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AULA:

CONDUTA PROFISSIONAL
1
CPA-20 – Certificação Profissional ANBIMA Série 20
Controles Internos: Resolução CMN 2.554/98
Conceito
Determinar às instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo
BACEN a implantação e a implementação de controles internos voltados para as
atividades por elas desenvolvidas, seus sistemas de informações financeiras, operacionais
e gerenciais e o cumprimento das normas legais e regulamentares a elas aplicáveis.
➢ Parágrafo 1º: Os controles internos, independentemente do porte da instituição,
devem ser efetivos e consistentes com a natureza, complexidade e risco das
operações por ela realizadas.
➢ Parágrafo 2º: São de responsabilidade da DIRETORIA da instituição:
▪ a implantação e a implementação de uma estrutura de controles internos
efetiva mediante a definição de atividades de controle para todos os níveis de
negócios da instituição;
▪ o estabelecimento dos objetivos e procedimentos pertinentes aos mesmos;
▪ a verificação sistemática da adoção e do cumprimento dos procedimentos
definidos em função do disposto no item anterior.

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CPA-20 – Certificação Profissional ANBIMA Série 20
Controles Internos: Resolução CMN 2.554/98
Conceito
Os controles internos, cujas disposições devem ser acessíveis a todos os funcionários da
instituição de forma a assegurar sejam conhecidas a respectiva função no processo e as
responsabilidades atribuídas aos diversos níveis da organização, devem prever:
➢ A existência de canais de comunicação que assegurem aos funcionários, segundo o
correspondente nível de atuação, o acesso a confiáveis, tempestivas e
compreensíveis informações consideradas relevantes para suas tarefas e
responsabilidades;
➢ A existência de testes periódicos de segurança para os sistemas de informações,
em especial para os mantidos em meio eletrônico.

Desta forma, os Controles Internos de uma instituição financeira (I) devem estar baseados
em modelos internacionais consagrados; (II) prever a conformidade com a legislações,
regulamentação e autorregulação vigente; e (III) incorporar a área de gerenciamento
de riscos.

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Segregação de Atividades
Chinese Wall
O CHINESE WALL é uma estratégia na qual as instituições financeiras devem ter as
atividades que possam ter conflito de interesse SEGREGADAS, ou seja, separadas. Uma
dessas áreas é a de administração de recursos próprios e recursos de terceiros (por
exemplo, fundos de investimentos), totalmente separadas e independentes, como forma
a prevenir potenciais conflitos de interesses. Por exemplo, o gestor que cuida do capital
próprio do banco, não será o mesmo que gere os recursos dos clientes.

Na prática, isso ocorre fazendo com que as aplicações ou resgates realizados nos fundos
de investimento (através de distribuidores independentes pelo mecanismo de aplicação
por Conta e Ordem) deverão ser realizadas de forma segregada, de modo que os bens e
recursos de cada cliente, não se comunique com o patrimônio do prestador de serviço.

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2.1 Prevenção a Lavagem de Dinheiro
& Financiamento ao Terrorismo (PLD-FT)
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Lavagem de Dinheiro
Conceito
Em 1988, através da Convenção de Viena, iniciou-se o debate sobre como a Lavagem de
Dinheiro estava diretamente interligado com o tráfico ilícito de entorpecentes e de
substâncias psicotrópicas, como problema social. Diante disso, a Lavagem de Dinheiro
passou a ser um esforço internacional para coibir esse crime, já que, se o criminoso não
conseguisse utilizar os recursos ilícitos, haveria uma diminuição deste crime.

Mas qual a definição de LAVAGEM DE DINHEIRO? Ele é o processo pelo qual o criminoso
transforma, recursos obtidos através de ATIVIDADES ILEGAIS, em ativos com uma origem
APARENTEMENTE LEGAL, ou seja, caracteriza-se como crimes de lavagem de dinheiro
ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou
propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de
infração penal.

No Brasil, este crime está expresso na Lei 9.613/98 (com alteração pela Lei 12.683/12), e
visam garantir que as instituições financeiras, joalherias, concessionárias de veículos entre
outras, cumpram o seu papel no combate e na prevenção à lavagem de dinheiro. No
âmbito do sistema financeiro, as principais normas regulatórios são do Banco Central
(Circular 3.978) e da CVM (ICVM 617 – no âmbito do mercado de valores mobiliários).
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Lavagem de Dinheiro
COI: As 3 fases
O crime de Lavagem de Dinheiro ocorre em três etapas basicamente, no qual, muitas
vezes, não são tão simples de se identificar, pois os criminosos acabam fazendo diversas
operações de lavagem de dinheiro e não apenas uma. Estas etapas são chamadas de:
➢ (1) COLOCAÇÃO: Essa é a primeira etapa e os criminosos têm como objetivo
inserir o dinheiro no sistema financeiro. Eles tentam dificultar a identificação da
procedência do dinheiro, com técnicas como: fracionar os valores em pequenos
depósitos, compra de bens ou de instrumentos negociáveis, utilização de
estabelecimentos comerciais que usualmente trabalham com dinheiro em espécie.
➢ (2) OCULTAÇÃO: A segunda etapa consiste em dificultar o rastreamento contábil
dos recursos ilícitos, quebrando a cadeia de evidências ante a possibilidade da
realização de investigações sobre a origem do dinheiro. Os criminosos buscam
movimentá-lo de forma eletrônica, transferindo os ativos para contas anônimas ou
de terceiros (vulgo laranjas), preferencialmente, em países com lei de sigilo bancário;
➢ (3) INTEGRAÇÃO: na última etapa, os ativos são incorporados formalmente ao
sistema econômico. As organizações criminosas prestam serviços entre si ou buscam
investir em empreendimentos que facilitem suas atividades. Uma vez formada a
cadeia, torna-se cada vez mais fácil legitimar o dinheiro ilegal.

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Lavagem de Dinheiro
Bacen e CVM
Conforme mencionamos, o Banco Central e CVM também fazem parte da fiscalização e
combate a lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo, no qual chamaremos a
partir de agora de PLD-FT (Prevenção a Lavagem de Dinheiro & Financiamento do
Terrorismo).

As regras do Bacen, através da circular 3.978, dispõe sobre a política, os procedimentos e


os controles internos a serem adotados pelas instituições autorizadas a funcionar pelo
Banco Central do Brasil visando à prevenção da utilização do sistema financeiro para a
prática dos crimes de “lavagem” ou ocultação de bens, direitos e valores, de que trata a
Lei nº 9.613/98 e de financiamento do terrorismo, previsto na Lei nº 13.260/16.

