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RECIFE
2020
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RECIFE
2020
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BANCA EXAMINADORA:
________________________________________________
Prof Me. Arthur Albuquerque de Andrade (Orientador)
Centro Universitário Maurício de Nassau - UNINASSAU
________________________________________________
Prof ... (Examinador Interno)
Instituição de origem
________________________________________________
Prof ... (Examinador Externo)
Instituição de origem
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AGRADECIMENTOS
Genival Miranda
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RESUMO
Intitulado “Transplantes de órgãos versus Tráfico de órgãos: Onde fica a dignidade humana
frente à obtenção dos órgãos?”, este trabalho teve como objetivo principal analisar a situação
atual do Brasil em relação ao tráfico de órgãos, pois este crime refletiria diretamente na
garantia dos direitos fundamentais previstos na Constituição Federal (1988), tal qual da
dignidade humana dos pacientes enfermos que esperam na fila por um transplante, pois estes
necessitam de proteção para viverem uma vida saudável. Desta forma, como objetivos
específicos buscou-se entender toda a dinâmica do transporte de órgãos seja esta feita pelos
critérios oficiais, seja esta feita por meio da dark web, bem como procurou-se, também,
associar o crescimento tecnológico como uma via de mão dupla entre a informação e o crime.
Por meio da interação de informações trazidas por doutrinadores constitucionalistas e as
legislações vigentes na sociedade brasileira, a pesquisa teve como base metodológica um
estudo bibliográfico do transplante de órgãos em contrapartida com a lógica do tráfico destes
na ideia de se promover a dignidade humana assim como o direito a saúde aos enfermos que
necessitam de órgãos. Para desempenhar a análise destes dados foi de fundamental
importância explicar as formas de transplantações autorizadas no país, buscando formular
respostas para proporcionar o aumento de doações e consequentemente diminuição da lista de
espera. Mediante a este estudo bibliográfico dos doutrinadores e das legislações brasileiras foi
possível entender que o tráfico de órgãos interfere no fluir da garantia de dignidade aos
pacientes que precisam da transplantação de órgãos para viverem uma vida digna, para tal,
necessita-se de intervenção estatal tanto na formulação de políticas públicas que versem a
criação de programas educativos e informativos a serem vinculados na sociedade com o
intuito de promover a doação de órgãos, quanto na adoção de medidas punitivas para o
mercado negro.
ABSTRACT
Entitled “Organ transplants versus organ trafficking: Where is human dignity in terms of
obtaining organs?”, The main objective of this paper was to analyze the current situation in
Brazil in relation to organ trafficking, as this crime would directly reflect on the guarantee of
fundamental rights provided for in the Federal Constitution (1988), as well as the human
dignity of sick patients who wait in line for a transplant, as they need protection to live a
healthy life. Thus, as specific objectives, we sought to understand the whole dynamics of
organ transport, whether made by official criteria, or made through the dark web, as well as
seeking to associate technological growth as a way of hand between information and crime.
Through the interaction of information brought by constitutionalist indoctrinators and the
laws in force in Brazilian society, the research had as methodological basis a bibliographic
study of organ transplantation in contrast to the logic of trafficking in the idea of promoting
human dignity as well as the right to health for the sick who need organs. In order to carry out
the analysis of these data, it was of fundamental importance to explain the forms of
transplantation authorized in the country, seeking to formulate responses to provide an
increase in donations and consequently a reduction in the waiting list. Through this
bibliographic study of Brazilian legal scholars and legislators, it was possible to understand
that organ trafficking interferes with the flow of guarantee of dignity to patients who need
organ transplantation to live a dignified life. in the formulation of public policies that deal
with the creation of educational and informational programs to be linked in society in order to
promote organ donation, as well as in the adoption of punitive measures for the black market.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
Ao ser humano, desde que nascido com vida, é destinado diversos direitos, estes, que
podem ser individuais ou coletivos, são uma forma efetiva de se garantir uma vida digna,
logo, versam sobre os direitos fundamentais, sociais e políticos que em seu cerne se propõe
sempre a promover a eficácia dos princípios constitucionais. Neste sentido, quando se fala em
promoção da dignidade da pessoa humana tem-se que observar que esta é fruto de uma junção
de diversos direitos, a saber, direito à vida, a saúde, a alimentação, a moradia, ou seja, só se
pode garantir uma vida digna se todos os direitos forem exercidos por meio do mínimo
existencial.
Por intermédio dessa construção ideológica, observa-se que todos os direitos que hoje
o ser humano tem garantido, fazem parte de uma evolução histórica que organiza cada qual
em seus respectivos lugares. Porquanto, deste emaranhado de direitos pode se extrair um
estudo sobre o direito a saúde, que embora seja uma norma de eficácia limitada, é considerado
de extrema importância para a garantia de uma vida digna.
Quando se fala em direito a saúde, é sabido que como este é uma norma de eficácia
limitada ele necessita que o Estado complemente-o normativamente em sua aplicabilidade, e
no caso brasileiro, este o faz por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) e pela Saúde
Suplementar. Infelizmente como todos os brasileiros necessitam de acesso à saúde, alguns
ramos, ou procedimentos não possui tanta assistência quanto outros, pois a prioridade é
sempre quem mais precisa no momento.
Partindo deste entendimento, a assistência à saúde é vista como um sistema a ser
moldado, pois precisa de incentivos governamentais e populacionais em diversas áreas de
atuação, como por exemplo, as doações de sangue, órgãos e medula. No tocante, aos
incentivos governamentais, estes podem ser vistos nas inúmeras políticas públicas que já
foram criadas e estão em atuação e nas demais que ainda estão por vir, além do mais o
incentivo governamental necessita promover uma conscientização sobre a importância que se
tem as doações para quem precisa, vez que no bojo de todas as situações políticas, a
população começa a desacreditar na integridade do sistema.
Já quando se trata dos incentivos populacionais, eles podem ser vislumbrados quando
há uma ação, ou seja, quando o cidadão cumpre seu papel na sociedade quanto à saúde.
Contudo, nem sempre os cidadãos se sentem seguros em ter uma atitude proativa, se for
especificado o caso da doação de órgãos, boa parte população apresenta receio em autorizar a
doação dos órgãos de seu ente falecido, devido aos inúmeros casos de desvios monetários
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existentes no mundo político, desta forma a população acaba por interligar estes desvios ao
mercado negro de órgãos.
Destrinchando um pouco mais este debate, o presente trabalho se propôs a executar
uma análise sobre a dinâmica da transplantação de órgãos no Brasil, mas antes de adentrar no
cerne da questão é importante explicar que há uma relação íntima entre a realização dos
transplantes de órgãos com os diversos incentivos que a saúde possui, podendo ser esta vista
positiva ou negativamente.
Quando há o lado positivo, não importa se seja legal ou ilegal o transplante é
realizado, pois a população consegue doar e o governo consegue investir. Já quando se
enfatiza o lado negativo, há um dilema moral, as filas para o recebimento do órgão são
enormes e a população tem receio em autorizar a retirada do órgão de seu ente querido
falecido e como consequência lógica há mortes dos que esperam na fila por um órgão ou há a
abertura para o aumento do tráfico ao comprar um órgão clandestino.
