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Levantamento topográfico
Francisco A. M. Gomes
Outubro de 2014
1 Descrição do projeto
Nessa atividade, vamos usar a lei dos senos e a lei dos cossenos para desenhar um mapa
topográfico, e para calcular a área e o perı́metro de uma região delimitada em um terreno.
Para tanto, vamos supor que as medidas do terreno tenham sido coletadas com o auxı́lio de um
teodolito, que é um aparelho usado em topografia.
O teodolito é composto, basicamente, por um telescópio que pode ser girado em torno de
dois eixos perpendiculares, um horizontal e outro vertical. Usando o telescópio para mirar
pontos diferentes, e medindo os ângulos entre eles, podemos determinar as coordenadas no
plano e a altura desses pontos. Apesar de existirem teodolitos eletrônicos sofisticados, um bom
teodolito ótico-mecânico, como o que é mostrado na figura abaixo, é suficiente para que se
obtenha dados precisos.
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2 Determinação das medidas do terreno
A região da UNICAMP selecionada para o projeto é mostrada na Figura 2. Nela, foram cravadas
cinco estacas que representam os vértices do polı́gono a ser demarcado. Como o terreno tem
declividade suave e não possui acidentes, trabalharemos apenas com esses cinco vértices.
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Figura 3: Medidas horizontais a serem determinadas.
sentido horário, de modo que o azimute de um ponto perfeitamente a leste é 90◦ , enquanto um
ponto perfeitamente a oeste tem azimute 270◦ .
Os ângulos θ1 , . . . , θ5 desejados podem ser obtidos pela diferença dos azimutes. A Figura
4 mostra as estacas i e i + 1, bem como seus azimutes. Nessa figura, o ângulo θi é dado
simplesmente por θi = zi+1 − zi .
Apesar de não ser muito precisa, essa estratégia exige um número pequeno de visadas e
permite que incorporemos facilmente o norte magnético da Terra ao nosso mapa. Além disso,
ela garante que os ângulos θ1 , . . . , θ5 somem exatamente 360◦ .
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dados, também é possı́vel calcular o desnı́vel hi entre a posição do teodolito e a estaca.
Para calcular a distância di entre o teodolito e a estaca i é necessário mirar dois pontos ri
e si diferentes da régua, e fazer duas leituras αi e βi do ângulo zenital, que é o ângulo medido
em relação à semirreta vertical que parte do centro do teodolito em direção ao zênite, o ponto
da esfera celeste exatamente acima do observador (ou do teodolito, em nosso caso).
A Figura 5 mostra os quatro valores lidos no teodolito – ri , αi , si e βi –, bem como as medidas
verticais que queremos determinar – di e hi . O desenho da esquerda corresponde a uma estaca
situada em um ponto mais alto que o teodolito, enquanto a imagem da direita mostra uma
estaca abaixo do nı́vel do teodolito.
(a) Ângulo zenital menor que 90◦ (b) Ângulo zenital maior que 90◦
O cálculo de di e hi é feito de forma indireta. Primeiramente, aplicamos a lei dos senos para
obter a distância qi em função dos ângulos zenitais αi e βi e da diferença entre os valores lidos
na régua, vi = ri − si . O triângulo usado nesse cálculo é reproduzido na Figura 6.
qi vi
= .
sen(αi ) sen (βi − αi )
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De posse dos valores de qi , si , t (altura do teodolito) e do ângulo βi , é possı́vel determinar o
desnı́vel hi entre o ponto no qual está localizado o teodolito e a estaca i, bem como a distância
di entre o teodolito e a estaca. Para tanto, usa-se os triângulos mostrados na Figura 7.
(a) Ângulo zenital menor que 90◦ (b) Ângulo zenital maior que 90◦
Vejamos, inicialmente, como determinar di . Da Figura 7(a), concluı́mos que, para βi ≤ 90◦ ,
di = qi · sen(βi ).
Por outro lado, a Figura 7(b) indica que, para βi > 90◦ ,
di = qi · sen (180◦ − βi ) .
