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CAPÍTULO 6 – COMPRAS

3.1 Compras:
A aquisição envolve comprar matérias-primas, suprimentos e componentes para a
organização. As atividades associadas a compras incluem:

Selecionar e qualificar os fornecedores;


Classificar o desempenho do fornecedor;
Negociar contratos;
Comparar preços, qualidade e serviços;
Pesquisar produtos e serviços;
Determinar quando comprar;
Determinar prazos de vendas;
Avaliar o valor recebido;
Medir a qualidade de entrada, se não for responsabilidade do controle da qualidade;
Prever preços, serviços e, algumas vezes, mudanças da demanda;
Especificar a forma na qual os produtos serão recebidos.

Comprar afeta indiretamente o fluxo dos produtos no canal de suprimentos físico,


embora nem todas as atividades de compras sejam do interesse direto do profissional de
logística. As decisões relativas à seleção dos pontos de embarque do fornecedor, à
determinação das quantidades de compra, ao tempo do fluxo de suprimentos e à seleção da
forma dos produtos e dos métodos de transporte do produto são algumas das decisões
importantes que afetam os custos logísticos. Inversamente, as atividades relativas à
negociação dos contratos, à avaliação de desempenho do fornecedor, à garantia da
qualidade e à análise de valor não têm um acompanhamento direto no movimento e no
armazenamento dos produtos no canal de suprimentos. Consequentemente, é justo dizer
que a função compras não deve ser de inteira responsabilidade do profissional de logística.
Entretanto, o inter-relacionamento entre compras e atividades de movimentação e de
armazenamento pode ser substancial. A discussão aqui está focalizada naquelas atividades
de compra mais diretamente relacionadas à logística.
3.2 – Importância de compras:
Compras comanda uma posição importante na maioria das organizações já que as
peças, os componentes e os suprimentos comprados representam tipicamente de 40 a
60%do valor das vendas de seus produtos finais. Isso significa que as reduções
relativamente pequenas de custo obtidas na aquisição dos materiais podem ter um impacto
maior em lucros do que melhorias iguais em outras áreas de custo – venda da organização.
Isso é conhecido como o princípio da alavancagem. Veja quadro 3.1
Quadro 3.1 – Princípio da alavancagem em compras para alcançar o dobro de lucros (em
US$ milhões).
Atual Vendas Preço Mão-de-obra e CIF Compras
( +17%) (+5%) salários (-50%) ( -20% ) ( -8% )
Vendas $100 $ 117 $ 105 $ 100 $ 100 $ 100
Produtos e serviços 60 70 60 60 60 55
comprados
Mão-de-obra e 10 12 10 5 10 10
salários
CIF (Custos indiretos 25 25 25 25 25 25
de fabricação)
Lucro 5 10 10 10 10 10

Algumas das estratégias usadas podem ser resumidas nos seguintes quatro pontos:
 Renegociar contratos: Enviar cartas aos fornecedores exigindo corte nos preços de 5%
ou mais; renegociar os contratos daqueles que se recusam a cortar custos;
 Oferecer ajuda: Despacha equipes de especialistas à plantas dos fornecedores para
ajudar a reorganizar e sugerir outras mudanças de aumento rápido da produtividade;
trabalhar com os fornecedores para fabricar peças mais simples e baratear a produção;
 Manter a pressão: Para certificar-se de que as melhorias continuem, determinar alvos
anuais, ao longo do quadro de redução de custo, freqüentemente de 5% ou mais por
ano;
 Reduzir fornecedores: Reduzir o número total dos fornecedores, às vezes até em 80%,
e incrementar as compras daqueles que permanecem melhorando a economia de escala.
Deve ficar claro que a aplicações destes conceitos é para empresas que entendem o
princípio da alavancagem e o efeito dos retornos sobre ativos.
O profissional de logística vê, nas atividades de compra, a oportunidade para reduzir
custos substancialmente no tempo de fluxos dos materiais, em determinar as quantidades
de compra, na fonte de materiais e nos ajustes das condições de venda. Isto é, as questões –
chave são: quanto, quando e onde comprar (ponto de embarque)? Qual deve ser o peso, a
forma e o tamanho do material a ser entregue.

