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AULA TEÓRICA X

DIMENSIONAMENTO DOS SISTEMAS DE DRENAGEM DE ÁGUAS RESIDUAIS


DOMÉSTICAS

O correcto dimensionamento dos sistemas prediais de drenagem de águas residuais


domesticas implica o conhecimento de algumas prescrições de carácter técnico e
regulamentar, bem como de uma metodologia de calculo adequado.

Como por exemplo, nas situações em que o caudal no tubo de queda com altura superior a 35
m exceda os 700 l/mim, devera este ficar dotado de uma coluna de ventilação (ventilação
secundaria)

Caudais de descarga

São caudais descarregados pelos aparelhos sanitários para a rede de drenagem, tendo em
conta as suas características das redes de drenagem. Os caudais de descarga, a adoptar no
dimensionamento das redes de drenagem, deverão ser os indicados através, do quatro I, salvo
os casos em que os fabricantes recomendem caudais de valores superiores.

Quatro I: Caudais de descarga

Aparelho Caudal (l/mim)


Bacia de retrete 90
Banheira 60
Bidé 30
Chuveiro 30
Lavatório 30
Máquina de lavar louca 60
Máquina de lavar roupa 60
Urinol de espaldar 90
Urinol suspenso 60
Lava-louça 30
Tanque de lavar roupa 60

Caudal de cálculo

Tendo em conta a inverosimilhança de num mesmo edifício todos os aparelhos procederem a


descarga simultânea, salvo os casos em que o número de aparelhos seja menor ou igual a dois
e em determinadas situações específicas de baterias de aparelhos, os caudais que serve de
base ao dimensionamento das tubagens (caudais de cálculo).

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Onde: Qc- caudal de calculo; Cs – coeficiente de simultaneidade; e Qa – caudal acumulado.

Coeficiente de simultaneidade
O coeficiente de simultaneidade pode ser determina pela expressão:

Onde: x é o coeficiente de simultaneidade e N é o número de dispositivos de utilização, o


N>2 .
Graficamente pode ser obtido, através do gráfico abaixo.

Figura 2: Coeficiente de simultaneidade em função do número de dispositivos de utilização

Por sua vez os caudais de cálculos podem ser obtidos através do gráfico abaixo, do Manual
dos Sistemas Prediais de distribuição e Drenagem de águas (Victor M. R. Pedrosa, 2008).

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Figura 3: Caudais de cálculo de águas residuais domésticas em função dos caudais acumulados

Capacidade de auto-limpeza das tubagens

Nos casos em que as aguas a drenar contenham elevados teores de gorduras, lamas, etc.,
dever-se-á proceder a verificação da capacidade de aulto-limpeza das tubagens de fraca
pendente, fundamentalmente nos casos em que se trate de colectores prediais ou de ramais de
ligação.

Para que estas condições se verifiquem, em termos satisfatórios, a tensão de arrastamento


devera ser superior a 2,45Pa.

A tensão de arrastamento é calculada como se indica:

Onde: - tensão de arrastamento (Pa); R- Raio Hidráulico; γ – peso específico da água


residual (N/m3); e i – inclinação da tubagem (m/m).

Nesse sentido, a velocidade de escoamento não deve ser inferior a 0,6m/s para águas
residuais sem gorduras ou teores destes muito reduzidos e 1,2 m/s para águas residuais com
significativos teores de gorduras.

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Ramais de descargas indivíduas

Estes poderão ser dimensionados para um escoamento a secção cheia, nos casos de sistemas
apenas com ventilação primárias, desde que a distancia entre o sifão e a secção de ventilada
não ultrapasse o valor máximo admissível obtido pelo ábaco, ou nos casos de sistemas com
ventilação secundária completa; caso contrário, o dimensionamento devera ser feito como
para os ramais de descarga não-individuais.

Figura 4: Distância máxima admissível entre o sifão e a secção ventilada

As inclinações dos ramais de descarga terão de estar compreendidas entre 10 e 40 mm/m.

Os valores mínimos a considerar para os diâmetros dos ramais de descarga individuais dos
aparelhos sanitários, estão ilustrados no quadro II.

Aparelho Sanitário Diâmetros mínimos do ramal individual (mm)


Bacia de retrete 90
Banheira 40
Bidé 40
Chuveiro 40
Lavatório 40
Máquina de lavar louca 50
Máquina de lavar roupa 50
Urinol de espaldar 50
Urinol suspenso 75
Lava-louça 50
Tanque de lavar roupa 50

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Ramais de descarga não – individuais

Os ramais de descarga não-individuais não deverão ser dimensionados para escoamentos


superiores a meia secção.

As inclinações dos ramais de descarga não-individaus deverão estar compreendidas entre 10 e


40 mm/m.

Os diâmetros interiores dos ramais de descarga são calculados como se indica:

a) Determina-se o caudal de cálculo confluente para o ramal, de acordo referido


anteriormente no ponto de cálculo de caudal de cálculo;
b) Determina-se o diâmetro do ramal;
c) Ou através a formula de Manning-Strickler.

Onde: Q – caudal de cálculo (m3/s); K – rugosidade da tubagem (m1/3/s); A – secção da


tubagem ocupada pelo fluido (m2); R – raio hidráulico; e i – inclinação (m/m).

O raio hidráulico obtido através do quociente entre a área da secção liquida e o perímetro da
secção liquida em contacto com as paredes de tubagem.

Para escoamento a secção cheia e a meia secção, o raio hidráulico pode ser obtido através da
divisão do diâmetro interior da tubagem (D) por quadro (R=D/4), donde vira que:

a) Para escoamentos a secção cheia:

b) Para escoamento a meia secção:

No quadro III, indicam-se alguns valores da constante K de rugosidade, em função do tipo de


material, ou através dos ábacos da figura 177, do Manual de Vitor Pedrosa, (2008).

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Quadro III: valores da constante de rugosidade K

Constituição das tubagens K


PVC 120
Cimento liso, chapa metálica sem 90 a 100
soldaduras, fibrocimento
Cimento afagado, aço com protecção 85
betuminosa
Reboco, grés, ferro fundido novo 80
Betão, ferro fundido com algum uso 75
Ferro fundido usado 70

Ou através da tabela do quadro IV.

Quadro IV: Dimensionamento dos ramais de descarga

Caudais (l/mim
Diâmetro (mm) Diâmetros internos (mm) Inclinação
1% 2% 3% 4%
40 36,4 16 23 28 33
50 45,6 30 42 52 60
75 70,6 96 135 165 191
90 85,6 160 226 277 319
110 105,1 276 390 478 552
125 119,5 389 550 673 777

Neste quadro os caudais das canalizações foram calculados para que o escoamento se
processe a ½ secção, através da fórmula de Manning-Strickler que o material da tubagem
possui uma rugosidade K=120 m1/3/s.

Referências Bibliografias

Pedroso, V.M.R. - “Manual dos sistemas prediais de distribuição e drenagem de águas”. 3.ª
Edição. Lisboa: Laboratório de Engenharia Civil, 2007;

Pereira, M.A.G – “Análise técnico-económica dos diferentes tipos de tubagens e acessórios


utilizados nas instalações prediais de água e esgotos. Um caso de estudo”, Dissertação de
Mestrado em Engenharia Civil, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova
de Lisboa, Julho de 2011;

Torres J. A. A. - “Sistemas de Drenagem em Edificações - Águas Servidas e Pluviais”; Livros


Horizonte, 2005;

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