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MARINGÁ
2019
REGINA TEIXEIRA DOS SANTOS
BANCA EXAMINADORA
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Nome do Professor
Nome da Universidade
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Nome do Professor
Nome da Universidade
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Nome do Professor
Nome da Universidade
DEDICATÓRIA
Dedico à minha mãe Dolores Aparecida Teixeira, pelo digno exemplo, apesar
de todas as dificuldades que passou sempre apostou nos meus sonhos e me ajudou
a chegar até o momento atual.
Dedico também à minha filha Ysis Emanuelly, é por ela que nunca desisti dos
meus sonhos.
AGRADECIMENTO
The discovery of the functioning of the human body has always been the interest of
man, but in the course of history there were several advances until we reached the era
of organ transplants, in order to improve the quality of life of patients who have organs
weakened and unable to regenerate with treatment, but this discovery has brought with
it some negative impacts to society, organ trafficking, which is done on the black
market. The demand has come about the need for some patients not to wait for a donor
and on the other side are people who have healthy organs and are in need of money
and in the middle of the situation are professionals who want to profit more. The
objective of this work is to address organ trafficking, organ donation, the black market
and the consequences that occur with donors who submit to the sale of their organs
on the black market.
ART Artigo
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 8
CONCLUSÃO ........................................................................................................... 32
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 33
8
INTRODUÇÃO
pacto de venda de órgãos como sendo objeto de contrato de direito privado, não seria
acolhido pelo ordenamento jurídico brasileiro, uma vez que haveria uma enorme
desproporção entre as prestações de cada parte envolvida, o que causaria a
incidência de figuras como a lesão, o erro ou o estado de perigo, ensejando até
mesmo a alegação da violação da norma de ordem pública, que não admite contratos
contrários à moral e aos bons costumes.
Cabe mencionar que atualmente o Direito Privado sofre a incidência direta dos
valores consagrados constitucionalmente, especialmente pela influência da cláusula
geral de tutela da pessoa humana (PERLINGIERI, 2002). Acerca disso, entende
Gustavo Tepedino:
O Direito Penal é outro ramo da Ciência Jurídica que protege o ser humano e
a vida em todos os aspectos, especialmente os penais. No ordenamento jurídico
brasileiro só é permitida a disposição de partes do corpo humano através do
transplante entre vivos, onde tem sua legitimação no princípio da solidariedade
humana. Nesses casos o transplante é admitido, de modo gratuito, mediante iniciativa
de doares sensibilizados pela dor dos enfermos.
Nas circunstâncias acima mencionadas, o intuito não é a remuneração e não
há um comércio com partes humanas. A prioridade é a necessidade da doação e a
possibilidade de auxílio ao próximo, atendendo à dignidade de ambos os envolvidos.
O doador satisfaz sua necessidade de solidariedade em prol do próximo,
proporcionando ao necessitado a chance de sobrevivência e de ter condições para
aproveitar novamente a saúde e o bem-estar.
Esta é a única forma legítima para retirada de órgãos de uma pessoa, uma vez
que atende a tutela da dignidade humana de ambas e não permite comércio para com
esse meio.
Em face das várias normas proibitivas do comércio de órgãos, cabe o estudo
da fundamentação filosófica, indo-se além do âmbito dogmático. De acordo com o
entendimento apontando, a vida e a integridade física de cada indivíduo são de
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Como sendo parte essencial do ser humano, cada órgão de seu corpo não pode
ser tornado objeto, pois isso afetaria a própria norma fundante de nosso ordenamento
jurídico, que é a tutela da dignidade da pessoa humana.
É dessa vertente ético-filosófica que advém a disciplina legal do tema e não
pode ser afastada a análise da dignidade humana, sendo o balizamento imperativo,
frente à sensível problemática.
O valor do ser humano, que é refletido por dignidade e não por preço, é
essencial para se compreender a razão de que em nenhum país democrático se
permite que alguém disponha de seu corpo em troca de dinheiro, embora os fortes
interesses contrários a esta vedação.
Não se pode permitir que parcela da população tenha sua dignidade diminuída
devido à possibilidade de dispor de seu próprio corpo em troca de uma remuneração
(preço), pois preço e dignidade não podem ser objetos de confusão, sendo inaceitável
tratar parte do corpo humano como uma mercadoria qualquer.
