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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO CEARÁ

CAMPUS FORTALEZA
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

ARIADNE FERREIRA GOMES


FRANCISCA GABRIELA C. BEZERRA
FRANCISCO RODRIGUES DA SILVA JÚNIOR
REBECA OLIVEIRA DA SILVA

PROJETO E CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS I:


Condomínio residencial, com vinte e cinco edificações de quatro pavimentos cada –
alvenaria convencional e alvenaria estrutural

FORTALEZA-CE
2022
ARIADNE FERREIRA GOMES
FRANCISCA GABRIELA C. BEZERRA
FRANCISCO RODRIGUES DA SILVA JÚNIOR
REBECAOLIVEIRA DA SILVA

PROJETO E CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS I:


Condomínio residencial, com vinte e cinco edificações de quatro pavimentos cada – alvenaria
convencional e alvenaria estrutural

Trabalho apresentado ao professor Luiz


Ronaldo Lisboa de Melo, na disciplina de
Projeto e Construção de Edifícios I, do curso
de Bacharelado em Engenharia Civil do
Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Ceará como requisito parcial
para a aprovação na disciplina.

Fortaleza, CE
2022
RESUMO

A construção civil é um setor industrial que envolve inúmeras variáveis interrelacionadas em


um ambiente dinâmico. Nesse cenário, ritmo e qualidade do trabalho dependem quase que
exclusivamente do trabalhador e, por essa razão, o planejamento e controle da obra atuam
como ferramentas para a priorização de ações e tomada de decisão. Este trabalho teve como
objetivo apresentar o processo de planejamento e controle de uma obra de construção de um
condomínio residencial, com vinte e cinco edificações de quatro pavimentos cada executadas
em dois cenários distintos: o primeiro considerando uma estrutura realizada em alvenaria
convencional e o segundo, com alvenaria estrutural. Os prazos para a construção dos
empreendimentos foram 540 e 320 dias, respectivamente. Durante a apresentação deste
trabalho é apresentado um breve relato sobre a viabilidade técnica, comercial e financeira dos
empreendimentos, sob a ótica do planejamento estratégico, tático e operacional e descritos os
procedimentos para o planejamento e controle da obra. Além disso, é apresentada a
aplicabilidade da NBR 15.575/201, norma de desempenho ao cenário de planejamento e
controle de obra. A metodologia descreve o passo a passo utilizado para o planejamento e
controle do projeto. Como resultados são apresentados o layout do canteiro e as plantas de
locação e parcelamento do solo na região escolhida para implantação das edificações. Os
resultados obtidos demonstram a importância do planejamento e controle de obras e nos
fazem questionar sobre viabilidade de empreendimentos a partir de diferentes técnicas
construtivas.

Palavras-chave: Planejamento. Construção Civil. Projeto e execução de obra.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Local do empreendimento 11


Figura 2 – EAP do projeto 15
Figura 3 – Recorte da Linha de Balanço utilizada no projeto 16
Figura 4 - Histograma de mão de obra 16
Figura 5 – Curva S do projeto 17

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Parâmetros urbanísticos utilizados no empreendimento 11


Tabela 2 – Relação de serviços a serem realizados na obra (início) 13
Tabela 3 – Atividades predecessoras do projeto 15
Tabela 4 – Comparativo entre sistemas construtivos 17

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 6
1.1 Objetivo 6
1.1.1 Objetivos Específicos 6
1.1.2 Justificativa 7
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E ESTADO DA ARTE 8
2.1 Os níveis de planejamento e a aplicação na construção civil 8
2.2 A NBR 15.575/2013: norma de desempenho 9
3 METODOLOGIA 11
3.1 Escolha da localidade 11
3.1.1 Dados Gerais da Edificação 12
3.1.2 Classificação da ocupação 12
3.1.3 Características construtivas 12
3.2 Planejamento da obra 12
3.3 Estudo de viabilidade técnica, comercial e financeira 18
3.4 Etapas da Obra 18
3.4.1 Canteiro 18
3.4.2 Terraplanagem 19
3.4.3 Fundações 19
3.4.4 Estrutura 20
3.4.5 Fechamentos 20
3.4.6 Revestimentos 20
3.4.7 Coberturas 21
3.4.8 Instalações 21
3.4.9 Conclusão da obra 21
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 22
5 CONCLUSão 23
REFERÊNCIAS 24
APÊNDICE A – Planta de Locação 25
APÊNDICE B – Parcelamento do Lote 26
APÊNDICE C – Linha de Balanço 27
APÊNDICE C – Linha de Balanço 28
APÊNDICE C – Linha de Balanço 29
APÊNDICE C – Linha de Balanço 30
APÊNDICE D – Cronograma físico-financeiro 31
APÊNDICE D – Cronograma físico-financeiro 32
APÊNDICE D – Cronograma físico-financeiro 33
APÊNDICE D – Cronograma físico-financeiro 34
APÊNDICE E – Layout do Canteiro 35
APÊNDICE E – Layout do Canteiro 36
6

