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5/21/2018 SPRANGER-ESTIMATIVA Estimativa de Custos / Engenharia de Custos

Artigos Estimativas de Custos de Investimentos


Estimativas de Custos de Investimentos

por Mônica Spranger


Engenheira civil
Especialista em Engenharia de Custos

Os tipos de Estimativas de Custos e suas aplicações no desenvolvimento de um empreendimento

É muito comum as pessoas confundirem as estimativas de custos com os orçamentos. A finalidade desses trabalhos é, de fato, a mesma, ou seja,
a de avaliar o custo a ser incorrido na implementação de um determinado empreendimento. Entretanto, as semelhanças praticamente se esgotam
aí. Os objetivos de cada um deles, assim como os métodos a serem empregados, os conceitos e, sobretudo, os custos de elaboração diferem
bastante.

Orçamento x Estimativas

Um orçamento somente pode ser feito quando o projeto a que se refere já está suficientemente detalhado, de modo a dar ao orçamentista as
condições necessárias para proceder ao levantamento de quantidades e de definir os métodos construtivos e os serviços que serão executados.
De posse desses elementos, basta utilizar as composições de preços unitários dos diferentes serviços identificados, consultar fornecedores de
equipamentos e materiais, ou ainda, valer-se de publicações especializadas para a obtenção de preços vigentes no mercado.

O custo de realização de um orçamento é maior, uma vez que além dos custo do trabalho do orçamentista, é necessário considerar também os
custos de execução do projeto detalhado de engenharia. E, no caso de um empreendimento que esteja ainda em estudo, ninguém investirá na
execução de um projeto detalhado se não tiver conhecimento prévio da viabilidade econômica do empreendimento.

Aí, então, é que entra a estimativa.

Elaborar uma estimativa não requer muitas informações detalhadas sobre o projeto e, por isto, o custo do trabalho é muito menor. Mas a
estimativa requer, entretanto, muita experiência do estimador, além de conhecimento, sensibilidade e informações atualizadas.

O fato de a estimativa ser feita mais rapidamente e a menor custo que um orçamento não deve significar, no entanto, que ela seja menos séria do
que o outro, ou menos confiável. Naturalmente terá em seus valores componentes, ou em seus detalhes, menor precisão que um orçamento. Mas
isto é perfeitamente contornável, desde que se utilize a técnica de composição da conta Eventuais, de modo que em seu todo uma estimativa
possa ter um considerável grau de precisão.

As estimativas de custos de investimentos são realizadas em fases distintas do desenvolvimento de um empreendimento e têm objetivos
diversos. Por serem realizadas em estágios diferentes, elas costumam ser classificadas em razão dos seguintes elementos:

Propósito ou finalidade da estimativa;


Tipo e qualidade das informações disponíveis;
Métodos de preparação e avaliação;
Tempo de execução da estimativa; e
Grau de precisão esperado.

As estimativas são basicamente classificadas em três tipos, quais sejam: estimativa de ordem de grandeza ou estimativa de estudo, estimativa
preliminar e estimativa definitiva.

Estimativa de Ordem de Grandeza ou Estudo:

É o tipo de estimativa que normalmente se executa na fase de estudos de um empreendimento. O objetivo de uma estimativa deste tipo pode ser,
por exemplo, a elaboração de um EVTE, ou a seleção de uma, entre diferentes alternativas de processo da unidade em questão; ou a captação de
recursos junto a uma instituição financeira; ou, ainda, a preparação de um programa de expansão de uma empresa.

Uma estimativa de ordem de grandeza, como o nome está dizendo, é uma avaliação dos custos de um empreendimento quando ainda não estão
disponíveis as informações necessárias para um trabalho detalhado, ou seja, o projeto de detalhamento ainda não foi realizado. A decisão de
investir, isto é, de implementar de fato o empreendimento, ainda não foi tomada. Por isto, a sua elaboração não pode ser muito dispendiosa.

Para se elaborar uma estimativa de ordem de grandeza são utilizados métodos rápidos, que são processos expeditos de avaliação dos custos de
investimento. Esses métodos se baseiam em índices, gráficos e correlações.

Nesta fase do projeto, o estimador só pode contar com informações gerais sobre o empreendimento, tais como, a capacidade da planta que será
construída, caso a estimativa seja para um projeto industrial; a tecnologia selecionada; e alguns dados do projeto básico da unidade de processo,
como a lista preliminar de equipamentos, fluxogramas de processo, as utilidades necessárias, a localização da planta e a área de construção
necessária.

Todos os demais componentes do custo total do empreendimento terão de ser gerados pelo próprio estimador, que vai utilizar a sua experiência e
se valer de analogias e comparações com outros empreendimentos e informações contidas em arquivos de custos que possam ser úteis. Serão
utilizados custos de investimento por unidade de produção; composição percentual do custo dos equipamentos e materiais em relação ao custo
total da planta; custos de edificações por m2; e outras relações de projeto.

Para bem elaborar o seu trabalho, o estimador deverá lançar mão de índices de composição de custos de investimento, como os índices de Lang,
ou os de Baumann, ou de Guthrie; gráficos ou curvas de capacidade-custo, como as de Page; correlações de custo-capacidade do tipo fator-
potência; índices de atualização de custos no Brasil e no exterior, no caso em que suas informações sejam originárias de fora do país. Serão feitas
muitas consultas a banco de dados e será necessário ter alguma criatividade e intuição.