3.3 – Quantidades e momento de pedido:


As quantidades em que as compras são feitas e quando são feitas afetam o preço
pago, o custo de transporte e o custo de manutenção do estoque. Uma estratégia é comprar
apenas para satisfazer as necessidades assim que ocorrem. Esta é uma estratégia just-in-
time, também referida como comprando em cima da hora. Alternativamente, alguma forma
de compras antecipada pode ser usada. Isso pode ser vantajoso quando espera-se uma
elevação futura nos preços. A compra especulativa também pode ser usada, na qual os
compradores tentam proteger-se dos futuros aumentos de preços. Os materiais,
freqüentemente commodities, tais como cobre, prata e ouro, podem ser revendidos com
lucro. As compras especulativas diferem da compra antecipada na medida em que as
quantidades de compra podem exceder qualquer uma quantidade razoável ditada pelas
necessidades futuras.
As quantidades de compra podem também ser afetadas pelas reduções de preços
especiais que os vendedores oferecem de tempos em tempos. Os compradores podem
querer “abastecer-se” a um bom preço. Por outro lado, eles podem querer negociar por um
bom preço, mas não querer receber os produtos até que sejam necessários, evitando assim
o acúmulo de estoque. Vejamos algumas estratégias de compras:
 Estratégia combinada de compras: Quando uma commodity tem um padrão de preço
sazonal razoavelmente visível, utilizar uma estratégia combinada de compra “em cima
da hora” e de compra antecipada pode resultar em um preço médio mais baixo do que a
de compra “em cima da hora” isolada. A compra antecipada é o ato de comprar em
quantidades excedentes das necessidades atuais, mas não além das necessidades
previsíveis no futuro. É uma boa estratégia quando se espera que os preços subam;
assim, quantidades adicionais são compradas a preços baixos, mas um estoque é criado
e deve ser balanceado com as vantagens de preço. Por outro lado, comprar “em cima da
hora” é vantajoso quando os preços estão caindo, evitando assim a compra de grandes
quantidades agora que a compra retardada pode conduzir a preços menores. A
combinação eficaz destas duas estratégias quando as necessidades são sazonais pode
conduzir a vantagens de preços substanciais;
 Preço médio: A compra antecipada, para ser eficaz, requer que os padrões de preço
sazonal sejam razoavelmente estáveis e previsíveis. Para chegar ao mesmo fim que a
compra antecipada, o preço médio pode ser usado. Esse médio supõe que os preços
subirão ao longo do tempo, mas quem de outra forma, eles flutuarão com incerteza, As
compras são feitas em intervalos fixos, mas a quantidade a comprar depende do preço e
do período da compra. É estabelecido um orçamento baseado no preço médio por um
período razoável no futuro – pelo menos, por um ciclo sazonal completo. O preço é
dividido no montante do orçamento para determinar a quantidade a ser comprada. Isso
resulta em mais unidades sendo compradas quando os preços estão mais baixos do que
quando estão mais elevados, se os preços estão subindo continuamente. O perigo desta
estratégia é não ter quantidades grandes o suficiente para satisfazer as necessidade
quando os preços estão altos. A proteção através da manutenção de algum estoque pode
ser necessária;
 Desconto de quantidade: O agente de compra é freqüentemente incentivado a comprar
em grandes quantidades. Os fornecedores oferecem preços mais baixos se forem
compradas quantidade maiores, visto que se beneficiam das economias de escala e
passam alguns benefícios para os compradores através de incentivos de prelos;
 Compra negociada: É muito comum para fornecedores oferecerem descontos de preço
ocasionais para fins de promoção de seus negócios ou liquidação de seu excesso de
estoque. O agente de compras enfrenta a questão de quanto comprar, se os descontos
forem atraentes. O agente de compras pode já estar comprando do fornecedor e ter as
quantidades a serem compradas otimizadas sob o preço existente. Tais compras criam
um nível de estoque maior do que o normal para um período de tempo. Isto pode ser
aceitável se a redução do prelo mais do que compensar os custos de manutenção
adicionados.
 Compras Associadas: Quando empresas, geralmente de micro e pequenas empresas, se
associam para comprarem juntas determinado produto ou matéria- prima, aumentando
assim o poder de compra junto ao fornecedor e tendo acesso a descontos na compras de
grandes lotes. Dependendo da parceria pode-se montar uma central de compras única
para as empresas consorciadas buscando os melhores preços de mercado;

 Fornecimento Fixo: A seleção dos pontos de embarque dos quais os materiais


comprados devem ser supridos, quando a política de preço exigir que o comprador o
faça. Determinar esses pontos de fornecimento pode depender da disponibilidade de
estoques, do desempenho e do custo dos serviços de transporte usados, e do nível de
preço e da política de preços adotados. Quando há pontos múltiplos de destino, com
limitações na quantidade que pode ser embarcada de cada fonte, o problema da decisão
é mais complexo. Uma maneira de abordá-lo é através do uso de programação linear.

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