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CV 8720 – Concreto Armado II

SUMÁRIO

1. FLEXÃO COMPOSTA NORMAL 2

1.1. Domínios de deformação 2

1.2. Flexão Simples 3

1.3. Flexo-compressão com grande excentricidade e armadura simples 6

1.4. Flexo-Tração com grande excentricidade 8

1.6. Flexo-Compressão com grande excentricidade e armadura dupla 10

1.7. Flexo-Tração com pequena excentricidade 14

1.8. Flexo-Compressão com pequena excentricidade 16


1.8.1. Uma armadura comprimida 16
1.8.2. Duas armaduras comprimidas 19

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1. Flexão Composta Normal


1.1. Domínios de deformação

Figura 1.1 – Domínios de estado limite último (ELU) de uma seção transversal

Ruptura convencional por deformação plástica excessiva:

– Reta a: tração uniforme;

– Domínio 1: tração não uniforme, sem compressão;

– Domínio 2: flexão simples ou composta sem ruptura à compressão do concreto (c < 3,5‰ e com o máximo
alongamento permitido);

Ruptura convencional por encurtamento limite do concreto:

– Domínio 3: flexão simples (seção subarmada) ou composta com ruptura à compressão do concreto e com
escoamento do aço (s ≥ yd);

– Domínio 4: flexão simples (seção superarmada) ou composta com ruptura à compressão do concreto e aço
tracionado sem escoamento (s < yd);

– Domínio 4a: flexão composta com armaduras comprimidas;

– Domínio 5: compressão não uniforme, sem tração;

– Reta b: compressão uniforme.

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1.2. Flexão Simples

Figura 1.2 – Tensões e deformações na flexão simples

Na Figura 1.2,

bw é a largura da seção transversal;


h é a altura da seção transversal;
d é a altura útil da seção transversal;
d’ é a distância da face ao centro geométrico das armaduras;
x é a profundidade da linha neutra;
MSd é o momento fletor solicitante de cálculo;
Rcd é a resultante de compressão de cálculo, no concreto;
Rsd é a resultante de tração de cálculo, no aço;
z é a distância entre a resultante de compressão no concreto e no aço;

A primeira equação do equilíbrio, traduzida como o equilíbrio de esforços horizontais na seção


transversal, fica demonstrada pela equação 1.1.

FH = 0
Rcd – Rsd = 0
Rsd = Rcd (Equação 1.1)

Na equação 1.1, o valor da resultante de compressão no concreto (Rcd) e da resultante de tração na


armadura (Rsd) são dadas conforme as equações 1.2 e 1.3.

Rcd = 0,85fcd ∙ bw ∙ 0,8x (Equação 1.2)

Rsd = AS ∙ Sd (Equação 1.3)

A segunda equação de equilíbrio, traduzida como o equilíbrio de momentos em relação ao ponto P,


fica demonstrada pela equação 1.4.

MP = 0
MSd = Rcd ∙ z (Equação 1.4)

Como o braço de alavanca interno é conhecido (z = d – 0,4x), a equação 1.4 transforma-se na equação 1.5.

MSd = 0,85fcd ∙ bw ∙ 0,8x ∙ (d – 0,4x) (Equação 1.5)

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A equação 1.5 pode ser expandida, resultando na equação 1.6.

MSd = 0,68fcd ∙ bw ∙ d ∙ x – 0,272fcd ∙ bw ∙ x²


– 0,272fcd ∙ bw ∙ x² + 0,68fcd ∙ bw ∙ d ∙ x – MSd = 0 (Equação 1.6)

A equação 1.6 é uma equação do 2º grau, da forma ax² + bx + c = 0, que pode ser resolvida através
de Bhaskara.

a = – 0,272fcd ∙ bw b = + 0,68fcd ∙ bw ∙ d c = – MSd

 = b² – 4ac
 = (0,68fcd ∙ bw ∙ d)² – 4 ∙ (– 0,272fcd ∙ bw ) ∙ (– MSd)
 = (0,68fcd ∙ bw ∙ d)² – 1,088fcd ∙ bw  MSd

Introduzindo apenas um artifício matemático, que não alterará o valor numérico da expressão,
podemos reescrever o valor de .

