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combustíveis verdes
via hidrogenação
catalítica de óleos
vegetais e gorduras
Orientador
Professor Doutor Luís Miguel de Brito e Cunha Álvares Ribeiro, Professor
auxiliar, Faculdade de Ciências da Universidade do Porto
Supervisor
Doutor José Almeida Marques, Diretor Executivo da INNOVCAT
Projeto: EXPL/BII-BIO/0436/2021
“What we know is a drop, what we don’t know is an ocean” –Newton
Declaração de Honra
Eu, Marta Alexandra Dias Monteiro, inscrita no Mestrado em Química da Faculdade de
Ciências da Universidade do Porto declaro, nos termos do disposto na alínea a) do artigo
14.º do Código Ético de Conduta Académica da U.Porto, que o conteúdo da presente
dissertação/relatório de estágio/projeto “Produção de combustíveis verdes via
hidrogenação catalítica de óleos vegetais e gorduras” reflete as perspetivas, o trabalho
de investigação e as minhas interpretações no momento da sua entrega.
30 de setembro de 2022
FCUP ii
Produção de combustíveis verdes via hidrogenação catalítica de óleos vegetais e gorduras
Agradecimentos
A minha última etapa académica na Faculdade de Ciências da Universidade do
Porto não seria tão bem concretizada sem o carinho e apoio de todos que me
acompanharam durante este intenso ano cheio de oportunidades e aprendizagens.
Quero agradecer especialmente,
Ao professor Luís Miguel Ribeiro, por me ter incluído neste grande e interessante
projeto. A sua orientação, sabedoria, disponibilidade e preocupação permitiu-me
abraçar este novo desafio com coragem, gosto e entusiasmo.
À Doutora Andreia Peixoto, por ser uma mulher na ciência com uma mente
brilhante e uma forte inspiração para mim. Durante este ano, além da sua excelente
orientação, foi uma grande amiga que me acolheu amavelmente nesta aventura,
incentivando-me, motivando-me todos os dias com um grande sorriso a continuar e a
acreditar no meu potencial e no meu trabalho mesmo nas maiores dificuldades surgidas
ao longo deste percurso. A partilha do seu conhecimento pela Química e pela vida, não
esquecendo das gargalhadas, permitiu-me cultivar ainda mais o meu conhecimento e
ter mais gosto pelo aquilo que faço.
Ao Doutor José Marques e à sua equipa INNOVCAT, foi uma experiência
bastante positiva estagiar na empresa INNOVCAT, agradeço a hospitalidade, a simpatia
e ajuda de todos.
Aos meus familiares, pais, irmã e sobrinha. O meu amor incondicional, o apoio e
os momentos em família fez com que eu encarasse este momento da minha vida com
maior leviandade possível, sem perder o foco, a determinação e a garra. Obrigada por
acreditarem sempre em mim.
Aos meus amigos e colegas de laboratório (Inês e Gabriela), por proporcionarem
momentos muito divertidos, por estarem presentes nos bons e maus momentos, por
todas as palavras amigas e ajuda, mesmo sendo chata e às vezes complicada. Gosto
muito de vocês.
E por fim, agradeço sobretudo a mim mesma, por nunca ter desistido, ser
resiliente e corajosa nos momentos mais difíceis.
FCUP iii
Produção de combustíveis verdes via hidrogenação catalítica de óleos vegetais e gorduras
Resumo
Nos últimos anos, a humanidade tem enfrentado sérios desafios ambientais a
nível mundial. A escassez dos recursos fósseis, a procura por energias renováveis e o
consequente aquecimento global e mudanças climáticas têm suscitado uma alarmante
preocupação. Os biocombustíveis desempenham um papel vital como alternativas
sustentáveis aos combustíveis fósseis. Entre todos, o diesel verde (green diesel) é um
recurso renovável derivado da biomassa bastante promissor destacado pelas suas
propriedades físico-químicas semelhantes ao gasóleo mineral, e que é obtido
usualmente pela desoxigenação catalítica de óleos vegetais e gorduras na presença de
temperaturas elevadas (> 300 °C), elevadas pressões de H2 (P> 20 bar) e catalisadores
heterogéneos de metais nobres. No entanto, o elevado custo e o uso de condições
severas tornam esta abordagem tradicional economicamente, industrialmente e
ambientalmente menos atrativa.
Para ultrapassar estes inconvenientes, no âmbito do estágio de tese de
mestrado, em colaboração com a empresa INNOVCAT, foi proposto o desenvolvimento
de catalisadores eficientes, robustos baseados em materiais de carbono (resíduos de
casca de camarão -biochar, carvão ativado e nanotubos de carbono) com cobalto (Co),
níquel (Ni) e molibdénio (Mo) e a sua aplicação nas reações de hidrodesoxigenação de
óleos vegetais para a produção de diesel verde, usando apenas água e ácido fórmico
como fontes alternativas para gerar in situ hidrogénio verde (ausência de H2 molecular
externo produzido a partir de recursos fosseis), sob condições de temperatura <300 °C,
como uma alternativa mais verde e potencialmente mais sustentável. A reação de
hidrodesoxigenação foi feita usando, como molécula modelo, o ácido linoleico e,
posteriormente, com óleo refinado e óleo usado. Observou-se conversão completa do
ácido linoleico nos correspondentes derivados mono-insaturados e saturados,
hidrocarbonetos e outros. O furfural, uma das moléculas plataforma derivada da
biomassa lignocelulósica, também foi investigado sob as mesmas condições e usando
os mesmos catalisadores, observando-se elevadas seletividade para ácido levulínico e
-valerolactona. Todos catalisadores foram caracterizados por FTIR, SEM-EDS, XPS e
ICP-OES, e os produtos das reações catalíticas por GC-MS, RMN 1H e 13C.