Neste sentido convém, portanto, entender que quando há uma deficiência no
funcionamento de um órgão ou tecido, o paciente, bem como sua família, fará tudo o que
estiver a seu alcance para sanar a dor; os que não possuem condições monetárias esperam na
fila por sua vez, e aqueles que possuem, aguardam na fila, mas investem em outras formas
para um alívio rápido de seus sintomas. É importante pontuar, que a lista de espera, a
depender do órgão em questão, não é diferente em relação aos que recorrem a saúde pública
ou a privada.
Pensando por intermédio deste raciocínio é que o presente trabalho intitulado
“Transplantes de órgãos versus Tráfico de órgãos: Onde fica a dignidade humana frente à
obtenção dos órgãos?”, se propõe a analisar como é resguardada a dignidade humana quando
se pretende garantir um mínimo existencial para aqueles pacientes que necessitam realizar um
transplante órgãos ou tecidos para continuarem vivendo.
Fazendo uso, quanto à metodologia, de um levantamento bibliográfico, a pesquisa
qualitativa será exploratória aplicada a um resultado, logo para cumprir tal tarefa o trabalho é
dividido em três capítulos lineares que facilitarão a articulação das informações trazidas pelos
constitucionalistas e pelas legislações específicas com a realidade brasileira a fim de
possibilitar a concretização de formas que levem a uma maior eficácia do sistema de doação
de órgãos e consequentemente sua transplantação no país.
Neste sentido, o primeiro capítulo trará ao debate uma introdução sobre o tema, ou
seja, explicará tecnicamente o que é o transplante de órgãos, situará ele dentro de uma
legislação específica bem como dentro do debate conceitual na qual ele está inserido, para
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logo após, fornecer uma explicação sobre as formas de transplantes existentes no país, a saber,
o transplante inter vivos e post mortem. Fazendo uso dos ensinamentos de Maria Helena Diniz
(2014) e de Marconi Catão (2004) o capítulo utilizará a compreensão dos artigos da Lei nº
9.434, 1997 para fornecer bases analíticas que possibilitarão a distinção entre as formas de
transplantação.
Continuando o debate, o capítulo se propõe, também, de forma exemplificativa, tratar
sobre o transplante ilegal de órgãos no país, para tal utiliza-se de autores como Michael
Sandel (2015) e Moises Naim (2006) para que por intermédio de seus entendimentos
possibilitar demonstrar que a prática do tráfico de órgãos, burla a lista de espera dos pacientes
e coloca em risco de vida dos doadores desse fluxo.
Nesta desenvoltura, o segundo capítulo se propõe a analisar a dignidade da pessoa
humana interligada fundamentalmente aos direitos da pessoa. Esta dignidade, que será base
para o entendimento de todo o trabalho, é retratada pelos ensinamentos dos teóricos
constitucionalistas, entre eles José Afonso da Silva (2013) e Daniel Sarmento (2016)
interligada no direito a vida e a saúde do paciente que precisa de um órgão para sobreviver. O
capítulo se desenvolverá, portanto, trazendo as formalizações legislativas do transplante de
órgãos e por meio de Giovani Berlinguer (2004), todas as penalidades previstas para quem
executa o tráfico de órgãos no país.
Por fim, o terceiro e último capítulo tem como missão principal demonstrar o quanto a
lista de espera por um transplante, bem como a ilegalidade pode destruir a imagem de
dignidade humana a qual a Constituição pretende zelar. Para corroborar com tal pensamento o
capítulo fará uma análise sobre os direitos humanos tanto físicos quanto virtuais utilizando
para tal das teorias de José Alcebíades de Oliveira Júnior (2000) e Cássio Augusto Barros
Brant (2014), para que dentro das normas internacionais, a saber, o Protocolo de Palermo e a
Declaração de Istambul, entenda como ocorre a violação dos direitos humanos dentro da
chamada Dark Web e o que pode ser feito para coibir.
A pesquisa, portanto, que tem como principal motor a promoção do respeito aos
direitos humanos dos pacientes, com isso, objetiva principalmente analisar se ocorre ou não o
rompimento destes quando o paciente é exposto a rede de tráfico de órgãos com toda a sua
desenvoltura.
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Com todo o avanço tecnológico e científico ocorrido nas últimas décadas tanto no
mundo quanto na sociedade brasileira, observa-se que doenças que ora eram tidas como
sentenciadas a morte hoje em dia podem ser tratadas com uma maior facilidade. Os novos
procedimentos médicos e cirúrgicos apareceram nesse cenário com o intuito de promover o
aumento da expectativa de vida humana, fruto de todo esse avanço surge o transplante de
órgãos, tema de extrema delicadeza e importância que requer um olhar mais aprofundado que
será trazido a seguir.
É importante ter cuidado para não confundir enxerto com transplantes, vez que o
transplante nada mais é que um procedimento necessário para a sobrevivência de um paciente,
levando em consideração a perda da função específica daquele órgão; diferente do
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sentido que a exemplificação dos procedimentos de ponte de safena podem ser enquadrados
como exemplo desse tipo de transplante, pois este procedimento “consiste na colocação de
pontes (bypass) feitas de enxertos de artéria ou veia. Esses enxertos são suturados na aorta e
nas coronárias, ultrapassando as lesões” (ALMEIDA, 2018, s/p).
Continuando a classificação dos transplantes, tem-se o isotransplante, é o
procedimento que ocorre “em caso de transplante de tecidos ou órgão em gêmeos
univitelinos, ou seja, em pessoas que possuem os mesmos caracteres genéticos” (DINIZ,
2014, p. 420). Nesta circunstância, como as características genéticas da bipolaridade presente
no transplante são semelhantes, elas permitem que o desempenho do procedimento de
transplantação seja positivo.
Diniz também traz ao debate o alotransplante, que em suas palavras seria aquele
processo medicamental “em que o doador, vivo ou morto, e receptor de órgão ou tecido não
possui características genéticas idênticas” (DINIZ, 2014, p. 420). A autora destaca que este é
um dos métodos mais comuns quando se fala em realização de transplantes. Se o debate sobre
a existência deste tipo de transplante for aberto a novos horizontes, para outro doutrinador
para elucidar a veraicade da existência deste, vez que para Catão (2004) este transplante pode
ser chamado de homotransplantes que seria “transplante de tecido ou órgão entre indivíduos
da mesma ‘espécie’, porém com diferentes caracteres hereditários” (CATÃO, 2004, p. 202).
Por fim,o último tipo de classificação é mais anômala, desta forma é a mais
incansavelmente estudada pelos cientistas, por se referir a transplantação entre espécies
distintas (humano e não-humano). Sendo conhecida assim por xenotransplante, que se define
pela “transferência de órgãos ou tecidos de um ser vivo de um gênero para outro gênero
diferente. É o caso da utilização de órgãos e tecidos de animais com fins de transplantes”
(CATÃO, 2004, p. 202).