 = (0,68fcd ∙ bw ∙ d)² – 1,088fcd ∙ bw  MSd


(0,68fcd  b w  d)2
= ∙ [ (0,68fcd ∙ bw ∙ d)² – 1,088fcd ∙ bw  MSd ]
(0,68fcd  b w  d)2
 (0,68fcd  b w  d)2 1,088fcd  b w  MSd 
 = (0,68fcd ∙ bw ∙ d)² ∙  – 
 (0,68fcd  b w  d) (0,68fcd  b w  d)2 
2

 MSd 
 = (0,68fcd ∙ bw ∙ d)² ∙ 1 − 
 0,425fcd  b w  d² 

O valor da profundidade da linha neutra (x) pode ser obtido

−b + Δ
x=
2a

 MSd 
(− 0,68fcd  b w  d) + (0,68fcd  b w  d)2  1 − 
 0,425fcd  b w  d² 
x=
2  (− 0,272fcd  b w )

MSd
(− 0,68fcd  b w  d) + (0,68fcd  b w  d) 1−
0,425fcd  b w  d²
x=
(− 0,544fcd  b w )
 MSd 
(− 0,68fcd  b w  d)  1 − 1− 
 0,425fcd  b w  d² 
x=
(− 0,544fcd  b w )

 MSd 
x = 1,25d ∙ 1 − 1 −  (Equação 1.7)
 0,425  b w  d2  fcd 
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Voltando ao equilíbrio escrito na equação 1.1, e utilizando o resultado obtido na equação 1.4, a força
resultante de tração na armadura (Rsd) fica dada pela equação 1.8.

M Sd
Rsd = (Equação 1.8)
z

Pode-se reescrever a equação 1.3 isolando a incógnita mais importante do problema, a armadura
necessária (As), conforme equação 1.9.

R Sd
AS = (Equação 1.9)
σ Sd

Substituindo a equação 1.8 na 1.9, obtêm-se a equação 1.10.

 MSd  1
AS =  
 z  σ Sd
 MSd  1
AS =   (Equação 1.10)
 d - 0,4x  σ Sd

Por fim, no Estado Limite Último (ELU), estando a profundidade da linha neutra limitada aos domínios
2 e 3, ou seja, x ≤ x34 = 0,628d, pode-se afirmar que a tensão na armadura é a própria tensão de escoamento
(fyd). Assim, a equação 1.11 expressa a quantidade de armadura para o equilíbrio de esforços.

 MSd  1
AS =  ∙ (Equação 1.11)
 d - 0,4x  fyd

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1.3. Flexo-compressão com grande excentricidade e armadura simples

Figura 1.3 – Tensões e deformações na flexo-compressão com grande excentricidade

Na Figura 1.3,

NSd é a força normal solicitante de cálculo (de compressão);

A primeira equação do equilíbrio, traduzida como o equilíbrio de esforços horizontais na seção


transversal, fica demonstrada pela equação 1.12.

FH = 0
NSd = Rcd – Rsd
Rsd = Rcd – NSd (Equação 1.12)

Na equação 1.1, o valor da resultante de compressão no concreto (Rcd) e da resultante de tração na


armadura (Rsd) são dadas conforme as equações 1.13 e 1.14.

Rcd = 0,85fcd ∙ bw ∙ 0,8x (Equação 1.13)

Rsd = AS ∙ Sd (Equação 1.14)

A segunda equação de equilíbrio, traduzida como o equilíbrio de momentos em relação ao ponto P,


fica demonstrada pela equação 1.15.

MP = 0
 h 
MSd + NSd ∙  − d'  = Rcd ∙ z (Equação 1.15)
2 

Introduzindo uma simplificação na nomenclatura, podemos alterar a equação 1.15, transformando-


a na equação 1.16.

MSd,fic = Rcd ∙ z (Equação 1.16)

Na Equação 1.16,

MSd,fic é o momento fletor fictício de cálculo, dado conforme equação 1.17.

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h 
MSd,fic = MSd + NSd ∙  − d'  (Equação 1.17)
2 

A vantagem de se utilizar tal transformação está no fato de que a equação 1.5 é análoga a já
estudada no caso de flexão simples. Sendo assim, a profundidade da linha neutra (x) pode ser facilmente
determinada pela equação 1.6.

 MSd, fic 
x = 1,25d ∙ 1 − 1 −  (Equação 1.18)
 0,425  b w  d2  fcd 

Voltando ao equilíbrio escrito na equação 1.12, e utilizando o resultado obtido na equação 1.16, a
força resultante de tração na armadura (Rsd) fica dada pela equação 1.19.

