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ÁREA

INDUSTRIAL

TÉCNICO EM MECÂNICA

MOTORES DE COMBUSTÃO
INTERNA
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

ÍNDICE

Combustão____________________________________________________________4
Classificação dos motores________________________________________________5
Constituição do motor___________________________________________________6
Sistemas do motor_____________________________________________________21
Funcionamento do motor Otto____________________________________________22
Funcionamento do motor diesel___________________________________________25
Sistema de distribuição__________________________________________________28
Diagrama de válvulas___________________________________________________29
Cilindrada____________________________________________________________32
Taxa de compressão____________________________________________________33
Turbo alimentador_____________________________________________________34
Torque do motor______________________________________________________34
Potência_____________________________________________________________36
Princípios da lubrificação industrial_______________________________________37
Origem do petróleo____________________________________________________39
Propriedades dos lubrificantes____________________________________________40
Aditivos_____________________________________________________________41
Ensaios dos óleos lubrificantes___________________________________________44
Lubrificação Industrial__________________________________________________45
Métodos de lubrificação_________________________________________________48
Óleos sintéticos________________________________________________________49
Graxas_______________________________________________________________51
Lubrificantes sólidos____________________________________________________53
Armazenagem e manuseio de lubrificantes/planejamento da lubrificação___________55
Classificação de viscosidade_____________________________________________57
Problemas na lubrificação (possíveis causas)________________________________59
Troca de óleo independente da quilometragem/óleo contaminado por água________59
Diminuição/aumento da viscosidade (causas)________________________________60
Sistema de lubrificação dos motores endotérmicos____________________________60
Componentes e funções_________________________________________________61
Sistema de arrefecimento________________________________________________64

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MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

Sistema de alimentação_________________________________________________70
Injeção eletrônica de combustível_________________________________________76
Injeção eletrônica______________________________________________________78
Subsistema de ar_______________________________________________________79
Subsistema de combustível_______________________________________________86
Subsistema elétrico e de controle__________________________________________90
U.C.E_______________________________________________________________92
Características funções e funcionamento dos sensores_________________________94
Sistema de ignição convencional e eletrônica_______________________________101
Motores Diesel_______________________________________________________104
Combustíveis para veículos automotores___________________________________108
Sistema de controle de das emissões da descarga____________________________111

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MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

Combustão

Classificação dos motores


Conceito
Quanto ao tipo de combustão
A combustão ou queima é um
processo em que, necessariamente, três De combustão externa
elementos se combinam: A locomotiva a vapor é movida
por um motor de combustão externa,
Combustível – todo material pois a queima do combustível – carvão
capaz de ser queimado. ou lenha – ocorre fora do local onde se
Comburente – elemento que produz o movimento (cilindro). (fig. 2).
alimenta a combustão. Ex.: Oxigênio.
Calor – forma de energia que faz
com que o combustível atinja o ponto
de ignição. (fig. 1).

O nome motor de combustão


indica que o motor utiliza a energia do
fogo para realizar trabalho mecânico Figura 2
Fonte: Apostila Técnica do Senai

O calor produzido é utilizado


para aquecer a água em uma caldeira,
transformando-a em vapor que se
expande, criando uma pressão que
movimenta os êmbolos. Em
conseqüência, estes acionam as rodas
motrizes da locomotiva. (fig. 3).

Figura 1
Fonte: Wikipédia

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MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

. Em “V” (fig. 5).

Figura 5
Figura 3
Fonte: Apostila Técnica do Senai
Fonte: Apostila Técnica do Senai

. Horizontais Opostos (fig. 6)


De combustão interna
Define-se como motor de
combustão interna m conjunto de
elementos que se destina a transformar a
energia química do combustível em
energia calorífica e esta última e energia
mecânica (movimento).
Figura 6
Esse motor é também chamado Fonte: Apostila Técnica do Senai

de endotérmico uma vez que a queima


do combustível ocorre dentro do Quanto ao número de cilindros
cilindro, como é o caso dos motores a . Monocilíndrico – 1 (um) só
gasolina, álcool ou diesel. cilindro
. Policilíndrico – mais de 1 (um)
Quanto à disposição dos cilindros cilindro

. Em linha (fig. 4). Quanto ao ciclo de trabalho


. Ciclo Otto – a combustão realiza
com o auxílio de uma centelha elétrica.
(fig.7)

Figura 4
Fonte: Apostila Técnica do Senai

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MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

Quanto ao tipo de combustível


. a gasolina;
. a álcool;
. a diesel;
. a GNV (gás natural veicular)

Quanto ao tipo de arrefecimento


. a ar;
. a água

Identificação por siglas


Figura 7 . OHC – OVER HEAD
Fonte: Apostila Técnica do Senai
CAMSHAFT
- comando de válvulas no
. Ciclo Diesel – combustão
cabeçote
espontânea, por alta-compressão. (fig.8)
. OHV – OVER HEAD VALVES
-válvulas no cabeçote e comando
no bloco
. DOHC – DOUBLE OVER
HEAD CAMSHAFT
- duplo comando de válvulas no
cabeçote
. CHT – CHAMBER HIGHT
TURBO LENCE
- câmara de alta turbulência.

Figura 8
Constituição do motor
Fonte: Mecânica Diesel

O motor se constitui de três partes


Quanto ao número de tempos principais:
Com relação a esse parâmetro, os 1. cabeçote;
motores podem ser de: 2. bloco;
. 2 (dois) tempos; 3. conjunto móvel;
. 4 (quatro) tempos; (fig. 9)

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MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

Componentes
Fazem parte do cabeçote os
componentes apontados na fig. 11.

Figura 9
Fonte: Wikipédia

Cabeçote
O cabeçote cobre a parte
superior dos cilindros formando, com a
cabeça do êmbolo, a câmara de
compressão. (fig. 10)

Figura 11
Fonte: Mecânica Auto Fácil

Figura 10
Fonte: Apostila Técnica do Senai Sede de válvulas
Superfície onde as válvulas se
apóiam para transferir calor e vedar o
Tipos cilindro.
Há dois tipos de cabeçote:
. Inteiriço – um só cabeçote cobre Guia das válvulas
todos os cilindros Mantém as válvulas em sua
. Individual – cada cilindro ou posição de trabalho e permite o seu
grupo de cilindros possui seu cabeçote. deslocamento. Essas guias podem ser
fixas ou substituíveis.

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MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

Câmara de combustão Constituição


Cavidade onde acontece a
compressão do ar ou da mistura Cabeça
ar/combustível para realizar-se a Parte superior da válvula que
combustão. funciona dentro da câmara de
combustão. (fig. 13).
Galerias ou dutos
Passagens internas por onde
circulam o óleo lubrificante, liquido do
sistema de arrefecimento, mistura
ar/combustível, ar e gases.
Válvulas
Dispositivos que permitem a
entrada de mistura ar/combustível ou ar
(válvula de admissão) e a saída dos
gases queimados (válvulas de descarga)
e vedam o cilindro quando se encontram
fechadas.

Figura 13
Tipos Fonte: Mecânica Auto Fácil

A forma da válvula varia em


Margem
função do formato da câmara de
Situa-se entre a face de
combustão. (fig. 12). Assim, a valvula
assentamento e a cabeça da válvula. A
pode ser:
margem assegura, por determinado
a) convexa;
tempo, a eficiência da face do assento,
b) côncava;
evitando que ela se deforme pela ação
c) plana.
do calor da combustão.

Face de assentamento
Quando em contato com a sede
no cabeçote, esta face faz a vedação da

Figura 12
câmara de combustão e transfere calor.
Fonte: Wikipédia O ângulo da face de assentamento deve

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MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

ser diferente do ângulo da sede, para


evitar que a válvula se agarre à sua
própria sede.
Obs.: A válvula de admissão
geralmente é maior que a de descarga,
para facilitar a entrada do ar ou da
mistura no interior do cilindro,
Figura 15
permitindo assim sua eficiência
Fonte: Apostila Técnica do Senai
volumétrica.
Para dissipar melhor o calor, as Canaleta
válvulas de descarga possuem a face de Pequeno canal onde se encaixam
assentamento mais larga que a de as chavetas.
admissão, o que aumenta a área de
contato da válvula com a sede no Pé da válvula
cabeçote. (fig. 14). Local onde a válvula recebe o
movimento do tucho ou do balancim.

Dispositivos de montagem das


válvulas
Figura 14
Fonte: Apostila Técnica do Senai
Mola
Fabricada de aço especial, seu
Algumas válvulas de descarga
comprimento e sua tensão mecânica são
possuem sódio metálico no interior da
determinados de acordo com o tipo de
sua haste, para melhorar a dissipação do
motor. Tem como função fazer o
calor.
fechamento da válvula.
Os motores modernos utilizam
Alguns motores utilizam duas
mais de duas válvulas por cilindro, para
molas para cada válvula, para que seu
melhorar ainda mais sua alimentação, o
fechamento seja mais rápido. Outra
que resulta em aumento de rendimento.
particularidade das duas molas por
(fig. 15).
válvulas refere-se a terem as hélices em
sentido contrário uma da outra, para
evitar que as mesmas girem e desgastem

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MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

a sua sede, bem como para terem a sua Pode estar localizada no bloco ou
freqüência natural (FN) diferente da no cabeçote e, em alguns casos, acionar
freqüência do comando, para diminuir a a bomba de óleo, bomba de combustível
possibilidade de flutuação de válvulas. e o distribuidor. (fig. 17).

Prato
Posiciona a mola e aloja as
chavetas.

Chavetas
Encaixam-se no orifício central do
prato, travando-o na canaleta da
válvula.

Figura 17
Vedador Fonte: Apostila Técnica do Senai

As válvulas possuem vedadores


que impedem a passagem excessiva do Comando variável

óleo lubrificante para a câmara de É uma das propostas técnicas

combustão, entre a haste e a guia da mais interessantes dos últimos tempos,

válvula. (fig. 16). inclusive para motores de série. Trata-se


da distribuição variável, que permite
modificar o diagrama de distribuição,
ou seja, a antecipação da abertura e o
atraso do fechamento das válvulas
durante o funcionamento do motor,
graças a dispositivos chamados
variadores de fase.

Figura 16 Desse modo, é possível obter,


Fonte: Apostila Técnica do Senai além de uma potência especifica
elevada, um campo de utilização muito
Árvore de comando de válvulas
amplo no que diz respeito aos médios e
Esta árvore possui diversos
baixos regimes de rotação. Com o
ressaltos ao longo de seu comprimento,
sistema de distribuição variável,
para acionar o mecanismo das válvulas.

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MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

também se pode conseguir melhoras


sensíveis na emissão de poluentes.
O variador de fase intervém no
posicionamento angular da árvore
comando de válvulas. (fig. 18).

Figura 19
Fonte: Apostila Técnica do Senai

Tipos
Os tuchos podem ser mecânicos
ou hidráulicos.

Tucho Hidráulico
Alguns motores utilizam tuchos
Figura 18
Fonte: Apostila Técnica do Senai hidráulicos, em cujo interior há um
êmbolo que trabalha com óleo,
Componentes fornecido pelo próprio sistema de
Fazem parte da árvore de lubrificação do veículo. (fig. 20).
comando:
. o tucho
. a vareta
. o balancim
. as engrenagens da distribuição

Tucho
Parte do mecanismo de
acionamento das válvulas do motor é o
elemento que recebe e transmite o
movimento do came (= ressalto) da
árvore de comando, para realizar a
Figura 20
abertura da válvula. (fig.19). Fonte: Apostila Técnica do Senai

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MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

Os tuchos hidráulicos anulam Vareta


automaticamente a folga das válvulas Peça que transmite o movimento
durante o funcionamento do motor, o dos tuchos para os balancins. (fig. 22)
que permite obter um maior silêncio de
funcionamento (especialmente nos
motores multiválvulas), além de trazer
vantagens para as operações de
manutenção.
A eliminação da folga das
válvulas garante o início de abertura de
Figura 22
cada válvula exatamente no instante Fonte: Apostila Técnica do Senai

programado de cada ciclo. (fig. 21).


Balancim
Componente que funciona como
alavanca articulada num eixo,
recebendo a ação da vareta e
transmitindo-a para válvula. (fig. 23).

Figura 23
Fonte: Apostila Técnica do Senai

Engrenagens da distribuição
São peças dentadas que estão
presas as árvores do motor e a elas
transmitem o movimento recebido da
correia dentada (fig. 24) ou da corrente
(fig. 25).

Figura 21
Fonte: Apostila Técnica do Senai

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MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

. Indireto com corrente (fig. 27).

Figura 27

Figura 24 Fonte: Apostila Técnica do Senai

Fonte: Mecânica 2000

. Indireto com engrenagens


intermediárias (fig. 28).

Figura 25
Fonte: Apostila Técnica do Senai

Acionamento
O acionamento da árvore de
comando de válvulas pode ser feito por
sistema direto ou indireto
Figura 28
. Direto por engrenagens (fig. 26). Fonte: Mecânica Diesel

Bloco do motor
É a parte principal do motor.
Aloja a maior parte dos órgãos móveis,
os cilindros e, por vezes, componentes
de outros sistemas.

Figura 26 É fabricado de ferro fundido ou


Fonte: Apostila Técnica do Senai liga leve. Os blocos de liga leve

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MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

melhoram consideravelmente a relação Cilindro


peso/potência. (fig. 29). Os cilindros alojam os êmbolos
e permitem seu movimento retilíneo
alternado. Podem ser usinados no
próprio bloco, (fig. 32), ou são
removíveis (camisas). (fig.33).

Figura 29
Fonte: Apostila Técnica do Senai

Tipos Figura 32
Fonte: Apostila Técnica do Senai

.Bloco fundido inteiriço (rígido).


(fig. 30).

Figura 33
Fonte: Apostila Técnica do Senai
Figura 30
Fonte: Apostila Técnica do Senai
As camisas podem ser secas,
quando não têm contato com o líquido
. Carcaça em duas partes (motor
do sistema de arrefecimento, ou úmidas,
Boxer). (fig. 31).
quando têm. (fig. 34).

Figura 31 Figura 34
Fonte: Apostila Técnica do Senai Fonte: Apostila Técnica do Senai

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MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

Conjunto móvel
Age como “parede móvel” da
Constituição câmara de combustão. Com o seu
1- Êmbolos (pistão) movimento, puxa a mistura
2- Pinos de êmbolo ar/combustível ou somente ar do
3- Anéis de segmento exterior. Comprime a mistura ou o
4- Bielas ar sucessivamente, recebendo assim a
5- Bronzinas (casquilhos) pressão dos gases em expansão, e
6- Árvore de manivelas expelindo os gases queimados no
7- Volante do motor cilindro. Além disso, guia os pés da
biela e absorve o impulso lateral
Fig. 35. determinado pela inclinação que ocorre
na biela, durante a rotação da árvore de
manivelas. (fig. 37).

Figura 35
Fonte: Apostila Técnica do Senai

Êmbolo (pistão)
Componente móvel, instalado no
interior do cilindro e ligado por um pino
à biela. (fig. 36).

Figura 37
Figura 36 Fonte: Catálogo MWM
Fonte: Mecânica Diesel

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MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

Entre o êmbolo e o cilindro existe Em muitos motores de série, o


um pequeno jogo diametral êmbolo tem sua dilatação controlada
indispensável para permitir o livre com inserções de aço de baixo
movimento do êmbolo e a formação de coeficiente de dilatação térmica
uma camada de óleo. A ligação entre incorporadas por fusão na liga de
esses dois componentes é feita por alumínio ou por porta-anel de ferro
alguns anéis. fundido, unidos ao êmbolo por processo
Os êmbolos são fabricados de especial (figs. 39 e 40). Estes tipos de
liga de alumínio por fusão em concha. êmbolo são chamados autotérmicos.
Nos motores de competição e em alguns
modelos de série mais potentes, os
pistões são forjados. A parte superior do
êmbolo é chamada de cabeça, enquanto
a que fia abaixo do alojamento dos
anéis que guiam o êmbolo ao interior do
cilindro, se chama capa (saia). Muitos
êmbolos modernos têm uma capa (saia)
mais fina na zona em que fica o pino,
para diminuir o peso e limitar o atrito
contra o interior do cilindro. (fig. 38).

Figura 39
Fonte: Catálogo MAHLE

Figura 38
Fonte: Mercedes Benz

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MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

Figura 41
Fonte: Catálogo MAHLE

Figura 40
Fonte: Catálogo MAHLE
Anéis de segmento
Os anéis de segmento são
Pino de êmbolo instalados em cavidades especiais
Elemento tubular que liga o pistão (canaletas) na parte mais alta do
à biela. Feito de aço dotado de elevada êmbolo, sobre o pino. Esses anéis
resistência superficial, acompanha o se possuem um entalhe que permite sua
respectivo êmbolo para garantir o ajuste inserção na cavidade e também lhes dá
adequado. Os pinos de êmbolo são uma certa elasticidade, indispensável
classificados em flutuantes, para que a superfície de trabalho se
semiflutuantes e fixos. conserve sempre aderida à parede do
cilindro. (fig. 42).
Alojamento do pino
Dá-se este nome aos mancais
onde se aloja o pino que faz a ligação
do êmbolo com a biela. O alojamento
do pino é geralmente descentralizado,
para evitar batida da saia (capa) nas
paredes do cilindro no início da
combustão. (fig. 41).

Figura 42
Fonte: Catálogo Metal Leve

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MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

Geralmente há um anel de Biela


compressão instalado na cavidade É a peça que se liga ao êmbolo
superior do êmbolo. Ele tem função de por um pino e tem a finalidade de unir o
assegurar resistência no confronto com êmbolo à árvore de manivelas.
os gases e sua superfície de trabalho Juntamente com a manivela dessa
tem um reforço de cromo duro, árvore, permite a transformação do
molibdênio, etc. (figs. 43 e 44). movimento retilíneo alternado do
êmbolo, em movimento de rotação da
árvore de manivelas. (fig. 46).

Figura 43
Fonte: Catálogo MAHLE

Figura 44
Fonte: Catálogo MAHLE

Na cavidade mais baixa do Figura 46


êmbolo, fica o anel raspador de óleo Fonte: Mecânica Auto Fácil

que, assim que o êmbolo desce do PMS,


leva o lubrificante da parede do cilindro Trata-se de um dos componentes

para o PMI, impedindo que o óleo móveis mais solicitados do motor. As

termine na câmara de combustão. (fig. bielas são fabricadas de aço forjado ou

45). de ferro gusa, fundidas. Recentemente


foram propostas também bielas
produzidas por sinterização. (fig. 47).

Figura 45
Fonte: Catálogo MAHLE

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MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

Figura 48

Figura 47 Fonte: Apostila Técnica do Senai.

Fonte: Apostila Técnica do Senai

Bronzina
Conhecida como “casquilho”,
sua função é essencialmente proteger e
prolongar a vida dos elementos móveis
de maior responsabilidade e custo,
como a árvore de manivelas e o seu
alojamento. A bronzina deve sofrer os
danos que, de outro modo, iriam
alcançar a outra peça. As bronzinas
Figura 49
podem ser inteiriças, (fig. 48) ou Fonte: Apostila Técnica do Senai

bipartidas e possuir ou não possuir


flange. (fig. 49). Árvore de manivelas
Também chamado de
virabrequim. É um componente
mecânico rotatório dotado de uma série
de manivelas, por intermédio das quais
o movimento das bielas é transmitido ao
volante do motor. (fig. 50).