Entretanto, apesar de ser uma oportunidade de acabar com as enormes filas de esperas,
o xenotransplante ainda não pode ser conceituado como uma possível forma para a
transplantação, contudo, os cientistas já iniciaram os estudos no intuito de utilizar os órgãos
de animais quando ocorrer a falta de doadores humanos. Todavia, na sociedade brasileira,
sempre há questões éticas e morais que devem ser levadas em consideração quando se quer
sanar os questionamentos de experimentos e tentativas fracassadas.
As formas de transplantes citados anteriormente, só poderão ser realizadas em casos
nos quais os pacientes encontrem-se acometidos de graves doenças, que por ventura, lhes
tenham causado mal funcionamento de algum órgão ou que possuam a necessidade de
comutação de tecido, não existindo nenhuma outra forma apta para a resolução da situação
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(DINIZ, 2014). Vale ressaltar que não importando qual tipo de transplante seja realizado, ele
pode ser inter vivos ou post mortem.
É sabido que o transplante de órgãos pode acontecer de duas formas, ou seja, ele pode
advir de vivos ou de mortos, a saber, é dito inter vivos o transplante em que o órgão ou tecido
é doado por uma pessoa viva de maneira altruísta, na qual o doador ou possui ou um órgão
duplo, ou a retirada não prejudicará a função vital do mesmo, conforme autorizado pelo
Código Civil Brasileiro (2002) em artigo 13, parágrafo único e pelo artigo 9° da Lei n°
9.434/97. O transplante também pode ocorrer post mortem, só que o diferencial deste, é que
só pode ser realizado quando o doador tiver falecido por morte encefálica, além do mais,
necessita de autorização do cônjuge ou parente mais próximo, conforme consta o artigo 4° da
Lei nº 9.434/97.
Neste sentido, é válido explicar que o transplante de órgãos pode ocorrer tanto de
forma gratuita, quanto onerosamente. Quando o transplante é realizado de forma gratuita, ele
está totalmente regulamentado pelo Ministério da Saúde, logo precisa ser enquadrado no rol
de possibilidades, dentro de instituições medicinais legais. Já quando para realizar o
transplante tiver que pagar, este é realizado clandestinamente por intermédio do tráfico de
órgãos.
Tendo ciência dos tipos de transplantes possíveis e de como eles são realizados, é
importante ressaltar que o ser humano não pode dispor de seu corpo a seu bel prazer, neste
caso em quase toda parte do mundo, a comercialização dos órgãos é vedada, principalmente
no Brasil. Esta situação é esquematizada pelos direitos humanos da seguinte forma, “a
disposição do corpo mediante pagamento fere a dignidade da pessoa humana, princípio
fundamental de todo ser humano e constante na Constituição Federal Brasileira de 1998 como
um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito” (BERLINGUER; GARRAFA, 2001,
s/p).
da capacidade física ou não atentar contra a dignidade da pessoa humana. Esta situação é
perfeitamente explicada pelo Código Civil em seus artigos 13 e 14 (BRASIL, 2002).
Conforme disposto acima, a doação inter vivos é vedada quando de alguma forma
acarreta diminuição da capacidade física daquele que expresse o desejo de doar, esta doação
também será vetada quando atentar contra os bons costumes. Os artigos ainda determinam
que ninguém pode ser submetido ou sofrer coação à realização de procedimentos cirúrgicos
que sua execução oferte risco à vida do doador (CATÃO, 2004).
A lei que regulamenta a doação de órgãos, expressa em 1997, consagra em seu artigo
nono todas as circunstâncias que autorizam a doação inter vivos, ou seja, no decorrer do
capítulo, resta claro que a doação feita por uma pessoa em vida só pode ocorrer em alguns
casos, a saber, se o doador tiver órgãos duplos, se a retirada não impeça o funcionamento
normal do organismo nem comprometa suas apitidões vitais. Desta forma, a realização do
procedimento deve conter a autorização do doador por escrito, que pode ser revogada a
qualquer tempo, deve feita mediante testemunhas, especificando qual parte do corpo será
objeto de retirada (BRASIL, 1997).
Dessarte, é importante destacar que fica impedido de doar tecidos, órgãos ou qualquer
outra parte do corpo as gestantes, exceto quando esta doação for destinada a situações que
envolva a medula óssea e este ato não oferecer risco a sáude do embrião. Em conformidade
com a mesma lógica, tem-se que os menores poderão doar desde que ambos os pais ou
responsáveis autorizem tal procedimento (Idem).
Para desenvolver o artigo supracitado, Maria Helena Diniz (2014), demonstra que para
a doação ser realizada, o doador precisa demonstrar uma livre iniciativa consciente dos riscos
e consequência dos procedimentos do transplante, logo a autora dispõe da seguinte maneira:
Toda essa burocracia explicada pela doutrinadora acima, mostra que a lei surge com o
intuito de ofertar repressão a possíveis violações feitas no transplante de órgãos,vez que
haveria uma maior facilidade de coação dos possíveis doadores compatíveis, o que poderia
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colocar sua dignidade bem como sua integridade física em risco para beneficiar outrem
(DINIZ, 2014).
É importante clarificar que caso o doador mude sua vontade, mesmo após já ter
enviado o documento ao Ministério Público, ele poderá extinguir o feito, conforme o
parágrafo quinto do artigo acima mencionado. Outros tipos de impedimentos e autorizações
que enfatizam o que ocorre com grávidas, incapazes e menores, também podem ser vistas no
artigo nono da referida lei.
Embora seja a legislação mais importante sobre o tema, outras legislações também
trazem ao debate este tipo de transplante, como é o caso do Decreto nº 9.175/2017, que
destaca em seu artigo 29 a mesma situação de transplante inter vivos prevista anteriormente,
especificando quem é portador de algum tipo de deficiência. Este artigo também destaca a
importância do doador ter ciência de todos os riscos que o ato pode ocasionar a sua
integridade (BRASIL, 2017).
Ao articular o decreto com a lei é possível identificar alguns pontos em comum, a
saber, merece destaque o fato de não poder ser objeto de transplante órgãos ou tecidos vitais,
da mesma forma perante a legislação brasileira só é possível ter doação solidária e com o
pleno consentimento do doador (DINIZ, 2014).
Conforme entendimento de Catão (2004), o governo brasileiro demonstra com as
instituições legislativas o grande apreço com a pessoa humana, por isso impõe tantas
obrigações e limitações a esta doação de órgãos. Com isso, é visto que este transplante só é
mais comumente visualizado quando não há doador falecido que seja compatível com o
receptor.
Após realizar uma análise sobre o transplante entre vivos, convém trazer ao debate um
dos tipos de transplantação mais comum, que é a retirada dos órgãos ou tecidos post mortem ,
neste tipo é necessário que seja comprovado que o doador teve morte encefálica, conforme
todos os procedimentos já estabelecidos no Conselho Federal de Medicina (CFM, 1997).