1 INTRODUÇÃO

A construção civil é um dos principais setores da indústria e envolve diversas


variáveis que se interrelacionam em um ambiente dinâmico. Diferentemente das outras
indústrias de transformação, a produtividade na construção civil é muito mais sensível e
dependente do braço operário (FELIX, 2018). Assim, o ritmo e a qualidade do trabalho
dependem quase que exclusivamente do trabalhador. Além disso, fatores como intempéries,
falta materiais e emprego de mão de obra desqualificada interferem negativamente no
desempenho da obra. Por essas razões, o planejamento figura como um dos principais
aspectos para o gerenciamento da obra e deve englobar, dentre outros temas, orçamento,
compras, gestão de pessoas, comunicações etc. (MATTOS, 2010). As ferramentas de
planejamento e controle da obra permitem ao engenheiro priorizar ações e tomar decisões
assertivas quando detectado algum tipo de desvio.

1.1 Objetivo

O objetivo geral deste trabalho é apresentar um projeto de dois empreendimentos


em condomínio residencial, com vinte e cinco edificações de quatro pavimentos cada. O
empreendimento denominado tipo A será constituído por edificações horizontais/verticais em
estrutura convencional e o empreendimento tipo B, em alvenaria estrutural. Os prazos para a
construção serão de 540 e 320 dias, respectivamente.
Para alcançarmos o objetivo geral deste trabalho devemos atender aos seguintes
objetivos específicos.

1.1.1 Objetivos Específicos

● Apresentar relato sobre a viabilidade técnica, comercial e financeira dos


empreendimentos sob a ótica do planejamento estratégico, tático e operacional;
● Mostrar a aplicabilidade da NBR 15.575/2013;
● Apresentar o layout do canteiro;
● Descrever os procedimentos para o planejamento e controle da obra.

1.1.2 Justificativa
7

O planejamento de obras é uma importante ferramenta de gestão que permite que


ao engenheiro compreender cada um dos processos, auxiliando na gestão do empreendimento.
Dentre os benefícios do planejamento é possível pontuar: a detecção precoce de
situações desfavoráveis, agilidade na tomada de decisão, adequação de orçamento, otimização
da alocação de recursos, criação de padrões de referência, determinação de indicadores,
entregas no prazo, redução de custos etc.
Da mesma forma, deficiências no planejamento e controle da obra comprometem
o seu andamento e podem acarretar atrasos, gastos excessivos, aumento de acidentes com
trabalhadores, dentre outras situações desfavoráveis.
A fim de minimizar as situações com potencial de comprometer o sucesso do
empreendimento e otimizar as oportunidades é imprescindível que o engenheiro civil domine
o tema de planejamento e controle de obras.
A justificativa para este trabalho é traduzida pela importância do estudo sobre
planejamento e controle de obras. Assuntos fundamentais na formação do engenheiro civil,
que permitem vivenciar a elaboração de projetos e despertam o olhar crítico diante a
simulação das rotinas da uma obra.
8

