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ORDEM SOCIAL -

EDUCAÇÃO; CULTURA;
DESPORTO; CIÊNCIA;
TECNOLOGIA E INOVAÇÃO;
COMUNICAÇÃO SOCIAL;
MEIO AMBIENTE; FAMÍLIA;
ÍNDIOS

MATERIAL DE
APOIO
CPF: 018.442.323-60
ORDEM SOCIAL - EDUCAÇÃO; CULTURA; DESPORTO; CIÊNCIA; TECNOLOGIA E
INOVAÇÃO; COMUNICAÇÃO SOCIAL; MEIO AMBIENTE; FAMÍLIA; ÍNDIOS

ORDEM SOCIAL – PARTE 02

SEGURIDADE SOCIAL

EDUCAÇÃO

1. DA EDUCAÇÃO

Nos termos da CF:

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família,


será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando
ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da
cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a


garantia de:

I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17


(dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para
todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria; (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009) (Vide Emenda
Constitucional nº 59, de 2009)

II - progressiva universalização do ensino médio gratuito; (Redação dada


pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996)

III - atendimento educacional especializado aos portadores de


deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;

IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco)


anos de idade; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de
2006)

V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação


artística, segundo a capacidade de cada um;

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VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do
educando;

VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica,


por meio de programas suplementares de material didáticoescolar,
transporte, alimentação e assistência à saúde. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 59, de 2009)

§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.

§ 2º O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua


oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente.

§ 3º Compete ao Poder Público recensear os educandos no ensino


fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou
responsáveis, pela freqüência à escola.

1.1. Princípios informadores do ensino

Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a


arte e o saber;

III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, e coexistência de


instituições públicas e privadas de ensino;

IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;

V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na


forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por
concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)

VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei;

VII - garantia de padrão de qualidade.

VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação


escolar pública, nos termos de lei federal. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 53, de 2006)

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IX - garantia do direito à educação e à aprendizagem ao longo da vida.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)

É concretizado, dentre outras, pela norma que


Princípio da
assegura o acesso aos níveis mais elevados do ensino,
igualdade de
da pesquisa e da criação artística, segundo a
condições
capacidade de cada um (art. 208, V, CF).

A liberdade de aprender é concretizada em diversos


dispositivos, dentre eles, os que impõem a garantia de
padrão de qualidade (art. 206, VII), a adoção de ações
Princípio da que conduzam à melhoria da qualidade do ensino (art.
liberdade do 214, III) e a fixação de conteúdos mínimos para o
ensino ensino fundamental, de maneira a assegurar formação
básica comum e respeito aos valores culturais e
artísticos, nacionais e regionais (art. 210).

Este princípio assegura a diversidade de ideias e de


concepções pedagógicas, e coexistência de instituições
públicas e privadas de ensino. As definições das linhas
pedagógicas a serem adotadas nas escolas devem
contar com a participação e interferência da sociedade,
não podendo “o ensino regular ser ambiente para
imposição de concepção pedagógica dos governantes
de época” (PEREIRA JR., 2009).
Princípio do
O ensino religioso, de matrícula facultativa, deve
pluralismo
constituir disciplina dos horários das normas das
do ensino
escolas públicas de ensino fundamental. Quanto ao
conteúdo a ser ministrado pode ser de três espécies: a)
confessional – quando transmite os princípios e
dogmas de determinada região; b) interconfessional –
no qual são ensinados os princípios comuns às várias
religiões; c) não confessional – quando voltado a uma
visão expositiva das diversas religiões.

A gratuidade do ensino público em estabelecimentos


oficiais (CF, art. 206, IV) vem sendo consagrada no
âmbito constitucional, com abrangência maior ou
menor, desde o advento da primeira Constituição
brasileira (1824). A gratuidade também está
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assegurada, em outra regra expressa, para a educação
básica, obrigatória e gratuita dos 4 aos 17 anos de
idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para
todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria
(CF, art. 208, I).

Noutro ângulo, no julgamento da ADPF 292 (ADPF 292,


Relator(a): LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em
01/08/2018), o STF firmou o entendimento no
sentido de que são constitucionais a exigência de
idade mínima de quatro a seis anos para ingresso,
respectivamente, na educação infantil e no ensino
fundamental, bem como a fixação da data limite 31
de março para que as referidas datas estejam
completas[1].

Vale ressaltar que o STF sumulou o entendimento


vinculante de n.12 segundo o qual considerou
Gratuidade inconstitucional a cobrança de taxa de matrículas
do ensino nas universidades públicas, tomando, como
público parâmetro, na oportunidade, o inciso IV do art. 206 da
CF, o qual menciona “ gratuidade do ensino público em
estabelecimentos oficiais”.

Atenção! Em julgado recente, ainda com base no


mesmo dispositivo (inciso IV, do art. 206) o STF
reconheceu que não obsta a garantia de gratuidade de
ensino a cobrança de mensalidade em cursos de
especialização ofertados pelas universidades
públicas[2].

Importante! Por seu turno, não viola a CF a


cobrança de contribuição obrigatória de alunos
matriculados nos Colégios Militares do Exército. O
entendimento decorre do fato do STF entender que os
colégios militares são considerados instituições
educacionais sui generis regidos por legislação
específica com os quais não se confunde os
estabelecimentos de ensino pertencentes ao sistema
regular de ensino[3].

O dispositivo que impõe a valorização dos profissionais


da educação escolar assegura, na forma da lei, planos
de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso

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público de provas e títulos, aos das redes públicas (CF,
art. 206, V). O princípio da valorização impõe o
Valorização investimento nos profissionais que atuam no setor,
dos mediante o reconhecimento social e econômico
profissionais compatível com a relevância da missão que
desempenha enquanto tomador de pessoas e opiniões.

Para que haja uma harmonização com o princípio da


Piso salarial
valorização dos profissionais da educação escolar
profissional
pública, o valor fixado deve ser compatível com a
nacional
relevância da função desempenhada.

Esse princípio, enquanto concretização do princípio da


democracia participativa (CF, art. 1º, parágrafo único),
reforça o princípio do pluralismo. A LDB estabelece que
os sistemas de ensino definirão as normas da gestão
democrática do ensino público na educação básica, de
acordo com as suas peculiaridades e conforme os
seguintes princípios: I) participação dos profissionais da
educação na elaboração do projeto pedagógico da
escola; e II) participação das comunidades escolar e
Princípio da local em conselhos escolares ou equivalentes (Lei
gestão 9.434/96, art. 14).
democrática
Atenção! Outro importante julgamento diz respeito à
do ensino
possibilidade ou não do homeschooling no Brasil. Ao
público
analisar o RE 888815 (tema 882 de repercussão
geral), o STF passou a definir que a prática do
homeschooling não é vedada expressamente pela
CF, no entanto, para que seja possível exercê-lo, é
imprescindível a existência de lei regulamentando o
assunto de modo a esclarecer objetivamente quais
são os mecanismos de fiscalização e avaliação
dessa modalidade de ensino[4].

1.2. Competência dos entes federativos

Nos termos do art. 211 da CF:

Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios


organizarão em regime de colaboração seus sistemas de ensino.

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§ 1º A União organizará o sistema federal de ensino e o dos Territórios,
financiará as instituições de ensino públicas federais e exercerá, em
matéria educacional, função redistributiva e supletiva, de forma a garantir
equalização de oportunidades educacionais e padrão mínimo de
qualidade do ensino mediante assistência técnica e financeira aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 14, de 1996)

§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na


educação infantil. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de
1996)

§ 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino


fundamental e médio (Incluído pela Emenda Constitucional nº 14, de
1996)

§ 4º Na organização de seus sistemas de ensino, a União, os Estados, o


Distrito Federal e os Municípios definirão formas de colaboração, de
forma a assegurar a universalização, a qualidade e a equidade do ensino
obrigatório. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)

§ 5º A educação básica pública atenderá prioritariamente ao ensino


regular. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)

§ 6º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios exercerão


ação redistributiva em relação a suas escolas. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 108, de 2020)

§ 7º O padrão mínimo de qualidade de que trata o § 1º deste artigo


considerará as condições adequadas de oferta e terá como referência o
Custo Aluno Qualidade (CAQ), pactuados em regime de colaboração na
forma disposta em lei complementar, conforme o parágrafo único do art.
23 desta Constituição. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de
2020)

As competências, em síntese, podem ser resumidas no seguinte quadro


sinóptico:

União Estados e DF Municípios

Organizará o sistema
federal de ensino e o
dos Territórios,
financiará as
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instituições de
ensino públicas
federais e exercerá,
em matéria
educacional, função
redistributiva e Atuarão
Atuarão
supletiva, de forma a prioritariamente no
prioritariamente no
garantir a ensino fundamental
ensino fundamental
equalização de e na educação
e médio.
oportunidades infantil.
educacionais e um
padrão mínimo de
qualidade do ensino
mediante assistência
técnica e financeira
aos Estados, ao
Distrito Federal e aos
Municípios.

