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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO BITCOIN E UMA ANÁLISE

EMPÍRICA DAS TENTATIVAS DE REGULAÇÃO

Caio Vinicius de Souza Santana


Aluno do Curso de Direito
Universidade de Ribeirão Preto – UNAERP, Campus Guarujá
caioviniciusdssantana@outlook.com

Davi Bispo dos Santos


Aluno do Curso de Direito
Universidade de Ribeirão Preto – UNAERP, Campus Guarujá
davibs12@yahoo.com.br

Paulo Rogério dos Santos


Aluno do Curso de Direito
Universidade de Ribeirão Preto – UNAERP, Campus Guarujá
paurogeri1975@gmail.com

Resumo: O debate sobre as possibilidades de regulação do bitcoin ganharam


notoriedade quando em maio de 2017 hackers roubaram um filme de estúdio da The
Walt Disney Company e exigiram resgate em bitcoins para não divulgar o longa-
metragem na internet. Com a crescente polêmica em torno deste novo marco da
revolução tecnologica, o presente artigo tem como objetivo trazer uma reflexão
sobre o advento do dinheiro digital, tendo como ponto central o bitcoin, seus
impactos econômicos e o modo como diferentes países estão lidando com as
implicações resultantes de experiências regulatórias distintas.
Palavras-chave: Bitcoin, Regulamentação, Moeda virtual.
Área de conhecimento: Humanas.

1. Introdução
O bitcoin é uma forma de pagamento digital baseada em criptografia
desenvolvida por Satoshi Nakamoto em 2008 descrita no artigo “Bitcoin: A Peer-to-
Peer Electronic Cash System” e publicada no fórum de discussão online The
Cryptography Mailing.
Desde então, a partir do momento em que este protocolo deixou de ser uma
mera ferramenta para entusiastas em criptografia e passou a ter valor financeiro,
despertou o interesse de investidores e governos pelo mundo todo, mas, não
apenas de grupos bem intencionados, como, também, de indivíduos objetivados a
utilizar deste novo recurso de má fé, aproveitando de sua característica de
anonimato como uma ferramenta para encobrir crimes.
Diversas autoridades pelo mundo tem levantado preocupação acerca da
forma mais efetiva de proporcionar segurança aos seus cidadãos na utilização de
formas de pagamento digital descentralizadas, criando barreiras para utilização ou
incentivando com regras mais flexíveis.

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As tentativas de criação de dinheiro virtual anteriores ao bitcoin tinham um
grande entrave a sua frente: o problema do gasto duplo, configurando a resolução
deste, a grande inovação do bitcoin em relação as suas predecessoras.
Arquivos digitais podem ser duplicados, portanto, havia a possibilidade de que
exatamente a mesma unidade monetária paga a um credor, também fosse pago a
outro, de tal modo que ambos se tornariam proprietários da mesma unidade.
Através da Blockchain, o individuo ou grupo por trás do pseudônimo Satoshi
Nakamoto concebeu a primeira forma de pagamento digital a superar o problema do
gasto duplo, dando oportunidade a criação de diversas novas formas de pagamento
digitalizadas baseada em criptografia.

2. Desenvolvimento.

2.1 A tecnologia da Blockchain.

A Blockchain é o livro razão comum do bitcoin, sendo a principal tecnologia


que sustenta seu funcionamento, também é o que possibilita a independência do
bitcoin do controle de qualquer terceiro.
As transações de bitcoin quando registradas na blockchain são irreversíveis,
invioláveis, e relativamente irrastreáveis. O bitcoin possuí um criador, mas, assim
como a internet, não tem um dono nem pertence a qualquer governo.
Todo aparato da Blockchain foi estabelecido para que não houvesse
necessidade de um terceiro de confiança por trás das negociações que regulasse e
impedisse coercitivamente uma das partes, como é designado atualmente aos
bancos. Tendo sido projetado com a intenção de não ser controlado, o bitcoin, por
meio da Blockchain estabelece regras rígidas para as transações que se baseiam
não na confiança em um intermediário, mas em prova criptográfica.
Como o bitcoin não depende de qualquer instituição, é necessário que se
forneça recursos para seu funcionamento, e estes são adquiridos através da
tecnologia peer-to-peer, sustentada pelos chamados agentes mineradores,
composto por indivíduos ou grupos que se dedicam a atividade de fornecimento de
processamento para o sistema, recebendo em troca frações de bitcoin – os
denominados satoshis – possibilitando um incentivo a essa função que garante a
independência e isonomia do sistema.
Os mineradores de bitcoin também são responsáveis pela emissão de novos
bitcoins (ou frações deste) como recompensa pelo intermédio e registro de dados na
Blockchain.
Diferentemente do papel moeda que pode ser imprimido ao arbítrio dos
governantes gerando inflação, o bitcoin possui emissão fixada em 25.000.000 de
unidades e característica deflacionária. Estima-se que no ano de 2140 esse limite
arbitrário será atingido e então os mineradores passarão a receber taxas sob as
transações intermediadas.
Em razão disso, o bitcoin constitui um bem escasso, assim como o ouro e
outros minerais preciosos, tornando-o um ativo seguro para investimento a longo
prazo.