Os interesses inerentes na legalização do comércio de órgãos tentam se
legitimar sob o argumento de que estariam beneficiando tanto pacientes terminais
quanto pessoas sem condições de prover o próprio sustento, que disponibilizam parte
do seu corpo e obtém condições materiais de uma vida digna.
O lucro é tão significativo que são constituídas organizações criminosas
sofisticadas com membros de diversas especializações, especialmente médicos, os
quais violam a ética profissional e se arriscam a não mais poder exercer licitamente a
profissão a que se preparam. Os riscos são suportados pela ganância gerada em parte
dos lucros espantosos que esses mercadores de órgãos humanos conseguem obter
a partir da situação de miserabilidade de suas vítimas.
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De modo algum pode-se aceitar que pessoas tenham sua dignidade ofendida,
haja vista que os seres humanos são iguais em dignidade e esta ontologicamente
diversa do preço que atribuímos às mercadorias.
Os alvos da retirada de órgãos no “mercado” de partes do corpo humano
sempre serão os menos favorecidos. É ingenuidade pensar o contrário, não é
aceitável permitir que sua situação econômico-social os faça mais vulneráveis à
violação de seus direitos fundamentais, o que ocorreria com a legalização do tráfico
de órgãos humanos.
Diante da inequívoca proibição da ordem jurídica, os dogmatistas não podem
aceitar o comércio de partes de seres humanos; diante da lógica, não se podem
equiparar bens diversos como o preço e a dignidade humana; e diante da ética e da
solidariedade humana, não se pode admitir que, por fundamentos quaisquer, seja
permitido que determinados seres humanos sofram atentado em sua dignidade.
Afora esses aspectos, já amplamente demonstrados nos itens acima, valemo-
nos novamente dos ensinamentos da professora Maria Celina Bodin: “No entanto, na
área da biomedicina, é o interesse, o ponto de vista do indivíduo, que deve prevalecer
quando se trata de sua saúde, física e psíquica”. (BODIN, 2003)
Diante disso, não há se admitir que uma operação médica, em suas
consequências e com os sacrifícios em que importa, e a atuação ética do profissional
da medicina, sejam maculadas mediante interesses gananciosos.
Só se deve admitir transplantes de órgãos humanos quando extremamente
necessários e relevantes, se esses não estiverem pautados em busca por dinheiro e
sim, sejam fruto de altruísmo e fincados na vontade de contribuir para a melhora da
vida daquele que receberá o órgão: demonstração de um sentimento de humanidade
e solidariedade para com outros seres humanos.
O transplante de órgãos é um ato que deve ser protegido e incentivado pelas
autoridades públicas, já que é fundamental para que pessoas em estado precário de
saúde possam ter esperança de melhoria. Mas, para garantir a saúde dessas pessoas,
nunca se poderá permitir que sejam comprados órgãos humanos. Interesses
puramente financeiros, de traficantes modernos, que obtém lucro do desespero e da
pobreza de seres humanos, nunca poderão ser admitidos por países democráticos.
Um órgão humano não pode ser transformado em mercadoria, sujeito a
variação de preço em consequência do mercado, como se fora mero commodity. Seu
valor não é definido pelos mercados, pois é definido como igual para todo ser humano,
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já que é pelo reconhecimento do outro como igual, pela racionalidade, que nos
tornamos membros da Humanidade. Não é possível alguns seres humanos sejam
apartados dessa condição, permitindo-se que outros se aproveitem de suas carências
para lhes retirar o único bem que – todos - temos em comum: a dignidade. Portanto,
é inadmissível que em ordenamentos baseados na dignidade da pessoa humana,
como os dos países civilizados e democráticos, o comércio de órgãos humanos e os
negócios jurídicos dele derivados sejam aceitos pela Lei.