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E ESTADO DA ARTE

2.1 Os níveis de planejamento e a aplicação na construção civil

Planejamento é o processo contínuo de tomar decisões atuais que envolvam


riscos, organizar sistematicamente as atividades necessárias para execução dessas decisões e
medir o
resultado dessas decisões em confronto com as expectativas alimentadas (REZENDE, 2008).
Sob essa ótica o ato de planejar permeia toda e qualquer atividade humana e vai
desde um planejamento simples, como o da roupa que se deve usar em um determinado
evento, até o planejamento complexo de uma grande obra de engenharia.
Adotando uma abordagem organizacional, podemos classificar o planejamento de
acordo com o nível hierárquico em três diferentes tipos: planejamento estratégico, tático e
operacional (ZAPELINI, 2010).
O planejamento estratégico volta-se para tudo aquilo que está relacionado com os
objetivos de longo prazo e está relacionado a tomada de decisão que afeta toda a organização.
Esse tipo de planejamento é realizado pelos níveis mais altos da organização. Nas etapas do
planejamento estratégico são formulados os objetivos e ações que deverão ser seguidos por
todos, levando em consideração condições externas/internas e sua evolução esperada.
O planejamento estratégico na construção civil pode ser compreendido como o
processo de análise sistemática dos pontos fortes (competência) e fracos (incompetência ou
possibilidade de melhoria), e das oportunidades e ameaças do ambiente externo, com o
objetivo de formular (formar) estratégias e ações estratégicas com o intuito de aumentar a
competitividade e seu grau de resolutividade (PEREIRA, 2010).
As análises realizadas nesse nível de planejamento podem ser auxiliadas por
diferentes ferramentas, sendo a Análise de SWOT, ou matriz FOFA uma das metodologias
mais aplicadas. A matriz FOFA permite a estudar as forças (Streghts), fraquezas
(Weakenesses), oportunidades (Opportunities) e ameaças (Threats) e contribuem para a
avaliação da obra e do cenário econômico. Fatores como tendências de mercado, queda nos
padrões de consumo, novas tecnologias e concorrência são analisadas sob a perspectiva do
planejamento estratégico.
O planejamento a nível tático está relacionado com os objetivos de mais curto
prazo e com maneiras e ações que, geralmente, afetam somente parte da organização
(ZAPELINI, 2010). Corresponde ao desmembramento do planejamento estratégico para cada
9

área da empresa e busca definir como serão utilizados os recursos humanos e financeiros da
empresa, além das estratégias adotadas para o alcance das metas organizacionais em médio
prazo. Consiste em pormenorizar as atividades programadas no nível mais extenso e
segmentá-las em pacotes de trabalho. O planejamento de médio prazo possui a função de
interligar os níveis de longo e curto prazos a fim de efetuar a sintonia entre as etapas do
planejamento como um todo (SILVA, 2011).
Por fim, o planejamento operacional está relacionado com as rotinas operacionais
da organização e as ações que afetam somente as unidades setoriais (ZAPELINI, 2010). Ele
permite evidenciar se o que foi planejado a nível estratégico foi de fato executado pelo
responsável designado. Para o cenário da obra, essa verificação deve ser realizada pelo último
planejador ou “last planner”, representado geralmente pelo mestre-de-obras.
De forma ampla, podemos sintetizar e exemplificar os diferentes níveis de
planejamento da obra da seguinte maneira:

● Planejamento estratégico (longo prazo): etapa onde são definidas as metas da obra,
tais como definições de datas de início e fim. As etapas de orçamento, fluxo de caixa e
definição de layout do canteiro são definidas nessa fase;
● Planejamento tático (médio prazo): atrela as metas do plano de longo prazo com o
de curto prazo. Aqui são listados os recursos e suas limitações, são estabelecidas as
quantidades de trabalho a serem realizadas, é realizada a programação e a sequência
da obra, obedecendo sempre os prazos estabelecidos no nível anterior;
● Planejamento operacional (curto prazo): esse tipo de planejamento protege a
produção contra os efeitos da incerteza. No nível operacional ocorre a distribuição dos
pacotes de trabalho para as equipes e é realizada a programação detalhada da
produção.

