Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
de Transação
marcelleal05@gmail.com, w.andrade-1992@hotmail.com,
ctkniess@uni9.pro.br, renato.penha@uni9.pro.br
Resumo.
Esta pesquisa tem como objetivo identificar a percepção do uso da moeda virtual
Bitcoin como moeda de transação. A pesquisa é qualitativa exploratória. Os
dados foram coletados por meio de um questionário semiestruturado. A amostra
foi composta de 93 estudantes dos cursos de Ciências Econômicas e de
Tecnologia de uma universidade privada do Estado de São Paulo. Com o intuito
de identificar a percepção dos participantes da pesquisa em relação a adoção do
uso do Bitcoin como moeda de transação, as respostas foram agrupadas e
demonstradas de acordo com os objetivos propostos neste trabalho. Os
resultados apontaram que 57% conheceram o Bitcoin por meio de redes sociais,
44% não confiam na tecnologia associada as transações envolvendo Bitcoin e
100% apontaram que compraram a moeda virtual como investimento.
Abstract.
The objective of this research is to identify the perception of the use of the virtual
currency Bitcoin as transaction currency. The research is qualitative exploratory.
Data were collected through a semi-structured questionnaire. The sample
consisted of 93 students from the courses of Economic and Technological
Sciences of a private university of the State of São Paulo. In order to identify the
participants' perception of the use of Bitcoin as transaction currency, the answers
were grouped and demonstrated according to the objectives proposed in this
study. The results pointed out that 57% of Bitcoin is known through social
networks, 44% do not trust the associated technology as transactions involving
Bitcoin and 100% pointed out that they bought the virtual currency as an
investment.
Áreas temáticas. Big Data, Gestão da Tecnologia da Informação, Governança
de Tecnologia da Informação
1. Introdução
A evolução da moeda ocorreu de acordo com o ritmo da sociedade, sofrendo alterações
ao longo dos tempos acerca do desenvolvimento tecnológico. Inicialmente a moeda
possuía características de troca e virou sinônimo de fortuna para a sociedade. No início,
a moeda foi representada por sal, gado até metais preciosos como o outro e a prata, até
serem substituídas por papel-moeda.
A constante evolução tecnológica experimentada pela humanidade, sobretudo a partir do
surgimento da Internet, modificou a forma das pessoas se comunicarem e interagirem,
inclusive a relação do uso da moeda pela sociedade (Ulrich, 2014). Nesse cenário
nasceram as moedas virtuais (Nakamoto, 2008a; Holdgaard, 2014), sendo consideradas
uma forma de troca na era digital descentralizando os poderes de um Banco Central
(European Central Bank, 2012).
O advento das moedas virtuais e suas particularidades frentes a tradicional moeda-papel
trouxe novas indagações para a sociedade. Dúvidas como a questão legal e a
regulamentação do uso das moedas virtuais, a falta de uma autoridade central, a
volatilidade e a crença de que as moedas virtuais estão associadas a pirâmides financeiras
ainda podem ser consideradas uma barreira para a sociedade na relação ao uso das moedas
virtuais.
Diante desse contexto, surge a questão que direciona esta pesquisa: Qual a percepção da
utilização da moeda virtual Bitcoin como moeda de transação por alunos de uma
universidade privada do Estado de São Paulo? Os resultados desta pesquisa podem
contribuir para traçar o perfil e a identificar as principais características e barreiras da
utilização da moeda virtual Bitcoin como moeda de transação.
Na próxima seção será apresentado o referencial teórico sobre moedas virtuais, o Bitcoin
e os desafios do uso do Bitcoin como moeda de transação. Na seção seguinte serão
apresentados os procedimentos metodológicos. Subsequentemente serão demonstrados
os resultados e as discussões finais.
4. Método da Pesquisa
Este estudo é de caráter qualitativo exploratório. A pesquisa exploratória permite um
melhor entendimento do problema a ser estudado (Gil, 2017), além de possuírem a
finalidade de proporcionar maior conhecimento a partir do fenômeno associado a
pesquisa (Selltiz, 1974).
