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CONSIDERANDO que é função institucional do Ministério Público zelar pelo efetivo respeito
aos Poderes Públicos e aos serviços de relevância pública aos direitos assegurados na Magna
Carta, promovendo as medidas necessárias à sua garantia, nos termos do artigo 129, II da
Constituição da República;
CONSIDERANDO que a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, deverá ser
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento
da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (art.
205 da CF);
CONSIDERANDO que a Constituição Federal em seu art. 206 estabelece princípios basilares
para o ensino brasileiro, como Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola
(inciso I), e a Garantia de padrão de qualidade (inciso VII);
CONSIDERANDO que o mesmo diploma legal assegura em art. 5º que o acesso à educação
básica obrigatória é direito público subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo de cidadãos,
associação comunitária, organização sindical, entidade de classe ou outra legalmente
constituída e, ainda, o Ministério Público, acionar o poder público para exigi-lo. Ademais, prevê
no §1º, I deste artigo que o Poder Público, na esfera de sua competência, deverá recensear
anualmente as crianças e adolescentes em idade escolar, bem como os jovens e adultos que
não concluíram a educação básica;
CONSIDERANDO que a busca ativa é uma estratégia prevista em lei, que agrega mobilização
social a fim de garantir o acesso a bens e serviços públicos às camadas mais vulneráveis da
população;
CONSIDERANDO a Recomendação Técnica da UNCME, datada em 23/10/2019, aos
Conselhos Municipais de Educação sobre o processo de matrícula de fluxo contínuo na
Educação Infantil e no Ensino Fundamental no âmbito dos Sistemas Municipais de Ensino,
como forma de garantia do direito à educação e de estratégia para o enfrentamento à exclusão
escolar, em que recomenda aos Conselhos Municipais de Educação, no âmbito de suas
atribuições, a emissão de Instrução Normativa, de forma a regulamentar e subsidiar os
processos internos de organização da escola, e um olhar mais ampliado sobre os processos de
matrícula escolar, atendendo prioritariamente à garantia plena do direito à educação conforme
marcos legais da educação brasileira, em especial o atendimento ao princípio do acesso e
permanência, reafirmando que “Fora da Escola Não Pode. E na escola sem aprender também
não” (UNICEF);
CONSIDERANDO que a não oferta efetiva do direito à educação é capaz causar impactos
diversos como prejuízos no desenvolvimento cognitivo e nas competências socioemocionais do
indivíduo, bem como na sua vida familiar e nos seus relacionamentos em geral. Além de
possíveis repercussões na renda individual e nas chances de inserção produtiva; no
desenvolvimento econômico e na redução das desigualdades; assim como dados de violência e
segurança pública;
CONSIDERANDO que não existe uma única maneira ou ferramenta para realizar a Busca Ativa
Escolar, embora entenda-se que a articulação intersetorial potencializa as ações de garantia de
direitos, tendo em vista que a atuação conjunta permite identificar mais facilmente as
populações em situação de vulnerabilidade, estabelecendo vínculo com elas e incluindo-as nas
redes de atendimento;
CONSIDERANDO que o Comitê Gestor da Busca Ativa Escolar é responsável pela mobilização
da sociedade local para o enfrentamento dos problemas relacionados à exclusão escolar. Além
da adaptação à realidade do município, esse grupo tem o desafio de realizar ações
mobilizadoras e de articulação política para a resolução dos casos encontrados;
NOTIFICA
I. Seja realizada a inclusão da informação sobre frequência escolar nos sistemas de informação
utilizados pelas secretarias municipais envolvidas na estratégia, no momento de atendimento,
cadastro das famílias e de crianças e adolescentes residentes do município, no intuito de
proporcionar o registro de casos de abandono/evasão escolar e a criação de alerta na
ferramenta Busca Ativa Escolar;
II. Providencie a mobilização e formação das equipes das secretarias envolvidas na estratégia,
em especial as de Saúde e de Assistência social, para que durante o atendimento às famílias e
crianças e adolescentes residentes no município possam observar e registrar situações de
infrequência escolar e informar aos profissionais responsáveis pela criação de alertas na
ferramenta da Busca Ativa Escolar;
III. Organize o fluxo de trabalho por meio de mapeamento e definição dos atores envolvidos de
cada Secretaria - supervisores institucionais, agentes comunitários e técnicos verificadores - e
suas respectivas áreas de abrangência no território do município; definição de procedimento
para produção de alertas na ferramenta da Busca Ativa Escolar, pesquisa de campo, análise
técnica e gestão do caso, bem como formação das equipes para identificação de crianças e
adolescente fora da escola e das causas de exclusão escolar e encaminhamentos necessários
para a resolução dos casos.
Fixa-se o prazo de 60 dias para que seja enviada resposta a respeito do atendimento ao
presente.