A CVM, através da Instrução CVM 617, dispõe sobre a PLD-FT no âmbito do mercado de
valores mobiliários; o estabelecimento da política de PLD-FT, da avaliação interna de risco
e de regras, procedimentos e controles internos; a identificação e o cadastro de clientes,
assim como as diligências contínuas visando à coleta de informações suplementares e, em
especial, à identificação de seus respectivos beneficiários finais; o monitoramento, a
análise e a comunicação das operações e situações mencionadas nesta Instrução; e o
registro de operações e manutenção de arquivos.
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Lavagem de Dinheiro
Circular 3.978
A circular 3.978 do Bacen, que entrou em vigor em 2020, compilou diversas circulares,
mas também “desengessou” o modelo controles sobre a PLD-FT. Agora as próprias
instituições financeiras devem estabelecer seu conjunto de políticas e procedimentos,
devendo implementar e manter uma política formulada com base em princípios e
diretrizes que busquem prevenir a utilização da sua instituição financeira para práticas
desses crimes. Diante disso, agora cada um dos itens abaixo deverá ser feito uma
AVALIAÇÃO DE RISCO, que são:
➢ clientes,
➢ instituição,
➢ canais utilizados
➢ operações, transações, produtos e serviços; e
➢ funcionários, parceiros e prestadores de serviços terceirizados.

Esta nova política deverá ser aprovada pelo Conselho de Administração da instituição ou,
na falta deste, por sua diretoria. Além disso, esta circular exige a criação de uma estrutura
de governança para assegurar o cumprimento da referida política, DEVENDO SER
INDICADO AO BACEN O DIRETOR RESPONSÁVEL PELO CUMPRIMENTO DAS NOVAS
OBRIGAÇÕES INTRODUZIDAS POR ESSA CIRCULAR.
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Lavagem de Dinheiro
Quem está sujeito ao crime?
Vale ressaltar que com a nova Lei (12.683/12), em seus parágrafos 1º e 2º, incorre na
mesma pena quem:
➢ ocultar ou dissimular a utilização de bens, direitos ou valores provenientes de
infração penal:
▪ os converte em ativos lícitos;
▪ os adquire, recebe, troca, negocia, dá ou recebe em garantia, guarda, tem em
depósito, movimenta ou transfere;
▪ importa ou exporta bens com valores não correspondentes aos verdadeiros.
➢ utiliza, na atividade econômica ou financeira, bens, direitos ou valores
provenientes de infração penal;
➢ participa de grupo, associação ou escritório tendo conhecimento de que sua
atividade principal ou secundária é dirigida à prática de crimes previstos nesta Lei.

Ou seja, todas as pessoas que participarem de alguma forma para que o crime de
Lavagem de Dinheiro ocorra, ficarão sujeitas às punições aplicáveis a este crime e diante
disto, é de suma importância que o profissional que trabalha no mercado financeiro atue
de forma extremamente diligente para que não seja enquadrado nesse crime.

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Lavagem de Dinheiro
Penalização
Às pessoas que incorrem do crime de Lavagem de dinheiro, terão de Pena de reclusão (de
3 a 10 anos) e multa. Esta multa pecuniária, aplicada pelo COAF, será variável não
superior:
➢ ao dobro do valor da operação;
➢ ao dobro do lucro real obtido ou que presumivelmente seria obtido pela
realização da operação; ou
➢ ao valor de R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de reais);

Vale ressaltar que esta pena será aumentada de um a dois terços, se os crimes definidos
nesta Lei forem cometidos de forma reiterada ou por intermédio de organização
criminosa. Porém, ela poderá ser reduzida de um a dois terços e ser cumprida em regime
aberto ou semiaberto, facultando-se ao juiz deixar de aplicá-la ou substituí-la, a qualquer
tempo, por pena restritiva de direitos, se o autor, coautor ou partícipe colaborar
espontaneamente com as autoridades, prestando esclarecimentos que conduzam à
apuração das infrações penais, à identificação dos autores, coautores e partícipes, ou à
localização dos bens, direitos ou valores objeto do crime

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Lavagem de Dinheiro
Pessoas ligadas ao mecanismo de Controle
Sujeitam-se à lei as pessoas físicas e jurídicas que tenham, em caráter permanente ou
eventual, como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não:
➢ A captação, intermediação e aplicação de recursos financeiros de terceiros;
➢ A compra e venda de moeda estrangeira ou ouro como ativo financeiro ou
instrumento cambial;
➢ A custódia, emissão, distribuição, liquidação, negociação, intermediação ou
administração de títulos ou valores mobiliários.
➢ Pessoas naturais ou jurídicas que prestem no mercado de valores mobiliários, em
caráter permanente ou eventual, os serviços relacionados à distribuição, custódia,
intermediação, ou administração de carteiras , que são funções DO ADMINISTRADOR
FIDUCIÁRIO, GESTOR, CUSTODIANTE e DISTRIBUIDOR INDEPENDENTE;
➢ Os AUDITORES INDEPENDENTES no âmbito do mercado de valores mobiliários;
➢ Bolsas de valores, seguradoras & entidades de previdência complementar,
corretoras de seguros, administradoras de cartão de crédito, administradoras de
consórcios, factorings.
❑ OBS: Análise e classificação de risco de uma empresa por meio de uma agência de risco
(rating) não são atividades sujeitas as atividades de Lavagem de Dinheiro (PLD-FT).

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Lavagem de Dinheiro
COAF
O Conselho de Controle de Atividades Financeiras é o ÓRGÃO MÁXIMO NO COMBATE À
LAVAGEM DE DINHEIRO e sua composição é feita por servidores públicos de reputação
ilibada e reconhecida competência. Ele está vinculado ao Banco Central (mas com
autonomia técnica e operacional) e tem como finalidade disciplinar, aplicar penas
administrativas, receber, examinar e identificar as ocorrências suspeitas de atividades
ilícitas previstas na Lei em setores obrigados como:
➢ Joias, pedras e metais preciosos;
➢ Fomento comercial (factoring);
➢ Bens de luxo ou alto valor;
➢ Setores que não tem regulador próprio.