Antes de realizar um aprofundamento sobre o transplante, é importante entender o que
é tido como morte encefálica, sobre o assunto, o neurocirurgião do Hospital das Clínicas da
UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) conceitua da seguinte forma:
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Logo, é de suma importância ter uma precisão médica quanto a morte do doador, pois
caso não haja cautela nessa determinação ao invés de morte encefálica, pode se ter um caso de
homicídio. Há também uma reflexão que esta morte permite aos médicos manter os órgãos
oxigenados por meio da manutenção homeostática, o que permite que a circulação sanguínea
traga funcionalidade aos órgãos até ser realizado o procedimento de doação. Caso o
organismo tenha parada total, fica impossibilitado a realização do transplante.
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classe alta porque não querem submeter seus entes familiares a fila de espera do processo de
transplantação (ALENCAR, 2007).
Data-se de 1931, a primeira venda de órgãos humanos, esta foi realizada na Itália na
qual o indivíduo doou sua glândula genital para ser transplantada (SANTOS, 2000). Hoje em
dia são utilizados meios mais modernos de comunicação o que permite a facilidade da
movimentação financeira e das conexões entre os grupos de países.
Para que esse tipo de crime não provoque danos irreparáveis, é necessário que sejam
criados mecanismos de prevenção eficientes, como também, é importante separar os tráficos,
vez que o tráfico de pessoas é diferente de tráfico internacional de órgãos humanos, e este
último, no Brasil, pode ser visto nos turismos de transplante e na doação recompensada.
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Art. 5° - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a
inviolabilidade do direito a vida, a liberdade, a igualdade, a segurança e a
propriedade, nos termos seguintes: [...] (BRASIL, 1988).
Nesse diapasão, conforme Silva (2013), a vida “constitui fonte primaria de todos os
outros bens jurídicos”, ou seja, “de nada adiantaria a Constituição assegurar outros direitos
fundamentais, como a igualdade, a intimidade, a liberdade, o bem-estar, se não exigisse a vida
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humana num desses direitos” (SILVA, 2013, p. 200). Assim, entendendo essa inviolabilidade
do direito à vida como um direito fundamental, é importante ter ciência que a este direito se
incorpora o direito à saúde e à existência, que consistiria “no direito de estar vivo, de lutar, de
defender a própria vida, de permanecer vivo. É direito de não ter interrompido o processo
vital senão pela morte espontânea e inevitável” (SILVA, 2013, p. 200).
Logo, se o direito a vida é inviolável ao cidadão brasileiro, este cidadão possui o
direito reconhecido pelo ordenamento jurídico pátrio de lutar pela garantia de sua vida,
consequentemente de sua existência. Para Berlinguer (2004) esta liberdade se vista de maneira
ampla pode acarretar o estímulo do tráfico de órgãos:
Diante disso, a livre escolha não pode se confundir com liberdade, sobre isso Vieira
(2017) complementa:
Nesse diapasão, o que o tráfico humano mostra é que essa comercialização do corpo
humano é um atentado a dignidade da pessoa humana, pois ao delimitar intenções, percebe-se
que não se pode trocar parte do corpo por dinheiro para que o vendedor possa sobreviver.
Sobre o assunto o voto do Ministro relator Eros Grau na ADPF nº 153, elucida:
As coisas têm preço, as pessoas têm dignidade. A dignidade não tem preço,
vale para todos quantos participam do humano. Estamos, todavia, em perigo
quando alguém se arroga o direito de tomar o que pertence a dignidade da
pessoa humana como seu valor (valor de quem se arrogue a tanto). É que,
então, o valor do humano assume a forma na substância e medida de quem o
afirme e o pretende impor na qualidade e quantidade em que o mensure.
Então o valor da dignidade da pessoa humana já não será mais valor do
humano, de todos quantos pertencem a humanidade, porém de quem o
proclame conforme o seu critério particular. Estamos então em perigo,
submisso a tirania dos valores (BRASIL, 2010, p. 28).
No ano de 1963, foi criada a primeira lei alusiva à retirada órgãos e tecidos do corpo
humano, a Lei n° 4.280, esta lei se entrevia sobre a extração de partes do corpo de pessoas
falecidas, sem a regulamentação de transplantes inter vivos.
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Conforme trazido em 1963, a especificidade desta lei era mais voltada para o
transplante de córnea, vez que este possuía a necessidade do consentimento do cônjuge ou
parentes até segundo grau do ente falecido, ou até mesmo poderia ser realizada se existisse
uma declaração do próprio falecido, demonstrando seu interesse em ser doador de córnea
(COLTRI, 2015).
Em 1968, a Lei n° 4.820/63 foi revogada pela Lei 5.479, a mais atual lei incluiu a
regulamentação do transplante inter vivos, mas não deixou de tratar do transplante post
mortem (CATÃO, 2004). A legislação ora mencionada, em 1968 já antevia algo que nas leis
mais atuais também traz, pois em seu artigo 1º, já torna clara a obrigatoriedade da gratuidade
para a doação de órgãos e tecidos post mortem. Da mesma forma em seu artigo 10, a lei
informava que a doação inter vivos deveria ser realizada para fins humanitários ou
altruísticos, mesmo assim a lei traz a seguinte especificidade:
Embora já se tenha exposto que se havia a necessidade da criação de uma lei completa,
esta ainda sofreu diversos moldes até se firmar na legislação atual. Diante do exposto, em
1992 foi publicada a Lei 8.489, na qual determinava em seu artigo 1° vedação total da
comercialização de qualquer parte do corpo humano, pois qualquer disposição em vida ou
após a morte deveria ser gratuita (COLTRI, 2015) “art. 1° A disposição gratuita de uma ou
várias partes do corpo post mortem para fins terapêuticos e científicos é permitida na forma
desta lei” (BRASIL, 1992).
Algo que mais na frente iria ser modificado é que a lei trouxe mudanças quanto a
autorização da retirada de órgãos post mortem, vez que por meio desta não se precisava mais
pedir autorização prévia para isso. Logo, se o falecido não tivesse deixado uma autorização
particular ou pública, ou se os familiares não se manifestassem contra, os médicos poderiam
seguir com a retirada dos órgãos conforme elucidado no artigo abaixo:
Entretanto, essa doação presumida gerou diversos debates jurídicos, pois quando não
se tem um controle de autorizações, pode-se abrir espaço para o mercado clandestino de
órgãos (CATÃO, 2004). Nesse diapasão, em 1993, foi publicado no Diário Oficial o Decreto
nº 879 que alterou o artigo 3º, II da lei de 1992. Por meio deste decreto volta-se a necessidade
de ter uma declaração dos familiares autorizando a retirada dos órgãos, ou seja, através deste
decreto as equipes médicas deveriam consultar os familiares antes de realizar qualquer
procedimento (CATÃO 2004).
Seguindo a linha legislativa do transplante de órgãos, em 1997, encerra-se as
legislações sobre o tema, vez que foi publicada a lei mais atual, a Lei nº 9.434. Esta lei foi
regulamentada pelo Decreto nº 2.268/97 e sofreu alterações com a Lei nº 10.211 de 2001
(CATÃO, 2004).
A atual lei retoma todas as disposições trazidas anteriormente sobre a doação de
órgãos inter vivos e post mortem, bem como continua a trazer a necessidade da doação ser
feita a título gratuito, proibindo com isso qualquer tipo de comercialização (COLTRI, 2015).
