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CV 8720 – Concreto Armado II

1. Projeto de muros de arrimo

1.1. Ações envolvidas

1.1.1. Peso Próprio

Parede:

gpar,k = c  bm  1

Gpar,k = gpar,k  H
ou

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Gpar,k = c  bm  H  1

Base:

gb,k = c  hb  1

Gb,k = gb,k  B
ou
Gb,k = c  hb  B  1

Gb1,k = gb,k  B1
ou
Gb1,k = c  hb  B1  1

Intersecção parede-base:

Gu,k = concreto  bm  hb  1

1.1.2. Peso de Solo

Pressão vertical de solo:

vs =  s  H

Peso Total vertical de solo:

Gs,k = vs  B  1
ou
Gs,k = s  H  B  1

1.1.3. Empuxo do solo

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Pressões horizontais de solo na parede e na base:

Observações: hs1 = K  s  H
(solo-padrão) hs2 = K  s  (H + hb)
s = 18 kN/m³
 = 30  Empuxo horizontal de solo na parede:

hs1  H
Hsp,k = 1
2
1
Hsp,k =  K  s  H  H  1
2
1
Hsp,k =  K  s  H²  1
2

Empuxo horizontal de solo na base:

(hs2 + hs1 )  hb
Hsb,k = 1
2
1
Hsb,k =  [K  s  (H + hb) + K  s  H]  hb  1
2
1
Hsb,k =  K  s  (2H + hb)  hb  1
2

Empuxo horizontal total no muro de arrimo:

Hs,k = Hsp,k + Hsb,k


ou
hs2  (H + hb )
Hs,k = 1
2
1
Hs,k =  K  s  (H + hb)  (H + hb)  1
2
1
Hs,k =  K  s  (H + hb)²  1
2

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Lembrando da mecânica dos solos:

 
Ka = tan2  45 − 
 2

1.1.4. Sobrecarga sobre o terreno

Peso Total da Sobrecarga:

Qsc,k = q  B  1

Pressão horizontal da sobrecarga:

hsc = Ka  q

Empuxo na parede:

Hscp,k = hsc  H  1
ou
Hscp,k = Ka  q  H  1

Empuxo na base:

Hscp,k = hsc  hb  1
ou
Hscp,k = Ka  q  hb  1

Empuxo total no muro de arrimo

Hsc,k = hsc  (H + hb)  1

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1.2. Estabilidade como corpo rígido

1.2.1. Deslizamento ou Escorregamento

F.SD =
Festabilizante
=
(
μe  Gp,k + Gu,k + Gb,k + Gb1,k + Gs,k )  1,5
Fdesestabilizante Hs,k + Hsc,k

2 
de o coeficiente de atrito estático: e= tan   
3 

1.2.2. Tombamento

 b   B
Mestabilizante
Gb1,k 
B1
2
( 
)
+ Gp,k + Gu,k   B1 + m  + ( Gb,k + Gs,k )   B1 + bm + 
2   2
F.ST = =  1,5
Mdesestabilizante  H + hb  H + hb
Hs,k    + Hsc,k   2 
 3   

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1.3. Ações e tensões na fundação

1.3.1. Determinação da tensão admissível

A tensão admissível do terreno é dada por:

SPTmédio
s,adm = [MPa]
50

1.3.2. Ações referenciadas ao centro geométrico da fundação

Nbase,k = Gb1,k + Gpar,k + Gu,k + Gb,k + Gs,k + Qsc,k

 B − B1   H + hb   H + hb   B1 + bm 
Mbase,k = Gb1,k  
B + bm 
 + (Gu,k + Gpar,k)    + Hs,k    + Hsc,k    – (Gb,k + Gs,k + Qsc,k )   
 2   2   3   2   2 

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 B total 
1.1.1. Quando não ocorre levantamento da base  e  
 6 

No caso em que toda a base está comprimida, e em contato com o solo de fundação, ocorre o exibido na
figura 3.1.

Figura 3.1 – Determinação das tensões na fundação

Para a determinação da tensão vertical máxima no terreno de fundação (sk,máx), supondo distribuição plana
de tensões no solo, pode-se lançar mão do uso da teoria largamente difundida nos cursos de resistência dos materiais
para flexão composta normal, conforme equação 3.1.

sk,máx = Nbase.k + Mbase.k (Equação 3.1)


A Wf

onde A = Btotal ∙ 1 m área da seção transversal da base

1 m  B total
2
Wf = módulo de rigidez a flexão da base
6

Substituindo as propriedades geométricas na equação 3.1, pode-se escrever a equação 3.3.