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Lavagem de Dinheiro
Comunicação de Operações Financeiras
As pessoas ligadas ao mecanismo de Controle devem comunicar ao COAF:
➢ as operações de depósito ou aporte em espécie ou saque em espécie de valor
igual ou superior a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais);
➢ as operações relativas a pagamentos, recebimentos e transferências de recursos,
por meio de qualquer instrumento, contra pagamento em espécie, de valor igual ou
superior a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais); e
➢ a solicitação de provisionamento de saques em espécie de valor igual ou superior
a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais)

Deverão comunicar ao Coaf, abstendo-se de dar ciência de tal ato a qualquer pessoa,
inclusive àquela à qual se refira a informação, NO PRAZO DE 24 (VINTE E QUATRO)
HORAS, a proposta ou realização, sendo que esta comunicação deverá ser feita através do
SISCOAF – Sistema de Controle de Atividades Financeiras. Vale ressaltar novamente que,
NÃO SE DEVE COMUNICAR O CLIENTE!

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Lavagem de Dinheiro
Operações Suspeitas (I)
Através da Carta Circular Nº 4.001, o Bacen divulga uma relação de operações e situações
que podem configurar indícios de ocorrência dos crimes de lavagem de dinheiro. A lista é
muito vasta, mas também muito interessante de ser lida, pois ela é construída através de
casos reais. Diante de tantos exemplos, selecionamos os que entendemos serem os mais
relevantes:
➢ depósitos, aportes, saques, pedidos de provisionamento para saque ou qualquer
outro instrumento de transferência de recursos em espécie, que apresentem
atipicidade em relação à atividade econômica do cliente ou incompatibilidade com a
sua capacidade financeira;
➢ depósitos ou aportes em espécie em contas de clientes que exerçam atividade
comercial relacionada com negociação de bens de luxo ou de alto valor, tais como
obras de arte, imóveis, barcos, joias, automóveis ou aeronaves;
➢ depósitos ou aportes em espécie com cédulas úmidas, malcheirosas, mofadas, ou
ainda que apresentem marcas, símbolos ou selos desconhecidos, empacotadas em
maços desorganizados e não uniformes;
➢ depósitos em espécie relevantes em contas de servidores públicos e de qualquer
tipo de Pessoas Expostas Politicamente (PEP)

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Lavagem de Dinheiro
Operações Suspeitas (II)
(...) continuação:
➢ abertura, movimentação de contas ou realização de operações por detentor de
procuração ou de qualquer outro tipo de mandato;
➢ aumentos substanciais no volume de depósitos ou aportes em espécie dentro de
curto período de tempo, a destino não relacionado com o cliente;
➢ fragmentação de depósitos ou outro instrumento de transferência de recurso em
espécie, inclusive boleto de pagamento, de forma a dissimular o valor total da
movimentação;
➢movimentação em espécie, que apresentem atipicidade em relação à atividade
econômica do cliente ou incompatibilidade com a sua capacidade financeira;
➢ oferecimento de informação falsa;
➢ operações realizadas com a aparente finalidade de gerar perda ou ganho para as
quais falte, objetivamente, fundamento econômico ou lega;
➢ representação de diferentes pessoas jurídicas ou organizações pelos mesmos
procuradores ou representantes legais, sem justificativa razoável para tal ocorrência;
➢ resistência ao fornecimento de informações necessárias para o início de
relacionamento ou para a atualização cadastral.

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Lavagem de Dinheiro
Operações Suspeitas (III)
(...) continuação:
➢ informação de mesmo endereço residencial ou comercial por pessoas naturais,
sem demonstração da existência de relação familiar ou comercial;
➢ negociações de moeda estrangeira em espécie ou de cheques de viagem
denominados em moeda estrangeira, que não apresentem compatibilidade com a
natureza declarada da operação;
➢ negociações envolvendo taxas de câmbio com variação significativa em relação às
praticadas pelo mercado;
➢ saques em espécie de conta que receba diversos depósitos por transferência
eletrônica de várias origens em curto período de tempo;
➢ registro de mesmo endereço de e-mail ou Internet Protocol (IP) por pessoas
naturais ou jurídicas, sem justificativa razoável para tal ocorrência.

Este são alguns de tantos exemplos que criminosos utilizam para burlar o sistema. Vale
ressaltar que, estes atos quando justificáveis, não caracterizam como operações suspeitas,
como por exemplo, se houver uma enchente em uma cidade e um marceneiro depositar
R$ 2.000,00 em notas molhadas um dia depois, isso não deverá ser considera como uma
operação suspeita.
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Lavagem de Dinheiro
Registro das Operações
As instituições financeiras devem manter registros de todas as operações realizadas,
produtos e serviços contratados, inclusive saques, depósitos, aportes, pagamentos,
recebimentos e transferências de recursos, devendo conter, no mínimo, as seguintes
informações sobre cada operação:
➢ Tipo;
➢ Valor, quando aplicável;
➢ Data de realização;
➢ Nome;
➢ CPF ou CNPJ do beneficiário da operação (valores acima de R$ 2.000,00);
➢ Canal utilizado.

As instituições financeiras devem requerer dos sacadores clientes e não clientes


solicitação de provisionamento com, no mínimo, três dias úteis de antecedência, das
operações de saque, inclusive as realizadas por meio de cheque ou ordem de pagamento,
de valor igual ou superior a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais). Vale ressaltar que devem
manter registro de todas as operações, inclusive nas situações em que a operação ocorrer
no âmbito da mesma instituição.

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Lavagem de Dinheiro
Pessoas Expostas Politicamente (PEP)
São consideradas Pessoas Expostas Politicamente (PEP) aquelas que desempenha ou
tenha desempenhado, nos últimos 5 (cinco) anos, cargos, empregos ou funções públicas
relevantes, no Brasil ou em outros países, territórios e dependências estrangeiros, assim
como seus representantes, familiares (parentes de primeiro grau, cônjuge, companheiro e
enteado) e outras pessoas de seu relacionamento próximo.

As instituições financeiras devem obter de seus clientes permanentes informações que


permitam caracterizá-los ou não como pessoas expostas politicamente (PEP) e identificar
a origem dos fundos envolvidos nas transações dos clientes assim caracterizados

O Grupo de Ação Financeira contra a Lavagem de Dinheiro e o Financiamento do


Terrorismo (GAFI/FATF), organismo internacional no qual o Coaf representa o Brasil,
enaltece que as medidas envolvendo Pessoas Expostas Politicamente são preventivas e
não devem ser interpretadas como uma forma de classificar PEP como pessoas com
potencial de se envolver em atividade suspeita.