Observa-se que esse crime se configura mediante uma ação, que ocorre
através de fraude, engano, sequestro, com o intuito de exploração. Cabe mencionar
que ao tocar nesses assuntos, estamos diante de uma questão moral, migratória,
criminal e de ordem pública. (CORREA DA SILVA, 2013)
Na tentativa de conceituar o tráfico de órgãos, a partir da conceituação do
Tráfico de Pessoas fornecido pelo Protocolo de Palermo, a Organização Mundial da
Saúde fez uma interpretação para a definição do Tráfico de Órgãos, definindo que:
Observa-se que ainda resta omissão quanto a correta definição do que venha
ser o Tráfico de Órgãos Humanos. Na tentativa de preencher essa lacuna, a
pesquisadora Simon Fellows estabeleceu a seguinte analogia para se pensar na
temática:
Se uma parte de corpo for usada ou vendida num local diferente do local de
onde foi removida do corpo, então terá ocorrido movimento da parte do corpo.
Tráfico é o ato de movimentar e comercializar algo ilegal. Uma vez que estar
na posse de partes de corpo para fins comerciais é considerado ilegal, este
relatório argumenta que o movimento de uma parte de corpo para venda ou
transação comercial é tráfico de partes de corpo. (2008, p. 10)
Requisitos gerais:
• Deve ser de forma gratuita;
• Para fins de tratamento;
• Só poderá ser realizada por estabelecimento de saúde, público ou privado,
e por equipes médico-cirúrgicas de remoção e transplante previamente
autorizados pelo órgão de gestão nacional do Sistema Único de Saúde;
• Só poderá ser autorizada após a realização, no doador, de todos os testes
de triagem para diagnóstico de infecção e infestação exigidos em normas
regulamentares expedidas pelo Ministério da Saúde;
vezes esses “doadores voluntários”, acabam vendendo seus órgãos por estarem em
situações extremas e necessitando de recursos. (GOMES, 2014)
Assim define o Tráfico de Pessoas e a modalidade de Tráfico de Órgãos pelo
protocolo de Palermo em seu artigo 3º:
Destaca-se desta forma, que estamos diante de uma questão moral, criminal,
migratória, de ordem pública, relacionada com o trabalho e com a vulneração de
direitos humanos (SILVA, 2013b, p. 344).
Diante deste conceito, ocorreram diversos debates acerca de tal definição e de
qual forma o tráfico pode se concretizar:
A medicina evoluiu muito e com isso, doenças que antes era considerado uma
sentença de morte, com o avanço da medicina, hoje podem ser curadas muitas vezes.
No entanto, para que isso ocorra, em muitos casos é necessário um transplante do
órgão que está debilitado.
Na maioria dos casos, o tráfico de órgãos ocorre justamente no momento mais
crítico dessas vítimas, onde estão desesperados financeiramente, e não encontram
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outra saída para resolver a situação. A questão mais preocupante a respeito do tema,
além de todos os demais aspectos, algo relevante é a forma que esse "mercado" se
tornou altamente lucrativo. (BRASIL, 2013)
Primeiramente não podemos deixar de citar que infelizmente, a fila para realizar
os transplantes no Brasil ainda é altíssima. De acordo com a revista Veja (2009), mais
de 70.000 brasileiros estão aguardando por um órgão, quanto mais grave a doença
está, mais prioridade terá na fila de espera.
Segundo a OMS, a cada ano, no mundo são executados cerca de 22 mil
transplantes de fígado, 66 mil transplantes de coração. Cerca de 5% dos órgãos
utilizados nessas intervenções provêm do mercado negro, com um volume de
negócios estimado entre 600 milhões e 1,2 bilhão de dólares. (PELLEGRINI, 2013)
Infelizmente, não temos a fiscalização necessária para monitorar de que forma
são realizados esses transplantes. De acordo com dados da OMS, Organização
Mundial da Saúde, há cinco principais países que lideram o tráfico de órgãos:
Paquistão, China, Filipinas, Colômbia e Brasil. Informa ainda que, só no Irã existem
aproximadamente, 137 agências e 23 clínicas ilegais, focados somente no transplante
de rins. (SALVADORI, 2013)
De acordo com HAYLEY (2013), a cena do crime envolve os seguintes
elementos: um doador, um médico especializado, uma sala de operações e, na
maioria das vezes, também, um receptor próximo, visto que os órgãos não sobrevivem
se ficarem por muito tempo fora do corpo.
