DO SIL�NCIO DE DEUS AO LUGAR DO DESEJO

O artigo � iniciado por uma cita��o de um conto de Sophia de Mello Breyner. Este
excerto identifica-se com um quadro do Mestre Jos� Rodrigues, visto que, representa
o sentimento de sofrimento, solid�o e, simultaneamente, o sil�ncio de Deus diante
destas afec��es do homem.
A aus�ncia de Deus �, segundo o autor, respons�vel pela car�ncia ontol�gica e faz
do homem um ser incompleto, tornando-o o criador da sua pr�pria cria��o. Tornou-se
essencial concretizar o sil�ncio para que o homem entrasse na dimens�o do criador.
A refer�ncia ao Mestre Jos� Rodrigues surge tamb�m pelo facto de o sil�ncio se
traduzir em percep��es por meio do artista, equanto int�rprete do pensamento que
vem dos deuses. A obra do Mestre Jos� Rodrigues aborda diversas figuras que s�o
utilizadas com o objectivo �ltimo de transmitir a vontade que o pr�prio Mestre tem
de expurgar o pecado original que os seus antepassados lhe impuseram, aquando da
sua inf�ncia. Na sua obra encontram-se presentes mitos b�blicos e s�o apresentados
pela sua pr�pria desmitifica��o. Nenhum mito b�blico nos oferece t�o generosamente
a reden��o como a pr�pria arte que reivindica essa mesma reden��o. A hist�ria do
homem � a procura da sua pr�pria ess�ncia e da sua cria��o, porque na reden��o est�
a busca cont�nua do infinito.
Ant�nio Joaquim de Oliveira, autor do artigo em estudo, afirma que a hist�ria da
arte �, parcialmente, a inova��o da forma e a transgress�o do m�tico/religioso,
numa busca incessante para tentar responder � quest�o ontol�gica e tentar
compreender qual o verdadeiro sentido da condi��o humana, sendo que a desobedi�ncia
n�o justifica tudo. A arte e o sentimento do sagrado sempre foram insepar�veis. A
transgress�o do m�ticO/religioso permite que o homem se aproxime do criador, na
medida em que, quanto mais transgride, mais cria.
O artista torna-se senhor da divindade e torna as personagens divinas, atribu�ndo
com uma dimens�o humanapara partilhar com os homens, de modo a