Atenção! A dificuldade de vagas em creches próximas à residência ou local


de trabalho tem sido um tema recorrente no Judiciário. Enquanto direito
fundamental de segunda dimensão, existem importantes decisões do STF no
sentido de se tratar de dever do Estado (prestação positiva), afastando-se a
alegação da cláusula de “reserva do possível” para a não atuação municipal
(art. 208, IV, c/c o art. 211, § 3.º), inclusive com a possibilidade de aplicação
de multa diária até o cumprimento da obrigação de implementação da
matrícula (STF, RE 956.475).

1.3. Fim (progressivo) da DRU para a educação e as ECs ns 59/2009,


69/2011, 93/2016 e 103/2019

O mecanismo de Desvincular Recursos da União (DRU), previsto no


art.76 do ADCT, permite, na redação dada pela EC 93/2016, a desvinculação
de receitas nos seguintes termos: são desvinculados de órgão, fundo ou
despesa, até 31 de dezembro de 2023, 30% (trinta por cento) da
arrecadação da União relativa às contribuições sociais, sem prejuízo do
pagamento das despesas do Regime Geral da Previdência Social, às
contribuições de intervenção no domínio econômico e às taxas, já instituídas
ou que vierem a ser criadas até a referida data. O objetivo é dar maior
flexibilidade à alocação dos recursos.

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Excetua-se da aludida desvinculação a arrecadação da contribuição social
do salário-educação a que se refere o art.212, §5°, da CF. A EC 103/2019
trouxe mais uma exceção: a desvinculação não se aplica às receitas das
contribuições sociais destinadas ao custeio da seguridade social (art.76, §4°).

Ademais, quanto à desvinculação de receitas dos demais entes:

Art. 76-A. São desvinculados de órgão, fundo ou despesa, até 31 de


dezembro de 2023, 30% (trinta por cento) das receitas dos Estados e do
Distrito Federal relativas a impostos, taxas e multas, já instituídos ou que
vierem a ser criados até a referida data, seus adicionais e respectivos
acréscimos legais, e outras receitas correntes. (Incluído dada pela
Emenda constitucional nº 93, de 2016) Produção de efeitos.

Parágrafo único. Excetuam-se da desvinculação de que trata o caput:


(Incluído dada pela Emenda constitucional nº 93, de 2016) Produção
de efeitos

I - recursos destinados ao ?nanciamento das ações e serviços públicos de


saúde e à manutenção e desenvolvimento do ensino de que tratam,
respectivamente, os incisos II e III do § 2º do art. 198 e o art. 212 da
Constituição Federal; (Incluído dada pela Emenda constitucional nº 93,
de 2016) Produção de efeitos

II - receitas que pertencem aos Municípios decorrentes de transferências


previstas na Constituição Federal; (Incluído dada pela Emenda
constitucional nº 93, de 2016) Produção de efeitos

III - receitas de contribuições previdenciárias e de assistência à saúde dos


servidores; (Incluído dada pela Emenda constitucional nº 93, de
2016) Produção de efeitos

IV - demais transferências obrigatórias e voluntárias entre entes da


Federação com destinação especi?cada em lei; (Incluído dada pela
Emenda constitucional nº 93, de 2016) Produção de efeitos

V - fundos instituídos pelo Poder Judiciário, pelos Tribunais de Contas, pelo


Ministério Público, pelas Defensorias Públicas e pelas Procuradorias-
Gerais dos Estados e do Distrito Federal. (Incluído dada pela Emenda
constitucional nº 93, de 2016) Produção de efeitos

2. DA CULTURA

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Nos termos do art. 215 da CF:

Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos


culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a
valorização e a difusão das manifestações culturais.

§ 1º O Estado protegerá as manifestações das culturas populares,


indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do
processo civilizatório nacional.

2º A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta


significação para os diferentes segmentos étnicos nacionais.

3º A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de duração


plurianual, visando ao desenvolvimento cultural do País e à integração
das ações do poder público que conduzem à: (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 48, de 2005)

I defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro; (Incluído pela


Emenda Constitucional nº 48, de 2005)

II produção, promoção e difusão de bens culturais; (Incluído pela


Emenda Constitucional nº 48, de 2005)

III formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em suas


múltiplas dimensões; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 48, de
2005)

IV democratização do acesso aos bens de cultura; (Incluído pela


Emenda Constitucional nº 48, de 2005)

V valorização da diversidade étnica e regional. (Incluído pela Emenda


Constitucional nº 48, de 2005)

O artigo 215 da CF/88 consagra como direito fundamental o princípio da


cidadania cultural ao prescrever que o Estado garantirá a todos o pleno
exercício dos direitos culturais e o acesso às fontes da cultura nacional, e
apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.

Visando à promoção do desenvolvimento humano, social e econômico com


pleno exercício dos direitos culturais, a EC nº 71/2012, instituiu o Sistema
Nacional de Cultura que tem como base os seguintes princípios (art. 216-A,
§ 1º):
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I - diversidade das expressões culturais; II - universalização do acesso
aos bens e serviços culturais; III - fomento à produção, difusão e
circulação de conhecimento e bens culturais; IV - cooperação entre os
entes federados, os agentes públicos e privados atuantes na área
cultural; V - integração e interação na execução das políticas, programas,
projetos e ações desenvolvidas; VI - complementaridade nos papéis dos
agentes culturais; VII - transversalidade das políticas culturais; VIII -
autonomia dos entes federados e das instituições da sociedade civil; IX -
transparência e compartilhamento das informações; X - democratização
dos processos decisórios com participação e controle social; XI -
descentralização articulada e pactuada da gestão, dos recursos e das
ações; XII - ampliação progressiva dos recursos contidos nos
orçamentos públicos para a cultura.

Importante! Caberá a lei federal dispor sobre a regulamentação do SNC,


bem como de sua articulação com os demais sistemas ou políticas setoriais
do governo. Os Estados, DF e Municípios poderão organizar os seus
respectivos sistemas de culturas em leis próprias.

3. DESPORTO

Nos termos da CF:

Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não-


formais, como direito de cada um, observados:

I - a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações,


quanto a sua organização e funcionamento;

II - a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do


desporto educacional e, em casos específicos, para a do desporto de alto
rendimento;

III - o tratamento diferenciado para o desporto profissional e o não-


profissional;

IV - a proteção e o incentivo às manifestações desportivas de criação


nacional.

§ 1º O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às


competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça
desportiva, regulada em lei.

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§ 2º A justiça desportiva terá o prazo máximo de sessenta dias, contados
da instauração do processo, para proferir decisão final.

§ 3º O Poder Público incentivará o lazer, como forma de promoção


social.

A CF/88 inovou em relação aos regimes anteriores ao conferir estrutura


constitucional às normas referentes à organização e política de
desenvolvimento do desporto. No art. 217 da CF, foram apontadas as
diretrizes a serem observadas pelos poderes públicos com o objetivo de
fomentar as práticas desportivas formais e não formais. Atualmente a
regulamentação do desporto no âmbito infraconstitucional está contida,
principalmente, na Lei 9.615/98 (Lei Pelé), que revogou a Lei 8.672/93 (Lei
Zico).

Atenção! Ao exigir o prévio esgotamento de uma instância


administrativa, o próprio constituinte consagrou uma exceção à
inafastabilidade da apreciação jurisdicional (art. 5°, XXXV), a qual
não poderá ser admitida pela via legislativa ordinária, nem mesmo por
emenda à Constituição, por se tratar de cláusula pétrea

A justiça desportiva está disciplinada nos artigos 49 a 55 da Lei Pelé.


Limitadas ao processo e julgamento das infrações disciplinares e às
competições desportivas suas atribuições serão definidas em códigos
desportivos, facultando-se às ligas constituir seus próprios órgãos judicantes
desportivos, com atuação restrita às suas competições (Lei 9.615/98, art.
50). A despeito de não compor a Administração Pública, a Justiça desportiva
possui a peculiar condição de ser constitucionalmente prevista,
desempenhando função quase-estatal.

Importante! Cabe lembrar que o lazer está arrolado no art. 6.º como direito
social, apresentando íntima relação com a ideia de qualidade de vida.

A competência da União para legislar exclusivamente sobre sistemas


de consórcios e sorteios, inclusive loterias, não obsta a competência
material (administrativa) para a exploração dessas atividades pelos
entes estaduais ou municipais, nem a competência regulamentar
dessa exploração. Os arts. 1º e 32, caput e § 1º, do Decreto-Lei 204/1967
não foram recepcionados pela Constituição Federal de 1988. STF. Plenário.
ADPF 492/RJ, ADPF 493/DF e ADI 4986/MT, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgados em 30/9/2020 (Info 993).