Felizmente, como sen(180◦ −βi ) = sen(βi ), podemos escrever uma fórmula única para a obtenção
de di :
di = qi · sen(βi ).
Passemos, agora, à determinação de hi . Se βi ≤ 90◦ , a Figura 7(a) nos fornece
hi = t + wi − si = t + qi · cos (βi ) − si .
hi = t − wi − si = t − qi · cos (180◦ − βi ) − si .
Lembrando, então, que cos(180◦ − βi ) = −cos(βi ), podemos reunir as duas fórmulas acima em
uma só, escrevendo simplesmente
hi = t + qi · cos (βi ) − si .
Observe, entretanto, que cos(βi ) < 0 se βi > 90◦ . Dessa forma, hi pode ser negativo, o que
indica que há um declive no terreno, ou seja, que o ponto do terreno em que foi fincada a estaca
i está abaixo do nı́vel do terreno no qual se encontra o teodolito.
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2.3 Determinação das medidas p1 , . . . , p5
Obtidas as distâncias d1 , . . . , d5 , podemos determinar, finalmente, os comprimentos p1 , . . . , p5
dos lados do polı́gono. Isso nos permite, por exemplo, obter o perı́metro da região, informação
muito útil quando queremos cercá-la.
Para calcular o valor de pi , aplicamos a lei dos cossenos ao triângulo que tem como vértices
o teodolito e as estacas i e i + 1 (usando a estaca 1 no cálculo de p5 ). Tomando como base o
triângulo apresentado na Figura 8, escrevemos
q
pi = d2i + d2i+1 − 2 · di · di+1 · cos(θi ).
3 Planilhas do projeto
Agora que você já sabe como obter as informações necessárias para a elaboração de um mapa
topográfico, podemos passar ao problema prático que será objeto desse projeto.
Nesse semestre, como não teremos tempo para efetuar as medidas em campo, suporemos
que os dados do levantamento topográfico já foram coletados. Esses dados, obtidos com um
teodolito instalado a 1,36 m do chão, são apresentados na Tabela 1.
A partir da Tabela 1, você deve criar uma outra tabela que contenha os valores de θi , qi ,
di , hi e pi , para i = 1, . . . , 5.
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4 Confecção do mapa
Para a confecção do mapa topográfico do terreno, empregamos os valores de zi , di e hi . O
mapa pode ser feito à mão ou com o emprego de um programa de computador. Entretanto, as
seguintes diretrizes devem ser seguidas:
2. O ponto que representa o teodolito deve coincidir com a origem dos eixos coordenados.
3. A direção do norte magnético da Terra deve coincidir com o eixo y, e também deve ser
mostrada no mapa.
5. É preciso apresentar ao menos quatro curvas de nı́vel, com a indicação da cota do terreno
em relação ao seu ponto mais baixo.
Um modelo de mapa é apresentado na Figura 9. Observe que o seu mapa não precisa conter
os eixos x e y.
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5 Cálculo da área e do perı́metro do terreno
Como última tarefa do projeto, você deve calcular a área e o perı́metro do terreno. O perı́metro
pode ser facilmente obtido a partir das medidas p1 , . . . , p5 . Já para a determinação da área,
pode-se somar as áreas dos triângulos que têm como vértices o teodolito e duas estacas sucessivas
(vide a Figura 3). Para tanto, é preciso lembrar que a área do i-ésimo triângulo é dada por
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Ai = di di+1 sen(θi ).
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Como alternativa para o cálculo da área, pode-se empregar o mesmo procedimento adotado
no primeiro projeto, que consiste em aplicar a fórmula
6
1 X
A = (xi yi+1 − xi+1 yi ) ,
2 i=1
considerando que (x6 , y6 ) = (x1 , y1 ). Para tanto, é preciso conhecer as coordenadas Cartesianas
dos vértices do polı́gono, que podem ser extraı́das do mapa ou obtidas usando trigonometria.