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UNIDADE 3.

1 - LOTE ECONÔMICO
3.1.1 Introdução:
A decisão de estocar ou não determinado item é básica para o volume de estoque em
qualquer momento. Ao tomar tal decisão, há dois fatores a considerar:

1. É econômico estocar o item?


2. É interessante estocar um item indicado como antieconômico a fim de satisfazer um cliente e,
portanto, melhorar as relações com ele?

O primeiro fator pode ser analisado matematicamente. Em geral, não é econômico estocar
um item se isso excede o custo de comprá-lo ou produzi-lo. Também pode ser demonstrado que
não é econômico estocar itens quando as necessidades dos clientes, ou a média de consumo da
produção, tenham um excesso correspondente à metade da quantidade econômica do pedido.

A questão de saber se devemos estocar um item, embora seja antieconômico fazê-lo, a fim
de prestar melhor serviço ao cliente, representa uma decisão mais difícil, porque frequentemente
é impossível atribuir um exato valor em dinheiro à satisfação do cliente. O problema é que o
tempo necessário para comprar pode ser maior do que ele deseja esperar. Neste caso a decisão
terá de ser tomada numa base de item por item sobre o custo de fabricação na base de pedido por
pedido.

Quanto deve ser comprado ou produzido de cada vez? Como vimos anteriormente, dois
tipos básicos de custos afetam decisão sobre o quanto deve ser comprado ou produzido de cada
vez. Existem custos que aumentam à medida que a quantidade do material pedido aumenta,
porque em média, considerando consumo uniforme, metade da quantidade pedida estará em
estoque. Tais custos são aqueles vinculados à armazenagem dos materiais, incluindo espaço,
seguro, juros etc. Existem, também, os custos que diminuem à mediada que a quantidade de
material pedida aumenta, com a distribuição dos custos fixos por quantidades maiores.
Custo em $

Custo Total

Custo de Armazenagem

Custo de Pedido

Q
L.E.C

Pelo gráfico do custo total de estoque podemos perceber um aumento dos custos de
armazenagem à medida que a quantidade dos produtos comprados ou produzidos aumenta,
devido à maior quantidade que deve ser armazenada. A curva mais baixa indica o custo total para
encomendar material, o qual diminui à medida que aumenta a quantidade de produtos pedidos de
uma só vez. Esta redução se deve ao fato de que poucos pedidos terão de ser emitidos durante
determinado espaço de tempo e, como resultado, haverá despesas menores de emissão de
Pedidos de Compra. A curva superior representa o custo total do estoque que é obtido
adicionando-se os custos de armazenagem aos custos de pedido.
3.1.2 Lote econômico de compra ( supondo sem faltas )

Começaremos por um modelo mais simples; termos de partir das seguintes condições:
a) o consumo mensal é determinístico e com uma taxa constante; e
b) a reposição é instantânea quando os estoques chegam ao nível zero.
Consideremos um período de 1 ano (T); o custo total seria formado de três componentes:
CT = Custo unitário do item (ano) + Custo de pedido (ano) + custo de armazenagem (ano)

Q = E.Mx

t
T
O estoque máximo (E.Mx) é igual à quantidade a ser comprada; na prática isto não é
verdade. O período t é o tempo entre os pedidos ou tempo de consumo. O período de
planejamento (T) é anual.

O custo total do ano pode ser apresentado também da seguinte maneira:


CT = Custo total do período (t) x número de períodos (ano)

O custo unitário por período é o custo de aquisição das Q unidades, ou seja: P x Q , em


que P é o preço unitário do item.
Em cada período se faz apenas uma compra, o custo de pedido é o custo de se fazer uma
compra, isto é, B. O estoque médio por período é Q/2. Então o custo de armazenagem por
período é: IxtxQ/2

Onde: I = custo de armazenagem em $ / unidades / ano


t = duração de um período (anos)

Logo o custo total por período é: CT = P x Q + B + I x t x Q / 2


Para um ano, a duração de um Q um período é:
t = Q / C sendo C o consumo do período t

O número de pedidos por ano é : Pedidos = C / Q


Substituindo a equação de custo total pelas duas equações anteriores, temos:

