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Contemporâneas
Material Teórico
Políticas Sociais e Questões Contemporâneas
Revisão Técnica:
Prof. Me. Priscila Beralda Moreira de Oliveira
a
Revisão Textual:
Prof. Ms. Claudio Brites
Políticas Sociais e Questões
Contemporâneas
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Explicar de que forma o neoliberalismo contribuiu para desestabilizar
o sistema econômico mundial, fragilizando as relações trabalhistas
também no Brasil e aumentando os fatores da exclusão social.
· Identificar de que forma a lógica do Estado Mínimo prejudica o
desenvolvimento de países periféricos como o Brasil.
· Evidenciar como a instabilidade política e econômica afetam o
desenvolvimento e a ampliação das Políticas Sociais no Brasil.
· Elucidar de que forma o modelo de Proteção Social e a Seguridade
Social do Brasil funcionam e quais são as prioridades de suas ações.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE Políticas Sociais e Questões Contemporâneas
Contextualização
Atualmente o Serviço Social desafia a ordem vigente e coloca para sua meta
de ação o trabalho dialético do sujeito, considerando as relações sociais em que
se inserem os trabalhadores. Vai além, define marcos e conceitos que permitem a
meta de uma sociedade que viverá em um sistema que só será possível e imaginável
com o fim da relação capital do trabalho da forma como o conhecemos nos
dias atuais.
Enquanto essa perspectiva parece distante, o Assistente Social deve lutar pela sua
valorização contínua, enquanto sujeito técnico da classe trabalhadora, que, em sua
ação do dia a dia, preserva sua integridade ética e contribui para a conscientização
do sujeito em sua transformação social diante das condições desfavoráveis que esse
mesmo sujeito encontra no momento do atendimento.
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Contexto Global e Nacional
Dentro das perspectivas encontradas e diante da lógica de um sistema excludente
e consumista em que o corporativismo das profissões, num mundo capitalista, é a
ordem imposta no mercado de trabalho e, consequentemente, diante das classes de
trabalhadores representados em seus conselhos, sindicatos e associações, o Serviço
Social tem a sua origem nas damas da caridade e no berço da igreja conservadora
da primeira metade do século XX.
Figura 1
Fonte: iStock/Getty Images
Porém, atualmente o Serviço Social desafia a ordem vigente e coloca como sua
meta de ação o trabalho dialético entre os sujeitos, considerando as relações sociais
em que se inserem os trabalhadores e indo além, definindo marcos e conceitos que
permitam a construção de uma sociedade que viva em um sistema que só é possível
e imaginável com o fim da relação capital/trabalho da forma como conhecemos
nos dias atuais.
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respeito a essas políticas para uma sociedade onde o sujeito defina, em conjunto
com a sua família, com os seus vizinhos, com governos, com os técnicos, a
materialização dos seus anseios.
As prerrogativas atuais são importantes para que no futuro o Serviço Social não
seja mais dependente de políticas assistencialistas ou de emergência, e sim defina
em conjunto com os seus pares, que habitam o território, as melhores medidas e
soluções para fazer valer o direito de realmente poder exercer sua cidadania.
Enquanto essa perspectiva parece distante, o Assistente Social deve lutar pela
sua valorização contínua enquanto sujeito técnico da classe trabalhadora, que em
sua ação do dia a dia preserva sua integridade ética, contribui para a conscientização
do sujeito em sua transformação social diante das condições desfavoráveis que ele
encontra no momento do atendimento.
As condições dadas aos profissionais do Serviço Social devem ser consolidadas para a
sua ação plena e para a preservação da saúde física e mental de seus profissionais, na
perspectiva de uma ação de garantia de conquistas e de direitos desses profissionais.
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são mal remunerados e atuam por mais de 12 horas, alguns em condições sub-
humanas, com instalações precárias e má alimentação. Os seus ganhos são irrisórios
e, na maioria das vezes, esses não ganham para conseguir se libertar de dívidas
estratosféricas criadas pelos seus superiores para eternizar esses trabalhadores em
uma infinita linha de produção.