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4. DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

A inovação, incluída pela EC 85/2015, se une à ciência e à tecnologia


nesse eixo da ordem social:

Art. 218. O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento cientí?co, a


pesquisa, a capacitação cientí?ca e tecnológica e a inovação.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015)

§ 1º A pesquisa cientí?ca básica e tecnológica receberá tratamento


prioritário do Estado, tendo em vista o bem público e o progresso da
ciência, tecnologia e inovação. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 85, de 2015)

§ 2º A pesquisa tecnológica voltar-se-á preponderantemente para a solução


dos problemas brasileiros e para o desenvolvimento do sistema produtivo
nacional e regional.

§ 3º O Estado apoiará a formação de recursos humanos nas áreas de


ciência, pesquisa, tecnologia e inovação, inclusive por meio do apoio às
atividades de extensão tecnológica, e concederá aos que delas se ocupem
meios e condições especiais de trabalho. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 85, de 2015)

§ 4º A lei apoiará e estimulará as empresas que invistam em pesquisa,


criação de tecnologia adequada ao País, formação e aperfeiçoamento de
seus recursos humanos e que pratiquem sistemas de remuneração que
assegurem ao empregado, desvinculada do salário, participação nos
ganhos econômicos resultantes da produtividade de seu trabalho.

§ 5º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular parcela de sua


receita orçamentária a entidades públicas de fomento ao ensino e à
pesquisa científica e tecnológica.

§ 6º O Estado, na execução das atividades previstas no caput , estimulará


a articulação entre entes, tanto públicos quanto privados, nas diversas
esferas de governo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 85, de
2015)

§ 7º O Estado promoverá e incentivará a atuação no exterior das


instituições públicas de ciência, tecnologia e inovação, com vistas à

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execução das atividades previstas no caput. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 85, de 2015)

Art. 219. O mercado interno integra o patrimônio nacional e será


incentivado de modo a viabilizar o desenvolvimento cultural e sócio-
econômico, o bem-estar da população e a autonomia tecnológica do País,
nos termos de lei federal.

Parágrafo único. O Estado estimulará a formação e o fortalecimento da


inovação nas empresas, bem como nos demais entes, públicos ou
privados, a constituição e a manutenção de parques e polos tecnológicos e
de demais ambientes promotores da inovação, a atuação dos inventores
independentes e a criação, absorção, difusão e transferência de
tecnologia. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015)

Art. 219-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão


?rmar instrumentos de cooperação com órgãos e entidades públicos e com
entidades privadas, inclusive para o compartilhamento de recursos
humanos especializados e capacidade instalada, para a execução de
projetos de pesquisa, de desenvolvimento cientí?co e tecnológico e de
inovação, mediante contrapartida ?nanceira ou não ?nanceira assumida
pelo ente bene?ciário, na forma da lei. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 85, de 2015)

Art. 219-B. O Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (SNCTI)


será organizado em regime de colaboração entre entes, tanto públicos
quanto privados, com vistas a promover o desenvolvimento cientí?co e
tecnológico e a inovação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 85,
de 2015)

§ 1º Lei federal disporá sobre as normas gerais do SNCTI. (Incluído


pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015)

§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios legislarão


concorrentemente sobre suas peculiaridades. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 85, de 2015)

Biotecnologia

A biotecnologia e todo o seu desdobramento, como pesquisa com


células- tronco embrionárias, a criação de organismos vivos ou
geneticamente modificados, a clonagem (reprodutiva ou terapêutica), que
deverá estar intimamente ligada à ética.

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A biotecnologia é considerada direito fundamental de 4° dimensão (ou
geração), tendo o STF decidido pela constitucionalidade do art.5° da Lei de
Biossegurança (Lei n° 11.105/2005) no tocante à pesquisa com células-
tronco embrionárias (ADI 3510).

5. COMUNICAÇÃO SOCIAL

Inexistência de restrição Liberdade de expressão,


pensamento, crença e informação,
que só pode ser restringida nos
parâmetros constitucionais

Plena liberdade de informação Garantia prevista em diversos


jornalística dispositivos da CF/88, sobretudo
no art.5°

Vedação à censura É vedada toda e qualquer censura


de natureza política, ideológica e
artística.

Regulação estatal sobre as CF, Art. 220 (...): § 3º Compete à


diversões e espetáculos lei federal: I - regular as diversões
e espetáculos públicos, cabendo
ao Poder Público informar sobre a
natureza deles, as faixas etárias a
que não se recomendem, locais e
horários em que sua apresentação
se mostre inadequada; II -
estabelecer os meios legais que
garantam à pessoa e à família a
possibilidade de se defenderem de
programas ou programações de
rádio e televisão que contrariem o
disposto no art. 221, bem como da
propaganda de produtos, práticas
e serviços que possam ser
nocivos à saúde e ao meio
ambiente.

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Regulação estatal em relação ao CF, art.220 (...): § 4º A
tabaco, bebidas alcoólicas, propaganda comercial de tabaco,
agrotóxicos, medicamentos e bebidas alcoólicas, agrotóxicos,
terapia medicamentos e terapias estará
sujeita a restrições legais, nos
termos do inciso II do parágrafo
anterior, e conterá, sempre que
necessário, advertência sobre os
malefícios decorrentes de seu uso.

Vedação ao monopólio ou CF, art.173, §4°: § 4º A lei


oligopólio na comunicação reprimirá o abuso do poder
social econômico que vise à dominação
dos mercados, à eliminação da
concorrência e ao aumento
arbitrário dos lucros. Assim, os
meios de comunicação não podem
ser objeto de monopólio ou
oligopólio.

Publicação de veículo impresso Independe de licença da


de comunicação autoridade.

Produção e programação de Sofrerão controle de qualidade por


emissoras de rádio e TV parte do Estado, devendo
respeitar a cultura nacional e
regional, bem como valores éticos
e sociais da pessoa e da família.

Propriedade de empresa Privativa de brasileiros natos ou


jornalística e de radiodifusão naturalizados há mais de dez
sonora e de sons e imagens anos, ou de pessoas jurídicas
constituídas sob as leis brasileiras
e que tenham sede no país,
observando-se as disposições do
art.222 da CF.

Serviço de radiodifusão sonora Compete ao Poder Executivo


e de sons e imagens outorgar e renovar a sua
concessão, permissão e
autorização, observando-se o

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princípio da complementaridade
dos sistemas privado, público e
estatal e havendo, ainda, controle
pelo Congresso Nacional (art. 223,
§§1° a 5°).

Nos termos da CF:

Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a


informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer
restrição, observado o disposto nesta Constituição.

§ 1º Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena


liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação
social, observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV.

§ 2º É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e


artística.

§ 3º Compete à lei federal:

I - regular as diversões e espetáculos públicos, cabendo ao Poder Público


informar sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se
recomendem, locais e horários em que sua apresentação se mostre
inadequada;

II - estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família a


possibilidade de se defenderem de programas ou programações de rádio e
televisão que contrariem o disposto no art. 221, bem como da propaganda
de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio
ambiente.

§ 4º A propaganda comercial de tabaco, bebidas alcoólicas, agrotóxicos,


medicamentos e terapias estará sujeita a restrições legais, nos termos do
inciso II do parágrafo anterior, e conterá, sempre que necessário,
advertência sobre os malefícios decorrentes de seu uso.

§ 5º Os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente,


ser objeto de monopólio ou oligopólio.

§ 6º A publicação de veículo impresso de comunicação independe de

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licença de autoridade.

Art. 221. A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão


atenderão aos seguintes princípios:

I - preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;

II - promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção


independente que objetive sua divulgação;

III - regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme


percentuais estabelecidos em lei;

IV - respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.

Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e


de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais
de dez anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e
que tenham sede no País. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 36, de 2002)

§ 1º Em qualquer caso, pelo menos setenta por cento do capital total e do


capital votante das empresas jornalísticas e de radiodifusão sonora e de
sons e imagens deverá pertencer, direta ou indiretamente, a brasileiros
natos ou naturalizados há mais de dez anos, que exercerão
obrigatoriamente a gestão das atividades e estabelecerão o conteúdo da
programação. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 36, de
2002)

§ 2º A responsabilidade editorial e as atividades de seleção e direção da


programação veiculada são privativas de brasileiros natos ou naturalizados
há mais de dez anos, em qualquer meio de comunicação social.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 36, de 2002)

§ 3º Os meios de comunicação social eletrônica, independentemente da


tecnologia utilizada para a prestação do serviço, deverão observar os
princípios enunciados no art. 221, na forma de lei especí?ca, que também
garantirá a prioridade de pro?ssionais brasileiros na execução de
produções nacionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 36, de 2002)

§ 4º Lei disciplinará a participação de capital estrangeiro nas empresas de


que trata o § 1º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 36, de 2002)

§ 5º As alterações de controle societário das empresas de que trata o § 1º


serão comunicadas ao Congresso Nacional. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 36, de 2002)
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Art. 223. Compete ao Poder Executivo outorgar e renovar concessão,
permissão e autorização para o serviço de radiodifusão sonora e de sons e
imagens, observado o princípio da complementaridade dos sistemas
privado, público e estatal.

