universal, é introduzido e corporificado no inconsciente coletivo
pessoal pela ação da catedral, o que implica uma modificação cromossômica EM TODAS AS
CÉLULAS DA ESTRUTURA ANATÔMICA HUMANA. Assim são as catedrais: MÁQUI-
NAS PARA PROGRAMAR PSICAMICAMENTE (E GENETICAMENTE) À POPULA-
ÇÃO PARA O PROPÓSITO DE ACOMPANHAR UM TIPO HUMANO JUDAICO,
QUE AGE SOBRE A HERANÇA GENÉTICA PELA TRANSMISSÃO DE CARACTE-
RES SIMBÓLICOS INDUZIDOS.
A construção de catedrais (e de outros monumentos que não mencionamos por ques-
tões de brevidade) é, do ponto de vista da Sabedoria Hiperbórea, uma autêntica Tática da Es-
tratégia Psicossocial, posta em prática pela Hierarquia Branca de Chang Shambala, para favore-
cer o advento da Sinarquia Universal. Sobre a FUNÇÃO das catedrais, tanto o druida Fulcanelli
como o celta Louis Charpentier, e muitos outros autores de afiliação sinárquica semelhante,
afirmam que seriam "livros de pedra" destinados a perpetuar uma "sabedoria oculta" (que seria
a Alquimia) a que, devido ao "obscurantismo reinante", não pode ser exposto nem mesmo por
organizações iniciáticas.
É difícil acreditar que tais idiotices possam ser ditas de boa-fé, e seríamos tentados a
duvidar dos critérios racionais daqueles que as emitem SE NÓS NÃO ESTIVÉSSEMOS CI-
ENTES DA EXISTÊNCIA DESSA ESTRATÉGIA SINARQUICA E DE QUE ELES
SÃO SEUS AGENTES.
Para esclarecer as coisas lembre-se que com as pirâmides do Egito ocorre uma conspi-
ração semelhante, em que todos os autores-esotéricos “concordam em dizer, por exemplo que
Quéops é um livro de pedra, onde o conhecimento egípcio voou para perpetuá-lo através do
tempo”. Em que baseiam essa afirmação? Na perfeita orientação geográfica das construções
(pirâmides e catedrais) e na intervenção de NÚMEROS muito precisos e marcantes, extraídos
da Física ou da Astronomia, nas dimensões do monumento.
Vejamos agora qual é a verdade que a Sinarquia tenta esconder ou disfarçar com teorias
absurdas: tanto as pirâmides como as catedrais e, em geral, todos os templos construídos com

657
base em princípios cabalísticos, SÃO MÁQUINAS FUNCIONAIS, construídas para operar
coletivamente sob o público. Faça a si mesmo a seguinte pergunta: em que máquina medidas e
dimensões interferem nas leis da natureza que elas pretendem governar e aproveitar? Inferir daí
que a máquina é um livro no qual o conhecimento da natureza foi derramado e destinado a ser
lido no futuro é uma ideia irreal.
Uma máquina é construída para ser usada no presente e no futuro imediato, ou para
funcionar enquanto tiver vida útil, mas nunca é feita pensando sobre o que acontecerá milhares
de anos depois. É claro que, se esta máquina cruza milênios e é contemplada por seres que
ignoram seu OBJETIVO FUNCIONAL, não seria estranho que erroneamente pensassem que
ela é um "livro" e até mesmo que "lê mensagens". Pense, para colocar um exemplo extrema-
mente simples, em homens do futuro que, ignorando tudo sobre a nossa civilização, encontrará
o QUADRANTE DE UM RELÓGIO DE PAREDE DE UM METRO DE DIÂMETRO.
E que a partir de seu exame conclui que se trata de um "livro" feito para gerações futuras por
seres antigos que conheciam o comprimento do meridiano terrestre, contados até doze, e que
provavelmente adoravam o círculo, talvez o Sol, e que estavam na Idade do Bronze etc. Todas
essas deduções são lógicas, mas NADA FALA SOBRE O RELÓGIO, nem sobre o OBJE-
TIVO FUNCIONAL para o qual foi projetado.
É necessário entender, então, que as catedrais e outros monumentos similares devem
ser consideradas ESTRUTURAIS EM SUA TOTALIDADE, de acordo com a função para a
qual foram projetados. E se não sabemos qual é essa função, MELHOR FICAR CALADO
porquê de outro modo colaboramos com a Estratégia Sinárquica que consiste em fomentar a
confusão em tudo o que está relacionado a Chang Shambala e seus planos demoníacos.

H – ESTRATÉGIA DRUÍDICA

Intimamente ligado a esse tema, há outra tática sinárquica sobre a qual vamos advertir
agora. Quando se fala em “Idade Média” e “Renascimento”, geralmente se faz um erro delibe-
rado, consistindo em afirmar que efetivamente “uma espécie de abismo” separa os dois perío-
dos. Parece, segundo os historiadores da Sinarquia, que a Idade Média foi uma época de escu-
ridão impenetrável, cuja negritude foi abruptamente dissipada pelo humanismo renascentista.
A Renascença parece, então, que surge por geração espontânea, totalmente divorciada da época
“superada”. Mas se você analisar com cuidado, descobre que, por trás de tais pontos de vista,
está a tática sinárquica.