Abstract
In recent years, humanity is facing serious environmental challenges worldwide.
The depletion of fossil resources, the demand for renewable energy and the resulting
global warming and climate change have raised alarming concerns. Biofuels play a vital
role as sustainable alternatives to fossil fuels. Among them, green diesel is a very
promising biomass-derived renewable resource highlighted by its physicochemical
properties similar to mineral diesel, usually obtained by the catalytic deoxygenation of
vegetable oils and fats in the presence of high temperatures (> 300 °C), high pressures
of H2 (P> 20 bar) and heterogeneous noble metal catalysts. However, the high cost and
the use of harsh conditions make this traditional approach economically, industrially and
environmentally less attractive.
To overcome these drawbacks, in the master’s thesis work of the master thesis
internship, in collaboration with the INNOVCAT company, the development of efficient
and robust catalysts based on carbon materials (shrimp shell waste-biochar, activated
carbon and carbon nanotubes) functionalized and activated with cobalt (Co) nickel (Ni)
and molybdenum (Mo) and their application in the hydrodeoxygenation reactions of
biomass derivates to diesel vegetable oils for the production of green diesel, using only
water and formic acid as alternative sources to generate in situ green hydrogen (absence
of external molecular H2 produced from fossil resources), under temperature conditions
< 300°C, were performed as a greener and potentially more sustainable production
process. The hydrodeoxygenation reaction was carried out using linoleic acid as a model
molecule and subsequently with refined oil and waste oil. Complete conversion of linoleic
acid to the corresponding mono-unsaturated and saturated derivatives, hydrocarbons
and others was observed. The furfural, one of the platform-derived molecules from
lignocellulosic biomass, was also investigated under the same conditions and using the
same catalysts, observing high selectivity for levulinic acid and -valerolactone. All
catalysts were characterized by FTIR, SEM-EDS, XPS and ICP-OES, and the products
of the catalytic reactions by GC-MS, 1H and 13C NMR.
Índice
Agradecimentos.......................................................................................................... ii
Resumo .......................................................................................................................iii
Abstract ...................................................................................................................... iv
1. Introdução ............................................................................................................ 2
Anexo I....................................................................................................................... 95
FCUP vii
Produção de combustíveis verdes via hidrogenação catalítica de óleos vegetais e gorduras
-VLR −valerolactona
eV eletrão-volt
m/z Taxa de massa/carga
Número de onda
eV eletrão-volt
wt% Percentagem em masa
FCUP xv
Produção de combustíveis verdes via hidrogenação catalítica de óleos vegetais e gorduras
FCUP 1
Produção de combustíveis verdes via hidrogenação catalítica de óleos vegetais e gorduras
Capítulo 1
Introdução
FCUP 2
Produção de combustíveis verdes via hidrogenação catalítica de óleos vegetais e gorduras
1. Introdução
menos de GEE, NOx e enxofre, e o UOP Renewable Jet fuel aproximadamente 65-85%
quando misturado com o gasóleo de aviação comum.1
Em conjunto com os veículos elétricos, os biocombustíveis desempenham um papel
imprescindível na sustentabilidade do setor dos transportes a motor e na salvaguarda da
segurança energética, de maneira a obter uma melhor mobilidade urbana e desenvolvimento
económico-sustentável.2
Figura 2 – Modelo global de biorrefinaria integrando biomassa, biocombustível, biomateriais e ciclo bioenergético, baseado em
tecnologias verdes e sustentáveis no âmbito da bioeconomia e da economia circular. 5
Entre os óleos da 1ª geração os óleos de palma, colza, soja e girassol são os mais estudados
e utilizados como matéria-prima para a conversão em biocombustíveis.
O biodiesel é um biocombustível sustentável comercializado mundialmente em grande
escala, sendo a alternativa ao gasóleo comercial mais utilizada nos dias de hoje.2 Dados
publicados estimaram que a sua produção aumentaria de 22,7 milhões de toneladas em 2012
para 36,9 milhões de toneladas em 2021.4 A produção industrial do biodiesel é principalmente
baseada na transesterificação de triglicerídeos de óleos vegetais/gordura animal, ou na
esterificação de ácidos gordos, sob ação de catalisadores homogéneos, heterogéneos (os
mais utilizados atualmente), enzimáticos e fotocatalisadores. Fruto deste tipo de reação,
obtém-se os ésteres de ácidos gordos (biodiesel) e o glicerol (subproduto com interessantes
aplicações industriais).
Este biocombustível, não é tóxico, é biodegradável e contém baixos níveis de enxofre e
nitrogénio o que reduz significativamente a poluição ambiental, pode ser misturado com o
diesel (blend) antes de ser aplicado para criar uma mistura de combustível mais estável, pois
como é composto por ésteres metílicos dos ácidos gordos (FAME) ou ésteres etílicos dos
ácidos gordos, apresenta um elevado conteúdo de oxigénio. Em consequência disso, possui
uma elevada viscosidade, baixa densidade energética, fraca estabilidade oxidativa e uma
performance relativamente limitada a baixas temperaturas. Ainda que a tecnologia de
produção de biodiesel seja bastante adequada para o uso comercial, estas características
mencionadas fazem com que a qualidade do biodiesel não corresponda aos requisitos de
funcionamento dos motores dos transportes modernos, tornando-se inadequado, em alguns
casos, para a substituição total dos combustíveis fósseis. 1, 4, 11-13
Tabela 1 - Comparação das propriedades do gasóleo obtidas a partir de diferentes processos. Adaptado da referência15.