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2.2 Evolução do dinheiro
No início toda produção era agrícola e tinha como objetivo a subsistência.
Com o passar do tempo, os produtores perceberam que era mais viável produzir
excedentes com o intuito de negociá-los por bens dos quais não dispunham
conhecimento ou recursos necessários para produção, dando assim origem ao
escambo.
Os produtos utilizados para escambo costumavam ser perecíveis e de difícil
precificação visto que não possuíam uma cotação comum, sendo seu valor
estabelecido pelo grau de necessidade que o comprador tinha de obter tal bem,
havendo certa dificuldade em armazenar valor.
Como alternativa aos problemas conferidos aos objetos de escambo, o metal
foi estabelecido como unidade monetária comum. Por suas características de
conservação, durabilidade, divisibilidade, raridade e possibilidade de valoração via
pesagem, foi o substituto ideal dos bens altamente perecíveis anteriormente
utilizados como meio de troca.
Com a dificuldade de locomoção de altos valores reservados em metais
preciosos, surgem os bilhetes de banco, percursores do papel moeda, serviam como
garantia de pagamento de um bem armazenado, podendo o credor do bilhete
posteriormente exigir que o banco convertesse o valor fixado no bilhete em ouro e
prata.
Não há consenso sobre a identificação do bitcoin como moeda. Muitos
países, por meio de alegações oficiais de representantes de instituições financeiras
desestimulam essa ideia por diferentes razões.
Para o economista da Escola Austríaca Ludwig Von Mises, a principal
característica que valida um bem como meio de troca é a valoração:

Somente pela utilização dos esquemas praxeológicos é que nos


tornamos capazes de realizar a experiência de um ato de compra e
venda: e o fazemos independentemente dos nossos sentidos
perceberem, concomitantemente, quaisquer movimentos de homens
ou coisas no mundo exterior. Sem a ajuda do conhecimento
praxeológico jamais aprenderíamos algo sobre meios de troca. Uma
moeda, sem esse conhecimento, seria apenas um disco de metal,
nada mais. A prática relativa ao uso de moeda só é possível graças à
compreensão da categoria praxeológica meio de troca. (MISES, 2010,
p. 68)

Ainda, sobre a evolução da moeda, era inevitável que os bens menos


valorados como meio de troca começassem a ser rejeitados um a um até que os
mais valiosos se tornassem métricas universais. Sobre isso, Murray Rothbard
escreveu:

Assim como há uma grande variedade de habilidades e recursos na


natureza, também há uma grande variedade na comerciabilidade dos
bens existentes. Alguns bens são mais demandados que outros,
alguns são plenamente divisíveis em unidades menores sem que

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haja perda de valor, alguns são mais duráveis, e outros são mais
transportáveis por longas distâncias. Todas essas vantagens
aumentam a comerciabilidade de um bem. Sendo assim, em cada
sociedade, os bens mais comerciáveis serão, com o tempo,
escolhidos para representar a função de meio de troca. À medida
que sua utilização como meio de troca vai se tornando mais ampla, a
demanda por eles aumenta, e, consequentemente, eles se tornam
cada vez mais comerciáveis. O resultado é uma espiral que se auto-
reforça: mais comerciabilidade amplia o uso do bem como meio de
troca, o que por sua vez aumenta ainda mais sua comerciabilidade,
reiniciando o ciclo. No final, apenas uma ou duas mercadorias serão
utilizadas como meios gerais de troca – em praticamente todas as
trocas. Tais mercadorias são chamadas de dinheiro. (ROTHBARD
2013, p.15)

A primeira transação envolvendo o bitcoin foi realizada em 22 de maio de


2010 por um programador de software chamado laszlo Hanyecz que publicou sua
oferta no fórum de discussões online bitcointalk até encontrar um comprador que
estivesse disposto a receber 10.000 bitcoins por elas. Jeremy Sturdivant, que na
época tinha apenas 18 anos, comprou duas pizzas e as vendeu a Laszlo pela
quantia. Desde então a cotação do bitcoin tem batido recordes de crescimento todos
os anos.
Em 19 de agosto de 2010 uma unidade de bitcoin custava U$ 60, enquanto
em 12 de dezembro de 2017 U$ 16,502 (último dado disponível durante o momento
em que está sendo escrito este artigo) representando um aumento de 27.400% em
pouco mais de 7 anos.