2.2 A NBR 15.575/2013: norma de desempenho

O setor imobiliário é dinâmico e acompanha as tendências de mercado, sendo


moldado pelas leis de oferta e procura. A partir das mudanças de comportamento da sociedade
modificam-se também as necessidades e as definições para desempenho.
De acordo com a NBR 15.575:2013, desempenho é o comportamento em uso de
uma edificação e de seus sistemas. Dessa forma, o conceito equivale a analisar o
comportamento de um empreendimento durante à exposição ao meio ambiente e à ação dos
10

usuários nos pós entrega, podendo ser mensurado por meio do atendimento ou não às
necessidades do comprador.
Com a publicação da norma de desempenho observou-se uma mudança no cenário
da construção civil, quando se passou a considerar as expectativas e vontades humanas no que
diz respeito ao comportamento do edifício após a sua entrega, e ao longo do tempo de
utilização.
O advento desse instrumento trouxe para os engenheiros que elaboram projetos
residenciais preocupações como: expectativa de vida útil, índices de desempenho, eficiência,
sustentabilidade e manutenção. Dessa maneira, conceitos que outrora eram pertinentes apenas
ao contexto da gestão da qualidade voltaram-se para dentro da obra e, consequentemente, para
o canteiro
Dentre os requisitos dos usuários que devem ser atendidos de forma a promover
segurança, habitabilidade e sustentabilidade, de acordo com a Norma de Desempenho,
podemos citar (CAU/ BR, 2015):

5.1. SEGURANÇA

- Segurança estrutural
- Segurança contra o fogo
- Segurança no uso e na operação

5.2. HABITABILIDADE

- Estanqueidade
- Desempenho térmico
- Desempenho acústico
- Desempenho lumínico
- Saúde, higiene e qualidade do ar
- Funcionalidade e acessibilidade
- Conforto tátil e antropodinâmico

5.3. SUSTENTABILIDADE
- Durabilidade
- Manutenibilidade
- Impacto ambiental

Após a breve explicação é fácil perceber que diferentes níveis de planejamento


permeiam todo andamento de uma obra e, além de um correto planejamento, devem ser
garantidas condições mínimas de desempenho para os projetos de construção civil
residenciais.
11

3 METODOLOGIA

As etapas para atingir os objetivos deste trabalho serão apresentadas a seguir

3.1 Escolha da localidade

Para a instalação do empreendimento foi escolhido um lote pertencente ao


município de Eusébio-CE, região reconhecida pelo crescente desenvolvimento social e
econômico, resultado da melhoria nos serviços públicos básicos, cuidado com o meio
ambiente e segurança. A cidade dispõe de uma das melhores infraestrutura de acesso
rodoviário do estado do Ceará, sendo servida pela BR-116 e pela Rodovia CE-040
(EUSÉBIO, 2022). O lote dispõe de 27.334,77 m² e está localizado na Zona de Urbanização
Adensada (ZUA), região que tem como propósito “permitir a verticalização das edificações
favorecendo a urbanização compacta combinada com o uso misto, como forma de conter a
expansão urbana e favorecer à boa acessibilidade”. Conforme a Figura 1.

Figura 1 - Local do empreendimento

Fonte: Google Earth Pro, 2022

A partir disso foi elaborada a planta de alocação do empreendimento, apresenta no


APÊNDICE A. Para o parcelamento do lote foram adotados os parâmetros da Tabela 1.

Tabela 1 – Parâmetros urbanísticos utilizados no empreendimento


Nível Lote Testa Altura Taxa de Taxa de
Índice de
de Míni da máxim ocupação permeabilida
Usos aproveitamento
incômo mo míni a da máxima % de mínima
(IA)
do m² ma edificaç (TO) % (TP)
aceito (LM) do ão (m) IA IA Iam S Subs
lote bas min ax ol olo
12

o
(m)
Residenc Multifamil 0,1,2,3, 6
500 20 60 1,0 0,1 3,0 50 30
ial iar 4 0
Especificação dos usos e
1. Não serão permitidos usos industriais: 1, 2, 3 e 4
atividades

Fonte: adaptado de Eusébio (2022).


3.1.1 Dados Gerais da Edificação
Município: Eusébio – CE
Zona: Urbanização Adensada (ZUA)
Área: 27.334,77 m²
Rua: Avenida Coronel Cícero de Sá
Bairro: Parque Havaí
Cidade: Eusébio
CEP: 61561-390

De posse dessas informações elaborou-se A planta de parcelamento do lote, mostrada no


APÊNDICE B.