CT = P x C + B x C / Q + I x Q / 2

Onde: P = Preço unitário de compra


C = Consumo do item
B = Custo de pedido
Q = Quantidade do lote
I = Custo de armazenagem
Uma das maneiras de determinar Q mínimo é substituir na equação vários valores de Q até
achar CT mínimo. Outro método é derivar a equação em relação a Q e igualar a derivada a 0
(zero). Mas, vejamos, o objetivo é tornar CT o menor possível, o termo (P x C) é uma constante,
ele não irá variar em função do valor de Q;

logo: CT = B x C / Q + l x Q / 2

A matemática diz-nos que “o mínimo da soma de duas variáveis, cujo produto é constante,
ocorre para valores iguais de variáveis”. Então:
2
BxC/Q = lxQ/2 2B x C = l x Q

2
Q = 2xBxC / l Q = 2xBxC/ I

Quando foi visto o custo de armazenagem, foi dito que o índice “I” poderia ser indicado de
duas maneiras em percentual ao valor total do estoque ou em valor unitário. A fórmula acima
apresentada é para quando I for dado como valor unitário. Para valor percentual, teríamos a
seguinte alteração:

BxC/Q = l(PxQ/2)
2
2xBxC = lxQ x P Q = 2xBxC/IxP
Exercício 1 : O consumo de determinada peça é de 20.000 unidades por ano. O custo de
armazenagem por peça e por ano é de $ 1,90 e o custo de pedido é de $ 500. O preço
unitário de compra é de $ 2,00. Determine:
a) O lote econômico de compra
b) O custo total anual
c) O número de pedidos por ano
d) A duração entre os pedidos
RESPOSTA:

a) Lote econômico de compra (Q)

Q = 2 x 500 x 20.000 /1,90 = 3.245 unidades

b) Custo total anual

CT = P x C +( B x C / Q) + I x Q / 2

CT = 2,00 x 20.000 + ( 500 x 20.000/3.245) + ( 1,90 x 3.245/2)

CT = R$ 46.164,00 por ano

c) O número de pedidos
Número de pedios = C/Q = 20.000 / 3.245 = 6,2 pedidos ao ano

d) Intervalo entre pedidos

t = Q / C = 3.245 / 20.000 = 0,162 anos = 1,94 meses


3.1.3 Lote econômico de produção (sem faltas)

As hipóteses básicas que devem ser obedecidas neste modelo são as mesmas do lote
econômico de compras, com uma única exceção: a quantidade produzida é finita e maior
que o consumo, como se vê na figura abaixo.
Q.produzida

E.Mx W.C Consumo = C

t T

E . Mx = Estoque máximo
W = Taxa de produção
C = Consumo
A = Custo de preparação (substitui o custo de pedido)

Existe também uma diferença entre o tipo de custo, que é o custo de preparação (A), o
qual substitui o custo de pedido para o lote econômico de compras e o preço (P), que é o
custo de fabricação. O custo total neste caso pode ser dado por:

CT = P . C + A . C / Q + ( I . Q ) / 2 . (( 1 – (C / W ))

Ou em função do E.Mx

CT = P . Q + A + I (T + t ) . ( E.Mx / 2 )
O lote econômico de fabricação ao mínimo custo será:

Q = 2 .A . C
I(l–C/W)

Exercício 2:
O consumo de uma peça é de 9.000 unidades por ano. A capacidade de produção é de
1.500 unidades por mês. Sendo o custo de preparação de R$ 200,00 e o custo de
armazenagem por mês de 2,00. Calcule o lote econômico de produção e o custo total anual,
sabendo-se que o custo unitário de produção é de R$ 4,00.

RESPOSTA:

Q = 2 x 200 x 9000 = 548 unidades

(2 x 12) x (1 – 9000/(1500 x 12)

CT = P . C + A . C / Q + ( I . Q ) / 2 . (( 1 – (C / W ))

CT = (4x9000) + 200 x 9000/548) + (2x12x548/2) x (1 – 9.000/(1500x12)

CT = R$ 42.573,00
3.1.4 Lote econômico de compra (admitindo faltas)

Este modelo tem os mesmos princípios que o 3.1.2, entretanto, existe uma diferença, pois
este admite haver ruptura do estoque, ou seja, faltas. Em decorrência desse pressuposto,
passamos a acrescentar um novo custo, o custo de falta. A figura abaixo nos mostrará essa
situação.