I – REVOLUÇÃO CULTURAL DRUÍDICA

Nós vamos repetir: o Demiurgo, com seu Grande Sopro, impele o assunto a EVOLUIR
seguindo a ordem formal de seus Planos, ou Arquétipos de Manus. A Lei da Evolução governa,

658
portanto, em todas as ordens de existência, incluindo a sociedade humana. Mas a Hierarquia
Branca de Chang Shambala costuma apressar essa Evolução social através de uma alteração
chamada REVOLUÇÃO, que também se expressa por uma lei precisa que consiste em propor
uma oposição dialética ao sistema que busca REVOLUCIONAR.
É por isso que se deve estranhar que, depois de toda a revolução, os revolucionários
neguem e desvalorizem a época anterior: são táticas puramente sinárquicas, que podem ser ve-
rificadas observando a Revolução Francesa, Russa, Cubana, etc., onde o choque dialético e a
negação são evidentes por parte da nova ordem, despreza-se totalmente a antiga época. Essa
tática sinárquica é muito evidente e não exigirá mais comentários ... Do contrário o Renasci-
mento não apareceria na História como "revolução".
No entanto, ignorando as qualificações, descobrimos no coração da Renascença a
mesma estratégia sinárquica que dirige as grandes revoluções da história. E com ela a negação
da "época anterior" à qual é rotulada como "obscurantista". Mas, se descartamos seu caráter
natural ou espontâneo, devemos perguntar: quem lança uma revolução tão vasta quanto "o
Renascimento"? Porque toda revolução registra, por trás dos protagonistas óbvios, uma hierar-
quia de "cérebros cinzentos" que PLANIFICAM e LIDERAM o movimento. O aspecto vio-
lento é apenas a culminação de um longo trabalho subversivo realizado por profissionais, "agi-
tadores e revolucionários", que também foram "agitados" por forças ocultas que raramente são
mostradas ao público. Sabemos que a Sinarquia está engajada por trás desses movimentos po-
derosos, mas no caso da Renascença nem sempre isso parece claro o suficiente e diremos o
porquê: a Renascença foi uma REVOLUÇÃO CULTURAL E NÃO POLÍTICA, como as
outras violentas revoluções que estamos acostumados a considerar.
A REAÇÃO a tal revolução teve nome: CÁTAROS E FEDERICO II HOSENSTAU-
FER. E foi ferozmente reprimida. E note que se falamos de uma reação no século XIII a uma
revolução que ocorre no século XV é porque admitimos que no século XIII já estavam à vista
as motivações que desencadeariam a revolução do Renascimento: motivações que os druidas e
seus Minions tinham incubado por oitocentos anos. E a maior dessas motivações, a mais evi-
dente, eram as catedrais, tão eficazes em seu objetivo cultural revolucionário, tão esplêndidas
em sua perfeição estrutural, mas, acima de tudo, tão grandes diante da insignificância humana,
e era extremamente difícil reagir contra elas. Mas essa inibição foi, sem dúvida, outro importante
objetivo sinárquico.
Repetiremos pela última vez: cometemos um erro ao acreditar que o Renascimento re-
almente significou uma reação contra a cultura da Idade Média. Foi a Idade Média, com suas
FORÇAS ESCONDIDAS, que gerou o Renascimento, preparando-se durante séculos e
agindo sobre as massas através de táticas psicossociais entre as quais, mas não as únicas, estão
as catedrais que mencionamos.

659
Mas, certamente, somos tentados a perguntar: sem as catedrais teria havido Renasci-
mento? NÓS ACREDITAMOS QUE NÃO. Essa resposta pode dar uma ideia da importância
que atribuímos à influência coletiva das gigantes máquinas de pedra e da ciência que permitiu
que elas fossem projetadas: a Cabala Acústica.

J – NOÇÕES DE COROLOGIA ESOTÉRICA

Quem leu os nove parágrafos anteriores já terá entendido que rejeitamos o ponto de
vista SOCIO-CULTURAL que reconhece o homem como agente ativo e a Terra como sujeito
passivo, (que) é agora aceito (por geógrafos) em “termos gerais”31, pois implica num falso con-
ceito de “livre arbítrio” que o homem, um escravo de Jeová-Satanás, realmente não tem. Pelo
contrário, para nós, e de acordo com a Sabedoria Hiperbórea, o homem está sujeito a um drama
(o processo dos Arquétipos Psicóides) que se desenvolve no teatro de uma psicorregião da
Terra, que se comporta como um AGENTE ATIVO, que captura e integra a superestrutura
de eventos culturais.
Quando fizemos a crítica da “Era Histórica” e da “cultura”, demonstramos que o pasu
ou o virya perdido é, em geral, um prisioneiro de eventos culturais; mas, mais tarde, quando
definimos as "psicorregiões", explicamos que elas constituem a esfera primária na qual o pro-
cesso de fato cultural começa; "Homem" e "psicorregião" parecem ser elementos fundamentais
e suficientes para compreender o drama da vida humana. No entanto, isso não é verdade. A
"psicorregião", como a definimos, é um conceito de ESPAÇO, que nada nos diz sobre a di-
mensão TEMPORAL do drama. Para completar este aspecto, a Sabedoria Hiperbórea fornece
o conceito complementar de GEOCRONIA, do qual, RECENTEMENTE, pode-se definir o
Kaly Yuga.
É fácil entender que o processo dos Arquétipos Psicóides NÃO PODE SER O
MESMO EM DIFERENTES PSICORREGIÕES. Por exemplo: o Arquétipo da Dama é de-
senvolvido através de Vulcano e insta-o a procurar pela mulher “amada”; se a psicorregião onde
o drama acontece é, por exemplo, a "aldeia natal" de Vulcano, então ele pode projetar seu "amor
impossível" em uma das aldeãs e sublimar sua energia sexual com a qual o Arquétipo da Dama
se alimenta; mas se a psicorregião é, por exemplo, uma "ilha deserta", a projeção não ocorrerá
“para fora” e o processo tomará outro rumo. Nesse exemplo extremamente simples, mas exem-
plificando muitos outros casos, percebe-se que, QUANDO SE VARIA A PSICORREGIÃO
TAMBÉM SE VARIA O PROCESSO (porque, naturalmente, a superestrutura do fato cultural
varia).
Mas essa variação do processo, é de que natureza? Porque não dizemos que o processo
"não acontecerá", mas simplesmente "mudando a psicorregião, o processo varia". A resposta

31 JAN M. BROEK – GEOGRAFIA – MANUELA U.T.M.R.A – MEXICO.

660
é: mudando a psicorregião, o processo varia TEMPORARIAMENTE, ou, em outras palavras:
se um homem, capturado e integrado à superestrutura de um fato cultural, muda de psicorre-
gião. O PROCESSO DO SEU DRAMA, É MAIS RÁPIDO OU LENTO, DE ACORDO
COM O CARÁTER GEOCRÓNICO DO LUGAR. Agora entendemos a importância da
situação geográfica dos Viryas de um ponto de vista estratégico.