M Sd, fic
Rsd = – Nsd (Equação 1.19)
z

Pode-se reescrever a equação 1.14 isolando a incógnita mais importante do problema, a armadura
necessária (As), conforme equação 1.20.

R Sd
AS = (Equação 1.20)
σ Sd

Substituindo a equação 1.19 na equação 1.20, obtêm-se a equação 1.21.

 MSd,fic  1
AS =  − NSd  
 z  σ Sd
 MSd,fic  1
AS =  − NSd   (Equação 1.21)
 d - 0,4x  σ Sd

Por fim, no Estado Limite Último (ELU), estando a profundidade da linha neutra limitada aos domínios
2 e 3, ou seja, x ≤ x34 = 0,628d, pode-se afirmar que a tensão na armadura é a própria tensão de escoamento
(fyd). Assim, a equação 1.22 expressa a quantidade de armadura para o equilíbrio de esforços.

 M Sd, fic  1
AS =  − N Sd  ∙ (Equação 1.22)
 d - 0,4x  fyd

Deve-se ter em mente que o momento fletor fictício (Msd,fic) não é um esforço interno solicitante, mas
apenas um artifício matemático para resolver o problema.
A presença da força axial de compressão (NSd) provoca um momento fictício de valor numérico
superior ao momento fletor solicitante (MSd). Como consequência desse fato, a posição da linha neutra (x),
no caso de flexo-compressão, torna-se mais profunda quando comparada ao caso de flexão simples
(tomando como base o mesmo momento fletor solicitante).
Por outro lado, a presença de uma força normal de compressão é benéfica, fazendo com que ocorra
diminuição na quantidade de armadura. Nada mais lógico, visto que o aço é destinado apenas a resistir as
forças de tração.
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A flexão simples nada mais é do que um caso particular da flexo-compressão com grande
excentricidade, obtida quando se faz NSd = 0.

EXEMPLO 1

Dimensione a seção retangular abaixo.

Propriedades dos materiais:


Concreto Classe C25
Aço CA-50

Esforços internos solicitantes:


NSd = 280 kN
MSd = 98 kN ∙ m

Resolução

fck 2,5 kN/cm²


x23 = 0,259 ∙ d = 0,259 ∙ 43 = 11,14 cm fcd = = = 1,7857 kN/cm²
c 1,4
xmáx = 0,45 ∙ d = 0,45 ∙ 43 = 19,35 cm
fyk 50 KN/cm²
x34 = 0,628 ∙ d = 0,628 ∙ 43 = 27 cm fyd = = = 43,48 kN/cm²
s 1,15

MSd 98 kN  m
e= = = 0,35 m = 35 cm (Flexo-compressão com grande excentricidade)
NSd 280 kN

 0,50 
MSd,fic = 98 + 280 ∙  − 0,07  = 148,4 kN ∙ m
 2 

 148,4  100 
x = 1,25 ∙ 43 ∙ 1 − 1 −  = 16,85 cm (x<0,45d, Domínio 3)
 0,425  20  432  1,7857 

 MSd,fic  1  148,4  100  1


AS =  − NSd   =  − 280   = 2,973 cm² (3  12,5mm)
 d − 0,4x  fyd  43 − 0,4  16,85  43,48

1.4. Flexo-Tração com grande excentricidade

Resolve-se analogamente ao caso de flexo-compressão, basta colocar a força normal com sinal
negativo.

h 
MSd,fic = MSd – NSd ∙  − d'  (Equação 1.23)
2 

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 M Sd, fic  1
AS =  + N Sd  ∙ (Equação 1.24)
 d - 0,4x  fyd

EXEMPLO 2

Propriedades dos materiais:


Concreto Classe C25
Aço CA-50

Esforços internos solicitantes:


NSd = 280 kN
MSd = 98 kN ∙ m

Resolução

fck 2,5 kN/cm²


x23 = 0,259 ∙ d = 0,259 ∙ 43 = 11,14 cm fcd = = = 1,7857 kN/cm²
c 1,4
xmáx = 0,45 ∙ d = 0,45 ∙ 43 = 19,35 cm
fyk 50 KN/cm²
x34 = 0,628 ∙ d = 0,628 ∙ 43 = 27 cm fyd = = = 43,48 kN/cm²
s 1,15