§ 1º O Congresso Nacional apreciará o ato no prazo do art. 64, § 2º e § 4º,


a contar do recebimento da mensagem.

§ 2º A não renovação da concessão ou permissão dependerá de aprovação


de, no mínimo, dois quintos do Congresso Nacional, em votação nominal.

§ 3º O ato de outorga ou renovação somente produzirá efeitos legais após


deliberação do Congresso Nacional, na forma dos parágrafos anteriores.

§ 4º O cancelamento da concessão ou permissão, antes de vencido o


prazo, depende de decisão judicial.

§ 5º O prazo da concessão ou permissão será de dez anos para as


emissoras de rádio e de quinze para as de televisão. Art. 224. Para os
efeitos do disposto neste capítulo, o Congresso Nacional instituirá, como
seu órgão auxiliar, o Conselho de Comunicação Social, na forma da lei.

Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre – SBTVD-T

O Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre foi regulado pelo


Decreto 5.820/2006, que estabeleceu diretrizes para a transição do sistema
de transição analógica para o sistema de transição digital do serviço de sons
e imagens e do serviço de retransmissão de televisão.

No ano de 2010, o STF analisou a constitucionalidade da


consignação, pelo Presidente da República, a mais de um canal para as
concessionárias e “autorizadas”, sem controle político pelo Congresso
Nacional, e decidiu que é possível, visto que não se trata de nova concessão,
mas apenas de uso dobrado dos canais (ADI 3944, Relator(a): AYRES
BRITTO, Tribunal Pleno, julgado em 05/08/2010).

Direito de antena e a EC 97/2017

Direito de antena é a possibilidade de captar ou transmitir

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informações por meio de ondas mecânicas ou eletromagnéticas. A CF/88
trouxe regras diretamente relacionadas a esse direito, a exemplo de
assegurar acesso gratuito ao rádio e à televisão, nos termos do art.17, §3°,
da CF, que sofreu importantes alterações com o advento da EC 97/2017.

Lei de Imprensa – ADPF 130

Em 2009, o STF declarou que a Lei de Imprensa (Lei n° 5.250/67) é


incompatível com a atual ordem constitucional.

(...) NÃO RECEPÇÃO EM BLOCO DA LEI 5.250 PELA NOVA ORDEM


CONSTITUCIONAL. 10.1. Óbice lógico à confecção de uma lei de imprensa
que se orne de compleição estatutária ou orgânica. A própria Constituição,
quando o quis, convocou o legislador de segundo escalão para o aporte
regratório da parte restante de seus dispositivos (art. 29, art. 93 e § 5º do
art. 128). São irregulamentáveis os bens de personalidade que se põem
como o próprio conteúdo ou substrato da liberdade de informação
jornalística, por se tratar de bens jurídicos que têm na própria interdição da
prévia interferência do Estado o seu modo natural, cabal e ininterrupto de
incidir. Vontade normativa que, em tema elementarmente de imprensa,
surge e se exaure no próprio texto da Lei Suprema. 10.2. Incompatibilidade
material insuperável entre a Lei n° 5.250/67 e a Constituição de 1988.
ADPF 130, Relator(a): CARLOS BRITTO, Tribunal Pleno, julgado em
30/04/2009.

Lei Eleitoral sobre o humor e a problemática das “Fake News”

A Lei das Eleições (Lei n. 9.504/97), prevê, em seu art.45, §4°, que é
proibido todo e qualquer ato tendente a ridicularizar ou degradar a imagem
de candidato (trucagem), bem veda a montagem realizada com esses
mesmos fins.

No julgamento da ADI 4.451, o STF decidiu que essas disposições são


inconstitucionais, já que o humor é considerado imprensa.

6. MEIO AMBIENTE

Conceito

Meio ambiente pode ser de?nido como a interação do conjunto de


elementos naturais, arti?ciais e culturais que propiciem o desenvolvimento

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equilibrado da vida em todas as suas formas.

O preservacionismo ambiental caracteriza-se como direito humano de


terceira dimensão, estando o ser humano inserido na coletividade e, assim,
titular dos direitos de solidariedade.

Aspectos do meio ambiente

Nos termos da Lei n°6.938/81,

Art. 3º - Para os ?ns previstos


nesta Lei, entende-se por: I - meio
ambiente, o conjunto de
condições, leis, in?uências e
Meio ambiente natural ou físico interações de ordem física,
química e biológica, que permite,
abriga e rege a vida em todas as
suas formas;

Diz respeito à história e à cultura


de um povo, as suas raízes e
identidade, sendo integrado pelo
patrimônio histórico, artístico,
Meio ambiente cultural arqueológico e turístico.

Materializa-se no espaço urbano


construído, destacando-se as edi?
Meio ambiente artificial ou cações e também os
humano equipamentos públicos.

Espécie do meio ambiente arti?


cial, ganha destaque, e, tratando
em categoria autônoma,
caracteriza-se como o local em
Meio ambiente do trabalho que o trabalhador exerce a sua
atividade.

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A proteção ambiental no constitucionalismo brasileiro

Estabeleceu a proibição de
trabalho, cultura, indústria ou
comércio que se opusessem à
segurança e saúde dos cidadãos
Constituição de 1824 (art.179, inc. XXIV)

Competência privativa do
Congresso Nacional para legislar
Constituição de 1891 sobre terra e minas de
propriedade da União (art.34,
n°29)

Fixou a competência concorrente


entre União e Estados para
proteger as belezas naturais e os
monumentos de valor histórico ou
artístico, podendo impedir a
evasão de obras de arte (art.10,
inc. III, e 148). Também
estabeleceu ser da competência
privativa da União legislar sobre
Constituição de 1934 bens de domínio federal, riquezas
do subsolo, mineração, metalurgia,
água, energia hidrelétrica, ?
orestas, caça, pesca e a sua
exploração (art.5°, inc. XIX, “j”).

Os monumentos históricos,
artísticos e naturais, assim como
as paisagens ou os locais
particularmente dotados pela
natureza, gozam de proteção de
dos cuidados especiais da Nação,
Constituição de 1937
dos Estados e dos Municípios.
Atentados contra a ele cometidos
serão comparados a atentados
cometidos contra o patrimônio
nacional.
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Estabeleceu que monumentos e
documentos de valor histórico,
bem como os monumentos
naturais, as paisagens e os locais
dotados de particular beleza,
estavam sob a proteção do Poder
Constituição de 1946
Público. Manteve a competência
da União para legislar sobre
riquezas do subsolo, mineração,
metalurgia, águas, energia
elétrica, floresta, caça e pesca.

A cultura era dever do Estado,


estavam sob a proteção especial
do Poder Público os documentos,
as obras e os locais de valor
histórico ou artístico, os
monumentos e as paisagens
naturais notáveis, bem como as
Constituição 1967 jazidas arqueólogas. Foi mantido a
competência da União para
legislar sobre jazidas, minas e
outros recursos naturais,
metalurgia, ?orestas, caça e
pesca.

Constituição de 1969 Manteve a linha do texto


emendado, utilizando pela primeira
vez o vocábulo ecológico.

Foi o primeiro texto a trazer, de


modo especí?co e global, inclusive
em capítulo próprio, regras sobre
o meio ambiente, além de outras
Constituição de 1988 garantias previstas de modo
esparso na Constituição (exs.:
art.5°, inc. LXXIII; art.20 II a XI;
art.176,§3°).

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Natureza jurídica e incumbência do Poder Público

Natureza jurídica: bem de uso comum do povo.

CF, Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente


equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de
vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá- lo para as presentes e futuras gerações.