J1 – Efeito geocrônico sobre o “Kaly exterior”

Existe, portanto, uma relação entre toda a psicorregião e a temporalidade que o processo
dos Arquétipos Psicóides sofre QUANDO SE DESOBEDECE SEU ESCOPO. Mas os di-
ferentes Arquétipos Psicóides formam um conjunto infinito e, CADA UM DELES APRE-
SENTA UM DIFERENTE TEMPO DE EVOLUÇÃO EM CADA PSICORREGIÃO
PARTICULAR. Por esta razão, não é possível levar em consideração QUALQUER ARQUÉ-
TIPO EM PARTICULAR para se referir à relação temporal entre "psicorregiões" e "eventos
culturais" ou, na Psicosfera, entre "Ilha Psicóide" e "Arquétipos Psicóides ". O conceito de
“geocronia” é definido pela Sabedoria Hiperbórea seguindo um caminho inverso: NÃO SE
REFERE À PROJEÇÃO DE UM ARQUÉTICO PSICÓIDE, MAS A UMA RECUPERA-
ÇÃO DE SANGUE; À LEMBRANÇA DE LILITH'S OU SEJA: PARA KALY. Com efeito:
“GEOCRONIA É A CAPACIDADE QUE UMA PSICORREGIÃO TEM PARA ESCU-
TAR A IMAGEM DE KALY”.
O que isso tem a ver com o tempo? Que, INVERSAMENTE, uma psicorregião onde
não é possível perceber Kaly é um lugar onde uma SINCRONIZAÇÃO MÁXIMA TEMPO-
RÁRIA pode ser dada entre os ritmos biológicos do microcosmo e o Tempo Macrocósmico,
que é uma expressão do fluxo imanente da Consciência do Demiurgo. Portanto, a geocronia
dá uma indicação NEGATIVA das possibilidades oferecidas por uma psicorregião para alcan-
çar a ORIENTAÇÃO ESTRATÉGICA, ou seja, quanto maior o índice geocrônico de uma
psicorregião, menor a chance de orientação estratégica.
Dentro da Sabedoria Hiperbórea existe uma ciência que estuda tudo sobre as psicorre-
giões e a sua relação geocrônica com o homem: é a COROLOGIA ESOTÉRICA32. A Thule-
gesellschaft tinha um importante "círculo fechado" especializado em estudos corológicos, que,
após 1936, passou para o Instituto Ahnenerbe da SS. E foram os especialistas em corologia do
Instituto Ahnenerbe que fizeram um levantamento mundial dos índices geocrônicos e desco-

32 COROLOGIA, da raiz grega COROS = LUGAR, significa literalmente "estudo das relações entre coisas e pessoas que dão
caráter aos lugares", na teoria do geógrafo alemão do século XIX FERDINAND VON RICHTHOFEN. Mas a Corologia Esotérica
lida com o estudo não apenas de quaisquer lugares, mas de "psicorregiões", estabelecendo relações especificamente
"geocrônicas" entre essas pessoas e o homem afetado por seu ambiente. Corologia Esotérica é, propriamente, "Sabedoria
Hiperbórea Aplicada". O mesmo pode ser dito de outra ciência complementar: a COROGRAFIA, que estuda e desenvolve
técnicas para representar as psicorregiões em mapas ou "maquetes".

661
briram que UMA VERDADEIRA ROTA DE ESCURIDÃO PODERIA SER LOCALI-
ZADA OU CORROGRAFADA NA SUPERFÍCIE TERRESTRE (Fig. 3).
A dita "rota" é a expressão atual da chamada “Kaly Yuga” e demonstra, como prevíamos
em outros lugares, que sua influência não é uniforme em toda a Terra, como seria de se esperar
de uma simples “Idade Histórica”, mas varia de “intensidade” de acordo com a latitude consi-
derada.

A ROTA SECRETA DE KALY YUGA E O TRIÂNGULO DA TRÍPLICE “A”


Buenos Aires - Argel - Pequim
Figura 3

A “intensidade” que varia é a da “escuridão” e que impede Kaly de perceber e, portanto,


ao “avançar” na direção da Rota Kaly Yuga, a perda da Orientação Estratégica está aumen-
tando33.

J2 – Determinação corológica da Rota Kali Yuga

A Rota Kaly Yuga tem seu ponto de menor intensidade no Polo Sul e a mais alta inten-
sidade no Polo Norte. Do Polo Sul, avança sobre a Antártica, fazendo parte da Península An-
tártica e vários arquipélagos de ilhas “o ômega da mão esquerda. ” 34 Essas ilhas, que incluem
principalmente Orkneys, Sandwich e Georgias, são um apêndice externo dos Andes, que afunda
sob o Oceano Atlântico para reaparecer na Antártica como “Cadena Antartandes”, na Terra de
San Martín. A Rota continua então nas Américas, paralela à Cordilheira dos Andes, mas, no

33 Isso não significa que o Kaly Yuga APENAS atue na rota. Toda a terra está sujeita à sua influência, mas, PARA O
HOMEM, devido à ação geocrônica das psicorregiões, a INTENSIDADE DA ESCURIDÃO é esmagadoramente maior DENTRO
DA ROTA.
34 Entende-se que nos referimos à "mão esquerda" de Sanat Kumara ou Jeová-Satanás.