FCUP 10
Produção de combustíveis verdes via hidrogenação catalítica de óleos vegetais e gorduras
Figura 6 - Uma via de reação proposta no fracionamento catalítico do óleo vegetal ao biocombustível hidrocarboneto. 3
FCUP 11
Produção de combustíveis verdes via hidrogenação catalítica de óleos vegetais e gorduras
1.4.2. Hidroprocessamento
O hidroprocessamento é uma tecnologia bastante investigada na transformação da
biomassa, especialmente dos óleos vegetais e que consiste numa desoxigenação catalítica
dos mesmos. Esta metodologia tem como propósito a remoção de heteroátomos
(essencialmente oxigénio, azoto e enxofre) da matéria-prima através da introdução de H2.
Sob pressões (P) elevadas de H2 (19 a 79 atm) e temperaturas entre os 300 e 390 °C, os
triglicerídeos dos óleos vegetais ou ácidos gordos livres são transformados em
hidrocarbonetos lineares de cadeia longa e/ou curta por meio de várias reações sequenciais
que serão referidas mais à frente. Zhao et al. alcançaram uma conversão de 93-94%, com
um rendimento de 81,05% de hidrocarbonetos a partir do hidroprocessamento do óleo
carinata utilizando o catalisador Mo_Zn/AlO3 sob uma T=350 °C e P=20 atm de H2 durante
5 h num reator batch. Neste estudo a formação de coke foi inferior a 0,6 wt%, pelo que
segundo os autores este catalisador poderá ser novamente reutilizado com uma prévia
calcinação do material para a remoção do coke formado.3, 16
Estes hidrocarbonetos semelhantes aos hidrocarbonetos do gasóleo convencional
podem ainda ser modificados em parafinas ramificadas através de um processo de
hidrodesoxigenação e hidroisomerização num só passo (HDO-HI), fazendo com que o diesel
verde obtido detenha melhores propriedades de fluxo frio comparativamente ao diesel verde
de hidrocarbonetos lineares, pois os alcanos isomerizados apresentam uma menor
viscosidade e menores pontos de congelação e permite que sejam usados também como
substituintes de gasóleo de aviação. Verma et al. conseguiram hidrogenar o óleo de pinhão-
manso utilizando o catalisador NiMo/SAPO-11 a uma temperatura de 450 °C e pressão de
6 MPa H2 durante 1 h num reator de leito fixo. Neste processo, obtiveram acerca de 84% de
rendimento de hidrocarbonetos líquidos com 40% diesel, 40% querosene (gasóleo de
aviação) e 20% hidrocarbonetos de cadeia curta (gasolina). Na fração de diesel a razão de
iso-C15-18/n-C15-18 foi igual 2,0, estes hidrocarbonetos possuem um elevado valor de
cetano (>100) e um ponto de fluidez desejado (3 °C), enquanto que a fração de gasóleo de
aviação (C9-C14) apresenta um ponto de congelação desejado (-55 °C) e ainda 8% de
compostos aromáticos.1, 17 A produção e comercialização do diesel verde de hidrocarbonetos
ramificados em grande escala pode ser, assim, expandida para zonas do globo mais frias.1
FCUP 12
Produção de combustíveis verdes via hidrogenação catalítica de óleos vegetais e gorduras
Figura 7 - Melhoria do biodiesel verde através de aromatizado por ZSM-5 ou isomerizado por SPAO-11, depois os
biocombustíveis de baixo ponto de filtro a frio podem ser fragmentados para obter biocombustível de aviação. 1
Figura 8 - Mecanismo de reacção geral de vias de hidrodesoxigenação (HDO), descarboxilação (HCO2), e descarbonilação
(HCO).10
1.4.2.1.1. Hidrodesoxigenação
Ultimamente a reação de hidrodesoxigenação catalítica tem ganho uma grande
importância na produção do diesel verde. Em comparação com DCO2 e a DCO, a HDO é
ambientalmente mais favorável, pois não produz CO2 nem CO. No entanto é uma reação
exotérmica que requer elevadas temperaturas e pressões de H2, o que significa que implica
um elevado consumo energético.10 Usualmente a reação HDO é realizada sob ação de
catalisadores heterogéneos de metais preciosos funcionando como ácidos de Lewis e
Brønsted. Estes catalisadores apresentam uma excelente atividade catalítica, mas são de
desativação fácil e muito dispendiosos.12
As condições de reação de HDO têm um considerável impacto na velocidade de
reação, no desempenho catalítico e seletividade para hidrocarbonetos semelhantes ao do
diesel e o seu controlo é portanto necessário, ou seja, apesar do uso de pressões de H2 e
temperaturas muito elevadas promoverem a hidrodesoxigenação, são obtidas fracas
conversões e seletividades dos produtos desejados (hidrocarbonetos de cadeia longa),
havendo uma forte tendência para a formação de subprodutos indesejados resultantes das
reações laterais e uma rápida desativação do catalisador. Além disso, do grande consumo
energético gerado, processos que utilizam estas condições são dispendisosos pois exigem
equipamentos mais sofisticados e específicos para estas condições. Normalmente na reação
HDO para facilitar a desoxigenação utiliza-se o H2 proveniente dos recursos fósseis produzido
por processos complexos e dispendioso e, por sua vez, o processo de HDO seja pouco viável.