3.1.2 Classificação da ocupação

A edificação destina-se ao uso exclusivo residencial multifamiliar

3.1.3 Características construtivas

Fundações: hélice contínua monitorada;


Contenções: cortinas em concreto armado;
Estrutura: concreto armado convencional e pré-fabricado;
Fechamentos: alvenaria de blocos cerâmicos;
Revestimentos: cerâmica e pintura acrílica;
Piso: Cerâmico;
Cobertura: estrutura de madeira com telhado e forro do tipo laje pré-fabricado;
Instalações prediais: elétrica, hidráulica e sanitária;
Esquadrias: alumínio, madeira e vidro temperado.
13

3.2 Planejamento da obra

O planejamento da obra foi realizado considerando inicialmente o


empreendimento tipo A, executado por meio do sistema tradicional. Assim, o planejamento
foi iniciado com o levantamento dos serviços a serem realizados na obra, apresentados na
Tabela 2.

Tabela 2 – Relação de serviços a serem realizados na obra (início)


14

Tabela 2 – Relação de serviços a serem realizados na obra (fim)

Fonte: elaborado pelos autores.

Após o levantamento das atividades a serem desenvolvidas no projeto foi


elaborada a Estrutura Analítica do Projeto (EAP), um diagrama que organiza o escopo do
projeto de forma visual, hierárquica e em partes menores, a fim de facilitar o gerenciamento
15

das entregas, seguido do levantamento das Atividades Predecessoras, isto é, as atividades que
precisam estar concluídas para que a sua atividade sucessora lógica possa ser iniciada.
A determinação da relação entre as atividades predecessoras e sucessoras é
indispensável para que o planejamento da, a pois, a partir dessa lógica é possível ao
responsável pelo planejamento estabelecer as sequências executivas do empreendimento. A
AEP deste estudo é apresentada na Figura 2 e a relação de atividades predecessoras, na Tabela
2, a seguir:

Figura 2 – EAP do projeto

Fonte: elaborado pelos autores.

Tabela 3 – Atividades predecessoras do projeto


16

Fonte: elaborado pelos autores.


A seguir foi construída a linha de balanço para o projeto. Entende-se como linha
de balanço a técnica de planejamento e controle de prazo que tem como princípio organizar e
planejar os locais da obra no tempo, favorecendo as obras que têm padrões de repetição de
serviços no tempo mais claro. A Figura 3 traz um recorte da Linha de utilizada no
planejamento deste projeto. O arquivo completo é apresentado no Apêndice C, ao final deste
trabalho.

Figura 3 – Recorte da Linha de Balanço utilizada no projeto

Fonte: elaborado pelos autores.


17

Após a elaboração da Linha de Balanço foi elaborado um histograma de mão de


obra, recurso gráfico que permite organizar o canteiro de obras, tornando o planejamento da
alocação dos recursos mais preciso. O histograma de mão de obra é mostrado na Figura 4.

Figura 4 - Histograma de mão de obra

Fonte: elaborado pelos autores.

De posse dos arquivos elaborou-se um cronograma físico-financeiro, mostrado no


APÊNDICE D. De acordo com esse estudo determinou-se como custo global para o
empreendimento A (sistema tradicional de construção) o valor de R$ 3.750.899,13.
A partir desse valor foi traçada a curva S do projeto, que nada mais é do que uma
forma de apresentar informações gerenciais para o acompanhamento de projetos.

Figura 5 – Curva S do projeto

Fonte: elaborado pelos autores.


18

Finalizado o processo de planejamento para o empreendimento A é chegado o


momento de mensurar os custos do empreendimento B (executado em alvenaria estrutural).
Para isso considerou-se um estudo realizado por Lima, Junior e Rocha (2018). De acordo com
os autores é possível alterar os custos globais de um empreendimento, e por consequência
tornar um projeto viável ou não alterando os sistemas construtivos utilizados. A Tabela 4,
mostra essa variabilidade e serviu como suporte para a mensuração dos custos do
empreendimento B:

Tabela 4 – Comparativo entre sistemas construtivos


Convencional Estrutural
Descrição razão
Preço Total Preço Total
Serviços preliminares R$ 7.450,00 R$ 7.450,00
Infraestrutura R$ 5.046,00 R$ 4.444,00 ↓88%
Estrutura ou superestrutura R$ 6.022,00 R$ 6.022,00
Alvenaria R$ 2.540,00 R$ ↑535
13.660,08 %
Cobertura R$ 3.700,00 R$ 3.700,00
Revestimento R$ 8.478,90 R$ 8.478,90
Esquadrias R$ 7.852,00 R$ 8.752,00 ↑111
%
Instalação hidráulica esgoto R$ 1.210,00 R$ 1.210,00
Instalação hidráulica água fria R$ 1.545,00 R$ 1.545,00
Piso e contrapiso R$ 5.150,00 R$ 5.150,00
Acabamento pedra, louça e metal R$ 4.468,00 R$ 4.468,00
Instalações elétricas R$ 2.682,00 R$ 2.682,00
Pintura R$ 1.740,00 R$ 1.740,00
Total materiais R$ 57.883,90 R$
69.301,98
Mão de obra de escoramento laje esc. R$ 600,00 R$ 600,00
metálicas
Mão de obra empreitada c/pedreiro e servente R$ 38.000,00 R$ ↓53%
20.000,00
Mão de obra encanador R$ 3.000,00 R$ 3.000,00
Mão de obra eletricista R$ 3.000,00 R$ 3.000,00
Mão de obra carpintaria c/ colocação de portas R$ 2.000,00 R$ 2.000,00
Mão de obra pintura R$ 4.000,00 R$ 4.000,00
Total mão de obra R$ 50.600,00 R$ 32.000,00
Total global R$ R$ 93%
108.483,90 101.001,98

Fonte: adaptado de Lima, Junior e Rocha (2018).

Conforme apresentado na tabela anterior, é possível aplicar uma razão a


determinado orçamento para determinarmos o custo global de um empreendimento executado
19

em alvenaria estrutural, contando que se tenha os custos no sistema tradicional. Com base
nesse pressuposto, determinou-se que p custo global para o empreendimento B é equivalente a
R$ 3.492.197,73.

3.3 Estudo de viabilidade técnica, comercial e financeira

Após a análise dos quadros anteriores e, praticando os preços de venda de


mercado, verifica-se há viabilidade para a implantação do empreendimento considerando os
dois sistemas construtivos.

3.4 Etapas da Obra

As etapas da obra estão descritas nas subseções a seguir.

3.4.1 Canteiro

O canteiro de obra foi planejado de forma que todas as atividades necessárias à


execução da edificação possam ser realizadas dentro dos limites do imóvel.
Para a garantia do atendimento aos requisitos para obtenção das licenças
ambientais no município de Eusébio-Ce, haverá: áreas para separação de materiais por classe
e áreas para a limpeza adequadas das ferramentas e veículos.
Considerando o fluxo de veículos durante o período de obra, o canteiro terá
tapume, permitido o acesso de pessoas e veículos por portões distintos. Para o acesso dos
veículos estão previstos dois portões e para o acesso de pessoas, um. A movimentação vertical
no canteiro será realizada por elevador de carga. Será dada prioridade ao fornecedor que
disponibilizar materiais paletizados, que otimizam os períodos de descarga e auxiliam o fluxo
em canteiro.
A edificação será segmentada em blocos, que deverão ser executados de forma contínua.

3.4.2 Terraplanagem

As atividades de terraplanagem serão realizadas por meio de caminhões traçados,


com capacidade para 10 m³ de carga. Durante o processo de escavação, as vias de circulação
pública (calçadas e ruas) deverão ser mantidas em perfeitas condições de limpeza e segurança,
20

sendo necessário manter um funcionário realizando limpeza constante de possíveis


desprendimentos de material dos caminhões que farão o transporte do bota-fora.
Em toda a extensão onde possa ocorrer carreamento de matérias, deve ser
executada vala de carreamento, de forma a transportar todo o material até caixa de contenção,
que não poderá ter declividade superior a 0,5% do seu comprimento, para que garanta uma
baixa velocidade de escoamento.
Na proximidade da via pública será executada uma caixa de decantação, isto é,
uma vala revestida com concreto e berço de pedra de mão, que será usado para limpeza dos
pneus dos veículos que saírem do terreno.