Nbase.k Mbase.k
sk,máx = +
B total  1 m 1 m  B total 2
6

Nbase.k 6Mbase.k
 sk,máx = + (Equação 3.2)
B total  1 m 1 m  B total 2
É possível ainda reescrever a equação 3.2 explicitando a excentricidade, conforme equação 3.3.

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Nbase.k 6Mbase.k
sk,máx = +
B total  1 m 1 m  B total 2

Nbase.k 6N e
sk,máx = + base.k 2
B total  1 m 1 m  B total

Nbase.k  6e 
 sk,máx =  1 +  (Equação 3.3)
B total  1 m  B total 

O valor da tensão vertical mínima no terreno de fundação (sk,mín) pode ser obtida alterando-se o sinal da
equação 3.1 para uma subtração, conforme equação 3.4.

sk,mín = Nbase.k − Mbase.k (Equação 3.4)


A Wf

A equação 3.4 também pode ser reescrita explicitando-se a excentricidade, a dedução é análoga a anterior e
o resultado está apresentado na equação 3.5.

Nbase.k  6e 
sk,mín =  1 − 
B total  1 m  B total 
(Equação 3.5)

É preciso estabelecer o campo de validade destas equações, visto que a equação de resistência dos materiais,
para flexão composta normal, só é válida enquanto toda a base se mantem comprimida, em outras palavras, enquanto
sk,mín  0. Assim, as equações deixam ser válidas conforme condição imposta na equação 3.6.

Nbase.k  6e 
 1 − <0
B total  1 m  B total 
(Equação 3.6)

É óbvio que para que a equação 3.6 se torne de valor negativo é necessário que a parcela dentro do parêntese
resulte menor do que zero, o que faz com que a condição fique reduzida a apresentada na equação 3.7.

6e
1− <0
B total

B total
e> (Equação 3.7)
6

As expressões deduzidas só terão validade se a excentricidade dos esforços for inferior a um sexto do
comprimento total da base. Assim, pode-se definir um valor de excentricidade limite (elimite) para o campo de aplicação
das expressões deduzidas anteriormente, conforme equação 3.8.

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 elimite = B total (Equação 3.8)


6

Caso a combinação de esforços na base tenha excentricidade (e) idêntica ao valor da excentricidade limite
(elimite), a distribuição de tensões na base se fará conforme a figura 3.2, anulando-se a tensão em uma das bordas.

Figura 3.2 – Condição da excentricidade limite.

 B total 
1.1.2. Quando ocorre levantamento da base  e  
 6 
Para os casos em que ocorre levantamento de base, a geometria do fenômeno pode ser conhecida através
da figura 3.3.

Figura 3.3 – Determinação das tensões na fundação

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Para a determinação do comprimento de contato com o solo de fundação (b contato), supondo distribuição plana
de tensões no solo, igualam-se as posições da força normal excêntrica solicitante na base (Nbase,k) e da reação de apoio
resultante do terreno de fundação (RS), o resultado é apresentado na equação 3.9.

bcontato B totsal
= –e
3 2

B 
 bcontato = 3   total − e  (Equação 3.9)
 2 

Por questões de segurança, não é recomendável que o comprimento de contato seja muito reduzido. Assim, não se
permite que a base tenha levantamento de valor superior a um terço do comprimento total. Essa recomendação é
imposta pela equação 3.10.

2
 bcontato  B total (Equação 3.10)
3

Caso a condição da equação 3.10 não seja atendida, a base deve ser redimensionada, pois o projeto não estará
adequado.
Através do equilíbrio de forças verticais (FV =0) é possível determinar a tensão máxima no solo de fundação
(sk,máx), cujo resultado é apresentado na equação 3.11.