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MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

levar o óleo, sob pressão, das bronzinas


dos mancais fixos às bronzinas das
bielas. As bordas dos furos desses
canais devem ser perfeitamente lisas.
Numa das extremidades da árvore de
manivelas fica preso o volante do
motor. (fig. 51).

Figura 51
Fonte: Catálogo Mercedes Benz

Volante do motor
Tem como função acumular a
Figura 50
Fonte: Wikipédia energia mecânica desenvolvida no
tempo de combustão e fornecê-la ao
A árvore de manivelas é motor nos tempos mortos que são
produzida de aço forjado ou ferro-gusa admissão, compressão e descarga,
fundido e se apóia, por meio das permitindo que ele se mantenha
bronzinas, no respectivo suporte dos equilibrado. Aloja a cremalheira, que
blocos. Para girar sem provocar recebe o movimento do pinhão do
vibrações inadmissíveis, a árvore de motor de partida para iniciar o
manivelas deve ser cuidadosamente funcionamento do motor e serve de
calibrada. Para isso, utilizam-se alguns suporte de apoio ao disco da
contra-pesos colocados junto aos braços embreagem, que transfere o movimento
das manivelas. Em geral, a árvore de ao sistema de transmissão (fig.52).
manivelas é atravessada por uma série
de canais internos que têm a função de

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MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

Alimentação
O sistema de alimentação de ar e
combustível dosa o ar e mistura-o com
o combustível para o funcionamento do
motor. (fig. 54).

Figura 52
Fonte: Mecânica Diesel
Figura 54
Fonte: Mecânica 2000

Sistemas do motor
Além dos componentes já Ignição
citados, o motor é constituído também O sistema de ignição transforma
dos seguintes sistemas: a energia de baixa tensão da bateria em
alta tensão, que é necessária para
Distribuição motora inflamar a mistura de ar e combustível,
O sistema de distribuição motora permitindo o funcionamento do motor.
sincroniza a abertura e o fechamento de (fig. 55).
alguns componentes, com a
movimentação de outros. (fig. 53).

Figura 55
Fonte: Catálogo BOSCH

Figura 53
Fonte: Wikipédia

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MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

Lubrificação Funcionamento do motor


O sistema de lubrificação força a
circulação do óleo lubrificante entre as Motor de ciclo “Otto”
peças em movimento no motor. (fig. Esse motor é assim determinado
56). em homenagem ao seu inventor. Nele, a
queima do combustível é provocada por
meio de centelha elétrica, produzida
pela vela de ignição.
Os motores do ciclo “Otto”,
usados no automóvel, são de quatro
tempos e para completar um ciclo de
funcionamento, necessitam de duas
voltas da árvore de manivelas e quatro
movimentos do êmbolo, o que explica o
Figura 56
termo “motor de quatro tempos”.
Fonte: Apostila Técnica do Senai
Esses tempos são:
1. admissão
Arrefecimento
O sistema de arrefecimento 2. compressão

mantém a temperatura do motor dentro 3. combustão

dos padrões preestabelecidos pelos 4. escapamento

fabricantes de automóveis. (fig. 57). 1º Tempo – Admissão


A válvula de admissão (1) está
aberta e a válvula de escapamento (2)
está fechada. (fig. 58).

Figura 57
Fonte: Apostila Técnica do Senai

Figura 58
Fonte: Apostila Técnica do Senai

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MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

O êmbolo desloca-se do ponto A árvore de manivelas efetua


morto superior para o inferior, mais meia volta, completando uma volta
aspirando a mistura ar/combustível. e meia. (fig. 60).
árvore de manivelas gira meia volta.

2º Tempo – Compressão
Ambas as válvulas estão
fechadas. O êmbolo desloca-se para o
ponto morto superior; a mistura
ar/combustível é comprimida. A árvore
de manivelas efetua outra meia volta,
completando a primeira volta. (fig. 59).

Figura 60
Fonte: Apostila Técnica do Senai

4ºTempo – Escapamento
Com a válvula de descarga
aberta e a válvula de admissão fechada,
o êmbolo desloca-se para o ponto morto
superior, expulsando os gases
queimados.
Figura 59 A árvore de manivelas efetua mais
Fonte: Apostila Técnica do Senai
meia volta, completando duas voltas e o
ciclo total. (fig. 61).
3ºTempo – Combustão
No final da compressão, com as
válvulas de admissão e de escapamento
fechadas, é produzida uma centelha
elétrica na vela, que irá inflamar,
rapidamente, o combustível. Com a
expansão dos gases, o êmbolo é
impulsionado para o ponto morto
inferior, produzindo o tempo motriz.
Figura 61
Fonte: Apostila Técnica do Senai

23
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

Motor de dois tempos mesmo tempo, o êmbolo comprime na


O motor de dois tempos câmara de combustão a mistura que se
caracteriza-se por completar seu ciclo encontra na sua parte superior. (fig. 63).
de trabalho com apenas dois
movimentos do êmbolo, e uma volta da
árvore de manivelas.
Geralmente os motores de dois
tempos não possuem válvulas. Esses
motores têm aberturas nas “paredes”
dos cilindros, chamadas janelas, através
das quais entra a mistura ar/combustível
e saem os gases resultantes da queima
da mesma. (fig. 62).

Figura 63
Fonte: Apostila Técnica do Senai

Quando o êmbolo chega


próximo ao PMS, salta uma centelha na
vela, provocando a combustão da
mistura. Os gases em expansão
impulsionam o êmbolo para baixo.
Durante a descida do êmbolo, a
janela de escapamento permite a saída
Figura 62
dos gases queimados.
Fonte: Apostila Técnica do Senai
Quase que simultaneamente

Funcionamento básico abre-se a janela de transferência, e a

Quando o êmbolo se desloca do mistura que se encontrava comprimida


PMI para o PMS, cria uma depressão no no cárter é forçada para o interior do

cárter, admitindo a mistura cilindro. (fig. 64).


ar/combustível. Essa mistura vem do
carburador, entra pela janela de
admissão e dirige-se para o cárter. Ao

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MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

Figura 64
Fonte: Apostila Técnica do Senai Figura 65
Fonte: Apostila Técnica do Senai

Motor a diesel
2ºTempo – Compressão
Chamam-se motores a diesel os
O êmbolo inverte seu
que têm ignição por compressão. Neles,
movimento do PMI para o PMS. O ar é
o combustível vem dos injetores sob a
assim comprimido intensivamente no
forma de jatos finamente pulverizados
interior do cilindro, atingindo uma
para os cilindros, ou para as câmaras
temperatura bastante elevada. (fig. 66.
auxiliares, no caso do diesel a injeção
indireta.
Os motores a diesel caracterizam-
se por terem rendimento térmico bem
superior ao ciclo Otto e não oferecem
risco de detonação.

Funcionamento do motor à diesel


quatro tempos
1ºTempo – Admissão
O êmbolo se desloca do PMS
para o PMI e aspira somente ar. (fig.
65). Figura 66
Fonte: Apostila Técnica do Senai

25
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

3ºTempo – Combustão
O bico injetor pulveriza o
combustível, sob pressão, no interior do
cilindro. O combustível, em contato
com o ar aquecido pela compressão, se
inflama. Os gases em expansão
impulsionam o êmbolo para o PMI.
(fig.67)

Figura 68
Fonte: Apostila Técnica do Senai

Motor Diesel de dois tempos


No estudo do motor diesel de
dois tempos, trataremos de um motor
com sobrealimentador de ar válvulas de
escape no cabeçote, devido à grande
aplicabilidade que este tipo de motor
alcançou nos segmentos industrial,
Figura 67
Fonte: Apostila Técnica do Senai marítimo, offshore e ferroviário.
Com o pistão no PMI os
4ºTempo – Escapamento orifícios de admissão da camisa do
cilindro estão descobertos e as válvulas
O êmbolo sobe do PMI para o de escape no cabeçote estão abertas. O
PMS, empurrando os gases queimados ar é introduzido pelo blower
para fora do cilindro, por intermédio da (sobrealimentador) através dos orifícios
válvula de descarga. (fig.68). de admissão, deslocando pelas válvulas
de escape, os gases queimados que se
encontram no interior do cilindro,
limpando-o. (fig. 69).

26
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

Figura 70
Fonte: Apostila Técnica do Senai
Figura 69
Fonte: Apostila Técnica do Senai
Realiza-se, assim, meia volta do

O pistão começa a se deslocar virabrequim e um curso do pistão.

para o PMS e, quando está a Com o ar comprimido à pressão

aproximadamente ¼ do curso, as e temperatura ideais, o combustível é

válvulas de escape se fecham e os injetado, produzindo a combustão e a

orifícios de admissão são obstruídos expansão dos gases desloca o pistão

pelo pistão. Neste instante o cilindro para o PMI que ao chegar a ¾ do seu

está cheio de ar fresco e o pistão curso, abrem-se as válvulas de escape,

continua o seu percurso, comprimindo e proporcionando a saída dos gases

aquecendo o ar até chegar ao PMS. (fig. queimados, que ainda conservam

70). alguma pressão.


Continuando o seu curso, o
pistão descobre os orifícios de
admissão, por onde entra o ar que
termina de expulsar os gases
queimados, efetuando a lavagem do
cilindro. Chegando ao PMI, o

27
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

pistão realizou dois cursos com uma


volta do virabrequim e está prestes a
começar outro ciclo.

Resumo
Motor
-Quatro tempos ; quatro cursos do
êmbolo ; duas voltas da árvore de
manivelas.
- Dois tempos ; dois cursos do
êmbolo ; uma volta da árvore de Figura 71
Fonte: Apostila Técnica do Senai
manivelas.

Características
Sistema de distribuição
Os sistemas de distribuição se
caracterizam de acordo com a posição
Função
do comando no motor. Para melhorar o
O sistema de distribuição tem
rendimento do motor, também é
como função sincronizar a abertura e o
utilizada mais de uma árvore de
fechamento das válvulas de acordo com
comando de válvulas.
o movimento dos êmbolos, para
permitir a entrada do ar ou da mistura
Posicionamento
ar/combustível nos cilindros, e a saída
OHV (fig. 72).
dos gases queimados.
Basicamente o sistema de
distribuição é constituído dos elementos
da fig. 71.

1- Árvore de comando de válvulas


2- Tuchos
3- Haste de comando dos balancins
4- Balancins
5- Válvulas
6- Molas das válvulas
Figura 72
Fonte: Mecânica AutoFácil

28
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

OHC (fig. 73). Funcionamento

Acionamento indireto
A árvore de comando de
válvulas é acionada pela árvore de
manivelas; ao girar, os ressaltos do
comando atuam contra os tuchos,
movimentando-os. Esse movimento é
passado às hastes e daí aos balancins
que irão acionar as válvulas, fazendo
com que elas sejam afastadas das suas
sedes. Ao passar a ação do ressalto, as
molas das válvulas fazem com que elas
se fechem.
Figura 73
Fonte: Mecânica Auto Fácil
Acionamento direto
DOHC (fig. 74). O ressalto do comando atua no
tucho que passa o movimento para a
válvula.

Diagrama de válvulas

Definição
É a representação gráfica dos
ângulos de abertura e fechamento das
válvulas num ciclo completo do
funcionamento do motor. (fig. 75) e
(fig. 76).
Figura 74
Fonte: Mecânica Auto Fácil

29
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

Pode-se, portanto, definir os


ângulos referentes ao
a) avanço de
abertura da válvula de admissão
em relação ao P.M.S.
b) atraso do
fechamento da válvula de
admissão em relação ao P.M.I.
c) avanço da
abertura da válvula de escape
em relação ao P.M.I.
Figura 75 d) atraso do
Fonte: Apostila Técnica do Senai
fechamento da válvula de escape
em relação ao P.M.S.
(fig.77).

Figura 76
Fonte: Apostila Técnica do Senai

Características
As variações de abertura e
Figura 77
fechamento das válvulas são medidas
Fonte: Apostila Técnica do Senai
em ângulos de rotação da árvore de
manivelas em relação à posição do
êmbolo no P.M.S e P.M.I..

30
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

O ângulo de avanço de abertura P.M.S. favorece o esvaziamento do


das válvulas de admissão faz com que cilindro em função da velocidade que os
as mesmas já estejam abertas quando o gases ainda possuem, após o pistão ter
êmbolo iniciar o curso descendente. superado o P.M.S. Esta velocidade de
Este avanço foi adotado para levar em fluxo prolonga a saída dos gases do
conta a inércia das válvulas, durante sua cilindro.
abertura, e também para facilitar o fluxo De tudo isso, conclui-se que no
da mistura, com o objetivo de obter um P.M.S encontram-se abertas as válvulas
melhor enchimento do cilindro. de escape e de admissão. O ângulo
O valor do ângulo de atraso no dessa abertura é chamado ângulo de
fechamento das válvulas de admissão é cruzamento.
muito maior que o avanço de abertura: Pode-se supor que a abertura
adia-se bastante o fechamento das simultânea das duas válvulas acarretaria
válvulas de admissão, a fim de que a a entrada de gás de escape no canal de
mistura carburante possa continuar a admissão. Isso, no entanto, não acontece
fluir para o cilindro, em função da porque, no cruzamento, a abertura das
inércia provocada pela alta velocidade válvulas é muito pequena, e a densidade
do fluxo nos condutos e da depressão da mistura é maior que a dos gases, o
existente no cilindro ao final do curso que mantém o seu fluxo na direção da
descendente do êmbolo. válvula da válvula de escape. A esse
O ângulo de avanço da abertura momento também se dá o nome de
das válvulas de escapamento em relação lavagem dos cilindros, pois a entrada da
ao P.M.I. tem como objetivo antecipar mistura da admissão ajuda a expulsar os
bastante a pressão residual dos gases e gases queimados.
favorecer o escape espontâneo, de Os ângulos do diagrama das
combustão, no início do curso de subida válvulas variam de acordo com o tipo
do êmbolo, desça a valores pouco de motor.
superiores à pressão atmosférica.
Evita-se, assim, que o êmbolo Tipos
encontre, durante a subida, uma pressão
que seria passiva, já que teria que Abertos
absorver trabalho para ser vencida. A válvula de admissão abre-se
O ângulo de atraso no fechamento depois do P.M.S. e fecha-se depois do
das válvulas de escape em relação ao P.M.I. A válvula de escape abre-se

31
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

antes do P.M.I e fecha-se antes do Cruzado


P.M.S. (fig. 78). A válvula de admissão abre-se
antes do P.M.S e fecha-se depois do
P.M.I. A de escape abre-se antes do
P.M.I e fecha-se depois do P.M.S. (fig.
80).

Figura 78
Fonte: Wikipédia

Fechado
A válvula de admissão abre-se Figura 80
Fonte: Wikipédia
exatamente no P.M.S. e fecha-se depois
do P.M.I. A de escape abre-se antes do
Cilindrada
P.M.I. e fecha-se no P.M.S. (fig. 79).
É o volume de ar ou de mistura de
ar e combustível aspirada pelo êmbolo
em seu movimento de um ponto morto a
outro, multiplicado pelo número de
cilindros do motor. A cilindrada é
indicada em cm³ ou em litro. (fig. 81).

Figura 79
Fonte: Wikipédia

32
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

Quanto maior a taxa de


compressão, melhor será o rendimento
térmico do motor. Para cada motor a
ciclo Otto, existe uma taxa de
compressão limite, acima da qual
poderão ocorrer detonações.
Nos motores de ciclo diesel, esse
problema não existe. Adotam-se taxas
de compressão bem elevadas, para
elevar o ar a altíssimas temperaturas e,
assim, obter uma rápida vaporização do
combustível, e uma eficiente
combustão. (fig. 83).

Figura 81
Fonte: Wikipédia

Taxa de compressão
Indica a relação entre o volume à
disposição dos gases, no interior do
cilindro, com o êmbolo no P.M.I., e o
volume que os gases podem ocupar
quando o êmbolo se encontra no P.M.S
(fig. 82).

Figura 83
Fonte: Wikipédia

Figura 82
Fonte: Wikipédia

33
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

Turbo alimentador A turbina (1), ao girar, movimenta


Equipamento com a função de o compressor (2), que suga o ar
aumentar a alimentação de ar no motor, ambiente (3) e o comprime no motor,
gerando maior potência. fazendo-o passar pelo radiador (4) para
Constituição resfriá-lo. Dali ele é enviado ao corpo
(fig.84). de borboletas (5) e, depois, ao coletor
de admissão (6), que o direciona ao
interior do cilindro do motor. (fig. 85).

Figura 85
Fonte: Catálogo Garrett

Intercooler
Intercooler é um sistema de troca
de calor, geralmente do tipo ar-ar.
Existe também o intercooler do tipo ar-
água, usado para diminuir a temperatura
do ar enviado aos cilindros nos motores
turboalimentados, quando se adotam
Figura 84
Fonte: Catálogo Garrett
pressões elevadas de alimentação. Tem
aparência semelhante a de um radiador
Funcionamento comum, mas normalmente é fabricado
Os gases de descarga (7) acionam em liga-leve.
a turbina (1), enquanto os gases e No compressor, a temperatura do
excesso são expulsos pela válvula de ar pode chegar a valores que variam de
alívio (8). 160ºC a 200ºC: cabe ao intercooler

34
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

abaixá-las. Dessa forma, o ar rotações quando o turbo é muito


comprimido que entra no cilindro é solicitado, evitando que uma quantidade
mais denso. (fig.86). excessiva de gases queimados passa
pela turbina, o que aumentaria demais a
pressão.

Torque do Motor
Torque é o resultado do produto
da força pela distância (T = F x D).
Assim, o torque (T) no motor de
Figura 86
Fonte: Catálogo Garrett combustão interna é igual à força (F)
com que a extensão empurra o êmbolo e
Válvula de alívio (Wastegate) a biela, multiplicada pele comprimento
Definição (D) da manivela da árvore que recebe a
É uma válvula instalada no torção. (fig. 88).
circuito de acionamento to
turbocompressor. (fig.87).

Figura 88
Fonte: Apostila Técnica do Senai

Figura 87
Fonte: Catálogo Garrett O torque do motor expressa o
trabalho que ele é capaz de realizar,
Função independente do tempo consumido.
Esta válvula é usada para Pode ser medido em newton-metro
controlar a pressão de
sobrealimentação. Abre-se em altas

35
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

(N.m), ou ainda em quilograma-força-


metro (kgf.m)
O torque máximo é o momento de
maior eficiência do motor.
1kgf.m = 9,806 N.m

Potência
É o trabalho realizado na unidade
A potência que um motor pode
de tempo. (fig. 89).
desenvolver depende do torque e da
velocidade de rotação deste motor.
Quanto maior for o torque, e
quanto mais rápido o motor puder girar
maior será a potência que ele pode
fornecer.

Unidades de potência
HP – horse power – cavalo
força
Figura 89
Fonte: Wikipédia
CV – chevaux vapeur – cavalo
vapor
A potência de um motor indica kW – quilowatt
que trabalho ele pode executar na
unidade de tempo. 1HP é a potência que Conversão de unidades
permite deslocar um corpo submetido a 1HP = 76kgm/s
uma força de 76kgf, no tempo de 1 1CV = 75kgm/s
segundo, pela distância de 1m. Por 1kW = 1,36CV
exemplo, se um motor tem uma 1kW = 1,34 HP
potência de 80 HP, temos:
Curvas características
Curvas de características é o
gráfico que indica a potência, o torque e
o consumo específico de um motor em
função de sua velocidade de rotação

36
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

(fig. 90). Essas curvas são obtidas a torque cai.Quando essa queda atinge um
bancada de testes, com a válvula ponto crítico, a potência também cai.
borboleta, ou seja, com o acelerador Curva característica de alta
pressionado totalmente. A velocidade elasticidade. Essa curva é conseguida
de rotação é variada, agindo no freio da quando mantém constante o torque
bancada de teste. máximo por uma gama de rotações,
com capacidade de aceleração a pleno
torque a partir de baixas rotações. (fig.
91).