Figura 1 – Cotação do Bitcoin em 19/08/2010

Fonte: blockchain.info

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Figura 2 – Cotação do Bitcoin em 12/12/2017

Fonte: blockchain.info

2.3 A regulação
Com o código fonte aberto e sem nenhuma proteção de propriedade
intelectual, o bitcoin pode e está sendo explorado por diversos programadores que
vem aprimorando a tecnologia e dando vida a novas moedas virtuais.
Senegal tem protagonizado o primeiro experimento de moeda digital estatal,
o eCFA, que paulatinamente vigorará nos demais países que também integram a
UMOA (União Econômica e Monetária do Oeste Africano) e utilizam o Franco CFA
Um dos principais incentivos ao uso do bitcoin é a independência relativa
independência da gestão econômica de governos que, eventualmente fazem a
moeda nacional perder valoração inflacionando-a através de emissões desregradas,
criando um ambiente de escassez de produtos vitais. Por essa razão, países em
situações de crise tem apresentado um crescimento no uso de moedas digitais,
semelhantemente a relação do brasil com o dólar a pouco mais de duas décadas,
antes de criação do plano real, onde brasileiros seguros do poder aquisitivo da
moeda norte-americana frente a nacional, sentiam-se mais seguros comprando
dólar, visto que as possibilidades de conservar e adquirir valor eram superiores as
da moeda local.
Paralelamente, uma curiosa iniciativa tem sido adotada pelo atual governo
Venezuelano, que vive uma grave crise política e econômica que, com a justificativa
de avançar em soberania monetária, lançou sua primeira moeda digital, o El Petro,
que diferentemente do bitcoin, terá emissão controlada pelo governo e será
respaldado em ativos físicos, semelhantemente ao já extinto padrão ouro.
Em 8 de agosto de 2015 entrou em vigor no Estado de Nova Iorque a
chamada BitLicense, que consistia num marco regulatório que impunha fortes
barreiras para o funcionamento de empresas ligadas a atividades com criptomoedas.

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No que se sucedeu a vigência da norma, antes que a primeira empresa
recebesse a licença comercial, Benjamin Lawsky, criador da BitLicense, saiu e abriu
uma consultoria para empresas de bitcoin.
Extremamente rigoroso, o BitLicense culminou num êxodo de empresas para
outros estados fora de Nova Iorque, fugindo dos altos custos e barreiras impostas
pelo governo para receber a licença, além de criar um mercado paralelo funcionando
na ilegalidade.
Em contrapartida, em 1 de abril de 2017, após meses de debate, o Japão
reconhece oficialmente o bitcoin como método de pagamento legal, estabelecendo
requisitos de capital para exchanges, bem como cybersegurança e
contratos operacionais.
Como consequência, o bitcoin teve uma valorização exponencial, superando
o máximo histórico da onça de ouro, chegando a duas vezes o seu valor, somado ao
aumento da confiança na utilização, sendo possível verificar desde restaurantes a
companhias de gás aceitando pagamentos via bitcoin.

2.4 Da impossibilidade de regulação


O bitcoin, enquanto protocolo traduzido na tecnologia da Blockchain, não
pode ser regulado do ponto de vista do controle. Os efeitos de uma tentativa de
regulação se limitam a legitimação ou desestimulo estatal sob as operações
financeiras realizadas. Conforme explica Fernando Ulrich, mestre em Economia da
Escola Austríaca e colunista no portal InfoMoney:

Não há como impor controles de capitais em um sistema como o


Bitcoin. É claro que governos podem buscar restringir a compra e
venda de bitcoins por moeda nacional, reprimindo as exchanges ou
qualquer empresa dedicada a esse negócio. Embora seja possível
complicar a venda de bitcoins em um mercado organizado, não há
com impedir a livre transferência de fundos pelos usuários da moeda
digital. (ULRICH, 2014)

Como o bitcoin não é emitido por nenhum órgão estatal, independe de


qualquer incentivo central ou curso forçado para sua utilização. Antes tem como
necessidade única e exclusiva a troca de processamento fornecido pelos agentes
mineradores através do sistema peer-to-peer.
A impossibilidade de regulação do objeto não escusa da necessidade de
assegurar o devido respeito as instituições e princípios que estabelecem a ordem
econômica vigente, resguardada pelo Art. 170 da Constituição Federal.
Outrossim, dada a natureza anônima por trás das chaves públicas das
transações, torna-se impossível relacionar as atividades registradas na blockchain
ao(s) individuo(s) que a(s) realizou, impossibilitando, deste modo, identificar dados
fiáveis a respeito da personalidade das negociações.
Todavia, o procedimento cadastral padronizado das exchanges que impõe a
identificação do utilizador, traz consigo um mecanismo que, ainda sem força de lei,