Para que ocorra um transplante de uma forma satisfatória é necessário
respeitar o tempo de isquemia, que consiste o tempo de retirada do órgão do doador
para o transplante no receptor. Os órgãos têm tempo de isquemia diferenciado: o
coração é de 4 horas, o pulmão é de 4 a 6 horas, o rim é de 48 horas, e o fígado e o
pâncreas são de 12 horas. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019)
A Constituição Federal no seu artigo 1º, inciso III garante a dignidade da pessoa
humana, a proteção de direitos e garantias fundamentais. A dignidade é a base da
Constituição, vedando qualquer tipo de comercialização de órgãos e tecidos ou corpos
inteiros. (SILVA, 2015)
tudo tem ou um preço ou uma dignidade. Quando uma coisa tem preço, pode ser
substituída por algo equivalente; por outro lado, a coisa que se acha acima de todo
preço, e por isso não admite qualquer equivalência, compreende uma dignidade"
(KANT, 2004, p. 65). Nesse diapasão, aponta Ingo Wolfang Sarlet que a Dignidade
Humana “não pode ser definida de forma fixista, ainda mais quando se verifica que
uma definição dessa natureza não harmoniza com o pluralismo e a diversidade de
valores que se manifestam nas sociedades democráticas contemporâneas” (2012, p.
51-52). Para o referido autor:
uma hipótese de crime sem vítima, ou sem ofendido. Portanto, é necessário analisar
o sujeito ativo e passivo no delito de tráfico de órgãos.
A posição doutrinária acerca da temática é bem escassa, tendo somente a
doutrina clássica penalista. Segundo Zaffaroni e Pierangeli os sujeitos podem ser:
[...] ativo e passivo. Sujeito ativo é o autor da conduta típica. Sujeito passivo
é o titular do bem jurídico tutelado. O sujeito passivo da conduta pode não ser
o sujeito passivo do delito; aquele que sofre os efeitos do ardil ou engano no
estelionato pode não ser necessariamente o que sofre os efeitos lesivos do
patrimônio. (PIERANGELI e ZAFFARONI, 2002, p. 475)
Neste caso o sujeito ativo da ação poderia ser qualquer pessoa. Desde
pessoas físicas a funcionários públicos, médicos, enfermeiros, familiares,
enfim, qualquer pessoa. O sujeito passivo neste caso poderia ser dois. Se
tratarmos do tráfico de órgãos intervivos será a própria pessoa que teve seu
órgão retirado, porém se tratar do tráfico de órgão post mortem, será a família
do morto. (BUONICORE, 2011, p. 20).
A atual desenvoltura dos traficantes faz com que os relatos e notícias sobre o
tráfico de órgãos pareçam mais críveis, já foram ouvidas testemunhas que narraram
a retirada de órgãos de paciente de hospital ocorrida em elevador, em operação que
durou poucos minutos. Certamente que isso não seria possível sem a participação
direta de médicos e de outros profissionais de saúde.
O tráfico de órgãos, no passado, era estruturado sobre doadores
imediatamente mortos. Fora da esfera da legalidade, havia notícias de pessoas
falecidas que tinham seus órgãos subtraídos clandestinamente para fins de pesquisa
científica, ou cadáveres de mendigos desviados de tumbas comuns e vendidos a
laboratórios e escolas de Medicina.
O comércio de órgãos humanos vale-se dos avanços da Medicina em relação
aos transplantes, assim como dos meios técnicos difundidos pela globalização. O
desenvolvimento da técnica cirúrgica não é mais monopólio de países desenvolvidos,
e isso facilita que profissionais ligados ao tráfico realizem transplante de órgãos entre
pessoas vivas.
Nesse contexto, pessoas de estratos sociais marginalizados são seduzidas a
venderem órgãos a preços módicos e em condições de risco que ignoram. Por sua
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§ 1º Se resulta:
I – Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
II – perigo de vida;
III – debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV – aceleração de parto.