Figura 91
Figura 90 Fonte: Apostila Técnica do Senai
Fonte: Apostila Técnica do Senai

A análise das curvas permite obter Princípios da Lubrificação industrial

informações interessantes sobre as


características do motor. A curva de A lubrificação parte do princípio

torque alcança um valor máximo em um de que atrito fluido é menor do que

determinado regime de rotação e, uma atrito sólido. O processo de lubrificação

ultrapassado esse regime, começa a cair, consiste em separar (aplicar um fluido

em função da dificuldade que a mistura entre) duas superfícies que estão em

gasosa passa a ter para penetrar nos movimento relativo entre si, com o

cilindros do motor, porém, continua intuito de reduzir o atrito e o desgaste

aumentando, porque o produto entre a resultante do mesmo.

força motriz e o regime de rotação


cresce. À medida que a rotação do
motor atinge aumento excessivo, o

37
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

O atrito fluido consiste na


Atrito interposição de um filme de fluido entre
duas superfícies. (fig. 94).
Existem dois tipos de atrito: o
sólido e fluido.

O atrito sólido pode ser dividido


em: deslizamento (duas superfícies que
estão em contato direto entre si; o
esforço é maior, e há mais desgaste) e
rolamento (duas superfícies que estão Figura 94
Fonte: lcautomação
separadas através de corpos rolantes; o
esforço é menor e há menos desgaste).
Existem quatro tipos de
lubrificantes para o atrito fluido, são
Atrito sólido (deslizamento) (fig. 92).
eles:

 Lubrificantes gasosos (ar e


nitrogênio);
 Lubrificantes líquidos (óleos
Figura 92 minerais, óleos graxos, óleos
Fonte: ebah
compostos e óleos sintéticos);
 Lubrificantes pastosos (graxas e
Atrito sólido (rolamento) (fig. 93).
composições betuminosas);
 Lubrificantes sólidos (grafita e
teflon).

Desgaste

O desgaste ocorre pela quebra dos


Figura 93 picos de metal quando há atrito. Como
Fonte: ebah
consequência da redução de atrito,
temos também a redução do desgaste.

38
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

Origem do petróleo de alto índice de viscosidade, elevada


estabilidade química e alto ponto de
O petróleo é constituído por fluidez.
hidrocarbonetos, os quais possuem Os naftênicos, por sua vez,
como elementos químicos hidrogênio e possuem uma gasolina de alto índice de
carbono. octana, porém, lubrificantes de baixo
Existem duas teorias para explicar ponto de fluidez e baixo índice de
a origem do petróleo: a orgânica e a viscosidade.
norgânica. A mais aceita é a orgânica, e Já os aromáticos, produzem
será a abordada nesta apostila. gasolina de alto índice de octana e
Admite-se que ele tenha se solventes de excelente qualidade.
originado pela decomposição bacteriana
Desdobramento do petróleo
de organismos vivos, vegetais ou
animais, decomposição essa levada a O tratamento dos óleos básicos

efeito há milhares de anos. está em constante evolução, com o

Frequentemente o petróleo se encontra objetivo de melhorar suas propriedades

em rochas porosas. e diferenciar os mesmos


comercialmente. Na figura a seguir
Geralmente o petróleo é
podemos observar de forma
encontrado sobre um lençol de água e
simplificada como ocorre o
sob camadas de gases, que são também
desdobramento do petróleo. (fig. 95).
hidrocarbonetos de baixo peso
molecular (gás natural), e, em pequenas
quantidades, alguns gases inorgânicos,
como o nitrogênio.

Existem três tipos de petróleo, são eles:

 Parafínicos;
 Naftênicos;
 Aromáticos.

Os óleos parafínicos produzem


uma gasolina de baixo índice de octana, Figura 95

todavia, produzem óleos lubrificantes Fonte: Apostila conceitos de lubrificação -


Texaco

39
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

Funções básicas dos óleos


lubrificantes

A principal função dos


lubrificantes é reduzir o atrito entre as
superfícies em movimentos. Entretanto,
existem outras aplicações para os
mesmos, tais como:

 Redução do desgaste;
 Redução do calor;
Figura 96
 Vedação; Fonte: oficinaideal

 Proteção contra corrosão;


 Redução de ruídos. Ponto de fluidez
É a mais baixa temperatura que

Propriedades dos lubrificantes um óleo ainda é capaz de escoar.

Viscosidade Ponto de fulgor e de inflamação

A viscosidade é a propriedade Ponto de fulgor, é aquela

mais importante do óleo, sabendo que temperatura que, quando o óleo é

para todo e qualquer processo efetuado aquecido libera vapores que se

com tal, ela tem de ser considerada. inflamam num “flash” na presença de

Pode ser definida como a capacidade de uma chama. Ponto de inflamação, é a

escoar em razão de suas resistências temperatura na qual o óleo queima

internas. quando os vapores se inflamam na


presença de uma chama.

Índice de Viscosidade
É um número que indica a Óleo monoviscoso

variação de viscosidade em função da Apresenta maior variação na

temperatura. Quanto maior for o viscosidade com as mudanças de

número, menor será a variação da temperatura.

viscosidade com a temperatura. (fig.


96).

40
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

Óleo multiviscoso Sulfonatos


Apresenta viscosidade adequada, Compreende basicamente os sais
que permite boa lubrificação mesmo normais e básicos dos ácidos mahogany.
com ampla variação da temperatura,
tanto com o motor frio (partida), quanto Sulfonatos naturais
durante a operação de trabalho. São sais metálicos com ácido
Por possuir esta característica, é o sulfônico que foram originalmente
óleo mais indicado pelos fabricantes de produzidos como subprodutos do
motores. tratamento das frações do petróleo com
ácido sulfúrico, para produção de óleos
Aditivos (fig. 97) brancos.

Sulfonatos sintéticos
São sais metálicos dos ácidos
produzidos a partir da sulfonação de
alquilados aromáticos pela reação com
o trióxido de enxofre. Geralmente são
derivados do benzeno.
Figura 97
Fonte: cartechautomotive
Fosfonatos e/ou Tiofosfonatos
Compreende os sais metálicos dos
Aditivos são substâncias quando
ácidos fosfônicos ou tiofosfônicos
adicionadas ao óleo, confere ou melhora
obtidos da reação de poliolefinas com
certas características. Existem diversos
reagentes fosforados inorgânicos.
tipos de aditivos para os óleos
lubrificantes, explicaremos alguns
Fenatos
exemplos a seguir.
Compreende os sais metálicos de
alcoil-fenóis, sulfetos de alcoil-fenol e
Detergentes
produtos da combinação alcoil-fenol-
Os aditivos detergentes são
aldeído.
geralmente moléculas de
hidrocarbonetos. Esses
Salicilatos alcoil-substituídos
aditivos usados comercialmente
Compreende os sais metálicos do
são englobados em quatro famílias:
ácido salicílico alcoil-substituído de

41
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

radicais alcoílicos de cadeia longa, Antioxidantes


obtidos pela chamada “Reação de São utilizados para reduzir o
Kolbe”. efeito da oxidação devido ao contato do
óleo com o ar, principalmente a
Dispersantes temperaturas elevadas. A oxidação do
A principal função do aditivo óleo faz aumentar sua viscosidade
dispersante é “espalhar”, desagrupar a original, forma produtos ácidos, borra e
borra formada no óleo. Os aditivos verniz. Podemos classificar esse tipo de
dispersantes podem ser classificados de aditivo em dois grupos:
várias formas, que serão citadas a Antioxidantes primários: Eliminam os
seguir. radicais orgânicos;
 Copolímetos contendo uma Antioxidantes secundários: Decompõem
função de éster carboxilato, e os peróxidos formados.
uma ou mais função polares
adicionais, tais como amina, Antidesgaste
amida, imina, imida, hidroxila, Os aditivos de antidesgaste,
éter, epóxido, éster fosforado, atuam na adsorção preferencial de
carboxila, anidrido ou nitrila; compostos do tipo polar sobre as
 Polímeros de hidrocarbonetos superfícies metálicas, formando um
tratados como vários reagentes filme monomolecular fortemente
para adquirirem funções polares; aderido ao metal, que evita o contato
 Alquenil succinimidas de cadeia entre as partes móveis. O composto
longa N-substituídas; químico mais utilizado para a finalidade

 Amidas e poliamidas de elevado antidesgaste tem sido a família do

peso molecular; Ditiofosfato de zinco.

 Ésteres e poliésteres de elevado


peso molecular; Agentes EP (Extrema pressão)

 Ácidos orgânicos, tais como Os agentes EP são empregados

ácidos sulfônicos de petróleo, em situações onde o lubrificante estaria

ácidos organofosforados e comprometido, ou seja, quando há altas

misturas de tais ácidos. cargas, temperaturas elevadas e alta


velocidade de deslizamento. A
formação dos produtos de reação evita o
grimpamento das partes em movimento

42
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

e pode reduzir o atrito. Como as elementos contidos na mesma


temperaturas são muito elevadas, essas molécula;
reações são frequentemente muito  compostos orgânicos contendo
rápidas. A reação processa-se entre um fósforo: Tanto compostos
ingrediente do lubrificante e o metal. O trivalentes quanto pentavalentes
desempenho de um lubrificante de fósforo são incluídos;
depende, pois, além da composição do  Compostos orgânicos contendo
metal nas superfícies de contato, da chumbo: Estes compostos foram
composição do óleo e das condições às totalmente banidos devido a
quais é sujeito. De acordo com H. H. questões ambientais e de saúde,
Zuidema, os aditivos EP podem ser visto que o chumbo é altamente
classificados em seis tipos principais: cancerígeno.
 Compostos orgânicos contendo
oxigênio: Inclui ácidos Melhoradores de IV (Índice de
carboxílicos, ésteres, cetonas e viscosidade)
frações de petróleo oxidadas; Proporcionam uma maior
 Compostos orgânicos contendo estabilidade da viscosidade em função
enxofre ou combinações da variação de temperatura. Os
contendo oxigênio e enxofre: compostos químicos que são,
Produtos de reação de enxofre geralmente, utilizados são:
livre e frações de petróleo ou  Poliisobutenos;
compostos orgânicos são  Polimetacrilatos;
incluídos neste grupo;  Copolímeros de vinil-acetato;
 Compostos orgânicos contendo  Copolímeros de olefinas;
cloro: Praticamente todos os  Poliacrilatos;
integrantes deste grupo são  Poliestirenos alcoilados.
obtidos pela cloração de
compostos orgânicos ou frações Abaixadores de ponto de fluidez
de petróleo; Os abaixadores de ponto de
 Compostos orgânicos contendo fluidez evitam o congelamento do óleo
cloro e enxofre ou misturas de em baixas temperaturas. O processo
compostos de cloro e compostos efetuado por esse aditivo forma uma
de enxofre: Contém ambos película protetora na superfície dos

43
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

cristais de parafina, inibindo o determinada temperatura. Esse


crescimento lateral do mesmo, e escoamento é feito através de um tubo
mantendo o óleo líquido. Bons aditivos padronizado.
podem baixar o ponto de fluidez em até Os ensaios de viscosidade mais
40ºC. famosos são os Centistokes e Saybolt.

Outros tipos de aditivos são: anti- Índice de neutralização


espumantes, anti-adesividade, anti- Denomina o índice de acidez ou
gotejante, etc. alcalinidade do óleo.

Ensaios dos óleos lubrificantes Teor de água


Os óleos lubrificantes têm A água quando em contato com
propriedades importantes na sua óleo contamina o mesmo, gerando uma
utilização, e para defini-las é necessário borra. O ensaio de teor de água indica a
à utilização de métodos de ensaios que quantidade de água que está presente no
definam as mesmas. Iremos tratar a óleo.
seguir, de alguns tipos desses ensaios.
Análise espectrográfica
Densidade Determina a presença de cada
O ensaio de densidade é feito em metal e sua quantidade, decorrente de
uma temperatura padronizada, visto desgaste. De acordo com o metal
que, com a variação da temperatura, encontrado, desconfia-se de desgaste
varia também a sua densidade. em determinados componentes da
OBS. Em óleos usados o aumento máquina.
da densidade pode ocorrer por
contaminação com água ou sedimentos, Resíduos de carbono e cinzas
enquanto a redução da mesma pode Resíduos de carbono são
ocorrer com a mistura ao combustível. indesejáveis aos motores. É obtido
pesando-se o material que resta da
Viscosidade evaporação do óleo. Já as cinzas,
Todos os tipos de ensaios de indicam a quantidade de material
viscosidade partem do mesmo princípio: inorgânico restante da queima total do
a medição do tempo de escoamento de óleo. O ensaio de cinzas reflete a
determinado volume de óleo a contaminação do óleo com poeira e

44
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

material metálico proveniente do  Ser quimicamente estável;


desgaste.  Possuir elevado índice de
viscosidade;
Lubrificação industrial  Ter boa capacidade de dissipar
A lubrificação industrial é um calor;
segmento de enorme grandeza e trata de  Não absorver ar e água;
óleos destinados a várias aplicações em  Possuir adequada viscosidade;
equipamentos da indústria num todo.  Proteger as superfícies
Os óleos lubrificantes na indústria metálicas.
são classificados pela ISSO
(International Standard Organization) e Seus principais contaminantes são:
também pela AGMA (American Gear  Água e solventes de limpeza;
Manufacturer Association).
 Área e poeira;
 Partículas metálicas de desgaste;
Óleos para sistemas hidráulicos
 Produtos da oxidação, borras e
Os sistemas hidráulicos são muito
vernizes;
utilizados na transmissão de força.
 Óleo proveniente de outros
Os sistemas hidrostáticos têm por
sistemas;
principio a lei de Pascal que diz: “A
pressão exercida em um ponto qualquer
Óleos para engrenagens (fig.98)
de um líquido em repouso é a mesma
em todas as direções”.
Os sistemas hidrodinâmicos usam
a energia cinética do fluido, por
exemplo, conversores de torque.

As principais características de
um fluido para sistema hidráulico são:
 Ser incompressível;
 Ter baixo custo;
 Ser com lubrificante; Figura 98

 Não ser tóxico; Fonte: mecanicaindustrial.com

 Não ser inflamável;

45
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

As engrenagens são fechadas Existem dois grupos de mancais:


(caixas de redutores) ou abertas. Nos os mancais de deslizamento ou fricção,
redutores a lubrificação pode ser feita e os de anti-fricção ou rolamento. Os
por banho, salpico ou forçada. A mancais de deslizamento possuem
lubrificação por banho é indesejada melhor características de vedação como
quando a velocidade periférica for também amortecimento de vibração e
maior que 10 m/s, pois a grande choques. Os de rolamento, por sua vez,
agitação do óleo geraria espuma e calor, aceitam certo nível de desalinhamento e
com consequente oxidação. menor atrito.
Diversos fatores influenciam na Os mancais de deslizamento que
lubrificação das engrenagens, são eles: recebem lubrificação forçada devem ter
 Tipo de engrenagem; seu ponto de introdução localizado na
 Rotação do pinhão; zona de menor pressão (com exceção
 Grau de redução; nos eixos de grande escala e pesados).

 Temperatura de serviço; Também é usual fazer ranhuras no

 Potência; mancal que depositam óleo para ajudar

 Natureza da carga; a lubrificação nas partidas.

 Tipos de acionamento.
Óleos para circuitos pneumáticos
Nesse caso o óleo é pulverizado
Óleos de mancais (fig. 99)
através do lubrificador da linha de ar
comprimido, que o arrasta até as partes
da máquina que serão lubrificadas. A
distância do lubrificador não deve ser
superior a 4 metros da máquina. Os
óleos para esses circuitos devem ter as
seguintes características:
 Ser emulsionável para
transportar a água condensada;
 Possuir agentes E.P;
Figura 99
Fonte: skf.com
 Possuir inibidores de corrosão e
ferrugem;
 Ter bom ponto de fluidez;

46
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

 Viscosidade ISO 32 ou 46 para sincronizados por engrenagens, mas


ferramentas leves (SAE 10 ou ainda assim recebem lubrificação que
20) e ISO 100 ou 150) para ajuda a vedação. O óleo é então
perfuratrizes de rocha (SAE 30 misturado ao ar, separado após a
ou 40). compressão retornando ao circuito. Em
unidades maiores se faz necessário o
Óleos para compressores uso de resfriadores do óleo.
Em compressores alternativos
usa-se comumente o mesmo óleo para Fluidos de corte
motores. Um dos principais problemas Dentre as funcionalidades dos
decorrentes da lubrificação nestes fluidos de corte está o controle da
compressores é a formação de depósitos temperatura na hora da conformação
nas válvulas. Os compressores rotativos mecânica e usinagem. (fig. 100)
são geralmente de lóbulos, de parafusos
ou de palhetas.
Os de lóbulos requerem
lubrificação apenas nas engrenagens de
acionamento, pois seus lóbulos não se
tocam nem na carcaça.
Os do tipo palheta contém um
rotor cilíndrico com ranhuras radiais,
dentro das quais deslizam palhetas
soltas sob ação da força centrífuga,
fechando-se cada vez mais na direção Figura 100
Fonte: quimatecnica.com.br
da descarga comprimindo o ar captado
por cada seção do rotor. Nesse
As funções dos fluidos de corte são,
compressor o óleo lubrifica a camisa
geralmente:
onde raspam as palhetas, necessitando
 Refrigerar a ferramenta e a peça;
de um separador de ar e óleo.
 Lubrificar as partes em contato;
Os compressores de parafuso são
hoje os mais largamente utilizados em  Reduzir os esforços de corte;

indústrias na faixa de vazão entre 120 e  Reduzir o desgaste da

1200 FM e pressões de até 10 bar. Os ferramenta.

parafusos macho e fêmea são

47
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

Suas características são: automatizar ao máximo a função da


 Boa emulsibilidade; lubrificação.
 Proteção contra ferrugem;
 Estabilidade no armazenamento; Lubrificação manual
 Não possuir odor; Pode ser, visando-se almotolia,

 Proteção contra oxidação. pincel, espátula, bobina manual de óleo


ou de graxa. Ainda se usa este metido

Graxas industriais quando o período de relubrificação é

A área de graxas industriais é longo. Antes de se executar a

muito vasta, portanto, será tratada de lubrificação, deve-se remover o

forma mais completa em um capítulo a lubrificante usado e limpar as

parte. superfícies.

Em aplicação nas engrenagens


abertas, vem sendo cada vez mais Lubrificação por perda

utilizada as combinações betuminosas. Assim que o lubrificante passa

O emprego desta graxa para pelo ponto de lubrificação, não retorna

lubrificação de cabos de aço também é a nem permanece em reservatório. A

melhor opção. aplicação pode ser pôr mecha, copo

Nas aplicações em mancais, a com vareta, copo conta-gotas,

graxa tem função e vedação além de lubrificador de linha para ferramentas

lubrificação. Nestes casos, o uso de uma pneumáticas e sistema centralizado.

graxa a base de sabão de lítio é a mais


comumente adotada, pois resiste bem à Sistema de reservatório com banho

presença de água, temperatura O banho pode ser em

relativamente elevada e suas fibras engrenagens, rolamentos, eixos, anéis,

longas ajudam a vedação. canecas e colares de arraste. Neste


sistema torna-se de extrema importância

Métodos de lubrificação a manutenção do nível do reservatório.