MSd 98 kN  m
e= = = 0,35 m = 35 cm (Flexo-tração com grande excentricidade)
NSd 280 kN

 0,50 
MSd,fic = 98 – 280 ∙  − 0,07  = 47,6 kN ∙ m
 2 

 47,6  100 
x = 1,25 ∙ 43 ∙ 1 − 1 −  = 4,77 cm (x<0,45d, Domínio 2)
 0,425  20  432  1,7857 

 MSd,fic  1  47,6  100  1


AS =  + NSd   =  + 280   = 9,104 cm² (3  20mm)
 d − 0,4x  fyd  43 − 0,4  4,77  43,48

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1.6. Flexo-Compressão com grande excentricidade e armadura dupla

O leitor mais atento já deve ter percebido que no caso de flexo-compressão, com armadura simples,
o momento fictício (Msd,fic) pode ser, numericamente, grande o suficiente para provocar posições de linha
neutra indesejáveis, desrespeitando limites de norma ou colocando a seção transversal no domínio 4,
criando uma ruína sem aviso. Nesse caso, é conveniente recorrer a armadura dupla.

Figura 1.4 – Tensões e deformações na flexo-compressão com grande excentricidade e armadura dupla

Na Figura 1.4,

Rsd’ é a força de compressão na armadura superior;


s’ é a deformação na armadura superior;

A primeira equação do equilíbrio, traduzida como o equilíbrio de esforços horizontais na seção


transversal, fica demonstrada pela equação 1.23.

FH = 0
NSd = Rcd + RSd’ – Rsd
Rsd = Rcd + RSd’ – NSd (Equação 1.23)

Na equação 1.23, os valores das forças resultantes de são dadas conforme as equações 1.24 a 1.26.

Rcd = 0,85fcd ∙ bw ∙ 0,8x (Equação 1.24)

Rsd = AS ∙ Sd (Equação 1.25)

Rsd’ = AS’ ∙ Sd’ (Equação 1.26)

A segunda equação de equilíbrio, traduzida como o equilíbrio de momentos em relação ao ponto P,


fica demonstrada pela equação 1.15.

MP = 0
 h 
MSd + NSd ∙  − d'  = Rcd ∙ z + RSd’ ∙ (d – d’) (Equação 1.27)
2 

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É interessante reescrever a equação 1.27 conforme a equação 1.28, dividindo o problema em duas
partes.

MSd,fic = Mwd,fic + MSd,fic (Equação 1.28)

Na Equação 1.28,

Mwd,fic é o momento fletor fictício de cálculo, resistido pelo binário concreto-armadura inferior
MSd,fic é o momento fletor fictício de cálculo, resistido pelo binário armadura superior-armadura inferior

Figura 1.5 – Divisão do problema em duas partes

As equações de equilíbrio continuam a ser válidas para cada uma das partes. Sendo assim, para a
parte correspondente a Mwd,fic pode-se escrever as equações 1.29 e 1.30

FH = 0
Rcd – Rs1d = 0
Rs1d = Rcd (Equação 1.29

MP = 0
Mwd,fic = Rcd ∙ z1 (Equação 1.30)

Para a parte correspondente a MSd,fic, as equações de equilibrio são escritas conforme as equações
1.31 e 1.32.

FH = 0
Rs2d – Rsd’ = 0
Rs2d = Rsd’ (Equação 1.31)

MP = 0
Msd,fic = Rsd’ ∙ z2 (Equação 1.32)

Não é possível solucionar o problema, visto que existem três incógnitas (R cd, Rsd e Rsd’) e apenas duas
equações de equilíbrio, existindo assim diversas soluções para o equilíbrio do problema.

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De modo a não se tomar uma decisão contra a


economia, pode-se tirar máximo proveito da seção de
concreto, fixando-se sua linha neutra em x = 0,45d, conforme
recomendação limite da norma. Sendo assim, o problema volta
a possuir apenas duas incógnitas (RSd e RSd’) e pode ser
resolvido.
Com a posição da linha neutra (x) fixada, a resultante
de compressão no concreto (Rcd) fica conhecida pela equação
1.33.
Figura 1.6 – Posição da linha neutra imposta

Rcd = 0,85fcd ∙ bw ∙ 0,8x


Rcd = 0,85fcd ∙ bw ∙ 0,8 ∙ (0,45d)
RCd = 0,306fcd ∙ bw ∙ d (Equação 1.33)

Com a resultante de compressão no concreto (Rcd) conhecida, o momento fletor fictício resistido pelo
binário concreto-armadura inferior fica dado pela equação 1.34.