662
auge da linha equatorial, volta-se rapidamente para o Ocidente e "liga" à Terra, emergindo atra-
vés do Leste Asiático e atravessando toda a Europa. Sempre de leste a oeste, a Rota cruza o
Oceano Atlântico até o México e Cuba, de onde volta novamente ao Norte, cobrindo quase
todo o território dos Estados Unidos, parte do Canadá e da Groenlândia.
Dessa forma, seguindo um padrão tectônico nem sempre claramente perceptível, a Rota
Kaly Yuga impõe um movimento helicoidal ou "em forma de mola" ao redor da Terra.
As linhas que limitam a Rota Kaly Yuga são chamadas, em Corologia Esotérica, de CUR-
VAS ISOCRÔNICAS por terem sido traçadas a "índices geocrônicos"35. Sete grandes regiões
de diferentes "intensidades geocrônicas" são assim distinguidas, cada uma delas limitada por
curvas isocrônicas (Fig. 4). Região I, ômega da mão esquerda, “é um recinto limitado por duas
curvas isocrônicas e duas retas; o primeiro deles, ‘a a’, é um segmento do círculo polar antártico,
e o segundo, ‘b b’, é um segmento do paralelo que passa pela cidade chilena de Punta Arenas.
A partir daí, a Região II se estende até a linha ‘c c’ que faz parte do meridiano -90º Oeste”. A
região III abrange uma área muito extensa que termina na linha ‘d d’, que é determinada pelo
meridiano que passa por Pequim. Segue-se para a Região IV, sempre dentro da Rota, isto é,
limitada por duas linhas isócronas e duas retas, terminando na linha ‘e e’ que faz parte do meri-
diano que passa El Monte Elbruz, no Cáucaso. A região V, claramente europeia, termina no
segmento ‘f f’, parte do meridiano que passa pela Ilha da Madeira. A partir daí, a Região VI se
estende ao segmento ‘G g’ parte do Círculo Polar Ártico e, além disso, ao final da Rota: Região
VII: escuridão máxima.
Há também duas zonas geocrônicas fora da Rota: uma que abrange a África do Sul tem
as dimensões de uma Região V e outra, que inclui Inglaterra e Irlanda, é uma amostra clara da
Região VI, mais próxima do final do Kaly Yuga do que a vizinha região europeia V, ou seja,
onde a escuridão do Kaly Yuga é tem grau mais intenso do que na Europa. Também foi indi-
cado, na fig. 4, com uma grande engrenagem cujo centro ou eixo axial está localizado na Mon-
gólia, ao "CENTRO DA MENOR INTENSIDADE DO KALY YUGA" (DA TERRA), que
mencionamos no parágrafo 1 desta introdução.
No rigor da verdade, “centro” é o vértice de um vórtice colossal de energia que cumpre
a função de conceder movimento à Rota e é por isso que é chamado de "motor de Kaly Yuga",
embora fosse mais apropriado “dizer de Sanat Kumara”. Análogo ao olho do furacão, no "cen-
tro de menor intensidade" reina uma calma absoluta que permite aos seus habitantes alcançar a
mais alta transcendência. É por isso que os Siddhas Hiperbóreos contaram, e sempre contam,
com esses habitantes, os mongóis, quando seus planos de Estratégia Psicossocial exigem a mo-
bilização de povos de linhagem Hiperbórea em diferentes Regiões da Rota.

35Isocrônico, das raízes gregas: ISO = igual e CRONOS = Tempo. Literalmente significa "tempo constante"; mas, em
Corología, as curvas isocrônicas aludem à constância do índice geocrônico.

663
O MOTOR DE KALI YUGA E ZONAS DE INTENSIDADE NA ROTA
Figura 4

664
TOMO XIII:
CONCEITOS COMPLEMENTARES DA
SABEDORIA HIPERBÓREA

As noções elementares de Corologia Esotérica que desenvolvemos anteriormente nos


permitirão interpretar, do ponto de vista da Sabedoria Hiperbórea, inúmeros fatos que até
agora, exceto nos círculos fechados da Thulegesellschaft, haviam sido objeto de desinformação
sinárquica cultural. Vamos dar alguns exemplos de tal interpretação nos seguintes comentários:

A – HIPERBÓREA E OS HIPERBÓREOS

No ocultismo sinárquico, há geralmente uma associação díspar e tendenciosa entre a


suástica, o movimento polar ou circular da constelação da Ursa Maior, o número sete, as regiões
de Turan ou da Mongólia e os “hiperbóreos”. Como resultado disso, eles "provam" ou funda-
mentam afirmações como: "A Mongólia é um centro de disseminação da suástica, e dali se
espalhou pelo mundo inteiro"; ou este: "a Suástica simboliza o movimento da hélice do Urso
em torno da estrela polar". Nós não perderemos tempo em refutar essas e muitas outras afir-
mações similares. À luz da Sabedoria Hiperbórea e com a ajuda da Corologia Esotérica, iremos
diretamente à origem da confusão.
Antes de mais nada, é necessário repetir que a suástica é uma expressão esotérica do
Signo da Origem e, como tal, NÃO REGISTRA um "CENTRO DE DIFUSÃO", pois todos
os virya, em qualquer parte do mundo, encontrarão este Signo mais cedo ou mais tarde e em
sua Estratégia de Retorno à Origem, entrará em um relacionamento carismático com o Gral. É
o que aconteceu em tempos históricos com pessoas que, vivendo em áreas megalíticas, acaba-
ram "descobrindo", por si mesmos, e adotando como brasão de armas, o antigo signo da suás-
tica.
Vamos agora estabelecer uma distinção muito importante sobre a origem dos "Hiper-
bóreos", porque há pelo menos três tradições dignas de consideração, mas contraditórias entre
si. Nós os mencionaremos em ordem cronológica e esclareceremos a que tipo de "Hiperbó-
reos" cada um se refere, mas primeiro diremos algumas palavras sobre o termo "Hiperbóreo".