A escolha depende do projeto da


máquina, valor de investimento, Sistema de circulação forçada

condições de operação da máquina e Onde o sistema por banho não é

praticidade. A tendência é de possível usa-se a circulação forçada por


bomba. Em alguns casos faz-se

48
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

necessário o uso de trocadores de calor O interesse pelo lubrificante


para resfriamento do óleo. sintético dá-se pelo seu melhor
desempenho em condições extremas,
Os principais elementos do vida mais longa, menor volatilidade e
circuito são: bomba, tubulação, melhor biodegrabilidade. Os óleos
reservatório, filtro, válvula, manômetro sintéticos são produtos químicos e sua
e termômetro. Esse sistema pode ser de obtenção se dá a partir da síntese destes.
alta ou baixa pressão. Embora sejam sintéticos esses
lubrificantes também precisam dos
Lubrificador mecânico aditivos, e, o uso do óleo incorreto pode
Dependendo do sistema projetado, acarretar em prejuízos.
pode ser utilizado para lubrificação com
perda total ou com reaproveitamento do Principais tipos
lubrificante. Consiste em um  Poli-Alfa-Olefinas (PAOs):
reservatório de óleo e diversas unidades Possuem boa estabilidade
individuais de bombas, as quais térmica e boa resistência à
fornecem o óleo em pequenas doses oxidação quando bem aditivado
controladas, através de tubulações a com anti-oxidantes.
diferentes pontos dos lados do cilindro. Utilização: Motores, engrenagens,
As bombas são acionadas por um eixo turbinas e compressores.
propulsor comum, que pode ser  Diésteres: São obtidos reagindo
impelido por um motor elétrico ou por um ácido e um álcool, tendo
uma parte móvel da própria máquina a como subproduto nocivo a água
ser lubrificada. que deve ser eliminada.
Utilização: Compressores, mancais
Óleos sintéticos (fig. 101). e fluidos hidráulicos de alta
temperatura.
 Ésteres de Poliol: Também com
aditivação correta, são mais
resistentes que os PAOs e os
Diésteres no que diz a respeito
de oxidação.

Figura 101 Utilização: Turbinas e sistemas


Fonte: cliqueautomotivo.com.br hidráulicos de aviação.

49
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

 Alquibenzenos: São subprodutos os derivados desse grupo são


da fabricação de detergentes. muito bons lubrificantes com
Possuem boas características a boas propriedades no vácuo.
baixas temperaturas. Utilização: Equipamentos
Utilização: Motores em regiões de aeroespaciais.
clima frio, compressores,  Ésteres Naturais: São
transformadores e sistemas de derivados de mamona ou
refrigeração. colza. Tem vida útil curta,
 Polialquileno Glicóis: Também porém tem boa
conhecidos como poliésteres. biodegrabilidade.
São usados como óleos solúveis Utilização: Indústria alimentícia.
em água, óleos para tratamento
térmico. Possuem alta Os lubrificantes sintéticos, devido ao
resistência ao fogo, por isso são seu alto custo, têm aplicação somente
empregados em locais de em situações que justificam o uso do
altíssima temperatura, onde não mesmo, são elas:
seria possível o uso de óleos  Onde esteja sujeito a
derivados de petróleo. temperaturas extremas.
Utilização: Compressores e parte da  Onde esteja sujeito a
formulação dos óleos de freio. oxidação severa, para que se
 Ésteres de Fosfato: São usados, tenha uma vida longa.
além de básicos sintéticos, como  Seja usado em ambiente
aditivos anti-desgaste para óleos quimicamente severo.
minerais e sintéticos.  Seja exigido um produto
 Fluidos de Silicone: Possuem atóxico ou de boa
I.V. em torno de 350, porém degradabilidade.
oferecem pouca proteção anti-
desgaste. Ou seja, nestes equipamentos: Motores
Utilização: Mecanismos de baixo de combustão interna, compressores,
esforço como instrumentos e engrenagens e sistemas hidráulicos.
válvulas.
 Lubrificantes fluoretados:
Conhecidos como “teflon”,

50
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

Graxas (fig.102) Onde usar graxa?


 Onde o óleo não pode ser
contido ou vaza com facilidade;
 Onde existem dificuldades e
condições inseguras para
realizar a relubrificação;
 Onde o lubrificante deve ter
também a função de vedar;
Figura 102
 Onde o projeto da máquina
Fonte: fuchsbr.com.br
especifica a utilização de graxa;
Uma graxa lubrificante pode ser  Onde o tempo de relubrificação
definida como um material sólido a for reduzido;
semi-sólido, constituindo de um agente  Onde se quer reduzir a
espessante (sabão metálico) disperso frequência de lubrificação;
num lubrificante líquido (óleo). O  Onde existem equipamentos
lubrificante líquido, que em geral com lubrificação intermitente;
compõe 70 a 95% em peso da graxa  Onde é importante a redução de
acabada, proporciona a lubrificação ruídos;
propriamente dita, enquanto o  Onde existem condições
espessante oferece uma consistência extremas de altas temperaturas,
semelhante ao gel para manter o altas pressões, cargas de choque
lubrificante líquido no lugar. Muitas e baixas velocidades com cargas
vezes, prefere-se as graxas em lugar dos elevadas.
óleos em aplicações onde ocorreria um
vazamento de óleo, onde a ação de Fabricação da graxa
vedação natural da graxa é necessária A graxa é fabricada formando-se
ou onde é requerida a espessura extra da o sabão em presença do óleo. Existem
película da graxa. três processos de fabricação de graxas:
Em geral, quase todas as graxas
amolecem em serviço, porém Processo de Tacho – por tradição, a
recuperam sua consistência original fabricação de graxas tem sido feita na
quando deixadas em repouso. forma de um processo de bateladas
realizado em grandes tachos. As

51
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

capacidades destes tachos variam de  Graxas betuminosas: De base


4500 a 22600Kg. asfáltica e possuem excelente
adesividade.
Processo Contactor – esse processo é Utilização: Cabos de aço, feixes de
muito parecido com o de tacho, com a mola, e engrenagens abertas.
vantagem de reduzir enormemente o  Graxas contendo grafita ou
tempo de fabricação das graxas. bissulfeto de molibdênio:
Geralmente à base de sabão e
Processo Contínuo – esse processo lítio, contendo estes lubrificantes
nasceu em meados dos anos 60, é sólidos que lhes conferem maior
compacto e versátil, oferecendo ponto de gota e resistência a
vantagens sobre o processo de altas pressões.
bateladas, como sua homogeneidade e Utilização: Parafusos e estojos na
estabilidade ao cisalhamento. montagem de coletores de descarga,
turbinas de motores e hastes de
Tipos de graxas perfuração.
 Graxas à base de sabão de lítio:
São as mais usadas na indústria. Características das graxas
Tem boa resistência à água e à  Consistência: o Gral NLGI
temperatura. (National Lubricating Grease
Utilização: Rolamentos. Institute) estabelece números
 Graxas à base de sabão de sódio: que, quanto maiores mais
São ideais quando se deseja consistentes são as graxas, sendo
remover formações de gotículas o ultimo grau de consistência
de água para evitar a ferrugem, semelhante à de um sabonete.
pois absorvem as mesmas. Assim temos graus 000; 00; 0; 1;
 Graxas à base de sabão de 2; 3; 4; 5; 6.
cálcio: Sua principal  Ponto de gota: É a temperatura
característica é a insolubilidade na qual a graxa começa a
em água. Formando as graxas gotejar. Indica seu limite de
“chassis”. utilização.
 Bombeabilidade: É a capacidade
de ser bombeada, quanto maior a

52
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

consistência mais difícil é de


bombear.
 Resistência à água: Os sabões de
cálcio e lítio não se dissolvem na
Figura104
água, já os de sódio sim. Fonte: Apostila conceitos de lubrificação -
texaco
 Estabilidade: Uma graxa de
qualidade conserva por mais
Para graxas de base sintética,
tempo suas características.
serão adicionados os caracteres abaixo:
(fig. 105)
Especificação DIN para graxas

DIN 51 502 (graxas)


Consiste de várias partes: tipos de
graxas, aditivos especiais, componente
sintético (se aplicável), número NLGI,
temperatura máxima de operação e
Figura 105
temperatura mínima de operação. Fonte: Apostila conceitos de lubrificação -
texaco
O primeiro ou o segundo caractere
indica o tipo de graxa, conforme a
Lubrificantes sólidos (fig. 106)
tabela abaixo: (fig. 103)

Figura 103
Fonte: Apostila conceitos de lubrificação -
texaco

Se a graxa tiver aditivos especiais Figura 106


Fonte: luboks.com.br
adicionais, estes serão indicados por um
caractere extra. As graxas receberão
Os lubrificantes sólidos devem
uma das letras abaixo: (fig. 104)
possuir forte aderência a metais,
pequena resistência ao cisalhamento,

53
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

estabilidade em altas temperaturas, ser Películas secas


quimicamente inertes e ter elevado Este é o novo caminho
coeficiente de transmissão de calor. tecnológico da lubrificação sólida: o
Podem ser classificados em sólidos revestimento de superfícies metálicas
laminares e compostos orgânicos. com camadas de materiais sólidos de
boas propriedades lubrificantes, como
Sólidos laminares: Têm sistemas os lamelares grafita e o bissulfeto de
estruturais dispostos em camadas, sendo molibdênio ou o PTFE.
muito fortes as ligações entre átomos de
uma mesma camada e fracas as ligações A mica e o talco também são
entre camadas distintas. Os lubrificantes sólidos lamelares, eventualmente usados
que pertencem a está categoria são: a como lubrificantes, que, porém, não
grafita, o dissulfeto de molibdênio, o forma ligações efetivas com superfícies
dissulfeto de tungstênio, a mica, o talco, metálicas.
o sulfato de prata e o bórax.
A grafita e o MoS2, conseguem
Compostos orgânicos: Este grupo boas ligações com os metais,
é formado pelas parafinas, ceras e especialmente os bissulfeto de
pastas especiais para estampagem e molibdênio com o aço. Estes sólidos
trefilação, constituídas por sabão e lamelares podem ser aplicados sobre
gorduras, além de diversos plásticos. superfícies metálicas por meio de
adesivos, tais como resinas acrílicas,
Lubrificação sólida fenólicas, silicones ou produtos
O uso de lubrificantes sólidos, tais inorgânicos como fosfatos, silicatos e
como grafita, mica ou bissulfeto de boratos.
molibdênio, não constitui mais
novidade. A nova tecnologia de Penetração Iônica
lubrificação sólida está dando ênfase ao Os estudos sobre lubrificação
emprego do PTFE (politetra-flúor- sólida adquirem grande importância
etileno) que é um polímero cujo para aplicações espaciais, motivo pelo
coeficiente de atrito é qual a NASA (National Aeronautics
extraordinariamente baixo. and Space Administration) realiza um
intenso programa de pesquisas neste
campo.

54
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

Penetração iônica é um termo Experiências com rolamentos


genérico aplicado a processos de revestidos por uma fina película de ouro
deposição do qual a superfície a têm sido levadas a efeito pela NASA
revestir, é submetida a um bombardeio para fins espaciais.
de íons de carga superficialmente
elevada para provocar apreciável Armazenagem e manuseio de
faiscamento, antes e durante a lubrificantes
deposição da película.
Por meio da penetração iônica Em geral os lubrificantes são
obtém-se uma adesão bem maior entre o fornecidos em tambores, baldes ou
substrato e a camada de revestimento. recipientes menores. Em casos especiais
são fornecidos em carros tanques
Metais
Alguns metais, como o ouro, a Uma boa armazenagem deve seguir
prata, a platina, o chumbo, o estanho, o os seguintes princípios:
bário, o cádmio, o tálio, entre outros,  O primeiro tambor que entra no
apresentam propriedades adequadas almoxarifado deve ser o
para o uso como lubrificantes sólidos, primeiro que sai para consumo;
em situações especiais. Estas  Facilidade de carga e descarga,
propriedades incluem a pequena estocados em racks que
resistência ao cisalhamento, a possibilitem o uso de
possibilidade de serem aplicados como empilhadeiras ou lado a lado
película contínua sobre outros metais para a movimentação com
mais duros, boa condutibilidade térmica talhas;
e elétrica, estabilidade química em altas  Identificação clara e visível nas
temperaturas e sob vácuo, e resistência embalagens;
a radiações nucleares.  Quando armazenar em locais
O emprego de uma fina película abertos, inclinar o tambor para
de prata para revestir, lubrificando evitar a formação e água junto
rolamentos esféricos de equipamentos aos bocais;
de raios-X, sujeitos a elevadas  Usar local fresco e arejado, pois
temperaturas, altas velocidades e o calor pode deteriorar alguns
condições de vácuo, já é uma aplicação
bastante conhecida nos Estados Unidos.

55
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

lubrificantes, principalmente medidores de quantidade de óleo


graxas. ou combustível, etc.

Um bom manuseio deve seguir estes Planejamento da lubrificação


princípios: O sucesso de uma boa
 O óleo deve ser transportado em lubrificação depende do seu
recipientes fechados e não em planejamento e controle, sem os quais é
baldes, para evitar impossível obter um bom resultado.
contaminação; O planejamento e controle da
 Os tambores devem ser lubrificação nas empresas podem ser
transportados em carrinhos feitos de diversas maneiras, dependendo
apropriados, nunca rolados no do tipo dos equipamentos que elas
chão sob risco de derramamento; possuem. Grande parte das empresas
 Os tambores em uso devem ser hoje, controla a lubrificação com o
armazenados deitados em auxilio de programas específicos. Um
cavaletes, com torneiras de sistema de lubrificação é tido
fecho rápido com baldes organizado seguindo seis fatores, são
coletores de respingos e eles:
principalmente com  Tipo de lubrificante (de acordo
identificação clara e visível. com as especificações);
Para a armazenagem dos  Quantidade de aditivos no
tambores na posição vertical, lubrificante de acordo com o
são necessárias bombas para trabalho;
transferência do óleo;  Quantidade de lubrificante
 A lubrificação de equipamentos especificada;
“no campo” é facilitada com o  Local certo de aplicação do
uso de caminhões comboio, que lubrificante;
podem transportar combustível e  Hora certa de se fazer a
diversos tipos de óleo e graxa, lubrificação;
também possuem um  Condição de lubrificação
compressor de ar, armário de correta.
ferramentas, mangueiras com

56
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

Cada equipamento da empresa viscosidade correta do óleo que será


deve conter uma ficha que contenha sua utilizado.
especificação e os fatores acima citados.
Classificação SAE J300 – óleos para
Na organização do sistema de motor
lubrificação, deve-se otimizá-lo com A SAE desenvolveu a
uma variedade mínima possível de classificação de viscosidade para óleos
lubrificantes, com uma boa sistemática de motor, que tem sido modificada com
de armazenagem e manuseio, um bom o passar dos anos e estabelece 11
controle de serviços e consumos, e uma diferentes graus de viscosidade do óleo
boa identificação dos lubrificantes de motor, conforme a tabela abaixo.
através de códigos. (fig. 107)

O roteiro da lubrificação deve ser


montado de forma a evitar que o
homem caminhe muito de forma
desordenada, isto é, o roteiro deve
conter os equipamentos segundo uma
sequência lógica.

A periodicidade de lubrificação
pode ser controlada de acordo com o Figura 107
Fonte: Apostila conceitos de lubrificação -
tipo de equipamento, outros fatores a se
texaco
considerar são: horas de trabalho;
quilômetros de trabalho; dias, semanas, Classificação SAE J306 – óleos de
meses, semestres de trabalho e a transmissão manual e diferencial
produção. A SAE também desenvolveu uma
classificação de viscosidade para óleos
Classificação de viscosidade de diferencial e de transmissão manual.
Existem várias classificações de Hoje estabelece nove graus diferentes
viscosidade para óleos lubrificantes. de viscosidade do óleo.
Para escolher o lubrificante adequado Existe uma proposta para que
deve-se levar em consideração a sejam acrescidos mais dois graus de

57
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

viscosidade (SAE 110 e 190) e também Classificação de viscosidade AGMA –


alterar os limites da viscosidade SAE 90 óleos industriais
e 140.
(fig. 108) O sistema de classificação
AGMA classifica os lubrificantes para
engrenagens abertas ou fechadas,
levando em consideração não só a
viscosidade dos óleos, mas também a
aditivação dos produtos. A AGMA
classifica os óleos como:
 R&O (inibidores de ferrugem e
corrosão).
Figura 108  EP (anti desgaste / extrema
Fonte: Apostila conceitos de lubrificação -
pressão).
texaco
 CP (Óleos compostos com 3 a
Classificação de viscosidade ISO - 10% de gordura mineral ou

óleos industriais sintética – frequentemente


utilizado em engrenagens do
O sistema ISO de classificação é tipo coroa / sem fim).
mais simples e leva em consideração  R (residuais – frequentemente
apenas a viscosidade do óleo à 40ºC. empregados em engrenagens
(fig. 109) abertas).
 S (sintéticos).

É importante ressaltar que na


classificação emitida em 2002 houve
uma mudança significativa nas
viscosidades dos números AGMA 10,
11 e 12 para poderem alinhar com os
graus de viscosidade ISO. (fig. 110)

Figura 109
Fonte: Apostila conceitos de lubrificação -
texaco

58
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

 Serviço intermitente em
percurso reduzido;
 Ventilação deficiente do cárter;
 Bomba e bicos injetores
desregulados;

Troca do óleo independente da


quilometragem
Há situações que obrigam a
substituição do óleo, mesmo que não se
Figura 110
Fonte: Apostila conceitos de lubrificação -
tenha atingido a quilometragem
texaco determinante para tal providência. São
elas:
Problemas na lubrificação
 Altas temperaturas e
superaquecimento do motor;
possíveis causas
 Contaminação por combustível,
 Formação de borras, lacas e
água, fluido refrigerante ou
vernizes no motor;
poeira;
 Período muito longo do uso do
 Anéis de segmento desgastados;
óleo;
 Filtragem do ar e do óleo
 Óleo de baixa qualidade;
deficiente.
 Óleo contanaminado;
 Superaquecimento do motor ou Óleo contaminado por água:
operação em baixa temperatura; Causas
 Válvula termostática defeituosa  Trincas no cabeçote;
e/ ou inoperante;  Junta do cabeçote defeituosa ou
 Vazamento de gases pelos anéis queimada;
de segmento e/ou pelas válvulas;  Radiador de óleo com
 Filtros deficientes (ar e óleo); vazamento;
 Combustível de má qualidade;  Motor trabalhando em baixa
 Motor que trabalha longo tempo temperatura
em marcha lenta;  Contaminações externas;

59
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

 Trinca ou porosidade no bloco Sistema de lubrificação dos motores


ou no cabeçote; endotérmicos
 Cabeçote frouxo ou empenado;
 Vazamento pelos retentores das Tipos de sistemas de lubrificação
camisas dos cilindros.  Salpique.
 Lubrificante misturado com o
Diminuição da viscosidade do óleo combustível.
Causas  Circulação forçada por bomba a
 Passagem do combustível para o cárter seco.
óleo;  Sistema convencional.
 Complementação do nível com
óleo de menor viscosidade. Por salpique
A lubrificação por salpique
Aumento da viscosidade geralmente é utilizada como parte da
Causas lubrificação principal no motor. É
 Intervalos muito longos conseguida em função do movimento da
entre as trocas de óleo; árvore de manivelas e da biela, que
 Motor que trabalha com lançam o óleo lubrificante nas paredes
superaquecimento; dos cilindros. (fig. 111).