Contudo, o azoto molecular (N2) e ou outro gás inerte são alternativas ao H2 externo, mas não
são tão eficientes. O uso de ar não é recomendado, pois pode ocorrer a oxidação dos produtos
e desativar o catalisador. Para contornar estas limitações, encontrou-se outras alternativas
eficazes e ambientalmente seguras para reduzir /suprimir a necessidade de H2 externo,
nomeadamente a geração de H2 in situ sob uma atmosfera não reativa utilizando fontes
alterativas como a água, ácido fórmico e glicerol como doadores de hidrogénio.10, 11, 13, 18, 19
Assim, este novo e viável caminho tornará a produção de diesel verde ainda mais sustentável,
proporcionando a independência total dos combustíveis fósseis.
Outros fatores a ter em conta são as quantidades e tipos de catalisador e matéria-
prima usados. Por exemplo, uma sobredosagem de catalisador e metal ativo introduzido no
suporte podem favorecer reações laterais com a formação de subprodutos indesejáveis e
uma fraca atividade. Uma menor quantidade de metais pode originar também menos
seletividade, é importante portanto contrabalançar estas quantidades para uma melhor
eficiência do processo.11, 12
Na seleção da matéria-prima utilizada nas reações HDO é
importante ter em atenção a sua disponibilidade na natureza, composição, custo de extração
e sobretudo “não competir com as culturas alimentares existentes e terra para a sua
FCUP 15
Produção de combustíveis verdes via hidrogenação catalítica de óleos vegetais e gorduras
Tabela 2 - Principais funções e limitações dos metais ativos. Traduzido e Adaptado da referência10
Material de
Vantagens Desvantagens
suporte
Carvão ativado ▪ Elevada área superficial específica ▪ Presença de impurezas inorgânicas (K,
(CA) (500-1500 m2/g); Ca, S, etc) – requer pré-tratamento
▪ Elevada estabilidade térmica e inércia como também lixiviação;
química; ▪ Superfície e estruturas internas não
▪ Boa funcionalidade superficial; homogéneas.
▪ Boa distribuição de tamanho de poros
(0,5-5 nm);
▪ Propriedades anfotéricas;
▪ Fácil preparação;
▪ Económico.
Nanotubos de ▪ Baixo conteúdo de grupos orgânicos ▪ Solubilidade insuficiente em meio
na superfície; aquoso;
carbono (CNTs)
▪ Possui poros irregulares e de tamanho ▪ Caro.28
grande;
▪ Boa condutividade térmica e elétrica;
▪ Boas propriedades mecânicas.
Óxidos ou ▪ Área superficial específica ▪ Má estabilidade hidrotérmica;
misturas de moderadamente elevada (200-500 ▪ Metaestáveis na presença de vapor de
m2/g); água;
óxidos
▪ Elevada resistência física; ▪ Suscetível à degradação estrutural;
▪ Excelente resistência à degradação ▪ Sujeito a sinterização sob condições de
térmica e química; vapor assistido.
▪ Capaz de facilitar ativação de
compostos oxigenados;
▪ Excelente capacidade de
armazenamento de oxigénio com
intrínsecas propriedades redox.
1.6. Objetivo
O grande problema da produção em escala industrial da reação de
hidrodesoxigenação dos óleos vegetais para produzir diesel verde é o desenvolvimento de
catalisadores mais eficientes, mais estáveis e mais seletivos para hidrocarbonetos de cadeia
longa semelhantes ao diesel e de cadeia mais curta com ramificações para combustível de
aviação, dificultando a produção de biocombustíveis modernos e mais verdes. Assim, o
grande desafio da investigação nesta área e o deste trabalho de mestrado, é desenvolver
catalisadores de fácil preparação, economicamente viáveis a nível industrial e ambiental, e
com elevada atividade, estabilidade, durabilidade e multifuncionalidade.
Nesta perspetiva, este trabalho tem como objetivo principal, em colaboração com a
empresa INNOVCAT, preparar e aplicar catalisadores baseados em carbono funcionalizados
com metais de transição não nobres sem enxofre e com acidez moderada para produzir diesel
verde a partir de óleos vegetais, gorduras e outros derivados da biomassa através do
processo de hidrodesoxigenação sob condições de reação moderadas, usando apenas ácido
fórmico e água para produzir H2 verde in situ durante o processo reacional, de forma, a
minimizar a necessidade de fontes de externas de H2 derivado de fontes fósseis contribuindo
para uma industria química de futuro mais alinhada com os princípios da química verde e com
os objetivos para o desenvolvimento sustentável.
FCUP 23
Produção de combustíveis verdes via hidrogenação catalítica de óleos vegetais e gorduras
Capítulo 2
Parte Experimental
FCUP 24
Produção de combustíveis verdes via hidrogenação catalítica de óleos vegetais e gorduras
2. Parte Experimental
2.1. Reagentes e solventes
Os sais amónio de molibdénio (VI) tetra-hidratado [(NH4)6Mo7O24·4H2O, Fluka, ≥ 99%],
nitrato de cobalto (II) hexa-hidratado [Co(NO3)2·6H2O,Fluka, ≥ 98%] e nitrato de níquel (II)
hexa-hidratado [Ni(NO₃)₂·6H₂O,Sigma- Aldrich, ≥ 98,5%], bem como o carvão ativado (AC,
DARCO ® , -100 mesh tamanho de partícula), nanotubos de carbono (MWCNT,Nanocyl-3100,
> 95%) e casca de camarão gentilmente fornecida pela empresa Marcabo foram utilizados
para a preparação de catalisadores.
Para a realização das reações catalíticas de hidrodesoxigenação, utilizou-se os
reagentes ácido linoleico (Aldrich,60-74%), furfural (Sigma-Aldrich, 99%), vanilina (Sigma-
Aldrich, 99%), ácido fórmico (Merck, ≥ 98%), óleo de cozinha refinado (Fula), 10% de paládio
sobre carbono (10%Pd/C, Aldrich) e água desionizada.