665
A aceitação usual é que "Hiperbórea", como aparece em Homero e outros poetas gre-
gos, alude a um território "além" (hiper) de onde sopra o Vento Norte (Bóreas). Mas esta é uma
etimologia tardia, a partir do momento em que o nascente racionalismo grego associou a cada
"força da natureza" um Deus ou Mito; assim como aconteceu com o Sol (Hélios), a Lua (Se-
lene), Vênus, Saturno, o Mar (Poseidon), etc., e, é claro, os Ventos: do norte, Bóreas; do Sul,
Noto; do leste, euro; e do oeste, Céfiro. Diante destas reduções mitológicas "Bóreas" significava
"sopro do Norte", como em BORÉIROS (bor (ios)) com um duplo sentido de "vento" e "es-
pírito", como ocorre com o PNEUMA (pneuma) que tem os seguintes significados: sopro,
vento, espiração, respiração, vida, alma, ESPÍRITO, anjo, demônio, respiração divina, ESPÍ-
RITO SANTO, etc. "Hiperbórea" pode ser traduzido, então, em um sentido arcaico, como
"Espírito vindo de ALÉM do Norte" e Hiperbórea se torna "o território (ou a origem, proce-
dência) dos Espíritos ALÉM do Norte". Esta definição, evidentemente inspirada na memória
de Sangue, se encaixa bem com os ensinamentos da Sabedoria Hiperbórea, que afirma que os
Espíritos cativos vêm da Hiperbórea, um "centro racial" extraterrestre, mas também "extra uni-
versal" e talvez anti-material. De lá, os Espíritos Hiperbóreos, cuja natureza é hostil à ordem
material do Demiurgo, entraram no Universo através de uma porta cósmica conhecida nos
Mistérios como o "Portão de Vênus". Por que eles fizeram isso? Faz parte do Mistério, mas
alguns supõem que vieram derrotados de uma guerra cósmica em outros universos inimaginá-
veis. No entanto, a coisa mais sensata a fazer é pensar que o COMPORTAMENTO GUER-
REIRO DOS ESPÍRITOS HIPERBÓREOS É PRODUTO DE SUA HOSTILIDADE ES-
SENCIAL À ORDEM MATERIAL. É concreto afirmar que, embora os Hiperbóreos sempre
tenham reivindicado a Hiperbórea como sua Pátria do Espírito e preservado para ela uma me-
mória inapagável, uma vez caída na encarnação, por um Mistério de A-mort, esta memória
tornou-se suficientemente desfocada de modo que só é necessário falar de uma "nostalgia por
outro mundo". Na memória contida na Minne sanguínea, não deve haver memória clara de
Hiperbórea porque só pode ser "vista" pelo Espírito puro ou por Vril. O que há no Sangue é a
LEMBRANÇA DA ORIGEM, isto é, o lugar de origem do Espírito, e essa memória responde
a uma palavra mágica, que não deve ser muito manipulada para não aumentar sua degradação
semântica, que está escrita: THUL.
O THULE É O NOME DA ORIGEM E, PORTANTO, O SEU SÍMBOLO GRÁ-
FICO É O SIGNO DA ORIGEM, DO QUAL O RUNA SVÁSTIKA É DERIVIDA POR
MUTAÇÃO E DEFORMAÇÃO.
Com estes esclarecimentos podemos considerar as três origens tradicionais dos "hiper-
bóreos".
Primeiro: A tradição mais antiga, nórdico-germânica, é a que coloca a Hiperbórea no
extremo norte, em uma área hoje povoada pelo gelo do Ártico. Esta tradição não tem outra
fundamentação além da memória do Sangue de Thule e suas associações a vários "motivos"

666
extraídos dos registros Akáshicos, da Ilha de Valhala à Atlântida de Frísia.
No entanto, quando a memória é muito clara ao referir-se a uma ilha habitada por gi-
gantes que possuíam um poder espiritual terrível chamado "Vril" e belas mulheres feiticeiras
capazes de dar o amor que imortaliza o amado, o que está sendo falado é dos Siddhas Hiper-
bóreos e da Ilha Valhala que já foram realmente no Norte milhões de anos atrás.
Segundo: Outra tradição, muito mais recente, cerca de dez mil anos antes de Jesus
Cristo, traz os "hiperbóreos" do oeste, isto é, do ocidente. Esta é uma tradição atlante greco-
mediterrânea que não é apenas herança dos gregos (estes são os que melhor expressaram isso
em tempos históricos) mas de todos os povos remanescentes ou vassalos da Atlântida afun-
dada: Ligúrias, Basque, Berberes, Egípcios, Cretenses, etc. Aqui nos referimos especificamente
à migração dos Cro-Magnons que progrediu como veremos mais adiante, seguindo a Rota Kaly
Yuga, isto é: do Oceano Atlântico, através da Europa e Ásia, para a China e, por mar, para a
América do Sul. Claro que nem todos os Cro-Magnons chegaram ao destino. A jornada con-
sumiu milhares de anos, porque os mestres de pedra estavam readaptando as psicorregiões, e
vários grupos, depois de permanecerem por séculos em um só lugar, acabaram formando mui-
tos dos povos brancos "históricos". Mas a migração, seu núcleo central, nunca parou até alcan-
çar o “ômega da mão esquerda”; As provas de sua passagem são os rastros de cruzamentos
com “gigantes da raça branca” que se observa ao longo da Rota inversa, desde o Leste da Eu-
ropa, Rússia, China, Japão, ilhas do Pacífico; e a América do Sul, da Colômbia à Terra do Fogo.
Esta segunda Tradição, então, não alude aos Siddhas Hiperbóreos, mas aos Cro-Magnons que
eram, num sentido espiritual, autênticos "Hiperbóreos36".
Terceiro: A última Tradição consiste em afirmar que os Hiperbóreos, originalmente,
vieram do Oriente, sem especificar exatamente de onde. Tal atitude varia com os diferentes
grupos étnicos considerados, enquanto alguns povos germânicos declararam vir do Cáucaso e
outros das planícies da Ucrânia ou dos Montes Urais, a Tradição branca é geralmente ligada
com a amarela quando marcha em direção ao Oriente, claramente ligada aos xamãs da Sibéria
e da Mongólia. Por outro lado, na Índia, os indo-arianos do Irã, isto é, do Ocidente, sempre
admitiram uma origem "nórdica". Mas aqui é sobre o norte da Índia, isto é, o Himalaia e, além
disso, a Mongólia. Esta Tradição também tem o seu fundo de verdade, como as outras duas,
mas neste caso o erro está em relacionar toda a comunidade étnica com certos "Deuses" ou
Heróis Lendários que realmente vieram do Leste Asiático ou, mais especificamente, da Mon-
gólia. É claro que não estamos nos referindo aos Mestres da Sabedoria de Chang Shambala, tão
caros ao teosofismo ocidental, mas a alguns Siddhas Hiperbóreos que aproveitando o "centro
de menor intensidade do Kaly Yuga" surgiram nestes locais pelas histórias dos povos para levar
adiante uma estratégia racial. De lá veio Odin-Wotan e lá ele retornou, a cada dezenove anos, o

