Ministério

do
Público
Estado do Amapá

PROMOTORIAS DE JUSTIÇA DA DEFESA DE DIREITOS DA INFÂNCIA E JUVENTUDE -

ATOS INFRACIONAIS E DE DEFESA DA EDUCAÇÃO DA COMARCA DE MACAPÁ

RECOMENDAÇÃO N° 001 /2023 — 32 e 42 PJDDIJ

Dispõe sobre a adoção de medidas

preventivas a violências na
comunidade escolar, no âmbito da
SEED/GEA

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO AMAPÁ - MP-AP, por seus

Promotores de Justiça, abaixo assinados, titular das PROMOTORIAS DE JUSTIÇA DE DEFESA
DOS DIREITOS DA INFÂNCIA E JUVENTUDE - ATOS INFRACIONAIS E DA EDUCAÇÃO DA
COMARCA DE MACAPÁ, no uso de suas atribuições constitucionais e legais, em especial o
Art. 129 III, da Constituição Federal; Art. 25, IV, da Lei Federal n 2. 8.625/93 (Lei Orgânica
Nacional do Ministério Público - LONMP); Art. 82 § 12 da Lei Federal n 2. 7.347/85; Art. 150, 111
e VII, da Constituição Estadual e Art. 49, 1, da Lei Complementar Estadual n 2 079/2013,

CONSIDERANDO que é função institucional do Ministério Público zelar pelo

efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos
assegurados na Constituição, promovendo as medidas necessárias à sua garantia (CRFB, art.
129) II);

CONSIDERANDO que compete ao Ministério Público, consoante previsto no

artigo 49, inciso X da Lei Complementar Estadual n.2 79/2013, além de outras atribuições,
expedir recomendações visando a melhoria dos serviços públicos e de relevância pública,
bem como ao respeito aos interesses, direitos e bens cuja defesa lhe caiba promover;

CONSIDERANDO que, em consonância com os termos da Resolução n 2

005/2017-CPJ/MPAP, são atribuições do Ministério Público, na área educacional, "( ... )
promover e acompanhar outras medidas judiciais, extrajudiciais ou administrativas, bem
como exercer as atribuições cometidas pela legislação ao Ministério Público na proteção dos
direitos difusos e coletivos e individuais indisponíveis atinentes à educação";

CONSIDERANDO que a educação, direito de todos e dever do Estado e da

família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o
trabalho (CRFB, art. 205, caput);

CONSIDERANDO que, segundo a Constituição Federal, a administração

pública, direta e indireta, de qualquer dos poderes da Unio, do Distrito Feder. dos
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Municípios, obedecerá aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade

e eficiência (CRFB, art. 37, caput);

CONSIDERANDO que a Lei Estadual 2.009, de 04 de abril de 2016,

preleciona, em seu Art. 1°, que Fica proibido o uso de aparelhos celulares e equipamentos
eletrônicos nos estabelecimentos de ensino, durante o horário das aulas, nas bibliotecas e
em outros espaços de estudos em instituições de ensino públicas e/ou particulares, no
âmbito do Estado do Amapá ( ... )';

CONSIDERANDO que a Lei Estadual supramencionada adverte, ainda, que a

desobediência aos termos da lei acarretará a adoção de medidas previstas em
regimento escolar ou normas de convivência da escola, bem como que caberá à direção
da unidade escolar, dentre outras ações, adotar medidas que visem à conscientização dos
alunos sobre a interferência do telefone celular nas práticas educativas, prejudicando seu
aprendizado e sua socialização (Art. 1, §12 c/c Art. 2°, 1);

CONSIDERANDO que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Lei Federal n

9.394/96, preconiza no art. 12, IX e X, que os estabelecimentos de ensino terão a
incumbência de promover medidas de conscientização, de prevenção e de combate a todos
os tipos de violência, especialmente a intimidação sistemática (bullying) e estabelecer ações
destinadas a promover a cultura de paz nas escolas, no âmbito das escolas (Incluído pela Lei
n 2 13.663, de 2018);

RESOLVE:

RECOMENDAR à Secretaria de Educação do Estado do Amapá,

Excelentíssima Senhora SANDRA MARIA MARTINS CARDOSO CASIMIRO, que, diante da
urgência que o caso requer, NO PRAZO DE 10 (DEZ) DIAS, procedam a elaboração
de ATO NORMATIVO, dirigido às unidades escolares, a fim de que sejam observados,
dentre outros:

1) O FOMENTO À CONSTRUÇÃO DE PLANOS DE PREVENÇÃO e

ENFRENTAMENTO ÀS VIOLÊNCIAS NAS ESCOLAS COM PROJETOS TRANSVERSAIS SOBRE
CULTURA DE PAZ, visando um ambiente escolar pautado no respeito e na convivência pacífica
e priorizando a intervenção pedagógica em casos de conflitos;

2) O USO OBRIGATÓRIO DE UNIFORME ESCOLAR, e, em não sendo

momentaneamente possível, a adoção de outras formas ostensivas de identificação do aluno,
como identidade/carteirinha estudantil, crachás, abrangendo funcionários ceirizados;
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3) O CONTROLE DOS HORÁRIOS de entrada e saída dos alunos, de

acordo com os Regimentos Internos das instituições de ensino, providenciando-se, caso
permitida a entrada de alunos em horário posterior, que seja resguardada a sua espera em
local seguro no interior do estabelecimento escolar;

4) O CONTROLE DO ACESSO às dependências escolares, ORIENTANDO e

TREINANDO os servidores/funcionários para somente autorizar a entrada de visitante, após
a sua completa identificação, o objetivo de sua visita à escola e devidamente acompanhada,
bem como o acionamento dos órgãos de segurança pública, nos casos suspeitos;

5) A COMUNICAÇÃO aos órgãos competentes, tais como Conselhos

Tutelares, Delegacias Policiais e Ministério Público, a depender do caso concreto, das
condutas que se enquadrem em atos infracionais ou crimes, praticados no ambiente escolar;

6) A PROIBIÇÃO DA UTILIZAÇÃO DE APARELHOS CELULARES e de quaisquer

aparelhos eletrônicos similares, exceto com prévia autorização para aplicações
pedagógicas, nos termos da Lei E s tadual n2 2009/2016, com adoção de medidas e
planejamento de ações que visem à conscientização dos alunos sobre a necessidade do
uso responsável dos equipamentos eletrônicos, e a inclusão de consequências do seu
descumprimento, nos regimentos internos das escolas, a fim de uniformizar os
procedimentos pela comunidade escolar;

7) O PLANEJAMENTO e A EXECUÇÃO DE AÇÕES EDUCATIVAS, com a

finalidade de PROMOVER a conscientização sobre a autorresponsabilidade, as implicações
pessoais e coletivas dos atos infracionais, bem como para COIBIR/MITIGAR práticas
atentatórias à integridade da comunidade escolar;

8) A ARTICULAÇÃO JUNTO À SECRETARIA DE ESTADO DE ADMINISTRAÇÃO

- SEAD para realização de concurso público de psicólogos e assistentes sociais com o fim de
cumprir o disposto na Lei n2 13.935/2019;

9) A CONSTRUÇÃO DE AÇÕES PARA A ARTICULAÇÃO COM AS DEMAIS

SECRETARIAS DE ESTADO E DO MUNICÍPIO, destacando a de SAÚDE, de ASSISTÊNCIA
SOCIAL e de SEGURANÇA, para fortalecimento da rede de garantias de direitos e do
atendimento dos encaminhamentos das demandas identificadas no ambiente escolar,
cuja solução extrapole a sua atuação. <'1

ENCAMINHEM-SE fotocópias, por meio eletrônico, para conhecimento e

providências que forem julgadas necessárias, para as Doutas Procuradoria- Geral de Justiça e
Corregedoria-Geral do Ministério Público do Estado doÁmaá - CGJ/MP- AP e. oo senação
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do Centro de Apoio da Educação - CAO-E/MP-AP, nos termos da Resolução n 2 002/2018-

CPi/MP-AP, arts. 110, parágrafo único, e 105, VI, respectivamente.

PUBLIQUE-SE esta Recomendação do Diário Eletrônico do Ministério Público

do Estado do Amapá.

AGUARDE-SE, em Secretaria, o prazo concedido, qual seja, de 10 (dez) dias,

contados do recebimento, para comprovação das providências adotadas ao cumprimento
da presente Recomendação.

Macapá, 14 de abril de 2023.

ELISSAND' TO .N t1 B. N.VERARDI NEUZA RIGUES BRyOSA

Pro'io..r. Justiça E-_Prornotora de Justiça

\ AiTI-111~ -~-" . 1
IACI PELAES DOS REIS
Promotor de Justiça