E.Mx

T F

Tx Ty

Com a inclusão do custo de falta, teríamos a seguinte formulação:

CT = Preço do item / ano + custo de pedido / ano + custo de armazenagem / ano + custo de
faltas / ano

 Formula abaixo usar quando for dado o Tx e o Ty

CT = P . Q + B + l . Tx . E. Mx + CF . Ty . F
2 2

 Formula abaixo usar quando não temos o Tx e Ty:

2 2
CT = P . C + B . C / Q + l X ( Q – F ) + CF . F
2Q 2Q

Onde: CF = Custo de falta no período


F = Quantidade faltante
Ty = Tempo decorrido de falta
Tx = Tempo do consumo norma
Para calcular a quantidade faltante:

F = l . Q
l + CF

Estoque máximo ( E. Mx ) = Q - F ( observar figura )

O número de pedidos por ano é = C / Q

O intervalo de duração é = Q / C

E a quantidade para o lote econômico é :

Q = 2 . B.C x l + CF
I CF
Exercício 3: Usando o mesmo problema do lote econômico do exercício 1 e admitindo um
custo de falta anual de $ 15 por unidade / ano, calcule:
a) O lote econômico
b) O número de faltas
c) O custo total
d) O número de pedidos
e) E o intervalo entre pedidos

RESPOSTA:
a) Lote econômico:

Q = 2xBxC x I + CF
I CF

Q = 2 x 500 x 20.000 x 1,90 + 15 = 3.443,78 = 3.444 unid.


1,90 15

b) Número de faltas:

F = l . Q = F = 1,90 x 3.444 = 387,19 = 388 unid


l + CF 1,9 + 15

c) Custo total

2 2
CT = P . C + B . C / Q + l X ( Q – F ) + CF . F
2Q 2Q

CT = 2 x 20.000 + 500 x 20.000 + 1,90 (3.444 – 388)² + 15 x (388)²


3.444 2 x 3.444 2 x 3.444

CT = 40.000 + 2.903,60 + 2.576,12 + 327,84

CT = R$ 45.807,56
d) Número de pedidos

Pedidos = C /Q = 20.000 / 3.444 = 5,8 pedidos/ano

e) Intervalos de pedidos

Intervalo = Q / C = 3.444 / 20.000 = 0,17 anos = 2,04 meses


3.4 - Lote econômico sob desconto
Existem situações no processo de compra em que se podem obter descontos no preço de
compra de determinado produto. Pode ocorrer também que o fornecedor ofereça descontos
no preço unitário, de acordo com um aumento da quantidade comprada. Devemos então
determinar o que é mais econômico para a empresa: adquirir quantidades de produtos
maiores que o lote de compra, obtendo com isso uma redução no preço, ou comprar a
quantidade determinada pelo lote independente de qualquer nível de desconto.
Seja Q a quantidade comprada pelo lote econômico convencional; D o desconto
conseguido ao se comprar uma quantidade igual a K . Q, sendo K um percentual de
aumento de Q; o novo preço de P será P (1 – D). A formula do custo total, como já vimos
é:

CT = P .C + B . C / Q + l . Q / 2 . P

Substituindo por K . Q e P (1 – D), teremos:

CT = P (1 – D) . C + B . C / K . Q + l . KQ / 2 . P (1 – D)

Com isso temos dois custos totais, o primeiro com preço unitário sem descontos e com
uma quantidade econômica; o segundo preço unitário diferente, menor que o anterior, e
com uma quantidade maior que a quantidade econômica.

Podemos analisar os dois custos totais da seguinte maneira: se o somatório dos custos CTk,
comprados pela quantidade KQ for menor ou igual ao somatório dos custos CT, comprados
pela quantidade Q, deve ser adquirida a nova quantidade. Matematicamente, podemos
fazer a seguinte inequação:

CT = P (1 – D) . C + B . C / K . Q + l . KQ / 2 . P (1 – D) </= P .C + B . C / Q + l . Q / 2 . P

A fórmula do lote econômico é:

Q= 2xB x C
lxP

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