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Lavagem de Dinheiro
Pessoas Altamente Expostas
São considerados Pessoas Altamente Expostas clientes Brasileiros que trabalhem em
cargos públicos relevantes, tais como: Políticos (Presidente, Ministros, Deputados,
Senadores, etc); Presidentes e Vice-Presidentes de autarquias (Ex. CVM), empresas
públicas de economia mista (Ex. Petrobrás), entre outros.

Investidores estrangeiros também são “Pessoas Altamente Expostas”, sendo que, as


instituições financeiras deverão adotar pelo menos uma das seguintes providências:
➢ Solicitas declaração expressa do cliente a respeito da sua classificação;
➢ Recorrer a informações publicamente disponíveis;
➢ Consultar bases de dados comercias sobre pessoas politicamente expostas;
➢ Considerar pessoa politicamente exposta aquela que exerce ou exerceu
importantes funções públicas em uma país estrangeiro (definição do GAFI).

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Lavagem de Dinheiro
Processo de Identificação dos Clientes
As pessoas ligadas ao mecanismo de Controle devem implementar procedimentos
destinados a conhecer seus clientes, incluindo procedimentos que assegurem a devida
diligência na sua identificação, qualificação e classificação. Esses procedimentos devem
ser compatíveis com:
➢ o perfil de risco do cliente, contemplando medidas reforçadas para clientes
classificados em categorias de maior risco, de acordo com a avaliação interna de
risco;
➢ a política de prevenção à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo;
➢ a avaliação interna de risco.

Além disso, as instituições financeiras deverão identificar seus clientes, representantes e


manter cadastro atualizado, nos termos de instruções emanadas das autoridades
competentes. Tratando de investidor Pessoa Jurídica, as informações cadastrais devem
abranger as pessoas naturais autorizadas a representá-los, todos seus controladores,
diretos e indiretos, e as pessoas naturais que sobre eles tenham influência significativa,
até alcançar a pessoa natural caracterizada como beneficiário final (salve exceções, por
exemplo, empresas S/A de capital aberto).

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Lavagem de Dinheiro
Conheça o seu Cliente (KYC)
O Cadastro de Clientes é elemento chave para fins de Prevenção e Combate à Lavagem de
Dinheiro, sendo o dossiê do cliente suporte e subsídio importantes nas análises de
operações dos clientes com a instituição. Caso o cliente se negue a fornecer informações,
a instituição financeira não deve aceitá-lo.

O procedimento de CONHEÇA SEU CLIENTE, em inglês “Know Your Customer” (KYC), é


feito junto com o cadastro, buscando identificar e conhecer a origem e constituição do
patrimônio e dos recursos financeiros do cliente, reduzindo a possibilidade dos bancos se
tornarem veículos ou vítimas de crimes financeiros. São procedimentos que devem ser
realizados na forma de uma due dilligence sobre o cliente, com o objetivo de conhecer
detalhes da sua vida pessoal e profissional, dando maior segurança às informações
apresentadas pelo cliente na Ficha Cadastral.

Este documento deverá ser atualizado no prazo máximo a cada dois (2) anos e DEVERÃO
SER CONSERVADOS DURANTE O PERÍODO MÍNIMO DE 10 (DEZ) ANOS A PARTIR DO
ENCERRAMENTO DA CONTA OU DA CONCLUSÃO DA TRANSAÇÃO, prazo este que poderá
ser ampliado pela autoridade competente.

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Lavagem de Dinheiro
Conhecimento dos Funcionários & Parceiros
As instituições financeiras devem implementar procedimentos destinados a conhecer seus
funcionários, parceiros e prestadores de serviços terceirizados, incluindo procedimentos
de identificação e qualificação, devendo esses procedimentos serem compatíveis com a
política de prevenção à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo e com a
avaliação interna de risco aprovada pela sua diretoria.

As instituições referidas também devem classificar as atividades exercidas por seus


funcionários, parceiros e prestadores de serviços terceirizados nas categorias de risco
definidas na avaliação interna de risco e quando forem terceiros não sujeitos a
autorização para funcionar do Banco Central do Brasil, participantes de arranjo de
pagamento do qual a instituição também participe, devem:
➢ ter informações que possam compreender a natureza da atividade e da reputação;
➢ verificar se o terceiro foi objeto de investigação ou de ação de autoridade
supervisora relacionada com LD-FT;
➢ quando for o caso, certificar que o mesmo tem licença do instituidor para operar;
➢ conhecer os controles adotados pelo terceiro relativos à PLD-FT;
➢ dar ciência do contrato ao diretor responsável.

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Lavagem de Dinheiro
Conselho de Segurança das Nações Unidas
A LEI 13.810 dispõe sobre o cumprimento de sanções impostas por resoluções do
Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU), incluída a indisponibilidade de ativos
de pessoas naturais e jurídicas e de entidades, e a designação nacional de pessoas
investigadas ou acusadas de terrorismo, de seu financiamento ou de atos a ele
correlacionados; e revoga a Lei nº 13.170, de 16 de outubro de 2015.

Esta lei faz com que às instituições reguladas pela CVM e pelo BACEN devam:
➢ monitorar listas de sanções CSNU;
➢ dispor de controles aptos a efetivar imediatamente bloqueio de ativos; e
➢ comunicar imediatamente a indisponibilidade de ativos e as tentativas de sua
transferência ao BACEN ou CVM (conforme aplicável), ao Ministério da Justiça e
Segurança Pública e ao Coaf.

Da mesma forma, o Ministério da Justiça e Segurança Pública também deve ser


comunicado sem demora sempre que, por qualquer razão, a instituição regulada deixar
de dar cumprimento imediato às medidas de indisponibilidade determinadas pelo CSNU
ou designadas por seus comitês de sanções.

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2.2 Normas e Padrões Éticos
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Risco de Imagem e Risco Legal
Conceito
Os investimentos não se baseiam somente nos seus riscos diretos (liquidez, crédito e
mercado), mas também nos riscos da empresa na qual se está emprestando dinheiro ou
sendo acionista. Desta forma, há dois grandes riscos que as companhias correm:
➢ Risco de Imagem;
➢ Risco Legal (regulação).

Para termos uma noção da importância desses dois riscos, o risco de Imagem é a maior
fonte de preocupação para os executivos norte-americanos constatado perante a edição
da pesquisa Concerns About Risks Confronting Boards, realizada pela EisnerAmper. Ela
confirma que os riscos de imagem são considerados pelos executivos como mais graves
até que os de regulação.