Rs = Nbase,k

σ sk,máx  b contato
∙ 1 m = Nbase,k
2

2  Nbase,k
 sk,máx = (Equação 3.11)
b contato  1 m

O muro também possui um atrito horizontal, que dá o equilíbrio horizontal aos esforços aplicados.

fat,k  Btotal = Hs,k + Hsc,k

Hs,k + Hsc,k
fat,k =
Btotal

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INTERAÇÃO SOLO-ESTRUTURA
MODELO DE WINKLER

Ao se realizar um ensaio de placa sobre o terreno, qualitativamente, obter-se-á o comportamento do solo


descrito no gráfico da Figura 1.

Figura 1 – Ensaio de placa sobre o terreno

Terzaghi (1955) introduziu o chamado coeficiente ou


módulo de reação vertical do solo, o qual definiu
conforme expressão abaixo:

p = Kvs  
ou

p
Kvs =
δ
onde:
p pressão aplicada ao terreno
Kvs coeficiente de reação vertical do solo
Figura 2 – Linearização do comportamento do solo
 deslocamento (recalque)

Nesta análise, é assumido que a pressão ‘p’ e o


deslocamento ‘δ’ de cada ponto estão
correlacionados por um coeficiente elástico (Kvs).
Assim, o comportamento do solo pode ser
representado analogamente ao comportamento de
uma mola.

Figura 3 – Comportamento do solo como uma mola

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Correlação empírica de ‘Kvs’ com a tensão admissível (s,adm)

A obtenção do coeficiente ou módulo de reação vertical do solo já foi objeto de estudo de diversos pesquisadores.
Em uma das bibliografias sobre o assunto, os valores foram correlacionados com a tensão admissível do terreno
e estão apresentados na tabela abaixo.

KVS KVS
s,adm s,adm
 kN kN   kN kN 
(MPa)  m²/m ou m³  (MPa)  m²/m ou m³ 
   
0,025 6.500 0,215 43.000
0,03 7.800 0,22 44.000
0,035 9.100 0,225 45.000
0,04 10.400 0,23 46.000
0,045 11.700 0,235 47.000
0,05 13.000 0,24 48.000
0,055 13.900 0,245 49.000
0,06 14.800 0,25 50.000
0,065 15.700 0,255 51.000
0,07 16.600 0,26 52.000
0,075 17.500 0,265 53.000
0,08 18.400 0,27 54.000
0,085 19.300 0,275 55.000
0,09 20.200 0,28 56.000
0,095 21.100 0,285 57.000
0,1 22.000 0,29 58.000
0,105 22.900 0,295 59.000
0,11 23.800 0,3 60.000
0,115 24.700 0,305 61.000
0,12 25.600 0,31 62.000
0,125 26.500 0,315 63.000
0,13 27.400 0,32 64.000
0,135 28.300 0,325 65.000
0,14 29.200 0,33 66.000
0,145 30.100 0,335 67.000
0,15 31.000 0,34 68.000
0,155 31.900 0,345 69.000
0,16 32.800 0,35 70.000
0,165 33.780 0,355 71.000
0,17 34.600 0,36 72.000
0,175 35.500 0,365 73.000
0,18 36.400 0,37 74.000
0,185 37.300 0,375 75.000
0,19 38.200 0,38 76.000
0,195 39.100 0,385 77.000
0,2 40.000 0,39 78.000
0,205 41.000 0,395 79.000
0,21 42.000 0,4 80.000
Fonte: Safe, Morrison (1993)

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O muro de arrimo deve ser modelado com molas na fundação para representar o comportamento
do terreno:

O espaçamento entre molas (sm) deve ser o menor


possível, para representar bem o apoio abaixo do
muro de arrimo. Lembre-se que a distância entre
duas molas será entendida pelo programa de
cálculo como vão livre.

É necessário colocar uma mola horizontal apenas


para não gerar instabilidade no programa de
cálculo. Costuma-se fazer:

Kv
Kh =
100

Existe diferença entre as duas molas da extremidade e as demais molas centrais:

Kv,extremidade = Kvs   sm  1 
 2 

Kv,central = Kvs  (sm  1)

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1.4. Diagramas de Esforços internos solicitantes

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1.4.1. Parede

NA = 0 VA = 0 MA = 0
NB = – Gpar,k VB = – Hsp,k – Hscp,k MB = Hsp,k  H + Hscp,k  H
3 2

1.4.2. Base a direita

 s,máx − s,mín   s,máx − s,mín 


sp2 = máx –    (B1 + bm) = mín +  B Rsp2,k = (sp2 + s,mín)  B  1
 1B + b m + B   B1 + bm + B  2