 Filtro de óleo saturado;


 Anéis de segmento em mau
estado;
 Contaminação por água e/ou
fuligem;
 Óleo de péssima qualidade;
 Entrada falsa de ar não
filtrado;
 Complementação com óleo
mais viscoso.

Figura 111
Fonte: Apostila Técnica do Senai

60
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

Por mistura de óleo e combustível Convencional


Este processo é utilizado em Constituição (fig. 112).
alguns motores de dois tempos, onde o
óleo lubrificante é misturado ao
combustível em quantidade
preestabelecida.

Por bomba a cárter seco


Nos automóveis de competição
F1, INDYCAR, são usados sistemas de
lubrificação a cárter seco, nos quais o
óleo, ao invés de ser recolhido numa
bandeja fixada sob o bloco do motor, é
enviado por uma ou mais bombas a um
reservatório, passando antes por
radiadores de óleo que o resfriam. Do
Figura 112
reservatório o óleo é enviado sob Fonte: Apostila Técnica do Senai

pressão a vários componentes móveis.


Componentes e funções
A adoção de um sistema a cárter seco
Cárter (fig. 113).
evita o risco de, numa curva, após uma
O cárter é o depósito onde fica
forte aceleração transversal, a bomba de
armazenado o óleo lubrificante do
sucção não conseguir captar o óleo, o
motor. Pode ser feito de chapa de aço
que resultaria na interrupção da
estampada, ou de liga leve, aletado, para
lubrificação do motor.
facilitar a dissipação do calor.

Figura 113
Fonte: Mecânica Fácil

61
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

Bomba de óleo De rotor (fig. 115).


A bomba de óleo aspira o
lubrificante do cárter e o envia, sob
pressão ao circuito de lubrificação do
motor.

Tipos
De engrenagem (fig. 114)
A árvore da bomba forma um
corpo único com a engrenagem Figura 115
Fonte: Mecânica 2000
condutora que aciona a engrenagem
conduzida. Esta última desliza em seu
A bomba de rotor tem um anel
eixo, em movimento de rotação.
flutuante com cinco cavidades, e um
As engrenagens em movimento de
rotor com quatro dentes que gira no
rotação causam uma depressão que
interior do anel, com o qual se engrena,
aspira o óleo do cárter, fazendo-o fluir,
arrastando-o com o seu movimento.
sob pressão, para as diversas partes
A diferença entre o número de
móveis no motor.
dentes no anel e no rotor possibilita
tanta a aspiração do óleo, como sua
expulsão da bomba. A aspiração ocorre
quando o espaço vazio entre o anel e o
rotor coincide com o orifício de entrada
do óleo. O óleo é expulso da bomba sob
pressão, quando o espaço é reduzido
pela rotação do conjunto.

Figura 114
Fonte: Mecânica 2000

62
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

De êmbolo (fig. 116). Dependendo do veículo, a válvula


reguladora de pressão pode estar
instalada na própria bomba de óleo ou
no bloco do motor. Possui uma
regulagem para limitar a pressão
máxima do óleo no sistema de
lubrificação, a fim de que não ocorra
sobrepressão.

Filtro de óleo (fig. 118).


Figura 116 O lubrificante que circula o
Fonte: Mecânica 2000
interior do motor deve chegar aos vários
componentes absolutamente livre de
O êmbolo da bomba de óleo é
partículas estranhas que, mesmo de
acionado por um ressalto da árvore de
dimensões reduzidas, podem causar
comando de válvulas.
danos às superfícies de trabalho dos
Quando o ressalto deixa de atuar,
componentes e provocar um rápido
o êmbolo sobe, aspirando o óleo do
desgaste. Para reter impurezas, o
cárter para a câmara da bomba. Com a
circuito de lubrificação é dotado de um
atuação do ressalto, o êmbolo é
filtro a cartucho de papel micro poroso.
empurrado para baixo, forçando o óleo
sob pressão através da válvula de saída.

Válvula reguladora de pressão


(fig. 117).

Figura 117 Figura 118


Fonte: Mecânica 2000 Fonte: Wikipédia

63
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

No interior do filtro existem duas estável, independente do regime de


válvulas: uma de retenção e outra, de trabalho do motor.
segurança.
A válvula de retenção tem como Radiador de óleo (fig. 120).
função manter o filtro de óleo sempre O radiador de óleo tem como
cheio, mesmo que o motor esteja função resfriar o óleo lubrificante, por
desligado. A de segurança permite a intermédio do fluxo de ar que passa
passagem do óleo lubrificante, através da sua colméia.
garantindo a lubrificação do motor caso
o filtro fique entupido.
O filtro pode ser de dois tipos:
 blindado: que é substituído por
completo.
 desmontável: que permite
substituir apenas o elemento
filtrante.

Trocador de calor (fig. 119).

Figura 119
Figura 120
Fonte: Catálogo FIAT
Fonte: Catálogo FIAT

O trocador de calor é um Sistema de arrefecimento


dispositivo utilizado em motores com Tipos
alto desempenho.Tem como função
fazer com que o óleo lubrificante atinja  A ar – refrigeração direta
mais rapidamente sua temperatura
normal de funcionamento, e a mantenha  Por líquido – refrigeração
indireta

64
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

Sistema de refrigeração direta – a ar Termostato


É constituído de uma mola
Constituição (fig. 121). bimetálica que controla a circulação do
ar. Quando o motor está frio, ele impede
a renovação do ar refrigeração, fazendo
com o que o motor atinja mais
rapidamente a sua temperatura ideal de
funcionamento. Quando o motor
alcança a temperatura ideal de
funcionamento, o termostato permite a
troca de ar interno, quente, pelo ar
atmosférico, na temperatura ambiente.

Vantagens do sistema de
Figura 121
arrefecimento a ar
Fonte: Wikipédia
 Menor quantidade de peças

Componentes: funções sujeita a defeitos;

Aletas de refrigeração  Funcionamento simples;


As aletas têm a função de  Menor peso, por não ter radiador
aumentar a área de contato do motor, líquido de arrefecimento;
onde é gerado o calor, com o ar  O motor atinge a temperatura
passante, para diminuir a sua normal de trabalho mais
temperatura em menor tempo. rapidamente;

Condutos de ar Desvantagens do sistema de


São formados pelas chapas que arrefecimento a ar
cobrem a estrutura do motor, e  A temperatura do motor varia
direcionam o ar para as aletas de em função da temperatura
refrigeração. ambiente;
 Motor mais ruidoso, já que as
Turbina aletas funcionam como
Elemento que força a circulação amplificador sonoro;
do ar pelas diversas parte do motor.

65
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

Sistema de refrigeração indireta – Obs.: O uso de mangueiras não


por líquido originais pode provocar danos no
radiador, já que, geralmente, os
Constituição (fig. 122). automóveis modernos utilizam radiador
com caixa de plástico, e as mangueiras
não originais perdem rapidamente a
flexibilidade e passam as trepidações
provenientes do motor para o radiador,
provocando ruptura na sua estrutura.

Reservatório de expansão
O reservatório de expansão
compensa a variação do volume do
líquido de arrefecimento. É utilizado em
sistemas de arrefecimento com circuito
selado. Sua tampa é provida de válvulas
de pressão e depressão.
A válvula de pressão permite que
Figura 122 o vapor, acumulado no sistema, saia
Fonte: Apostila Técnica do Senai
pela derivação de descarga. Possibilita,
também, que o líquido de arrefecimento
Componentes: funções
atinja temperaturas mais elevadas, sem
Radiador
entrar em ebulição. (fig. 123).
Tem a função de aumentar a área
de dissipação do calor, permitindo a
refrigeração do líquido de
arrefecimento.

Mangueiras
As mangueiras promovem uma Figura 123
Fonte: Apostila Técnica do Senai
ligação elástica entre os componentes
do motor e permitem a circulação do A válvula de depressão permite
líquido refrigerante no sistema de que entre ar ou líquido de arrefecimento
arrefecimento. no sistema. Essa entrada deve-se à

66
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

diminuição da pressão, que ocorre com líquido circula somente entre o motor e
o esfriamento do líquido refrigerante a bomba, aquecendo-o mais
quando o motor é desligado. (fig. 124). rapidamente.

Funcionamento com o motor


aquecido
Com o motor aquecido na
temperatura normal de funcionamento,

Figura 124
a válvula termostática libera a passagem
Fonte: Apostila Técnica do Senai de líquido refrigerante para o radiador, e
isola o circuito de terno para a bomba
Válvula termostática d’água. A partir de então, fica livre a
Também conhecida como circulação do líquido entre o motor, a
termostato, a válvula termostática faz bomba e o radiador. (fig.125).
com que o motor atinja mais
rapidamente a temperatura ideal de
funcionamento, e controla a temperatura
ideal de funcionamento, e controla a
temperatura mínina do motor,
impedindo ou dificultando a circulação
do líquido de arrefecimento.
O trabalho dessa válvula será
observado em duas fases:
1- durante o aquecimento do Figura 125
Fonte: Catálogo Radiex
motor Bomba d’água

2- com o motor aquecido


Fixada no bloco ou no cabeçote, é
acionada pela árvore de manivelas, por
Funcionamento na fase de
aquecimento do motor intermédio de correia trapezoidal ou

Durante a fase de aquecimento do correia poli V. Geralmente a bomba

motor, a válvula termostática fecha a d’água é do tipo centrífuga, e ativa a

passagem de líquido refrigerante para o circulação do líquido por intermédio do

radiador e libera a passagem para o seu rotor. (fig. 126).

retorno à bomba d’água. Desta forma, o

67
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

quando então o ventilador será ligado.


(fig. 128).

Figura 126
Fonte: Mecânica 2000

A bomba d’água montada no Figura 128


cabeçote tem, como vantagem, diminuir Fonte: Mecânica 2000

a temperatura dos gases de escapamento


em até 70ºC, o que resulta na Outra forma de acionamento do

diminuição das emissões de poluentes. ventilador usada nos veículos, se dá por


intermédio de um motor elétrico. (fig.

Ventilador 129).

Em alguns veículos, o ventilador é


fixado ao eixo da bomba d’água. Seu
acionamento é feito pela polia da árvore
de manivelas, por intermédio da correia.
(fig. 127).

Figura 129
Fonte: Catálogo FIAT

Nesse caso, há um sensor térmico


instalado no radiador ou no motor. O
Figura 127
Fonte: Mecânica 2000
sensor comanda a ativação e
desativação do motor do
O acionamento do ventilador eletroventilador. (fig.130).
também pode ser feito por meio de uma
embreagem eletromagnética, que
permanece desacoplada até que o motor
atinja uma determinada temperatura,

68
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

 Elevação do ponto de ebulição


do líquido de arrefecimento, em
função do aumento da densidade
do líquido.
 Diminuição da corrosão dos
elementos do sistema de
arrefecimento.
Figura 130
Fonte: Catálogo FIAT
Funcionamento
O líquido de arrefecimento circula
Os veículos com ar condicionado
ao redor dos cilindros e no cabeçote do
utilizam radiador maior e dois
motor, forçado pela bomba d’água, e
eletroventiladores, para melhorar o
enviado ao radiador, onde é distribuído
fluxo de ar através do radiador. (fig.
em uma grande superfície, atravessada
131).
por uma corrente de ar, provocada pelo
deslocamento do veículo e pelo
ventilador. O líquido é resfriado até
limites adequados, dissipando no ar o
calor excessivo.
O termostato controla a circulação
do líquido refrigerante, para que o
motor atinja mais rapidamente a
Figura 131
Fonte: Catálogo FIAT temperatura normal de funcionamento,
e o mantém aquecido uniformemente
Líquido refrigerante em qualquer regime de utilização,
O líquido refrigerante é a independente da temperatura externa.
combinação de água e aditivo, Modernamente, os veículos
normalmente à base de etileno-glicol, utilizam tanque de expansão ou
em porcentagens adequadas. Esta compensação, onde o vapor do líquido
solução proporciona: aquecido se condensa retornando ao
 Maior resistência a baixas sistema, não havendo, dessa maneira,
temperaturas, isto é, evita o perda de líquido de arrefecimento.
congelamento do líquido nas Reduz-se assim, o risco de
temperaturas mais baixas. superaquecimento e a necessidade de

69
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

reabastecimento constante do sistema. Vantagens e desvantagens


(fig. 132). Vantagens:
 Temperatura de funcionamento
estável.
 Motor mais silencioso.

Desvantagens
 Quantidade maior de peças
sujeita à defeitos.
 Motor mais pesado em função
Figura 132
do líquido e dos componentes.
Fonte: Apostila Técnica do Senai

Limpeza Sistema de alimentação


O sistema de arrefecimento deve Introdução
ser limpo nos períodos preestabelecidos Os veículos de combustão interna
pelo fabricante, para retirar as constituem um avanço considerável em
impurezas internas, provocadas pela relação aos de combustão externa:
oxidação, e as externas, na colméia do queimam pequenas quantidades de
radiador, provocadas por poeira, lama e combustível dentro dos cilindros do
insetos. motor. Aproveitam, assim, a energia
A limpeza interna é realizada com produzida na combustão de maneira
a utilização de produtos especiais. A mais controlada e com melhor
limpeza externa do radiador é feita com rendimento.
jato d’água. Depois de limpo, o sistema Para essa queima de combustível
deve ser abastecido com o líquido ocorrer, é necessário que se reúnam três
refrigerante nas proporções elementos básicos: combustível,
recomendadas. oxigênio do ar e calor.
Para que o sistema de O combustível tem que ser
arrefecimento funcione bem, é misturado com o ar em uma proporção
necessário sangrar o ar para evitar a correta. Nos motores a álcool ou a
bomba d’água venha a cavitar. gasolina, essa mistura é feita pelo
carburador ou pelo sistema de injeção
eletrônica de combustível. Nos motores

70
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

a diesel, é a bomba injetora que fornece ar/combustível é a ideal para queimá-lo


o combustível ao cilindro do motor na totalmente.
quantidade correta.
Funcionamento
Cabe ao sistema de alimentação O motor do veículo aciona a
fornecer ao motor do veículo uma bomba de combustível do tanque para o
mistura adequada de combustível e ar carburador através da tubulação.
necessária ao seu funcionamento. Ao mesmo tempo em que o
combustível faz esse trajeto, o ar
Relação da mistura ar/combustível também chega ao carburador após
Definição passar pelo filtro de ar.No carburador
É a quantidade de ar (oxigênio do forma-se uma mistura com dosagem
ar) necessária para queimar totalmente correta de combustível vaporizando e
certa quantidade de combustível. Esta ar.Essa mistura vai alimentar o
relação de mistura depende do tipo de motor,onde sofrerá um processo de
composição do combustível. Para combustão.(fig.133).
exemplificar, uma parte de gasolina
precisa de cerca de 15 partes de ar para
se queimar totalmente; já o álcool
precisa somente de 9 partes de ar para
que a sua queima seja total.

Tipos
Mistura pobre: é aquela em que a
quantidade de ar na mistura Figura 133
Fonte: Mecânica Fácil
ae/combustível é maior que a
quantidade necessária para queimá-lo.
Constituição
Mistura rica: é aquela em que a
Basicamente o sistema de
quantidade de ar na mistura
alimentação é constituído pelos
ar/combustível é menor que a
componentes apresentados na (fig.134).
quantidade necessária para queimá-lo.
Mistura estequiométrica: é aquela
em que a quantidade de ar na mistura

71
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

Figura 134
Fonte: Mecânica 2000
Figura 135
Fonte: Mecânica 2000
Tanque de combustível
Os veículos automotores são
Tubulação
dotados de tanque de combustível,cuja
O combustível é transferido de um
capacidade é calculada de maneira a
elemento a outro do sistema de
permitir que os automóveis percorram
alimentação por tubos fabricados de
uma certa distância sem necessidade de
material sintético,de aço ou cobre.
reabastecimento .Essa certa distância é
Os tubos metálicos sofrem um
conhecida como autonomia do veículo.
tratamento interno especial para evitar a
O tanque de combustível é
corrosão causada pelo combustível.Suas
geralmente construído com chapas de
extremidades são dotadas de
aço revestidas com uma liga
dispositivos de conexão que facilitam as
antioxidante.Há,também,tanques de
interligações.
combustível feitos de material
Os tubos de material sintético,têm
plástico,tipo poliuretano,mais leves e
a finalidade de proporcionar uma
resistentes à corrosão.Além disso,caso
ligação flexível entre os componentes
esses tanques se deformem,não ocorre
do sistema de alimentação.
vazamento de combustível. O tanque
tem diversos componentes, que
Filtro de combustível
possibilitam o desempenho de suas
Os combustíveis pela sua própria
funções.(fig.135).
fabricação e transporte, possuem
impurezas que prejudicam o

72
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

funcionamento do motor. Para reter As bombas de combustível podem


essas impurezas,utilizam-se filtros de ser de adicionamento mecânico ou
combustível,interligados no circuito do elétrico.(fig.137).
sistema de alimentação.
Os filtros blindados possuem uma
carcaça de plástico,e seu núcleo
geralmente é de papel especial
microporoso.Devem ser instalados
obedecendo à posição indicada por uma
seta existente em sua carcaça,e que
indica o sentido do fluxo de
combustível.(fig.136).
Figura 137
Fonte: Mecânica 2000

Manutenção
As bombas de combustível,de
forma generaliza,devem ser substituídas
quando apresentarem algum defeito que
Figura 136
comprometa seu funcionamento.
Fonte: Apostila Técnica do Senai

Se o filtro for instalado ao Testes

contrário,sua vida será reduzida.Os Para verificar a eficiência do

filtros blindados devem ser substituídos funcionamento da bomba de

após o vencimento da sua vida útil. combustível, executam-se os seguintes


testes:

Bomba de combustível -depressão;

É o elemento do sistema que -pressão;

fornece o combustível ao carburador,de -vazão.

forma permanente.É montada no motor O teste de depressão é feito com o

,entre o tanque e o carburador,podendo vacuômetro instalado na entrada da

ser adicionada pela árvore de comandos bomba.Esta aparelho determina a

de válvulas,por uma árvore capacidade de aspiração da bomba.

intermediária ou,ainda,pelo distribuidor. O teste de pressão estabelece a


pressão da saída do combustível.Para

73
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

realizá-lo,liga-se um manômetro à saída formam uma espécie de névoa. (fig.


da bomba.A quantidade de combustível 138).
que a bomba consegue retirar do
tanque,na unidade de tempo,é
determinada pelo teste de vazão com
um recipiente graduado.Por esse
teste,detectamos entupimentos na saída
do tanque e na tubulação do
combustível.
Para testar a bomba de
combustível, na rotação especificada, Figura 138
Fonte: Apostila Técnica do Senai
utiliza-se um tacômetro. As unidades
utilizadas são r.p.m;(rotações por
A mistura combustível/ar é
minuto) ou rad/s(radianos por segundo)
preparada pelo carburador e fornecida
ao motor para a realização da
combustão interna.
Carburador
O carburador é um dos órgãos do
Generalidades
motor que apresenta um complexo e
Os combustíveis que se misturam
delicado sistema de dispositivos que
facilmente com o ar são chamados de
devem funcionar com a máxima
carburantes. A carburação é o processo
precisão, a fim de assegurar uma
fundamental de preparo da mistura
dosagem adequada na mistura de
combustível/ar para a combustão
combustível e ar. Esse processo recebe
interna, que ocorre nos cilindros do
o nome de carburação.
motor.
Além dessa finalidade, o
O carburador funciona de acordo
carburador também regula, sob o
com o princípio de aspiração de um
comando do acelerador, a rotação e o
líquido através de um tubo, pela
torque do motor para adequá-los,
passagem de um jato de ar sobre sua
continuamente, à carga e às condições
abertura livre.
do piso em que o veículo se desloca.
Com essa aspiração, o líquido
Assim, quando o motorista pisa no
sobe pelo tubo e divide-se em pequenas
acelerador, abre uma válvula borboleta
gotas que, junto com o jato de ar,

74
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

que provoca uma maior aspiração do No carburador, ocorrem os


combustível no carburador. (fig.139). mesmos processos do nebulizador. (fig.
141).