36No entanto, do ponto de vista das atuais linhagens hiperbóreas, é essa migração dos Cro-Magnons que explica a origem
da raça branca e sua distribuição geográfica.

667
Apolo Hiperbóreo, que deixou um traço cultural daquela viagem para o leste, nos símbolos do
urso, dos sete, do mastro, etc., já que ostentava muito aos povos que estavam "em seu cami-
nho".
É verdade, então, que havia "Hiperbóreos" do Extremo Oriente, como afirma a terceira
Tradição apontada, mas esses eram Siddhas Hiperbóreos (que mais tarde foram incorporados
nas mitologias como Deuses, Anjos ou Heróis) e não povos migratórios.

B – DESLOCAMENTO VERDADEIRO DOS HOMENS DE CRO-MAGNON

Os Cro-Magnon, mestres da arte lítica, iniciam sua jornada estratégica desde o Atlântico,
seguindo uma direção inversa à da Rota Kaly Yuga. Eles começam na Região V (Figura 10),
onde aplicam quase toda a sua ciência megalítica, e então, lentamente, vão para as Regiões IV,
III e II. Em cada Região, três coisas acontecem: um grupo DESAPARECE DA HISTÓRIA;
outro grupo assenta-se na psicorregião, especialmente para praticar agricultura e pecuária; e um
terceiro grupo, a maior parte deles, move-se da maneira indicada para as regiões do sul. En-
quanto esta migração ocorre, isto é, por milhares de anos, os Siddhas Hiperbóreos estão insta-
lados no "centro de menor intensidade", onde abrem uma porta para a Ilha de Valhala, chamada
por eles de Agartha. Tal portal, um túnel topológico de NADI entre dimensões do espaço,
orientado para a terra, é a origem da crença de que Agartha, terra natal dos Siddhas, é um
"mundo subterrâneo". Vale a pena notar aqui um fato que mais tarde se tornará importante,
quando revelarmos o "Incrível Segredo de Heinrich Himmler": OS HIPERBÓREOS SID-
DHAS QUE REALIZARAM A ESTRATÉGIA DE CRO-MAGNON FORAM UMA
RAÇA AMARELA. Esta particularidade deveu-se ao fato de que os ditos Siddhas foram, cen-
tenas de milhões de anos atrás, aqueles que desenvolveram e ensinaram aos Cro-Magnons, a
Cabala Acústica, na Segunda Atlântida.

C – ESTRATÉGIA DE FÜHRER

Relacionado com este assunto, devemos considerar a Estratégia Geral do Führer por-
que, pode-se assegurar, quem ignora a existência da Rota Kaly Yuga jamais poderá compreen-
der a ofensiva em direção ao Oriente que a Alemanha empreendeu durante a Segunda Guerra
Mundial. Explicações políticas foram tentadas (o propósito de aniquilar o regime comunista
russo) ou geopolíticas (a necessidade de conquistar "espaço vital" ou "lebesranm" no Oriente)
mas o verdadeiro objetivo estratégico era conhecido apenas por muito poucas pessoas no Ter-
ceiro Reich: o Führer, Rosenberg, Rudolph Hess, Himmler, os iniciados da SS e algumas outras
pessoas; e esse objetivo era o seguinte: marchar com um Exército luciférico, sob a bandeira da
suástica, pela Rota Kaly Yuga, em sentido reverso e "descer através do Kaly Yuga" para a Amé-

668
rica do Sul. No entanto, o sucesso de tal meta esotérica só poderia ser alcançado se uma opera-
ção de "comando" imprudente fosse realizada consistindo em ocupar o centro de menor inten-
sidade, na Mongólia, e "operar a porta de Agartha". Voltaremos a esse assunto para explicar
por que essa operação falhou, embora tenha sido tentada várias vezes, com maior ou menor
desespero.

D – ISRAEL, O CHACRA TERRESTRE

"Dentro da Rota Kaly Yuga estão distribuídos os principais chacras da Terra." Essa afir-
mação da Sabedoria Hiperbórea não exigiria nenhum comentário, mas a possibilidade de de-
sencaminhar a afirmação que fizemos em outra parte da obra de que "Israel cumpre a função
do chacra do coração ou Anahata chacra da Terra". Com efeito: observar a figura 4 mostra
claramente que o Estado de Israel está fora da rota, o que parece contradizer a afirmação ante-
rior. Mas não haverá possibilidade de erro se esclarecermos que o chacra de Israel foi construído
pela "raça escolhida" e não pelo Estado de Israel. Pelo contrário, a concentração de membros
da raça hebraica na Palestina é uma ação oposta aos planos da SINARQUIA, uma questão que
o Führer conhecia perfeitamente e por isso ele tentou favorecer a emigração e o assentamento
na "Eretz Israel" dos judeus europeus. Várias negociações entre a Alemanha e a Inglaterra para
realizar essa migração 37 foram frustradas pelas intrigas da maçonaria inglesa, organização sinár-
quica que, ao contrário da crença comum, se opunha à erradicação dos judeus europeus. O
motivo é eminentemente esotérico: a função que, na anatomia planetária, os hebreus preen-
chem é produzir um contato COLETIVO entre o "corpo emocional" da Terra e a consciência
do Demiurgo. E ESTA FUNÇÃO SÓ PODE SER EFICAZ SE A DIÁSPORA FOR MAN-
TIDA, QUE É, A "DISPERSÃO" DO MUNDO DOS JUDEUS. Na figura 11, uma imagem
atual da distribuição mundial da raça hebraica foi representada por áreas sombreadas, demons-
trando eloquentemente que o principal objetivo da estratégia judaica não é sionista, mas sinár-
quica.