O art.225, § 1º, prevê: para assegurar a efetividade desse direito,


incumbe ao Poder Público:

§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o


manejo ecológico das espécies e ecossistemas; (Regulamento)

II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e


fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material
genético; (Regulamento) (Regulamento) (Regulamento)
(Regulamento)

III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus


componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a
supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização
que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua
proteção; (Regulamento)

IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade


potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente,
estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;
(Regulamento)

V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas,


métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de
vida e o meio ambiente; (Regulamento)

VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a


conscientização pública para a preservação do meio ambiente;

VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que


coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de
espécies ou submetam os animais a crueldade. (Regulamento)

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VIII - manter regime fiscal favorecido para os biocombustíveis destinados
ao consumo final, na forma de lei complementar, a fim de assegurar-lhes
tributação inferior à incidente sobre os combustíveis fósseis, capaz de
garantir diferencial competitivo em relação a estes, especialmente em
relação às contribuições de que tratam a alínea "b" do inciso I e o inciso IV
do caput do art. 195 e o art. 239 e ao imposto a que se refere o inciso II do
caput do art. 155 desta Constituição. (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 123, de 2022)

§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o


meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo
órgão público competente, na forma da lei.

§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente


sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos
causados.

§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o


Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua
utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a
preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos
naturais. (Regulamento) (Regulamento)

§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados,


por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas
naturais.

§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização
definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.

§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo,


não se consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais,
desde que sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta
Constituição Federal, registradas como bem de natureza imaterial
integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas
por lei específica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 96, de 2017)

Crueldade contra os animais? A CF/88 estabelece a necessidade de


proteção da manifestação cultural (art.215, caput, e §1º), mas também proíbe
o tratamento cruel aos animais (art.225, §1°, inc. VII). Diante da colisão
desses valores, vejamos algumas decisões do STF sobre o assunto:

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Praticada na época da quaresma e
culminando na Páscoa,
aparecendo o boi como
protagonista em encenações
sobre a Paixão de Cristo. O boi ?
ca preso por dias sem comer e
Farra do boi
depois é solto e perseguido nas
ruas da cidade. Existem relatos de
maus-tratos contra os animais. O
STF entendeu inconstitucional a
“farra do boi”, pois a crueldade
praticada contra os animais não
teria como prevalecer uma
suposta tradição cultural (RE
153.531, Dj 13/03/1998)

De?nidas como a realização de


atividades denominas esportivas,
em recintos próprios e fechados e,
por isso, tendo sido utilizada a
Rinhas ou brigas de expressão “competição galística”.
galo O STF declarou essa prática
inconstitucional (ADI 3.776, DJ
29.06.2007)

A prática de maus tratos e


crueldade contra animais, nos
Rodeio de animais termos da Lei 10.519/2002, pode
con?gurar crime contra os animais
(art.32 da Lei n° 9.605/1998).

O STF julgou inconstitucional a


prática de vaquejada, ante a lei
Vaquejada estadual que a regulamentava
(ADI 4.983, DJE 24/07/2017). Na
sequência, a EC 96/2017 inseriu
disposição que permite a prática
de vaquejada nos seguintes
termos (art.225, §7°): § 7º Para ?

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ns do disposto na parte ?nal do
inciso VII do § 1º deste artigo, não
se consideram cruéis as práticas
desportivas que utilizem animais,
desde que sejam manifestações
culturais, conforme o § 1º do art.
215 desta Constituição Federal,
registradas como bem de natureza
imaterial integrante do patrimônio
cultural brasileiro, devendo ser
regulamentadas por lei especí?ca
que assegure o bem-estar dos
animais envolvidos. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 96,
de 2017)

Há muitos questionamentos sobre


o uso de animais em circo.
Estados, como São Paulo, Rio de
Janeiro, Pernambuco, assim como
Animais em circo Municípios, já proibiram a
utilização de animais em circo. O
PL 7.296/2006, que tramita na CD,
vem no sentido de proibir tal
prática. O STF ainda não se
manifestou especificamente sobre
o assunto.

Importação de pneus usados

O STF declarou que a legislação que proíbe a importação de pneus


usados é constitucional, protege, dentre outros, a saúde, o meio ambiente
ecologicamente equilibrado, soberania nacional, defesa do meio ambiente
(ADPF 101).

Responsabilidade por danos ambientais

Art.225 (...): § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio


ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções
penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os

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danos causados.

RESPONSABILIDADE POR DANOS AMBIENTAIS

Responsabilidade Responsabilidade Responsabilidade


CIVIL ADMINISTRATIVA Penal

Objetiva Subjetiva Subjetiva

§ 1º do art. 14 da Caput do art. 14 da Lei É vedada a


Lei 6.938/81. 6.938/81. responsabilidade
penal objetiva.

SÚMULA 652 do STJ. A responsabilidade civil da Administração Pública


por danos ao meio ambiente, decorrente de sua omissão no dever de
fiscalização, é de caráter solidário, mas de execução subsidiária.

A responsabilidade administrativa ambiental é de natureza subjetiva A


aplicação de penalidades administrativas não obedece à lógica da
responsabilidade objetiva da esfera cível (para reparação dos danos
causados), mas deve obedecer à sistemática da teoria da culpabilidade, ou
seja, a conduta deve ser cometida pelo alegado transgressor, com
demonstração de seu elemento subjetivo, e com demonstração do nexo
causal entre a conduta e o dano. Assim, a responsabilidade CIVIL
ambiental é objetiva; porém, tratando-se de responsabilidade administrativa
ambiental, a responsabilidade é SUBJETIVA. STJ. 1ª Seção. EREsp
1318051/RJ, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 08/05/2019
(Info 650).

A esse respeito, preceitua o art. 3° da Lei n°. 9.605/98:

Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e


penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração
seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de
seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.

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Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das
pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato.

Desse modo, foi prevista a responsabilidade penal das pessoas


jurídicas, contudo com condicionantes. Destarte, são requisitos cumulativos
necessários à responsabilização penal das pessoas jurídicas, que a infração
penal seja cometida:

* Por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão


colegiado;

* No interesse ou benefício da sua entidade.

Atenção! Vale ressaltar que tanto o STF quanto o STJ admitem de maneira
inequívoca a responsabilidade penal da pessoa jurídicas por crime
ambiental, inclusive afastando a aplicação da tese da dupla imputação
obrigatória.

Desse modo, “é admissível a condenação das pessoas jurídicas pela


prática de crime ambiental, ainda que absolvida as pessoas físicas
ocupantes de cargo de presidência ou de direção do órgão responsável pela
prática criminosa” (RE 548.181/PR, j.06.08.2013).

No mesmo sentido é a posição do STJ: “Conforme orientação da 1ª


Turma do STF, "o art. 225, § 3°, da Constituição Federal não condiciona a
responsabilização penal da pessoa jurídica por crimes ambientais à
simultânea persecução penal da pessoa física em tese responsável no
âmbito da empresa” (RMS 39.173, j.6.08.2015).

Portanto, tanto o STF e quanto o STJ admitem a imputação de


responsabilidade penal à pessoa jurídica sem a obrigatoriedade de
imputação simultânea de crime ambiental a pessoa natural, adotando o
sistema de dupla imputação não necessariamente concomitante.

Os soldados da borracha e a EC 78/2014 O ADCT dispõe sobre um


amparo aos seringueiros:

Art. 54. Os seringueiros recrutados nos termos do Decreto-Lei nº 5.813, de


14 de setembro de 1943 , e amparados pelo Decreto-Lei nº 9.882, de 16 de
setembro de 1946 , receberão, quando carentes, pensão mensal vitalícia no
valor de dois salários mínimos.

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§ 1º O benefício é estendido aos seringueiros que, atendendo a apelo do
Governo brasileiro, contribuíram para o esforço de guerra, trabalhando na
produção de borracha, na Região Amazônica, durante a Segunda Guerra
Mundial.

§ 2º Os benefícios estabelecidos neste artigo são transferíveis aos


dependentes reconhecidamente carentes.

§ 3º A concessão do benefício far-se-á conforme lei a ser proposta pelo


Poder Executivo dentro de cento e cinqüenta dias da promulgação da
Constituição.

Mais tarde, houve uma modificação inserida pelo art. 54-A do ADCT:

Art. 54-A. Os seringueiros de que trata o art. 54 deste Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias receberão indenização, em parcela única, no
valor de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais). (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 78, de 2014)

Terras devolutas

São consideradas bens dominicais, cuja titularidade, desde a


Constituição de 1981 (República), pertence aos Estados-membros, ?cando a
União com as necessárias à defesa das fronteiras, forti?cações, construções
militares e estradas de ferro federais.

A CF/88 acrescentou que pertencem à União as terras devolutas


indispensáveis à defesa à preservação ambiental, de?nidas em lei, ou seja,
reverteu parte das terras públicas pertencentes aos Estados-membros.

Ademais, destaque-se que são indisponíveis as terras devolutas ou


arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à
proteção dos ecossistemas naturais (art.225, §5°).

Localização das usinas nucleares: necessidade de lei federal

Art.225 (...) § 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua
localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.