Embora a lei tenha revivido diversas normatizações anteriores, ela inova em com relação a
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proibição da retirada de órgãos de corpos sem identificação, conforme visto no artigo 6º “Art.
6º É vedada a remoção post mortem de tecidos, órgãos ou partes do corpo de pessoas não
identificadas” (BRASIL, 1997).
Há também inovações quanto a formalização da doação, vez que precisa ter um
instrumento escrito na presença de duas testemunhas conforme o artigo 9º, §4. Ao
desenvolver o entendimento da lei, observa-se que há a exigência quanto a determinação da
morte encefálica conforme comprovações técnicas ditas pelo Conselho Federal de Medicina.
Sá (2003) explica que esta lei apresenta-se dúbia, pois ao mesmo tempo em que traz
diversas inovações, ativa alguns entraves na doação, vez que até médicos ficam inibidos a
comprovar a morte encefálica. Quando há a falta de declaração ou negação por parte da
família do de cujus, os médicos são obrigados a informar às centrais de transplantes sobre a
captação de órgãos.
Além de todas as inovações que a lei trouxe, ela representou uma novidade no tocante
às punições, pois foi uma das primeiras que desenvolveu uma sanção penal para aqueles que
não seguissem o que estava posto na legislação. Nesse sentido, o artigo 15 da referida lei traz
uma punição tanto para quem compra quanto para quem vende órgãos, tecidos ou qualquer
outra parte do corpo humano, vez que burla a gratuidade da doação prevista no artigo
primeiro da mesma lei, ou seja, se não tiver gratuidade, altruísmo ou humanidade o corpo
humano é indisponível (BUONICORE, 2011).
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[...] o sujeito ativo da ação poderia ser qualquer pessoa. Desde pessoas
físicas a funcionários públicos, médicos, enfermeiros, familiares, enfim,
qualquer pessoa. O sujeito passivo neste caso poderia ser dois. Se tratarmos
do trafico de órgãos intervivos será a própria pessoa que teve seu órgão
retirado, porém se tratar do tráfico de órgão post mortem, será a família do
morto (BUONICORE, 2011, p. 20).
Como esta legislação foi a primeira que trouxe uma sanção para o tráfico de drogas,
precisaria que houvesse a previsão de crime dentro no Código Penal Brasileiro, logo em 2016
a Lei n° 13.344 foi publicada incluindo o artigo 149-A, expandindo a abrangência do artigo
para incluir outras modalidades do tráfico de pessoas (BRASIL, 2013). Esta lei foi fruto da
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o tráfico de pessoas que aconteceu durante o
ano de 2011 e 2012 (Idem).
Como nenhuma outra lei traz penalidades para o tráfico de órgãos, esta é a que vigora
e surte efeitos, lembrando que a punição é tanto para quem compra quanto para quem vende
punido, com isso, todos os envolvidos no transplante ilegal. Observando esta lei é necessário
destacar que o tráfego de órgãos é permitido vez que alguém pode conseguir doador em outra
cidade, outro estado e até mesmo em outro país a depender da gravidade da situação, o que
não se pode ter é o tráfico, pois neste há um transporte que envolve lucratividade.
30
Quando se analisa os ramos do direito, é notável que o transplante de órgãos pode ser
perfeitamente atrelado as teorias efetivadas pela bioética e pelo biodireito, no entanto, “é
necessário refletir sobre o valor da vida humana, ao se reconhecer que nem tudo que é
possível de ser realizado pela ciência pode ser aceito pela ética” (GOMES, 2007), vez que
estas teorias executam práticas que corroboram para a efetivação de uma doação segura,
mantendo a saúde tanto do doador quanto do receptor.
Para efetivar esta doação segura além de proteger a integridade, esses ramos dos
direitos defendem a proteção constitucional dos envolvidos, principalmente no tocante aos
direitos de personalidade, vez que estes são absolutos, gerais, extrapatrimoniais,
intransmissíveis, indisponíveis, irrenunciáveis, imprescritíveis, inexpropriado e ilimitados
logo, “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas”
(BRASIL, 1988).
Desta forma, o Código Civil (2002) consagra como direito de personalidade o direito a
integridade física e moral, “o direito à integridade física é direito inato, reconhecido pelo
sistema jurídico, que confere ao sujeito a faculdade de conservar-se íntegro e perfeito,
desenvolvendo normalmente sem qualquer restrição” (RODRIGUES, 2002), portanto, deve
ser protegido.
Resguardando o direito a personalidade, vez que estes “estão, inexoravelmente unidos
ao desenvolvimento da pessoa humana, caracterizando-se como garantia para a preservação
de sua dignidade” (FARIAS; ROSENVALD, 2012, p. 174), outros direitos fundamentais
necessitam ser protegidos para além do ato em si, dito de outra forma, o presente trabalho se
preocupou até o exato momento em delinear uma série de direitos em jogo entre doador e
receptor no momento da transplantação, entre eles figuram-se o direito á vida, a saúde, a
igualdade, a liberdade. Contudo, é importante ter noção de que os direitos atuais que
envolvem o transplante são para além do ato em si, englobando, também toda a dinâmica que
o envolve.
Destrinchando este debate tem-se que para que uma pessoa receba o órgão ela
necessita esperar numa fila de transplantes a fim de ser contemplada, qualquer situação que
rompa com isto pode se enquadrar numa violação aos direitos, e é esta violação que constitui
o principal foco de pesquisa deste trabalho, pois se a fila de transplante é grande e muitas
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pessoas, para ter acesso rápido ao órgão/tecido, a burlam, como se pode ter a garantia de
direitos?
Com o advento da modernidade e toda a tecnologia surgida com ela, é nítido que o
ambiente virtual pode ser uma via de mão dupla, pois ao mesmo tempo em que auxilia e
consagra outras espécies de direitos fundamentais, pode ser prejudicial quando se nota a
influência da dark web nas transplantações. Destarte é importante entender que a prática da
venda de órgãos além de ser ilegal representa uma afronta aos direitos de todos os envolvidos,
pois burla a fila de espera e não oferta ao vendedor o auxílio de saúde necessário para a
retirada do órgão/tecido a ser vendido. Neste diapasão é importante destrinchar toda essa
dinâmica a fim de mapear soluções plausíveis para o fim do tráfico de órgãos.
Antes de se aprofundar sobre o tema deste tópico é necessário entender o que são
direitos humanos e como estes se diferenciam dos demais direitos inerentes a um indivíduo.
De inicio é importante entender que os direitos fundamentais são aqueles nacionalizados, ou
seja, estão atrelados ao ordenamento jurídico específico do local em que eles circulam; já os
direitos humanos, estes têm abrangência universal, logo são regidos por intermédio de leis
internacionais.