Figura 139
Fonte: Apostila Técnica do Senai

Pra fazer a mistura, o carburador


precisa reduzir o combustível a uma
"nuvem" de gotas minúsculas, o que se
consegue no carburador por meio de um
funcionamento semelhante ao de um
Figura 141
nebulizador. (fig. 140). Fonte: Magneti Mareli Weber

1. Entrada de ar
2. aspiração do combustível
3.formação de uma "névoa" mistura
combustível/ar
O carburador é, portanto, o
elemento do sistema de alimentação que
realiza a carburação: preparação da
Figura 140
Fonte: Mecânica Auto Fácil
mistura dosada de combustível e ar.
O carburador deve manter a
1. O ar é "soprado" sobre a proporção entre o ar e o combustível na
saída superior do tubo. mistura (na prática, essa proporção varia
2. O líquido é aspirado, pela um pouco). Evita-se, assim, que o motor
passagem do ar. receba uma mistura rica (com maior
3. A corrente de ar mistura-se proporção de combustível) ou pobre
com o combustível, formando uma (com menos combustível do que deveria
"névoa". ter).
O carburador mais empregado nos
veículos automotores é o que tem a

75
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

direção do fluxo de ar e de mistura Os motores do ciclo Otto


vertical descendente. (fig. 142). continuam sendo motores de 4 tempos,
com ignição por centelha.
Isso significa que a
termodinâmica do motor e seus órgãos
móveis permanecem inalterados, ou
seja, o motor continua realizando a
admissão, a compressão, a expansão e a
descarga; os órgãos móveis e demais
peças e/ou conjuntos continuam com a
mesma finalidade e princípio de
Figura 142
Fonte: Magneti Mareli Weber funcionamento; os sistemas de
lubrificação e arrefecimento do motor
Constituição também não foram modificados.
Basicamente, o carburador é
constituído pelos seguintes sistemas: Então o que foi modificado?
 Nível constante; Foram modificados os sistemas de
 Partida a frio; gerenciamento da dosagem de
 Marcha lenta / progressão; combustível e o gerenciamento da
 Principal; distribuição da centelha. Tanto num
 Aceleração rápida; caso como no outro, os elementos

 Suplementar (potência). mecânicos como gigles, tubo


emulsionados, válvula agulha,
diafragmas, borboleta afogadora,
Injeção Eletrônica de Combustivel
avanço a vácuo e centrífugo foram
Os sistemas de injeção eletrônica
substituídos por elementos eletrônicos
de combustível e ignição digital
chamados sensores e atuadores,
substituíram, num curto espaço de
comandados por uma Unidade de
tempo, o sistema de alimentação por
Comando Eletrônica (U.C.E.).
carburador e o sistema de ignição
Mas por que o carburador e o
convencional.
distribuidor convencional foram
É preciso entender, então, o que
substituídos?
mudou com a injeção eletrônica e a
Substituíram-se esses
ignição digital, e por que isso ocorreu.
componentes pela necessidade de

76
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

controlar não somente o funcionamento como rotação de marcha lenta, ajuste de


do motor, mas também por ser preciso CO, afogador, etc. deverão ser
minimizar a emissão de poluentes. Com substituídos por elementos (sensores e
o sistema convencional não é possível atuadores) eletrônicos, de modo a
compatibilizar o bom funcionamento do garantir o perfeito funcionamento do
motor com os baixos níveis de emissão motor sem a ação corretiva do
de poluentes exigidos por lei. Daí a profissional eletromecânico automotivo.
solução ser substituí-los por um sistema Como se pode perceber, um
de injeção eletrônica de combustível e conhecimento mínimo de eletricidade e
ignição digital. de eletromagnetismo será
Com esses novos sistemas, as imprescindível para este novo
informações do estado de profissional, que terá dois modos de
funcionamento do motor são detectadas diagnosticar um inconveniente em um
por sensores (componentes eletrônicos sistema de injeção/ignição eletrônica:
que transformam sinais mecânicos ou - Usando um equipamento de
físicos em sinais elétricos) e enviadas à diagnose (scanner) com programa
U.C.E., que, através de estratégia específico para cada modelo, de modo
específica, comanda os atuadores que a própria U.C.E. possa informá-lo
(componentes eletrônicos que das condições do motor;
transformam sinais elétricos em - Analisando os sinais elétricos de
deslocamento mecânico). cada sensor e de cada atuador através do
Desta forma, a U.C.E., uso de um multímetro.
conhecendo as necessidades do motor No primeiro caso, temos conforto,
através de seus sensores, deve segurança, produtividade e marketing
determinar quanto tempo um junto ao cliente.
eletroinjetor (atuador) ficará aberto, No segundo, necessitamos do
para que se tenha uma dosagem ideal esquema elétrico (desenho) do sistema
ar/combustível, de modo a de injeção/ignição e teremos de realizar
compatibilizar o bom funcionamento o teste ponto a ponto até um perfeito
com o mínimo de poluentes. diagnóstico. Esta análise será muito
Do mesmo modo, aquela unidade mais ampla, abrangendo inclusive os
deve comandar a bobina (atuador) para casos que o método anterior não foi
se obter o avanço de ignição ideal. capaz de detectar, tornando este
Além disso, todos os ajustes mecânicos,

77
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

segundo método complementar, mas monoponto ou monoinjetor – também


independente do primeiro. conhecido como single point-: possuem
uma única válvula de injeção alojada no
Injeção eletrônica corpo da borboleta, logo acima da
válvula de aceleração (borboleta).
Conceituação (fig.143).
A injeção eletrônica é um sistema
não acionado pelo motor, comandado
eletronicamente e que dosa o
combustível, controlando a mistura
ar/combustível em função das
necessidades imediatas do motor. De
modo semelhante, a ignição digital
permite que o motor trabalhe com o seu
ponto de ignição sincronizado com
diversas condições de seu próprio
funcionamento.
A finalidade desses sistemas é dar
equilíbrio de funcionamento para o
motor, através de um controle rígido da
mistura ar/combustível e do avanço de
ignição em qualquer regime de trabalho,
proporcionando maior desempenho,
Figura 143
menor consumo, facilidade de partida a
Fonte: Magneti Mareli Weber
frio e a quente e, principalmente, menor
emissão de gases poluentes.

multiponto ou multipoint: Possuem


Classificação uma válvula de injeção para cada
Os sistemas de injeção, cilindro, alojada no coletor de admissão,
atualmente em uso nos veículos logo acima da válvula de admissão do
produzidos no Brasil, são do tipo respectivo cilindro. (fig. 144).
eletrônico e podem ser classificados em
dois grandes grupos:

78
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

Subsistema de ar
Componentes e funções
O circuito de admissão do ar é
constituído por vários componentes (fig.
145) que efetuam o transporte correto
da quantidade de ar necessária para o
motor, nas diferentes condições de
funcionamento.
1. Filtro de ar

2. Coletor de admissão

3. Corpo da borboleta

4. Sensor de temperatura do ar
aspirado
Figura 144
Fonte: Catálogo BOSCH
5. Borboleta de aceleração

6. Sensor de posição da borboleta


Constituição
De modo geral, um sistema de 7. Atuador de ajuste da marcha
injeção de combustível é constituído, lenta do motor
basicamente, pelos componentes,
8. Sensor de pressão absoluta
observáveis na (fig.144).

Funcionamento
Para organizar o estudo e facilitar
a análise, os sistemas de injeção podem
ser divididos em três subsistemas, a
saber:
 Subsistema de ar;
 Subsistema de combustível;
 Subsistema elétrico e de
controle.

Figura 145
Fonte: Magneti Mareli Weber

79
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

Filtro de Ar lenta), o ar suplementar necessário é


fornecido pelo atuador de marcha lenta
Retém as impurezas do ar que é
do motor. Nestas condições, a alavanca
admitido pelo motor.
de abertura da borboleta entra em
Coletor de admissão contato com um parafuso batente que
impede o bloqueio da borboleta em
Serve apenas como condutor do
posição fechada. Para evitar eventuais
ar, porque o combustível é injetado
fenômenos de condensação e formação
diretamente no duto de admissão no
de gelo que poderiam aparecer em
cabeçote.
determinadas condições externas de
Corpo de borboleta baixa temperatura e/ou alta taxa de
umidade, o corpo de borboleta está
É montado sobre o coletor de
equipado com um aquecedor elétrico
admissão (no lugar que ocuparia o
específico. (fig. 146).
carburador) estão montados nesse
corpo, como se observa na fig. 146:

1. Aquecedor do corpo de
borboleta

2. Sensor de temperatura do ar
aspirado

3. Borboleta de aceleração

4. Sensor de posição da borboleta


Figura 146
Fonte: Magneti Mareli Weber
5. Atuador de ajuste da marcha
lenta do motor
Aquecedor do corpo de borboleta
6. Eletroinjetor.
O aquecedor está situado na parte
O corpo de borboleta tem a superior do corpo de borboleta e
função de dosar a quantidade de ar constitui-se de um resistor alimentado
fornecida ao motor em função da pela tensão da bateria quando a chave
exigência do motorista, através do de ignição estiver em posição de marcha
acelerador. Com o pedal completamente (+ 15). O aquecedor está protegido por
relaxado (motor parado ou marcha um fusível de 10A situado ao lado dos

80
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

fusíveis do sistema de injeção/ignição.


(fig. 147).

Figura 148
Fonte: Magneti Mareli Weber

Figura 147
Fonte: Magneti Mareli Weber Borboleta de aceleração

É o componente do corpo de
Sensor de temperatura do ar
borboleta que tem, especificamente, a
aspirado
função de dosar a quantidade de ar
É formado por um corpo de latão fornecida ao motor, em função da
do qual sai um conector de plástico que exigência do motorista através do
protege o verdadeiro elemento resistivo acelerador.
constituído por um “termistor” de tipo
NTC (coeficiente de temperatura Sensor de posição da borboleta

negativo), o que significa, em resumo, O sensor é constituído por um


que a resistência elétrica do sensor potenciômetro cuja parte móvel é
diminui com o aumento da temperatura. comandada pelo eixo da borboleta. O

A informação fornecida pelo potenciômetro está colocado numa peça

sensor é utilizada pela U.C.E. (unidade de plástico, munida de duas abas, nas

de comando eletrônica) para calcular a quais há dois furos com a função de

massa de ar que está sendo admitida garantir a fixação e a posição do sensor

pelo motor e, assim, determinar a em relação à borboleta.

quantidade de combustível a ser Não é necessário efetuar nenhum


injetada. A informação também é tipo de regulagem na sua posição
utilizada para determinar o avanço da angular, já que é a própria U.C.E.
ignição. (fig. 148).

81
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

(unidade de comando eletrônica) que, desacelerações (distinguindo-os com


através de adequados algoritmos base no número de rotações do motor).
(processo formal de cálculo) auto-
Atuador de ajuste da marcha lenta do
adaptadores, reconhece as condições de
motor
borboleta completamente fechada ou
aberta. Um conector com três terminais Constituição (fig. 150).
(A; B; C) na própria peça efetua a
ligação elétrica com a U.C.E. de
injeção/ignição eletrônica. (fig. 149).

Figura 149
Fonte: Magneti Mareli Weber

A U.C.E. alimenta o
potenciômetro, durante o
funcionamento, com uma tensão de 5 Figura 150

volts. O parâmetro medido é a posição Fonte: Magneti Mareli Weber

da borboleta do mínimo à abertura total,


para o controle da injeção. O atuador está instalado no
corpo de borboleta e é composto de:
Com base na tensão de saída, a
U.C.E. reconhece a condição de Um motor elétrico de passo a
abertura da borboleta e corrige a passo munido de dois enrolamentos no
mistura, convenientemente. estator e de um rotor que compreende
certo número de pares de pólos
Com a borboleta fechada, um
magnéticos permanentes;
sinal elétrico de tensão é enviado à
U.C.E., a qual realizará o Um redutor interno do tipo
reconhecimento da condição de marcha parafuso-rosca, que transforma o
lenta e do corte de combustível nas

82
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

movimento rotatório em movimento Para isso, o sistema utiliza um


retilíneo. motor de passo a passo (1) fixado ao
corpo de borboleta (5) subordinado à
Um motor, para funcionar em
U.C.E. que, durante o funcionamento,
marcha lenta, isto é, com a borboleta
desloca uma haste munida de obturador
(fig. 151) completamente fechada,
(3) que faz variar a seção de passagem
necessita de certa quantidade de ar (Qo)
do conduto de by-pass (2) e,
e de combustível para vencer os atritos
consequentemente, a quantidade de ar
internos e manter o próprio regime de
(Qo + Q) aspirada pelo motor.
rotação.
A unidade eletrônica de comando
utiliza, para regular este tipo de ação, os
parâmetros de velocidade angular do
motor e de temperatura do líquido de
arrefecimento provenientes dos
respectivos sensores.

Motor elétrico de passo a


passo é caracterizado por uma elevada
precisão e resolução (cerca de 20
rotações).
Figura 151
Fonte: Magneti Mareli Weber Os impulsos mandados pela
U.C.E. ao motor são transformados de
movimento rotatório a movimento
Durante as fases de aquecimento
linear de deslocamento (cerca de 0,04
do motor ou ao ligar os acessórios
mm/passo), através de um mecanismo
elétricos ou de cargas externas
interno, de tipo parafuso/rosca,
existentes (condicionador de ar, câmbio
acionando o obturador; cujos
automático, etc.) a fim de que o motor
deslocamentos fazem variar a seção do
possa manter uma rotação próxima à do
conduto de by-pass.
valor nominal, é preciso acrescentar
uma maior quantidade de ar (Q) àquela A vazão de ar mínima (Qo) de
(Qo) que chega do filtro e que, em valor constante é devida à passagem sob
marcha lenta, passa através da borboleta a borboleta, a qual é regulada na fábrica
(4, fig. 151) em posição fechada. e garantida por uma tampa de

83
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

inviolabilidade. A vazão máxima (Q2) é Fase de regulação térmica


garantida pela posição de máxima
O número de rotações é corrigido
retração do obturador (cerca de 200
principalmente em função da
passos, correspondentes a 8 mm). Entre
temperatura do líquido de arrefecimento
estes dois valores, a vazão do ar segue a
do motor.
lei indicada no gráfico da fig. 152.
Motor em regime térmico de
Figura 152
Fonte: Magneti Mareli Weber funcionamento

O controle da marcha lenta


depende do sinal proveniente do sensor
de número de rotações do motor. Ao
ligar cargas externas, a U.C.E. controla
a marcha lenta, levando-a ao número de
rotações pré-estabelecidas.

Em desaceleração

A U.C. E reconhece a fase de


desaceleração pela posição do

Estratégia do atuador de ajuste da potenciômetro da borboleta. Esta

marcha lenta do motor unidade comanda a posição do motor de

O número de passos de trabalho passo a passo através da lei da vazão em

varia em função das condições do marcha lenta, ou seja, diminui a

motor. Assim: velocidade de retorno do obturador para


a sua sede de apoio, conseguindo que
Fase de partida uma quantidade de ar, desviada através

Ao girar a chave de ignição para a do furo, chegue ao motor e reduza os

posição de marcha, o atuador da marcha compostos poluentes nos gases do

lenta do motor; comandado pela U.C.E., escapamento. (fig. 153).

posiciona-se em função da temperatura


do líquido de arrefecimento do motor e
em função da tensão da bateria.

84
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

Figura 153
Fonte: Magneti Mareli Weber

Figura 154
Fonte: Magneti Mareli Weber

Sensor de pressão absoluta

O sensor (1) está alojado dentro O sinal (de natureza


do vão do motor e está ligado, através piezoresistiva) que deriva da
de uma tubulação (2), ao coletor de deformação sofrida pela membrana
admissão. (diafragma), antes de ser enviado à
U.C.E. de injeção, é amplificado por um
O elemento sensível contido na
circuito eletrônico (5), contido no
peça de plástico (1) é composto de uma
mesmo suporte que aloja a membrana
fonte de resistências serigrafadas numa
de cerâmica.
plaquinha de cerâmica muito fina
(membrana diafragma) de forma O diafragma, com o motor
circular, montada na parte inferior de desligado, deforma-se em função do
um suporte de forma anular. valor da pressão atmosférica; desta
maneira, com a chave ligada, obtém-se
O diafragma separa duas câmaras:
a exata informação de referência de
na câmara inferior; lacrada, foi criado o
altitude.
vácuo; a câmara superior; no entanto,
está em direta comunicação com o O motor em funcionamento gera
coletor de admissão através da uma depressão que causa uma ação
tubulação de borracha (2). (fig. 154). mecânica do diafragma do sensor; o
qual se deforma, fazendo variar o valor

85
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

das resistências (4). Subsistema de combustível

Dado que a alimentação é mantida Função


rigorosamente constante (5V) pela
Cabe a esse sistema fornecer ao
U.C.E., variando o valor das
motor a quantidade adequada de
resistências, o valor da tensão na saída
combustível sob pressão, em todas as
varia proporcionalmente à depressão
condições de trabalho.
existente no coletor de admissão, de
acordo com o diafragma (3) indicado na A alimentação do combustível no
fig. 155. sistema é realizada mediante uma
eletrobomba introduzida no
reservatório. Ela aspira o combustível e
o envia ao filtro e, daí para os
eletroinjetores.

O regulador de pressão mantém


uma pressão constante nos bicos
injetores. Essa pressão é proporcional
ao valor de pressão existente no coletor
de admissão. Do regulador de pressão, o
excesso de combustível retorna, pelo
tubo de retorno para o tanque de
combustível.

Componentes

Figura 155
Os componentes principais que
Fonte: Magneti Mareli Weber constituem o subsistema de combustível
estão indicados na fig. 156.

86
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

Figura 157
Fonte: Magneti Mareli Weber

Figura 156
Fonte: Magneti Mareli Weber
Filtro de combustível

Esse filtro está, normalmente,


Tubo distribuidor de combustível
situado debaixo da carroceria, perto do
O tubo distribuidor de tanque, ao longo da tubulação de envio
combustível está fixado à parte interna de combustível ao corpo de borboleta.
do coletor de admissão e a sua função é
distribuir o combustível aos Formado por um invólucro

eletroinjetores. exterior e por um suporte interno que


contém um elemento de papel com
Esse tubo é feito de alumínio, por elevada capacidade filtrante, é
fundição sob pressão, e contém as sedes indispensável para garantir o correto
para os eletroinjetores e regulador de funcionamento do eletroinjetor; dada a
pressão. Em determinados modelos, a grande sensibilidade do mesmo a corpos
recirculação de combustível é feita estranhos contidos no circuito de
mediante um tubo contido dentro do alimentação. Por isso, é aconselhável
tubo distribuidor e ligado, por uma substituí-lo dentro dos prazos previstos.
extremidade, ao regulador; pela
extremidade oposta, à tubulação externa No invólucro exterior está

de retorno ao tanque de combustível. marcada uma seta que indica o sentido

(fig. 157). do fluxo do combustível e da montagem


correta. (fig. 158).