Tanto o risco de imagem, quanto o de regulação, podem danificar o negócio de uma


instituição de muitas formas, como por exemplo: queda no valor da ação; perda de
clientela; desaparecimento de oportunidades de negócios; multas por danos morais ou
por não cumprimento das leis.

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Risco de Imagem (Reputação)
Conceito
Podemos definir o Risco de Imagem (Reputação) como a possibilidade de perdas
decorrentes de a instituição ter seu nome desgastado junto ao mercado ou às
autoridades, em razão de publicidade negativa, verdadeira ou não, e os principais fatores
que podem causar esse tipo de risco são:
➢ Fornecimento de crédito sem embasamento;
➢ Vantagens devido a relacionamentos políticos;
➢ Indícios de lavagem de dinheiro;
➢ Difamação por maus-tratos a clientes como idosos;
➢ Desrespeito ao meio ambiente;
➢ Situação financeira instável ou vulnerável.

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Risco Legal
Conceito
Podemos definir o Risco Legal como a possibilidade de perdas decorrentes de multas,
penalidades ou indenizações resultantes de ações de órgãos de supervisão e controle,
bem como perdas decorrentes de decisão desfavorável em processos judiciais ou
administrativos, portanto, está associado ao não cumprimento das legislação ou
regulamentação.

Além disso, o risco legal pode ser dividido de 3 formas:


➢ Risco de legislação: Não cumprir as leis;
➢ Risco tributário: A empresa não recolhe os devidos tributos, causando multas que
podem levar até a falência da companhia;
➢ Risco Trabalhista: o não cumprimento com as devidas obrigações com seus
funcionários.

❑ EXEMPLO: decorrente de sanções por reguladores e indenizações por danos a terceiros


por violação da legislação vigente; não recolhimento de tributos em virtude de má
interpretação da legislação aplicável; ou decorrente de processos trabalhistas.

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Insider Trading
Conceito
O crime de Insider Trading ocorre quando um funcionário (ou familiar) de determinada
companhia, devido à sua posição em uma função de confiança, tem acesso privilegiado a
informações relevantes antes que elas sejam de conhecimento público e as utiliza para ter
ganhos no mercado financeiro. É importante ressaltar que não é ilegal saber de
informações privilegiadas, mas sim, obter ganhos no mercado financeiro através destas
informações.

❑ Exemplo 1: o MPF-SP denunciou Eike Batista por uso de informações privilegiadas, pois
ele teria vendido ações sem informar perspectivas negativas da OSX. Segundo o MPF, o
empresário obteve um lucro de R$ 8,7 milhões ilegalmente.

❑ Exemplo 2: Gustavo, diretor da empresa XYZ, comenta a seu irmão Rodrigo, que a sua
empresa será comprada pelo dobro do valor que está sendo negociada na bolsa. Com
isso, seu irmão compra as ações antes deste notícia ser divulgada ao mercado, tendo um
lucro por esta informação privilegiada. Após a operação financeira, Rodrigo repassa parte
do lucro ao seu irmão Gustavo. Desta forma, Gustavo e Rodrigo cometeram o crime de
Insider Trading, por terem tido um benefício ao utilizar uma informação privilegiada.

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Front Running
Conceito
Front Running é uma prática ilegal de obtenção de informações antecipadas sobre a
realização de operação nos mercados de bolsa ou de balcão e que influenciarão a
formação dos preços de determinados produtos de investimento, colocando assim o seu
interesse pessoal acima dos clientes (violando o dever fiduciário). Diferentemente do que
ocorre no Insider Trading, no qual a informação parte de dentro da companhia, a
informação privilegiada do Front Running ocorre de um pedido de execução de uma
grande ordem de um cliente, no qual impactará nos preços das ações.

Por exemplo, um cliente passa uma ordem para comprar 10 milhões de reais da ações da
Casa dos Bancários na bolsa de valores. O funcionário sabendo que essa ordem impactará
no preço do ativo, compra primeiro para si e depois executa a ordem do cliente, tendo
um retorno financeiro ilegal. Desta forma, ele está praticamente o crime financeiro Front
Running.

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Confidencialidade
Conceito
CONFIDENCIALIDADE se resume a guardar e a proteger todas as informações dos clientes,
de forma a permitir o acesso das mesmas somente às pessoas autorizadas. A exceção da
confidencialidade das informações do cliente ocorrerá quando o profissional:
➢ Responder a processos legais;
➢ Satisfazer a legislação e regulamentação oficiais vigentes;
➢ Atender a obrigações para com empregadores ou sócios;
➢ Defender-se contra acusações de conduta irregular em disputa civil ou criminal;
➢ Prestar serviços profissionais em nome do cliente com autorização por escrito do
mesmo.

Para termos um relacionamento de confiança e de longo prazo com nosso cliente, este é
um princípio que deve executado pelo profissional (instituição financeira) e ser entendido
pelo cliente, que suas informações serão tratadas de forma discreta e segura, nunca
sendo reveladas inadequadamente.

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Conflito de Interesses
Conceito
Configura-se CONFLITO DE INTERESSE “A situação gerada pelo confronto entre interesses
públicos e privados, que possa comprometer o interesse coletivo ou influenciar, de
maneira imprópria, o desempenho da função pública”, ou seja, são situações onde o
julgamento e/ou atitude da pessoa esteja talvez distorcida em favor de outros interesses,
em detrimento do objetivo primário.

O conflito ocorre principalmente nas questões econômicas e para evitar esse evento, uma
das estratégias é o Chinese Wall ou a utilização das Câmaras de Arbitragem da B3. Outro
ponto em que se pode evitar o conflito de interessa para os profissionais com seus
clientes, é informando exatamente como funciona a remuneração do profissional ou os
benefícios que ele estará recebendo pela comercialização de um produto ou serviço, já
que o cliente estará de posse de todas as informações possíveis, inclusive as que
poderiam gerar o conflito.

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2.3 Análise do Perfil do Investidor
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API - Análise do Perfil do Investidor
Análise do Perfil do Investidor (API)
O API é uma metodologia que orienta o investidor a identificar seu perfil (disponibilidade
e capacidade ao risco) e a verificar a adequação dos produtos de investimentos,
desenvolvida a partir de um questionário ao investidor pessoa física, antes da decisão
sobre em quais produtos ele irá aplicar seus recursos. Desta forma, o API auxilia o cliente
na tomada de decisão na aplicação dos recursos e proporciona maior transparência no
momento do investimento.