Solventes como, 1,4-dioxano (Riedel-de Haën®, 99,5%), clorofórmio (CHCl3, Fisher
Chemical, 99,8%), diclorometano (DCM, 99.8%, Fisher Chemical), metanol (MeOH, Fisher
Chemical, 99,9%), acetano de etilo (Fisher Chemical) e clorofórmio deuterado (CDCl3 99,8
atom % D, Sigma-Aldrich) foram usados para o trabalho desenvolvido.
Todos os reagentes e solventes comerciais foram usados como adquiridos sem
purificação adicional.
2.2.1. Biochar
Para a obtenção do biochar procedeu-se, em primeiro lugar, à desproteinização da
casca de camarão aplicando um tratamento hidrotérmico pressurizado.31 Neste procedimento,
exemplificado na Figura 10 adicionou-se água à casca de camarão numa proporção de 1:10
(casca/água) no vaso reacional de 600 ml e, seguidamente, este foi colocado no reator batch
(autoclave Parr HT 4570) a uma temperatura de 180 ºC e a uma agitação de 102 rotações por
minuto (rpm) durante 45 min, em atmosfera de N2. No fim do processo, separou-se o líquido
do sólido (biochar) e levou-se este último à secura na estufa (100 ºC, 24 h). O biochar seco
foi, mais tarde, ativado por carbonização a 800 °C (rampa de aquecimento de 10 °C/min)
durante 30 min sob uma atmosfera de CO2 (fluxo de 100 cm3/min), de modo a aumentar a
área superficial especifica e o número de poros do material de suporte.
Figura 11 - Representação esquemática da obtenção do biochar de casca de camarão após extração da casca de camarão por
processo hidrotérmico.
FCUP 26
Produção de combustíveis verdes via hidrogenação catalítica de óleos vegetais e gorduras
Método A Métodos B e B1
Capítulo 3
Casca Camarão
Transmitância (u.a.)
CoMo_CC
CoMo_CCBM 603
1041
569
(CoMo_CCBM e CoMo_CC)
Os resultados de XPS dos catalisadores CoMo_CCMB e CoMo_CC apresentados na
Figura 25 revelam contribuições dos elementos na superfície do material CC. O espectro de
alta resolução do C 1s do CoMo_CCBM mostra quatro contribuições referentes à ligação sp2
C=C e a hidrocarbonetos (285,1 eV - vermelho), ao grupo C-O-C/C-OH/C-N (286,4 eV -
verde), ao grupo C=O (287,6 eV - azul) e ao carbonato (289,6 ev - cor-de-rosa), indicando a
existência de vários grupos funcionais oxigenados ácidos que podem servir como sítios de
funcionalização na superfície do material. Os valores observados estão em concordância com
os valores da literatura.44, 45 O espetro O 1s foi deconvoluído em 4 picos, o pico com a energia
de ligação (BE) a 530,2 eV (azul) associado ao oxigénio coordenado (O2-) com o metal dos
óxidos metálicos (Mo-O, Co-O), o segundo pico a 531,5 eV (vermelho) é característico do
oxigénio do grupo hidroxilo (OH) presente nas espécies CoOOH e MoOOH, o terceiro a 532,6
eV (verde) é devido à ligação C-OH/C=O e o pico a 533,9 eV (cor-de-rosa) à ligação O=C-
O/C-O do biochar.46-49 A deconvolução do espetro Co 2p resultou em dois principais picos um
a 780,7 eV (vermelho) que corresponde à orbital de spin Co 2p3/2 e outro a 796,4 eV (azul)
referente às orbitais de spin Co 2p1/2 do catião Co3+ separados por 15,7 eV, como é esperado
FCUP 43
Produção de combustíveis verdes via hidrogenação catalítica de óleos vegetais e gorduras
(vermelho) e Mo 3d3/2 – 235,5 eV (azul); Mo4+ na fase MoO2: Mo 3d5/2 – 230,6 eV (preto) e Mo
3d3/2 – 233,3 eV (cor-de-rosa). 46, 48, 50, 51.
Em suma, a análise dos espetros de alta resolução dos elementos Co, Mo e O do
catalisador CoMo_CCBM e CoMo_CC confirmam que os metais se encontram na forma
oxidada na superfície do material e potencialmente nas fases Co3O4, CoO, Co(OH)2, MoO3,
MoO2, CoMoO4 e CoMoO4-Co(OH)2. A fase CoMoO4 é aparentemente a fase mais ativa nas
reações de desoxigenação.51 No entanto para uma melhor percepção das espécies metálicas
presentes no material seria adequado uma análise de Difração de Raio X (XRD, do inglês X-
Ray Diffraction)
de CO2 pode ter causado a destruição da estrutura dos microporos e em consequência disso
o aumento da quantidade de mesoporos.53
A área superficial específica dos catalisadores preparados é muito baixa assim como
a quantidade de poros (Tabela 4). Uma possível explicação para tal, está relacionado com a
incorporação dos metais de molibdénio e cobalto e seus óxidos na matriz do material de
carbono, que consequentemente, bloquearam e/ou desestruturaram os poros.51 Por outro
lado, também pode ser devido à presença de CaCO3 (composto amorfo) nos catalisadores
em grande quantidade o que faz diminuir a área superficial.
Tabela 5 - Propriedades texturais dos catalisadores sintetizados CoMo_CABM, CoMo_CA, NiMo_CAB e NiMo_CA.