Para a realização deste estudo, foi elaborado um questionário semiestruturado com 10
questões. As questões estão associadas a tecnologia, segurança, legislação e
acessibilidade ao uso do Bitcoin como moeda de transação.
O objetivo foi identificar a percepção dos alunos dos cursos de Ciências Econômicas e de
Tecnologia em relação a adoção do uso do Bitcoin como moeda de transação. O
questionário foi enviado por meio eletrônico para 93 alunos dos cursos de Economia e de
Tecnologia de uma universidade privada, situada na zona oeste do Estado de São Paulo.
Os cursos dos alunos respondentes foram escolhidos por possuírem proximidade com o
tema moedas-virtuais. Como resultado, foram recebidos 102 questionários respondidos e
93 questionários com preenchimento válido.
As questões foram agrupadas de acordo com os objetivos propostos neste estudo. Para
cada objetivo foi avaliado o resultado geral na quantidade de respostas, analisando se o
resultado do questionário obteve resultado uniforme na escolha das alternativas ou se
houve variação de acordo com o contexto. Também foram feitas avaliações se houve
variação nas respostas com experiência dos participantes, com a experiência em
transações utilizando a moeda virtual Bitcoin.
5. Resultados
Com as respostas do questionário foi possível apresentar as características dos alunos
respondentes em relação a faixa etária, curso e o sexo. O resultado está demonstrado na
Figura 1.
9% 14%
13%
20%
42%
Ao se observar a Figura ,1 nota-se que 80% dos alunos pertencem ao curso de Tecnologia
e 20% ao curso de Ciência Econômicas. Em relação ao sexo, 87% são do sexo Masculino
e 14% são do sexo Feminino. A faixa etária, na maioria é composta por alunos de 17 a 20
e 21 a 25 anos com 42% e 36% respectivamente, enquanto que as faixas etárias 26 a 30
anos e 31 a 40 anos tiveram o menor percentual de respondentes, com 13% e 9%
respectivamente.
A partir da análise dos resultados, foi possível identificar o perfil dos alunos dos cursos
de Ciências econômicas e de Tecnologia sobre moedas virtuais. O resultado apontou que
10% dos entrevistados nunca ouviram falar sobre o Bitcoin, enquanto que 90%
declararam que conhecem ou já ouviram falar sobre a moeda virtual. A Figura 2 apresenta
o meio pelo qual os respondentes tiveram conhecimento sobre o Bitcoin.
0%
21%
35%
44%
100%
Por fim, a Figura 5 apresenta a percepção dos respondentes em relação ao futuro das
transações envolvendo Bitcoin.
6. Análise e Discussão
Com a realização desta pesquisa e apresentação dos resultados, espera-se responder a
questão de pesquisa proposta neste trabalho: “Qual a percepção da utilização da moeda
virtual Bitcoin como moeda de transação por alunos de uma universidade privada do
Estado de São Paulo? ”.
Apesar de o assunto moedas virtuais ser relativamente novo, a maioria dos participantes
conhecem ou já ouviram falar de Bitcoins. Nesse universo, a maioria apontou que
conheceu o Bitcoin por meio de redes sociais, por canais de Youtube e Sites. Este cenário
vai ao encontro ao exposto por Costa (2014) e Previdi (2014), que sustentam que as
moedas virtuais surgiram a partir das redes sociais e do aperfeiçoamento das tecnologias
e da comunicação eletrônica.
Em relação aos participantes que já compraram a moeda virtual Bitcoin, todos compram
com o objetivo de investimento, o que vai ao aposto ao surgimento do Bitcoin. Segundo
Silva, Benicio e Cruz (2015), o surgimento do Bitcoin ocorreu sobre o questionamento
do sistema monetário atual e a atuação das instituições reguladores, em especial, o papel
dos Bancos Centrais como reguladores das transações.