A ICVM 539/2013 regulamenta o dever de verificação da adequação dos produtos,


serviços e operações ao perfil do cliente. Estas regras são aplicáveis às recomendações de
produtos ou serviços, direcionadas a clientes específicos, realizadas mediante contato
pessoal (oral, escrita ou eletrônica).

Outro ponto importante é que a CVM proíbe aos profissionais recomendar produtos ou
serviços ao cliente quando (I) o produto ou serviço não se enquadra ao perfil do cliente;
(II) não sejam obtidas as informações que permitam a identificação do perfil do cliente; ou
por último (III) as informações relativas ao perfil do cliente não estejam atualizada

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API - Análise do Perfil do Investidor
API: Fatores Determinantes
Perfil do Investidor depende do:
➢ Nível de risco que aceita em suas aplicações;
➢ Horizonte ou prazo de investimento;
➢ Nível e horizonte de rendas desejado;
➢ Nível de despesas familiar;
➢ Nível de segurança a garantir;
➢ Conhecimento sobre o mercado financeiro e experiência profissional.

O perfil pode mudar com o tempo, assim, devesse atualizar os dados do cliente e
rebalancear a carteira de investimentos.

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API - Análise do Perfil do Investidor
API: Os 3 Pilares
OBJETIVOS DO
SITUAÇÃO FINANCEIRA CONHECIMENTO
INVESTIMENTO

Período em que o Valor das receitas Tipos de produtos, serviços


cliente deseja manter regulares declaradas e operações com os quais o
os investimentos pelo cliente cliente tem familiaridade.

A natureza, o volume e a frequência


Preferências declaradas Valor e ativos que
das operações já realizadas pelo
do cliente quanto à compõem o patrimônio
cliente, bem como o período em
assunção de riscos do cliente.
que tais operações foram realizadas.
Necessidade futura de
Finalidades dos Formação acadêmica e experiência
recursos declarada pelo
investimento. profissional.
cliente

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API - Análise do Perfil do Investidor
API: Objetivos do Investidor
O processo de análise do perfil do investidor envolve também compreender os objetivos
do cliente. Em linhas gerais, um investimento pode ter como objetivo custear:
➢ Educação;
➢ Aquisição de bens móveis e imóveis;
➢ Aposentadoria.

É possível também que o investidor tenha como objetivo fazer aplicações para formação
de uma poupança como reserva para despesas inesperadas. É o que se costuma chamar
de Colchão de Segurança ou Reserva de Emergência.

Os objetivos sempre são acompanhados por uma expectativa de prazo para que eles
sejam atingidos. Por exemplo, um investidor pode querer se aposentar em 30 anos, mas
gostaria de adquirir um novo imóvel em, no máximo, cinco anos. Tão importante quanto o
objetivo é o horizonte desse investimento.

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API - Análise do Perfil do Investidor
API: Horizonte de Tempo
Os horizontes de tempo são períodos nos quais uma carteira é dividida e exige-se certa
geração de recursos para atender a importantes objetivos do investidor. Por exemplo:
➢ Curto prazo: menos de 3 anos.
➢ Médio prazo: entre 3 e 10 anos.
➢ Longo prazo: mais de 10 anos.

A definição destes prazos varia de instituição para instituição, portanto não é preciso
decorá-los.

Uma mudança de horizonte de tempo acontece quando as circunstâncias e padrões de


gasto ou receitas do investidor mudam significativamente. Por exemplo, um indivíduo que
está atualmente empregado terá pelo menos dois períodos de tempo: os anos restantes
de trabalho (com renda) e os anos de aposentadoria.

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API - Análise do Perfil do Investidor
API: Grau de Conhecimento Financeiro
A ICVM 539 destaca, no inciso III do Artigo 2º, que um dos pontos a ser avaliado no API do
cliente é se ele possui conhecimento necessário para compreender os riscos relacionados
a aquilo que está sendo oferecido, ou seja, o seu nível de conhecimento.

Uma forma de se assegurar que o cliente possui tal conhecimento seria verificar qual a
experiência desse cliente com investimentos. Clientes que investem há mais tempo, ou
ainda que investem em produtos mais sofisticados, tendem a apresentar mais
conhecimento do mercado financeiro. Por sua vez, clientes que investem há pouco tempo
(ou mesmo que nunca investiram anteriormente), ou aqueles que concentram suas
aplicações em produtos mais simplificados e de baixo risco tendem a apresentar um
conhecimento menos profundo do mercado financeiro.

Ao identificar o grau de conhecimento do mercado financeiro de seu cliente, o


profissional de investimentos saberá como se comunicar melhor com ele e também quais
produtos (mais ou menos arriscados) lhe oferecer.

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API - Análise do Perfil do Investidor
API: Tolerância aos Riscos
A tolerância ao risco é determinada pela:
➢ Disposição de assumir risco (fatores psicológicos):
o Sensação em relação à possibilidade de perder dinheiro;
o Tomar decisões de investimento baseado em medo ou euforia.

➢ Capacidade de assumir riscos (fatores econômicos):


o Valor das receitas regulares declaradas;
o Valor e os ativos que compõem o patrimônio;
o Prazo (curto / longo) e importância (necessidade / desejos) de objetivos;
o Necessidade futura de recursos declarada pelo cliente.

Após esta análise, deve-se avaliar e classificar o cliente em categorias de perfil de risco
previamente estabelecidas. Vale ressaltar que a Disposição e a Capacidade de assumir
riscos são independentes, devendo ser colocado como prioritário aquele que for o menor,
ou seja, se o cliente tem baixa DISPOSIÇÃO a risco, mas alta capacidade, devemos
respeitar a disposição do cliente; se a CAPACIDADE a risco for menor que a disposição,
devemos respeitar a capacidade.