87
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

eletrobomba. Além disso, uma válvula


de anti-retorno, introduzida na saída,
impede o esvaziamento do circuito de
envio de combustível do veículo,
quando a eletrobomba não estiver
Figura 158 funcionando.
Fonte: Mecânica 2000
A vazão nominal da eletrobomba
varia em função da velocidade angular
Eletrobomba de combustível do rotor e, consequentemente, da tensão
de alimentação. Assim com a tensão de
A eletrobomba está alojada no
12 volts, a vazão nominal é cerca de
tanque de combustível, dentro de um
120 L/h (fig.159).
container próprio, onde está fixado
também o dispositivo indicador de
nível. Ela possui um filtro reticular no
lado de admissão. É do tipo volumétrico
e é adequada para funcionar com
combustível sem chumbo.

O rotor é movido por um motor


elétrico em corrente contínua, que é
alimentado diretamente pelo relé duplo,
com a tensão da bateria, sob o comando
da U.C.E.

O motor elétrico está imerso no


combustível, obtendo, desta maneira,
uma ação detergente e refrigerante das
escovas e do coletor.

A bomba possui uma válvula de


sobrepressão, que liga a saída com a
Figura 159
entrada, se a pressão do circuito de
Fonte: Mecânica 2000
envio superar 5 bar, evitando o
superaquecimento do motor elétrico da

88
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

Regulador de pressão do combustível não mudar a relação da mistura prevista


para o motor. (fig. 160).
Trata-se de um dispositivo
diferencial de membrana, regulado na
fábrica com a pressão pré-determinada,
de acordo com o modelo do sistema de
injeção. O combustível em pressão,
proveniente da eletrobomba, exerce
uma força sobre a válvula defluxo (7)
ao qual se opõe pela pressão da mola
regulada (8). Ao superar a pressão de
regulagem, a válvula defluxo abre-se, e
o combustível excedente retorna ao
tanque, estabilizando, assim, a pressão
Figura 160
no circuito. Além disso, através da Fonte: Mecânica 2000

tomada (9), o vácuo existente no coletor


de admissão age sobre a membrana do
Eletroinjetor
regulador, reduzindo a carga exercida
pela mola de regulagem. O eletroinjetor é uma válvula
eletromagnética tipo “solenóide on-off”
Deste modo, em qualquer
que controla o volume de combustível
condição de funcionamento do motor, é
enviado para o motor. Este volume é
mantido constante o diferencial de
proporcional ao tempo de abertura da
pressão existente entre o combustível e
válvula, conhecido como TI.
o ambiente (coletor de admissão) no
qual se encontra o eletroinjetor. A U.C.E., após ter concebido
Consequentemente, a vazão do informações dos diversos sensores sobre
eletroinjetor (para certa tensão de o funcionamento do motor (pressão,
alimentação) depende somente do temperatura, rotação), define o tempo
tempo de injeção estabelecido pela de injeção TI, mandando um sinal ao
U.C.E. bico, que possui em seu interior uma
parte móvel (agulha) que, se
A pressão é tomada pela U.C.E.
deslocando, libera a passagem de
como parâmetro fixo: assim, o
combustível.
regulador nunca deve ser alterado, para

89
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

A agulha tem ainda a função de mola. Quando o solenóide é energizado,


definir o perfil do spray injetado (fig. a haste vence a força da mola e abre o
161). orifício, por onde sai o jato de
combustível.

Obs.: As operações de
remoção/recolocação, não aplicar forças
acima de 120N sobre o conector (6) do
eletroinjetor para não prejudicar o seu
funcionamento. (fig. 163).
Figura 161
Fonte: Magneti Mareli Weber

A alimentação do combustível
acontece pela parte superior (3) do
eletroinjetor, cujo corpo contém a
bobina (4) ligada aos terminais (5) do
Figura 163
conector elétrico (6). (fig.162). Fonte: Magneti Mareli Weber

Subsistema elétrico e de controle

Função

Tem a função de ligar e alimentar


eletricamente todos os componentes do
sistema de injeção/ignição. Para
organizar o estudo e facilitar a análise, o
subsistema elétrico e de controle pode
ser dividido em sensores e atuadores.

Fazem parte do primeiro grupo:


Figura 162
Fonte: Magneti Mareli Weber
 Sensor de posição da borboleta;

 Sensor de temperatura do
No repouso, a válvula permanece líquido de arrefecimento do
fechada pela ação da força exercida pela motor;

90
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

 Sensor de pressão absoluta;

 Sensor de temperatura do ar
aspirado;

 Sensor de rotação e P.M.S;

 Sonda lambda (Sensor de


oxigênio);

 Sensor de fase;

 Sensor de detonação e

 Sensor de velocidade do veículo.

São atuadores:

 relé duplo de alimentação do


sistema;

 eletrobomba de combustível;

 eletroinjetores;

 atuador de marcha lenta;

 bobina de ignição;

 eletroválvulas interceptoras dos


vapores do combustível e velas
de ignição.

Constituição

Fazem parte deste subsistema os


Figura 163
componentes indicados na fig.163. Fonte: Magneti Mareli Weber

91
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

U.C.E. Setor de aquisição e codificação de


dados.
Os sinais enviados pelos sensores
são gerenciados por uma unidade de É constituído de uma série de
comando eletrônica (U.C.E.), que componentes eletrônicos encarregados
comanda os atuadores do sistema de de receber os dados sob forma de sinais
injeção. elétricos analógicos, e convertê-los em
sinais digitais, através de conversores
A U.C.E. geralmente está
analógico-digitais (A/D), elaborados e
localizada no interior do veículo, sob o
memorizados.
painel, ou no compartimento do motor.
Um chicote elétrico interliga os Microprocessador
sensores à U.C.E. e esta aos atuadores.
Componente eletrônico que tem
A U.C.E. tem não só a função de como função o cálculo e o controle dos
receber os sinais provenientes dos dados adquiridos, funcionado como um
sensores como também, através da verdadeiro computador, com as funções
ampliação dos algoritmos (processo de interrogar a memória, comparar os
formal de cálculo) e de SOFTWARE dados em elaborar os exemplos, e gerar
(programa), a de comandar o circuitos de comando dos atuadores.
funcionamento dos atuadores (em
Memória ROM (read only memory –
especial: a eletrobomba, o injetor; a
memória de leitura)
bobina e o atuador de marcha lenta), a
fim de obter o melhor funcionamento Na memória ROM estão contidos
possível do motor. todos os programas necessários ao
funcionamento do microprocessador.
É uma unidade do tipo digital com
Tendo sido programada de modo
microprocessador, caracterizada pela
permanente antes de ser colocada na
elevada velocidade de cálculo, precisão,
U.C.E., os seus dados podem ser lidos,
confiabilidade, versatilidade, baixo
mas não podem ser modificados.
consumo de energia e por não necessitar
de manutenção.

A estrutura da U.C.E. é A memória ROM é um elemento


caracterizada essencialmente por: de armazenagem. Sendo assim, mesmo
que a bateria seja desligada, as

92
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

informações nela contidas permanecem Memória EEPROM (Electrical


memorizadas. Erasable Programmable Read Only
Memory) ou EEPROM (Programa de
Memória RAM (Randon Access
leitura de memória eletricamente
Memory – Memória de acesso
apagável)
aleatório)
É um tipo particular de memória
A memória RAM é uma memória
que pode ser cancelada eletricamente e
de transição no qual os dados, além de
reprogramada mais vezes.
serem lidos, podem também ser
memorizados. Entre as suas funções, está de
receber da memória RAM as
É utilizada tanto para a
informações das anomalias acontecidas
memorização temporária dos dados que
durante o funcionamento do motor e a
recebe, de maneira que eles ficam
de transmiti-las, através da tomada de
disponíveis para serem depois
diagnose, ao equipamento de teste.
elaborados, como também para a
memorização de eventuais sinais para a Para cancelar as anomalias
codificação das anomalias de confirmadas e as correções
funcionamento que podem acontecer autoadaptativas, é necessária a
nos sensores, nos atuadores o em utilização de equipamento apropriado.
algumas funções da U.C.E.
A existência de uma memória não
Se a bateria, o relé ou o conector volátil permite guardar não só os dados
da U.C.E. for desconectado, os referentes às anomalias do sistema,
parâmetros são apagados. O uso normal mesmo que a bateria seja desligada,
do veículo recupera o processo de como também manter as sinalizações de
adaptação e a memorização dos novos defeitos, mesmo depois de
parâmetros. desaparecerem.

Drivers

Drivers (Direcionamento –
estágios finais de potência para o
comando dos atuadores).

93
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

São circuitos comandados


diretamente pelo microprocessador e
pelo circuito integrado (CI) específico,
que serve para alimentar os atuadores.

Características, função e
funcionamento dos sensores.

Sensor de posição da borboleta (fig.


164).

O sensor da posição da borboleta


é um potenciômetro variável, fixado no
corpo de borboleta, de forma a ficar
acoplado ao eixo de aceleração. A
U.C.E. alimenta o potenciômetro,
Figura 164
durante o funcionamento do motor, com Fonte: Mecânica 2000

uma tensão de 5V. De acordo com o


movimento de rotação do eixo, ocorre a Sensor de temperatura do líquido de
variação da resistência elétrica do arrefecimento do motor (fig. 165).
sensor.
O sensor da temperatura do
Desta forma, através da variação líquido de arrefecimento do motor é
da tensão de saída, a U.C.E. reconhece a constituído de um “termistor” N.T.C.,
condição de abertura da borboleta e onde a resistência do sensor é
corrige a mistura convenientemente. inversamente proporcional à
(fig. 164). temperatura. Este sensor mede a
temperatura do líquido de arrefecimento
do motor. O sinal elétrico obtido chega
à U.C.E. e é utilizado para a correção da
mistura.

94
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

Sensor de temperatura do ar
aspirado (fig. 167).

O sensor de temperatura do ar
aspirado está instalado no tubo de
admissão, e a sua função é informar à
U.C.E. a temperatura em que se
Figura 165
encontra o ar aspirado pelo motor.
Fonte: Mecânica 2000

Assim como o sensor de


Sensor de pressão absoluta (fig. 166).
temperatura do líquido de
O sensor de pressão absoluta está arrefecimento, este sensor também é do
alojado dentro do vão do motor e é tipo N.T.C.
ligado ao coletor de admissão por
intermédio de uma tubulação. Este
sensor tem como função informar à
U.C.E. a pressão absoluta em que se
encontra o coletor de admissão de
acordo com o funcionamento do motor.

Figura 167
Fonte: Mecânica 2000

Sensor de rotação e P.M.S. (fig. 168).

O sensor de rotação e P.M.S.


geralmente se encontra fixado na parte
dianteira do bloco do motor, próximo à
roda dentada, ou no interior do motor.

Figura 166
(fig 169)
Fonte: Mecânica Auto Fácil

95
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

Figura 168
Fonte: Mecânica Auto Fácil

Figura 170
Fonte: Mecânica 2000

A passagem dos dentes da roda


fônica à frente do ímã do sensor cria
oscilações devido à variação de
entreferro. (fig. 171).

Figura 169
Fonte: Mecânica Auto Fácil

Este sensor tem a função de


fornecer à U.C.E. um sinal elétrico que
possibilita a sincronização do sistema
de injeção/ignição e a do ponto morto
superior do êmbolo do 1º cilindro. Este
sensor consiste num ímã que tem Figura 171
Fonte: Mecânica 2000
enrolada em sua volta uma bobina. (fig.
170).
1. Sensor
1. Estojo tubular
2. Polia da árvore de
2. Bobina
manivelas com roda
3. Ímã permanente dentada

3. Sinal correspondente a

96
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

dois dentes que faltam

4. Sinal de saída Sonda lambda (sensor de oxigênio)


(fig. 172).
Estas oscilações induzem uma
força eletromotriz no enrolamento, em
cuja extremidade se manifesta uma
tensão alternada positiva, quando o
dente está de frente para o sensor, e
Figura 172
negativa, quando há a falta do dente. O Fonte: Mecânica Auto Fácil

valor do pico de tensão na saída do


A sonda lambda está fixada no
sensor depende dentre outros fatores é
ano de descarga antes do catalisador, e
distância entre o sensor e o dente (entre
tem como função informar à U.C.E. a
ferro).
relação ar/combustível da mistura que
Na roda fônica, existem sessenta está sendo queimada pelo motor, através
dentes, dois dos quais são removidos da concentração de oxigênio nos gases
para criar uma referência. O intervalo de escapamento do motor. A sonda só
entre os dentes corresponde a um funciona com uma temperatura superior
ângulo de 6º (360º dividido por 60 a 300ºC, e este funcionamento baseia-se
dentes). nas propriedades do óxido de zircônio
ou ainda do óxido de titânio. Estes
O ponto de sincronismo é
materiais possuem propriedades
reconhecido no final do primeiro dente,
elétricas que dependem da presença de
logo depois do espaço dos dois dentes
íons de oxigênio na face sensível do
que faltam. Quando este transita pelo
elemento sensor formado por um deles.
sensor, o motor encontra-se com o
O óxido de zircônio atrai os íons de
pistão do 1º cilindro a 120º antes do
oxigênio que se acumulam na superfície
P.M.S.
do material que forma o eletrodo do
sensor. Uma placa de platina forma a
referência do sensor, de modo que entre
os eletrodos aparece uma tensão que
depende do teor de oxigênio na mistura
que passa pelo sensor poroso. (fig. 173).

97
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

Figura 173
Fonte: Catálogo NTK
Figura 174
Fonte: Catálogo NTK

O sinal de saída do sensor é


enviado à U.C.E. para a regulagem da
Enquanto o fator lambda expressa
mistura ar/combustível, a fim de manter
o excesso ou falta do ar fornecido ao
a relação estequiométrica da mistura o
motor em relação à quantidade teórica
mais próximo possível ao valor teórico.
exigida, a mistura de ar/combustível é
Assim, para obter uma mistura uma relação entre estas duas substâncias
ideal, é necessário que a quantidade de que, combinadas entre si, reagem
combustível injetado esteja o mais quimicamente. Para o bom
próximo possível da quantidade teórica funcionamento dos motores a gasolina,
necessária para ser completamente a mistura ideal necessita de 14,7 a 14,8
queimado em relação à quantidade de ar partes de ar para um combustível.
aspirado pelo motor.

Nesse caso, é conseguido o fator


Sensor de fase (fig. 175).
LAMBDA igual a 1. (fig. 174).

Figura 175
Fonte: Mecânica 2000

98
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

Nos veículos que utilizam sistema


de injeção seqüencial de fases, a injeção
do combustível acontece em seqüência
para cada cilindro.

Na fase de admissão, é necessário


enviar à U.C.E., além dos sinais de
rotação e P.M.S., um sinal de fase para
determinar o momento da injeção de
combustível no coletor de admissão. Figura 177
Fonte: Wikipédia

O sinal enviado à U.C.E. é gerado


por um sensor de relutância magnética, A intensidade da corrente
semelhante ao sensor de rotação e permanece constante, e a tensão gerada
P.M.S., ou por um sensor de efeito depende somente da intensidade do
HALL. (fig. 176). campo magnético. Assim, é necessário
variar a intensidade do campo
magnético periodicamente, para se obter
um sinal elétrico modulado, cuja
freqüência é proporcional à velocidade
com a qual muda o campo magnético.

Para detectar, esta mudança, o


sensor é montado através de um anel
Figura 176
Fonte: Wikipédia
metálico, que contém uma série de
aberturas. Ao se movimentar, a parte
No sensor de efeito HALL, uma metálica do anel cobre o sensor,
camada semicondutora percorrida por bloqueando o campo magnético,
corrente, imersa um campo magnético provocando uma redução do nível de
normal (linhas de força perpendiculares saída; ao contrário, quando estiver junto
à direção da corrente) gera nas suas à abertura e, portanto, com o campo
extremidades uma diferença de magnético presente, o sensor gera um
potencial, conhecida como tensão nível de sinal alto na saída. A
HALL. (fig. 177). alternativa dos sinais depende da
seqüência das aberturas.

99
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

Sensor de detonação (fig. 178). de combustível injetado e reduz os


valores de avanço, calculados por um
mapa de avanço de ignição adequado,
de maneira a eliminar tal fenômeno o
mais rapidamente possível.

Sensor de velocidade do veículo (fig.


180).

Figura 178
Fonte: Mecânica 2000

O sensor de detonação geralmente


é montado no bloco do motor, em
posição estratégica, de modo que a
Figura 180
detonação em qualquer cilindro seja Fonte: Catálogo FIAT

percebida rapidamente por ele. O sensor


é do tipo piezoelétrico, que produz uma O sensor de velocidade do veículo
tensão elétrica quando recebe uma geralmente fica montado na saída da
vibração mecânica. (fig. 179). caixa de mudanças, e pode ser do tipo
indutivo ou de efeito HALL. Com base
na freqüência dos impulsos, é possível
conhecer a velocidade do veículo.

Figura 179
Fonte: Apostila BOSCH

Ao receber a informação do
sensor, a U.C.E. aumenta a quantidade

100
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

Sistemas de ignição convencional e Velas


eletrônica
A vela é o componente do sistema
Função de ignição utilizado para gerar a
centelha.
A função básica do sistema de
ignição convencional e/ou eletrônica é Platinado
provocar uma centelha dentro do
Tem a função de interromper a
cilindro capaz de inflamar a mistura.
corrente primaria no momento preciso.
Tal centelha deve ocorrer no momento
Esta corrente é suficientemente alta( até
preciso, a fim de se obter uma queima
5A), o que encurta a vida útil do
homogênea da mistura e
platinado.
conseqüentemente conseguir extrair a
máxima energia (rendimento) do Bobina
combustível utilizado.
Com o platinado fechado, circula
corrente no enrolamento primário em
volta do núcleo de ferro, que se
Ignição convencional
transforma em um eletro-ímã: quando o
[com platinado]. platinado abre, corta a corrente do
enrolamento primário e o campo
Componentes
magnético do núcleo de ferro se desfaz.
Este sistema é constituído pelos Neste momento é induzida a alta tensão
componentes indicados na fig.181. no enrolamento secundário da bobina.

Distribuidor

Sua função é a de encaminhar a


alta tensão gerada na bobina para a vela
do cilindro que está no ciclo de
compressão. O distribuidor aloja,ainda,o
platinado,juntamente com o mecanismo
Figura 181
Fonte: Apostila BOSCH
de avanço centrífugo e de avanço a
vácuo.