Já os participantes que conhecem, mas nunca compraram a moeda virtual Bitcoin, 44%
apontaram que não confiam na tecnologia envolvida nas transações envolvendo a moeda
virtual. Dentre os principais fatores da desconfiança em relação a tecnologia, destaca-se
a falta de regulamentação do Governo com 45% e a volatilidade e risco envolvido nas
transações com 52%. A alta volatilidade vai em consonância ao apresentado por B2bx
(2017), onde a volatilidade do Bitcoin pode estar associada a novidade tecnológica. A
falta legislação e regulamentação do Governo está de acordo ao apresentado por Ulrich
(2014). O autor apresenta que as leis e regulações atuais não preveem uma tecnologia como
o Bitcoin, isso ocorre porque não se encaixa em regulamentações existentes da moeda virtual.
Em questão a acessibilidade, 21% responderam que não sabem onde comprar ou ter
acesso a transações envolvendo Bitcoins. Este cenário vai de encontro ao sustentado por
Ulrich (2014). O autor define que o acesso ao capital investido em Bitcoin pode ser
efetuado em qualquer parte do mundo por qualquer participante.
Por fim, em questão ao futuro do uso do Bitcoin, 45% acreditam que a moeda virtual irá
popularizar ao ponto de ser oficializado como moeda em vários países, 41% acreditam
que a moeda virtual irá popularizar ainda mais, mas permanecerá apenas um ativo para
especuladores e somente 14% sustentam que o uso do Bitcoin é algo passageiro e logo se
revelará como fraude financeira.
Referências
B2bx (2017). “BTC/USD - Visão Geral”, https://br.investing.com/currencies/btc-usd.
Costa, E. T. D. (2014). “Bitcoin: análise da moeda virtual descentralizada e suas
implicações”.
European Central Bank (2012). “Virtual Currency Schemes”. European Central Bank,
Frankfurt am Main.
Exame (2017). “Febre do ouro digital no Japão faz valor da bitcoin disparar”,
https://exame.abril.com.br/mercados/febre-do-ouro-digital-no-japao-faz-valor-do-
bitcoin-disparar/.
Gbit (2017). “Bitcoin será aceito em mais de 260 mil lojas no Japão ainda este ano”,
https://guiadobitcoin.com.br/bitcoin-sera-aceito-em-mais-de-260-mil-lojas-no-japao-
ainda-este-ano/
Gil, A. C. (2017). ”Como elaborar projetos de pesquisa”. Cap 2, Editora Atlas, São Paulo.
Hayek, F. A. (1979). “Desemprego e Política Monetária”, Editora: Instituto Ludwig Von
Mises Brasil, São Paulo.
Hayek, F. A. (2011). “Desestatização do dinheiro”. São Paulo: Instituto Ludwig Von
Mises Brasil.
Holdgaard, L. (2014). “An exploration of the Bitcoin ecosystem”. Bitcoin-Expert. net.
Nakamoto, S. (2008a). “Re: Bitcoin P2P e-cash paper”. The Cryptography Mailing List.
Nakamoto, S. (2008b). Bitcoin: A peer-to-peer electronic cash system.
Previdi, G. D. S. (2014). “Descentralização monetária: um estudo sobre o Bitcoin”.
Selltiz, C. (1974). “Métodos de pesquisa nas relações sociais”. EPU.
Silva, M. W. S., Benicio, A. A. and Cruz, A. R. (2015). “BITCOIN A MOEDA DIGITAL
QUE SE TORNOU REALIDADE”. Revista Científica da UNESC, 12(1).
Tapscott, D. and Tapscott, A. (2016). “Blockchain Revolution – Como a tecnologia por
trás do Bitcoin está mudando o dinheiro, os negócios e o mundo”, Editora: SENAI-SP,
São Paulo.
Vergara, S. C. (2004). “Projetos e relatórios de pesquisa em administração”. Editora Atlas
SA.
Ulrich, F. (2014). “Bitcoin-a Moeda na Era Digital”. Journal, volume, 2, 239.