época a qual ele se encontra, a sua aplicabilidade pode ser alterada. Alguns constitucionalistas
encaram que com a evolução social é possível identificar alguns direitos humanos ligados a
tecnologia, sendo assim, deveriam figurar na quinta geração “advindos com a chamada
realidade virtual, que compreendem o grande desenvolvimento da cibernética na atualidade,
implicando o rompimento de fronteiras, estabelecendo conflitos entre países com realidades
distintas, via Internet” (OLIVEIRA JÚNIOR, 2000, p.86).
Desta forma, quando se presta a estudar na atualidade os direitos fundamentais no
caso do transplante de órgãos tem-se em primeiro lugar o direito à saúde, seguido do direito
à vida e a igualdade, portanto, em seu conjunto, tem-se que pelas legislações atuais
brasileiras, o Estado, bem como a sociedade, tem o dever de ofertar dignidade a pessoa
enferma quando esta precisa de intervenção cirúrgica baseada em transplantes.
Contudo nem sempre esta proteção é feita de forma efetiva, vez que há um crescente
número de necessitados em contraste com estáveis números de doadores, ou seja, as pessoas
estão ficando mais doentes do que a quantidade de órgãos que chega para transplante. Esta
situação apresenta ao cidadão duas alternativas, ou continuam na fila de espera ou utilizam
de meios alternativos para a obtenção do órgão.
Ao se deparar com a possibilidade de utilização dos meios alternativos, é nítido que a
facilidade de acesso ao mercado negro tem sido estimulada desde que a internet tem se
propagado em dimensões gigantescas. Sobre este tema, o governo brasileiro encara uma via
de mão dupla, de um lado fiscalizar o acesso a dark web como forma de coibir o crescimento
do tráfico de órgãos e por outro lado fornecer acesso igualitário a internet a fim de
possibilitar o livre exercício da liberdade de expressão dentro do meio virtual (BRASIL,
2004).
“[...] A HumanRightsCouncil – ResolutiononHumanRightsonthe Internet trouxe
uma concepção de que os mesmos direitos que são protegidos sem o uso da
Internet, ou seja, “off-line” devem ser estendidos no ambiente digital “on-line”,
principalmente, a liberdade de expressão. Na verdade, verifica-se uma ampliação
do art. 19 de Declaração Universal dos Direitos Humanos adaptando-a para sua
abrangência na rede mundial de computadores (BRANT, 2014, p. 56).
Resta claro que estas novas tecnologias são inseridas dentro da globalização em um
jogo de poder exercido por uma sociedade dominante "não há como negar que as relações
sociais e institucionais estão atravessadas por valores culturais diferenciadores que se
traduzem em um jogo de poder e dominação" (Idem). Esta inclusão de novos direitos
advindos das inovações tecnológicas dentro do rol dos direitos fundamentais é possível vez
que a Constituição Federal traz em seu artigo quinto meramente um rol exemplificativo de
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direitos, não impedindo com isso, a formação de outros direitos advindos da modernização
social.
Neste sentido, pode-se afirmar que a liberdade de expressão habilita o exercício dos
direitos humanos dentro da modernidade, contudo também abre espaço para uma regulação
posterior destes nos meios digitais, vez que esta exerce um controle sob os conteúdos a fim de
inibir a reprodução de discursos de ódio ou criminosos. Esta situação pode ser bem mais
enfatizada se em pauta for colocado o Web 2.0, pois neste a liberdade de expressão não se
harmoniza com os tratamentos internacionais sobre a questão (GOULART, 2012).
Para sanar a desarmonização promovida pela web 2.0, no Brasil foi instituído o Marco
Civil da Internet, neste há uma preocupação em enfatizar o acesso a internet como um direito
fundamental, e trazer princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da internet em solo
brasileiro (BRASIL, 2014). É importante entender que mesmo não advindo da proteção
constitucional, o Marco Civil da internet se preocupa em articular este uso da internet com a
proteção dos direitos humanos (BRASIL, 2014, art. 2º), oferecendo respostas à sociedade
quanto a tutela dos direitos que podem ser relacionados às novas tecnologias da informação.
Logo, traz consigo o conceito de cidadania digital:
Este marco civil da internet traz ao debate sobre garantia dos direitos aos envolvidos
nos transplantes de órgãos a ideia de que o estado precisa ser um Estado Democrático de
Direito que busca uma sociedade mais igualitária garantindo a todos os envolvidos os
direitos humanos e fundamentais. Não resta dúvida que este é um debate amplo, pois o
marco civil da internet propõe ofertar a todos acesso a rede de internet como forma de
garantir uma vivência igualitária tanto para aqueles que podem pagar pelo uso quanto aos
que não podem, ou seja, não se propõe a analisar o tema em cima do qual este trabalho foi
desenvolvido, contudo, como ele é um tema atual, mais na frente será explicado que quanto
mais facilidade tem no acesso a internet mais conteúdos da dark web podem ser acessados.
Desta forma, trazer aqui o marco civil da internet foi um caminho utilizado para
demonstrar que mesmo o Estado se preocupando com a garantia dos direitos fundamentais
presentes na Constituição Federal, existe na atualidade um mundo totalmente novo que
contempla uma variedade de formas e de novos direitos que impedem todo um restringir aos
34
meios digitais que seria uma alternativa viável ao tráfico. Logo, tendo ciência da
modernidade atual e dos direitos individuais protegidos pelo marco civil da internet, se
preocupa em como lidar com o tráfico de forma a não privar os sujeitos de seus direitos.
Neste diapasão, dentro do cerne do tráfico de órgãos, bem como da transplantação
legal destes, observa-se que existem diversos sujeitos atuando, entre eles o doador (que a
depender do caso torna-se vendendor), o receptor, a equipe que fará o transplante e a equipe
que comercializam tais bens, logo dentre todos estes, há direitos fundamentais em jogo,
porque quando se pesa o direito de um acaba inibindo o direito do outro. Se os direitos
humanos são universais, eles devem contemplar a dinâmica legislativa de cada país, ou seja,
se em todos os países do mundo a lista de espera é uma realidade presente, necessita acima
de tudo promover a proteção dos direitos daqueles que ali esperam.
Seguir como alternativa o tráfico de órgãos representa uma quebra na garantia dos
direitos fundamentais, pois fere o direito a vida e a saúde de quem espera, na mesma
proporção que retira a dignidade dos dois envolvidos no tráfico, pois acabam realizando as
cirurgias sem todo o apoio de equipamentos necessários. Por isso é de comum entendimento,
a nível internacional, a promoção de ações conjuntas que tentem inibir o avanço do tráfico,
ou seja, a nível mundial, os países estão se preocupando em proteger a dignidade humana
feriada quando há práticas de tráfico internacional de órgãos.
procedimento que este precisa arcar, vez que os cuidados médicos pós-operatórios não fazem
parte do pacote de venda.
Desta forma, faz-se necessário reforçar políticas públicas e internacionais no intuito de
prevenir violações ao corpo humano, punir os criminosos e proteger as vítimas desse
mercado. Conforme pontuado pela ONU, este tráfico de órgãos figura em segundo lugar entre
as criminalidades mais lucrativas do mundo, vez que é crescente o “turismo de
transplantação” (LUSA, 2018). Este turismo leva os doentes ricos até países onde a
fiscalização é precária, como por exemplo, Paquistão, China e a Índia e lá realizam o
procedimento cirúrgico (Idem).