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tem sido utilizado por estas empresas para dar satisfação de suas atividades ao
governo e impedir que agentes munidos de má fé utilizem a plataforma para práticas
ilícitas.
As exchanges são empresas privadas que fazem o intermédio entre a troca
de bitcoins por dinheiro fiduciário convencional ou outras moedas digitais baseadas
em criptografia, funcionando como uma espécie de bolsa de bitcoin.
Enquanto o bitcoin não é oficialmente regulamentado, há uma tendência de
auto-regulamentação no mercado de exchanges, que para aceitar novos usuários,
costumam exigir uma série de documentos que tornem possível a identificação dos
agentes por trás das negociações.
Tradicionalmente, na plataforma de uma exchange os traders de bitcoin
podem estipular arbitrariamente qualquer valor desejado para compra ou venda,
deixando sua oferta em aberto a espera de algum interessado, permitindo total
liberdade aos agentes envolvidos nas relações de troca sob o modelo de
negociação.
A cotação que serve de guia para compradores e vendedores, fundamenta-se
na média de todas as transações realizadas em diferentes exchanges do mundo em
tempo real. Desta forma o preço do bitcoin é o resultado da média de um consenso
geral entre todas as transações realizadas por intermédio de uma Exchange.
No Brasil, de acordo com o art. 153, inciso III da Constituição Federal e art. 43
do Código Tributário Nacional, a aquisição de bitcoins incide na tributação por
acréscimo de renda, não havendo lei.

2.5 A Inviabilidade
A intervenção abrupta do estado nas atividades econômicas envolvendo o
bitcoin tem apresentado resultados não apenas improdutivos, como também
prejudiciais ao desenvolvimento tecnológico e científico. Para o economista Ludwig
Von Mises, a intervenção direta do estado constitui uma quebra na ordem
espontânea da economia de mercado:

Intervenção é uma ordem isolada emitida pela autoridade que


representa o aparato de poder; obriga o empresário e o proprietário
dos meios de produção a empregar esses meios de uma maneira
diferente da que empregariam se agissem pelo que lhes determina o
mercado. (MISES, 2010, p.28)

O mercado chinês, que de abril a setembro de 2017 representou 98% de


todas as negociações de bitcoins deu inicio a uma campanha repreensiva fazendo
com que grandes exchanges e mineradoras importantes no cenário mundial
fechassem as portas, levando utilizadores individuais da tecnologia a realizaram
transações diretamente peer-to-peer, onde não se pode delimitar regras ou
acompanhar o teor das transações, conferindo total anonimato aos agentes
envolvidos nas relações de troca.
Figura 3 – Declinio das Exchanges Chinesas

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Fonte: Bitcoinity.org

O estado interventor destinado a boicotar a ordem espontânea da economia


ferindo a livre relação entre os interesses de produtores e consumidores de serviços
relacionados ao bitcoin, tem sido um forte limitador do potencial que essa tecnologia
ainda sequer teve a oportunidade de demonstrar em sua plenitude.
Para Mises, medidas restritivas, quando não convergentes com os interesses dos
agentes envolvidos nas relações de comércio, resultam em empobrecimento:

A autoridade pode, através de uma medida restritiva, proibir a


fabricação de alguns bens, ou proibir a utilização de algum método
de produção ou tornar a fabricação que utiliza tal método mais difícil
e mais cara. Dessa forma, a autoridade anula a possibilidade de que
sejam empregados meios que estão disponíveis para satisfazer
necessidades humanas. Em virtude da intervenção, as pessoas
ficam obrigadas a empregar seu conhecimento e habilidade, seus
esforços e seus recursos materiais de uma maneira menos eficiente.
Tais medidas empobrecem o povo em geral. (MISES, 2010, p.37)

3. Conclusão
O bitcoin é resultante de uma tendência agravada pelo advento da internet: o
fortalecimento dos princípios de liberdade e privacidade e o aumento com a
preocupação da conservação destes por parte das empresas e indivíduos.
Entretanto, essa mesma tendência também nos trouxe implicações relevantes
a serem consideradas, como a possibilidade de anonimato conferido ao usuário
velando possíveis praticas criminosas.
A independência de órgãos centrais e burocracias institucionais somadas a
praticidade, autonomia e o valor agregado ao bitcoin formam o perfeito incentivo ao
seu uso.
Contudo, toda as preocupações com a utilização dessa novidade, que ainda
nem sequer pôde demonstrar sua real capacidade em plenitude, devem ser
consideradas. Para isso, faz-se necessário estar atento as polêmicas e discussões