Mwd,fic = Rcd ∙ z1
Mwd,fic = 0,306fcd ∙ bw ∙ d ∙ (d – 0,4∙ 0,45d)
Mwd,fic = 0,25092fcd ∙ bw ∙ d² (Equação 1.34)

É óbvio neste instante que, se o momento fletor resistido pelo concreto é conhecido, o acréscimo
de momento (MSd,fic ) fica determinado por simples diferença, conforme equação 1.35

MSd,fic = MSd,fic – Mwd,fic (Equação 1.35)

Voltando ao equilíbrio escrito na equação 1.32, a força resultante de compressão na armadura


superior (Rsd’) fica dada pela equação 1.36.

MSd,fic
Rsd’ = (Equação 1.36)
z2

Pode-se reescrever a equação 1.26 isolando a incógnita mais importante do problema, a armadura
necessária (As’), conforme equação 1.37.

R Sd '
AS’ = (Equação 1.37)
σ Sd '

Substituindo a equação 1.36 na equação 1.37, obtêm-se a equação 1.38.

 MSd,fic  1
AS =   
 z2  σ Sd '
 M Sd, fic  1
AS’ =  ∙ (Equação 1.38)
 d - d'  σ Sd '

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Não se pode afirmar que a deformação da armadura superior é, em valor numérico, superior a
deformação de escoamento (yd = 2,07‰) para o tipo de aço em questão (CA-50). A deformação deve ser
calculada utilizando semelhança de triângulo.

Semelhança de triângulos:

3,5 ‰ εs '
=
0,45d 0,45d - d'

 0,45d − d' 
s’ = 3,5‰ ∙   (Equação 1.39)
 0,45d 
Figura 1.7 – Deformação (sd’) na armadura comprimida

Voltando ao equilíbrio escrito na equação 1.23, e utilizando os resultados escritos nas equações 1.30
e 11.32, a força resultante de tração na armadura (Rsd) fica dada pela equação 1.40.

Rsd = Rcd + RSd’ – NSd


M MSd,fic
Rsd = wd, fic + – NSd
z1 z2
Mwd, fic MSd,fic
Rsd = + – NSd (Equação 1.40)
0,82d d - d'

Pode-se reescrever a equação 1.25 isolando a incógnita mais importante do problema, a armadura
necessária (As), conforme equação 1.20.

R Sd
AS =
σ Sd
 Mwd, fic MSd,fic  1
As =  + − NSd  ∙ (Equação 1.41)
 0,82d d - d'  σ Sd

Nesse caso, para a armadura inferior, a posição da linha neutra pré-fixada nos garante que a
deformação da armadura inferior é maior que a deformação de escoamento (yd), sendo assim, é correto
afirmar que a quantidade de armadura inferior pode ser obtida pela expressão 1.42.

 M wd, fic M Sd, fic  1


AS =  + − N Sd  ∙ (Equação 1.42)
 0,82d d - d'  fyd

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1.7. Flexo-Tração com pequena excentricidade


MSd h
(quando e =  – d’)
NSd 2

MP = 0 FH = 0
h
MSd + NSd ∙ ( – d’) = RSd ∙ (h – 2d’) NSd = RSd + RSd’
2 RSd’ = NSd – RSd
h  N M 
NSd   − d'  RSd’ = NSd –  Sd + Sd

 2  MSd 2 ( h − 2d' ) 
RSd = + 
( h − 2d' ) ( h − 2d') N Sd MSd
h  RSd’ = –
NSd   − d' 
MSd
2 ( h − 2d')
RSd =  2  +
h
2  − d' 
 ( h − 2d')
2 
N Sd MSd
RSd = +
2 ( h − 2d')

Lembrando que as forças nas armaduras são dadas por: RSd = Sd ∙ AS
RSd’ = Sd’ ∙ AS’

As áreas das barras necessárias ficam sendo:

N M  1  NSd MSd  1
AS =  Sd + Sd
 e AS’ =  − 
 2 ( h − 2d' )  σSd  2 (h − 2d')  σSd '

Como queremos aproveitar as barras de aço ao máximo e garantir que a ruína seja avisada, vamos
calcular as barras com a tensão de escoamento: Sd = Sd’ = fyd.