Catalisador ASSBET (m2/g) Vp (cm3/g) Dp (nm)
CoMo_CABM 934,07 0,85 3,64
CoMo_CA 840,44 0,73 3,48
NiMo_CABM 824,10 0,64 3,09
NiMo_CA 808,26 0,69 3,39
3.1.4.3. CoMo_CNTs
A caracterização da rede estrutural tridimensional do compósito CoMo_CNTs também
foi efetuada por isotérmicas de adsorção-dessorção de N2 (Figura 31). Este material também
apresenta uma isotérmica do tipo IV com um laço histerese do tipo H3 sugerindo a presença
de mesoporos no material. Este facto também pode ser confirmado pelo diâmetro obtido dos
poros aproximadamente igual a 28 nm. Tipicamente a área superficial específica (AASBET) dos
nanotubos é acerca de 200 m2/g,68 pelo que a funcionalização e ativação não alterou a área
superficial deste catalisador. Entre todos os catalisadores preparados, este material é o que
apresenta maior volume de poros.
3.1.5.Análise ICP-OES
A incorporação dos metais de transição nos materiais sólidos dos catalisadores
preparados foi avaliada por ICP, analisando a quantidade de Co (laranja), Mo (roxo) e Ni
(vermelho). Os resultados de ICP-OES estão descritos no gráfico da Figura 32. A
concentração final bem como a composição em percentagem em massa (wt%) foram obtidas
utilizando as seguintes expressões:
𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙
𝐶𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 = 𝐶𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑎 𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 ∗ 𝑀𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑎 𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 (1)
𝐶𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝐹𝑖𝑛𝑎𝑙
𝐶𝑜𝑚𝑝𝑜𝑠𝑖çã𝑜 𝑤𝑡 % = 10000
(2)
Figura 32 - Representação gráfica da quantidade de metal nos diferentes catalisadores por grama de material,
obtidos por ICP-OES.
Figura 33 - Curvas TG adquiridos pela análise TG (N2, 100 cm3 min-1) para as
amostras CC, CoMo_CC e CoMo_CCBM, no intervalo de temperatura 20 a 800 °C.
Tabela 6 - Sumário das conversões, rendimentos e seletividades dos produtos de reação com os diferentes catalisadores
para o AL – C18:2.
Conversãob Rendimento
Entradas Catalisador Reaçãoa Seletividade (%)b
(%) (%)
Pd/C
79% de AS-C18:0 e 21% de outros: ACCC, HCCL e
2 Método B 100 37,7
HCCC
CoMo_CCBM
33,3% de AO-C18:1 e 66,7% de outros: AS-C18:0,
4 Método B 100 42,1 ACCC, ésteres, HCCL, HCCC e AC
6 Método A 0 - -
CoMo_CC
70% de AO-C18:1 e 30% de outros: AS-C18:0, ACCC,
7 Método B 100 51,6
HCCL e HCCC
70% de AO-C18:1 e 30% de outros: AS-C18:0, ACCC,
8 Método B1 100 41,6
HCCL e HCCC
9 Método A 0 - -
CoMo_CABM
37% de AO-C18:1 e 63% de outros: AS-C18:0, ACCC,
10 Método B 100 71,5
ésteres, HCCL e HCCC
15 Método A 0 - -
NiMo_CA
46% de AO-C18:1 e 54% de outros: AS-C18:0, ACCC,
16 Método B 100 41,9
HCCL e HCCC
17 Método A 0 - -
CoMo_CNTs
21,7% de AO-C18:1 e 78,3% de outros: AS-C18:0,
18 Método B 100 29,9
ACCC, HCCL e HCCC
O Pd/C foi escolhido como catalisador de referência devido à sua elevada eficiência
catalítica nas reações de HDO. Com este catalisador observa-se conversão completa tanto
no método A como no método B e em ambos os casos o produto maioritário é o AS-C18:0
resultante da hidrogenação das duplas ligações do AL. No método A, uma temperatura mais
baixa e maior tempo de reação possibilitaram a formação de 56% de ácido esteárico (AS-
C18:0) e 44% de ácidos carboxílicos de cadeia mais curta (ACCC), ésteres, HCCL, HCCC e
compostos aromáticos das reações sequenciais de cracking, esterificação e aromatização
(AC)2 (Figura 9), Tabela 6, entrada 1. Por outro lado, nas condições experimentais do método
B, o aumento da temperatura e um menor tempo reação favoreceram a reação de
hidrogenação permitindo obter maioritariamente AS-C18:0 (79%) e 21% de outros produtos
das reações sequenciais de cracking e esterificação (Figura 9), Tabela 6, entrada 2. Estes
resultados foram obtidos pela análise dos espetros de RMN 1H do ácido linoleico e da mistura
de reação utilizando o Pd/C como catalisador, tal como se pode observar pela Figura 35. É
possível observar para ambos os casos o desaparecimento dos sinais a ~ 5,40 ppm relativos
aos protões i, j, l m; ~ 2,70 ppm dos protões k e a ~ 2,00 ppm relativamente aos protões h
e n. No espetro RMN 1H do método A é possível observar o aparecimento dos sinais a ~
4,25 ppm e entre 7,50-8,00 ppm relativos a potenciais ésteres e compostos aromáticos,
respetivamente. Estes resultados comparativamente com os da literatura mostraram ser mais
promissores uma vez que se observa a hidrogenação completa das duplas ligações do AL em
condições experimentais mais suaves (água e ácido fórmico para gerar in situ o H2 e
temperaturas abaixo de 300 °C). Enquanto que, por exemplo, M.Snåre et al. conseguiram 40-
100% de conversão do estearato de etilo em parafinas utilizando o mesmo catalisador (5%
Pd/C) em condições de reação de T=270-360 °C, 17-40 bar de H2 e n-dodecano como
solvente. Porém reações sequenciais como a desidrogenação e aromatização levaram
também à formação de olefinas e compostos aromáticos. 70 71
FCUP 60
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C18:1 monoinsaturado e 30% AS-C18:0 e outros produtos (Tabela 6, entradas 6-8) o que
significa que com este catalisador o efeito da temperatura é mais significativo que o efeito
tempo. Segundo a análise dos espetros de RMN 1H do catalisador CoMo_CC, observa-se em
todos os métodos a diminuição do sinal ~ 5,40 ppm (protões i, j, l, m) e o desaparecimento
do sinal ~ 2,70 ppm (protões k).