É importante destacar, entretanto, que mesmo não dispondo de dados detalhados, o estimador terá que avaliar os seus custos o mais próximo
possível da realidade. Afinal, normalmente, a decisão de investir ou não será tomada com base no EVTE desenvolvido a partir dessa estimativa.

Estimativa Preliminar

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Uma vez que o EVTE tenha indicado a conveniência de se realizar efetivamente o empreendimento e, sendo de fato esta decisão tomada,
seguramente uma nova estimativa de custos de investimento deverá ser elaborada.

Na fase de desenvolvimento do projeto em que esta estimativa é realizada, as informações ainda não são totalmente definitivas, mas o estimador
certamente disporá de muito mais dados para serem utilizados em seu trabalho.

Via de regra, as estimativas preliminares são elaboradas quando a execução do projeto de engenharia de detalhamento já foi contratada, o que
propiciará a geração de muitos dados, embora não definitivos, para servirem de base para a estimativa. Assim, estarão disponíveis para o
estimador dados como os custos dos serviços de engenharia, que já foram contratados; especificações preliminares de equipamentos de processo
e de utilidades; e listas preliminares de materiais. Poderá dispor também de dados sobre o tipo de fundações que serão construídas e “croquis”
das edificações.

De posse dessas informações será possível substituir as consultas aos índices e gráficos por pedidos diretos de cotação a fornecedores
selecionados. Essas consultas deverão ser feitas tanto para se obter cotação de equipamentos, como de materiais. E será muito importante não
esquecer de solicitar ao fornecedor não apenas o preço do equipamento ou do material, mas também todos os componentes do preço de venda,
como impostos incidentes, embalagens e sobressalentes. Um dado importante que será utilizado na estimativa de custos da montagem
eletromecânica é o peso do equipamento e as condições de entrega no canteiro de obras, se pré-montado em fábrica ou se desmontado para
montagem no campo, no caso de equipamentos de grande porte.

Neste tipo de estimativa o uso de índices e correlações de custos fica bastante reduzido, prevalecendo as consultas diretas aos fornecedores.
Entretanto, um ou outro componente de custo ainda será estimado por meio desses métodos rápidos de estimativa. E de qualquer modo, é
sempre muito interessante confrontar os resultados obtidos na confecção da estimativa preliminar, com os índices e composição de custos dos
métodos rápidos. É uma forma útil de verificar a consistência dos valores estimados.

A estimativa preliminar já é uma prévia do orçamento ou estimativa de controle. Portanto, é muito importante que ela seja referida aos centros
de custos e ao plano de contas, que serão utilizados na apropriação de custos para controle.

Estimativa Definitiva

A estimativa definitiva é realizada quando os projetos de detalhamento já avançaram em, pelo menos, 40%. Neste caso, esta estimativa já pode
ser tratada como um orçamento e será a estimativa de controle do empreendimento.

Na época de sua elaboração muitos dados do projeto já estarão disponíveis, sendo possível a obtenção de listas bem mais completas de
materiais, especificações firmes de equipamentos, assim como o projeto civil mais detalhado.

O método de elaboração da estimativa definitiva é o mesmo utilizado na estimativa preliminar, isto é, ela será predominantemente apoiada em
cotações de fornecedores, com pouco ou nenhum uso de índices ou correlações. Normalmente, quando da sua elaboração, muitos contratos para
fornecimento ou prestação de serviços já foram firmados e, naturalmente, os valores contratuais serão utilizados na estimativa.

A função primordial desta estimativa é servir como ferramenta para o controle de custos de implantação do empreendimento. E por isto é muito
importante que a equipe que a tenha preparado seja a mesma que venha a exercer o controle de custos de implantação do projeto, de modo a
obter “feedbacks” importantes para o acompanhamento e atualização. A sua participação na equipe de controle é essencial, porque vai permitir o
monitoramento dos custos por intermédio do confronto entre os valores previstos na estimativa e os que são efetivamente incorridos. Somente
atuando no controle de custos é que o estimador poderá acumular conhecimentos para os seus próximos trabalhos, analisando os itens
comprometidos, coletando as informações pertinentes para alimentar o banco de dados, peça fundamental para uma boa estimativa de custos.

Utilizada em conjunto com os custos apropriados e com o avanço físico, a estimativa definitiva torna possível definir tendências de custos,
mostrando onde devem ser implementadas ações corretivas. Ela poderá servir também para negociar contratos de fornecimento de equipamentos
e materiais e de prestação de serviços.

Conclusão

Pelo que foi exposto, vê-se que elaborar uma estimativa de custos de um empreendimento e um orçamento são atividades bastante diferentes,
envolvendo técnicas distintas em cada caso.

E pode ser observada também a importância que tem para a elaboração de estimativas a posse de um bom banco de dados, o que só é possível
após um considerável período de acumulação de experiências.

De fato, fazer estimativas confiáveis não é coisa que se aprende na escola. É preciso tempo e muito trabalho de pesquisa, registro e tratamento
de dados. E o bom estimador sabe que também é importante uma boa dose de sensibilidade e intuição para que as coisas dêem certo.

Texto baseado no livro “Estimativas de Custos de Investimentos para Empreendimentos Industriais” de Sérgio Conforto e Mônica Spranger.

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