E as expressões finais para as áreas são:

 NSd MSd  1  NSd MSd  1


AS =  +  e AS’ =  − 
 2 (h − 2d')  fyd  2 ( h − 2d')  fyd

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EXEMPLO

NSd = 1.400 KN (tração)


MSd = 420 KN ∙ m

Aço CA-50
fyk = 500 MPa e fyd = 434,78 MPa)

Concreto Classe C25


(fck = 25 MPa e fcd = 17,86 MPa)

Resolução:

MSd 420 KN  m 1
e= = = 0,30 m < – 0,10 = 0,40 m (Flexo-Tração com pequena excentricidade)
NSd 1.400 KN 2

 NSd MSd  1  1.400 420  1


AS =  +  =  +  = 28,18 cm² (6  25mm)
 2 (h − 2d')  fyd  2 (1 − 2  0,10 )  43,478

 NSd MSd  1  1.400 420  1


AS’ =  −  =  −  = 4,03 cm² (2  20mm)
 2 (h − 2d')  fyd  2 (1 − 2  0,10 )  43,478

Professor: Marcello Cherem 15


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1.8. Flexo-Compressão com pequena excentricidade

1.8.1. Uma armadura comprimida

Figura 1.8 – Tensões e deformações na flexo-compressão com pequena excentricidade (uma armadura comprimida)

A primeira equação do equilíbrio, traduzida como o equilíbrio de esforços horizontais na seção


transversal, fica demonstrada pela equação 1.43.

FH = 0
NSd = RCd + RSd’
RSd’ = NSd – RCd (Equação 1.43)

Na equação 1.43, os valores das forças resultantes de são dadas conforme as equações 1.44 e 1.45.

Rcd = 0,85fcd ∙ bw ∙ 0,8x (Equação 1.44)

Rsd’ = AS’ ∙ Sd’ (Equação 1.45)

A segunda equação de equilíbrio, traduzida como o equilíbrio de momentos em relação ao ponto P,


fica demonstrada pela equação 1.46.

MP = 0
h
MSd – NSd ∙ ( – d’) = – RCd ∙ (0,4x – d’) (Equação 1.46)
2

Introduzindo uma simplificação na nomenclatura, podemos alterar a equação 1.46, transformando-


a na equação 1.47.

MSd,fic = – RCd ∙ (0,4x – d’) (Equação 1.47)

Na Equação 1.47,

MSd,fic é o momento fletor fictício de cálculo, dado conforme equação 1.48.

h 
MSd,fic = MSd – NSd ∙  − d'  (Equação 1.48)
2 

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A vantagem de se utilizar tal transformação está no fato de que a equação 1.48 é uma equação de 2º
grau. A profundidade da linha neutra (x) pode ser facilmente determinada pela equação 1.49.

 MSd, fic 
x = 1,25d’ ∙ 1 + 1 −  (Equação 1.49)
 0,425  bw  (d')2  fcd 

Pode-se reescrever a equação 1.45 isolando a incógnita mais importante do problema, a armadura
necessária (As’), conforme equação 1.50.

R Sd '
AS’ = (Equação 1.50)
σ Sd '

Substituindo a equação 1.43 na equação 1.50, obtêm-se a equação 1.51.

 N − R cd 
AS’ =  Sd  (Equação 1.51)
 σ sd ' 

Não se pode afirmar que a deformação da armadura superior é, em valor numérico, superior a
deformação de escoamento (yd = 2,07‰) para o tipo de aço em questão (CA-50). A deformação deve ser
calculada utilizando semelhança de triângulo.

Caso x23 = 0,259d < x  h Caso h < x  1,25h


(Domínio 3 ou 4) (Domínio 5)

2‰
3,5 ‰ S’ = ∙ (x – d’)
S’ = ∙ (x – d’) 3
x x − h
7

Se S’ < yd: Sd’ = ES ∙ S’


Se S’  yd: Sd’ = fyd

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EXEMPLO

NSd = 2.800 KN (compressão)


MSd = 280 KN ∙ m

Aço CA-50
Concreto Classe C25 (fcd = 17.857,14 KN/m²)

h 0,7
MSdfic = MSd – NSd ∙ ( – d’) = 280 – 2800 ∙ ( – 0,05) = – 560 kN ∙ m
2 2

 M Sd
fic   −560 
x = 1,25d'  1 + 1 −  = 1,25  0,05  1 + 1 −  = 0,745 m
0,425  b W  (d')  f cd
2
 