101
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

Ignição transistorizada incorpora não só um controle de


corrente máxima que circula no circuito
Neste sistema a única diferença é
primário, mas também um controle do
que acorrente do enrolamento primário
ângulo de permanência. Estes controles
é interrompida por um transistor.
são feitos por um módulo eletrônico que
(fig.182). O platinado ainda esta
incorpora, também, o transistor de
presente, mas interrompe corrente muito
potência.
menor, em comparação com o sistema
convencional, o que aumenta, O controle da corrente máxima
conseqüentemente, a vida útil do permite diminuir a resistência da
mesmo. bobina. Com isto, a bobina armazena
energia necessária mais rapidamente. O
controle do ângulo de permanência
permite diminuir a potência necessária
para energizar a bobina. Este tipo de
ignição precisa, ainda, de um
distribuidor com os mecanismos de
Figura 182 avanço centrífugo e de vácuo.
Fonte: Apostila BOSCH

Ignição eletrônica (fig.183). Ignição eletrônica mapeada (fig.184)

Figura 183
Fonte: Apostila BOSCH
Figura 184
Fonte: Catálogo BOSCH

É uma evolução da ignição


transistorizada. A ignição eletrônica

102
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

O controle do ponto de ignição é o rotor e os terminais que


feito por um microprocessador conduzem a alta tensão às
associado a uma memória, que contém velas);
os´mapas`com o ângulo de avanço ideal
 Inexistência de componentes
para cada condição de rotação e carga
mecânicos rotativos;
de motor. Estes mapas podem conter
pontos de ignição para até 4.000  Menor número de cabos de alta
combinações de rotação/carga do motor. tensão.
A informação de rotação pode ser
Funcionamento
obtida de um sensor HALL, e a
informação de carga, de um sensor de A alta tensão do secundário é
pressão do coletor.Estes sistemas de aplicada simultaneamente às duas velas.
ignição dispensam, portanto, o uso de Isto faz com que a corrente que sai da
mecanismo de avanço centrífugo e de bobina chegue ao eletrodo central da
vácuo. Permitem, ainda, corrigir o vela A; em seguida, a corrente passa
avanço em função de temperatura do para o eletrodo lateral e daí, pelo
motor e do regime de rotação (marcha cabeçote, chega ao eletrodo lateral da
lenta ou não). Podem vela B; passa para o eletrodo central e
incorporar,também,o controle de fecha o circuito novamente na bobina.
detonação. A corrente é a mesma em todo o
circuito; o que é diferente, é a tensão
aplicada nas velas: o cilindro A está no
Ignição estática ciclo de compressão, e requer uma
tensão maior para que exista centelha; o
Este tipo de ignição é
cilindro B está no ciclo de escape e
caracterizado por não possuir um
requer uma tensão bem menor para que
distribuidor rotativo, característico dos
exista centelha. A alta tensão gerada na
sistemas anteriores.
bobina é, portanto, quase toda aplicada
As vantagens da ignição estática são: na vela A. (fig. 185)

 Menor nível de interferência


eletromagnética, já que não há
centelha fora do cilindro (no
distribuidor existe centelha entre

103
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

Elementos Constitutivos

1. Tanque de combustível

2. Tubulação de saída ou descarga

3. Válvula de alívio ou retorno

4. Tubo flexível de alimentação


Figura 185
Fonte: Apostila BOSCH
5. Tubulação de aspiração

6. Bomba de transferência
Motores Diesel
7. Filtro de combustível
Sistema de alimentação de
combustível (fig. 186). 8. Tubulação de retorno

O sistema de alimentação é
constituído por uma série de elementos
Finalidade de cada elemento
cuja finalidade é fazer chegar o
combustível, a uma determinada Tanque de combustível (fig. 187).
pressão, ao sistema de injeção, para
satisfazer as diversas condições de
funcionamento do motor.

Figura 187
Fonte: Apostila Técnica do Senai

O tanque tem a finalidade de


Figura 186 manter depositado em seu interior o
Fonte: Catálogo BOSCH
combustível necessário ao consumo do
motor.

Geralmente é colocado no chassi


do veículo, ou próximo ao motor,

104
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

quando se trata de grupo estacionário. unidade indicadora do nível de


Sua capacidade é variável, dependendo combustível. Na parte inferior é
fundamentalmente da sua aplicação. colocado o bujão de drenagem do
combustível, cuja finalidade é esvaziar
É fabricado geralmente em aço
o tanque, quando for necessário.
laminado e seu formato pode ser
cilindrado ou retangular. Na parte
superior é colocado o tubo de
Tubulação de aspiração
abastecimento e respectiva tampa.
Estes tubos são, em geral,
A tampa de abastecimento do
fabricados em aço. Seu diâmetro interno
tanque tem uma perfuração que serve de
deve ser o mais adequado às
respiradouro, a qual permite que a
características do sistema. O
pressão no interior do tanque seja igual
comprimento varia de acordo com a
à pressão atmosférica. Em um dos lados
distância existente entre o tanque e a
há furos e niples de conexão para a
bomba de transferência. Intercalado
tubulação de aspiração e retorno do
nesta tubulação se encontra o filtro de
combustível.
decantação ou préfiltro, que tem a
Geralmente o furo para a conexão finalidade de efetuar uma primeira
do tubo de retorno do combustível se filtragem e evitar a passagem de água
encontra na parte superior do tanque, a produzida pela condensação dentro do
fim de facilitar a entrada do combustível tanque. Em alguns sistemas o filtro é
de retorno. A perfuração para a conexão colocado na própria bomba de
do tubo de aspiração pode ficar na parte transferência.
superior do tanque ou na parte inferior.
Entre o tubo de aspiração e a
Quando se encontra na parte superior, é
bomba de transferência é intercalada
colocado internamente em tubo que
uma mangueira flexível, para evitar que
chega próximo ao fundo do tanque, para
o tubo se rompa em conseqüência das
evitar que o combustível seja totalmente
vibrações do motor.
succionado, a fim de que não ocorra
sucção de impurezas depositadas no
fundo do tanque.

Na parte superior do tanque, há


ainda a sede para a colocação da

105
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

Bomba de transferência (fig. 188). Filtro de combustível (fig. 189).

Figura 189
Figura 188
Fonte: Apostila Técnica do Senai
Fonte: Apostila Técnica do Senai

A bomba de transferência é um O filtro de combustível é também


dos componentes de maior importância um componente muito importante no
do sistema de alimentação de sistema. Tem a função de impedir a
combustível. Tem a função de aspirar o passagem de impurezas do combustível,
combustível do tanque, para enviá-lo a a fim de evitar danos ao sistema de
uma determinada pressão, através dos injeção.
filtros, à bomba injetora.
O filtro de combustível
geralmente é fixado no motor, próximo
ao sistema de injeção. Recebe
Tubulação de saída ou descarga
combustível da bomba de transferência
A tubulação de saída é idêntica à e o envia à bomba injetora após passar
tubulação de aspiração e tem a função pelo elemento filtrante.
de permitir a passagem do combustível
Válvula de alívio ou retorno
da bomba de transferência ao filtro.
Esta válvula é o elemento do
sistema de alimentação de combustível
que tem a função de manter constante a
pressão de alimentação. Funciona
também como uma sangria constante,
fazendo voltar ao tanque e daí à

106
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

atmosfera, o ar que possa chegar com o vibrações causadas pelo funcionamento


combustível. do motor.

É colocada entre a bomba de Funcionamento do sistema (fig. 191).


transferência e a bomba injetora, no
circuito de baixa pressão.

Válvula de alivio ou retorno (fig. 190).

Figura 191
Fonte: Catálogo BOSCH

Durante o funcionamento do
motor, a bomba de transferência (3)
succiona o combustível do tanque (1)
através de tubulação de aspiração (2),
Figura 190
Fonte: Apostila Técnica do Senai
enviando-o pela tubulação de saída (4),
a aproximadamente 1 kg/cm² de
pressão, ao filtro combustível (5).
Tubulação de retorno
Depois de filtrado, o combustível vai
Em geral, estes tubos são através do tubo flexível (8) à bomba
fabricados em aço, sendo o seu injetora (9) se eleva, abre-se a válvula
diâmetro igual ao dos tubos de de retorno (6) do filtro (5) e o
aspiração e saída do combustível. São combustível em excesso retorna ao
colocados entre a válvula de retorno e o tanque (1) através da tubulação de
tanque de combustível. retorno (7).

Tubo flexível de alimentação A expulsão das bolhas de ar ou


vapor se processa no filtro de
Geralmente, entre o filtro e a
combustível (5).
bomba injetora, é usado tubo flexível, a
fim de evitar rupturas devidas às

107
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

O ar que possa chegar ao filtro é Gasolina


separado do combustível e sai pela
A gasolina é usada em motores de
válvula de retorno (6) e tubulação de
combustão interna por que:
retorno (7) ao tanque (1).
 É carburante, isto é tem grande
capacidade de misturar-se com o
Combustíveis para veículos ar;
automotores
 Tem alto poder calórico, ou seja,
Generalidades produz grande quantidade de
calor.
Combustível é toda substância
que, em determinadas condições de Entretanto, um dos componentes
temperatura e pressão, pode ser da gasolina é o heptano, que tem uma
queimada combinando-se com o baixa resistência à compressão.
oxigênio e gerando calor.
Diesel
Nos motores de combustão
interna, o oxigênio provém do ar Derivado do petróleo utilizado nos
atmosférico e o combustível pode ser motores de ciclo Diesel.
líquido ou gasoso.
Características principais:
Os combustíveis líquidos ou
 Índice de Cetano – varia entre
gasosos, que se misturam finamente
47 e 55 no Brasil e é
com o ar, são chamados carburantes,
fundamental para o
queimam com muita rapidez, e
funcionamento do motor diesel.
produzem grande quantidade de calor.
 Teor de Enxofre – varia entre
Os carburantes usados em
0,5 e 1%. É benéfico para a
veículos são gasolina, álcool metílico ou
lubrificação dos componentes de
etílico, gás liquefeito de petróleo (GLP)
injeção e prejudicial na
e gás natural veicular (GNV).
atmosfera após a queima.
Não são considerados carburantes Densidade – tem relação direta
o óleo diesel e o óleo combustível, com consumo,desempenho e
usados nos motores diesel e nos emissão de fumaça.
queimadores, respectivamente.

108
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

 Água e Sedimentos – limitados a ausência de legislação apropriada, levou


0,05% do volume para não a muitas cidades do País graves
comprometerem problemas de poluição, causados pelas
emissões dos motores, com
Os componentes do motor que entram
conseqüentes danos ao meio ambiente e
em contato com o combustível.
à saúde da população.
Motores diesel eletrônicos com
A manutenção correta dos
controle de emissões utilizam o diesel
dispositivos de controle de emissões de
S 50 e S 10 associado ao ARLA gases garante a redução significativa da
32 (uréia) injetada na descarga. poluição ambiental e, para isso, é
importante a máxima atenção ao
conteúdo deste material.
Controle de emissões
Ventilação do cárter
Neste capítulo estão contidas
As emissões do bloco do motor
informações referentes aos sistemas de
são compostas não só pelas misturas de
ventilação do cárter, antievaporativo de
ar, combustível e gases queimados que
combustível, de emissão de gases e
vazam através da vedação dos anéis e
catalisador, que têm algo em comum,
segmentos dos êmbolos, assim como
uma vez que todos eles – componentes
pelos vapores oriundos de óleo
do veículo – se direcionam para um
lubrificante.
mesmo fim, qual seja o de promover o
controle de emissões de poluentes, com O seu conjunto é definido como
intuito de melhorar a qualidade de vida “gases do BLOW-by ou de respiro”.
no que diz respeito à qualidade do ar
Função
principalmente nas grandes
concentrações urbanas. Ventilar a parte interna do motor,
evitando pressões excessivas, o que
A rápida e contínua tendência à
acarretaria danos a vedadores, juntas e
urbanização observada no Brasil desde
anéis de segmentos.
o começo da década de 60, associada a
uma deficiência crônica de transporte de O controle dessas emissões é
uma massa adequado e a um aumento completamente resolvido com a
do uso de veículos individuais, com instalação integrada no circuito de

109
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

aspiração, que faz com que os gases de


respiro tornem a circular na câmara de
combustão, após tê-los separado do
óleo.

Funcionamento

Os gases de respiro provenientes Figura 192


Fonte: Catálogo FIAT
do bloco (interior do motor) atravessam
o separador a ciclone (1) e perdem parte
do óleo do motor neles espalhado. Este
óleo, sob forma de gotinhas, retorna ao
Sistema antievaporativo de
cárter por queda, através da tubulação.
combustível
(2).
Função
Com a borboleta aberta, os gases
residuais chegam até o filtro de ar, Este sistema impede que os
através da tubulação (3), que contém em vapores de combustível, formados no
seu interior um sistema anti-chamas (4) reservatório e na instalação de
com o qual se impede a combustão dos alimentação, sejam descarregados na
gases provenientes do bloco, em caso de atmosfera e, consequentemente, aí
retorno de chama da torre porta-injetor. liberem os hidrocarbonetos leves (HC)
neles contidos. Um dos sistemas mais
Com a válvula borboleta fechada
adotados atualmente, para ventilação do
(motor em marcha lenta), a depressão
reservatório, é o tipo fechado.
aspira os gases (em quantidade
limitada) diretamente no coletor de Constituição
aspiração, através do tubo (5) e do furo
O sistema antievaporativo de
calibrado (6) de 1,8 +- 0,1mm.
combustível é formado pelos elementos
(fig.192).
em destaque na fig. 193.

110
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

ignição eletrônica, governado por uma


central que, através da aquisição de
oportunas informações, gerencia a
alimentação e a ignição do motor em
todos os seus pontos de funcionamento.

O sistema, representado
esquematicamente na fig. 182, está apto
a assegurar uma dosagem da mistura ar-
Figura 193
combustível próxima à relação
Fonte: Catálogo FIAT
estequimétrica, em todas as condições
de funcionamento do motor para as
Funcionamento quais tal relação seja solicitada. A

Esse sistema opera quando a relação ar-combustível estequiométrica

temperatura do combustível sobe, é, de fato, a condição indispensável para

determinando um aumento de pressão um correto e duraduro funcionamento

no interior do reservatório. Para que do catalisador (2), a fim de abater as

isso ocorra, é necessário que o veículo emissões poluentes.

tenha estado submetido, por tempo A dosagem estequiométrica é


prolongado, a temperaturas externas obtida utilizando uma sonda lambda (1)
elevadas, e que o reservatório de que, através de uma constante análise da
combustível não esteja sendo resfriado quantidade de oxigênio presente nos
pela ventilação produzida pelo veículo gases de descarga, permite à central
em marcha. Este aumento pode comandar a correção contínua do teor
verificar-se tanto com o nível do da mistura se o mesmo não resultar
combustível médio-baixo, como com estequiométrico, dosando, instante por
reservatório cheio. instante, a quantidade de combustível a

Sistema para o controle das emissões ser injetado. Portanto, se a sonda

na descarga lambda for eficiente, e se o circuito de


controle a ela relacionado estiver
Generalidades funcionando, a composição dos gases de

O sistema para o controle das descarga e os percentuais poluentes

emissões na descarga é essencialmente serão previstos, e não será mais

composto por um sistema de injeção- necessário fazer correções de teor de

111
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

CO em marcha lenta. (fig. 194).

Figura 194
Fonte: Mecânica 2000

Combustão
(Sob condições ideais, o
combustível é transformado em energia Figura 195
mecânica, e do processo de combustão Fonte: Wikipédia

restariam apenas: o dióxido de carbono


(CO2), água, H2O) e nitrogênio (N2), Como se observa nos gráficos, a

sendo estes componentes inofensivos ao parcela tóxica dos gases de

meio ambiente. escapamento (1%) corresponde


basicamente a três gases, que são:
Porém, na realidade, 1% do que é
expelido pelo escapamento corresponde  Monóxido de carbono (CO);

a gases tóxicos que se formam devido à


 Hidrocarbonetos (HC);
combustão incompleta ou às altas
temperaturas da câmara de combustão.  Óxidos de nitrogênio (NOx).
Algumas literaturas informam um
percentual de 3% de gases tóxicos.
Monóxido de carbono (CO)
Assim sendo, os gases emitidos
pelo automóvel compõem-se de cerca É um gás inodoro, incolor, sem

de 99% de elementos inofensivos. gosto que, se inalado, reduz a

Apenas a parte restante, de capacidade do sangue de absorver

aproximadamente 1%, é composta de oxigênio. Sua concentração nos gases

parcelas consideradas relevantes ao do escapamento é medida em

meio ambiente. (fig. 195). porcentagem (%).

112
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

O monóxido de carbono é Óxidos de nitrogênio


formado pela combustão incompleta do
Geralmente, denomina-se óxidos
combustível por falta de oxigênio (ar)
de nitrogênio a combinação do óxido de
na mistura, embora, mesmo em motores
nitrogênio (NO) e de dióxido de
bem regulados e em boas condições de
nitrogênio (NO2).
funcionamento, sua presença seja
observada. Nos motores desregulados O monóxido de nitrogênio (NO)
(mistura rica) nota-se um aumento não tem cor, cheiro ou gosto, mas, em
significativo na participação (%) do contato com o oxigênio (O2) da
monóxido de carbono (CO) nos gases atmosfera, resulta em dióxido de
do escapamento. nitrogênio (NO2) de cor castanho-
avermelhada que ataca o sistema
respiratório. Os óxidos e nitrogênio que
Hidrocarbonetos (HC) compõe cerca de 80% da nossa
atmosfera, com o oxigênio. Esta reação
São subprodutos de uma
só ocorre devido às altas temperaturas
combustão incompleta, ou seja,
na câmara de combustão, em torno de
combustível expelido sem ser
1300º.
queimado. Algum teor de
hidrocarbonetos (HC) é sempre Os suportes cerâmicos ou
verificado, em determinadas situações, metálicos são colméias formadas por
tais como na fase de aquecimento do milhares de minúsculos canais, ou
motor. Neste caso, a parede fria do células, por onde passam os gases
cilindro irá inibir a combustão, poluentes.
resultando do aumento do teor de
A catálise, sendo uma reação de
hidrocarbonetos (HC).
superfície, requer uma grande área de
Sua presença nos gases de contato, daí a necessidade desses canais.
escapamento é medida em partes por (fig. 196).
milhão (ppm), ou seja, uma leitura de
100 ppm indica que em cada milhão de
partes do gás existem cem de
hidrocarbonetos (HC).

113
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

Catalisador

O catalisador automotivo
promove reações químicas que
convertem os poluentes monóxido de
carbono (CO), óxidos de nitrogênio
(NOx) e hidrocarbonetos em dióxido de
carbono (CO2), vapor de água (H2O) e
gás nitrogênio (N2), que não são tóxicos
Figura 196 para a saúde. Isto não significa que o
Fonte: Mecânica 2000
gás pode ser aspirado diretamente pelas
Função pessoas.

Conhecido também como Localização e constituição


conversor catalítico de três vias, é assim
O termo conversor catalítico
chamado porque reduz em cerca de 70%
designa genericamente um reator
os três principais poluentes produzidos
metálico instalado no sistema de
pelos motores a álcool e a gasolina:
escapamento. Este reator, de aço
 Monóxido de carbono (CO); inoxidável, contém o catalisador
propriamente dito.
 Hidrocarbonetos (HC);
O catalisador constitui-se de uma
 Óxidos de nitrogênio (NO).
colméia monolítica cerâmica ou
Ao contrário do que muita gente metálica (também chamada de substrato
pensa, o catalisador não é um filtro, pois ou suporte), impregnada com
não se trata de um processo físico de substâncias ativas. O substrato metálico
retenção de partículas, e sim, de um não necessita de encapsulamento.
processo químico, com reações entre as (fig.197).
moléculas em meio gasoso. É, portanto,
um dispositivo de alta tecnologia que,
através de reações termoquímicas por
intermédio de substâncias
cataliticamente ativas, converte os gases
poluentes em substâncias inofensivas à
saúde.

114
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

Figura 197
Fonte: Mecânica 2000

115
MOTORES DE COMBUSTÃO EXTERNA

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116

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