3.4.3 Fundações

Será realizada por meio de equipamento específico, montado sobre esteiras e


transportado até a obra por caminhão prancha. Durante a execução das estacas haverá fluxo de
caminhões betoneiras com baixa intensidade. Também haverá recebimento de madeiras para
formas e aço. O aço será recebido em feixes com barras de 12 metros transportado em
caminhão com carroceria estendida, cuja parada para descarga será realizada na área interna
do canteiro de obras que está prevista para este fim.
As fundações são do tipo hélice contínua monitorada em toda a área de
construção. O método utilizado caracteriza-se pelo uso de estaca continua moldada in loco,
sendo sua execução através de trado helicoidal contínuo até profundidade que se tornar
necessária com base e monitoramento eletrônico e injetando concreto através de haste central
da hélice simultaneamente a sua retirada.
A escolha desse método deu-se em função das características do procedimento e a
da excelente capacidade de suporte do elemento estrutura, bem como pela diminuição de
propagação de ondas de energia por efeito de percussão em propriedades contíguas ao
canteiro.

3.4.4 Estrutura

Durante esta atividade a obra receberá as estruturas pré-fabricadas (pilares, vigas,


lajes), aço, madeira, concreto, escoras, bandejas e demais materiais necessários à execução da
obra, considerando o empreendimento executado em alvenaria convencional (apartamento
21

tipo A). Para o empreendimento tipo B, alvenaria estrutural, são utilizados blocos pré-
fabricados padronizados.
Será exigido da fornecedora dos pré-fabricados que as peças sejam montadas à
medida que cheguem no canteiro, evitando estoque desnecessário, obstrução de tráfego e
contaminação das peças. A montagem será executada por guindastes apropriados, sendo essa
função de responsabilidade da fornecedora parceira.

3.4.5 Fechamentos

Durante a atividade de fechamento o fluxo principal de cargas será de tijolos,


preferencialmente paletizados, e agregados para execução de argamassa.
Todos os fechamentos serão em alvenaria de tijolos cerâmicos assentados com
argamassa de cimento e areia sobre estrutura de concreto armado. As paredes de fechamento
serão chapiscadas e rebocadas com argamassa de cimento e areia recebendo revestimento
cerâmico até o teto nas áreas molhadas e de serviço e o restante acabamento com massa
corrida, fundo e tinta acrílica.
Os tetos receberão chapisco e reboco com argamassa de cimento e areia e
acabamento com massa corrida, fundo e pintura acrílica, nas áreas onde houver tubulação
aparente e áreas sociais será executado forro de gesso. As esquadrias seguirão as
especificações do projeto arquitetônico.

3.4.6 Revestimentos

Os pisos internos serão cerâmicos, todos colados com argamassa colante ou cola
especifica a cada produto. Os pisos internos de garagens e ambientes de utilidades
operacionais serão em concreto alisado desempenado com inclinações conforme projeto. Os
pisos externos serão de concreto alisado e devidamente impermeabilizado. Os pisos de áreas
externas de acesso e passeio serão em permeáveis, seguindo a paginação sugerida pelo
município.

3.4.7 Coberturas

As coberturas serão executadas em madeira e telha cerâmica.


22

3.4.8 Instalações

Todas as instalações de comunicação, hidráulica, sanitárias, elétricas, prevenção,


automação, drenagem e telefônicas serão executadas conforme os projetos específicos a cada
necessidade devidamente regulamentada quanto às normas e procedimentos e serão aprovadas
e licenciadas pelas concessionárias e órgãos públicos competentes

3.4.9 Conclusão da obra

Ao final da obra o fluxo de veículos será reduzido, limitando-se às cargas


fracionadas. Nessa etapa a proteção do canteiro será removia e toda urbanização e paisagismo
externo serão finalizados.
Também será executada nova pavimentação do passeio, conforme os padrões
exigidos pelo município e gerados os acessos de veículos e pedestres, conforme projeto
arquitetônico aprovado.
23

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como resultado deste estudo é apresentado o layout do canteiro, Apêndice E.