E – A MISSÃO DOS MONGÓIS NA HISTÓRIA

Lembremo-nos agora do que dissemos no parágrafo 2 desta Introdução: "A missão dos
mongóis na história é empurrar as linhagens brancas hiperbóreas para o Kaly Yuga". À luz do
que foi visto até agora, já deve estar claro, que, de fato, é possível "avançar em direção ao Kaly
Yuga", atravessando as diferentes Regiões da Rota. E foi isso que aconteceu (um avanço em
direção ao Kaly Yuga) para muitos povos da Linhagem Hiperbórea toda vez que uma invasão
Turania forçou-os a deixar as terras orientais.

37 Antes de 1939

669
Embora tal "guinada" para o Ocidente tenha se repetido em inúmeras oportunidades
desde a antiguidade mais remota, lembremos apenas, a título de exemplo, alguns dos eventos
realizados pelas raças turanianas na era cristã atual, provando assim que o deslocamento sempre
segue a tradição cristã. Rota do Kaly Yuga: no século IV, a irrupção dos hunos na Europa
produz a invasão dos alemães ao Império Romano; No século IX, os magiares, vindos dos
montes Urais, invadiram a Transilvânia "empurrando" para o oeste as tribos germânicas e esla-
vas que habitavam aquela região; No século XIII, um Império Mongol comandado por Gen-
ghis Khan atacou a Armênia, a Rússia, a Polônia, a Hungria, a Silésia, etc.; desde o século XIV,
uma grande expansão turca começa a pressionar o Ocidente, e termina com o Império Romano
do Oriente no século XV e, no século XVII, ocupa Viena; etc.

RAÇA HEBRAICA: PRINCIPAIS ÁREAS DE DISTRIBUIÇÃO (1980)


Figura 5

Se a História é eloquente em relação à afirmação do parágrafo 2, por outro lado, não é


evidente (e tentaremos esclarecê-la) qual objetivo essas invasões das raças turanianas perse-
guem, dado que SEMPRE FOI CAUSADA PELOS SIDDHAS HIPERBÓREOS. O obje-
tivo estratégico (que, naturalmente, também foi contemplado na Estratégia Geral do Führer)
era o seguinte: acabar com o Kaly Yuga. Para isso: Linhagens Brancas de Hiperbóreos devem
entrar na Rota do Kaly Yuga até atingir a máxima escuridão e então, a partir daí, terão que

670
percorrer a Rota na direção oposta, em direção ao Oriente, comandada por um Grande Chefe
que representa a rota. Guerra Total contra os Poderes Infernais e obter durante a jornada, no
calor do combate, a mutação definitiva, a mudança mágica que transforma o homem-animal
em um herói semidivino e o herói em um Siddha imortal.
Este objetivo tem sido proposto pelos Siddhas Hiperbóreos há milhares de anos, mas
só recentemente, graças à Corologia Esotérica da SS e à descoberta de uma Rota do Kaly Yuga,
foi possível compreender as razões ocultas que a sustentaram. E, portanto, com base na Sabe-
doria Hiperbórea que é a mãe das ciências das SS, podemos dizer que a Estratégia Geral do
Führer seria UM ÚLTIMO ATAQUE AO OCIDENTE PELAS RAÇAS TURANIAS, AN-
TES DE ALCANÇAR O FIM DO KALY YUGA.
Desta vez, será o Siddha Anael que, liderando enormes exércitos mongóis, brandindo
novamente uma bandeira com um Sinal Polar, e avançará irresistivelmente ao longo da Rota
Kaly Yuga. Mas os homenzinhos judaicos, afundados na escuridão da confusão do sangue,
NÃO VÊEM O SINAL E SEQUER ENTENDEM QUE O FIM CHEGOU. Eles acredita-
rão até o último momento em que assistirão ao advento da Sinarquia e se regozijarão sem mo-
tivo. Eles só reagirão quando, incrivelmente, DE BERLIM, IRÁ EMERGIR UM EXÉRCITO
DE HOMENS IMORTAIS VESTINDO O UNIFORME DA ETERNA SS. Mas então será
tarde porque eles se desdobrarão em todas as direções, possuídos por uma raiva frenética ... E
SOMENTE O SIGNO DO SANGUE PURO SERÁ RESPEITADO.

F – ESTRATÉGIA HEBRAICA DE CRISTÓVÃO COLOMBO

A estratégia dos Siddhas consiste, então, em "empurrar" as linhagens de raça branca


hiperbórea "em direção ao Kaly Yuga", usando as raças turanianas do centro da baixa intensi-
dade como "massa tática". Para evitar esse objetivo, a Sinarquia sempre buscou "afastar o hori-
zonte" do Kaly Yuga, aprofundando a exploração das Regiões do Caminho. E com este motivo
um dos seus agentes infernais, um judeu conhecido como Cristóvão Colombo, prolonga no
século XV o trânsito europeu para a Região VI da Rota; veja a figura 4.
Este é o objetivo secreto da "descoberta" da América, que mencionamos ao expor o
Projeto Thule do Dr. Dee, mas que era impossível explicar sem recorrer aos elementos da Co-
rologia Esotérica, como o conceito geocrônico de Kaly Yuga ou a corografia da figura 4.
A Sinarquia tentou desta forma conseguir que a Estratégia dos Siddhas ("marcha para o
oeste para depois regressar com Sangue e Fogo para o Oriente") seja impedida pela barreira de
água que o Oceano Atlântico se opõe entre as Regiões V e VI. Nesse sentido, a "descoberta"
de Colombo foi bem-sucedida (mas a mesma é relativa porque a Inglaterra e a Irlanda, por
razões que não discutiremos aqui, respondem às características corológicas de uma autêntica

671
Região VI, uma qualidade que permitiu líderes como Napoleão ou o Führer planejarem estra-
tégias que excluem a América como uma meta de guerra).