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API - Análise do Perfil do Investidor
API: Tolerância aos Riscos

BAIXA TOLERÂNCIA A RISCO ALTA TOLERÂNCIA A RISCO

Metas de curto prazo Metas de longo prazo


Necessidade de liquidez Reserva suficiente para caso
de curto prazo de emergência
Carreira em crescimento /
Proximidade de Aposentadoria
início de carreira
Grande parte da renda destinada a
pagamentos de despesas e compromissos Menor comprometimento da renda
financeiros
Alterações no mercado Tranquilidade frente às mudanças no
causam ansiedade mercado

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API - Análise do Perfil do Investidor
API: Tipos de Perfis
Após a realização do API, poderemos ter 3 tipos de Perfis:
➢ Perfil Conservador (RISCO BAIXO): Objetivo principal é a segurança, com a
preservação do capital e baixa tolerância a riscos. Desta forma, suas aplicações
tendem a ter uma rentabilidade menor e, normalmente, ter posições a longo prazo.
Exemplos: Renda Fixa de bancos AAA, fundo de investimentos Referenciados ou
Curto Prazo e Títulos Público.
➢ Perfil Moderado (RISCO MÉDIO): Objetivo principal é ter retornos acima das
aplicações normais de renda fixa, podendo se expor levemente em riscos de renda
variável ou de crédito. Exemplos: fundos de renda fixa de médio e longo prazo;
multimercados; podendo aplicar uma pequena parte em fundos de ações.
➢ Perfil Arrojado (RISCO ALTO): Tem como objetivo correr maior risco buscando
máxima rentabilidade para os seus investimentos Desta forma, o investidor possui
parcela mínima do seu patrimônio para as aplicações mais seguras, investindo em
aplicações mais arriscadas, se valendo também de investimentos especulativos de
curto prazo. Exemplos: day-trades; fundos de ações; exposição em derivativos.

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API - Análise do Perfil do Investidor
API: Produto é adequado ao investidor?
Para identificar se o produto é adequado ao investidor, devemos checar se:
➢ O produto, serviço ou operação que será realizada ao cliente é adequada aos
OBJETIVOS DO INVESTIMENTO;
➢ A SITUAÇÃO FINANCEIRA do investidor é compatível com o produto, serviço ou
operação que será realizada; e
➢ O investidor possui CONHECIMENTO necessário para compreender os riscos
relacionados ao produto, serviço ou operação.

Diante destes itens, que são os 3 pilares do API, é necessário analisar, no mínimo:
➢ O período em que o cliente deseja manter o investimento;
➢ As preferências declaradas do cliente quanto à assunção de riscos; e
➢ As finalidades do investimento.

Outro ponto relevante é que, se o cliente solicitar uma aplicação em que não se enquadre
seu perfil (por exemplo, deseja fazer uma aplicação arrojada, mesmo seu perfil sendo
conservador), o profissional deverá orientar e explicar os riscos ao cliente e, caso realize a
aplicação, obter declaração expressa do Investidor.

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API - Análise do Perfil do Investidor
API: Prazos de Atualização & Dispensa
O API deverá ser atualizado no MÁXIMO 24 MESES APÓS A SUA REALIZAÇÃO OU
ATUALIZAÇÃO. Isso se refere tanto as informações relativas ao perfil de clientes, como
análise e a classificação das categorias de valores mobiliários que compõem as carteiras
de clientes. Além disso. os profissionais devem MANTER, PELO PRAZO MÍNIMO DE 5
ANOS contados da última recomendação prestada ao cliente, ou da última operação
realizada pelo cliente, conforme o caso, ou pro prazo superior por determinação expressa
da CVM (em caso de processo administrativo).

Ficarão dispensados da obrigatoriedade quando:


➢ for investidor qualificado, EXCETO quando forem pessoas naturais aprovadas em
certificações (mas que não são consideradas investidoras profissionais) ou quando
for pessoa natural ou jurídica que necessitou atestar por escrito sua condição de
investidor qualificado/profissional;
➢ for pessoa jurídica de direito público; ou
➢ o cliente tiver sua carteira de valores mobiliários administrada discricionariamente
por administrador de carteira de valores mobiliários autorizado pela CVM.

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2.4 Gestão Financeira Pessoa Física
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Demonstrações Financeiras Pessoais
Orçamento Doméstico (Fluxo de Caixa )
O Orçamente Doméstico, também chamado como Orçamento Familiar, é a construção &
a análise de todas as fontes de renda da família, juntamente com os seus devidos gastos.
Com isso, passamos a enxergar que as pessoas físicas também devem ter controles e
análises como se fossem pessoas jurídicas (empresas).

Somente após montar o Fluxo de Caixa da Família, com entradas (rendas) e saídas
(custos), que podemos traçar como serão atingidos os planos par ao futuro: uma troca de
uma casa, uma viagem ou a antecipação de uma aposentadoria.

Vale ressaltar que valores que acumulam ativos não devem ser considerados como
despesas (saídas), tais como aplicações mensais em CDB, VGBL e PGBL.

ORÇAMENTO DOMÉSTICO = RENDAS – DESPESAS

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Demonstrações Financeiras Pessoais
Construindo um Plano Orçamentário
Na construção de um orçamento familiar, devemos identificar:
➢ Custos fixos, Custos variáveis e Custos sensíveis à inflação;
➢ Projetar o orçamento para os próximos 12 meses;
➢ Comparar as despesas reais com as projetadas (quando já foi feito a primeira).

Vale salientar que é muito importa analisar a o impacto da inflação no custo de vida do
cliente. Muitas pessoa possuem salário fixo e não conseguem reajustar a sua renda com o
devido aumento dos gastos gerados pelo aumento dos preços (inflação), gerando uma
perda na qualidade de vida.

RECEITAS DESPESAS
➢ Salários;
➢ Custos fixos (aluguel, financiamentos, prêmios de
➢ Receitas de juros;
seguros, pensão alimentícia,...);
➢ Receitas de dividendos;
➢ Custos variáveis (transporte, alimentação, telefone,
➢ Receitas de aluguéis;
internet, lazer, férias, ...);
➢ Reembolso de impostos;
➢ Qualquer saída recorrente.
➢ Outras receitas.

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Demonstrações Financeiras Pessoais
Capacidade de Poupança
A capacidade de poupança é um dos principais itens a ser analisado no orçamento
familiar. Ele é o resultado do quanto uma família ganha e o quanto ela consegue guardar a
sua renda. Se as receitas são MAIORES que as despesas, a família possui “Capacidade de
Poupança”, e poderá continuar aumentando o patrimônio e a conquistar seus objetivos
financeiros. Porém, se as receitas são MENORES que as despesas, a família está com
problemas financeiros, necessitando tomar empréstimos para custear seu padrão de vida
ou vendendo ativos para se manter. Segue a fórmula para este indicador:

Resultado do Orçamento Doméstico


Índice de Poupança =
Receitas

❑ EXEMPLO: Rafael tem sua renda líquida de R$ 9.000,00 e consegue investir todos os
meses R$ 300,00. Seu índice de Poupança é:
300
Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝑃𝑜𝑢𝑝𝑎𝑛ç𝑎 = = 3,33%
9000

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Demonstrações Financeiras Pessoais
Fundo de Emergência
O Fundo de Emergência, também chamado de Reserva de Emergência, é um valor
financeiro que deve estar aplicado em investimentos com muita liquidez, ou seja, que
possa ser convertido em dinheiro o mais rápido possível e sem variações bruscas, como
por exemplo LFT – Tesouro Selic, CDB liquidez diária, poupança, fundos Renda Fixa Curto
Prazo.