Isso acontece pelo fato do capitalista, dono dos meios de produção, procurar
obter o máximo do lucro. Se em um sistema direto de produção o dono do capital
pode lucrar o máximo sem precisar ser o dono dos meios de produção, então ele
usa de um instrumento que é a peça mágica principal para o aumento de seus
lucros: a terceirização.
Importante! Importante!
Para uma maior compreensão sobre o neoliberalismo, recomendamos que você assista
ao vídeo sobre o tema do programa Brasilianas.org. O programa discute a crise do sistema
neoliberal com o economista da Universidade Estadual da Paraíba, José Carlos de Assis,
e o físico e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Francisco Antonio Doria.
O link desse vídeo pode ser encontrado no material complementar para atividades de
aprofundamento.
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Gestão e Financiamento
O sistema econômico vigente, baseado na especulação financeira, mostra que
essa forma de economia está desgastada. As provas de que os desgastes nessa
frágil economia baseada na especulação financeira existem são as intermináveis
recessões por todas as regiões do mundo, onde não há perspectivas para um
rápido crescimento.
Se o Governo não paga a quem deve, ele não consegue realizar novos contratos
e, não realizando novos contratos, a administração pública para de governar. Se
não há governo, também não há investimentos em educação, saúde, segurança,
infraestrutura e, tampouco, investimentos na área social.
Essa lógica perversa faz com que as políticas sociais sejam criticadas e combatidas
pela elite burguesa, assim como por setores conservadores da sociedade. Programas
sociais do governo brasileiro, como o programa Bolsa Família, são cada vez mais
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contestados e, diante do agravamento da crise política nacional e seus rumos
indefinidos, tem-se a perspectiva de cortes drásticos no financiamento de programas
de distribuição de renda no país.
Assim, cria-se uma relação muitas vezes promíscua em que, ao longo do tempo,
poder-se-á criar uma dependência do Estado em relação às ações de políticas,
incluída aí a área social.
Importante! Importante!
Para uma maior compreensão sobre o assunto, recomendamos que você assista ao vídeo
da palestra do Professor José Paulo Netto. O vídeo discute a “Formação profissional
na consolidação do projeto ético-político do Serviço Social brasileiro: fundamentos,
resistências e desafios conjunturais”. O link desse filme pode ser encontrado no material
complementar para atividades de aprofundamento.
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Hoje a República brasileira possui um universo de mais de 30 partidos políticos,
com bancadas representativas no congresso nacional dos mais diversos interesses
corporativos, o que se torna contrário muitas vezes aos avanços nas políticas de
inclusão social.
Como presidente, Temer promove uma mudança radical com uma guinada
extrema ao conservadorismo, onde prega como meta o corte dos gastos públicos,
de programas sociais e também dos incentivos às pequenas produções, seja no
setor agropecuário, pesqueiro ou ainda em programas habitacionais. Seu governo,
em sua política recessiva, prega ainda o aumento do tempo de contribuição para a
aposentadoria, bem como a redução de benefícios e direitos da classe trabalhadora.
Visando ainda reduzir sensivelmente a distribuição de renda através de cortes
no Programa Bolsa Família, numa demonstração clara de ruptura entre o novo
governo do PMDB e o antigo governo liderado pelo PT.
Essa ruptura fica clara uma vez que, junto com à reeleição do governo Dilma, foi
reeleito também um projeto social que buscou manter, e em alguns casos ampliar, o
leque de programas sociais, bem como o sistema de proteção social ancorado nas
políticas de consolidação do Sistema Único da Assistência Social (SUAS), tendo
o Ministério do Desenvolvimento Social um efetivo organismo governamental de
implantação desses programas.
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Para além dos programas sociais, a nova realidade também impõe uma nova
subordinação econômica ao tradicional domínio externo do capital privado, onde
o Brasil se realinha aos seus antigos dominadores imperialistas – no casom os
Estados Unidos da América (EUA) e a União Europeia.
Nesse caso, as políticas de aproximação do Brasil com países como China
e Rússia também ficarão fragmentados e, com isso, perdem-se anos de construções
econômicas e vias alternativas de novos negócios brasileiros de exportação
pelo mundo.