G – MISSÃO DA AMÉRICA DO SUL NA HISTÓRIA

Na figura 3 desenhou-se um triângulo tri continental, cujos vértices se estabelecem: em


Pequim (Ásia), em Argel (África) e em Buenos Aires (América), e ao qual, levando em conside-
ração a inicial dos continentes, se chama: "dos três A".
Já falamos, na Segunda Dissertação, da Ordem Anael da América do Sul, fundada pelos
Siddhas Hiperbóreos após a catástrofe da Segunda Guerra Mundial. De acordo com as diretri-
zes dadas à Ordem em 1946, os Siddhas promoveriam no mundo três focos de conflitos FORA
DO CONTROLE DA SINARQUIA. Esses três focos não estariam localizados na Rota do
Kaly Yuga, onde a paródia de um confronto "Leste-Oeste" seria executada para favorecer os
planos do Governo Mundial da Sinarquia, mas fora dele, e é por isso que os povos envolvidos
no conflito seriam chamados "de Terceiro Mundo" ou "detentores da Terceira Posição". Os
três focos, que na Ordem de Anael se chamavam "vértices de libertação", entraram em vigor
depois de alguns anos: o de Pequim em 1949, depois da revolução de Mao Tse Tung; a de
Buenos Aires em 1946, depois do triunfo eleitoral do presidente Juan Domingo Perón; e a de
Argel, em 1962, pela independência da França.
Para cumprir os objetivos propostos, esses "vértices de libertação" deveriam ser organi-
zados com base em um princípio Nacional Socialista ou Fascista, ou seja, com uma política que
favoreça a justiça social "internamente" e defenda os interesses nacionais "fora" das fronteiras.
Mas o principal seria que, dos vértices da libertação, o conflito se espalhou para outros focos
de composição social similar. Tal efeito foi buscado para não favorecer "a revolução", já que
tais movimentos de libertação nacional-socialistas operariam fora das internacionais socialistas,
comunistas ou trotskistas, mas para balcanizar as áreas de conflito com miríades de países "in-
dependentes" ou "liberados" que o tornariam inoperante, com seus votos contraditórios, às
Nações Unidas ou a outro organismo sinárquico similar.
A Revolução Chinesa alcançou esse objetivo na Ásia, mas seu papel mais importante foi
EVITAR UMA INVASÃO RUSSA PARA O CENTRO DE MENOR INTENSIDADE,
que poderia ser produzido a partir da própria URSS ou do Sudeste Asiático. A diretriz Anael
de 1946 dizia: "China e África constituem o corpo de uma Nova Ordem Mundial que emergirá
do caos do Ocidente, mas sem a pressa do Kaly Yuga" e então: "A Hispano-américa será a
cabeça dessa nova civilização, e a Vontade dos Siddhas será atendida".
China e África cumpriram sua parte do plano dos Siddhas nos anos 50 e 60: o que acon-
teceu depois com a Hispano-américa? Aqui o projeto não era novo porque no século XIX
Simón Bolívar entendera que sem uma América unida na busca de objetivos nacionalistas e

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patrióticos seria impossível resistir à pressão das grandes potências imperiais e sem essa união
qualquer possibilidade de independência política e econômica ou cultural seria pura utopia. A
Diretriz Anael para a Hispano-américa foi baseada em considerações similares e é por isso que,
a partir de 1651, poderosas forças espirituais convergem em três personagens importantes que
eram peças fundamentais da Estratégia Hiperbórea: nos referimos ao presidente chileno Carlos
Ibañez, ao presidente brasileiro Getúlio Vargas e ao presidente argentino Juan Domingo Perón.
Esses três líderes tentaram, entre 1951 e 1954, executar um plano geopolítico chamado "ABC"
(Argentina - Brasil - Chile), elaborado pela Ordem Anael do Brasil, que consistia, simplesmente,
em formar um eixo com os três países (um "L" "inclinado") que permitiu resistir à pressão do
imperialismo anglo-americano. O eixo ABC contemplou a integração política, econômica e so-
cial dos três países que consolidariam o terceiro "Vértice da Libertação".
Naturalmente, esse plano fracassou depois que uma conspiração sinistra levou Getúlio
Vargas ao suicídio em 1954 e que outra contrarrevolução não menos sinistra levou à derrubada
do presidente Juan Domingo Perón em 1955.
Quais são as alternativas atuais da Estratégia dos Siddhas para o Terceiro Mundo? Po-
deríamos dizer, corologicamente, que o Triângulo dos três A "girou" e que seus vértices agora
apontam para outros centros espirituais: o Vértice de Pequim foi transferido para o "centro de
menor intensidade de Kaly Yuga", na Mongólia; o Vértice de Argel está agora em; e o Vértice
de Buenos Aires, embora ainda não esteja completamente claro por que, ele se mudou para
Santiago do Chile. Deste último país surgirá, então, a cabeça de uma nova Civilização Hiperbó-
rea de alcance tri continental, embora deva, primeiro, elevar-se acima das nações da América
Latina e convocá-las em torno de um projeto conjunto de libertação.

Figura 12
A rota secreta de Kaly Yuga e o triângulo da tríplice “A”
Santiago – Tripoli – Ulaambaatar

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