§ 2º Se resulta:
I – Incapacidade permanente para o trabalho;
II – enfermidade incurável;
III – perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV – deformidade permanente;
V – aborto.
cônjuge, parentes consanguíneos até o quarto grau, ou qualquer outra pessoa, desde
que com autorização judicial, no entanto, no caso de medula óssea dispensa-se essa
obrigatoriedade. Lembrando que em qualquer hipótese, a prática deverá ser gratuita,
em razão do disposto no artigo 199, § 4º da Constituição Federal e ainda de acordo
com o artigo L. º da Lei 9.434/97. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019)
Por outro lado, a doação post mortem será realizada, mediante autorização do
cônjuge ou parente capaz, de linha reta ou colateral até o segundo grau em razão de
morte encefálica provocada pela cessação das células responsáveis pelo sistema
nervoso central. (BITTENCOURT, TORMIN, 2015)
Muitos parentes de pessoas falecidas não querem fazer a doação de órgãos
por falta de conhecimento. As famílias acham que só pelo fato de o paciente está com
o coração batendo existe a chance de ele sobreviver, o que é puro engano, é
declarada morte encefálica quando for constatada a morte do cérebro, por outro lado
pensam que por causa da retirada do órgão para doação pode deformar o corpo do
falecido, na verdade isso não acontece. (CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, 2019)
Assim prevê o artigo 211 do Código Penal, in verbis: “art. 211 Destruir, subtrair
ou ocultar cadáver ou parte dele”.
De acordo com o autor Diniz (2006), que: “Portanto, é possível juridicamente a
disposição gratuita do corpo humano, renováveis (leite, e sangue, medula óssea, pele,
óvulo, esperma, fígado) ou não, para salvar vida ou preservar a saúde do interessado
ou de terceiros, ou para fins científicos ou terapêuticos. ”
Ainda observando o artigo 9.434/97, elenca vários tipos penais referente a
condutas relacionadas com remoção, compra, venda, transporte, guarda ou
distribuição de órgãos humanos, bem como a realização de transplante, enxerto
quando em desacordo com a lei. (JÚNIOR, 2016)
No Código de Ética Médica, no seu artigo 46, veda o médico de: “participar
direta ou indiretamente de comercialização de órgãos ou tecidos humanos”. Trata-se
este artigo referente ao ato de remoção do médico cirurgião. (BITTENCOURT,
TORMIN, 2015)
Quanto à questão ético-legal dos médicos que se envolvem nessas cirurgias,
contrapomos o regulamento profissional da área médica, Resolução CFM nº 1246/88
– “Código de Ética Médica”.
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“Art. 6º - O médico deve guardar absoluto respeito pela vida humana, atuando
sempre em benefício do paciente. Jamais utilizará seus conhecimentos para
gerar sofrimento físico ou moral, para o extermínio do ser humano ou para
permitir e acobertar tentativa contra sua dignidade e integridade.”
Aqui no Brasil só foi em 1964 que foi feito o primeiro transplante de rim de um doador
post mortem, na cidade do Rio de Janeiro, em um Hospital Publico e em 1965, ocorreu
o primeiro transplante de rim em doador inter vivo, no Estado de São Paulo, foi quando
houve a precisão de criar uma legislação para evitar o tráfico de órgão no pais.
(AMARAL, 2017)
De acordo com diversas investigações, há relações de boa parte dos
desaparecimentos ou homicídios de crianças e jovens com o tráfico de órgãos.
Recentemente, a ONU – Organização das Nações Unidas, de cinco a 10 por cento
dos cerca de 68 mil transplantes anuais de rins realizados, decorrem de ações
criminosas. Aqui no Brasil, as populações mais humildes cedem seus órgãos em troca
de dinheiro para suprir suas necessidades básicas e muitas vezes para manter suas
famílias. O país é o segundo maior país que mais realiza transplantes renais em todo
o mundo, consequentemente, é um grande fornecedor de órgãos no mercado
clandestino. (TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL, 1990)
"As pessoas pobres, por falta de condição econômica, por exemplo um pobre
que tenha um rim perfeitamente saudável, e tem um filho doente. Ele precisa
de dinheiro para tratar do filho, ele vende o seu rim para conseguir recursos,
ou pagar a hipoteca da casa etc. Isso é absolutamente inadmissível sob o
ponto de vista do filósofo Kant, que foi o grande filósofo da história da ética,
que o ser humano é um fim em si mesmo, jamais um meio para se chegar a
um fim. Isso vulnerabiliza. Jamais uma pessoa rica vai vender o seu rim para
um outro rico. Quem vai vender é o pobre. A legislação tem que proteger o
mais vulnerável, e não tornar mais vulnerável esse vulnerável" (CAMARA
DOS DEPUTADOS, 2006)
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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