NC = – Hsb,k – Hscb,k + fat,k  B


ND = – Hsb,k – Hscb,k

VC = + Gb,k + Gs,k + Qsc,k – Rsp2,k


VD = 0

 B  ( sp2 + 2 s,mín )  h B  hb hb  (hs2 + 2hs1 ) 


MC = Rsp2,k    + fat,k  B  b – (Gb,k + Gs,k + Qsc,k)  – Hsb,k   − 
 3  ( sp2 +  s,mín )  2 2 2 3  (hs2 + hs1 ) 

h h  (h + 2hs1 ) 
MD = – Hsb,k   b − b s2 
2 3  (hs2 + hs1 ) 

1.4.3. Base a esquerda

 s,máx − s,mín   s,máx − s,mín 


sp1 = máx –    B1 = mín +    (B + bm) Rsp1,k = (s,máx + sp1)  B1  1
 B1 + bm + B   B1 + bm + B  2

NE = 0 VE = 0 ME = 0
NF = – fat,k  B1 VF = – Gb1,k + Rsp1,k
 B1  ( s,máx + 2 sp1 )  hb
MF = + Rsp1,k  B1 −  – fat  B1  – Gb1,k  B1
 3  ( s,máx +  sp1 )  2 2

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1.5. Dimensionamento da Armadura

Valores de mín
Forma da seção %
C20 C25 C30 C35 C40 C45 C50

Retangular 0,150 0,150 0,150 0,164 0,179 0,194 0,208

1.5.1. Parede

Na seção B, ou seja, no pé da parede, existe uma flexo-compressão com grande excentricidade.

NSd = 1,4  | NB |
MSd = 1,4 | MB |

A solução do problema é dada por:

Msd,fic = Msd + Nsd   m − d' 


b
 2 

 MSd, fic   MSd,fic  1


x = 1,25d ∙ 1 − 1 −  AS =  − NSd  ∙
 0,425  b w  d2  fcd   d − 0,4x  fyd

Lembrando que: d = bm – d’
As,mín = mín  bw  bm

Com a solução encontrada (maior valor entre As e As,min), deve-se escolher uma barra e obter o
devido espaçamento para a armadura escolhida.

As 100 cm
Número de barras por metro: n = [barras/m] Espaçamento: s =
Abarra n

Dica: A barra escolhida adequada é aquela que apresenta 10 cm ≤ s ≤ 20 cm.

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1.5.2. Base a direita

Na seção C existe uma flexo-tração com grande excentricidade.

NSd = 1,4  | NC |
MSd = 1,4 | MC |

A solução do problema é dada por:

Msd,fic = Msd – Nsd   b − d' 


h
 2 

 MSd, fic   MSd,fic  1


x = 1,25d ∙ 1 − 1 −  AS =  + NSd  ∙
 0,425  b w  d2  fcd   d − 0,4x  fyd

Lembrando que: d = hb – d’
As,mín = mín  bw  hb

Com a solução encontrada (maior valor entre As e As,min), deve-se escolher uma barra e obter o
devido espaçamento para a armadura escolhida.

As 100 cm
Número de barras por metro: n = [barras/m] Espaçamento: s =
Abarra n

Dica: A barra escolhida adequada é aquela que apresenta 10 cm ≤ s ≤ 20 cm.

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1.5.3. Base a esquerda

Na seção F, existe uma flexo-compressão com grande excentricidade.

NSd = 1,4  | NF |
MSd = 1,4 | MF |

A solução do problema é dada por:

Msd,fic = Msd + Nsd   b − d' 


h
 2 

 MSd, fic   MSd,fic  1


x = 1,25d ∙ 1 − 1 −  AS =  − NSd  ∙
 0,425  b w  d2  fcd   d − 0,4x  fyd

Lembrando que: d = hb – d’
As,mín = mín  bw  hb

Com a solução encontrada (maior valor entre As e As,min), deve-se escolher uma barra e obter o
devido espaçamento para a armadura escolhida.

As 100 cm
Número de barras por metro: n = [barras/m] Espaçamento: s =
Abarra n

Dica: A barra escolhida adequada é aquela que apresenta 10 cm ≤ s ≤ 20 cm.

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1.6. Detalhamento das armaduras

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