A pesquisa demonstrou que o planejamento e o controle da obra permitem ao
engenheiro elaborar cenários para verificação da viabilidade técnica, econômica e financeira
de qualquer projeto. A alteração dos componentes estruturais pode desonerar de forma
significativa os custos da obra e, por consequência, aumentar as margens de lucro para a
empresa.
Conforme mostrado na pesquisa, o método de alvenaria convencional, técnica
comumente empregada nas obras de construção civil apresenta um custo maior quando
comparado com o método de alvenaria estrutural.
A redução nos custos deriva, principalmente, da economia obtida com a retirada
de formas e pelas reduções dos gastos relacionados com mão de obra específica (carpintaria) e
com madeiras. Outros fatores, como a padronização dos blocos, permitem um maior controle
na execução, e consequente redução de custos com revestimentos.
Mesmo com as vantagens na utilização da alvenaria estrutural, algumas
desvantagens devem ser consideradas quando da elaboração de um projeto, sendo elas: a
impossibilidade de modificações nas paredes previamente definidas no projeto e a restrição na
troca de portas e janelas de lugar. Essas características podem afetar o desempenho da obra e
a satisfação do usuário. Um outro ponto negativo da alvenaria estrutural comparada ao
sistema tradicional é a exigência de um nível de controle rigoroso do prumo e do alinhamento
horizontal das paredes, pois grandes desaprumos nas paredes não são passíveis de correção e,
nessas situações, a única alternativa é a sua demolição e posterior reconstrução.
24

5 CONCLUSÃO

Tendo em vista os resultados obtidos com essa pesquisa, constata-se que o


planejamento é de fato uma peça fundamental para o desenvolvimento ótimo de um projeto de
construção civil. Além disso, o emprego de diferentes métodos construtivos implicará em
alterações dos custos e prazos do projeto. A alvenaria convencional, embora seja a mais
utilizada oferece mais custos quando comparada com a alvenaria do tipo estrutural o impacta
na viabilidade.
REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 15.575: Edificações


habitacionais – Desempenho. Parte 1: Requisitos gerais. Quinta edição 29. 09. 2021.
Exemplar de uso exclusivo Universidade Federal do Ceará. Rio de Janeiro: ABNT, 2012. 78
p. ISBN 978-85-07-03413-1.

EUSÉBIO, Prefeitura de. Eusébio: o novo oásis social e econômico do Ceará. Disponível
em: http://eusebio.ce.gov.br/prefeitura/. Acesso em 15 set. 2022.

FELIX, M. C. Planejamento e gestão do PCMAT: elaboração do programa de condições


e meio ambiente de trabalho na indústria da construção. São Paulo: Fundacentro, 2018.
126p.

LIMA, Antonio Marcio; JUNIOR, Tanis José de Almeida; ROCHA, Thiago Felipe Ignácio.
Comparativo de alvenaria estrutural, alvenaria de vedação e Wood Frame. 2017.
Monografia (Trabalho de Conclusão do Curso de Engenharia Civil). Faculdade Integrada de
Bauru, FIB, 2017.

OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebolças de. Planejamento Estratégico. Conceitos


metodologias e práticas. 28.ed. São Paulo: Atlas, 2010.

REZENDE, Denis Alcides. Planejamento estratégico para organizações privadas e


públicas. Rio de Janeiro: Brasport, 2008.

SILVA, Marize Santos Teixeira Carvalho. Planejamento e controle de Obras. 2011.


Monografia (Trabalho de Conclusão do Curso de Engenharia Civil). Escola Politécnica,
Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2011.

ZAPELINI, Wilson Berckembrock. Planejamento. 2. ed. rev. atual. – Florianópolis:


Publicações do IF-SC, 2010 2010.
25 Apêndices

APÊNDICE A – Planta de Locação


Apêndices 26

APÊNDICE B – Parcelamento do Lote


27 Apêndices

APÊNDICE C – Linha de Balanço


Apêndices 28

APÊNDICE C – Linha de Balanço


29 Apêndices

APÊNDICE C – Linha de Balanço


Apêndices 30

APÊNDICE C – Linha de Balanço


31 Apêndices

APÊNDICE D – Cronograma físico-financeiro


Apêndices 32

APÊNDICE D – Cronograma físico-financeiro


33 Apêndices

APÊNDICE D – Cronograma físico-financeiro


Apêndices 34

APÊNDICE D – Cronograma físico-financeiro


35 Apêndices

APÊNDICE E – Layout do Canteiro


Apêndices 36

APÊNDICE E – Layout do Canteiro

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