Desse modo, a Corte estabeleceu ser inconstitucional norma estadual


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que disponha sobre a implantação de instalações industriais destinadas à
produção de energia nuclear no âmbito do território estadual (ADI 330, j.
02/10/2020)

FAMÍLIA, CRIANÇA, ADOLESCENTE E PESSOA IDOSA

7. DA FAMÍLIA

Nos termos do art. 226 da CF/88:

Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.

§ 1º O casamento é civil e gratuita a celebração.

§ 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei.

§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável


entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar
sua conversão em casamento.

§ 4º Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada


por qualquer dos pais e seus descendentes.

§ 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos


igualmente pelo homem e pela mulher.

§ 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio. (Redação dada


Pela Emenda Constitucional nº 66, de 2010)

§ 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da


paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do
casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos
para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte
de instituições oficiais ou privadas.

§ 8º O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um


dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no
âmbito de suas relações.

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CPF: 018.442.323-60
As proteções constitucionalmente asseguradas a determinadas instituições
d e direito público e privado têm por escopo principal assegurar sua
permanência e a preservação de sua essência contra qualquer tipo de lesão,
sobretudo, por parte do legislador.

Embora consagradas nas Constituições, as garantias institucionais não se


configuram como direitos subjetivos atribuídos diretamente ao indivíduo, mas
sim como normas protetivas de instituições enquanto realidades sociais
objetivas, como é o caso da família. Por não garantirem aos particulares
posições subjetivas autônomas, não lhes é aplicado o regime dos direitos
fundamentais (CANOTILHO, 2000).

7.1. Proteção estatal da entidade familiar

Para fins de proteção constitucional, foram consagradas três espécies de


entidade familiar:

Família matrimonial Família informal Família


monoparental

Cuja origem é a união


Quando a entidade Quando formada pelo
formalizada por meio
familiar é formada a pai ou pela mãe e
do casamento civil ou
partir da união estável seus descendentes
religioso (CF, art.
(CF, art. 226, § 3º) (CF, art. 226, § 4º)
226, §§ 1º e 2º)

OBSERVAÇÃO

No que se refere à família informal, para efeito da proteção do Estado, é


reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade
familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento (art. 226, §
3º, CF).

Diante das dificuldades em debater o tema na esfera política, as minorias


diretamente interessadas acabaram recorrendo ao Poder Judiciário com o
objetivo de serem asseguradas, às uniões homoafetivas, as mesmas regras
e consequências jurídicas atribuídas às uniões estáveis. A igualdade de

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direitos e deveres começou a ser assegurada nas instâncias inferiores até o
reconhecimento, pelo Supremo Tribunal Federal, da união homoafetiva como
entidade familiar apta a merecer proteção do Estado.

Nos termos da decisão proferida pelo Supremo, a norma constante do artigo


1.723 do Código Civil não impede que a união de pessoas do mesmo sexo
possa ser reconhecida como entidade familiar, segundo as mesmas regras e
com as mesmas consequências da união estável heteroafetiva. No mérito,
prevaleceu o voto do Ministro Ayres Britto (Relator), que dava interpretação
conforme a Constituição ao dispositivo do Código Civil “para excluir do
dispositivo em causa qualquer significado que impeça o reconhecimento da
união contínua, pública e duradoura entre pessoas do mesmo sexo como
família”.

Ao apreciar o Tema nº 489 da repercussão geral, o Supremo evocou os


princípios da igualdade, da dignidade humana, da proporcionalidade
como vedação à proteção deficiente e da vedação do retrocesso para
fixar a seguinte tese: “É inconstitucional a distinção de regimes
sucessórios entre cônjuges e companheiros prevista no art. 1.790 do
CC/02, devendo ser aplicado, tanto nas hipóteses de casamento quanto
nas de união estável, o regime do art. 1.829 do CC/02”. No mesmo
sentido: RE 646721, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/
Acórdão: Min. ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em
10/05/2017.

Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal, antes


consubstanciados em um conjunto de prerrogativas unipessoais e
autoritárias conferidas exclusivamente ao chefe da família, no sistema atual
devem ser exercidos igualmente pelo homem e pela mulher (CF, art. 226, §
5º).

7.2. Divórcio

A dissolução do casamento tem por objetivo permitir que seja contraído um


novo vínculo. Conforme a precisa reflexão feita por Antônio Pereira Jr.
(2009), a independência econômica resultante da expansão da atuação
feminina no mercado de trabalho e a autonomia reprodutiva ampliada pelos
métodos contraceptivos fizeram com que a dimensão afetivo-sentimental do
casamento ganhasse uma maior relevância, tornando o divórcio um
procedimento acessível para os casos de diminuição ou ausência de

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afetividade.

8. DA CRIANÇA, DO ADOLESCENTE E DO JOVEM

De acordo com a CF:

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à


criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à
vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização,
à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (Redação
dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010)

(...)

§ 3º O direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos:

I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho, observado


o disposto no art. 7º, XXXIII;

II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas;

III - garantia de acesso do trabalhador adolescente e jovem à


escola; (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010)

IV - garantia de pleno e formal conhecimento da atribuição de ato


infracional, igualdade na relação processual e defesa técnica por
profissional habilitado, segundo dispuser a legislação tutelar específica;

V - obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito


à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, quando da
aplicação de qualquer medida privativa da liberdade;

VI - estímulo do Poder Público, através de assistência jurídica, incentivos


fiscais e subsídios, nos termos da lei, ao acolhimento, sob a forma de
guarda, de criança ou adolescente órfão ou abandonado;

VII - programas de prevenção e atendimento especializado à criança, ao


adolescente e ao jovem dependente de entorpecentes e drogas
afins. (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010)

(...)

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CPF: 018.442.323-60
§ 5º A adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da lei, que
estabelecerá casos e condições de sua efetivação por parte de
estrangeiros.

§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção,


terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer
designações discriminatórias relativas à filiação.

Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos,


sujeitos às normas da legislação especial.

Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos


menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na
velhice, carência ou enfermidade.

Com o tratamento conferido originariamente pela CF/88, crianças (até 12


anos incompletos) e adolescentes (de 12 aos 18 anos) passaram a ser
considerados titulares dos direitos fundamentais à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.

Em harmonia com este tratamento, o Estatuto da Criança e do Adolescente –


ECA (Lei 8.069/90) substituiu o antigo modelo da “situação irregular” pelo da
“proteção integral”, no qual as crianças e adolescentes são vistos como
titulares de direitos e deveres. Com a EC 65/2010, criada para proteger os
interesses da juventude, os jovens também foram incluídos no artigo 227. A
emenda impôs, ainda, um dever legiferante de criação do estatuto da
juventude, destinado a regular os direitos dos jovens e de implementação do
plano nacional de juventude, de duração decenal, visando à articulação das
várias esferas do poder público para a execução de políticas públicas (CF,
art. 227, § 8º).

Vale lembrar da presunção de paternidade em caso de renúncia a


submissão ao exame de DNA, de acordo com a Lei n° 8.560/1992:

Art. 2o-A. Na ação de investigação de paternidade, todos os meios legais,


bem como os moralmente legítimos, serão hábeis para provar a verdade
dos fatos. (Incluído pela Lei nº 12.004, de 2009).

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§ 1º. A recusa do réu em se submeter ao exame de código genético - DNA
gerará a presunção da paternidade, a ser apreciada em conjunto com o
contexto probatório. (Incluído pela Lei nº 12.004, de 2009).
(Renumerado do parágrafo único, pela Lei nº 14.138, de 2021)

§ 2º Se o suposto pai houver falecido ou não existir notícia de seu


paradeiro, o juiz determinará, a expensas do autor da ação, a realização do
exame de pareamento do código genético (DNA) em parentes
consanguíneos, preferindo-se os de grau mais próximo aos mais distantes,
importando a recusa em presunção da paternidade, a ser apreciada em
conjunto com o contexto probatório.

Atenção! A competência para apreciar pedidos de alvará visando à


participação de crianças adolescentes em representações artísticas é
da Justiça Comum (STF, ADI 5.326/DF, j. 27.09.2018).

A Lei 13.431/2017 normatiza e organiza o sistema de garantia de direitos da


criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência, bem como cria
mecanismos para prevenir e coibir a violência.

A adoção deve ser assistida pelo Poder Público, na forma da lei (CF, art.
227, § 5º). A regulamentação deste dispositivo foi feita pela Lei 12.010/2009.

9. DA PESSOA IDOSA

Segundo o art. 230 da CF/88:

Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as


pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade,
defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.

§ 1º Os programas de amparo aos idosos serão executados


preferencialmente em seus lares.

§ 2º Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratuidade dos


transportes coletivos urbanos.