Para coibir essa prática, proteger as vítimas e responsabilizar penalmente os
responsáveis é necessário ser instituído um tratado internacional que vise proteger as
fronteiras e estimular dentro de cada população o desejo de doar, seja esta post mortem ou em
vida. Com base neste intuito pode-se desenhar algumas legislações internacionais, a saber, o
Protocolo de Palermo, que visa inibir o tráfico de pessoas porém sem mencionar
especificamente o tráfico para remoção de órgãos e a Declaração de Istambul, esta tem como
base primordial de sua preocupação o tráfico de órgãos.
O Protocolo de Palermo, internalizado pelo governo brasileiro em 2004 (Decreto nº
5.017/2004), consiste em um documento dividido em duas partes principais a primeira é
relativa a proteção destinada as vítimas, já a segunda parte, trata da prevenção e cooperação
entre os países no intuito de coibir novas práticas e combater o crime organizado.
Observa-se com isso, que esta declaração tem se tornado um importante instrumento a
nível internacional, pois prevê medidas a serem adotadas internamente em cada país para que
a doação de órgão seja intensivada, a ideia desse estímulo reside no fato de quanto mais
órgãos forem disponíveis para a lista de espera, mais ocorrerá a diminuição dos indivíduos
que procuram o mercado clandestino. Um desses estímulos é a elaboração de campanhas
nacionais que promovam a doação de órgãos junto às famílias que possuem parentes
falecidos, pois este incentivo promoverá o aumento do número de órgãos disponíveis no
sistema de doações o que consequentemente diminuirá as filas de esperas e a curto prazo terá
uma equivalência entre quem precisa e quem doa.
Continuando o debate acerca da recepção dos órgãos, tem-se que o tráfico de órgãos
pelo mundo é feito em sua grande maioria pela Dark Web ou pela Deep Web, porém, antes de
continuar o debate sobre esse tema, convém entender o que seria estas terminologias, pois
quando entra no mundo tecnológico a World Wide Web, também conhecida como internet, é
apenas a introdução de toda uma problemática.
Conhecida pela metáfora do iceberg, a Surface Web (internet) é apenas a parte de
cima, visível, desta rocha, a parte inferior à água seria a deep web e internamente se situaria a
dark web. Na Deep Web, pode-se encontrar todos aqueles sites não comumente visto no
acesso normal, ou seja, aqueles endereços que não aparecem nos mecanismos usuais de busca
devido a segurança e privacidade que os mesmo requerem. Esta Deep web é composta por
dados acadêmicos, médicos, financeiros, de segurança nacional entre outros que necessitem
de senhas e credenciais para se ter acesso (HIGA, site).
Quando o acesso a algum site requer login, o usuário possui duas alternativas, a
primeira seria utilizar o navegador comum de sua internet, contudo fornecerá bases para ser
rastreado, ou usar uma rede de proteção, como por exemplo, o Tor, que seria um software
livre e de código aberto. O Tor além de fornecer uma navegação mais segura, permite acessar
sites arquivados na deep web (HIGA, site).
Já quando se fala de dark web, entende-se que esta é uma parcela no interior da Deep
Web composta de sites que são voltados para as práticas criminosas. Estes endereços são
compostos por strings codificados que só permite o acesso de pessoas autorizadas, logo para
ter acesso a este segmento da web, necessita-se ter uma ferramenta de busca com
37
criptografagem alta. Desta forma, na gama de possibilidades da dark web tem-se diversos
fóruns de discussão sobre temas altamente polêmicos na sociedade atual, além de sites de
mercado negro, sendo o Silk Road o mercado mais conhecido deste ambiente (HIGA, site).
Por meio de tutoriais presentes em vários sites da internet pode se observar a
facilidade de contato com esses ambientes, desta forma além de ter acesso a informações
confidenciais há sempre um chamado da força obscura ali presente o que a depender de quem
acessa pode ser um convite criptografado para o usuário expor seus sentimentos reprimidos.
Se colocado em pauta à questão do tráfico, com a facilidade explicativa de utilização destes
sites, pessoas que passam necessidade e necessitam de dinheiro fácil chegam ao ponto
máximo da rede sem muitos esforços (HIGA, site).
Sites comuns como Tecnoblog, Techtudo, além de descrever como se tem acesso a
esses ambientes por meio de um passo a passo, também expõe meios de fluir nestes ambientes
de forma anônima.
1. Baixe o Tor Browser - O primeiro passo é baixar o Tor, que possui versões
para Windows, Mac e Linux. O Tor pode ser baixado também pela página inicial do
browser (https://www.torproject.org/download/). Após a instalação, se você não
estiver em um rede censurada ou filtrada, basta clicar no botão “Connect”e o
navegador será aberto imediatamente.
2. Por onde começar na deep web- Como você está conectado ao Tor, pode navegar
em qualquer site pelo Tor Browser como anônimo. Isso porque, em vez de acessar
diretamente o servidor do site de destino, seu computador se conectará a uma
máquina do Tor, que se conectará a outra máquina, que se conectará a outra máquina
e assim por diante, como em um túnel. O site de destino, portanto, receberá não o
seu endereço IP, mas o IP de outro nó da rede.
Como nesses ambientes não há uma ferramenta de busca tão eficiente como o
Google é necessário entrar em sites alternativos o mais famoso é a Hidden Wiki que
pode ser acessado pelo seguinte link http://zqktlwi4fecvo6ri.onion
/wiki/index.php/Main_Page.Nessa página, você encontrará uma série de links que o
levarão para blogs, sites, fóruns de discussão e outras páginas da deep web.
3. Recomendações de segurança na deep web - É necessário tomar algumas
precauções de segurança na deep web. Como a rede que você está acessando não é
censurada, ela também está cheia de conteúdos ilícitos, que não poderiam estar
facilmente disponíveis na internet. Isso inclui pornografia infantil, encomendas de
assassinatos e venda de drogas não legalizadas (HIGA, site).
É importante destacar que apesar do passo a passo ser de fácil acesso, há sempre
malwares e brechas que são introduzidas na navegação; logo o governo tem sempre que
exercer uma vigilância redobrada para que um simples usuário não utilize esta ferramenta de
forma ilícita. Desta forma, é nítido que os usuários desta rede têm representado um crescente
público para o mercado negro, o que se torna um dado preocupante, pois quando se trata de
tráfico de órgãos, sabe-se que este não pode ser realizado de qualquer forma, pois "É um
38
procedimento complexo, que dificilmente poderia dar certo fora de um centro cirúrgico com
uma equipe treinada de médicos e enfermeiros" (GARCIA, s/d apud SALVADORI, site).
A preocupação com o crescente uso da deep web alerta para a necessidade de se
formular medidas alternativas a este uso por usuários normais, pois há sempre um incentivo
ao mercado negro e com este a depender do estado psicológico do indivíduo, vem uma falsa
crença da obtenção de dinheiro falso. Infelizmente o que não é mostrado são as consequências
da venda do órgão, pois a busca por satisfação de necessidades financeiras podem promover o
surgimento de problemas de saúde em quem está vendendo, devido a clandestinidade das
formas de retirada do órgão, por isso se torna tão importante a atuação conjunta do Estado
com a sociedade a fim de efetivas as ações previstas na Declaração de Istambul (2008).