Sendo assim, a situação do país, em meio ao momento turbulento de crise
econômica, remete ao desmonte de estruturas essenciais de combate à pobreza e
à miséria. Esse novo movimento pode gerar um retrocesso do Serviço Social, uma
vez que Michel Temer cogitou até que sua esposa possa comandar efetivamente as
políticas da Assistência Social no Brasil. Esse é um fato muito grave, uma vez que
pode significar o retorno do “primeiro-damismo” na esfera federal de governo. Essa
antiquada prática é recorrente ainda em muitos municípios do país e combatida
pelos órgãos de defesa do Serviço Social – como o Conselho Regional de Serviço
Social (CRESS) e o Conselho Federal de Serviço Social (CFESS). No Governo do
Estado de São Paulo, por exemplo, a primeira-dama Lú Alckmin detém o comando
do Fundo Social de Solidariedade, o que remete à prática da filantropia e do
assistencialismo das antigas senhoras conservadoras da caridade dos anos 1930.
Figura 3
Fonte: iStock/Getty Images
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Historicamente, a Assistência Social no Brasil tinha, principalmente em seu
início, ações vinculadas à filantropia realizadas por grupos de mulheres da alta
sociedade que promoviam a caridade como práticas pontuais de ação solidária.
Esse tipo de ação promoveu certa qualificação dos beneficiários dessas ações
como pessoas “necessitadas”, havendo assim ações de assistência descontinuada,
e não como políticas públicas garantidoras dos direitos dos usuários a políticas
efetivas de distribuição e geração de renda.
Além desse tipo de proteção social, após a II Guerra Mundial, formou-se a Legião
Brasileira de Assistência (LBA) como estratégia de proteção social aos familiares
dos pracinhas que participaram do combate na Europa.
Esse órgão, nas décadas seguintes, seria conduzido por ações políticas pontuais
em enfrentamentos a possíveis crises sociais em locais específicos do país, como,
por exemplo, as grandes secas da região nordeste no fim da década de 1950.
Também seria utilizado para ações das primeiras-damas durante a ditadura militar,
como também no período de redemocratização, até ser envolvido em escândalos de
corrupção no governo de Fernando Collor de Mello e, posteriormente, ser extinto
no primeiro governo presidencial de Fernando Henrique Cardoso, em 1995.
Esse novo sistema de garantia social passa pelo arcabouço constituído pela
seguridade social, pela saúde e pela assistência social.
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Isso significa que qualquer cidadão brasileiro pode ser atendido, independente se
é trabalhador ativo, se está desempregado ou se é aposentado.
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A Política Nacional de Assistência Social estabelece que haja no país uma rede
de serviços socioassistenciais para as famílias constituídas em territórios de alta
vulnerabilidade e risco social.
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A Proteção Social Especial tem como meta principal a contribuição para a recons-
trução de vínculos familiares e comunitários, o fortalecimento de potencialidades e
aquisições e a proteção de famílias e indivíduos para o enfrentamento das situações
de risco pessoal e social, por violação de direitos.
O norteador principal da PSE tem como premissa o resgate dos vínculos dos
usuários dos serviços, tanto em relação às famílias como em novas articulações
referenciais, sempre considerando os riscos pessoais e sociais, bem como as
complexidades do território vivido.
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Proteção Social Especial de Média
e Alta Complexidade
Essa modalidade tem a função de organizar o fluxo de serviços, programas e
projetos de caráter especializado que demandam a maior estruturação técnica e
operativa, com competências e atribuições definidas, destinados ao atendimento
a famílias e sujeitos em situação de risco pessoal e social, por violação de direitos,
que pedem articulação com a rede social, com trabalhos de atenção especializado,
individualizado e continuado.
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Por isso, muitos trabalhadores desempregados não têm acesso a muitos direitos
da seguridade social, sobretudo à previdência, visto que essa se move pela lógica
do contrato ou do seguro social.
Importante! Importante!