2
 0,425  0,25  0,05  17857,14 

2‰ 2‰
Domínio 5: S’ = ∙ (x – d’) = ∙ (0,745 – 0,05) = 3,11 ‰
3 3
x − h 0,745 −  0, 7
7 7

Como S’ = 3,11 ‰ > yd = 2,07 ‰: Sd’ = fyd

RCd = 0,85 ∙ fcd ∙ bW ∙ 0,8 x = 0,85 ∙ 17857,14 ∙ 0,25 ∙ 0,8 ∙ 0,745 m = 2.261,61 KN

N Sd − R Cd N Sd − R Cd 2800 − 2261,61
Armadura: AS’ = = = = 12,38 cm² (4 barras de 20mm)
σ Sd ' f yd 43,48

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1.8.2. Duas armaduras comprimidas

MP = 0 FH = 0
h h
MSd – NSd ∙ ( – d’) = – RCd ∙ ( – d’) – RSd ∙ (h– 2d’) NSd = RCd + RSd + RSd’
2 2 RSd’ = NSd – RCd – RSd
h h
RSd ∙ (h– 2d’) = NSd ∙ ( – d’) – MSd – RCd ∙ ( – d’)  NSd − RCd MSd 
RSd’ = NSd – RCd –  − 
2 2
 2 (h − 2d') 
h  h   NSd − R Cd 
NSd   − d'  R Cd   − d'  MSd
2  – MSd – 2  RSd’ = NSd – RCd –  +
RSd =  2  ( h − 2d' )
(h − 2d') (h − 2d') (h − 2d')
N Sd − R Cd MSd
h  h  RSd’ = +
N Sd   − d'  R Cd   − d'  2 ( h − 2d')
RSd = 2  – MSd – 2 
h  (h − 2d') 2 − d' 
h
2 − d'   
2  2 
N − R Cd M Sd
RSd = Sd –
2 ( h − 2d')

Lembrando que as forças resultantes são dadas por: RCd = 0,85 ∙ fcd ∙ bW ∙ h
RSd = Sd ∙ AS
RSd’ = Sd’ ∙ AS’

As áreas das barras necessárias ficam sendo:

 NSd − RCd MSd  1  NSd − RCd MSd  1


AS =  −  e AS’ =  + 
 2 (h − 2d')  σSd  2 ( h − 2d')  σSd '

Como escolhemos a deformação de 2‰ para resolver o problema, e sendo esta deformação menor
que a deformação de escoamento do aço CA-50 (yd = 2,07‰), logo as armaduras não escoam na ruína, e a
tensão nas mesmas é dada pela Lei de Hooke:

Sd = ES ∙ S = 210.000 MPa ∙ (2/1000) = 420 MPa


Sd’ = ES ∙ S’ = 210.000 MPa ∙ (2/1000) = 420 MPa

E as expressões finais para as áreas são:

 NSd − RCd MSd  1  NSd − RCd MSd  1


AS =  −  e AS’ =  + 
 2 (h-2d')  42 kN/cm²  2 (h-2d')  42 kN/cm²

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EXEMPLO

NSd = 4.200 kN (compressão)


MSd = 280 kN ∙ m

Aço CA-50
Concreto Classe C25 (fcd = 17.857,14 kN/m²)

Resolução:

MSd 280 kN  m 0,7


e= = = 0,067 m < – 0,05 = 0,30 m (Flexo-Compressão com pequena excentricidade)
NSd 4.200 kN 2
* Conta aproximada

RCd = 0,85 ∙ fcd ∙ bW ∙ h = 0,85 ∙ 17.857,14 ∙ 0,25 ∙ 0,70 = 2.656,25 kN

 NSd − R Cd MSd  1  4.200 − 2.656,25 280  1


AS =  −  = −  = 7,27 cm² (4  16mm ou 3  20mm)
 2 
(h - 2d') 42  2 (0,7 - 2  0,05) 42

 N − R Cd MSd  1  4.200 − 2.656,25 280  1


AS’ =  Sd +   = +  = 29,49 cm² (6  25mm)
 2 (h - 2d') 42  2 (0,7 - 2  0,05) 42

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