A CF também conferiu um tratamento diferenciado e prioritário às pessoas


idosas, em razão de sua especial vulnerabilidade. Além de consagrar direitos
específicos, como benefício previdenciário (CF, art. 201, I) e proteção
assistencial (CF, art. 203, I), a Constituição impôs à família, à sociedade e ao
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Estado o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua
participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e
garantindo-lhes o direito à vida (CF, art. 230).

O Estatuto da Pessoa Idosa (Lei 10.741/2003) estabelece um sistema de


proteção integral e de absoluta prioridade, na qual estão compreendidos:

Art. 3º É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do poder


público assegurar à pessoa idosa, com absoluta prioridade, a efetivação
do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao
esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao
respeito e à convivência familiar e comunitária. (Redação dada pela Lei
nº 14.423, de 2022)

§ 1º A garantia de prioridade compreende: (Redação dada pela Lei nº


14.423, de 2022)

I – atendimento preferencial imediato e individualizado junto aos órgãos


públicos e privados prestadores de serviços à população;

II – preferência na formulação e na execução de políticas sociais públicas


específicas;

III – destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas


com a proteção à pessoa idosa; (Redação dada pela Lei nº 14.423, de
2022)

IV – viabilização de formas alternativas de participação, ocupação e


convívio da pessoa idosa com as demais gerações; (Redação dada
pela Lei nº 14.423, de 2022)

V – priorização do atendimento da pessoa idosa por sua própria família,


em detrimento do atendimento asilar, exceto dos que não a possuam ou
careçam de condições de manutenção da própria sobrevivência;
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)

VI – capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas de


geriatria e gerontologia e na prestação de serviços às pessoas idosas;
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)

VII – estabelecimento de mecanismos que favoreçam a divulgação de


informações de caráter educativo sobre os aspectos biopsicossociais de
envelhecimento;

VIII – garantia de acesso à rede de serviços de saúde e de assistência

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social locais.

IX – prioridade no recebimento da restituição do Imposto de


Renda. (Incluído pela Lei nº 11.765, de 2008).

Art. 39. Aos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos fica assegurada a


gratuidade dos transportes coletivos públicos urbanos e semi-urbanos,
exceto nos serviços seletivos e especiais, quando prestados
paralelamente aos serviços regulares.

§ 1º Para ter acesso à gratuidade, basta que a pessoa idosa apresente


qualquer documento pessoal que faça prova de sua idade. (Redação
dada pela Lei nº 14.423, de 2022)

§ 2º Nos veículos de transporte coletivo de que trata este artigo, serão


reservados 10% (dez por cento) dos assentos para as pessoas idosas,
devidamente identificados com a placa de reservado preferencialmente
para pessoas idosas. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)

§ 3o No caso das pessoas compreendidas na faixa etária entre 60


(sessenta) e 65 (sessenta e cinco) anos, ficará a critério da legislação
local dispor sobre as condições para exercício da gratuidade nos meios
de transporte previstos no caput deste artigo.

10. ÍNDIOS

A Constituição de 1934 foi a primeira a conferir proteção aos índios,


cujo texto os denominou de silvícolas. A proteção foi mantida nas
Constituições de 1937, 1946, 1967 e EC n.1/1969, atingindo ampla previsão
na CF/88:

Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes,
línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que
tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e
fazer respeitar todos os seus bens.

§ 1º São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles


habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas atividades
produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais
necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e
cultural, segundo seus usos, costumes e tradições.

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§ 2º As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua
posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo,
dos rios e dos lagos nelas existentes.

§ 3º O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais


energéticos, a pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras
indígenas só podem ser efetivados com autorização do Congresso
Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes assegurada
participação nos resultados da lavra, na forma da lei.[5]

§ 4º As terras de que trata este artigo são inalienáveis e indisponíveis, e os


direitos sobre elas, imprescritíveis.

§ 5º É vedada a remoção dos grupos indígenas de suas terras, salvo, "ad


referendum" do Congresso Nacional, em caso de catástrofe ou epidemia
que ponha em risco sua população, ou no interesse da soberania do País,
após deliberação do Congresso Nacional, garantido, em qualquer hipótese,
o retorno imediato logo que cesse o risco.

§ 6º São nulos e extintos, não produzindo efeitos jurídicos, os atos que


tenham por objeto a ocupação, o domínio e a posse das terras a que se
refere este artigo, ou a exploração das riquezas naturais do solo, dos rios e
dos lagos nelas existentes, ressalvado relevante interesse público da
União, segundo o que dispuser lei complementar, não gerando a nulidade e
a extinção direito a indenização ou a ações contra a União, salvo, na forma
da lei, quanto às benfeitorias derivadas da ocupação de boa fé.

§ 7º Não se aplica às terras indígenas o disposto no art. 174, § 3º e § 4º.

Art. 232. Os índios, suas comunidades e organizações são partes legítimas


para ingressar em juízo em defesa de seus direitos e interesses, intervindo
o Ministério Público em todos os atos do processo.

Segundo o art. 20, inc. XI, da CF, as terras tradicionalmente ocupadas pelos
índios são bens da União. A doutrina leciona que essas terras, por
possuírem destinação específica, podem ser classificadas como bens de uso
especial.

Sobre a relação dos indígenas com a terra:

É que, para o índio, volto a dizer, a terra não é um bem intra commercium,
não é um objeto redutível à pecúnia e passível de transação, a terra para
os índios é um totem horizontal, é um espírito protetor, é um ente,

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mantendo com ele, o índio, uma relação umbilical, porque ela carrega
consigo, a terra indígena , essa noção de atemporalidade, porque nela,
para o índio, estão presentes a ancestralidade, a coetaneidade e a
posteridade. ACO 312, Relator(a): EROS GRAU, Relator(a) p/ Acórdão:
LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 02/05/2012

Contudo, é bom lembrar que:

I - A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, por diversas vezes,


reconheceu que as terras dos aldeamentos indígenas que se
extinguiram antes da Constituição de 1891, por haverem perdido o
caráter de bens destinados a uso especial, passaram à categoria de
terras devolutas. II - Uma vez reconhecidos como terras devolutas, por
força do artigo 64 da Constituição de 1891, os aldeamentos extintos
transferiram-se ao domínio dos Estados. III – ADI julgada procedente em
parte, para conferir interpretação conforme à Constituição ao dispositivo
impugnado, a fim de que a sua aplicação fique adstrita aos aldeamentos
indígenas extintos antes da edição da primeira Constituição Republicana.

(ADI 255, Relator(a): ILMAR GALVÃO, Relator(a) p/ Acórdão: RICARDO


LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 16/03/2011, DJe-097 DIVULG
23-05-2011 PUBLIC 24-05-2011 EMENT VOL-02528-01 PP-00001 RTJ
VOL-00224-01 PP-00162)

O entendimento foi sumulado:

Súmula 650-STF: Os incisos I e XI do art. 20 da Constituição Federal não


alcançam terras de aldeamentos extintos, ainda que ocupadas por
indígenas em passado remoto.

Duas teorias são importantes para compreender a demarcação de


terras indígenas:

Teoria do indigenato Teoria do fato indígena (marco


temporal)

O direito à permanência dos povos Essa teoria surge no bojo do


em suas terras é uma fonte julgamento da demarcação do
jurídica primária da posse Território da Raposa Serra do Sol
territorial, um direito congênito (Pet 3388, Relator Carlos Britto,
característico do indivíduo membro Tribunal Pleno, julgado em
daquela comunidade, o que difere 19/03/2009). Segundo o Relator
da ocupação, que é um título Ministro Ayres Britto, a
adquirido. Constituição definiu data certa (a
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A Constituição garantiu o direito data de sua promulgação) como
indigenista, relativamente aos referencial insubstituível para o
índios com habitação permanente, reconhecimento das terras
não há a simples posse, mas um tradicionalmente ocupadas pelos
reconhecido direito originário índios, bem como que tal
reservados aos indígenas. referência não abrange as terras
ocupadas em outras épocas e
Segundo José Afonso da Silva, a nem aquelas que venham a ser
ideia do indigenato surge com o ocupadas.
Alvará de 1°.04.1680, confirmado
pela Lei de 06.06.1755, com a Desse modo, como regra, se os
tradição de sempre respeitar o índios não estavam na posse da
direito dos indígenas sobre as área em 05/10/1988, ela não será
terras. considerada terra indígena (art.
231 da CF/88).

Existe, contudo, uma exceção a


essa regra. Trata-se do chamado
renitente esbulho.

Assim, se, na época da


promulgação da CF/88, os índios
não ocupavam a terra porque dela
haviam sido expulsos em virtude
de conflito possessório, considera-
se que eles foram vítimas de
esbulho e, assim, essa área será
considerada terra indígena para os
fins do art. 231.