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levantadas com as experiências praticas envolvendo formas de pagamento digitais
descentralizadas, afim de alcançar qual seja a melhor forma de elucidar as principais
dificuldades trazidas por essa tecnologia ainda recente.
Como bem descreve HAYEK (1985):

'Aprender a partir da experiência', entre homens não menos que


entre animais, não é um processo essencialmente de raciocínio, mas
de observância, disseminação, transmissão e aperfeiçoamento de
práticas que se impuseram porque deram bom resultado em geral -
não porque propiciaram benefício identificável ao individuo que agia,
mas porque aumentaram as possibilidades de sobrevivência do
grupo a que este pertencia.

As preocupações levantadas acerca dos riscos envolvendo o bitcoin e o


empenho que alguns governos dedicam para tentar regular essa plataforma de
forma abrupta se assemelha a apreensão em relação o e-mail eletrônico na década
de 90 em vista de sua características de anonimato. Talvez se naquela época, esses
mesmos governos tivessem adotado medidas objetivadas a boicotar e impedir a
evolução dessa tecnologia, certamente teríamos um prejuízo tecnológico
imensurável no que diz respeito a comunicação digital.
O bitcoin ainda é uma novidade e é cedo demais para avaliar sua real
capacidade, ou afirmar que será o dinheiro do futuro. Apesar disso, é necessário
estuda-lo, sem preconceitos, para que a partir de suas aplicações práticas,
possamos obter referencias de como lidar com esse novo marco tecnológico.

4. Referências.
HAYEK, Friedrich August Von. Desestatização do Dinheiro: Uma Análise da
Teoria e Prática das Moedas Simultâneas. 2°. ed. São Paulo: Instituto Ludwig Von
Mises Brasil, 2011.

HAYEK, Friedrich August Von. Direito, Legislação e Liberdade: Uma nova


formulação dos princípios liberais de justiça e economia política. 1°. ed. São
Paulo: Visão, 1985. v. III.

HAYEK, Friedrich August Von. Os Fundamentos da Liberdade. 1°. ed. São Paulo:
Visão, 1983.

LEONI, Bruno. Liberdade e a Lei: Os Limites Entre a Representação e o Poder. 2°.


ed. São Paulo: Instituto Ludwig Von Mises Brasil, 2010.
INFOMONEY. Bitcoin da Venezuela: Maduro anuncia a criação da moeda digital
estatal "El Petro". Disponível em:
<http://www.infomoney.com.br/mercados/bitcoin/noticia/7121340/bitcoin-venezuela-
maduro-anuncia-criacao-moeda-digital-estatal-petro>. Acesso em: 12 dez. 2017.

9
ROTHBARD, Murray N. O que o Governo Fez com o Nosso Dinheiro?. 1°. ed.
São Paulo: Instituto Ludwig Von Mises Brasil, 2013.

TECMUNDO. Um país inteiro terá o Bitcoin como moeda oficial (ou quase isso).
Disponível em: <https://www.tecmundo.com.br/bitcoin/112541-pais-inteiro-tera-
bitcoin-moeda-oficial-quase-isso.htm>. Acesso em: 12 dez. 2017.

ULRICH, Fernando. Bitcoin - A Moeda na Era Digital. 1°. ed. São Paulo: Instituto
Ludwig Von Mises Brasil, 2014.

ULRICH, Fernando. Coisas que nenhum governo pode fazer com o Bitcoin:
controle de capitais. Disponível em:
<http://www.infomoney.com.br/blogs/cambio/moeda-na-era-
digital/post/3339537/coisas-que-nenhum-governo-pode-fazer-com-bitcoin-controle-
capitais>. Acesso em: 12 dez. 2017.

MISES, Ludwig Von. Ação Humana: Um Tratado de Economia. 3.1°. ed. São
Paulo: Instituto Ludwig Von Mises Brasil, 2010.

MISES, Ludwig Von. Intervencionismo Uma Análise Econômica. 2°. ed. São
Paulo: Instituto Ludwig Von Mises Brasil, 2010.

NAKAMOTO, Satoshi. Bitcoin: A Peer-to-Peer Electronic Cash System.


Disponível em: <https://bitcoin.org/bitcoin.pdf>. Acesso em: 12 dez. 2017.

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