Esta declaração, portanto, tem como principal objetivo diminuir as filas de espera na
mesma proporção que garante ao enfermo um tratamento adequado enquanto aguarda nesta
fila (GUEDES, 2015). Logo, para enfrentar a espera nesta fila crescente é importante que os
países implementem políticas públicas que incentivem a doação e consequentemente aumente
o número de órgãos disponíveis.
A falta de órgãos para transplante tem se tornado um problema social, todavia,
aproveitar-se desta situação de fragilidade e objetificar o corpo a fim de comercializá-lo na
obtenção de lucros, não aparece como solução plausível (SANDEL, 2015). Desta forma, nota-
se que a prática do tráfico de partes do corpo humano fere os direitos fundamentais, os
direitos humanos e os direitos de cidadania, ou seja, fere a dignidade da pessoa humana ao se
tornar uma circunstância amoral, pois
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o homem não é uma coisa; não é, portanto, um objeto passível de ser utilizado como
simples meio, mas, pelo contrário, deve ser considerado sempre em todas as suas
ações como fim em si mesmo. Não posso, pois, dispor do homem em minha pessoa
para o mutilar, degradar ou matar (KANT, 2004, p. 60).
Assim como a transplantação de órgãos, o tráfico também conta com toda a cadeia
formativa, contudo além desta é necessário que o traficante conquiste a confiança do
comprador e do vendedor para que eles forneçam o consentimento na adesão e na retirada dos
órgãos (ROSA, 2012). A primeira ruptura com a dignidade nestes casos ocorre quando há a
coisificação da parte do corpo humano, ou seja, quando se coloca um preço em algo
indisponível (TORRES, 2007).
Neste sentido, é dever do Estado combater o tráfico de órgãos, bem como todas as
práticas criminosas que violem a liberdade o indivíduo e em conformidade, a sua dignidade.
Desta forma para que este combate seja visto como mais efetividade é necessário promover
palestras educativas que por meio das tecnologias existente leve aos ambientes educativos
projetos que visem promover a cidadania na medida em que orienta os indivíduos para os
malefícios aos direitos de quem vende seu órgão.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta não observação aos critérios oficiais acaba por gerar um outro problema, pois
quem vende um órgão próprio a este mercado, o faz por necessitar de ajuda financeira, ou
seja, estas práticas acontecem entre pessoas que necessitam de dinheiro fácil e são levadas
pela falsa promessa de um montante de dinheiro por apenas um corte. Contudo, se a venda
fosse realmente apenas um corte, o governo estaria despreocupado com os vendedores e mais
focados nos traficantes, mas quem vende seu órgão não o faz em condições de saúde que tal
transplantação necessita, pois quem compra só se preocupa com a retirada, o pós-cirurgia é
algo que não é mostrado nas chamadas da compra. Infelizmente não são poucos os
vendedores que adquirem complicações pós-cirúrgicas e aparecem na lista de espera por um
transplante porque a cirurgia mal feita acabou destruindo a função desempenhada pelo órgão
vendido.
Com o aumento da globalização, o número de usuários da tecnologia cresce cada vez
mais o que se torna uma via de mão dupla, pois da mesma forma que o avanço tecnológico
representa algo positivo para a evolução social, este permite o usuário acesso aos mais
diversificados conteúdos, e no interior desta cadeia tecnológica o principal motor torna-se a
internet.
A internet utilizada pela maioria dos brasileiros seria apenas o lado superficial de uma
força motora atuante na sociedade pós-globalizada, pois em seu interior ela conta com os mais
diversos conteúdos e para acessá-los só é preciso fazer o download de browser específico. Por
meio do Tor, browser mais conhecido da Deep Web, é possível navegar sem o ratreamento
feito pela internet aberta e também entrar em contato com diversos plugs da Dark web, estes
surgem como anúncios comumentes vistos em siste abertos, a exemplo o YouTube. A dark
web é uma camada da internet propícia para o cometimento de crimes, embora
constantemente vigiada pelo governo, permite ao usuário vender e comprar drogas, vídeos
pornôs contendo práticas não apreciadas pela sociedade, órgãos entre outros tipos de crimes
cibernéticos.
Por meio desta pesquisa, pode se constatar que este tráfico de órgãos viola sim os
direitos humanos daqueles que esperam na fila por uma transplantação, e esta espera que em
vários casos torna-se fatal denegride a dignidade humana daqueles que precisam de órgãos,
mas não possuem recursos financeiros para custeá-lo no mercado negro. A negação da
dignidade humana surge no fato de que quando a pessoa entra na fila de espera por um órgão,
o faz por não ter mais outro tipo de solução cabível a seu caso, logo devido a sua fragilidade
necessita que o Estado torna-se proativo na proteção tanto do direito a saúde desta pesssoas,
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como em relação a proteção do direito a vida, já que sem saúde não se tem como viver uma
vida digna.
Destarte, como ao governo deve ser imputado a observância dos direitos fundamentais
e a garantia destes por meios dos princípios constitucionais, é nítido que burlar a fila de espera
comprando órgãos e tecidos no mercado negro não respeita a igualdade nem a isonomia, por
isso que esta prática é tão policiada pelo governo. Neste sentido, oferta-se como sugestões de
ações a serem tomadas pelo governo em consonância com os Tratados internacionais, a
exemplo a Declaração de Istambul, a instituição de políticas públicas em prol de programas
educativos que informem a sociedade o caminho percorrido pelo órgão do doador até o
receptor de maneira transparente a fim de estimular o surgimento de mais doadores. Estes
programas educativos devem ser vinculados não só em comerciais televisionados, mas
também dentro das escolas e na internet por meio de anúncios e propagandas.
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Declaro, para os devidos fins, que o presente trabalho de conclusão de curso, em fase de defesa,
apresentada ao CURSO DE DIREITO – UNINASSAU, é de minha autoria e que estou ciente: dos
Artigos 184, 297 a 299 do Código Penal, Decreto-Lei nº 2.848 de 7 de dezembro de 1940; da Lei nº
9.610, de 19 de fevereiro de 1998, sobre os Direitos Autorais, e que “plágio consiste na reprodução de
obra alheia e - ou submissão da mesma como trabalho próprio, bem como na inclusão, em trabalho
próprio, de ideias, textos, tabelas ou ilustrações (quadros, figuras, gráficos, fotografias, retratos,
lâminas, desenhos, organogramas, fluxogramas, plantas, mapas e outros) transcritos de obras de
terceiros sem a devida e correta citação da referência”.
Com isso, declaro por este meio acerca da autenticidade, originalidade, inexistência de
qualquer tipo de plágio, bem como e por fim, de isenção de responsabilidade e-ou corresponsabilidade
do meu orientador (a) em face de qualquer eventual existência de hipóteses acima elencadas.
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Observações:
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