O objetivo desse recurso é para suprir imprevistos em nossas vidas (batida do carro,
problemas de saúde, e até mesmo desemprego) sem que seja necessário a tomada de
empréstimos com taxas extremamente altas ou a venda de patrimônio (ativos de longo
prazo). O aconselhável é que este valor seja de 3 a 12 meses das despesas correntes, ou
seja, se uma família tem renda de R$ 10 mil por mês e um custo de vida de R$ 5 mil,
iremos analisar de 3 a 12 meses sobre os R$ 5 mil (entre R$ 15 mil e R$ 60 mil para o
fundo de emergência).

Em 2019, o Banco Mundial constatou que mais de 70 milhões de brasileiros consideravam


impossível levantar cerca de R$ 2.500,00 numa necessidade extrema. No mundo, somente
outros sete países estão mais despreparados que o Brasil para surgimento de infortúnios.

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Orçamento Doméstico
Exemplo
(1) ENTRADAS
• Salário de João (líquido) R$ 15.000,00
• Salário de Maria (líquido) R$ 15.000,00
Total de Entradas R$ 30.000,00
(2) Saídas
• Casa (água, luz, telefone, ...) R$ 8.000,00
• Automóveis (combustível, impostos, ...) R$ 3.000,00
• Despesas Pessoais R$ 3.000,00
• Prêmios de seguros R$ 2.000,00
• Pagamento Prestação financiamento dos automóveis R$ 2.000,00
• Pagamento Prestação financiamento imobiliário R$ 3.000,00
Total de Saídas R$ 21.000,00
Saldo Final ( 1 - 2) R$ 9.000,00
CAPACIDADE DE POUPANÇA (Saldo ÷ Entradas))) 30%

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Demonstrações Financeiras Pessoais
Balanço Patrimonial
É um relatório que demonstra qual a situação financeira de uma pessoa (física ou
jurídica), relacionada aos seus bens, direitos e suas obrigações, ou seja, é tudo que ela
poderia vender e tudo que ela precisa pagar em uma certa data específica. Existem
algumas regras que deverão ser respeitas para que se haja um padrão nestes relatórios,
mesmo sendo para as pessoas físicas, que são:
➢ O Patrimônio será composto por dois grandes grupos: Ativos e Passivos;
➢ ATIVOS: tudo o que foi adquirido e que poderá ser vendido (transformado em
dinheiro ou que já é dinheiro. Apólice de seguro de vida não é ativo);
➢ PASSIVO ou EXIGÍVEL: são as dívidas da pessoa.
➢ PATRIMÔNIO LÍQUIDO: ATIVOS menos os PASSIVOS, ou seja, se vender tudo e
pagar tudo o que deve, quanto irá sobra? Este será o Patrimônio Líquido
➢ São agrupados em contas dispostas em ordem decrescente de liquidez, ou seja,
primeiro aparecerão aqueles mais fáceis de vender ou que serão cobradas primeiro;
➢ Os ATIVOS das pessoas físicas são classificados com:
▪ Bens de uso: Imóvel de moradia, veículos da família, casa de veraneio;
▪ Bens de não uso: Aplicações financeiras, participações societárias, imóveis e
veículos que geram renda ou que o objetivo é uma venda futura;

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Balanço Patrimonial
Exemplo
ATIVO (A) EXIGÍVEL TOTAL (ET)
➢ Bens de Uso ➢ Dívidas:
o Veículos da família R$ 100 mil o Cartão de Crédito R$ 5 mil
o Residência familiar R$ 500 mil o Financiamento do Carro R$ 55 mil
o Casa de Veraneio R$ 200 mil o Financiamento Imobiliário R$ 240 mil
➢ Bens de Não Uso
o CDB Liquidez Diária R$ 100 mil PATRIMÔNIO LÍQUIDO (PL)
o Previdência VGBL R$ 200 mil
➢ PL = ATIVOS – PASSIVOS = R$ 1,1 MM
o Imóveis para locação R$ 300 mil

ATIVOS = R$ 1,4 MM PL + ET = 1,4 MM

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Principais Indicadores
Índice de Endividamento
Como vimos, os ATIVOS são compostos por Capital Próprio (PATRIMÔNIO LÍQUIDO) e por
Capital de Terceiros (PASSIVOS), também chamado de Passivo Exigível, que são as dívidas.
Assim, é normal as pessoas terem dívidas para aquisição de bens. No entanto, no
momento em que se começa a adquirir dívidas, é importante que a família passe a
acompanhar a evolução do seu índice de endividamento para garantir que suas contas
estejam sob controle no curto, médio e longo prazo. Sua fórmula é:

ÍNDICE DE PASSIVOS (Passivo Exigível)


ENDIVIDAMENTO = ATIVOS (Ativo Total)

❑ EXEMPLO: Marina tem ativos no valor de R$ 2.000.000,00. Suas dívidas, incluindo


pagamentos mensais de um Financiamento Imobiliário e do seu veículo, somam
R$ 900.000,00. O Índice de endividamento é:

𝑅$ 900.000
Índice de Endividamento = 𝑅$ 2.000.000 = 45%

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Principais Indicadores
Índice de Alavancagem Financeira
Alavancagem financeira é o nível de endividamento utilizado para a maximização do
retorno do capital próprio, portanto, é uma das formas de ver o endividamento. Como
consequência temos que:
➢ O endividamento possibilita mais crescimento;
➢ Aumenta o risco de inadimplência e falência da pessoa física ou jurídica;

É relação entre recursos de terceiros (Passivos) e capital próprio (Patrimônio Líquido) e:

PASSIVOS (Passivo Exigível)


ALAVANCAGEM
= PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Portanto, uma pessoa sem capital de terceiros, ou seja, sem nenhuma dívida, possui
alavancagem financeira igual a zero. Perceba que este indicador leva em consideração as
dívidas pelo patrimônio líquido, já o Índice de Endividamento, leva em consideração os
Ativos. Por isso dizemos: “A com A, não dá”, ou seja, Alavancagem não se compara com
Ativos!

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