Os espetros de RMN 1H dos produtos da reação utilizando o CoMo_CCBM e
CoMo_CC mostram os resultados obtidos (Figura 36).
De acordo com os resultados de FTIR-ATR (secção 3.1.1), SEM-EDS (secção 3.1.2),
XPS (secção 3.1.3), análise das isotérmicas de adsorção e dessorção de N2 (secção 3.1.4),
ICP-OES (secção 3.1.5) e TG (secção 3.1.6) verificou-se que o catalisador CoMo_CCBM e o
CoMo_CC são muito semelhantes quanto à morfologia (diferenças pouco significativas),
composição e estabilidade, tendo, portanto, capacidades catalíticas muito semelhantes que
são maioritariamente afetadas pelas condições reacionais, T e tempo.
Estes catalisadores foram preparados pela primeira vez neste trabalho de tese e
apesar de apresentarem uma baixa área superficial especifica e baixo diâmetro de poros,
(Tabela 4, secção 3.1.4), apresenta uma boa eficiência catalítica para promover a reação de
HDO do AL em condições suaves. Esta atividade por ser atribuída ao efeito sinergético dos
metais Co e Mo com o material de suporte. Segundo a literatura a combinação de metais de
transição com suportes ácidos favorece a reação de HDO.11 A presença de ácidos de Lewis
e de BrØnsted nestes catalisadores Co/Mo biochar da casca de camarão e a presença de
fósforo e cálcio (Figuras 17 e 18 – secção 3.1.2 e Figura 25 – secção 3.1.3) contribuíram para
resultados catalíticos muito interessantes na HDO do AL.
FCUP 62
Produção de combustíveis verdes via hidrogenação catalítica de óleos vegetais e gorduras
.
Figura 36 - Espetro de RMN 1H dos produtos das reações com CoMo_CCBM e CoMo_CC.
FCUP 63
Produção de combustíveis verdes via hidrogenação catalítica de óleos vegetais e gorduras
Figura 37 - Espetro de RMN 1H dos produtos das reações com CoMo_CABM e CoMo_CA.
FCUP 65
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Figura 38 - Espetro de RMN 1H dos produtos das reações com NiMo_CABM e NiMo_CA.
FCUP 67
Produção de combustíveis verdes via hidrogenação catalítica de óleos vegetais e gorduras
Em suma, a análise detalhada dos resultados de RMN 1H dos produtos das reações
com o ácido linoleico permitiu chegar à conclusão que o método B,, independentemente do
catalisador utilizado apresenta seguramente as melhores condições operacionais de
temperatura e de tempo para as reações de HDO de AL. Neste método, entre todos os
catalisadores preparados e aplicados nas reações, o catalisador CoMo_CCBM foi o melhor
em termos de eficiência catalítica e seletividade. Apesar dos resultados com estes
catalisadores preparados não serem melhores aos reportados na literatura usando condições
mais severas, já foi bastante positivo/promissor ter conseguido 100% de conversão do AL
nestas condições reacionais de temperatura moderada com o uso de apenas água e ácido
fórmico para gerar H2. A caracterização dos produtos pela técnica RMN 1H foi um pouco
dificultada devido à existência de vários produtos da reação ficando apenas com uma ideia
dos possíveis produtos, pelo que seria necessário um isolamento dos produtos ou recurso a
outras técnicas para uma identificação e quantificação de todos produtos formados.
Tabela 7 - Sumário das conversões, rendimentos e seletividades das reações com Pd/C e CoMo_CCBM para os óleos vegetais.
Seletividade (%)
Conversão Rendimento
Catalisador Reaçãoa Outros: AS-C18:0,
(%) (%) AO-C18:1
ACCC, HCCL e HCCC
3.2.4. Furfural
O furfural é um composto orgânico de grande interesse industrial obtido a partir da
pirólise ou desidratação da xilose através da ação de um catalisador ácido. Esta molécula
plataforma é um intermediário para a produção de álcool furfurílico (FOL) e álcool
tetrahidrofurílico (THFA), dois compostos de grande valor acrescentado com vasta gama de
aplicações em aditivos de combustível, resinas indústrias, pesticidas e farmacêuticos. A
conversão do furfural nestes produtos via hidrodesoxigenação tem sido extensamente
investigada com o uso de catalisadores baseados essencialmente em Cu, Ni, Pd e ligas de
CuNi suportadas em SiO2.72, 73
Além destes principais produtos, também há uma grande
possibilidade para a formação de outros 74, indicados na Figura 42. Devido ao forte interesse
na conversão do furfural em intermediários chave na indústria química, investigou-se também
neste trabalho o potencial dos catalisadores preparados e comparou-se com o catalisador
comercial, nas reações de HDO do furfural usando as condições utilizadas nos estudos com
AL e OV.