Para uma maior compreensão sobre o assunto, recomendamos que você assista ao
vídeo da palestra da Professora Aldaíza Sposati. O vídeo discute os desafios da Proteção
Social no Brasil. O link desse filme pode ser encontrado no material complementar para
atividades de aprofundamento.
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Em Síntese Importante!
Atualmente o Serviço Social desafia a ordem vigente e coloca como sua meta de ação o
trabalho dialético entre os sujeitos, considerando as relações sociais em que se inserem
os trabalhadores e indo além, definindo marcos e conceitos que permitam a construção
de uma sociedade que viva em um sistema que só é possível e imaginável com o fim da
relação capital/trabalho da forma como conhecemos nos dias atuais
Enquanto essa perspectiva parece distante, o Assistente Social deve lutar pela sua
valorização contínua, enquanto sujeito técnico da classe trabalhadora, que, em sua ação
do dia a dia, preserva sua integridade ética e contribui para a conscientização do sujeito
em sua transformação social diante das condições desfavoráveis que esse mesmo sujeito
encontra no momento do atendimento.
De acordo o ideário neoliberal, o interesse por políticas de inclusão e geração de renda
não vão ao encontro dos interesses do capital especulativo, uma vez que a prática das
políticas sociais não almeja o lucro para o investidor que exige o retorno de um Estado
que vise ao enxugamento de gastos e que honre primeiramente com os débitos de
seus credores.
As políticas sociais nos últimos anos mudaram o cenário da situação de desigualdade no
Brasil dos últimos temos, graças à implantação da Política Nacional da Assistência Social
e do Sistema Único da Assistência Social (SUAS).
As garantias da proteção social da assistência social são determinadas pela: segurança
da acolhida; segurança social de renda; segurança do convívio ou convivência familiar,
comunitária e social; além da segurança de desenvolvimento da autonomia individual,
familiar e social, segurança de sobrevivência a riscos circunstanciais, de acordo com a
recomendação da NOB/SUAS (2012).
As garantias da proteção social estão divididas entre a proteção social básica (PSB) e a
proteção social especial (PSE).
A Proteção Social Básica é a garantia da proteção social que determina a inclusão das
famílias para o fortalecimento dos seus vínculos, inclusive em sua comunidade, tendo
como o maior fim o direito à cidadania e o acesso aos serviços públicos.
A Proteção Social Especial tem como meta principal a contribuição para a reconstrução
de vínculos familiares e comunitários, o fortalecimento de potencialidades e aquisições
e a proteção de famílias e indivíduos para o enfrentamento das situações de riscos
pessoais e sociais, por violação de direitos.
A seguridade social brasileira, instituída com a Constituição brasileira de 1988,
incorporou princípios dos modelos bismarckiano (alemão) e beveridgiano (inglês) ao
restringir a previdência aos trabalhadores contribuintes, universalizando a saúde e
limitando a assistência social a quem dela necessitar.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Leitura
O Povo Brasileiro: A Formação e o Sentido do Brasil
Darci Ribeiro
https://goo.gl/pQoEpp
Direitos Sociais e Competências Profissionais
ABEPSS
https://goo.gl/u6tgHQ
Proteção Social no Brasil: Impactos Sobre a Pobreza, Desigualdade e Crescimento
Marilda Iamamoto
https://goo.gl/yi2HiE
Vídeos
Crise do neoliberalismo
Programa Brasilianas.org
https://goo.gl/9VeLwr
Palestra com o Professor José Paulo Netto
Formação profissional na consolidação do projeto ético-político do Serviço Social
brasileiro: fundamentos, resistências e desafios conjunturais – Professor José Paulo Netto
https://goo.gl/uQe1DG
Aldaíza Sposati - Os desafios da Proteção Social
https://goo.gl/ZureE3
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Referências
BEHRING, E. R.; BOSCHETTI, I. Política Social: fundamentos e história. 6. ed.
São Paulo: Cortez, 2009.
KOGA, D.; FAVERO, E.; GANEV, E. Cidades e Questões Sociais. São Paulo:
Terracota, 2009.
SIMOES, C. Curso de Direito do Serviço Social. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2010.
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