O renitente esbulho se caracteriza


pelo efetivo conflito possessório,
iniciado no passado e persistente
até o marco demarcatório temporal
da data da promulgação da
Constituição de 1988,
materializado por circunstâncias
de fato ou por controvérsia
possessória judicializada.

Vale ressaltar que, para que se


caracterize o renitente esbulho, é
necessário que, no momento da
promulgação da CF/88, os índios

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ainda estivessem disputando a
posse da terra ou tivessem sido
delas expulsos há pouco tempo.
Se eles foram dela expulsos
muitos anos antes de entrar em
vigor a CF/88, não se configura o
chamado “renitente esbulho”. STF.
2ª Turma. ARE 803462 AgR/MS,
Rel. Min. Teori Zavascki, julgado
em 9/12/2014 (Info 771).

Ademais:

EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA.


DEMARCAÇÃO DE TERRAS INDÍGENAS. ALEGAÇÃO DE NULIDADE
DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DEMARCATÓRIO. INEXISTÊNCIA.
DECRETO 1.775/1996. CONSTITUCIONALIDADE RECONHECIDA PELO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DO
CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA.
RECURSO DESPROVIDO. I - Esta Corte possui entendimento no sentido
de que o marco temporal previsto no art. 67 do ADCT não é
decadencial, mas que se trata de um prazo programático para
conclusão de demarcações de terras indígenas dentro de um período
razoável. Precedentes. II – O processo administrativo visando à
demarcação de terras indígenas é regulamentado por legislação própria -
Lei 6.001/1973 e Decreto 1.775/1996 - cujas regras já foram declaradas
constitucionais pelo Supremo Tribunal Federal. Precedentes. III – Não há
qualquer ofensa aos princípios do contraditório e da ampla defesa, pois
conforme se verifica nos autos, a recorrente teve oportunidade de se
manifestar no processo administrativo e apresentar suas razões, que foram
devidamente refutadas pela FUNAI. IV – Recurso a que se nega
provimento.

(RMS 26212, Relator(a): RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira Turma,


julgado em 03/05/2011, DJe-094 DIVULG 18-05-2011 PUBLIC 19-05-2011
EMENT VOL-02525-02 PP-00290)

Indígenas e Justiça competente

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Justiça Federal Justiça Estadual

CF, Art. 109. Aos juízes federais Na hipótese de crime praticado por
compete processar e julgar: índio contra outro índio, mesmo que
dentro do aldeamento indígena, e
(...) desde que não tenha nenhuma
relação com disputa sobre
XI - a disputa sobre direitos indígenas, a competência será da
indígenas. Justiça Estadual.
De acordo com o STF, compete
à Justiça Federal processar e
julgar os feitos versem sobre PENAL E PROCESSUAL PENAL.
questões ligadas diretamente: CONFLITO NEGATIVO DE
COMPETÊNCIA. DENÚNCIA QUE
À cultura indígena; ENVOLVE CRIMES DE
Aos direitos sobre as terras FAVORECIMENTO À
indígenas tradicionalmente PROSTITUIÇÃO, SUBMISSÃO À
ocupadas pelos índios; PROSTITUIÇÃO, RUFIANISMO,
A interesses VENDA DE BEBIDAS
constitucionalmente ALCOÓLICAS A ADOLESCENTES
atribuíveis à União, como E FORMAÇÃO DE QUADRILHA,
as infrações praticadas em PRATICADOS COM
detrimento de bens e PARTICIPAÇÃO DE ÍNDIOS E
interesses da União ou de COM EXPLORAÇÃO SEXUAL DE
suas autarquias e empresas ADOLESCENTES INDÍGENAS.
públicas. INEXISTÊNCIA DE CRIMES
RELACIONADOS A DISPUTA
SOBRE DIREITOS INDÍGENAS.
ART. 109, XI, DA CF/88. SÚMULA
140/STJ. INCIDÊNCIA.
COMPETÊNCIA DO JUÍZO DE
DIREITO DA COMARCA DE
CORONEL BICACO/RS.

I. Os delitos praticados são crimes


comuns, que não se relacionam
com disputa sobre direitos
indígenas, na forma do art. 109, XI,
da CF/88.

II. O Plenário do Supremo Tribunal


Federal já se manifestou no sentido
de que a competência da Justiça

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Federal, fixada no art. 109, XI, da
Constituição Federal, "só se desata
quando a acusação seja de
genocídio, ou quando, na ocasião
ou motivação de outro delito de
que seja índio o agente ou a
vítima, tenha havido disputa
sobre direitos indígenas, não
bastando seja aquele imputado a
silvícola, nem que este lhe seja
vítima e, tampouco, que haja sido
praticado dentro de reserva
indígena." (STF, RE 419.528, Rel.
p/ acórdão Ministro CEZAR
PELUSO, PLENO, DJU de
09/03/2007, p. 26).

III. Caso é de aplicação da Súmula


140/STJ: "Compete a Justiça
Comum estadual processar e julgar
crime em que o indígena figure
como autor ou vítima." IV. Conflito
conhecido, para declarar
competente o Juízo de Direito da
Comarca de Coronel Bicaco/RS, o
suscitado. (CC 38.517/RS, Rel.
Ministra ASSUSETE MAGALHÃES,
TERCEIRA SEÇÃO, julgado em
24/10/2012, DJe 31/10/2012)

[1] Importante! São constitucionais a exigência de idade mínima de quatro e


seis anos para ingresso, respectivamente, na educação infantil e no ensino
fundamental, bem como a fixação da data limite de 31 de março para que
referidas idades estejam completas. STF. Plenário. ADPF 292/DF, Rel. Min.
Luiz Fux, julgado em 1º/8/2018 (Info 909). É constitucional a exigência de 6
(seis) anos de idade para o ingresso no ensino fundamental, cabendo ao
Ministério da Educação a definição do momento em que o aluno deverá
preencher o critério etário. STF. Plenário. ADC 17/DF, Rel. Min. Edson
Fachin, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, jugado em 1º/8/2018 (Info 909).

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CPF: 018.442.323-60
[2] [...] 1. A garantia constitucional da gratuidade de ensino não obsta a
cobrança, por universidades públicas, de mensalidade em curso de
especialização. 2. Recurso extraordinário a que se dá provimento. (RE
597854, Relator(a): Min. EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em
26/04/2017, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO
DJe.214 DIVULG 20.09.2017 PUBLIC 21.09.2017)

[3] Importante! Não viola a Constituição Federal a cobrança de contribuição


obrigatória dos alunos matriculados nos Colégios Militares do Exército
Brasileiro. Os Colégios Militares apresentam peculiaridades que fazem com
que eles sejam instituições diferentes dos estabelecimentos oficiais de
ensino, por razões éticas, fiscais, legais e institucionais. Podem, assim, ser
qualificados como instituições educacionais sui generis. A quota mensal
escolar exigida nos Colégios Militares não representa ofensa à regra
constitucional de gratuidade do ensino público, uma vez que não há violação
ao núcleo de intangibilidade do direito fundamental à educação. Por fim,
deve-se esclarecer que esse valor cobrado dos alunos para o custeio das
atividades do Sistema Colégio Militar do Brasil não possui natureza tributária
(não é tributo). Logo, é válida a sua instituição por meio de atos infralegais.
Portanto, são válidos os arts. 82 e 83, da Portaria 42/2008 do Comandante
do Exército, que disciplinam essa cobrança. STF. Plenário. ADI 5082/DF,
Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 24/10/2018 (Info 921)

[4] Importante! Não é possível, atualmente, o ensino domiciliar


(homeschooling) como meio lícito de cumprimento, pela família, do dever de
prover educação. Não há, na CF/88, uma vedação absoluta ao ensino
domiciliar. A CF/88, apesar de não o prever expressamente, não proíbe o
ensino domiciliar. No entanto, o ensino domiciliar não pode ser atualmente
exercido porque não há legislação que regulamente os preceitos e as regras
aplicáveis a essa modalidade de ensino. Assim, o ensino domiciliar somente
pode ser implementado no Brasil após uma regulamentação por meio de lei
na qual sejam previstos mecanismos de avaliação e fiscalização, devendo
essa lei respeitar os mandamentos constitucionais que tratam sobre
educação. STF. Plenário. RE 888815/RS, rel. orig. Min. Roberto Barroso,
red. p/ o acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 12/9/2018
(repercussão geral) (Info 915).

[5] CF, Art.176 (...) § 1º A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o


aproveitamento dos potenciais a que se refere o "caput" deste artigo
somente poderão ser efetuados mediante autorização ou concessão da
União, no interesse nacional, por brasileiros ou empresa constituída sob as
leis brasileiras e que tenha sua sede e administração no País, na forma da
lei, que estabelecerá as condições específicas quando essas atividades se
desenvolverem em faixa de fronteira ou terras indígenas.

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