FCUP 73
Produção de combustíveis verdes via hidrogenação catalítica de óleos vegetais e gorduras
Tabela 9 - Sumário das conversões, rendimentos e seletividades dos produtos das reações com diferentes catalisadores.para
do furfural.
Seletividade (%)b
Entradas Catalisador Reaçãoa Conversão (%)b Rendimento (%)
ALEV -VLR
Figura 43 - Representações gráficas das conversões, rendimentos e seletividades dos produtos das
reações do furfural do método A, B e B1 com diferentes catalisadores.
FCUP 75
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Figura 45 - Espetros de RMN 1H dos produtos das reações do furfural com Pd/C.
Tal como em trabalhos anteriores, também com este catalisador foi possível observar
a formação de -VLR a uma temperatura de 290 °C (método B e B1). Como referido na secção
3.2.1, os catalisadores CoMo_CCBM e CoMo_CC apesar de não apresentarem elevada área
superficial possuem centros ácidos de Lewis e Brønsted e tal como previsto por outros
autores 78 promovem a formação do ALEV e -VLR. Com o catalisador CoMo_CCBM verifica-
se que em ambos os métodos, houve conversão completa do furfural. A uma menor
temperatura (método A) obteve-se predominante ALEV (74%) e ainda 25,9% -valerolactona
(-VLR). Com o aumento da temperatura (método B) verifica-se já 91,5 % para a -VLR e
ainda 8,5 % outros produtos (Tabela 9, entrada 2-3 e Figura 43). No espetro RMN 1H do
método da Figura 46 mostra o aparecimento dos sinais b,c,e d relativos aos protões do ALEV
e do método B os sinais 1,2,3 e 5 que mostram tratar-se da molécula ALEV,
Para o catalisador CoMo_CC, obteve-se 100 % de seletividade para a -VLR ao fim de
4 h (Tabela 9, entrada 5), no entanto observou-se que a extensão do tempo para 10 h promove
degradação dos produtos e uma diminuição da seletividade (Tabela 9, entrada 6) o que
demonstra que 290 ºC e 4 h de reação são as condições ideias para a HDO do furfural.
Os produtos de reação obtidos pelo método B e B1 CoMo_CC para além de
identificados por RMN 1H e confirmados por RMN 13C também foram analisados e
quantificados por GC-FID e identificados GC-MS (Figura 46 e 47).
FCUP 77
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Figura 47- Espetros de RMN 1H e 13C, cromatograma e espetro de massa de GC-MS dos produtos das reações do
furfural com CoMo_CC.
Figura 49 - Cromatogramas de GC-MS das reações com CoMo_CABM e espetros de RMN 1H dos produtos das
reações com o furfural utilizando CoMo_CA em comparação com os espetros de ALEV e -VLR puros.
Figura 50 - Espetros de RMN 1H dos produtos das reações do furfural com NiMo_CABM e
NiMo_CA.
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Produção de combustíveis verdes via hidrogenação catalítica de óleos vegetais e gorduras
Figura 51 - Espetros de RMN 1H e 13C dos produtos das reações do furfural com NiMo_CABM em comparação com os
espetros de ALEV puro e cromatograma de GC-MS.
O CoMo_CNTs foi outro catalisador estudado nas reações de HDO do furfural pelos
métodos A e B. Embora no método A não tenha ocorrido conversão completa do furfural,
houve a formação de ALEV (17,2%), -VLR (52,4%), hidrocarbonetos (6,65%) e álcoois
(1,79%), Tabela 9, entrada 15. Já no método B, obteve-se ALEV (43,4 %), -VLR (33,6%),
hidrocarbonetos (23%), Tabela 9, entrada 16. Estes produtos foram identificados quer por
RMN 1H quer por GC-MS (Figura 52). Embora os CNTs sejam materiais muito interessantes
do ponto de vista catalítico,28 neste caso não mostrou ser o mais eficiente. No entanto para o
objetivo deste trabalho isto é relevante porque é preferível ter catalisadores melhores
preparados com CC e CA do que com CNTs que tem de ser sintetizados em laboratório.
FCUP 83
Produção de combustíveis verdes via hidrogenação catalítica de óleos vegetais e gorduras
Figura 52 - Espetros de RMN 1H dos produtos das reações do furfural com CoMo_CNTs
em comparação com o espetro da -VLR.
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Produção de combustíveis verdes via hidrogenação catalítica de óleos vegetais e gorduras
Para avaliar o potencial do catalisador que mostrou ser mais ativo e seletivo na reação
HDO do furfural avaliou-se a estabilidade e eficiência do catalisador CoMo_CC ao longo de
mais do que um ciclo catalítico utilizando as condições do método B. No entanto observou-se
formação de coke (Figure 53) a esta temperatura elevada tal como observado na literatura
quando usam catalisadores de metais de transição e condições de temperatura elevados sem
a presença de H2. A reutilização foi então realizada a 220 °C mas também nestas condições foi
possível observar a formação de coke e a desativação do catalisador. Testou-se então o
catalisador de Ni/Mo (NiMo_CABM) que permitiu obter 100% de ácido levulínico a partir do
furfural a uma temperatura de 220 °C e novamente ocorreu formação de coke. Assim não foi
possível reutilizar os catalisadores usados na reação do HDO do furfural e será necessário no
futuro otimizar a preparação dos catalisadores e as condições operacionais.
Figura 53 – Coke.
Capítulo 4
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Produção de combustíveis verdes via hidrogenação catalítica de óleos vegetais e gorduras
Anexo I
Figura 54 – Fotografias tiradas aos catalisadores e aos produtos reacionais de cada reação HDO com ácido linoleico,
furfural, óleo vegetal refinado e usado.